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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL SEMINARIOS APLICADOS CARACTERISTICAS BOTANICAS, ASPECTOS NUTRICIONAIS E EFEITOS TERAPEUTICOS DO PEQUI (Caryocar brasiliense) Revisão da Literatura Juliana Carvalho de Almeida Borges Orientador: Eugênio Gonçalves de Araújo GOIANIA 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

SEMINARIOS APLICADOS

CARACTERISTICAS BOTANICAS, ASPECTOS NUTRICIONAIS E EFEITOS TERAPEUTICOS DO PEQUI (Caryocar brasiliense)

Revisão da Literatura

Juliana Carvalho de Almeida Borges Orientador: Eugênio Gonçalves de Araújo

GOIANIA

2011

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JULIANA CARVALHO DE ALMEIDA BORGES

CARACTERISTICAS BOTANICAS, ASPECTOS NUTRICIONAIS E EFEITOS TERAPEUTICOS DO PEQUI (Caryocar brasiliense)

Revisão da Literatura

Seminário apresentado junto à Disciplina Seminários Aplicados do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás

Nível: Mestrado

Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Linha de Pesquisa:

Patobiologia animal, experimental e comparada

Orientador: Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo – EVZ/UFG

Comitê de Orientação:

Profª. Drª. Veridiana Maria Brianezi Dignani de Moura – EVZ/UFG Drª. Yandra Cassia Lobato do Prado – EVZ/UFG

GOIANIA

2011

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................

2. REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................

2.1 Bioma Cerrado...............................................................................................

2.2 Caracterização Botânica do Pequi (Caryocar brasiliense)........................

2.3 Importância Econômica................................................................................

2.4 Aspectos Nutricionais do Pequi...................................................................

2.5 Efeitos terapêuticos do Pequi.......................................................................

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................

REFERÊNCIAS......................................................................................................

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Pequizeiro (Caryocar brasiliense). FONTE: PENNA (2008).............

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Figura 2 Fruto do pequizeiro (Caryocar brasiliense). FONTE: Globo Rural

(2003)..........................................................................................

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Caracterização físico-química do pequi (em 100g de polpa).

Adaptado de Silva et al., (1994); Sano et al., (1994)........................

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Tabela 2 Caracterização físico-química do pequi (em 100g de polpa).

Adaptado de Silva et al., (1994); Sano et al., (1994)........................

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Tabela 3

Composição percentual de ácidos graxos da polpa e amêndoa de

pequi. LIMA et al., (2007)..................................................................

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LISTA DE ABREVIATURAS

CEASA – Centrais de Abastecimento Regionais

cm – centímetro

g – grama

Kcal – quilocaloria

Kg – quilograma

mg – miligrama

ml – mililitro

μg – micrograma

NAD+ – nicotinamida adenina dinucleotídio

NADP+ – nicotinamida adenina dinucleotídio fosfato

ppm – partes por milhão

ROS – espécies reativas de oxigênio

% – porcentagem

α – alfa

β – beta

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1 INTRODUÇÃO

O Cerrado apresenta uma grande biodiversidade possuindo plantas

com alto potencial medicinal, alimentício, madeireiro e melífero. Isso se deve aos

diferentes tipos de solo, relevo e fitofisionomias desse bioma, representado por

formações florestais, savânicas e campestres. Porém, toda essa riqueza

encontra-se extremamente ameaçada devido ao ritmo acelerado em que o

Cerrado vem sendo devastado (RIBEIRO & WALTER, 2008).

A utilização da flora com propósito terapêutico é tão antiga quanto o

aparecimento da civilização humana, que procurava no reino vegetal alimentos,

abrigos e meios para alívio e cura de suas dores. Porém, logo após a Segunda

Guerra Mundial, houve a difusão do uso de fármacos sintéticos, o avanço dos

antimicrobianos e da vacinação em massa, ocasionando relativa perda do

prestígio e da credibilidade das terapias naturais (FARIA, 1998; OLIVEIRA &

AKISUE, 2000).

Dentre as plantas do Cerrado com potencial terapêutico, o Caryocar

brasiliense, o tradicional pequi, é uma espécie bastante promissora, apresentando

alta capacidade de neutralização de radicais livres, constituindo uma alternativa

viável de antioxidante natural. Além disso, o pequi é considerado uma das

espécies nativas do cerrado de maior interesse econômico, principalmente devido

ao uso do seu fruto na culinária, a extração de óleos para a fabricação de

cosméticos e suas propriedades terapêuticas (ROESLER et al., 2007; ROESLER

et al., 2008).

Na medicina popular, folhas e frutos são utilizados para tratamento de

afecções respiratórias, oftalmológicas e hepáticas, as sementes são usadas como

afrodisíacas. O óleo da polpa de pequi é amplamente usado como agente tônico

contra asma, gripe, resfriado e doenças broncopulmonares (ALMEIDA & SILVA,

1994; ROESLER et al., 2007).

O pequi tem ganhado a atenção de pesquisadores devido às atividades

terapêuticas antibacteriana, antifúngica, parasiticida e antioxidante (PASSOS et

al., 2001; HINNEBURG et al., 2006; PAULA-JUNIOR et al., 2006)

Embora a capacidade terapêutica do pequi e seus derivados, seja

muito difundida no conhecimento popular, existem poucos estudos demonstrando

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cientificamente a atividade biológica que elucide seu mecanismo de ação sobre

algumas afecções, assim como uma possível toxicidade que seus componentes

possam apresentar (ROESLER et al., 2008).

Diante do exposto, esta revisão da literatura tem o propósito de

apresentar o que se tem descoberto e comprovado cientificamente quanto à

atividade terapêutica do pequi e seus derivados, e com isso demonstrar a

importância desse e do bioma Cerrado para o desenvolvimento de possíveis

terapias contra variadas doenças, promovendo assim uma conscientização de

preservação dos recursos naturais.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Bioma Cerrado

O bioma Cerrado é um complexo vegetacional formado por árvores,

arbustos e gramíneas. É o segundo maior bioma brasileiro, perdendo somente em

tamanho para a Floresta Amazônica. Ele está localizado no Planalto Central e

abrange uma área de 204 milhões de hectares, correspondendo a cerca de 22%

do território nacional. O clima da região é tropical estacional, com períodos

chuvosos e não chuvosos, as temperaturas médias situam-se entre 22ºC e 27ºC.

O Cerrado constitui-se tanto em terrenos cristalinos, como em áreas sedimentares

e os solos apresentam baixa fertilidade e acidez elevada, sendo antigos,

profundos, bem drenados, distróficos e com alta toxidade, causada pelo acúmulo

de sílica e óxidos de alumínio e ferro (SILVA et al., 2001; CHAVES, 2003).

O Cerrado se destaca pela riqueza de sua biodiversidade, que pode

ser observada pela vasta extensão territorial, pela posição geográfica privilegiada,

pela heterogeneidade da flora e da fauna. Os frutos das espécies nativas desse

bioma apresentam valores nutricionais e medicinais, além de atrativos sensoriais

como cor, sabor, aromas peculiares e intensos, ainda pouco explorados

comercialmente. No entanto, cerca de 80% da área original já foi alterada de

alguma forma, restando apenas 20% de área natural (VIEIRA, 2007).

Após a chegada dos povos portugueses no Brasil, houve um período

inicial onde as áreas litorâneas foram ocupadas mais intensivamente e

posteriormente iniciou-se a ocupação das áreas centrais, onde está o Cerrado. A

mineração de ouro intensificou a migração para o interior do Brasil, por volta do

século XVIII, e com sua decadência ocorreu um aumento da ocupação ligada a

agricultura e a pecuária. A partir dos anos 60, a ocupação do Cerrado efetivou-se,

devido a política de modernização da agricultura que vinculou o setor agrícola ao

setor urbano-industrial, além disso, houve a introdução de políticas de integração

nacional e expansão da fronteira agrícola, o que causou a devastação de grandes

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áreas do bioma Cerrado que passaram a ser ocupadas por lavouras de

monoculturas (FUNES, 1986).

Atualmente o bioma é desafiado por duas realidades diferentes: a

grande possibilidade da produção de alimentos, sendo considerado um dos

maiores celeiros do mundo e da biodiversidade extremamente rica (PROENÇA et

al., 2000).

A taxa média de desmatamento do Cerrado, entre o período de 1985 e

2002, foi de 1,1% ao ano, representando uma perda de 2,2 milhões de hectares,

isso corresponde ao dobro do que é desmatado anualmente na Amazônia. Apesar

da existência de leis de proteção ambiental de fauna, flora, água e solo, as

mesmas são ignoradas pela maioria dos agricultores, que usam esses recursos

naturais erroneamente, na preocupação somente de maximizarem seus lucros

(MACHADO et al., 2004; VIEIRA, 2007).

As espécies botânicas do Cerrado são de grande importância para os

habitantes da zona rural, fornecendo-lhes alimentos, madeira para construções,

combustível, produtos de beleza, forragem para animais selvagens e domésticos

além de sua importância como medicamentos (FERREIRA, 1980; ANDERSEN,

1988; MATTEUCCI et al., 1995).

Em meados do século XX, após a Conferência Internacional Sobre

Cuidados Primários de Saúde, a Organização Mundial de Saúde expressou sua

posição a respeito da necessidade de valorizar a utilização de plantas medicinais

no âmbito sanitário, tendo em conta que 80% da população mundial utiliza essas

plantas ou preparações dessas. Ao lado disso, destacou-se a participação dos

países em desenvolvimento nesse processo, que já possuem 67% das espécies

vegetais do mundo (BRASIL, 2003).

No Brasil e em vários outros países, a intensificação dos trabalhos

etnobotânicos gera o conhecimento das espécies que são utilizadas, podendo

servir como instrumento para delinear estratégias de utilização e conservação das

espécies nativas e seus potenciais (MING, et al. 2000).

A riqueza do bioma Cerrado constitui-se de espécies vegetais capazes

de enfrentar grande período de estação de seca. Suas características

morfológicas permitem o acúmulo de reservas que frequentemente possuem

substâncias farmacologicamente ativas. Desta forma, essas plantas possuem

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muitas adaptações para resistir ao sol, às secas e as conseqüentes queimadas e

por esses motivos elas têm evoluído por milhões de anos (DEMMING-ADAMS &

ADAMS, 1992).

O pequi é um fruto encontrado em regiões tropicais, onde as plantas

recebem alta incidência de raios solares, o que favorece a geração de radicais

livres. Influenciadas pela alta quantidade de luz e calor, a síntese e atividade de

enzimas antioxidantes dessas plantas, tendem a aumentar, a fim de seqüestrar

radicais livres, além disso, tanto a polpa quanto a amêndoa do pequi são ricas em

lipídios. Essas condições favorecem a biossíntese de compostos secundários

com propriedades antioxidantes (LIMA et al., 2007).

O Cerrado é considerado um recurso natural renovável, sua vegetação

é de grande importância para a economia local, além de apresentar potencial

terapêutico e, havendo um manejo adequado desses recursos, pode gerar

ocupação permanente para um grande número de pessoas, fornecer matéria-

prima para a indústria, além de preservar a biodiversidade (POZO, 1997).

2.2 Caracterização Botânica do Pequi (Caryocar brasiliense)

O pequizeiro (Figura 1) é uma espécie arbórea nativa dos Cerrados

brasileiros, pertencente à família Caryocaraceae. Diversas espécies do gênero

Caryocar são conhecidas popularmente pelos nomes de pequi, piqui, piqui-do-

cerrado, amêndoa-de-espinho, grão-de-cavalo, pequiá. A espécie de maior

incidência no Brasil é o Caryocar brasiliense Camb, porém C. villosum, C.

coriaceum, C. barbinerve, C. crenatum e C. edulis também são encontradas no

país. Ocorre em todo o Cerrado, com distribuição nos estados da Bahia, Ceará,

Pará, Maranhão, Piauí, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas

Gerais, São Paulo e por essa razão, tem sido considerada, por alguns, como a

árvore símbolo do Cerrado. Algumas espécies também são encontradas nas

savanas da Costa Rica ao Paraguai (HERINGER, 1962; ALMEIDA & SILVA,

1994; ARAÚJO, 1995; MACEDO, 2005).

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FIGURA 1 – Pequizeiro (Caryocar brasiliense)

FONTE: PENNA (2008)

Etimologicamente, pequi se origina da palavra tupi ―pyqui‖, significando

casca espinhosa, devido a característica espinhosa do endocarpo (ALMEIDA &

SILVA, 1994).

O pequizeiro é uma planta perene, que pode ser classificada como

frutífera ou oleaginosa. Sua florescência ocorre durante os meses de agosto a

novembro, com a maturação dos frutos em meados de novembro, sendo

encontrados até o início de fevereiro (ALMEIDA et al., 1998).

O pequizeiro pode crescer até 15 m de altura. O tronco apresenta

circunferência de 2 a 3 metros, a casca é escura e os galhos são longos, grossos

e um pouco inclinados. Sua madeira é de cor amarelo pardo, sendo de grande

utilidade na construção de dormentes, esteios de currais e mourões. A copa é

larga e os galhos estendem-se pela lateral. As folhas são compostas, trifoliadas,

opostas, limbo oval, base aguda e obtusa no folíolo central e desigual nos folíolos

laterais, verdes e brilhantes, com ausência de pelos e de glândulas. Suas laterais

são serreadas, denteadas ou crenadas (ALMEIDA & SILVA, 1994).

O pequi é um fruto do tipo drupóide, globosa verde, composta por

pericarpo (casca) acinzentado ou verde-amarelado, mesocarpo (polpa) amarelo-

claro, carnoso, aromático e rico em tanino, endocarpo (envoltório do caroço)

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rígido e lenhoso por fora, recoberto por uma camada de espinhos finos e rígidos

com 2 a 5 mm de comprimento. As sementes são oleaginosas de cor branca

(amêndoa) e se apresentam em forma de um pequeno rim, em quantidade de

duas a três por fruto (Figura 2) (ALMEIDA & SILVA, 1994; ALMEIDA et al., 1998).

Em cada planta pode-se encontrar de 500 a dois mil frutos. Eles

apresentam de seis a 14 cm de comprimento por seis a dez cm de diâmetro. O

peso por unidade varia de 100 a 300 gramas. As sementes variam de um a quatro

por fruto (ALMEIDA & SILVA, 1994).

FIGURA 2 – Fruto do pequizeiro (Caryocar brasiliense)

Mesocarpo externo (seta), mesocarpo interno ou polpa (seta

pontilhada), endocarpo (seta em elípse) e semente (cabeça

da seta)

FONTE: GLOBO RURAL (2003)

2.3 Importância Econômica

O pequi é considerado uma das espécies nativas do cerrado de maior

interesse econômico, principalmente devido ao uso do seu fruto na culinária, a

extração de óleos para a fabricação de cosméticos e suas propriedades

terapêuticas (ALMEIDA & SILVA, 1994)

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A casca do pequizeiro apresenta propriedades tintoriais, fornecendo

tinta amarelo acastanhada, bastante empregada por tecelões, a casca também

pode ser utilizada em curtume. A sua madeira é largamente utilizada pelo fato de

ser bastante resistente, de alta qualidade e boa durabilidade, sendo utilizada

como moirões e lenha. Também é própria para xilografia, construção civil e naval,

dormentes, fabricação de móveis e fonte de carvão para siderúrgicas, devido aos

elevados teor de carbono e poder calorífico. Em Minas Gerais, as folhas do

pequizeiro são usadas na alimentação do gado bovino, caprino, ovino e, em

algumas regiões, das galinhas (ALMEIDA & SILVA, 1994; DOMBROSKI, 1997;

KEER et al. 2007).

A exploração de frutos do Cerrado é importante para a renda familiar

da comunidade rural, ela pode representar até 57% da renda anual do

trabalhador, o que corresponde a 500 reais por safra. No caso de Goiás a renda

obtida com a venda do pequi corresponde de 2 a 80% da renda do agricultor

familiar (GOMES, 2000; OLIVEIRA, 2006).

Embora haja pouca especialização nas atividades relacionadas com a

comercialização do pequi, os frutos do pequizeiro são comercializados em vários

mercados. Por exemplo, a microrregião de Iporá, em Goiás, possui viveiro com

produção de mudas de pequi em escala considerável. No município de Ivolândia,

também em Goiás, funciona uma agroindústria de conserva de pequi. A coleta é

realizada por meio extrativista e o comércio é realizado por vendedores

ambulantes, Centrais de Abastecimento Regionais (CEASA), supermercados e

feiras. Os produtos derivados do pequi são provenientes da agroindústria e

apresentam selo de certificado de qualidade. A maior dificuldade na

comercialização e no consumo constante do pequi é o período extenso da

entressafra (OLIVEIRA, 2006).

Na Central de Abastecimento do Estado de Goiás S.A. (CEASA-GO), o

volume de comercialização de frutos de pequizeiro, no ano de 2005, foi de

aproximadamente 1.680 tonelada, com um valor médio de venda de R$ 468,00 a

tonelada (LIMA et al., 2007).

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2.4 Aspectos Nutricionais do Pequi

A importância do pequi e do pequizeiro, no cenário nacional e também

internacional, está crescendo devido à sua versatilidade. A polpa do pequi é

altamente calórica, tem efeito tonificante, estimula o apetite, atua como fonte de

vitaminas e lipídeos, constituindo um recurso nutritivo importante para as

populações que o consomem (GUIMARÃES, 2003; RIGUEIRA, 2003).

O caroço com a polpa (mesocarpo), que apresentam odores e sabores

característicos, cozidos com arroz é o prato típico da população do Cerrado.

Também é comum ser misturado ao feijão, galinha, batido com leite, usado para o

preparo de licor e para extração de manteiga (ALMEIDA et al., 1998; ROESLER,

2007).

Estudos sobre o valor nutricional do pequi em diversas áreas do

Cerrado demonstraram grandes divergências, mas dentre as espécies nativas, ele

destaca-se com valores superiores em muitos componentes. O teor de proteína,

por exemplo, é inferior apenas ao Jatobá (Hymenaea courbaril) e ao Baru

(Dipteryx alata). Em relação ao conteúdo de lipídios, a polpa e a amêndoa do

pequi apresentam os maiores valores quando comparado às demais espécies,

assemelhando-se aos teores presentes no abacate (Persea gratissima), açaí

(Euterpe oleracea) e buriti (Mauritia flexuosa). O teor de fibra bruta contida na

polpa do pequi é considerado alto. Em relação às vitaminas, o teor de vitamina C

é maior que muitas frutas típicas ricas nesse componente (ALMEIDA et al., 1998;

VILAS BOAS, 2004; LIMA et al., 2007).

A tabela 1 apresenta os valores nutricionais encontrados por LIMA et

al. (2007), tanto da polpa quanto da amêndoa, de pequis coletados na zona rural

do município de Santa Rosa, no Piauí, em dezembro de 2004.

O teor de umidade do pequi é bastante alto e esse parâmetro

centesimal é um dos mais importantes a serem definidos. A quantidade de água

indica a qualidade e quantidade do alimento que o consumidor está adquirindo e

define um índice de estabilidade, no que se refere às reações de deterioração de

um alimento (RIGUEIRA, 2003).

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TABELA 1: Composição centesimal da polpa e amêndoa do pequi

em base úmida.

COMPOSIÇÃO

Pequi (mesocarpo)

Pequi (amêndoa)

Umidade (%) 41,50 + 2,00 8,68 + 0,08

Calorias (Kcal) 358,4 598,3

Carboidratos (g) 11,45 8,33

Proteínas (g) 3,00 + 0,13 25,27 + 0,74

Lipídeos (g) 33,40 + 3,76 51,51 + 0,35

Fibra (g) 10,02 + 0,2 2,20 + 0,1

FONTE: LIMA et al. (2007)

O consumo regular de fibras na dieta está relacionado com a redução

do risco de diversos quadros patológicos. LIMA et al., (2007) demonstraram que a

fibra presente na polpa de pequi atuou reduzindo os níveis de glicemia pós-

prandial.

Vitaminas também fazem parte dos componentes do pequi. SANO et

al., (1994) encontraram valores relevantes, que estão apresentados na tabela 2:

TABELA 2: Caracterização físico-química do pequi (em 100g de

polpa).

COMPOSIÇÃO

Pequi (mesocarpo)

Pequi (amêndoa)

Vitamina A (mg) 20,00 65,0

Vitamina B1 (mg) 0,030 0,010

Vitamina B2 (mg) 0,463 0,360

Vitamina C (mg) 12,0 6,1

Niacina (mg) 0,39 0,346

FONTE: Adaptada de SANO et al., (1994)

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As calorias fornecidas pela polpa e óleo de pequi correspondem a 18%

das necessidades calóricas de um adulto com uma dieta de 2.000Kcal. Isso torna

o pequi um recurso nutritivo importante para as populações que o consomem

devido ao fácil acesso ao alimento e principalmente o baixo custo (LIMA et al.,

2007).

Carotenóides são pigmentos amarelos, alaranjados e vermelhos

encontrados nos vegetais e frutas de coloração verde e amarela. Eles exercem

papel importante na diferenciação celular, atuam no sistema imunológico,

prevenindo infecções e apresentam efeitos benéficos contra doenças

relacionadas ao envelhecimento, agindo como quelante do oxigênio singlet (1O2)

molecular. Na indústria, os carotenóides são muito utilizados como suplementos

nutricionais e corantes alimentícios. A cor que eles dão aos frutos e vegetais, é

um importante atrativo na comercialização dos mesmos. Os carotenos α e β são

precursores de vitamina A e a conversão ocorre no fígado e no intestino. Vitamina

A é essencial para a visão. Dentre os frutos do cerrado, o teor de carotenóides do

pequi é superado apenas pela polpa de buriti. Os e carotenos juntos

representam 10% dos pigmentos carotenóides totais na polpa do pequi.

(DELGADO-VARGAS, et al., 2000; GOMES et al., 2005; LIMA et al., 2007).

A polpa do pequi apresenta uma considerável porcentagem de pectina.

A importância da pectina na tecnologia e no processamento de alimentos está

associada à sua função de conferir firmeza, retenção de sabor e aroma, bem

como ao seu papel como hidrocolóide na dispersão e estabilização de diversas

emulsões. Analisando os valores de pectina encontrados nas frutas normalmente

utilizadas na dieta dos brasileiros e comparando com o valor presente no pequi,

verifica-se que ele possui um teor de pectina representativo que é um dado muito

importante para a indústria de alimentos. A pectina apresenta valor nutritivo,

estimula a saliva e tem capacidade de aumentar o tempo necessário para o

esvaziamento gástrico devido a seu caráter hidrofílico, levando a um aumento da

saciedade e consequentemente a uma menor ingestão alimentar (SANO et al.,

1998; GANCZ, 2000; COPPINI et al, 2002).

A presença de tanino confere adstringência às frutas, prejudicando a

aceitação pelos consumidores. Durante o amadurecimento de algumas frutas

ocorre a condensação deste tanino, fazendo com que ele perca sua capacidade

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de solubilidade. Quando se ingere a fruta o tanino, insolúvel, não se dissolve na

saliva, reduzindo a sensação de adstringência, sendo que as frutas maduras

possuem menos tanino. O tanino é considerado como fator antinutricional, pois

inibe as enzimas digestivas tripsina, amilase e lipase, precipitando proteínas,

dificultando a digestão e a utilização biológica dos macro e micronutrientes da

dieta. A concentração de tanino no pequi maduro é considerada baixa comparada

à outras frutas conferindo baixa sensação de adstringência (SANO et al., 1998).

A vitamina B1 desempenha papéis metabólicos essenciais no

organismo. O pequi não apresenta alto teor de vitamina B1, sendo necessárias

fontes adicionais para uma suplementação. A deficiência de vitamina B1 causa

anorexia, perda de peso, sinais cardíacos e neurológicos. Geralmente esta

deficiência aparece na forma do beribéri doença em que pode gera inflamação de

um grupo de nervos periféricos (polineurite), confusão metal, perda muscular,

edema, neuropatia periférica, taquicardia e cardiomegalia (SINGLETON &

MARTIN, 2001)

A vitamina B2, riboflavina, é precursora de coenzimas que estão

envolvidas no ciclo respiratório, no metabolismo de carboidratos, aminoácidos,

lipídios e também atua como antioxidante. A riboflavina pode tanto contribuir

quanto inibir o estresse oxidativo através da sua dupla habilidade de produzir

superóxido e, ao mesmo tempo, poder estar envolvida na redução de

hidroperóxidos.

As recomendações atuais de riboflavina oscilam entre 0,4 mg a 1,3 mg

por dia para crianças e adultos, respectivamente. Cada 100 g de polpa de pequi

fornece aproximadamente 0,46 mg de vitamina B2, o que pouco acrescenta para

a dose diária recomendada. A deficiência dessa vitamina está associada a lesões

do tecido epitelial, ocular, cavidade oral e alopecia, dentre outras (MASSEY, 2000;

SOUZA et al, 2005).

A niacina, também conhecida como vitamina B3 é uma vitamina

hidrossolúvel precursora do NAD+ (nicotinamida adenina dinucleotídio) e do

NADP+, cofatores de enzimas muito importantes envolvidas em reações de oxi-

redução no metabolismo energético. O organismo deficiente em niacina fica

susceptível a uma fraqueza muscular, anorexia, indigestão e erupções cutâneas.

A deficiência grave leva à pelagra, que é caracterizada por dermatite, demência e

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diarréia. A niacina está composta na polpa e amêndoa do pequi, porém em teores

bastante reduzidos (HEGYI et al., 2004).

O ácido ascórbico participa dos processos celulares de oxirredução,

como também é importante na biossíntese das catecolaminas. Previne o

escorbuto, é importante na defesa do organismo contra infecções e fundamental

na integridade das paredes dos vasos sangüíneos. É essencial para a formação

das fibras colágenas existentes em praticamente todos os tecidos do corpo

humano (derme, cartilagem e ossos).

A dose recomendada para manutenção de nível de saturação da

vitamina C no organismo é de cerca de 100 mg por dia. Uma enorme variação

nos teores de vitamina C é observada entre as frutas do Cerrado e o pequi

disponibiliza a maior quantidade, que é superior ao de frutas tradicionalmente

consumidas pela população brasileira, como a laranja e o limão (MANELA-

AZULAY, 2003; RIGUEIRA, 2003).

A polpa e a amêndoa do pequi apresentam predominantemente ácidos

graxos insaturados. Os ácidos, oléico e palmítico, estão presentes em maiores

concentrações na polpa, com aproximadamente 55,87% e 35,17%,

respectivamente. Na amêndoa do pequi, esses ácidos se encontram em

quantidades semelhantes. Também estão presentes, no pequi, os ácidos

palmitoléico, esteárico, linoléico e outros ácidos graxos em menores quantidades,

que estão apresentados na tabela 3 (LIMA et al., 2007).

A principal fonte de reserva energética para o ser humano são os

ácidos graxos. Além deste papel energético, dois ácidos graxos são essenciais

para o homem: o linolênico (ômega-3) e o linoléico (ômega-6). Entre as principais

funções dos ácidos graxos estão a conformação das membranas celulares, sendo

também precursores de substâncias, como as prostaglandinas, tromboxanos e

leucotrienos. O ácidos graxo ômega-3 reduz a inflamação e ajuda na prevenção

de algumas doenças crônicas (SANO et. al., 1998; JONES, 2002).

TABELA 3 - Composição percentual de ácidos graxos da polpa e amêndoa de

pequi.

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Äcidos Graxos Pequi (mesocarpo) Pequi (amêndoa)

Láurico 0,04 ± 0,00 Não detectado

Mirístico 0,13 ± 0,01 0,46 ± 0,01

Palmítico 35,17 ± 0,27 43,76 ± 0,04

Palmitoléico 1,03± 0,00 1,23 ± 0,03

Esteárico 2,25 ± 0,04 2,54 ± 0,06

Oléico 55,87 ± 0,30 43,59 ± 0,16

Cis-vacênico 1,90 ± 0,08 1,38 ± 0,01

Linoléico 1,53 ± 0,02 5,51 ± 0,08

α-Linolênico 0,45 ± 0,00 0,09 ± 0,00

Araquídico 0,23 ± 0,00 0,20 ± 0,00

Gadoléico 0,27 ± 0,01 0,04 ± 0,00

Docosahexaenóico Não detectado 0,19 ± 0,02

Total de saturados 37,97 47,17

Total de insaturados 61,35 52,48

Não identificados 0,68 0,35

FONTE: LIMA et al., 2007.

O ácido graxo oléico é um monoinsaturado que muito interessa à

indústria de alimentos, onde é utilizado em diversas reações formando produtos

de alta qualidade porque origina menor quantidade de subprodutos indesejáveis.

Entre os ácidos graxos do pequi, os mais representativos são oléico e palmítico,

contribuindo consideravelmente para o elevado valor calórico do pequi. No

entanto, o consumo de pequi tanto na forma de polpa quanto na forma de óleo,

em altas doses não é indicado, pois demonstrou capacidade de elevar o

colesterol sangüíneo, levando ao desenvolvimento de doenças (VANNUCCHI et

al., 1998; RIGUEIRA, 2003).

Minerais, assim como vitaminas, não podem ser sintetizados pelo

organismo e, por isso, devem ser obtidos através da dieta. Não fornecem calorias,

mas se encontram no organismo desempenhando diversas funções fisiológicas

(STRAIN & CASHMAN, 2005).

Os vegetais são considerados fontes inadequadas de minerais quando

possuem interferentes negativos que atuam na absorção luminal, como a

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presença de ácido fítico, polifenóis e de fibra alimentar, os quais são quelantes

naturais de cálcio e outros minerais. O pequi disponibiliza pequenas quantidades

de minerais em sua composição (RIGUEIRA, 2003; STRAIN & CASHMAN, 2005).

Os compostos fenólicos compõem a grande classe dos fitoquímicos

alimentares. São classificados em flavonóides e não flavonóides. Propriedades

como a cor, a adstringência e o aroma dos vegetais são devidas aos compostos

fenólicos. Eles apresentam variadas funções, podendo atuar como antioxidantes,

como bloqueadores da ação de enzimas específicas que causam inflamação,

inibirem a aglomeração plaquetária e a ativação de carcinógenos (MANACH et al.,

2004; LIU, 2006).

Estudos recentes mostram que o C. brasiliense possui alta

concentração de fenóis, como flavonóide, quercetina e quercetina 3-O-arabinose

e componentes ácidos, como ácido gálico e ácido quínico no fruto e na casca,

principalmente, quando a extração é etanólica (KHOURI et al., 2007; ROESLER

et al., 2007; MIRANDA-VILELA et al., 2009).

LIMA et al. (2007) relataram que a polpa do pequi possui valores de

fenólicos totais superiores aos encontrados na maioria das polpas de frutas

consumidas pela população do Brasil, porém a amêndoa apresenta um teor

reduzido de fenólicos, demonstrando que a polpa do pequi é um alimento com

elevado potencial antioxidante.

Nos últimos anos, pesquisas têm sido realizadas no campo de

medicamentos e gêneros alimentícios para o estudo de antioxidantes,

principalmente aqueles de origem natural. Inúmeros fatores afetam a qualidade de

vida da sociedade moderna e o consumo diário, de antioxidantes naturais podem

proteger contra danos oxidativos causados por espécies reativas de oxigênio

(ROS), incluindo danos ao DNA, reduzindo o risco de câncer, aterosclerose

e outras doenças degenerativas que vêm acometendo a populaçao cada vez mais

(MIRANDA-VILELA et al., 2008; ROESLER et al, 2008).

2.5 Efeitos terapêuticos do Pequi

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O consumo de frutas e vegetais tem sido associado a uma menor

incidência e mortalidade por diversas doenças crônicas não-transmissíveis. A

proteção que esses alimentos oferecem, contra doenças isquêmicas, cardio e

cerebrovasculares e câncer, está teoricamente associada aos constituintes

químicos com propriedades antioxidantes, ou seja, substâncias capazes de doar

ou receber um elétron de um radical livre, inativando-o (HINNEBURG et al.,

2006).

Ainda existem poucos estudos científicos relatando a relação entre as

atividades biológicas e os usos etnobotânicos pela medicina herbal tradicional, a

fim de validá-los (ROESLER et al., 2008).

OLIVEIRA & GILBERT (1968) avaliaram o efeito do extrato etanólico de

seis compostos isolados das folhas do pequi – friedelina, friedelanol, ácido

oleanólico, β-sitosterol, estigmansterol e β-amirina – sobre camundongos

portadores do sarcoma 180 na forma sólida e somente o ácido oleanólico

demonstrou efeito inibidor (entre 15 a 67%) sobre o desenvolvimento do tumor,

podendo esse, ter propriedades antitumorais.

SANTIAGO (1998) isolou e caracterizou proteínas do extrato de

diferentes partes do fruto (epicarpo, mesocarpo e endocarpo) e das sementes do

pequi. Desses, somente o extrato do endocarpo promoveu diminuição da

viabilidade de formas taquizoítas de Toxoplasma gondii. A análise pormenorizada

do citoesqueleto do protozoário demonstrou alterações morfológicas interna e

externa, com assimetria do conjunto de microtúbulos e extrusão e alteração

estrutural do conóide.

O pequi tem sido relatado por possuir atividade antifúngica. A questão

da toxicidade dos agentes antifúngicos e o surgimento de resistências

microbiológicas levaram à necessidade do desenvolvimento de novos antifúngicos

que apresentassem maiores vantagens sobre os fármacos já existentes. PASSOS

et al., 2001 demonstraram a bioatividade do óleo essencial das sementes de

pequi em testes de suscetibilidade in vitro sobre isolados de Cryptococcus

neoformans e Paracoccidioides brasiliensis. Esses mesmos autores, em 2002,

avaliaram a atividade antifúngica do pequi sobre Cryptococus neoformans var.

neoformans e, constataram que todas as partes do fruto apresentavam atividade

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antifúngica, sendo que a cera retirada das folhas apresentavam atividades mais

elevada, inibindo o crescimento de 91,3% dos isolados do microorganismo.

Em 2002, BEZERRA et al., utilizaram extrato etanólico das folhas e das

cascas de pequi, na concentração de 100 ppm, e observaram a morte de 90% de

uma população de Biomphalaria glabatra, hospedeiro intermediário do

Schistosoma mansoni, agente etiológico da esquistossomose. Os autores ainda

detectaram em ambos os extratos taninos condensados, taninos hidrolisáveis e

flavonóides e no extrato das folhas, terpenos.

HERZOG-SOARES et al. (2002) avaliaram o efeito do extrato bruto

etanólico da casca do pequi (400 ppm) em camundongos infectados, via

intraperitoneal, com formas tripomastigotas da cepa Y do Trypanosoma Cruzi e

observaram, no oitavo dia, uma significativa interferência sobre a curva de

parasitemia, frente ao grupo controle, com reduzido número de parasitos no

sangue.

PAULA-JUNIOR et al. (2006) demonstraram a capacidade do extrato

hidroetanólico, das folhas de pequi, em interferir com o crescimento de diferentes

grupos de microorganismos patogênicos para humanos. O extrato hidroetanólico

das folhas de pequi, nas concentrações de 2,5 e 5,0 mg/ml, inibiu a proliferação

de formas promastigotas de Leishmania amazonensis (106 parasitas/ml x 106) e

esse efeito foi superior aos efeitos do antimoniato de meglumina (Glucantime),

droga de escolha para o tratamento da leishmaniose.

KHOURI et al. (2007) avaliaram a eficácia do extrato aquoso da polpa

do pequi contra mutagenicidade, induzida por ciclofosfamida e bleomicina, e os

resultados sugeriram que potencial antimutagênico possivelmente ocorreu

devido às propriedades antioxidantes do pequi.

ALMEIDA et al. (2009) investigaram a toxicidade do extrato

hidroalcóolico do farelo da casca de pequi, na diluição 10-1, inoculado via

intraperitoneal em camundongos e relataram toxicidade aguda. A dose letal foi

igual a 0,31mg.mL-1.

ROESLER et al. (2010) avaliaram a citotoxicidade e a fototoxicidade, in

vitro, do extrato etanólico da casca do pequi na concentração de até 3000 μg.ml-1

(máxima solubilidade desse extrato) e, verificou a produção de um precipitado no

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meio de cultura celular, que causou apenas uma diminuição da viabilidade celular.

O extrato etanólico da casca do pequi não apresentou potencial fotótoxico.

Na literatura não existiam informações sobre a ação neuroprotetora do

extrato das diferentes partes do pequi em lesões de isquemia e reperfusão.

Diante disso, MIGUEL et al., (2011) avaliaram a ação neuroprotetora do extrato

etanólico da casca de pequi em cérebros de ratos submetidos à isquemia global

transitória e reperfusão. A conclusão foi que o extrato etanólico da casca de pequi

em maiores concentrações (300 e 600mg/kg) apresentou possível atividade

neuroprotetora, por ter reduzido o número de neurônios isquêmicos,

principalmente na região do córtex frontal.

A dificuldade de encontrar dados na literatura, demonstrando

cientificamente a atividade biológica das diversas partes do pequi e potenciais

toxicidades, reforça a necessidade de estudos dessa natureza que trarão grande

contribuição para utilização segura do pequi, e de diversas outras plantas, por

humanos e animais (ALMEIDA et al., 2009).

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A biodiversidade do Brasil é uma das maiores do mundo. A savana

brasileira, conhecida como Cerrado, é o segundo maior bioma do país, sendo

considerada uma fonte de substâncias biologicamente ativas, ainda não

totalmente exploradas.

A flora do Cerrado é muito utilizada na medicina popular e o pequi

(Caryocar brasiliense), ultimamente, tem sido alvo de inúmeras pesquisas devido

à riqueza dos seus nutrientes e componentes, além disso, o pequizeiro tem ampla

utilização econômica pela população local.

A polpa e a casca do pequi apresentam quantidades expressivas de

compostos fenólicos, potenciais antioxidantes. Pesquisas por antioxidantes,

principalmente de origem natural, têm sido realizadas no intuito de proteger o

organismo contra danos oxidativos, causados por radicais livres, os quais geram

uma vasta quantidade de condições patológicas de elevada morbimortalidade.

A insatisfação com a medicina convencional, o uso abusivo ou

incorreto de drogas sintéticas, a crescente resistência microbiana a

medicamentos, os efeitos adversos e tóxicos, o custo-benefício e a dificuldade de

acesso da grande maioria da população a esse tipo de tratamento são fatores que

revelam a necessidade de se pesquisar, mais intensamente, as potenciais

atividades biológicas do pequi, e também de outras plantas do Cerrado, tanto em

cobaias quanto em cultivos celulares, a fim de encontrar resultados satisfatórios,

visando melhoria da saúde coletiva.

O potencial de utilização do Cerrado é enorme e precisa ser aplicado

de forma sustentável com o intuito de preservar a biodiversidade. A promoção da

pesquisa, do ecoturismo, da criação de abelhas para comercialização do mel,

cera e própolis, cultivo de plantas ornamentais, que podem ser empregadas no

paisagismo em geral, manejo de animais silvestres como o catitu, a queixada,

capivara, ema, veados e aves são alternativas que aliam preservação de fauna e

flora e obtenção de retorno econômico.

Caso medidas de proteção ao Cerrado não sejam implementadas

rapidamente, em pouco tempo esse bioma poderá romper-se por completo, de

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maneira irreversível, com repercussões diretas para o meio ambiente e para o

país que perderá uma importante alternativa econômica.

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