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241 DIREITO DE NACIONALIDADE CAPíTULO 6 DIREITO DE NACIONALIDADE SUMÁRIO • 1. Introdução; 1.1. Conceitos relacionados à matéria; 2. Espécies de nacionalidade; 2.1. Nacionalidade primária; 2.1.1. Critérios de atribuição; 2.1.2. Hipóteses de aquisição da nacionalidade primária na Constituição da República de 1988; 2.2. Nacionalidade secundária (ou adquirida); 2.3. Quase nacionalidade (ou brasileiros por equiparação); 3. Diferença de tratamento entre brasileiros natos e naturalizados; 4. Perda do direito de nacionalidade; 5. Quadro sinótico; 6. Questões 1. INTRODUçãO Pode-se conceituar a nacionalidade como o vínculo jurídico-político que liga o indivíduo a um determinado Estado 1 , tornando-o um componente do povo, o que o capacita a exigir a proteção estatal, a fruição de prerrogativas ínsitas à condição de nacional, bem como o sujeita ao cumprimento de deveres. Referida associação – entre indivíduo e Estado – é que determina e permite a identificação dos sujeitos que compõe a dimensão pessoal do Estado 2 , um dos seus elementos constitutivos básicos 3 . De acordo com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, em seu artigo XV 4 , toda pessoa tem direito a uma nacionalidade, ninguém dela pode ser privado arbitrariamente, tampouco se pode negar ao indivíduo o direito de alterá-la. 1.1. Conceitos relacionados à matéria Em que pese notar-se a proximidade etimológica entre os vocábulos "naciona- lidade" e natio (nação), estes não se confundem. O termo "nação" designa um agrupamento humano homogêneo cujos mem- bros, localizados em território específico, são possuidores das mesmas tradições, cos- tumes e ideais coletivos. Vinculados (objetivamente) no aspecto histórico, cultural, 1. CARVALHO, Dardeau de. Nacionalidade e Cidadania. Livraria Freitas Bastos S.A. 1956, p. 9. 2. Conforme Pontes de Miranda, “nacionalidade é o laço jurídico-político, de Direito público interno, que faz do indivíduo um dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado”. (Nacionalidade de origem e naturalização. A. Coelho Branco – RJ, 1936, p. 17). 3. CARVALHO, Dardeau de. Nacionalidade e Cidadania. Livraria Freitas Bastos S.A. 1956, p. 23. 4. Art. XV, Declaração Universal dos Direitos Humanos: 1. “Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade”. 2. “Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de naciona- lidade”.

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DIREITO DE NACIONALIDADE

Capítulo 6

DIREITO DE NACIONALIDADE

SUMÁRIO • 1. Introdução; 1.1. Conceitos relacionados à matéria; 2. Espécies de nacionalidade; 2.1. Nacionalidade primária; 2.1.1. Critérios de atribuição; 2.1.2. Hipóteses de aquisição da nacionalidade primária na Constituição da República de 1988; 2.2. Nacionalidade secundária (ou adquirida); 2.3. Quase nacionalidade (ou brasileiros por equiparação); 3. Diferença de tratamento entre brasileiros natos e naturalizados; 4. Perda do direito de nacionalidade; 5. Quadro sinótico; 6. Questões

1. IntroduçãoPode-se conceituar a nacionalidade como o vínculo jurídico-político que liga o

indivíduo a um determinado Estado1, tornando-o um componente do povo, o que o capacita a exigir a proteção estatal, a fruição de prerrogativas ínsitas à condição de nacional, bem como o sujeita ao cumprimento de deveres. Referida associação – entre indivíduo e Estado – é que determina e permite a identificação dos sujeitos que compõe a dimensão pessoal do Estado2, um dos seus elementos constitutivos básicos3.

De acordo com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, em seu artigo XV4, toda pessoa tem direito a uma nacionalidade, ninguém dela pode ser privado arbitrariamente, tampouco se pode negar ao indivíduo o direito de alterá-la.

1.1. Conceitos relacionados à matériaEm que pese notar-se a proximidade etimológica entre os vocábulos "naciona-

lidade" e natio (nação), estes não se confundem.O termo "nação" designa um agrupamento humano homogêneo cujos mem-

bros, localizados em território específico, são possuidores das mesmas tradições, cos-tumes e ideais coletivos. Vinculados (objetivamente) no aspecto histórico, cultural,

1. CARVALHO, Dardeau de. Nacionalidade e Cidadania. Livraria Freitas Bastos S.A. 1956, p. 9. 2. Conforme Pontes de Miranda, “nacionalidade é o laço jurídico-político, de Direito público interno, que

faz do indivíduo um dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado”. (Nacionalidade de origem e naturalização. A. Coelho Branco – RJ, 1936, p. 17).

3. CARVALHO, Dardeau de. Nacionalidade e Cidadania. Livraria Freitas Bastos S.A. 1956, p. 23. 4. Art. XV, Declaração Universal dos Direitos Humanos: 1. “Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade”.

2. “Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de naciona-lidade”.

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econômico e linguístico, estes indivíduos partilham, também, laços invisíveis, tais como a consciência coletiva e o sentimento de comunidade5.

Já o vocábulo "nacionalidade", a partir do momento em que a nação se organiza em Estado, deixa de ser explicado em seu sentido sociológico – como o laço que prende o sujeito à nação – para ser entendido como o vínculo de natureza jurídica (ligação de direito público) que une o indivíduo ao Estado6. Está, deste modo, semanticamente mais próximo ao termo "povo", já que este último repre-senta o conjunto de nacionais que compõem o elemento humano de um Estado – o povo brasileiro, por exemplo, é resultado do somatório de brasileiros natos e naturalizados.

O termo "população", por outro lado, representa a totalidade de indivíduos que habitam determinado território, ainda que ali se achem temporariamente, independentemente da nacionalidade. Vê-se que é um conceito numérico, demo-graficamente mais amplo que o de povo – haja vista englobar não só os nacionais, mas igualmente os estrangeiros e os apátridas, isto é, envolve toda a gente que vive em uma base territorial específica.

Quanto à polipátria e a apatridia, pode-se dizer que são fenômenos deriva-dos da irrestrita faculdade que os Estados possuem de escolher seus critérios de aquisição de nacionalidade. Os apátridas, também identificados como heimatlos, são aqueles desprovidos de pátria; não detêm com nenhum Estado o vínculo jurí-dico-político que os converteria em nacionais, uma vez que não se enquadram nos critérios de aquisição de nacionalidade de Estado algum.

A condição de apátrida deriva, principalmente, de um conflito negativo de nacionalidade, no qual não há nenhum Estado interessado em proclamar o in-divíduo como seu nacional. Este ocorre, por exemplo, quando nasce uma criança nos domínios geográficos do Estado "A", que reconhece exclusivamente o sistema jus sanguinis (baseado na ascendência) como critério de concessão de nacionalida-de, filha de pais nacionais do Estado "B", que adota, de modo exclusivo, o critério territorial (jus soli) – ou seja, que concede nacionalidade apenas aquele que nascer em seu território. Esta criança não adquirirá a nacionalidade dos pais, haja vista não ter nascido no território do Estado "B", do qual eles são nacionais, tampouco ganhará a nacionalidade do Estado "A", em cujo território nasceu, por não serem seus pais nacionais dali. Como conclusão, será apátrida.

Esquematicamente:

5. CARVALHO, Dardeau de. Nacionalidade e Cidadania. Livraria Freitas Bastos S.A. 1956, p. 7. 6. Conforme Pontes de Miranda, “raríssimos são os Estados que podem, sem muito rigor, dizer que as suas

fronteiras correspondem a fronteiras étnicas”. (Nacionalidade de origem e naturalização. A. Coelho Branco – RJ, 1936, p. 17).

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O fenômeno da apatridia se origina, também, de circunstância na qual o indi-víduo se naturaliza e, em razão disso, perde a nacionalidade de origem, vindo depois a ter cancelada a sua naturalização. Como se desvinculou da nacionalidade originária para se naturalizar e, posteriormente, perdeu a nacionalidade secundária adquirida, torna-se apátrida.

Porque o direito à nacionalidade é um direito fundamental das pessoas, assegu-rado no já mencionado art. XV da Declaração Universal dos Direitos do Homem, o fenômeno apresenta-se hoje como intolerável – afinal, conforme preceitua a doutrina, é impossível a um homem “permanecer, durante toda a vida, completamente estranho a um dos grupos político-sociais em que a humanidade, desde remotíssimos tempos, se acha dividida” 7.

Deve, pois, ser evitado pelas legislações contemporâneas por meio da adoção de critérios de aquisição mistos (associação dos critérios territoriais e sanguíneos) – ou, ao menos, ter seus efeitos negativos mitigados, como faz a legislação brasileira ao permitir que apátridas e indivíduos de nacionalidade indefinida adquiram passaporte8.

Por seu turno, "polipátridas" são aqueles que, quando do nascimento, se enqua-dram nos critérios concessivos de nacionalidade originária de mais de um Estado, oca-sionando um conflito positivo que normalmente resulta em dupla (ou mesmo múl-tipla) nacionalidade. A título de exemplificação, imaginemos a criança que nasça no Estado "A", no qual vigora o critério territorial de obtenção de nacionalidade, sendo

7. GONÇALVES, Cunha. Tratado de Direito Civil. Tomo I, 1929, p. 508, apud CARVALHO, Dardeau de. Nacio-nalidade e Cidadania. Livraria Freitas Bastos S.A. 1956, p. 25.

8. Conforme dispõe o artigo 12 do Decreto 1.983/1996, com a redação dada pelo Decreto 5.978/2006. A informação também pode ser obtida no Portal da Polícia Federal: <www.dpf.gov.br/servicos/passapor-te/passaporte-para-estrangeiro>. Acesso em: 12.09.2012.

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filha de pais nacionais do Estado "B", que reconheça o critério sanguíneo: será nacio-nal de ambos, por se enquadrar integralmente em ambas as regras estatais de aquisição.

Cumpre ressaltar que a polipatridia pode decorrer, igualmente, do somatório de nacionalidades primárias e secundárias – quando, por exemplo, um indivíduo se na-turaliza sem, no entanto, perder a nacionalidade originária que anteriormente possuía.

Esquematicamente, temos:

Estrangeiro é o indivíduo que possui vínculo jurídico-político com Estado Nacional diverso da República Federativa do Brasil. Se mantém nesta condição jurídica por não preencher as regras estatais necessárias à obtenção da condição de nacional ou, se as preenche, porque voluntariamente opta por não adquirir referido status.

Vale evidenciar que mesmo na condição de estrangeiro (aquele que não é tido como nacional pelo Estado) ou apátrida (sujeito desprovido de nacionalidade, que não possui vínculo jurídico com algum Estado), o indivíduo recebe proteção do Es-tado brasileiro, caso aqui se encontre. Possuirão grande parte dos direitos fundamen-tais consagrados na Constituição (com algumas restrições pautadas na segurança e interesse nacional) pelo simples fato de serem todos indivíduos, isto é, humanos.

Por último, "cidadão" é o nacional (nato ou naturalizado) no gozo dos direitos políticos e participante da vida do Estado.

2. EspéCIEs dE naCIonalIdadEDoutrinariamente duas espécies de nacionalidade são identificadas: a primária

(também denominada de origem ou originária) e a secundária (ou adquirida).A primeira (originária) é aquela resultante de um fato natural, qual seja, o nas-

cimento, podendo ser estabelecida por meio de critérios sanguíneos (nacionalidade

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dos pais), territoriais (local do nascimento) ou mistos (conjugação dos dois anterio-res) 9. Por decorrer do nascimento, diz-se que é um meio involuntário de aquisição de nacionalidade.

Reconhece-se que cada país é absolutamente livre para definir quais serão os cri-térios adotados em seus limites geográficos para atribuição da nacionalidade primá-ria; sabe-se, também, que razões extremamente variáveis podem ditar a inclinação do Estado para um critério ou outro.

Nota-se, todavia, alguns alinhamentos naturais na estipulação dos requisitos, de ordem essencialmente política10. Nesse sentido, Estados de formação recente, tipi-camente de imigração, empregam o critério territorial, e o intuito é óbvio: fixar/vincular os imigrantes ao solo, integrando-os ao país por meio da nacionalização de seus descendentes. Por outro lado, países de emigração normalmente adotam crité-rios sanguíneos, evitando perder o vínculo com os descendentes dos seus nacionais que para outras terras se foram.

Interessante noticiar que a doutrina11 aponta graves inconvenientes na adoção pura e simples do critério sanguíneo: o homem, muito mais do que no sangue, tem na terra em que se fixa o fator central e determinante que condiciona o desenrolar de seus gostos, paixões, afeições, ideias e hábitos. Desta forma, os Estados que fazem do critério sanguíneo o princípio fundamental de concessão de nacionalidade nunca atingem na plenitude a finalidade buscada pela política que os norteia, pois o local de nascimento sempre influenciará a formação do caráter, dos costumes e sentimentos dos filhos dos seus nacionais. Segundo Dardeau12: “na luta entre os caracteres étnicos, raciais, consanguíneos, e o meio físico, a vitória cabe sempre ao último destes elemen-tos. A influência do meio, sem dúvida, é muito mais poderosa do que os impulsos da estirpe sanguínea, quase sempre obliterada pela passagem de muitas gerações”.

Por fim, a nacionalidade secundária (também intitulada adquirida) é aquela normalmente13 resultante de um ato voluntário, manifestado após o nascimento. A naturalização decorre, pois, da expressa revelação, na via ordinária ou extraordinária, da vontade do interessado de compor o povo de um Estado específico.

9. Grande parte das legislações contemporâneas admite um sistema misto de atribuição de nacionalida-de, exatamente para evitar o conflito negativo que motiva a apatridia.

10. Nesse sentido, ver CARVALHO, Dardeau de. Nacionalidade e Cidadania. Livraria Freitas Bastos S.A. 1956, p. 15 e 16.

11. MIRANDA, Pontes de. Nacionalidade de origem e naturalização. A. Coelho Branco – RJ, 1936, p. 53. 12. CARVALHO, Dardeau de. Nacionalidade e Cidadania. Livraria Freitas Bastos S.A. 1956, p. 16.13. Diz-se normalmente, haja vista a possibilidade de o Estado adotar a naturalização tácita, também co-

nhecida como grande naturalização, na qual a aquisição da nacionalidade secundária não se dá por expressa manifestação volitiva.

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2.1. nacionalidade primária2.1.1. Critérios de atribuição:

Vimos que os países empregam livremente os requisitos do jus soli e do jus sanguinis enquanto exigências para a aquisição da nacionalidade e que a escolha do critério sanguíneo interessa, sobretudo, aos Estados em que há grande emigração – como, por exemplo, a Itália, que assim assegura os laços com os descendentes dos nacionais que deixaram o país –, enquanto o critério territorial se amolda mais ade-quadamente aos países de imigração – como é o caso do Brasil que, enquanto país receptor, deseja enlaçar os imigrantes que aqui se estabelecem.

Os critérios de concessão, porém, não se exaurem nesses dois tradicionais. A doutrina informa14, por exemplo, que a ex-URSS adotava o critério ius domicilii, pois concedia a nacionalidade primária do Estado quando o indivíduo ali se encon-trasse despossuído de qualquer outra.

2.1.2. Hipóteses de aquisição da nacionalidade primária na Constituição da República de 1988:

Nosso texto constitucional prevê (no art. 12, I, CF/88) exaustiva e taxativa-mente (numerus clausus), as hipóteses de aquisição da nacionalidade originária.

A primeira, constante do art. 12, I, "a", é decorrente da aplicação do jus soli, isto é, do critério territorial. Segundo esta, será considerado brasileiro nato o indi-víduo nascido em território nacional, independentemente da nacionalidade de seus ascendentes.

A efetivação do critério territorial, vê-se, não exige a presença de nenhum ou-tro requisito, sendo suficiente o nascimento nos limites geográficos do Estado para que o indivíduo seja considerado nacional. Não importa, inclusive, se os pais são brasileiros, estrangeiros ou apátridas: nascido em nossas extensões terrestres, fluviais, marítimas ou aéreas, o indivíduo será considerado brasileiro nato.

Vale frisar que como território nacional15 entende-se as terras delineadas pelos limites geográficos do país, englobando rios, baías, golfos, ilhas, bem como o espaço aéreo e o mar territorial; por extensão ficcional reconhece-se também como terri-tório nacional os navios e as aeronaves públicos (ou requisitados) brasileiros, onde quer que se encontrem, assim como os navios privados brasileiros em alto mar, as

14. AMORA, Manoel Albano. Estudo sobre a nacionalidade do Direito brasileiro. Revista do Curso de Direi-to, v. 1, Fortaleza: Edições da UFCE, jan-jun/1982, p. 13.

15. Na definição de Clóvis Beviláqua, território nacional “é a porção de superfície da terra, sobre a qual o mesmo exerce a sua soberania” (BEVILÁQUA, Clóvis, apud CARVALHO, Dardeau de. Nacionalidade e Cidadania. Livraria Freitas Bastos S.A. 1956, p. 50).

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aeronaves privadas brasileiras em voo sobre o alto mar e as embarcações privadas estrangeiras em mar (ou espaço aéreo) brasileiro.

Há no texto constitucional, porém, ressalva digna de consideração: não será contemplado com a nacionalidade originária aquele que, muito embora tenha nas-cido em nosso território, é filho de (ambos) pais estrangeiros e qualquer deles (ou, evidentemente, ambos) estava a serviço do país de origem.

Nesse sentido, e a título de exemplificação, se um diplomata alemão vier a residir no Brasil acompanhado de sua esposa (também alemã), com a finalidade de prestar serviços ao seu país de origem, e aqui o casal tiver um bebê, este não será brasileiro nato. Ainda que nascido em território nacional, o bebê possui ambos os pais estrangeiros e um deles (o pai) está a serviço do país de origem, o que inviabiliza a aquisição da nossa nacionalidade primária.

Em sentido oposto: se um cônsul da França vem para o Brasil a serviço de seu país de origem e aqui se casa com uma brasileira e com ela tem um bebê (em terri-tório nacional), o filho deles será, sem dúvida, brasileiro nato. Afinal, em que pese o pai ser estrangeiro e estar no território nacional à serventia do Estado de sua prove-niência, a mãe é nacional e a excepcional não aplicação da regra territorial depende, de início, da circunstância de ambos os pais serem estrangeiros.

Finalmente, se um casal de italianos vier residir no Brasil a serviço de empresa privada italiana ou mesmo para servir o Governo de outro país (por exemplo, aqui estão na defesa de interesses do Governo da Dinamarca), o filho deles, nascido em território nacional, será considerado brasileiro nato. Isso porque ainda que os pais sejam estrangeiros, não estão no Brasil servindo o país de origem.

Nas hipóteses subsequentes (alíneas "b" e "c", do art. 12, I), objetivando inibir as consequências nefastas de eventual conflito negativo de nacionalidade (a apatri-dia), adota-se o critério sanguíneo, em nítida mitigação à exclusividade do crité-rio territorial.

Nota-se, todavia, que ao contrário do critério territorial, o critério sanguíneo nunca será, sozinho, suficiente para determinar a aquisição da nacionalidade; deve, ao contrário, ser sempre conjugado com algum outro, o que demonstra que, de acordo com o nosso conjunto normativo, não basta ter ascendentes nacionais para também o sê-lo.

Vejamos, a seguir, as três possibilidades de aquisição da nacionalidade primária pela associação do critério sanguíneo a algum outro requisito.

(1ª) O primeiro caso, previsto no art. 12, I, "b", CF/88, é o da criança nasci-da no estrangeiro, filha de pai ou/e mãe brasileiros, sendo que qualquer deles (ou ambos, evidentemente) está no exterior a serviço da República Federativa do Brasil. Repare que nesta hipótese não foi empregado o critério territorial (a criança nasceu

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no estrangeiro), mas sim o sanguíneo (ela é filha de nacionais), associado ao critério funcional (um dos pais brasileiros, ou ambos, está no exterior servindo a República Federativa do Brasil).

Interessante destacar três pontos:

(A) este dispositivo é a exata contraposição da regra anteriormente estudada (constante do art. 12, I, "a"). Do mesmo modo que nosso ordenamento não reco-nhece como brasileiro nato a criança nascida em território nacional quando ambos os pais são estrangeiros e ao menos um deles está a serviço de seu país de origem, ela vai reconhecer a nacionalidade brasileira originária de filhos de pais brasileiros que estejam a serviço da República Federativa Brasileira no exterior;

(B) a aplicação da regra aqui estudada só exige que um dos pais seja nacional e que ele esteja a serviço da República Federativa do Brasil; isso significa que um bra-sileiro a serviço do país no exterior pode se casar com uma estrangeira e com ela ter um filho, e a este será reconhecida a nacionalidade brasileira nata, sem a necessidade do cumprimento de nenhum outro requisito;

(C) estar a serviço do país significa desempenhar uma função ou prestar um serviço público de natureza diplomática, administrativa ou consular, a quaisquer dos órgãos da administração centralizada ou descentralizada (como as autarquias, as fundações e as empresas públicas e sociedades de economia mista) da União, dos Estados-membros, dos Municípios ou do Distrito Federal.

Esquematicamente, sobre a hipótese da alínea "b", temos:

(2ª) O segundo caso encontra-se na 1ª parte do art. 12, I, "c", CF/88. Nesta situação, apesar de nascer no estrangeiro, a criança é filha de pai ou mãe, ou ambos,

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brasileiros, e é registrada em repartição brasileira competente. Nesta situação temos a não incidência do critério territorial (já que a criança nasce no estrangeiro), aplica-ção do ius sanguinis (pois ela é filha de pai ou mãe, ou ambos, brasileiros) associado ao registro em repartição brasileira competente.

Essa hipótese de aquisição da nacionalidade primária pela criança filha de bra-sileiro (ou brasileiros) nascida no exterior, decorrente do registro feito em repartição brasileira competente, foi inicialmente consagrada pelo poder constituinte originá-rio na redação original da Constituição de 1988. Posteriormente, no entanto, foi su-primida pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3/199416 que, sob severas críti-cas, excluiu do dispositivo a possibilidade do registro. Este último somente voltou a ser possível depois de editada a EC nº 54/200717, informalmente conhecida como a "emenda dos apátridas", haja vista ter recuperado e inserido no texto a possibilidade do registro como requisito – quando associado com o critério da ascendência – que permite a aquisição da nacionalidade primária.

Durante todo o período em que a Emenda Revisional nº 3 esteve em vigor – de 07 de junho de 1994, data de sua promulgação, até 20 de setembro de 2007, data da promulgação da EC nº 54/2007 – muitas crianças, descendentes de brasilei-ros, nasceram no exterior e não puderam ser registradas para adquirir a condição de nacionais em razão da supressão do registro e, por isso, ficaram (muitas delas) na condição de apátridas. Para contornar a indesejada situação, a EC nº 54/2007 determinou, em seu art. 2º, a inserção do art. 95 do ADCT. Este previu que essas crianças poderiam agora ser registradas em repartição diplomática ou consular brasi-leira competente (se continuam a residir no exterior) ou em ofício de registro (se já vieram a residir na República Federativa do Brasil), sendo o registro suficiente para a aquisição da condição de brasileiro nato.

A estrutura a seguir facilita a compreensão do tema:

16. Redação dada pela ECR nº 3/1994 ao art. 12, I, c: “Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira”.

17. Redação dada pela EC nº 54/2007 ao art. 12, I, c: “Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira”.

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(3ª) A terceira, e última, possibilidade de aquisição de nacionalidade primária encontra-se na 2ª parte do art. 12, I, "c", CF/88. Nesta situação, a criança – que é filha de pai ou mãe (ou ambos brasileiros) – nasce no estrangeiro, mas depois vem a residir na República Federativa do Brasil e opta, após atingir a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

Vê-se que o critério territorial não foi aplicado (afinal o nascimento se deu no exterior) e sim o sanguíneo (pois a criança é filha de pai ou/e mãe brasileiros), asso-ciado ao critério residencial e a realização da opção confirmativa. Ademais, vale destacar que nesta hipótese os pais não estavam no exterior a serviço da República Federativa do Brasil, tampouco registraram a criança em repartição brasileira com-petente. Estruturalmente, temos:

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Em suma, esta última hipótese de aquisição da nacionalidade depende da ob-servância do seguinte caminho constitucional:

(i) nascimento no exterior – com a consequente inaplicabilidade do critério territorial;

(ii) adoção do critério sanguíneo – pois a criança é filha de pai e/ou mãe bra-sileiros;

(iii) não incidência do critério funcional – o pai brasileiro e/ou a mãe brasileira estão no exterior em nome de interesses pessoais, a serviço de empresa privada brasi-leira ou mesmo de Governo estrangeiro, mas não a serviço da República Federativa do Brasil;

(iv) efetivação do critério residencial – deve o indivíduo vir a residir em territó-rio nacional, a qualquer tempo (pode ser que a criança venha aqui residir aos cinco meses de idade, com dez anos de idade ou, já um adulto, com trinta anos de idade; não existe qualquer limite cronológico para a observância deste requisito);

(v) realização da opção confirmativa – esta, por ser ato personalíssimo, só pode ser feita após a maioridade e, segundo entendimento do STF, muito embora potestativa, não é de forma livre: há de ser feita em juízo, em processo de jurisdição voluntária, que tramita perante a Justiça Federal (art. 109, X, CF/88).

Como o critério residencial pode ser cumprido a qualquer tempo, enquanto a realização da opção somente pode ser feita pelo indivíduo depois que este já é maior de idade (já goza de capacidade plena), pergunta-se: como tratar o menor de idade (filho de pai ou/e mãe brasileiros), nascido no exterior, que venha aqui residir? Ora, como ele mesmo ainda não pode fazer a opção (que é personalíssima), tampouco seus pais podem supri-la, será considerado brasileiro nato para todos os efeitos até os dezoito anos. No entanto, atingida a maioridade, enquanto não for efetivada a sua opção, a condição de brasileiro nato ficará suspensa (a opção passa a ser uma con-dição suspensiva da nacionalidade). Ao fazer a opção ele confirma a nacionalidade, já adquirida quando do cumprimento do critério residencial (a fixação da residência no país é o fator gerador da nacionalidade).

Assim, para o menor de idade que cumpre o requisito residencial é concedida uma nacionalidade primária provisória, que fica sob condição suspensiva a partir da maioridade, quando a opção (dotada de efeitos retroativos, ex tunc, registre-se) já pode ser feita18.

Mais simples é a situação daquele indivíduo que – nascido no estrangeiro, de pai e/ou mãe brasileiros, que não cumprem o critério funcional, tampouco o

18. RE 418.096-RS, STF, Rel. Min. Carlos Velloso, noticiado no Informativo 381, STF.

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registram – vem residir em território nacional após atingir a maioridade: este será considerado brasileiro nato tão logo cumpra o critério residencial (fator gerador da nacionalidade), mas sua nacionalidade fica automaticamente sob condição suspen-siva, que somente será superada com a opção confirmativa. Esta última, quando efetivada, operará efeitos para o passado (ex tunc).

2.2. nacionalidade secundária (ou adquirida):A nacionalidade secundária é aquela adquirida não pela ocorrência de um fato

natural (nascimento), mas, normalmente, por um ato voluntário (naturalização). A naturalização, enquanto único meio derivado de aquisição da nacionalidade19, se divide em duas espécies: (1) a naturalização tácita, também denominada grande naturalização e (2) a expressa.

(1) naturalização tácita: usualmente adotada em países que possuem um nú-mero de nacionais menor que o desejado, tem por intuito promover a povoação do Estado. O incremento no número de nacionais é engendrado pelo documento constitucional quando este determina que os estrangeiros residentes adquirirão au-tomaticamente a nacionalidade do Estado em cujo território se encontram, caso não declarem, dentro de determinado período, o ânimo de permanecerem estrangeiros, isto é, portadores da nacionalidade de origem20.

No Brasil duas de nossas Constituições consagraram o mecanismo da grande naturalização: a Imperial (de 1824) e nossa primeira Constituição republicana (de 1891).

Na Carta Imperial contemplou-se a naturalização tácita ao estabelecer que fos-sem considerados brasileiros naturalizados todos os portugueses que residissem no Brasil por ocasião da proclamação da independência pátria21.

De modo similar, mas com significativa amplitude, a Constituição de 1891 dispôs que os estrangeiros – que aqui se encontravam à época da proclamação da República – teriam seis meses, contados da entrada em vigor da Constituição repu-blicana, para revelar expressamente o desejo de permanecer com a nacionalidade de

19. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. Malheiros, 2007. p. 212.20. Interessante destacar a defesa feita por Alfredo d"Escragnolle Taunay, às vésperas da proclamação da

República, pela adoção da naturalização tácita, na obra “A Nacionalisação ou Grande Naturalisação e Naturalisação Tácita”, 1886. Na pág. 13 o autor afirma ser tal modalidade de naturalização “Uma das medidas mais largas, generosas e sobretudo convenientes nas condições actuaes do Brazil”. (sic)

21. Constituição de 1824, art. 6º, IV: “São cidadãos brasileiros: todos os nascidos em Portugal, e suas pos-sessões, que sendo já residentes no Brazil na época, em que se proclamou a independência nas provín-cias, onde habitavam, adheriram à esta expressa, ou tacitamente pela continuação da sua residência”. (sic)

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origem; não havendo manifestação explícita tornavam-se brasileiros22. Na mesma Constituição, outro dispositivo determinava que fossem considerados brasileiros os estrangeiros que possuíssem bens imóveis no Brasil e fossem casados com brasileiros ou tivessem filhos brasileiros, contanto que se residissem no Brasil, salvo se manifes-tassem expressamente a intenção de não alterar a nacionalidade23.

Finalmente, destacam-se dois pontos importantes:(i) os documentos constitucionais mencionados foram os dois únicos a consa-

grar a naturalização tácita enquanto forma de aquisição da nacionalidade secundária no ordenamento pátrio;

(ii) a Constituição da República de 1988 não prevê a naturalização tácita, mas tão somente a expressa, de forma a manter a naturalização sob dependência da ma-nifestação de vontade do indivíduo.

(2) naturalização expressa: essa modalidade de naturalização – única admi-tida pelo atual documento constitucional – coloca a aquisição da nacionalidade se-cundária na dependência de declaração volitiva do interessado; pode se efetivar por duas vias, a ordinária e a extraordinária.

(A) naturalização ordinária.

A obtenção da nacionalidade secundária brasileira pela via ordinária se efetiva nas seguintes hipóteses:

(1ª) art. 12, II, "a", 1ª parte, CF/88: poderão se naturalizar brasileiros os estrangeiros que cumprirem os requisitos previstos em lei. Trata-se do Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/1980), devidamente recepcionado pela Constituição da República de 1988, que estabelece, em seu art. 112, as condições indispensáveis para a aquisição da nacionalidade derivada, quais sejam:

– capacidade civil, segundo a lei brasileira;– ser registrado como permanente no Brasil;– residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de quatro

anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização;– ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições do naturali-

zando;

22. Constituição de 1891, art. 69, § 4º: “São cidadãos brasileiros: os estrangeiros, que achando-se no Brasil aos 15 de novembro de 1889, não declararem, dentro em seis meses depois de entrar em vigor a Cons-tituição, o ânimo de conservar a nacionalidade de origem”.

23. Constituição de 1891, art. 69, § 5º: “São cidadãos brasileiros: os estrangeiros que possuírem bens imó-veis no Brasil e forem casados com brasileiros ou tiverem filhos brasileiros contanto que residam no Brasil, salvo se manifestarem a intenção de não mudar de nacionalidade”.

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– exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da família;

– bom procedimento;

– inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exte-rior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, abstra-tamente considerada, superior a um ano; e

– boa saúde.

Vale destacar que esses requisitos listados pelo Estatuto do Estrangeiro no art. 112 são relativizados no dispositivo seguinte. Desta forma, é possível, dentre ou-tros exemplos, que um estrangeiro se naturalize possuindo residência contínua no território nacional por período inferior a quatro anos, se possuir filho ou cônjuge brasileiro (situação na qual o lapso temporal de residência contínua exigido é de um ano), ou se demonstrar capacidade técnica, artística ou científica (quando então o lapso temporal será de dois anos).

(2ª) art. 12, II, "a", 2ª parte, CF/88: poderão se naturalizar brasileiros os indivíduos originários de países de língua portuguesa – não somente os portu-gueses, mas qualquer pessoa advinda de país que fale a língua portuguesa, como, por exemplo, Angola, Goa, Gamão, Moçambique, Timor Leste, dentre outros – desde que, possuidores de capacidade civil, preencham as exigências dispostas no texto constitucional, a saber, residência ininterrupta por um ano e idoneidade moral.

(3ª) o Estatuto do Estrangeiro, no art. 115, § 2º, traz, ainda, duas outras hipóteses de aquisição da nacionalidade brasileira pela via ordinária: a radicação precoce e a conclusão de curso superior.

No ordenamento jurídico anterior (Constituição de 1967, com redação dada pela EC n° 1/69), ambas as hipóteses estavam previstas no documento constitucio-nal; foram suprimidas do texto constitucional de 1988 em razão da desnecessidade de se manter no documento as situações casuísticas de obtenção de naturalização, que bem podem ficar especificadas na legislação ordinária. Vejamos cada uma delas:

(i) radicação precoce: para os que venham a morar no Brasil com até cinco anos de idade incompletos, desde que façam o requerimento de naturalização até dois anos após completar a maioridade.

(ii) Conclusão de curso superior: para os estrangeiros que venham a residir no país antes de completar a maioridade e tenham concluído curso de grau superior em estabelecimento nacional, desde que façam o requerimento da nacionalidade brasileira até um ano após a formatura.

Para concluir, cumpre sinalizar duas coisas:

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(1) mesmo que satisfeitos todos os requisitos listados na Constituição e na lei, não se pode falar em direito público subjetivo à obtenção da naturalização or-dinária. A concessão de nacionalidade é ato de soberania estatal do Presidente da República, que pode, discricionariamente, negar-se a concedê-la;

(2) o procedimento de naturalização ordinária é sempre administrativo, afi-nal transcorre perante o Ministério da Justiça até a decisão final do Presidente da República. Há que se reconhecer, no entanto, um ato jurisdicional que finaliza o procedimento de concessão: a entrega do certificado de naturalização feito pela Jus-tiça Federal, nos termos do art. 109, X, CF/88, que estabelece (com efeitos ex nunc, isto é, sem possibilidade de retroagir) o marco inicial da obtenção da nacionalidade secundária.

(B) naturalização extraordinária:

Prevista no art. 12, II, "b", CF/88, a naturalização extraordinária só será obtida pelo indivíduo que, capacitado civilmente, observar as seguintes condições:

(1) residência ininterrupta no território nacional por mais de quinze anos;

(2) ausência de condenação penal e

(3) apresentação de requerimento de naturalização.

Sobre a residência ininterrupta na República Federativa do Brasil vale dizer que ela não se abala por meras ausências temporárias – decorrentes, por exemplo, de viagens de férias no exterior ou compromissos laborais fora do país. Conforme preceitua o STF24, a residência ininterrupta não pode ser confundida com a perma-nência ininterrupta.

No que se refere ao prazo de residência a ser cumprido para a naturalização ex-traordinária, importante recordar que na redação original da CF/88 este era de trinta anos25; foi a Emenda Revisional nº 3/1994 que o reduziu a metade.

Por último, e contrariamente ao que se passa na naturalização ordinária, na via extraordinária o preenchimento de todos os requisitos constitucionais é su-ficiente à aquisição da nacionalidade (existe direito público subjetivo à naturali-zação extraordinária). Assim, se o indivíduo reside no país ininterruptamente por mais de quinze anos, não tem nenhuma condenação penal e requer a naturaliza-ção, esta lhe será concedida; não há discricionariedade para o Presidente da Repú-blica, que não poderá recusar o pleito. Esta é a conclusão da doutrina majoritária e

24. Agravo nº 32.074-DF, STF, Rel. Min. Hermes Lima.25. Art. 12, II, "b", CF/88 – (Redação original): “São brasileiros: naturalizados: os estrangeiros de qualquer

nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de trinta anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira”.

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encontra fundamento no próprio texto constitucional, quando este expressamente determina serem brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalida-de, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininter-ruptos e sem condenação penal, "desde que requeiram a nacionalidade brasileira", isto é, desde que apresentem o pedido de aquisição da nacionalidade. Vê-se que a locução "desde que requeiram a nacionalidade brasileira" é interpretada pelos constitucionalistas pátrios da seguinte forma: se o indivíduo preenche as duas con-dições impostas pela Constituição, bastará solicitar a nacionalidade que alcançará a condição de naturalizado26.

Por fim, as espécies de nacionalidade, devidamente analisadas nos itens anterio-res, podem ser esquematizadas segundo a estrutura abaixo:

2.3. Quase nacionalidade (ou brasileiros por equiparação):Peculiar característica do ordenamento pátrio é a que prevê a figura do por-

tuguês equiparado, conforme dicção do art. 12, § 1º, CF/88, determinando que “aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição”.

26. Conforme CUNHA JÚNIOR, Dirley. (Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. Salvador: JusPodivm, 2012, p. 804), não parece ser outra a posição do STF, conforme julgamento no RE 264.848-TO.

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Como dispõe o texto constitucional, em havendo reciprocidade em favor de brasileiros residentes em Portugal, os portugueses que aqui residam terão trata-mento jurídico similar ao dispensado ao brasileiro naturalizado, sem precisarem, para isso, de se submeterem a qualquer procedimento de naturalização. Isso sig-nifica que os portugueses permanecerão estrangeiros, porque não naturalizados, muito embora possuidores de direitos equivalentes aos ostentados pelos brasileiros naturalizados, em razão da reciprocidade. Ficarão, pois, na condição de quase nacionais.

Como a reciprocidade existe, já que em 2001 foi reafirmado o Tratado Bilateral de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a República Federativa do Brasil27 – a fim de consolidar os particulares laços partilhados pelos dois povos, decorrentes de uma história que por mais de três séculos os aproximou – os portugueses que aqui residam em caráter permanente poderão comparecer ao Ministério da Justiça, munidos de documento que comprove a nacionalidade portu-guesa, a capacidade civil e a admissão na República Federativa do Brasil em caráter permanente, para requerer a quase nacionalidade28.

De relevo salientar que o português beneficiário do Estatuto da Igualdade plena não detém todos os direitos próprios do naturalizado, haja vista a manutenção do seu status de estrangeiro29. Deste modo, ao contrário do naturalizado, não pode prestar o serviço militar30, se sujeita à expulsão e também à extradição (esta requerida pelo Governo português31) e, por fim, em situação no exterior na qual necessite de proteção diplomática, deverá requerê-la a Portugal e não ao Brasil32.

27. Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre Brasileiros e Portugueses, assinada em 07/09/1971 e ratificada no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 82, de 24/11/1971, tendo sido promulgada pelo Decreto nº 70.391, de 12/04/1972 que, posteriormente foi substituído pelo Decreto nº 3.927, de 19/09/2001, que promulgou o Tratado de Cooperação, Amizade e Consulta Brasil/Portugal.

28. Se quiserem exercer direitos políticos, deverão requerer à Justiça Eleitoral, comprovando a residência por, no mínimo, três anos.

29. MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio Mártires. Curso de Direito Constitucional. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 845.

30. Art. 19, Decreto nº 3.927, de 19/09/2001, que promulgou o Tratado de Cooperação, Amizade e Consul-ta Brasil/Portugal.

31. Art. 18, Decreto nº 3.927, de 19/09/2001, que promulgou o Tratado de Cooperação, Amizade e Consul-ta Brasil/Portugal. De se destacar que a aplicação de referida regra se deu no julgamento da QO na Ex-tradição 302, em que a Itália requereu ao Brasil a entrega de português beneficiado pela reciprocidade, e o STF negou, exatamente em virtude da impossibilidade da concessão da extradição, salvo quando requerida pelo Governo de Portugal.

32. Art. 20, Decreto nº 3.927, de 19/09/2001, que promulgou o Tratado de Cooperação, Amizade e Consul-ta Brasil/Portugal.

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3. dIFErEnça dE tratamEnto EntrE brasIlEIros natos E naturalIzados:

O texto constitucional consagra, no caput do art. 5º, o princípio da igualdade e, como desdobramento do axioma veda, no § 2º do art. 12, o estabelecimento de distinções entre brasileiros natos e naturalizados.

Entretanto, o próprio texto constitucional reconheceu algumas situações nas quais poderá haver tratamento diferenciado entre brasileiros. Estas hipóteses – que, ressalte-se, são taxativas, isto é, as únicas admitidas – referem-se:

(1ª) aos cargos, (2ª) à função, (3ª) à extradição e (4ª) à propriedade de em-presa jornalística e de radiodifusão sonora de sons e imagens.

Vejamos cada uma delas:(1ª) Em conformidade com o que está presente no art. 12, § 3º, CF/88, alguns

cargos estratégicos são privativos de brasileiros natos, ou porque compõem a linha sucessória (e de substituição) presidencial ou por razões de segurança nacional. Nos exatos termos postos pela Constituição, são privativos de brasileiros natos os cargos:

– de Presidente da República,– de Vice Presidente da República,– de Presidente da Câmara dos Deputados,– de Presidente do Senado Federal,– de Ministro do Supremo Tribunal Federal,– da carreira diplomática,– de oficial das Forças Armadas e– de Ministro de Estado da Defesa.Justifica-se a circunstância de os primeiros cinco cargos (incisos I a IV do art.

12, § 3º, CF/88) serem privativos de brasileiros natos a partir da necessidade de que o cargo público mais elevado da nação – a Presidência da República – esteja protegi-do com maior efetividade – disposição, aliás, corriqueira em diversas Constituições estrangeiras como, por exemplo, a Constituição americana33 e a Constituição por-tuguesa34.

33. Art. 2º, seção 1, Constituição dos Estados Unidos Da América: 4. “Não poderá ser candidato a Presiden-te quem não for cidadão nato, ou não for, ao tempo da adoção desta Constituição, cidadão dos Estados Unidos. Não poderá, igualmente, ser eleito para esse cargo quem não tiver trinta e cinco anos de idade e quatorze anos de residência nos Estados Unidos”. (Fonte: <www.braziliantranslated.com/euacon01.html>. Acesso em: 12.09.2012).

34. Art. 122, Constituição da República Portuguesa: “São elegíveis os cidadãos eleitores, portugueses de origem, maiores de 35 anos”. (Fonte: <www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublica-Portuguesa.aspx>. Acesso em: 12.09.2012).

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Nesse sentido, como a ausência do Presidente da República (que deve ser nato) implica a assunção do cargo por parte do Vice Presidente da República – em substi-tuição, quando o impasse para o exercício das funções for passageiro; por sucessão, em se tratando de impossibilidade categórica de cumprimento das funções35 –, este deverá, também, ser brasileiro nato. No mais, frente a embaraços do Vice Presidente da República o cargo será assumido, temporária e sucessivamente, pelo Presidente da Câmara dos Deputados, pelo Presidente do Senado Federal e pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal (qualquer um dos 11 Ministros que compõe a Corte pode presidi-la), o que demonstra a essencialidade de tais cargos estarem reservados aos brasileiros natos36.

No que tange aos demais cargos (incisos V a VII do art. 12, § 3º, CF/88), a de-limitação do preenchimento de modo exclusivo por brasileiros natos foi engendrada, presume-se, por razões de segurança nacional.

Destaque-se, relativamente aos cargos delimitados para brasileiros natos, algu-mas informações finais de suma importância:

(i) todos os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal devem ser brasileiros natos, uma vez que se revezam no exercício da presidência do Tribunal. Apesar de o sistema de votação ser secreto, como prevê o regimento interno37, é tradição na Corte que o Vice seja eleito Presidente e que o Ministro mais antigo – que ainda não tenha assumido nenhum dos cargos – ocupe a Vice-Presidência;

(ii) os Ministros dos demais Tribunais do Poder Judiciário não precisam ser detentores da nacionalidade primária para ocuparem os respectivos cargos. Por exemplo, os Ministros do STJ podem ser brasileiros naturalizados38: atualmente na composição daquele Tribunal temos um brasileiro naturalizado, Felix Fischer – que nasceu em Hamburgo, na Alemanha39;

(iii) brasileiros naturalizados podem ocupar os cargos de Deputado Federal e Senador, nunca chegando, porém, a Presidência da respectiva Casa40;

35. Conforme dispõe o art. 79, CF/88.36. De acordo com o art. 80, CF/88. 37. Conforme artigo 12 do Regimento Interno do STF, in verbis: art. 12 – “O Presidente e o Vice-Presidente

têm mandato por dois anos, vedada a reeleição para o período imediato. § 1º Proceder-se-á à eleição, por voto secreto, na segunda sessão ordinária do mês anterior ao da expiração do mandato, ou na segunda sessão ordinária imediatamente posterior à ocorrência de vaga por outro motivo”.

38. Ver art. 104, parágrafo único, CF/88.39. Fonte: www.stj.jus.br/web/verCurriculoMinistro?cod_matriculamin=0001109>. Acesso: 12.09.2012.40. Conforme, por exemplo, o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, art. 16, parágrafo único: “O

cargo de Presidente é privativo de brasileiro nato”.

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(iv) o único Ministro de Estado que deve ser brasileiro nato é o da defesa41. Nada impede que os demais – por exemplo, Ministro da Economia, Ministro das Relações Exteriores, Ministro da Justiça, etc – sejam naturalizados, afinal o art. 87 da CF/88 somente exige que os Ministros de Estado sejam escolhidos dentre brasileiros;

(v) em comparação com o documento constitucional anterior (CF/67, com redação dada pela EC nº 01/69)42, a atual Constituição reduziu significativamente o número de cargos próprios aos brasileiros natos; antes, além do Presidente e Vice Presidente da República e dos Ministros do STF, também deveriam ser natos:

– todos os ministros de Estado,– todos os ministros do STM, do TST, do TSE, do TFR e do TCU,– o Procurador-Geral da República,– os Senadores e os Deputados Federais,– os Governadores (e Vices) de Estado, de Territórios e o Governador do

Distrito Federal (bem como os substitutos),– os embaixadores e os membros da carreira diplomática,– os oficiais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIRO NATO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988

CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIRO NATO NA CONSTITUIÇÃO DE 1967

Presidente e Vice-Presidente da República Presidente e Vice Presidente da RepúblicaUNICAMENTE o Presidente da Câmara dos Depu-

tados Deputados Federais

UNICAMENTE o Presidente do Senado Federal Senadores Ministros do Supremo Tribunal Federal Ministros do Supremo Tribunal Federal

Carreira Diplomática Embaixadores e os Membros da Carreira Diplomá-tica

Oficial das Forças Armadas Oficiais da Marinha, do Exército e da AeronáuticaUNICAMENTE o Ministro de Estado da Defesa Ministros de Estado

– Ministros do STM, do TST, do TSE, do TFR e do TCU– Procurador Geral da República

– Governadores (e vices) de Estado, de Territórios e o Governador do Distrito Federal

(2ª) A segunda distinção refere-se aos assentos no Conselho da república: a Constituição (art. 89, VII, CF/88) reserva seis assentos no Conselho – órgão auxiliar da Presidência da República em momentos de crise institucional – para brasileiros natos.

41. Vale lembrar que o Ministério de Estado da Defesa foi instituído pela EC 23/1999 em substituição aos antigos Ministérios da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

42. Art. 140, § 1º, CF/67: “São privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, Ministro de Estado, Ministro do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Federal de Recursos, Senador, Deputado Federal, Governador e Vice-Governador de Estado e de Território de seus substitu-tos”. (Grifo nosso).

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Forçoso lembrar que existe a possibilidade de brasileiros naturalizados inte-grarem o Conselho da República: se não podem ocupar os assentos que o art. 89, VII reserva aos seis cidadãos brasileiros natos, nada impede que ingressem no órgão enquanto líderes da maioria ou da minoria da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, ou então como Ministro da Justiça.

Por fim, a composição do Conselho da República pode se efetivar segundo a estrutura abaixo:

(3ª) Com relação à extradição, o tratamento diferenciado entre o brasileiro nato e o naturalizado está expresso no art. 5º, LI, CF/88, que determina que o bra-sileiro nato não pode ser extraditado, em hipótese alguma43. Nem mesmo se for um brasileiro nato possuidor de dupla nacionalidade (isto é, simultaneamente brasileiro e nacional de outro país) e o outro país requerer sua extradição.

43. HC 83.113/QO-DF, STF, Rel. Min. Celso de Mello, noticiado no Informativo 314, STF: “O brasileiro nato, quaisquer que sejam as circunstâncias e a natureza do delito, não pode ser extraditado, pelo Brasil, a pedido de Governo estrangeiro, pois a Constituição da República, em cláusula que não comporta exceção, impede, em caráter absoluto, a efetivação da entrega extradicional daquele que é titular, seja pelo critério do “jus soli”, seja pelo critério do “jus sanguinis”, de nacionalidade brasileira primária ou originária”.

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Imaginemos, para exemplificar, um brasileiro nato dotado de dupla nacionali-dade – também é italiano – que comete um crime na Itália e consegue se deslocar para o Brasil. Ainda que o Governo italiano requeira sua extradição, a República Federativa do Brasil não a concederá, pois apesar de ser nacional do Estado reque-rente, é brasileiro nato.

Por outro lado, a Constituição permitiu a extradição do brasileiro naturali-zado em duas situações:

(i) prática de um crime comum antes da naturalização. Neste caso, para evitar que o indivíduo adquira a nacionalidade apenas como forma de não ser extraditado, impede-se a incidência da proteção contra o processo extradicional se o sujeito tiver praticado o crime comum antes da naturalização, isto é, antes de lhe ser entregue o certificado de naturalização. Ressalte-se que se o crime não for comum, mas sim político ou de opinião, não poderá haver a extradição do brasileiro naturalizado44;

(ii) na hipótese de envolvimento comprovado com o tráfico ilícito de entor-pecentes ou drogas afins. Neste caso, a Constituição permite a extradição indepen-dentemente de o crime ter sido praticado antes ou depois da naturalização, já que este é um crime que a República Federativa do Brasil se comprometeu, na ordem interna e internacional, a combater.

De se notar, todavia, que parcela da doutrina45 aponta que o trecho final do dispositivo (art. 5°, LI, CF/88) encerra norma de eficácia limitada, dependente de regulamentação normativa posterior a fim de produzir com plenitude seus efeitos ju-rídicos. Isso significa que a viabilidade da extradição neste caso está na dependência da edição de lei ordinária que prescreva procedimento de cognição do pressuposto de mérito autorizador da extradição: o confirmado enlace com a atividade delituosa.

Por fim, sobre esta distinção referente à extradição, alguns pontos devem ser devidamente observados:

(A) extradição é ato através do qual um determinado Estado entrega um in-divíduo, que está sendo acusado de um crime ou já foi condenado pela atividade delituosa, à justiça de outro Estado, que postula o direito de julgá-lo ou puni-lo. A efetivação da extradição está na dependência de alguns requisitos46, quais sejam:

44. Tampouco estrangeiros serão extraditados pela prática de crimes políticos ou de opinião, conforme dic-ção do artigo 5º, LII, CF/88, in verbis, “Não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião”.

45. CUNHA JÚNIOR, Dirley. Curso de Direito Constitucional. Salvador: JusPodivm, 2012, p. 804. 46. Os requisitos estão previstos na Lei nº 6815/1980 (Estatuto do Estrangeiro), bem como no Regimento

Interno do STF (artigos 207 a 214).

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– fundamentação do pedido extradicional (apresentado pelo Estado reque-rente) na existência de tratado bilateral ou, ante a inexistência deste, na fixação de promessa de reciprocidade entre os Estados47;

– competência exclusiva do Estado requerente para o processamento e julga-mento do fato delituoso, e a consequente incompetência da justiça brasi-leira para julgar o fato48;

– comprovação de existência de mandado de prisão ou decisão penal conde-natória, emitidos por juízo competente do Estado requerente;

– dupla tipicidade, o que significa a possibilidade hipotética de o processo penal ser instaurado em qualquer dos dois países (Estado estrangeiro e República Federativa do Brasil), em razão de os fatos atribuídos ao ex-traditando revestirem-se de tipicidade penal e serem igualmente puníveis em ambos. Interessante destacar que se à época dos fatos a conduta, hoje considerada criminosa, fosse tipificada como contravenção penal, o pedido atual extradicional não pode ser deferido, haja vista os axiomas brasileiros de que (i) não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena se não há prévia cominação legal (art. 5°, XXXIX, CF/88); e de que (ii) a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu (art. 5°, XL, CF/88);

– inocorrência de prescrição (da pretensão punitiva e da pretensão executó-ria), segundo a nossa legislação e a do país estrangeiro49;

– não cominação ao crime, na legislação brasileira, de pena igual ou inferior a um ano;

– não submissão do estrangeiro a julgamento (no Estado requerente) engen-drado por um juízo ou um Tribunal de exceção;

47. Ext. 1.120, STF, Rel. Min. Menezes Direito: “2. A falta de tratado bilateral de extradição entre o Brasil e o país requerente não impede a formulação e o eventual atendimento do pedido extradicional desde que o Estado requerente, como na espécie, prometa reciprocidade de tratamento ao Brasil, mediante expediente (Nota Verbal) formalmente transmitido por via diplomática”.

48. Alexandre de Moraes colaciona um excelente exemplo, a Extradição 695 (na obra: MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 263) em que o requisito da competência exclusiva do Estado requerente foi excepcionalmente afastado. No caso, nada obstante a coexistência de jurisdição com o Estado brasileiro, o pedido extradicional foi julgado procedente haja vista a não instauração de inquérito policial ou instrução processual penal no Brasil em função do mesmo fato delituoso em que se fundou o pedido extradicional. Ver Ext. 695: “Prevalece a juris-dição penal do Estado requerente, se – não obstante o concurso de jurisdição com o Estado brasileiro – o extraditando não responde, no Brasil, a inquérito policial ou a processo penal que aqui poderiam ter sido instaurados em função do mesmo fato delituoso em que se fundou o pedido extradicional”.

49. Segundo o STF é desnecessária a juntada de cópia aos autos de legislação estrangeira sobre prescrição quando o fato é recente (STF, Ext. 639-8).

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– inexistência de caráter político (ou de crime de opinião) ao delito atribuído ao extraditando; e, por fim,

– fixação de um acordo no qual o Estado requerente se obriga, formalmente, a:

(i) converter a eventual pena de morte aplicável ao fato por pena de privação de liberdade (excetuando-se, claro, os casos em que referida sanção é admitida pela legislação pátria – art. 5°, XLVII, "a", CF/88);

(ii) comutar a pena de prisão perpétua por pena privativa de liberdade com prazo máximo de trinta anos;

(iii) reconhecer a detração penal, isto é, computar o tempo de prisão já cum-prido pelo extraditando na República Federativa do Brasil durante o período do processamento da extradição;

(iv) não entregar o extraditando a outro Estado estrangeiro que o requeira para processamento ou julgamento, salvo se a reextradição for previamente consentida pelo Brasil.

(B) Em conformidade com a súmula 421 do STF50, a circunstância de o extra-ditando possuir filhos brasileiros ou ter contraído matrimônio com uma nacional não possui relevância para o processo extradicional, afinal, não obsta nem o conhe-cimento, tampouco o deferimento do pedido51;

(C) existem duas espécies de extradição, a passiva e a ativa. A primeira é aquela na qual um Estado estrangeiro soberano requer a extradição ao Brasil, enquanto a segunda é aquela na qual o Brasil requisita, a outro Estado, a extradição. Vale desta-car que, embora o artigo 5º, LI, CF/88, não tenha feito qualquer distinção acerca da espécie de extradição, a que se veda ao brasileiro nato é a passiva. Afinal, a República Federativa do Brasil poderá solicitar a outro Estado a extradição (ativa) do brasileiro nato que lá se encontre para aqui julgá-lo ou puni-lo pela prática de um crime pra-ticado em nosso território;

(D) se o processo extradicional culminar em negativa da extradição, esta não poderá ser novamente requerida tendo por fundamento o ato já avaliado52;

(E) a extradição é ato distinto da denominada "entrega" (surrender, em inglês e remise, em francês), constante do Estatuto de Roma (celebrado em 17 de julho de 1998, instituiu o Tribunal Penal Internacional e foi incorporado formalmente ao ordenamento

50. Súmula 421, STF: “Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditado casado com brasileira ou ter filho brasileiro”.

51. Conforme entendimento do STF Ext. 967-2, STF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; Ext. 560-0, STF, Rel. Min. Moreira Alves.

52. Art. 88, Lei nº 6.815/1980: “O visto de trânsito poderá ser concedido ao estrangeiro que, para atingir o país de destino, tenha de entrar em território nacional”.

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DIREITO DE NACIONALIDADE

pátrio, com a sua promulgação pelo Decreto n° 4.388/2002). Conforme o Estatuto os dois institutos se diferenciam na medida em que o segundo refere-se à entrega de uma pessoa por um Estado ao Tribunal Penal Internacional, nos termos do Estatuto, en-quanto o primeiro (a extradição), consiste na entrega de uma pessoa por um Estado a outro Estado, conforme previsão de tratado, convenção ou direito interno;

Por fim, as espécies de extradição, devidamente analisadas nos itens anteriores, podem ser esquematizadas da seguinte maneira:

(F) Existem dois outros modos de devolução de estrangeiros ao exterior, além da extradição: a deportação e a expulsão:

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(F.1) a deportação decorre da entrada (ou mesmo permanência) irregular do estrangeiro em território nacional, e consiste na determinação de sua saída com-pulsória ao país de sua nacionalidade (ou a outro país que se disponha a recebê-lo), caso não se retire voluntariamente do território nacional em prazo previamente es-tipulado. Vê-se que o fundamento é o ingresso ou a estada em desarmonia com os requisitos estabelecidos na legislação pátria, sem qualquer relação com a prática de crime no território nacional ou estrangeiro. É, pois, uma medida administrativa, que possibilita ao estrangeiro (após satisfeitos os requisitos legais) retornar ao país. Vale salientar que a deportação jamais atingirá um nacional, já que enviar compulsoria-mente um brasileiro ao exterior configura banimento, pena constitucionalmente vedada (art. 5º, XLVII, "d", CF/88.

(F.2) A expulsão é medida compulsória que ocasiona a retirada forçada do es-trangeiro do território nacional, e será utilizada nos casos em que ele atuar de forma nociva ao interesse nacional – como, por exemplo, quando seus atos atentarem con-tra a segurança nacional, a ordem pública ou social, a tranqüilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou se sua permanência tornar-se nociva à conveniên-cia e interesses nacionais. Sobre a expulsão, vale informar que:

– assim como a deportação, jamais atingirá um nacional, já que enviar com-pulsoriamente um brasileiro ao exterior configura banimento, pena cons-titucionalmente vedada (art. 5º, XLVII, "d", CF/88);

– sua ocorrência independe de solicitação de qualquer Estado estrangeiro: é ato discricionário do Poder Executivo, pois é o Presidente da República que avalia a conveniência e a oportunidade da expulsão e de sua eventual revogação53;

– referida discricionariedade presidencial não é absoluta; está, em verdade, amainada pela circunstância de ele não poder atuar à margem da Consti-tuição e da legislação pátria;

– eventuais desrespeitos aos preceitos constitucionais e legais (e jamais a con-veniência e a oportunidade da medida), poderão ser judicialmente contro-lados pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio da interposição de habeas corpus;

– o julgamento do HC será de competência do Superior Tribunal de Jus-tiça (e não do STF) quando o Presidente da República houver delegado

53. Nos termos do art. 66, Lei nº 6.815/1980: “Caberá exclusivamente ao Presidente da República resolver sobre a conveniência e a oportunidade da expulsão ou de sua revogação”.

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DIREITO DE NACIONALIDADE

a atribuição da decisão acerca da expulsão ao Ministro da Justiça, o que atualmente se verifica por força do Decreto n° 3.447, de 5 de maio 2000 54;

– do ato (decreto) presidencial que determina a expulsão cabe – além do já citado chamamento do poder judiciário para averiguação da retidão proce-dimental e adequação constitucional/legal – pedido de reconsideração no prazo de dez dias a contar da publicação do decreto de expulsão no Diário Oficial da União55;

– o estrangeiro expulso não pode retornar à República Federativa do Brasil depois da expulsão, sob pena de configurar-se a hipótese do crime descrito no art. 338, CP – circunstância da qual ele toma ciência assim que assina o termo de expulsão –, o que torna impraticável a concessão de visto a ele (salvo se houver revogação da expulsão56);

– por fim, ressalte-se, a impossibilidade de a expulsão ser decretada quando:(i) o estrangeiro tiver cônjuge, do qual não esteja divorciado ou separado, de

fato ou de direito, e desde que o casamento, possuidor de eficácia civil57, tenha sido celebrado há mais de cinco anos58 (destaca-se que o casamento realizado após a ocor-rência do fato que motiva a expulsão não é fator impeditivo; do mesmo modo que o divórcio ou a separação, de fato ou de direito, autorizam a expulsão antes inviável em virtude do laço matrimonial);

(ii) o estrangeiro tiver filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente59 – destacando-se que, neste caso, a prote-ção é dada à família do estrangeiro e não a ele, de forma que:

54. O artigo 1º, do Decreto nº 3.447/2000 assim dispõe: “Fica delegada competência ao Ministro de Estado da Justiça, vedada a subdelegação, para decidir sobre a expulsão de estrangeiro do País e a sua revoga-ção, nos termos do art. 66 da Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, republicada por determinação do art. 11 da Lei nº 6.964, de 9 de dezembro de 1981”.

55. Conforme art. 72, da Lei n° 6.815/1980: “Salvo as hipóteses previstas no artigo anterior, caberá pedido de reconsideração no prazo de 10 (dez) dias, a contar da publicação do decreto de expulsão, no Diário Oficial da União.”

56. Art. 7°, III, da Lei n° 6.815/1980: “Não se concederá visto ao estrangeiro: anteriormente expulso do País, salvo se a expulsão tiver sido revogada.”

57. Conforme art. 71, da Lei nº 6.815/1980: “Nos casos de infração contra a segurança nacional, a ordem política ou social e a economia popular, assim como nos casos de comércio, posse ou facilitação de uso indevido de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, ou de des-respeito à proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro, o inquérito será sumário e não excederá o prazo de quinze dias, dentro do qual fica assegurado ao expulsando o direito de defesa.”

58. Art. 75, II, "a", da Lei nº 6.815/1980: “Não se procederá à expulsão: quando o estrangeiro tiver cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos.”

59. Art. 75, II, "b", da Lei n° 6.815/1980: “Não se procederá à expulsão: quando o estrangeiro tiver filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente”.

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– a comprovação de que a prole dele dependa, e que ele efetivamente oferta a necessária assistência, é indispensável para sua manutenção do território nacional;

– o abandono aos filhos permite a expulsão60;– a adoção ou o reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato

que motiva a expulsão não são suficientes para impedi-la61.(iii) a expulsão implicar extradição inadmitida pela lei brasileira62.

(4ª) Em conformidade com o que determina o art. 222 da CF/88, com redação dada pela EC n° 36/2002, a propriedade de empresa jornalística e de radiodifu-são sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.

Abaixo uma tabela comparativa, que sintetiza as diferenças supramencionadas:

DIFERENÇAS ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS

CARGOS (art. 12, § 3º, CF/88)

São privativos de brasileiro nato os cargos:1) de Presidente e Vice-Presidente da República;2) de Presidente da Câmara dos Deputados;3) de Presidente do Senado Federal;4) de Ministro do Supremo Tribunal Federal;5) da carreira diplomática;6) de oficial das Forças Armadas.7) de Ministro de Estado da Defesa.

FUNÇÃO (art. 89, VII, CF/88) São brasileiros natos os seis cidadãos que participam do Conselho da República.

EXTRADIÇÃO (art. 5º, LI, CF/88)

Somente brasileiro naturalizado poderá ser extraditado em caso de:a) crime comum, praticado antes da naturalização;b) comprovado envolvimento, a qualquer tempo, em tráfico ilícito de entorpecen-tes e drogas afins.

PROPRIEDADE (art. 222, CF/88)

A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e ima-gens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos.

60. Art. 75, § 2º, da Lei nº 6.815/1980: “Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou de direito, a expulsão poderá efetivar-se a qualquer tempo”.

61. Art. 75, § 1°, da Lei nº 6.815/1980: “Não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o reconheci-mento de filho brasileiro supervenientes ao fato que o motivar.”

62. Art. 75, I, da Lei n° 6.815/1980: “Não se procederá à expulsão se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira”.

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DIREITO DE NACIONALIDADE

4. pErda do dIrEIto dE naCIonalIdadE:A perda da nacionalidade brasileira só poderá ocorrer nas hipóteses exaustiva-

mente previstas na Constituição da República, no art. 12, § 4º – dispositivo este que não se sujeita à ampliação perpetrada pelo legislador ordinário, mas, tão somente, por meio de Emenda Constitucional.

São duas as hipóteses de perda da nacionalidade, sendo que aquela presente art. 12, § 4º, inciso I, CF/88 apenas tem por destinatários os brasileiros naturalizados, não alcançando os natos, enquanto a hipótese constante do inciso II (do mesmo artigo), se aplica tanto aos brasileiros naturalizados, quanto aos natos.

Na situação delineada pelo inciso I, será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.

A efetivação da perda neste primeiro caso, também conhecida como perda-pu-nição63, está na dependência da realização de dois requisitos:

(1) prática de atividade nociva ao interesse nacional, isto é, atividade que viole a ordem pública ou a segurança social, e

(2) como decorrência desse ato, a decretação judicial, por sentença transitada em julgado, do cancelamento da naturalização.

Relativamente a este primeiro inciso, quatro pontos merecem realce:(i) a Lei federal nº 818/1949 prevê o trâmite processual a ser observado no

Poder Judiciário para a ação de cancelamento de naturalização. De início, cumpre salientar que a ação será proposta pelo Ministério Público Federal. Como estamos frente à ausência de tipificação penal específica (não há em lei definição categórica acerca do que seja "atividade nociva ao interesse nacional"), caberá ao Parquet análi-se interpretativa da conduta para fins de enquadramento na expressão juridicamente indeterminada e oferecimento da denúncia64. Pela mesma razão deverá o juiz federal designado para o caso receber ou não a denúncia a partir de sua particular análise interpretativa. Se recebida a denúncia, tem-se instaurada a ação penal; procedente o pedido, tem-se a decisão de cancelamento da naturalização (que opera efeitos tão logo a sentença transita em julgado);

(ii) os efeitos da sentença judicial transitada em julgado, que declara procedente o pedido feito na ação de cancelamento, não são retroativos (são ex nunc), afinal o cancelamento surtirá efeitos somente a partir da data em que a sentença que o de-terminou transitar em julgado;

63. Conforme MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 490.

64. Conforme MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 490.

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(iii) a perda da nacionalidade por parte do antigo brasileiro naturalizado não atinge seu cônjuge ou seus filhos, afinal é personalíssima65;

(iv) uma vez perdida a nacionalidade, em virtude do cancelamento da natura-lização por sentença judicial com trânsito em julgado, inexiste a possibilidade de o indivíduo, agora estrangeiro ou apátrida, recuperá-la por intermédio de novo pro-cesso de naturalização. Afinal, referida possibilidade importaria violação oblíqua da coisa julgada conquistada na sentença. A única possibilidade do retorno à condição de brasileiro é a utilização do caminho judicial da ação rescisória, se a sentença que decretou a perda não tiver transitado em julgado há mais de dois anos (já que o prazo para interposição de ação rescisória, conforme art. 495 do CPC, é de até dois anos após o trânsito em julgado da decisão).

Quanto à segunda hipótese de perda da nacionalidade (consagrada no art. 12, § 4º, II CF/88), também intitulada perda-mudança66, pode-se dizer que é aplicável indistintamente a brasileiros natos e naturalizados.

Consoante dispositivo constitucional, ocorrerá a perda da nacionalidade brasi-leira quando o indivíduo, voluntariamente, adquirir outra nacionalidade. Nesse caso – e diferentemente do procedimento do inciso anterior, que exige processo judicial –, a perda se concretizará por mero procedimento administrativo, com trâmite pro-cessual no Ministério da Justiça (no qual se assegura ampla defesa) e somente poderá ser confirmada através de Decreto do Presidente, dotado de efeitos ex nunc.

Importante evidenciar que em razão de a nacionalidade, neste caso, ter sido suprimida pela aquisição de outra, a própria Lei nº 818/1949 estabelece a possibi-lidade de o indivíduo recuperá-la. Os efeitos dessa reaquisição, que nada mais é do que uma forma especial de reaquisição, não retroagem, pois, conforme Pontes de Miranda, a “reaquisição é aquisição ex-novo”67, isto é, deve-se reconhecer o lapso temporal de não nacionalidade (período entre a perda e o decreto presidencial que marca o início da reaquisição).

Paira dúvida doutrinária, todavia, acerca da espécie de nacionalidade que o indivíduo possuirá após a reaquisição:

(1) de um lado, doutrina minoritária68 entende que se o sujeito era brasileiro nato, ao readquirir a nacionalidade recomporia a condição original. O decreto presidencial restabeleceria, pois, a nacionalidade primária;

65. Conforme HOLTHE, Leo Van. Direito Constitucional. 4ª ed. Salvador: JusPodivm, 2008, p. 479. 66. Conforme MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional. 8ª

ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 491. 67. Conforme MIRANDA, Pontes de. Nacionalidade de origem e naturalização. A. Coelho Branco – RJ, 1936, p. 147. 68. Conforme anota José Afonso da Silva, “Cumpre notar que a reaquisição da nacionalidade opera a partir

do decreto que a conceder, não tendo efeito retroativo, mas o readquirente recupera a condição que per-dera: se era brasileiro nato, voltará a ser brasileiro nato; se naturalizado, retomará essa qualidade” (SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 33ª ed. atual. São Paulo. Malheiros, 2010, p. 334).

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DIREITO DE NACIONALIDADE

(2) majoritariamente, entretanto, conclui-se de modo diverso, no sentido de que a reaquisição da nacionalidade depende da submissão ao procedimento de na-turalização, de modo que o indivíduo (que um dia foi brasileiro nato) readquire o vínculo jurídico-político com o Estado brasileiro, mas agora na condição de natu-ralizado69.

Finalmente, de se destacar que existem exceções à ideia central de que a aquisi-ção de nova nacionalidade culmina na perda da nacionalidade brasileira, consagran-do-se, assim, a possibilidade da dupla nacionalidade (introduzida pela Emenda Constitucional de Revisão n° 3/1994).

Em consonância com o art. 12, § 4º, II, "a", CF/88, um brasileiro pode adqui-rir outra nacionalidade sem perder a brasileira, bastando, para tanto, que referida aquisição importe em recebimento de nacionalidade primária. Justifica-se tal auto-rização em virtude de a aquisição da nacionalidade originária ser resultado de fato natural (o nascimento) e, por isso, não guardar qualquer dependência com eventual manifestação de vontade.

Destarte, já que a concessão da nacionalidade originária está determinada em normas jurídicas de outro Estado – ou seja, é o outro Estado que a concede ao indi-víduo, segundo seus próprios critérios, soberanamente estabelecidos – não há que se falar em perda da nacionalidade brasileira.

Como exemplo podemos citar a Itália, que concede (na lei n° 91, de 5 de fevereiro de 199270) aos descendentes de seus nacionais, a nacionalidade italiana. Imaginemos então que um casal de italianos, de férias no Brasil, tenha aqui o seu bebê. Nesse caso, a criança (que é brasileira pelo art. 12, I, "a", CF/88) poderá requerer a nacionalidade italiana, por ser filha de italianos (vínculo sanguíneo), através de simples procedimento administrativo, sem que isso ocasione a perda da nacionalidade brasileira, vez que a hipótese é de simples reconhecimento de nacionalidade originária.

Na hipótese prevista no art. 12, II, "b", CF/88, a naturalização igualmente não é voluntária, pois fruto de imposição do Estado estrangeiro no qual o brasileiro reside como condição para que ele possa permanecer no território ou para exercer direitos civis. Deste modo, caso haja naturalização nesses termos, não haverá a perda da nacionalidade brasileira.

69. Conforme CARVALHO, Dardeau de. Nacionalidade e Cidadania. Livraria Freitas Bastos S.A. 1956, p. 288 e 289. 70. Em conformidade com o item 1.1 da Lei n° 91, de 5 de fevereiro de 1992, que, em tradução livre, deter-

mina: “É cidadão italiano por nascimento: o filho de pai que seja considerado cidadão italiano à época de seu nascimento; o filho de mãe que seja considerada cidadã italiana à época de seu nascimento e, desde que, nascidos após 1 de janeiro de 1948; quem nasceu em território italiano, desde que ambos os genitores sejam apátridas ou desconhecidos; quem nasceu em território italiano e seja filho de ge-nitores cujo nacionalidade não lhe possa ser transmitida; o filho adotivo de um cidadão italiano (desde que adotado antes de atingir a maioridade).

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Nathalia MassoN

A título de exemplificação71, mencione-se a hipótese da brasileira que residia e trabalhava nos Estados Unidos desde 1975 e que, tendo casado com um norte americano e concluído o mestrado jurídico naquele país, necessitou adquirir a na-cionalidade americana para seguir a carreira de promotora assistente da Promotoria de Justiça Federal dos Estados Unidos. Na hipótese entendeu-se pela manutenção da nacionalidade brasileira, haja vista a brasileira ter sido praticamente obrigada a ad-quirir a nacionalidade estrangeira, pois jamais teve a intenção ou vontade de abdicar da sua nacionalidade originária.

5. Quadro sInótICoCapítUlO 6 – DIREItO DE NaCIONalIDaDE

CONTEÚDO ITEM

Introdução

Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga o indivíduo a um deter-minado Estado, tornando-o um componente do povo.

É correto afirmar que toda pessoa possui o direito a uma nacionalidade, ninguém dela poderá ser privado arbitrariamente, tampouco se pode negar ao indivíduo o direito de alterá-la.

1.1

Conceitos relacionados à

matéria

O termo "nação" designa um agrupamento humano homogêneo cujos membros são possuidores das mesmas tradições, costumes e ideais coletivos, partilhando também, laços invisíveis, como a consciência coletiva e o senti-mento de comunidade.

O vocábulo "nacionalidade" é semanticamente próximo ao termo "povo", já que este último representa o conjunto de nacionais que compõem o elemento humano de um Estado.

O termo "população" representa a totalidade de indivíduos que habitam de-terminado território, ainda que ali se achem temporariamente, independen-temente da nacionalidade. É um conceito numérico, demograficamente mais amplo que o de povo.

A condição de apátrida deriva de um conflito negativo de nacionalidade, no qual não há nenhum Estado interessado em proclamar o indivíduo como seu nacional.

"Polipátridas" são aqueles que, quando do nascimento, se enquadram nos critérios concessivos de nacionalidade originária de mais de um Estado, oca-sionando um conflito positivo que normalmente resulta em dupla (ou mesmo múltipla) nacionalidade.

"Estrangeiro" é o indivíduo que possui vínculo jurídico-político com Estado Nacional diverso da República Federativa do Brasil.

Finalmente, "cidadão" é o nacional (nato ou naturalizado) no gozo dos direi-tos políticos e participante da vida do Estado.

1.1.1

71. MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional. 8ª ed. São Pau-lo: Atlas, 2011, p. 492.

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DIREITO DE NACIONALIDADE

Espécies de nacio-nalidade

Duas espécies de nacionalidade são identificadas: a primária e a secundária.A originária é aquela resultante de um fato natural, qual seja, o nascimento,

podendo ser estabelecida por meio de critérios sanguíneos, territoriais ou mis-tos (conjugação dos dois anteriores).

A nacionalidade secundária é aquela resultante de um ato voluntário, mani-festado após o nascimento.

1.2

Nacionalidade primária

Critérios de atribuição

Os países empregam livremente os requisitos do jus soli e do jus sanguinis enquanto exigências para a aquisição da nacionalidade.

A escolha do critério sanguíneo interessa, sobretudo, aos Estados em que há grande emigração, enquanto o cri-tério territorial se amolda mais adequadamente aos países de imigração.

1.2.1

Hipóteses de aquisição da

nacionalidade primária na Constituição

da república de 1988

O texto constitucional prevê taxativamente as hipóteses de aquisição da nacionalidade originária.

A primeira, constante do art. 12, I, a, é decorrente da aplicação do critério territorial: será considerado brasileiro nato o indivíduo nascido em território nacional, indepen-dentemente da nacionalidade de seus ascendentes.

Há, no entanto, uma ressalva: não será contemplado com a nacionalidade originária aquele que, muito embora tenha nascido em nosso território, é filho de (ambos) pais estrangeiros e qualquer deles (ou ambos) estava a serviço do país de origem.

Nas hipóteses subsequentes, alíneas b e c, do art. 12, I, adota-se o critério sanguíneo, em nítida mitigação da ex-clusividade do critério territorial. Ressalte-se que, ao con-trário do critério territorial, o critério sanguíneo nunca será, sozinho, suficiente para determinar a aquisição da naciona-lidade; deve ser, sempre, conjugado com algum outro.

Nesse sentido, são três as possibilidades de aquisição da nacionalidade primária pela associação do critério sanguí-neo a algum outro requisito:

(1) criança nascida no estrangeiro, filha de pai ou/e mãe brasileiros, sendo que qualquer deles (ou ambos, evidente-mente) está no exterior a serviço da República Federativa do Brasil. Ressalte-se que estar a serviço do país significa desempenhar uma função ou prestar um serviço público de natureza diplomática, administrativa ou consular, a quais-quer dos órgãos da administração centralizada ou descen-tralizada da União, dos Estados-membros, dos Municípios ou do Distrito Federal;

(2) Apesar de nascer no estrangeiro, a criança é filha de pai ou mãe, ou ambos, brasileiros, e é registrada em repar-tição brasileira competente;

(3) A criança, filha de pai ou mãe (ou ambos brasileiros), nasce no estrangeiro, mas depois vem a residir na Repúbli-ca Federativa do Brasil e opta, após atingir a maioridade, pela nacionalidade brasileira. A efetivação do critério re-sidencial pode acontecer a qualquer tempo. Já a realização da opção confirmativa, por ser ato personalíssimo, só pode ser feita após a maioridade e, segundo entendimento do STF, muito embora potestativa, não é de forma livre: há de ser feita em juízo, em processo de jurisdição voluntária, que tramita perante a Justiça Federal.

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Nathalia MassoN

Nacionalidade secundária (ou

adquirida):

A nacionalidade secundária é aquela adquirida pela ocorrência de um ato voluntário (naturalização).

A naturalização se divide em duas espécies: (1) a naturalização tácita e (2) a expressa.

(1) A tácita é usualmente adotada em países que possuem um número de nacionais menor que o desejado, tendo por intuito promover a povoação do Estado. A Constituição da República de 1988 não prevê a naturalização tácita, somente a expressa.

(2) A naturalização expressa pode se efetivar por duas vias, a ordinária e a extraordinária.

1.2.2

Naturalização expressa

Naturalização ordinária

Pela via ordinária poderão se naturalizar brasileiros:(1) os estrangeiros que cumprirem os requisitos previstos

no Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/1980);(2) os indivíduos originários de países de língua portu-

guesa desde que, possuidores de capacidade civil, tenham residência ininterrupta por um ano e idoneidade moral;

(3) O Estatuto do Estrangeiro traz duas outras hipóteses de aquisição da nacionalidade brasileira pela via ordinária: a radicação precoce e a conclusão de curso superior.

Por fim, não se pode falar em direito público subjetivo à obtenção da naturalização ordinária.

(A)

Naturalização extraordinária

Pela via extraordinária o indivíduo poderá se naturalizar se respeitar os seguintes requisitos: (1) possuir residência ininterrupta no território nacional por mais de quinze anos; (2) não tiver sido condenado penalmente e (3) apresentar o requerimento de naturalização.

(B)

Quase nacionalidade (ou brasileiros

por equiparação)

Conforme preceitua o texto constitucional, se houver reciprocidade em favor de brasileiros residentes em Portugal, os portugueses que aqui residam terão tratamento jurídico similar ao dispensado ao brasileiro naturalizado, sem preci-sarem, para isso, de se submeterem a qualquer procedimento de naturalização.

Como a reciprocidade existe, os portugueses residentes na República Fede-rativa do Brasil em caráter permanente poderão comparecer ao Ministério da Justiça, munidos de documento que comprove a nacionalidade portuguesa, a capacidade civil e a admissão na República Federativa do Brasil em caráter permanente, para requerer a quase nacionalidade.

1.2.3

Diferença de tratamento entre brasileiros natos e naturalizados

O texto constitucional veda que a lei estabeleça distinções entre brasileiros natos e naturalizados. Entretanto, a própria Constituição reconheceu hipóte-ses taxativas nas quais poderá haver tratamento diferenciado entre brasileiros. Estas se referem: (1) aos cargos, (2) à função, (3) à extradição e (4) à proprieda-de de empresa jornalística e de radiodifusão sonora de sons e imagens.

Sobre referidas hipóteses, diga-se que:(1) alguns cargos estratégicos são privativos de brasileiros natos, ou porque

compõem a linha sucessória (e de substituição) presidencial ou por razões de segurança nacional. São os seguintes cargos: Presidente da República, Vice Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Ministro do Supremo Tribunal Federal, carreira diplomática, oficial das Forças Armadas e Ministro de Estado da Defesa;

(2) a Constituição reserva seis assentos no Conselho da República para bra-sileiros natos;

(3) o brasileiro nato não pode ser extraditado, em hipótese alguma. Já o bra-sileiro naturalizado pode ser extraditado em duas situações: (i) prática de um crime comum antes da naturalização. (ii) na hipótese de envolvimento com-provado com o tráfico ilícito de entorpecentes ou drogas afins.

1.3

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275

DIREITO DE NACIONALIDADE

Perda do direito de nacionalidade

A perda da nacionalidade brasileira só poderá ocorrer nas duas hipóteses exaustivamente previstas na Constituição da República:

(1) na primeira situação, também conhecida como perda-punição, será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver cancelada sua na-turalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;

(2) quanto à segunda hipótese de perda da nacionalidade, também intitula-da perda-mudança, pode-se dizer que brasileira ocorrerá quando o indivíduo, voluntariamente, adquirir outra nacionalidade.

No entanto, existem exceções à idéia central de que a aquisição de nova nacionalidade culmina na perda da nacionalidade brasileira, pois um brasileiro pode adquirir outra nacionalidade sem perdê-la, bastando, para tanto, que referida aquisição importe:

(i) em recebimento de nacionalidade primária, ou(ii) fruto de imposição do Estado estrangeiro no qual o brasileiro reside

como condição para que ele possa permanecer no território ou para exercer direitos civis.

1.4

6. QuEstÕEs1. (FCC/Promotor de Justiça/MPE/AP/2012) No caso de Estado estrangeiro requerer à Repúbli-

ca Federativa do Brasil a extradição de brasileiro nato que se encontre no território nacional, o pedido em questão não poderá ser atendido, uma vez que a Constituição da República não admite a extradição de brasileiro nato, quaisquer que sejam as circunstâncias ou a natureza do delito.

2. (FCC/Analista Judiciário/TRE/SP/2012) João, filho de pai brasileiro e mãe espanhola, nascido na França, por ocasião de serviços diplomáticos prestados naquele Estado por seu pai à Re-pública Federativa do Brasil, reside há dez anos ininterruptos no país e pretende candidatar-se a Presidente da República. Nesse caso, considerada exclusivamente a exigência relativa à nacionalidade, João

(A) não poderá candidatar-se, por se tratar de cargo reservado a brasileiros natos e João ser es-trangeiro, à luz da Constituição da República.

(B) poderá candidatar-se, por ser considerado brasileiro nato, atendendo a essa condição de ele-gibilidade, nos termos da Constituição da República.

(C) poderá candidatar-se, desde que possua idoneidade moral e adquira a nacionalidade brasilei-ra, na forma da lei, por já residir há mais de um ano ininterrupto no país.

(D) poderá candidatar-se, desde que resida por mais cinco anos ininterruptos no país, não sofra condenação criminal e requeira a nacionalidade brasileira.

3. (FCC/Técnico Judiciário/TRF – 2ª REGIÃO/2012) Karen, brasileira nata, trabalha como mo-delo e reside na cidade de Milão, na Itália. Lá conhece o italiano Stefano, com quem tem um filho, Luigi, nascido na cidade de Milão, no mês de dezembro de 2011. Nos termos preconiza-dos pela Constituição Federal de 1988, Luigi será considerado brasileiro nato desde que

(A) venha a residir na República Federativa do Brasil e opte pela nacionalidade brasileira antes de completar 21 anos de idade.

(B) seja registrado em repartição brasileira competente ou venha a residir na República Federati-va do Brasil e opte, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

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(C) seja registrado em repartição brasileira competente, ou venha a residir na República Federati-va do Brasil, antes da maioridade e, alcançada esta, opte, em doze meses, pela nacionalidade brasileira.

(D) seja registrado em repartição brasileira competente e venha a residir na República Federativa do Brasil a qualquer momento, independentemente da opção pela nacionalidade.

4. (FCC/Procurador/PGM/Teresina/2010) Sobre o reconhecimento da nacionalidade brasileira, é correto afirmar:

(A) Não pode haver distinção entre brasileiros natos e naturalizados, inclusive para efeitos das condições de elegibilidade, com base no princípio da igualdade.

(B) O brasileiro naturalizado pode ser extraditado somente em caso de comprovado envolvimen-to em tráfico de entorpecentes e drogas afins.

(C) O cancelamento da naturalização em virtude de atividade nociva ao interesse nacional por sentença judicial leva à declaração da perda da nacionalidade brasileira.

(D) Brasileiros natos ou pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País são os únicos com direito a concessão de propriedade de empresa jornalística, de radiodifusão sonora, de sons e de imagens.

(E) A aquisição da nacionalidade ocorre pelo critério “ius solis”, de modo que qualquer pessoa nascida no território brasileiro, mesmo que filho de estrangeiros, terá a nacionalidade primá-ria imposta, independentemente de sua vontade.

5. (Cespe/Juiz/TRF3/2011 – Adaptada) Acerca da nacionalidade, da iniciativa popular de lei, do plebiscito e da disciplina constitucional sobre os partidos políticos, analise a assertiva a seguir.

– A perda de nacionalidade, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional, é procedi-mento administrativo cujo trâmite ocorre no Ministério da Justiça.

6. (INSTITUTO CIDADES/Defensor Público/DPE/AM/2011) Márcio Spaghet, italiano residente no Brasil há mais de 15 (quinze) anos ininterruptos e sem condenação criminal, requereu a nacionalidade brasileira. Nesse caso:

(A) terá seu status de brasileiro naturalizado reconhecido e poderá ser Ministro do Supremo Tri-bunal Federal.

(B) não terá o seu status de brasileiro naturalizado reconhecido em função da inexistência de reciprocidade por parte do Governo italiano

(C) terá seu status de brasileiro naturalizado reconhecido e poderá seguir carreira diplomática e, assim, tornar-se embaixador do Brasil na Itália.

(D) não terá o seu status de brasileiro naturalizado reconhecido, pois, não obstante a existência de tratado de reciprocidade, no caso dos estrangeiros, o prazo de residência mínima é de 20 (vinte) anos ininterruptos.

(E) terá seu status de brasileiro naturalizado reconhecido e poderá ser eleito Senador da República.

7. (MPE/PB/Promotor de Justiça/2010) Pode-se afirmar: Ao nascido no estrangeiro, de pai bra-sileiro ou de mãe brasileira,

I. mesmo não tendo sido registrado em repartição brasileira competente, mas vindo a residir no Brasil, reconhece-se a qualidade de brasileiro nato, entretanto sob condição suspensiva, a dependerem os respectivos efeitos da opção pela nacionalidade brasileira, exercitável, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade.

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277

DIREITO DE NACIONALIDADE

II. tendo sido registrado em repartição brasileira competente, ainda que não venha jamais a residir no Brasil, reconhece-se a qualidade de brasileiro nato, não condicionado à opção pela nacionalidade brasileira.

III. estando qualquer deles a serviço de entidade da Administração Pública brasileira de qualquer ente federado, inclusive da administração indireta, reconhece-se a qualidade de brasileiro nato, não condicionado à opção pela nacionalidade.

Dentre as proposições acima,(A) Apenas I e III são corretas.(B) Apenas II é correta.(C) Apenas III é correta.(D) Apenas I é correta.(E) I, II e III são corretas.

8. (FAURGS/Analista Judiciário/TJ/RS/2012) Sobre nacionalidade, considere as afirmações abaixo.

I. Somente os brasileiros naturalizados perdem a nacionalidade brasileira em virtude de aquisi-ção de outra nacionalidade.

II. Para o cancelamento de naturalização em razão de prática de ato nocivo ao interesse nacio-nal, basta processo administrativo.

III. Oficial das Forças Armadas e Ministro de Estado da Defesa são cargos privativos de brasileiro nato.

Quais estão corretas?(A) Apenas I.(B) Apenas II.(C) Apenas III.(D) Apenas I e III.(E) Apenas II e III.

9. (FAURGS/Analista Judiciário/TJ/RS/2012) São brasileiros natos, segundo a Constituição Fe-deral,

(A) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.

(B) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes estejam a serviço de seu país.

(C) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a naciona-lidade brasileira.

(D) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles não esteja a serviço da República Federativa do Brasil.

(E) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

10. (FGV/Exame de Ordem Unificado/OAB/2012) A Constituição de 1988 proíbe qualquer dis-criminação, por lei, entre brasileiros natos e naturalizados, exceto os casos previstos pelo próprio texto constitucional.

Nesse sentido, é correto afirmar que somente brasileiro nato pode exercer cargo de Diplomata.

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11. (FCC/Técnico Ministerial/MPE/AP/2012) Considere as situações hipotéticas abaixo.I. Mariana é Vice-Presidente da República.II. Camila é Ministra do Supremo Tribunal Federal.III. Gilda é Presidente da Câmara dos Deputados.IV. Fernanda é Ministra do Superior Tribunal de Justiça.V. Carolina é Ministra do Tribunal Superior do Trabalho. De acordo com a Constituição Federal brasileira, são privativos de brasileiro nato os cargos

ocupados APENAS por(A) Mariana e Gilda.(B) Mariana, Camila, Fernanda e Carolina.(C) Camila, Fernanda e Carolina.(D) Mariana, Camila e Gilda.(E) Mariana e Camila.

12. (FCC/Técnico Ministerial/MPE/AP/2012 – Adaptada) Eulina, nascida em 18 de novembro de 2011 no Brasil, é filha de cidadão espanhol e de cidadã croata que estavam passando suas férias em passeio turístico no Piauí. Carmem, nascida em 22 de fevereiro de 2012 na Grécia, é filha de cidadãos brasileiros que estavam a serviço da República Federativa do Brasil no mencionado país. Neste caso, Eulina e Carmem são brasileiras natas.

13. (CESPE/Técnico Judiciário/TJ/RR/2012) No que se refere aos direitos e garantias fundamen-tais e à cidadania, julgue os próximos itens.

Suponha que Jean tenha nascido na França quando sua mãe, diplomata brasileira de carreira, morava naquele país em razão de missão oficial. Nessa hipótese, segundo a CF, Jean será au-tomaticamente considerado brasileiro naturalizado, com todos os direitos e deveres previstos no ordenamento jurídico brasileiro.

14. (FCC/Analista Ministerial/MPE/PE/2012) Considere:I. Ananias, nascido no Brasil, é filho de pai inglês e mãe alemã que não estavam a serviço de

seus países.II. Aristóteles, nascido na Holanda, é filho de pai holandês e de mãe brasileira que estava a ser-

viço do Brasil.III. Airton, nasceu na Rússia, filho de pai brasileiro e de mãe russa que veio residir no Brasil e,

quando completou dezoito anos, de idade optou pela nacionalidade brasileira.IV. Alberto, nascido em Portugal, adquiriu a nacionalidade brasileira após residir por um ano

ininterrupto no Brasil; possui idoneidade moral.V. Ataulfo, nascido na França, residente no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem

condenação penal, requereu a nacionalidade brasileira. São considerados brasileiros natos(A) Ananias, Alberto e Ataulfo.(B) Aristóteles, Airton e Ananias.(C) Ataulfo, Airton e Aristóteles.(D) Ataulfo, Alberto e Airton.(E) Ananias, Aristóteles e Alberto.

15. (FCC/Analista Judiciário/TRF – 2ª REGIÃO/2012) Igor, belga, deseja se naturalizar brasileiro, porém, segundo a Constituição Federal brasileira, ele deverá preencher o requisito de residir no Brasil há mais de

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DIREITO DE NACIONALIDADE

(A) quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeira a nacionalidade bra-sileira.

(B) um ano e com idoneidade moral, desde que requeira a nacionalidade brasileira(C) cinco anos ininterruptos e sem condenação criminal, com idoneidade moral.(D) dez anos ininterruptos e sem condenação criminal, com idoneidade moral.

16. (Cespe/Procurador/TCE/BA/2010) A CF prevê que o estrangeiro não pode ser extraditado por crime político ou de opinião.

17. (Cespe/Procurador/TCE/BA/2010) Somente o brasileiro naturalizado pode perder sua nacio-nalidade em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.

18. (FCC/Analista/TCE/PR/2011) Em relação à nacionalidade, analise a assertiva abaixo: O brasileiro não perderá a nacionalidade no caso de imposição de naturalização, pela norma

estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.

19. (FCC/Analista/TRT20/2011) O modo de aquisição da nacionalidade secundária depende da origem territorial, apenas.

20. (Cespe/Analista/TRT/RN/2011) São brasileiros natos aqueles nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir no Brasil e optem, no período máximo de dois anos, pela nacionalidade brasileira.

21. (Cespe/Analista/STM/2011) O filho de um embaixador do Brasil em Paris, nascido na França, cuja mãe seja alemã, será considerado brasileiro nato.

22. (Cespe/Analista/MP/PI/2012) O brasileiro nato nunca poderá ser extraditado, mas poderá vir a perder a nacionalidade.

23. (FCC/Of. Justiça/TJ/PE/2012) John, inglês, menor impúbere, nascido na Inglaterra, foi regis-trado na repartição inglesa, filho de pai inglês e de mãe brasileira, será considerado

(A) brasileiro nato, se vier a residir no Brasil e opte, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

(B) sempre brasileiro naturalizado, a qualquer tempo porque foi registrado na repartição inglesa.(C) sempre brasileiro nato, pois, independentemente de residir na Inglaterra, é filho de mãe bra-

sileira.(D) brasileiro naturalizado, desde que venha a residir no Brasil e requisite, em qualquer idade, a

nacionalidade brasileira.

24. (FCC/Técnico/TRE/CE/2012) Péricles, português residente há mais de um ano ininterrupto no Brasil e com idoneidade moral, Pompeu, grego naturalizado brasileiro, Cipriano, inglês resi-dente no Brasil há quinze anos ininterruptos e sem condenação criminal, Alexandre, nascido no Brasil e filho de pais franceses a serviço da França, e Tibério, nascido na Bélgica e filho de pai brasileiro a serviço da República Federativa do Brasil, foram cogitados para ocupar cargo de Ministro de Estado da Defesa do Brasil. Nesse caso, segundo a Constituição Federal, o car-go só poderá ser ocupado por

(A) Tibério.(B) Pompeu.(C) Cipriano.(D) Péricles.(E) Alexandre.

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25. (IDECAN/Advogado/CREAS-Carangola-MG/2012) NÃO é privativo de brasileiro nato o cargo de(A) Presidente e Vice-Presidente da República.(B) Ministro do Exterior.(C) Ministro de Estado da Defesa.(D) Carreira Diplomática.(E) Oficial das Forças Armadas.

GabarIto

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1 C De acordo com o que determina o art. 5º, LI, CF/88 Item 3

2 B

Errado, João é brasileiro nato, de acordo com o art. 12, I, "b", CF/88 a) Item 2.1

b) Correto, Segundo o que dispõe art. 12, I, "b", CF/88 b) Item 2.1

c) João é brasileiro nato c) Item 2.1

d) João é brasileiro nato e não precisa residir mais cinco anos ininterruptos no país para se candidatar a Presidente da República Item 3

3 B

a) Falso, será brasileiro nato os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela naciona-lidade brasileira (art. 12, I, "c", CF/88). Luigi poderá optar pela nacionalidade brasileira a qualquer tempo, depois de atingir a maioridade

a) Item 2.1

b) Alternativa correta, pois em conformidade com a hipótese descrita no art. 12, I, "c", CF/88 b) Item 2.1

c) Falso. Se não tiver sido registrado, Luigi poderá optar pela nacionalidade brasileira em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade (art. 12, I, "c", CF/88)

c) Item 2.1

d) Falso. Se não tiver sido registrado, Luigi deve cumprir o critério residencial e optar pela nacionalidade brasileira (art. 12, I, "c", CF/88) Item 2.1

4 C

a) Errado, a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e natu-ralizados, mas existem casos previstos na Constituição (art. 12, § 2º; art. 12, § 3º; art. 5º, LI; art. 89, VII; art. 222, todos da CF/88)

a) Item 3

b) Falso, o brasileiro naturalizado poderá ser extraditado em caso de crime co-mum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei (art. 5º, LI, CF/88)

b) Item 3

c) Está de acordo com o art. 12, § 4º, I, CF/88 c) Item 4

d) Errado, a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País (art. 222, CF/88)

d) Item 2.1

e) Falso, serão brasileiros natos os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país (art. 12, I, "a", CF/88)

e) Item 2.1

5 EErrado, será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver cance-lada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional (art. 12, § 4º, I, CF/88)

Item 4

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6 E

a) Terá status de brasileiro naturalizado e não poderá ser Ministro do STF. De acordo com o art. 12, § 3º, IV, CF/88, os Ministros do Supremo Tribunal Federal devem ser brasileiros natos

a) Item 3

b) Falso, se o indivíduo reside no país ininterruptamente por mais de quinze anos, não tem nenhuma condenação penal e requer a naturalização, esta lhe será concedida; não há discricionariedade para o Presidente da República, que não poderá recusar o pleito

b) Item 3

c) Falso, é privativo de brasileiro nato o cargo de carreira diplomática (art. 12, § 3º, V, CF/88) c) Item 3

d) Errado, o prazo de residência mínima é de 15 anos ininterruptos, de acordo com o art. 12, II, "b", CF/88. d) Item 2.2

e) Está de acordo com o que determina o art. 12, II, "b", CF/88 e) Item 2.2

7 E

I – Está de acordo com o art. 12, I, "c", CF/88 I - Item 2.1

II – Conforme dispõe o art. 12, I, "c", CF/88 II - Item 2.1

III – Conforme preceitua o art. 12, I, "b", CF/88 III - Item 2.1

8 C

I – Falso, tanto os brasileiros natos, como os naturalizados podem perder a nacionalidade brasileira em virtude de aquisição de outra nacionalidade (art. 12, § 4º, II, CF/88)

I - Item 4

II – Falso, para o cancelamento de naturalização em razão de prática de ato no-civo ao interesse nacional, deve haver sentença judicial (art. 12, § 4º, I, CF/88) II - Item 4

III – Conforme preceitua o art. 12, § 3º, VI e VII, CF/88 III - Item 3

9 E

a) Trata-se de aquisição da nacionalidade secundária (art. 12, II, "a", CF/88) a) Item 2.2

b) Falso, será brasileiro nato o nascido na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país de origem (art. 12, I, "a", CF/88)

b) Item 2.1

c) Referida hipótese trata-se de aquisição da nacionalidade secundária (art. 12, II, "b", CF/88) c) Item 2.2

d) Falso, serão brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-tiva do Brasil (art. 12, I, "b", CF/88)

d) Item 2.1

e) De acordo com o que enuncia o art. 12, I, "c", CF/88 e) Item 2.1

10 C Conforme dispõe o art. 12, § 3º, V, CF/88 Item 3

11 D

I – O cargo de Vice-Presidente da República é privativo de brasileiro nato (art. 12, § 3º, I, CF/88) I- Item 3

II – O cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal é privativo de brasileiro nato (art. 12, § 3º, IV, CF/88) II - Item 3

III – O cargo de Presidente da Câmara dos Deputados é privativo de brasileiro nato (art. 12, § 3º, II, CF/88) III - Item 3

IV – Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Pre-sidente da República, dentre brasileiros (natos ou naturalizados) com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos (art. 104, parágrafo único, CF/88 c/c art. 12, § 3º, CF/88)

IV - Item 3

V – O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, es-colhidos dentre brasileiros (natos ou naturalizados) com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos (art. 111-A, CF/88 c/c art. 12, § 3º, CF/88)

V – Item 3

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12 C Conforme dispõe o art. 12, I, "a", CF/88 c/c art. 12, I, "b", CF/88 Item 2.1

13 EFalso, é brasileiro nato. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil (art. 12, I, "b", CF/88)

Item 2.1

14 B

I – Será brasileiro nato de acordo com o art. 12, I, "a", CF/88 I – Item 2.1

II – Será brasileiro nato de acordo com o art. 12, I, "b", CF/88 II – Item 2.1

III – Será brasileiro nato de acordo com o art. 12, I, "c", CF/88 III – Item 2.1

IV – Será brasileiro naturalizado de acordo com o art. 12, II, "a", CF/88 IV – Item 2.2

V – Será brasileiro naturalizado de acordo com o art. 12, II, "b", CF/88 V – Item 2.2

15 A

a) De acordo com o que prevê o art. 12, II, "b", CF/88 a) Item 2.2

b) Falso, de acordo com o art. 12, II, "b", CF/88, pois serão brasileiros natu-ralizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos

b) Item 2.2

c) Errado, serão brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacio-nalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira (art. 12, II, "b", CF/88)

c) Item 2.2

d) Item falso, o tempo de permanência estipulado pela Constituição Federal é de 15 anos ininterruptos, conforme determina o art. 12, II, "b", CF/88 d) Item 2.2

16 C Correto, de acordo com o que preceitua o art. 5º, LI, CF/88 Item 3

17 C Correto, conforme dispõe o art. 12, § 4º, I, CF/88 Item 4

18 D Correto, está em conformidade com o art. 12, § 4º, II, "b", CF/88 Item 4

19 C De acordo com o disposto no art. 12, II, CF/88 Item 2.2

20 E

Falso, são brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira compe-tente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qual-quer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira (art. 12, I, "c", CF/88)

Item 2.1

21 C Correto. Art. 12, I, "b", CF/88 Item 2.1

22 C Correto, de acordo com o art. 5º, LI, CF/88 Item 3

23 A

a) Está de acordo com o art. 12, I, "c", CF/88 a) Item 2.1

b) Será brasileiro nato se for registrado em repartição brasileira competente ou vier a residir na República Federativa do Brasil e optar, a qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira (art. 12, I, "c", CF/88)

b) Item 2.1

c) Falso, será brasileiro nato somente se for registrado em repartição brasilei-ra competente ou vier a residir na República Federativa do Brasil e optar, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasilei-ra (art. 12, I, "c", CF/88)

c) Item 2.1

d) Será brasileiro nato se vier residir na República Federativa do Brasil e optar, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra-sileira (art. 12, I, "c", CF/88)

d) Item 2.1

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283

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24 A

a) Tibério poderá ocupar o cargo de Ministro de Estado da Defesa, visto que o mesmo só pode ser ocupado por brasileiro nato (art. 12, I, "b", CF/88 c/c art. 12, § 3º, VII, CF/88)

a) Item 3

b) Pompeu não poderá ocupar o cargo de Ministro de Estado de Defesa, por-que é brasileiro naturalizado (art. 12, I, "b", CF/88 c/c art. 12, § 3º, VII, CF/88) b) Item 3

c) Cipriano não poderá ocupar o cargo de Ministro de Estado de Defesa, porque é brasileiro naturalizado (art. 12, I, "b", CF/88 c/c art. 12, § 3º, VII, CF/88) c) Item 3

d) Péricles não poderá ocupar o cargo de Ministro de Estado de Defesa, porque é brasileiro naturalizado (art. 12, I, "b", CF/88 c/c art. 12, § 3º, VII, CF/88) d) Item 3

e) Alexandre não poderá ocupar o cargo de Ministro de Estado de Defesa, por-que é brasileiro naturalizado (art. 12, I, "b", CF/88 c/c art. 12, § 3º, VII, CF/88) e) Item 3

25 B

a) Os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República são privativos de brasileiros natos, conforme previsão do art. 12, § 3º, I, CF/88 a) Item 3

b) O cargo de Ministro do Exterior não é privativo de brasileiro nato, conforme determinam os arts. 87 c/c 12, § 3º, ambos da CF/88. Somente o Ministro de Estado da Defesa precisa ser, necessariamente, brasileiro nato.

b) Item 3

c) O cargo de Ministro de Estado da Defesa é privativo de brasileiro nato (art. 12, § 3º, VII, CF/88) c) Item 3

d) Os cargos de Carreira Diplomática são privativos de brasileiros natos (art. 12, § 3º, V, CF/88) d) Item 3

e) Os cargos de oficiais das Forças Armadas são privativos de brasileiros natos (art. 12, § 3º, VI, CF/88) e) Item 3

Page 44: Capítulo 6 DIREITO DE NACIONALIDADE · PDF filePorque o direito à nacionalidade é um direito fundamental das pessoas, assegu- ... Nosso texto constitucional prevê (no art. 12,