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BIOMAS E FORMAÇÕES VEGETAIS: CLASSIFICAÇÃO E SITUAÇÃO ATUAL IV As Unidades de Conservação No Brasil, a legislação relativa ao meio ambiente é ampla, complexa e bem elaborada. Ela aborda aspectos ligados ao desmatamento, à emissão de gases, ao lançamentos de resíduos, ao uso de agrotóxicos etc. Os problemas ambientais que observamos com freqüência e são amplamente divulgados pelos meios de comunicação não resultam de falta de legislação, mas da ineficiência das ações educativas e de fiscalização séria. É importante esclarecer que meio ambiente não significa apenas as áreas naturais, como as florestas, mas também o espaço onde vivemos, seja o das cidades, seja o das zonas rurais. Quanto à proteção dos biomas, embora o primeiro Parque Nacional tenha sido criado em 1937 (Parque Nacional das Agulhas Negras, em Itatiaia, na divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais), somente em 1965, com a Lei 4771, foi criado o Código Florestal, que estabeleceu normas para o uso das florestas e demais tipos de biomas, fixando percentuais máximos para a retirada de vegetação, diferenciados por região. A seguir foram criadas as Unidades de Conservação, cujos objetivos principais são apresentados abaixo: Objetivos das Unidades de Conservação O Código Florestal, com várias outras leis que se seguiram, serviu de base para a criação das Unidades de conservação, que têm entre os seus propósitos: Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; Proteger as espécies ameaçadas de extinção nos âmbitos regional e nacional; Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; Promover o desenvolvimento sustentável com base nos recursos naturais; Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; Propiciar condições para a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico; Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente. As Unidades de Conservação são áreas de preservação agrupadas conforme a restrição ao uso. As unidades classificadas como de restrição total são denominadas Unidades de Proteção Integral; aquelas

CAP 10 - BIOMAS E FORMAÇÕES VEGETAIS IV

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BIOMAS E FORMAÇÕES VEGETAIS: CLASSIFICAÇÃO E SITUAÇÃO ATUAL IV

As Unidades de ConservaçãoNo Brasil, a legislação relativa ao meio ambiente é ampla, complexa e bem elaborada. Ela aborda aspectos

ligados ao desmatamento, à emissão de gases, ao lançamentos de resíduos, ao uso de agrotóxicos etc. Os problemas ambientais que observamos com freqüência e são amplamente divulgados pelos meios de comunicação não resultam de falta de legislação, mas da ineficiência das ações educativas e de fiscalização séria. É importante esclarecer que meio ambiente não significa apenas as áreas naturais, como as florestas, mas também o espaço onde vivemos, seja o das cidades, seja o das zonas rurais.

Quanto à proteção dos biomas, embora o primeiro Parque Nacional tenha sido criado em 1937 (Parque Nacional das Agulhas Negras, em Itatiaia, na divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais), somente em 1965, com a Lei 4771, foi criado o Código Florestal, que estabeleceu normas para o uso das florestas e demais tipos de biomas, fixando percentuais máximos para a retirada de vegetação, diferenciados por região. A seguir foram criadas as Unidades de Conservação, cujos objetivos principais são apresentados abaixo:

Objetivos das Unidades de ConservaçãoO Código Florestal, com várias outras leis que se seguiram, serviu de base para a criação das Unidades de

conservação, que têm entre os seus propósitos: Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas

águas jurisdicionais; Proteger as espécies ameaçadas de extinção nos âmbitos regional e nacional; Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; Promover o desenvolvimento sustentável com base nos recursos naturais; Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; Propiciar condições para a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o

turismo ecológico; Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando

seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

As Unidades de Conservação são áreas de preservação agrupadas conforme a restrição ao uso. As unidades classificadas como de restrição total são denominadas Unidades de Proteção Integral; aquelas cujo nível de restrição é menor têm uso voltado ao desenvolvimento cultural, educacional e recreacional e são denominadas Unidades de Uso Sustentável. Ao todo foram definidas 13 Unidades de Conservação.

Para a criação dessas áreas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ao lado do Banco Mundial e do WWF, organização não-governamental atuante no mundo inteiro, propôs uma classificação para os biomas brasileiros: Amazônia, caatinga, campos sulinos, Mata Atlântica, Pantanal, cerrado e costeiros. Também foram delimitados os ecótonos, zonas de transição entre esses ecossistemas.

Problemas ecológicos de alguns biomas brasileirosFloresta Amazônica

A moderna legislação ambiental brasileira, não tem sido suficiente para bloquear a devastação da floresta; Os problemas mais graves são a insuficiência de pessoal dedicado à fiscalização, as dificuldades em monitorar extensas áreas de difícil acesso, a fraca administração das áreas protegidas e a falta de envolvimento das populações locais. Solucionar essa situação depende da forma pela qual os fatores político, econômico, social e ambiental serão articulados.

Mais de 12% da área original da Floresta Amazônica já foram destruídos devido a políticas governamentais inadequadas, modelos não apropriados de ocupação do solo e à pressão econômica.

A ocupação da região amazônica começou a se intensificar na década de 1940, quando o Governo passou a estimular, por intermédio de incentivos fiscais, a implantação de projetos agropecuários na área. As queimadas e o desmatamento tornaram-se constantes. Até o final de 1990 mais de 415 mil km² tinham sido desmatados. O total da área queimada foi 2,5 vezes maior. Em algumas localidades, como Porto Velho (RO), os aeroportos chegaram a ser fechados algumas vezes por causa da fumaça das queimadas. Outra forma de destruição tem sido os alagamentos para a implantação de usinas hidrelétricas. É o caso da Usina de Balbina ao norte de Manaus. A baixíssima relação entre a área alagada e a potência elétrica instalada tornou-se um exemplo de inviabilidade econômica e ecológica em todo o mundo. A atividade de mineração também provocou graves problemas ambientais, como a erosão do solo e a contaminação dos rios com mercúrio.

Mata Atlântica

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Paralelamente à riqueza vegetal, a fauna é o que mais impressiona na região. A maior parte das espécies de animais brasileiros ameaçados de extinção são originários da Mata Atlântica, como os micos-leões, a lontra, a onça-pintada, o tatu-canastra e a arara-azul-pequena. Fora dessa lista, também vivem na área gambás, tamanduás, preguiças, antas, veados, cotias, quatis etc.

Durante 500 anos a Mata Atlântica propiciou lucro fácil ao homem. Madeiras, orquídeas, corantes, papagaios, ouro e diversos produtos agrícolas enriqueceram muita gente. Além disso, as queimadas deram lugar a uma agricultura imprudente e insustentável. Por muitos anos, nenhuma restrição foi imposta a essa "fome" por dinheiro e a essa agricultura. A Mata Atlântica é o ecossistema brasileiro que mais sofreu os impactos ambientais dos ciclos econômicos da história do país, reduzindo-se a cerca de 5% de sua área original.

PantanalNas últimas décadas o Pantanal tem passado por transformações lentas, mas significativas. O avanço das

populações e o crescimento das cidades são uma ameaça constante. A ocupação desordenada das regiões mais altas, onde nasce a maioria dos rios, é o risco mais grave. A agricultura indiscriminada está provocando a erosão do solo, além de contaminá-la com o uso excessivo de agrotóxicos. O resultado da destruição do solo é o assorea-mento dos rios (bloqueio por terra), fenômeno que tem mudado a vida no Pantanal. Regiões que antes ficavam alagadas nas cheias e completamente secas quando as chuvas paravam, agora ficam permanentemente sob as águas. Nos últimos anos provocaram impactos ambientais no Pantanal o garimpo/ a construção de hidrelétricas, o turismo desorganizado e a caça, empreendida principalmente por ex-peões que, sem trabalho, passaram a integrar verdadeiras quadrilhas de caçadores de couro.

ATIVIDADES1. Por que a vegetação do planeta apresenta fisionomias diferenciadas? Dê exemplos.2. Quais são os principais impactos ambientais provocados pelo desmatamento, sobretudo nas florestas

tropicais?3. Quais são as principais características das formações desérticas?4. Quais são os principais tipos de florestas? Dê suas características gerais.5. Por que o território brasileiro possui grande diversidade vegetal?