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Capitães da Areia Jorge Amado Profª. Daniele Onodera

Capitães da Areia, Jorge Amado

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Capitães da Areia

Jorge Amado

Profª. Daniele Onodera

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“Vestidos de farrapos, sujos, semi-

esfomeados, agressivos, soltando

palavrões e fumando pontas de

cigarro, eram, em verdade, os donos

da cidade, os que conheciam

totalmente, os que totalmente a

amavam, os seus poetas.”

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Cronologia Relação: autor - obra

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O romance está inserido na segunda geração do Modernismo brasileiro

ROMANCES REGIONALISTAS DE CUNHO SOCIAL

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Estrutura narrativa que busca a verossimilhança

A temática das crianças que vivem nas ruas

continua bastante atual. Para escrever Capitães

da Areia, Jorge Amado foi dormir no trapiche

com os meninos. Isso ajuda a explicar a riqueza

de detalhes, o olhar de dentro e a empatia que

estão presentes na história.

Zélia Gattai Amado

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1. Prólogo – “Cartas à Redação”:

• reportagem publicada no Jornal da Tarde tratando do assalto das crianças à casa de um rico comerciante, num dos bairros mais aristocráticos da capital;

• carta do secretário do chefe de polícia ao mesmo jornal, atribuindo a responsabilidade de coibir os furtos das crianças ao juiz de menores;

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• carta do juiz de menores defendendo-se da acusação de negligência;

• carta da mãe de uma das crianças falando das condições miseráveis do reformatório;

• carta do padre José Pedro referendando as acusações da mãe feitas ao reformatório;

• carta do diretor do reformatório defendendo-se das acusações da mãe e do padre;

• reportagem elogiosa do mesmo jornal ao reformatório.

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2. Capítulos divididos em partes.

1.ª parte – “Sob a lua, num velho trapiche abandonado”,

• biografia das principais personagens.

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2.ª parte – “Noite da grande paz, da grande paz dos teus olhos”,

• descoberta do amor por parte de Pedro Bala.

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3.ª parte – “Canção da Bahia, canção da liberdade”,

• mostra o destino das personagens.

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ESPAÇO: trapiche

- A cidade da Bahia

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TEMPO: cronológico

Aproximadamente quatro anos

Final da infância à fase adulta

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ESTILISTICAMENTE o romance trabalha com uma linguagem que varia da visão lírica à naturalista. Trabalha com o popular, o regional e não dispensa o vocabulário chulo.

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“ As luzes se acenderam e ela achou a princípio

muito bonito. Mas logo depois sentiu que a cidade

era sua inimiga, que apenas queimara os seus pés

e a cansara. Aquelas casas bonitas não a

quiseram.”

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Jorge Amado emprega sem cerimônia termos chulos,

frequentemente extirpados da língua oficial ou ocultados por

meio da linguagem eufemística:

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“ Boa-Vida ficou espiando os peitos da negra, enquanto descascava uma laranja que apanhara no tabuleiro.

- Tu ainda tem uma peitama bem boa, hein, tia? “

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Outro recurso de que se serve Jorge Amado para conseguir um efeito

natural, espontâneo, é a repetição de uma palavra ou expressão, ao longo de

um parágrafo, que acaba por ter um surpreendente efeito plástico, musical:

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“A revolução chama Pedro Bala como Deus chamava Pirulito nas noites do trapiche. É uma voz poderosa dentro dele, poderosa como a voz do mar, como a voz do vento, tão poderosa como uma voz sem comparação. Como a voz de um negro que canta num saveiro o samba que Boa-Vida fez:

Companheiros, chegou a hora...”

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TEMATICAMENTE o romance trabalha: O coletivo: vida das crianças de rua e daqueles que se envolvem ou são vítimas delas. O individual: drama existencial de cada personagem.

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O coletivo: vida das crianças de rua Há algo em

comum na história de vida

das crianças que a todo momento é

reforçado pelo narrador

Crianças como vítimas

Responsabilidade da classe dominante: os ricos

ESPAÇO COMO FATOR DETERMINANTE

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“Era rosto de criminoso nato” (p.255)

O coletivo: vida das crianças de rua

ESPAÇO COMO FATOR DETERMINANTE

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CRIANÇAS COMO

VÍTIMAS

Atrocidades Roubos Estupros Crueldades Pederastia Malandragem

O coletivo: vida das crianças de rua

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CRIANÇAS COMO

VÍTIMAS

• Episódio do carrossel

• Dora e os capitães da Areia

• Código de Ética do grupo (Lealdade de Pedro Bala e do Sem Pernas)

O coletivo: vida das crianças de rua

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RESPONSABILIDADE (ideologia)

A polícia O reformatório

A Igreja • Pe. José Pedro • Clero superior • Beatas

A elite

O povo • Querido de Deus (o capoeirista) • Dona Aninha (mãe de santo) • João de Adão (estivador – militante)

O coletivo: vida das crianças de rua

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“Gostaria era de beber água. Será que Dora também tem sede a estas horas? Deve estar também numa cafua, Pedro Bala imagina o orfanato igualzinho ao reformatório. A sede é pior que uma cobra cascavel. Faz mais medo que a bexiga. Porque vai apertando a garganta de um, vai fazendo os pensamentos confusos. Um pouco de água. Um pouco de luz também. Porque se houver um pouco de luz, talvez ele veja o rosto de Dora risonho. Assim na escuridão ele vê cheio de sofrimento, cheio de dor. Uma raiva surda, impotente, cresce dentro dele. Levanta-se um pouco, a cabeça encosta nos degraus da escada, que lhe serve de teto. Esmurra a porta da cafua. Ma parece que lá fora não tem ninguém que o ouça. Vê a cara malvada do diretor. Enterrará seu punhal até o mais fundo do coração do diretor.”

Pedro Bala no reformatório

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O individual: drama existencial de cada personagem

Gato CAFETÃO JOGADOR DE CARTAS

Boa- Vida MODAS DE VIOLA VIDA MANSA

João Grande - BONDADE

MALANDRAGEM

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Volta-Seca

Crueldade

Heroísmo – idealização de Lampião

Vida no cangaço – insensibilidade no

julgamento

O individual: drama existencial de cada personagem

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Professor

Letrado/ Inteligente na elaboração dos planos

Cultiva o heroísmo e a imaginação dos meninos

Retrata o cotidiano pela pintura/desenho

O individual: drama existencial de cada personagem

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Pirulito

O chamado religioso

A vida de “pecado”

O furto da imagem do menino Jesus

O individual: drama existencial de cada personagem

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Sem-Pernas

Defeito físico

Episódio com a polícia

Substituição do filho (Augusto) de D.Estela

“Como um trapezista de circo”

O individual: drama existencial de cada personagem

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Pe. José Pedro

Humildade/ pouca inteligência

Desobediência dos superiores: • Relacionamento com os capitães • Episódio do Alastrim

Desejo de obter uma paróquia

O individual: drama existencial de cada personagem

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Pedro Bala

O capitão - chefe

Alcança a sublimação do amor

Engaja-se politicamente

“Nem o ódio, nem a bondade, só a luta” p.236

O individual: drama existencial de cada personagem

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“Mas hoje não são os Capitães da Areia

que estão metidos numa bela aventura.

São os condutores de bonde, negros

fortes, mulatos risonhos, espanhóis e

portugueses, que vieram de terras

distantes. São eles, que levantam os

braços e gritam iguais aos Capitães da

Areia. A greve se soltou na cidade. É

uma coisa bonita a greve, é a mais bela

das aventuras.”

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SOLUÇÃO IDEOLÓGICA REVOLUÇÃO HEROÍSMO

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Apologia à Liberdade

(Ler trecho p.201-202)

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Em 1937, em pleno Estado Novo,

os livros de Jorge Amado foram

queimados em praça pública, em Salvador ...