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CAPÍTULO 3 CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA Coordenação: Noris Costa Diniz Carlos Geraldo Luz de Freitas Autores: Noris Costa Diniz Carlos Geraldo Luz de Freitas Ana Luiza Coelho Netto Ricardo Moretti Lurdes Zuquim Newton Moreira de Souza Eduardo Soares de Macedo Margareth Alheiros SUMÁRIO CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA Conceitos e Terminologia Tipos de Carta Geotécnica Procedimentos Gerais Carta Geotécnica de Suscetibilidade voltada ao Planejamento Municipal Carta Geotécnica de Aptidão Urbanística frente aos Desastres Naturais para Parcelamento do Solo Subsídios para a cartografia de risco (Margareth, Eduardo) Recortes espaciais de análise e mapeamento Diretrizes para o inventário das cicatrizes e depósitos Requisitos para o Sistema de Informações Geográficas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA A carta geotécnica constitui ferramenta básica essencial à prevenção e correção de situações relacionadas a desastres naturais e tecnológicos. Com o objetivo de ações preventivas, a carta geotécnica subsidia tecnicamente medidas de urbanização e de parcelamento de terrenos, permitindo que o município ocupe adequadamente seus terrenos. É o caso da determinação de áreas nas quais os parcelamentos urbanos não devem ser realizados, assim como os locais onde somente poderão ser efetuados mediante diretrizes geotécnicas adequadas. Quanto ao aspecto corretivo, têm-se as cartografias geotécnicas voltadas à gestão de risco em áreas já ocupadas, aplicadas principalmente no estabelecimento de medidas estruturais e não estruturais de redução ou eliminação do problema. Com essas duas perspectivas, os gestores municipais devem estabelecer legislação local específica baseada nas suas condições de meio físico, indicadas nas cartas geotécnicas. Nesse sentido, a Lei n o . 12.608, de 10/04/2012 (conversão da Medida Provisória 547 de 11/10/2011), instituí a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), a qual estabelece mecanismos

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CAPÍTULO 3 CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA

Coordenação: Noris Costa Diniz Carlos Geraldo Luz de Freitas Autores: Noris Costa Diniz Carlos Geraldo Luz de Freitas Ana Luiza Coelho Netto Ricardo Moretti Lurdes Zuquim Newton Moreira de Souza Eduardo Soares de Macedo Margareth Alheiros SUMÁRIO

• CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA • Conceitos e Terminologia • Tipos de Carta Geotécnica • Procedimentos Gerais • Carta Geotécnica de Suscetibilidade voltada ao Planejamento Municipal • Carta Geotécnica de Aptidão Urbanística frente aos Desastres Naturais para

Parcelamento do Solo • Subsídios para a cartografia de risco (Margareth, Eduardo) • Recortes espaciais de análise e mapeamento • Diretrizes para o inventário das cicatrizes e depósitos • Requisitos para o Sistema de Informações Geográficas • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS •

• CARTOGRAFIA GEOTÉCNICA

A carta geotécnica constitui ferramenta básica essencial à prevenção e correção de situações relacionadas a desastres naturais e tecnológicos. Com o objetivo de ações preventivas, a carta geotécnica subsidia tecnicamente medidas de urbanização e de parcelamento de terrenos, permitindo que o município ocupe adequadamente seus terrenos. É o caso da determinação de áreas nas quais os parcelamentos urbanos não devem ser realizados, assim como os locais onde somente poderão ser efetuados mediante diretrizes geotécnicas adequadas. Quanto ao aspecto corretivo, têm-se as cartografias geotécnicas voltadas à gestão de risco em áreas já ocupadas, aplicadas principalmente no estabelecimento de medidas estruturais e não estruturais de redução ou eliminação do problema.

Com essas duas perspectivas, os gestores municipais devem estabelecer legislação local específica baseada nas suas condições de meio físico, indicadas nas cartas geotécnicas. Nesse sentido, a Lei no. 12.608, de 10/04/2012 (conversão da Medida Provisória 547 de 11/10/2011), instituí a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), a qual estabelece mecanismos

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que permitem o cumprimento de seu Art. 2º.: “É dever da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios adotar as medidas necessárias à redução dos riscos de desastre”, e considera, em seu §2o., que “A incerteza quanto ao risco de desastre não constituirá óbice para a adoção das medidas preventivas e mitigadoras da situação de risco”. Trata, assim, de procedimentos corretivos e preventivos.

Com a perspectiva de prevenção e mitigação, a PNPDEC deve integrar-se às políticas de ordenamento territorial, desenvolvimento urbano, saúde, meio ambiente, mudanças climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência e tecnologia e às demais políticas setoriais, tendo em vista a promoção do desenvolvimento sustentável (Art. 3o.). Para tanto, tem como diretrizes (Art. 4º.), dentre outras, a atuação articulada entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para redução de desastres e apoio às comunidades atingidas, com abordagem sistêmica das ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação, além de prioridade às ações preventivas relacionadas à minimização de desastres. Dentre outros, são objetivos do PNPDEC (Art. 5º.) estimular tanto o desenvolvimento das cidades e os processos sustentáveis de urbanização, quanto o ordenamento da ocupação do solo urbano e rural, tendo em vista sua conservação e a proteção da vegetação nativa, dos recursos hídricos e da vida humana, além de iniciativas de combater a ocupação de áreas vulneráveis e de risco e de destinação de moradia em local seguro, promovendo a realocação da população residente nessas áreas.

Com esse instrumento legal, inicia-se a institucionalização da carta geotécnica no País, como ferramenta essencial à prevenção de desastres naturais e tecnológicos associados ao uso e ocupação do meio físico. Corresponde a um campo de interface das áreas do conhecimento científico da Geologia e da Geomorfologia de engenharia aplicadas à Geotecnia. Por meio da análise dos dados geológicos do meio-físico (relevo, material inconsolidado, rocha, hidrogeologia e clima) prevê-se o comportamento dos terrenos em face da ocupação antrópica.

• Conceitos e Terminologia

A carta geotécnica sintetiza o conhecimento sobre o meio físico e seus processos atuantes (geo) em uma determinada área, de modo a subsidiar o estabelecimento de medidas para a adequada ocupação do solo (técnica). É composta geralmente por uma carta síntese, quadro-legenda e texto explicativo (FREITAS, 2000; BITAR, FREITAS e SEPE, 2012). Métodos variados foram propostos por diferentes autores, que optaram pela organização e classificação das cartas geotécnicas de acordo com suas finalidades. Segundo Diniz (1998), a cartografia geotécnica pode ser considerada genericamente como a técnica de integração, síntese e representação de informações temáticas da área de geologia de engenharia voltada a obras e para o planejamento e gestão ambiental urbana e territorial, permitindo a formulação de modelos de previsibilidade do comportamento dos terrenos e o estudo de soluções para problemas decorrentes da intervenção antrópica sobre o meio físico.

Nessa perspectiva, a delimitação de unidades do terreno deve ter em conta as diferenças de atributos ou parâmetros do meio ambiente (físico, biótico e antrópico), os quais induzem ou condicionam o desenvolvimento de processos e fenômenos responsáveis pela dinâmica da crosta terrestre. Assim, até para expressar a suscetibilidade a processos do meio físico, sua abordagem deve envolver também aspectos dos meios biótico e antrópico, relativos à ocupação, na medida em que sejam, da mesma forma, componentes essenciais nos processos interativos responsáveis pela alteração dos processos do meio físico. Dessa forma, denominações como carta geoambiental e de geodiversidade também são utilizadas.

Esta abordagem exige a análise dos condicionantes e fatores deflagradores dos processos do meio físico, o que concorda com os princípios e objetivos das geociências em geral e da

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geologia de engenharia em particular. Dizem respeito a aplicações ao planejamento territorial e urbano, ao subsídio para implantação de obras de engenharia e às avaliações ambientais.

A FIGURA F1 procura mostrar essa integração entre os diversos componentes do meio ambiente, e como as relações entre os processos do meio físico e tecnológico (conjunto de técnicas aplicadas em operações de atividades de uso e ocupação do solo, como, por exemplo, cortes e aterros suscetíveis a instabilizações) interferem na identificação de atributos relevantes para um modelo preliminar de compartimentação dos terrenos na cartografia geotécnica.

FIGURA F1 – Modelagem da Cartografia Geotécnica a partir da dinâmica do meio ambiente e o papel do meio físico, e sua relação com a cartografia geotécnica, modificada de FORNASARI Fº et al.(1992), modificado por DINIZ (1998).

O meio físico condiciona, em um primeiro estágio (1), as características dos meio biótico e socioeconômico, os quais, por retroalimentação (2) e (3), completam a influência mútua com o meio físico, alterando os seus processos naturais. Os demais fluxos, (4) e (5), decorrem da interação entre os meios biótico, socioeconômico. Dos condicionantes do meio físico e das alterações provocadas pelos empreendimentos, extraem-se os atributos relevantes a serem considerados na elaboração das cartas geotécnicas.

Assim, os problemas resultam da alteração dos processos naturais pela ocupação, gerando os impactos ambientais e conflitos de uso. Vale ressaltar que o modelo preliminar de compartimentação indicado na FIGURA F1 é etapa importante, quando se considera as propriedades geológico-geotécnicas relevantes às alterações em questão, a partir do qual é executada verificação em campo para obtenção da Carta Geotécnica final.

Quanto à semântica, carta ou mapa, esta varia de acordo com a origem dos idiomas dos países. Os de língua francesa usam a denominação de Carte Géotechnique; os de língua inglesa nomeiam como Geotechnical Map, Engineering Geological Map ou Applied Map. No Brasil, o termo fundamentou-se na proposta de cartógrafos como Raisz (1969), para o qual o mapa seria, no seu conceito mais elementar, uma representação convencional da superfície terrestre, vista de cima. A carta seria um mapa especial, cujos dados apresentados foram interpretados

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para cumprir o seu objetivo específico. De forma semelhante, Oliveira (1988) considera que há uma tendência, no Brasil, em empregar o termo mapa quando se trata de documento mais simples ou mais diagramático. Ao contrário, o documento mais complexo, ou mais detalhado, tende à denominação de carta.

Na conceituação e terminologia do IBGE (2006), amplamente discutida e consensuada no âmbito da CONCAR, a reprodução cartográfica é considerada como aquela representada por traço ou por imagem. Na representação por traço, estão os mapas, cartas e plantas. Enquanto que na representação por imagem, estão os mosaicos, fotocarta, ortofotocarta, ortofotomapa, fotoíndice e carta imagem. Pelas características estabelecidas, podem-se generalizar os seguintes conceitos:

• Mapa é a representação no plano, normalmente em escala pequena, dos aspectos geográficos, naturais, culturais e artificiais de uma área tomada na superfície de uma figura planetária, delimitada por elementos físicos, político-administrativos, destinada aos mais variados usos, temáticos, culturais e ilustrativos.

• Carta é a representação no plano, em escala média ou grande, dos aspectos artificiais e naturais de uma área tomada de uma superfície planetária, subdividida em folhas delimitadas por linhas convencionais - paralelos e meridianos - com a finalidade de possibilitar a avaliação de pormenores, com grau de precisão compatível com a escala.

• Planta é um caso particular de carta, que representa uma área de extensão suficientemente restrita para que a sua curvatura não precise ser levada em consideração, e que, em consequência, a escala possa ser considerada constante.

A partir de tais reflexões, a designação de Carta Geotécnica passou a ser considerada mais apropriada, sendo que alguns autores propõem o termo Mapa Geotécnico apenas para a representação dos atributos do meio físico, levantados sem a realização de análise interpretativa, e Carta Geotécnica quando a representação é o resultado da interpretação desses atributos para uma finalidade específica (ZUQUETTE, 1993; ZUQUETTE e NAKAZAWA 1998; DINIZ, 1998; FREITAS, 2000).

A carta geotécnica constitui, portanto, um produto resultante da necessidade de caracterização dos terrenos, comprometido com uma intervenção ou solução para o uso e ocupação do solo. Para tanto, delimitam-se as unidades de terreno, cujo zoneamento constitui a divisão do solo em áreas homogêneas ou domínios. Sua classificação é estabelecida de acordo com graus reais ou potencias de suscetibilidade, perigo ou risco, os quais estão relacionados a um ou mais processos; sua área de influência pode ser alcançada quando de sua ocorrência ou pelos fatores predisponentes indutores ao desenvolvimento dos processos. Esse zoneamento é realizado tanto para o planejamento regional, quanto local e de uma área específica (JTC-1, 2008). A finalidade da Carta Geotécnica determina a escala e os detalhamentos necessários.

• Tipos de Carta Geotécnica

Desde o início do século XX, a cartografia geotécnica é desenvolvida paulatinamente, inicialmente restrita à utilização em obras civis e, posteriormente, para outras aplicações de ocupação. Os diferentes objetivos demandaram tipos particulares de carta geotécnica.

Os primeiros passos do desenvolvimento da cartografia geotécnica estão estreitamente ligados à representação de prospecções para diferentes obras. Desde o século XVIII, têm-se registros de solicitações a geólogos de dados que permitissem aos engenheiros solucionar problemas. Destacavam-se a apreciação da resistência mecânica a escavações e da estabilidade de rochas e solos, além de questões a respeito de riscos potencializados por alterações no meio físico geradas por construções civis. Dessa forma, a carta geotécnica viria a ter, em suas primeiras atribuições, um vínculo muito forte com a Mecânica dos Solos e das Rochas.

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Com a revolução industrial, a partir do final do século XIX houve um o crescimento acentuado das cidades, que muitas vezes ocorreu sem observar as limitações do meio físico; ainda que em alguns casos, é bom ressaltar, tenha havido algum planejamento, que se serviu dos conhecimentos das geociências para entender os limites e os recursos geoambientais. É o caso de Nova Iorque, sobre o qual o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) publicou, em 1902, um relato apresentando a sua geologia urbana, seguido de um estudo baseado em aproximadamente 1.400 sondagens. Porém, a elaboração da carta geotécnica com o objetivo específico de planejamento norte-americano ganha evidência apenas quando a administração da cidade de Los Angeles, em 1967, solicitou um trabalho ao USGS, que resultou em um mapa geológico, cujos dados eram de difícil interpretação por leigos, na sua utilização como subsídio à ocupação do solo urbano. Então, o Denver Regional Council of Governments (DRCG) formou uma Comissão de Planejamento Regional, a qual pediu ao USGS nova condução nos estudos, objetivando a aplicação no planejamento regional. Esse novo trabalho resultou em várias cartas geotécnicas, com desdobramentos na orientação do planejamento local e de outras regiões americanas (LEGGET, 1973).

Ao longo dos tempos, ampliou-se a aplicação da carta geotécnica, extrapolando, assim, o significado mais restrito do termo, para uma condição além da simples parametrização dos dados do meio físico em vista de um determinado projeto de engenharia. Essa evolução tem destaque no planejamento territorial, inicialmente com ênfase no Leste Europeu, onde as cartas geotécnicas de planejamento foram incrementadas após a 2a Guerra Mundial como instrumentos básicos para a gestão territorial. No entanto, foi somente nas décadas de 60 e 70 que as metodologias foram disseminadas no resto da Europa. Uma descrição das mais empregadas em cartografia geotécnica pode ser encontrada em Zuquette (1987 e 1993), Diniz (1998), Anon (1972), Varnes (1974), IAEG(1976), Dearmam e Matula (1976), Dearmam e Eyles (1982), Dearman e Strachan (1983).

No Brasil, as primeiras cartas geotécnicas foram iniciadas e executadas no final da década de 1970, com a consolidação da geologia de engenharia, que favoreceu duas tendências marcantes nos anos seguintes: o resgate da geologia como sua base científica e a diversificação de suas áreas de atuação. Essa diversificação possibilitou à geologia de engenharia transcender as obras civis e ser aplicada à mineração e aos problemas de uso e ocupação do solo (DINIZ, 1998). Seu método de elaboração foi avançando ao longo dos anos, a partir de centenas de estudos e trabalhos, com objetivos específicos diferenciados, porém tendo sempre como meta geral dar suporte à política de desenvolvimento urbano, com expansão adequada, que impedisse ou reduzisse situações de risco, além de diminuir o custo socioeconômico na recuperação de áreas degradadas.

A denominação de cada tipo de carta geotécnica varia de acordo com sua aplicação ou mesmo com a formação técnica do grupo responsável pela sua elaboração. Para atender aos objetivos deste trabalho e atender ao estabelecido na Lei no. 12.608/12, serão tratadas as cartografias voltadas ao planejamento municipal, incluindo empreendimentos urbanos e a gestão de risco. Segundo sua finalidade, Diniz (1998) classifica os tipos de cartas geotécnicas em aplicadas a planejamento urbano e territorial, onde estariam as cartas de viabilidade à implantação de empreendimentos (processos tecnológicos) e de suscetibilidade e riscos geológicos (processos do meio físico) (FIGURA F2).

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FIGURA F2 – Tipos de Cartas Geotécnicas. Modificado de DINIZ, 1998.

A tomada de medidas preventivas ou o enfrentamento de problemas já instalados, decorrentes da ocupação inadequada do solo, exigem uma visão sistêmica, sob uma perspectiva dialética da relação da interferência humana com a natureza. Nessa perspectiva, um primeiro aspecto a ser considerado para todas as cartas geotécnicas é a sua necessidade de refletir a compreensão da dinâmica do meio físico, de forma a dar suporte na definição, implantação e monitoramento de medidas e ações que regulamentem a ocupação.

Para tanto, a carta deve identificar quais problemas ocorrem ou são potenciais na área de interesse, ligados aos objetivos específicos de sua solicitação. Tais problemas devem ser entendidos como a suscetibilidade do terreno ao desenvolvimento de processos, expressos pela interação das características intrínsecas do meio físico (elementos essenciais, tais como solo, rocha, hidrogeologia, geomorfologia) e os agentes extrínsecos, que desencadeiam o processo ou condicionam sua intensidade (elementos reguladores, tais como clima, meio biótico e ocupação). Portanto, em todas as cartas geotécnicas analisa-se essa suscetibilidade, dando suporte na definição, implantação e monitoramento de medidas e ações relacionadas aos objetivos da cartografia (FREITAS, 2000).

Considerando que o zoneamento territorial é realizado para o planejamento regional e local, esse estudo tratou de dois tipos de cartografia, voltadas ao planejamento municipal e de aptidão à urbanização, buscando atender à diferenciação dos objetivos do PNPDEC, criado pela Lei no. 12.608/12, de estabelecimento de uma abordagem sistêmica de ações, com prioridade a medidas preventivas relacionadas à minimização de desastres, incorporando a redução de risco. Para tanto, os dois tipos de carta geotécnica podem estabelecer em seu zoneamento três categorias de classificação: zonas favoráveis à ocupação; zonas aceitáveis, necessitando de estudos para avaliação geotécnica e atendimento a exigências específicas; e zonas desfavoráveis.

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• A Carta Geotécnica de Suscetibilidade voltada ao Planejamento Municipal deve permitir, em escala até 1:25.000, a ponderação do grupo gestor municipal para determinar metas e ações de desenvolvimento. Corresponde a determinações da Lei no. 12.608/12, de avaliações de suscetibilidades a processos que estabeleçam condições de ameaças, de forma a evitar ou reduzir sua ocorrência. Para tanto, essa carta deve subsidiar a incorporação de regras de ocupação nas leis e normas municipais (Plano Diretor, Código de Obras, dentre outras), fornecendo dados que contribuam para as diversas ações de planejamento municipal, tais como: indicação de áreas com restrição a loteamentos urbano-industriais; a escolha de áreas a proteger, visando à conservação de serviços ambientais; e assinalando a necessidade de elaboração de Cartas de Risco (PNPDEC-Art. 5º.), em escala 1:5.000 ou maior, em áreas com elementos em risco, onde a Carta delimitou como de alta suscetibilidade a determinados processos. Portanto, avalia os terrenos quanto à adequabilidade de sua ocupação, segundo critérios de suscetibilidade a processos, principalmente em situações que são potencialmente afetadas pelo perigo, podendo causar danos à população, prédios e construções, atividades econômicas, serviços públicos, outros tipos de infraestrutura e valores do meio ambiente.

• A Carta Geotécnica de Aptidão Urbanística frente aos Desastres Naturais para Parcelamento do Solo é um instrumento básico que igualmente cumpre determinações da Lei no. 12.608/12, de estimular o desenvolvimento urbano, combatendo a ocupação de áreas ambientalmente vulneráveis e de risco, com iniciativas que resultem na destinação de moradia em local seguro. Com a perspectiva de estabelecer normas de ocupação, trata-se de cartografia geotécnica em escala 1:10.000 ou maior, detalhada com quantificação de parâmetros específicos que permitam estabelecer diretrizes voltadas à concepção de obras civis relacionadas com a fase de projetos básicos ou empreendimentos (manutenção e monitoramento, desativação e continuidade de uso). Abordam-se, também, orientações segundo critérios de suscetibilidade a processos causadores de perigo, agora com detalhamentos para expansão urbana, tais como: licenciamento e parcelamento de novos loteamentos, regularização urbanística de assentamentos já existentes, sistema viário, além de indicar a necessidade de outros estudos ainda mais detalhados, em escala 1:5.000 ou maior. Para as áreas não apropriadas para ocupação, apontadas em escala regional na carta geotécnica para o planejamento municipal, a carta de aptidão urbanística pode, eventualmente, propor e detalhar a execução de obras civis, como contenção e drenagem, que reduzam a possibilidade de problemas. Corresponde a encostas com alta suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa (deslizamentos e erosão), ou em terraços aluviais com possibilidade de fluxo de detritos, enxurradas, inundação e alagamentos, entre outras áreas com possibilidades de ocorrência de desastres naturais.

• Procedimentos Gerais

A tomada de medidas preventivas ou o enfrentamento de problemas já instalados, decorrentes de atividades antrópicas, exigem uma abordagem de interação da atividade humana com a natureza. Dessa forma, reflete o entendimento do meio físico, fundamentando procedimentos para uma ocupação apropriada.

Para tanto, a carta deve identificar quais problemas ocorrem ou são potenciais na área de interesse, ligados aos objetivos específicos de sua solicitação. Tais problemas, como dito, são

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consequências da suscetibilidade do terreno ao desenvolvimento de processos responsáveis pela geodinâmica, a partir da ação mútua das características dos meios físico, biótico e antrópico.

Nesse contexto, em todas as cartas geotécnicas analisa-se a suscetibilidade dos terrenos ao desenvolvimento de processos responsáveis pela geodinâmica. Assim, para qualquer tipo de carta geotécnica, a premissa teórica geral é a mesma, a análise de suscetibilidade comprometida com intervenções ou soluções para a ocupação do solo. O que pode mudar é o método, ajustado ao objetivo específico da cartografia. A questão passa a ser do método aplicado a cada tipo de cartografia, e não da concepção comum a todos eles (FREITAS, 2000).

Quando são propostas restrições legais de planejamento de uso do solo, cartas em escala adequada e com níveis apropriados de dados devem ser utilizados de acordo com as solicitações do poder púbico gestor, sendo que governos locais e estaduais podem apresentar pedidos diferentes, considerando-se que o resultado da carta depende do seu objetivo e da escala de informação disponível. O tipo de carta, o nível de detalhamento do zoneamento bem como a escala dos mapas dependem do objetivo do zoneamento e do estágio de desenvolvimento do plano ou projeto de zoneamento, sendo que a carta é realizada tanto para planejamento regional, como local ou de uma área específica (JTC-1, 2008).

Em cartas regionais municipais, destinadas ao planejamento e à gestão do uso do solo, é indicada a escala de representação 1:25.000. Em sua execução, raramente utilizam-se parâmetros geológico-geotécnicos quantificados, o que se caracteriza com mais propriedade as cartas detalhadas, voltadas à aptidão à urbanização, em escalas 1:10.000 ou maior. Ambas se constituem, com abrangências diferenciadas, em um dos fundamentos para elaboração da estratégia metodológica que atenda ao Programa Nacional de Redução de Riscos e Resposta a Desastres.

As cartas geotécnicas devem, em seus procedimentos, levar em conta, de modo geral, os seguintes aspectos, dentre outros:

• A escala deve permitir cumprir as solicitações do poder púbico gestor. Na maioria das vezes, os planejadores devem procurar, inicialmente, trabalhar com um tipo de carta geotécnica mais regional, auxiliando o planejamento, com utilização de dados qualitativos e, de acordo com as metas estabelecidas, indicando a necessidade de cartas de maior detalhamento dispondo dados quantitativos;

• Toda carta geotécnica é composta, principalmente, de dois grupos de documentos: um conjunto cartográfico (cartas e respectivos quadros legendas) e um relatório descritivo. Seus estudos e procedimentos metodológicos devem ser expressos em relatório contendo informações relevantes, tais como inventário da ocorrência dos principais processos e indicação de áreas de perigo e risco. No planejamento, esses documentos cartográficos não substituem investigações detalhadas dos locais, mas a interpretação dos resultados obtidos constitui subsídios nas diferentes fases do projeto e implantação de obras de engenharia, assim como no desenvolvimento e na conservação do meio ambiente (ZUQUETTE e NAKAZAWA, 1998);

• O histórico da área em estudo e sua evolução em termos de uso do solo devem ser cuidadosamente levados em conta, pois atividades humanas podem modificar o ambiente de estabilidade dos terrenos e também a suscetibilidade e probabilidade da ocorrência de um ou mais processo e, portanto, o perigo. Assim, os elementos em risco frequentemente variam com o tempo e, por isso, o zoneamento tem de ser atualizado periodicamente;

• O resultado da carta depende da quantidade e da qualidade de informação disponível, variando a precisão em seus limites de zoneamento;

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• A evolução da cartografia geotécnica, desde seu início com parâmetros geotécnicos para uma obra específica, alcançou o seu enfoque atual de planejamento abrangendo os três subsistemas do meio ambiente (físico, biótico e antrópico ou socioeconômico/cultural) na avaliação dos processos. Nesse contexto, essa cartografia apresenta interfaces com muitas ciências e disciplinas, cujo intercâmbio ou adoção de parte de seus conhecimentos deve ser realizado sem, contudo, perder de vista seu objetivo primeiro, de interpretação dos dados do meio físico de forma a responder às questões de uma dada aplicação. Quando se amplia determinada área do conhecimento, incluindo em seu universo o conhecimento de outras áreas, as novas informações devem ser tratadas ponderando o escopo para o qual foi solicitada.

Os métodos de mapeamento geotécnico podem ser divididos em duas grandes linhas de abordagem: a sintética e a analítica. Na abordagem sintética, o meio físico é entendido como um conjunto indissociável de fatores e sua dinâmica e inter-relação são analisadas de forma integrada. Na abordagem analítica, o meio físico é subdividido de acordo com suas partes componentes (atributos), as quais são mapeadas e entendidas e, posteriormente, reagrupadas, para compor o todo. Trabalhos de mapeamento utilizando-se procedimentos de ambas as abordagens também são empregados (ABREU e AUGUSTO FILHO, 2007).

De maneira geral, podem-se aplicar os seguintes procedimentos básicos, apoiados em propostas de Prandini et al. (1995), complementadas e implementadas por sugestões de outros profissionais especializados em cartografia geotécnica, do IPT e de diferentes instituições que atuam nessa área no Brasil, e em autores internacionais:

• Formulação de um modelo inicial orientador, com identificação objetiva dos recursos e problemas existentes ou esperados, pelo conhecimento do meio físico e da dinâmica da ocupação local. Para tanto, devem-se buscar informações do meio físico (um esboço fisiográfico primário dos terrenos) e sua relação com o seu uso, resultando em um primeiro ensaio de compartimentação ante os problemas e recursos esperados.

• Análise fenomenológica e de desempenho, identificando as causas do desenvolvimento de processos ou situações geradoras de problemas previamente detectados, estabelecendo as características fisiográficas de interesse para a ocupação (geologia, geomorfologia e parâmetros geotécnicos locais) e as solicitações e transformações inerentes às formas de uso do solo, incluindo questões do meio biótico.

• Mapeamento e compartimentação, estabelecendo-se as principais evidências acessíveis à investigação das características de interesse, fixando critérios de correlação, extrapolação e interpolação das diversas áreas de conhecimento, resultando na configuração espacial da distribuição de tais características.

• Orientação das informações e expressões geográficas das características de interesse, por meio de operações de coleta e análise das informações; reconhecimento/ mapeamento, tanto por sensoriamento remoto, quanto por levantamentos de campo, investigações laboratoriais e in situ.

• Compartimentação homogênea, segundo a maior probabilidade de ocorrência de problemas, ou as características de interesse, ou as homogeneidade quanto à aptidão a determinadas formas de uso e ocupação, bem como à minimização de possíveis efeitos.

• Representação, com exposição dos resultados de modo a facilitar o acesso ao público interessado.

Esses procedimentos podem ser estruturados em três fases, de inventário, análise e síntese, conforme mostradas na FIGURA F3.

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Figura F3 – Fases da cartografia geotécnica (DINIZ, 1998).

Assim, as cartas geotécnicas partem de um inventário com planejamento e levantamento orientado de dados; posteriormente, são realizadas análises e investigação de campo, para identificação dos problemas (existentes e previstos) decorrentes da interação entre os meios físico, biótico e antrópico (socioeconômico e cultural); e finalmente estabelece-se a síntese com proposição de alternativas de solução ou de evitar a instalação desses problemas.

São de fundamental importância a facilidade e a agilidade na representação, recuperação e atualização dos dados nos documentos de cartografia geotécnica produzidos. Para tanto, toda elaboração do trabalho deve ter o objetivo de preparar os dados produzidos para um sistema informatizado de banco de dados e cartografia automatizada em SIG, indicando-se a adotação dos padrões da Infraestrutura Nacional de Dados Geoespaciais (INDE) e as normas da Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR), órgão colegiado do Ministério do Planejamento, que fixa as diretrizes e bases da cartografia brasileira. Além disso, é condição fundamental a disponibilidade de bases cartográficas digitais, ortofotos aéreas ou imagens de alta resolução, MDT (Modelos Digitais de Terreno) e MDE (Modelos Digitais de elevação), com resolução compatível às escalas da cartografia a ser desenvolvida.

No desenvolvimento da cartografia geotécnica no Brasil, se há uma convergência entre as diversas metodologias é a aplicação do critério de Sistemas de Terreno para a compartimentação das unidades homogêneas nas diversas escalas, como Ponçano (1979), Diniz-Souza (1992), Ross (1990, 1992, 1999), Zuquette (1993, 1997), Prandini et al (1994), Lollo (1994, 1999), Vedovello (1993, 2000), Freitas (2000), exemplificado no QUADRO Q1.

UNIDADES DE MAPEAMENTO

AUTOR(ES) CARACTERÍSTICAS

Geoformas*

(* ) Geoformas =

landform = unidades de

Diniz-Souza (1992)

Representa um conjunto de atributos relacionados pelos mesmos processos genéticos e, portanto, permitem prever seu comportamento geotécnico potencial enquanto meio físico.

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terreno

Landform Zuquette (1993)

Possuem composição litológica e variações das características visuais e físicas definidas, tais como: forma topográfica, modelo de drenagem e morfologia. É o reflexo dos processos naturais atuantes sobre os materiais da superfície terrestre, Devem refletir as mesmas condições de evolução (gênese).

Unidade Geotécnica

(Gwinner, 1956; Peter, 1966; Apud Pejon,

1992)

Comportamento homogêneo, independente da variação litológica, de solos ou estruturas.

Unidades de Terreno Lollo (1996)

Características geomorfológicas tais como forma topográfica, amplitude de relevo, inclinação de vertentes, e características de organização da drenagem em termos de frequência e estruturação da rede de canais.

Unidades de Paisagem Guerra (2010) Características funcionais, morfológicas e dinâmicas bastante semelhantes, que individualizam padrões homogêneos de paisagem.

Unidades

Geoambientais

Riché et al. (1989)

Entidade espacializada, na qual o substrato (material de origem do solo), a vegetação natural, o modelado e a natureza e distribuição dos solos, em função da topografia, constituem um conjunto de problemática homogênea, cuja variabilidade é mínima, de acordo com a escala cartográfica.

Trentin (2007)

Representam áreas com heterogeneidade mínima quanto aos atributos e, em compartimentos com respostas semelhantes frente aos processos de dinâmica superficial.

Unidades Básicas de

Compartimentação

Vedovello (2000) Zonas homogêneas com propriedades texturais constantes.

Freitas (2000) Subdivididas de acordo com o grau de suscetibilidade aos processos predominantes.

Quadro Q2 – Unidades de mapeamento por sistemas de terreno. (MANDAI, 2012).

A formulação de um modelo de compartimentação da área deve ser realizada por meio de um sistema hierárquico de classificação de terrenos de acordo com o grau de suscetibilidade aos processos predominantes, sendo a análise compatível com a sua escala, estabelecendo seu zoneamento mais adequado. Baseia-se na obtenção de atributos de formas de relevo (geoformas), que caracterizam Unidades de Terreno (UT´s). Essas unidades compõem uma associação natural em termos de geologia, geomorfologia e distribuição de solos tropicais. Os principais atributos para caracterização, classificação, compartimentação e zoneamento das unidades de terreno são apresentados no QUADRO Q2.

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CONDICIONANTES ATRIBUTOS

GEOLOGIA

Litologia

Estrutura

SOLOS Espessura

Textura

GEOMORFOLOGIA

Hipsometria

Declividade

Amplitude de relevo

HIDROGEOLOGIA Nível Freático

Áreas Infiltração

Quadro Q2 – Atributos para qualificação das Unidades de Terreno (MANDAI, 2012, modificado).

Um método que pode ser usado é o das classificações taxonômicas propostas por Ross (1992), apresentadas na FIGURA F4, elaborada a partir dados morfológicos, morfométricos, litológicos, pedológicos e hidrogeológicos, para delimitação e compreensão global das unidades mapeadas.

Para estabelecer esses níveis taxonômicos, é necessário considerar qual limite de variação das características de terreno é adequado para cada escala das cartas geotécnicas, onde os elementos de cada nível devem ser homogêneos:

• O 1º táxon corresponde às morfoestruturas que são formas do relevo particularmente grandes, resultado das interações contraditórias dos fatores endógenos e exógenos, sendo que o ciclo ativo dos fatores endógenos (os movimentos tectônicos) é predominante.

• O 2º táxon corresponde aos elementos morfoesculturais do relevo, que são formados sobre a ação predominante dos fatores exógenos.

• O 3º táxon representa os padrões de tipos de relevo.

• O 4º táxon representa as unidades de padrões de formas semelhantes, que podem ser formas de agradação ou de denudação.

• Os outros táxons são representados em dimensões espaciais menores, ou elementos do relevo.

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Figura F4 – Representação esquemática das unidades taxonômicas geomorfológicas

(ROSS, 1992).

Para cartas geotécnicas voltadas ao planejamento municipal, em escalas 1:25.000, utilizam-se informações correspondentes ao 3º táxon e alguns dados do 4º, os quais são,basicamente, parâmetros morfométricos como predominância de classes de declividade e desníveis altimétricos, e de feições morfológicas (como topos aguçados ou convexos), cujos critérios de caracterização e identificação regional são apresentados na TABELA T1. Tabela T1 - Critérios para identificação de sistemas de relevo de degradação (PONÇANO, 1979;

IPT, 1981).

Conjuntos de sistema de relevo Declividade dominante da vertente

Amplitudes locais

Relevo colinoso 0-15% <100m Relevo de morros com vertentes suavizadas

0-15% 100-300m

Relevo de morrotes >15% <100m Relevo de morros >15% 100-300m Relevo montanhoso >15% >300m

Para cartas geotécnicas de Aptidão Urbanística para Parcelamento do Solo, em escala 1:10.000 ou maior, utilizam-se informações dos 4º, 5º e 6º táxon. Envolvem, além do enquadramento

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do terreno nas classes de declividade, desníveis altimétricos e situação de topos aguçados ou convexos, também a condição local relacionada a outros elementos do relevo em maior detalhe, tais como linha de talvegue, interflúvio, vale, vertente, divisor de águas, ruptura de declive.

A TABELA T2 mostra os critérios utilizados no Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo pelo IPT (1981), para caracterização das unidades de relevo.

Tabela T2 - Critérios para caracterização de unidades de relevo (MENDONÇA, 2012, balizado em IPT, 1981).

Variável Categoria Intervalo de classe Conceito Amplitude Local Pequena

Média Grande

0-100m 100-300m >300m

Altura máxima da unidade em metros

Declividade Baixa Média Alta

0-15% 15-30% >30%

Inclinação média do perfil da encosta, em %

Densidade de drenagem Baixa Média Alta

0-5 5-30 >30

Número de cursos d’água perenes em uma área de 10 km²

Expressão de colinas em áreas

Pequenas Médias Grandes

<1km² 1-4km² >4km²

Área ocupada pelos interflúvios

Topos Extensos Restritos

Convencional

Formas dos topos Aplainados Arredondados Angulosos

Convencional

Perfil das Vertentes Convexo Retilíneo Côncavo

Convencional

Padrão de drenagem Dendrítico Paralelo Retangular Pinulado Em treliça

Convencional

Vales Abertos Fechados

Convencional

Planícies aluvionares interiores

Desenvolvidas Restritas

Convencional

Existência de drenagem fechada

Presente Ausente

Ocorrência de lagoas perenes ou intermitentes

Existência de ravinamento de vertentes

Presente Ausente

Convencional

Levando em conta a solicitação de estabelecer zoneamentos delimitando áreas de diferentes suscetibilidades a processos responsáveis pelos desastres, esse procedimento deve ser explícito nas três fases da cartografia. A análise de susceptibilidade permite o zoneamento de perigo, sendo mais utilizada em estágios preliminares de desenvolvimento, na etapa de planejamento, quando o objetivo pretendido pelo zoneamento tem relação com o gerenciamento do uso do solo e as políticas estabelecidas pelo Poder Público. O zoneamento detalhado de risco é utilizado em estágios mais avançados, na elaboração da carta geotécnica de risco.

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Estudos de zoneamento de susceptibilidade e de risco aos diferentes processos do meio físico, em especial aos deslizamentos, se desenvolveram durante as últimas décadas. A maioria desses estudos é de natureza qualitativa, embora tenham surgido exemplos de quantificação de perigos por meio de análise de probabilidade anual (frequência) em relação ao processo em potencial e à quantificação dos riscos para o desenvolvimento existente. Para a classificação quantitativa ou qualitativa de suscetibilidade de uma determinada unidade de terreno da carta geotécnica, é possível ponderar, além da frequência de registros de sua ocorrência, o volume (ou área) e a distribuição espacial dos processos que existem ou que podem ocorrer. A susceptibilidade inclui processos cuja origem é na própria unidade de terreno ou fora dela, devendo ser indicada a sua área de influência ou distância esperada do deslocamento.

O zoneamento de suscetibilidade envolve um grau de interpretação dependente das propriedades geotécnicas, que refletem a geomorfologia, geologia (rocha, solo, água) pluviometria, vegetação e fatores antropogênicos condicionantes do processo, como a forma de ocupação ou o desmatamento (exemplos na FIGURA F5 e QUADRO Q3). O zoneamento de perigo leva em conta os resultados do mapeamento da susceptibilidade e estabelece uma frequência determinada (por exemplo, probabilidade anual) para os escorregamentos potenciais.

Figura F5 – Processos geomorfológicos dominantes em uma vertente (Modificado de CLARK & SMALL, 1982, apud MANDAI, 2012).

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Quadro Q3 – Classes de declividade de acordo com processos geodinâmicos (MANDAI, 2012).

Considerando que o desenvolvimento dos processos apresenta uma dinâmica que pode variar, dependendo principalmente das atividades de ocupação, além de mudanças climáticas, as diretrizes da carta geotécnica devem ser atualizadas periodicamente.

A partir das apreciações tratadas, os procedimentos gerais na elaboração de cartografias geotécnicas de um município podem ser resumidos conforme FIGURA F6.

Tipos de carta Informações básicas

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geotécnica

CARTA GEOTÉCNICA DE PLANEJAMENTO

- Zoneamento de unidades de terreno levando em conta os diferentes tipos e suscetibilidade a processos. - Adequabilidade da ocupação em cada unidade de terrenos (zonas favoráveis, aceitáveis e desfavoráveis). - Propostas de ações relacionadas à ocupação, valores ambientais e subsídios gerais para a legislação municipal. - Indicação de áreas que precisam de detalhamento para avaliação geotécnica voltada à aptidão urbanística, devido a restrições a loteamentos, necessidades de obras de infraestrutura viária, saneamento e drenagem, e riscos potencias a desastres naturais.

CARTA GEOTÉCNICA DE APTIDÃO URBANÍSTICA

- Informações detalhadas para expansão urbana. - Normas para loteamentos em áreas de média suscetibilidade a processos, necessitando de estudos de avaliação geotécnica. - Avaliação de perigo em áreas ocupadas com riscos potenciais frente a desastres naturais.

CARTA GEOTÉCNICA DE RISCO

- Avaliação das condições de vulnerabilidade (grau de perda ou dano de um elemento ou conjunto de elementos, associado a uma ameaça ou processo, com uma dada intensidade ou magnitude de ocorrência) das ocupações sob risco. - Elaboração de sistema de gestão de risco com ações estruturais e não estruturais.

Figura F6 – Síntese de procedimentos gerais para elaboração de cartas geotécnicas.

• Carta Geotécnica de Suscetibilidade voltada ao Planejamento Municipal

Essa cartografia tem por objetivo o planejamento e a gestão territorial, devendo apresentar elementos do meio físico e dos modos de ocupação do solo que participem dos dados de percepção e avaliação do gestor público para o estabelecimento de metas e ações de desenvolvimento do território, e para sua implantação e monitoramento. Em geral, as maiores solicitações desse tipo de carta geotécnica são municipais, que agora devem ser elaboradas na escala 1:25.000, segundo a lei no. 12.608.

Para cumprir seus objetivos, essas cartas precisam: • Partir dos processos significativos, presentes ou com possibilidade de ocorrência no

território, naturais ou alterados por atividades antrópicas, e buscar as suas condicionantes mapeáveis (parâmetros do meio físico e formas de ocupação do solo);

• Compilar os dados necessários, orientados para atender aos objetivos da cartografia; • Definir, preliminarmente, unidades de terreno de comportamento semelhante, que

correspondam a necessidades de práticas de prevenção e correção, distintas para cada compartimento;

• Executar trabalhos complementares de campo; • Estabelecer representação cartográfica final, buscando as relações de diversidade de

cada compartimento geotécnico estabelecido e a melhor percepção visual na leitura cartográfica das informações. Assim, para uma comunicação eficaz, é necessário observar cuidadosamente as propriedades perceptivas das variáveis visuais, para aplicá-las convenientemente;

• Elaborar quadro-legenda com diretrizes/recomendações diferenciadas em cada unidade de terreno delimitada, segundo a probabilidade de ocorrência de tipos de processos ou problemas, de maneira a solicitar formas adequadas de ocupação e, portanto, diferentes medidas e ações do Poder Público responsável no planejamento e gestão. O quadro-legenda deve conter a descrição sucinta das unidades geotécnicas

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delimitadas no mapa, caracterizando os diferentes terrenos que ocorrem na área focalizada em termos de desempenho provável, frente a distintas formas de uso e ocupação do solo;

• Anexar os mapas temáticos (geológico, geomorfológico, uso e ocupação do solo, dentre outros) e texto explicativo, em papel e formato eletrônico (digital, vetorial e georreferenciado).

Esses procedimentos metodológicos para elaboração da carta geotécnica voltada ao planejamento municipal, de maneira geral, são, assim, fundamentados na caracterização e análise dos principais processos do meio físico e suas alterações devido a atividades antrópicas estabelecidas pelo processo tecnológico. Tais alterações antrópicas podem ser traduzidas pelas variações nos atributos do meio (declividade do terreno, cobertura vegetal, tipo de solo, drenagem, ocupação do local e entorno, entre outros), que condicionam os processos. A delimitação dos terrenos de acordo com a variação dos processos resultará em unidades específicas de terreno e permitirá apresentar diretrizes às diferentes formas de ocupação.

(QUADRO Q1).

ETAPAS ATIVIDADES PRODUTOS

1-PLANEJAMENTO DA CARTA

• Objetivos específicos

• Escala de representação

• Equipe interdisciplinar

• Compilação de dados

MATERIAL SECUNDÁRIO DISPONÍVEL

2-RECONHECIMENTO DOS PRINCIPAIS PROCESSOS EXISTENTES OU POTENCIAIS

• Entendimento dos processos

• Identificação dos fatores condicionantes

CARTA GEOTÉCNICA PRELIMINAR

3-REALIZAÇÃO DE ESTUDOS TEMÁTICOS DIRIGIDOS

• Informações necessárias do meio físico e da ocupação do solo

• Tratamento ou elaboração do mapa planialtimétrico, e de ma-pas temáticos (basicamente geo-logia, geomorfologia, drenagem, ocupação do solo, unidades de conservação, eventualmente outros), na escala necessária

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

4-COMPARTIMENTAÇÃO GEOTÉCNICA

• Análise integrada dos dados temáticos e processos

• Delimitação das unidades geotécnicas

PRODUTO CARTOGRÁFICO

CARTA GEOTÉCNICA DE PLANEJAMENTO 5-ESTABELECIMENTO DE

DIRETRIZES

• Recomendações diferenciadas de ocupação do solo em cada unidade do terreno delimitada, segundo a probabilidade de ocorrência de diferentes tipos de processo

QUADRO-LEGENDA

6-ELABORAÇÃO DO TEXTO DO ESTUDO

• Texto explicativo TRABALHOS EXECUTADOS

QUADRO Q1 – Aspectos gerais para elaboração da Carta Geotécnica de Planejamento.

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Para o planejamento, essa carta geotécnica precisa fundamentar a elaboração de planos e metas do município, portanto tem abordagem regional. Porém, como todo plano, estabelece solicitações posteriores de projetos e ações específicas ou de abrangência local. É o caso de recomendações para elaboração de carta geotécnica de aptidão urbanística, com detalhamento de obras e infraestrutura. Ou de carta geotécnica de risco, a partir de verificações de áreas com situações de perigo, em ocupações de terrenos com alta ou média suscetibilidade a processos ocorrentes ou potenciais, tais como deslizamentos, inundação, subsidência cárstica e fluxo de detritos (debris flow). Tais áreas são tratadas, no planejamento, apenas para o estabelecimento geral de normas de gestão de sua ocupação.

A análise e o mapeamento de suscetibilidade, frente aos diferentes mecanismos dos processos, devem-se levar em conta as características geomorfológicas, geológicas, geoecológicas (vegetação e uso da terra), sintetizadas nas cartas geotécnicas de planejamento. Esses fatores devem ser previamente cartografados na mesma escala de interesse da análise e do mapeamento pretendido, o qual, junto com a análise de ameaças e dos elementos sob risco (de natureza socioeconômica e geoecológica) possibilitarão a indicação para elaboração posterior das cartas geotécnicas de aptidão urbanística e de risco.

Como exemplo de diretrizes gerais de planejamento, em áreas com alto e médio grau de suscetibilidade, tem-se:

• Grau Alto: - em área não ocupada: restringir a forma de ocupação - em área ocupada: elaborar carta geotécnica de risco detalhada

• Grau Médio: - em área não ocupada: exigir estudo detalhado para ocupação - em área ocupada: avaliação de risco e eventual cartografia geotécnica de risco

• Carta Geotécnica de Aptidão Urbanística frente aos Desastres Naturais para Parcelamento do Solo

A prevenção de novas situações de risco pode estar associada a processos de urbanização que venham a ser instalados em áreas vazias, ainda não parceladas, e em áreas já parceladas que ainda se encontram com urbanização incompleta e deverão ser objeto de obras que podem prevenir os riscos eventualmente existentes. A Carta Geotécnica de Aptidão Urbanística frente aos Desastres Naturais tem como meta central o fornecimento de informações que orientem o parcelamento do solo no processo de uso e ocupação, de forma equilibrada com a condição de suporte do meio físico, evitando-se os riscos e as consequências dos desastres.

Um dos momentos estratégicos para o controle público do uso e ocupação do solo é o licenciamento de novos projetos de parcelamento dos terrenos. Nesse processo de licenciamento, tem especial interesse a etapa de fornecimento de diretrizes para o desenvolvimento do projeto, que é uma prerrogativa do poder público municipal prevista na Lei Federal 6766/79. A cartografia geotécnica tem uma importância chave para essa ação, e essa importância é ainda mais significativa quando o município está sujeito a situações de risco e a acidentes de natureza geotécnica.

Os estudos do meio físico deverão ser instrumentos básicos para subsidiar a ação municipal de fornecimento de diretrizes aos projetos de parcelamento do solo, e também para a preparação de planos e projetos de recuperação de áreas que já foram parceladas, mas que apresentam urbanização precária e situações de risco.

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Essa cartografia deverá ser ainda um instrumento para a elaboração dos projetos específicos a serem executados quando o município altera seu perímetro urbano, conforme previsto no artigo 42-B do Estatuto da Cidade (Lei no. 10.257/01):

“Art. 42-B. Os Municípios que pretendam ampliar o seu perímetro urbano após a data de publicação desta Lei deverão elaborar projeto específico que contenha, no mínimo: I – demarcação do novo perímetro urbano; II - delimitação dos trechos com restrições à urbanização e dos trechos sujeitos a controle especial em função de ameaça de desastres naturais; III - definição de diretrizes específicas e de áreas que serão utilizadas para infraestrutura, sistema viário, equipamentos e instalações públicas, urbanas e sociais; IV - definição de parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo, de modo a promover a diversidade de usos e contribuir para a geração de emprego e renda; V - a previsão de áreas para habitação de interesse social por meio da demarcação de zonas especiais de interesse social e de outros instrumentos de política urbana, quando o uso habitacional for permitido; VI - definição de diretrizes e instrumentos específicos para proteção ambiental e do patrimônio histórico e cultural; e VII - definição de mecanismos para garantir a justa distribuição dos ônus e benefícios decorrentes do processo de urbanização do território de expansão urbana e a recuperação para a coletividade da valorização imobiliária resultante da ação do poder público. § 1º O projeto específico de que trata o caput deste artigo deverá ser instituído por lei municipal e atender às diretrizes do plano diretor, quando houver. § 2º Quando o plano diretor contemplar as exigências estabelecidas no caput, o Município ficará dispensado da elaboração do projeto específico de que trata o caput deste artigo. § 3º A aprovação de projetos de parcelamento do solo no novo perímetro urbano ficará condicionada à existência do projeto específico e deverá obedecer às suas disposições.”

De acordo com o artigo 42-A da mesma lei 10.257/2001:

“o plano diretor dos municípios incluídos no cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos deverá conter: I – parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo, de modo a promover a diversidade de usos e a contribuir para a geração de emprego e renda; II – mapeamento contendo as áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos; III – planejamento de ações de intervenção preventiva e realocação de população de áreas de risco de desastre; IV - medidas de drenagem urbana necessárias à prevenção e à mitigação de impactos de desastres; e V – diretrizes para a regularização fundiária de assentamentos urbanos irregulares, se houver, observadas a Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009, e demais normas federais e estaduais pertinentes, e previsão de áreas para habitação de interesse social por meio da demarcação de zonas especiais de interes-se social e de outros instrumentos de política urbana, onde o uso habitacional for permitido. § 1º A identificação e o mapeamento de áreas de risco levarão em conta as cartas geotécnicas.

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§ 2º O conteúdo do plano diretor deverá ser compatível com as disposições insertas nos planos de recursos hídricos, formulados consoante a Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. § 3º Os municípios adequarão o plano diretor às disposições deste artigo, por ocasião de sua revisão, observados os prazos legais. § 4º Os municípios enquadrados no inciso VI do art. 41 desta Lei e que não tenham plano diretor aprovado terão o prazo de 5 (cinco) anos para o seu encaminhamento para aprovação pela Câmara Municipal.”

A Carta Geotécnica para essa finalidade de orientar o parcelamento do solo deverá ser elaborada em escala igual ou superior a 1:10.000, para que haja detalhamento suficiente das informações de modo a permitir o fornecimento de diretrizes para os projetos de parcelamento do solo.

Entende-se que essa carta deve ser elaborada para todos os locais do território municipal onde é permitido o parcelamento do solo. Nos casos em que haja uma definição ou proposta de perímetros urbanos pela legislação municipal, a carta será apresentada para o território contido por esses perímetros. Nos municípios com grande extensão de área de urbanização já consolidada ou com grandes extensões de áreas protegidas, em que não é permitido o parcelamento do solo, a apresentação da carta poderá ser feita para o território incluído no perímetro urbano, descontadas essas áreas, em especial se forem constituídas por terrenos de baixa suscetibilidade a desastres naturais. Para caracterização das áreas de urbanização consolidada sugere-se a utilização do critério definido pela Lei 11.977 (artigo 47), que considera área urbana consolidada a parcela da área urbana com densidade demográfica superior a cinquenta habitantes por hectare e malha viária implantada, e que tenha, no mínimo, dois dos seguintes equipamentos de infraestrutura urbana implantados: a) drenagem de águas pluviais urbanas; b) esgotamento sanitário; c) abastecimento de água potável; d) distribuição de energia elétrica; ou e) limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos.

Poderá ser necessário o mapeamento de uma área maior que aquela do perímetro urbano, para contemplar a análise de processos que ultrapassam os limites administrativos, como, por exemplo, a análise de riscos de escorregamentos na bacia hidrográfica, em trechos situados fora do perímetro, mas que podem atingir áreas dentro do perímetro.

Vale destacar, porém, a importância de que a carta geotécnica na escala 1:10.000 seja apresentada também para as áreas que já foram parceladas, mas que ainda têm baixa ocupação, mesmo que situadas em locais onde a legislação não permite o parcelamento do solo. Esse estudo deverá fornecer elementos para a decisão sobre a consolidação urbanística desses núcleos ou seu eventual reassentamento.

O desenvolvimento da carta geotécnica na escala 1:10.000 envolve uma série de estudos de processos do meio físico e sua abordagem deve envolver também aspectos do meio biológico e antrópico, relativos à ocupação, na medida em que sejam, da mesma forma, componentes essenciais nos processos interativos responsáveis pela alteração dos processos do meio físico. Nessa escala, com foco no fornecimento de informações para o parcelamento do solo, os estudos e cartas básicas devem propiciar a preparação de pelo menos duas cartas:

• Carta geotécnica de processos e unidades de terreno – tem o caráter de uma carta de perigo a desastres naturais, ou seja, é uma carta de suscetibilidade que incorpora registro de cicatrizes e ocorrências geotécnicas em geral, de forma a que se possa estimar a probabilidade de ocorrência de acidentes. É bem mais detalhada que o levantamento elaborado na escala 1:25.000 e tem foco na identificação de processos que podem trazer perigo para a ocupação urbana e/ou que podem ser induzidos pela urbanização. O mapeamento visa indicar os processos do meio físico sensíveis à urbanização, e inclui a indicação de:

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- áreas de suscetibilidade do meio físico, em que processos de instabilidade podem ser desencadeados pela urbanização. Inclui áreas de dunas, de elevada declividade, de estabilidade condicionada à presença da vegetação, de recarga de aquíferos, de solo mole, de solos colapsíveis, de alta erodibilidade, entre outras;

- áreas que podem ser afetadas por processos geotécnicos gerados dentro ou fora da área de estudo, como, por exemplo, as áreas que podem ser atingidas por movimentos de massa, por inundações, por variações do nível do mar, ou qualquer outro processo que possa criar situações de perigo ou risco.

- áreas de risco associadas a atividades antrópicas, tais como cortes e aterros inadequados, deposição de contaminantes no solo e na água etc.

- áreas que podem ser afetadas pela ação do mar.

• Carta geotécnica de síntese de aptidão à urbanização frente aos desastres naturais – é uma síntese das recomendações para aplicação urbanística, face aos estudos do meio físico e seus processos. Sua leitura é dirigida a técnicos com pouco conhecimento específico de geotecnia e visa, de forma bastante pragmática, instrumentar o fornecimento de diretrizes para novos parcelamentos do solo e para a implantação de obras de urbanização em áreas de urbanização ainda não consolidada.

É recomendável que essas cartas e suas respectivas legendas sejam separadas para as áreas ainda vazias e áreas de urbanização ainda não consolidada.

• Para as áreas vazias, sugere-se que a legenda preveja: - áreas de urbanização favorável (cor azul): locais de baixo perigo frente aos desastres naturais e onde a ocupação demanda apenas os cuidados usuais com relação aos estudos para fundação e obras de contenção; - áreas de urbanização condicionada a controle especial (cor amarela): locais onde são exigidos controles e estudos especiais como condição prévia à ocupação, face ao perigo existente ou que pode ser potencializado pelo processo de urbanização. Dentre essas medidas de controle, estão incluídas a exigência de implantação de infraestrutura completa; a exigência de implantação das edificações concomitantemente ao processo de parcelamento do solo, ou seja, não se permite a venda de terra nua; a exigência de critérios especiais de uso e ocupação do solo de forma a minimizar os riscos; e a exigência de estudos prévios, detalhados, como por exemplo de estabilidade de encostas; - áreas de urbanização restrita (cor vermelha): locais onde não se permitem edificações de uso permanente, ou edificações de qualquer caráter ou ainda onde não se permitem obras de urbanização de qualquer natureza. Face aos riscos da ocupação irregular de áreas onde existem sérias limitações à urbanização (portanto, áreas de urbanização restrita), entende-se que os estudos que levam à proposição das cartas de aptidão à urbanização devem se aprofundar no estudo de alternativas de destinação de uso e ocupação do solo para essas áreas de urbanização restrita. As possibilidades de ocupação devem ser debatidas com a administração local e com os setores organizados da sociedade, de forma que a limitação apresentada faça parte de uma estratégia mais abrangente de destinação dessas áreas frágeis, do ponto de vista dos riscos de acidentes. Ou seja, não se considera recomendável ou aceitável a mera indicação de uma área como sendo de urbanização restrita sem que haja a clara indicação dos usos possíveis e recomendáveis para a mesma.

• Para as áreas de franjas de urbanização, ou seja, para as áreas já parceladas, porém com urbanização ainda não consolidada, é necessário que a legenda da carta de aptidão à urbanização contemple:

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- os locais onde, face ao estudo de risco, não é permitida a edificação (de uso permanente)- cor vermelha; - as áreas onde se identifica a prioridade na implantação da infraestrutura, para prevenção de riscos, e o tipo de infraestrutura demandada- cor amarela; -locais onde a edificação e/ou a implantação de infraestrutura é condicionada a estudos especiais- cor amarela; - os locais onde se demanda a implantação de obras de contenção de encostas ou de prevenção de riscos de acidentes geotécnicos- cor amarela; - áreas onde não há limitações ou exigências especiais, em termos de prevenção de riscos de desastres naturais- cor azul.

Os procedimentos para elaboração da carta geotécnica de aptidão à urbanização são apresentados esquematicamente na FIGURA F7.

Figura F7 – Abordagem e contextualização da carta geotécnica de aptidão à

urbanização (modificado de Diniz-Souza, 1992) Tais procedimentos adotam como pressupostos:

• o usuário é o planejador urbanista; • a aplicação é subsidiar a expansão urbana e o Plano Diretor Municipal;

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• a motivação é identificar áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações bruscas, vinculando a análise de aptidão urbana das áreas favoráveis e restritas aos parcelamentos, assentamentos e loteamentos; e • a escala é maior ou igual a 1:10.000.

Para tanto, essa carta deve considerar, dentro da estrutura de inventário, análise e síntese, os seguintes fundamentos:

• Os temas de avaliação, determinados a partir das demandas da área estudada, após a análise socioeconômica quais sejam, processos do meio físico (movimentos de massas, erosão, inundações graduais e bruscas), aptidão de ocupação pela urbanização (parcelamentos, assentamentos, loteamentos) e recursos naturais (materiais de construção civil). A partir das finalidades de avaliação e definição dos atributos a serem levantados elabora-se a ficha de levantamento geológico-geotécnico de campo;

• A geomorfologia como critério essencial, mais especificamente no que se refere à geomorfometria das geoformas, estabelecidas a partir da análise de feições erosivas e deposicionais, e de processos do meio físico, para a definição de unidades de terreno;

• A formulação de um modelo de compartimentação da área por meio de um sistema hierárquico de classificação de terrenos, sendo a análise compatível com a escala 1:10.000 ou maior;

• A utilização de perfis típicos de alteração de solos tropicais, como critério de caracterização dos sistemas e unidades de terreno. Dada a diversidade litológica e geomorfológica brasileira, determinam-se perfis típicos de alteração para as unidades de terreno estabelecidas, dos quais cada nível de alteração, segundo a classificação adotada para solos tropicais, poderá ser amostrado e ensaiado, quando necessário.

Somam-se às condições de contorno e abordagem metodológica apresentadas acima a disponibilidade de bases cartográficas digitais, ortofotos aéreas, imagens de alta resolução, MDT (Modelos Digitais de Terreno) e MDE (Modelos Digitais de elevação), com resolução compatível às escalas igual ou maior que 1:10.000. Essa base cartográfica deverá ser providenciada, como condição fundamental, seguindo os padrões de dados espaciais da INDE e das normas da CONCAR.

Quanto aos dados temáticos, não existem sistematicamente mapeadas no Brasil, na escala requerida, informações relativas ao meio físico (litologia, hidrogeologia, geomorfologia e solos tropicais). Portanto, as mesmas deverão ser geradas, formuladas e mapeadas originalmente no trabalho de cartografia geotécnica de aptidão à urbanização. O método recomendado então é o sintético, por análise espacial da geomorfometria, com apoio de ferramentas de sensoriamento remoto, incluindo aerofotointerpretação e de SIG – Sistema de Informações Geográficas.

O mapeamento de detalhe de campo, para confirmação da compartimentação preliminar das unidades de terreno, deverá ser realizado voltado à observação dos processos do meio físico existentes e esperados, por meio da caracterização de perfis geológico-geotécnicos de topossequências e perfis típicos de solos tropicais, no mínimo em três porções da encosta (vertente), quais sejam, topo, meia encosta e base, por unidade de terreno. No caso da necessidade de realização de coleta de amostras para realização de ensaios, as mesmas deverão atender à observação do processo do meio físico a ser caracterizado, a representatividade da unidade de terreno, por perfil geológico geotécnico da topossequência e os perfis típicos de solo tropical, no sentido de otimizar o número de ensaios geológico e geotécnicos, garantindo uma representatividade da diversidade de unidades de terreno.

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Os ensaios, quando necessários, deverão buscar caracterizar atributos, parâmetros e propriedades que tenham significado quanto ao processo do meio físico objeto da análise de suscetibilidade das unidades de terreno, como índices físicos, textura, índices de plasticidade, porosidade, índices de vazio, expansão, perda por imersão, por meio de ensaios expeditos, de preferência. Outros dados de campo fundamentais são: espessura dos solos tropicais, dos lateríticos e dos saprolíticos; nível freático ou surgências d´água; e depósitos de cobertura, como, elúvios, colúvios, tálus, alúvios e depósitos de detritos de corrida.

• Subsídios para a Cartografia de Risco (Duda e Margareth, pendente)

Além da análise e avaliação das características de suscetibilidade, natural e induzida, dos terrenos aos processos perigosos considerados (escorregamentos, subsidências e colapsos, erosão e assoreamento, enchentes, inundações e solapamento de taludes marginais), a Carta de Risco deve considerar, também, as condições de vulnerabilidade (grau de perda ou dano de um elemento ou conjunto de elementos sob risco associado a uma dada ameaça ou processo, com uma dada intensidade ou magnitude de ocorrência) das ocupações sob risco.

As Cartas de Risco, por terem que considerar, no seu método de elaboração, a condição de vulnerabilidade da ocupação e a ação humana na mudança nas condições de suscetibilidade natural dos terrenos, têm necessidade de atualizações periódicas. Também, com grandes avanços para o tratamento de dados espaciais em Sistemas de Informações Geográficas (SIG), hoje se impõe a necessidade de produção de sistemas de gestão de informações geotécnicas como alternativa de avanço tecnológico da carta digital convencional.

Atualmente no Brasil adotam-se os métodos de cartografia de Risco Geológico dos PMRR (Planos Municipais de Redução de Riscos), elaborados a partir de metodologia desenvolvida no IPT na década de 1990, e adaptada com modificações pela DRM (Serviço Geológico do estado do Rio de Janeiro), IG – SP (Instituto geológico de São Paulo) e CPRM.

• Recortes Espaciais de Análise e Mapeamento

Por meio da retomada na execução de planos diretores municipais, os municípios se colocam como usuários potenciais dos produtos da cartografia geotécnica. Porém, como a cartografia geotécnica trata de processos do meio físico, a unidade de análise pode ser a bacia ou sub-bacia hidrográfica, significando a utilização de bases cartográficas além da área dos municípios (estabelecido na Lei no. 12.608/12, que instituiu a PNPDEC, que tem entre suas diretrizes, a

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adoção da bacia hidrográfica como unidade de análise das ações de prevenção de desastres relacionados a corpos d’água).

Em tais condições físico-territoriais, a gestão municipal remete, muitas vezes, à necessidade de soluções articuladas de âmbito regional ou que contemple simultaneamente frações de unidades fisiográficas, parametrizando-as conforme cada subunidade e integrando os resultados no todo de cada estudo ou projeto ou intervenção ou ação. Essa situação é relevante nas regiões metropolitanas, onde o processo de conurbação ultrapassa os limites administrativos, interagindo áreas com necessidade de resoluções intermunicipais. Entretanto, também pode ser encontrada em municípios vizinhos com áreas urbanas afastadas.

Nos municípios apontados como prioritários para elaboração de cartografia geotécnica, as medidas e ações de planejamento, inclusive envolvendo a gestão de risco, destacam-se pela abrangência regional, no desenvolvimento de processos de deslizamentos, corridas de massa, erosão, enxurradas e inundação, que usualmente afetam ocupações urbanas e extrapolam seus limites políticos. Dentre os fatores intervenientes do meio físico, ressaltam-se a geologia e a geomorfologia, que condicionam os processos, os quais devem ser tratados no âmbito de bacias ou sub-bacias hidrográficas. Não se pode esquecer, também, dos processos naturais associados aos aquíferos ou lençóis subterrâneos nos quais, naturalmente e continuamente, ocorrem os fluxos da água que condicionam situações de maior ou menor estabilidade em maciços (tais como movimentações laterais ou verticais, contaminações, subsidências e colapsos), a depender de interferências diretas ou não decorrentes das intervenções humanas. Consequentemente, as medidas preventivas, corretivas e de monitoramento também devem ser tomadas abarcando todos os municípios envolvidos.

A falta de referenciais conduz a soluções que nem sempre são as mais adequadas e eficazes, técnica e financeiramente. Levando em conta que as cartas geotécnicas constituem a ferramenta fundamental para estabelecer as medidas básicas, há que se analisar em quais situações o seu recorte espacial extrapola o município. Para tanto, é importante executar um inventário do local com classificação do(s) processo(s) envolvido(s), volume de material mobilizado, data de ocorrência, áreas afetadas, dentre outras características de interesse.

O recorte espacial associado à bacia de drenagem é de fundamental importância, na medida em que integra a rede de fluxos (liquido, sólidos e solúveis) que converge para uma saída comum (ou exutório) como definido por Coelho Netto (1994). Além disso, é importante lembrar que somente em espaços controlados fisicamente, com limites bem definidos, é possível adotar ou desenvolver equações e modelos matemáticos que possibilitam quantificações ou parametrizações fundamentais para o entendimento e gerenciamento de um dos principais (senão o principal) fatores mobilizadores/deflagradores das alterações nos processos naturais, qual seja, a água. Vale destacar que a bacia de drenagem pode ser compartimentada em diferentes níveis hierárquicos (Strahler, 1952; Horton, 1945), com destaque para as bacias de primeira ordem (escalas iguais ou maiores que 1: 10 000), as quais integram o domínio das encostas (zona de cabeceiras de drenagem) com a rede de canais que drena a bacia hidrográfica, até seus respectivos reservatórios terminais. Essa articulação espacial da rede de fluxos é relevante na interconexão dos processos atuantes nas encostas com os canais fluviais, especialmente no decorrer de eventos extremos de chuvas e detonadores de movimentos de massa. Significa, portanto, na análise de suscetibilidade do terreno frente aos diferentes mecanismos de deslizamentos, que se deve tratar o recorte espacial da bacia em associação com suas características morfométricas, as quais regulam o comportamento físico da rede de fluxos.

• Diretrizes para o Inventário de Cicatrizes

A preparação do inventário de um deslizamento é uma parte essencial de qualquer zoneamento de deslizamentos. Para tanto, esse inventário envolve o local, classificação,

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volume, distância de deslocamento, estado de atividade e data de ocorrência do deslizamento em uma área. Deve ser complementado com outras informações como a distribuição espacial de deslizamentos existentes ou em potencial em uma área de estudo, velocidade e intensidade de deslocamento de um deslizamento. Abrange, também, sua distribuição espacial na área a ser zoneada e sua relação à topografia, geologia e geomorfologia.

As atividades tipicamente requeridas têm relação direta entre a escala dos mapas de zoneamento e o nível da caracterização de deslizamentos. O nível básico é mais regional, havendo necessidade de mapas de zoneamento em maior escala nos níveis intermediário e avançado (TABELA T3).

Tabela T3 – Atividades nos três níveis de inventário JTC1 (2008).

Porém, o inventário de cicatrizes de movimentos de massa pretéritos deve ser baseado no mapeamento direto das cicatrizes e dos depósitos coluviais associados, por meio de imagens de ultima geração, tanto em estudos de detalhe (escalas maiores que 1:10 000) como em estudos mais regionais (escalas 1:25 000 ou menores).

A maior fonte de erros em mapas de susceptibilidade e perigo de deslizamentos vem de limitações nos inventários. Van Western et al. (1999) e Ardizzone et al. (2002) dão exemplos mostrando uma incongruência gritante em mapas de inventário para deslizamentos da mesma área de encostas naturais preparados por dois grupos. Eles indicam que os maiores erros ocorrem quando inventários se baseiam na interpretação de fotos aéreas, particularmente em fotografias de pequena escala. Estes erros ocorrem em parte devido à natureza subjetiva da interpretação de fotografias aéreas, mas também devido à vegetação que cobre as áreas a serem mapeadas. O mapeamento de fotografias aéreas deve ser complementado pelo mapeamento de superfície de áreas selecionadas para calibrar o mapeamento. Inventários de deslizamentos provenientes de fendas, preenchimentos e muros de retenção em estradas,

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ferrovias e construções urbanas raramente serão completos. Então, para conseguir uma estimativa razoável do número de deslizamentos, os profissionais terão que tomar uma decisão sobre qual proporção dos deslizamentos será registrada, a qual depende do objetivo de aplicação final do inventário.

3.9 Requisitos para o Sistema de Informações Geográficas

Devido os avanços ocorridos na cartografia digital, no geoprocessamento e no sensoriamento remoto durante os últimos anos, hoje é muito difícil conceber qualquer análise de fenômenos espaciais sem o auxílio de um Sistema de Informações Geográficas (SIG). A solução de problemas complexos de planejamento e gerenciamento, que envolvam a manipulação de dados espacialmente localizados, passa necessariamente pelo uso do SIG. Da mesma forma, as tecnologias de dados espaciais digitais podem facilitar os trabalhos de compartimentação da carta geotécnica.

O uso do SIG não garante o sucesso de um projeto, mas permite uma melhor organização, armazenamento, recuperação e atualização das informações cartográficas e a formação de bases de dados, possibilitando, por exemplo, simulações de cruzamentos e retroanálises nos estudos de desempenho do meio frente às solicitações de uso. Porém, a eficiência destes procedimentos esta associada, mais uma vez, à abordagem metodológica adotada. Com a facilidade de manipulação, muitas vezes são feitos diversos cruzamentos temáticos que não conduzem a resultados consistentes, por carecerem de embasamento teórico ou por não obedecerem a diretrizes seguras.

O SIG deve ser estruturado segundo o modelo conceitual norteador da análise pretendida. O fluxo se inicia pela consolidação das demandas estabelecidas pela legislação traduzida em objetivos claros e definição de escalas apropriadas para atender cada uma dessas demandas. Como discutido anteriormente, a escala de trabalho deve ser definida segundo o produto almejado, que leve em conta o objetivo do mapeamento. No caso da geração de um instrumento norteador de aptidão urbana, a escala deve se ajustar ao nível de detalhe compatível com o zoneamento de áreas de interesses específicos e ao código de edificações, assim como deve levar em consideração a legislação restritiva vigente.

Para a concretização do processo de elaboração e disponibilização dos produtos da cartografia geotécnica é necessário criar um Banco de Dados Geográficos para armazenar e disponibilizar os produtos gerados, no início da etapa de inventário. Os dados iniciais para alimentar o Banco e elaborar produtos da cartografia geotécnica são provenientes de produtos de sensoriamento remoto, da base cartográfica digital e cartas complementares quando existentes em escalas apropriadas, cujos temas mínimos necessários encontram-se no Fluxograma da Figura f8.

O Banco deve ficar hospedado em um servidor que tenha acesso diferenciado por tipo de usuário. Todos os dados geoespaciais gerados ou manipulados deverão seguir e atender às Especificações Técnicas para Estruturação de Dados Geoespaciais Digitais Vetoriais, na NCB (CONCAR, 2007) e da resolução nº 01 de 30/11/2009, que estabelece a Norma da cartografia nacional que estabelece o Perfil MGB – Perfil de Metadados Geospaciais do Brasil, em conformidade com a norma ISSO 19.115, de 2003. É importante também que esses dados integrem-se à INDE Brasil – Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais do Brasil (IBGE, 2009).

O Banco de Dados Geográficos para as cartas geotécnicas não contará somente com documentos cartográficos, mas também com tabelas de recomendações. Estes últimos elementos também devem ser de fácil entendimento, manuseio e comunicação visual com os usuários finais. O uso de fichas de classificação e avaliação geotécnica, utilizadas por Diniz-Souza (1992), e sua adaptação para bancos de dados facilita a preservação de informações técnicas, adequadas às especificidades exigidas pela escala do mapeamento.

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A base planialtimétrica digital deve estar em escala compatível com os objetivos. O processamento dos dados nela contidos, por meio de algoritmos de análise morfométrica, deve gerar cartas analíticas da morfometria, que servirão de apoio na interpretação das condições geotécnicas.

Com base na interpretação dos produtos de sensoriamento remoto, tendo apoio das cartas analíticas, trabalho de campo e outras informações disponíveis no Banco, deverá se realizar a compartimentação da área cartografada.

Analisando as condições geotécnicas de cada compartimento mapeado deverá ser gerada a carta síntese das condições geotécnicas. Essa carta contém as unidades de terreno bem como as características de cada unidade organizada na forma de tabela de atributos por objetos (polígonos). Os atributos básicos a serem descritos são os referentes aos solos e rochas, as condições hidrogeológicas, geomorfológicas e processos geodinâmicos.

Com base na interpretação dos produtos de sensoriamento remoto, tendo apoio das informações disponíveis no Banco e levantamentos de campo, deverá ser realizado o levantamento da cobertura e uso da terra (IBGE, 2006), para produzir a carta de uso da terra. Essa carta temática deverá ser acompanha da descrição em forma de tabela de atributos de cada classe organizada por objetos (polígonos).

Todos os documentos gerados na compartimentação fisiográfica, carta síntese das condições geotécnicas e carta de uso e cobertura do solo deverão ficar armazenados no Banco de Dados Geográficos.

Uma vez concluída a fase de inventário, que tem como produtos básicos os documentos da carta síntese das condições geotécnicas e da carta de uso da terra, se inicia a fase de diagnóstico. Essa fase tem por objetivo o zoneamento geotécnico quanto à avaliação dos elementos em risco e quanto à suscetibilidade à ocorrência de eventos perigosos, da aptidão à urbanização e a disponibilidade de recursos naturais para apoio às intervenções que se fizerem necessárias e para a mitigação dos riscos em situações de contingência e emergência.

Com base na análise das características do uso e cobertura e sua relação com a ocorrência de eventos perigosos, deverão ser realizadas cartas de avaliação dos elementos em risco. Essas cartas deverão avaliar aspectos da vulnerabilidade, dos potenciais danos e do uso e cobertura do solo como fator de modificação das condições naturais e de indução a ocorrência de eventos perigosos. As cartas serão compostas por documentos cartográficos, descritivos, tabulares, e outros que se fizerem necessários e devem ser armazenados no Banco. Com base nessa documentação deverão ser traçadas recomendações para o planejamento da ocupação e orientações para o monitoramento do uso e cobertura da terra.

A carta síntese das condições geotécnicas deve ter suas características avaliadas em termos do comportamento geotécnico para a elaboração de cartas de diagnóstico geotécnico, incluindo uma compartimentação dos terrenos em termos da suscetibilidade de ocorrência de eventos perigosos, da aptidão à urbanização e da disponibilidade de recursos naturais. Na avaliação das condições geotécnicas, as informações do uso e cobertura da terra devem ser consideradas, uma vez que alteram as condições geotécnicas inicialmente encontradas sem a intervenção antrópica e por vezes induzem a ocorrência de eventos perigosos. Essas cartas serão compostas por documentos cartográficos, descritivos, tabulares, e outros que se fizerem necessários, e devem ser armazenados no Banco. Com base nessa documentação, deverão ser traçadas recomendações para o planejamento da ocupação, definição de medidas que proponham formas de ocupação adequada às características dos terrenos, bem como orientações para o monitoramento do uso e cobertura do solo e de atributos do meio físico.

A partir dessa documentação, deverão ser traçadas recomendações para o planejamento da ocupação, definição de medidas que induzam formas de ocupação adequada com as

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características dos terrenos, definição de projetos para mitigação das situações de risco e planos de contingência. Ainda com base nessa documentação, devem ser definidas orientações para o monitoramento do uso e cobertura do solo e de atributos do meio físico e de detalhamento de monitoramento meteorológicos.

O fluxo que se apresenta na FIGURA F8 sintetiza a articulação dos produtos da cartografia geotécnica para atender as demandas colocadas pelas recentes exigências legais.

Figura F8 – Fluxograma para elaboração de cartas geotécnicas atendendo às demandas da legislação de proteção civil frente a situações de risco decorrentes de eventos naturais.

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