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Os 20 anos de parceria entre o Grupo Solví e a Volkswagen
Caminhões no desenvolvimento dos caminhões compactadores
da maiorColeta de resíduo
No Brasil
A história
da
Copyright 2017 by Solví Participações e MAN Latin AmericaTodos os direitos reservados desta publicação à Solví Participações e à MAN Latin America
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SumárioIntroduçãoBreve histórico de limpeza pública e coleta de resíduos
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Capítulo 1SUPERMÁQUINASTecnologia dos caminhões de coleta de resíduos no Brasil está no topo da indústria automobilística mundial
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Capítulo 3PARCEIROS NO AMOR (E NA DOR)A difícil arte do “quebra e conserta” em plena operação solidifica a parceria Solví-Volkswagen Caminhões
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Capítulo 4 MAIOR ADVERSIDADE, MAIOR CRIAÇÃOAs incríveis invenções da Solví e Volkswagen Caminhões no aprimoramento do veículo de limpeza pública
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Capítulo 2PARCERIASolví e Volkswagen Caminhões decidem se unir e iniciam o maior processo de modernização da coleta de resíduos no Brasil
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Capítulo 5 ENGENHARIA COLABORATIVA & PESQUISA E DESENVOLVIMENTOQuando duas empresas assumem o desafio de desenvolver o melhor caminhão de coleta de resíduos do País
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Capítulo 6MODELO LEGALConstellation traz cabine estendida para três garis e é o único no País que atende sem adaptação as exigências regulatórias
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Capítulo 8À FRENTE DE SEU TEMPODuas décadas de aprimoramento contínuo colocaram o caminhão de coleta de resíduo da Solví-Volkswagen Caminhões em um patamar muito além de seus concorrentes
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Capítulo 7DE RESENDE PARA A AMÉRICA DO SUL Caminhões fabricados no estado do Rio de Janeiro são referência na coleta de resíduos em países sul-americanos
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Capítulo 9O FUTUROO que pensam os engenheiros da Solví e Volkswagen Caminhões sobre o futuro dos caminhões de coleta de resíduos no Brasil
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E D I T O R I A L
Muito antes do modelo de organização empresarial do Vale do Silício, nos Estados Unidos, ado-
tado pelas gigantes de tecnologia e startups disruptivas, ser considerado um marco da atualidade
no desenvolvimento corporativo e um exemplo moderno a ser seguido pelas demais companhias
ao redor do planeta, o Grupo Solví e a Volkswagen Caminhões já utilizavam o conceito de atuação
colaborativa dentro de um objetivo comum.
A cultura da colaboração, o compartilhamento de ideias, a mudança de mindset e uma nova
atitude nos negócios – tanto atribuídos ao sucesso das companhias do Vale do Silício – pautaram,
desde sempre, a parceria entre a Solví e a Volks no desenvolvimento do que se tornou a maior ino-
vação do setor de resíduos no Brasil e América do Sul: o caminhão compactador.
Na verdade, há exatamente 20 anos no Brasil, as duas empresas, completamente diferentes, de
nacionalidades e culturas distintas, uniram-se em torno de um objetivo maior do que o próprio veí-
culo de coleta de resíduos. A intenção era transformar definitivamente a forma com que a gestão de
resíduos e a limpeza pública eram feitas no País.
Digno do que se chamaria hoje no Vale do Silício de “cocriação”, o Grupo Solví e a Volkswagen
Caminhões desenvolveram um modelo de engenharia colaborativa pautado na combinação de an-
tigos e novos conhecimentos, de tecnologias, de canais, de redes, de relacionamentos sociais e de
capital para atender uma necessidade expressa e latente. Em 20 anos, reuniram diferentes empresas
e profissionais de perfis e especialidades distintas, fomentando empatia e um profundo entendimen-
to dos desafios individuais e coletivos a favor de contribuir para a evolução do saneamento básico
na América Latina.
O fruto desse trabalho é visto diariamente nas ruas e avenidas das grandes, pequenas e médias cida-
des do Brasil, Peru, Bolívia e Argentina. O atual caminhão compactador de resíduos da Solví/Volkswa-
gen Caminhões tem mudado drasticamente a limpeza pública nos municípios sul-americanos.
A referência que este livro traz é, na realidade, o resultado sustentável que a tecnologia pode
trazer e traz para a sociedade. Ao acompanhar as motivações e os “causos” que marcaram a incor-
poração de novas funcionalidades ao caminhão compactador, o leitor será apresentado, na verdade,
à trajetória de uma parceria de sucesso que impacta o desenvolvimento humano, social, econômico
e institucional das regiões onde atua.
Boa leitura!
Carlos Leal Villa - presidente do Grupo Solví
Roberto Cortes - presidente da MAN Latin America
RESULTADOS SUSTENTÁVEIS
Colaboração de
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil6
Nestes últimos 20 anos, o mundo passou por diversas
transformações. O meio ambiente passou a ter uma pre-
ocupação nunca vista. Claro que, nesta nova visão, tanto
a coleta de resíduos quanto a destinação final passaram a ter uma
nova importância no cenário.
Infelizmente no Brasil “lixo não dá voto” e os investimentos
são de longo prazo, o que muito inviabiliza diversos programas
para se fazer a coisa certa.
Agravado pela crise econômica, o mercado se mostra cada
vez mais competitivo e a busca por produtividade e custos me-
nores deixou de ser uma necessidade e passou a ser uma ques-
tão de sobrevivência.
Sabemos que os investimentos em educação, segurança,
trans porte e grandes obras acabam sendo prioridades, pois o
poder público ainda não entendeu que o serviço de coleta de
resíduos e destinação final é, sim, um problema grave de saúde
pública, uma questão de saneamento básico também. Basta ima-
ginar como seria qualquer cidade sem esse serviço, por pior que
seja sua qualidade.
Nessa busca de sobrevivência, nos últimos anos pudemos ver
a evolução de equipamentos compactadores e chassis na busca
por melhorias de qualidade de serviço e resultados.
P R E FÁ C I O
DE EVOLUÇÃO
Dos antigos veículos de 130 HP Euro II, com caixa compac-
tadora de 10 m3, ou ainda os antigos sistemas de compacta-
dores rotativos e os caminhões “convencionais” (antigos ca-
minhões basculantes), chegamos hoje ao chassi com 260 HP,
caixas compactadoras de 19/21 m3, motor Euro V com baixo
nível de emissões, uso de diesel S 10, troca de óleo de motor
com 700 horas, contra o antigo S 1800 onde se trocava o óleo
com 200 horas.
O diesel então barato passa a ter valor fundamental no plano
de negócios, claro, associado ao meio ambiente não somente
pela questão econômica.
Como sabem, caminhões de transmissão automática, a exem-
plo dos carros leves, não só por uma questão ergonômica junto
aos motoristas, vêm se mostrando extremamente vantajosos, com
excelentes resultados de economia em embreagem, freio, cardan,
diferencial, pneus e outros.
Ao longo dos anos, baixamos a rotação de trabalho de com-
pactação de 1.800 rpm para 1.100. Mesmo com as tomadas de
força multiplicadoras, ganhamos espaço para redução de consu-
mo que ainda é um gargalo nos carros automáticos.
Recentemente, foi desenvolvido um lote de carros de aciona-
mento com câmbios automáticos, num trabalho que durou um
ano de testes com uma nova tomada de força, com lubrificação
no acoplamento e uma bomba hidráulica revolucionária. Tal con-
figuração permitiu manter com os fabricantes de equipamentos
o ciclo operacional de compactação em 20 segundos, com 850
rpm, ou seja, marcha lenta sem a menor perda de produtividade.
Agregado a um sistema de controle de rotação que isola o pe-
dal do acelerador e impede o aumento de rotação, o novo sistema
tem gerado uma economia de até 18% no consumo de diesel.
Os resultados de nível de ruído e de manutenção ainda são
imensuráveis, mas somente no consumo de combustível, o in-
vestimento se paga em poucos meses, sem contar os benefícios
ambientais e a provação da população.
Ainda no campo da produtividade e do controle, algumas
empresas de computador de bordo e telemetria conseguem
medir o consumo real de combustível pelo CAN do caminhão
20 anos
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por trecho, por motorista e por dia. Ao cruzar esses dados com
o velho consumo de bomba, mesmo os sistemas eletrônicos, há
um enorme controle, aniquilando os desvios e o uso indevido
do motor, proporcionando uma nova queda de consumo.
Também está em teste um veículo com a suspensão traseira
100% a ar, ou seja, somente com o uso de bolsas, eliminando-se
os feixes de mola, ponto crítico de nossa operação e manuten-
ção, que apesar das enormes evoluções, ainda são um proble-
ma de durabilidade e de reposição.
Tal sistema traz, além do conforto e baixo investimento,
grandes ganhos de distribuição de carga, já que distribui me-
lhor o peso com o terceiro eixo baixado, economia de pneus,
ganho de carga e a possibilidade de regulagem de altura da
traseira, o que facilita em muito as operações com contêineres
de 1,2 m3 metálicos ou de 1,0 m3 plásticos, aumentando a se-
gurança e a produtividade.
Contudo, a maior vantagem do projeto é que, via computa-
dor de bordo e com um avançado sistema de leitura, é possível
ter de forma on-line o peso da carga transportada, que é moni-
torado pelo motorista e pela central de operações. Isso permite
controlar tanto o subpeso quanto o sobrepeso permitindo uma
otimização nunca vista.
Tal configuração não tira a linha de apoio do equipamen-
to sobre a longarina dos chassis comparada com os sistemas
convencionais existentes, que podem gerar trincas de longarina
pela concentração de peso e tensão, com perda de garantia de
chassis em alguns casos e problemas de fixação do equipamen-
to, sem contar os outros benefícios agregados que o novo sis-
tema permite.
A durabilidade das bolsas é estimada em mais de três anos,
com muita facilidade de manutenção quando comparados com
os feixes de mola convencionais, com um único cuidado com
a rígida manutenção do sistema de ar com os drenos diários.
Com a diminuição do balanço traseiro dos equipamentos, pra-
ticamente se encosta a tampa traseira no pneu, otimizando ao
máximo a distribuição de carga, eliminando assim o velho pro-
blema da sobrecarga traseira que já foi seriamente tratada todos
esses anos. Tal projeto tem mais de 7 anos de estudo.
Ainda na busca de ganho de produtividade, estão em tes-
te um caminhão 4x2 e outro 6x2 com suspensões Smart Ale.
Este sistema permite um ganho de carga real de até 3 tonela-
das, sem causar arraste de pneus, pois é autodirecional. Alia-
dos aos outros sistemas com um equipamento de 21 m3 em
alguns casos específicos, o ganho poderá ser de até uma via-
gem por dia.
Outros projetos como utilização do biogás de aterro e ca-
minhões híbridos ainda estão muito distantes de uma realidade
brasileira, face a falta de incentivo governamental e de interes-
se no tema. As tecnologias existentes de purificação, armaze-
namento e abastecimento e de controle de nível de emissões
ainda são muito caras, mas alguns projetos em andamento se
mostram viáveis.
Não sei ao certo o que o futuro nos reserva em termos de
tecnologia, de novas legislações trabalhistas e de novas normas
regulamentadoras de coleta, como a NR 37 em tramitação.
A única certeza que tenho é de que não podemos nos inti-
midar com a falta de interesse do poder público e do mercado,
pois prestamos um serviço de fundamental importância para a
população e o planeta, e devemos ter o devido reconhecimento
com uma remuneração justa.
Luiz Lopes – Gerente de Suprimentos e Equipamentos do
Grupo Solví
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil8
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Cidades litorâneas e o desafi o do lixo Período de ocupação portuguesa da faixa litorânea brasileira, com a criação de núcleos urbanos portuários. As cidades estavam ligadas às atividades econômicas que se desenvolviam dentro da organização espacial na forma de arquipélago. As cidades do litoral tinham quase sempre difi culdades para enterrar os dejetos e o lixo nas próprias residências ou em suas imediações. Eram regiões, não raro pantanosas e excessivamente úmidas, com o lençol freático muito alto, o que impedia aquela prática.
Início da compostagem primitiva
Sabe-se ainda que havia a utilização de dejetos humanos e excrementos animais como adubos. Há relatos de fazendeiros que preparavam estrumes com toda espécie de materiais (animal, vegetal, resíduos da preparação do café, cascas de feijões, etc).
Pré-história
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nquanto viveram como nômades, os povos da antiguidade
não tiveram de lidar com problemas relacionados à canaliza-
ção de água, instalação de rede de esgoto e remoção de re-
síduos. Entretanto, na Roma Antiga, fundada em 753 A.C., o cidadão
já contava com serviço de esgoto e tinha a melhor rede de estradas
da época, mas não dispunha de nenhum serviço de limpeza públi-
ca. Nesse período, os romanos costumavam atirar os resíduos do-
miciliares em qualquer lugar e, já naquele tempo, os governantes
colocavam placas com as inscrições “não jogue lixo aqui”.
Aos poucos, as grandes cidades que emergiam no mundo co-
meçavam a desenvolver seus próprios sistemas de limpeza públi-
ca. Em Londres do século XIII, foi publicado um edital que exigia
que o resíduo deveria ser removido da frente das casas uma vez
por semana. Embora várias leis zelassem pelo recolhimento do
resíduo, o método mais comum na época era a população jogá-
-lo nos rios. No século XIV, os londrinos foram instruídos a guar-
dar o resíduo dentro de suas residências até ser levado pelo co-
letor. Quase nessa mesma época, Paris, que fi cou conhecida
como a cidade mais suja da Europa entre 1506 e 1608, já vivia
uma onda de campanhas na área de limpeza pública.
O problema parisiense só começou a ser superado a partir
de 1919, quando cerca de 300 veículos entraram em circulação
na cidade para fazer a coleta. O uso obrigatório da lata de resí-
duo, instituído pelo prefeito Poubelle, levou os franceses a ado-
tarem o nome “poubelle” para as cestas coletoras.
No Brasil de 1760, atirava-se resíduo por todas as partes na ci-
dade do Rio de Janeiro, que chegava aos 30 mil habitantes. Os
residentes próximos ao mar o jogavam na praia e os moradores
vizinhos o despejavam nas lagoas, pântanos ou rios. E assim cres-
ceu o Rio, num quadro sanitário e de higiene que prenunciava uma
crise. A manter-se a defasagem entre o ritmo de crescimento da
população, da cidade e da melhoria de sua condição higiênico-sa-
Os primeiros depósitos de lixo
Presença notada e estudada de Sambaqui, que são caracterizados basicamente por serem uma elevação de forma arredondada que, em algumas regiões do Brasil, chega a ter mais de 30 metros de altura. São construídos basicamente com restos faunísticos como conchas, ossos de peixe e mamíferos. Ocorrem também frutos e sementes, sendo que determinadas áreas dos sítios foram espaços dedicados ao ritual funerário e lá foram sepultados homens, mulheres e crianças de diferentes idades. Contam igualmente com inúmeros artefatos de pedra e de osso, marcas de estacas e manchas de fogueira, que compõem uma intrincada estratigrafi a.
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nitária, o século XIX iria assistir trágicas consequências desta crise.
A primeira postura da Câmara Municipal do Rio de Janeiro,
referente à limpeza data de 1830, e curiosamente versava sobre
“limpeza e desempachamento* das ruas e praças; providências
contra a divagação de loucos, embriagados e animais ferozes e
os que podiam incomodar o público”.
Com o processo irrefreável da urbanização no Brasil e no
mundo, os cidadãos passaram a ser conhecidos, em parte, pela
quantidade de resíduo que produziam. O resíduo passava a ser um
termômetro da produção e do consumo da cidade, assim como
possibilitava perceber a cidade, a partir de categorias gráfi cas. A
quantidade de resíduo produzida por uma pessoa tornava-se índi-
ce revelador de seus hábitos cotidianos. Ao mesmo tempo, esse
tipo de prática começaria a permitir que se calculasse o preço do
Desafi o do transporte de lixo Notícias de viajantes e documentos disponíveis mostram que o padrão higiênico das cidades brasileiras nos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX deixava muito a desejar. E o transporte do lixo das casas e dos dejetos de seus ocupantes e animais era feito por escravos, chamados de “tigres” ou cabungos em vasilhames de madeira ou barro, que não só eram inadequados a esse tipo de transporte, como ocasionavam constantes e lamentáveis acidentes.
Regulamentações para o lixo
Em meados do século XIX, inicia-se a busca por melhorarias e ordenação dessa prática. Horários para os “tigres”, locais determinados de despejo, barris fechados e carroças para o seu recolhimento. A Câmara Municipal também procurou agir, estabelecendo posturas referentes à limpeza da cidade, buscando disciplinar a difícil situação. Em 1854 a responsabilidade da limpeza da cidade passou para o governo imperial sem apresentar, contudo, maior sucesso.
Sistema de esgoto Um fator marcante na limpeza urbana do Rio de Janeiro foi a implantação de um sistema de esgoto na cidade, em 1864, pela companhia inglesa The Rio de Janeiro City Improvementes Company Limited –, pelo menos em parte da cidade. Isto possibilitou uma especialização na limpeza urbana, voltada propriamente para o lixo.
Surgimento dos “garis” A efetivação dos serviços de limpeza, ora pela contratação de empresas particulares, ora com a organização de serviços públicos, esbarrava em inúmeros entraves técnicos, administrativos, fi nanceiros e de costumes da população. Em 11/10/1876 contratou-se a companhia de Aleixo Gary, que foi um marco importante para a limpeza urbana do Rio de Janeiro. Daí a designação até hoje de “gari” para alguns empregados da limpeza urbana.
cidade, buscando disciplinar a difícil situação. Em 1854 a responsabilidade da limpeza da cidade passou para o governo imperial sem apresentar, contudo, maior sucesso.
*Desempachamento: termo usado na época para desobstrução.
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resíduo. Assim, o resíduo passava a ser também postulado como
um problema que requeria solução técnica. Uma das grandes
transformações na administração de uma cidade foi o surgimen-
to de uma nova sensibilidade em relação aos resíduos. E, dessa
maneira, a coleta e destinação final de resíduos de forma adequa-
da passaram do universo público para o universo privado, envol-
vendo novos ofícios, objetos, vereadores, médicos e engenheiros
sanitaristas, assim como a produção de um discurso procurando
cada vez estabelecer normas e leis a serem seguidas por todos.
No início do século passado, o resíduo das grandes cidades
brasileiras era carregado por mulas. Os caminhões, modelos es-
peciais movidos a gás produzido pela queima de carvão, só co-
meçaram a ser usados na década de 1930. Em São Paulo, as mu-
las ficavam onde hoje é o Parque do Ibirapuera. Eram bem trata-
das e tinham uma equipe de veterinários à disposição. Mulas e
caminhões conviveram juntos até 1968. Na década de 1920, a
Queima do lixo
Iniciou-se, no Rio de Janeiro, em 1895 a construção de um forno para queima de lixo em Manguinhos. A experiência fracassou. Em 1907 foi retomado o tema da incineração, uma constante até a década de 60.
Na década de 1970 foi implantada a Usina de Irajá, e, em 1992, a do Caju. Disseminadas pelo país, essas usinas não constituíram experiências bem sucedidas como em outros países.
A coleta seletiva foi implantada no Brasil a partir de 1985, inicialmente no bairro de São Francisco, Niterói. Foi uma iniciativa do Centro Comunitário de São Francisco (associação de moradores) e da Universidade Federal Fluminense. Em 1988, Curitiba se torna a primeira cidade a ter o sistema.
Medição de impactos ambientais
Inicia-se a urbanização na fase de industrialização e formação do mercado nacional, com intensificação de presença de multinacionais no pós-guerra. O êxodo rural, iniciado no Brasil na década de 1950, provocou um inchamento das cidades, causando desafios de infraestrutura e saneamento básico.
Surgem então as primeiras tentativas de aplicação de metodologias para avaliação de impactos ambientais, decorrentes de exigências de órgãos financeiros internacionais para aprovação de empréstimos a projetos governamentais de infraestrutura.
Política Nacional do Meio Ambiente
Em 1981, o governo brasileiro sanciona a Lei nº 6.938 que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente e cria o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, contemplando fundamentos para a proteção ambiental no país e instituindo, dentre outros instrumentos, o “Licenciamento Ambiental”.
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administração pública organizava um desfile na Avenida Paulista,
que na época abrigava grandes casarões, para mostrar à popula-
ção todo o seu equipamento de limpeza urbana. Dos resíduos
jogados no chão, chegaram-se às papeleiras. Das mulas que pu-
xavam carroça, aos modernos caminhões compactadores*, aos
sistemas de coleta lateral, às lixeiras subterrâneas e à toda a sorte
de equipamentos de limpeza pública. E, no atual quadro de de-
senvolvimento urbano e econômico, com milhões de toneladas
de resíduo produzidas diariamente nas grandes cidades, as figuras
do gari de uniforme laranja e vassoura na mão e do caminhão de
coleta tornaram-se populares e icônicas na vida do cidadão.
A obra a seguir relata os 20 anos de parceria do Grupo Solví
e da Volkswagen Caminhões no desenvolvimento e aprimora-
Política Nacional de Saneamento Básico
Em 2007, o Brasil estabelece a Política Nacional de Saneamento Básico e as diretrizes nacionais para esta área. A regulamentação versa sobre todos os setores do saneamento básico (drenagem urbana, abastecimento de água, esgotamento sanitário e resíduos sólidos) e traz importantes contribuições para o setor de resíduos.
O desafio para a eliminação dos lixões
A Política Nacional de Resíduos Sólidos cria metas importantes no sentido de promover a eliminação dos lixões e institui instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual, microrregional, intermunicipal e metropolitano e municipal; além de impor que os particulares elaborem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
Também coloca o Brasil em patamar de igualdade aos principais países desenvolvidos no que concerne ao marco legal e inova com a inclusão de catadoras e catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis, tanto na Logística Reversa quando na Coleta Seletiva.
Política Nacional de Resíduos Sólidos
Em 2010, surge a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que traz instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao País no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos.
Prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).
Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e embalagens pré-consumo e pós-consumo.
* Caminhões compactadores: veículos de coleta de resíduos com
sistema de compactação de resíduo na caçamba.
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mento dos veículos de coleta de resíduos. Reúne algumas histó-
rias da relação entre as duas empresas no processo de cocria-
ção do que é considerado hoje um dos principais avanços tec-
nológicos na engenharia ambiental do setor de resíduos no
Brasil e na América do Sul.
O Grupo SolvíO Grupo Solví é formado por empresas que atuam nos seg-
mentos de Resíduos Públicos, Soluções Industriais, Saneamento,
Valorização Energética e Engenharia. Oferece soluções para a vida
em engenharia ambiental, a partir da prestação de serviços diferen-
ciados, altamente efi cientes e inovadores, capazes de permitir a
coexistência harmoniosa entre o meio ambiente e a sociedade.
Todas as empresas do Grupo Solví funcionam, na prática, como
uma Unidade de Valorização Sustentável (UVS), alicerçada em qua-
tro pilares fundamentais: ambiental, econômico, institucional e so-
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Quatro décadas de engenharia ambiental
Embora o Grupo Solví exista há cerca de uma década, algumas de suas empresas que lhe deram origem – como a Vega – carregam consigo mais de 45 anos de experiência no mercado de soluções de engenharia e meio ambiente. Tradição que refl ete diretamente na trajetória de negócios da holding.
Desenvolvimento do caminhão de resíduos
Em 1993, quando o Brasil cria a Lei nº 8.666 de Licitação e Contratos, tem início as negociações entre a então Vega e a Volkswagen Caminhões para o desenvolvimento do caminhão de resíduos que revolucionaria a limpeza pública no Brasil.
Internacionalização das operações
Já em 2000, quando é sancionada a Lei Complementar 101 de Responsabilidade Fiscal, com impacto direto na gestão municipal e na limpeza pública, a Vega leva todo o seu know-how de gestão de resíduos no País e expande as operações para a América do Sul com contrato inicial de coleta de resíduos em Lima, Peru.
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cial. Para fazer jus ao nosso próprio Modelo de Empresariamento
Solví (MES), cujo mote central é prover “Soluções para a Vida”, os
empreendimentos atendem não somente as metas financeiras,
mas sobretudo as necessidades do cidadão.
Cada operação na Solví é cal cada em diretrizes como preser-
vação ambiental, saúde e segurança, desenvolvimento hu mano,
tributos gerados ao poder público, reciclagem e reutilização de
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Gestão de resíduos na maior cidade da América do Sul
Quando a Lei nº 11.079, que estabelece a Parceria Público- -Privada, surge no Brasil, em 2004, a cidade de São Paulo passa a ser atendida pela Loga no contrato de limpeza pública e, nessa mesma época, a Volkswagen Caminhões torna-se fornecedora exclusiva para todos contratos de coleta de resíduos que a Vega possuía nos municípios brasileiros.
Coleta de resíduos fica ainda mais sustentável
Em 2014, encerrou no Brasil o prazo dado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos para encerramento dos lixões. Neste ano, a coleta de resíduos passa a ser mais sustentável, com caminhões com tecnologia de redução de emissão de partículas, além da ampliação da capacidade de coleta em locais de difícil acesso com o desenvolvimento de veículos sob medida para este trabalho.
Unidades de Valorização de Resíduos
Hoje, todas as empresas do Grupo Solví funcionam, na prática, como uma Unidade de Valorização Sustentável (UVS), alicerçada em quatro pilares fundamentais: ambiental, econômico, institucional e social.
Cada operação é calcada em diretrizes como preservação ambiental, saúde e segurança, desenvolvimento humano, tributos gerados ao poder público, reciclagem e reutilização de materiais, empregos diretos e indiretos, fortalecimento do setor produtivo e distribuição de renda, entre outros.
O Grupo possui atualmente cerca de 20 mil colaboradores engajados para o desenvolvimento da sociedade e a preservação do meio ambiente, e suas empresas estão espalhadas em mais de 130 cidades, em quatro países da América Latina.
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil14
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materiais, empregos diretos e indiretos, fortalecimento do setor
produtivo e distribuição de renda, entre outros.
O Grupo possui atualmente cerca de 20 mil colaboradores en-
gajados para o desenvolvimento da sociedade e a preservação do
meio ambiente, e suas empresas estão espalhadas em mais de
130 cidades, em quatro países da América Latina.
A MAN Latin AmericaFabricante dos veículos comerciais Volkswagen Caminhões
e MAN, a MAN Latin America é a maior montadora de cami-
nhões da América Latina e a segunda maior em ônibus. Em
2015, a empresa assegurou a liderança de vendas de caminhões
no Brasil pelo 13º ano consecutivo.
Desde 1981, quando iniciou suas operações, chegar ao topo
do mercado, respeitando e satisfazendo as necessidades dos
clientes, sempre foi o foco da montadora. E é exatamente isso
que a MAN Latin America oferece a seus clientes: produtos sob
medida e um excelente serviço de pós-vendas. A produção já
ultrapassou o marco de 800 mil veículos, com mais de 100 mil
unidades exportadas para mais de 30 países. A empresa também
é referência em inovações tecnológicas e, desde 2003, conduz
estudos com combustíveis renováveis e alternativos, mesmo
antes de obrigações legais.
A MAN Latin America é pioneira na utilização de biodiesel e
no desenvolvimento no Brasil de caminhão dotado com siste-
ma híbrido diesel-hidráulico. A empresa busca sempre solu-
ções que reduzam o impacto ambiental e ajudem a preservar o
meio ambiente.
Há 35 anos, a montadora mantém seu compromisso de de-
senvolver veículos que superem as exigências dos clientes –
onde quer que eles rodem, seja pelas estradas brasileiras, latino-
-americanas ou africanas.
Capítulo 1Foco na limpeza urbana
Desde 1981, quando iniciou suas operações, chegar ao topo do mercado, respeitando e satisfazendo as necessidades dos clientes, sempre foi o foco da Volkswagen/MAN no Brasil no segmento de ônibus e caminhões, incluindo veículos de coleta de resíduos.
Combustíveis renováveis
A produção total já ultrapassou o marco de 800 mil veículos, com mais de 100 mil unidades exportadas para mais de 30 países. A empresa também é referência em inovações tecnológicas e, desde 2003, conduz estudos com combustíveis renováveis e alternativos, mesmo antes de obrigações legais.
A montadora é pioneira na utilização de biodiesel e no desenvolvimento no Brasil de caminhão dotado com sistema híbrido diesel--hidráulico. A empresa busca sempre soluções que reduzam o impacto ambiental e ajudem a preservar o meio ambiente.
Há 35 anos, a montadora mantém seu compromisso de desenvolver veículos que superem as exigências dos clientes – onde quer que eles rodem, seja pelas estradas brasileiras, latino-americanas ou africanas.Tr
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Capítulo 1Tecnologias dos caminhões de resíduos no Brasil
estão no topo da indústria automobilística mundial
SUPERMÁQUINAS
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil16
Eles são robustos na estrutura e flexíveis para rodar em qual-
quer tipo de terreno. Eles são compactos, mas possuem
extrema capacidade de armazenamento de carga. São
altamente potentes, mas possuem baixo nível de ruído e de
emissões de poluentes. Não são modelos esportivos, mas contam
com tecnologia de última geração. Podem ser movidos a gás
natural veicular e um dia serão movidos por motores elétricos ou
até mesmo a biogás oriundos de aterros sanitários. Todos os dias,
eles passam na porta de residências e comércios, mas poucos
percebem a sua presença. E se, por alguma razão, eles não com-
parecem, imediatamente a sua ausência é sentida.
Mais do que um veículo de limpeza pública, os atuais cami-
nhões de coleta de resíduos no Brasil, sobretudo os desenvolvi-
dos pela Volkswagen Caminhões e Ônibus em parceria com o
Grupo Solví, são máquinas extraordinárias em termos de tecnolo-
gia e desempenho, de dar inveja a qualquer outro segmento da
indústria de transporte e automobilismo.
O caminhão de resíduos possui hoje um complexo sistema de
telemetria, que monitora em tempo real todo o desempenho do
veículo, seja em termos de consumo de combustível, de quanti-
dade de resíduos transportados, da pressão do peso imposta ao
chassi e de desgaste de pneus e freio, entre outras.
O sistema de telemetria gera relatórios diários e on-line de
desempenho e aponta possíveis falhas no veículo. O computa-
dor de bordo dos caminhões é conectado à central de opera-
ções do Grupo Solví e oferece aos técnicos as informações ne-
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Transmissão automática: mais conforto e segurança para os motoristas
GNV: contribuindo para a qualidade do ar do cidadão
cessárias para ajustes, reparos, melhorias e incrementos, as quais
são repassadas à Volkswagen Caminhões e implementadas na
linha de montagem.
As duas empresas já estudam, para um futuro próximo, um
projeto de integrar o conceito de internet das coisas* nos cami-
nhões, para torná-lo autônomo em todos os sentidos, para fazer
sozinho a coleta de resíduos domiciliares, o diagnóstico mecâni-
co e até emitir pedidos de reposição e manutenção, tudo de for-
ma automatizada e conectada.
Já há, porém, em funcionamento em algumas cidades brasi-
leiras caminhões que fazem a chamada “coleta lateral”. O veículo
estaciona ao lado de um contentor de resíduos especialmente
adaptado e, com um braço mecânico robotizado, re colhe o reci-
piente e descarrega o resíduo no compactador. Estudos prelimi-
nares mostram uma redução significativa do tempo de coleta
com o uso desse sistema.
Na verdade, o projeto do caminhão de resíduo da Volks tem
se tornado cada vez mais um veículo sustentável. Uma das gran-
des inovações nessa área é o uso de gás natural veicular (GNV).
O uso do GNV nos caminhões de resíduo já resultou em redu-
ção de 95% das emissões de material particulado*, de 70% de
óxido de nitrogênio (NOx) e de 20% de gás carbônico (CO₂). O
motorista do veículo também é favorecido com maior con forto e
menos ruído. A próxima geração de caminhões deve vir com o
sistema de abastecimento elétrico.
Nesta área, a Solví e a Volkswagen Caminhões já estudam o
uso do gás metano de aterro como combustível para sua frota.
A ideia é criar um motor capaz de funcionar com o biogás oriun-
do da decomposição de resíduos, utilizando o mesmo conceito
já consagrado das usinas termelétricas em operação nos aterros
sanitários do Brasil.
Já na parte mecânica dos caminhões, um dos avanços é a
transmissão automática, sistema utilizado em 100% da frota das
empresas do Grupo Solví. O câmbio automático deu ao motoris-
ta não só um item de conforto, mas sobretudo de segurança no
trabalho de coleta de resíduos. O fato de não precisar mudar de
marcha, tornou o trajeto mais seguro e manteve a atenção do
* Internet das coisas: conceito tecnológico em que todos os objetos da vida
cotidiana estariam conectados à internet, agindo de modo inteligente e sensorial.
* Material particulado: resíduo da queima de combustíveis fósseis de alta toxicidade.
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil18
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motorista exclusivamente na operação de coleta. Atualmente, es-
ses caminhões ultramodernos fazem parte do dia a dia da coleta
de resíduos de cerca de 250 municípios brasileiros, além de im-
portantes cidades do Peru e Bolívia. Todos os anos, retiram da
frente de residências e comércios brasileiros aproximadamente
4,5 bilhões de toneladas de resíduos e as levam para os locais es-
pecífi cos de tratamento e valorização de resíduos. O veículo único
criado pela Solví e Volkswagen Caminhões tornou-se um case in-
ternacional na área de coleta de resíduos. Os caminhões fabrica-
dos no Brasil são exportados para vários países da América do Sul.
Hoje, há um número cada vez maior de especialistas e autoridades
públicas estrangeiras que procuram a Solví e a Volkswagen Cami-
nhões para estudar o projeto de engenharia desenvolvido no País.
Mas nada disso seria possível se não fosse o trabalho incessan-
te e incansável das mentes brilhantes dos engenheiros da Solví e da
Volkswagen Caminhões, que ao longo de 20 anos, desenvolveram
e aprimoraram essas supermáquinas da limpeza pública no Brasil.
Capítulo 2O processo de urbanização no Brasil e na América do
Sul, iniciado na década de 70, e o crescimento
desordenado das cidades exigiram das empresas um alto
grau de inovação para atender a crescente produção de
resíduos da população urbana. Com décadas de
desenvolvimento e engenharia do caminhão de coleta,
o atual modelo compactador é muito diferente de seus
predecessores e tornou a limpeza pública mais efi ciente
e sustentável nos municípios. É capaz de coletar uma
quantidade infi nitamente maior – e em menor tempo
– do que há alguns anos. Gasta menos combustível, é
mais seguro para o motorista e aos agentes de coleta,
e atende um número bem maior de cidadãos.
O legado dain� ação
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Capítulo 2Solví e Volkswagen Caminhões decidem se unir e iniciam o maior
processo de modernização da coleta de resíduos no Brasil
PARCERIA
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil20
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Quando o diretor da então Autolatina, Flávio Padovan,
foi à Vega, em meados de 1993, para convencer alguns
executivos à fazer uma visita à fabrica de caminhões da
então Volkswagen Caminhões Autolatina, em São Bernardo do
Campo, mal sabia que a conversa selaria uma parceria empre-
sarial que mudaria para sempre o sistema de coleta de resíduos
nas cidades brasileiras.
O encontro aconteceu em uma pequena sala de um prédio
no centro de São Paulo onde ficava a sede da Vega na épo-
ca. Estava presente, além de Padovan, Carlos Tadayuki, Diretor
Técnico da Vega.
Nesta época, o trabalho de coleta de resíduos da Vega era feito
por caminhões de uma outra montadora, cuja parceria remontava
desde 1972. Mas a visita dos executivos da Vega à fábrica em
São Bernardo do Campo fez com que a empresa rediscutisse a
posição e os benefícios dos fornecedores de caminhões. Assim,
inicia-se uma espécie de “namoro” entre a Vega e a Volkswagen
Caminhões. Nessa época, a montadora alemã separava-se da
Autolatina. Foi então que a Volkswagen Caminhões abriu uma
frente específica de atuação e centrou esforços no desenvol-
vimento de caminhões de coleta de resíduos, justamente para
diversificar seus produtos e focar em mercados de nicho.
Em 1998 houve uma grande reunião ainda na fábrica de
automóveis em São Bernardo, agora com a inclusão do enge-
nheiro Luiz Fernando Lopes e de outros gerentes de unidade da
antiga Vega Engenharia.
Para consolidar-se também no segmento de coleta de resí-
duos, a primeira medida tomada pela Volkswagen Caminhões
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foi simples, direta e altamente eficaz: ouvir o cliente, no caso, a
Vega. “O que vocês precisam? Ajudem-nos a produzir o melhor
caminhão para vocês”. Essa foi a principal postura da Volks nos
primeiros momentos da parceria com a Vega, cuja mentalidade
perdura até os dias de hoje.
A determinação da Volkswagen Caminhões para entregar o
caminhão que atendesse todas as especificações e necessida-
des da Vega era tamanha, que o desenvolvimento do veículo na
fábrica foi batizado de “Projeto Vega”.
Assim começava de fato a parceria no desenvolvimento con-
junto do caminhão, onde foram feitas as primeiras adaptações
em carros com mais de três anos de uso. A fábrica da Volkswa-
gen Caminhões no Brasil, ao contrário do restante do mercado
de fabricantes de caminhões, transformou a flexibilidade de en-
genharia externa (no caso, as especificações da Vega) no fator
crítico de sucesso no desenvolvimento do caminhão.
Na verdade, no caso da escolha do melhor fornecedor de ca-
minhão, não se tratava de ser uma engenharia superior ou inferior
entre os concorrentes, mas sim da postura e disposição em as-
sumir efetivamente uma parceria dentro de um modelo de enge-
nharia colaborativa. E, nesse aspecto, a inteligência da Volkswagen
Caminhões em ouvir a Vega fez toda a diferença do mundo.
Um dos exemplos mais significativos desta postura colabo-
rativa da Volks começou com a troca do fornecedor de embrea-
gem do caminhão. No começo da parceria, Lopes e um ge rente
regional da Vega em Ponta Grossa, no Paraná, tomaram a decisão
de trocar a embreagem original de fábrica de um dos caminhões
que a empresa utilizava na época.
Por considerar um sistema com baixa eficiência, esse gerente
da Vega trocou a embreagem original por um equipamento que
julgava mais adequado, acoplado agora com servo embreagem.
Depois de alguns testes de campo na própria sede da Vega em
São Paulo, constatou-se que a embreagem – trocada lá em Ponta
Grossa – trazia maior eficiência ao caminhão na coleta de resíduos.
Quando os engenheiros do Volks receberam os resultados, de
imediato o fornecedor de embreagem foi trocado para toda a li-
nha de montagem. E mais: a montadora fez um recall gratuito em
toda a frota antiga e trocou o sistema de embreagem pelo forne-
cedor sugerido pela Vega. A troca da embreagem foi um avanço
nas operações de coleta de resíduos nas várias cidades atendidas
pela Vega.
120 caminhões adquiridos, para atuar na coleta de resíduos da cidade do Rio de Janeiro
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Em 1998, a Vega fez a primeira compra de um grande lote
de caminhões da Volks – todos devidamente modificados
de acordo com as especificações e necessidades apontadas
pela Vega, com a tecnologia disponível na época. Ao todo,
foram 120 caminhões adquiridos, para atuar na coleta de re-
síduos da cidade do Rio de Janeiro.
Essa grande compra é, na verdade, um marco na parce-
ria comercial entre a as duas empresas, pois ainda naquela
época, a Vega utilizava parte da frota de outro fornecedor e
fazia testes comparativos entre os caminhões.
Conforme a Volks incluía as sugestões da Vega em seus
caminhões, o modelo da montadora alemã tornava-se cada
vez melhor, mais adequado, com o melhor custo-benefício
e muito superior em relação aos concorrentes.
Em 2004, quando surge a Loga, para atender o contrato
de concessão da limpeza pública na cidade de São Paulo,
a Volkswagen Caminhões torna-se fornecedora exclusiva
para todos contratos de coleta de resíduos que a Vega pos-
suía nos municípios brasileiros. Na ocasião, foram adquiri-
dos cerca de 200 caminhões.
Durante as negociações desta encomenda, a Volkswa-
gen Caminhões tomou uma decisão arrojada para ganhar a
concorrência e se consolidar como fornecedora exclusiva.
Além de criar o sistema de engenharia colaborativa, a mon-
tadora alemã ofereceu um novo sistema de garantia. E assim
o negócio foi concluído e a parceria entre as duas empresas
se mantém ativa até os dias atuais, agora entre a MAN Latin
America e o Grupo Solví.
O legado dacocriaçãoHá poucos casos na história do mundo
dos negócios em que duas empresas distintas, de cultura e nacionalidade completamente diferentes, desenvolvem uma parceria de fato, bem sucedida e em prol de uma causa maior do que os próprios negócios em si. A união entre a Solví e a Volkswagen Caminhões tornou realidade um anseio da população e dos próprios governantes: promover a gestão de resíduos urbanos de forma ampla, segura e sustentável. O atual caminhão de resíduos não é só o fruto do modelo de parceria empresarial, mas representa, na verdade, o símbolo maior da limpeza urbana e proteção ambiental nas cidades brasileiras.
Capítulo 3
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Capítulo 3A difícil arte do “quebra e conserta” em plena
operação solidifi ca a parceria Solví-Volkswagen Caminhões
PARCEIROS NO AMOR (E NA DOR)
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil24
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A tender as exigências da Solví, tanto em termos contra-
tuais quanto de engenharia, sempre foi um desafio para
a Volks. Isso sem falar que, para o fabricante de cami-
nhões, o mercado de limpeza pública e coleta de resíduos é
bem inferior se comparado com o de transporte de carga, por
exemplo. Ou seja, mesmo sendo um mercado com menor vo-
lume de movimentação financeira em relação a outros merca-
dos, a Volkswagen Caminhões sempre apostou neste setor e
no sucesso da parceria com a Solví.
E a decisão foi acertada. Hoje, a Volkswagen Caminhões é
líder absoluta no mercado de caminhões de coleta de resíduos,
respondendo por mais de 80% de todo o segmento no Brasil. E
quase a totalidade da frota das empresas do Grupo Solví são pro-
venientes da montadora alemã.
Entretanto, como a coleta de resíduos no Brasil é uma obri-
gação do município, depender de contratos públicos é sempre
um desafio e, por vezes, coloca os players em situações de ex-
trema superação, seja as empresas concessionárias ou seja os
próprios fornecedores de produtos e serviços.
Em 2004, quando os cerca de 200 caminhões da Volkswa-
gen Caminhões entraram na linha de montagem, por conta de
encomendas da então Vega para atender, entre outros, o con-
trato de limpeza pública vencido pela Loga na cidade de São
Pau lo, as empresas foram informadas de que havia uma liminar
que cancelava a concorrência pública na capital paulista na-
quele momento.
A notícia do cancelamento chegou quando um executivo
da Vega, Luiz Lopes, estava na própria fábrica da Volkswagen
Caminhões acertando os detalhes da programação de entrega
do pedido. Nesse momento, Lopes faz uma ligação de urgência
a outro executivo da Vega, Carlos Tadayuki, para acertar um
novo cronograma de fabricação e entrega.
Para não interferir muito no planejamento fabril da Volkswa-
gen Caminhões – que, diga-se de passagem, havia colocado o
pedido da Vega como prioritário na linha de montagem, a solu-
ção encontrada foi separar as datas entre os caminhões que
iriam atender a outros municípios e aqueles que atenderiam a
cidade de São Paulo.
Mesmo assim, a Volkswagen Caminhões manteve seu cro-
nograma inicial para os caminhões de outros municípios e ga-
nhou tempo para finalizar os veículos de São Paulo. No final das
contas, duas semanas depois, a concorrência pública na capital
paulista foi mantida e os produtos foram entregues dentro dos
prazos realinhados.
Assim, com 60 dias de atraso – por conta dos contratem-
pos, a Volkswagen Caminhões entrega a primeira frota para a
capital paulista. Quando os veículos entram em operação, logo
constatou-se um problema no diferencial*. Surge, nesse epi-
sódio, um personagem marcante em toda a trajetória dos 20
anos da parceria entre a Solví e a MAN: a Dibracam, concessio-
nária da Volkswagen Caminhões, localizada em Santo André,
na Grande São Paulo, de propriedade na época e até hoje de
Heitor Tosi Neto.
Na verdade, Heitor revela-se, naquele momento, como um
*Diferencial: conjunto mecânico de engrenagens que tem funções distintas e de extrema importância para a estabilidade e segurança dos caminhões, entre elas transmitir a potência do motor para as rodas de tração.
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grande embaixador da Vega e das demais empresas do setor
na Volkswagen Caminhões. Era ele que sempre levava em pri-
meiro plano as reivindicações da Vega para a área de engenha-
ria da Volkswagen Caminhões. Uma das grandes conquistas da
parceria, o suporte pós-venda, foi defendido, sugerido e im-
plantado por Heitor. Desde 2004, a Volkswagen Caminhões
tem esse serviço ativo para os caminhões adquiridos pelas em-
presas da Solví.
Entretanto, problemas no diferencial do caminhão eram re-
correntes. Depois de inúmeros testes em campo, foi descober-
to um problema de projeto no diferencial que já comprometia
a frota e toda operação. O diferencial soltava todos os parafu-
sos da coroa, por conta do torque muito alto do motor em re-
lação ao sistema de transmissão.
A solução para o problema veio dos próprios mecânicos
da Vega, com a criação do sistema chamado “grover”, uma
Quando o cidadão coloca o saco de lixo na
porta de casa ou nas lixeiras de condomínio, o
trabalho, para ele, acabou. Mas é nesse momento
que se inicia uma complexa operação logística e
ambiental de limpeza urbana e gestão de resíduos.
E não pode haver falhas. Afinal, acúmulo de lixo
nas ruas pode resultar em enchentes e em
aumento nos casos de doenças. Não é à toa que a
Solví e a Volkswagen Caminhões estão em
constante acompanhamento e aprimoramento do
caminhão, justamente para garantir eficiência e
pontualidade na coleta e atender as necessidades
da população.
O legado daqualidade
espécie de cisalhamento* feito nas pontas de eixo que prote-
gia o diferencial durante os trancos que o caminhão fazia
quando saia em primeira marcha. Claro que foi uma solução
temporária, pois a partir dos relatórios da Vega, a Volks trocou
todos os diferenciais dos caminhões de coleta de resíduos
em uma verdadeira operação de guerra. Com o passar do
tempo, a qualidade do equipamento e dos materiais ficou
melhor, até o surgimento do modelo de 250 HP, com um sis-
tema de diferencial mais robusto e eficiente e inquebrável
além do câmbio automático.
Hoje, os caminhões usam um sistema de diferencial ainda
maior e mais reforçado. E o problema com esse equipamento
foi totalmente superado e tornou-se meramente coisa do pas-
sado nas operações de coleta de resíduos da Solví em todo o
território sul-americano.
*Cisalhamento: espécie de corte proposital.
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Capítulo 4As incríveis invenções da Solví e Volkswagen Caminhões no
aprimoramento do veículo de limpeza pública
MAIOR ADVERSIDADE, MAIOR CRIAÇÃO
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A cidade de Ponta Grossa (PR) é atualmente o núcleo de
uma das regiões mais populosas do Paraná, denominada
Campos Gerais do Paraná, que tem uma população de
mais de 1,1 milhão de habitantes (IBGE/2014) e o maior parque
industrial do interior do estado paranaense. A cidade, também
conhecida como “Princesa dos Campos” e “Capital Cívica do
Paraná”, é a 4a mais populosa do Paraná e a 76ª do Brasil.
O grande desenvolvimento econômico de Ponta Grossa
está intrinsecamente ligado à geração de resíduos urbanos, o
que, por si só, torna-se um grande desafio para as empresas de
limpeza pública. Some-se a isso o fato de a cidade possuir to-
pografia irregular, o que aumenta exponencialmente o grau de
exigência no trabalho de coleta e transporte de resíduo.
Fato é que o relevo íngreme da cidade é um fator crítico
quando se estabelece os programas de logística e operação dos
caminhões de resíduos. Não por outro motivo, em meados de
2010, um gerente de Ponta Grossa de uma das empresas da
Solví que atuava na região, ligou para a sede do Grupo em São
Paulo, a fim de relatar um grave problema nos caminhões.
Na ocasião, a frota que operava em Ponta Grossa apresentou
invariavelmente um problema no diferencial e no eixo traseiro, jus-
tamente pelos constantes trancos que os veículos sofriam durante
o trajeto com o “para e anda” nas subidas e descidas do município.
Imediatamente, os engenheiros da Volkswagen Caminhões
foram à Ponta Grossa para uma visita técnica, a fim de desco-
brir a origem do problema e as formas para solucionar o caso.
Inicialmente, os técnicos da Volkswagen Caminhões testaram
a durabilidade do eixo traseiro, deixando-o quebrar em várias
partes e consertando à medida em que dava problema. Foi, na
verdade, uma solução paliativa do problema e a questão ainda es-
Capítulo 4MAIOR ADVERSIDADE,
MAIOR CRIAÇÃO
M A I O R A D V E R S I D A D E , M A I O R C R I A Ç Ã O
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil28
M A I O R A D V E R S I D A D E , M A I O R C R I A Ç Ã O
tava em aberto para os engenheiros da Volkswagen Caminhões.
Como não havia maneira de alterar trajetos para minimizar os
trancos, eles tiveram de criar uma solução adicional no projeto do
caminhão. E assim nasceu o famoso manetim, um freio de mão
auxiliar para suavizar o veículo nos momentos de subida e descida.
Esse sistema tornou-se item de fábrica e está em operação
até os dias hoje em todo o território brasileiro, configurando-
-se em uma das grandes evoluções no projeto de engenha-
ria dos caminhões de coleta de resíduos no Brasil. O manetim
garantiu aos motoristas da Solví um sistema altamente seguro
para as operações de coleta de resíduo, independentemente
do tipo de terreno a ser percorrido. Entretanto, talvez a maior
transformação no caminhão de resíduos tenha sido a implan-
tação do câmbio automático, um projeto que demonstra cla-
ramente a sinergia entre a Solví e a Volkswagen Caminhões.
Em 1998, quando parte da frota da Vega já era de cami-
nhões Volkswagen Caminhões, os executivos da montadora
alemã decidiram entrar de vez no mercado brasileiro de veí-
culos automáticos para coleta e transporte de resíduos. Tem-
pos depois, a Volkswagen Caminhões estabeleceu uma par-
ceria com a Alisson Transmission, especializada em sistemas
de câmbio automático, e ofereceu à Vega adaptar toda a frota
com a caixa automática a preço compatível.
Quando a caixa automática entra nos caminhões Volkswa-
gen Caminhões – que já eram referência em termos de durabi-
lidade, segurança, conforto e eficiência, surge então o veículo
que traz o estado da arte para coleta e transporte de resíduos
no Brasil. A operação torna-se mais segura e eficiente. O mo-
torista não precisava mais se preocupar em trocar de marcha
e podia se concentrar naquilo que realmente importa neste
trabalho: o sucesso da operação logística, além de eliminar
os problemas de cardan, embreagem, diferencial, consumo
de diesel, ruído e etc. Hoje os caminhões Volkswagen Cami-
nhões com caixa automática são líderes de mercado e estão
presentes em todas as operações do Grupo Solví pelo Brasil e
América do Sul.
Uma operação de coleta e transporte
de resíduos urbanos envolve, sobretudo,
a proteção à saúde e ao meio ambiente.
Uma cidade limpa é sinônimo de
desenvolvimento, tanto em termos culturais
quanto de segurança e sustentabilidade.
A constante evolução do caminhão de
resíduos traz em seu conceito principal
o atendimento pleno das demandas
municipais, seja da população, do poder
público, do setor privado ou seja dos
próprios profissionais da limpeza urbana.
O legado dasegurança
Capítulo 5ENGENHARIA
COLABORATIVA
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Capítulo 5&
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
ENGENHARIA COLABORATIVA
Quando duas empresas assumem o desafi o de desenvolver
o melhor caminhão de coleta de resíduos do País
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil30
E N G E N H A R I A C O L A B O R AT I V A & P E S Q U I S A E D E S E N V O LV I M E N T O
De um lado da mesa, a Volkswagen Caminhões e Ônibus,
montadora alemã, e, de outro, a Vega, brasileira do Gru-
po Solví, que atua com limpeza pública. O ano era 1997
e as duas companhias decidiram criar juntas o melhor veículo
para a época de coleta e transporte de resíduos públicos. Assim,
nasceu o 16.170 BT, o primeiro veículo da parceria para atender
as necessidades específi cas do segmento de limpeza pública.
O caminhão era um avanço para a época, pois possuía to-
mada de força sem eixo cardan, escapamento vertical, chicote
elétrico para cargas adicionais, feixe de mola curta, embreagem
servo-assistida* e banco em vinil, entre outras melhorias.
Nos vinte anos que se seguiram, o caminhão de coleta de
resíduos passou por centenas de modifi cações no projeto ori-
ginal em termos de conforto do motorista e da equipe de garis,
de itens de alta durabilidade, de sistemas de baixo consumo de
combustível e baixo nível de ruído e de toda a engenharia, até
culminar no Centopeia e no Constellation 17.280, com os mais
modernos equipamentos de alta efi ciência.
Desde a carroça puxada por animais do século passado até o
moderno caminhão compactador de resíduos, a limpeza pública
nunca viu tamanha evolução tecnológica com os atuais veículos
de coleta de resíduos que circulam pelos municípios brasileiros.
Em particular, há três novos modelos em circulação na cida-
de de São Paulo. Um deles é o caminhão movido à Gás Natural
Os principais marcos na evolução do caminhão de coleta de resíduos
Linha do tempoLançamento do 16.170 BT, primeiro veículo para atender às necessidades específi cas do segmento de limpeza pública. Tomada de força sem cardan; Escapamento vertical; Chicote elétrico para cargas adicionais; Feixe de mola curta; Embreagem servo-assistida; Banco em vinil.
Primeiro Contrato de Manutenção: Contrato entre Dibracam e Solví, com acompanhamento da engenharia da Volkswagen Caminhões; Preço fi xo por km rodado; Atendimento 365 dias por ano e 24 horas por dia.
1997Lançamento do 16.200 – Melhorias à distribuição de carga Confi guração do 3º eixo pneumático do tipo pusher (eixo trativo posterior);
Adequado para o segmento de coleta;
Possui entre-eixos específi cos para as versões 4x2 (15 m³) e 6x2 (19 m³).
1998Lançamento do 17.210 Série 2000 Nova geração de caminhão para aplicação de compactadores de resíduos sólidos com mais detalhes específi cos.
2001Lançamento do 17.180 e do 17.220 Novos modelos para o segmento de compactadores com foco em redução de combustível, menor nível de ruído e potências específi cas.
2002Lançamento do 17-250 Aprimorando a linha de 2002, com o surgimento do modelo para o segmento de compactadores de resíduos sólidos.
2005
específi cos para as versões 4x2 (15 m³) e 6x2 (19 m³).
*Embreagem servo-assistida: embreagem com sistemas hidráulicos e pneumáticos que reduz o esforço do motorista para seu acionamento.
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Veicular (GNV). Em aproximadamente seis meses de operação,
a empresa registrou redução de cerca de 95% das emissões de
material particulado, 70% de óxido de nitrogênio (NOx) e 20% de
gás carbônico (CO₂). O motorista do veículo também é favore-
cido com maior conforto.
A nova motorização do caminhão GNV traz ainda importan-
te redução nos níveis de emissão sonora e mantém as mesmas
características de performance, durabilidade e confi abilidade em
comparação ao movido à diesel. A Solví já estuda novos incre-
mentos, o que inclui o uso do gás metano de aterro como com-
bustível para sua frota. Outra inovação empregada pela Loga é o
Caminhão Centopeia 850 rpm, e 260 cv. O veículo ganhou um
quarto eixo para melhorar a distribuição de carga e aumento do
Lançamento do Vocacional Compactor - Uma referência no mercado de coleta de resíduos Relação de redução simples; Válvula concept para prolongar a vida útil do sistema de freio; Compressor de ar com maior capacidade.
2009Transmissão Automática no Constellation 17-250 Mais confi abilidade com transmissão automática da Allison; Conforto e mais produtividade para o motorista; Segurança, pois requer menos habilidade e treinamento do motorista; Redução do custo operacional com mais produtividade Aumento da vida útil dos componentes do trem de força; Maior disponibilidade do veículo.
Banco para três passageiros na cabine do Constellation Maior segurança na coleta de resíduos com a acomodação dos três ajudantes dentro da cabine.
Coletor Lateral no Constellation 17-250 Atender às novas necessidades do segmento de coleta de resíduos
2011
Aumento da vida útil dos componentes do trem de força; Maior disponibilidade do veículo.
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil32
peso bruto transportado, o que garantiu a redução de quilome-
tragem na coleta.
Com a repotencialização do motor de 280 cv para 260 cv,
a empresa registrou signifi cativa diminuição do consumo de
combustível, o que prolonga a vida útil da embreagem, suspen-
são e pneus. O veículo conta também com tecnologia de uma
nova bomba hidráulica e de uma nova tomada de força original
de fábrica, sistema que diminuiu a rotação do motor para 850
rpm em regime de compactação de 22 segundos, garantindo
uma economia média de consumo de diesel de 18% em relação
aos modelos antigos, para as condições da cidade de São Paulo.
O caminhão com suspensão traseira pneumática total é
também outra inovação da Loga em circulação na capital pau-
lista. O novo sistema elimina os feixes de mola e melhora a per-
1997 2015Utilização do GNV no Constellation 17.280 100% de gás natural com redução de poluentes.
95% das emissões de material particulado;
70% de óxido de nitrogênio (NOx); 20% de gás carbônico (CO
2);
Produtividade equivalente ao diesel; Economia de 26,5% por km.
2014Lançamento do Delivery 10.160 Veículo sob medida para a coleta em locais com acesso restrito, com caixa compactadora de 6 m³.
Sistema híbrido no Constellation 17.280 Tecnologia híbrida de combustível, com menor nível de emissão de carbono; Motor D08 de 280 cv e 1.050 Nm; Motor hidráulico de 180 cv; Maior economia de combustível; Recuperação de energia proveniente das frenagens; Tecnologia similar à aplicada na Fórmula 1.
2012Modelos diferenciados - Alteração da legislação Euro 5 Aprimoramento da linha Compactor com o Constellation 17.280 4x2 e 6x2; Constellation 17.190 e Worker 17.190.
2016Suspensão Traseira Pneumática e “Centopeia”
Economia de 26,5% por km.
Recuperação de energia proveniente
carbono; Motor D08 de 280 cv e 1.050 Nm; Motor hidráulico de 180 cv; Maior economia de combustível; Recuperação de energia proveniente das frenagens; Tecnologia similar à aplicada na Fórmula 1.
formance do veículo. Um computador de bordo instalado no
painel conta com sistema de pesagem on-line que fornece in-
formações ao motorista e à Central de Controle.
Nesses casos, as parcerias com os fornecedores têm sido
essenciais para o desenvolvimento de novas tecnologias na
área de coleta de resíduos no Brasil. Uma das metas estabele-
cidas pela Volkswagen Caminhões e pela Solví é transformar os
caminhões em veículos movidos a biogás de aterro. As empre-
sas e os fornecedores já trabalham dentro dessa perspectiva.
Atualmente, os caminhões desenvolvidos pela Volkswagen
Caminhões e Solví estão presentes em todo o território brasi-
leiro e fazem a coleta e transporte de resíduos de cerca de 250
municípios, além de rodar também em cidades da Argentina,
Bolívia e Peru.
Capítulo 6MODELO LEGAL
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Capítulo 6Constellation traz cabine estendida para três garis e é o único
no País que atende sem adaptação as exigências regulatórias
MODELO LEGAL
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil34
M O D E L O L E G A L
A inauguração da fábrica Volkswagen Caminhões e Ôni-
bus na cidade de Resende, no Rio de Janeiro, foi certa-
mente um dos grandes marcos não só para o mercado
de caminhões no Brasil, mas também da parceria com o Grupo
Solví no desenvolvimento dos veículos de coleta de resíduos.
É de lá que saíram, e ainda saem, todos os caminhões de
resíduos utilizados pelas empresas da Solví no território brasileiro
e no exterior. De lá, são feitas as melhorias nos veículos e onde a
engenharia trabalha em harmonia com os técnicos da Solví para
os incrementos tecnológicos e o lançamento de novos modelos.
A parceria com a Solví sempre foi tão consistente que o pró-
prio presidente da Volkswagen Caminhões, Antônio Roberto
Cortes, participa dos processos e das reuniões técnicas e comer-
ciais, como o en contro de 1998.
Na verdade, essa foi a primeira de incontáveis viagens que o
pessoal da Solví fez e ainda faz à Resende. Sempre que há uma
nova ideia, uma nova demanda regulatória, uma nova necessi-
dade ou, sobretudo, uma nova constatação de melhoria, já que
a própria coleta de resíduos nas cidades brasileiras também é
um grande campo de teste para os caminhões, os engenheiros
da Solví vão à Resende para discutir os casos e encontrar as
melhores soluções.
Em uma dessas viagens, o pessoal da Solví pôde conhecer em
primeira mão o protótipo do banco de três garis no modelo
Constellation, considerado um avanço importante para a época.
Entretanto, o lançamento da cabine com três lugares é, na
verdade, o desdobramento de um episódio que acontece al-
guns anos antes, visto que os órgãos de trânsito e reguladores
do trabalho tinham restrições quanto ao transporte de três garis
dentro das antigas cabines comuns dos caminhões. O argu-
mento naquela época era, na verdade, de que havia um grande
desconforto entre os garis que ficavam na cabine, já que não
havia espaço adequado para três pessoas, mais o motorista.
Quando houve a ação, os executivos da Solví imediatamen-
te solicitaram às montadoras um documento que mostrasse
algum projeto de cabine estendida, onde caberiam três garis
sentados. Embora a recomendação fosse justa, evidentemente
nenhuma montadora possuía, naquele momento, tal projeto e
nem tampouco um veículo com tais características em circula-
ção ou disponível no mercado.
Quando o Constellation foi apresentado algum tempo de-
pois, a cabine já atendia a essa recomendação. E a Volkswagen
Caminhões foi a primeira e a única até hoje a oferecer um ca-
minhão de coleta de resíduos com esse item original de fábrica,
que comporta três garis sentados e o motorista, sem a necessi-
dade de adaptação.
O banco para três passageiros na cabine do Constellation
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M O D E L O L E G A L
foi apenas o início de uma trajetória evolutiva do modelo. Em
2011, foi integrado o sistema de coleta lateral no Constellation
17-250, justamente para atender às novas necessidades do
segmento de limpeza pública no Brasil.
Em 2014, a Volkswagen Caminhões lança o Constellation
17.280 com tecnologia híbrida de combustível, com menor ní-
vel de emissão de carbono. E, em 2015, o modelo torna-se
100% movido à gás natural, com redução de 95% de poluentes
e produtividade equivalente ao diesel, além de uma economia
de 26,5% por quilômetro rodado.
Entretanto, a cabine para três passageiros é lembrada até
hoje como um dos maiores avanços no veículo de coleta de
resíduos no Brasil e a Volkswagen Caminhões é a única nos
dias atuais a ter um modelo homologado no Renavam com
esta característica.
O sucesso de uma operação de
limpeza pública, seja em uma grande
metrópole ou num pequeno município
satélite, depende, em grande medida,
da atuação do agente ambiental, dos
profissionais que atuam na ponta do
processo, como os motoristas e os
coletores. O desenvolvimento do
caminhão de coleta da Solví é pensado,
portanto, para atender também as
necessidades dos colaboradores,
garantindo mais conforto, segurança
e eficiência no trabalho.
O legado da
flexibilidade
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Caminhões fabricados no estado do Rio de Janeiro são referência
na coleta de resíduos em países sul-americanos
DE RESENDE PARA A AMÉRICA DO SUL
Capítulo 7
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37
D E R E S E N D E PA R A A A M É R I C A D O S U L
Quando houve a necessidade de se renovar a frota dos
caminhões da Relima no Peru, empresa da Vega/Solví,
em meados de 2000, para atender o contrato de coleta
de resíduos na capital Lima, Carlos Tadayuki, Luiz Lopes e Pedro
Escudeiro, todos da Vega, pegaram um voo de São Paulo à Lima
e foram imediatamente consultar o atendimento de pós-vendas
do mercado local.
Nesta época, a Volkswagen Caminhões quase não tinha en-
trada no mercado peruano. Mas, devido à parceria de sucesso
no Brasil, os executivos da Vega decidiram fazer uma visita à
concessionária da Volkswagen Caminhões no Peru. Assim, eles
conheceram a São Bartolomeu, uma pequena loja de represen-
Capítulo 7tação Volkswagen Caminhões em Lima, onde havia somente
um contêiner no meio de um terreno vazio.
Quem os atendeu na ocasião foi o senhor Antônio, o dono da
concessionária que até hoje está à frente do negócio. O tratamen-
to dado por ele foi espetacular. Antônio não quis parecer maior do
que era, mas sua postura foi de colaboração e receptividade, con-
siderada suficiente para inspirar confiança na Vega, sobretudo pela
possibilidade de reparos e trocas de peça sem nenhum obstáculo
ou dificuldade por parte da Volkswagen Caminhões.
Assim, o primeiro pedido foi feito e a Relima pôde fazer fi-
nalmente a renovação da sua frota em Lima. Com isso, a
Volkswagen Caminhões entrara de vez no mercado de coleta
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil38
D E R E S E N D E PA R A A A M É R I C A D O S U L
Um dos grandes desafi os da operação de
limpeza pública no Brasil e no mundo é criar
modelos que atendam as demandas e as exigências
específi cas de cada cidade. Como cada município é
único, com relevo próprio, nível de geração de lixo
próprio e geografi a própria, a gestão de resíduos
deve ser também única para cada localidade. Mas
no caso da Solví e Volkswagen Caminhões, vale a
máxima de que experiência faz a diferença. O
know-how de décadas de atuação nas cidades
brasileiras tornou possível o processo de
internacionalização e expansão das operações aos
países da América do Sul.
O legado daadaptação
de resíduos no Peru e hoje é considerada uma referência
neste segmento.
Na verdade, a experiência de anos no Brasil na coleta de re-
síduos garantiu aos caminhões da Volkswagen Caminhões um
espaço privilegiado no mercado peruano. Até então, as empre-
sas de limpeza pública no Peru utilizavam veículos de outras
montadoras. Eram veículos muito grandes, caríssimos, com alto
gasto de combustível e pouca fl exibilidade para o trabalho.
Quando os caminhões da Volkswagen Caminhões come-
çaram a circular no Peru, logo percebeu-se que se tratava de
um veículo bem mais adequado às características específi cas da
coleta de resíduo.
Aos poucos, os caminhões da Volkswagen Caminhões, com-
pactos, leves e altamente efi cientes, foram dominando a paisa-
gem urbana de Lima. O que pouca gente sabia era que, na ver-
dade, esses veículos continham o mesmo chassi dos caminhões
que a Vega utilizava em suas operações.
Assim, periodicamente a Vega e a Volkswagen Caminhões
levavam seus caminhões de Resende à Lima. Por vezes, o trans-
Capítulo 8porte era feito por navio e, ora, por carreta na estrada. A logísti-
ca, nestes casos, sempre foi um desafi o, sobretudo na travessia
terrestre entre Brasil e Peru. Certa vez, quando faltavam apenas
700 quilômetros para chegar em Lima, uma carreta com dois
caminhões, que saíra de Resende há alguns dias, se deparou
com um túnel cuja altura não permitia a passagem. Sem per-
ceber esta limitação, o motorista seguiu em frente. Resultado: a
carreta passou, mas os caminhões fi caram.
É claro que a seguradora da empresa de logística que fazia
esse transporte cobriu as perdas, mas a Vega e a Volkswagen Ca-
minhões tiveram de consertar os veículos. Algumas peças, inclu-
sive, tiveram de vir do Brasil.
Contratempos como este também contribuíram para as duas
empresas se consolidarem no Peru como provedoras de solu-
ções para o mercado de coleta de resíduos.
Com a expansão internacional das operações do Grupo Solví
na América do Sul – hoje presente na Argentina, Bolívia e Peru, os
caminhões da Volkswagen Caminhões também carimbaram seus
passaportes no mercado sul-americano.
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Capítulo 8Duas décadas de aprimoramento contínuo colocaram o caminhão
de coleta de resíduos da Solví-Volkswagen Caminhões em um patamar muito
além de seus concorrentes
À FRENTE DE SEU TEMPO
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil40
À F R E N T E D E S E U T E M P O
Atingir o atual nível de excelência nos caminhões de coleta
de resíduo do Brasil e da América do Sul foi um processo
extremamente longo, doloroso e, sobretudo, de muito
esforço para a Solví e a Volkswagen Caminhões. Foram déca-
das de consertos, ajustes, testes, quebra e conserta, quebra e
conserta de novo, troca de peça, troca de fornecedor. Trata-se,
na realidade, de um processo contínuo de aperfeiçoamento em
plena operação.
Se perguntassem, há algumas décadas, aos montadores de
caminhões se valeria a pena investir no segmento de resíduos,
sabendo que o mercado de caminhões de carga e de ônibus é
infinitamente maior em termos de volume de pedidos e de mo-
vimentação financeira, é certo de que a maioria dissesse “não”.
A lógica do mercado era investir em negócios com menor ris-
co e retorno mais rápido. Veja: a média de encomendas de ônibus
ou de caminhões de carga, por exemplo, beira cinco mil unidades
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À F R E N T E D E S E U T E M P O
Ao contrário de grande parte do setor industrial,
cujas mudanças acontecem de forma paulatina e
dentro de uma mentalidade mais conservadora, as
empresas de limpeza pública do Grupo Solví – e
seus fornecedores de soluções, como a Volkswagen
Caminhões – têm no desenvolvimento tecnológico
a força motriz por trás de toda a operação. Mais do
que uma necessidade de mercado, a Solví a e Volks
estabeleceram um novo patamar na limpeza pública
no País com suas incontáveis invenções
empregadas no caminhão de coleta de resíduos.
Mesmo antes do termo estar na moda, a inovação
disruptiva que as duas empresas promoveram
remonta há 20 anos.
O legado datecnologia
ao mês, enquanto que o setor de resíduos demoraria entre sete
e dez anos para totalizar o mesmo montante de pedidos. Junte a
essa conta o fato de o caminhão de resíduos necessitar de uma
engenharia mais complexa e muito mais tempo de manutenção
e oficina, aí certamente ninguém a princípio iria se aventurar no
negócio. Com exceção de um: a Volkswagen Caminhões e Ôni-
bus, agora MAN LATIN AMERICA.
Essa aposta foi crucial. Tendo as empresas do Grupo Solví
não só como clientes, mas sobretudo como os maiores campos
de teste, já que havia uma parceria de fato para integrar as
engenharias, a Volkswagen Caminhões fez do seu caminhão um
veículo de coleta de resíduos bem à frente do seu tempo, bem à
frente do mercado.
Quando a parceria foi celebrada, há 20 anos, não havia um
ambiente de crise econômica e política como o atual e, assim,
os demais players do mercado seguiram em sua maioria a aposta
“mais segura” de investir em caminhões de carga e ônibus.
Com a crise instalada e a maior necessidade de ampliar o port-
fólio dos dias atuais, muitos têm tentado se posicionar também
no segmento de coleta de resíduos, alguns inclusive com cer-
ta penetração. Mas há quem diga no mercado, porém, que um
caminhão de resíduos levaria dez anos de aperfeiçoamento para
atingir o nível atual dos veículos da Volkswagen Caminhões.
Agora, em pleno 2017, a Solví e a MAN estabeleceram um
novo patamar na parceria. As empresas acabaram de estabelecer
o chamado “contrato de peças”. A ideia é integrar os sistemas das
empresas e agilizar o fluxo de informações para todo o processo
de reposição peças.
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Capítulo 9O que pensam os engenheiros da Solví e Volkswagen Caminhões sobre o futuro
dos caminhões de coleta de resíduos no Brasil
O FUTURO
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O F U T U R O
Capítulo 9E
specialistas e analistas de mercado são unânimes em afi rmar que o futuro
do segmento de limpeza pública e dos próprios caminhões de coleta de
resíduos no Brasil dependerá, em grande medida, da repactuação de com-
promissos entre o poder público, a população e as empresas do setor.
A recessão e a queda da atividade econômica que têm assolado o Brasil nos
últimos anos impactaram diretamente no sistema arrecadatório das prefeituras,
gerando uma dívida enorme para as empresas prestadoras de serviços de coleta
e transporte de resíduos urbanos.
Dados do mercado indicam que a inadimplência dos municípios apenas no
último ano superou a marca de R$ 10 bilhões na área de limpeza pública. E hoje há
uma grande discussão em torno de se criar medidas de equilíbrio fi nanceiro e de
sistemas de arrecadação para que o poder público e o próprio cidadão assumam
de fato a responsabilidade pela gestão de resíduos no País.
Independentemente do cenário externo, engenheiros e executivos da Volks,
Solví e Dibracam foram convidados a uma refl exão acerca do futuro dos cami-
nhões e do próprio sistema de coleta de resíduos no Brasil. Confi ra:
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil44
O F U T U R O
U� caminhão para cada épocaGrande parte das inovações no
sistema de coleta de resíduos está
ligada às necessidades de cada
época e de cada região. Uma
das grandes evoluções no setor
foi o uso de contêineres e de
lixeiras específicas para dispor o
resíduo na frente das residências
e dos comércios. Isso eliminou
o problema de mau cheiro, de
resíduos na rua, de animais
revirando o resíduos.
Há algumas iniciativas interessantes
como a coleta lateral nos caminhões
e o sistema de lixeiras subterrâneas.
Mas certamente a evolução caminha
para um veículo de coleta cada
vez mais sustentável. Ou seja, o
caminhão vai se tornando cada
vez mais ecológico, sobretudo
com o uso de combustíveis com
menor índice de poluição, como
é o caso do gás natural veicular já
utilizado em caminhões da Loga em
São Paulo. A próxima geração de
caminhões deve vir com o sistema
de abastecimento elétrico.
Carlos Tadayuki – Conselheiro do Grupo Solví
M�ido à gás metanoCertamente, uma das grandes evoluções que podemos prever para
nossos caminhões de coleta de resíduos nos próximos anos é um
novo sistema de combustível, seja no modelo híbrido, com diesel e gás
natural, seja elétrico e seja a partir do biometano gerado nos aterros.
Na verdade, nossa engenharia, em parceria com a Solví, já atua no
sentido de transformar o caminhão em um modelo cada vez mais
sustentável. Queremos, no futuro, que nossos caminhões de resíduo
sejam movidos, em sua grande maioria, pelo biogás do aterro
sanitário. Imaginem como seria a logística onde um caminhão chega
ao aterro para descarregar a carga e logo é reabastecido com o
próprio gás gerado no empreendimento. Trata-se, na verdade, de um
círculo virtuoso em termos de tecnologias ambientais.
Ricardo Alouche – Vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da
Volkswagen Caminhões e Ônibus
” ”
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O F U T U R O
Maior capacidade de cargaEm vez de fazer a coleta ponto a ponto, uma das tendências é a
utilização dos chamados ecopontos, locais específicos criados pelas
empresas de coleta para os grandes geradores e a própria população
deixar o resíduo. Trata-se de uma medida que reduz o acúmulo de
resíduo na frente das residências e comércios e torna a logística mais
eficiente, além de garantir o confinamento mais seguro dos resíduos.
Outro ponto que deve ser aperfeiçoado nos próximos anos é
a capacidade de carga, ou seja, capacidade de recebimento
e compactação de resíduo nos caminhões. A ideia é tornar o
veiculo cada vez mais capaz de transportar uma quantidade maior
de resíduo, o que reduziria as viagens e o trânsito nas cidades.
Também podemos imaginar itens com maior durabilidade,
sobretudo no caso dos pneus. No futuro, certamente teremos
pneus mais robustos, eficientes e que durem mais.
Carlos Konish – Gerente Operacional da Inova (Grupo Solví)
Na era eletrônicaEstamos atualmente na era eletrônica
no mercado automobilístico, seja no
sistema de fabricação e seja no próprio
produto em si, no caso os caminhões
de resíduos. Já é possível, por exemplo,
controlar a carga que se coloca no
veículo e o peso que se coloca por eixo.
O avanço dessas ferramentas digitais
vão possibilitam cada vez mais um
controle mais preciso e equilibrado
de todo o desempenho. Será possível
regular o caminhão para que tenha mais
ou menos potência dependendo do tipo
de terreno.
Na verdade, será possível programar
e configurar o caminhão de acordo
com a necessidade e a realidade do
momento, seja em termos de peso,
carga e terreno, que trará ganhos ainda
maiores em termos de economia de
combustível, durabilidade das peças e
eficiência na operação.
Heitor Tosi Neto – Diretor da Dibracam”
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A história da maior inovação da coleta de resíduo no Brasil46
Veículos c¤ “visão noturna”Uma das grandes questões que se discute é passar a coleta de resíduos
apenas para o período noturno, justamente para reduzir o caos das grandes
cidades. Sendo assim, os caminhões deverão quase que obrigatoriamente
ser elétricos, por conta do nível de ruídos à noite, bem como utilizar
equipamentos mais silenciosos no sistema de compactação.
De qualquer forma, a própria trajetória de desenvolvimento do caminhão
de resíduo nos diz muito sobre o futuro. Em 20 anos, promovemos uma
verdadeira revolução tecnológica e de engenharia em nossos produtos do
segmento de resíduos e, certamente, os próximos 20 anos serão pautados
pela mesma postura de desenvolvimento e colaboração entre as equipes.
O céu é o limite.
Antônio Cammarosano – Diretor de Vendas da Volkswagen Caminhões
Modelos autôn¤os e c§ectadosBom, quando olhamos para o
atual caminhão compactador
da Volkswagen Caminhões, fica
nítido e notório que trata-se
de um veículo que em nada se
parece com o modelo original.
Trata-se de um veículo de valor
agregado muito maior ao similar
original para uma operação
estradeira.
Na verdade, ao longo das duas
décadas de parceria com a
Solví, não houve um ano sequer
que não fizemos algo diferente
e inovador no caminhão de
resíduos. Esse desenvolvimento
nunca vai parar e é, de fato,
um processo contínuo de
aperfeiçoamento. Quaisquer
inovações e incrementos
tecnológicos que venham a
surgir no mundo, o caminhão de
coleta de resíduos certamente vai
se apropriar. Estamos próximos,
por exemplo, de termos um
caminhão híbrido ou elétrico.
E já vislumbramos os modelos
autônomos e conectados.
João Herrmann – Gerente de Marketing da Volkswagen Caminhões
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