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30 | áudio música e tecnologia
CAPA | Rodrigo Sabatinelli
SertãoHigh-Tech
CAPA | Rodrigo Sabatinelli
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Projeto acústico ousado e tecnologia de ponta no
novo estúdio deFernando & Sorocaba
áudio música e tecnologia | 31
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Há quatro anos, o engenheiro Carlos Duttwel-ler foi convidado por Fernando, da dupla ser-taneja Fernando & Sorocaba – uma das mais bem-sucedidas do Brasil –, para projetar e construir um home studio na casa de Soroca-ba, em São Paulo.
Na época, o projeto, uma pequena sala, de apro-ximadamente 45 m2, deu tão certo que, além dos próprios artistas, outros grandes nomes, como, por exemplo, Chitãozinho & Xororó, aca-baram gravando seus discos por lá.
O espaço atendia perfeitamente às necessidades do momento. No entanto, com o passar do tem-po, acabou fi cando pequeno demais para o gran-de volume de trabalhos assinados pela F&S Pro-duções, empresa de Fernando e Sorocaba, que, inevitavelmente, teve que se mexer e encontrar outro maior, capaz de abrigar, com maior como-didade, tanto o estúdio quanto uma produtora.
Para tanto, foi preciso acreditar e investir pe-sado. E o primeiro investimento neste sentido foi a aquisição de um edifício de quatro anda-res no bairro de Moema, também em São Pau-lo, onde foram construídas três salas de gra-vação e uma técnica, totalizando cerca de 120 m2, e ambientes como uma sala de edição e escritórios para os departamentos comerciais e administrativos da produtora.
Novamente, Duttweller foi o responsável pela elaboração e pelo desenvolvimento do projeto das salas do estúdio, deixando a modernização da arquitetura de todo o edifício a cargo de sua fi lha, a arquiteta Cynthia Duttweller.
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Em entrevista à AM&T, o engenheiro contou deta-lhes sobre a obra do estúdio, que levou 18 meses para ser concluída, bem como as difi culdades en-contradas e superadas ao longo de sua realização.
ACÚSTICA RESOLVE PROBLEMAS CRIADOS POR LOCALIZAÇÃO
Moema é um bairro nobre da capital paulista, no entanto, por ser localizado próximo ao Ae-roporto de Congonhas, rota de voos para todos os cantos do Brasil e do mundo, tem alguns problemas consideráveis, como, por exemplo, a grande poluição sonora.
E para que este “pequeno detalhe” não atrapalhasse os planos de Duttweller, foram tomadas, segundo o próprio, medidas mais que essenciais logo na pri-meira etapa da elaboração do projeto.
“Por exemplo, construímos, em blocos de concreto estrutural preenchidos com areia, paredes externas que serviram de base para o tradicional conceito ‘box in the box’. Fizemos o mesmo internamente, com paredes levantadas sobre o piso fl utuante, que recebeu uma composição de fi bra mineral e lã de ro-cha, capaz de absorver os impactos e evitar a trans-missão via estrutura”, detalhou o engenheiro.
“Já o teto, que recebeu forro acústico com estrutura
metálica, lã de rocha de alta densidade e chapas so-
brepostas de gesso cartonado, foi feito com laje con-
cretada, na qual foram instalados equipamentos de
condicionamento de ar com controle de velocidade
de insufl amento e fi ltros para retenção de partículas
de poluição e caixas d’água”, completou ele.
SALAS TÊM LAYOUTS, ACABAMENTOS E SONORIDADES PARTICULARES
O estúdio é composto por uma confortável técnica,
que mede 26 m2, e três salas destinadas à cap-
tação de áudio – a principal, que tem 70 m2, pé
direito de 6 m e é usada para registros de bate-
ria, cordas, metais, coro e voz; a secundária, um
iso booth que mede 11 m2 e é usada para gra-
vação de percussões, violões e também vozes, e
um sound lock, com 9 m2, usado também para o
registro de violões e vocais e para guardar alguns
dos instrumentos da dupla.
As salas de gravação têm, de acordo com Dutwel-
ler, um tempo curto de reverberação e preservam
os harmônicos dos instrumentos nelas grava-
dos. “[Uma sala] só é boa se [os instrumentos]
soarem naturalmente, sem reverberação e sem os
cancelamentos do trap. Esse é o grande desafi o
do projetista. Com o ambiente fl at, só depende do
bom gosto do produtor e do técnico na dosagem
dos efeitos. Para isso, existem equipamentos ma-
ravilhosos”, explicou.
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Fernando, parceiro de Sorocaba, foi quem convidou Carlos Duttweller para a elaboração e o desenvolvimento do projeto de dois dos estúdios da dupla
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No detalhe, o “armário” criado por Dutweller para guardar instrumentos de Fernando e Sorocaba
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Os layouts destes espaços, bem como seus acaba-mentos, foram desenvolvidos sob a fi losofi a da em-presa do engenheiro, defensor confesso do ineditis-mo e da originalidade. Para isso, disse ele, durante a execução do projeto, foi imprescindível dialogar com Fernando e Sorocaba, afi nal de contas, este contato com os músicos determinou muito do que utilizou na elaboração dos ambientes.
“Procurei ‘imprimir’ um pouco de suas persona-lidades, e, com esse intuito, utilizei materiais exclusivos, que tornaram o projeto distinto, bem diferente dos demais já realizados por nós”, defendeu.
As estruturas das paredes acústicas do estúdio foram, ainda de acordo com Duttweller, feitas em pinus autoclavado, imune à umidade e ao ataque de insetos. Além do material, foram instaladas duas camadas de lã de rocha de alta densidade, para atenuar a energia gerada dentro do estúdio, e lã de vidro, para fazer o controle de reverberação no local.
“NAVE” EQUIPADA COM TECNOLOGIA DE PONTA
Se o projeto de acústica foi realizado com to-tal esmero, a escolha dos equipamentos não poderia seria diferente, e, de fato, não foi. Munido de um console SSL Duality SE, de 48 canais,
o estúdio conta ainda com quatro interfaces SSL Al-pha Link Live e um Atomic Clock Rubidium, além de monitores estéreo Dynaudio M3XE, dois amplifi ca-dores Lab Gruppen PLM 10000Q, com 2.600 watts de potência cada, e monitores 5.1 Dynaudio BM 15 MKIII, entre muitos outros itens.
“[O M3XE] É um monitor muito confi ável e sua resposta é igual à de toda a linha deste fabricante, não necessitando de equalização. Foram utilizados as BM 15 MK III para o sistema 5.1 para que fosse mantida a mesma coloração
Em dois ângulos, a sala principal do estúdio de Fernando e Sorocaba: espaço tem reverberação controlada e preserva harmônicos de instrumentos
SSL Duality: destaque entre os equipamentos de ponta
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em todos os monitores. Utilizamos
a tecnologia que foi adotada nos
projetos de control room, com teto de
expansão e paredes laterais difusas.
Colocamos um absorvedor de graves
e um difusor difractal para termos um
equilíbrio no trânsito de frequências
na sala”, disse o engenheiro.
“Nos racks da sala, periféricos clás-
sicos, como, por exemplo, os Dis-
tressor EL8-X e os Fatso Jr, da Em-
pirical Labs. Mas há ainda espaço
para os pré-amplifi cadores 8801,
da Neve; os processadores PMX 1
e 960, da Lexicon, e os equalizado-
res Parallel, da Clariphonic, entre muitos outros.
E, no computador, softwares como o Pro Tools HD
11, munido de uma rica biblioteca de pacotes de
plug-ins”, encerrou. •
em todos os monitores. Utilizamos
a tecnologia que foi adotada nos
Carlos Duttweller foi o engenheiro responsável pelo projeto das salas do estúdio. Arquitetura do edifício ficou a cargo de sua filha, Cynthia.
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