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O Programa de desen-volvimento de varie-dades de cana-de-açú-car do IAC (Instituto

Agronômico), de Campinas, é o projeto de melhoramento de ca-na-de-açúcar em atividade mais antigo do país, desde 1933, e pode ser considerado um dos mais an-tigos do mundo.

As primeiras variedades foram lançadas a partir de 1959 e foram importantes para viabilizar a im-plantação do Proalcool, pois foi neste momento que a cana-de--açúcar saiu de solos antes ocupa-dos pela cultura do café e migrou para áreas consideradas naquele momento como marginais, ou seja, áreas com solos de baixa fer-tilidade e com carências de infor-mações. Por sorte, as variedades do IAC estavam, na ocasião, den-tre as que mais se adaptaram nes-tes solos.

Foi a partir de 1994 que o Pro-grama Cana IAC, se organizou com um pouco mais de recursos e parceiros, ampliando sua rede ex-perimental. Foi criado o projeto Procana IAC, que procurava or-

Marcos Landell, diretor do Centro de Cana e pesquisador do IAC (Instituto Agronômico), de Campinas, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

ganizar esforço comum em forma de rede, multiplicando sobrema-neira a capacidade de observação experimental em diferentes solos e regiões, gerando informações sobre o desempenho de inúmeros clones e variedades nesta multi-plicidade ambiental.

Em 1995 já somavam 16 em-presas na rede Procana, que foi se aprimorando e originando uma rede de experimentação de qua-se 500 ensaios no Centro Sul do Brasil, tornando uma das maiores redes de experimentação para de-senvolvimento varietal e estudos de estabilidade no Brasil.

De acordo com o diretor do Centro de Cana e pesquisador do IAC, de Campinas, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Marcos Landell, esta rede gerou diversas informações e modelos, inclusi-ve na parte de manejo varietal, como a Matriz de Ambientes, que é uma das tecnologias gera-das nos últimos anos. “A partir desta rede conseguimos identi-ficar e organizar as informações dentro de uma matriz compos-ta por dois fatores, ambiente de produção e época de colheita,

com três níveis cada um. Assim organizamos o fator “ambiente” em ambientes superiores, médios e inferiores, e o fator “época de colheita”, em colheita de início, meio e final de safra, que eu cha-mo de outono, inverno e prima-vera”, disse Landell.

Esta interação entre três níveis de solos ou de ambientes de pro-dução e três épocas de colheita, gerou uma matriz de nove “ca-selas”, causando um impacto na produtividade da cana, na varie-dade, e com isso o IAC passou a interpretar toda a produção de informações desta grande rede para cada um dos materiais em desenvolvimento.

“Nós passamos a gerar uma rese-nha dentro dessa matriz, como se fosse uma bula para utilização de um medicamento. Isso foi conside-rado uma inovação, uma das prin-cipais inovações tecnológicas na área de variedades porque não é só a variedade que está sendo lançada e sim a variedade com a maneira como ela deve ser utilizada. Isso tem produzido resultados muito importantes em empresas que apli-cam este método de uma maneira disciplinada”, explicou o diretor.

Carla Rodrigues

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Durante entrevista exclusiva à Canavieiros, Landell falou tam-bém sobre os mais novos proje-tos do Centro Cana IAC, como o Bioen, que a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) criou para apoiar a área de bionenergia, promovendo a pesquisa em várias universidades, instituições, grupos e também na área industrial.

O projeto Bioen foi responsá-vel pela aquisição de importantes equipamentos dos laboratórios do Centro, pelo núcleo de produção de mudas, a área de infraestrtura, veículos, caminhão-balança, etc. Segundo Landell, este projeto che-gou num momento muito impor-tante para que o IAC se destacasse no setor. Em contrapartida, o Ins-tituto se propôs a tentar desen-volver uma cana com per#l mais bioenergético, fazendo com que promovesse uma série de esforços importantes nos últimos anos.

“Primeiro estudamos a nossa população para ver se havia va-riabilidade entre os genótipos do nosso banco de germoplasma no que se refere a teor de #bra e per#l bioenergético, ou seja, produtivi-dade de biomassa - e chegamos à conclusão que a nossa coleção era muito restrita. Então começamos a fazer várias ações para tentar mon-tar uma coleção mais completa, importando genótipos de coleções americanas e australianas, introdu-zindo no quarentenário IAC. Desta forma, demos início ao projeto de biomassa”, completou.

As canas que fazem parte des-te projeto não são teoricamente uma cana-de-açúcar porque con-tém pouco açúcar, mas possuem muita #bra e biomassa, com pro-dutividades que chegam a 500 to-neladas por hectare. Este material não será moído pelas indústrias que se têm hoje e sim, pela indús-tria do futuro. “Quando tivermos outra indústria anexa que consi-

ga processar esta biomassa e, que a partir do processamento gere novos caminhos como o da pró-pria bioenergia/cogeração ou da produção de bactérias que atuem sobre a produção de etanol de se-gunda geração, aí sim teremos a indústria do futuro, mas se o me-lhoramento não começar agora, quando esta indústria chegar, não teremos esta matéria-prima, fa-zendo com que ela aproveite o que

temos hoje, que é pouco e#ciente em nossa concepção”, explicou Landell.

Sala de cultura em vitro

Luciana Rossini,

pesquisadora do IAC, de

Campinas, da Secretaria de Agricultura e

Abastecimento do Estado de

São Paulo .

Para saber um pouco mais sobre as novidades em inovação que o Instituto apresenta, a Canavieiros conversou com os pesquisadores responsáveis por cada área de atu-ação dentro do instituto.

A pesquisadora do IAC, de Campinas, da Secretaria de agri-cultura e Abastecimento do Esta-do de São Paulo que atua na área de biotecnologia, Luciana Rossini, falou sobre os trabalhos que vêm sendo realizados por ela e pelos pesquisadores desta área, Silva-na Creste e Luciana Souza, para contribuir com o estudo de novas tecnologias disponíveis para favo-recer o setor sucroenergético

Para entender, a biotecnologia é a utilização de organismos vi-vos para a produção de produtos ou de determinadas substâncias de interesse para o homem. Por exemplo, na antiguidade o homem já aplicava a biotecnologia através da utilização de microrganismos para produção do pão e também do vinho. Hoje, a biotecnologia moderna utiliza-se de ferramentas moleculares para o benefício do homem na produção de hormô-nios e vacinas, e também em ter-mos de agricultura no desenvolvi-mento de plantas mais resistentes aos estresses bióticos e abióticos através da transgenia.

A necessidade de ter um labora-tório de biotecnologia no Centro

de Cana já era sentida há mui-tos anos. Porém, efetivamente, o Laboratório de Biotecnologia do Centro de Cana do IAC, surgiu em 2005 após a contratação de novos pesquisadores na área de melho-ramento genético da cana-de-açú-car, dos quais duas, Silvana Creste e Luciana Rossini, apresentavam formação em melhoramento gené-tico com ênfase em Biotecnologia.

As pesquisas na área de bio-tecnologia são desenvolvidas de forma integrada ao Programa de Melhoramento de Cana-de-açúcar do IAC, visando contribuir para o desenvolvimento de cultivares de cana-de-açúcar que atendam as demandas do setor.

O trabalho consiste em desen-volver Projetos de Pesquisa Cien-tí#ca com fomento de agências de

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pesquisa Fapesp e CNPq - Conse-lho Nacional de Desenvolvimento Cientí#co e Tecnológico) focados em temas importantes e de im-pacto para a cultura da cana-de--açúcar, muitos dos quais em par-cerias com as Universidades. Em paralelo com o desenvolvimento da pesquisa cientí#ca, o trabalho desenvolvido pelo IAC dentro da área da biotecnologia abrange também a prestação de serviço ao setor. Atualmente, o laboratório presta serviço de diagnóstico mo-lecular do raquitismo da soqueira, e identi#cação de cultivares pela análise comparativa do per#l mo-lecular (#ngerprinting varietal). Há também a produção de mudas de cana-de-açúcar por cultura de tecidos coordenados pela pesqui-sadora do IAC, Silvana Creste.

De acordo com a pesquisadora Luciana Rossini, os benefícios des-ta ferramenta de tecnologia podem ser voltados tanto para o produtor quanto para a própria cana-de--açúcar. “Estes benefícios podem ser associados ao aumento dos lucros, ganhos em produtividade, já que cultivares mais resistentes a pragas e doenças, por exemplo, di-minuem os custos com defensivos, fungicidas etc. Além disso, o diag-nóstico molecular para detecção de patógenos tem colaborado para o plantio de mudas sadias e dimi-

nuição da disseminação de doen-ças importantes nos canaviais, da mesma forma, que a produção in vitro de cana-de-açúcar (micro-propagação)”, explicou Rossini.

A biotecnologia também pode ser parceira da sustentabilidade, um exemplo disso são os biocom-bustíveis, principalmente, o etanol combustível produzido a partir da cana-de-açúcar, a qual representa uma fonte de energia renovável e de alta sustentabilidade. Outro exem-plo é o desenvolvimento de plan-tas tolerantes a seca, plantas que demandam pouca água para o seu desenvolvimento (uso e#ciente de água), plantas que apresentam re-sistência a pragas e doenças e que, portanto, reduzem ou eliminam a aplicação de defensivos agrícolas, diminuindo o impacto ambiental.

A pesquisadora também explica que o Brasil tem se destacado em termos de biotecnologia em diver-sas áreas de pesquisa, tais como a área médica (desenvolvimento de pesquisas com células tronco), produção de fármacos, na área de biocombustíveis entre outros. Já é considerada a ciência do futuro e vem ganhando cada vez mais importância dentro do país. Em termos do desenvolvimento de pesquisas na área de bioenergia, as Instituições de Pesquisa e Ensino do Estado de São Paulo têm con-tado com apoio #nanceiro da Fa-pesp, através do Programa Bioen (Bioenergy Program) como tam-bém do INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia).

O investimento na formação e capacitação de recursos huma-nos (estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores) também tem aumentado em Cen-tros de Pesquisa de excelência no exterior através de Programas de Capacitação financiados pela Fa-pesp, CNPq e recentemente pelo Programa Ciência sem frontei-ras. Mas, para Luciana, apesar

dos incentivos acima citados, o desenvolvimento de pesquisas na área de biotecnologia ainda tem um custo elevado para os pes-quisadores brasileiros. “A maio-ria dos reagentes e os chamados ‘kits de biologia molecular’, em geral, são importados e repassa-dos a valores bem elevados, o que encarece a pesquisa e contribui para um dos gargalos no desen-volvimento da Biotecnologia no Brasil. A contratação de técnicos para dar suporte ao andamento das pesquisas nas instituições públicas também é um ponto im-portante a ser considerado”, dis-se a pesquisadora.

“O Laboratório de Biotecnologia, surgiu em 2005 após a contratação de novos pesquisadores na área de melhoramento genético da cana-de-açúcar...”

O laboratório presta serviço que trazem benefícios tanto para o produtor quanto para a própria cana-de-açúcar.

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O Centro de Cana do IAC tem vários projetos dentro do Progra-ma Procana, que é coordenado pelo Dr. Marcos Landell. Um des-tes projetos é o Ambicana, coor-denado pelo pesquisador do IAC, Hélio do Prado, que tem como meta quali#car os ambientes de produção de cana-de-açúcar das empresas parceiras.

Os objetivos do Ambicana são: socializar os conhecimentos em classi#cação dos solos e enquadra-mento destes solos nos ambientes de produção para técnicos das em-presas parceiras, permitindo a iden-ti#cação do potencial produtivo dos mesmos para estabelecimento de manejos mais especí#cos. Este pro-jeto é fundamental, por exemplo, para otimizar o manejo varietal.

Para isso, a equipe do projeto Ambicana, solicita a empresa in-

Hélio do Prado, pesquisador

do IAC e coordenador

do projeto Ambicana.

formações de onde variam as pro-dutividades, onde variam as cores de solos e onde variam o teor de argila. Com esta informação, os pesquisadores fazem o treinamen-to intensivo em classi#cação dos solos, coletando amostras de solo na camada arável e principalmen-te abaixo dela porque mostra as condições químicas naturais dos solos. Tal treinamento ocorre nos locais indicados pela empresa, com acompanhamento mensal até que todos técnicos se sintam seguros em fazer este trabalho.

O ambiente de produção original mede o potencial de produtividade na média de cinco cortes conside-rando o manejo básico correto em relação ao preparo do solo, con-trole de ervas daninhas, calagem, adubação, épocas de plantio e de colheita, além das condições cli-

máticas tradicionais da região. Se for feito o manejo avançado com a aplicação de vinhaça, torta de #ltro, adubação verde e irrigação, certamente o ambiente de produ-ção original deslocará para muito mais favorável.

De acordo com Prado, cada vez mais os empresários dependem do conhecimento do clima e dos so-los para ter sucesso em suas ativi-dades econômicas. A importância deste conhecimento é de grande relevância, desde a compra e ar-rendamento de terras, do preparo e conservação do solo, da época do

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plantio e colheita até a alocação de variedades em função dos ambien-tes de produção.

“O que torna estes conhecimen-tos tão importantes é justamente saber antecipadamente quais são as decisões da empresa. Caso esse estudo não seja feito antes, corre--se o risco de comprar ou arren-dar terras que não têm o valor de mercado, de manejar o solo incor-retamente, prejudicando a produ-tividade prevista na tabela IAC de ambientes de produção e de alocar erradamente a variedade de cana--de-açúcar”, explicou o coordena-dor do projeto, Hélio do Prado.

Na região de Ribeirão Preto os solos predominantes classi#cam--se como Latossolos Vermelhos com enorme diferença da condi-ção química natural na profun-didade de 80-100 cm. O manejo centenário de adubação e calagem em quase nada in%uiu nessas con-dições químicas profundas de 80-100 cm que é aquela que regula a longevidade e a queda de produti-vidade a partir do terceiro corte.

“Se nessa profundidade, a ferti-lidade natural é alta, as raízes ex-ploram maior volume de solo, au-mentando o vigor da planta, caso contrário, as raízes #cam mais su-per#ciais com menor disponibili-dade hídrica, ou seja, o ambiente #ca muito mais restritivo. Com relação a mecanização, a pequena declividade da paisagem da nossa região favorece a mecanização”, disse Prado.

Atualmente a principal pesqui-sa continua sendo a disponibili-dade de água no solo com ênfase aos aspectos práticos e não teóri-cos. Em relação a isso, sem nada modi#car na linha de pesquisa, há uma década o projeto Ambica-na do IAC foi reconhecido como o primeiro do Brasil a considerar que a disponibilidade hídrica do solo é muito mais importante do que a fertilidade do solo.

Os cruzamentos de cana geralmente são realizados no Nordeste, onde a condi-ção de temperatura e umi-dade é adequada, mas não são em todos os países que essa condição existe, como por exemplo, na Austrália. Sendo assim, a Câmara de Fotoperíodo começou a ser implantada nestes países com o objetivo de simular a temperatura ideal para que ocorra uma indução arti#cial da cana. Apesar de o Brasil ser um país com solo e clima favoráveis para a indução natural da planta, na re-gião de Ribeirão Preto isto é depen-dente das condições de temperatu-ra e umidade no período indutivo.

Para tanto foi construída uma câmara no Centro de Cana IAC - pioneira no país e instalada em 2010 - para fazer sincronismo de %oração e também para fazer a in-trogressão, ou seja, cruzar cultiva-res que estão no mercado com ma-teriais nobres a #m de aumentar a variabilidade genética. Isso só é possível através da Câmara de Fo-toperíodo que permite controlar a temperatura e o comprimento dia.

O trabalho realizado com uma variedade até ela ser liberada co-mercialmente é muito longo, po-dendo durar até 12 anos. “Este tipo de trabalho tem que ser muito bem feito hoje para que você tenha a chance de selecionar um mate-rial que vá atender as necessidades dos produtores em 2025”, destacou o pesquisador do IAC, de Campi-nas, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e responsável pela Câmara de Fotoperíodo, Maximiliano Sal-les Scarpari.

Em todo caso, hoje o IAC já está olhando esta ferramenta de duas

Maximiliano Salles Scarpari, pesquisador do IAC e responsável pela Câmara de Fotoperíodo

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maneiras – o trabalho de melho-ramento clássico, que é o trabalho visando o açúcar e também com a Câmara, é possível apontar para trabalho que desenvolvam a cana energia, que é uma cana com mais #bra e maior potencial produtivo.

Para o pesquisador, o problema do melhoramento brasileiro está em ser fundamentado na seleção de materiais ricos em açúcar. “Se você tem uma característica que #cou para trás em termos de #bra, tolerância a doença e a seca, esse gene não está mais disponível para a seleção. Então você faz um cru-zamento com um material nobre, você tenta buscar esse gene nova-mente para colocá-lo na bandeja da seleção, aumentando a base ge-nética e sua variabilidade”.

FuncionamentoNa Câmara, o tratamento fotope-

riódico mantém as condições ideais de temperatura e luz para o %ores-cimento da planta. A partir da %or, serão feitos cruzamentos genéticos que resultarão, ao #nal, em novas variedades de cana-de-açúcar. Siste-ma computadorizado controla três suportes que comportam 70 vasos de plantas cada um. Automatica-mente, esses apoios se movimentam para a área externa do prédio onde está instalada a Câmara para expor as plantas ao sol. No instante em que a temperatura passa do programa-do, os suportes são automaticamen-te recolhidos para a área interna, onde a temperatura é ideal.

O ganho de tempo e e#ciência nas pesquisas requer investimen-tos constantes em infraestrutura e recursos humanos. No Centro de Cana do IAC, o próximo passo es-perado pela equipe é a instalação de uma sala de cruzamentos com temperatura e umidade controla-das para a obtenção de sementes de qualidade. Novos projetos se-rão apresentados junto a agências de fomento com essa #nalidade.

A necessidade do desenvolvi-mento de métodos de multiplicação rápida, os quais viabilizem a ado-ção de novas tecnologias varietais associados ao resgate da aplicação dos protocolos de produção de muda sadia, roguing, termoterapia e diagnósticos de doenças motiva-ram a equipe do Programa Cana IAC a desenvolverem o sistema MPB (Mudas Pré-Brotadas). Neste sentido, o método possibilita que novas variedades possam ganhar áreas expressivas num curto espa-ço de tempo. A taxa de multiplica-ção pode chegar a 1:7000 no perío-do de 18 meses. A mudança básica implícita no método é conceitual, ou seja, não mais se utiliza o col-mo semente diretamente no sulco de plantio. De acordo com o pes-quisador do IAC, de Campinas, da Secretaria de Agricultura e Abas-tecimento do Estado de São Paulo, que atua na área de MPB, Mauro Alexandre Xavier, neste sistema a planta é produzida em ambiente controlado num núcleo de produ-ção. Posteriormente é realizado o plantio a campo, o que implica em uma série de desdobramentos e facilitadores do manejo ao longo do ciclo de produção da cana-de--açúcar. “Como exemplo, citamos o melhor aproveitamento espacial (13332 plantas/hectare) e manejo de herbicidas em pré-plantio. O método é simples podendo ser pra-ticado tanto pelo grande, quanto pequeno produtor, o que de certa forma socializa o conhecimento in-distintamente. O mesmo apresenta potencial de redução direto de cus-tos de implantação via maximiza-ção da utilização de mudas, o que pode ser agregado em forma de re-ceita ao produtor”, explicou Xavier

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IAC

Pesquisador do IAC, Mauro

Alexandre Xavier atua na

área de MPB

Os instrumentos de corte devem ser previamente desinfestados com produtos a base de amônia quaternária

Para ilustrar este método, o pes-quisador o subdividiu em diferen-tes estágios:

Estágio 1 – Retirada dos col-

mos, corte e preparo dos mini-

rebolos

Essas etapas deverão ser reali-zadas a partir de viveiros básicos com idade #siológica de seis a dez meses, o que permite maior apro-veitamento das gemas ao longo do colmo. Nesta etapa são utilizados instrumentos de corte tipo “po-dão”, os quais deverão ser previa-mente desinfetados com produtos a base de amônia quaternária. Re-

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de vegetação por um período de 21 dias. Nos primeiros sete dias utili-za-se uma proteção na parte supe-rior da casa de vegetação com tela de sombrite a 50%, a qual no decor-rer da etapa vai sendo retirada. Este procedimento associado à manu-tenção de elevada umidade relativa do ar no ambiente, tem como obje-tivo minimizar os efeitos negativos de altas temperaturas. As lâminas e turnos de irrigação são de#nidos de acordo com o desenvolvimento das plantas. Ao #nal dessa etapa há uma primeira poda foliar realizada com tesouras devidamente desin-fetadas, ou mesmo manualmente. Esse manejo estimula o desenvol-vimento radicular e minimiza as perdas de água.

Estágio 6 – Aclimatação fase 2

A etapa #nal do processo ocor-re em bancadas a pleno sol. Nesta etapa o objetivo principal é adaptar a muda às condições de plantio no campo. Basicamente há um contro-le de irrigação com quatro turnos de rega totalizando 4 mm/dia. O manejo de podas foliares é inten-si#cado, com três podas ao longo de 21 dias. Ao #nal dessa etapa, a muda apresenta-se em condições de ser retirada do tubete, embalada e transportada para o plantio

comenda-se efetuar a despalha em local isolado do núcleo de produ-ção de mudas, evitando o eventual transporte de pragas, atividade, que preferencialmente deverá ser realizada manualmente, o que re-duz danos às gemas. Para o corte e preparação dos minirebolos (gema individualizada), sugere-se a utili-zação de um sistema de guilhotina com lâmina dupla devidamente desinfestado. O espaçamento en-tre as lâminas determina o tama-nho do minirebolo, o que para esse modelo de multiplicação é sugerido 3 cm, viabilizando a uti-lização da gema individualizada no tubete.

Nesta etapa permite-se a reali-zação de uma seleção das melho-res gemas. Essa seleção elimina do processo os minirebolos com sinto-mas de Diatraea saccharalis e even-tuais danos mecânicos das gemas, maximizando etapas posteriores.

Estágio 2 – Tratamento das gemas

O sistema de proteção dos mi-nirebolos é realizado com pro-dutos a base de Azoxistrobina ou Pyraclostrobin a 0,1% na solução. O método utilizado para o con-trole é a imersão em solução por três minutos. Outros tratamentos complementares como, por exem-plo, promotores de enraizamento, poderão ser utilizados com o obje-tivo de ampliar a sanidade e vigor inicial das mudas.

Estágio 3 – Brotação

Esta etapa do processo ocor-re em substrato e para tanto são utilizadas caixas plásticas dimen-sionadas para conter 80 minire-bolos. Os minirebolos deverão ser distribuídos nas caixas cobertos com substrato e mantidos à 32 ºC em câmara ou casa de vegetação climatizada. Nesta fase, o molha-mento deve ser su#ciente para ga-rantir a manutenção do processo de pré-brotação. A duração desse período é variável, sete a dez dias, sendo função da variedade e idade #siológica da gema a ser utilizada.

Estágio 4 – Individualização

ou “repicagem”

A indiviualização ou “repica-gem” ocorre imediatamente após o período de pré-brotação. Nesta fase são utilizados tubetes, supor-tes e substrato. Ao substrato são adicionados fertilizantes com di-ferentes dinâmicas de liberação. Este manejo contribui para o ade-quado desenvolvimento da nova planta. Destaca-se que nesta etapa há um segundo processo de sele-ção, onde as gemas que não brota-ram são descartadas.

Estágio 5 – Aclimatação fase 1

Após a individualização, os tu-betes com gemas brotadas perma-necerão em aclimatação em casa

A duração desse período

é variável, sete a dez dias

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A pesquisadora do IAC, de Cam-pinas, da Secretaria de Agricultu-ra e Abastecimento do Estado de São Paulo e diretora do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento, Leila Luci Dinardo-Miranda, contou à Canavieiros sobre o trabalho que realiza na área de pragas na cultu-ra canavieira.

De acordo com ela, seu trabalho é fundamentado na tentativa de montar um programa de mane-jo integrado das principais pra-gas que atacam a cana-de-açúcar, entre elas a broca da cana, a ci-garrinha das raízes, os besouros  Sphenophorus levis e Migdolus fryanuss. Além de trabalhar com estas pragas, o IAC também atua na área de nematóides, princi-palmente em relação às espécies mais importantes para o Brasil e o mundo, que são Meloidogyne javanica, Meloidogyne incognita, Pratylenchus zeae e Pratylenchus brachyurus.

Para isso, o IAC desenvolve mé-todos de estudos sobre a distribui-ção espacial e temporal destas pra-gas e nematóides a #m de de#nir planos de amostragem. Quando o agricultor tem algum problema com pragas ou nematóides, é ne-cessário fazer um manejo e, con-

sequentemente uma amostragem desta área para saber onde tem a praga e qual é sua população. “Para cada praga e situação o mé-todo de amostragem é diferente”, explicou Dinardo-Miranda.

Outra informação importante é sobre os danos que a praga causa em cada variedade/situação para tentar de#nir quando justi#caria fazer o seu controle. O produtor tem que saber se a população en-contrada vai causar um dano que justi#que economicamente adotar uma medida de controle. “Em en-tomologia, esses parâmetros são conhecidos como nível de dano econômico e nível de  controle, e são especí#cos para cada praga, tipo de solo, variedade, etc.”, expli-cou Dinardo-Miranda.

A outra parte dos trabalhos en-volve a de#nição de e#ciência das medidas de controle, tais como inseticidas químicos e biológicos, rotação de culturas, destruição de soqueiras infestadas, etc. “É im-portante a realização deste traba-lho, pois só com essas informações poderemos informar aos produ-tores quais serão os possíveis mé-todos de controle que ele poderá usar em suas áreas”, justi#cou a pesquisadora.

Ainda na área de pragas, a pes-quisadora do IAC, Luciana Souza, explica que existem vários méto-

dos de intervenção para combater os danos, entre eles o controle bio-lógico e controle químico.

De uma forma geral, a maioria das pessoas opta pelo controle bio-lógico inicialmente porque pro-voca menos impacto ambiental e é mais barato, e só quando a situ-ação está grave é que eles partem para o controle químico. No caso da broca da cana (Diatraea sac-charalis), que é uma mariposa que deposita os ovos na folha da cana, existem alguns inimigos naturais, como as vespinhas tricogama aga-loi e a cotesia #avipes, introduzida no Brasil na década de 70.

Segundo Souza, esta vespinha é multiplicada nos laboratórios onde é feito o cálculo da quanti-dade necessária de vespinhas para realizar o controle do canavial, de

Leila Luci Dinardo-Miranda,

pesquisadora do IAC e diretora

do Núcleo de Pesquisa e

Desenvolvimento

Luciana Souza, pesquisadora

do IAC.

cotesia #avipes depositando seus ovos

na lagarta da broca

Besouros Sphenophorus levis

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acordo com o grau de infestação da broca. “Eles pegam os copinhos com as vespinhas e vão espalhan-do no canavial de acordo com a necessidade. Esta vespa é chamada de parasitóide, então ela encontra a lagarta da broca, deposita nela os seus ovos, eles se desenvolvem dentro dela e acabam matando-a”.

A pesquisadora comenta que uma das coisas que está chamando a atenção dos produtores é que eles estão tendo a impressão de que di-minuiu sua e#ciência, de que an-tes a cotésia (vespinha), conseguia predar mais e voar mais longe.

“Nós levantamos a hipótese de que talvez por ela (cotésia) não ser nativa, a sua diversidade genética esteja baixa, e é aí que meu trabalho entra em ação. Estamos coletando uma série da cotésia da broca em todos os laboratórios para fazer-mos uma série de análises molecu-lares, avaliando a diversidade gené-tica. Dependendo destes valores é que vamos começar a descobrir o que está acontecendo com esta ves-pinha”, explicou Souza.

Uma das hipóteses levantada pela pesquisadora é a diferença da diversidade genética nos laborató-rios, por exemplo, em um labora-tório a diversidade é muito baixa e em outro é mais alta. Desta manei-ra, é possível para os laboratórios trocarem as matrizes entre si para aumentar esta diversidade.

Outro ponto é que elas foram introduzidas uma vez no Brasil na década de 70, sendo assim, é im-portante que esta informação seja passada documentalmente para o governo, a #m de liberar novas im-

portações de matrizes nativas. “É como se fosse o melhoramento ge-nético das vespinhas. Assim como com a cana-de-açúcar, teremos que refazer todo o histórico dela para entendermos a sua diversida-de e aplicar a estratégia ideal para melhorar a sua atuação”.

Matologia

O estudo das plantas daninhas na cultura canavieira é realizado através da matologia. Na cana, assim como em qualquer outra cultura, há a presença de infesta-ção de mato, que podem se tor-nar agressivas, absorvendo mais luz, nutrientes e água do solo, deixando a cultura em desvan-tagem. Por exemplo, na região de Ribeirão Preto é comum en-contrar corda de viola, capim--colonião, capim-braquiarias e capim-carrapichos.

A cana-de-açúcar sofre com esta interferência, e com isso ela vai crescer menos, vai fazer menos fotossíntese e acumulará menos sacarose. Para que isso não ocorra é preciso que o produtor aja com meios e ferramentas que possibili-tem o controle deste mato, ou seja, destas plantas daninhas que estão no meio do canavial.

Existem várias ferramentas que podem ser utilizadas, mas que não são viáveis nos dias de hoje, como arrancar o mato através do traba-lho braçal. Porém, há equipamen-tos que podem ser adaptados aos tratores, mas com alguns efeitos colaterais, como desestabilização do solo, erosão e prejuízo à con-servação do solo.

Segundo o pesquisador do IAC, de Campinas, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que atua na área de matologia do Instituto, Carlos Alberto Mathias Azania, o trator vai controlar muito bem a entrelinha do canavial, mas as plantas que se desenvolveram no

pé da cana-de-açúcar, o imple-mento não tem como tirar, então é necessário algo mais so#sticado e é por isso que as pessoas utilizam-se do herbicida.

Os herbicidas são substâncias químicas que servem para contro-lar o mato, sendo considerado o meio mais e#ciente para esta ativi-dade.  Hoje a área de cana é mui-to vasta no Estado de São Paulo e as unidades não têm tempo hábil para cuidarem deste mato somen-te na época primavera-verão, e sim o ano todo, então por isso que há a necessidade de se usar o herbicida inclusive em períodos de estiagem (outono-inverno).

“A aplicação do herbicida é muito importante, mas às vezes há tam-bém a necessidade de ser usado junto do herbicida, o tratamento mecânico, que seria o trator e seus implementos. Isso é o que chama-mos de manejo integrado de planta daninha, que é quando é usado mais de um método de controle. O herbi-cida é o que ocupa 80% dos casos, mas ele tem que ser também traba-lhado com outras técnicas para ser mais e#caz”, explicou Azania.

Dr. Carlos Alberto Mathias Azania, professor e pesquisador

do IAC, responsável pela área de matologia do Instituto

“...o trabalho com pragas no IAC é fundamentado na tentativa de montar um programa de manejo integrado das principais pragas que atacam a cana-de-açúcar...”

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Atualmente existem muitos her-bicidas disponíveis e cada vez mais, novos produtos são lançados no mercado. Para indicar um herbicida é necessário ter alguns conhecimen-tos, como o tipo de solo, condição climática, as características física e química do herbicida e as principais espécies de mato que infestam aque-le canavial. Somente sabendo estes quatro itens é possível saber qual herbicida usar.

Para conseguir uma molécu-la nova de herbicida não é uma tarefa fácil. São poucas as novas

moléculas no mundo que serão lançadas nos próximos anos.  A molécula mais nova que será lan-çada futuramente é a indazi%an, que agirá na planta inibindo a síntese de celulose. Para o pesqui-sador, mesmo as moléculas que estão registradas hoje são consi-deradas e#cazes. “Em termo de inovação acredito que estamos bem supridos na área da matolo-gia, principalmente para a cultura da cana. O que falta é os produ-tores se conscientizarem mais e utilizar-se do conhecimento das plantas daninhas do canavial, das características físicas e químicas dos produtos, da condição climá-tica e do solo no momento da apli-cação para ele alocar o herbicida correto no local correto”, disse.

Outra questão na matologia que vai trazer uma inovação nos pró-ximos anos bastante grande é a tecnologia dos transgênicos – or-ganismos geneticamente modi#-cados em cana-de-açúcar.

Por exemplo, a cana é uma cul-tura resistente a glifosato e isto não é tão interessante porque o glifosato é uma molécula utilizada exatamente para erradicar a cana quando a produção do canavial diminui e é necessário renová-lo. Então, se a cana for transgênica vai matá-la com o que?

O pesquisador explica que para isto pode-se perder a molécula de glifosato e não ter necessariamen-te outra para suprí-la. Hoje exis-tem equipamentos e tratores que

Área de testes do IAC

podem erradicar a cana-de-açúcar mecanicamente, mas os efeitos co-laterais provocados são grandes devido ao revolvimento do solo. “Solo revolvido quando chega a chuva gera problemas de erosão e de assoreamento de rios e nascen-tes. Com a aplicação do glifosato, este impacto ambiental é menor. Não sou defensor de glifosato, mas eu vejo que cana geneticamente modi#cada para resistência a gli-fosato pode não ser uma opção muito interessante no momento da erradicação”.

Azania diz que a cana geneti-camente modi#cada seria muito interessante, por exemplo, se resis-tente ao produto 2,4D, que pode ser usado durante todo período. Ele é um herbicida hormonal, podendo ser utilizado na cana antes dela for-mar o colmo, depois deste período não pode mais utilizá-lo porque provoca efeitos colaterais muito sérios para o crescimento da cana. Produtos residuais e usados apenas em pré-emergência da cultura tam-bém podem ser interessantes para a tecnologia transgênica. O mes-mo também se aplica a herbicidas como MSMA e paraquat que não são seletivos a cultura.

“Eu vejo com bons olhos a tec-nologia geneticamente modi#cada para cana, para alguns produtos, para outros não. E desta maneira, através de pesquisas e relaciona-mentos com toda a cadeia do setor, nós sabemos que algo está sendo desenvolvido neste sentido nos próximos anos”, comentou o pro-fessor e pesquisador.

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O Programa Cana IAC vem adotando desde o início da déca-da de noventa, um aspecto básico que é a regionalização da seleção para o desenvolvimento de novos cultivares de cana-de-açúcar. No Brasil, tínhamos aproximadamen-te 5 milhões de hectares cultivados com cana-de-açúcar, o Estado de São Paulo tinha aproximadamen-te 3 milhões de hectares com esta cultura. A grande expansão que se deu entre 2003 a 2008 pratica-mente dobrou esta área, ocupando solos de baixa fertilidade e regiões de acentuado dé#cit hídrico, como é o caso do Oeste paulista ou do Centro-Oeste brasileiro.

Portanto, tornou-se ainda mais relevante o desenvolvimento de cul-

Jardim Varietal no IAC - Ribeirão Preto

tivares que contemplem esta ampla diversidade ambiental, e isto se dá estabelecendo estratégias, não ape-nas de seleção local, mas também de eleição de parentais com aptidão regional que através de inúmeras combinações venham a constituir famílias mais adaptadas.

“Hoje as variedades consagradas na região mais tradicional de São Paulo, não necessariamente, tem bom desempenho em Goiás, por exemplo. Nestas outras regiões, um novo grupo varietal tem sur-gido com performance agroindus-trial mais destacada.

Outro aspecto de destaque em nosso programa é o biótipo va-rietal que buscamos, com carac-terísticas mais adaptadas ao con-

Fernanda Clariano

Os programas de melhoramentos da cana-de-açúcar são realizados para desenvolver variedades mais produtivas e com maior tolerância ao estresse hídrico, maior resistência às pragas e doenças e me-lhor adaptação ao plantio e a colheita mecanizada. Os órgãos de pesquisas que desenvolvem estes programas, utilizam conhecimentos das áreas de biotecnologia, ciências do solo, nutrição de plantas,

climatologia, 0siologia, 0topatologia, entomologia, economia e outras.Atualmente, existem quatro programas ativos de melhoramento genético em cana-de-açúcar no Brasil: o IAC

(Instituto Agronômico de Campinas), a Ridesa (Rede Interuniversitária para Desenvolvimento do Setor Sucro-alcooleiro), o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), e a Canavialis.

Coordenador do Programa de Cana IAC e pesquisador cientí+co, Dr. Marcos Landell.

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“destaque em nosso programa

é biótipo varietal que

buscamos, com características

mais adaptadas ao contexto de

mecanização que hoje prevalece

no setor...”

texto de mecanização que hoje prevalece no setor. Para tanto, há mais de uma década, os genóti-pos selecionados pelo IAC, via de regra, tem hábito de crescimento mais ereto, uniformidade biomé-trica dos colmos, boa capacidade de sobreamento ou fechamento das entrelinhas, boa brotação sob palha das socas, boa capacidade de brotação das gemas plantadas mecanicamente, reduzindo riscos de falhas na operação do plantio mecânico, etc”, a#rmou o coorde-nador do Programa de Cana IAC e pesquisador cientí#co, Dr. Mar-cos Landell.

Diante os desa#os os quais o se-tor vem enfrentando como plantio mecanizado, colheita mecanizada, safras cada vez mais longas, plan-tio o ano todo, pragas e doenças, o Programa Cana IAC desenvolveu o conceito da Matriz de Ambientes baseada na ampla rede experimen-tal que possui. Este conceito é bási-co para alocação varietal, mas tam-bém, para estabelecer estratégia de épocas de corte considerando o po-tencial dos ambientes disponíveis para um determinado produtor. A Matriz cria uma escala hierárquica entre os ambientes possíveis, dados pelo potencial do solo somado ao manejo a ele conferido, e pelos três períodos de colheita (outono, inver-no e primavera). Desta forma, são formadas nove caselas de ambiente, o que permite o estabelecimento de estratégias de produção a partir do conhecimento do solo e do manejo a ele conferido. Esse método é de-terminante na Região Centro-Sul, pois considera o dé#cit hídrico da região. Alguns produtores que ado-taram estes conceitos já obtiveram ganhos gerais de mais de 20% sobre a produtividade agroindustrial.

“As variedades IAC são desen-volvidas sob este contexto e desta forma, quando lançadas, temos condições de detalhar a responsi-bilidade de cada uma delas, e gerar

uma “bula varietal” para otimiza-ção da variedade em questão. Esta tecnologia procura mitigar efeitos negativos dos ambientes cada vez mais restritivos para onde a ca-navicultura do Centro-Sul tem se expandido”, disse Landell

Outro conceito lançado pelo IAC é o sistema M.P.B. (Muda Pré-Brotada), um novo sistema de multiplicação de viveiros e áreas comerciais que traz como gran-de vantagem a redução radical da quantidade de muda gasta para plantar um hectare, agiliza o pro-cesso de multiplicação de novas va-riedades, fomentando a inclusão e adoção de novas tecnologias nesta área e promove uma retomada dos cuidados básicos de viveiro, geran-do maior segurança #tossanitária. Como consequência, espera-se que o M.P.B. permita a sobra de aproxi-madamente 15 toneladas de cana/ha em relação ao plantio mecânico, reduzindo para números ín#mos as falhas dos canaviais. Também, permitirá a redução expressiva do custo de transporte de mudas, o que estimulará a distribuição estra-tégica de viveiros satélites conside-rando os mais atuais preceitos de manejo varietal.

Além das inovações como: a Matriz de Ambientes e o M.P.B.,

o Programa Cana IAC desenvolve projetos para a seleção de varie-dades com alta resposta nas áreas irrigadas. Este projeto iniciou-se em 2005 no Oeste da Bahia e hoje tem se expandido para outras re-giões do Brasil.

“Os resultados até o momento, nos permitem uma grande expec-tativa, e imaginamos que a tecno-logia de irrigação somente será ple-namente viabilizada com o uso de variedades mais aptas para grandes respostas. Também, mantemos des-de 2008, um projeto de seleção de cana energia que venha a atender em um futuro próximo a indústria que surgirá incorporando o uso ple-no da matéria prima de hoje. Temos que nos atentar para as inovações que podem aumentar as produtivi-dades agroindustriais, como àquelas relativas ao aproveitamento do exce-dente de bagaço e palha para a pro-dução de energia, biocombustíveis e bioquímicos”, explicou Landell.

Estas futuras variedades de cana energia deverá ter um biotipo mais adequado para atender esta nova indústria que foca a produção de biomassa. No futuro, pode ser que a importância das #bras ganhe tanta relevância que suplante a sa-carose, que hoje é o foco principal da indústria sucroalcooleira.Coordenador do Programa de Cana IAC e

pesquisador cientí+co, Dr. Marcos Landell.