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Capítulo II - A fala e o cálculo mental Os saberes prévios A linguagem é adquirida espontaneamente e uma criança, em tenra idade, já possui todo o sistema de sua língua com o qual é capaz de se comunicar de forma suficiente em conformidade com suas necessidades. Essa situação não parece aplicar-se à Matemática, embora não haja dúvidas de que o conhecimento lógico-matemático também pressupõe um componente inato que independe de convenções. Assim como em linguagem, nada é arbitrário no domínio do conhecimento lógico-matemático, segundo Kamii (2005,p.25), diferentemente do que acontece com o conhecimento social. Quando consideramos a Matemática Oral e indivíduos jovens e adultos mesmo sem nenhuma escolarização, com plena capacidade de se expressar, não importando a comunidade de fala de que provêm e com habilidades de cálculo simples e até extremamente complexos, a perspectiva passa a ser diversa da do senso comum. Passamos a admitir que a capacidade de realizar operações numéricas também possui um certo grau de inatismo, como o das línguas naturais humanas. 1

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Capítulo II - A fala e o cálculo mental

Os saberes prévios

A linguagem é adquirida espontaneamente e uma criança, em tenra idade, já possui

todo o sistema de sua língua com o qual é capaz de se comunicar de forma suficiente em

conformidade com suas necessidades. Essa situação não parece aplicar-se à Matemática,

embora não haja dúvidas de que o conhecimento lógico-matemático também pressupõe um

componente inato que independe de convenções.

Assim como em linguagem, nada é arbitrário no domínio do conhecimento lógico-

matemático, segundo Kamii (2005,p.25), diferentemente do que acontece com o

conhecimento social. Quando consideramos a Matemática Oral e indivíduos jovens e adultos

mesmo sem nenhuma escolarização, com plena capacidade de se expressar, não importando a

comunidade de fala de que provêm e com habilidades de cálculo simples e até extremamente

complexos, a perspectiva passa a ser diversa da do senso comum. Passamos a admitir que a

capacidade de realizar operações numéricas também possui um certo grau de inatismo, como

o das línguas naturais humanas.

Os indivíduos jovens e adultos desenvolvem estratégias, ao longo da vida, pela

experiência, advinda de necessidades básicas do mundo do trabalho, pela necessidade de

interagir com os diferentes contextos sociais. Como vimos no capítulo 1, são saberes afetos ao

letramento social (cf. Soares. 2004), independentemente do fato de serem as pessoas

alfabetizadas e de terem aprendido habilidades específicas do letramento escolar.

Embora a nomenclatura Alfabetização de Jovens e Adultos, segundo Fonseca (2005),

induza a uma modalidade de ensino que tem a faixa etária como foco principal, o grande

diferencial em comparação a outros grupos deve ser visto como a marca sócio-cultural do

público-alvo. Dessa forma, as ações educativas destinadas aos jovens e adultos devem levar

em conta a escolarização anterior, incompleta ou inexistente, num contexto mais amplo de

exclusão social e cultural, onde a origem social, segundo Gadotti (1995), marca de maneira

inevitável e irreversível a carreira escolar dos indivíduos.

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Este capítulo volta-se para as questões da matemática oral e sua relação com a

aprendizagem da matemática escolar. No entanto a leitura e a escrita estão presentes o tempo

todo, ora por parte dos alfabetizadores, ora por parte dos alfabetizandos. Nas propostas

pedagógicas, a interdisciplinaridade entre a matemática e o português torna-se ainda mais

clara, já que ao aluno é solicitado a interpretar, ler e escrever textos. Descrevemos, nesta parte

do livro, a análise de depoimentos falados, referentes às maneiras como as pessoas processam

os cálculos, sem se valer de registros lingüísticos escritos e da escrita da matemática formal e

universal. Temos como meta conhecer os modos pelos quais as pessoas verbalizam oralmente

e por escrito as formas de resolver problemas em contextos de vida cotidiana, com a

finalidade de descrever as estratégias metacognitivas e os padrões de que lançam mão para

processar operações simples como a adição, subtração, multiplicação e divisão.

Quando retornam ou iniciam a escolarização básica em Programas de Alfabetização,

os indivíduos jovens e adultos trazem hipóteses sobre a escrita e naturalmente sobre a escrita

matemática. Apesar da interrupção de sua trajetória escolar, a idade cronológica do jovem e

do adulto propicia um conhecimento de mundo que permite sobrevivência suficiente numa

sociedade marcadamente letrada, como atestamos no Capítulo I. Conforme Freire (1990),

D’Ambrósio (1986,1993) e Carraher (1991), não é possível, então, se pensar numa ação

educativa para esses sujeitos sem que os conhecimentos que já possuem sejam valorizados e

compreendidos pelo professor-alfabetizador. No que tange à Matemática, a riqueza do

conhecimento prévio dos alfabetizandos, quando percebida, permite que se desenvolvam

práticas pedagógicas, de modo que os conteúdos matemáticos sejam trabalhados a partir das

operações aplicadas no cotidiano e vice-versa: um duplo movimento que respeita não só a

dimensão utilitária como a dimensão formativa da Matemática que, segundo Fonseca (2002,

p.25), assume na EJA um especial sentido de atualidade.

A diversidade de níveis de letramento social e escolar encontrada nas classes de

alfabetização de jovens e adultos, tantas vezes tratada como um empecilho para o

planejamento das atividades pedagógicas, além de ser respeitada e conhecida, deve ser levada

em conta. Assim, o educador pode, a partir do conhecimento das experiências de seus alunos

como indivíduos “não-crianças”, quase sempre excluídos da escola e participantes de

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diferentes grupos culturais e sociais (cf. Oliveira, 1999), construir um fio condutor para

interligar as vivências comuns com as práticas de sala de aula.

Na Matemática, este fio condutor pode ser explorado, por exemplo, através de

atividades que envolvam o sistema monetário em situações rotineiras. O conhecimento do

contexto, segundo Garcia (1998), facilita muitas vezes a implementação de procedimentos

adequados. Entender algumas das estratégias dos jovens e adultos que, em sua maioria,

desconhecem o sistema posicional decimal, mas lançam mão de operações em problemas que

se lhes apresentam em situações cotidianas, ajuda o educador a compreender a forma como as

pessoas classificam, argumentam, organizam, registram e transferem o conhecimento da vida

fora da escola, de tal modo a evitar conflito na relação ensino-aprendizagem. Assim, explorar

e valorizar o Cálculo Mental ou a Matemática Oral não só propiciam ao docente conhecer e

compreender os saberes de seus alunos, quando esses transportam experiências de vida para o

ambiente escolar, como também permite obter maior visibilidade de marcas culturais e de

lembranças referentes a passagens anteriores no decurso do ensino regular.

Com o fito de estimular a reflexão dos alfabetizadores do Programa de Alfabetização

da UFRJ para Jovens e Adultos, nos encontros de Formação Continuada, sobre a importância

do conhecimento e da compreensão das lógicas e argumentações utilizadas pelos alunos na

resolução de problemas envolvendo as quatro operações fundamentais em situações

cotidianas, foi realizada uma pesquisa de campo, com 14 alfabetizandos do Programa de

Alfabetização dessa Universidade. A partir dos resultados da investigação, os alfabetizadores

tiveram a oportunidade de conhecer as estratégias utilizadas pelos educandos e de avaliar suas

práticas pedagógicas, com a finalidade de aprimorar o trabalho de alguns conceitos e de sanar

dúvidas recorrentes dos alunos para registrar cálculos. Um novo “olhar”, a partir dessa

reflexão, passou a ser incorporado nas propostas didáticas: a valorização do conhecimento

prévio dos alunos e a compreensão de suas dificuldades. As novas diretrizes permitem a

introdução de alguns conteúdos matemáticos veiculados na escola de forma natural, sem

imposição, com base na revelação sobre os saberes adquiridos ao longo da vida.

Principais questões

As hipóteses principais desta investigação são:

3

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1. Os alunos jovens e adultos utilizam, em sua maioria, estratégias criativas, geralmente não

incentivadas pela escola, para obter a solução de uma situação-problema vinculada em

contextos cotidianos. Se os resultados nesse tipo de trabalho apontarem para essa direção,

hipóteses subjacentes como as que se seguem também podem ser levantadas:

a. O aluno utilizará novos sistemas vinculados à escola e apreendidos nas aulas de

Matemática, quando já possui estratégias próprias bem sucedidas?

b. Como demonstrar aos alunos jovens e adultos em processo de alfabetização que os

algoritmos matemáticos, usualmente aplicados para resolver as operações básicas, são

mais “simples e eficazes” em comparação aos que eles aplicam?

c. De que maneira a escrita matemática pode ser ensinada de forma a convencer os

alunos de que sua utilização é mais fácil e econômica?

2. No espaço escolar, existe um conflito entre crença por parte de alfabetizadores e

alfabetizandos, referentes ao conhecimento que os aprendizes jovens e adultos já possuem,

relacionadas às estratégias utilizadas para a resolução de situações-problema. O terceiro

capítulo deste livro aprofunda a questão das atitudes de alunos e professores quanto à

relação entre Português e Matemática e os modos de ensino-aprendizagem em EJA.

Experimento no espaço escolar

O experimento pretendeu examinar: (a) o desempenho que os alfabetizandos

apresentam quanto às questões que envolvem as quatro operações básicas (adição, subtração,

multiplicação e divisão); (b) as estratégias utilizadas para a realização do Cálculo Mental; (c)

as convicções dos alfabetizadores acerca do conhecimento já existente dos alunos e do

conhecimento adquirido no Programa.

Contamos com um universo de 3 alfabetizadores do Programa de Alfabetização da

UFRJ para Jovens e Adultos (já mencionado no Capítulo I), que são alunos de Graduação da

Universidade, e com 14 indivíduos de 3 turmas do referido Programa, cujo perfil considerou

as variáveis gênero, faixa etária e tempo de escolarização.

Os quadros que se seguem demonstram a distribuição da amostra. Dentre os

indivíduos testados, havia 8 homens, 7 dos quais com idade entre 41 e 50 anos. Todos os

4

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informantes possuíam mais de 31 anos. Entre as mulheres, 3 nunca freqüentaram o Ensino

Regular contra apenas um homem nessa situação. Os demais entrevistados estiveram no

Ensino Regular durante pelo menos 4 anos, donde se pode de imediato inferir que a amostra

contém aproximadamente um percentual de apenas 30% de alunos com pouco ou nenhum

contato com noções veiculadas na escola.

A testagem foi realizada por três bolsistas de Graduação da UFRJ. Os alfabetizandos

foram selecionados aleatoriamente e as entrevistas foram realizadas individualmente, tanto no

horário de aula, quanto em local separado da classe. Durante o experimento, os

entrevistadores liam os problemas selecionados, que abarcavam as quatro operações

fundamentais e, em seguida, solicitavam que os educandos verbalizassem a solução

realizando mentalmente as operações necessárias. Na seqüência, os educandos forneciam o

resultado do problema, os entrevistadores os argüiam a respeito das estratégias utilizadas e

convidavam os entrevistados a registrar as operações realizadas. Ao final, os informantes

eram solicitados a: (1) relatar as principais dificuldades encontradas na resolução do

problema; (2) comentar sobre as possíveis relações entre a situação simulada no problema e a

sua vida cotidiana. Diante de qualquer dificuldade de interpretação do enunciado, faziam-se

os devidos ajustes até que a compreensão por parte dos alunos fosse alcançada.

Os alfabetizadores receberam cópia dos problemas selecionados e dois quadros. O

primeiro quadro refere-se ao desempenho dos alunos, segundo a opinião dos alfabetizadores;

o segundo quantifica a ocorrência de determinadas estratégias e / ou os algoritmos utilizados

para a resolução mental de 4 dos problemas propostos.

Em cada espaço em branco do primeiro quadro, o indivíduo em teste deveria preencher

com um número obtido da seguinte forma:

a) Primeiro espaço: número de alunos que, na opinião do alfabetizador, resolveria

corretamente o problema através do cálculo mental, além do número total de alunos;

b) Segundo espaço: número de alunos que, na opinião do alfabetizador, registraria

corretamente a resolução do problema, além de fornecer informação sobre o número

total de alunos.

Por exemplo, se um alfabetizador possuía 8 alunos que entraram no Programa entre os meses

de fevereiro e abril e, desses 8 alunos, apenas 5, na sua opinião, resolveriam corretamente um

5

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determinado problema através do Cálculo Mental, o número obtido no primeiro espaço seria

5/8. O espaço em branco do segundo quadro deveria ser preenchido de igual forma,

considerando as perguntas referentes às estratégias utilizadas pelos alunos. Ao final, os

professores foram argüidos acerca de possíveis dificuldades encontradas no enunciado dos

problemas.

Quadros entregues aos alfabetizadores

Turma: _____________________________________________________________________

Nº de alunos que ingressaram no Programa de Alfabetização da UFRJ entre os meses de

fevereiro e abril ___________

Quadro 1

Sobre o possível desempenho dos alunos

solicitação

Problema

nº. de alunos que você julga que resolveriam corretamente o problema

utilizando o cálculo mental /nº. total de alunos

nº. de alunos que você julga que registrariam corretamente a resolução do

problema /nº. total de alunos

1 / /

2 / /

3 / /

4 / /

5 / /

6 / /

7 / /

8 / /

Quadro 2

Sobre as estratégias escolhidas e/ou algoritmos utilizados para a resolução mental dos

problemas 1,3,6 e 8

nº. de alunos que você julga que registrariam a resolução do problema

6

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Problema1

utilizando algoritmos que não consideram a decomposição dos números / nº. total de alunos

/

nº. de alunos que você julga que utilizariam, na resolução mental do problema, estratégias que consideram a decomposição dos números / nº. total de alunos

/

nº. de alunos que você julga que não conseguiriam explicitar a estratégia utilizada na resolução mental do problema ou que utilizariam algum tipo de estratégia diferente da descrita no item anterior / nº. total de alunos

/

Problema 3

nº. de alunos que você julga que registrariam a resolução do problema, usando algoritmos que não consideram a decomposição dos números / nº. total de alunos

/

nº. de alunos que você julga que utilizariam a idéia do completamente na resolução mental do problema / nº. total de alunos /nº. de alunos que você julga que não conseguiriam explicitar a estratégia utilizada na resolução mental do problema ou que utilizariam outro tipo de estratégia diferente da descrita no item anterior / nº. total de alunos

/

Problema 6

nº. de alunos que você julga que, na resolução mental do problema, realizariam primeiro a subtração e depois obteriam o valor das parcelas por tentativas / nº. total de alunos

/

nº. de alunos que você julga que, na resolução mental, do problema realizariam primeiro a subtração e depois obteriam o valor das parcelas realizando uma divisão / nº. total de alunos

/

nº. de alunos que você julga que não conseguiriam explicitar a estratégia utilizada na resolução mental do problema ou que utilizariam outro tipo de estratégia diferente das descritas nos itens anteriores / nº. total de alunos

/

Problema 8

nº. de alunos que você julga que trabalhariam com o número 125 ao invés do número 1,25 / nº. total de alunos /nº. de alunos que você julga que, na resolução mental do problema, realizariam a adição de 5 parcelas iguais sem decompor o número 125 ou 1,25 / nº. total de alunos

/

nº. de alunos que você julga que, na resolução mental do problema, realizariam a decomposição do número 125 ou 1,25 / nº. total de alunos

/

nº. de alunos que você julga que não conseguiriam explicitar a estratégia utilizada na resolução mental do problema ou que utilizariam outro tipo de estratégia diferente das descritas nos itens anteriores / nº. total de alunos

/

7

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Instrumento de testagem: a escolha dos problemas

As ações educacionais do Programa de Alfabetização da UFRJ são realizadas num

período ininterrupto de aproximadamente 12 meses, tempo em que também são realizados

semanalmente os encontros de Formação Continuada para os alfabetizadores. As turmas onde

a pesquisa foi realizada iniciaram suas atividades no mês de fevereiro de 2006. Embora a

oferta de vaga ocorra durante todo o percurso em que as ações educativas são realizadas, nove

entre os 14 entrevistados participavam do Programa desde fevereiro e os demais ingressaram

no Programa antes de abril.

Os conhecimentos matemáticos necessários para a resolução dos problemas propostos

já haviam sido, em sua maioria, trabalhados em sala de aula. Situações-problemas envolvendo

o nosso sistema monetário estão presentes na vida cotidiana de um jovem ou de um adulto,

por isso, optou-se pela escolha de questões descritas anteriormente.

As situações-problemas 1, 2, 3 e 5 referem-se somente a uma operação. A distinção da

ação a ser realizada é facilitada pelo aparecimento da expressão “valor total” e dos verbos

“receber”, “faltar”,“dar” e”receber”, respectivamente. A situação-problema 4 envolve a

realização de mais de uma operação; porém, além da distinção de a ação a ser realizada ter

sido facilitada pelo aparecimento dos verbos “sobrar e pagar”, a questão admite solução

através de subtrações sucessivas. A situação-problema 6 compreende mais de uma operação,

cuja distinção é facilitada pelo aparecimento dos verbos “dar” e “pagar”. As situações-

problema 7 e 8 envolvem apenas uma operação, mas a distinção da ação a ser realizada

solicita um pouco além da mobilização de alguns conceitos de proporcionalidade e conversão.

É interessante acrescentar que apenas o Problema 7 apresenta uma característica diferente das

dos demais: o preço da dúzia de ovos não é compatível com a realidade.

Problema 1

João recebe por mês um salário de R$ 650,00 e sua esposa um salário de R$ 300,00. Qual é o

valor total da renda do casal?

Problema 2

8

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No dia do seu aniversário, Pedro recebeu R$ 130,00 de sua mãe, R$ 60,00 de sua madrinha e

R$ 25,00 de seu irmão. Quanto Pedro recebeu no dia do seu aniversário?

Problema 3

Isabel queria comprar uma mesa que tinha visto em uma loja no valor de R$ 120,00, porém

ela só tinha R$ 95,00 na carteira. Quanto falta a Isabel para que ela possa comprar a mesa?

Problema 4

Um casal possui uma renda mensal no valor de R$ 950,00 e precisa pagar a conta de luz no

valor de R$ 80,00 e a conta de telefone no valor de R$ 70,00. Quanto sobra ao casal, depois

do pagamento das contas?

Problema 5

O preço da passagem custa R$1,75. Jorge dá ao cobrador R$ 2,00, esperando receber R$

0,25 de troco. O cobrador pediu então que facilitasse o troco. Jorge deu mais R$ 0,25.

Quanto recebeu de troco?

Problema 6

Maria pretende comprar uma televisão no valor de R$ 510,00, dando uma entrada de R$

150,00 e pagando o restante em 3 vezes sem juros. Qual o valor de cada prestação?

Problema 7

Uma dúzia de ovos custa R$24,00. Qual o preço de um ovo?

Problema 8

Um pacote de 100g de café custa R$ 1,25. Quanto João pagará por meio quilo?

Estratégias de Cálculo Mental

Para que seja possível o entendimento mais aprofundado sobre as estratégias utilizadas

pelos alfabetizandos, listamos alguns quadros com resultados da investigação, tecendo breves

comentários. Os 14 indivíduos testados foram identificados como informante 1, informante 2

e, assim, sucessivamente.

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Problema 1

Informante 3 Informante 4 Informante 7

Resultado obtido

através do cálculo

mental

R$ 950,00 (Certo) R$ 950,00 (Certo) R$ 950,00 (Certo)

Estratégia utilizada Afirmou que chegou ao resultado somando de 100 em 100

650 + 100 = 750 + 100 = 850 + 100 = 950

Informou ter pensado como se “fosse 600”, somou 100 aos 600 três vezes e, por último, somou 50.

600 + 100 =700 + 100 = 800 + 100 = 900 + 50 = 950

Informou ter realizado

os cálculos “de

cabeça”. Não soube

explicitar a estratégia

utilizada para resolver a

adição realizada

mentalmente.

Registro da resolução

mental

650 + 300 = 950 650 + 300 = 950 Não registrou a adição

realizada mentalmente.

Dificuldades

encontradas

Não foi relatada nenhuma

dificuldade

Não foi relatada

nenhuma dificuldade

Não foi relatada

nenhuma dificuldade

Possíveis relações

entre a situação

simulada no problema

e sua vida cotidiana

Afirmou utilizar “as mesmas contas” para saber o montante em dinheiro que cada filho recebe por mês.

Disse utilizar “este pensamento” na sua casa.

Informou trabalhar em dois empregos e utilizar “estas contas” no final do mês.

Os informantes 3 e 4 perceberam que 300 = 3 x 100 = 100 + 100 + 100 e

adotaram a estratégia de substituir a multiplicação pela adição de parcelas iguais; o

informante 4, diferentemente do informante 3, optou por trabalhar primeiramente com

as centenas e, a seguir, com a dezena. Ambos registraram corretamente a adição, apesar

de não terem feito uso de nenhum algoritmo para a obtenção ou a comprovação da

solução obtida. O informante 7, como se pode perceber, resolveu mentalmente o

problema de forma correta, porém não soube descrever nem registrar a estratégia

utilizada, mesmo que de forma própria. Esse fato é bastante recorrente em turmas de

alfabetização de jovens e adultos: são educandos que, geralmente, não “sentem”

necessidade de aprender a linguagem formal da Matemática, pois julgam possuir

“conhecimentos” suficientes que dão conta de suas necessidades. Via de regra, a

motivação desses alunos para ingressar em Programas de EJA prende-se sobretudo ao

aprendizado da língua materna.

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Problema 2

Informante 3 Informante 4 Informante 12

Resultado obtido

através do cálculo

mental

R$ 215,00 (Certo) R$ 215,00 (Certo) R$ 210,00 (Errado)

Estratégia utilizada Informou que chegou ao

resultado “ juntando na

cabeça os dinheiros”

Informou que “somou 100 e depois o que sobrou ”

100 + 60 = 160 + 30 = 190 + 25 = 215

“Somei tudo na cabeça: 130 da mãe, depois 60 da madrinha...... também coloquei os do irmão”

Registro da resolução

mental

Não registrou a adição

realizada mentalmente. 130 +60 + 25

dá 210”

Dificuldades

encontradas

Relatou ter dificuldades

para “escrever contas

grandes”.

Não foi relatada

nenhuma dificuldade

Não foi relatada

nenhuma dificuldade

Possíveis relações

entre a situação

simulada no problema

e sua vida cotidiana

O informante afirmou ter utilizado “as mesmas contas” no mercado

O informante alegou ter utilizado “as mesmas contas” sempre.

O informante não soube responder

Quando comparamos os desempenhos do informante 3 nos Problemas 1 e 2,

percebemos que a dificuldade ocorreu apenas no registro da operação realizada no

Problema 2, pelo fato de a solução da questão envolver uma adição com 3 parcelas. O

informante 4 optou por realizar a primeira adição decompondo o número 130. Observa-

se que tal estratégia não foi repetida na segunda adição, isto é, o informante não

considerou 25 = 20 + 5. Quando indagado sobre a não repetição da estratégia

anteriormente utilizada, respondeu: “não precisa, 25 é fácil, apenas somei”.

Curioso observar que a maioria dos alfabetizandos que utilizou a estratégia de

decomposição dos números a realizou apenas na ordem das dezenas e das centenas. No

entanto, essa não parece ter sido a “regra” utilizada pelo informante 12, posto que sua

resposta difere em 5 reais da solução correta. A descrição do recurso utilizado nos leva a

inferir que o aluno decompôs os números antes de realizar as adições e se esqueceu de

adicionar, ao final, os 5 reais correspondentes à ordem das unidades.

12

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Problema 3

Informante 1 Informante 2

Resultado obtido através do

cálculo mental

R$ 25,00 (Certo). R$ 25,00 (Certo).

Estratégia utilizada “Fui acrescentando primeiro 5 e depois os 10, até chegar no 120”

25 + 5 = 30 + 10 = 40 + 10 = 120

“Coloco mais 5 no 95 e aí fica 100 com 20 que é 120. Falta 25 reais.”

95 + 5 = 100100 + 20 = 12020 + 5 = 25

Registro da resolução mental Não registrou as adições

realizadas mentalmente

Registrou as operações realizadas da seguinte forma :

“95 prá 120 é 25”Dificuldades encontradas Não foi relatada nenhuma

dificuldade

Não foi relatada nenhuma

dificuldade

Possíveis relações entre a situação

simulada no problema e sua vida

cotidiana

Afirmou “fazer estas contas” sempre.

Relatou que “olha muitas lojas e pensa se dá prá comprar”

O informante 1 utilizou a estratégia de “completamento”, a fim de verificar se o

número 25 correspondia de fato à solução correta do problema, mas não soube explicar

o meio pelo qual chegou ao valor de 25 reais. Podemos inferir que a escolha da primeira

adição teve como objetivo a realização das demais adições com parcelas iguais a 10. A

riqueza do raciocínio escolhido pelo informante 2 demonstra, por sua vez, a articulação

de vários conhecimentos matemáticos como, por exemplo, o fato de a operação de

subtração ser a operação inversa da adição.

13

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Problema 4

Informante 1 Informante 2 Informante 13

Resultado obtido através

do cálculo mental

R$ 860,00 (Errado). R$ 750,00 (Errado). R$ 800,00 (Certo).

Estratégia utilizadaAfirmou que foi “somando as duas contas e, ao resultado dessa conta, subtraiu de 950”. Chegou a dizer que “70+70 = 140 e 80+80 = 160”.

“Vai ficar com 750 reais... Somei logo direto 80 mais 70 e aí separei 200 contos e depois tirei esses 200 do outro.”

Relatou ter somado primeiro “70 com 70”; como um dos valores era 80, somou mais 10 ao resultado. A partir daí, subtraiu 100 de 950 e, deste resultado, retirou 50.

70+ 70 = 140140 + 10 = 150950 – 100 = 850850 -50= 800

Registro da resolução

mental

Não registrou as operações realizadas mentalmente

950 – 200 = 750

Não registrou as operações realizadas mentalmente

Dificuldades encontradas Relatou ter dificuldades quando tem que usar“estas contas no trabalho”

Não foi relatada nenhuma dificuldade Não foi relatada nenhuma

dificuldade

Possíveis relações entre a

situação simulada no

problema e a vida

cotidiana

Não soube informar Informou “fazer em casa essas contas”.

Relatou fazer “essas contas” no trabalho

O informante 1 apresentou uma estratégia correta e, possivelmente, realizou

algumas operações incorretamente. Como não houve qualquer tipo de registro, não

podemos avaliar o tipo de erro cometido. O informante 2, no entanto, utilizou a

estratégia prevista e errou a solução do problema, porque considerou que 80 + 70 = 200.

Já a riqueza da estratégia escolhida pelo informante 13 remete-nos à articulação que,

geralmente, não é apresentada nem incentivada em ambiente escolar. Como o

informante declarou possuir menos de 4 anos de estudos e informou ter trabalhado

como vendedor ambulante, podemos inferir que os recursos utilizados foram

assimilados em contexto de aprendizagem incidental.

14

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Problema 5

Informante 2 Informante 5

Resultado obtido através do

cálculo mental

R$ 0,50 (Certo) R$ 0,50 (Certo)

Estratégia utilizada “Ele tinha que receber 25, porque é o que falta para 2; aí ele deu 25, tem que voltar 50, porque deu mais 25 com os outros 25 ...”

“Se já tem 25 para receber e deu 25 extra, o extra também deve vir”

Registro da resolução mental Não registrou a adição realizada mentalmente

“25 e 25 = 50”

Dificuldades encontradas Não foi relatada nenhuma dificuldade

Não foi relatada nenhuma dificuldade

Possíveis relações entre a situação

simulada no problema e a vida

cotidiana

“Faço isso sempre, sou bom de troco”.

Relatou vivenciar essa situação todas as vezes que ia ao mercado

O informante 2 utilizou duas moedas de R$ 0,25 para justificar o cálculo

realizado. Já o informante 5 descreveu em voz alta a adição “registrada”. Observamos a

dificuldade que os alunos possuem com os números decimais, mesmo quando estão

relacionados com o nosso sistema monetário. A grande maioria dos alunos não utilizou

a representação decimal nas tentativas de registro das operações realizadas.

Problema 6

Informante 6 Informante 8

Resultado obtido através do

cálculo mental

R$ 120,00 (Certo) R$ 150,00 (Errado)

Estratégia utilizada “Fica 3 de 120 reais. Coloquei 150 e 3 de 120 e bateu 510 reais. Viu? Já bateu direto”.

“Fiz de cabeça: primeiro tirei 150 e dividi por 3”

Registro da resolução mental Não registrou as operações realizadas mentalmente.

Não registrou as operações realizadas mentalmente.

Dificuldades encontradas Não foi relatada nenhuma dificuldade Não foi relatada nenhuma

dificuldadePossíveis relações entre a situação

simulada no problema e a vida

“Faço muita compra no crediário”

O informante não soube responder

15

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cotidiana

O informante 6 não soube explicar a estratégia utilizada para chegar ao valor de 120

reais: recorreu a sucessivas adições de forma correta para alcançar o resultado. Vale

destacar que o informante 8 foi um dos poucos alfabetizandos que lançou mão da

operação de divisão. Observamos que os alunos testados possuem muita dificuldade

com a identificação da operação de divisão, com a compreensão do seu uso e com o

registro das divisões realizadas mentalmente.

Problema 7

Informante 11

Resultado obtido através do cálculo mental R$ 1,10 (Errado)

Estratégia utilizada “uma dúzia é 12, né? Dividi por 12”

Registro da resolução mental Não registrou a operação realizada mentalmente.

Dificuldades encontradasNão foi relatada nenhuma dificuldade

Possíveis relações entre a situação simulada no

problema e a vida cotidiana Não soube responder

O informante 11 aplicou estratégia correta, mas possivelmente errou a operação

de divisão. De forma geral, os alfabetizandos apresentam muitas dificuldades para

realizar divisões, como dito anteriormente, mesmo que exatas: poucos alunos

relacionam esse tipo de divisão com subtrações sucessivas. O informante 9 não soube

resolver o problema proposto, embora tenha reconhecido o valor de uma dúzia. O

entrevistador mudou, então, a situação-problema original pela seguinte situação-

problema:

“Se um ovo custa R$ 2,00, quanto vou pagar por uma dúzia de ovos?”

Observe-se, assim, o seguinte quadro:

16

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Informante 9

Resultado obtido através do cálculo mental R$ 24,00 (Certo).

Estratégia utilizada “10 ovos dá 20, e como cada um é 2, os outros 2 sai por 4. Somando tudo dá 24”

Registro da resolução mental 24

Dificuldades encontradas Relatou ter achado o primeiro problema muito difícil e não conseguiu perceber a relação entre os dois problemas apresentados

Possíveis relações entre a situação simulada no

problema e a vida cotidiana

Não soube responder

Problema 8

Informante 2 Informante 9

Resultado obtido através do

cálculo mental R$ 62,50 (Errado) R$ 725,50 (Errado)

Estratégia utilizada “A metade é 62 e cinqüenta” “Fiz 5 carreiras de 1,25 até chegar a 725”.

Registro da resolução mental Não registrou a operação realizada mentalmente

Não registrou as operações realizadas mentalmente

Dificuldades encontradas Não foi relatada nenhuma dificuldade

Não foi relatada nenhuma dificuldade

Possíveis relações entre a situação

simulada no problema e a vida

cotidiana

O informante não soube responder

O informante não soube responder

O informante 2, além de ter utilizado estratégia errada, posto que meio quilo não

equivale a 50g, também realizou a operação de divisão de forma incorreta. Cabe

assinalar que, geralmente jovens e adultos pouco escolarizados, apresentam muitas

dificuldades no trabalho com as unidades de medida padrão. O informante 9 parece não

apresentar tal dificuldade, uma vez que optou por uma estratégia correta; possivelmente

o obstáculo encontrado ocorreu com o trabalho com números decimais.

O informante 5 não soube resolver o problema proposto e, quando indagado

sobre os possíveis motivos, reconheceu o desconhecimento do conceito de meio quilo.

O entrevistador mudou a situação-problema original para a seguinte situação-problema:

“Um pacote de 100g de café custa R$ 1,25. Quanto João pagará por 500g de café?”

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O informante também não soube responder. O entrevistador mudou o segundo

problema pela seguinte situação-problema:

“Um pacote de 100g de café custa R$ 1,50. Quanto João pagará por 500g de café?”

Obteve-se o seguinte quadro:

Informante 5

Resultado obtido através do cálculo mental R$ 7,50 (Certo)“Fui juntando 1 e 50 com 1 e 50 e depois com 1 e 50.......”

Estratégia utilizada “Fui juntando 1 e 50 com 1 e 50 e depois com 1 e 50.......”

Registro da resolução mental Não registrou as operações realizadas mentalmente

Dificuldades encontradas “difícil” (refere-se à expressão meio quilo)

Possíveis relações entre a situação simulada no

problema e sua vida cotidiana

O informante não soube responder

Duas entrevistas interessantes

Um dos informantes que declarou ter freqüentado o Ensino Regular por menos

de 4 anos, quando foi convidado a resolver mentalmente o Problema 7, teceu a seguinte

resposta: -“Esse ovo tá muito caro!! Sei não, tá muito caro”. O entrevistador

argumentou que, embora a dúzia de ovos fosse muito cara, o problema poderia ser

resolvido. A resposta dada pelo informante foi: - “Tá caro, é tudo mentira”. Mediante a

resposta dada, o entrevistador explicou que, ainda que aquela situação não fosse real, ele

gostaria de que o aluno resolvesse o problema. “Não resolvo aqui o que não pode”,

respondeu o informante.

Este foi o único problema cuja situação cotidiana simulada não se apresentou

em conformidade com a vida real. Outros alunos também perceberam que o preço da

dúzia de ovos era irreal e, assim mesmo, deram uma solução ao problema. A atitude

desses informantes nos leva a supor que, para eles, o ambiente escolar é um local onde

“erros” não podem ocorrer.

Um outro informante que declarou nunca ter freqüentado o Ensino Regular,

quando convidado para resolver o Problema 1, recorreu à estratégia da decomposição de

números em centenas e dezenas: “600 + 300 + 50” .Quando solicitado a resolver o

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Problema 2, o informante simplesmente repetiu, para o número 130, a estratégia

anterior. Para o número 60, o informante optou por trabalhar com “50 + 10”. Vejamos a

estratégia descrita pelo informante:

“30 + 50 + 20 = 100

100 + 100 = 200

200 + 15 = 215”.

Quando indagado sobre o motivo de ter trabalhado com o número 50 e não com

o número 60, ele respondeu: “30 + 60 + 20 não dá 100”. E por que tem que dar 100,

perguntou o entrevistador? - “Porqu,e se não, não junta com o outro”, respondeu o

alfabetizando. O entrevistador também perguntou por que ele não somou, ao número

200, primeiro 10 e depois 5, ao que ele respondeu: - “Porque já é 15: tem que ser

rápido”. Finalmente, o entrevistador perguntou se alguém havia lhe ensinado a somar

daquela maneira. O entrevistado negou ter recebido instruções formais e alegou ter

aprendido sozinho em função de lidar com dinheiro no cotidiano e concluiu, finalmente:

“Pode não ser dinheiro, mas dá certo”. Mediante à riqueza das informações e da

dificuldade que o aluno apresentou na hora de registrar as operações realizadas

mentalmente, o entrevistador solicitou-lhe voltar a esse assunto depois de resolver os

outros problemas. Arrolamos abaixo a conversa entre o entrevistador e o aluno.

E (entrevistador): Voltando a nossa conversa, como você faria para somar os números

130, 280, 365 e 40.

I (informante): “Muito número......vai dizendo os números”

O entrevistador foi ditando com calma número por número. Operando em voz alta, ele

disse:

I: “30 daqui com 70 faz 100”; 60 com 40 faz 100. Agora é juntar.... dá 800; com o que

ficou tem 815”

E: Muito bem, esta conta deu trabalho?

I: “Essa não, outras dá”

E: Sua professora já ensinou fazer a conta de somar “em pé”?

I: “já”

E: Você achou mais fácil do que o que você faz?

I: “Não”

19

Page 20: Capítulo II - oportuguesdobrasil.files.wordpress.com€¦  · Web viewCapítulo II - A fala e o cálculo mental. Os saberes prévios. A linguagem é adquirida espontaneamente e

E: Você sabe fazer contas como ela ensinou?

I: “Às vezes”

Vale destacar que este informante não realizou qualquer registro das operações

processadas através do cálculo mental em nenhum dos problemas: após a releitura do

problema 7, acertou a solução de todos os problemas propostos.

É razoável supor que as práticas de letramento fora da escola permitiram que o aluno

desenvolvesse estratégias próprias de sobrevivência no que se refere ao domínio de

técnicas operatórias. Isso fica claro quando ele afirma que sua busca por um raciocínio

para a resolução de problemas envolvendo as operações fundamentais teve como

motivação a necessidade advinda da lida com “dinheiro”. Na entrevista, podemos inferir

que ele construiu um repertório próprio de apoio - a memorização de adições de dezenas

cuja soma é igual a 100. Interessante também é a percepção que demonstra possuir

acerca da abstração dos números: “Pode não ser dinheiro, mas dá certo”, referindo-se

ao fato de que as operações independem da unidade ou do tipo dos objetos cuja

quantidade é representada por um número.

Teria, então, este indivíduo a noção dos aspectos cardinal e ordinal dos números? Em

relação ao uso de algoritmos usualmente apresentados e trabalhados na escola, é

possível que, assim como este aluno percebeu que adicionar 15 unidades a um número

“é mais rápido” do que adicionar primeiramente 10 unidades e, em seguida, 5 unidades,

em algum momento, ele perceba, pelo menos inicialmente, que esses algoritmos,

quando bem entendidos na escola, “são mais rápidos”. É provável que, enquanto os

recursos pessoais atenderem às necessidades, o aluno vai apresentar resistência e

desinteresse em relação à aprendizagem da escrita matemática convencionada

universalmente.

O registro da matemática formal requer um longo trabalho escolar para que seus

símbolos representem realidades e sejam assim compreendidos, de modo que são mais

lentamente assimilados. Na EJA, o processo torna-se ainda mais difícil, uma vez que os

jovens e adultos já dispõem de recursos que lhes parecem suficientes.

A resolução mental e o registro de algumas operações

Os quadros a seguir representam o percentual dos acertos, calculado por

arredondamento e sem casa decimal, considerando a resolução e o registro das

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operações, quando foram corretamente realizadas através do cálculo mental. Por

exemplo, se 7 indivíduos acertaram a resolução mental de um determinado problema e,

desses 7, apenas 3 acertaram o registro das operações efetuadas, a taxa correspondente à

coluna “registro das operações” será determinada a partir da divisão 3/7 e seu valor

percentual será 42%.

Os dois quadros a seguir foram gerados considerando a média aritmética entre os

percentuais atribuídos pelos alfabetizadores que participaram da investigação. No

quadro 2, pretendeu-se observar a opinião dos alfabetizadores em relação ao

desempenho de seus alunos no que tange à capacidade de mobilização dos

conhecimentos adquiridos ao longo da vida e à utilização da escrita matemática

adquirida em ambiente escolar. No quadro de número 6, a sondagem realizada teve

como objetivo central observar possíveis crenças que alfabetizadores possuem em

relação às estratégias próprias e bem sucedidas.

Quadro 1 - Percentual de acerto por Problema considerando a resolução mental e

o registro das operações realizadas corretamente através do cálculo mental

Resolução do problema através do cálculo mental

Registro das operações realizadas mentalmente

Problema 1 93% 64%Problema 2 57% 36%Problema 3 78% 43%Problema 4 71% 50%Problema 5 64% 43%Problema 61 57% 28%Problema 72 43% 21%Problema 8 50% 28%

1 Nos Problemas 6 e 8, foi considerado correto qualquer registro que envolvesse ou números 0,25 ou 25 e 1,25 ou 125, respectivamente.2 Após uma releitura, o percentual de acerto do problema, quando considerada a resolução mental, subiu para 71% e para 60%, levando em conta o registro das operações.

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Quadro 2 - Opinião dos alfabetizadores, expressa em percentuais, sobre o

desempenho de seus alunos, ingressos no Programa entre os meses de fevereiro e

abril, em relação à resolução mental e ao registro das operações realizadas

mentalmente de cada um dos problemas propostos.

Resolução correta do problema através do cálculo mental

Registro correto das operações realizadas mentalmente

Problema 1 100% 74%Problema 2 78% 39%Problema 3 77% 65%Problema 4 52% 31%Problema 5 89% 78%Problema 63 51% 22%Problema 7 61% 33%Problema 8 73% 32%

Quando analisadas as taxas atribuídas à resolução mental correta dos problemas,

observa-se que os alfabetizadores que participaram dessa investigação, na média,

possuem a crença de que os alunos obtêm melhor desempenho quando resolvem

problemas que envolvem apenas uma das operações básicas (Problemas 1, 3, 5, 7 e 8).

Essa taxa é elevada quando as operações envolvidas são de adição ou subtração

(Problemas 1, 2, 3 e 5). A crença de que tais operações “são fáceis” revela-se através do

Problema 8, posto que sua solução pode ser substituída por sucessivas adições.

Em relação aos Problemas 2, 4 e 6, cuja resolução envolve mais de uma

operação (distintas ou não), os alfabetizadores julgaram que, na média, seus alunos

teriam aproximadamente as mesmas dificuldades, independentemente do tipo de

operação a ser realizada. Entenderam também que os alunos não apresentariam

dificuldades com os números decimais inseridos nas proposições envolvendo o nosso

sistema monetário (Problemas 5 e 8).

3 Nos Problemas 6 e 8 foi considerado correto qualquer registro que envolvesse ou números 0,25 ou 25 e 1,25 ou 125, respectivamente.

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É de se supor que a discrepância entre o valor da dúzia de ovos no enunciado do

Problema 7 em relação ao seu custo real possa ter influenciado o desempenho dos

alfabetizandos (confira Quadro 1). Essa situação não percebida pelos alfabetizadores

constitui interessante hipótese para futuras pesquisas. Até que ponto o desempenho nas

resoluções de problemas, especialmente para alunos jovens e adultos pouco

escolarizados, não se acham atrelados ao conhecimento de mundo? Se confirmada a

suposição a pressão do letramento social prevalece em EJA?

Quando comparados os resultados dos quadros 1 e 2, observamos que as

melhores taxas de acerto, embora inferiores às atribuídas pelos alfabetizadores,

ocorrem nos problemas cuja resolução depende apenas da realização de uma única

adição ou subtração. Nos Problemas 4 e 6, cuja resolução envolvia o trabalho com duas

operações distintas, o desempenho dos indivíduos testados superou a expectativa dos

alfabetizadores; o contrário ocorreu na resolução mental do problema 2 que envolvia a

realização de três adições.

No que tange ao registro das operações realizadas mentalmente, percebe-se, à

exceção dos Problemas 4 e 6, operações distintas que os alfabetizadores participantes da

investigação julgaram melhor desempenho dos seus alunos, comparativamente aos

indivíduos testados. Esses resultados nos levam a refletir sobre possíveis crenças dos

alfabetizadores acerca da “simplicidade” da operação de adição e da leitura e escrita da

linguagem matemática.

O quadro a seguir reflete a sondagem sobre as crenças dos alfabetizadores a

respeito dos conhecimentos adquiridos por jovens e adultos em aprendizagem

incidental. Para tanto, foram selecionadas algumas estratégias bem sucedidas

implementadas pela maioria dos indivíduos testados com relação a determinados

problemas. Os percentuais foram obtidos através da média aritmética das taxas

atribuídas pelos alfabetizdores, conforme os procedimentos estabelecidos no

experimento descritos anteriormente.

Quadro 3 - Opinião dos alfabetizadores, expressa em percentuais, sobre as

possíveis estratégias utilizadas pelos seus alunos, na resolução dos Problemas 1,3,6

e 8

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Problema 1

Percentual de alunos que registrariam a resolução do Problema utilizando algoritmos que não consideram a decomposição dos números 62%Percentual de alunos que utilizariam, na resolução mental do Problema, estratégias que consideram a decomposição dos números 38%Percentual de alunos que não conseguiriam explicitar a estratégia utilizada na resolução mental do Problema ou que utilizariam outro tipo de estratégia diferente da descrita no item anterior

0%

Problema 3

Percentual de alunos que registrariam a resolução do Problema utilizando algoritmos que não consideram a decomposição dos números 11%Percentual de alunos que utilizariam a idéia do completamento na resolução mental do Problema 64%Percentual de alunos que não conseguiriam explicitar a estratégia utilizada na resolução mental do Problema ou que utilizariam outro tipo de estratégia diferente da descrita no item anterior

25%

Problema 6

Percentual de alunos que, na resolução mental do Problema, realizariam primeiro a subtração e depois obteriam o valor das parcelas por tentativas 28%Percentual de alunos que, na resolução mental do Problema, realizariam primeiro a subtração e depois obteriam o valor das parcelas realizando uma divisão

53%

Percentual de alunos que não conseguiriam explicitar a estratégia utilizada na resolução mental do Problema ou que utilizariam outro tipo de estratégia diferente da descrita nos itens anteriores

19%

Problema 8

Percentual de alunos que trabalhariam com o número 125 ao invés do número 1,25 78%Percentual de alunos que, na resolução mental do Problema, realizariam a adição de 5 parcelas iguais sem decompor o número 125 ou 1,25 71%Percentual de alunos que, na resolução mental do Problema, realizariam a decomposição do número 18%Percentual de alunos que não conseguiriam explicitar a estratégia utilizada na resolução mental do Problema ou que utilizariam estratégia diferente da descrita nos itens anteriores

11%

Padrões, problemas e soluções

Em relação ao Problema 1, 77% dos indivíduos que resolveram mentalmente os

problemas conseguiram explicitar a estratégia utilizada. Dentre esses, 80% utilizaram a

operação de decomposição de números.

Comparados os resultados com as hipóteses levantadas pelos alfabetizadores, é

possível inferir que os indivíduos da amostra fizeram uso do algoritmo da adição,

conhecido como o “vai um”, somente quando lhes foi ensinado. Isso nos indica que as

habilidades específicas do letramento escolar superam as estratégias próprias dos

alunos, desenvolvidas ao longo da vida, no enfrentamento das demandas cotidianas.

Surpreendente foi constatar que os alfabetizadores que participaram dessa

pesquisa julgaram que todos os alunos competentes, ao realizar mentalmente a adição,

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seriam igualmente capazes de explicitar a estratégia implícita. Tal fato nos conduz a

supor que os professores possuem uma visão simplificada do algoritmo da adição. Note-

se que, dos entrevistados que conseguiram resolver mentalmente o Problema 2, 66%

explicitaram a estratégia utilizada. Dentre eles, 71% utilizaram a idéia de

completamento e nenhum registrou a resolução através do algoritmo conhecido como

“pede um emprestado”.

Quando consideramos o Problema 6, apenas 63% do universo com que

trabalhamos explicitaram a estratégia utilizada na resolução mental e, dentre esses, 80%

obtiveram o valor das parcelas por tentativa. Em relação ao Problema 8, 71% dos que

conseguiram resolver mentalmente o problema descreveram a estratégia utilizada e

todos, em algum momento, lançaram mão da operação de adição. Dentre eles, 80%

trabalharam com o número 125, 60% obtiveram a solução através da adição de 5

parcelas iguais e 40% utilizaram a decomposição do número 125.

Alguns resultados da pesquisa descritos neste texto foram levados para os

alfabetizadores nos encontros de Formação Continuada pelos Professores Formadores.

Após a divulgação e a análise do material resultante do estudo, foi solicitada a reflexão

de como os alunos operam cálculos. A principal conclusão a que se chegou é a de que

os resultados de problemas decorrem, em sua maioria, de estratégias intuitivas, não

veiculadas pela Escola.

Tal fato levanta hipóteses interessantes como as descritas em 1(a),1(b) e 1(c) (cf.

p.3) e as seguintes indagações: (a) Por que não explorar a oralidade, atualmente tão em

voga, nas aulas de Matemática? (b) Por que o trabalho com a Matemática não pode ser

compartilhado de forma a conduzir os alunos à indagação, à investigação, ao

encadeamento de raciocínio e à compreensão de símbolos? e (c) Por que não valorizar

os textos orais da mesma forma que são valorizados os escritos?

Como resposta às questões arroladas, chegou-se ao consenso da necessidade de

implementar-se um trabalho pedagógico, que implique a proposição de exercícios

direcionados ao público-alvo de EJA e às dificuldades mais comuns encontradas. As

propostas didáticas teriam a finalidade de transformar os conhecimentos intuitivos e

aleatórios em sistemas formais universais, de acordo com os princípios convencionados

pela escrita matemática. Essa também seria a meta dos exercícios voltados para o

português: ampliar as possibilidades discursivas do falante, ao considerar a linguagem

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oral e a diversidade de estilos e gêneros presentes no continuum fala coloquial/ escrita

padrão (Mollica, 2006; 2007).

Há que se refletir também que não fixar o letramento escolar, seja em Linguagem,

seja em Matemática, constitui bom motivo para a perpetuação do preconceito de que as

pessoas são limitadas cognitivamente ou que as disciplinas de Português e de

Matemática oferecem extrema dificuldade aos alunos. O Capítulo III deste livro

demonstra que os estigmas permanecem, ainda que já se observa uma mudança na

sociedade quanto ao letramento escolar em Linguagem e em Matemática: a idéia de

dom e de dificuldade está mais vinculada a prestígio do que à cognição e vem se

dissolvendo vagarosa e paulatinamente.

As propostas pedagógicas a seguir, elaboradas a partir de um texto sobre meio-

ambiente, permitem a possibilidade de realização de novas atividades em diversas áreas

de conhecimento e foram concebidas com o propósito de que os conteúdos trabalhados

possam apoiar o desenvolvimento da cidadania. Tal propósito é uma das preocupações

da Educação Matemática crítica que, segundo Airo & Skovsmose (2006), leva em conta

a maneira como a Matemática se insere, em geral, no ambiente cultural, tecnológico e

político, esclarecendo as finalidades para as quais a competência matemática deve

servir.

A proposição de problemas da vida cotidiana e a elaboração de textos coletivos

como agentes de integração de conteúdos são ferramentas essenciais para que a

aprendizagem da matemática escolar seja facilitada (cf. Hyde, 1998 e Imenes, 1995). A

leitura, interpretação e discussão de textos e tabelas, assim como a apresentação verbal

de problemas, num trabalho em grupo cooperativo que incentiva a oralidade são

imprescindíveis. Através da fala, emprestada da língua materna, inicia-se a elaboração

de textos orais que relatam estratégias de raciocínio e comunicam resultados. Além de

integrar conteúdos, a língua oral torna o alfabetizando agente da aprendizagem. Os

exercícios propostos a seguir permitem que o alfabetizador trabalhe alguns conteúdos,

dentre os quais a decomposição dos números, potências de dez e noções de

proporcionalidade, explorando os saberes prévios de seus alunos. Exigem

simultaneamente a prática da leitura e da escrita da linguagem matemática e da língua

materna.

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Propostas de atividades que utilizam a oralidade com a finalidade de motivar o

aprendizado da matemática.

______________________________

A água é um dos recursos naturais mais valiosos com que a humanidade

conta. Embora a maior parte de nosso planeta esteja composto por água, 97% do

total é salgada, e grande parte do restante está em geleiras, icebergs e em subsolos

muito profundos, ficando indisponível para uso: o que pode ser potencialmente

consumido é uma pequena fração.

A água desenvolve um ciclo. O chamado ciclo da água é o caminho que ela

percorre. A chuva, basicamente, é o resultado da água que evapora dos lagos, rios

e oceanos, formando as nuvens. Quando as nuvens estão carregadas, soltam a água

na terra. Ela penetra o solo e vai alimentar as nascentes dos rios e os reservatórios

subterrâneos. Se cai nos oceanos, mistura-se às águas salgadas e volta a evaporar,

provocando a chuva que cai na terra.

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Acredita-se que a quantidade atual de água seja praticamente a mesma de

há 3 bilhões de anos. Isso porque o ciclo da água se sucede infinitamente. (Fonte: sites www.tvcultura.com.br/aloescola e www.tierramerica.net )

Atente para as questões e proceda às reflexões pertinentes:

1) Qual o assunto de que trata o texto?

2) Que título você daria ao texto?

3) O que significa o ciclo da água?

4) É possível que, daqui a um ano, a quantidade de água do planeta duplique?

5) O que é uma geleira? E um iceberg?

Selecione no texto as palavras que você não conhece.

Organize as palavras selecionadas na atividade anterior em ordem alfabética e

procure seu significado no dicionário. Qual o sentido que elas têm no texto?

As imagens abaixo representam exemplos de icebergs. Como você as descreveria

para um amigo?

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Duplicar significa tornar duas vezes maior, dobrar.

Duplique as quantidades, explorando a oralidade, seguindo o esquema do modelo

abaixo.

Modelo:

1) 4 torneiras

O que devemos calcular?Que número representa o dobro

do número dado? __________

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2) 12 chuveiros

3) 15 copos

É possível resolver o problema “de cabeça”?

Qual o resultado?

Resposta: ___________________

Explique para turma como você chegou ao resultado do problema?

Você saberia registrar os cálculos realizados mentalmente?

Não Relate as dificuldades encontradas

Sim

Relate as dificuldades encontradas.

Registro

Sim

Não

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4) 26 parafusos

Para calcular o dobro do número 26, Bruno realizou a seqüência de registros abaixo:

1) Discuta com seus colegas a estratégia escolhida por Bruno.

2) Qual o resultado obtido?

3) Você poderia utilizar a mesma estratégia para duplicar a quantidade de 26

sabonetes? E de 26 garrafas?

Ana resolveu o mesmo problema que Bruno e registrou seus cálculos da seguinte forma:

4) Por que Ana colocou o número 1 na coluna correspondente às dezenas?

5) Marque com um X o número que representa 1 dezena:

26 = 20 + 6

20 + 20 = 40

6 + 6 = 12

40 + 12 = 50 + 2

D U

2 6

2 6

5 2

1

31

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97%

3%

água salgada

água doce

( ) 1 ( ) 10 ( ) 100 ( ) 1000

6) Você saberia repetir a estratégia utilizada para calcular o dobro do número 37?

O gráfico a seguir representa o percentual de água doce e salgada do Planeta.

Vamos interpretar o gráfico? O gráfico de pizza representa toda a água contida

no nosso Planeta. A fatia em destaque representa a quantidade de água doce do Planeta,

quando comparada com o total da quantidade de água; o que sobra representa a

quantidade de água salgada. Percebemos que a quantidade de água doce é muito

pequena comparada com a quantidade de água salgada. Por exemplo, se toda água da

superfície do Planeta fosse equivalente a 100 litros, teríamos 97 litros de água salgada

(97%) e apenas 3 litros (3%) de água doce.

1) Se toda a água da superfície do Planeta fosse equivalente a 1.000 litros, quantos

litros seriam de água salgada? E de água doce?

Supondo que toda a água da superfície da Terra é equivalente a 1000 litros, o que devemos calcular?

A quantidade de água _____________ e de água ______________ existente em ____________ litros de água.

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Se em 100 litros de água temos 97 litros de água salgada, em 1000 litros, temos quantos litros de água salgada? ________________________

Discuta com a classe se, para calcular as quantidades de água, é importante saber a quantidade total de água da superfície da Terra.

Reflita se a informação abaixo é importante para resolver o problema proposto:

1000 litros = 100 litros x 10

Explique como você obteve o resultado.

Resumindo:

Você determinou que, se a quantidade de água da superfície da Terra fosse equivalente a 1000 litros, teríamos:

_____________________ litros de água doce

_____________________ litros de água salgada

Explique como você obteve o resultado.

Se em 100 litros de água temos 3 litros de água doce, em 1000 litros, teremos quantos litros de água doce? ________________________

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2) E se a quantidade de água da superfície da Terra fosse equivalente a 2.000 litros,

quantos litros haveria de água doce?

Para calcular a quantidade de água , é importante saber que, se toda a água da superfície da Terra fosse equivalente a 100 litros, teríamos 97 litros de água salgada e 3 litros de água doce. Ou bastaria apenas saber que, em 100 litros, haveria somente 3 litros de água doce?

Seria possível resolver o problema sabendo apenas que, em 100 litros, haveria 97 litros de água salgada? Por quê?

Quando somamos os resultados obtidos, podemos encontrar uma quantidade superior a 1000 litros? Por quê?

Nesse novo problema, qual a quantidade de água salgada?

Se em 100 litros, temos 3 litros de água doce, em 200 litros ,teremos ____________ litros de água doce.

Se em 200 litros, temos __________ litros de água doce, em 2000,litros teremos __________________ litros de água doce.

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Todos nós dependemos da água para sobreviver. Nos exercícios anteriores,

atestamos que a quantidade de água para consumo representa uma parcela muito

pequena do total de água do nosso Planeta. Dessa forma, é preciso economizar água.

Responda as questões abaixo:

1) A faixa média de consumo de água por pessoa é de 250 litros por dia, incluindo

limpeza da casa, higiene pessoal, preparação de alimentos e água para beber.

a) O que você entende por “A faixa média de consumo de água por pessoa é de

250 litros por dia”?

b) Quantas pessoas vivem na sua casa? ___________________________________

c) Com base na resposta do item (b), calcule “de cabeça” qual a faixa média de

consumo de água na sua casa?

Resposta: ______________________________________

Qual a solução do problema?

_______________________________

Relate para turma como você chegou ao resultado.

Que operações matemáticas você utilizou?

Relate as dificuldades encontradas.

Você saberia registrar os cálculos realizados mentalmente?

Não

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d) Na casa de Paula, moram 3 pessoas. Ela relatou a estratégia escolhida para

determinar a faixa média de consumo de água na sua casa da seguinte forma:

“ 200 três vezes é 600 com 100 dá 700 juntando 50 fica 750”

Discuta com seus colegas a estratégia escolhida por Paula.

A professora de Paula utilizou a sentença abaixo para determinar a faixa média de

consumo na casa de Paula:

Quais as vantagens do uso do modelo utilizado pela professora?

Se na casa de Paula morassem 5 pessoas, poderíamos utilizar o mesmo modelo?

Registro

Sim

3 x 250 = 750

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e) Supondo que o gráfico de pizza represente um consumo de 1000 litros de água,

represente no gráfico o consumo médio de água da casa de Paula.

O cálculo da tarifa de água é progressivo, isto é, quanto maior o consumo, maior é o

preço a pagar no final do mês. Marque no quadro a seguir, com um “X”, outros

serviços que possuem tarifa progressiva.

Serviços

Telefonia ( )

Coleta de lixo ( )

Energia Elétrica ( )

Abastecimento de Gás ( )

Limpeza das vias públicas ( )

Transporte Urbano ( )

2) O próximo quadro representa o consumo médio de água de alguns equipamentos da

nossa casa.

Equipamento Tempo médio de uso Consumo médio

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Chuveiro comum 5 minutos 15 litros

Torneira de banheiro 5 minutos 12 litros

Torneira de cozinha 5 minutos 23 litros

Se uma pessoa toma banho por 10 minutos sem fechar a torneira do chuveiro, ela

consome em média 30 litros de água durante o banho.

Sabemos que:

10 minutos = 5 minutos + 5 minutos = 5 minutos x 2

Se a cada 5 minutos ela gasta em média 15 litros, em 10 minutos, ela gastará em média

15 litros + 15 litros = 30 litros

15 litros x 2

Se uma pessoa consome em média 36 litros de água para lavar o rosto sem fechar a

torneira da pia, ela utilizou em média 15 minutos para lavar seu rosto.

Sabemos que:

36 litros = 12 litros + 12 litros + 12 litros = 12 litros x _______

Se cada 12 litros são consumidos em 5 minutos, ela gastará em média

5 minutos + 5 minutos + 5 minutos = 15 minutos

_____minutos x 3

Com base no quadro relativo à pergunta 3, responda às questões:

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a) Uma pessoa que toma um banho de chuveiro durante 20 minutos, sem fechar a

torneira do chuveiro, consome, em média, quantos litros de água?

Resposta: _________________________________

Discuta com seus colegas a estratégia utilizada para chegar à solução do problema.

b) Para fazer sua barba, João deixa a torneira do banheiro aberta durante 15 minutos.

Quantos litros de água são gastos, em média, para que João faça a barba?

Resposta: ___________________________________

Qual a estratégia utilizada para chegar à solução do problema?

c) Ana lava as louças da casa sem fechar a torneira da pia enquanto as ensaboa. Se o

consumo médio para lavar a louça do almoço foi de 39 litros, durante quantos

minutos Ana utilizou a torneira?

Resposta: ___________________________________

Reflita com a turma a estratégia utilizada para chegar à solução do problema.

d) Vamos registrar os cálculos realizados para a obtenção das soluções dos problemas ?

3) O banheiro é a área da casa onde se usa mais da metade da água consumida. Assim,

é importante que, sejam evitadas as práticas de desperdício. Medidas simples, como

as listadas a seguir, podem ser adotadas, buscando não só combater o desperdício

como também reduzir o valor da conta no fim do mês.

(fonte: sites www.cma.al.gov.br e www.tvcultura.com.br/aloescola)

Ao escovar os dentes ou ao fazer a barba, deixe a torneira fechada. O banho não

deve ultrapassar 5 minutos e, se possível, feche a torneira enquanto se ensaboa.

Se uma pessoa escova os dentes em cinco minutos com a torneira não muito

aberta, gasta 12 litros de água. No entanto, se molhar a escova e fechar a torneira

enquanto escova os dentes e, ainda, enxaguar a boca com um copo de água,

consegue economizar mais de 11,5 litros de água.

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Ao lavar o rosto em um minuto, com a torneira meio aberta, uma pessoa gasta

2,5 litros de água. A dica é: colocar um tampão na pia e fazer do lavatório um

tanquinho.

Se o banho de 15 minutos com ducha consome 135 litros de água, prefira os

chuveiros comuns.

Ao fazer a barba em 5 minutos, com a torneira meio aberta, pode-se chegar a

gastar até 12 litros de água. Muita água pode ser economizada usando-se a pia

do mesmo jeito para lavar as mãos, fazendo um tanquinho do lavatório. Assim, o

gasto de água para fazer a barba cai para 2 litros.

Uma bacia sanitária com válvula, com o tempo de acionamento de 6 segundos,

gasta 10 litros de água. Quando a válvula está defeituosa, pode chegar a gastar

até 30 litros. Por isso, faça manutenção periódica e não deixe que a bacia

sanitária seja usada como lata de lixo.

Uma torneira mal fechada e pingando gasta 46 litros por dia, quantidade

suficiente para matar a sede de uma pessoa por 20 dias. Se, por descaso do

usuário, a torneira ficar não muito aberta por 15 minutos, o gasto será de 108

litros. Faça a manutenção das torneiras regularmente.

a) Antes de ir para o trabalho, Maria escova seus dentes por 5 minutos com a torneira

não muito aberta e toma banho por 30 minutos. Utilizando essas informações,

complete o quadro abaixo para medir a quantidade média de água que Maria

consumiu para escovar os dentes e tomar uma ducha.

Equipamento Tempo médio de uso Consumo médio

Torneira de banheiro 5 minutos _____litros

Ducha 30 minutos _____litros

Total: ____litros

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b) Suponhamos que,Maria esqueceu de fechar a torneira da pia enquanto tomava

banho. Qual o aumento do consumo de água?

Não

Que operações matemáticas você realizou “de cabeça”?

De quais informações você precisará para resolver o problema?

Resposta:

_______________

É possível resolver o problema “de cabeça”?

Por que o consumo de água irá aumentar?

Sim

Relate as dificuldades encontradas.

Pense nas estratégias utilizadas para a resolução mental do problema.

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c) Caso Maria não se esqueça de fechar a torneira da pia na hora do banho e adotar as

medidas de economia propostas anteriormente, no momento de escovar os dentes e

tomar banho, quantos litros de água poderão ser economizados?

Você saberia registrar os cálculos realizados mentalmente?

Não

Registro:

Relate as dificuldades encontradas.

Sim

Antes de resolver o problema, você deverá considerar as medidas de economia propostas.

Que medidas você deverá usar para resolver o problema?

Você saberia registrar os cálculos utilizados na resolução mental do problema?

Reflita, com os colegas da turma, as estratégias utilizadas para resolver o problema mentalmente.

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4) Elabore, em grupo, uma lista de medidas de economia para reduzir o consumo de

água na cozinha, utilizando verbos no infinitivo.

O hidrômetro é um aparelho utilizado para medir o consumo de água.

(foto: site www.copasa.com.br)

Eis uma dica da TV Cultura para detectar possíveis vazamentos: fechar todas as

torneiras e registros da casa e verificar no hidrômetro (o aparelho que mede o consumo

de água), se ocorre o movimento dos números ou do ponteiro do relógio. Caso isso

aconteça, certamente existe vazamento.

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Sugestão de pesquisa:

O volume de água consumido durante um determinado período é calculado

simplesmente pela diferença entre as leituras inicial e final do monitoramento. Escolha

um dia da semana, por exemplo, segunda-feira e anote pela manhã os números

registrados no hidrômetro de sua casa. Utilize água normalmente (como você e seus

familiares estão acostumados a fazer), até a manhã da próxima segunda-feira, quando

novamente os números registrados no hidrômetro deverão ser anotados. A diferença

entre os números representará o consumo de água durante o período. Após a última

anotação, consuma água obedecendo a algumas dicas de economia, até a próxima

segunda-feira. Novamente, anote os números registrados no hidrômetro e, em seguida,

calcule o consumo durante o período. De quanto foi a economia? Não se esqueça de

registrar as dicas que você escolheu.

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