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Pet Food Brasil Pet Food Brasil Revista Ano 4 / Edição 22 / Set-Out de 2012 / www.editorastilo.com.br Palatabilizantes

CAPA ed 22.pdf 1 04/10/12 12:19 Pet Food Brasil · A Tortuga vai fortalecer a presença da DSM em suplementos nutricionais e aditivos para ruminantes e é esperada a aceleração

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Pet Food BrasilPet Food BrasilRevista

Ano 4 / Edição 22 / Set-Out de 2012 / www.editorastilo.com.br

Palatabilizantes

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CAPA ed 22.pdf 1 04/10/12 12:19

2 3Editorial

Edição 22Setembro/Outubro 2012

Prezado Leitor

Um setor dinâmico, vinculado às tendências do segmento de alimentação

para os animais de companhia, que visa agregar atratividade ao pet food e

está empenhado em apresentar constantes inovações. Estas são algumas das

características que definem o mercado de palatabilizantes, um dos assuntos

abordados neste mês na Revista Pet Food Brasil.

O Brasil está totalmente alinhado com o mais alto nível mundial em

termos de palatabilidade. O que já era esperado para quem ocupa atualmente

o segundo maior mercado de pet food do mundo, sendo responsável por 9% da

produção global.

A indústria voltada para este segmento trabalha para superar limites da

performance e neste sentido, alguns aspectos mostram-se mais evidentes

como, por exemplo, a humanização, que promove a aproximação do pet food

aos conceitos da alimentação humana e assim permite levar funcionalidades

ao palatabilizante. Também contamos com soluções que possibilitam alcançar

melhores resultados na aparência f inal de snacks e ossinhos, propiciando uma

boa aceitação do produto.

O uso de corantes na alimentação animal é outro destaque nesta

edição. Considerados aditivos sensoriais, assim como os aromatizantes,

palatabilizantes, f lavorizantes e pigmentantes, eles são usados na alimentação

para melhorar ou modificar as características visuais dos alimentos ou as

propriedades organolépticas (como a cor, o brilho, o paladar, o odor etc).

Embora tenha um custo mais elevado, os corantes naturais vêm ganhando

destaque, como observaram os executivos das empresas pesquisadas, Vogler e

Doce Aroma.

Médica veterinária e atual consultora nas áreas comercial e de marketing

para empresas do setor pet, Mariana Galvão que contabiliza passagens em

importantes companhias como Kemin, Basf, Merial e Granfood é a nossa

entrevistada do mês. A especialista expõe a sua opinião sobre o segmento de

nutrição animal, aponta as tendências, enumera os gargalhos deste setor e

destaca as particularidades do nosso mercado.

Boa Leitura!

Daniel Geraldes

Pet Food BrasilPet Food BrasilRevista

Ano 4 / Edição 22 / Set-Out de 2012 / www.editorastilo.com.br

Palatabilizantes

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DiretorDaniel Geraldes

Editor Chefe

Daniel Geraldes – MTB [email protected]

Jornalista Colaboradora

Lia Freire - MTB 30222

[email protected]

Direção de Arte e ProduçãoLeonardo Piva

Denise [email protected]

Conselho Editorial

Aulus CarciofiClaudio MathiasDaniel GeraldesEverton Krabbe

Flavia SaadJosé Roberto Sartori

Vildes M. Scussel

Fontes Seção “Notícias” Anfal Pet, Pet Food Industry, Sindirações, Valor Econômico, Gazeta Mercantil, Agência Estadão,

Cepea/Esalq, Engormix, CBNA

Impressão Intergraf Ind.Gráfica Ltda

DistribuiçãoACF Alfonso Bovero

Editora StiloRua Sampaio Viana, 167 - Conj. 61 São Paulo (SP) - Cep: 04004-000

Fone: (11) 2384-0047

A Revista Pet Food Brasil é uma publicação bimestral da Editora Stilo que tem como público-alvo empresas

dos seguintes mercados: Indústrias de Pet Food, Fábricas de Ração Animal, Fornecedores de Máquinas e Equipamentos, Fornecedores de Insumos e Matérias

Primas, Frigoríficos, Graxarias, Palatabilizantes, Aditivos, Anti-Oxidante, Embalagens, Vitaminas, Minerais,

Corantes, Veterinários e Zootecnistas, Farmacologia, Pet Shops, Distribuidores, Informática/Automação

Industrial, Prestadores de Serviços, Equipamentos de Segurança, Entidades da cadeia produtiva, Câmaras de

Comércio, Centros de Pesquisas e Universidades, Escolas Técnicas, com tiragem de 10.400 exemplares.Distribuída entre as empresas nos setores de

engenharia, projetos, manutenção, compras, diretoria, gerentes. É enviada aos executivos e especificadores

destes segmentos.Os artigos assinados são de responsabilidade de seus

autores e não necessariamente refletem as opiniões da revista. Não é permitida a reprodução total ou parcial

das matérias sem expressa autorização da Editora.

Sumário

Notícias

Caderno Científico

Capa

Entrevista

Informe Técnico

Em Foco 1

Em Foco 2

Em Foco 3

Segurança Alimentar

Pet Food Online

Pet Market

Caderno Técnico1

Caderno Técnico2

Caderno Técnico3

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6 7Notícias

Formula Foods inicia produção com secador Manzoni msc-4000

A empresa Formula Foods, indústria de ração para cães e gatos e fabricante da marca registrada Premiatta,

sediada em Campinas-SP, colocou em operação o secador Manzoni de 4 ton/h da linha MSC-4000.

Visando atender as exigências de um processo rigoroso, a fim de manter um constante controle de qualidade

na performance e rendimento dos produtos e sempre levando em conta a BPF (Boas Práticas de Fabricação),

optaram pela Manzoni devido à confiabilidade, qualidade dos equipamentos, à estabilidade dada ao processo e

um suporte técnico presente e disponível.

“O secador permitiu um aproveitamento melhor da área produtiva, pois se trata de um equipamento vertical.

A ração passou a ter uma maior uniformidade com a estabilidade da umidade, gerando um produto com uma

qualidade superior. Além da facilidade de operação do secador através do monitor touch screen, o software de

controle do equipamento facilitou o treinamento e operação por parte dos funcionários”, afirma Marcos Roberto

Nicoletti, diretor da Premiatta.

A Premiatta é uma empresa formada por ideias inovadoras que proporcionam aos clientes e parceiros

vantagens visíveis.

Compartilhando da mesma filosofia, de respeito ao cliente, a Manzoni Industrial consolida mais uma parceria

e se fortalece como uma das principais fabricantes de máquinas para a indústria de ração do mercado brasileiro.

Para contatar a Premiatta, acesse o site www.premiatta.com.br

Biorigin apresenta resultados positivos sobre a inclusão de beta‐glucanos nas dietas de cães

A Biorigin divulga novos estudos que comprovam os benefícios do MacroGard® - beta 1,3/1,6 glucanos purificados, na saúde de cães

quando incluído na dieta.

Felipe Horta, Especialista Técnico da Biorigin comenta: “Após comprovar eficácia do MacroGard® em minimizar sinais clínicos e a melhorar

a qualidade de vida de cães acometidos por afecções crônicas como osteoartrite e atopia, também obtivemos excelentes resultados em gatos

com doença periodontal, onde observou‐se redução de perda óssea e um melhor equilíbrio de citocinas em animais alimentados com o

produto”. Buscando explicar as bases desses efeitos, em um primeiro estudo, notou-se uma maior atividade de neutrófilos em cães tratados

com beta‐glucanos e, em um segundo estudo, um aumento da fagocitose de leucócitos e da produção de anticorpos em cães alimentados

com MacroGard® ‐ mecanismos fundamentais para o suporte de cães acometidos mas também de susceptíveis a afecções semelhantes e para

manutenção da resistência, saúde e bem estar a animais saudáveis em suas atividades diárias.

A Biorigin, reforçando ainda mais os investimentos na geração de informações que possam beneficiar todo o mercado pet, está fortalecendo

parcerias com importantes centros de referência em pesquisa clínica, nutrição pet e fisiologia, como a UNESP – Jaboticabal, a Universidade Livre

de Berlim (Alemanha) e Universidade de Louisville (EUA). O principal foco dos investimentos é ampliar ainda mais os conhecimentos a respeito

dos benefícios do uso de beta‐glucanos purificados – MacroGard® em cães.

Segundo Lineu Padovese, Gerente de Produtos, “em breve traremos novidades sobre os benefícios do consumo de MacroGard® durante

períodos pré e pós vacinal e na composição de dietas especiais e terapêuticas, entre outras situações, constituindo um novo e promissor

horizonte para a saúde e bem estar dos animais de companhia”.

MacroGard é composto por beta 1,3/1,6 glucanos purificados, produzidos a partir de uma cepa especialmente selecionada de Saccharomyces

cerevisiae, sendo a fonte de beta‐glucanos mais estudada do mundo.

Sobre a Biorigin

Comprometida com o aumento do valor agregado dos produtos de seus clientes, a Biorigin desenvolve e produz, através de processos

biotecnológicos, ingredientes 100% naturais para saúde e nutrição dos animais. Com Centro de Pesquisa e Desenvolvimento próprio e controle

total da cadeia produtiva, a Biorigin garante a segurança e qualidade de seus produtos, através das certificações ISO 9001:2008, ISO 22000:2005,

PDV, Kosher e Halal.

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DSM vai adquirir a Tortuga para fortalecer o negócio de nutrição animal A Royal DSM, empresa global de Ciências da Vida e Ciências dos Materiais, anunciou hoje que celebrou um acordo definitivo para adquirir a Tortuga

Companhia Zootécnica Agrária (Tortuga). Sujeita às condições usuais, a transação deverá ser concluída no 1º trimestre de 2013. A Tortuga, uma empresa

privada brasileira, é líder em suplementos nutricionais com foco em ruminantes. A empresa tem sede em São Paulo, Brasil e cerca de 1.200 funcionários.

A Tortuga tem três fábricas no Brasil.

Fundamentação estratégica

O gado de corte e de leite criado em pastagens passa uma parte significativa da vida se alimentando de vegetação natural, o que significa que,

com frequência, carecem de minerais para compor uma boa dieta. Portanto, são necessários suplementos nutricionais para melhorar o desempenho

zootécnico e a saúde do animal. O tamanho do mercado global de suplementos nutricionais para ruminantes está estimado em aproximadamente €

4 bilhões, crescendo cerca de 3% ao ano e com crescimento significativamente mais forte (7-10%) em minerais orgânicos (quelatos). A Tortuga é uma

das líderes globais em minerais orgânicos (quelatos), apesar de até agora só operar ativamente na América Latina.

A aquisição da Tortuga permite que a DSM agregue valor com a sua grande presença na cadeia de valor com um portfólio abrangente de

ingredientes nutricionais para nutrição animal, aproveitando sua forte posição internacional. Mais especificamente, o valor será criado através das

sinergias de receita, introduzindo os ingredientes da DSM nos produtos e premixes da Tortuga e em seus canais de distribuição para ruminantes, como

também levando os produtos exclusivos da Tortuga, especialmente o portfólio completo de produtos com minerais orgânicos (quelatos), para clientes

de nutrição animal da DSM do mundo inteiro. A aquisição também fortalecerá a capacidade da DSM para oferecer soluções nutricionais integradas,

capturando valores crescentes a partir do conhecimento técnico e serviços de consultoria em nutrição animal.

A aquisição da Tortuga ampliará o portfólio de ingredientes da DSM por incluir os minerais orgânicos (quelatos) e permitirá que a DSM se torne

um completo provedor de soluções em nutrição animal. A Tortuga vai fortalecer a presença da DSM em suplementos nutricionais e aditivos para

ruminantes e é esperada a aceleração do crescimento da receita, através da alavancagem do know-how e da forte posição da Tortuga na suplementação

de ruminantes, em outros mercados na América Latina e no mundo.

A DSM poderá também utilizar a forte posição da Tortuga em minerais orgânicos (quelatos) em outros segmentos do mercado global como solução

nutricional para produtores de suínos e aves.

A operação também fortalecerá a presença da DSM no Brasil, maior produtor e exportador global de carne bovina com um atrativo crescimento

esperado, e disponibilizará à DSM canais de vendas adicionais no mercado brasileiro. A aquisição também é consistente com o foco global da DSM em

economias de alto crescimento, um dos quatro pilares da estratégia de crescimento da DSM.

A DSM espera que a transação gere imediato aumento do lucro por ação. Eficiências operacionais usuais também serão obtidas no processo de integração.

A aquisição da Tortuga é a sétima aquisição na divisão de Nutrição desde que a DSM divulgou sua estratégia corporativa DSM in motion: driving

focused growth (DSM em movimento: impulsionando o crescimento focado) em setembro de 2010. Essas aquisições são parte integrante da estratégia

da DSM para sua divisão de Nutrição e contribuirão para o crescimento atual e futuro do atrativo portfólio da DSM em Saúde, Nutrição e Materiais.

Feike Sijbesma, CEO e Presidente do Conselho de Administração da DSM, disse: “Com a aquisição da Tortuga, anunciamos € 2,2 bilhões em

aquisições para reforço do nosso crescimento, dos quais € 1,8 bilhão na nossa divisão de Nutrição desde que iniciamos com o nosso atual plano

estratégico, há menos de dois anos. Após a conclusão das aquisições anunciadas, a divisão de Nutrição da DSM deverá, em termos pro forma, superar

€ 4 bilhões em vendas líquidas anualmente, resultando em crescimento mais forte e estável, e maior lucratividade para a DSM como um todo. Esta

aquisição se ajusta integralmente à estratégia da DSM à medida que continuamos a gerar valor para todas as partes interessadas, fornecendo soluções

inovadoras e sustentáveis para os maiores desafios mundiais da atualidade e futuros.”

Leendert Staal, Presidente e CEO da DSM Nutritional Products, comentou: “A aquisição da Tortuga é um marco muito importante para a DSM.

Ela fortalecerá a nossa posição em suplementos e aditivos nutricionais para ruminantes e a nossa presença no Brasil, um dos maiores mercados para

ruminantes no mundo. A Tortuga também amplia o nosso portfólio de ingredientes de nutrição animal com os minerais orgânicos e oferece muitas

sinergias para geração de valor. Será um prazer receber na DSM a altamente qualificada equipe de funcionários da Tortuga.”

Creuza Fabiani, presidente da Tortuga, comentou: “Após quase 60 anos de atividades, a Tortuga ainda apresenta um enorme potencial de

crescimento e tem muito a oferecer para o setor de produção de proteínas animais. A DSM fará esse papel e dará continuidade ao que construímos

até aqui. A DSM foi cuidadosamente escolhida por mim por ter uma operação que não conflita com a da Tortuga no mercado brasileiro e pelo grande

sinergismo das duas empresas, que oferecerá oportunidade de crescimento a toda equipe da Tortuga”.

Fonte: Assessoria de Imprensa DSM

Notícias

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Gatos patrocinados pela Royal Canin são favoritos na disputa pelo título mundial da FIFe World Cat Show 2012 A Royal Canin do Brasil, empresa especialista na alimentação de cães e gatos,

levará 4 felinos para a disputa da próxima edição do FIFe World Cat Show, a maior

competição de gatos de raça do mundo. O evento, que acontecerá nos dias 27 e 28

de outubro de 2012 na Croácia, reúne criadores de 32 países e é o mais conceituado

do gênero, levando cerca de 1500 gatos anualmente.

Nesta edição, gatis patrocinados pela Royal Canin representam o Brasil no mundial como a filhote persa Tequila, que busca seu primeiro título, e o gato persa

Bon Jovi, vencedor do último mundial na categoria Melhor Macho Persa Adulto, do gatil Garfiel Cat Home. Além disso, a empresa está patrocinando a presença dos

felinos Tigerlilly e Excalibur. Ambos são do Gatil Triunfo, criadores da Maine Coon Diana Ross, vencedora em 2011 na categoria Melhor Maine Coon Fêmea Neutra.

Mariana Rocha, Gerente de Produtos para Criadores da Royal Canin do Brasil, afirma que a presença dos felinos no mundial representa o compromisso

da empresa com os criadores de gatos no País. “A Royal Canin acredita no potencial dos criadores parceiros. Este público sempre colaborou com o

desenvolvimento de alimentos para felinos e, para nós, é motivo de orgulho patrocinar gatos que são exemplos de beleza e, ainda mais importante, de

saúde, mostrando a relevância de oferecer alimentos com alta precisão nutricional às suas criações”.

Para os criadores, a parceria com a Royal Canin é de extrema importância para o crescimento da participação brasileira em campeonatos

internacionais. “A vitória do Bon Jovi, como Melhor Macho Persa Adulto no mundial do ano passado, consagrou a primeira conquista de um

título mundial por um país latino e, nesta edição, ele é um dos favoritos, o que lhe daria o bicampeonato. Isso mostra que criadores brasileiros

de felinos são tão qualificados quanto os europeus e americanos, que têm mais tradição. Isso se deve, em grande parte, aos cuidados diários de

alimentação e saúde que temos”, conta Dayan Pereira, do Gatil Garfiel Cat Home.

Hugo Cavalheiro, do Gatil Triunfo, destaca a visibilidade trazida pelo evento para um número maior de raças. “A raça Maine Coon vem

progredindo desde 2005, quando tínhamos apenas quatro gatos dessa espécie no Brasil. Hoje, já são mais de 60. Por causa da competição, os

criadores estão mais antenados e buscam mais qualidade. Exemplo disso é que, ano passado, fomos vencedores na categoria Melhor Maine

Coon Fêmea Neutra com a Diana Ross. Este ano, levaremos dois gatos da raça Maine Coon para o Mundial”, explica.

O FIFe World Cat Show é realizado pela Federação Internacional de Felinos (Fédération Internationale Féline – FIFe). Neste ano, a Royal Canin estará

presente nos dois dias de evento com um estande exclusivo, trazendo diversas informações sobre nutrição felina. Saiba mais sobre a competição pelo

site www.worldcatshow2012.com.

Fonte: Royal Canin | LVBA Comunicação

Ferraz monta fábrica Evialis em Goiás

A Ferraz Máquinas (www.ferrazmaquinas.com.br) foi responsável pela linha de montagem da fábrica da Evialis em Inhumas,

Goiás. Segundo Angelo Vezzozo, do Departamento de Projetos da Ferraz, a nova linha de produção de rações extrusadas da Evialis

tem capacidade de 10t/h, e será utilizada para produção de rações para peixes. O grupo Evialis, de origem francesa, é um dos

maiores fabricantes de ração animal do mundo, com 9 fábricas no Brasil. A fábrica de Inhumas atenderá principalmente os estados

da Região Centro Oeste e Nor deste.

12 13NotíciasGuabi marca presença na maior feira russa voltada para o segmento pet O Grupo Guabi – um dos maiores produtores de rações e suplementos do país

estará presente em St. Petersburg (Rússia), entre os dias 11 e 13 de outubro, na

Zoosphere - maior feira do segmento pet do país. A Empresa levará ao cenário

internacional seu portfólio de produtos voltados para cães e gatos: linhas Guabi

Natural e Sabor & Vida. “É a quarta vez que a Guabi estará presente na Zoosphere

para buscar novas oportunidades de negócios e consolidar a imagem da Empresa no

ramo de nutrição animal. A Rússia é um importante mercado para as exportações

do Grupo e há uma demanda crescente por produtos premium e super premium”,

ressalta Robson Fonseca, gerente de comércio exterior da Guabi.

A alimentação saudável é uma tendência mundial que tem sido transferida para os animais de estimação. Os produtos Guabi Natural

possuem em sua composição ingredientes nobres (carne e fígado fresco de frango), conservantes naturais (extrato de alecrim, vitamina E

e ácido cítrico), fontes de proteína e carboidratos integrais como o arroz. A esta formulação foram adicionados ingredientes funcionais

para oferecer mais benefícios aos pets. Para combater os radicais livres foram incluídos antioxidantes - beta caroteno, vitamina C e E e

taurina, já para a redução de odores foi adicionado o extrato de yucca. Para facilitar a eliminação das bolas de pelos dos gatos foram

acrescentados fibras especiais como polpa de beterraba e psyllium. A condroitina e glucosamina garantem articulações mais saudáveis,

enquanto o óleo de peixe, linhaça e canola, fontes de ômega 3 e 6 essenciais, proporcionam pelagem mais saudável e bonita.

A linha Guabi Natural foi desenvolvida em parceria com a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) de

Jaboticabal, onde a Empresa mantém parceria desde 1999 para analisar a influência da nutrição como método coadjuvante no tratamento

de doenças. Através destes estudos foi possível chegar também a linhas que auxiliam no tratamento de diabetes e de obesidade em cães

e gatos.

A linha Sabor & Vida possui também ingredientes selecionados, ricos em proteína e fibras. Para garantir que o animal continue ativo e

jovial as rações contêm vitamina C e E, zinco e selênio, que atuam como antioxidantes do organismo amenizando os efeitos dos radicais

livres. Para os gatos, a fórmula balanceada dos nutrientes e minerais ajuda a formação de uma urina com o pH adequado para auxiliar na

saúde do trato urinário. A versão Sabor & Vida Cães Sênior é indicada para animais a partir dos sete anos, com ingredientes equilibrados

que mantêm a composição corporal e ajudam a aumentar a longevidade e a qualidade de vida.

Com 38 anos no mercado, o Grupo Guabi é hoje um dos maiores produtores de rações e suplementos do país e conta com oito

unidades fabris localizadas em Campinas (SP), Bastos (SP), Sales Oliveira (SP), Pará de Minas (MG), Anápolis (GO), Além Paraíba (MG),

Goiana (PE) e São Gonçalo do Amarante (CE).

Fonte: LN Comunicação

Governo anunciará Plano Safra do Peixe Foi lançado pelo governo o plano safra para a área do pescado, que deverá destinar R$ 6 bilhões para estímulo à produção,

capacitação e comercialização de peixes. O anúncio foi feito nesta segunda, dia 3, pelo ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo

Crivella. O objetivo é que o Brasil deixe de ser importador de pescados para se tornar exportador. Segundo Crivella, nos países

desenvolvidos o peixe é a carne mais consumida, enquanto que no Brasil está em último lugar. Acompanhado pelo governador

Agnelo Queiroz, o ministro participou do lançamento da Semana do Peixe em Brasília, que, em sua nona edição, divulga o slogan

“Pescado: dá água na boca e faz bem para a saúde”. O Distrito Federal é uma das unidades da federação onde mais se consome

pescado no país, chegando a 12kg por pessoa ao ano, enquanto que a média nacional é de nove quilos no período. A Semana do

Peixe é uma temporada de promoções para despertar o interesse da população pelo alimento. O ministro Marcelo Crivella destaca

que a carne de peixe pode ser feita de diversas maneiras e tem a vantagem de apresentar baixo teor de gordura e contém ômega

3, que é muito bom para a saúde.

Fonte: Agência Brasil

Centro de pesquisas em saúde animal WALTHAM® lança novo site O Centro de Pesquisas WALTHAM®, iniciativa da Mars, Incorporated que, há quase 50 anos, fornece suporte científico a marcas como PEDIGREE®

e ROYAL CANIN®, lançou em 05 de setembro o seu novo site www.waltham.com, totalmente reformulado para atender ainda melhor à comunidade

científica e veterinária. Entre os destaques, estão um tour virtual pelas instalações de WALTHAM® Centre for Pet Nutrition, que fica em Londres

(Inglaterra), uma seção de recursos em que é possível fazer download de publicações e pesquisas desenvolvidas por WALTHAM® e uma área dedicada

às notícias e eventos mais recentes relacionados ao tema.

Compatível com dispositivos móveis, como smartphones, o novo site de WALTHAM® oferece as informações mais atuais sobre pesquisas, conferências

e eventos, além de dados sobre a abordagem de ciência compassiva, subsídios e o financiamento à instituição, afirmando a liderança de WALTHAM®

no campo de cuidados e nutrição de animais de estimação.

Para obter mais informações sobre o novo site de WALTHAM® acesse www.waltham.com

Sobre o Centro de Pesquisas WALTHAM®

O Centro de Pesquisas WALTHAM® é a Maior Autoridade Mundial no Cuidado e Nutrição dos Animais de Estimação e vem avançando as fronteiras da

pesquisa científica sobre nutrição e saúde de animais de estimação há quase 50 anos. Localizado em Leicestershire, na Inglaterra, o renomado instituto

científico de última geração concentra seu foco nas necessidades nutricionais e comportamentais dos animais de estimação e em seus benefícios para

os humanos, o que permite o desenvolvimento de produtos inovadores que atendem de maneira prática a tais necessidades. WALTHAM® foi pioneiro

de muitos importantes progressos revolucionários em termos de nutrição de animais de estimação e, em colaboração com os institutos científicos mais

proeminentes do mundo, oferece embasamento científico às principais marcas da Mars, como PEDIGREE®, WHISKAS® e ROYAL CANIN entre outras.

14 15Caderno Científico

s valores de necessidade energética de

manutenção para gatos descritos na literatura variam

de 20-100 kcal de energia metabolizável por kilograma

de peso corporal por dia (kcal/kg/dia). Esta ampla

variação depende de fatores como castração, idade, sexo,

condição corporal, atividade física, entre outros, além de

fatores individuais. De acordo com as recomendações

do National Research Council (2006), atualmente

são empregadas duas equações para necessidades

energéticas de manutenção (NEM) para gatos adultos,

sendo 100*peso0,67 kcal/dia para gatos com peso ideal

ou abaixo do peso e 130*peso0,4 kcal/dia para gatos

acima do peso. Apesar da recomendação destas equações,

considerando apenas a condição corporal, independente

dos fatores inerentes ao sexo e condição sexual, pode-

se verificar no próprio NRC (2006) que parece haver

Necessidades energéticas em gatos adultos

OPor: Ricardo Souza Vasconcellos

uma diferença de acordo com o status sexual, em gatos

castrados (machos – 50,1 kcal/kg, n=4 e fêmeas – 49,6

kcal/kg, n=3 estudos) e inteiros (machos – 56,2 kcal/kg,

n=5 e fêmeas – 57,2 kcal/kg, n=4 estudos). Com relação

ao sexo e outros fatores, estas diferenças ainda são pouco

estudadas, embora alguns estudos tenham sugeridos

diferenças entre machos e fêmeas. No entanto, à

semelhança de seres humanos, em gatos e cães, os fatores

sexuais, raciais, etários, entre outros, embora ainda

pouco pesquisados, possivelmente serão considerado na

elaboração de futuras equações de predição para estas

espécies, tornando-as cada vez mais exatas.

Considerando a necessidade de pesquisas nesta

área, devido à literatura escassa sobre o assunto e a

atualidade do tema, nesta edição foram selecionados

dois artigos sobre NEM em gatos.

EnErgy rEquirEmEnt and food intakE bEhaviour in young adult intact malE cats with and without

prEdisposition to ovErwEight.

Resumo: Obesidade é um problema comum em gatos. No Instituto de Nutrição Animal,

a família de gatos epxperimentais apresenta um fenótipo magro e outro fenótipo de

gatos com predisposição ao ganho de peso. O objetivo deste estudo foi investigar as

necessidades energéticas e padrão de ingestão alimentar de gatos machos intactos de

diferentes fenótipos, seis gatos normais (GL) e seis gatos com sobrepeso (GO). No início

do estudo todos os gatos tiveram o escore de condição corporal 5, considerado ideal.

A necessidade energética dos gatos foi determinada usando a câmara respiratória,

na qual a quantidade e frequência da alimentação foi medida usando um sistema

automático. A necessidade energética para manter o peso, baseando-se na massa

magra, foi significativamente menor (p=0,02) nos gatos com sobrepeso (162,6 kJ/kg

de massa magra/ dia) do que nos gatos magros (246 kJ/kg de massa magra/dia). Os

gatos GO também apresentaram maior ingestão de alimentos (34,5 gramas de matéria

seca/kg0,67) quando comparados aos gatos magros (24,0 gramas de matéria seca/

kg0,67). Como conclusão, foram encontradas diferenças quantificáveis na ingestão de

alimentos e comportamento de gatos predispostos à obesidade quando comparados aos

gatos magros.

The scientific World Journal, 2012, p.2-8, 2012.

Autores: Brigitta Wickert, Julia Trossen, Daniel Uebelhart, Marcel Wanner, Sonja Hartnack.

nEcEssidadE EnErgética Em gatos adultos.

Resumo: Uma meta-análise foi conduzida com o propósito de se estabelecer as

necessidades energéticas de gatos adultos. Publicações nas quais foi identificado o peso

corporal de gatos foram usadas para gerar relações alométricas entre necessidades

energéticas e peso corporal em gatos adultos, usando regressão log-log linear. As

necessidades energéticas foram expressas em kcal/kg de peso corporal para serem

compatíveis com aquelas reportadas pelo NRC. A necessidade energética média de

manutenção foi 55,1±1,2 kcal/kg (115 grupos de animais). Três equações alométricas

foram identificadas para predizer as exigências energéticas para a manutenção do

peso corporal em gatos: magros (53,7*peso1,061 kcal/dia); peso ideal (46,8*peso1,115

kcal/kg) e acima do peso (131,8*peso0,366). Quando expressa pela massa magra, a

equação alométrica revelou uma necessidade de manutenção de 58,4*massa magra1,14

(36 estudos, R2= 0,697). A presente revisão sugere que equações de necessidade

energética de manutenção somente baseadas no peso corporal podem não ser exatas

na predição e informações mais detalhadas sobre sexo, idade, condição sexual, peso e

composição corporal podem melhorar a habilidade destas equações em interpretar as

necessidades energéticas de manutenção para gatos.

British Journal of Nutrition, 103(8): 1083-1093,2010.Autores: Emma N. Bermingham, David G. Thomas, Penelope J. Morris, Amanda J. Hawthorne.

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PalatabilizantesAgregando valor ao pet food

Capa

PalatabilizantesAgregando valor ao pet food

Um setor dinâmico, vinculado às tendências do mercado de alimentação pet e empenhado em

apresentar constantes inovações

conceito do palatabilizante é agregar atratividade ao pet

food através da solução que melhor se adequa à sua matriz, expectativa

de performance, limitações de custo e recursos disponíveis para sua

aplicação industrial. O Brasil está totalmente alinhado com o mais alto

nível mundial em termos de palatabilidade. O que já era esperado para

quem ocupa atualmente o segundo maior mercado de pet food do mundo,

sendo responsável por 9% da produção global.

A indústria voltada para este segmento trabalha para superar limites

de performance e acompanhar as tendências que são apontadas pelo setor

de alimentação animal. Neste sentido, algumas características mostram-

se mais evidentes, como por exemplo, a humanização, que promove a

aproximação do pet food aos conceitos da alimentação humana e assim

permite levar funcionalidades ao palatabilizante. Também contamos com

soluções que permitem alcançar melhores resultados na aparência final

de snacks e ossinhos, propiciando uma boa aceitação do produto, não só

por parte do animal de estimação, como também de seu proprietário.

Com a crescente demanda por produtos que beneficiem a saúde de

cães e gatos, a funcionalidade do pet food se tornou um importante fator

de sucesso na conquista do market share. Desta forma, apelos de claims

voltados para a saúde e o bem-estar se tornaram valores importantes

e defendidos pelos fabricantes de pet food. Marcas que são capazes de

oferecer benefícios precisos, eficientes e compreensíveis para o pet e seu

dono, acabam se sobressaindo neste mercado.

O Brasil tem sido o principal foco de crescimento para a Kemin,

que continua a aumentar as suas vendas e presença no mercado de

palatabilizantes. “Desde que os animais domésticos se tornaram parte

integrante das vidas das pessoas, o relacionamento entre animais e

seus donos agora cruza todas as fronteiras culturais e regionais. Como

tal, o prazer que um animal tem com seu alimento é uma preocupação

primária para seus donos, fazendo com que a palatabilidade seja uma

parte essencial do alimento”, observa Barb Howe, Ph.D.,P.A.S., gerente

comercial senior – América do Sul da Kemin.

As pesquisas conduzidas pela equipe da Kemin Research &

Development são lideradas pelo Dr. Gordon Hering, que passou a

integrar o time da companhia em maio de 2012.

Sob o seu comando e guiado pelo seu próprio know how em técnicas

de sabores, a Kemin está preparada para maximizar os sabores em

qualidade e desempenho, com novos produtos que conduzirão a indústria

a novos conceitos em palatabilizantes. “Estes novos produtos trarão

soluções que resultarão não apenas em questão de palatabilidade, como

também em funcionalidade”, destaca Barb.

A executiva lembra que neste ano, a crise global de proteínas

desafiou os produtores de alimentos para animais e os fornecedores

de ingredientes a atingirem altos quesitos de qualidade. “Este

desafio não atemorizou a Kemin, como tem demonstrado a

competência de nossos cientistas e pesquisadores, entregando aos

nossos clientes produtos da mais alta qualidade. As expectativas

para 2013 são as melhores. Estamos preparados para expandir

parcerias na indústria de alimentos para animais domésticos, tanto

no Brasil como em todo o mundo.”

tEcnologia E alta pErformancE

No Brasil, a AFB International, companhia que está presente no

país desde 2003, segue as diretrizes do seu posicionamento global,

ou seja, investir forte em alta tecnologia e performance de seus

palatabilizantes. Aliado a isso, atender as necessidades específicas de

cada cliente, desenvolvendo soluções personalizadas são prioridades

para a empresa, que contabiliza o ano de 2012 como muito bom para

os seus negócios. “Embora tivéssemos que enfrentar as dificuldades

do mercado, como por exemplo, o aumento dos preços das matérias-

primas, usamos a nosso favor todo o know how e tecnologia que

dispomos para desenvolver novas matérias-primas, reações químicas

e processos, resultando em novos palatabilizantes, competitivos

comercialmente. A partir desta nossa expertise as expectativas

de negócios que projetamos para 2013 são bastante otimistas,

continuaremos investindo em tecnologia e conhecimento”, afirma

Marcelo Beraldo da Costa, gerente da operação no Brasil.

O executivo da AFB afirma que ao longo dos anos o

conceito dos palatabilizantes não se alterou, mas a visão sobre a

palatabilidade sim. “Tenho notado que na busca por uma melhor

palatabilidade ou para manter uma determinada palatabilidade, as

empresas de rações estão sendo muito mais rigorosas na escolha

das matérias-primas, nos processos produtivos e ao adquirirem

equipamentos de melhor desempenho, resultando em produtos

finais melhores. A palatabilidade de um alimento não diz respeito

apenas ao palatabilizante, mas é um conjunto de fatores e os nossos

clientes perceberam isso e têm trabalhado muito forte os aspectos

relacionados aos processos e aplicações”, opina Beraldo.

Beraldo também comenta que o aumento das matérias-primas

e a alta competitividade estão forçando as empresas do segmento

pet a discutirem sobre planejamento estratégico. “As companhias

estão percebendo que aqueles que têm planejamento, compram

mercadorias de alta qualidade por um preço mais baixo ao longo

do ano e com menos trabalho operacional e financeiro para atingir

o objetivo definido. Tão importante quanto o planejamento é a

execução, pois implementar o que foi planejado é crucial para o

sucesso financeiro. Particularmente, sou um grande crítico do

excesso, seja de planejamento ou execução, porém na dose certa

é uma ferramenta altamente lucrativa. Considero ainda não ser

difícil verificar se uma reunião de planejamento foi excessiva ou

não: os participantes têm que sair com tarefas bem definidas e

não com a sensação de que “graças a Deus” terminou. Correções

de curso no planejamento central durante a execução são

necessárias, porém sem perder o foco no objetivo definido e de

maneira ordenada, todos devem correr com a mesma magnitude

e direção. Também não enxergo como algo negativo quando um

planejamento efetuado não atingiu plenamente seus objetivos,

embora a execução tenha sido impecável. Muitas vezes, temos

que fazer “mais com menos” para atingir o mesmo resultado e,

acreditem; sem planejamento, trabalharíamos ainda mais ou o

resultado não seria satisfatório.”

O

Por: Lia Freire

18 19

ingrEdiEntE nobrE E Estratégico

De acordo com Charles Boisson, diretor da SPF do Brasil,

empresa do Grupo francês Diana, uma das principais companhias a

produzir palatabilizantes, a função deste ingrediente é aumentar a

atratividade do alimento e o desejo nos animais em ingeri-lo. Assim,

o ingrediente objetiva garantir a aceitação do pet food pelo animal

e, consequentemente, propiciar ao proprietário a satisfação perante

o produto adquirido. “Este vínculo entre a aceitação do alimento

pelo pet e a satisfação do proprietário faz do palatabilizante um

ingrediente nobre e estratégico. Podemos concluir desta forma que

este ingrediente constitui-se um item de diferenciação para o mercado

pet food, permitindo ao fabricante utilizá-lo de forma estratégica na

busca por uma maior participação em determinado segmento, ou

mesmo, de forma defensiva, buscando manter sua atual posição através

deste diferencial. Trata-se, portanto, de um ingrediente de alto valor

agregado uma vez que a palatabilidade está diretamente relacionada

com a percepção de valor do consumidor com relação ao produto e marca.”

O gerente de marketing do Grupo Diana, George Ben Josef,

acrescenta que a palatabilidade não é alcançada exclusivamente com

a utilização de um intensificador de palatabilidade (ou palatabilizante).

Pesquisas desenvolvidas pelos centros de P&D da SPF demonstram

que a melhor palatabilidade é alcançada através da sinergia de um

conjunto de fatores, que inclui o resultado de interações entre as

matérias-primas, variáveis no processo de fabricação, a estrutura do

kibble (extrusado), o palatabilizante propriamente dito e, finalmente,

a sua correta utilização no processo produtivo. Além disso, outros

aspectos como diferentes inclusões de palatabilizantes ou mesmo

a combinação correta entre as várias opções de produto podem

melhorar significativamente a performance do pet food. “Dessa forma,

concluímos que uma abordagem sistêmica nos permite entender

“Investimos forte em alta tecnologia e performance dos palatabilizantes, oferecendo soluções customizadas”, Marcelo Beraldo da Costa, da AFB International.

“Desenvolvemos projetos inovadores que objetivam agregar valor e diferenciação ao fabricante de pet food”, George Ben Josef, do Grupo Diana.

melhor a complexidade dessas interações. É por isso, que há mais

de dez anos a SPF criou uma atividade de investigação e serviço

dedicado exclusivamente à orientação da aplicação do palatabilizante, o

Aplicalis, que propõe às indústrias de pet food algumas ações dirigidas

que têm se mostrado bastante eficientes ao longo dos anos, através de

uma oferta de múltiplos serviços: conferências e treinamentos técnicos,

auditorias, apoio operacional e ensaios feitos sob medida em parceria

com os clientes, com o objetivo de aperfeiçoar o desempenho do produto

adquirido, maximizar seu resultado, eliminar perdas e desperdícios e

reduzir o impacto do palatabilizante no custo final do produto.”

a “tropicalização” nas formulaçõEs

A SPF do Brasil conta com um centro de P&D em sua planta de

Descalvado (SP). Essa “tropicalização” nas formulações permite à SPF

do Brasil atender as necessidades e expectativas do mercado brasileiro

com soluções específicas. “Um entrosamento que só é conseguido pela

proximidade com o cliente, um dos pilares da empresa, juntamente com

o suporte da estrutura da matriz francesa, trabalhando para aumentar

os conhecimentos da percepção olfativa e paladar de cães e gatos.

Essa proximidade com o cliente nos permite ter um conhecimento

profundo do mercado e suas necessidades. Partindo desse conhecimento,

desenvolvemos projetos inovadores que objetivam agregar valor e

diferenciação para o fabricante de pet food”, reforça o gerente, Josef.

Atualmente, a gama de produtos da SPF é dividida nas seguintes

linhas: D’Tech - destinada aos cães, atendendo as premissas de

competitividade e desempenho; C’sens - desenvolvida para as necessidades

de diferenciação do mercado de alimentos para gatos e a Delice criada

para assegurar a melhor palatabilidade para os treats e medicamentos.

Indicadas para biscoitos, snacks semiúmidos e extrusados, bebidas e

molhos, além de produtos específicos para inclusão em comprimidos.

A unidade de negócios do Grupo Diana, Vit2Be, através de uma profunda

análise e compreensão dos aspectos e funções fisiológicas de cães e

gatos, desenvolve uma abordagem específica, por meio de ingredientes

funcionais, para trazer aos fabricantes de pet food novos meios de

diferenciar os seus produtos e deixá-los alinhados a tendência global.

Boisson, diretor da SPF do Brasil, destaca alguns dos aspectos

responsáveis por tornar a empresa uma das principais a atuar neste ramo

de negócios. “Primeiramente, graças a nossa presença mundial temos a

possibilidade de compreender a competitividade global do segmento, que

varia em função das particularidades de cada mercado; segundo o nosso

know how adquirido através de anos de pesquisa avançada e tecnologia

restrita a um seleto grupo de empresas nos permite disponibilizar aos

fabricantes de pet food produtos inovadores em termos tecnológicos e

mercadológicos. Terceiro, o nosso profundo conhecimento dos clientes,

que chamamos de know how mercadológico, conquistado através da

proximidade, constitui-se em outra força competitiva. Somos a única

empresa do mercado brasileiro que dispõe de um centro de provas

de palatabilidade local, permitindo a consolidação do processo de

desenvolvimento de nossos produtos, sem o qual seria praticamente

impossível desenvolvermos soluções locais de alto padrão.”

panElis E a sua atuação no brasil

O Centro de Pesquisas em Mensuração da Palatabilidade e Estudo do

Comportamento Animal – Panelis, pertencente ao Grupo Diana, iniciou

em Descalvado (SP) no ano de 2003 as suas atividades para disponibilizar

aos clientes do mercado de pet food, de toda a América Latina, múltiplos

serviços relacionados à mensuração da palatabilidade, além de consultoria

em sua área de atuação. É estudado o comportamento alimentar de cães e

gatos, desde a atratividade do produto até sua taxa de consumo, passando

por outras muitas variáveis que fazem parte da complexa metodologia

empregada no centro. Os canis e gatis do complexo são amplamente

utilizados por empresas do mercado de pet food, realizando testes

cegos com o propósito de manter-se isento da indústria e conservar sua

credibilidade. Com esta ferramenta, os fabricantes de alimentos para

animais de companhia podem atestar como os pets reagem às mudanças

de formulação, bem como, mensurar a atratividade dos palatabilizantes

utilizados, garantindo uma boa aceitação dos produtos no mercado”,

destaca Juliana Werneck, responsável pelo Panelis América Latina.

O Panelis fornece o suporte necessário na mensuração da

palatabilidade de produtos em desenvolvimento ou mesmo para

o controle de diferentes variáveis de produtos em linha, como a

repetibilidade da performance ou o contínuo monitoramento do

desempenho dos seus produtos, por exemplo. “Não poderíamos deixar

de avaliar o comportamento alimentar de cães e gatos, buscando

evidências que nos levem a entender e decifrar sinais subjetivos

emitidos pelos animais, demonstrando, por exemplo, sua satisfação

ao se alimentar. A interpretação dos resultados pode apresentar-

se de forma bastante complexa, sendo muitas vezes necessário um

Capa

20 21

conhecimento estatístico para uma perfeita análise. Dessa forma,

o Panelis contribui na interpretação dos resultados junto ao cliente,

para que seu perfeito entendimento possa conduzi-lo à decisão mais

adequada. Por fim, entendemos que a disponibilização de informações

sobre palatabilidade e comportamento alimentar é uma de nossas

atribuições. Dessa forma, buscamos sempre que possível, interagir

com o mercado através de publicações e artigos técnicos nos meios de

comunicação, além de palestras proferidas sobre o tema em reuniões,

congressos e simpósios”, explica Juliana.

infraEstrutura

O Panelis América Latina está instalado em uma área de 37

hectares, possui 10 parques arborizados com bebedouros automáticos

e brinquedos, onde os cães permanecem em grupos definidos de acordo

com a melhor afinidade e porte dos animais. “Vale ressaltar que os

cães passam em média 6 horas por dia em passeios nos diferentes

locais do Panelis, como a trilha arborizada para passeios, uma pista

ao ar livre ou na pista de agility. Na hora de dormir, permanecem em

casais da mesma raça em suas confortáveis baias. Animais mantidos em

condições de estresse apresentam comportamento alimentar alterado

e os resultados dos testes não demonstram a repetibilidade necessária

que o tornam confiáveis, um dos motivos pelo qual esta grande

estrutura foi criada”, afirma Juliana.

Com relação aos gatos, o Panelis conta com quatro parques,

onde os animais encontram fontes com pontos de água fresca,

redes e sombra em abundância. Também são mantidos em grupos

separados por afinidade. Em ambiente interno permanecem em locais

adequados ao seu descanso e distração, na companhia de funcionários

dedicados à socialização destes animais, como por exemplo, sua

escovação diária. O centro ainda conta com consultório veterinário,

sala de banho e tosa com capacidade para três pessoas trabalharem

ao mesmo tempo, além do prédio administrativo e operacional.

os tEstEs

Os testes realizados diariamente no Panelis são com alimentos

secos, placebos e petiscos dos mais variados tipos. Com os alimentos

secos acontecem durante as refeições nas quais os cães ou gatos

sempre terão duas opções de alimento para escolha. Os animais

são assistidos um a um durante as refeições para que um protocolo

pré-definido seja rigorosamente seguido. Observações como o

comportamento do animal durante os testes são relatados, assim

como um conjunto de outras informações pertinentes são analisadas

e consideradas nas interpretações de dados daquele animal. Para

os petiscos, são oferecidos dois tipos de testes, com a metodologia

Monadic, na qual se avalia a aceitação do produto e o teste versus,

no qual ocorre a mensuração da palatabilidade de petisco. “O

tratamento estatístico aplicado aos resultados necessita contar com

um número mínimo de animais e, caso haja alguma demonstração de

inquietude ou incômodo por parte dos cães ou gatos, seus dados não

são contabilizados para a interpretação dos resultados. As análises

estatísticas bem feitas podem surpreender, apontando para direções

imperceptíveis a uma análise realizada de forma amadora. O software

responsável por este tratamento estatístico, desenvolvido com

exclusividade pelo Panelis para atender às necessidades específicas

deste centro de palatabilidade nos garante uma análise detalhada e

precisa dos dados obtidos”, afirma Juliana.

O Panelis está respaldado por uma experiência de mais de 50 mil

provas de palatabilidade realizadas ao longo de sua história. Para

que se tenha uma ideia do volume de informações tratadas, para um

estudo conduzido com felinos, mais de 450.000 dados individuais

de 2007 a 2011 foram coletados e organizados por critérios, tais

como, o tipo de revestimento de gordura ou a natureza e processo

de fabricação de aditivos palatabilizantes. Com essas características

foram traçadas a experiência alimentar exata de cada gato. O grau

de exposição foi processado estatisticamente utilizando duas formas

de análises multivariadas de dados: ACP (análise de componentes

principais) e AHCP (agrupamento hierárquico em componentes

principais). “Ao realizar os testes no Panelis, o cliente terá condições

de avaliar o resultado final do trabalho”, conclui Josef, gerente de

marketing do Grupo Diana.

O Centro de Pesquisas Panelis, que pertence ao Grupo Diana, já realizou mais de 50 mil provas de palatabilidade.

“Os testes realizados diariamente no Panelis são com alimentos

secos, placebos e petiscos dos mais variados tipos”, Juliana

Werneck, responsável pela Panelis América Latina.

Capa

22 23Entrevista

Médica veterinária formada pela Universidade Paulista, com pós-graduação em marketing na ESPM e especialização em negócios pela FGV, Marina Galvão atua no ramo de Agronegócio há 16 anos, tendo passagens nos setores farmacêutico, alimentício e ingredientes para Pet food. Atualmente, por meio da sua empresa Mgalvão, presta serviços como consultora nas áreas comercial e marketing para empresas do setor PET. Seu foco está no desenvolvimento de produtos, negócios e de marketing. Marina contabiliza passagens em importantes companhias como Kemin, onde atuou como diretora comercial para a América Latina, além de Basf, Merial e Granfood, nestes como gerente de produtos e responsável comercial pelos negócios PET. Nossa entrevistada deste mês expõe a sua opinião sobre o setor de nutrição animal, aponta as tendências, enumera os gargalhos deste setor e destaca as particularidades do nosso mercado.

Revista Pet Food Brasil - Qual é a análise atual

sobre o mercado brasileiro de nutrição para

animais de estimação?

Marina Galvão - O mercado pet cresce de maneira

constante aumentando a diversificação de produtos

e serviços. O setor de nutrição para pequenos animais

representa 64% do mercado PET e esse índice por si

só já mostra a importância do segmento, que fatura

em torno de 11 bilhões de reais por ano no Brasil.

Outra informação relevante é que apesar do

crescimento do mercado brasileiro, ainda temos mais

de 50% dos animais de estimação não consumindo

alimentos industrializados, o que demonstra o

potencial deste setor.

Revista Pet Food Brasil - Qual é a tendência de

mercado quando focamos no setor de nutrição

animal? Ou seja, o que o mercado está consumindo?

Marina Galvão - Apesar de ainda 60% do mercado

consumir alimentos standard, com o aumento

da renda média do brasileiro, a tendência para a

humanização dos animais e a posse responsável

contribuem para que haja, ainda que lentamente,

Marina GalvãoPor: Lia Freire

uma migração para mercados premium e

superpremium, assim como mercados especializados,

como por exemplo, alimentos específicos para

raças, obesidade, snacks, hipoalergênicos, alimentos

funcionais etc. Automaticamente isso gera uma

“Destaco como as principais tendências do mercado, os ingredientes funcionais, naturais e antioxidantes.”

““Meus últimos trabalhos têm sido no segmento de

aditivos e posso afirmar que vem aí uma nova geração

de antioxidantes com efeitos inovadores que irão revolucionar o mercado.”

24 25Entrevista

“Existem no Brasil excelentes faculdades

de agronomia, veterinária e zootecnia

e boa parte destas universidades têm enfatizado o estudo

e pesquisas em nutrição animal.”

procura e um desenvolvimento no segmentos de

aditivos, embalagens e ingredientes.

Revista Pet Food Brasil - Em termos de qualidade,

variedade e inovação, qual é a sua opinião sobre o

mercado brasileiro?

Marina Galvão - No passado, o mercado brasileiro

estava distante dos mercados americano, europeu

e asiático. Hoje o cenário é outro. Gradativamente

evoluímos e sempre pautados na qualidade e

variedade. Prova disso é a taxa de crescimento de

nossas exportações, assim como, o crescimento do

mercado de snacks, enlatados e saches. Ainda não

temos uma linha completa de produtos como, por

exemplo, alimentos veganos, 100% orgânicos e

etc, mas ano a ano há um esforço da indústria no

lançamento de novos produtos e é grande a aposta

na diversificação.

Revista Pet Food Brasil - O que tem a dizer a

respeito das pesquisas, desenvolvimento de novas

soluções e formulações?

Marina Galvão - É difícil quantificar esses resultados,

pois por questões estratégicas várias empresas

mantêm os resultados de seus centros de pesquisa

em confidencialidade, porém é correto afirmar que

esse é um foco da indústria, pois os centros de

pesquisa em universidades possuem filas de espera

para realizar testes e experimentos. Isso prova que as

empresas PET têm trabalhado muito em Pesquisa e

Desenvolvimento.

Revista Pet Food Brasil - Sobre o nível técnico-

científico dos profissionais brasileiros, qual é hoje

a situação?

Marina Galvão - Existem no Brasil excelentes

faculdades de agronomia, veterinária e zootecnia

e boa parte destas universidades têm enfatizado

o estudo e pesquisas em nutrição animal, sendo

excelentes “fornecedores” de profissionais para o

mercado de trabalho. O crescimento e o destaque do

mercado PET por sua vez também atraem o interesse

e talentos para a área.

Revista Pet Food Brasil - Você destacaria qual

segmento como sendo a “bola da vez” dentro da

nutrição animal? Quais as razões para este cenário?

Marina Galvão - Sem sombra de dúvidas o de

ingredientes funcionais, naturais e antioxidantes.

Meus últimos trabalhos têm sido nesse segmento

de aditivos e posso afirmar que vem aí uma nova

geração de antioxidantes com efeitos inovadores

que irão revolucionar o mercado. Outro ponto de

destaque são alguns novos ingredientes funcionais

que vêm para atender o novo perfil de consumo do

mercado brasileiro e mundial de nutrição animal

com foco na prevenção da saúde animal.

Revista Pet Food Brasil - Quais as particularidades

da indústria brasileira de nutrição animal para

animais de estimação?

Marina Galvão - O mercado brasileiro conta há

muitos anos com a presença de marcas e fábricas

globais que representam 50% do volume vendido de

alimento PET. O restante da produção é atendido

por empresas nacionais com alta capacidade de

adaptação e flexibilidade no lançamento de produtos.

Há uma concorrência forte em todos os segmentos,

o que torna o mercado extremamente dinâmico e

diversificado. Isso se reflete nas gôndolas onde é

possível encontrar produtos e marcas conhecidos

mundialmente até itens regionais, com variações de

preço, apresentação e formulação.

Revista Pet Food Brasil - Sob quais aspectos

obtivemos importantes evoluções neste segmento

de negócios?

Marina Galvão - O principal motivador para o

crescimento do mercado é o potencial existente

entre a população que ainda não consome

alimento industrializado. Outro ponto importante

é a conscientização dos proprietários com relação

a uma boa nutrição e a praticidade dos alimentos

industrializados, isso sem contar com a boa

orientação vinda dos médicos veterinários.

Revista Pet Food Brasil - Quais pontos você

apontaria como os mais problemáticos no mercado

brasileiro?

Marina Galvão - Sobre o alimento PET produzido

no Brasil incide uma carga tributária em torno de

49%, enquanto na Europa essa carga é de 18% e

nos EUA de 7%. Outro desafio da indústria é no

desenvolvimento de fornecedores de ingredientes,

pois não é raro encontrar barreiras ao buscar

empresas que atendam as especificações técnicas de

alguns produtos.

Revista Pet Food Brasil - Como está o trabalho

de marketing das indústrias brasileiras que atuam

neste setor? O que poderia ser melhorado?

Marina Galvão - Há um trabalho bem desenvolvido

e estruturado pela indústria, porém nem sempre

essa mensagem é percebida pelo consumidor, pois

há uma lacuna no ponto de venda. Isso ocorre em

virtude do posicionamento de alguns distribuidores

que não estão preparados para repassar a mensagem

ao público-alvo, estando mais focados na venda

imediata, ao invés de estabelecer a marca e o produto

no ponto de venda. Não podemos generalizar esta

situação, afinal há ótimos trabalhos desenvolvidos

pelos distribuidores, mas nesta relação comercial

ainda encontramos muitos gargalhos.

Revista Pet Food Brasil - Como analisa o futuro

deste mercado?

Marina Galvão - O mercado brasileiro ainda está em

crescimento e acompanha as tendências mundiais. O

futuro, sem dúvida, é a prevenção da saúde animal

e o desenvolvimento de produtos segmentados,

sustentáveis e naturais, assim como, a migração para

produtos premium.

26 27Informe Técnico

A fibra dietética pode ser definida como a soma dos

polissacárides não amídicos, constituintes da parede celular vegetal

mais a lignina, compostos indigeríveis pelas enzimas do trato

digestório dos animais monogástricos. O conceito antigo de que

fibras são desnecessárias para carnívoros e onívoros como o cão e

o gato está ultrapassado, pois hoje é de domínio público que fibras

são necessárias à sua saúde e digestão.

Por sua fermentabilidade desprezível, as fibras insolúveis

podem ser usadas em concentrações elevadas sem ocasionar efeitos

digestivos adversos. Fibras insolúveis apresentam uma série

de benefícios na nutrição de cães e gatos, podendo ser inclusive

consideradas como ingredientes funcionais, uma vez que podem

colaborar na prevenção e/ou auxilio da obesidade, na manutenção

do escore fecal e na eliminação das bolas de pelos dos felinos. Além

disso, são ingredientes que podem e devem ser contemplados no

tratamento de várias doenças gastrintestinais e metabólicas.

Atualmente, uma das principais utilizações das fibras insolúveis

é na luta contra a obesidade. A prevalência desta enfermidade em

cães e gatos tem aumentado em proporções epidêmicas e a taxas

alarmantes. A fibra insolúvel é uma grande aliada para o controle

de peso, agindo na redução da densidade energética do alimento e

ao mesmo tempo mantendo níveis ótimos de escore fecal, bem como

ajudando a manter sob controle os níveis de glicemia e da lipidemia.

Outra questão de grande importância na nutrição de cães e

gatos é a formação dos tricobenzoares, popularmente conhecidos

como bolas de pelos em felinos. A eficiência de determinadas fontes

de fibras como, por exemplo, o Vit2Be Fiber na dissolução e/ou na

prevenção da formação dos tricobenzoares é comprovada.

Atualmente o mercado de produtos funcionais apresenta uma

rápida expansão, amparada pela forte tendência de consumo de

produtos funcionais e fortificados. Segundo dados do GNPD, na

América Latina aproximadamente 75% dos produtos lançados para

cães e 90% para gatos possuem algum tipo de claim funcional ou

são fortificados com vitaminas e minerais.

Os números demonstram oportunidades neste mercado,

corroborando com a forte tendência de humanização do segmento

pet. A busca por produtos diferenciados reforça o crescimento de

fatias de mercado como o terapêutico, por exemplo, que apresentou

crescimento de aproximadamente 60% em seu faturamento nos

últimos três anos no mercado nacional (Euromonitor).

Outro ponto importante a ser considerado é o incremento

da renda da população brasileira, impactando positivamente nos

números dos mercados de bens de consumo, como o alimento pet.

A busca por produtos de maior valor agregado pode ser observada

nos quase 300 lançamentos de produtos com claims funcionais

apontados pela Mintel entre 2009 e 2011.

Sendo assim, e ciente de sua obrigação de implementar e oferecer

soluções tecnicamente confiáveis aos seus clientes, o grupo Diana

apresentou ao mercado o Vit2Be Fiber que atualmente apresenta-

se como a melhor opção para o uso de fibras insolúveis na dieta de

cães e gatos. Produzido nos padrões de segurança do alimento e

qualidade assegurada do grupo Diana, o Vit2Be Fiber possui alta

concentração de fibras insolúveis. Clinicamente testado, possui boa

aceitação pelos cães e gatos, sendo a sua utilização respaldada por

trabalhos científicos que garantem sua eficiência e segurança.

Autor: André Buck, DVM, M.Sc – [email protected] - Fone +55 (19) 3583-9404

F i bra s i n s o l ú ve i s em a l ime n t o s p ara c ãe s e ga t o s

28 29Em Foco 1

Por : Saul Jorge ZeucknerBacharel em agronegócios

e Diretor Comercial-Algomix

Eleições urante esses últimos dias, tivemos algumas lições

de vendas e atendimento relacionadas às eleições, aproveitei

para observar como os seres humanos são capazes de

mudar, conforme sua necessidade e isso me fez lembrar as

nossas profissões de vendas.

Os políticos ou candidatos a políticos, seriam , na sua

grande maioria, bons vendedores, não que a profissão de

vendas seja de pessoas falsas, não é isso que quero dizer, na

verdade, estou tentando analisar a capacidade de se adaptar

às condições adversas e fazer um excelente atendimento,

porque na verdade os políticos são em essência, vendedores,

pois necessitam “vender suas ideias”, fazer as pessoas

acreditarem que aquele “produto” que estão oferecendo,

é a melhor opção que o “cliente” tem. Como os políticos

conseguem tamanha melhoria na qualidade de seus

atendimentos, conseguem ser gentis, cativos, dedicados,

atendem a todos, cumprimentam todos que encontram,

dão tapinhas nas costas, procuram se preocupar com

os eleitores(clientes)! Isso facilmente podemos observar

durante as campanhas políticas, Porque após as eleições

esse atendimento ao cliente( eleitor), acaba?

Isso ocorre conosco em nossa profissão de vendas,

quando precisamos de nosso cliente, damos atenção,

tapinha nas costas, somos atenciosos, nos preocupamos

com eles, mas depois que vendemos, na grande maioria

dos casos, abandonamos nosso eleitor (nosso cliente).

Vejam que nossa analogia, faz sentido: somos movidos por

necessidades, conseguimos nos adaptar conforme o que

queremos, mas porque quando estamos vendendo bem,

mudamos nossa característica?

Acredito que podemos manter esse mesmo nível

de atendimento o tempo todo. Isso seria o ideal, mas e

os políticos teriam capacidade e condições de fazer esse

atendimento o tempo todo? Já imaginaram como seria?

Todos temos condições de nos adaptar, cabe a nós,

nos motivarmos, nos esforçarmos acima da média,

para que nosso atendimento seja melhorado a cada dia,

como se estivéssemos em busca da reeleição, ou que o

período de eleições estivesse sempre próximo, para que

fôssemos essa pessoa de atendimento especial em todos

os momentos em que estivermos com nossos clientes,

independente se já vendemos ou se vamos realizar

uma venda. Sempre teríamos que tratar nosso cliente

como um eleitor único, especial e decisivo para o nosso

sucesso, seja em vendas , ou em eleições.

Pensem nisso e boas vendas( boas eleições).

D

30 31

m setembro passado, em São Paulo, aconteceu a

apresentação do ranking das 250 Pequenas e Médias Empresas

que mais crescem no país e a IMEVE S.A., indústria de

medicamentos veterinários, f icou com a 106ª posição.

Segundo os organizadores, o ranking é baseado na expansão

da receita líquida entre 2009 e 2011. Se inscreveram as

companhias com faturamento entre R$ 3 e 300 milhões, com

sede no Brasil e que operaram ao longo dos últimos cinco anos.

Para participar, as empresas responderam a um questionário com

dados atuais e planejamentos futuros, elaborado pela consultoria

Deloitte e por Exame PME.

Apenas duas empresas do segmento de produtos veterinários

figuraram no ranking. Destas, a IMEVE foi a que teve melhor

colocação, reforçando seu espírito empreendedor e mostrando

um novo posicionamento mercadológico.

E

Investimento, crescimento e

reconhecimento. IMEVE S.A. está entre as 250 pequenas e médias

empresas que mais crescem no país

Em Foco 2

“É um imenso orgulho ver nossa empresa crescendo e se

destacando no cenário nacional. Tivemos que preencher vários

requisitos, em meses de avaliação. Trabalhamos muito, nos

esforçamos e conseguimos atingir este objetivo”, explica Daniel

Nacata Garcia, diretor executivo da empresa.

Com um crescimento de mais de 90% nos últimos dois anos, a

IMEVE S.A. tem um faturamento aproximado de R$ 6 milhões/

ano e tem investido pesado em pesquisa, desenvolvimento de

novos produtos, contratação de profissionais e ampliação da

estrutura física.

“Com a entrada do fundo investidor, a empresa cresceu. Tivemos

injeção de recursos e com isso planejamos um crescimento agressivo,

porém, consciente. Temos por meta crescer significativamente em,

no máximo, três anos. Em 2013, com certeza, estaremos melhor

ranqueados na pesquisa”, conclui Nacata.

32 33

C

32

antibióticos, anticoccidianos, oligoelementos, emulsificantes,

aromatizantes, palatabilizantes e etc.”

Visando garantir a cadeia produtiva e as autoridades de

fiscalização o efetivo controle sobre seu uso, os aditivos são

classificados no Brasil (IN n° 13 de 30/11/2004, do MAPA,

seguindo as orientações do Codex Alimentarius) da seguinte forma:

Aditivos nutricionais - vitaminas, provitaminas e substâncias

quimicamente definidas de efeitos similares; oligoelementos

ou compostos de oligoelementos (microminerais); aminoácidos,

seus sais e análogos; ureia pecuária e seus derivados. Aditivos

tecnológicos - adsorventes; glomerantes; antiaglomerantes;

antioxidantes; antiumectantes; conservantes; emulsificantes;

estabilizantes; espessantes; gelificantes; regulador da acidez e

umectantes; e Aditivos sensoriais - corantes e pigmentantes;

aromatizantes e palatabilizantes.

Os corantes são substâncias que conferem ou intensificam

a cor dos produtos destinados à alimentação, podendo ser:

naturais, corante caramelo e artificiais. Segundo o artigo 10 do

Decreto n°55 871, de 26 de março de 1967 (BRASIL, 2002b),

considera-se corante natural o pigmento ou corante inócuo

extraído de substância vegetal ou animal. Corante caramelo é o

produto obtido a partir da reação de Maillard de açúcares. Já o

corante artificial é a substância obtida por processo de síntese

(com composição química definida). Muito utilizados pelos seres

humanos, os corantes têm cada vez mais significativa presença

na alimentação animal devido à forte tendência de humanização

na relação entre os pets e os seus donos.

Atenta à evolução e às tendências do segmento de nutrição

animal, que busca melhorar a aparência e qualidade dos produtos,

a Doce Aroma Ind. E Com. Ltda atua misturando as cores

primárias, buscando novas tonalidades e nuances que aproximam

ao máximo o alimento industrializado do alimento in natura.

“Para atingirmos este objetivo, disponibilizamos ao mercado

os corantes naturais que agregam maior valor nutricional e os

corantes sintéticos ou artificiais, que auferem uma coloração

mais intensa e “viva” aos alimentos industrializados. Cada

corante apresenta vantagens e desvantagens, portanto, um breve

estudo do processo de fabricação, bem como das características

do item a ser fabricado, deve ser feito para verificar qual o melhor

tipo de corante a ser adicionado na formulação do alimento

industrializado a fim de obter o melhor resultado final. Observo

que no caso dos corantes naturais, houve um considerável

aprimoramento em termos de sua resistência e estabilidade

durante o processo de industrialização do alimento. Dentro

do contexto dos corantes naturais, o carmim de cochonilha é

um dos mais consumidos no mundo por sua versatilidade e boa

estabilidade ao calor, luz e oxidação”, esclarece Helo Blanco,

executiva da Doce Aroma.

Para a produção dos corantes naturais, a empresa tem

realizado significativos investimentos, especialmente no

que se refere à formulação de novas tonalidades para atender

às novas tendências de mercado. A Doce Aroma possui três

laboratórios sendo um deles voltado exclusivamente para

aplicação e desenvolvimento dos corantes naturais e artificiais;

onde realiza todos os testes de aplicação antes dos lançamentos.

“Para meados de 2013 ampliaremos nossas instalações, com uma

nova planta, que já está em fase adiantada de construção. Esta

unidade triplicará nossa capacidade produtiva e nos possibilitará

maior área de armazenagem, além de contarmos com novos

laboratórios de pesquisa e desenvolvimento”, afirma Helo.

a dEmanda pElos corantEs naturais A Vogler dentro da divisão Vogler Systems desenvolve

misturas de corantes de acordo com as necessidades do mercado e

das exigências de seus clientes. “Trabalhamos com os Innocolors

de tonalidades marrom e verde. Também oferecemos opções

como os corantes amarelos (crepúsculo e tartrazina), vermelhos

(amaranto, ponceau e alura), azul (indigotina e brilhante),

dióxido de titâneo, corantes lipossolúveis, corante caramelo,

clorofila, antocianina, betacaroteno, luteína, cantaxantina etc.

Observamos uma procura crescente por corantes naturais.

Esta demanda deve-se, sobretudo, à tendência da população

por uma alimentação mais saudável o que ref lete de maneira

direta no alimento dos animais de estimação, visto que estes são

Neste complexo processo de humanização observado na relação entre os animais de estimação e os seus donos, os corantes ganham destaque na alimentação para pets

onsiderado um aditivo sensorial, assim como os

aromatizantes, palatabilizantes, f lavorizantes e pigmentantes, os

corantes são usados na alimentação para melhorar ou modificar

as características visuais dos alimentos ou as propriedades

organolépticas (como a cor, o brilho, o paladar, o odor etc).

Os aditivos podem ser classificados de diversas formas, de

acordo com os critérios estabelecidos por órgão reguladores de

cada país. Por exemplo, o MAPA – Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento – diz que “aditivos são substâncias

ou micro-organismos adicionados intencionalmente, que

normalmente não se consomem como alimento, tenham ou

não valor nutritivo, que afetem ou melhorem as características

do alimento ou dos produtos animais”. Já o Food and Drug

Administration (FDA), órgão regulatório dos EUA, define

“aditivo é a substância adicionada ao alimento dos animais com a

finalidade de melhorar seu desempenho, passível de ser utilizada

sob determinadas normas e desde que não deixem resíduo no

produto de consumo humano”. Enquanto isso, a European Food

Safety Autorithy (EFSA), órgão de regulação de alimentos

da Comissão Europeia, descreve “aditivos são substâncias ou

preparados dessas substâncias que, incorporados nos alimentos

dos animais, são suscetíveis de inf luenciar as características

desses alimentos ou a produção animal”. Finalmente, a

Organização Mundial do Comércio (OMC), em texto aceito pela

Receita Federal do Brasil, diz “aditivos são elementos nutritivos

funcionais, que incluem vitaminas ou provitaminas, aminoácidos,

Em Foco 3

CorantesAs cores na nutrição animal

Por: Lia Freire

CorantesAs cores na nutrição animal

a docE aroma produz E comErcializa corantEs artificiais E naturais. são ElEs:

corantEs naturais

Urucum: possibilita uma variedade que vai do tom alaranjado ao

avermelhado

Cúrcuma: tonalidade amarelada

Clorofila: tom esverdeado

Carmim de cochonilha: tonalidade que vai do vermelho ao rosa

Caramelo: variação do marrom escuro ao caramelo claro

corantEs sintéticos ou artificiais

Amarelo crepúsculo

Amarelo tartrazina

Azul brilhante

Azul indigotina

Vermelho bordeaux ou amaranto

Vermelho eritrosina

Vermelho ponceau 4R

Vermelho 40

Verde folha

Marrom M

Roxo açaí e roxo uva

34 35

segmento da Vogler.

A gerente da Vogler acrescenta que há duas vertentes quando

se analisa a aplicação dos corantes na nutrição animal: primeiro

que nas linhas Premium e Super Premium, já não se utilizam

mais corantes; segundo, nos alimentos econômicos e standard

têm tido um crescimento do uso de corantes, em busca de

tonalidades mais fortes em relação ao que se utilizava no passado

e, com isso, a inclusão de corantes por tonelada de alimento

produzido aumentou consideravelmente.

Os cuidados com a qualidade dos corantes oferecidos levou

a Vogler à Índia para conferir pessoalmente os produtos da

Roha, marca que representa atualmente. “Para homologar este

fornecedor fomos conhecer a sua planta e ficamos atentos para

verificar a concentração dos corantes e se havia a presença

de impurezas. A Vogler exige teores de chumbo, arsênio e

metais pesados inferiores aos da legislação brasileira vigente,

sempre nos baseando nas leis mundiais mais restritas. Além

disso, esporadicamente enviamos os corantes para análise em

laboratórios, a fim de garantirmos e assegurarmos a qualidade

dos produtos que fornecemos”, acrescenta Tatiane.

Para o seu futuro neste segmento de corantes, a Vogler

deseja crescer com responsabilidade, fornecendo ao mercado um

produto que agregue qualidade e, sobretudo, que proporcione ao

animal de estimação segurança ao consumi-lo. “Este é o grande

diferencial da nossa empresa”, reforça Tatiane.

“A Doce Aroma tem realizado significativo investimento na produção dos corantes naturais, especialmente no que se refere à formulação de novas tonalidades”, Helo Blanco.

“Observamos uma procura crescente por corantes naturais. Esta demanda deve-se, sobretudo, a tendência por uma alimentação mais saudável”, Tatiane Graciano Domingues, da Vogler.

a voglEr comErcializa as sEguintEs opçõEs Em corantEs:

Innocolors de tonalidades marrom e verde

Amarelo crepúsculo

Amarelo tartrazina

Vermelho amaranto

Vermelho ponceau

Vermelho alura

Azul indigotina

Azul brilhante

Dióxido de titâneo

Corantes lipossolúveis

Corante caramelo

Clorofila

Antocianina

Betacaroteno

Luteína

Cantaxantina, entre outros.

considerados membro da família. É importante salientar apenas

o alto custo para aplicação dos corantes naturais nos alimentos

para animais de estimação. Estes corantes são extremamente

sensíveis e o processo de extrusão é bastante agressivo, além de

terem o custo bem mais elevado quando comparado aos corantes

artificiais”, analisa Tatiane Graciano Domingues, gerente de

36 37Segurança Alimentar

Contaminação por metais pesadosChumbo

1. mEtais pEsados

Metais pesados são elementos químicos com pesos atômicos entre

63.6 a 207.9 e densidade >5.0 g/cm3 (Tabela 1). Entre os principais

metais pesados que podem contaminar os alimentos, a água e o meio

ambiente (inclusive alimentos para pets, produzidos com ingredientes

contaminados) e causar sérios danos à saúde, estão o chumbo (Pb),

arsênico (As), cádmio (Cd), mercúrio (Hg), cromo (Cr), cobre (Cu) e

manganês (Mn). As principais fontes de exposição de animais e humanos

a esses metais são os alimentos. Através deles os metais são absorvidos

pelo organismo sendo difícil eliminá-los. Ao contrário dos contaminantes

orgânicos, os metais pesados não são biodegradáveis e tendem a se

acumular nos organismos vivos, sendo tóxicos e carcinogênicos quando

em diferentes concentrações (Srivastava; Majumder, 2008).

Os metais são considerados os agentes tóxicos mais antigos

conhecidos pelo homem. Há aproximadamente 2000 a.C., grandes

quantidades de Pb eram obtidas de minérios, como subproduto da fusão

da prata e isso provavelmente tenha sido o início da utilização e causa

de intoxicação por esse metal. Os metais pesados ocorrem naturalmente

no ecossistema com grandes variações na concentração e diferem de

outros agentes tóxicos porque não são sintetizados nem destruídos. Sua

presença pode estar associada à localização geográfica, nestes casos, a

contaminação pode ser controlada, limitando o uso de produtos agrícolas

e proibindo a produção de alimentos em solos contaminados (Salgado,

1996; Salazar et. al., 2012).

Portanto todas as formas de vida são afetadas pela presença de metais,

dependendo da dose e da forma química. Alguns metais são essenciais para

o crescimento dos seres vivos (cobalto-Co, Cu, Mg, molibdênio, vanádio,

estrôncio e zinco-Zn) para a realização de suas funções vitais. Porém

níveis excessivos desses elementos podem ser extremamente tóxicos.

Por outro lado, outros metais, denominados pesados (tais como: Hg, Pb

e Cd) não possuem nenhuma função no organismo e a seu acúmulo pode

provocar graves doenças, sobretudo nos mamíferos (pets, animais de

produção, humanos). Além disso, níveis elevados de metais pesados em

resíduos do descarte de alimentos e outros dejetos eliminados no ambiente

(pilhas, lâmpadas, baterias, ligas metálicas) são pontos importantes na

poluição ambiental (Cayir; Coskun, 2010). Quando lançados através de

resíduos industriais, na água, no solo ou no ar, esses elementos podem ser

absorvidos pelos vegetais e animais das proximidades, provocando graves

intoxicações ao longo da cadeia alimentar (Tabela 2).

2. mEtais EssEnciais E micro-contaminantEs dE alimEntos Os metais são classificados em: (1) elementos essenciais (sódio,

potássio, cálcio, ferro-Fe, Zn, Cu, níquel-Ni e Mg; (2) micro-

contaminantes ambientais (As, Pb, Cd, Hg, alumínio, titânio, estanho

e tungstênio) e (3) elementos essenciais e simultaneamente micro-

contaminantes (Cr, Zn, Fe, Co, Mg e Ni). Os metais contaminantes não

são necessários para as atividades metabólicas normais e são tóxicos para

célula, mesmo em baixas concentrações. Esses metais são reconhecidos

como os mais agressivos e são geralmente chamados de metais pesados.

Os distúrbios causados por metais pesados (Hg) na intoxicação

aguda são anúria e diarreia sanguinolenta, decorrentes da ingestão.

Atualmente, ocorrências de intoxicação a médio e longo prazo com níveis

menores do metal (intoxicação sub-aguda e crônica, respectivamente)

têm sido as mais observadas e as relações causa-efeito podem ser pouco

evidentes e quase sempre sub-clínicas. Os efeitos são difíceis de serem

distinguidos, pois podem ser provocados por outras substâncias tóxicas

ou por interações entre agentes químicos. A manifestação dos efeitos

tóxicos está associada à dose e pode distribuir-se por todo o organismo,

afetando vários órgãos, alterando os processos bioquímicos, organelas

e membranas celulares (Fu; Wang, 2011). A Tabela 2 apresenta fontes

de contaminação e toxicidade de alguns metais pesados que podem ser

Tabela 1 – Exigência de vitaminas para cães por 1000 kcal de energia metabolizável

IUPAC, (2005) * ponto de fusão: 327°C

Metais

CHUMBO (Pb)

CÁDMIO (Cd)

MERCÚRIO (Hg)

COBRE (Cu)

CROMO (Cr)

Fontes de contaMinação

Alimentos enlatados, vegetais tratados com agrotóxicos, fígado

bovino, poluição do ar, utilização de agrotóxicos com residuos

na pastagem, fertilizantes, tintas, combustíveis, gás contendo Pb,

papel de jornal e anúncios coloridos.

Alimentos, efluentes gasosos industriais, fertilizantes, agrotóxicos,

frutos do mar, farinha de ossos, materiais cerâmicos, solda.

Açúcar, tomate e pescado contaminados, Termômetros,

agrotóxicos, água, polidores, ceras, tintas, lâmpadas fluorescentes

de Hg, derivados de petróleo.

Indústria de refratários e química, efluentes gasosos industriais,

pilhas de rejeito.

Efluentes gasosos industriais, curtume, indústria de refratários

e química, soldagens, produção de ligas ferro-cromo, cromatos,

dicromatos, pigmentos e vernizes.

PrinciPais sinais de intoxicação

Danos ao sistema nervoso central, rins, fígado e sistema reprodutivo.

Alterações dos processos celulares básicos e funções cerebrais. Podem

provocar anemia, insônia, dor de cabeça, tontura, irritabilidade,

fraqueza muscular, alucinação e danos renais (SALGADO, 1996).

Provoca elevação da pressão sanguínea e aumento de órgãos (coração

e próstata). Redução da imunidade. Carcinogênico. Enfraquecimento

ósseo, dores nas articulações, anemia, enfisema pulmonar,

osteoporose e perda de olfato. Danos renais e em altos níveis é letal

(NASEEM; TAHIR, 2001).

Causa danos no SNC, disfunção pulmonar e renal, dor torácica e

dispneia (NAMASIVAYAM; KADIRVELU, 1999).

Provoca vômitos, cólicas, convulsões e até a morte (PAULINO et al.,

2006).

Causa acumulo na cadeia alimentar, provoca graves irritações na pele

a carcinoma de pulmão (KHEZAMI; CAPART, 2005).

tabela 2. Fontes de contaMinação e toxicidade de alguns Metais Pesados eM aliMentos Pets

IUPAC, (2005) * ponto de fusão: 327°C

encontrados em alimentos para pets.

Considerando que os metais pesados possuem características

diferenciadas, bem como efeitos tóxicos variados (Tabela 2), serão

abordados separadamente na Coluna da presente Revista. O primeiro a

ser abordado nessa edição será o Pb, seguido pelo Hg, Cd, Cu e Cr, nos

próximos números.

38 39Segurança Alimentar

Figura 1. Rota de contaminação pelo Pb na exposição animal e humana (IPCS, 1995).

Figura 2. Contaminação de rio por chumbo e cádmio próximo afábrica de baterias com vazamento na província de Zhejiang, China.

3. chumbo O Pb tem largo uso industrial devido as suas características físico-

químicas (ponto de fusão elevado, maleabilidade, altamente dielétrico,

resistência a radiações ionizantes e formação de ligas com outros metais).

Portanto muito utilizado na fabricação de pilhas, baterias, ligas metálicas,

fertilizantes, alguns agrotoxicos, combustíveis, pigmentos cerâmicos,

inclusive em papel de jornal e anúncios coloridos. Pode, portanto, chegar

ao alimento animal e humano através da contaminação do ambiente em

que (a) esse alimento (vegetal) é produzido e (b) animais de produção se

alimentam de pastagens da região (Iupac, 2005; Reilly, 1991).

É extremamente tóxico, acumula-se no organismo principalmente

nos ossos e os compostos de Pb são igualmente nocivos aos animais.

Desde 400 a.C., Hipócrates descreveu uma doença a qual chamou de

saturnismo, com sintomas de cólica à paralisia, contraído por homens que

trabalhavam com Pb (Reilly, 1991). O Pb é encontrado no meio ambiente

como resultado da sua ocorrência natural e da sua utilização industrial,

apesar de não ser um elemento comum nas águas naturais é facilmente

introduzido no meio ambiente por uma série de processos e produtos

humanos como: plásticos, tintas, pigmentos, indústrias metalúrgicas,

incineradores e aditivos da gasolina. As Figuras 1 e 2 apresentam as

vias de contaminação e caso especifico de rio contaminado por Pb e Cd

devido a vazamento de fábricas de baterias na China, respectivamente.

Mesmo em baixas concentrações pode comprometer o sistema

nervoso, o sangue e os rins. Durante os últimos anos fontes de

contaminação ambiental por Pb têm diminuído tanto pela abolição do

seu uso na gasolina, como também pelo fato de serem banidas as soldas

em embalagens de alimentos e bebidas (Nascimento et al., 2006).

Alimentos tais como frutas, vegetais, carnes, visceras (figado), grãos,

frutos do mar, bebidas leves e vinhos podem conter Pb, originado da

água de preparo ou plantas e animais criados em locais contaminados. A

alimentação com estes contaminantes pode provocar o acúmulo na cadeia

alimentar por ingestão pelos animais e pelo homem. Muitos vegetais,

grãos e carnes presentes nas rações para pets podem estar contaminados

por este elemento químico e ocasionar graves problemas de saúde.

3.1 mEcanismo dE ação do chumbo

A intoxicação por Pb, tanto por exposições a longo prazo quanto

em episódios isolados, acarreta em uma diversidade de prejuízos ao

organismo do animal. Devido a sua habilidade de inibir ou imitar minerais

como o cálcio e o Zn (ambos importantes para a funcionalidade das

células), altera os níveis desses elementos no organismo. Causa, portanto,

distúrbios relacionados ao metabolismo celular afetando diversos órgãos

e sistemas do organismo. A toxicidade do Pb resulta, principalmente, de

sua interferência no funcionamento das membranas celulares e enzimas,

formando complexos estáveis com ligantes contendo enxofre, fósforo,

nitrogênio ou oxigênio (grupamentos -SH, -H2, PO3, -NH2 e -OH) que

funcionam como doadores de elétrons (Saryan; Zenz, 1994).

Após absorvido, o Pb não é distribuído de forma homogênea no

organismo. No sangue, esse contaminante está quase sempre associado aos

eritrócitos, sendo em seguida distribuído aos tecidos moles (fígado e rins)

e aos minerais (ossos e dentes). As maiores concentrações são encontradas

nos ossos, onde o metal fica estocado na forma de trifosfato, porém os

efeitos de sua exposição têm maior impacto no sistema nervoso, medula

óssea e rins. A principal manifestação clínica do efeito da intoxicação no

sistema hematopoiético é a anemia, acarretada pela inibição da síntese da

Animais/Humanos

Grupo BCOrganizações Empresariais Baltazar de Castro

Grupo BCOrganizações Empresariais Baltazar de Castro

BC Participações e EmpreendimentosGoiânia (GO) - Administração Geral

Fone: (62) 3243-5100

Sebo IndustrialÓleo de Frango e Óleo de Peixe

BC Participações e EmpreendimentosBC Participações e EmpreendimentosGoiânia (GO) - Administração Geral

BC Participações e Empreendimentos

Farinha de Carne EsterilizadaFarinha de Sangue

Farinha de Ossos CalcinadoFarinha de Penas

Farinha de VíscerasFarinha de Peixe

Produtos de Higiene e LimpezaSabão e Derivados

Nutrição AnimalNutrição Animal

Gordura AnimalGordura Animal

Higiene e LimpezaHigiene e Limpeza

Farinha de Carne Esterilizada

Farinha de Ossos Calcinado

Nutrição AnimalNutrição AnimalNutrição AnimalNutrição AnimalNutrição Animal

Reciclagem - Amiga da [email protected] [email protected]

ReBras - Reciclagem Brasileira de Resíduos [email protected]@rebras.ind.br

Nordeste Industrial [email protected]

[email protected]

[email protected]

AR Nutrição [email protected]

[email protected]@argroup.com.br

Sabao [email protected]

Óleo de Frango e Óleo de Peixe

Gordura Animal

Transportadora Sta Edwiges

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Grupo BC.pdf 1 08/10/12 14:16

40 41Segurança Alimentarhemoglobina e diminuição do tempo de vida dos eritrócitos circulantes,

resultando na estimulação da eritropoiese. Contudo é observada somente

quando o nível de Pb no sangue é significantemente elevado por períodos

prolongados (Mavropoulos, 1999).

3.2. sinais clínicos da intoxicação por chumbo Em pEts

Sendo o Pb um elemento tóxico que acumula-se no organismo,

dependendo do nível e duração da exposição pode afetar vários sistemas

orgânicos. Os sinais clínicos de envenenamento por Pb em pets, em sua

maioria, estão relacionados com o sistema gastrointestinal e nervoso

central e vai depender da intensidade e tempo de exposição ao metal: na (a)

intoxicação crônica: alguns sinais gastrointestinais são perceptíveis devido

a constante exposição dos tecidos com baixas concentrações de Pb e na

(b) intoxicação aguda: os sinais nervosos se sobressaem e, portanto mais

perceptíveis, principalmente em animais jovens. Os sinais clínicos mais

comuns durante contaminação aguda são vômitos, diarreia, letargia, falta de

apetite, dor abdominal, regurgitação, fraqueza, convulsões e cegueira. Deve

suspeitar-se de intoxicação por Pb em todos os casos nos quais se observam

sinais nervosos incluindo cegueira. Nestes casos é necessário procurar

as fontes de intoxicação por Pb em que o animal se expos. Além do citado

acima, estudos demonstram que em animais o Pb produz tumores.

3.3 rEsíduos dE chumbo Em alimEntos para pEts

Os níveis de Pb em alimentos, seja nos ingredientes e/ou no produto

final, destinados a pets, além de serem muito variáveis, podem ser

parcialmente removidos por processos físicos antes de serem processados

quando de origem vegetal (lavagem ou descasque). Embora organizações

internacionais propõem limite de tolerância para humanos (ingestão

semanal) de 3 mg de Pb para adultos (400 a 450 m g/dia), para animais,

incluindo pets, ainda não há limite estabelecido. Os alimentos, tanto de

origem vegetal quanto animal (Figura 3), além da água, são as maiores

fontes de exposição animal e humana ao Pb. Importante salientar que

animais e crianças podem ter exposição adicional vindas de solo e poeiras,

já que entram em contato direto com essas fontes de contaminação. Pela

via digestiva temos a maioria das intoxicações domésticas.

Os resíduos desse metal pesado podem estar presentes na dieta, além

da ingestão de alimentos contaminados, através da adição de auxiliares

de tecnologia e/ou minerais. Pesquisadores afirmam que os minerais

essenciais e outros aditivos podem conter concentrações significativas de

metais pesados devido à presença dos mesmos, como impurezas, vindo

assim a contaminar as rações ao se fortificar as mesmas. Outras fontes de

contaminação já detectadas são grãos, vegetais devido a combinação de

fatores incluindo as condições do solo onde são cultivadas, utilização de

agrotóxicos e fertilizantes, além de poluição ambiental. Alguns alimentos

destinados a gatos que contém ingredientes derivados de produtos do

mar, que são capazes de bioacumulação de metais pesados presentes em

sistemas aquáticos, podem apresentar também contaminação.

Fonte: o solo é considerado um dos depósitos principais de Pb, pois ao

alcançá-lo, este contaminante pode permanecer indefinidamente, sendo

uma das fontes importantes de contaminação de pastagem e cultivares. O Pb

no solo pode estar sob diversas formas: (a) relativamente insolúvel (sulfato,

carbonato ou óxido); (b) solúvel; (c) adsorvido; (d) adsorvido & precipitado

como sesquióxido; (e) adsorvido em matérias orgânicas coloidais ou ainda

(f) complexado no solo (IPCS, 1995). O pH do solo influencia a mobilidade

do metal, que pode sofrer modificações, formar compostos menos solúveis

e tornar-se menos disponível. Em solos cultivados, os níveis de Pb podem

variar de 20 a 80 mg/g (AAS, 1985). O regulamento da União Européia para

controle de Pb estabelece o limite máximo de 5 mg/kg de Pb em alimentos

com teor de umidade de cerca 12%, sendo a mesma uma legislação bastante

atualizada - de agosto de 2012 (EU, 2012).

3.4 diagnóstico E tratamEnto dE intoxicação por chumbo

Diagnóstico: o diagnóstico da intoxicação por Pb é baseado

inicialmente, na anamnese (questionário) e exame físico realizado pelo

clínico veterinário, onde o histórico de contato ou ingestão de produtos/

materiais/alimentos contendo Pb será averiguado, assim como início

do quadro sintomatológico e sinais observados. Testes laboratoriais

como hemograma completo, perfil bioquímico, e exame de urina

podem auxiliar no diagnóstico inicial. Exame de sangue pode revelar

células vermelhas de tamanho desigual (anisocitose), forma anormal

(poiquilocitose), variações na coloração (policromasia, hipocromasia) e

aumento do número de neutrófilos (Fig. 4). Parte do Pb ingerido pode

ser excretado pelas fezes, quando transformado em sulfetos insolúveis no

trato gastrintestinal e parte pela urina. Apesar do nível de Pb na urina

ter sido um indicador de exposição ao metal, é importante ressaltar que

esta concentração não representa com fidelidade o grau de absorção,

já que os rins excretam quantidades elevadas de Pb somente quando a

concentração do metal no sangue for alta. Para pequenas concentrações

do metal, a determinação da concentração na urina será útil quando

acompanhada de outros parâmetros. Também como alternativa no

diagnóstico rápido de intoxicação por Pb, estão disponíveis no mercado

Figura 3. Ingredientes de origem vegetal e animal utilizados, na íntegra ou seus resíduos na produção de ração para pets e que podem estar/ser contaminados por chumbo.

Figura 4. (a) Glóbulos vermelhos do sangue susceptíveis a alterações por intoxicação devido a ingestão de alimentos contaminados com (b) chumbo.

(a) (b)

Profa. Vildes M Scussel, Med.Vet. Karina K de Souza, MSc Geovana D Savi, Menithen Bieber, Laura P Garcia, Vinícius Vitorino, Sheron Bitencourt, Kin A da CostaLaboratório de Micotoxicologia e Contaminantes Alimentares - LABMICO, www.labmico.ufsc.brDepto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – Brasil.

No próximo exemplar será abordado outro elemento do grupo dos metais pesados que pode contaminar pet

food – o mercúrio.

testes rápidos e específicos (kits) baseados em métodos colorimétricos,

que irão ajudar o seu veterinário para determinar os níveis de Pb no

sangue e tecidos do corpo do animal. O diagnóstico definitivo deve

ser confirmado através da determinação dos níveis deste elemento no

sangue ou vísceras do animal afetado.

Tratamento: com relação ao tratamento, a contaminação por Pb

deve ser considerada uma emergência que requer cuidados imediatos.

O tratamento para esse tipo de contaminação é pouco eficiente, mas

recomenda-se a administração intravenosa de agentes quelantes como

o versenato de cálcio e edetato dissódico de cálcio. Outros tratamentos

incluem a penicilamina ou tiamina. Também pode ser realizada uma

lavagem gástrica para remover e limpar o conteúdo do estômago se o

Pb foi ingerido dentro de pouco tempo (até 2 horas). Existem também

alguns medicamentos disponíveis que podem ajudar na redução da

carga corporal de Pb, especialmente nos casos em que as concentrações

de Pb no sangue são muito elevadas. Após o tratamento, novos testes

laboratoriais sanguíneos devem ser realizados para verificar o nível de

contaminação pelo agente em questão.

3.5 como Evitar E rEduzir a contaminação dE alimEntos para pEts com chumbo

Uma vez que o Pb pode ser introduzido nos tecidos vivos pela (a)

ingestão de água/alimentos, inalação do ar/fumaça e absorção pela pele

[provenientes de descartes de resíduos industriais lançados na água/ar)

e (b) produção de alimentos para pets que utilizem ingredientes (origem

animal e vegetal) provenientes de áreas poluídas, há necessidade de

estabelecer medidas de controle especificas e níveis máximos de resíduos

para assegurar a saúde do consumidor (pets).

Medidas de controle de Pb em rações incluem a avaliação dos

ingredientes (animal/vegetal), bem como das matérias-primas/aditivos

minerais utilizadas na produção de suplementos minerais inclusos nesses

produtos. Existem certos órgãos que realizam fiscalização do uso somente

de matérias-primas minerais registradas, aplicação de Boas Práticas de

Fabricação e que apresentem garantia de rastreabilidade (Sindirações,

2010). Contudo é necessário que essa fiscalização seja periódica e efetiva.

Visando à proteção da saúde animal e humana, órgãos

ambientais e de saúde vêm realizando proposições de medidas

direcionadas à redução e prevenção da exposição ao Pb, buscando

a diminuição do uso do metal e de seus compostos, além da

redução das emissões de substâncias que o contenham. Por outro

lado, é importante a implantação de programas que promovam o

entendimento e conscientização das indústrias quanto aos efeitos

do Pb, extensivo aos outros metais pesados, na saúde de animais,

os quais dependem/consomem raçoes diariamente. Inclusive,

conscientização sobre os perigos da sua exposição e as formas de

minimizar os efeitos do metal no organismo. Mais estudos são

necessários para obter informações de intoxicações características

em pets e principalmente especificando suas diferentes raças e

idades, os quais poderão servir como subsídios para estabelecimento

de níveis tolerados.

4. rEfErências (rEcomEndação para lEitura)Cayir, A; Coskun, M. The heavy metal content of wild edible mushroom samples collected in Canakkale Province, Turkey. Biological Trace Elemental Research, 134, 212-219, 2010.Fu, E; Wang, Q. Removal of heavy metal ions from wastewaters: A review. J. Environ. Management, 92, 407-418, 2011.Khezami, L; Capart, R. Removal of Cr(VI) from aqueous solution by activated carbons: kinetic and equilibrium studies. J. Hazardous Materials, 123, 223-231, 2005.Iupac Standard Atomic Weights Revised. 2005. Disponível em:<http://www.iupac.org/news/archives/2005/atomic-weights_revised05.html>. Acesso em 25 set.12.Namasivayam, C; Kadirvelu, K. Uptake of mercury (II) from wastewater by activated carbon from unwanted agricultural solid product: coirpith. Carbon. 37, 79-84, 1999.Nascimento, LFC; Filho,HJI; Baltazar, E. O. Níveis de chumbo em colostro humano: um estudo no Vale do Paraíba. Rev. Brasileira de Saúde Maternidade Infantil, Recife, 6, 69-74, 2006.Naseem, R, Tahir, SS. Removal of Pb(II) from aqueous solution by using bentonite as an adsorbent. Water Research, 35, 3982-3986, 2001.PAULINO, A.T.; MINASSE, F.A.S.; GUILHERME, M.R.; REIS, A.V.; MUNIZ, E.C.; NOZAKI, J. Novel adsorbent based on silkworm chrysalides for removal of heavy metals from wastewaters. Journal Colloid Interface Science, v. 301, p. 479-487, 2006.REILLY, C. Metal Contamination of Food. London: Elsevier. 1991. 284 p.SALAZAR, M. J.; RODRIGUEZ, J.H.; NIETO, G.L.; PIGNATA, M.L. Effects of heavy metal concentrations (Cd, Zn and Pb) in agricultural soils near different emission sources on quality, accumulation and food safety in soybean [Glycine max (L.) Merrill]. Journal of Hazardous Materials, v. 233-234, p. 244– 253, 2012.SALGADO, P. E. T. Metais em alimentos. In: OGA, S. Fundamentos de toxicologia. São Paulo, 1996. cap. 5.2, p. 443-460.SRIVASTAVA, N.K.; MAJUMDER, C.B. Novel biofiltration methods for the treatment of heavy metals from industrial wastewater. Journal Hazardous Materials, v. 151, p. 1-8, 2008.AGNESE, T. M. F. D. Avaliação da concentração de metais pesados em dejetos líquido de suínos, no município de capitão, RS, Brasil. Dissertação de Mestrado em Tecnologia Ambiental, Universidade de Santa Cruz do Sul, 2008.MORARA, E. P; ROSA, R. A.;MANVAILER, G. V.; JUNIOR, C. F. B.;ROSA, D. A.Prevenção de contaminantes na alimentação animal. IV Mostra Cientícica FAMEZ, Campo Grande, 2011.SCHIFER, T.S.; JUNIOR, S. B.; MONTANO, M. A. E. Aspectos toxicológicos do chumbo. Infarma, v.17, 2005.SINDIRAÇÕES.Impacto dos contaminantes (pesticidas,metais pesados) em produtos destinados à alimentação animal (rações einsumos) Disponível em: http://api.ning.com/files/k2rX*3wb2aihSV*dHtVsXQKmzl3G5AtVf FwGKOS33p-tYlB3DOWK-cu5WM0mO5ydbiMmOrze34*m3yTt*twjsCs3*H46V1y/ImpactodoscontaminantesnaalimentaoanimalBH28.05.10Salvoautomaticamente.pdf. Acesso em: 24/09/2012.Saryan L.A., Zenz C. Lead and its compounds. Em: Zenz OC, Dickerson B, Horvath EP, eds. Occupational medicine. 3ª ed. St. Louis: Mosby-Year Book; 1994. Pp. 506–541.US Department of Health and Human Services, Public Health Service, ATSDR (Agencyfor Toxic Substances and Disease Registry). Toxicological profile for lead. Atlanta, Georgia: U.S. Department of Health and Human Services; 1999.Mavropoulos, Elena. A hidroxiapatita como absorvedor de metais. [Mestrado] Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 1999. 105 p.Regulamento (UE) n.° 744/2012 da Comissão, de 16 de agosto de 2012. Disponível em: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2012:219:0005:01:PT:HTML. Acesso em: 24/09/2012.ATKINS, P.; ERNYEI, L.; DRISCOLL, W.; OBENAUF, R.; THOMAS R. Analysis of Toxic Trace Metals in Pet Foods Using Cryogenic Grinding and Quantitation by ICP-MS, Part I. Spectroscopy. 2011.

42 43

CLAUDIO MATHIASANDRITZ FEED & BIOFUEL

EXTRUSION DIVISION [email protected]

[email protected]

Pet Food Online

Condicionamento de alimentos para animais de estimação e aquáticos

e modo a calcular o tempo de permanência

médio dos condicionadores, há necessidade de obter

conhecimento em duas variáveis: a massa ou o peso do

material no interior do condicionador e a taxa de fluxo

total através do condicionador ou seja qual a alimentação

de matéria prima estava sendo processada. Assumindo que

o condicionador não está montado sobre células de carga,

o seguinte procedimento pode ser usado para calcular o

tempo de retenção médio de um dado sistema. Primeiro,

deve-se operar o sistema em estado de equilíbrio e deve

medir ou calcular a taxa de fluxo total de alimentação.

Deve se parar o sistema cheio e fazer a retirada de todo

produto, inclusive raspando as paredes do condicionador e

assim obter o peso exato de todo produto. Assim tomamos

o valor retido no condicionador dividido pelo fluxo total

de alimentação do sistema, o qual é igual ao tempo médio

de retenção no sistema.

Tempo de permanência médio ou o tempo de

Dresidencia é principalmente uma função do rendimento

geral, logicamente que há outros fatores envolvidos, tais

como, forma e qualidade de fabricação do equipamento

e etc, mas normalmente o grau de enchimento em um

condicionador atmosférico operam normalmente com

40 a 50% do seu volume livre sendo preenchido pelo

material a ser condicionado. Conforme discutido por anos,

com o avanço da tecnologia, este grau de preenchimento

pode ser elevado para 80% do volume livre de alguns

condicionadores. Sabemos que o tempo médio de retenção

é afetado pela alteração do grau de preenchimento e vazão

em um condicionador. O tempo médio de retenção diminui

com o aumento da taxa de transferência.

Normalmente, o grau de enchimento dentro de um

condicionador é controlado pela configuração do batedor ou

pás. Por exemplo, um maior grau de enchimento pode ser

realizado no interior do condicionador através do aumento do

número de batedores ou pás configuradas na posição inversa.

Por outro lado, para diminuir o nível de um enchimento é

necessário configurar o condicionador com os batedores

ajustados para a posição positiva ou para frente. Para aumentar

o nível de mistura, os batedores precisam estar na posição zero

ou ponto morto. Para melhor qualidade no tempo de retenção

de um condicionador é necessário seguir orientação do

fabricante mas como orientação basica é ideial trabalhar com

os condicionadores com o maior tempo de retenção possivel,

pois quanto melhor for o processo do condicionamento melhor

e mais vantagens haverá na extrusão.

Como discutido, o tempo de retenção é um parâmetro

crítico para o processo de extrusão. Isso impacta diretamente

nas características do produto final, como a palatabilidade,

densidade e textura. Ele também pode variar de produto para

produto. No passado, a fim de alterar o tempo de retenção

de um produto diferente, seria preciso desligar e alterar a

configuração do batedor para optimizar o sistema. Como isso

leva tempo e torna-se caro por causa do tempo de parada da

linha de extrusão nos ultimos anos foi adotado padrãoes fixos

de tempo de retenção e não se altera as configurações mas

diante de tantas variedades de matéria prima e da necessidade

de novos produtos e juntando a isso os avanços tecnológicos

atualmente é possivel alterar o tempo de retenção e grau de

preenchimento com a linha em operação, sem ter que desligar

e alterar as configurações dos batedores. Além disso, com os

atuais controles de tempo de retenção um condicionador pode

utilizar de 20 a 80% do volume livre, enquanto que um típico

condicionador opera de 40 a 50% de enchimento.

Continuação sobre condicionadores na proxima edição....

44 45

Limma JúniorDiretor da Nutridani Alimentos

Pet Market

Meu cão sabe surfar á alguns domingos, parei em frente a

televisão da minha sala para assistir ao jogo do

meu time de futebol. Como ainda faltavam alguns

minutos para iniciar a partida, comecei a procurar

em outros canais algum programa para me entreter.

Demorei bastante e quando quase estava desistindo

achei uma atração inusitada: surfe para cães. Sim,

é isso mesmo. Cães de coletes e sobre pranchas de

H isopor. Estranho? Pode até ser, mas essa atividade

esportiva existe e faz sucesso nos Estados Unidos.

Um grupo de americanos californianos (creio

que sem muita coisa para fazer em um dia de sol na

praia) resolveu colocar seus cães em pranchas de

surfe e mandá-los para a água. O passatempo deu

certo. Mais donos de cachorros resolveram testar as

habilidades de seus animais nas ondas do mar e dessa

forma criaram um campeonato.

Um dos últimos realizados nas areias de

Califórnia reuniu 80 competidores de todas as raças

e tamanhos e cerca de quatro mil espectadores. O

evento arrecadou cerca de 100 mil dólares. Dinheiro

que foi revertido para cuidados aos cães abandonados.

As cenas dos cães pegando ondas são hilárias.

Os seus donos os levam sobre a prancha até o local

determinado no mar e os empurram no momento

certo para surfar as ondas. Os tombos são comuns,

mas uma equipe de salva-vidas monitora todo o

andamento das provas para evitar acidentes com os

animais.

Depois de ver bulldog , schnauzer e até um

pinscher pegando onda como seus donos, esqueci

do jogo do meu time (foi até bom porque o meu

time perdeu). Além da prancha, todos usam coletes

para f lutuarem, caso caiam na água e os socorristas

demorem a chegar.

Alguns animais levam jeito para o esporte.

Ficam concentrados sobre a prancha e chegam até o

f inal da onda, como se fossem surfistas profissionais.

Existem juízes que julgam a coragem diante do mar,

tempo sobre a prancha e o estilo de pegar a onda.

No Brasil, não há notícias de eventos parecidos

como os realizados nos Estados Unidos. Existem

algumas pessoas que levam seus cães para surfarem,

mas fazem isso de forma isolada. Além da prática de

surfe, já vi cães jogarem futebol, andarem de skate e

acompanharem seus donos em corridas em parques.

Comentei sobre a prática de esportes (mesmo as

exóticas) porque essas atividades são importantes

para o desenvolvimento dos animais. Esses

exercícios, além de unirem os donos e seus animais,

ajudam os cães a praticarem exercício e saírem do

sedentarismo.

Esse mal (preguiça) que af lige grande parte da

população também chega até os cães domésticos.

Cada vez mais acostumados a compartilharem

nossos hábitos e manias, eles sofrem com a falta de

atividades físicas.

Apenas correr pelo quintal de casa não serve

para manter o cão em forma. Existem pesquisas que

mostram que aproximadamente 30% da população

canina sofrem com o sobrepeso. Por conta disso,

além das atividades, deve-se, principalmente, cuidar

da dieta, com alimentação saudável e indicada por

um médico veterinário.

46 47Caderno Técnico 1

introdução

As vitaminas são moléculas orgânicas, necessárias em

pequenas quantidades na dieta e desempenham diferentes funções

metabólicas. Ainda que sejam classificadas como moléculas

orgânicas, as vitaminas, não são utilizadas como fonte energética

ou estrutural, porém são essenciais ao desenvolvimento normal

dos tecidos, ao crescimento, a manutenção e saúde dos cães e gatos

(Lehninger, 2011).

Para o melhor entendimento das suas funções nutricionais e

fisiológicas é interessante considerar as vitaminas como um grupo,

apesar de não estarem relacionadas quimicamente. As vitaminas

são classificadas em dois grandes subgrupos de acordo com a sua

solubilidade em lipossolúveis e hidrossolúveis. Entre as vitaminas

lipossolúveis incluem-se as vitaminas A, D, E e K e entre as

hidrossolúveis as vitaminas do complexo B e vitamina C.

Poucas destas substâncias podem ser sintetizadas pelo

organismo animal ou a sua síntese ocorre em níveis subótimos.

Desta forma, as vitaminas na sua forma ativa ou em alguns casos,

seus precursores devem ser fornecidos na dieta.

Quando ausentes na dieta, ou presentes em quantidades

inferiores a exigência, produzem sinais de deficiência específicos

(hipovitaminoses). Estas carências podem ser corrigidas pela

ingestão de alimentos ricos em vitaminas ou suplementos

vitamínicos (NRC, 2006).

Assim, nesta edição serão abordadas as exigências, funções,

metabolismo e sinais de deficiências das vitaminas, bem como aspectos

práticos para a sua suplementação em dietas para cães e gatos.

Exigências dE vitaminas A exigência de vitaminas para cães e gatos encontram-se nas

tabelas 1 e 2 respectivamente.

vitaminas lipossolúvEis

As vitaminas lipossolúveis são absorvidas no intestino delgado,

juntamente com as micelas formadas pelos ácidos biliares e produtos da

digestão lipídica e transportadas até o fígado, onde são armazenadas.

Diferentemente das vitaminas hidrossolúveis, as vitaminas lipossolúveis

podem ser armazenadas em quantidades satisfatórias pelo organismo,

deste modo os sinais de deficiência desenvolvem-se tardiamente.

As vitaminas lipossolúveis não assimiladas pelo organismo animal

ou os metabólitos destes componentes são excretadas nas fezes

via bile. Ocorrendo falhas neste mecanismo, o acúmulo excessivo

(hipervitaminose) leva a sintomas de toxidez, principalmente para as

vitaminas A e D (Combs, 1998).

vitamina a A vitamina A é o termo que denomina os compostos retinol, retinal e

ácido retinóico; sendo que o retinol é a sua forma ativa. Est es compostos

são essenciais para várias funções no organismo como: diferenciação

celular, resposta imune, crescimento e visão.

A deficiência desta vitamina pode resultar em dermatose, podendo

Vitaminas

A

D

E

Tiamina

Riboflavina

Ácido Pantotênico

Piridoxina

B12

Niacina

Ácido Fólico

Colina

Unidade

UI

UI

UI

mg

mg

mg

mg

µg

mg

mg

mg

Ingrediente AtivoTabela 1 – Exigência de vitaminas para cães por 1000 kcal de energia metabolizável

Máximo

100.000

800

Adulto

1250

125

9,00

0,56

1,50

2,50

0,38

5,50

2,75

45,0

300

Crescimento¹

1250

125

12,50

0,35

1,31

3,75

0,38

8,75

4,25

67,5

425

Mínimo Recomendado

ocorrer por baixo aporte dietético desta vitamina ou por problemas na

mobilização das reservas no fígado. Para a mobilização da vitamina A

é necessária a proteína ligadora de retinol que apresenta o Zn como

cofator, portanto a deficiência de Zn pode acarretar em deficiência de

vitamina A concomitante e seu acúmulo no fígado.

Casos de deficiência da vitamina A são raros em cães, uma vez

Nutrientes essenciais para cães e gatosParte III – Vitaminas

¹ Animais com idade igual ou superior a 14 semanas Adaptado de FEDIAF (2011)

Bruna Ponciano Neto e Cláudio Scapinello

48 49Caderno Técnico 1que esta vitamina é adicionada no alimento via premix, em sua forma

termoestável, garantindo a oferta mínima desta vitamina ao animal.

A deficiência de vitamina A afeta principalmente a reprodução, visão

e o funcionamento do epitélio digestório, respiratório especialmente,

levando a um quadro conhecido por metaplasia escamosa.

A toxidade de vitamina A não é frequente, pois o precursor da

vitamina é atóxico e a mucosa intestinal regula a hidrólise do betacaroteno

e a subsequente absorção como retinol. Como os gatos apresentam baixa

atividade da enzima dioxigenase, essenciais para o desdobramento dos

betacarotenos necessitam de vitamina A pré-formada (retinil palmitato

ou retinol livre) na dieta. A mucosa intestinal não é capaz de regular

a absorção destes componentes que, uma vez em excesso, na dieta

podem resultar em sinais de toxidez, que leva a alterações ósseas como a

espondilose cervical deformante.

vitamina d A vitamina D é essencial ao metabolismo do cálcio e fósforo. A

principal atuação da vitamina D é na correta calcificação e formação

óssea. Sem essa vitamina, o organismo é incapaz de utilizar corretamente

o cálcio e o fósforo. A vitamina modula a concentração de cálcio e fósforo

no organismo, atuando no intestino, rins e esqueleto.

Pode ser produzida pelo organismo desde que haja incidência de luz

solar na pele, partindo-se de provitamina D encontrada no alimento. Sua

carência leva a deformações ósseas e problemas reprodutivos. Gemas de

ovos, óleos de fígado de peixes (em especial de bacalhau) são algumas

fontes dessa vitamina. A adição de vitamina D em excesso nas dietas para

cães e gatos pode ser tóxica. O principal sinal de toxidez é a calcificação

excessiva dos tecidos moles, anomalias esqueléticas, deformações nos

dentes e mandíbula, além de prejudicar o crescimento de animais jovens.

vitamina E A vitamina E é composta por um grupo de substâncias similares

como os tocoferóis e tocotrienóis, sendo o alfatocoferol a forma

mais ativa, capazes de participar de reações que envolvem trocas

de elétrons. Assim, estes compostos são potentes antioxidantes

celulares e combatem os radicais livres, produtos intermediários do

metabolismo animal, transformando-os em compostos menos tóxicos

ao organismo. Isto confere a vitamina E propriedades nutraceuticas

e possibilidade de prevenção de doenças degenerativas, causadas pela

ação dos radicais livres.

Os compostos mais susceptíveis a ação dos radicais livres são os

ácidos graxos poliinsaturados (AGP), como os da série ômega três e seis.

Estes ácidos graxos, quando oferecidos em grandes quantidades na dieta

podem aumentar a necessidade nutricional de vitamina E pelo animal.

A gordura dietética influencia na gordura corporal do animal.

A camada basal da epiderme é constituída basicamente de lipídeos.

Em dietas contendo altos teores de AGPs e carentes em vitamina

E ocorre o acúmulo de ceróide no tecido da hipoderme. O ceróide é

um produto formado durante a peroxidação lipídica e o seu acúmulo

leva a processos de necrose e inflamação tecidual resultando em

panesteatites, principal sintoma de deficiência severa da vitamina E.

Estudos têm demonstrado que a suplementação com doses supra

fisiológicas de vitamina E aumentam o poder de fagocitose e a resposta

imune humoral e celular dos animais. Este efeito é mais acentuado em

populações de idosos.

As principais fontes de vitamina E são o gérmen de trigo, óleo de

bacalhau, soja, algodão e girassol. As matérias-primas de origem animal

fornecem quantidades limitadas de tocoferóis. As fontes sintéticas de

vitamina E são rotineiramente utilizadas em rações para cães e gatos,

Adaptado de FEDIAF (2011)

principalmente as protegidas que garantem maior estabilidade após o processo de extrusão.

vitamina k A vitamina K é constituída por um grupo de compostos químicos denominados quinonas. As

principais quinonas são a K1 (filoquinona) e a K2 (metaquinona). A vitamina K atua como cofator

para a enzima carboxilase, que atua sobre o ácido glutâmico para a formação de protrombina,

essencial para a coagulação sanguínea. As principais fontes de vitamina K são de origem vegetal

como espinafre, porém, ingredientes utilizados em pet food como fígado, ovos e peixes são boas

fontes desta vitamina. A microbiota intestinal de cães e gatos é capaz de sintetizar parte ou a

totalidade da exigência vitamina K. A principal fonte sintética é a K3 (menadiona) que apresenta

alta biodisponibilidade.

Os sinais de deficiência desta vitamina são, basicamente, transtornos ligados à coagulação

sanguínea e são raros em cães e gatos consumindo alimentos comerciais convencionais.

vitaminas hidrossolúvEis

As vitaminas do complexo B e vitamina C são absorvidas no intestino delgado, na

maioria dos casos, por transporte dependente de sódio ou difusão facilitada. Como são

hidrossolúveis, sua capacidade de retenção no organismo é baixa e pode levar a sinais de

deficiência mais rapidamente, em comparação as vitaminas lipossolúveis. Os excessos de

vitaminas hidrossolúveis são excretados facilmente via urina, desde modo estas, em sua

maioria, não são tóxicas aos animais (Lehninger, 2011).

tiamina (b1) A tiamina é um componente da coenzima pirofosfato de tiamina, que é necessária

para as reações de descarboxilação e acetilação, principalmente no metabolismo dos

carboidratos para sua conversão em energia ou lipídeos. Também é importante no

metabolismo dos ácidos graxos, esteroides, ácidos nucleicos e certos aminoácidos. Devido

à importância da tiamina no metabolismo dos carboidratos, sua exigência aumenta de

acordo com o nível de carboidratos na dieta.

As principais fontes de tiamina são fígado, gérmen de trigo e cereais integrais. Apesar da

sua abundância em alimentos comumente utilizados em alimentos para cães e gatos, a tiamina é

muito sensível ao aquecimento, e sofre perdas durante o processo de extrusão. Por este motivo é

indicado a suplementação de tiamina na dieta, para assegurar que o produto final apresente uma

concentração de tiamina suficiente para atender as exigências do animal. A deficiência de tiamina

afeta principalmente o sistema nervoso e esta relacionada com o consumo de peixes crus. Estes

alimentos apresentam a enzima tiaminase que degrada a tiamina, porém é um composto termo

lábil e facilmente desnaturado em temperaturas normais de cozimento.

riboflafina (b2) A riboflavina exerce papel importante nas reações de redução e oxidação do

metabolismo intermediário. Faz parte de diversos sistemas enzimáticos que atuam

principalmente na cadeia respiratória nas formas FMN (f lavina-mono-nucleotídeo) e

FAD (f lavina-adenina-dinucleotídeo), na transferência de átomos de hidrogênio.

A riboflavina é distribuída uniformemente por todos os tecidos, armazenada em pequena

quantidade e fixada principalmente sob a forma de flavoproteínas. No globo ocular são encontrados

altos teores de riboflavina, principalmente na córnea.

Nos alimentos, muitas flavinas estabelecem ligações não covalentes com proteínas

e são libertadas durante a digestão; no entanto, há casos em que as ligações são mais

fortes e não se verifica a sua ruptura completa como no caso de cereais que apresentam

baixa biodisponibilidade desta vitamina. A farinha de vísceras apresenta-se como uma

Vitaminas

A

D

E

Tiamina

Riboflavina

Ácido Pantotênico

Piridoxina

B12

Niacina

Ácido Fólico

Biotina

Colina

K

Unidade

UI

UI

UI

mg

mg

mg

mg

µg

mg

µg

µg

mg

µg

Ingrediente AtivoTabela 2 - Exigência de vitaminas para gatos por 1000 kcal de energia metabolizável

Máximo

100.000

7500

Adulto

833

62,5

9,50

1,40

1,00

1,44

0,63

5,63

10,0

200

18,8

600

25,0

Crescimento¹

2250

188

9,50

1,38

1,00

1,43

1,00

5,00

10,0

200

17,5

600

25,0

Mínimo Recomendado

50 51Caderno Técnico 1boa fonte de riboflavina para cães e gatos e a síntese microbiana

também contribui com a demanda de riboflavina. A riboflavina é

relativamente estável ao processamento térmico, porém é muito

susceptível à luz e radiação. Sua deficiência resulta em crescimento

retardado, problemas reprodutivos, distúrbios no trato digestivo,

dermatite seca e escamosa e visão danificada como cataratas e

opacidade do cristalino.

Ácido pantotênico (b5) Seu nome vem do grego “phantos” que significa “de todos os lugares”,

isso porque o ácido pantotênico está amplamente distribuído na natureza.

Após sua absorção, o ácido pantotênico é fosforilado e convertido em

coenzima A, enzima essencial no processo de acetilação, principalmente

no ciclo do ácido cítrico. Assim, apresentam importante função no

metabolismo energético, participando diretamente da conversão de

carboidratos, proteínas e lipídeos em energia. É essencial também para a

formação de anticorpos e produção dos hormônios suprarrenais.

Como o ácido pantotênico está amplamente distribuído nas

matérias-primas utilizadas para a produção de alimentos para cães

e gatos, sinais da sua deficiência são raros. Segundo Combs (1998),

o ácido pantotênico, presente nos derivados de trigo e soja, são

altamente disponíveis, em contrapartida o milho e o sorgo apresentam

baixa biodisponibilidade. Isso porque somente o isômero D do ácido

pantotênico é biologicamente ativo. O isômero D do pantotenato de

cálcio apresenta 92% de atividade enquanto no DL-pantotenato de

cálcio somente 46% de ácido pantotênico está disponível para o animal.

piridoxina (b6) Esta vitamina é formada por três compostos quimicamente similares:

piridoxina, piridoxamina e piridoxal. O piridoxal é cofator enzimático da

enzima piridoxal-5-fosfato, que participa de reações de transaminação

e deaminação no metabolismo dos aminoácidos e também participa em

menor grau no metabolismo da glicose e ácidos graxos (Case, 1998).

A exigência de B6 pelo animal está relacionada com a ingestão

de proteínas. Como gatos exigem mais proteína na dieta e utilizam

grande parte desta para a produção de energia, sua exigência de

piridoxina é superior a dos cães. Sintomas de deficiência de piridoxina

são raros em cães e gatos, devido a utilização de fontes sintéticas

desta vitamina nas formulações.

cobalamina (b12) A cobalamina apresenta um mecanismo de absorção complexo.

Na grande maioria dos alimentos a vitamina B12 está conjugada as

proteínas. Após sua ingestão, o pH ácido do estômago promove a

liberação da vitamina, que por sua vez se ligam com as proteínas

R, derivadas da saliva. O quimo, no intestino é hidrolisado pelas

proteases pancreáticas e a cobalamina, na forma livre se liga ao

fator intrínseco (FI) produzido pelas células parietais. O complexo

B12-FI é então reconhecido pelos transportadores da membrana

epitelial e absorvido no íleo.

Cães e gatos apresentam uma baixa exigência de cobalamina,

apresentam capacidade para armazenar uma pequena taxa desta

vitamina no fígado, além de eficaz absorção através da circulação

entero-hepática. Desta forma, a deficiência de B12 não é comum em

cães e gatos, assim como outros animais domésticos. Entretanto,

estudos indicam que cães Schnauzer gigantes apresentam um

transtorno hereditário caracterizado por fraca absorção de B12

relacionados ao receptor do complexo B12-FI nos enterócitos (NRC,

2006). A deficiência acarreta em letargia, déficit de crescimento,

anemia, queda da imunidade, principalmente em animais jovens. O

tratamento consiste em administração intramuscular de cobalamina.

niacina (b3) A niacina também é conhecida como vitamina B3, vitamina PP

ou ácido nicotínico. Após a sua absorção no intestino, é transformada

em nicotinamida, sua forma metabolicamente ativa. A nicotinamida

é um dos constituintes da molécula do NAD (nicotinamida-adenina-

dinucleotídeo) e NADP (nicotinamida-adenina-dinucleotídeo-fosfato).

Estas duas coenzimas são os mais importantes redutores biológicos

que atuam nas mais diversas reações metabólicas, principalmente

no metabolismo energético. O NAD e o NADP atuam transferindo

hidrogênio em várias vias enzimáticas que intervêm na utilização dos

lipídeos, carboidratos e proteínas para a produção de energia no ciclo do

ácido cítrico.

As necessidades de niacina podem ser supridas pelo consumo de

nicotinamida dietética e também mediante o precursor triptofano.

Diferentes espécies animais, incluindo o cão, podem sintetizar niacina a

partir do triptofano. A relação de transformação é de 50mg de triptofano

para 1mg de niacina (McDowell, 1989). Porém, os gatos apresentam a

atividade da enzima picolinato descarboxilase 30 a 50 vezes superior

aos outros animais domésticos convertendo a rota do triptofano para a

produção de energia e não niacina.

De acordo com Case (1998), a incapacidade de conversão de

triptofano em niacina pelos gatos tem pouca importância prática. Isto

porque a nicotinamida está amplamente distribuída entre os ingredientes

utilizados para a formulação de dietas para gatos.

Entretanto, Bertechini (2006), salienta que nicotinamida é a forma

mais encontrada no organismo dos animais, enquanto o ácido nicotínico

prevalece nos alimentos de origem vegetal. Leveduras e fontes proteicas

de origem vegetal e animal são ricas nesta vitamina, em contrapartida

o milho é pobre em niacina. Cereais de forma geral apresentam baixos

teores de niacina e com pequena biodisponibilidade. Deste modo, a

suplementação de niacina, deve ser indicada principalmente para dietas

de cães e gatos que apresentam elevada inclusão de cereais.

Ácido fólico (b9) O ácido fólico (folacina) é absorvido pela célula intestinal e

reduzida a tetrahidrofolato (TFH). Este é liberado na corrente

sanguínea e está envolvido nas reações de transferência do

grupo metil em numerosas reações metabólicas. Uma destas

unidades simples de carbono é gerada, principalmente, durante

o metabolismo de aminoácidos e são utilizadas na biossíntese

da purina e pirimidina, componentes de ácidos nucléicos que

são necessários para divisão celular. O ácido fólico também é

essencial para a síntese protética e participa da interconversão de

aminoácidos como a serina e glicina. A vitamina B12 é intimamente

associada com a folacina. A vitamina B12 é necessária para a

retenção do TFH no tecido.

A deficiência de folacina é rara, uma vez que, o ácido fólico

é sintetizado pelas bactérias presentes no intestino grosso e,

segundo Case (1998), uma grande parte, ou senão a totalidade

das exigências para cães e gatos pode ser supridas desta

forma. Os sinais de def iciência incluem anemia, diminuição do

crescimento e leucopenia.

biotina (b7) A biotina, também conhecida como vitamina H, é importante para as

reações de carboxilação, participando da síntese de aminoácidos, purinas

e ácido graxos. Na síntese de ácidos graxos a biotina atua como cofator

enzimático para a elongação da cadeia de ácidos graxos na mitocôndria.

Os alimentos geralmente utilizados como ingredientes em rações

para cães como cereais, carne e derivados são pobres em biotina ou

apresentam baixa disponibilidade. Entretanto, as bactérias intestinais

são capazes de sintetizar biotina e a vitamina é absorvida no cólon. Esta

fonte de biotina atende aos requerimentos dos cães e gatos não sendo

essencial sua suplementação rotineiramente.

Em casos específicos, como a administração de antibióticos,

pode induzir a carência de biotina por redução da sua produção

intestinal. Outro fator é o consumo de ovo “in natura”, como

em sucedâneos caseiros fornecidos a filhotes. O ovo apresenta

a avidina, substância que inibe a ação da biotina. Nestes casos a

suplementação oral de biotina é recomendada.

Dentre os sinais de deficiência de biotina em cães e gatos

estão a alopecia, pelagem áspera, lesões nos coxins plantares,

face e hiperceratose. Estes sintomas podem estar relacionados

com a síntese insuficiente de ácidos graxos para a manutenção

da sanidade da pele e pelagem, uma vez que, a biotina atua

diretamente na síntese de ácidos graxos.

colina

A colina atua no organismo transportando grupamentos metil em

diversas rotas metabólicas; é precursor do neurotransmissor acetilcolina;

e é necessária para o transporte de ácidos graxos para o lúmen celular

(Bertechini, 2006).

A colina é biossintetizada normalmente no organismo dos animais a

partir do aminoácido serina, com a presença do ácido fólico. A deficiência

52 53Caderno Técnico 1de ácido fólico pode ocasionar em uma deficiência de colina, que acarreta

em distúrbios hepáticos (McDowell, 1989). De acordo com Case

(1998), não é assegurado que os cães e gatos produzam colina em níveis

suficientes para atender suas exigências.

Como a colina e a metionina apresentam funções semelhantes

como doadores de grupamentos metil no organismo, a metionina pode

substituir parte da demanda de colina. As principais fontes são vísceras,

derivados do leite, cereais e gema de ovos. Os sinais de carência desta

vitamina não são comuns e por este fato pouco descritos na literatura.

vitamina c A vitamina C (ácido ascórbico) possui um grande potencial de

hidroxilação. Este fato confere a vitamina C um papel importante

como antioxidante natural e também no metabolismo do tecido

conjuntivo ligado, principalmente, à síntese de colágeno. O colágeno

é o principal constituinte dos osteóides e da dentina e é produzido

em grande quantidade durante o crescimento. O colágeno também

confere elasticidade à pele.

A carência de vitamina C leva a alterações no processo de

cicatrização, hemorragias, anemia e formação óssea anormal. Os cães

bem como os gatos podem sintetizar vitamina C no fígado a partir

da glicose em quantidades suficientes para atender sua exigência. A

suplementação de vitamina C não é feita rotineiramente em alimentos

destinados para cães e gatos. O processo de produção das rações, em

sua maioria extrusadas, dificulta a inclusão do ácido ascórbico, uma

vez que, o composto é termo lábil e durante a extrusão o produto

passa por diversas fases de exposição ao colar e umidade.

A literatura relacionada à suplementação de vitamina C em cães é

escassa, porém, alguns nutrólogos recomendam a suplementação de

vitamina C para cães em fase de crescimento. Acredita-se que animais

neonatos e jovens não são capazes de produzir ácido ascórbico suficiente

para atender suas exigências. A suplementação é indicada para cães de

raças grandes e gigantes, que apresentam rápido crescimento.

considEraçõEs finais

Devido à participação quantitativa bastante reduzida numa

ração, as vitaminas tem que ser muito bem diluídas para haver

distribuição uniforme em toda a mistura. Para que ocorra essa

distribuição uniforme na ração, diluentes ou veículos das vitaminas

sintéticas devem ser utilizados e exemplos de veículos são: a casca

de arroz, calcário, óleos, cascas de soja entre outros. Geralmente

nas formulações ignoram-se os teores vitamínicos dos ingredientes

e considera-se apenas as quantidades adicionadas nas rações pelo

premix vitamínico, adicionadas em sua forma protegida (beadlet,

cross-linked, entre outros).

O teor de energia na ração é um fator determinante para o

consumo de alimentos. Em dietas com altos teores energéticos

o consumo de alimento tende a reduzir e, consequentemente, o

consumo de vitaminas. Assim em dietas com maior densidade

calórica recomenda-se aumentar a concentração das vitaminas

(AAFCO, 2004). Semelhantemente, em dietas para perda de peso, na

qual os animais serão submetidos à restrição energética, geralmente

de 40% em relação a manutenção é recomendado que sejam elevadas

as concentrações de vitaminas proporcionalmente, visando corrigir a

ingestão das vitaminas em função da restrição calórica.

Como compostos biologicamente ativos, as vitaminas são

bastante sensíveis e instáveis às alterações físico-químicas quando

submetidas às condições impróprias durante seu armazenamento e

inclusão nas rações. A estabilidade de uma determinada vitamina

presente em premixes vitamínicos pode ser comprometida devido

a fatores desencadeados pela umidade, alta temperatura, reações de

oxidação e redução, luminosidade, pH, tempo de armazenamento,

além de antagonismos recíprocos físico-químicos. O processamento

de extrusão é fator adicional que compete para a perda da estabilidade

das vitaminas. Alta pressão, fricção, calor e umidade, colaboram

para a maior exposição das vitaminas à destruição química e perda

de sua qualidade nutritiva.

Normalmente é adicionada às rações uma quantidade de

vitaminas superior à exigência, considerando as eventuais perdas

durante o processamento e armazenamento das rações. Isto ocorre

porque há necessidade de se garantir uma ingestão adequada em

vitaminas considerando as variações esperadas no consumo em

consequência do ambiente, energia da dieta, presença de alguma

enfermidade subclínica, stress ou qualquer outro fator que venha

comprometer a obtenção dos níveis mínimos exigidos pelos

animais. Apesar disto, ainda são escassas as pesquisas acerca

destes nutrientes para cães e gatos e pouco se conhece sobre as

concentrações ótimas vitamínicas nas dietas comerciais.

rEfErências

AAFCO. Association of American Feed Control Officials. Dog and cat food

substantiation methods. Canada, 2004. 444 p.

BERTECHINI, A.G. Nutrição de Monogástricos. Lavras: Editora UFLA.

2006. 301p.

CASE, L. P.; CAREY, E. P.; HIRAKAWA, D.A. Nutrição canina e felina:

manual para profissionais. Madrid: Harcourt Brece, 1998. 424p.

COMBS, G.F. The vitamins – Fundamental aspects in nutrition and health.

2nd ed. New York/USA: Academic Press, 1998. 618p.

FEDIAF. European Pet Food Industry Federation. Nutritional guidelines for

complete and complementary pet food for cats and dogs. Belgica, 2011. 75p.

LENINGHER, A.L. Princípios de Bioquímica. 5.ed. São Paulo (SP):

Savier; 2011

McDOWELL, L.R. Vitamins in animal nutrition – comparative aspects to

human nutrition.London:Academic Press, INC,1989.486p.

NRC - Nutrient Requirements of Dogs and Cats. National Research Council.

The National Academy Press: Washington, D.C. 2006. 398p

Bruna Ponciano Neto – doutoranda do Programa de pós-graduação em zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (PPZ/UEM)

Ricardo Souza Vasconcellos – professor adjunto do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (DZO/UEM)

54 55Caderno Técnico 2

1. introdução A nutrição animal é uma ciência que vem sendo amplamente estudada por ser fator decisivo no bom desempenho de um animal nos diversos aspectos como o produtivo, de bem estar e reprodutivo. A reprodução assistida é a via utilizada para seleção de indivíduos geneticamente valiosos de populações específicas, como no caso de animais de conformação ou produção, animais com genética específica para trabalhos de pesquisa ou mesmo animais ameaçados de extinção. No caso de felídeos, essa última função tem grande importância, uma vez que, com o avanço da biotecnologia, tem-se enfatizado a preservação genética de espécies como o gato do mato, gato maracujá, suçuarana, jaguatirica, tigres, onças, linces e cheetas, espécimes classificadas como ameaçadas.Como a realização de estudos em animais selvagens é uma prática pouco viável, os felinos domésticos podem ser utilizados como modelos experimentais (LUVONI, 2003). No caso de raças domésticas de genética pura e de alto valor, algumas raças são mais predispostas aos problemas reprodutivos, dentre estas encontram-se os Persas e Himalaias (POVEY, 1978) A nutrição pode ser considerada uma maneira de assistência á reprodução uma vez que sua modulação pode alterar o desempenho reprodutivo.

Nutrição e reprodução de gatos2. caractErísticas rEprodutivas dE fElinos machos

Os felinos domésticos atingem sua maturidade sexual dos seis aos oito meses de idade, quando inicia a espermatogênese, desenvolvimento testicular e a produção de testosterona. Não se tem informações exatas sobre a sazonalidade desses animais, mas sugere-se maior porcentagem de espermatozoide em épocas de reprodução (AXNÉR AND LINDE FORSBERG, 2007). Assim como demonstrado por Blottner and Jewgenow (2007) que encontraram diferença na produção de testosterona e qualidade seminal entre as estações de primavera e outono. A taxa indicativa para teratozoospermia é a presença de <40% de espermatozoides normais (HOWARD et al. 1990). Além da porcentagem de espermatozoides normais, a proporção de defeitos é importante na fertilidade sendo que, normalmente, os defeitos de cabeça são subestimados em preparações úmidas, já em avaliação feitas com coloração ocorre subestimação na avaliação de gotas citoplasmáticas. A quantidade de defeitos de cauda e presença de gota pode variar muito entre coletas do mesmo animal no mesmo dia; já patologias de cabeça e defeitos de acrossoma e de peça intermediária não variam muito do sêmen encontrado nos testículos. Porém, devido a essa grande variação, é muito difícil ter um padrão para o controle e manejo da fertilidade de felinos

(AXNÉR AND LINDE FORSBERG, 2007).

infErtilidadE do gato adulto

Diversos agentes podem ser causadores de baixa fertilidade, entre os quais traumas físicos e químicos ou genéticos. Para casos não congênitos existem estudos avaliando alguns nutrientes como preservadores da função reprodutiva do macho, atuando principalmente na manutenção da espermiogênese e na qualidade seminal nos diversos parâmetros demonstrados na Tabela 1. Um gato pode ser considerado infértil por diversos motivos como problemas de desenvolvimento, baixa libido, degeneração testicular, hipoplasia testicular ou patologias associadas, outras características encontradas são a baixa concentração espermática, defeitos espermáticos dos mais variados (Figura 1) ou até azoospermia, que é a ausência de espermatozóides.Tanto a hipoplasia testicular quanto a sua degeneração são causas comuns de baixa qualidade seminal (AXNÉR AND LINDE FORSBERG, 2007).

avaliação EspErmÁtica

Para determinar se um sêmen é de qualidade ou não existem alguns parâmetros que devem ser observados (Tabela 1), o conhecimento da qualidade do sêmen é fundamental nos casos de reprodução assistida, pois pode auxiliar na escolha do procedimento a ser realizado. O tipo da coleta ou de inseminação pode interferir muito no sucesso do trabalho e obtenção de maior número de crias ou maior qualidade de material para bancos de gametas.

3. influência da nutrição sobrE parâmEtros rEprodutivos dE fElinos

Um dos principais focos da nutrição assistindo a reprodução é o combate a radicais livres que reduz drasticamente a produção de testosterona pelas células de Leydig. Alguns nutrientes utilizados como função antioxidante e promotoras da qualidade seminal não possuem um mecanismo de ação estabelecido e daí a necessidade de mais estudos na área.

Adaptado (AXNÉR, 2007)

tabela 1 – ParâMetros seMinais de Felinos obtidos Por eletroejaculação.

Volume ( µl)

Motilidade (%)

Cabeça espermática anormal (%)

Gota proximal (%)

Gota distal (%)

Cabeças soltas (%)

Defeito de acrossoma (%)

Acrossoma anormal (%)

Defeito em peça intermediária (%)

Defeito de cauda (%)

Normal (%)

Média (90% faixa central)

60 (20-150)

60 (20-150)

14,2 ((5,6-27,6)

5,0 (1,0-31,5)

8,8 (0,5-57,5)

1,5 (0-17,5)

0,5 (0-8,5)

1,0 (0-4,5)

2,5 (0-18,0)

14,8 (3,5-48,0)

44,0 (7,0-81,0)

Variação

<10-160

0-95

5,2-41,6

0,5-59,0

0-74,5

0-75,5

0-18,0

0-6,0

0-27,5

2,5-64,5

1,0-91,0

Fernanda Sayuri Ebina, Rosana Cláudio Silva Ogoshi e Flávia M. O. Borges Saad

56 57Caderno Técnico 2

Figura 1 – Morfologia espermática de sêmen obtido por eletroejaculação de felinos .

Omega 3, Omega 6 e Omega 9 Na nutrição pet óleos de peixe e de linhaça são fontes comuns de ômega 3, nutriente muito utilizado como suplemento alimentares no combate a inflamação, uma vez que inibe a ação enzimática do ácido araquidônico produzido naturalmente pelo metabolismo de ácidos graxos. A membrana espermática é composta por altas concentrações de ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) dentre os quais o ácido docosahexanóico (DHA, 22:6 n-3), docosapentanóico (DPA, 22:5 n-6) e ácido araquidônico(C20:4n 6), a proporção dos AG é espécie específica sendo que não se sabe a proporção presente na membrana seminal de cães e gatos. Estes lipídeos de membrana são importante para a integridade e fluidez da mesma e os torna extremamente susceptível a peroxidação lipídica por espécies reativas ao oxigênio (ROS). Sua utilização sem apropriada associação com antioxidantes podem causar danos sérios a membrana e alterar a taxa antioxidante/pro-oxidante (GEE, 2010). O ácido araquidônico e seus metabólitos estão envolvidos na formação do AMPc que regula a liberação e produção do hormônio luteinizante (LH) que é responsável pelo funcionamento das células de Leydig. Sabe-se

que o bom funcionamento destas células, está diretamente correlacionado com a espermatogênese (MARINERO ET al. 1996) e com a produção de testosterona induzida pela elevação de concentrações plasmáticas de GnRH (DIX et al. 1984). A suplementação com os diversos ácidos graxos deve ser feita de maneira criteriosa já que , devido a diferença de composição da membrana espermática das diversas espécies a maior proporção de ômega 3 ou ômega 6 incorre em efeitos diferenciados. Em aves, as quais possuem maior proporção de Omega 6 na composição normal do espermatozoide, a suplementação com óleo de peixe fez com que aumentasse a concentração espermática de ácido docosahexanóico o que, no geral, produziu efeitos negativos na qualidade seminal apesar de melhorar sua motilidade (CERULINI, 2006). A suplementação com ácidos graxos da série 3 aumenta a produção de hormônios relacionados com a função testicular e melhora a qualidade seminal, aumentando a capacidade de produção de sêmen, a concentração de espermatozoides e reduzindo a taxa de defeitos morfológicos em cães (ROCHA, 2009). A linhaça é uma boa fonte desses ácidos graxos; ao utilizar uma dieta com 5% de linhaça extrusada com 56% de ácido alfa-linolênico, pode-se observar um aumento na concentração de DHA e ácido oleico na estrutura espermática de coelhos, tendo um bom efeito sobre a viabilidade e integridade de membrana (MOURVAKI, 2010). Em estudo com cães suplementados durante 60 dias com Omega 6 e Omega 3 na relação de 3,5:1, ácido oléico (10,1,g/kg) e vitamina E (1UI/kg), com apenas 15 dias, observou-se melhora na qualidade do sêmem, com maior termoresistência e aumento no vigor e concentração espermática já no primeiro mês de suplementação (ROCHA, 2009)

vitamina E Por ser lipossolúvel, a vitamina E, após sua absorção, é incorporada a quilomicrons, armazenada e carreada por lipoproteínas de baixa densidade. Assim, é na bicamada lipídica da membrana espermática que a vitamina está presente na proporção de 1 mol de vit. E/1000mol de fosfolipídeos, sendo que a suplementação via oral é mais efetiva que a adição do alfa-tocoferol á diluentes de sêmen devido a maior incorporação da molécula adquirida via dieta na membrana espermática. (SURAI, 1992 in CASTELLINI 2000). A vitamina E é um dos mais importantes antioxidantes de membrana que previne danos oxidativos causados por espécies reativas ao oxigênio (ROS). Esse micronutriente atua complexando-se a ácidos graxos poliinsaturados, mimetizando o efeito físico do colesterol na dupla camada lipídica e inibindo a fosfolipase A2 (CEROLINI, 2006). Ela é normalmente é suplementada junto com ácidos graxos e é uma vitamina com função antioxidante por inibir a peroxidação lipídica e, consequentemente, diminuir danos celulares. Com isso é capaz de manter viável as espermátides e permitir uma adequada diferenciação de células epiteliais do epidídimo (BENSOUSSAN et al., 1998), assim como a sua deficiência pode levar a danos degenerativos irreparáveis sendo que, mesmo com o retorno da sua suplementação, não é possível o reestabelecimento da normalidade morfológica dos espermatozoides (MARIN-GUZMAN et al., 2000). A deficiência também é capaz de inibir a conversão de ácido araquidônico á docosapentanóico modulando a composição da membrana espermática (BIERI, 1964).

Tipos de espermatozoides: (a)normal; (b)macrocéfalo; (c)microcefalia com

aplasia de bainha mitocondrial; (d)bicefálico; (e)tricefálico; (f)cauda enrolada;

(g)peça intermediária dobrada com gota citoplasmática; (h) peça intermediária

dobrada sem gota citoplasmática; (i)cauda dobrada com gota citoplasmática; (j)

cauda dobrada sem gota citoplasmática; (k)gota citolasmática proximal; (l)gota

citoplasmática distal. (HOWARD ET AL. 1990).

Em bovinos, aA suplementação com altas doses de vitamina foi capaz de reduzir a concentração de prostaglandina F2, prostática e da vesícula seminal (MARIN-GUZMAN et al, 2000). Estudos foram realizados provando a eficácia da suplementação dessa vitamina em parâmetros reprodutivos (300mg vE/kg) em aves (CERULINI, 2006), em coelhos (YOUSEF, 2003; CASTELLINI, 2000) e bovinos (MARIN-GUZMAN, 2000), contudo sempre associado á ácidos graxos poliinsaturados ou, no caso de Castellini (2000), com a vitamina C.

vitamina c Essa vitamina é associada á fertilidade há muitos anos (MILLAR, 1992) o que pode ser confirmado por Dawson et al. (1992) que encontrou maior viabiliadade e motilidade espermática, menor quantidade de anormalidades morfológicas, redução na aglutinação e maior quantidade de espermatozóides normais, em humanos. Em animais sadios a suplementação com vitamina C apresentou um efeito de redução da peroxidação lipídica seminal linear com a crescente dose de ácido ascórbico fornecida (SÖNMEZ et. al, 2005) e foi capaz de inibir a produção de ROS induzida pela intoxicação por cadmium (GUPTA, 2004), o que demonstra um efeito protetor sobre as células germinativas testiculares garantindo, assim, a espermatogênese normal. Além disso, pode-se obter melhores parâmetros seminais, enzimas antioxidantes, como a catalase e a superóxido dismutase dos testículos, que apresentaram melhores níveis com a administração oral de 4mg de ácido ascórbico/kg por 8 semanas em ratos com queimaduras de terceiro grau (JEWO, 2012). Porém a suplementação isolada pode decorrer em menor taxa de

espermatozoides vivos quando comparado a suplementação conjunta de ácido ascórbico e vitamina E. Aliás, essa combinação é muito favorável, não apenas pela maior porcentagem de espermatozóides vivos, mas também por diversas outras vantagem sobre a suplementação isolada de vitamina C e E. O sinergismo dessas vitaminas melhorou a ação antioxidante e a motilidade espermática (CASTELLINNI, 2000).

zinco

O zinco é um mineral que tem grande importância para diversas funções no organismo não sendo diferente para o sistema reprodutivo. Ele é essencial para síntese e secreção do hormônio luteinizante (LH) e folículo estimulante (FSH), para a diferenciação gonadal, crescimento testicular, formação e maturação espermática, estereidogênese testicular e fertilização. Além disso, os hormônios reprodutivos são zinco dependentes para atuação (SALGUEIRO, 2000). São encontradas altas concentrações de zinco na próstata e no sêmen (APGAR, 1985). Esse microelemento atua como cofator de mais de 80 metaloenzimas envolvidas na transcrição de DNA, expressão de receptores de esteroides e síntese proteica (HANDI, 1997 in WONG 2002). Homens subférteis suplementados com sulfato de zinco apresentaram melhor concentração espermática sendo que, associado ao ácido fólico, levou a um aumento de 74% de espermatozoides normais (WONG, 2002). Omu (1998) também encontrou resultados positivos em humanos com suplementação do zinco observando maior capacidade reprodutiva, melhor motilidade, redução do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) no sêmen e aumento de interleucina 4 (IL-4). O mineral efeito na estabilidade de membrana e em imunidade celular e humoral, já que também é capaz de inibir anticorpos antiespermatozoides, além de atuar como antibacteriano

58 59Caderno Técnico 2do plasma seminal. Envolvido com a produção de hormônios, a falta do zinco leva a baixa produção das gonadotrofinas e andrógenos (AGTE, 1994). Segundo Apgar (1985) a deficiência de zinco leva ao hipogonadismo.

Ácido fólico

Folatos são compostos que estão presentes em folhas verdes e por essa via podem ser suplementados. Eles fazem parte da síntese de proteínas, DNA e transferência de RNA, podendo ser importante para a espermatogênese. Quando utilizado em coelhos (8,5µg/kg) promoveu o aumento de peso testicular e epididimário, aumentou a concentração de enzimas antioxidantes (YOUSEF, 2006) e, quando associado ao zinco, o ácido fólico proporcionou aumento na concentração espermática, de espermatozoides normais e reduziu a porcentagem de anormais (WONG, 2002). O ácido fólico tem ação sinérgica com o zinco, porém sua atuação no trato reprodutivo ainda não é bem esclarecida; supõe-se que pode alterar parâmetros endócrinos ao estimular as células de Sertoli que irão proporcionar um desenvolvimento adequado das espermatogônias, porém essa hipótese ainda é questionável uma vez que, em um mesmo estudo, foi observado o aumento da concentração espermática em homens subférteis que recebiam a suplementação desse composto mas não apresentaram alterações de alguns hormônios envolvidos com a reprodução (EBISCH, 2005) .

taurina É um ácido beta aminosulfônico presente em maiores concentrações nos tecidos animais e apresenta várias funções biológicas tais como o controle da frequência cardíaca, excitabilidade neuronal, participação no metabolismo energético e osmorregulação (HUXTABLE, 1992) e também tem sido relatado comprometimento da reprodução na sua deficiência (NRC, 2006). Níveis significativos de taurina e hipotaurina foram encontrados no trato reprodutivo masculino como, por exemplo, em homens, hamster, rato, touro, javali (MARTINS-BESSA et al. 2007), gatos (BUFF et al., 2001) e cães (VAN DER HORST, 1966). Em gatos foi encontrada no plasma seminal e líquido de lavagem do epidídimo, no entanto não foi encontrada hipotaurina em amostras de soro, indicando que esta pode ser sintetizada em testículos ou epidídimos de gatos (BUFF et al., 2001). A função da taurina no trato reprodutivo de machos, embora não esteja clara, deve-se, provavelmente, as propriedades protetoras desta junto a hipotaurina que agem contra a peroxidação lipídica. A hipotaurina se liga avidamente ao íon hidroxil (HO-) e assim pode desempenhar papel de proteção já que a membrana lipídica dos espermatozóides possui alto teor de ácido graxo insaturados suscetível a peroxidação lipídica (HUXTABLE, 1992). Além disso, há uma provável ação da taurina no aumento da motilidade espermática. A suplementação de taurina tem demonstrado importante ação na regulação hormonal. Yang et al. (2010) observaram a inclusão de 1% de taurina em água para ratos machos de diferentes idades comparados ao tratamento controle, constituído de água com 1% de taurina + 1% de β- alanina (inibidor de transportadores de taurina). Encontraram aumento nos níveis de testosterona e hormônio luteinizante (LH) nos animais que receberam a taurina. No entanto, os animais que ingeriram β- alanina

tiveram redução desses mesmos hormônios. Xiao et al. (1997) encontraram um efeito promotor no desenvolvimento de testículos de frangos, uma vez que esses órgãos apresentaram maior peso relativo, e também níveis de testosterona e LH. Há uma escassez de trabalhos que concerne nos efeitos da suplementação dietética de taurina na reprodução, entretanto, a partir dos indícios de sua importância, torna-se necessária a sua avaliação.

sElênio É um mineral essencial na formação do espermatozoide uma vez que este é dependente do bom desenvolvimento das células de Sertoli, as quais são responsáveis pela produção de andrógenos ligados a proteínas, hormônios e carreamento de nutrientes para as espermatogônias, que irão determinar o número de células germinativas. Outras funções, de igual importância, é que estruturalmente participa na formação da peça intermediária do espermatozóide e da formação da enzima glutationa peroxidase (GSH-Px). Devido a estas funções, a deficiência deste nutriente, em bovinos, resultou em baixa maturidade de espermátides e da reserva espermática testicular, além da diminuição de espermatozoides normais e aumento de motilidade anormal, efeitos esses que podem ser revertidos com a suplementação do selênio (MARIN-GUZMAN 2000). A levedura rica em selênio é uma opção que pode ser explorada como fonte desse mineral antioxidante, pois tanto fontes inorgânicas (como o selenito) como orgânicas demonstraram-se eficientes na preservação de sêmen. Contudo fontes orgânicas são mais vantajosas, pois são mais absorvidas e retidas pelo organismo (ORTEMAN AND PEHRSON, 1997 in SHI, 2010) e se mostraram mais eficazes para essa função no sêmen a fresco, diluído em extensores comerciais ou mesmo amostras coletadas e processadas para fertilização in vitro (SPEIGHT, 2011), além de melhorar a espermatogênese produzindo um sêmen de melhor qualidade (BARBER, 2005) O selênio é outro elemento muito utilizado no combate aos radicais livres devido a sua atuação como cofator da GSH-Px que é responsável pela degradação de peróxidos. A glutationa é ativa em sêmen de diversas espécies promovendo maior estabilidade contra oxidação e melhorando as características seminais. Além disso, este é um mineral que compões a membrana mitocondrial afetando diretamente a estrutura do espermatozoide e suas funções (CASTELLINI, 2002) A utilização de fontes orgânicas tem se ampliado nas mais diversas espécies, principalmente devido ao uso pela ação antioxidante, entretanto, em felinos, não encontrou-se dados sobre a influência desse mineral em parâmetros reprodutivos. A deficiência desse mineral altera a absorção e metabolismo da vitamina B dietética (QUINN, 1990).

vitamina a A vitamina A também exerce importante papel na produção espermática, pois é fundamental para a proliferação e crescimento de epitélios (MEDEIROS & PAULINO,1999), sendo assim, a sua deficiência pode levar á inibição da espermatogênese e a presença de somente alguns tipos celulares no túbulo seminífero, como células de Sertoli, espermatogônia e alguns espermatócitos (UNNI et al., 1983 in MARTINS, 2009).

l-carnitina

A L-carnitina é importante na homeostase do organismo por estar envolvida no mecanismo de beta-oxidação. Os ácidos graxos, após ultrapassarem a membrana externa da mitocôndria, devem ser ativados e, para isso, devem se complexar com o grupamento acil, formando a acil-CoA. Contudo, nesse formato, os ácidos graxos não podem ultrapassar a membrana interna da mitocôndria sendo que para isso necessita de um transportador enzimático. O grupamento acil é carreado para o interior da organela na forma de acil-carnitina, sendo subsequentemente dissociados, ficando a carnitina livre para realizar novo transporte (FRENKEL AND GARRY, 1984). A carnitina pode ser armazenada na forma livre ou complexada (FRENKEL AND GARRY, 1984; PELUSO ET AL, 2000), atuando no DNA celular e membranas como antioxidante, prevenindo a oxidação proteica e lesões causadas pelo piruvato e lactato. A concentração de carnitina no sêmen é bastante alta, podendo ser explicado devido ao grande gasto de energia pelos espermatozoides durante o processo reprodutivo (LENZI, 2003). Como se sabe, a L-carnitina atua no metabolismo energético ao realizar o transporte transmembrana de ácidos graxos (GRANDJEAN, 2006), além disso possui ação antioxidante (RUIZ-PESINI, 2001). Na reprodução existe a suposição de que a suplementação dietética aumenta os níveis de carnitina intracelular não afetando a concentração dessa substância no sêmen (LENZI, 2003). Em humanos, Lenzi (2003), encontrou maior motilidade de espermatozoides de pacientes que recebiam a carnitina, obtendo um resultado bastante interessante já que a suplementação pareceu ser mais eficaz em pacientes que inicialmente apresentavam as mais baixas taxas de motilidade.

coEnzima q10 A coenzima Q10 é encontrada em altas concentrações nas mitocôndrias da peça intermediária dos espermatozoides, logo sua principal atividade é promover o fornecimento de energia para uma atuação espermática normal. Além disso, também é responsável pela reciclagem da vitamina E melhorando a ação antioxidante (THOMAS, 1996). Sua forma reduzida, o ubiquinol, também atua combatendo espécies reativas ao oxigênio como o peróxido de hidrogênio prevenindo a peroxidação lipídica (ALLEVA, 1997) . Com o uso de 400mg/dia via oral da coenzima por seis meses foi possível observar a melhora da motilidade espermática em homens inférteis (BALERCIA, 2004). Utilizando uma dose mais baixa (300mg/dia) por 26 semanas foi capaz de levar a melhora nos parâmetros de qualidade seminal, alterar a produção de hormônios, mas de maneira muito sutil, não apresentando diferença significativa. Contudo, os parâmetros de motilidade e densidade foram relevantes, acreditando-se que isso possa ter sido devido a uma possível ação antioxidante dessa coenzima (MOHAMMAD, 2009).

4.outros Atualmente tem-se avaliado a utilização de novos compostos com função antioxidante. Em estudo com ratos onde foi induzida uma toxidade reprodutiva por cloreto de alumínio (AlCl¬3) e um o grupo tratado com própolis (50mg/kg de PV/ dia), conseguiu combater parte dos efeitos deletério causados pelo AlCl3, melhorando ação de enzimas antioxidantes e lesões do tecido testicular, produção de testosterona e qualidade de sêmen. Esses efeitos também puderam ser observados nos animais que não foram intoxicados e apenas receberam a suplementação de própolis (YOUSEF, 2009). Em contra partida, alguns componentes alimentares podem ser utilizados com a função inversa, a de contracepção. Atualmente são estudados meios menos invasivos de reduzir a taxa de fertilidade de cães buscando evitar ninhadas indesejáveis. O extrato de sementes de papaya é um exemplo, sua suplementação promoveu redução na motilidade e concentração espermática, porém não de forma permanente (ORTEGA-PACHECO, 2011).

considEraçõEs finais

O manejo nutricional na reprodução é um tema que ainda requer muitos estudos, já que não existem níveis nutricionais estabelecidos para a ótima eficiência reprodutiva de várias espécies e muito menos de felinos.

Fernanda Sayuri Ebina é Médica Veterinária e Mestranda em Nutrição de Não ruminantes pela Universidade Federal de Lavras(UFLA)

Rosana Cláudio Silva Ogoshi é Zootecnista e Doutoranda em Nutrição de Não ruminantes pela Universidade Federal de Lavras(UFLA)

Flávia M. O. Borges Saad é Professora Adjunta da Universidade Federal de Lavras (UFLA).

60 61Caderno Técnico 3

1. introdução Arginina é um aminoácido essencial para cães e gatos, assim

como triptofano, lisina e histidina, de um total de 12 aminoácidos

essenciais para o cão e 13 aminoácidos essenciais para o gatos. São

considerados essenciais por não apresentarem síntese endógena

que atenda as necessidades de manutenção da saúde do animal. Já o

conceito “funcional” pode ser aplicado àquele nutriente que age além

da sua essencialidade, gerando efeitos metabólicos e/ou fisiológicos

e/ou benéficos à saúde quando suplementados acima das exigências

do animal.

Para a maioria dos mamíferos, a conversão de aminoácido ornitina

Arginina para cães e gatos: um aminoácido funcional

André Pires de Lima Miranda, Rosana Claudio Silva Ogoshi, Flávia Maria de Oliveira Borges Saad

em citrulina (aminoácido precursor de arginina) ocorre pela ação da

enzima ornitina – cabomoiltransferase(OCT). Em gatos, essa enzima

não está presente o que impossibilita a manutenção plasmática pela

falha na retroalimentação da arginina. Por outro lado, para cães, a

OCT se faz presente e, em condições normais, o organismo é capaz

de prover suas necessidades de arginina. Entretanto, em casos de

trauma e septicemia, faz-se necessária a suplementação em doses

elevadas desse aminoácido, pois atua como substrato para a correção

das injurias. Assim, sem que haja suplementação na dieta ocorre um

decréscimo de metade nos níveis séricos da arginina circulante.

A função da arginina é variada por atuar em rotas metabólicas

e possuir papel imunomodulador e farmacológico. Ela está presente

no metabolismo do oxido nítrico, de poliaminas, da ornitina, da

creatina, do glutamato, glutamina, prolina, além de ser componente

fundamental do ciclo da uréia, realizar transaminação de proteínas e

participar como substrato no balanço energético. Por isso, atribui-

se a ela grande importância sobre o paciente hospitalizado em

estado crítico, que passa por perda de massa corpórea e caquexia. O

aminoácido ainda tem papel na liberação de hormônio do crescimento,

indução na liberação de insulina e IGF (Fator de Crescimento Insulina

Símile), que tem importância na liberação de colágeno e fibroblasto

(BARBUL, 1990; FAINTUCH, 1995; COHEN K, 1999 citado por

PENAFORTE, 2002).

Atualmente, torna-se mais evidente as funções e papéis endógenos

desse nutriente no organismo de mamíferos, no entanto, para cães e

gatos carecem ainda de mais estudos para que se tenha uma melhor

visualização dos efeitos sobre a suplementação ou algum erro no

metabolismo desse aminoácido. Diversos trabalhos estão elucidados

nesse artigo para mostrar a importância da arginina na manutenção

da homeostase, principalmente em quadros de estresse. Na Figura 1

está ilustrada a estrutura química da arginina.

2. mEtabolismo da arginina A síntese de arginina ocorre em muitos mamíferos em

quantidades suficientes para atender todas as necessidades desse

aminoácido; uma variedade de espécies incluindo humanos,

ruminantes, ratos adultos e suínos (ROGERS, 1994 citado por

NRC, 2006). Entretanto tem mostrado ser essencial para cães e

gatos em todas as fases da vida (CASE et al., 2011). O metabolismo

Figura 1 – Estrutura química da arginina Fonte: TAPIERO et al., 2002 citado por VIANA, 2010.

completo da arginina está ilustrado na Figura 2.

A arginina é um aminoácido de absorção íleo-jejunal e pequena

absorção no cólon. Durante a absorção, as células da microvilosidades

intestinais utilizam-na, em nível de 40% da dieta, como fonte energética

para os enterócitos, sendo o restante carreado pós-absorção para a

circulação porta. Outra via de manutenção de arginina circulante é

por meio da citrulina, sua precursora. A citrulina é formada nas células

intestinais a partir de aminoácidos dietéticos (prolina, glutamato e

glutamina) e de glutamina circulante e é levada aos rins onde atuarão

as enzimas arginosuccinato sintetase e argininosuccinato liase (Figura

Figura 2 – Metabolismo da arginina:* indica inibição; indica estimulação. Abreviaturas: ADC, arginina descarboxilase; A:GAT, arginina:glicina aminotransferase; DAO, diamino oxidase; Glu-sintetase, GMT, guanidinoacetato-N-metiltransferase; NOS-1, óxido nítrico sintetase-1; NOS-2, óxido nítrico sintetase 2; NOS-3, óxido nítrico sintetase 3; OAT, ornitina aminotransferase; ODC, ornitina descarboxilase; P-5-C desidrogenase, pirrolina-5-carboxilase desidrogenase; P-5-C redutase, pirrolina-5-carboxilase redutase e TP, transportador de poliaminas.Fonte: NIEVES JR & LANGKAMP-HENKEN (2002) citado por QUIRINO (2006)

62 63

2). Sendo esta via a mais importante para a manutenção dos níveis

plasmáticos da arginina.

Arginina pode originar creatina que é um composto de três

aminoácidos presente nos músculos, o qual é responsável pelo carreamento

de fosfato e regeneração da adenina trifosfato nos músculos. A creatina é

formada pela ação da enzima arginina-glicina aminotransferase.

Outro composto resultante do metabolismo da arginina são as

poliaminas, como purrescina, espermidina e esperminas. Elas atuam no

transporte, crescimento, proliferação e diferenciação celular, no entanto,

altos níveis dessas substâncias resultam em efeitos tóxicos. Por isso,

outro metabólito da arginina, proveniente da ação da enzima arginina

descarboxilase, a agmatina, regula a concentração intracelular de

poliaminas. (YEH, 2004 citado por QUIRINO, 2006).

Além dos já citados metabólitos, pode-se mencionar também o oxido

nítrico, que é um importante agente anti-microbiano, efetivo contra

antígenos intracelulares, parasitas e bactérias extracelulares, originado

pelo catabolismo da arginina pela ação da enzima oxido nítrico sintetase,

que é ativada pela ação de citocinas presente em quadro de septicemia,

como INF-γ (interferon-γ) e TNF-α (fator de necrose tumoral-α).

(ZALOGA et. al., 2004 citado em QUIRINO, 2006). O óxido nítrico

atua também como vasodilatador e neurotransmissor (NIEVES JR

& LANGKAMP-HENKEN, 2002 citado por QUIRINO, 2006). As

funções do óxido nítrico encontram-se detalhadas no tópico 4 desta

revisão enquanto que as vias e produtos do metabolismo da arginina

estão sintetizados na Figura 3.

No citosol dos hepatócitos ocorre a retirada do grupo guanidino

gerando amônia, tóxica para mamíferos. Ela é produzida pela ação

da enzima arginase I na detoxicação da amônia. Na mitocôndria

de enterócitos e células renais a enzima arginase II está envolvida

na síntese de ornitina, prolina e glutamato. Além disso, ela serve

de substrato para a síntese de proteínas, pela transaminação e ação

de uma cascata de enzimas para sintetizar prolina, glutamato e

glutamina, como mostra a Figura 4.

2.1. arginina E o ciclo da uréia Quando a via catabólica ou de degradação está instalada no

organismo, por uma situação qualquer que o organismo esteja

passando, várias reações de lise estão ocorrendo, inclusive as que

Na primeira etapa do ciclo, na mitocôndria dos hepatócitos á síntese

de cabamoil-fosfato, pela utilização de bicarbonato e NH4+, que irá

reagir com a ornitina, formando citrulina.

Na segunda etapa do ciclo ocorre a saída da citrulina da mitocôndria

para o citosol, recebendo aspartato e formando arginossuccinato.

A terceira etapa do ciclo é uma reação de quebra (liase) da

argininosuccinato, liberando fumarato e formando arginina.

Na quarta etapa ocorre a ação da arginase I, formando uréia pela

adição de água e renovando a ornitina para que o ciclo ocorra novamente.

Em gatos a capacidade de síntese de ornitina é limitada e existe

Caderno Técnico 3

Figura 3 – Vias e produtos da degradação da argininaFonte: SUCHNER et al., 2002 citado por VIANA, 2010)

envolvem as proteínas. Nessa situação, o cortisol (hormônio do

estresse) e glucagon (hormônio do jejum) elevam sua concentração

plasmática, levando a um aumento na concentração de aminoácidos

no citosol celular. Estes serão destinados a produção de energia,

para a manutenção da homeostasia, por meio da gliconeogênese, ou

seja, produção de glicose a partir de substrato não carboidrato.

A desaminação retira nitrogênio do aminoácido e fornece α-cetoácido

ao metabolismo energético. Esse metabólito nitrogenado é tóxico

para as células de mamíferos, pois está na forma de amônia e deve

ser excretado. Para que isso ocorra, haverá a eventual transferência

do grupo amino (NH3) para a uréia. Como gatos têm uma intensa

desaminação, o ciclo da uréia é extremamente ativo nestes animais

(CASE et al., 2011; NRC, 2006; SAAD & FERREIRA, 2004).

No fígado haverá a maior formação da uréia por meio da detoxicação

da amônia, através do denominado ciclo da uréia.

As etapas do ciclo da uréia estão resumidas na Tabela 1, bem como

as enzimas envolvidas.

Figura 4 – Síntese de arginina. (1) Arginase, (2) ornitina – cabomoiltrnsferase, (3) argininosuccinato sintetase, (4) argininosuccicinase liase, (5) óxido nítrico sintetase, (6) ornitina descarboxilase, (7) ornitina transaminase, (8) glutamina sintetase e (9) glutaminase.Fonte: CYNOBER et al., 1995 citado em QUIRINO, 2006)

Adaptado (AXNÉR, 2007)

tabela 1 – ParâMetros seMinais de Felinos obtidos Por eletroejaculação.

ENZIMAS

Ornitina-carbamoil tranferase

Argininosuccinato sintetase

Argininosuccinato liase

arginase I

ETAPAS

PRIMEIRA

SEGUNDA

TERCEIRA

QUARTA

PRODUTOS

Citrulina

argininosuccinato

Arginina + fumarato

uréia + ornitina

uma baixa conversão de citrulina em arginina nos rins (Tabela 2).

Este mecanismo pode ser devido ao processo evolutivo de adaptação

a um regime estritamente carnívoro, onde a arginina está presente

em quantidades muito superiores às necessidades. Estas adaptações

encontram-se também em outras espécies carnívoras, como em Visons e

Ferrets (BELL, 1999).

Desta maneira, gatos são extremamente sensíveis à deficiência de

arginina; uma única refeição sem arginina pode causar o aparecimento

de sinais clínicos ligados a uma intoxicação amoniacal: salivação,

vômitos, ataxia e, às vezes, coma e morte. Os primeiros sinais aparecem

na primeira hora seguinte à ingestão do alimento e culminam 2 a 5 horas

depois. A ingestão de arginina diminui rapidamente a intensidade dos

sintomas (SAAD & FERREIRA, 2004).

3. Exigências dE arginina para cãEs E gatos As exigências de arginina preconizadas pelo NRC (2006) foram feitas

pela capacidade da inclusão de arginina prevenir a acidúria orótica, sendo

para o crescimento em cães é de cerca de 4 – 5,6g/Kg de dieta para uma

dieta contendo cerca de 4,2 Kcal EM/g. As exigências mínimas de 6,3g/

Kg de dieta para filhotes de 4 a 12 semanas de idade e 5,3 para filhotes

acima de 14 semanas são sugeridas. E devido a trabalhos mostrarem

agravamento de sintomas quando ingerida uma dieta com baixa ou livre

de arginina foi oferecida, é recomendado que 10mg de arginina sejam

adicionadas para cada g de proteína bruta acima da exigência. Não há

limite máximo estabelecido.

Já para gatos em crescimento é de cerca de 8-8,3 g/kg de dieta

quando a dieta contém 4,7 kcal EM/g. Para adultos exigência mínima

em uma dieta que contém 4,0 kcal/g e concentração de PB de 200 g/kg

é de 7,7 g/kg com aumento de 20 mg de arginina para cada kg de PB

acima de 200 (NRC, 2006). Também não há limite máximo estabelecido.

4. arginina, óxido nítrico E rEsposta inflamatória

A arginina também é precursora do óxido nítrico (NO), um

neurotransmissor envolvido em muitos sistemas, desde regulação da

pressão sanguínea via relaxamento dos vasos sanguíneos até participação

na atividade dos macrófagos na destruição dos antígenos (por exemplo,

bactérias e vírus) (NRC, 2006).

AL-arginina é oxidada aL-citrulina+ •NOpela óxidonítrico

sintetase (NOS) (CAVE, 2008) (Figura 2). A forma de NOS induzível

dentro de leucócitos (iNOS) produz quantidades muito superiores de

Adaptado (AXNÉR, 2007)

tabela 2 - síntese de arginina coM atenção Para os gatos.

Maioria dos aniMais

Normal

Normal

Ocorre

Ocorre

reação

Glutamato+ prolina ornitina (intestino)

Ornitina citrulina (intestino)

Ida da citrulina ao rim

Citrulina Arginina (rim)

gatos

Citrulina

argininosuccinato

Arginina + fumarato

uréia + ornitina

• NO do que as formas construtivas endotelial (eNOS) ou neuronal

(nNOS).Aproduçãode•NOapósainduçãodaiNOSemumfagócito

ativo é limitada principalmente pela disponibilidade de arginina livre.

Portanto,qualqueraumentodaargininadisponíveliráaumentaro•NO

produzido por qualquer estímulo inflamatório (EISERICH et al., 1998).

Existem 3 formas de NOS:

•NOSendotelial:eNOSérequeridaparamanutençãodotônusmuscularecomo um mensageiro fisiológico•NOSneuronal(nNOS):eNOSenNOSsãoformasconstrutivasesempreproduzidos em baixos níveis.•NOSinduzível(iNOS);iNOSéinduzidaporumavariedadedemediadoresinflamatórios incluindo a cistoquinina, fator necrose tumoral (TNF), e interleucina 1 (IL-1), e radicais livres.

O óxido nítrico é um radical livre, no entanto, em comparação com outros tipos de radicais livres, em condições fisiológicas a molécula é relativamente estável, reagindo apenas com o oxigênio e seus derivados radical, metais de transição, e outros radicais. Esta baixa reatividade, combinada com a sua lipofilicidade, permite que a molécula possa se difundir atingindo grande distância de seu lugar de síntese, e funcione como uma molécula sinalizadora ao nível intracelular, intercelular e, talvez, sistêmico. O óxido nítrico é necessário para a maturação normal do epitélio intestinal. Pode ser o principio neurotransmissor inibitório da motilidade intestinal, e é essencial para a manutenção do fluxo sangüíneo normal da mucosa (CAVE, 2008). Alémdisso,•NOinibeaexpressãocelulardemoléculasdeadesãolimitando a entrada de leucócitos desnecessários, principalmente para os tecidos da mucosa. O óxido nítrico inibe a proliferação excessiva de células T, diminui a ativação de NF-kB, e induz as vias de respostas locais Th-2. Noentanto,emcontrastecomoparadigmadequeo•NOinibeachavede transcrição pró-inflamatória de fator NF-kB, alguns estudos têm sugerido que a inibição da iNOS pode aumentar produção de citocinas pró-inflamatórias (CAVE, 2008). O•NOpodetambémreagircomsuperóxido(O2•-)paraformar

Figura 6 - Origem do oxido nítrico (NO): reação catalisada pela enzima óxido nítrico sintetase (NOS). Fonte: CAVE (2008)

64 65Caderno Técnico 3peroxinitrito (ONOO-) que não é um radical livre, mas é um oxidante poderoso e foi mostrado provocar uma ampla gama de efeitos tóxicos que vão desde a peroxidação lipídica, oxidação de proteínas levando à inativação de enzimas e canais iônicos, danos ao DNA e inibição da respiração mitocondrial (VIRAG et al., 2003). O efeito celular de oxidação por ONOO- é dependente da sua concentração, por exemplo, quando em concentrações muito baixas os efeitos serão reparados pelo turnover de proteínas e lipídeos e da capacidade de reparação do DNA, porém as concentrações mais elevadas podem induzir a apoptose, enquanto que concentrações muito elevadas induzemànecrose.Umavezqueambos•NOeO2•sãoproduzidosnoslocais de inflamação, é razoável propor que ONOO- pode-se envolver na patogênese de muitos casos (CAVE, 2008). A iNOS é capaz de gerar O2 • - quando L-arginina não estádisponível. Isto tem sido demonstrado em macrófagos, onde limitando a disponibilidade de L-arginina resultou na produção simultânea de quantidades significativas deO2 • - eNO, e a formação imediataintracelular de ONOO- (XIA & ZWEIER, 1997). Assim, atualmente há umgrandenúmerodeestudosconflitantesavaliandoopapeldo•NOnadoença inflamatória, aonde há em uma polarização de pontos de vista entre aquelesqueargumentam•NOéprotetor,eaquelesqueargumentamquecontribui para a patogênese. Em casos de sepse grave (resposta inflamatória sistêmica), o aumento daproduçãodeNO•podeserprejudicialdevidoaseuefeitonegativonoinotropismo (força de contração) e cronotropismo (freqüência) cardíaca, sua capacidade de inibir a coagulação e seu potente efeito dilatador venoso e arterial (SUCHNER et al., 2002). Desta maneira, pode haver casos em que a suplementação com arginina, além da fornecida por uma fonte de proteína convencional pode ser benéfica, enquanto em outros casos pode ser prejudicial. Em geral parece que a suplementação de arginina, seja administrada por via oral ou parenteral, aumenta a resposta do sistema imunológico dos indivíduos que sofrem de trauma, cirurgia, desnutrição ou infecção. Esta ação é presumivelmente através da sua capacidade para aumentar os neutrófilos e macrófagos (CAVE, 2008). A maioria das dietas enterais consideradas adequadas para alimentação de gatos internados contêm 1,5 a 2 vezes o requerimento mínimo de arginina para o crescimento (CAVE, 2008). A suplementação em dietas tem sido freqüentemente recomendada e amplamente utilizada na medicina humana e também veterinária para o aprimoramento do sistema imunológico em cuidados críticos. Assim os tópicos descritos a seguir serão baseados apenas nos efeitos benéficos encontrados para esse aminoácido.

5. arginina E outros nutriEntEs para animais EnfErmos

Animais hospitalizados precisam ter um adequado suporte nutricional com intuito de evitar supressão do sistema imune, disfunção orgânica, fraqueza, promover redução de infecções e reduzir a mortalidade. Nutrientes específicos afetam a imunocompetência e alguns deles agem diretamente no sistema linfóide e nas funções imunes das células, alterando a resposta do hospedeiro à patogenos. Como exemplo, além da arginina, se encontram ácidos graxos n-3, glutamina e nucleotídeos dietéticos (SILVA JR et al., 2005).

Remillard et al. (2000) citam que a arginina é essencial a animais hospitalizados uma vez tem apresentado efeito imunopreservador frente a imunossupressão induzida por má nutrição protéica e câncer. Em pacientes recém operados, a suplementação com arginina têm aumentado a resposta dos linfócitos T e aumenta o numero de células de ajuda T quando comparado com um grupo controle. Ainda segundo Remillard et al. (2000), enriquecimento arginina estimula o sistema imunológico, melhora a cicatrização e diminui a morbidade e mortalidade em pacientes com queimaduras. Como exemplo, esses autores alegam que regime alimentar com arginina como 9% da fonte de proteína tem sido proposto e testado em pacientes com queimaduras, sendo que aqueles que receberam a dieta enriquecida com arginina tiveram uma redução significativa na incidência de infecção da ferida e menor tempo de internação. Bower et al. (1995) avaliaram os efeitos de uma dieta enteral para humanos enriquecida com arginina, ácido graxo n-3 e nucleotídeos sobre parâmetros imunológicos de pacientes submetidos a cirurgia abdominal de grande porte e encontrou que aqueles que receberam alimento enriquecido tinha imunocompetência maior e menos complicações infecciosas do que os pacientes de outros grupos. Outros estudos se centralizam no efeito imunoestimulador e antiinfeccioso da glutamina combinada com a arginina. A glutamina tem ação nutritiva no enterócito e é utilizado pelas células de rápida velocidade de troca, demonstrando um efeito específico estimulador sobre sínteses de DNA (PUPA, 2004 citados por SILVA JR et al., 2005). Assim, a glutamina exerce efeito benéfico ao sistema imunológico de diversos tipos de pacientes. O aumento dietético da ingestão de arginina, combinados com a ingestão dietética de acido graxo n-3, melhora os sinais clínicos, qualidade de vida e tempo de sobrevivência em cães com câncer. Por exemplo, um grupo de cães, recebendo quimioterapia devido a um linfoma, suplementados dieteticamente com arginina e acido graxo n-3, resultou em elevações nos níveis plasmáticos de arginina, acido eicosapentanóico (EPA) e acido docosahexaenóico (DHA), sendo este fato correlacionado positivamente ao tempo de sobrevivência desses animais. (OGILVIE & MARKS, 2000). A sobrevivência de pacientes com câncer pode ser atribuído ao fato da arginina inibir o crescimento tumoral e metastases (TACHIBANA et al., 1985). Pupa et al. (2004) citados por Silva Junior et al. (2005) relatam que um aumento no consumo de arginina e nucleotídeos aumentam a resposta imune, em particular, nos períodos de estresse. Na Figura 3 está um esquema de como a arginina, glutamina, nucleotídeos e ácidos graxos n-3 podem interferir no sistema imune. Para animais hepatopatas é recomendado o aumento nos níveis de arginina dietética de 1,2-2% de arginina (em base na matéria seca) para cães e 1,5-2% (em base na matéria seca) para gatos (ROUDEBUSH et al., 2000). É possível ainda que a arginina desempenhe importante função da redução de peso, se tornando um aliado para saúde de animais obesos. Com objetivo de avaliar essa hipótese, Fu et al. (2005) avaliaram ratos genéticamente selecionados para obesidade e diabetes mellitus do tipo II. Os tratamentos foram água potável com arginina-HCl (1,51%) ou o controle com alanina (2,55%) durante 10 semanas. Foram mensuradas as concentrações de arginina e NOx (oxidação de produtos de NO) e estes foram 261 e 70% maior, respectivamente, em ratos suplementados

com arginina comparados aos animais do controle. O consumo de água, comida e energia não diferiu durante esse período, no entanto os pesos dos animais suplementados com arginina foram 6, 10 e 16% inferior na 4ª, 7ª e 10ª semanas. Foi encontrada também nesses animais uma redução serica também na glicose e triglicerídeos. Esses efeitos foram atribuídos ao fato do NO estimular um aumento global na oxidação de glicose e ácidos graxos, desta maneira diminuindo a deposição de gordura.

5.1 arginina na insuficiência rEnal O óxido nítrico produzido a partir da L-arginina pela ação da eNOS é responsável pelo tom de vasodilatador que é essencial para a regulação da pressão arterial. A eNOS é uma enzima é dependente

Figura 7 - Participação dos aminoácidos na resposta imune, GSH (glutationa), n-3 PUFAs (ácidos graxos poliinsaturados da série 3).Fonte: Adaptado de GRIMBLE, 2001.

cálcio-calmodulina que libera pequenas quantidades de óxido nítrico em resposta à estimulação de receptores (ALLEN et al., 2000). Ativação de células endoteliais por estímulos (fluxo, por exemplo, pulsátil e tensão de cisalhamento) parece manter o tônus vasodilatador dependente de óxido nítrico. A administração de arginina impede o desenvolvimento de hipertensão em animais de laboratório suscetíveis a essa patologia. A arginina também produz uma rápida diminuição da pressão arterial quando infundida em pessoas normais e pacientes com hipertensão essencial (CHEN & SANDERS, 1991). Alguns dos efeitos da enzima conversora de angiotensina (ECA) podem ser devido ao prolongamento da duração efetiva da bradicinina, o que estimula a liberação de óxido nítrico. Derivados de arginina que inibem a enzima óxido nítrico sintase se acumulam no plasma de pacientes com insuficiência renal e a inibição da enzima óxido nítrico sintase pode contribuir para a hipertensão em pacientes acometidos por essa enfermidade (ALLEN et al., 2000).

6. considEraçõEs finais Muitos efeitos benéficos da arginina já são conhecidos, entretanto o mecanismo exato desses efeitos ainda precisa ser avaliado e também são necessários mais estudos para determinação dos níveis mínimos eficazes para a resposta desejada em cães e gatos.

André Pires de Lima Miranda é Graduando em Medicina Veterinária UFLARosana Claudio Silva Ogoshi é Doutoranda em Zootecnia UFLAFlávia Maria de Oliveira Borges Saad Professora Associada DZO/UFLA

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