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NOME DA SOLUÇÃO: PrevSustentável DESAFIO: 5 - Reciclagem ODS VINCULADO: ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis RESUMO: O presente projeto objetiva a separação correta dos resíduos sólidos em uma comunidade específica do município de Niterói, tendo esta uma população aproximada de 17.000 habitantes e geração estimada de 17 toneladas/dia. Propõe-se a utilização de equipamentos inovadores no que tange a separação de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, uma vez que o volume diário de resíduos produzidos na comunidade corresponde a 2,8% do gerado em toda a cidade. Para sucesso do projeto, será incluída a comunidade como um todo para questões de educação ambiental e sustentabilidade, estimulando a coleta seletiva e tendo como consequência direta o aumento do volume de resíduos recicláveis, bem como a inclusão socioeconômica pela construção e implantação do galpão de reciclagem para a própria comunidade. 1. INTRODUÇÃO 1.1 Breve descrição sobre o desafio escolhido Os resíduos sólidos têm sido nos últimos anos, um dos principais problemas no que diz respeito a planejamento urbano e gestão pública nas grandes cidades. Atualmente no Brasil, apenas 13% dos resíduos são destinados à reciclagem (IPEA, 2017). No município, segundo a Companhia de Limpeza Urbana de Niterói - CLIN, esse número não passa de 3%. Investir no aumento dos níveis de reciclagem na cidade representa um importante passo rumo ao desenvolvimento sustentável, pois gera impactos nas esferas ambiental, econômica e sustentável. Assim foi escolhido o desafio 5 que trata sobre a ampliação da reciclagem de resíduos sólidos em um aglomerado subnormal, mais especificamente na Comunidade do Preventório. 1.2 Justificativa do desafio escollhido

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NOME DA SOLUÇÃO: PrevSustentável

DESAFIO: 5 - Reciclagem

ODS VINCULADO: ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis

RESUMO: O presente projeto objetiva a separação correta dos resíduos sólidos em uma comunidade específica do município de Niterói, tendo esta uma população aproximada de 17.000 habitantes e geração estimada de 17 toneladas/dia. Propõe-se a utilização de equipamentos inovadores no que tange a separação de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, uma vez que o volume diário de resíduos produzidos na comunidade corresponde a 2,8% do gerado em toda a cidade. Para sucesso do projeto, será incluída a comunidade como um todo para questões de educação ambiental e sustentabilidade, estimulando a coleta seletiva e tendo como consequência direta o aumento do volume de resíduos recicláveis, bem como a inclusão socioeconômica pela construção e implantação do galpão de reciclagem para a própria comunidade.

1. INTRODUÇÃO

1.1 Breve descrição sobre o desafio escolhido

Os resíduos sólidos têm sido nos últimos anos, um dos principais problemas no que diz respeito a planejamento urbano e gestão pública nas grandes cidades. Atualmente no Brasil, apenas 13% dos resíduos são destinados à reciclagem (IPEA, 2017). No município, segundo a Companhia de Limpeza Urbana de Niterói - CLIN, esse número não passa de 3%.

Investir no aumento dos níveis de reciclagem na cidade representa um importante passo rumo ao desenvolvimento sustentável, pois gera impactos nas esferas ambiental, econômica e sustentável. Assim foi escolhido o desafio 5 que trata sobre a ampliação da reciclagem de resíduos sólidos em um aglomerado subnormal, mais especificamente na Comunidade do Preventório.

1.2 Justificativa do desafio escollhido

Localizada no bairro de Charitas, a Comunidade do Preventório compreende uma área de 313.000m², abriga cerca de 17.000 moradores e conta com 1884 moradias.

Devido à configuração urbana do local, com ruas muito estreitas, os caminhões de coleta da CLIN não conseguem atender toda a população, deixando cerca de 1.500 residências sem este serviço. Como consequência, grande parte dos resíduos gerados não possuem a destinação correta, sendo depositados em áreas públicas e terrenos baldios, promovendo o aumento de pragas e vetores, incêndios, poluição visual, problemas com a rede de drenagem, o que afeta diretamente a qualidade de vida da população local no que tange saúde pública, saneamento, resiliência e meio ambiente.

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Previamente, foi realizada uma visita de campo ao local no dia 04/11/2018. Foram analisados dados e indicadores de órgãos do município, assim como registros fotográficos e entrevistas não estruturadas com moradores, os quais indicaram a relevância e o engajamento na melhoria da gestão dos resíduos para comunidade.

É fatídico que os problemas de incêndio no entorno da comunidade também estão relacionados à disposição inadequada de resíduos sólidos, o que atrelado ao solo de pouca profundidade (neossolos litólicos), e capim colonião (vegetação sensível ao déficit hídrico), fazem com que aumente vertiginosamente a probabilidade de ocorrência de incêndios conforme pode ser notado na figura 1. Importante acrescentar que estes incêndios ocorrem no interior do Parque Natural Municipal de Niterói (PARNIT), limítrofe a Comunidade e classificado como Unidade de Proteção Integral pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

A melhoria da gestão dos resíduos na Comunidade além de afetar cerca de 1500 residências, também irá contribuir para diminuição dos problemas de drenagem em Charitas interferindo na balneabilidade da praia, uma vez que durante eventos de chuva intensa esses resíduos dispostos de forma inadequada são levados para galeria de águas pluviais, o que por vezes gera obstrução dos canais e aumento da poluição das águas.

Figura 1: Comunidade do Preventório com indicação dos limites do PARNIT e indicações dos casos de incêndio registrados em 2014.

Segundo Lima (2012) o peso específico dos resíduos gerados em favelas é de 800 kg/m³.

Segundo a Web-Resol (2017) a produção de lixo é de 1kg por habitante dia, levando em consideração que a Comunidade do Preventório apresenta 17.000 habitantes, temos a configuração exposta na tabela 1.

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Comunidade Densidade (hab/m²)

Resíduos gerados

por dia (kg)

Resíduos gerados

por semana

(kg)

Resíduos gerados por mês

(kg)

Volume necessário para

acondicionamento em um dia (m³)

Preventório 0,048 17.000 119.000 510.000 21,25

Tabela 1: Estimativa de geração de resíduos na Comunidade do Preventório.

Em vistoria na área foram encontrados vários pontos com disposição inadequada, conforme figura 2.

Figura 2. Disposição incorreta na Rua Colômbia.

Com base no exposto, destaca-se como problema principal a dificuldade em atender de forma efetiva a comunidade. Portanto é de suma relevância um projeto que envolva ações que melhorem a gestão dos resíduos sólidos e também promovam o engajamento da população nas ações de reciclagem.

Em consonância com o disposto na Política Nacional dos Resíduos Sólidos (Lei Nº 12.305/2010), o presente projeto pode ser dividido em 3 planos de ação: investir na melhoria dos serviços de coleta; fomentar a importância da reciclagem através de ações de educação ambiental; e estruturar espaços de uso público e iniciativas em prol da comunidade

2. DESCRIÇÃO GERAL DA PROPOSTA DE SOLUÇÃO

2.1 Possibilidade de implementação

A coleta dos resíduos gerados na Comunidade do Preventório ocorre diariamente, e em quatro pontos específicos da comunidade. A maior parte dos resíduos geradossão acondicionados em caçambas do tipo dumpster com 3m³ de volume. A figura 3 mostra o caminho percorrido pelos caminhões de coleta e os pontos de confinamento dos resíduos nos coletores principais.

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Figura 3: Atual percurso de coleta na Comunidade do Preventório.

Como pode ser observada na imagem acima, grande parte da comunidade não é atendida por consquência da configuração urbana do local. Dessa forma, foi pensado em realizar uma coleta alternativa através de carretas do tipo fazendinha com dimensões de 2,0 x 1,3 metros acopladas a quadriciclos com tração 4x4 (Figuras 4 e 5). A opção por quadriciclos se deu pelo fato dos mesmos terem se mostrado mais seguros e estáveis que motocicletas, quando assiciados à grandes cargas. De acordo com as estimativas do volume de resíduos gerados e a frequência de coleta, concluiu-se que seriam necessários 3 quadriciclos e 3 carretas.

Figura 4. Modelo quadriciclo 4x4. Figura 5. Modelo carreta fazendinha.

Além de estimular a coleta alternativa, o projeto planeja trocar os coletores presentes na comunidade por coletores herméticos e semienterrados, que seriam utilizados para acondicionar tanto frações orgânicas e recicláveis descartadas diretamente por moradores, bem como os resíduos recolhidos pela coleta alternativa dos quadriciclos. Suas vantagens estão diretamente ligadas à capacidade de armazenamento de resíduos, bem como a coibição de proliferação de insetos, alem de ratos e outros vetores.

Ocupa uma área definitivamente menor e a utilização de dois ou mais contentores possibilita a separação dos resíduos orgânicos dos recicláveis, proporcionando grande economia, uma vez que a coleta pode ser feita com menor frequência. Isso gera economia de combustível e mão de obra, além da redução da emissão de gases tóxicos na atmosfera por parte dos caminhões coletores além de aumentar significantemente o volume de resíduos recicláveis

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da comunidade. Cabe mencionar que cada coletor semienterrado equivale a 40 contentores de 240 litros, e apesar de possuírem alto valor, sua vida-útil pode chegar a até 20 anos.

O volume dos coletores semienterrados varia de 3 a 5m³, e ainda assim não ocupam espaço significativo, tendo em vista que cerca 2/3 de seu volume total permanece enterrado. De acordo com Brito (2002) o corpo do coletor é feito em PEAD e internamente dispõe de dois sacos plásticos. Um deles é feito de PVC e é onde são lançados os resíduos. O outro, feito de polipropileno reforçado, permite a abertura de sua parte inferior, e sua finalidade é servir como suporte para o saco plástico descartável.

Os resíduos são lançados através de uma abertura circular, cuja tampa permite que o coletor seja trancado, evitando a retirada dos resíduos por catadores. A tampa de abertura possui um batente traseiro que obriga o coletor a manter-se permanentemente fechado, evitando a entrada de água de chuva, de vetores e a propagação de odores (BRITO, 2002).

Figura 6: Modelo de contêiner semienterrado / Fonte: BRITO (2002)..

Para o planejamento e operacionalização da coleta de lixo, foi elaborado previamente um roteiro, onde constavam os seguintes passos:

1. Delimitar as áreas a serem atendidas.2. Estimar a população atendida.3. Estimar a geração de resíduos.4. Levantar as características topográficas e as condições de acesso.5. Definir o método de coleta e o tipo de recipiente a ser utilizado para o

acondicionamento do lixo6. Demarcar os pontos de confinamento do lixo.7. Definir a frequência e horário de coleta.8. Estabelecer formas de comunicação com a comunidade com o objetivo

de mobilizá-la para uma efetiva participação no cotidiano da limpeza urbana.

9. Estabelecer padrões e indicadores para controle da qualidade dos serviços prestados.

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Em um segundo momento, foi realizado o dimensionamento da quantidade de resíduos gerados em cada ponto de coleta mostrado anteriormente, a fim de confrontar com a estrutura presente na comunidade (Figuras 8, 9, 10 e 11). Visto que houve um crescimento significativo da população local desde o período em que os coletores foram instalados, concluiu-se que eram insuficientes para atender a demanda atual. Para tal, foram analisados dados como:

● Número de residências em cada sub-região.● Número de pessoas em cada residência. ● Quantidade de resíduos gerados em cada região.● Volume necessário para o acondicionamento dos resíduos em cada

região.

Figura 7: Sub-região 1 Figura 8: Sub-região 2

Figura 9: Sub-região 3 Figura 10: Sub-região 4

A fim de estimar o numero de moradores por região, foi feita a divisãodo número total de moradores da comunidade do Preventório pelo número total de moradias, encontrando o valor de 9 moradores/moradia. Foi encontrado um valor alto que se explica pela grande presença de habitações de dois ou três andares, onde nestas moram mais de uma família (Tabela 2).

Região 1 Região 2 Região 3 Região 4378 residências. 529 residências. 614 residências. 364 residências.3410 moradores. 4772 moradores. 5539 moradores. 3283 moradores.

3410 kg gerados p/ dia.

4772 kg gerados p/ dia.

5539 kg gerados p/ dia.

3283 kg gerados p/ dia.

Tabela 2. Quantitativo de residências, moradores e resíduos gerados por região.

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A partir da estimativa dos resíduos gerados em cada uma das quatro regiões, foi calculado o volume necessário para o acondicionamento em cada ponto. Não foi possível a realização de um estudo gravimétrico dos resíduos gerados na comunidade, sendo assim foram utilizados os dados de um estudo gravimétrico realizado pela Comlurb (1999) na comunidade da rocinha, na cidade do Rio de Janeiro, onde foram encontrados os valores de 65% de resíduos orgânicos e 35% de resíduos recicláveis. Assim encontrando os valores da fração orgânica e reciclável, conforme mostra a tabela 3.

Fração Região 1 Região 2 Região 3 Região 4

Orgânica 2217 kg 3101 kg 3600 kg 2134 kg

Reciclável 1193 kg 1671 kg 1939 kg 1149 kg

Tabela 3. Proporção de resíduos orgânicos e recicláveis.

A partir dessa estimativa foi possível calcular o volume necessário para o acondicionamento das frações orgânica e reciclável nas quatro regiões. Segundo Lima (2012) foi considerado o peso específico da fração orgânica em 270 kg/m³ e da fração reciclável em 200 kg/m³. No processo de acondicionamento dos resíduos dentro do coletor semi enterrado há uma compactação natural dos resíduos orgânicos, devido a altura do coletor, onde estes irão ter seu peso específico dobrado, ficando assim 540 kg/m³. Assim será necessário para o acondicionamento em cada região:

Fração Região 1 Região 2 Região 3 Região 4

Orgânica 4,10 m³ 5,74 m³ 6,66 m³ 4 m³

Reciclável 6 m³ 8,3 m³ 9,7 m³ 5,8 m³

Tabela 4. Volume necessário para acondicionamento de resíduos.

Vale ressaltar que um aspecto relevante percebido nas sub-regiões 2, 3 e 4 foi a quantitade de entulho e restos de obra descartados. Muito pouco explorada, a reciclagem de resíduos de construção civil é uma alternativa ao descarte inadequado destes materiais. Visando abranger também esses resíduos, serão instaladas caçambas metálicas com tampa para a disposição desses materiais em pontos já determinados (Figuea 12).l

A intenção é alterar minimamente a rotina de descarte dos moradores. Investindo em equipamentos mais práticos e modernos, é possível operacionalizar a separação e a coleta de forma realmente efetiva. Com isso, concluiu-se sobre a demanda da comunidade, onde os equipamentos a serem instalados estão demonstrados na Tabela 5.

Região 1 Região 2 Região 3 Região 4

Orgânico 1 Contentor(5 m³)

1 Contentor(5 m³)

2 Contentores (3 m³ e 5m³)

1 Contentor(5 m³)

Reciclável

2 contentores (3 m³ e 5m³)

2 contentores(5 m³)

2 contentores(5 m³)

1 contentor(5 m³)

Entulho - 1 caçamba(5 m³)

1 caçamba(5 m³)

1 caçamba(5 m³)

Tabela 5. Quantidade de equipamentos para cada região.

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Nas partes mais afastadas da comunidade serão alocados contêineres de 240 litros, sendo um verde para resíduos secos (Figura 13) e um marrom para resíduos orgânicos (Figura 14), onde estes serão transportados na carreta e dispostos no contêiner principal (semi enterrado).

Diante da necessidade de ocupar os locais onde antes era depositado lixo, cogitou-se implantar espaços de convivência e uso público com parque infantil e horta comunitária. Entretanto, durante a vistoria fomos informados de que a Comunidade do Preventório já conta com uma horta gerenciada por moradores e que atende parte da população do local. Nesse contexto, o foco seria oferecer maior estrutura para o desenvolvimento dessa importante iniciativa.

O projeto pretende ainda estimular a instalação de uma cooperativa de reciclagem onde serão destinados os resíduos recicláveis gerados na comunidade. A área escolhida para a construção do galpão compreende 329 m² e está explícita na figura 15.

Figura 11: Área onde será construída a cooperatia de reciclagem.

Quando mencionado durante visita ao local, o plano da implementação da cooperativa de recicláveis foi prontamente aceito pelo presidente da Associação de Moradores do Preventório com a justificativa de inclusão social e de engajar ainda mais a população na questão da separação e disposição adequada dos resíduos.

A cooperativa de reciclagem desenvolverá o processo de separação dos materiais e irá colocá-los em latões ou bags. O material separado será prensado, compactando o material em grandes quantidades, e assim ele vendido para empresas recicladoras, que utilizaram esse material em seu ciclo produtivo.

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Um ponto decisivo para o sucesso do projeto são as ações de educação ambiental, principalmente as voltadas para crianças. Essas ações buscam mudar hábitos, transformar a situação da comunidade e proporcionar uma melhor qualidade de vida para que os moradores se sintam responsáveis em conter a poluição urbana, a degradação ambiental e os efeitos das mudanças climáticas.

Através de palestras educativas nas escolas, mutirões na horta da comunidade, visitas ao PARNIT, ações na CLIN, plantio de mudas e distribuição de lixeiras para separação domiciliar, os moradores vivênciam situações que ocorrem a sua volta e enxergam em cada uma delas possibilidade de melhorar as condições ambientais do local onde estão inseridos.

2.2 Participação da sociedade

A imperiosa gestão participativa traz a implantação de importantes princípios de gestão pública intersetoriais associados à participação popular e o compartilhamento do poder. Para que o presente projeto obtenha êxito, é necessário o empoderamento da comunidade no mesmo, participando diretamente do modelo de gestão de resíduos sólidos, seja no processo de separação da fração orgânica e reciclável, na disposição adequada ou na solução de eventuais problemas, da maneira mais satisfatória e pacífica.

Segundo DENIZ (2016) a gestão participativa traz a implantação de importantes princípios de gestão pública, como a participação popular e o compartilhamento de poder. Para que o presente projeto obtenha êxito é necessário o empoderamento da comunidade no mesmo, participando diretamente do modelo de gestão de resíduos sólidos da comunidade, seja no processo de separação da fração orgânica e reciclável, na disposição adequada ou na solução de eventuais problemas, da maneira mais satisfatória e pacífica.

O objetivo é envolver a comunidade em um projeto de reciclagem local, a partir da separação dos resíduos na fonte, disposição adequada nos coletores principais, coleta e destinação da fração reciclável para aalimentar acooperativa, onde nesta, os responsáveis pela triagem, valoração e venda serão moradores dacomunidade. Além do projeto de reciclagem também é proposta a participação dos moradores na manutenção de uma horta comunitária, agregadora do conceito de educação ambiental e economia criativa e solidária.

O presente projeto tem como objetivo principal fomentar a sensação de pertencimento, ou seja, se sentir acolhido e parte do contexto onde está inserido. Ter ciência do seu papel e da importância dele como protagonista de seu próprio meio.

2.3. Arranjo institucional

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Para implementação do projeto haverá articulação entre a Companhia de Limpeza Urbana de Niterói (CLIN), Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade (SMARHS), Associação de Moradores do Preventório e o Colégio Brasil França (CIEP 449). Na tabela 6 são indicadas as atribuições de cada entidade e/ou órgão.

Entidade Órgãos administrativos Atribuições

Prefeitura Municipal de Niterói

(PMN)

Secretaria de Meio Ambiente, Recursos

Hídricos e Sustentabilidade

(SMARHS)

Responsável pelo apoio das atividades de educação ambiental na escola e no

desenvolvimento de hortas urbanas na comunidade.

Companhia de Limpeza Urbana de

Niterói (CLIN)

Responsável pela limpeza urbana e destinação final dos resíduos sólidos

produzidos na comunidade. Instalação e manuseio dos novos coletores, uso dos quadriciclos com caçamba para coleta interna. Apoio nas ações de educação

ambiental.

CIEP 449 Leonel de

Moura Brizola

------------

Será utilizado o espaço da escola para educação ambiental, com conscientização dos alunos, não apenas por palestras, mas

também por atividades na escola e na comunidade que apliquem os saberes

aprendidos. Como o desenvolvimento de hortas e o descarte dos materiais nos

lugares adequados.

Associação de

Moradores------------

Responsável pelo apoio no cultivo e manutenção da horta pela comunidade e

do descarte adequado dos resíduos sólidos.

Tabela 6: Entidade e/ou órgãos envolvidos no projeto.

A prefeitura por meio da CLIN será responsável pela instalação dos novos coletores e consequentemente da coleta dos resíduos sólidos. Para tanto serão utilizados quadriciclos junto à carretas. Serão alocados garis nas áreas próximas aos pontos de coleta seletiva de forma a orientar a população sobre o descarte regular de cada tipo de resíduo.

De forma paralela será realizada palestras pela CLIN e SMARHS no CIEP 449, buscando a conscientização das crianças da comunidade. Há objetivo da CLIN e da SMARHS de criar espaços na escola ou na comunidade onde os alunos possam aplicar os saberes aprendidos.

A Associação de Moradores já cuida de uma pequena horta na comunidade e tem o desejo de expandir. Assim o projeto irá instrumentalizar o aumento dessa prática na comunidade, diminuindo áreas que antes eram depósitos de lixo.

2.4 Localização e Público Alvo

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O projeto será implementado no bairro de Charitas na Comunidade do Preventório. O público alvo atingido, segundo dados do censo do IBGE (2010), de forma direta compreende setores censitários de 0 a 2 salários mínimos, conforme indica a figura 14. No entanto cabe ressaltar que a melhor gestão dos resíduos sólidos na comunidade irá diminuir a obstrução de canais de águas pluviais na área baixa intervindo também nos setores censitários de 10 a 20 salários mínimos.

Figura 12: Setores censitários da Comunidade do Preventório.

Em termos de faixa etária o projeto irá trabalhar tanto com adultos quanto com o público infantil.

2.5 Resultados Potenciais

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Tabela 7: Resultados potenciais e meios de verificação

2.6 Ações inovadoras

Inovação significa criar algo novo; é a exploração com sucesso de novas ideias; um método criado que pouco se parece com padrões anteriores.

Desta forma a aplicação do projeto agregada ao empoderamento  da comunidade local e de melhores soluções que atendam a novos requisitos e necessidades existentes com verticalização da economia e do bem estar social, diga-se saúde, educação, meio ambiente, diretamente ou em efeito domino. 

Destaca-se aqui a aplicação de melhores soluções que atendam a novos requisitos, necessidades inarticuladas e necessidades existentes de

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visões, quanto ao foco da inovação e quanto ao seu impacto, representando avanços nos benefícios percebidos pelo cidadão, com sua fundamental participação que modificam de forma expressiva a realidade local, suas vidas, gerando um modelo até sustentável de negócio. 

Portanto, inovação é um processo criativo, inclusivo e transformador, que promove ruptura paradigmática, mesmo que parcial, impactando positivamente a qualidade de vida e o desenvolvimento humano.

O referido projeto traz o conceito do empoderamento da comunidade efetivamente e, que na sua existência existe são práticas ou relações equânimes de poder, algo que se exerce e se efetua (FOUCAULT, 2005). O pensamento de Foucault é importante para se pensar as relações de poder, uma vez que ele desfaz a ligação direta entre estado e poder, como uma dominação total e concentrada num ponto específico e difundido de maneira idêntica em outros setores da vida em sociedade e procura explicitar os micropoderes, presentes em todas as relações, em diferentes locais dessa rede social. 

2.7 Estimativa de custos e planejamento do financiamento

O projeto em questão se trata de um macroprojeto, onde são implementados microprojetos de forma concomitante. Dessa forma, seus custos podem ser estimados da seguinte maneira:

Tabela 8: Estimativa de custos.

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Tabela 9: Total de custos.

Tabela 10: Total de custos do projeto.

Tabela 11: Contrapartida não financeira.

O financiamento será majoritariamente oriundo de parcerias público-privadas. Além disso, é possível realiza-lo através de financiamentos públicos, recursos financeiros proveniente do Fundo Municipal de Conservação Ambiental (FMCA) e também através do BNDES Fundo Social, onde o BNDES apoia projetos vinculados ao desenvolvimento regional e social nas áreas de serviços urbanos, saúde, educação, desportos, justiça e meio ambiente.

2.8 Principais barreiras e desafios

Sucessivas leituras sobre o tema e as vistorias realizadas no local permitiu a identificação de quatro fatores que interferem na implementação do projeto. São eles:

1) Envolvimento da comunidade escolar. Para Kilpatrick (1974) um dos pilares para o êxito de um projeto seria o princípio da eficácia social, isto é, ele deve ser executado em conjunto da onde deve emergir a boa convivência.

2) Responsável pelo cuidado diário da horta. Pode haver dificuldade para organização do tempo para manejo dos canteiros, controle de pragas e ervas daninhas.

3) A participação da comunidade de forma direta e engajada. É importante que a comunidade minimamente num primeiro momento esteja predisposta a separar o seu lixo, para maior efetividade do projeto.

4) A segurança pública. Caso a comunidade esteja em uma época de confrontos armados isso pode inviabilizar a coleta.

. Referencias bibliográficas:

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BRITO, João Carlos. Coleta de Lixo em Comunidades de Baixa Renda – A Nova Experiência da COMLURB. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 22. , 2002, Rio de Janeiro, IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal,16 p, III-203.

DENIZ, Ana Clara. A Gestão Participativa dos Resíduos Sólidos Urbanos nas Comunidades de Baixa Renda. Rio de Janeiro, 2016. 64 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Ambiental) – Curso de Engenharia Ambiental – Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Fevereiro de 2016.

IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Apenas 13% dos resíduos sólidos urbanos no país vão para a reciclagem. Disponível em: WWW.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=29296. Acesso em 07 de maio de 2019.

LIMA, Mauro Wanderley. Gerente de Projetos de Resíduos Especiais. Companhia Municipal de Limpeza Urbana – COMLURB.

KILPATRICK, W. H. Educação para uma Civilização em Mudança, 12a ed. São Paulo: Melhoramentos, 1974.

WEB RESOL. Manual Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Disponível em: http://www.resol.com.br/cartilha4/residuossolidos/residuossolidos_3.php. Acesso em 28 de abril de 2018.

Apêndices

Cronograma de ações.