50
Gerenciamento de Crise nos Centros de Socioeducação CADERNOS DO IASP INSTITUTO DE AÇÃO SOCIAL DO PARANÁ

Capa Gerenciamento de Crise 1 C - Centro de … de Crise nos Centros de Socioeducação CADERNOS DO IASP INSTITUTO DE AÇÃO SOCIAL DO PARANÁ PARANA´ GOVERNO DO CEDCA CADERNOS DO

Embed Size (px)

Citation preview

Gerenciamento de Crise nosCentros de Socioeducação

CADERNOS DO IASPINSTITUTO DE AÇÃO SOCIAL DO PARANÁ

PARANAGOVERNO DO

CEDCA

CADERNOS DO IASP

INSTITUTO DE AÇÃO SOCIAL DO PARANÁ

Curitiba

2006

Gerenciamento de Crise nos Centros de Socioeducação

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ

Roberto Requião de Mello e SilvaGovernador do Estado do Paraná

Orlando PessutiVice-Governador

Rafael IatauroChefe da Casa Civil

João Carlos de Almeida FormighieriDiretor Presidente da Imprensa Ofi cial do Estado

Emerson NeroneSecretário de Emprego Trabalho e Promoção Social

Thelma Alves de OliveiraPresidente do Instituto de Ação Social do Paraná

Laura Keiko Sakai OkamuraDiretora Técnica do Instituto de Ação Social do Paraná

Sandra MancinoAssessora Técnica do Instituto de Ação Social do Paraná

Marli Claudete Bonin Castro AlvesDiretora Administrativo-Financeiro do Instituto de Ação Social do Paraná

CADERNOS DO IASP

INSTITUTO DE AÇÃO SOCIAL DO PARANÁ

Curitiba

2006

Gerenciamento de Crise nos Centros de Socioeducação

CapaCaroline Novak Laprea

IlustraçõesCaroline Novak Laprea

Projeto Gráfi co / Diagramação / FinalizaçãoCaroline Novak Laprea

RevisãoPatrícia Alves de Novaes Garcia

Sônia Virmond

OrganizaçãoCristiane Garcez Gomes de Sá

IMPRENSA OFICIAL DO PARANÁ

Rua dos Funcionários, 1645

CEP 80035 050 - Juvevê - Curitiba - Paraná

Tel.: 41 3313 3200 - Fax: 41 3313 3279

www.dioe.pr.gov.br

IASP Instituto de Ação Social do Paraná

Tel.: (41) 3270 1000 www.pr.gov.br/iasp

CEDCA

Equipe Interinstitucional de Elaboração

Altivir Cieslak

Amarildo Rodrigues da Silva

Arnaldo Mamoru Okamura

Cássio Silveira Franco

Cristina Silveira Braga

Douglas Sabatini Dabul

Dorian Nunes Cavalheiro

Francesco Serale

Franck Cione Coelho dos Santos

Ida Maria Miller

Jéferson Augusto Pinto

Jorge Roberto Igarashi

Júlio César Botelho

Laura Keiko Sakai Okamura

Lilian Lina Marcele Moller Drews

Luiz César Gonçalves

Maria Tereza de Moraes e Silva

Mariselni Vital Piva

Marcelo Israel da Costa Vieria

Marco Antonio da Silva

Marcos Aparecido de Souza

Marcos de Castro Palma

Milton Isack Fadel Junior

Nilson Domingos

Paulo Renato A. Siloto

Ricardo Peres da Costa

Roberto Bassan Peixoto

Sandra Mancino

Solimar de Gouveia

Thelma Alves de Oliveira

Valdomiro Gomes

Major

Major

Capitão

2º Tenente

1º Tenente

2º Tenente

1º Tenente

1º Tenente

Tenente-Coronel

Major

1º Tenente

EQUIPE DE COLABORADORES

DIRETORES DE UNIDADES QUE REPRESENTAM SUAS EQUIPES:

Amarildo Rodrigues da Silva – Pato Branco

Ana Cláudia Padilha Justino – Campo Mourão

Ana Marcília P. Nogueira Pinto – Cascavel

Ana Maria Grácia – Ponta Grossa

Cássio Silveira Franco – Londrina

Francesco Serale – Curitiba

Giovana V. Munhoz da Rocha – Piraquara

Jorge Roberto Igarashi – Londrina

Júlio Cesar Botelho - Toledo

Lilian Lina M. M. Drews – Fazenda Rio Grande

Mariselni Vital Piva – Curitiba

Nilson Domingos – Santo Antonio da Platina

Nivaldo Vieira Lourenço – Curitiba

Ricardo Peres da Costa – Paranavaí

Roberto Bassan Peixoto – Foz do Iguaçu

Rubiana Almeida da Costa – Umuarama

Solimar de Gouveia – Piraquara

Um cenário comum das cidades: meninos peram-

bulando pelas ruas. Antes, apenas nas grandes cidades;

agora, em qualquer lugarejo. Ontem, cheirando cola;

hoje, fumando crack. Destruindo seus neurônios e seus

destinos. Enfrentando os perigos da vida desprotegida.

Aproximando-se de fatos e atos criminosos. Sofrendo

a dor do abandono, do fracasso escolar, da exclusão

social, da falta de perspectiva. Vivendo riscos de vida,

de uma vida de pouco valor, para si e para os outros.

Ontem, vítimas; hoje, autores de violência.

Um cenário que já se tornou habitual. E, de tanto ser

repetido, amortece os olhos, endurece corações, gera a

indiferença dos acostumados. E, de tanto avolumar-

se, continua incomodando os inquietos, indignando

os bons e mobilizando os lutadores.

Uma mescla de adrenalina e inferno, a passagem rápida

da invisibilidade social para as primeiras páginas do

noticiário, do nada para a conquista de um lugar. Um

triste lugar, um caminho torto; o “ccc” do crack, da

cadeia e da cova.

Assim, grande parte de nossa juventude brasileira, por

falta de oportunidade, se perde num caminho quase

sem volta. Reverter essa trajetória é o maior desafi o da

atualidade.

A Palavra da PresideA Palavra da Presidente ]

Enquanto houver um garoto necessitando de apoio e

de limite, não deve haver descanso.

Com a responsabilidade da família, com a presença do

Estado, desenvolvendo políticas públicas conseqüentes,

e com o apoio da sociedade, será possível criar um

novo tecido social capaz de conter oportunidades de

cidadania para os nossos meninos e meninas.

A esperança é um dever cívico para com os nossos

fi lhos e para com os fi lhos dos outros.

A vontade política e a determinação incansável

do governador Requião, aliadas ao empenho e

dedicação dos servidores do IASP, compõem o cenário

institucional de aposta no capital humano, e sustentam

a estruturação da política de atenção ao adolescente

em confl ito com a lei no Paraná, como um sinal de

crença no futuro.

É nosso desejo que esses cadernos sejam capazes de apoiar

os trabalhadores da Rede Socioeducativa do Estado

do Paraná, alinhando conceitos, instrumentalizando

práticas, disseminando conhecimento e mobilizando

idéias e pessoas para que, juntos com os nossos garotos,

seja traçado um novo caminho.

Com carinho, Thelma

ApresentaçãoNa gestão 2003-2006, o Governo do Estado do Paraná,

através do Instituto de Ação Social do Paraná – IASP –,

autarquia vinculada à Secretaria de Estado do Emprego

Trabalho e Promoção Social – SETP –, realizou um

diagnóstico sobre a situação do atendimento ao adolescente

que cumpre medida socioeducativa, identifi cando, dentre

os maiores problemas, défi cit de vagas; permanência de

adolescentes em delegacias públicas; rede física para

internação inadequada e centralizada com super-lotação

constante; maioria dos trabalhadores com vínculo

temporário; desalinhamento metodológico entre as

unidades; ação educativa limitada com programação

restrita e pouco diversifi cada e resultados precários.

Com base nessa leitura diagnóstica, foi traçado um

plano de ação, que estabeleceu o desafi o de consolidar o

sistema socioeducativo, estruturando, descentralizando e

qualifi cando o trabalho de restrição e privação de liberdade

e apoiando e fortalecendo as medidas em meio aberto.

Nesse contexto de implementação da política de atenção

ao adolescente em confl ito com a lei, algumas ações

estruturantes estão em processo, tais como a construção

de cinco novos centros de socioeducação, concurso público

e programa de capacitação dos servidores, reordenamento

institucional, adequação física das unidades existentes e

ofi cialização das unidades terceirizadas, dentre outras.

Apresentação ]

De todas as ações desenvolvidas, talvez a mais importante

delas tenha sido a concepção da Proposta Político-

Pedagógica-Institucional, como resultado de um processo

de estudo, discussão, refl exão sobre a prática, e registro de

aprendizado, envolvendo diretores e equipes das unidades

e da sede, e grupos sistematizadores, com intuito de

produzir um material didático-pedagógico à serviço do

bom funcionamento das unidades socioeducativas do

IASP. Assim surgiram dos Cadernos do IASP.

Esse esforço de produção teórico-prática foi realizado

com a intenção de alinhar conceitos para estabelecer um

padrão referencial de ação educacional a ser alcançado

em toda a rede socioeducativa de restrição e privação de

liberdade e que pudesse, também, aproximar, do ponto

de vista metodológico, os programas em meio aberto,

criando, assim, a organicidade necessária a um sistema

socioeducativo do Estado.

Os conteúdos presentes nos cadernos do IASP, que refl etem

o aprendizado acumulado da instituição até o momento,

pretendem expressar a base comum orientadora para a ação

pedagógica e socioeducacional a ser desenvolvida junto aos

adolescentes atendidos em nossos Centros de Socioeducação.

Trata-se, portanto, de uma produção coletiva que contou

com o empenho e conhecimento dos servidores do IASP,

e com a aliança inspiradora da contribuição teórica dos

pensadores e educadores referenciais.

Esperamos que seu uso possa ser tão rico e proveitoso

quanto foi a sua própria produção!

Introdução ................................................................................................................ 13

1 - Princípios legais do uso de força em unidades de privação de liberdade de adoles-

centes em confl ito com a lei ....................................................................................... 15

2 - Conceitos relativos à gestão de ameaça à segurança em unidades de internação .... 17

3 - Indicadores de avaliação de cenário ...................................................................... 19

4 - Acionamento da rede de gerenciamento de crise ................................................... 22

5 - Relação de providências a serem tomadas em cada fase ......................................... 26

6 - Medidas a serem tomadas previamente ao evento ................................................. 30

7 - Medidas a serem adotadas na Fase de Informação ................................................ 31

8 - Medidas a serem adotadas na Fase de Avaliação .................................................... 35

9 - Medidas a serem adotadas na Fase de Organização ............................................... 36

10 - Medidas a serem adotadas na Fase de Intervenção .............................................. 38

11 - Medidas a serem adotadas na Fase de Encerramento ........................................... 38

12 - Medidas a serem adotadas na Fase de Análise ..................................................... 39

13 - Capacitações necessárias ao Gerenciamento de Eventos ...................................... 40

14 - Equipamentos necessários ao Gerenciamento de Eventos ................................... 42

Tabela 01 – Indicadores de Avaliação de Eventos ....................................................... 21

Tabela 02 – Fases da Gestão de Evento Crítico .......................................................... 25

Tabela 03 – Conhecimentos mínimos necessários para a Resolução de Eventos ......... 41

Anexo 01 – Detalhamento da organização da Polícia Militar ..................................... 45

Anexo 02 – Relação dos Batalhões da Polícia Militar ................................................. 47

SumárioSumário ]

12

13

IntroduçãoIntrodução ]

Esse caderno foi extraído do Protocolo Interinstitucional, que teve como objetivo

estabelecer diretrizes e normatizar os procedimentos de gerenciamento de crise nas

unidades de privação de liberdade para adolescentes em confl ito com a lei do Estado

do Paraná. O Protocolo Interinstitucional foi concebido pelo Instituto de Ação Social

do Paraná – IASP, em conjunto com a Polícia Militar do Paraná – PMPR, e com a

participação e colaboração do Poder Judiciário e Ministério Público, instituições que

acompanham a execução da medida socioeducativa.

O presente documento representa a sistematização dos procedimentos das Unidades

de Internação Provisória e de Internação do IASP, assim como da Diretoria do IASP

diante das situações de crise. A implementação dos procedimentos descritos será

progressiva e gradativa e levará em conta as condições concretas para sua aplicação,

a cultura institucional de cada unidade e o grau de preparo e adesão dos servidores

públicos. Os procedimentos compreendem uma base de atuação comum, do ponto

de vista conceitual e operacional. À medida de sua implantação, esta base poderá

sofrer ajustes, com vistas ao seu aprimoramento.

Por tratar da segurança dos adolescentes e dos servidores, considera que o primeiro

passo para a prevenção e o enfrentamento de situações-limite nas unidades de privação

de liberdade é o reconhecimento da existência dos riscos, o seu potencial desagregador

e os danos que pode trazer para cada um e para todos. Os riscos existem, são reais e

podem transformar-se em eventos críticos que colocam em perigo todos que convivem

na unidade socioeducativa. Reconhecer os riscos e perigos existentes é a condição

básica para começar a se preparar para superá-los de maneira conseqüente.

Por certo, é fundamental o investimento nas medidas de prevenção das situações-

limite, tais como motins, fugas, invasões, incêndios, agressões, depredações e outras

ocorrências desse tipo. No entanto, a realidade tem demonstrado que é quase impossível

torná-las inexistentes num estabelecimento de privação de liberdade de adolescentes

em confl ito com a lei. Elas estão potencialmente presentes e podem eclodir a qualquer

momento, em qualquer lugar, envolvendo uma, duas, dez pessoas, atingindo um ou

mais setores e, até mesmo, a unidade toda.

14

]

Assim, toda a equipe da unidade, independente de sua função, deve estar preparada

para enfrentar e resolver satisfatoriamente as situações-limite. A preparação do pessoal

dirigente, técnico e operacional é um passo imprescindível, de forma a estarem aptos

a evitar o pânico e descontrole, e a responderem de modo efi caz a situações de ruptura

da ordem interna.

O uso da força, seja ela empregada pela equipe da unidade ou por policiais militares,

para a contenção dos internos rebelados, deve ser um recurso para gerenciamento de

eventos complexos e críticos, quando as ações preventivas e dissuasivas já se mostraram

insufi cientes para impedir a crise, que já eclodiu no interior da unidade. Seu uso nesses

momentos de crise deverá ter como objetivo principal a garantia da integridade física

e da dignidade humana de internos e funcionários. Assim, para organizar e articular

a cooperação dos vários órgãos envolvidos na resolução da situação-limite, é preciso

estabelecer procedimentos operacionais multilaterais nos relacionamentos entre a

unidade e a Polícia Militar, Polícia Civil, Defensoria Pública, Ministério Público,

Justiça da Infância e Juventude e demais instituições partícipes da situação.

Nessas ações conjuntas, todos os agentes devem saber agir com discernimento e

objetividade. Para isso, faz-se necessária a existência de regulamentos e treinamentos,

dispositivos e equipamentos adequados à intervenção. As medidas de contenção e

segurança devem estar regulamentadas e ser de conhecimento de todos, que devem

ser treinados para o seu cumprimento, com rigor e efi cácia. Se os procedimentos

não estiverem de acordo com que foi consensuado e estabelecido nos regulamentos

fi rmados interinstitucionalmente, as condutas poderão se apresentar arbitrárias e

desastrosas.

A garantia à dignidade e à integridade física, psicológica e moral, implica implantar

na unidade uma convivência de respeito aos direitos e aos deveres por parte de todos,

sem permitir que ela se torne frágil, ou seja, descumprida, trazendo riscos para a

segurança dos adolescentes e dos funcionários. Nesse sentido, é primordial investir

sempre no desenvolvimento de uma ação sociopedagógica consistente e conseqüente,

na qualifi cação dos educadores, na elaboração de manuais e normas de procedimentos,

na adoção de dispositivos e equipamentos de segurança, a fi m de que a comunidade

socioeducativa seja capaz de prevenir e enfrentar situações-limite. ]

15

1]

]

1 ] Princípios legais do uso da força em unidades de privação de liberdade de adolescentes em conflito com a lei

O Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe, em seu artigo 125, que ¨É dever do estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.¨ Esse artigo determina a plena responsabilidade dos órgãos públicos competentes pela integridade dos adolescentes privados de liberdade. Essa responsabilidade é de caráter irrenunciável e não delegável.

Ao contrário, por exemplo, do que determina o artigo 227 da Constituição Federal, como sendo dever da família, da sociedade e do estado garantir ao jovem e ao adolescente, com absoluta prioridade, o conjunto de seus direitos reconhecidos, o artigo 125 atribui exclusivamente ao Estado o dever de zelar pela integridade física e mental do interno.

No plano internacional, as Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Reclusos e as Regras das Nações Unidas para Proteção de Jovens Privados de Liberdade disciplinam que o recurso a instrumentos de coação e uso da força para qualquer fi m deve ser proibido, exceto em casos excepcionais. Nesses casos, as ações interventivas, tanto dos funcionários do estabelecimento como dos policiais envolvidos na ocorrência, deverão observar as seguintes normativas:

1.1 Definição de caso excepcional:- quando o recurso a outros métodos de controle se revelar inoperante;- legítima defesa, casos de tentativa de fuga, resistência física ativa ou passiva a uma ordem baseada na lei ou nos regulamentos;- impedir o jovem de ferir a si mesmo, ferir outros ou causar séria destruição do patrimônio público.

1.2 Requisitos do uso de força em casos excepcionais:- autorização do diretor da unidade.

16

1.3 Regras no uso da força:- atender aos termos explicitamente autorizados e especifi cados na lei e regulamentos;- usar restritivamente e apenas durante o período estritamente necessário;- não causar humilhação ou degradação.

1.4 Providências obrigatórias do diretor da unidade:- solicitar a presença de um médico e de outros profi ssionais relevantes;- participar o caso à autoridade administrativa hierarquicamente superior.

1.5 Providências obrigatórias dos funcionários da unidade:- usar a força estritamente necessária;- informar imediatamente o diretor do estabelecimento quanto ao incidente.

1.6 Definição da forma de uso dos instrumentos de coação:- o modelo e o modo de utilização dos instrumentos de coação pelos funcionários da unidade devem ser decididos pela diretoria do IASP.

1.7 Limitações do uso de armas de fogo e outros instrumentos de coação:

- o porte de armas de fogo por funcionários da unidade deverá ser proibido;- não deverá ser confi ado um instrumento de

coação a um funcionário da unidade, sem que ele seja treinado para o seu uso.

1.8 Providências de capacitação de pessoal da unidade:- os funcionários da unidade devem receber formação técnica especial que lhes permitam dominar internos que se valham de violência.

17

2]2 ] Conceitos relativos à gestão de ameaça à segurança em unidades de internação

Um evento é qualquer ocorrência interna que obstrua o andamento da rotina de funcionamento da unidade de privação de liberdade, comprometendo mediata ou imediatamente a sua segurança.

2.1 Elementos que compõem um evento:- Ameaça à integridade física do(s) adolescente(s) interno(s);- Ameaça à integridade física de terceiros (demais internos, funcionários e outras pessoas presentes);- Ameaça à integridade do patrimônio público.

2.2 Critérios de avaliação e atuação em eventos:A avaliação de um evento é composta por dois elementos principais: o cenário e a capacidade de resposta da instituição.

2.2.1 Cenário:

É o conjunto de elementos objetivos constituintes de um evento. Entre esses elementos, destacam-se: os fatos desencadeadores, o grau de articulação e organização dos insurgentes, o perfi l da(s) liderança(s), a motivação e o intento, o grau de adesão dos demais internos, a existência ou não de reféns, as facções existentes, os objetos que possam ser usados como arma, o vigor e a agressividade, a intensidade com que os rebelados dominam os espaços físicos da unidade, a existência ou não de articulação da insurgência com grupos criminosos externos à unidade.

2.2.2 Capacidade de resposta:

É o limiar de resolução de eventos de cada unidade. É determinada pelo conhecimento e domínio da estrutura física da unidade, pela capacidade de comando, pela capacidade analítica em situações de tensão, pelo equilíbrio em situações de alta exigência emocional, pela resistência e prontidão física, pelo treinamento em negociação e táticas interventivas, pelos equipamentos de segurança

18

disponibilizados, pela articulação intersetorial da unidade e pela existência ou não de planos de contingência, bem como outros fatores que infl uenciam a qualidade e velocidade da resposta da organização.

2.3 Escalonamento de força:É a medida de força necessária para a resolução de um evento no qual se esgotaram os demais meios de dissuasão. Esse escalonamento é mensurado pela comparação entre a capacidade de resposta da unidade e a força necessária para a superação do cenário gerador.

Esses elementos serão analisados pela direção da unidade e pelo Comando do Batalhão da PM da região, tomando-se por base os indicadores avaliativos ressaltados no item 3.

Quando a capacidade de resposta da unidade for equivalente ou superior ao cenário gerador do evento, a unidade deverá ser responsável pela resolução do mesmo. Todavia, se essa capacidade de resposta for superada pelo cenário do evento, sua resolução caberá à Polícia Militar.

A direção da unidade deverá avaliar, em conjunto com o IASP, de forma constante e sistemática, a capacidade de resposta de sua unidade, devendo, a partir dessas informações, desenvolver planos de contingência e parâmetros de escalonamento de força específi cos para os possíveis cenários.

Cada Batalhão que possua unidades de privação de liberdade em sua área de atuação deverá avaliar, em conjunto com o Comando da Polícia Militar, sua capacidade de resposta ante os possíveis cenários de eventos críticos, elaborar padrões de escalonamento de força, bem como fornecer relatórios na ocorrência de alteração desta capacidade.

19

3]3 ] Indicadores de avaliação de cenário

3.1 Evento simples:É aquele cuja ameaça à segurança é inferior à capacidade de resposta do coordenador e dos educadores sociais presentes na unidade.

- Elementos que compõem um evento simples:[] Ameaças verbais;[] Desacatos;[] Agressões indiretas (atirar comida, chinelo, urina, fezes,

água);[] Danos ou destruição de materiais pedagógicos ou de

consumo;[] Tentativa ou destruição de patrimônio público – pequeno

dano estrutural, destruição pontual, sem prejuízos no funcionamento do estabelecimento;

[] Atentado contra a própria integridade física resultando em escoriações ou lesões leves;

[] Agressão a terceiro sem resultar em lesão;[] Inexistência de armas brancas – artefatos cortantes,

perfurantes ou impactantes;[] Ação protagonizada por um a três adolescentes.

[ Resolução: A mera presença, argumentação, orientação ou a aplicação de advertência verbal encerra a ameaça. 3.2 Evento complexo:É aquele cuja ameaça à segurança é superior à capacidade de resposta do coordenador e dos educadores sociais presentes na unidade. Sua resolução é possível pela coordenação dos setores da unidade e/ou pela atuação do seu diretor.

- Elementos que compõem um evento complexo:[] Todos os elementos do evento simples que não tenham

resolução mediante mera presença ou a aplicação de advertência verbal;

20

[] Agressão resultando em lesão corporal leve, sem ameaça à vida;[] Existência de armas brancas; [] Destruição extensa do patrimônio público – consideráveis

danos à estrutura física da unidade, prejudicando o funcionamento de um setor;

[] Evento restrito a um setor específi co da unidade – alojamento, ala, setor, quadra, campo, pátio ou solário;

[] Ação protagonizada por um grupo restrito de internos – evento não generalizado;

[] Existência de refém, sem fl agrante ameaça à vida, sem sevícias, sem uso de violência, com possibilidade de negociação não-especializada;

[] Incêndio de pequena proporção passível de ser extinto com recursos da unidade.

[ Resolução: A presença e a advertência verbal não são sufi cientes para o encerramento do evento. Necessidade de intervenção física ou negociação não-especializada por parte da equipe da unidade.

3.3 Evento crítico:É aquele cuja ameaça à segurança é superior à capacidade de resposta de todos os setores da unidade. Sua resolução só é alcançada com a cooperação entre a unidade e instituições de Segurança Pública.

- Elementos que compõem evento crítico: [] Elementos do evento complexo que não puderam ser

solucionados pela equipe da unidade;[] Existência de armas de fogo;[] Destruição extensa do patrimônio público – inutilização de

uma área da unidade;[] Evento disseminado em diversos setores da unidade; [] Número de insurgentes duas vezes superior ao número de

educadores presentes no estabelecimento;[] Existência de refém(s), com fl agrante ameaça à vida;[] Sevícias contra “seguros” (sob ameaça à sua integridade

física) ou reféns;[] Incêndio em grande área da unidade, não controlável pelos

funcionários;

[

21

[

[] Perda de controle de 50% ou mais do estabelecimento;[] Morte.

[ Resolução: A atuação dos setores da unidade não é sufi ciente para a resolução do evento. Há necessidade da ação integrada da unidade com forças de segurança pública. Nesses caso é dado início ao acionamento da rede de gerenciamento de crise.

Indicadores de avaliação de eventos [Tabela 01 ]

[ [[[ [

22

4]4 ] Acionamento da rede de gerenciamento de crise

A rede de gerenciamento de crise será acionada pela unidade; em casos emergenciais, onde a situação confi gurada exigir ação imediata, o diretor da unidade e o Comandante da Polícia Militar não precisam aguardar o posicionamento dos superiores hierárquicos, nem dos representantes do Poder Judiciário e Ministério Público. Eles deverão, imediatamente, comunicar o ocorrido a esses representantes e solicitar apoio e acompanhamento diante da gravidade da situação.

A rede de gerenciamento de crise é composta pelo conjunto de instituições, por profi ssionais e pessoas indispensáveis ou extremamente importantes para a gestão de crise de segurança instalada em unidade de privação de liberdade.

A rede possui duas dimensões: a dimensão intra-unidade e a extra-unidade.

4.1 A dimensão intra-unidadeÉ composta pelos diferentes setores da unidade de privação de liberdade – direção, setor de segurança, técnico, administrativo, logístico, pedagógico e outros. É a equipe responsável pelo controle da crise em seus primeiros minutos, bem como da convocação dos demais elementos da rede.

Os primeiros minutos de um evento crítico são determinantes para a confi guração do cenário de um evento crítico. Nesses minutos, toma-se conhecimento do número de pessoas envolvidas, da existência de reféns e da extensão da crise. A atuação imediata da equipe no controle do evento, logo após o surgimento da crise, diminuirá sensivelmente o potencial danoso da mesma. Desse modo, é imprescindível que a unidade tenha condições de se organizar de forma rápida e efi caz para o enfrentamento da crise logo que esta se apresente.

23

Para tanto, a unidade estabelecerá previamente quais funcionários podem assumir a coordenação dos esforços de controle inicial da crise de cada setor e quais são suas principais metas nesses primeiros instantes.

Esses funcionários serão responsáveis pela coordenação e organização dos esforços da equipe de funcionários da unidade para a realização das determinações do gerente de crise.

Cada unidade deverá manter uma lista, indicando quais funcionários poderão assumir essas funções de coordenação em crise. Esses funcionários deverão ter conhecimento das providências necessárias elencadas nesse documento e serem capacitados a realizá-las com efi cácia.

Esses funcionários deverão exercer, preferencialmente, funções de coordenação das atividades cotidianas da unidade. Todavia, considerando a possibilidade de ausência desses coordenadores ou de sua inclusão no centro do evento crítico, deverão ser nomeados e capacitados funcionários suplentes.

Esses coordenadores de crise serão designados pela direção ou por quem a represente no momento do surgimento da crise, podendo ser alterados no desenvolvimento do gerenciamento da mesma. Deverão iniciar, sob coordenação da direção da unidade, os procedimentos elencados na fase de informação.

O responsável pela área afetada é o funcionário designado para a coordenação inicial dos esforços para o isolamento e contenção do foco da crise. Preferencialmente, deverá ser o funcionário com atribuições de coordenação dos educadores sociais ou quem seja designado por ele ou pela direção da unidade.

O responsável pelo suporte é o funcionário designado para a coordenação dos esforços de organização do espaço físico das áreas não-afetadas pelo evento e dos funcionários não envolvidos diretamente com o foco da crise.

O responsável pelas informações é o funcionário designado para a realização dos contatos verbais e escritos necessários ao suporte do

24

gerenciamento da crise. Além disso, é responsável pela organização das informações a serem divulgadas aos meios de comunicação.

O responsável pelos registros é o funcionário designado para registrar por escrito, minuto a minuto, o desenvolvimento da crise e de sua resolução. Além disso, é responsável pelos registros materiais e fotográfi cos da ocorrência e de seus resultados. Após a resolução da crise, é responsável por concentrar e organizar os autos de resistências e relatórios individuais produzidos.

4.2 A dimensão extra-unidadeÉ composta pela diretoria do IASP (Presidência, Diretoria Técnica e Diretoria Administrativo-fi nanceiro), Poder Judiciário, Ministério Público, Conselho Tutelar, Policia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Serviços de Saúde de Emergência Móveis.

Essas organizações participarão da resolução do evento crítico a partir de sua notifi cação pela direção da unidade ou, preferencialmente, pelo responsável de informações. As atribuições de cada organismo abaixo elencadas são as principais medidas e procedimentos que cada uma deverá realizar em seu papel na rede de gerenciamento. Todavia, a ausência de uma atribuição prevista em lei nessa relação não prejudicará sua realização no gerenciamento da crise.

Instituto de Ação Social do ParanáÀ diretoria do IASP caberá o acompanhamento do desenvolvimento da crise, a supervisão e a orientação da direção da unidade no gerenciamento da mesma. Também será responsável, conjuntamente com a direção da unidade, pela decisão para ação policial no estabelecimento. A diretoria do IASP e a direção da unidade serão responsáveis pela tomada de medidas administrativas e técnicas cabíveis.

Polícia Militar do ParanáÉ responsável, conjuntamente com a direção da unidade, pelo gerenciamento da crise; é responsável pela negociação profi ssional; pela defi nição de tática de intervenção e pela ação policial no estabelecimento.

]

25

Poder Judiciário, Ministério Público e Conselho Tutelar

O Poder Judiciário e o Ministério Público participarão da decisão conjunta para ação policial, e acompanharão o desenvolvimento da crise e de seu gerenciamento, bem como adotarão medidas judiciais cabíveis, quando for o caso.

Serviços de Saúde de Emergência

Deverão manter uma unidade em prontidão no estabelecimento, até o término do evento crítico. Em caso de previsão de grande número de feridos, os paramédicos deverão solicitar o suporte de mais unidades e a prontidão dos hospitais da região.

Corpo de Bombeiros do Paraná

Deverá encaminhar um bombeiro para acompanhar o desenvolvimento da crise. Em caso de ameaças ambientais e estruturais, deverá solicitar suporte de seu grupamento.

Polícia Civil do Paraná

Deverá, fi ndo o evento crítico, tomar as medidas cabíveis para o registro da ocorrência e a tomada das medidas investigativas policiais cabíveis.

Fases da gestão de evento crítico [Tabela 02]

26

5]5 ] Relação de providências a serem tomadas em cada fase

5.1 Medidas prévias ao evento

Equipe Técnica / Educadores Sociais: [] Facilitar o conhecimento da distribuição dos internos

na unidade; [] Facilitar o conhecimento do perfi l de cada interno.

Equipe Administrativa / Manutenção: [] Garantir o rápido conhecimento da unidade; [] Garantir o acesso aos espaços;

[] Facilitar o controle da água e luz.

Equipe Administrativa:[] Facilitar o conhecimento dos funcionários;[] Permitir a visualização rápida da hierarquia e funções dos funcionários;[] Garantir a capacidade de contato imediato com órgãos de suporte.

5.2 Fase de informação

Responsável pela área afetada:[] Reorganizar funcionários atuantes na crise;[] Estabelecer perímetro da área afetada;[] Indicar o primeiro interventor da crise;[] Conter a expansão do evento;[] Retirar materiais de suporte à insurgência;[] Interromper das atividades de rotina;[] Coletar informações.

Responsável pelo suporte:[] Reorganizar funcionários atuantes na crise;[] Estabelecer perímetro da área de suporte;[] Evacuar pessoal não fundamental.

27

[] Restringir o acesso de pessoas à unidade;[] Estabelecer central de gerenciamento de eventos críticos;[] Estabelecer posto de comando tático;[] Interromper as atividades de rotina;[] Coletar informações;[] Estabelecer um funcionário como relator de crise.

Responsável pelas Informações:[] Convocar funcionários de reforço;[] Informar a sede da instauração de crise;[] Informar o Ministério Público e o Poder Judiciário;[] Solicitar apoio da Polícia Militar;[] Solicitar apoio do Corpo de Bombeiros;[] Solicitar apoio dos Serviços de Saúde Móvel de Emergência.

Responsável pelo registro:[] Iniciar registro minuto a minuto do desenvolvimento do gerenciamento do evento.

Direção da unidade:[] Acionar a rede de gerenciamento de crise;[] Solicitar a presença de um médico e de outros profi ssionais relevantes;[] Participar o caso à autoridade administrativa hierarquicamente superior.[] Solicitar o apoio da Polícia Militar;[] Comunicar o caso ao Poder Judiciário, ao Ministério Público e ao Conselho Tutelar.

5.3 Fase de Avaliação

Direção da unidade e Polícia Militar: [] Estabelecer núcleo de comando;

28

[] Organizar informações; [] Levantar informações faltantes; [] Avaliar a situação.

Poder Judiciário, Ministério Público e Conselho Tutelar: [] Monitorar o gerenciamento de crise.

5.4 Fase de organização [] Tomada de decisão para intervenção policial.

A presidência do IASP e a direção da unidade / o Comandante Geral da Polícia Militar e o comandante do respectivo Batalhão / o Juiz e o Promotor, com base na avaliação da situação, decidirão pela intervenção policial, quando a situação exigir tal planejamento. Em caso de emergência, a direção da unidade e o Comandante do Batalhão deverão agir imediatamente, sem necessidade de aguardar a presença e posicionamento dos superiores hierárquicos e dos representantes do Poder Judiciário e Ministério Público, devendo proceder à comunicação, posteriormente.

O presidente do IASP e o Comandante Geral da Polícia Militar deverão manter informados, respectivamente o Secretário de Estado de Emprego, Trabalho e Promoção Social e o Secretário de Estado de Segurança Pública.Polícia Militar:

[] Elaborar tática de intervenção policial.

Direção da unidade:[] Organizar funcionários de apoio à intervenção;[] Organizar funcionários de restabelecimento do fun-

cionamento;[] Organizar funcionários de informação à imprensa.

5.5 Fase de intervenção

Funcionários da unidade e Polícia Militar:[] Realizar os procedimentos organizados de acordo com as

normas e regulamentos que regem a atuação da PM e o sistema socioeducativo.

29

5.6 Fase de encerramento

Polícia Militar:[] Retirar as forças interventivas;[] Elaborar relatório dos proce-

dimentos adotados na inter-venção, enviando cópia à direção da unidade e superiores hierárquicos.

Direção da unidade:[] Retornar à normalidade institucional;[] Informar as autoridades competentes;[] Solicitar exame de corpo de delito;[] Registrar a ocorrência junto à Polícia

Civil.

Responsável pelo registro:[] Realizar auto de resistência;[] Fotografar espaços danifi cados;[] Registrar armamentos apreendidos.

5.7 Fase de análise

Direção da unidade:[] Reunir os relatórios parciais e da Polícia Militar para

compor o relatório fi nal da crise, enviando-o à direção do IASP, ao Juiz e ao Promotor;

[] Avaliar a ação da equipe.

Responsável pelas informações:[] Agradecer aos órgãos componentes da rede de crise;[] Encaminhar de release à imprensa local.

30

6]6 ] Medidas a serem adotadas previamente ao evento

Espaço FísicoGarantir o rápido conhecimento da unidade: manter duas cópias de plantas (01 para centro de gerenciamento de crise e 01 para posto de comando tático) estruturais, elétricas e hidráulicas; possuir uma maquete da área de segurança da unidade; manter plantas reduzidas de cada ala, plastifi cadas, para manuseio durante as missões policiais.Garantir o acesso aos espaços: manter chaves reservas de todos os acessos da área de segurança; ter disponível no almoxarifado um corta-a-frio e um pé de cabra.

InfraestruturaFacilitar o controle da água e luz: manter desimpedidos os acessos à caixa central de energia e ao registro geral de cada ala.

FuncionáriosFacilitar o conhecimento dos funcionários: manter lista atualizada de todos os funcionários da unidade, constando nome, função, turno e local de atuação dentro da unidade.

Permitir a visualização rápida da função dos funcionários: manter na unidade braçadeiras (faixa para braço) identifi catórias por cores do cargo e função dos funcionários que serão utilizadas em momentos de crise para facilitar e agilizar as comunicações.

InternosFacilitar o conhecimento da distribuição dos internos na unidade: manter lista atualizada da distribuição e do número de adolescentes distribuídos nas alas e nos alojamentos.

Facilitar o conhecimento do perfi l de cada interno: manter fi cha individual de cada interno, constando perfi l psicológico, facção pertencente (aliados, inimigos), foto, status interno (líder, liderado e seguro), periculosidade (o que ele é capaz de fazer sob ameaça e tensão), ato infracional e histórico de participação em eventos de crise.

31

7]

Órgãos de apoio a criseGarantir a capacidade de contato imediato com órgãos de suporte: manter lista telefônica com o telefone institucional e celular da presidência do IASP, diretoria técnica do IASP, Comandante do batalhão responsável, Batalhão de Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Serviços de Saúde de Emergência, Juiz e Promotor da Vara da Infância e Juventude e unidades do IASP próximas.

7 ] Medidas a serem adotadas na fase de informação

7.1 Aspectos intra-unidade

- Indicar o primeiro interventor da crise:Cada unidade deverá contar com funcionários capacitados a realizar a conversação inicial com os insurgentes - que poderá se desenvolver posteriormente em negociação não especializada. O funcionário designado pela direção ou pela coordenação dos educadores-sociais deverá criar e manter um canal aberto de diálogo e busca de informações.

- Estabelecer perímetro da área afetada – perímetro interno: A área afetada é o setor do estabelecimento onde está ocorrendo o desenvolvimento do evento. O diretor da unidade ou, preferencialmente, o responsável da área afetada deverá delimitar preliminarmente os limites dessa área com fi tas de isolamento ou outro instrumento demarcatório. Esses limites poderão ser alterados posteriormente por orientação da Polícia Militar. O responsável da área afetada deverá indicar um funcionário, preferencialmente um educador social, para realizar o controle de acesso desse perímetro. A partir deste momento, a entrada nesse setor será restrita às pessoas autorizadas expressamente pelo gerente da crise.

- Estabelecer perímetro da área de suporte – perímetro externo:A área de suporte é a área da unidade intermediária entre o ambiente externo e o perímetro interno, na qual se estabelecem as autoridades e

32

indivíduos indispensáveis ao gerenciamento da crise. Nesse perímetro, é instalado o posto de comando, o posto de comando tático, bem como os demais serviços de apoio ao gerenciamento. Após a delimitação do perímetro da área afetada, o diretor da unidade ou, preferencialmente, o responsável de suporte, deverá demarcar uma fronteira (geralmente os muros da unidade ou divisão de setor) a partir da qual deverá ser proibido o acesso de estranhos, funcionários evacuados, órgãos de imprensa e outros alheios à resolução da crise. O responsável de suporte deverá indicar um funcionário, preferencialmente um vigilante, para realizar o controle do acesso a este perímetro.

- Conter a expansão do evento:Os educadores sociais indicados pela direção do estabelecimento ou pela coordenação dos educadores-sociais deverão tomar as medidas cabíveis naquele momento para evitar a expansão do evento como, por exemplo, retornar os adolescentes não insurgentes a seus alojamentos e/ou atrasar o horário das refeições dos demais setores.

- Evacuar pessoal não fundamental: Cada unidade deverá contar com uma listagem de pessoas que, na ocorrência de uma crise, deverão retirar-se do cenário. Estabelece-se como padrão de evacuação, podendo ser esse adaptado pela direção de cada unidade, a evacuação total e imediata de professores, educadores sociais, pessoal administrativo, visitantes e voluntários. Efetua-se a evacuação temporária, até o término da fase de intervenção, de assistentes sociais, psicólogos, agentes de saúde e equipe de serviços gerais.

- Restringir o acesso de pessoas à unidade: Todos os indivíduos evacuados, bem como demais pessoas cujo fl uxo é normalmente permitido na unidade, como ofi ciais de justiça, prestadores de serviços, representantes de entidades, conselheiros tutelares e familiares dos internos deverão ter seu acesso proibido às instalações da instituição, salvo sob autorização da direção da unidade.

- Convocar funcionários de reforço: A unidade deverá manter lista atualizada de telefones de todos os funcionários. No momento de crise, após análise preliminar por parte

[

33

da direção ou funcionário responsável, deverão se convocados, se necessário, convocar os funcionários que não estejam de plantão.

- Estabelecer central de gerenciamento de eventos críticos: Cada unidade deverá ter pré-estabelecido o recinto onde as autoridades responsáveis pela gestão da crise (direção da unidade, ofi cial responsável, coordenação dos educadores sociais) terão acesso às informações e equipamentos de suporte à intervenção. Essa sala deverá contar com, no mínimo, duas linhas telefônicas e uma mesa de reunião. De acordo com as particularidades de cada unidade, deverão ser defi nidos os meios de informação interna (ramais internos, centrais de rádio, monitores de câmera) e de informação externa (televisão, rádio e acesso à internet). As informações sistematizadas na fase de medidas a serem adotadas previamente ao evento deverão ser disponibilizadas nessa central.

- Estabelecer posto de comando tático:A unidade deverá ter pré-defi nido o recinto onde os policiais componentes do Pelotão de Choque organizarão a tática de intervenção policial e aguardarão a autorização para participação na resolução da crise. Esse espaço deverá ser fora do alcance da imprensa. Preferencialmente, deverá contar com quadro branco e cadeiras. Os materiais de suporte à intervenção organizados na fase de medidas a serem adotadas previamente ao evento deverão ser disponibilizados nesse posto.

- Retirar materiais de suporte à insurgência: Ao início da crise, quando possível, deverão ser retirados todos os materiais que possam ser usados como substâncias tóxicas (medicação, produtos de limpeza), como armamento (armas brancas em potencial, cordas, materiais cortantes), barricada (mesas, cadeiras), ou que auxiliem na manutenção da insurgência (alimentos, garrafas plásticas, agasalhos).

- Interromper as atividades de rotina: As atividades de suporte às rotinas da unidade, como preparação de refeições, limpeza, atividades administrativas e reuniões, devem ser imediatamente interrompidas.

]

34

- Reorganizar funcionários atuantes na crise: Os funcionários não evacuados deverão ser reagrupados e reorganizados para a atuação nesse cenário.

- Coletar informações: A direção e os coordenadores de setor deverão obter o máximo possível de informações sobre a insurgência. Em especial, obter as seguintes informações:

[] Local da crise: a ala onde está o principal foco de tumulto e por onde se dissemina;

[] Número de indivíduos insurgentes: o número exato ou estimativo dos internos envolvidos;

[] Existência de reféns: podem ser reféns funcionários ou internos seguros. Identifi car e numerar pessoas nesta situação;

[] Armamentos e equipamentos: identifi car e numerar itens que os rebelados utilizam para ameaçar, agredir, arrombar portas e grades;

[] Lideranças: quem organiza ou fomenta o tumulto;[] Objetivos: qual o objetivo da insurgência e os bens ameaçados;[] Outras informações julgadas importantes: outros detalhes do que

infl uam na tomada de decisão.

- Estabelecer funcionário relator de crise: Um funcionário deverá registrar por escrito, minuto a minuto, todo o desenvolvimento da crise, informando os indivíduos envolvidos e as ações impetradas. Seu relatório deverá ser apresentado aos gerentes da crise na fase de encerramento.

7.2 Aspectos extra-unidade

- Informar à sede do IASP da instauração de crise: A direção, preferencialmente, ou pessoa por ela designada, deverá informar à presidência ou, na não localização dessa, à diretoria técnica, sobre a instauração da crise. Deverá ademais, noticiar todas as informações pertinentes ao evento.

- Solicitar apoio da Polícia Militar:

35

8]

A direção da unidade ou a pessoa por ela designada deverá solicitar o apoio da polícia, informando o local da crise, o número de indivíduos insurgentes, a existência de reféns, os armamentos e equipamentos em posse dos rebelados, as lideranças e os objetivos.

- Comunicar imediatamente o Ministério Público e Autoridade Judicial:

- Solicitar apoio do Corpo de Bombeiros: Frente à possibilidade de ocorrência de incêndios, ameaças ambientais e danos estruturais que coloquem em risco a segurança das pessoas presentes na unidade, tais como, queda de energia elétrica, danos hidráulicos, nas tubulações de gás e nos pilares da estrutura, deve ser solicitada imediatamente a presença de unidade do Corpo de Bombeiros.

- Solicitar apoio dos Serviços de Saúde Móvel de Emergência: Solicitar a presença de ambulância na unidade, indicando o tipo de crise instaurada e as potenciais causas de ferimentos.

- Informar o Ministério Público e o Poder Judiciário: O promotor e o juiz da Vara de Infância da Juventude deverão ser notifi cados do surgimento do evento crítico.

8 ] Medidas a serem adotadas na fase de avaliação

- Estabelecer um núcleo de comando: Com a chegada da Polícia Militar, a direção da unidade e o Ofi cial Comandante se constituirão como gerentes de crise.

- Atribuições dos Gerentes de Crise: Compete a direção da unidade e ao Comando da Polícia Militar a responsabilidade pelas decisões estratégicas da gestão de crise. À direção da unidade caberá a coordenação das atividades operacionais dos funcionários. O comandante da missão responderá pelas decisões táticas da ação policial.

]

36

9]

- Organizar Informações: As informações coletadas na fase anterior deverão ser reunidas e organizadas. Os arquivos de informações compilados antes do surgimento da crise deverão ser disponibilizados.

- Levantar as informações faltantes: Os pontos ainda obscuros deverão ser levantados o mais rápido possível pela equipe de coordenação.

- Avaliar a Situação: Com as informações reunidas e organizadas, a gerência da crise

deverá avaliar a necessidade de intervenção policial, sua abordagem e magnitude. Caso a intervenção se mostre necessária, a direção deverá notifi car à presidência do IASP, ao Juiz e ao Promotor.

- Monitorar o gerenciamento de crise:O Poder Judiciário e o Ministério Público poderão, a

seu critério, acompanhar o gerenciamento da crise a partir do perímetro da área de suporte (perímetro

externo).

9 ] Medidas a serem adotadas na fase de organização

- Competência para autorizar a intervenção: A responsabilidade de autorizar a intervenção da Polícia Militar na área de segurança da unidade nos eventos críticos caberá, conjuntamente, ao diretor da unidade, ao presidente do IASP, ao Comandante da PM, ao Comandante do Batalhão, ao Juiz e Promotor da Comarca onde se localiza a unidade.

Na ausência da direção da unidade e na inacessibilidade do mesmo, o funcionário que responde pela Direção deverá, imediatamente, participar o evento, ao presidente do IASP, fazendo as vezes da direção ao assumir o gerenciamento da crise.

36

37

Em caso de inacessibilidade do presidente do IASP ou do Comandante Geral da Polícia Militar, os ocupantes dos cargos imediatamente subordinados assumirão suas atribuições no gerenciamento de crise, devendo proceder à imediata comunicação aos seus respectivos Secretários de Estado.

- Elaborar tática de intervenção policial: Competirá ao Ofi cial Comandante, com base nas informações fornecidas, estabelecer os armamentos e outros equipamentos a serem utilizados no estabelecimento, o contingente policial necessário e a abordagem a ser realizada. Deverá ser evitado o uso de munição com potencial letal, adotando-se munição não letal e armas de efeito moral.

- Organizar funcionários de apoio à intervenção: Parte dos funcionários deverá ser dividida e organizada de forma a apoiar a intervenção policial, auxiliando na identifi cação de internos, na revista dos alojamentos, localizando chaves, abrindo portas e demais ações que se mostrarem necessárias para o desenvolvimento rápido da missão.

- Organizar funcionários de restabelecimento do funcionamento: Os funcionários não participantes do suporte à intervenção policial deverão realizar os preparativos necessários para o momento posterior - restabelecimento da ordem. Deverão ser preparadas as roupas, alimentação e remanejados os adolescentes, de forma a garantir a continuidade das atividades após o término do evento crítico. Quando necessário, deverão ser iniciados os entendimentos, junto ao IASP e demais unidades, para a transferência dos internos rebelados ou ameaçados, bem como organizar os documentos, pertences do interno, liberação de verba para viagem e outras providências.

- Organizar funcionários de informação à imprensa: Um funcionário deverá ser indicado para organizar o fornecimento de informações à imprensa. A partir desse momento, todas as declarações acerca do evento deverão ser realizadas por esse funcionário. O atendimento à imprensa deverá ocorrer fora do perímetro da área de suporte (vide fase de informação).

38

11]

10]10 ] Medidas a serem adotadas na fase de intervenção

- Realizar os procedimentos organizados: Tanto os funcionários como os policiais militares iniciarão os procedimentos organizados na fase anterior.

11 ] Medidas a serem adotadas na fase de encerramento

- Retirar as forças interventivas: Após o término da intervenção, com o restabelecimento do controle da instituição, o comandante retirará suas forças do perímetro de crise. As equipes de apoio à intervenção e de restabelecimento do funcionamento deverão intensifi car suas ações, garantindo o imediato restabelecimento da capacidade funcional da unidade.

- Retornar à normalidade institucional: [] Roupas e alimentos: deverão ser fornecidas a todos os internos

rapidamente.[] Atendimento Médico: os casos urgentes deverão ser atendidos.[] Medidas Disciplinares: não serão aplicadas nesse dia.[] Atividades Pedagógicas: interrompidas até segunda ordem.[] Atendimentos Técnicos: Interrompidos até segunda ordem.[] Limpeza dos Espaços: os acessos e espaços de suporte ao trabalho dos

funcionários deverão ser organizados e limpos.[] Deslocamentos: os deslocamentos de adolescentes deverão ser evitados

e, quando imprescindíveis, deverão ocorrer com maior cautela.[] Atividades cotidianas da unidade: só serão restabelecidas após aprovação

da direção.

- Informar as autoridades competentes: A direção da unidade deverá encaminhar relatório circunstanciado à direção do IASP, às autoridades judiciárias e ao Ministério Público, relatando a crise e seu gerenciamento.

- Produzir auto de resistência: Os funcionários que necessitaram usar de força ou instrumentos de

39

12]

coação durante a crise deverão elaborar relatório do evento, assinado e corroborado por duas testemunhas.

- Fotografar os espaços danifi cados: Para fi ns de registro e reforma predial, os espaços da ocorrência da crise deverão ser fotografados e, caso seja possível, fi lmados, sem prejuízo da perícia técnica a ser realizada pela polícia civil.

- Registrar os armamentos apreendidos: Os armamentos apreendidos pela Polícia Militar deverão ser catalogados com a identifi cação do rebelado que o empunhava, para posterior encaminhamento à autoridade policial responsável.

- Solicitar exame de corpo de delito: Deverá ser solicitado o exame pericial dos internos e funcionários feridos, ao Instituto Médico Legal.

- Registrar a Ocorrência: A Polícia Civil deverá ser notifi cada e os procedimentos periciais e investigativos instaurados.

12 ] Medidas a serem adotadas na fase de análise

- Elaborar relatório fi nal da crise: O relatório do funcionário relator da crise, as fotografi as, os autos de resistência e os demais documentos deverão compor o relatório fi nal a ser elaborado pela direção da unidade. Esse documento deverá ser encaminhado ao presidente do IASP.

- Elaborar relatório sintético da crise: O resumo do desenvolvimento e da resolução da crise deverá ser encaminhado ao Comandante do Batalhão, ao Promotor e ao Juiz da Comarca a qual a unidade está circunscrita.

][

40

13]

- Avaliar a ação da equipe:Após o pleno restabelecimento funcional e institucional da unidade, a equipe deverá avaliar os procedimentos e resultados de sua ação durante a crise. As informações obtidas deverão fi gurar no relatório fi nal.

- Agradecer aos órgãos componentes da rede de crise: Encaminhar ofícios de agradecimentos aos órgãos atuantes na resolução da crise, como Polícia Militar, Ministério Público, Poder Judiciário, Corpo de Bombeiros, unidades Congêneres e outros.

- Encaminhar release à imprensa local: O estabelecimento deverá, caso a crise tenha sido acompanhada pela imprensa local, fornecer nota ofi cial informando sobre o evento, resguardando-se, todavia, a identidade dos internos e os aspectos que coloquem em risco a segurança das pessoas e instituições envolvidas.

13 ] Capacitações necessárias ao gerenciamento de eventos

- Conhecimento do protocolo interinstitucional:Nas unidades de internação e internação provisória, todos os funcionários deverão ser capacitados nos procedimentos previstos nesse protocolo. Em especial, os funcionários escalados para assumir funções de coordenação em momentos de crise (direção da unidade, responsável de área, responsável de suporte, responsável de comunicação, responsável de registro) deverão ter intensa capacitação para esse fi m.

Nos Batalhões da Polícia Militar ,os ofi ciais com função de comando de tropa, bem como a tropa responsável pela intervenção nas unidades (Companhia de Choque, Pelotão de Choque, Rotam, etc), deverão ter conhecimento dos procedimentos previstos neste Protocolo.

41

Conhecimentos mínimos necessários aos funcionários do estabelecimento de privação de liberdade para resolução de eventos [ Tabela 03 ]

- Negociação de reféns: Cada unidade de privação de liberdade e Batalhão de Polícia Militar deverá contar com equipe capacitada à negociação de reféns. Nas unidades, todos os coordenadores de equipe de educadores sociais e técnicos (assistentes sociais e psicólogos) destacados deverão ser capacitados nesse tema. Nos Batalhões, a determinação dos policiais destacados para esse fi m caberá ao Comandante do Batalhão.

42

14]

- Tropa de intervenção emergencial:Cada Batalhão que possua na sua área de abrangência uma unidade de privação de lberdade deverá contar com tropa intervenção emergencial, capacitada à realização de imobilização e contenção táticas e controle

de distúrbios em estabelecimentos de internação.

14 ] Equipamentos necessários ao gerenciamento de eventos

Os principais equipamentos a serem disponibilizados para a ação de gerenciamento de crise são: rádios comunicadores; conjunto individual antitumulto (capacete, armadura, escudo não-balístico, par de caneleiras, par de luvas, cinto tático, porta algema, algema de dobradiça), algemas descartáveis, lanternas, pé de

cabra, corta fi o e aríete.

A quantidade e os tipos de equipamentos necessários à cada unidade obedecerão aos seguintes critérios:

[] Número de adolescentes internados;[] Perfi l dos adolescentes;[] Estrutura física;[] Número total de funcionários;[] Turnos de trabalho;[] Cultura institucional da unidade;[] Capacitação dos funcionários para as atividades previstas neste documento.

A aquisição e a disponibilização dos equipamentos para as unidades são responsabilidade da direção da unidade e diretoria do IASP, que assumirão a implantação gradativa, conforme o grau de maturidade para execução do protocolo em cada instituição. ]

43

44

45

ANEXO IDetalhamento da organização da Polícia Militar

A autorização para o deslocamento da tropa especializada para um evento crítico instalado em unidade de privação de liberdade do Estado do Paraná será de exclusividade do Comandante Geral da Polícia Militar, na capital, e, também no interior do Estado. Após a situação ter sido devidamente contida e isolada, o COE – Comandos e Operações Especiais assumirá o controle total das ações táticas e de negociação a serem empregadas, sempre agindo em obediência às ordens legalmente emanadas por seus superiores hierárquicos. O COE estará subordinado ao Comandante da Companhia de Polícia de Choque, ofi cial superior ou quem responder pela função, que terá a responsabilidade de coordenar as ações operacionais no local do evento. Dessa mesma forma, as demais sub-unidades da Companhia de Polícia de Choque, RONE (Rondas Ostensivas de Natureza Especial) e Canil Central terão suas missões pré-defi nidas durante o evento, em apoio ao COE (no caso do interior, esse apoio poderá ser prestado pela ROTAM – Rondas Ostensivas Táticos Móveis das unidades). No local do evento crítico, haverá a fi gura do gerente da crise, que, na capital, será o Comandante do Batalhão da área correspondente ao local onde ocorre o evento crítico; no Educandário São Francisco, será do Comandante do Batalhão de Polícia de Guarda; e, no interior do Estado,caberá ao Comandante da Organização Policial Militar da área onde estiver instalada a unidade de privação de liberdade (ou o Ofi cial mais antigo presente no local, em caso de sua impossibilidade). O Comandante de Batalhão, juntamente com o presidente do IASP, são responsáveis pela avaliação da situação e defi nição quanto à necessidade de intervenção tática do COE, através do Coordenador das Ações Operacionais (que será o Comandante da Companhia de Choque ou a quem ele delegar poderes legais, inclusive no interior do Estado). Em casos excepcionais, onde a função de gerente da crise recair sobre um ofi cial de posto hierarquicamente inferior ao do coordenador das ações operacionais, o Comandante Geral da PMPR designará um ofi cial de maior posto para essa função. Numa intervenção tática do COE, o emprego de técnicas não-letais e a invasão tática serão implementadas somente em casos de indispensável necessidade, quando o risco em relação aos reféns se tornar insuportável. No caso do uso extremo da força, não se deverá ultrapassar o limite do estrito cumprimento do dever legal e da legítima defesa que, sendo excludentes de ilicitude, tornam legítima a ação policial.

46

Batalhão da Polícia Militar - BPMIndicado que procure falar primeiro com o Comandante da unidade Policial Militar e que marque uma visita.

Na capital, há o CPC que comanda as OPM. Entre elas, inclui-se a Companhia de Choque, 17º, 12º, 13º, Regimento e BPGD. Telefone: 041-3304-4800.

No interior há o CPI, que comanda todo o interior, e está sediado na Capital. Telefone: 041-3304-4900

Da tomada de decisão para o uso de força em casos excepcionais:

1] decisão do diretor da unidade: intervenção dos funcionários e técnicos da unidade, treinados para esta fi nalidade; 2] decisão conjunta entre diretor da unidade, diretoria do IASP, Comandante Geral da Polícia e do Batalhão, Juiz e Promotor: sobre a necessidade de intervenção da Polícia Militar e se houver tempo sufi ciente para uma ação programada. Em casos emergenciais, quando a situação confi gurada exigir ação imediata, o diretor da unidade e o comandante da Polícia Militar não deverão aguardar a autorização dos superiores hierárquicos, nem tão pouco dos representantes do Poder Judiciário e Ministério Público.

47

ANEXO 2Relação dos batalhões da Polícia Militar

Impresso na Imprensa Oficial do EstadoCuritiba - Paraná - Dezembro de 2006

Gerenciamento de Crise nosCentros de Socioeducação

CADERNOS DO IASPINSTITUTO DE AÇÃO SOCIAL DO PARANÁ

PARANAGOVERNO DO

CEDCA