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SBI: CONSOLIDAÇÃO DA INFECTOLOGIA NO BRASIL A SBI surge em 1980 e, ao lado de caminhar para o fortalecimento da abordagem assistencial, passa a enfrentar os problemas atuais de saúde pública de prevenção e controle das doenças infecciosas. CAPÍTULO 1

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SBI: CONSOLIDAÇÃO DA

INFECTOLOGIA NO BRASIL

A SBI surge em 1980 e, ao lado de caminhar parao fortalecimento da abordagem assistencial, passa aenfrentar os problemas atuais de saúde pública deprevenção e controle das doenças infecciosas.

CAPÍTULO 1

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A

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Sociedade Brasileira de Infectologia, uma organi-zação composta por médicos especialistas, abran-ge hoje todo o território nacional. Está presenteem 23 estados brasileiros e promove o desenvol-vimento da especialidade médica, a Infectologia,

que se dedica à prevenção, ao diagnóstico, ao tratamento e à cura dasdoenças infecciosas.

A SBI mantém como princípio a interação e a parceria comentidades governamentais ou privadas com o objetivo de estabele-cer ações de interesse coletivo. São atividades que valorizam osinfectologistas, beneficiam a população e contribuem para a saúdepública no Brasil.

Desde sua criação, em 1980, a SBI tem atuado em conformidadecom as demandas da sociedade brasileira, ao trazer para o debate ques-tões de interesse público às vezes subestimadas pelos gestores de saúde.A SBI teve, e ainda tem, papel fundamental na discussão dos principaisproblemas de saúde pública do país.

A epidemia de HIV/Aids é um exemplo. A Sociedade levouem consideração não só os aspectos médico-científicos, mas tam-bém as conseqüências epidemiológicas da doença e a necessidade deprogramas para seu controle e enfrentamento.

A SBI também entrou na luta contra as infecções hospitalares,sobretudo nas Unidades de Terapia Intensiva e hoje todos os hospi-tais são obrigados a ter uma Comissão de Controle de Infecção

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Hospitalar, oferecendo metodologias para redução da incidência eda gravidade destas infecções. A SBI impulsionou a discussão sobreessa questão a tal ponto que hoje existe uma sociedade nacional deinfecção hospitalar, extremamente importante e atuante.

As micoses profundas, que não eram abordadas pelos gestores pú-blicos, é um outro exemplo de problema de saúde coletiva com a quala SBI também se envolveu. Hoje a micologia passou a ter atençãoespecial por parte das autoridades de saúde.

AÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA

A Sociedade tem cumprido sua missão de contribuir com opoder público na elaboração e aplicação de recomendações tera-pêuticas e de prevenção por meio da indicação de associados comoparticipantes em comitês técnicos.

A SBI possui representantes em diversas áreas do Ministério daSaúde: no Programa Nacional de Imunizações (PNI), no Comitê deTerapia Anti-retroviral, no Comitê de Influenza, na Comissão Nacionalde DST/Aids, no Programa Nacional de Hepatites Virais, no Programade Nacional de Controle da Tuberculose e no Programa Nacional deEliminação da Hanseníase, entre outros. Na Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária (Anvisa), a SBI tem um representante na recém-criadaRede de Monitoramento e Controle da Resistência Microbiana emServiços de Saúde, além de ser uma consultora permanente da agência.

Além disso, a SBI mantém parcerias efetivas de trabalho com oMinistério de Saúde, em especial com o Programa Nacional deDST/Aids, o que tem permitido à Sociedade atuar por todo o país,com oficinas de manejo clínico do HIV/Aids nas diferentes regiõesbrasileiras, num trabalho de educação continuada voltado a profis-sionais que atuam na área.

Se por um lado, alguns infectologistas ocupam espaços impor-tantes por indicação da diretoria da instituição, os associados emgeral têm tido voz ativa e participação atuante nos programas doMinistério da Saúde ou das secretarias estaduais de Saúde, voltadosàs doenças infecciosas. Eles atuam em diversas áreas, como Aids,hepatites, leptospirose, meningites, infecções hospitalares, infecçõesdo imuno-deprimidos, imunizações, entre outros.

A formulação de consensos terapêuticos também está na pautadas atividades da SBI. Ela participou, por exemplo, da elaboração do

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consenso sobre hepatites, promovido pela Sociedade Brasileira deHepatologia. Da mesma forma, a sociedade de hepatologia participarádo consenso de hepatites que será conduzido futuramente pela SBI.

Outros exemplos são a colaboração para o II Consenso Brasileirode Tuberculose, elaborado pela Sociedade Brasileira de PneumologiaeTisiologia, e as contribuições para o Projeto Diretrizes, da AssociaçãoMédica Brasileira e do Conselho Federal de Medicina, com o trabalhoPrevenção da Infecção Hospitalar, em 2001, e com o lançamento demais cinco diretrizes em 2005, sobre infecções do trato urinário, ela-boradas em parceria com Sociedade Brasileira de Urologia.

DEFESA DA ESPECIALIDADE

A SBI se posicionou ao longo de sua história não apenas comouma associação científica, mas como uma instituição que defendeos interesses de seus associados e do campo do saber da Infectologia.

Após 25 anos, constata-se que uma das principais contribuiçõesda SBI foi a inserção dos infectologistas em diferentes áreas daassistência à saúde. Hoje os médicos podem contribuir nas áreashospitalar e clínica, na vigilância em saúde, no diagnóstico e enfren-tamento das epidemias, e no estudo das doenças emergentes e reemer-gentes, entre outras.

A SBI ajudou a construir ainda, ao longo dos anos, outramentalidade no tratamento das doenças, o que certamente colaboroupara ampliar a área de atuação dos infectologistas. O profissional quecuidava da meningite, por exemplo, era exclusivamente o neurolo-gista. O pneumologista conhece os problemas de pulmão, mas nãodomina completamente algumas situações específicas envolvendoagentes infecciosos. Os profissionais que cuidavam das infecções hos-pitalares eram as enfermeiras, e assim por diante.

O papel fundamental da Sociedade foi ampliar as contribuiçõesque o infectologista pode oferecer. Trata-se de um especialista quetem uma abrangência de conhecimento muito diversificada, que vaialém da clínica médica e cobre aspectos da epidemiologia, imunologiae as várias interfaces relacionadas aos processos infecciosos. AInfectologia é uma especialidade que envolve todas as áreas da Medicina,uma vez que as infecções não se limitam a um só órgão.

A Sociedade tem mantido relacionamentos com outras socie-dades brasileiras de especialidades, seja no encaminhamento conjunto

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das questões de defesa profissional junto à Associação Médica Brasi-leira, seja na realização de congressos e na elaboração de diretrizes econsensos. As sociedades de Doenças Sexualmente Transmissíveis,de Pneumologia e Tisiologia, de Hepatologia, de Urologia são al-guns exemplos.

ATUALIZAÇÃO

A SBI vem oferecendo condições para que os especialistas da árearespondam a uma importante demanda da sociedade e do mercado: acontínua atualização profissional dos infectologistas. Esta tornou-seuma das principais metas da Sociedade. Os médicos devem estar aptosa lidar com as rápidas mudanças e evolução dos conhecimentosenvolvidos em diagnóstico e tratamento das doenças infecciosas.

Um importante exemplo foi a epidemia de HIV/Aids. Osinfectologistas brasileiros deram rápida resposta na execução das metasdo programa brasileiro de combate à Aids. Não bastava que o pro-grama fosse bom, era preciso ter profissionais que conseguissemcolocá-lo em prática.

A Infectologia é um dos campos da Medicina que, nas últimasdécadas, mais apresentou avanços à humanidade. Desde a descober-ta dos antibióticos, terapias cada vez mais potentes permitem às pes-soas viverem mais e melhor. A epidemia da Aids, as infecções hospi-talares, as hepatites virais, o uso inadequado dos antibióticos e ou-tros agravos à saúde vêm exigindo dos infectologistas preparo eatualização para oferecer respostas imediatas e adequadas à sociedade.

Entre os esforços de educação continuada da SBI estão aimplantação do Programa de Educação Continuada (PEC) e a Bi-blioteca Online, que nos próximos anos devem ser ainda maisabrangentes. A estruturação dos Comitês Científicos, que ampliouas áreas de enfoque da Sociedade, permite maior resposta aos desa-fios de saúde pública e são importantes fontes de conteúdo para aatualização dos profissionais.

É papel da SBI coordenar e estimular a organização de congres-sos e reuniões científicas, incentivar as discussões éticas e as pesqui-sas clínicas, e oferecer cursos de atualização. A Sociedade oferecemeios para que seus sócios tenham acesso à mais atualizada literatu-ra nacional e internacional da área.

A SBI pretende estar cada vez mais presente no cotidiano

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profissional de todos os infectologistas, seja no consultório, na univer-sidade ou no hospital, nos serviços públicos ou no setor privado.

A Sociedade tem ocupado um espaço importante no sentido desuperar a grandeza física brasileira, não só conferindo título deespecialista a médicos em todo o país, mas, também, organizandocongressos médicos, com o objetivo de integrar os infectologistas dasdiversas regiões do Brasil, levando o conhecimento aos profissionaisque estão longe dos grandes centros urbanos ou de referência científica.

A Infectologia conquista seu espaçoAs primeiras atividades societárias na área de doenças infecciosas

surgiram no Brasil com a criação da Sociedade Brasileira de Medici-na Tropical (SBMT). Este espaço era reservado – e ainda o é – parabiólogos, bioquímicos, pesquisadores e médicos da área de doençastropicais, que cuidavam predominantemente das grandes endemias.

Durante a Segunda Guerra Mundial, como havia a possibilida-de de o conflito estender-se para a África e América do Sul, especial-mente para a Amazônia, foram criados nos países europeus váriosinstitutos na área de Medicina Tropical. Os norte-americanos, porexemplo, implantaram o Instituto de Medicina Tropical em Belémdo Pará – o atual Instituto Evandro Chagas – onde seus pesquisadoresprocuravam conhecer melhor as patologias mais prevalentes nas áreastropicais. A partir daí, as sociedades de Medicina Tropical foramsendo criadas em vários países.

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Manuscrito do dr.Ricardo Veronesi,

datado de 1999,aborda os velhos

conceitos de“doenças tropicais”

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A SBMT englobava especialistas com visão predominantementeem saúde pública, incorporando os profissionais que atuavam em pro-gramas de saúde coletiva, ligados às estruturas governamentais, sobre-tudo do Ministério da Saúde, suas fundações e institutos. Eramprofissionais que trabalhavam com as doenças endêmicas, ditas doençastropicais. Como era o único fórum existente, aqueles que tinhamuma visão de saúde mais individualizada, de doenças infecciosas,acabavam também participando daquela sociedade.

Apesar de muitas questões em comum, havia claramente umadistinção entre Medicina Tropical e a visão mais individualizada so-bre doenças infecciosas. Não cabiam no campo da Medicina Tropi-cal, por exemplo, as infecções hospitalares ou mesmo a epidemia deHIV/Aids, já que se trata de uma epidemia mundial, sem relaçãodireta com os trópicos. Era necessário criar um outro contexto parauma especialidade que tivesse seu olhar também voltado para o in-divíduo e para as patologias mais prevalentes em áreas urbanizadas.

Esta nova visão sobre as doenças infecciosas levou dois professoresda Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, RicardoVeronesi e Paulo Augusto Ayrosa Galvão, a se unirem para a criaçãoda Sociedade Brasileira de Infectologia. A intenção era que a novainstituição abrangesse as doenças infecciosas e parasitárias de umamaneira mais ampla, incluindo temas até então ausentes noscongressos de Medicina Tropical, tais como infecções dos imuno-deprimidos, infecções hospitalares, infecções em terapia intensiva,infecções ósteo-articulares, ou seja, todos os aspectos que envolviamas doenças infecciosas dentro da Medicina Interna.

Um importante fator que estimulou um grupo de pessoas a sereunir em torno de uma nova sociedade médica foi o advento das,então recentes, metodologias para o controle das infecções hospita-lares. O fenômeno da resistência bacteriana, que emergiu no finaldos anos 60, também trazia um novo tema para os infectologistas: oadequado manejo dos antibióticos.

Já não eram mais suficientes as aulas de farmacologia e terapêuticaclínica para aprender a manusear essa classe de medicamentos. O adventodos antimicrobianos, com uma gama maior de produtos e uma cober-tura mais abrangente, trouxe cada vez mais dificuldades para o clínicogeral utilizar de modo eficaz esses medicamentos, o que exigia a atua-ção de um especialista. Hoje este é domínio absoluto dos infectologistas.

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A Aids, a maior epidemia do final do século 20, também serviucomo elemento agregador, unindo os infectologistas na busca dealternativas para a prevenção, diagnóstico e tratamento da doença.Os infectologistas surgiram neste espaço não abordado pela MedicinaTropical e assumiram a liderança na condução do problema. Tratarda Aids não era nada fácil e animador nos anos 80.

Aos poucos a especialidade foi se firmando, até se consolidar eocupar um papel de relevância perante as demais áreas médicas.Hoje o infectologista tornou-se essencial na abordagem de proble-mas de outras especialidades. Atualmente, muitos infectologistas seespecializam na área de imuno-deprimidos e fazem parte, porexemplo, de equipes de transplantes, de cancerologistas, dedermatologistas, áreas nas quais pode haver infecções que limitam osucesso do tratamento da doença de base.

De um modo geral, o surgimento da Infectologia no Brasil foium movimento que já se observava também em outros países, naprópria América Latina. A criação da Sociedade Pan-Americana deInfectologia seguiu uma linha semelhante à criação da SBI. Nos Esta-dos Unidos, foi criada a Infectious Diseases Society of América (IDSA).A especialidade das doenças infecciosas, como é chamada nos EUA,passou a ser uma norma, uma rotina. Sociedades dessa especialidadeforam criadas também nos países da Europa Ocidental.

NOME ABRASILEIRADO

Infectologia é um termo criado genuinamente no Brasil, tendosido sugerido primeiramente pelo professor Ricardo Veronesi. Umneologismo que passou a fazer parte da terminologia médica empaíses de língua portuguesa e espanhola. Como o professor mesmodefinia, a Infectologia é capaz de englobar tudo: doenças infecciosas,bacterianas, parasitárias e fúngicas.

No Brasil, e por extensão nos países de língua espanhola, acabouse adotando o termo Infectologia. Nos demais países, predomina otermo doenças ou moléstias infecciosas – infectious diseases –,nomenclatura imposta pela língua inglesa.

O primeiro nome escolhido para a instituição foi Sociedade Brasi-leira de Doenças Infecciosas. Mas por sugestão do próprio Veronesipassou a ser Sociedade Brasileira de Infectologia – SBI, nome aprovadopor unanimidade pelos membros da sociedade que se formava.

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A partir de então o termo se popularizou e espaços foram seabrindo no mercado de trabalho médico para o especialista dessaárea, o infectologista. Mas foi com a epidemia da Aids, em meadosdos anos 80, que o termo se cristalizou no Brasil e rapidamente seexpandiu, ganhando popularidade e despertando o crescente interessedos médicos e da sociedade em geral pela Infectologia.

PRIMÓRDIOS DA SBI

A idéia da criação da SBI tomou vulto durante o XVI Con-gresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, que ocorreuno início de 1980, na cidade de Natal, Rio Grande do Norte. Foifirmado um pacto de criação de uma sociedade, entidade civil, semfins lucrativos, de caráter científico para promover o desenvolvi-mento e o intercâmbio entre os médicos da especialidade.

Uma Diretoria Provisória, presidida pelo professor Veronesi,foi instalada, encarregada de elaborar o Estatuto para a nova socie-dade. Em 1981, ocorreu o 1º Congresso Brasileiro de Infectologia,no Balneário Camboriú, em Santa Catarina, entre os dias 4 e 9 deoutubro. Novas vacinas, leptospirose, toxoplasmose, infecções hos-pitalares, hepatite por vírus, tétano, vacinas contra difteria, polio-mielite e raiva foram temas do primeiro congresso da SBI.

No encontro, que aconteceu conjuntamente com o 1º Con-gresso de Infectologia dos Países de Língua Portuguesa, foi realizadoo primeiro concurso para o Título de Especialista. Na ocasião,também foi eleita a primeira Diretoria da SBI, com a indicação doprofessor Veronesi para a presidência. Como ramificações da Socie-dade nos estados, foram criadas as chamadas Federadas. Até 1983contabilizavam 11 em todo o país. As primeiras foram instaladas naParaíba, Pará e Paraná.

Logo nos primeiros anos da Sociedade, a diretoria buscou oreconhecimento da Infectologia como uma especialidade médicajunto à Associação Médica Brasileira (AMB). A SBI passou, então, aser uma sociedade de especialidade médica reconhecida pela AMB.

Essa nova condição da SBI criou as bases para que ela tivesseforça na condução de programas de educação médica continuada,exatamente por ser capacitada e devidamente reconhecida pela AMBpara realizar os concursos de Título de Especialista. A AMB é aorganização que concede o Título de Especialista, mas pelo seu

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estatuto são as sociedades nacionais de especialidade as responsáveispelo concurso.

Ainda nos primeiros anos de vida da SBI, a Infectologia foioficialmente reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina comoespecialidade médica. A Comissão Nacional de Especialidades Mé-dicas homologou a SBI como única entidade efetiva-mente médica representante da Infectologia, reconheci-mento não alcançado pela Sociedade Brasileira de Me-dicina Tropical.

A Sociedade cresceu rapidamente. O número de mé-dicos formados e residentes em Infectologia só aumentava.A adesão foi maciça. Naquela época, o Brasil havia passadorecentemente por uma grande epidemia de meningite,em meados da década de 70, além de outras questões desaúde pública: as novas vacinas que surgiam, as epidemiasde leptospirose, de sarampo, de febre tifóide.

O caráter endêmico de várias doenças infecciosas degrande importância, como as hepatites e as meningites,não estava sendo abordado em profundidade por outrasespecialidades médicas. A SBI passou a participar ativa-mente das discussões dos evidentes problemas e a proporrecomendações aos gestores de saúde.

CONSOLIDAÇÃO DA SBI

Ainda durante a Diretoria Provisória, a SBI iniciouconvênio e parcerias com organizações internacionais. Aprimeira foi com a International Federation of InfectiousDisease, com sede em Pávia (Itália). Em 1983 ocorre afiliação da SBI à International Federation for Parasitic andInfeccious Diseases.

Uma das formas de consolidação da Sociedade, aindaem seus primeiros anos, foi a realização dos congressos de Infectologiaem nível nacional, como forma de aglutinar os especialistas e pro-mover atualizações na área. Eles se tornaram, ao mesmo tempo, ofórum ideal para a troca de experiências.

O 2º Congresso Brasileiro de Infectologia foi realizado em SãoPaulo, entre os dias 1º a 5 de junho de 1983. Contou com a partici-pação de conferencistas internacionais como Albert Sabin, professor

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Ricardo VeronesiGestão1980/1988

Diretoria Provisória, compostaem 30/01/1980, com Ricardo

Veronesi (presidente), Arary daCruz Tiriba (vice-presidente),

Antonio Lauro Coscina(secretário geral), Roberto

Focaccia (secretário), RudolfUri Hutzler (1º tesoureiro) e

Chaie Feldman (2º tesoureiro)Em 1981, toma posse a

Diretoria definitiva: RicardoVeronesi (presidente), Paulo

Augusto Ayroza Galvão (vice-presidente), Roberto Focaccia

(secretário geral), RobertoMarcio da Costa Florim

(1º secretário), Chaie Feldman(1º tesoureiro) e Rudolf Uri

Hutzler (2º tesoureiro)Em junho de 1983,

foi reeleita a mesma diretoria.No período 1986/1988:

Ricardo Veronesi (presidente),Paulo Augusto Ayrosa Galvão

(vice-presidente geral),Roberto Focaccia (secretáriogeral), Roberto José da SilvaBadaró (1º secretário), Chaie

Feldman (1º tesoureiro) e KalilAbrahão Hallack (2º tesoureiro)

Vice-presidentes regionais:Francisco Orniudo Fernandes

(Norte-nordeste), EduardoVilhena Leite (Centro-leste) e

Nelson Szpeiter (Sul).

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da The University of Georgetown School of Medicine, Christian Trepo, daUniversité Claude Bernard, e o argentino Jorge Gorodner, represen-tante da Faculdad de Medicina da Universidad de Corrientes.

Apenas três anos depois ocorreu o 3º Congresso Brasileiro deInfectologia, realizado entre 26 e 30 de maio de 1986, em Petrópolis,Rio de Janeiro. Os temas de maior impacto na época, como a den-gue e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) constaramentre os assuntos prioritários dos debates.

O 4º Congresso Brasileiro de Infectologia aconteceu emCuritiba, Paraná, em 1987, e foi realizado em conjunto com o XXIIICongresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. No anoseguinte, a cidade do Rio de Janeiro abrigou o 5º Congresso Brasi-leiro de Infectologia, entre 17 e 21 de abril. Conjuntamente, houveo Congresso Internacional de Doenças Infecciosas, realizado pela

Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas(ISID). A escolha do Brasil acabou sendo um mar-co da consolidação definitiva da SBI, tanto nacio-nal como internacionalmente. Os congressos an-teriores haviam ocorrido na Europa, em 1985, ena África, em 1983.

Ao mesmo tempo a SBI atuava junto aos pode-res Executivos e Legislativo. Como exemplo, o en-tão presidente da SBI, Ricardo Veronesi, conseguiuaprovar uma lei na Assembléia Legislativa de São Paulo,obrigando todos os escolares do Estado a serem vaci-nados contra o tétano. A consolidação da SBI pormeio do debate das principais questões de interessepúblico levantadas pelos congressos nacionais da ins-tituição continuou.

AIDS GANHA ESPAÇO NOS CONGRESSOS

O 6º Congresso Brasileiro de Infectologia, realizado em Salva-dor entre os 27 e 31 de agosto de 1991, abordou temas como osavanços no diagnóstico e na terapêutica das doenças infecciosas,virologia e bacteriologia, doenças sexualmente transmissíveis, atua-lizações em terapêutica antimicrobiana, retrovírus, síndrome daimunodeficiência adquirida, malária, prevenção do cólera no Brasil,medidas de controle de infecção hospitalar.

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Congressos da SBIforam realizados

periodicamente emdiferentes regiões

do Brasil

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Em 1991, a SBI instituiu o prêmio Medalha Emílio Ribas deInfectologia, que passou a ser concedido a médicos infectologistas eàqueles dedicados à área de Doenças Infecciosas e Parasitárias, quefossem indicados e aprovados pela comissão julgadora da concessãodo prêmio.

O 7º Congresso Brasileiro de Infectologia aconteceu entre osdias 22 e 26 de agosto de 1992, em São Paulo, e contou com apresença de mais de mil participantes. Simultaneamente acontece-ram o III Congresso de Infectologia dos Países de Língua Portu-guesa e o I Congresso de Infectologia do Mercosul. Aepidemia de Aids foi uma das questões que dominou aprogramação dos eventos.

Entre os temas em destaque, estavam: a prevenção datransmissão de doenças infecciosas por transfusão de san-gue; o diagnóstico da infecção por HIV em recém-nasci-dos; aspectos clínicos da Aids em países de língua portu-guesa; estratégias do controle da Aids no Brasil; novas fron-teiras no tratamento anti-HIV; transmissão heterossexualdo HIV; Aids e ética médica; doença de Chagas; infecçãohospitalar; cólera nas Américas; doenças infecciosas e aatuação dos planos privados de saúde.

NOVOS RUMOS

A SBI manteve um permanente esforço, ao longo dos anos, deatuação junto ao Congresso Nacional brasileiro, fazendo frente aospoderosos grupos de Medicina privada. Esse posicionamento sem-pre esteve em sintonia com iniciativas da Associação Médica Brasi-leira, Federação Nacional dos Médicos e Conselho Federal de Me-dicina, no sentido de fazer prevalecer a resolução que obriga osplanos privados de saúde a atenderem todas as patologias, incluindoas doenças infecciosas e parasitárias.

O 8º Congresso Brasileiro de Infectologia aconteceu em 1994,entre 17 e 21 de setembro, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.Com cerca de 40 palestrantes internacionais, vindos de países comoEUA, Inglaterra, França, Itália, Argentina, Uruguai e Chile, o eventoteve aproximadamente 1,2 mil congressistas inscritos. Paralelamen-te, foi realizado o II Congresso de Infectologia do Mercosul.

A discussão sobre a Aids foi um dos pilares do Congresso, mas as

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Paulo AugustoAyroza Galvão

Gestão 1988/1992Paulo Augusto Ayrosa Galvão

(presidente), FranciscoOrniudo Fernandes (vice-

presidente geral), ChaieFeldman (secretário geral),Marione Cortez Santos (1º

secretário), André VilellaLomar (tesoureiro geral) e

José Angelo BarlettaCrescente (1º tesoureiro)

Vice-presidentes regionais:Roberto José da Silva Badaró

(Norte-nordeste), WalterTavares (Centro-leste) e

Nelson Szpeiter (Sul).

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chamadas doenças tropicais também tiveram seu espaço, como ocólera. Outros temas estiveram na pauta: infecção hospitalar,microbiologia, tuberculose, infecções em pediatria, doenças fúngicas.

A cidade do Recife, em Pernambuco, abrigou o 9º CongressoBrasileiro de Infectologia, entre 25 e 29 de agosto de 1996, commais de 80 palestrantes por dia. O evento teve 1,7 mil participantesinscritos e mais de 500 trabalhos foram apresentados entre temas

livres ou pôsteres. Aconteceu o lançamento da revista cien-tífica da SBI intitulada The Brazilian Journal of InfectiousDiseases, sob direção do infectologista Roberto Badaró.

Estiveram na pauta as grandes endemias, além dosnovos conhecimentos sobre os mecanismos de defesa dohomem, a regulação da resposta imunológica e osanticorpos. Entre os temas abordados, destaque para asendemias emergentes, como a dengue, malária e febreamarela; as infecções do sistema nervoso; doenças trans-mitidas pelo sangue; os antimicrobianos; as infecçõespediátricas; a biossegurança dos profissionais da saúde. Comrelação à epidemia de HIV/Aids, foram debatidos o papeldo infectologista nas DSTs; as endemias brasileiras na Aids;as infecções oportunistas; a Aids e o profissional da saúde.

PARCERIAS E COMUNICAÇÃO

A Sociedade passou por um processo de estruturaçãoe organização institucional, que se intensificou com o passar dosanos. Houve progresso, sobretudo, em relação à comunicação daSBI. Com a preocupação de tornar a instituição mais acessível, foicriado o website na Internet, buscando aprimorar a difusão de infor-mações para os sócios. Além disso, foi lançado um boletiminstitucional.

O 10º Congresso Brasileiro de Infectologia aconteceu entre 18 e 23de maio de 1997, em Salvador, Bahia, conjuntamente ao VIII CongressoPanamericano de Infectologia. Cerca de 275 especialistas proferiram pa-lestras, coordenaram e presidiram sessões científicas do evento.

O objetivo foi discutir os problemas e as novidades relaciona-dos às infecções, aos antimicrobianos e às vacinas, com destaquepara as infecções causadas pelos retrovírus, as doenças emergentes,as infecções hospitalares, entre outros. Os riscos no manuseio de

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18 l 25 ANOS DA SBI

André Vilella LomarGestão 1993/1995

André Vilella Lomar(presidente), Roberto Badaró

(vice-presidente), PauloAugusto Ayroza Galvão (vice-

presidente para assuntosinternacionais), Kalil AbraãoHallack (vice-presidente para

assuntos profissionais), Ivande Oliveira Castro (secretário

geral), Francisco OrniudoFernandes (1º secretário),Roberto Marcio da Costa

Florim (tesoureiro geral) eFernando Pedroza

(1º tesoureiro).Vice-presidentes regionais:

José Ângelo BarlettaCrescente (Norte), Antonio

Miranda (Sul), RobertoFocaccia (Sudeste),

José Ivan AlbuquerqueAguiar (Centro-oeste).

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drogas anti-retrovirais sem monitoração da carga viral e transmis-são heterossexual do HIV foram destaques no campo da epidemiado HIV/Aids.

De 1° a 4 de agosto de 1999, São Paulo abrigou o 11° Congres-so Brasileiro de Infectologia. Houve cursos pré-congresso: “Diag-nóstico Laboratorial em Infectologia”, “Antibióticos”, “Imuniza-ções”, “Doenças Infecciosas e Parasitárias do Sistema Nervoso Cen-tral”. Nas conferências, os temas em destaque foram a terapêuticaanti-retroviral; as novas estratégias na terapêutica antifúgica;doenças infecciosas e transfusão sangüínea.

As mesas-redondas abriram espaço para debates sobreas micoses endêmicas; Aids e imunovirologia; a resistência àterapêutica anti-HIV; a resposta imune na Aids; nutrição eimunidade na Aids; novos agentes e estratégias nos trata-mentos das hepatites virais; utilidade clínica dos testes desensibilidade a antimicrobianos; diagnóstico e terapêuticade infecções oportunistas na Aids.

Com o Governo Federal, a SBI estabeleceu uma forteparceria, passando a integrar a Comissão Nacional deAssessoramento Técnico-Científico de Medicamentos(Conatem), que reunia 18 renomados especialistas brasi-leiros. Aos associados, foi oferecida a possibilidade de filiar-se à Internacional Aids Society (IAS).

NOVO MILÊNIO

A partir do ano 2000, a SBI dá início a uma impor-tante aproximação com a Associação Médica Brasileira(AMB). Intensifica-se a participação da Sociedade nasreuniões da AMB, passando a fazer parte do ConselhoDeliberativo da Associação, juntamente com outras 13sociedades nacionais de especialidade. Desde então, tem participa-do regular e ativamente das reuniões e atividades desenvolvidaspela instituição nas áreas de defesa profissional e na elaboração dedocumentos técnicos. Outro movimento no qual a SBI se engajoufoi a defesa da melhoria da remuneração dos médicos pelos planosde saúde.

Fruto da aproximação com a AMB, a SBI foi convidada a for-mular três documentos de consenso divulgados pela Associação, com

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25 ANOS DA SBI l 19

Roberto Joséda Silva Badaró

Gestão 1996/1999Roberto José da Silva Badaró

(presidente), Roberto Focaccia(vice-presidente), André

Vilella Lomar (vice-presidentepara assuntos internacionais),

Kalil Abrahão Hallack (vice-presidente para assuntosprofissionais), Rosemarie

Lorenço (secretária geral) eFrancisco Orniudo Fernandes

(1º Secretário), Carlos BritesAlves (tesoureiro geral)

e Aloísio Bemvindode Paula (1º tesoureiro).

Vice-presidentes regionais:José Angelo Barletta

Crescente (Norte),Sylvia Lemos Hinrichsen

(Nordeste), José LuizAndrade Neto (Sul), Marília

de Abreu Silva (Sudeste), JoséIvan de Albuquerque Aguiar

(Centro-oeste).José ÂngeloBarletta Crescente (Norte),

Antonio Miranda (Sul),Roberto Focaccia (Sudeste),

José Ivan AlbuquerqueAguiar (Centro-oeste).

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auxílio do Ministério da Saúde, para todos os médicos do Brasil,sobre Antimicrobianos e Infecções Comunitárias; Infecção Hospi-talar; e Aids.

Consultas técnicas encaminhadas à Sociedade passaram a ser res-pondidas por grupos de trabalho, os comitês científicos, constituídospor experts nas várias subáreas da especialidade. Passaram a atuar inicial-mente os seguintes comitês: hepatites virais, antimicrobianos, infecçãohospitalar, HIV/Aids, HTLV, micologia clínica, infecções respiratóriasvirais e residência médica. Cabia a eles, ainda, a participação ativa emprogramas de educação continuada e a representação da SBI junto aórgãos do governo e conselhos técnicos.

Ações voltadas à educação continuada foram intensificadas pelaSBI, que passou a ter participação mais ativa no incentivo, apoio logísticoe financeiro a eventos de educação continuada em diferentes cidadesdo Brasil. Inclusive intensificou-se a realização de cursos feitos em

colaboração com a Internacional Aids Society (IAS).O 12º Congresso Brasileiro de Infectologia aconte-

ceu de 2 a 5 de dezembro de 2001, na cidade do Rio deJaneiro, com tema central “O Urbano e a infecção: diag-nóstico e tratamento”. O objetivo foi enfocar o resultadoda crescente urbanização no Brasil, particularmente o re-crudescimento de velhas doenças e o aparecimento denovos agravos infecciosos entre a população das cidades.Os aspectos das imunizações ativas e as vacinas em desen-volvimento para Aids também foram discutidos. No con-gresso foram ainda debatidos temas mais políticos, como asituação da remuneração dos médicos brasileiros e ques-tões ligadas ao bioterrorismo.

Após mudanças promovidas no Estatuto da SBI, emespecial no sistema de escolha da diretoria da instituição,aconteceu a primeira eleição direta no final de 2001. Foidado um importante passo no programa de educação con-tinuada da SBI: o conteúdo completo de importantes pu-blicações internacionais da área de Infectologia passou aser disponibilizado em fase experimental em uma biblio-teca online criada no site da sociedade, objetivando a atua-

lização permanente dos associados.A SBI passou a ser representada na Coordenação Nacional de

CAPÍTULO 1 l SBI: CONSOLIDAÇÃO DA INFECTOLOGIA NO BRASIL

20 l 25 ANOS DA SBI

Adauto Castelo FilhoGestão 2000/2002

Adauto Castelo Filho(presidente), Dimas Carnaúba

Júnior (vice-presidente),Guido Levi (vice-presidente

para assuntos internacionais),Edwal Aparecido Rodrigues

(vice-presidente paraassuntos profissionais),

Antônio Carlos C. Pignatari(1º secretário), Regina CéliaSantos Valim (2º secretário),

Arnaldo Lopes Colombo(1º tesoureiro) e Lourival R.

Marsola (2º tesoureiro).Vice-presidentes regionais:

Vanessa Gontijo Almeida(Norte), Nanci Ferreira da

Silva (Nordeste), WalterTavares (Sudeste), Breno

Riegel (Sul), Alice Mochel(Centro-oeste)

Comissão científica: AluisioSegurado, Carlos Brites Alves,

Eduardo A. S. Medeiros,Eurico Arruda Neto, Flávio deQueiroz Telles Filho e Rogério

de Jesus Pedro.

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DST/Aids e integrou um grupo de trabalho sobre lipodistrofia edislipidemia em pacientes HIV-positivos. É a primeira participaçãooficial da SBI na Coordenação. Pela primeira vez a SBI foi solicitadatambém para indicar um representante para a Comissão Nacionalde Imunizações, do Ministério da Saúde.

A Sociedade buscou ainda parcerias com outros setores do Mi-nistério, como por exemplo, com o Programa Nacional de Controledas Hepatites Virais e com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).Daí resultou solicitação do Centro Nacional de Epidemiologia para aSBI avaliar o treinamento para médicos do Programa Nacional eControle da Dengue. A Sociedade foi encarregada ainda de conduzira revisão do Guia de Bolso de Doenças Infecciosas e Parasitárias, edi-tado pela Secretaria de Vigilância em Saúde, órgão do Ministério.

O 13º Congresso Brasileiro de Infectologia aconteceu na cida-de de Goiânia, em Goiás, de 31 de agosto a 3 de setembro de 2003,reunindo cerca de 1,3 mil participantes. O tema central foi “Asmelhores evidências frente aos novos desafios da Infectologia”. Aprogramação científica do evento apoiou-se em três pontos: incor-poração dos avanços das ciências básicas à prática clínica; atualizaçãono diagnóstico e tratamento com base nos conhecimen-tos atuais; e integração Infectologia-Saúde Pública, emespecial nas doenças emergentes e reemergentes. O obje-tivo foi colocar em discussão as melhores evidências cien-tíficas para o diagnóstico e o tratamento das doenças in-fecciosas, antigas e emergentes.

Os congressistas tiveram à disposição oito cursos pré-congresso, 40 mesas-redondas, oito conferências, seissimpósios, além de plenárias, cursos de atualização, exposi-ção de pôsteres e apresentação oral de trabalhos aprovadosde pesquisadores brasileiros. Entre as principais discussões, destaquepara temas tradicionais como novas modalidades de tratamento paraHIV/Aids, controvérsias no manuseio das hepatites virais, resistênciaantimicrobiana, infecções em imunodeprimidos HIV-negativos, bio-logia molecular no diagnóstico das doenças infecciosas, monitoramentoe investigação de febres hemorrágicas até temas mais polêmicos e deponta como carbúnculo ou antraz e varíola, potenciais armas para obioterrorismo.

Em 2004, a SBI passou a apoiar a luta da classe médica pela

CAPÍTULO 1 l SBI: CONSOLIDAÇÃO DA INFECTOLOGIA NO BRASIL

25 ANOS DA SBI l 21

Celso Ferreira Ramos FilhoGestão 2002/2004

Celso Ferreira Ramos Filho(presidente), Roberto

Focaccia (vice-presidente),Marília de Abreu Silva

(1ª secretária), José IvanAlbuquerque Aguiar

(2° secretário), Esaú CustódioJoão Filho (1° tesoureiro) eFernando Luiz de Andrade

Maia (2° tesoureiro)

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valorização da profissão, materializada na defesa da implantação daClassificação Brasileira Hierarquizada dos Procedimentos Médicos(CBHPM). A colaboração da SBI com autoridades de saúde públi-cas se intensificou. A pedido da Secretaria de Vigilância em Saúde,foi indicado um representante da SBI para o Comitê de Preparaçãodo Brasil para a Pandemia de Influenza.

Com a presença dos membros do Conselho Diretor da SBI, fa-miliares de ex-presidentes e convidados, foi inaugurada, em outubro

de 2004, a nova sede da SBI, localizada à rua Do-mingos de Morais, Vila Mariana, São Paulo. Maisampla e confortável que a sede anterior, situada à

Rua da Consolação, nos Jardins,as novas instalações têm espa-ço para reuniões e infra-estru-tura adequada para secretaria eadministração das atividades.

Uma galeria com as fotosdos ex-presidentes da Socie-dade integra a sala de reuniões,

em homenagem aos presidentes e gestões que se empenharam paraque a SBI pudesse crescer e ter o reconhecimento alcançado nomeio médico e na sociedade.

CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

Houve a modernização do site institucional, lançado no IV Con-gresso Paulista de Infectologia, em agosto de 2004. Foram criadosnovos comitês científicos em diversas sub-áreas temáticas, com oobjetivo de auxiliar a diretoria da SBI na realização de eventos, naprodução de pareceres técnicos e diretrizes, e, sobretudo, com a mis-são de dar sustentabilidade ao Programa de Educação Continuada.

Foram criados 16 comitês científicos: Antimicrobianos, Bacte-riologia Clínica, Biologia Molecular, Doenças Emergentes,Epidemiologia Clínica, Hepatites Virais, HIV/Aids, HTLV, InfecçãoHospitalar, Infecção em Transplantes, Imunizações, Medicina dosViajantes, Micologia Clínica, Parasitologia Clínica, Sepse/PacienteGrave, Tuberculose e Micobacteriose.

A partir de meados de 2005, a homepage da SBI passou a hospe-dar também o site do Programa de Educação Continuada (PEC).

CAPÍTULO 1 l SBI: CONSOLIDAÇÃO DA INFECTOLOGIA NO BRASIL

22 l 25 ANOS DA SBI

Inauguração danova sede da SBIem 2004; galeria

de fotos dospresidentes integra

a sala de reuniões

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Trata-se de um ambiente online destinado à permanente atualizaçãoe capacitação de médicos infectologistas e profissionais de saúde.Oferece os mais recentes avanços e descobertas em termos de diag-nóstico, tratamento e prevenção das doenças infecciosas. O PECestá estruturado em áreas temáticas, que congregam as indicaçõesde conteúdo dos 16 Comitês Científicos.

A Biblioteca Virtual também foi consolidada no siteda SBI e está aberta ao público em geral. Reúne 20 por-tais de referência em Infectologia, com estudos e pes-quisas nas mais diferentes áreas da especialidade, sendoque em alguns deles existe opção de educação continua-da. Na área da Biblioteca Online, restrita aos associados,está disponível o acesso para pesquisas em duas das maisimportantes publicações da área de Infectologia, o CurrentOpinion in Infectious Diseases e o AIDS – Official Journal ofthe International Aids Society (IAS).

Ainda em 2005, a SBI reafirmou sua relevância inter-nacional ao ser uma das instituições responsáveis pela rea-lização da III International IAS Conference on HIV Pathogenesisand Treatment, entre os dias 24 e 27 de julho no Rio de Janeiro. Trata-se de um dos mais importantes eventos da Infectologia no mundo,tanto pelo número de pesquisadores e especialistas participantes quantopor apresentar os mais recentes avan-ços médico-científicos nas áreas deciências clínica, básica e preventiva. Fo-ram cerca de 5 mil participantes de 128países e mais de 1,4 mil trabalhos ci-entíficos apresentados. O encontro foipromovido pela IAS, que teve aindacomo parceiros a Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro e o ProgramaNacional DST/Aids.

O 14º Congresso Brasileiro de Infectologia aconteceu em BeloHorizonte, em Minas Gerais, entre 26 e 30 de novembro de 2005,oportunidade em que também foram comemorados os 25 anos daSBI. A programação contou com 80 sessões temáticas, incluindo11 conferências, 36 mesas-redondas, sete sessões interativas, 18 mini-conferências e 18 apresentações de temas livres, além de 8 cursos

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25 ANOS DA SBI l 23

João Silva de MendonçaGestão 2004/2006

João Silva de Mendonça(presidente), Denise Vantil

Marangoni (vice-presidente),Juvencio José Duailibe

Furtado (1° secretário), ÉricoAntonio de Arruda

(2° secretário), RobertoMárcio da Costa Florim

(1° tesoureiro) e Flávio deQueiroz Telles Filho

(2° Tesoureiro).Coordenadores:Thaís Guimarães

(Divulgação), Vera M. C deMoraes (Informática) eEduardo A. Servolo deMedeiros (Científico).

Estande da SBIna III ConferênciaInternacional da

IAS, no Rio deJaneiro, em julho

de 2005

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pré-congressos. Ela foi definida por uma Comissão Científica Con-sultiva formada por 54 profissionais de 40 instituições nacionais einternacionais. Foram mais de 700 trabalhos aprovados para apre-sentação nas sessões de temas livres e na condição de pôsteres.

Estrutura e composiçãoA Sociedade Brasileira de Infectologia propõe-se, segundo ob-

jetivos estatutários, a promover o desenvolvimento da Infectologia eo intercâmbio científico, técnico, cultural e social entre os profissio-nais. Organizada em nível nacional, congrega as sociedades esta-duais de Infectologia, denominadas Federadas, além da revista cien-tífica The Brazilian Journal of Infectious Diseases (BJID), uma publica-ção oficial com estrutura independente à SBI.

Todos os cargos da Diretoria da Sociedade Brasileira deInfectologia são de exercício gratuito e não recebem remuneraçãopelo desempenho de suas funções, nem tampouco usufruem de outrasvantagens ou benefícios.

A receita da SBI é constituída pelas contribuições efetuadas di-retamente pelos seus associados ou pelas entidades filiadas, por doa-ções e patrocínios. As entidades filiadas à SBI possuem completaautonomia administrativa e financeira e devem ser vinculadas à res-pectiva entidade federada da Associação Médica Brasileira (AMB)

Segundo o Estatuto Social, entre as finalidades da SBI estãoainda conceder o Título de Especialista em Infectologia, patrocinarestudos sobre a especialidade, sob a forma de cursos, simpósios, con-ferências, congressos, investigações científicas, incentivar a criaçãode sociedades estaduais de Infectologia, defender os interesses pro-fissionais dos especialistas de infectologia, realizar bienalmente oCongresso Brasileiro de Infectologia, colaborar com autoridadesgovernamentais em assuntos pertinentes à especialidade.

FEDERADAS E MEMBROS ASSOCIADOS

As federadas devem ter as mesmas finalidades definidas para aSBI. São deveres estatutários das sociedades filiadas prestigiar todasas iniciativas e resoluções tomadas pela SBI, bem como mantê-lainformada de todas as iniciativas e resoluções tomadas no âmbitoestadual ou regional.

CAPÍTULO 1 l SBI: CONSOLIDAÇÃO DA INFECTOLOGIA NO BRASIL

24 l 25 ANOS DA SBI

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Nos Estados em que não houver entidade federada da AMB ou,caso haja a existência desta, mas não exista filiada da SBI, os médicosinteressados em Infectologia podem se filiar diretamente à Socieda-de, desde que sejam sócios efetivos da AMB, até mesmo pela Internet.

A Sociedade é constituída pelas seguintes categorias de sócios:a. Fundadores: pertencem a essa categoria os associados

subscritores da ata de fundação da SBI, em 30 de janeiro de 1980.b. Efetivos: é necessário ser médico, com formação em

Infectologia por meio de residência médica, reconhecida pelo Mi-nistério da Educação (MEC); ou possuir título de especialista con-cedido pela SBI. Ou ainda possuir título de mestre ou doutor naárea de Infectologia, ou Doenças Infecciosas, ou Medicina Tropical,obtido em curso de Pós-Graduação reconhecido pelo MEC.

c. Participantes: são os médicos ou outros profissionais de níveluniversitário que possuam formação acadêmica ou especializaçãoem um campo diferente da Infectologia, mas que tenham exercidoou mostrado interesse particular em uma ou mais áreas das doençasinfecciosas e parasitárias, por um tempo não inferior a cinco anos,sendo reconhecidos pela Diretoria da SBI por sua capacidade dedocente, investigador ou profissional atuante no campo das doençasinfecciosas e parasitárias.

d. Beneméritos: serão associados nesta categoria os profissionaisque prestaram relevantes serviços à Sociedade Brasileira deInfectologia e à Infectologia.

Além dos associados, a SBI tem a participação de outros mem-bros, classificados nas seguintes categorias:

a. Honorários: são as pessoas que, embora não pertençam dire-tamente ao quadro de associados da SBI, merecem homenagem emrazão de relevantes serviços prestados à ciência e à humanidade.

b. Aspirantes: são os médicos com menos de três anos de forma-do e que estão no período de formação médica em Infectologia,seja por meio de estágio, residência ou curso de pós-graduação, alémde mestrado ou doutorado na área de Infectologia.

PRIMEIRA FORMAÇÃO

Até a revisão do estatuto da Sociedade, em 2004, as instânciasdiretivas da SBI eram representadas pelo Conselho Diretor, Direto-ria e Comissões. O Conselho era o órgão soberano da Sociedade,

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25 ANOS DA SBI l 25

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composto pelos presidentes das entidades filiadas. As decisões doConselho eram tomadas por maioria simples de votos. Competia aele eleger a Diretoria da entidade e dar posse aos seus membros,aprovar os nomes indicados pelo presidente para comporem as Co-missões e referendar as decisões da Diretoria quanto ao reconheci-mento de entidades filiadas.

A Diretoria era o órgão executivo da Sociedade, e tinha em suacomposição os seguintes cargos: presidente, vice-presidente, secre-tário-geral, 1º tesoureiro, 2º tesoureiro. Cabia à Diretoria colocarem prática as decisões do Conselho Diretor e gerir a entidadeconforme a orientação traçada por aquele órgão.

O primeiro estatuto, elaborado pela Diretoria Provisória daSBI, em 1980, previa as seguintes comissões permanentes: rela-ções e intercâmbio, eleitoral e de estatuto, finanças, científica,defesa profissional. Ao longo de sua história, a Sociedade inovouas regras que regiam suas ações, definidas no Estatuto Social, afim de se ajustar às modificações da sociedade e à evolução daprópria especialidade.

Em 2001, por exemplo, a Diretoria criou uma comissão pararever os Estatutos da SBI, com o propósito de torná-lo mais objetivo,moderno e democrático. Foram distribuídas cópias para as federadasdos estudos realizados para essa reformulação, com o objetivo depromover a participação dos associados nas modificações que esta-vam sendo propostas.

Entre as modificações propostas, estava o caráter permanentedado às comissões internas:

Comissão Científica: competia a ela opinar sobre assuntos denatureza científica e colaborar na programação e escolha dos temasa serem abordados nos Congressos Brasileiros de Infectologia.

Comissão de Finanças: era responsável por pareceres sobre asatividades da tesouraria e opinar sobre orçamento, balanço e relató-rios do 1o tesoureiro, do presidente e secretário.

Comissão de Assuntos Profissionais: com a atribuição de darparecer sobre os assuntos de defesa profissional, mercado de traba-lho, dentre outras.

Comissão de Ensino, Residência e Ética Médica: cuidava doencaminhamento dos assuntos de interesse da SBI, no que se refereao ensino, residência médica e ética profissional.

CAPÍTULO 1 l SBI: CONSOLIDAÇÃO DA INFECTOLOGIA NO BRASIL

26 l 25 ANOS DA SBI

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ELEIÇÕES DIRETAS

Importante inserção no estatuto, ainda em 2001, foi o sufrágiouniversal. A eleição da Diretoria da SBI passou a ser realizada emcaráter secreto e direto pelos sócios da Sociedade. Antes apenas ospresidentes das Federadas tinham direito de votar.

O voto por correspondência em todo o território nacionalpassou a ser permitido para viabilizar as votações. Este mesmo pro-cesso de eleição direta foi adotado também na escolha do presidentede cada federada, a cada dois anos.

Apenas os sócios fundadores, efetivos, beneméritos e associadosquites com a Tesouraria é que podem votar. Cerca de 120 dias antesda data marcada para as eleições gerais, a Diretoria designa umaComissão Eleitoral de caráter transitório, composta por três sóciosque entre si escolherão o presidente, para dirigir as eleições e pro-clamar os resultados.

MUDANÇAS DEMOCRÁTICAS

A tarefa de revisar as bases doestatuto pela segunda vez, em 2004,foi entregue a advogados e ficou emconsulta pública no site da SBI, sen-do consolidada no final do mesmoano. As mudanças foram necessáriaspara se adaptar ao novo código civil,que estabeleceu nova classificaçãopara as pessoas jurídicas de direitoprivado, o que incluia as sociedades de especialidades médicas .

Em geral, estas sociedades eram constituídas sob a forma de socie-dades civis sem fins lucrativos. Mas esse tipo de pessoa jurídica desapa-receu com o novo Código Civil. O que existe agora são associaçõesformadas pela união de pessoas que se organizam para fins não eco-nômicos. Conseqüentemente, as antigas sociedades sem fins lucrati-vos, como é o caso da SBI, passam a ser denominadas associações.

O Conselho Diretor passou a ser chamado de ConselhoDeliberativo, sendo um órgão da instituição subordinado à Assem-bléia Geral da SBI e integrado pelos presidentes das federadas, peloeditor chefe da BJID e pelo presidente da SBI, o qual passou a serpresidente nato do Conselho.

CAPÍTULO 1 l SBI: CONSOLIDAÇÃO DA INFECTOLOGIA NO BRASIL

25 ANOS DA SBI l 27

Reunião entreDiretoria da SBI e

representantes dasfederadas, em

outubro de 2004

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Uma das inovações foi a criação de uma Assembléia Geral –órgão de deliberação coletiva, soberano e foro superior de últimainstância da SBI –, formada por todos os associados, que poderãoparticipar e decidir sobre os assuntos relativos aos interesses daSociedade. São atribuições da Assembléia Geral a aprovação dascontas da instituição, a alteração ou reforma do Estatuto Social, adeliberação sobre a dissolução ou extinção da associação, a vota-ção para a escolha da Diretoria.

Outra inovação foi a criação dos cargos de coordenadores, nasáreas de divulgação, informática e científica, que têm por objetivoauxiliar a Diretoria nesses assuntos em específico. Além disto, onovo texto dá mais ênfase ao Título de Especialista. O estatutoanterior pouco valorizava o Título. Antes da aprovação final, odocumento foi enviado às federadas para apreciação edisponibilizado para consulta pública no site da SBI.

Um dos motivos de a revisão do Estatuto Social ter sido convocadafoi para rever o relacionamento entre a SBI e o The Brazilian Journal ofInfectious Diseases. O departamento responsável tem autonomia admi-nistrativa e financeira, com registros contábeis próprios, inclusive comuma conta corrente desvinculada da SBI. O editor-chefe deve gerar egerir os recursos necessários.

Aprimoramento profissionalO médico, para apresentar-se como infectologista, deve possuir

o Título de Especialista ou certificado correspondente registrado noConselho Regional de Medicina do seu Estado, o que vale paraqualquer outra especialidade médica.

Mas para obter essa titulação não significa apenas fazer um exa-me em determinada época da carreira e conseguir o certificado.Acaba de ser aprovada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM)nova regra para que o profissional possa manter-se especialista: é oCertificado de Atualização Profissional.

A partir de janeiro de 2006, os médicos que obtiverem Títulode Especialista e Certificado de Área de Atuação devem participarde novo processo de renovação do título a cada cinco anos. Tambémforam criados o Cadastro Nacional de Atualização Médica nosConselhos Regionais de Medicina, onde se farão os registros dos

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Certificados de Atualização Profissional, e a Comissão Nacional deAcreditação, que deverá coordenar todo o processo de revalidaçãojunto às sociedades de especialidades.

O sistema de revalidação será baseado em créditos, no total de100, que devem ser acumulados em até cinco anos. Caso não sejamacumulados 100 créditos, haverá a opção de prova para obtenção doCertificado de Atualização Profissional do Título de Especialista. Oscréditos poderão ser obtidos com congressos nacionais, jornadasregionais e estaduais ou programas de educação continuada, publi-cações científicas, títulos acadêmicos.

A SBI tem participado das reuniões promovidas pela AssociaçãoMédica Brasileira (AMB) sobre normas para concessões do Títulode Especialista desde sua origem, início da década de 80.

UNIFICAÇÃO

O Conselho Federal de Medicina, em uma resolução de 2002,estabeleceu novos critérios para concessão e registro de Título deEspecialista, resultado de um convênio com a AMB e a ComissãoNacional de Residência Médica (CNRM), sediada no Ministérioda Educação.

Com a parceria, o CFM passou a registrar os certificados emiti-dos pelos programas de residência médica, e os títulos de especialis-ta outorgados pela AMB, em convênio com a Sociedade responsá-vel pela especialidade.

Assim, os caminhos para a obtenção do título hoje, reconheci-dos pelo CFM, são dois. O primeiro é pela AMB em convêniocom as sociedades de especialidade. Neste caso, o título é da AMB,mas quem concede é a Sociedade. O outro caminho é quando omédico conclui a residência em Infectologia, desde que esteja reco-nhecida pela Comissão Nacional de Residência Médica. Agora,quando um médico diz que é especialista em determinada área sig-nifica que o é perante à CNRM, ao CFM e à AMB.

Antes as três organizações eram envolvidas na concessão de tí-tulos. Mas as especialidades registradas pelo CFM não eram as mes-mas reconhecidas pela AMB nem pela CNRM. Em 1996, as trêsentidades uniram-se para tratar do assunto, criando a Comissão Mistade Especialidades para estudar e solucionar a questão.

A partir da resolução, a SBI passou a levar adiante três decisões:

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promover a valorização do Título de Especialista e esclarecer à socie-dade e à comunidade médica a importância do título; intensificar osprogramas de educação continuada, para garantir a qualidade daassistência; e pressionar para que o mercado de trabalho seja reser-vado ao especialista em Infectologia.

A intenção da SBI é que a valorização do título desenvolva aospoucos na sociedade a consciência de que existem médicos comdiferentes níveis de atualização. E, a exemplo do que existe emoutros países, crie a cultura de a população consultar os sites dasentidades médicas em busca de profissionais habilitados na área emque deseja.

CONCURSO DE TÍTULO DE ESPECIALISTA

A partir de 2004, a SBI passou a oferecer o concurso para otítulo de especialista anualmente. Nos anos pares, em um ou maisdos congressos regionais, e nos anos ímpares, no congresso brasilei-ro da Sociedade, em nível nacional. Em agosto de 2004, durante oIV Congresso Paulista de Infectologia, aconteceu na cidade de San-tos o primeiro concurso em congressos regionais, com 55infectologistas participantes.

A presença de inúmeros profissionais já “renomados” – comlonga carreira e reconhecida experiência, tanto no país quanto noexterior – foi um indicativo da importância do exame e da valoriza-ção que o título de especialista passou a ter nos anos recentes.

Em novembro do mesmo ano, ocorreu o segundo concurso detítulo durante o I Congresso Mineiro de Infectologia, em BeloHorizonte, Minas Gerais. Nesta ocasião, foi oferecido um concursoespecífico para profissionais com mais de 10 anos de carreira; foram40 os candidatos participantes.

Em 2005, a SBI realizou o concurso de Título de Especialistadurante o 14º Congresso Brasileiro de Infectologia, em Belo Hori-zonte, Minas Gerais, com cerca de 75 médicos inscritos. Comopré-requisitos básicos para participação estão a conclusão do cursode Medicina há pelo menos três anos e CRM definitivo da área dejurisdição do candidato. A inscrição deve ser acompanhada de do-cumentação comprovatória dos títulos já obtidos pelo candidato aolongo de sua carreira profissional.

O processo de avaliação compreende a prova de títulos, com

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30 l 25 ANOS DA SBI

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critérios definidos pela Comissão Examinadora, e exames em duasfases: questões de múltipla escolha, a partir de uma lista de 40 temas,e questões abertas, dissertativas, a partir de uma relação de 20 temas,previamente divulgados por meio do edital do concurso.

O esforço da SBI nessa área procura atender às exigências dasinstituições médicas que solicitam cada vez mais a certificação doespecialista. Concursos públicos do Estado e de prefeituras solici-tam a titulação dos candidatos. Além disto, o título também é ne-cessário para que o especialista se credencie junto às entidades segu-radas de saúde.

RESIDÊNCIA MÉDICA

O programa de residência médica em Infectologia passou a vi-gorar, a partir de 2004, com novas regras estipuladas pela ComissãoNacional de Residência Médica (CNRM). As normas para a resi-dência médica em Infectologia passaram a valer uniformemente emtodo o país.

Em 1999, a Sociedade Paulista de Infectologia reuniu 14 pro-gramas de residência médica no Estado de São Paulo, durante umfórum, para discutir as características ideais para o programa deresidência em Infectologia. Do fórum saiu um documento, deno-minado Consenso Paulista, que foi levado ao Congresso Brasileirode Infectologia, em 2001, para que fosse discutido com especialistasdo Brasil inteiro e enviado, posteriormente, para a CNRM. O con-senso foi aprovado pela Comissão. A resolução foi publicada em2003, uniformizando os programas de residência médica emInfectologia em todo o Brasil.

Importante mudança ocorreu na nomenclatura dos programas,com a incorporação do termo Infectologia. Até há pouco tempo, elescarregavam termos como doenças infecciosas e parasitárias, moléstiasinfecciosas e doenças infecciosas. Hoje, os 49 programas da especiali-dade no Brasil, credenciados pela CNRM, estão reunidos em umaúnica denominação: Residência Médica em Infectologia.

O tempo de residência também foi uniformizado, passou a sertrês anos, sendo o primeiro em clínica médica e os outros dois emInfectologia. Há, ainda a possibilidade de um quarto ano adicional,em que o médico pode se especializar ainda mais em infecção hos-pitalar, ou em doenças tropicais, entre outros.

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Antes desta uniformização, existiam vários tipos de programaem Infectologia em funcionamento. Em alguns, o médico cumpriaapenas dois anos de residência. Em outros, ao final do segundo ano,o residente optava: ou recebia o certificado de conclusão ou presta-va exame para um terceiro ano adicional.

Uma terceira modalidade: os residentes faziam o primeiro anoem clínica médica e depois partiam para a Infectologia, que duravadois anos. Havia ainda uma quarta modalidade: com três anos obri-gatórios. Dos dois últimos aproxima-se o novo programa. Ele vigo-ra em todo o país e tem uniformizado, além da duração, o conteú-do programático. Algumas características do novo programa:

1. Durante os três anos, 80% a 90% da carga horária se destinaa treinamento em serviços e 10% a 20% a atividades teóricas.

2. Bioética, Ética Médica, Metodologia Científica, Epide-miologia e Bioestatística passaram a ser temas obrigatórios nas aulasteóricas.

3. No primeiro ano, a ênfase é em clínica médica, com treina-mento nas principais especialidades clínicas, como cardiologia,pneumologia e gastroenterologia.

4. Nos segundos e terceiros anos a formação da especialidadetem foco, salientando tópicos, fundamentais, como DST/Aids,micologia, infecção hospitalar, antimicrobianos, hepatites virais eimunizações. O residente de Infectologia deve cumprir carga/ho-rária mínima de 2880 horas por ano.

O novo programa leva em conta os aspectos regionais. Maláriae febre amarela, por exemplo, são endêmicas na região Norte, por-tanto terá maior peso no programa da região.

A divisão geográfica dos 49 programas de residência médicaestá assim configurada: 27 concentram-se na região Sudeste, sete noSul, quatro no Centro-Oeste, oito no Nordeste e três no Norte.

Programas de residência de todas as especialidades no Brasilpassaram por mudanças com o intuito de que fossem unificadoscom regras básicas. São quase 2 mil programas aprovados para as 53especialidades pela Associação Médica Brasileira (AMB).

Entre os 49 programas de residência em Infectologia certifica-dos, sete colocaram em prática as novas regras já em 2003. A reso-lução foi oficialmente implantada a partir de 2004, mas todos osprogramas serão uniformizados a partir de 2005.

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Os programas precisaram passar por uma fase de adaptação. Paraa maioria dos programas de residência médica em Infectologia, quejá funcionava no Brasil, foi necessário adaptar-se à resolução daCNRM. Por exemplo, hospitais apenas de doenças infecciosas, di-ferentemente dos hospitais gerais, precisam de estágios fora da ins-tituição para suprir a parte de clínica médica. Ou então criar clínicamédica básica.

A SBI entende que a Residência Médica é o melhor caminhopara uma preparação técnico-profissional de elevado padrão. É umaetapa imprescindível para as funções assistenciais do jovem infecto-logista, além de ser um requisito básico para outras atividades, comoa carreira docente e a pesquisa clínica.

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