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1 Light Novel Project Capítulo 02 Louise o Zero Quando Saito acordou, a primeira coisa que viu ao abrir os olhos era a roupa interior que Louise havia tirado. De alguma maneira a roupa tinha acabado ali, depois de ter sido tirada sem nenhum cuidado. Louise ainda dormia em sua cama, roncando suavemente. Seu rosto quando dormia era simplesmente angelical. Agora ela parecia bem mais infantil. Ela é uma garota irritante e barulhenta, e quando fala sempre é “nobre” isso e “mago” aquilo; mas quando dormia, era muito linda. Saito quase desejava que as coisas continuassem desse jeito para sempre. Então a realidade o golpeou. “Então ontem à noite não foi mesmo um sonho.” Ele havia dormido pensado que quando acordasse iria estar de volta em sua casa, mas, obviamente, isso não ocorreu. Sentia-se desanimado. No entanto, era uma manhã refrescante. Uma luz deslumbrante estava iluminando o quarto. A incessante curiosidade de Saito então ressurgiu. Pensando bem, isso é uma espécie de viagem turística. Pergunto-me que tipo de mundo é esse. Ainda que eu não goste da idéia de ser o familiar de uma maga grosseira que ronca, eu deveria fazer o melhor que eu puder, em qualquer caso. Primeiro, ele puxou o cobertor de Louise. Q-que? O que está fazendo? Já é dia, milady. Ehh? O-oh... Espere um pouco, quem é você? Gritou Louise sem poder articular bem as palavras. Sua expressão estava em branco e sua voz transformava-se em apenas um sussurro que dava pena.

Capítulo 02 Louise o Zero · Os dois primeiros botões de sua blusa estavam desabotoados, deixando a mostra um ... o que fez com que se cabelo cor-de-morango ondular. Ah bom, damas

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Capítulo 02 – Louise o Zero

Quando Saito acordou, a primeira coisa que viu ao abrir os olhos era a roupa interior que

Louise havia tirado.

De alguma maneira a roupa tinha acabado ali, depois de ter sido tirada sem nenhum

cuidado.

Louise ainda dormia em sua cama, roncando suavemente. Seu rosto quando dormia

era simplesmente angelical. Agora ela parecia bem mais infantil. Ela é uma garota irritante e

barulhenta, e quando fala sempre é “nobre” isso e “mago” aquilo; mas quando dormia, era

muito linda. Saito quase desejava que as coisas continuassem desse jeito para sempre.

Então a realidade o golpeou. “Então ontem à noite não foi mesmo um sonho.” Ele

havia dormido pensado que quando acordasse iria estar de volta em sua casa, mas,

obviamente, isso não ocorreu. Sentia-se desanimado.

No entanto, era uma manhã refrescante. Uma luz deslumbrante estava iluminando o

quarto.

A incessante curiosidade de Saito então ressurgiu.

Pensando bem, isso é uma espécie de viagem turística. Pergunto-me que tipo de

mundo é esse. Ainda que eu não goste da idéia de ser o familiar de uma maga grosseira que

ronca, eu deveria fazer o melhor que eu puder, em qualquer caso.

Primeiro, ele puxou o cobertor de Louise.

– Q-que? O que está fazendo?

– Já é dia, milady.

– Ehh? O-oh... Espere um pouco, quem é você?

Gritou Louise sem poder articular bem as palavras. Sua expressão estava em branco e

sua voz transformava-se em apenas um sussurro que dava pena.

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Esta garota está bem?

– Hiraga Saito.

– Oh, o familiar. Está certo. Eu te invoquei ontem, não é?

Louise se levantou e bocejou. Então, ordenou a Saito: – Roupas.

Saito pegou o uniforme que estava estendido em uma cadeira. Louise começou a

despirse lentamente.

Saito rapidamente escondeu seu rosto que estava corando.

– Roupa interior.

– Pe-pegue isso você mesma.

– Está na gaveta mais baixa desse armário... Alí.

Parecia como se ela quisesse usar Saito o máximo que pudesse.

Mordendo sua língua, ele foi à gaveta indicada. Havia uma vista incrível, estava repleta

de roupa interior. Era a primeira vez que ele via roupa interior de uma mulher, com exceção de

sua mãe. Ele tirou uma ao azar e jogou por cima de seu ombro sem olhar para trás.

Uma vez que Louise terminou de colocar sua roupa interior, murmurou outra ordem:

– Roupas.

– Mas acabei de lhe entregá-las.

– Me vista

Não força a barra. Saito virou-se para queixar-se, só para encontrar Louise sentada,

quase dormindo, somente com a roupa interior que havia jogado antes. De repente ele não

sabia para onde olhar.

Louise fez cara feia.

– Talvez você não saiba, pois não é nada mais que um plebeu, mas nobres nunca se

vestem eles mesmos se há um servente disponível.

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Isso o irritou.

– O mínimo que pode fazer é se vestir sozinha.

– Está bem então. Como um castigo para um familiar sem respeito; sem café da

manhã! Declarou Louise erguendo um dedo triunfante.

Relutantemente, Saito pegou a blusa.

***

Quando saiu da casa com Louise, viu três portas de madeira idênticas ao longo da parede. Uma

das portas se abriu, e dela saiu uma garota com um cabelo vermelho flamejante. Era mais alta

que Louise, devia ter mais ou menos o tamanho de Saito. Ela tinha uma atmosfera acolhedora.

Seu rosto era atraente e tinha um busto cativante. Seus seios eram como dois melões.

Os dois primeiros botões de sua blusa estavam desabotoados, deixando a mostra um

impressionante decote que atraiam os olhos de Saito. Sua pele era bronzeada, lhe dando uma

um visual saudável e de beleza natural.

Sua altura, cor de pele, atmosfera e tamanho dos seios... Faziam uma grande diferença

comparada com Louise, que não tinha nenhum desses encantos.

Quando viu Louise, um grande sorriso se abriu em seu rosto.

– Bom dia, Louise.

Louise lhe devolveu o cumprimento com as sobrancelhas franzidas.

– Bom dia... Kirche.

– É este... Seu familiar?– Perguntou Kirche, com um tom de deboche, apontando para

Saito.

– Sim.

– Hahaha! Então é verdade que é um humano! Isso é incrível!

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Saito se ressentiu com esse comentário.

Perdoe-me por ser humano. O que você é então? Olhou fixamente em seus seios. Você

é apenas uma alien de peitos enormes. Sim, uma alien com p-p-peitos muito grandes...

Seu olhar se intensificou.

– Só você poderia invocar um plebeu na “Invocação de Familiar”. O que mais

poderíamos esperar de Louise o Zero?

As bochechas brancas de Louise se avermelharam como vinho tinto.

– Cale-se.

– Eu também invoquei um familiar ontem. E diferente de alguém eu consegui na

primeira tentativa.

– É mesmo?

– E se vai ter um familiar que seja um bom. Flame!

Kirche chamou seu familiar triunfantemente. De seu quarto, um lagarto roxo escuro

saiu rastejando. Saito sentiu uma onda de calor chegar até ele.

– Ahh! O que é essa coisa?

Kirche sorriu.

– Ohh! Não me diga que é sua primeira vez vendo um lagarto de fogo?

– Coloque uma coleira nele ou alguma outra coisa! É perigoso! E o que exatamente é

um lagarto de fogo?

– Não se preocupe. Enquanto eu o ordenar que não o faça, ele não vai te atacar. Você

não é muito covarde?!

Kirche levou sua mão próxima ao queixo, e inclinou sua cabeça para o lado, zombando

de Saito.

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Aquela criatura era, pelo menos, tão grande quanto um tigre. A ponta de sua cauda estava

envolta em fogo, e de sua boca saltava fagulhas e chamas de vez um quando.

– Não sente calor quando está perto dele?– perguntou Saito. Ele se acalmou e voltou

a olhar. – Wow, é um monstro... Fantástico!

– Na verdade é muito fresco para mim–

– Isso é uma salamandra? – perguntou Louise com ciúmes.

– Isso mesmo! Um lagarto de fogo! Olhe a cauda. Uma chama tão grande e viva quer

dizer que ele veio das Montanhas dos Dragões de Fogo! É como uma marca de fábrica!

Nem os colecionadores poderiam por um preço nele!

– Que bom. – Disse Louise com uma voz amarga.

– O que você acha? Encaixa-se perfeitamente com minha afinidade!

– Sua afinidade é o fogo, não?

– Mas é claro. Depois de tudo, eu sou Kirche a Ardente. O fogo da paixão que arde

gentilmente. Aonde quer que eu vá os garotos caem aos meus pés. Diferente de você, não é

verdade?

Kirche estufou o peito com orgulho. Não querendo perder, Louise fez o mesmo, mas a

diferença de volume era muito evidente.

Apesar disso Louise olhou Kirche com uma cara de brava. Parece que ela realmente

odeia perder.

– Eu não tenho tempo para paquerar todo mundo que vejo, diferentemente de você.

Kirche somente deu um sorriso calmo. Depois se virou para Saito.

– E como você se chama?

– Hiraga Saito

– Hiragasaito? Que nome mais estranho...

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– Hey!

– Bom, já vou indo.

Acariciou seu cabelo vermelho e saiu rapidamente. A salamandra a seguiu com um

lindo movimento que ficava estranho em uma criatura daquele tamanho.

Enquanto ela andava, Louise sacudiu seu punho fortemente em sua direção.

– Ohh! Essa garota me irrita! Só porque invocou uma salamandra das Montanhas dos

Dragões de Fogo! Argh!

– Acalme-se. É só uma invocação.

– Não, não é! Pode-se determinar o verdadeiro poder do mago só olhando seu familiar.

Por que essa idiota conseguiu uma salamandra enquanto eu tenho você?

– Ahhh, perdoa-me por se humano. Mas você também é uma, sabia?

– Comparar um mago com um plebeu é como comparar um lobo com um cachorro!–

Disse Louise indignada.

– Está bem, está bem... A propósito, ela acaba de te chamar de “Louise o Zero”, mas o

que significa esse “Zero”? Esse é seu sobrenome?

– De maneira nenhuma! Meu nome é Louise de La Vallière! “Zero” é apenas um

apelido.

– Um apelido, é? Posso entender por que ela se chama “A Ardente”, mas, por que você

é “o Zero”?

– Você não precisa saber. – Contestou Louise incomodada.

– É pelos seus seios? – Perguntou Saito lançando um olhar a Louise. Sim, tão plano

como uma tábua.

A mão de Louise voou até ele, mas ele conseguiu se esquivar.

– Volte aqui!

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– Não me bata!

Um tapa?

Isso me lembra... Essa garota, ontem, depois que todos foram embora voando, ela

caminhou. E ontem a noite, quando a agarrei, ela me deu um chute nos genitais.

Se ela realmente quisesse me repreender, não seria melhor usar magia em vez de me

bater ou me pisotear? Isso seria mais eficaz e mais típico de um mago. Por que será?

Perguntava-se Saito.

***

O refeitório da Academia de Magia de Tristain era o mais alto edifício e ficava bem no

centro da academia. Dentro dele, três mesas extremamente grandes estavam colocadas em

paralelo. Cada uma delas podia acomodar facilmente cem pessoas. A mesa em que

Louise e todos os demais estudantes do segundo ano se sentavam era a do meio.

Aparentemente os estudantes podiam ser identificados pela cor de suas capas.

Olhando desde a entrada, todos os que estavam sentados do lado esquerdo pareciam ser mais

velhos e usavam capas de cor roxa; eles eram do terceiro ano.

Os estudantes que estavam sentados a direita usavam capas de cor marrom; eram

estudantes do primeiro ano.

É como se fosse um uniforme para cada ano. Pensou Saito.

Cada um dos magos do colégio, tantos estudantes como professores, se reúnem aqui

para o café, almoço e janta.

No piso mais alto, podiam-se ver os professores aproveitando uma boa conversa.

Todas as mesas estavam magnificamente decoradas.

Havia um montão de velas, ramos e flores, cestos cheios de frutas...

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Saito ficou boquiaberto de assombro diante da grandeza do refeitório. Louise levantou

o rosto e começou a explicar-lhe. Seus pequenos olhos brilhavam com malícia.

– A Academia de Magia de Tristain não ensina somente magia, sabia?

– Certo...

– A maioria dos magos é nobre. Há um provérbio que diz: “Os nobres alcançam a

nobreza com o uso da magia” Esse é o fundamento da educação que recebemos como nobres.

Por isso, nosso refeitório também deve ser digno da nossa posição como nobres.

– Está certo...

– Entendeu? Normalmente um plebeu como você nunca pisaria no refeitório Alvis1.

Agradeça.

– Claro... Huh? Espere... O que é “Alvis”?

– É o nome dado para as pessoas pequenas. Vê todas aquelas estatuas ali?

Onde ela apontou, alinhadas perto da parede havia uma fila de estatuas muito

elaboradas de pessoas pequenas.

– Elas são bem feitas... Err, essas coisas não... Como... Não voltam à vida ou algo assim

pela noite, não é?

– Oh, Já sabia disso?

– Então eles fazem isso?!

– Bom eles dançam. Mas já basta de conversa. Poderia puxar minha cadeira? Você não

é um familiar muito competente, sabe? – Comentou Louise inclinando sua cabeça para o lado,

o que fez com que se cabelo cor-de-morango ondular.

Ah bom, damas primeiro. Saito puxou uma cadeira para Louise se sentar.

1 Alvis é o anão que na ausência do deus Thor, ficou noivo de sua filha,Thrud. No Alvíssmál (A

Balada de Alvis), da Edda Poética, conta-se como este anão por fim é enganado por Thor em uma disputa de charadas, e, ao amanhecer, a luz do dia mata o anão, petrificando-o.

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Louise sequer o agradeceu quando se sentou. Saito também puxou uma cadeira para si

e sentou.

– Isto é incrível! – Gritou Saito. Era grandioso demais para apenas um café da manhã.

Um grande frango assado estava tentando a Saito. Além disso, também havia vinho e

bolo assado na forma de uma truta.

– Não posso comer tudo isso! Senão logo morro! Ei, minha senhora! – Saito virou para

Louise, apenas para encontrar um olhar penetrante.

– O que foi? – Perguntou Saito duvidoso. Louise manteve os olhos em cima dele.

– Claro, estou me precipitando. Devo me comportar mais como a nobreza! Mesmo

que eu não seja nobre.

Louise apontou o chão, onde só havia um prato.

– É um prato.

– Sim, é.

– Há algo suspeito nele.

Louise apoiou o queixo em suas mãos e lhe disse:

– Sabe... Os familiares deveriam esperar do lado de fora. Você só esta aqui por que eu

solicitei.

E assim, Saito estava sentado no chão, sem jeito, olhando atentamente para o prato na

sua frente. Ali havia uns tristes pedaços de carne flutuando em uma sopa aguada. E na borda

havia meia fatia de um pão duro.

Estendendo seu pescoço, olhou por cima da borda da mesa.

Só podia ficar olhando com desejo aquela festa espetacular em cima da mesa. Nem

sequer poderia começar a comparar com seu prato de sobras.

“Oh Grande Fundador Brimir, Nossa Senhora a Rainha, damos graças por esse humilde

alimento que nos proporcionaste esta manhã.”

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O harmonioso som dessa oração ressonou pela sala. Louise também se uniu, fechando

os olhos.

Como isso é uma “humilde refeição”? Saito reclamou para si mesmo olhando

fixamente a comida. Isso é ainda maior que um banquete. Se alguém aqui tem uma “humilde

comida”, esse alguém sou eu. Quero dizer, que raios é isso que tenho no meu prato?

Isso é pior do que comida de alguma mascote. Saito queria reclamar. Até os animais

em Tókio comem melhor que isso.

Irritado por como lhe tratavam, pôs uma mão em cima da mesa, somente para levar

uma bofetada de Louise.

Saito a olhou com ressentimento.

– O que está fazendo?

– Me dê um pouco de frango. Não pode me dar nem um pouquinho?

– Ahh... – resmungando, Louise tirou um pedaço da pele colocou em seu prato.

– E a carne?

– Negado! Já que isso poderia criar um hábito!

Louise começou a comer entusiasticamente naquela grande festa.

– Ah, está delicioso. Delicioso! Eu acho que vou começar a chorar. – Murmurou Saito

enquanto tentava comer seu pão duro.

***

As classes da Academia de Magia eram muito similares a salas de conferencia de

universidades. E como todo o resto, era construído com pedra. Os professores ficavam na

mesa abaixo da classe dando aula, a desde a mesa do professor, os assentos dos estudantes

iam ascendendo como se fossem uma escada, formando um semicírculo.

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Quando Saito e Louise entraram, todos giraram suas cabeças simultaneamente para

eles.

E então começaram a rir. Kirche também estava ali, rodeada por um monte de garotos.

Compreendo... Apenas com o mover de um dedo, todos os garotos caiam aos seus pés.

E eles a tratam como rainha. Bom, isso não me surpreende. Suponho que seios grandes

continuam sendo seios grandes não importa aonde seja.

Havia todo tipo de familiares.

A salamandra de Kirche estava dormindo embaixo de sua cadeira. Havia estudantes

com corujas em seus ombros. Em uma janela, uma serpente gigantesca olhava a classe. Um

garoto assobiou, e a serpente se retirou, além desses também havia corvos e gatos.

Mas o que mais chamava a atenção de Saito eram as criaturas fantásticas que não

existiam em seu mundo. Estava cada vez mais empolgado. Toda sorte de criatura se

aglomerava ao redor dele.

Entre eles viu um lagarto com seis pernas. O que poderia ser isso? Saito tentava

averiguar-lo através dos conhecimentos que tinha sobre bestas fantásticas. Um basilísco! Vi

isso em um jogo. Também havia um olho que flutuava. O que poderia ser isso? Decidiu

perguntar a Louise.

– O que é esse olho flutuante?

– Um Bugbear.

– E essa coisa que se parece com um polvo?

– Um Skua

Louise lhe respondeu mal humorada e se sentou. Saito se sentou ao lado dela. Louise o

olhou fixamente.

– O que?

– Este lugar é para os magos. Um familiar não pode se sentar aí.

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Relutantemente, ele se sentou no chão. Não posso tomar café com os demais, não me

deixam sentar nessa cadeira... Eu não vou sentar no chão. Saito resolveu e voltou a sentar na

cadeira.

Louise o olhou, mas dessa vez não disse nada. A porta se abriu, e a professora entrou

na classe.

Era uma mulher de meia idade, vestia um traje púrpuro e volumoso, e um chapéu.

Tinha um rosto redondo que transmitia uma sensação amistosa.

– Esta senhora também maga?

– Não é óbvio? Louise sussurrou a Saito.

– A senhora olhou toda a classe e começou a falar com um sorriso no rosto.

– Bom, classe, parece que as invocações dos familiares foram um êxito. Eu, Chevreuse,

sempre me alegro de ver os novos familiares que são convocados todos os anos.

Louise fechou seus olhos e abaixou a cabeça.

– Minha nossa. Vejo que invocou um familiar... Peculiar, Senhorita Vallière –

Disse olhando para Saito. O comentário foi sem malícia, mas mesmo assim a classe

caiu na risada.

– Louise o Zero! Não vale pegar um plebeu ao acaso, só por que não pode invocar

nada!

Louise agitou seu cabelo rosado e se levantou. E com sua voz suave mergulhada em

raiva disse:

– Não! Eu fiz tudo corretamente! E ele foi tudo o que apareceu.

– Não minta! Aposto que não pode nem ao menos conjurar uma invocação, não é

verdade?

Os demais estudantes riram entre os dentes.

– Senhora Chevreuse! Estão me insultando! Malicorne o “Resfriado” me insultou!

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Louise golpeou a mesa com seu punho em sinal de protesto.

– “O Resfriado”? Eu sou Malicorne o Barlavento! E nunca peguei um resfriado!

– Bom, é que você tem uma voz tão rouca como se tivesse pegado um.

O garoto que se chamava Malicorne se levantou e olhou Louise. Chevreuse se levantou

e apontou para eles com varinha. Ambos repentinamente foram empurrados, e como se

fossem marionetes se sentaram.

– Senhorita Vallière, Senhor Malicorne, parem com essa discussão desnecessária!

Louise parecia desanimada. Toda a empolgação que havia demonstrado ter antes

parecia ter-se evaporado.

Chamar os colegas por nomes como “o Zero” ou “o Resfriado” é inaceitável.

Entenderam?

– I-Isso é o-o-ouro Senhorita Chevreuse?

Kirche se inclinou para frente, ficando em cima de sua mesa.

– Não, não. É latão. Somente os magos de classe quadrado podem fazer esse tipo de

transformação. Eu sou só... – Chevreuse tossiu de maneira bem vaidosa. – uma maga

triangular.

– Louise – Saito empurrou Louise.

– O que é? Não vê que estamos no meio da aula?

– O que significa tudo isso sobre magos quadrados e triangulares?

– É o numero de elementos que podem chegar a controlar em um feitiço, e também

determina o nível do mago.

– Huh?

Louise explicou a Saito pacientemente.

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– Veja, por exemplo, se você for capaz de usar Terra em um encantamento. Mas se

além da Terra você adicionar o elemento Fogo ao feitiço, aumentará exponencialmente o

poder do mesmo.

– Ah, entendi.

– Os magos que podem dois tipos de magia diferente com Fogo e Terra, são chamados

de magos lineares. A Senhorita Chevreuse pode chegar a usar três elementos juntos,

Terra-Terra-Fogo, o que faz dela um mago triangular.

– E o que acontece quando junta o mesmo elemento?

– O elemento é reforçado, fazendo-o mais forte.

– Entendo, em outras palavras, a professora ali tem um grande poder, por isso é uma

maga triangular, não?

– Sim.

– E quantos elementos você pode juntar, Louise?

Ela não o respondeu.

Nesse instante a professora se deu conta que eles estavam conversando.

– Senhorita Vallière!

– S-Sim?

– Deixe a conversinha para outro momento!

– M-Me desculpe

– Se tem tanto tempo para conversar, por que não demonstra o que sabe fazer?

– Huuh? Eu?

– Sim, tente transformar esses pedaços em qualquer metal que você quiser.

Louise não se levantou. Ficou ali sentada, parecia preocupada e nervosa.

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– Ei, vá logo! Ela está te chamando!– Disse Saito enquanto lhe dava uma cotovelada.

– Senhorita Vallière, aconteceu alguma coisa?

A Senhorita Chevreuse a chamou outra vez, então Kirche disse preocupada.

– Isso...

– Sim?

– Creio que seja melhor deixar isso pra lá...

– E isso por quê?

– Porque é perigoso.

Respondeu Kirche enquanto todos os alunos assentiam.

– Perigoso? Por quê?

– É sua primeira dando aula a Louise não é mesmo?

– Sim, mas escutei que ela se esforça muito. Agora venha, Senhorita Vallière. Não se

preocupe, somente tente. Nunca conseguirá nada senão aprender com seus erros.

– Louise não! – Gritou Kirche com o rosto pálido.

Mas Louise se levantou.

– Eu farei!

Com uma expressão nervosa, foi descendo a sala até chegar a mesa da Professora.

Chevreuse veio para o lado de Louise e sorriu.

– Senhorita Vallière, tem de imaginar perfeitamente o metal que quer transformar

esses pedaços.

Assentindo inocentemente, agitou sua varinha. Nunca tinha parecido tão adorável

como no instante que começou a mover seus lábios para recitar o feitiço. Parecia coisa de

outro mundo.

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Mesmo conhecendo muito bem sua personalidade, Saito por um momento sentiu que

o ritmo de seu coração aumentava ao olhar para ela.

O sol da manhã que entrava através da janela, se refletia no cabelo rosado de Louise

de uma maneira incrível. Seus olhos avermelhados pareciam jóias e sua pele era de um branco

puro. E seu pequeno nariz era perfeito para uma nobre.

Se somente seus seios fossem um pouco maiores, seria perfeita... Não, ela já é bonita

demais para ser real. Mas, por mais linda que ela seja sua, personalidade é uma verdadeira

tortura. Lamentou-se Saito.

Mas, enquanto ele ainda estava sentado, os demais estudantes estavam escondidos

debaixo de suas mesas por alguma razão.

Não conseguem ver como ela é linda? E ela não parece ser muito popular também.

Chamam-na de “o Zero” e riem dela. As garotas daqui não são tão bonitas. Apenas Kirche pode

competir com a beleza dela.

Louise cerrou seus olhos, pronunciou uma pequena frase e agitou sua varinha. De

repente os pedaços de metal explodiram. A explosão acertou em cheio Louise e Chevreuse e

as lançou contra o quadro negro, toda a classe começou a gritar.

Os familiares desesperados se juntaram ao caos. A salamandra de Kirche acordou e

levantando-se lançou chamas pela sua boca. A explosão assustou a mânticora (2) que fugiu

voando e quebrou a janela. Através do buraco, a serpente gigante que estava observando as

escondidas entrou e engoliu a coruja de alguém.

(2) Uma criatura mitológica semelhante às esfinges, às vezes é representada com asas.

A classe estava mergulhada no caos.

Kirche levantou e apontou para Louise.

– É por isso que disse que era melhor deixar para lá!

– Porra, Vallière! Nos livre desse sofrimento e abandone a academia de uma vez!

– Lucky! Minha serpente já teve o seu lanchinho! Que sorte!

Saito estava em estado de choque.

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A Senhorita Chevreuse não podia se mover de onde estava. De vez em quando fazia

algum movimento, então ela não estava morta.

Uma Louise cheia de fuligem se levantava pouco a pouco. Parecia realmente uma

coitada. Através de sua blusa totalmente rasgada podia-se ver seu ombro, pequeno e fino, e a

sua calcinha aparecia por causa dos rasgos em sua saia.

No entanto, ela era uma garota incrível.

Louise não parecia nem um pouco desconcertada pelo distúrbio que ela criou na sala.

– Parece que eu errei um pouco... – Disse ela com uma voz fina.

Claro que os outros estudantes tinham uma resposta para esse comentário.

– Isso não é errar um “pouco”! Louise o Zero!

– Sua probabilidade de êxito será sempre ZERO!

Assim, Saito compreendeu por que a chamavam de “o Zero”.