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i CARACTERIZAÇÃO DE FITAS SUPERCONDUTORAS 2G NA PRESENÇA DE CAMPOS MAGNÉTICOS COM DIFERENTES ÂNGULOS DE INCIDÊNCIA Pedro Barusco Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Eletricista. Orientador: Prof. Flávio Martins Goulart Rio de Janeiro Março de 2016

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i

CARACTERIZAÇÃO DE FITAS SUPERCONDUTORAS 2G NA

PRESENÇA DE CAMPOS MAGNÉTICOS COM DIFERENTES ÂNGULOS DE

INCIDÊNCIA

Pedro Barusco

Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Eletricista.

Orientador: Prof. Flávio Martins Goulart

Rio de Janeiro

Março de 2016

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CARACTERIZAÇÃO DE FITAS SUPERCONDUTORAS 2G NA PRESENÇA DE CAMPOS

MAGNÉTICOS E DIFERENTES ÂNGULOS DE INCIDÊNCIA

Pedro Barusco

PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA

ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO

PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

ELETRICISTA.

Aprovada por:

___________________________________

Prof. Flávio Martins Goulart, M.Sc. (orientador)

____________________________________

Prof. Rubens de Andrade Jr., D.Sc.

____________________________________

Wescley Tiago Batista de Sousa, D.Sc.

____________________________________

Prof. Felipe Sass, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO DE 2016

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Barusco, Pedro

Caracterização de Fitas Supercondutoras 2G na

Presença de Campos Magnéticos com diferentes ângulos

de incidência/ Pedro Barusco. – Rio de Janeiro: UFRJ/

Escola Politécnica, 2016.

XI, 84 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Prof. Flávio Martins Goulart

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Elétrica, 2016.

Referencias Bibliográficas: p. 70-71.

1. Fitas Supercondutoras 2. Modelagem Fitas 2G. I. de

Andrade Junior, Rubens, et al. II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Programa de Engenharia Elétrica. III. Título.

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iv

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

CARACTERIZAÇÃO DE FITAS SUPERCONDUTORAS 2G NA PRESENÇA DE CAMPOS

MAGNÉTICOS E DIFERENTES ÂNGULOS DE INCIDÊNCIA

Pedro Barusco

Março/2016

Orientador: Flávio Goulart Martins dos Reis

Curso: Engenharia Elétrica

A supercondutividade é um fenômeno observado em certos materiais que, em

temperaturas criogênicas, adquirem novas propriedades. Desde 2000, diversas empresas

buscam usar essas propriedades dos supercondutores na construção de fios no formato de

fitas condutoras flexíveis, capazes de transportar elevados valores de corrente com baixíssimas

perdas. Essas estruturas conhecidas como fitas supercondutoras, já se encontram na sua

segunda geração (2G), e atualmente, é a tecnologia mais propensa para ser adaptada em

equipamentos elétricos que utilizam tecnologia supercondutora. Alguns exemplos são:

máquinas elétricas, limitadores de corrente de curto-circuito, eletromagnetos supercondutor e

veículos de levitação magnética (Maglev). No entanto, a falta de uma teoria que descreva a

supercondutividade nos materiais utilizados nas fitas 2G, gera a necessidade de um forte

conhecimento empírico desses antes de poderem ser implementados de forma prática em

projetos. Neste trabalho, um sistema de caracterização eletromagnética foi criado para

conduzir testes experimentais em amostras de fitas 2G, a fim de se estudar como o

posicionamento de fitas em campos magnéticos de diferentes intensidades afeta a capacidade

de transporte de corrente. Após todo o aparato experimental ser montado, quatros amostras

de fitas supercondutoras 2G foram caracterizadas e seus resultados utilizados em uma

modelagem matemática pré-existente, para averiguar compatibilidade com o modelo.

Palavras-chave: Supercondutividade, Fitas 2G, Caracterização Eletromagnética

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

SUPERCONDUCTING 2G TAPE CHARACTERIZATION IN THE PRESENCE OF MAGNETIC FIELDS AND DIFFERENT ANGLES OF INCIDENCE

Pedro Barusco

March/2016

Advisor: Flávio Martins Goulart dos Reis

Course: Eletrical Engineering

Superconductivity is a phenomenon observed in certain materials that acquire new properties at cryogenic temperatures. Since 2000, many companies seek to use these properties of superconductors in the construction of flexible tape shape conductive wires, capable of delivering high current values with very low losses. These structures known as superconducting tapes, already in its second generation (2G), are currently the most likely technology to be adapted in electrical equipametos using superconducting technology. Some examples are: electrical machines, short-circuit current limiters, superconducting electromagnets and magnetic levitation vehicles (Maglev). However, the lack of a theory that describes superconductivity of the materials used in the 2G tapes creates the need for a strong empirical knowledge of these before they can be implemented in projects. In this work an electromagnetic characterization system was created to conduct experimental tests on samples of 2G tapes, in order to study how the positioning of tapes in magnetic fields of different intensities affect the current carrying capaciade. After all the experimental apparatus is mounted, four samples of 2G superconducting tapes were characterized and the results used in a pre-existing mathematical modeling to determine compatibility with the template.

Keywords: Superconductivity, 2G tapes, Eletrical Characterization

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Sumário

1. Introdução ................................................................................................................. 1

1.1. Trabalhos Relacionados..................................................................................... 1

1.2. Motivação .......................................................................................................... 1

1.3. Objetivos ........................................................................................................... 2

1.4. Organização ....................................................................................................... 2

2. Teoria......................................................................................................................... 3

2.1. Supercondutividade .......................................................................................... 3

2.2. Fitas Supercondutoras HTS ............................................................................. 14

2.3. Curvas de Caracterização ................................................................................ 17

2.4. Modelagem Matemática de ....................................................... 21

3. Equipamentos e Metodologia ................................................................................. 24

3.1. Fitas Caracterizadas ......................................................................................... 24

3.2. Equipamentos de Contato e resfriamento ...................................................... 25

3.3. Equipamentos do eletromagneto ................................................................... 30

3.4. Equipamentos de medição e aquisição ........................................................... 39

3.5. Rotinas em Matlab para análise das curvas V x I ............................................ 53

4. Resultados ............................................................................................................... 55

4.1. Ensaio para as fitas da SuperOX ...................................................................... 55

4.2. Ensaios para fita da Super Power .................................................................... 59

4.3. Ensaio para fita da SuNAM .............................................................................. 62

4.4. Análise Comparativa........................................................................................ 64

5. Conclusões e Trabalhos Futuros .............................................................................. 68

6. Referências Bibliográficas ....................................................................................... 69

7. Apêndices ................................................................................................................ 71

7.1. Rotina em Matlab para leitura do arquivo texto ............................................ 71

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7.2. Rotina em Matlab para geração dos gráficos ................................................. 72

7.3. Rotina em Matlab para ajuste da curva ..................................... 73

8. Anexos ..................................................................................................................... 76

8.1. Datasheet da Fita Superpower 2G-HTS SCS4050 ............................................ 76

8.2. Instruções da Soldagem da Fita ...................................................................... 78

8.3. Datasheet do Kapton ....................................................................................... 79

8.4. Informações Servo motor................................................................................ 83

8.5. Informações G10 ............................................................................................. 84

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viii

Índice de Figuras

Figura 2.1.1-1 – Supercondutividade delimitada por seus parâmetros críticos [9] .................. 4

Figura 2.1.2-1 – Curva esboço do campo dentro do supercondutor ....................................... 5

Figura 2.1.5-1 – Supercondutores do Tipo I e II imersos em campo magnético [9] .................. 8

Figura 2.1.5-2 – Diagrama de fase dos supercondutores Tipo I e II em relação ao campo magnético [9]. .............................................................................................................. 9

Figura 2.1.6-1 – Rede de Abrikosov em um supercondutor do Tipo II [9] .............................. 10

Figura 2.1.6-2 – Parametros e usados para dimensionar os centros de aprisionamento de fluxo [9] ................................................................................................................. 10

Figura 2.1.7-1 – Modelo de atração dos Pares de Copper. ................................................... 11

Figura 2.1.8-1 – Densidade de corrente fluindo por um supercondutor do tipo II [9] ............ 12

Figura 2.1.8-2 – Parâmetros teóricos e práticos dos supercondutores do tipo II [9] .............. 13

Figura 2.2.2-1 – Esquema do corte laminar da fita Superpower 2G-HTS SCS4050 ................. 16

Figura 2.2.2-2 – Foto de um trecho da fita Superpower 2G-HTS SCS4050 ............................. 16

Figura 2.3.2-1 – Esboço da curva para um supercondutor [4] ........................ 18

Figura 2.3.3-1 – Diagrama do ângulo de incidência do campo externo com relação a superfície da fita ........................................................................................................ 19

Figura 2.3.4-1 – Geometria empregada na medição de quatro pontas [23] .......................... 20

Figura 3.1.1-1– Foto das fitas 2G HTS utilizadas. (1) SuperOx#2014-03-C, (2) SuperOx#2014-10-R, (3) SuNAM#SCN04200, (4) SuperPower#SCS4050-AP-i ........................................ 24

Figura 3.2.1-1 – Vista montada e explodida do primeiro Porta Amostra .............................. 25

Figura 3.2.2-1 - Vista montada do segundo Porta Amostra .................................................. 26

Figura 3.2.2-2 – Vista explodida do segundo Porta Amostra ................................................ 26

Figura 3.2.3-1 – Vista montada do Terceiro Porta Amostra .................................................. 27

Figura 3.2.3-2 – Vista explodida do Terceiro Porta Amostra ................................................ 27

Figura 3.2.3-3 - Foto do terceiro Porta Amostra desmontado já adaptado com sondas para contato de tensão ...................................................................................................... 28

Figura 3.2.3-4 – Esquema das sondas de tensão no terceiro porta amostra .......................... 28

Figura 3.2.4-1 – Recipiente para NL2 com suporte posicionado ........................................... 29

Figura 3.3.1-1 – Vista frontal do eletromagneto EM4 – HV .................................................. 30

Figura 3.3.2-1 – Foto da fonte LakeShore 662 e seu esquema .............................................. 31

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Figura 3.3.3-1 – Foto do Chiller Neslab Merlin modelo M75 e seu esquema ......................... 31

Figura 3.3.4-1 – Diagrama Simplificado de um Servomotor ................................................. 32

Figura 3.3.4-2 – Diagrama dos fios de interface do servo motor .......................................... 33

Figura 3.3.4-3 – Sinal de Controle do Servo Motor .............................................................. 33

Figura 3.3.4-4 – Servomotor HX12K .................................................................................... 34

Figura 3.3.4-5 – Esquema do servomotor HX12K e suas principais dimensões ...................... 34

Figura 3.3.5-1 – Esquema do sensor Hall CYSJ106C .............................................................. 35

Figura 3.3.6-1 – Diagrama do Campo entre as peças polares do Eletromagneto à esquerda e à direita diagrama do porta amostra imerso no campo .................................................. 36

Figura 3.3.6-2 – Diagrama do ângulo relativo do campo com o eixo de Simetria do Porta Amostra ..................................................................................................................... 37

Figura 3.3.6-3 – Diagrama do Porta Amostra com Sensor de Efeito Hall ............................... 38

Figura 3.4.1-1 – Foto da fonte Agilent 6671A e seu esquema ............................................... 39

Figura 3.4.1-2 – Conexão do resistor shunt e seu esquema .................................................. 40

Figura 3.4.1-3 – Esquema do painel frontal do nanovoltímetro Keithley 2182A .................... 40

Figura 3.4.2-1 - Placa da National Instruments modelo NI SCB-68 ....................................... 41

Figura 3.4.3-1 – Foto do conector GPIB conectado ao adaptador Keithley GPIB/USB e seu esquema .................................................................................................................... 42

Figura 3.4.4-1 – Esquema da Montagem dos equipamentos do sistema de caracterização ... 43

Figura 3.4.4-2 – Foto do sistema de caracterização ............................................................. 43

Figura 3.4.5-1 – Tela da aba de Configuração no LabView ................................................... 44

Figura 3.4.5-2 – Tela da aba de Entrada de Dados no LabView ............................................. 45

Figura 3.4.5-3 – Tela da aba de Ensaio no LabView .............................................................. 46

Figura 3.4.6-1 – Tela Principal do Novo programa em LabView ............................................ 47

Figura 3.4.6-2 – Fluxograma do Bloco de Programação “Rotina de Mapeamento de campo” 48

Figura 3.4.6-3 - Diagrama do movimento do porta amostra durante “Varredura Primária” . 48

Figura 3.4.6-4 - Diagrama do movimento do porta amostra durante“Varredura Secundária” .................................................................................................................................. 49

Figura 3.4.6-5 – Diagrama do porta amostra na posição de 90°com relação ao campo ......... 49

Figura 3.4.6-6 - Fluxograma do Bloco da “Rotina de Corrente e Aquisição” .......................... 50

Figura 3.4.6-7 – Modelo do arquivo.txt gerado pelo programa ............................................ 51

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Figura 3.5.1-1 - Tela e Comando pós chamada da função leitura.m para o arquivo superOx#2014-03-C_100mT.txt ................................................................................... 53

Figura 3.5.2-1 - Gráficos exponencial e linear VxI normalizados ........................................... 54

Figura 4.1.1-1 – Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuperOx#2014-03-C sem presença de campo magnético.............................................. 55

Figura 4.1.1-2 – Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuperOx#2014-10-R sem presença de campo magnético ............................................. 56

Figura 4.1.2-1 - Gráfico das curvas para amostra de fita SuperOx#2014-03-C ............ 56

Figura 4.1.2-2 – Gráfico das curvas para amostra de fita SuperOx#2014-10-R ............ 57

Figura 4.1.3-1 – Modelagem da fita SuperOx#2014-03-C ..................................................... 58

Figura 4.1.3-2 – Modelagem da fita SuperOx#2014-10-R ..................................................... 58

Figura 4.2.1-1 - Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuperPower#SCS4050-AP-I sem presença de campo magnético ................................... 59

Figura 4.2.2-1 – Gráfico das curvas IC x θ para amostra de fita SuperPower#SCS4050-AP-I ... 60

Figura 4.2.3-1 – Curvas experimental antes e depois de realizar a média. ......... 61

Figura 4.2.3-2 – Ajuste da fita SuperPower#SCS4050-AP-i ................................................... 61

Figura 4.3.1-1 – Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuNAM#SCN04200 sem presença de campo magnético ............................................... 62

Figura 4.3.2-1 - Gráfico das curvas IC x θ para amostra de fita SuNAM#SCN04200 ............... 63

Figura 4.3.3-1 – Ajuste da fita SuNAM#SCN04200 ............................................................... 64

Figura 4.4.1-1 – Curvas para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM .................................................................................................................................. 64

Figura 4.4.1-2 – Curvas para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM .. 65

Figura 4.4.1-3 – Curvas de para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM ...................................................................................................................... 65

Figura 4.4.1-4 – Curvas de para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM ...................................................................................................................... 66

Figura 4.4.1-5 – Curvas de para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM 66

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Lista de Símbolos

– Temperatura

– Campo magnético

– Densidade de campo magnético

– Densidade de corrente

– Temperatura crítica da supercondutividade

– Campo magnético crítico da supercondutividade

– Densidade de corrente crítica da supercondutividade

– Campo Elétrico

– Permeabilidade Magnética do Vácuo

– Profundidade de Penetração de London

– Primeiro campo magnético crítico do supercondutor de Tipo II

– Segundo campo magnético crítico do supercondutor de Tipo II

– Comprimento de Coerência

– Energia livre

– Energia livre no estado normal

– Quantidade de supereletrons

– Quanta de Fluxo Magnético

– Constante de Planck

– Carga Elementar

– Razão de Ginzburg-Landau

– Campo magnético no interior do Fluxóide

– Força de Lorentz

– Densidade de corrente de transporte no supercondutor

– Velocidade de deslocamento do Fluxóide

– Campo elétrico induzido pelo deslocamento do Fluxóide

– Campo Magnético Irreversível

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1. Introdução

Essa sessão serve para contextualização do leitor sobre o tema do trabalho, seus objetivos

e como toda abordagem está organizada. Começando com citação de trabalhos relacionados,

busca-se montar o cenário no qual este trabalho está inserido. Em seguida, explica-se a

motivação que levou a execução do mesmo e os objetivos que se espera com esse estudo. Por

final um resumo básico da organização do texto.

1.1. Trabalhos Relacionados

Até 1986 eram poucas as aplicações tecnológicas da supercondutividade devido a

restrições envolvendo criogênia. Mas esse interesse foi revigorado com a descoberta dos

supercondutores de elevada temperatura crítica. Desde então, diversos equipamentos

utilizando a tecnologia supercondutora de bulks têm sido desenvolvidos. Especialmente a

partir de 2000, com o surgimento do conceito de fitas supercondutoras que aumentaram a

versatilidade da implantação de supercondutores em projetos de engenharia. Atualmente, as

fitas supercondutoras estão na segunda geração (Fitas 2G) e com grandes fabricantes como a

American Superconductors, Super Power e SuperOx produzindo quilômetros de fita em larga

escala e alta homogeneidade, o cenário está cada vez mais favorável para desenvolvimento

dessa tecnologia.

São várias as aplicações que podem ser citadas para as Fitas 2G: Mancais magnéticos

[1] [2] [3], distribuição de alta potência, limitadores de corrente de curto circuito [4] [5],

veículos de levitação magnética (Maglev) [6] [7] [8], máquinas elétricas [9], eletromagnetos de

alto campo, magnetômetro SQUID (Superconducting Quantum Interference Device),

ressonância magnética nuclear (RMN), armazenador de energia supercondutor SMES [10]

(Superconducting Magnetic Energy Storage) e muitos outros.

1.2. Motivação

Nessa franca expansão de trabalhos voltados utilizando materiais supercondutores, o

Laboratório de Apicações de Supercondutores (LASUP) tem por objetivo a pesquisa e

desenvolvimento de dispositivos supercondutores para meios de transporte e sistemas

elétricos de potência. Atualmente, seus trabalhos são voltados especialmente para aplicação

em limitadores de corrente, mancais magnéticos e veículo de levitação magnética MagLev

Cobra.

Com tantas possibilidades de aplicações na área de engenharia, é evidente a

necessidade de se conhecer o melhor possível as propriedades eletromagnéticas das Fitas 2G a

fim de se garantir um melhor aproveitamento de seu potencial nos atuais projetos em

andamento no LASUP e abrir caminhos para o desenvolvimento de novas aplicações.

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1.3. Objetivos

Este trabalho teve como objetivo a caracterização de fitas supercondutoras de

segunda geração (Fitas 2G) na presença de campos magnéticos em diferentes ângulos de

incidência de campo com relação a fita. A caracterização elétrica realizada baseia-se na relação

entre a densidade de corrente aplicada ao material e o campo elétrico induzido. Em estudos

anteriores feitos no LASUP já se era possível realizar caracterizações sobre a presença de

diferentes campos magnéticos. No entanto, o posicionamento da fita no campo era uma nova

variável que ainda não havia sido analisada. De forma complementar, a implantação de um

sistema de posicionamento em campo magnético em sincronismo com a caracterização não

seria uma tarefa trivial.

Tendo em mente que esse processo de caracterização envolve posicionamento das

amostras de fitas em campos magnéticos, o foco desse trabalho foi o desenvolvimento do

sistema de posicionamento capaz de fornecer a caracterização desejada. Todo o novo sistema

foi trabalhado em cima de um sistema pré-existe, sendo que alguns aspectos foram mantidos

e outros tiveram de ser totalmente recriados para atender a certas necessidades do estudo.

Após finalizado o novo sistema de caracterização, realizaram-se alguns ensaios para coleta de

dados e averiguar sua eficiência.

1.4. Organização

Este trabalho foi organizado em 8 sessões. Primeiramente na introdução apresenta-se

as motivações para tal trabalho junto com os objetivos traçados. Na segunda sessão é

apresentado um pouco da história da supercondutividade e seus fundamentos teóricos. Na

sessão 3 são descritos os equipamentos, materiais e métodos envolvidos durante o estudo. Na

sessão 4 são apresentados os resultados da metodologia proposta na sessão 3. Esses

resultados serão discutidos e concluídos na sessão 5, junto com propostas de trabalhos

futuros. A sessão 6 ficou reservada para as referências bibliográficas e as sessões 7 e 8 para o

apêndice e os anexos, respectivamente.

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2. Teoria

2.1. Supercondutividade

A supercondutividade é um estado verificado em certos materiais sob baixas

temperaturas onde a partir de uma dada temperatura algumas das propriedades desses

materiais são alteradas abruptamente. O próprio nome expõe a propriedade mais conhecida

que é a resistência elétrica nula adquirida pelo material quando os elétrons livres que realizam

a condução elétrica transitam livremente na rede cristalina. Essas e outras características

intrínsecas que aqui serão apresentadas nos permitem classificar este fenômeno como um

novo estado da máteria.

2.1.1 A Descoberta da Supercondutividade

O fenômeno da Supercondutividade foi relatado pela primeira vez em 1911 pelo físico

holandês Hieke Kamerlingh Onnes. Ele atuava no campo da refrigeração a temperaturas

próximas de 0 K, conseguindo em 1908, em seu laboratório em Leiden, produzir pequenas

quantidades de hélio líquido [11].

Já no século XIX era sabido que metais tinham sua resistência elétrica reduzida quando

resfriados. No entanto, não havia conhecimento se esse comportamento era o mesmo para

todas as faixas de baixa temperatura ou se havia um ponto em que o padrão se modificava.

Alguns cientistas e até mesmo Onnes acreditavam que a resistência elétrica iria se dissipar e

nenhuma corrente seria conduzida quando o metal atingisse uma determinada temperatura.

Contudo, até aquele momento apenas suposições podiam ser feitas. A produção de hélio

líquido possibilitou ao físico investigar, em 1911, pela primeira vez as propriedades elétricas de

alguns metais nas temperaturas em torno do zero absoluto.

Nesse ano, Onnes e seu grupo de pesquisa mediram a variação da resistividade de um

fio de mercúrio puro em função da temperatura. Esperava-se que a resistividade do material

caisse linearmente com a diminuição de temperatura até um determinado ponto, porém, a

4,2K a resistência do fio caiu subitamente para valores imensuráveis e, contra o que todos

acreditavam, a passagem de corrente elétrica não foi interrompida. A propriedade observada

nesse experimento inaugurou uma nova área de pesquisa que ficou conhecida como

Supercondutividade.

Até 1914, Onnes continuando os estudos na área recém descoberta, constatou que o

chumbo igualmente se tornava supercondutor quando resfriado a menos de 7,2 K. Também foi

observado que o fenômeno da supercondutividade era extinto quando o material ficava

exposto a um campo magnético de determinada intensidade e o mesmo ocorria para uma

densidade de corrente superfical. Dessa forma, concluiu-se que três parâmetros definiam o

estado supercondutor: temperatura crítica (Tc), campo magnético crítico (Hc) e densidade de

corrente crítica (Jc). Ou seja, os valores de temperatura, campo magnético e densidade de

corrente no material devem coexistir abaixo de seus pontos críticos para que o estado

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supercondutor prevaleça. A Figura 2.2.1 – 1 ilustra o estado supercondutor delimitado por

seus três parâmetros críticos.

Figura 2.1.1-1 – Supercondutividade delimitada por seus parâmetros críticos [9]

2.1.2 O Efeito Meissner

Em 1933, dois cientistas Walther Meissner e Robert Ochsenfeld detalharam outra

propriedade de extrema importância para os supercondutores. Eles observaram que um dado

material ao ser resfriado abaixo de sua temperatura crítica e entrar no estado supercondutor

expulsa o campo magnético externo, cancelando o fluxo interno e se tornando perfeitamente

diamagnético.

Essa propriedade magnética intrínseca nos supercondutores ficou conhecida como

Efeito Meissner [12] e posteriormente auxiliou na classificação de duas categorias:

supercondutores do Tipo I e do Tipo II. Essas serão discutidas em sessões mais adiantes.

De acordo com a lei de Lenz, quando há uma variação do fluxo magnético em um

condutor, correntes elétricas são induzidas de forma a gerar um campo no sentido oposto ao

da variação do fluxo. Se aplicarmos esse raciocínio para um condutor perfeito exposto a um

campo magnético que é subitamente cessado, correntes deveriam ser permanente induzidas

para contrapor a ausência do campo. Contudo, tal suposição não procede quando tratamos de

supercondutores que, na época da descoberta, cogitava-se ser um condutor perfeito. De fato,

estes expulsam o campo externo do seu interior pelo Efeito Meissner.

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Em 1935, os irmãos Hein e Fritz London trabalharam uma discussão fenomológica para

o efeito [13]. Um material no estado supercondutor ao tentar ser permeado por um campo

externo ( ) tem seu interior magnetizado por correntes superficiais que blindam o corpo

contra o campo. A equação (2.1.1) descreve esse fenômeno:

Ainda nesse modelo previu-se a existência da atuação de elétrons e de "superelétrons"

capazes de percorrer a rede cristalina sem sofrerem perdas com o campo elétrico. Com ajuda

desse novo conceito surge o parâmetro Profundidade de Penetração de London que

descreve o comprimento médio que o campo magnético percorre dentro do material até zerar

no interior do condutor.

Onde

é massa do superelétron

é carga do superelétron

é densidade de elétrons supercondutores

é a densidade de campo magnético

Ou seja, o campo magnético no supercondutor, embora nulo no seu interior, existe numa

fina película de espessura λ junto à superfície. Esse conceito esta ilustrado na figura 2.1.2 – 1.

Figura 2.1.2-1 – Curva esboço do campo dentro do supercondutor

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2.1.3 A teoria de Ginzburg-Landau

Do ponto de vista teórico, a primeira formulação que foi capaz de explicar o efeito

Meissner foi dada pelos irmãos London que tomaram como base as equações de Maxwell do

eletromagnetismo fazendo algumas suposições adicionais. No entanto, trata-se de um modelo

que apenas descreve a ausência de campo magnético no interior de um material

supercondutor na presença de um campo externo. A supercondutividade continua existindo

mesmo na ausência de campo magnético externo e nesse cenário a teoria de London fica

limitada ao tentar explicar o estado supercondutor.

Foi então que em 1950 os físicos L.D. Landau e V.L. Ginzburg [14] formularam uma

teoria fenomológica que foi capaz de explicar quase todos os fenômenos supercondutores até

aquele momento. Trata-se de uma adaptação da antiga teoria de Landau para as transições de

fase de segunda ordem. Nessa formulação, que ficou conhecida como teoria de Ginzburg-

Landau, todas as características e propriedades do fenômeno da supercondutividde seguem da

função termodinâmica chamada de Densidade de Energia Livre dada pela expressão (2.1.3).

| |

| |

|(

)|

Na expressão acima, é a energia livre no estado normal quando não há

supercondutividade. Já é uma função parâmetro de ordem que representa a

quantidade de superelétrons no material e deve satisfazer as seguintes condições.

Caso a temperatura do material esteja acima da temperatura crítica

pois não haverá estado supercondutor. Logo , ou seja, a energia é do estado

normal.

Temos somente para

Sendo que está relacionada com a densidade de elétrons

supercondutores (superelétrons) , através da expressão (2.1.4).

| |

Na presença de um campo magnético externo tentando permear o material a

parcela

surge para representar o efeito Meissner apresentado anteriomente. A reposta

do material a esse campo externo está representada pelo potencial vetor eletromagnético .

Os coeficientes e são constantes que só podem ser determinados experimentalmente. E

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as constantes restantes e , são a constante de Planck e o numero complexo √

respectivamente.

A teoria de Ginzburg-Landau foi um ponto de partida para uma teoria fundamental

que veio logo em 1957, quando J. Bardeen, L.N. Cooper e J.R. Schrieffer trataram a

supercondutividade como um fenômeno puramente quântico e o descreveram desde sua

origem microscópica. Esta ficou conhecida como teoria BCS da supercondutividade e será

abordada mais adiante.

2.1.4 O Comprimento de Coêrencia

O comprimento de Coerência é o parâmetro que caracteriza o efeito supercondutor

mesmo na ausência de campo magnéico externo. Ele descreve o comportamento dos

superelétrons dentro da amostra supercondutora e surge quando tentamos determinar a

forma da função , ou equivalentemente . Realizando a minimização de energia para

e na equação (2.1.3) é possível obter a equação (2.1.5).

(√

)

Aqui se pode ver como se anula quando x = 0 e tende a 1 quando x é elevado,

exatamento como previsto, visto que a supercondutividade deve se anular na parte mais

externa do material e ter um valor máximo (normalizado) no seu interior.

Voltando a atenção para o termo , este é o desejado parâmetro Comprimento de

Coerência que caracteriza a variação de . Ou seja, o quão longe | | está de seu valor

máximo

no interior do supercondutor. Esse parâmetro é descrito pela expressão (2.1.6).

| |

Onde . Para fazer uma estimativa do valor do comprimento de penetração ,

precisamos do valor de que depende das propriedades intrínsecas do material e da

temperatura a que está subimetido.

E assim concluimos nesse trecho que conforme a densidade de superelétrons

aumenta, a supercondutividade se desenvolve.

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2.1.5 Supercondutores do Tipo I e Tipo II

Em 1957, Alexei Abrikosov, constatou que a teoria de Ginzburg-Landau previa a divisão

dos supercondutores em dois tipos, os do tipo I e os do tipo II. Analisando a razão da

teoria de Ginzburg-Landau, percebeu-se que no caso de , a energia livre de superfície

na fronteira do estado supercondutor para o estado normal se tornaria negativa [15]. Como

consequência, a minimização da energia de superfície seria atingida com a maximização da

área de interface entre a região supercondutora e a normal. Diferente da situação de uma

energia livre de superfície positiva, cuja minimização é obtida com a redução da área de

interface entre os estados. Com isso, ele concluiu que havia dois comportamentos diferentes.

Os supercondutores do tipo I seriam aqueles cujo parâmetro de penetração de London

é praticamente nulo, e sua energia livre de superfície é positiva ( ), assim qualquer

campo magnético externo é completamente expulso do material até atingir a intensidade do

campo magnético crítico Hc. Praticamente todos os primeiros elementos químicos e ligas

metálicas descobertos com a propriedade supercondutiva são caracterizados como Tipo I, ou

chamados moles.

Já nos materiais do tipo II, o é consideravelmente mais elevado chegando a

condição de . Dessa forma surgem dois parâmetros de campo magnético critico.

Abaixo de um primeiro valor de campo Hc1, de mais baixa intensidade, o material apresenta o

comportamento do tipo I, com o Efeito Meissner "puro". Já para uma faixa entre Hc1 e um

segundo valor de campo mais elevado Hc2, o supercondutor deixa uma parcela de campo

permear, caracterizando o chamado Estado Misto. E para valores de campo acima de Hc2 o

material deixa o estado supercondutor. A Figura 2.1.5-1 ilustra o comportamento das linhas de

campo para um supercondutor do tipo I e tipo II.

Figura 2.1.5-1 – Supercondutores do Tipo I e II imersos em campo magnético [9]

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Vale ressaltar que para supercondutores do tipo II o campo Hc1 é muito pequeno, de

forma que ao resfriar o material, a passagem para o Estado Misto é quase que imediata. Ainda

sim, um aspecto que favorece os do tipo II para aplicações práticas é o fato de seu Hc2 ser em

geral muito maior que o Hc dos do tipo I. A Figura 2.1.5-2 ilustra essa diferença entre os

supercondutores do tipo I e do tipo II quando expostos a um campo magnético.

Figura 2.1.5-2 – Diagrama de fase dos supercondutores Tipo I e II em relação ao campo magnético [9].

2.1.6 Redes de Abrikosov

Junto com a divisão dos supercondutores em dois tipos, Abrikosov também

desenvolveu uma explicação para a existência do Estado Misto nos materiais do tipo II. No

estado entre os valores de Hc1 e Hc2, também conhecido como fase de Schubnikov [16], a

parcela de fluxo magnético que permea o material se dispõe em regiões normais dentro do

mesmo. Nessas regiões o fluxo se distribui de forma tubular com um quantum de fluxo em

cada “tubo” formado. Esses elementos tubulares são chamados de Fluxóides e são envoltos

por supercorrentes de blindagem que surgem como vórtices no entorno para aprisionar o

fluxo quantizado, Figura 2.1.6-1. Cada Fluxóide aprisiona consigo um quantum de fluxo de

valor:

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Figura 2.1.6-1 – Rede de Abrikosov em um supercondutor do Tipo II [9]

Os parâmetros e servem não apenas para delimitar a classificação entre tipo I e

tipo II. Quando falamos dos Fluxóides como tubos de aprisionamento de campo rodeados por

vórtices de supercorrente, a profundiade de London e o comprimento de Coerência podem

ser usados para estimar certos parâmetros dos “tubos” que irão se formar. Segundo a teoria,

o vortex no formato de cilindro possui um raio de distância e fica delimitada por uma região

cilíndrica supercondutora que se extende a uma distância , Figura 2.1.6-2.

Figura 2.1.6-2 – Parametros e usados para dimensionar os centros de aprisionamento de fluxo [9]

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A distribuição dos fluxóides dentro do material ficou conhecida como Rede de

Abrikosov [15]. Em um primeiro momento, acreditava-se que a distribuição dos fluxóides era

de forma quadrada mas posteriormente demonstrou-se que um arranjo triangular da rede

daria a configuração mais estável. Este último cenário foi comprovado por experimentos de

decoração magnética [15].

2.1.7 Teoria BCS

Ainda em 1957, na Universidade de Illinois, três cientistas americanos John Bardeen,

Leon Cooper e Robert Schrieffer, desenvolveram um modelo que ia além das teorias

fenomológicas anteriores e começava a explicar a supercondutividade na sua física

fundamental [17]. Construído com base nos fundamentos da mecânica quântica, o modelo

sugere que os elétrons dentro do supercondutor tendem a se orgazinar nos chamados pares

de Cooper [18], constituindo um estado quântico de baixa energia. Esses pares conseguem

fluir coletivamente e de forma coerente graças à mediação de excitações mecânicas na rede

cristalina do material, também conhecida como fônons.

Em uma explicação simplificada [19], um elétron ao fluir pelo condutor atrairá cargas

positivas próximas dentro da estrutura. Ao atrair cargas positivas, a estrutura sofre uma

deformação gerando regiões mais positivas, Figura 2.1.7 – 1 (a), e assim um segundo elétron,

desloca-se para a região onde surgiu essa densidade de carga positiva mais elevada, Figura

2.1.7 – 1 (b). Esses dois elétrons são mantidos unidos com alguma energia de ligação (gap de

energia). Caso a energia de ligação seja maior que a energia de oscilação dos átomos na rede

cristalina no material, então os pares de elétrons (Pares de Cooper) permanecem fluindo junto

com a onda de deformação da rede (fónons) sem experimentar resistência.

Figura 2.1.7-1 – Modelo de atração dos Pares de Copper.

Essa teoria, hoje conhecida como teoria BCS, apesar do sucesso em explicar de forma

satisfatória o comportamento de supercondutores a baixas temperaturas, não tem o mesmo

êxito em materiais de que estariam para serem descobertos nos anos seguintes.

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2.1.8 Parâmetros Práticos dos Supercondutores do tipo II

Como já foi discutido se os valores de temperatura, campo magnético e densidade de

corrente no material estiverem simultaneamente abaixo de seus pontos críticos o estado

supercondutor perdura. Entretando, quando analisamos um supercondutor na prática esses

três parâmetros acabam se mostrando dependentes entre sí , qualquer variação em uma

dessas variáveis afeta as outras duas e vice-versa.

Começamos nossa análise imaginando uma densidade de corrente fluindo por um

supercondutor do tipo II conforme mostrado pela Figura 2.1.8 – 1.

Figura 2.1.8-1 – Densidade de corrente fluindo por um supercondutor do tipo II [9]

O surgimento dos Fluxóides forma a Rede de Abrikosov e armazenam um campo .

Pela lei de Lorentz a passagem de elétrons por um campo magnético gera uma força

perpendicular a direção da passagem e do campo incidente. Deduzimos assim a Equação

(2.1.14).

Se não houver nenhuma outra força que compense a força para manter o equilíbrio

da Rede de Abrikosov, os Fluxóides irão se deslocar com certa velocidade , induzindo um

campo elétrico na mesma direção, mas sentido oposto a

. Tal fenômeno está descrito na

Equação (2.1.15).

O campo elétrico em sentido oposto a passagem de corrente gera uma dissipação

de energia na forma térmica que acaba elevando a temperatura do material acima de ,

fazendo com que este deixe o estado supercondutor.

Contudo, este é um cenário onde não existe uma força que se contraponha a e

dessa forma a capacidade de condução de corrente elétrica fica extremamente limitada. Tal

limitação deixaria os supercondutores do tipo II sem nenhuma aplicabilidade prática. Para

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impedir o movimento da Rede, pequenas impurezas, na forma de grânulos ou/e poros, são

introduzidas no material de maneira a gerar uma força contrária a proporcional a de

. Essa

força, conhecida como força de pinning, apesar de se contrapor a , tem seu valor máximo

limitado pelo processo de fabricação adotado. Isto é, na prática, o valor densidade de corrente

crítica que pode ser aplicado está ligado as características construtivas do supercondutor.

É importante ressaltar que mesmo que pudéssemos elevar a força de pinning

para níveis altíssimos, ainda assim o estado supercondutor pode ser extinto pela quebra dos

Pares de Cooper. Pela Teoria BCS, existe uma densidade de corrente que demarca o fluxo de

corrente máxima que ainda pode haver formação dos superelétrons. Como valor de é

normalmente muito elevado, precisaríamos de uma força de pinning em níveis que hoje são

inalcançáveis para poder ver a perda do estado supercondutor pela quebra dos Pares de

Cooper.

O Campo Magnético Irreversível é outro parâmetro que merece atenção quando

queremos analisar supercondutores na prática [20]. O arranjo de vórtices em um estado de

equilíbrio termondinamico possui magnetização neste caso “reversível”, isto é, não depende

da história termomagnética da temperatura da amostra. Entretanto, existe um estado de não

equilíbrio, ( ) de distribuição espacial não uniforme dos vórtices que

impossibilita o aprisionamento de campo e consequentemente impede valores aceitáveis de

corrente crítica. Neste caso as propriedades magnéticas são “irreversíveis”. A relaxação deste

estado de não equilíbrio para o de equilíbrio termodinâmico é considerado como sendo o

fenômeno básico observado em experimentos de relaxação magnética [20].

Após esta análise da dependência dos parâmetros que definem o estado

supercondutor na prática, podemos definir uma nova região no gráfico da Figura 2.2.1 - 1

como mostrado na Figura 2.1.8 – 2.

Figura 2.1.8-2 – Parâmetros teóricos e práticos dos supercondutores do tipo II [9]

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2.1.9 Supercondutores de Alta Temperatura Crítica

Em 1986, nos laboratórios da IBM em Zurique, Georg Bednorz e Alex Muller ao

realizar experimentos com uma classe particular de óxidos metálicos BaCuO concluiram que

cupratos apresentavam supercondutividade a 35 K. Esses novos materiais ficaram

classificados como Supercondutores de Alta Temperatura Crítica (HTS – High Superconductores

Temperature).

Já no ano seguinte, novos materiais supercondutores com base em óxido de cobre

foram concebidos com valores de temperatura crítica em torno de 80K. Foi a partir desse

período que diversos cientistas e empresas no mundo todo começaram a dar mais atenção

para o fenômeno da supercondutividade na aplicação em projetos de larga escala.

Temperaturas críticas próximas de 80K poderiam ser obtidas com nitrogênio líquido ao invés

do hélio líquido, consequentemente os custos com equipamentos de refrigeração se tornaram

economicamente viáveis.

Atualmente os HTS mais usados para fins práticos são e o

, conhecidos também como ligas de BSCCO cuja temperatura crítica é de

90K. Outra liga extremamente usada é a de , também conhecida como Y-123 ou

YBCO.

Espera-se agora um desenvolvimento prático das aplicações com supercondutores de

altas-temperaturas, aumentando a confiabilidade das máquinas e equipamentos eletrônicos,

principalmente visando o decréscimo do custo com resfriamento dos dispositivos a

temperaturas da ordem de 20 K.

2.2 Fitas Supercondutoras HTS

Fitas supercondutoras são filamentos estruturais formados por trechos de material supercondutor HTS e diferentes compostos. A estrutura macroscópica é um fio flexível que abaixo de uma temperatura crítica adquire as características elétricas de um supercondutor.

2.2.1 Fitas HTS 1G e 2G

Existem dois tipos bem conhecidos de fitas supercondutoras de alta temperatura:

BSCCO, feitos de "óxido de bismuto - estrôncio - cálcio - cobre", também conhecidos como

fitas de primeira geração (1G), e ReBCO, que significa " óxido de (terras raras) - bário - cobre,

também conhecido como fitas de segunda geração (2G). Cada um desses processos vem sendo

aperfeiçoados ao longo de 20 anos e para cada tipo de condutor revestido existem suas

vantagens e desvantagens.

A primeira geração (1G) de fitas HTS está disponível comercialmente desde 1990. Sua

produção consiste em encher tubulações de liga de prata com um pó da liga supercondutora

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BSCCO que são processadas em um fio de multi - filamentos de HTS por meio de uma

tecnologia de laminação especial. As fitas 1G HTS, mesmo operando em temperaturas mais

altas possuem o problema do alto custo com a criogênia. A dependência de prata como uma

matéria-prima faz o preço final do produto demasiado caro, o que diminiu sua atratividade.

Atualmente a maioria dos fabricantes de fitas supercondutoras está migrando para a

segunda geração (2G) HTS. Materiais 2G HTS são reconhecidos como superiores, oferecendo

melhor desempenho em campo magnético e propriedades mecânicas melhoradas, tudo a um

custo menor. Fitas HTS fabricadas com tecnologia 2G agora superam as 1G no desempenho

elétrico, mas com custos mais elevados. Poucos compostos de terras raras são conhecidos

como opções de materiais para as fitas 2G. As ligas mais utilizadas na indústria atualmente são

a (Ìtrio, Samário, Neodímio, Gadolínio) com bário e de óxido de cobre para formar o (Re) BCO.

2.2.2 Estrutura das Fitas 2G HTS

O processo de fabricação das fitas 2G é significativamente diferente do processo

utilizado para fazer fitas 1G. O processo de fabricação para fitas 1G HTS envolve a embalagem

de um pó de material BSCCO em um tubo que é subsequentemente estirado, laminado e

tratado térmicamente para produzir uma fita internamente multifilamentada. Já a 2G HTS, que

foi a geração de fita foco desse trabalho, é produzida pela deposição de várias camadas de

materiais sobre uma base metálica ou substrato. Cada camada ou revestimento utilizado na

arquitetura da fita 2G deve ser produzido com uma grande precisão, a fim de alcançar o

melhor desempenho elétrico na camada de ReBCO supercondutor no interior.

A grande maioria das fitas 2G possui a mesma estrutura básica: um substrato, na qual a

fita será montanda, a camada de material supercondutor (Re)BCO com terra-rara de escolha,

as camadas de buffer e a camada estabilizadora. Existem variações na composição e na

espessura das camadas dependendo do tipo de aplicação, como por exemplo, os diferentes

revestimentos (cobre, latão, inox, sem revestimento) ou a espessura da camada protetora de

prata. Na maioria das vezes, o supercondutor é filamentado ou sobre um substrato de metal

plano encapsulado numa matriz de cobre ou de alumínio. Um esquema exemplo dessa

estrutura em camadas para o modelo SCS 4050 da SuperPower se encontra na Figura 2.2.2 – 1

e uma foto da fita em escala se encontra na Figura 2.2.2 – 2. Informações mais aprofundadas

sobre os aspectos operacionais e construtivos da fita SCS4050 se encontram no Anexo (3).

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Figura 2.2.2-1 – Esquema do corte laminar da fita Superpower 2G-HTS SCS4050

Substrato: Feita de liga de níquel Hasteloy C276, esta provê a fundação para a

formação ordenada das camadas de (Re)BCO e as de buffer;

Camada buffer I: Evita difusão dos metais do substrato para as camadas

intermediárias. Feita de Al2O3 na SCS4050;

Camada buffer II: Chamada tambem de “camada semente” feita de Y2O3, influencia o

plano de orientação da “camada guia”.

Camada buffer III: conhecida como “camada guia”, é feita de MgO e gera a simetria

biaxial da fita;

Camada buffer IV: feita de MgO homo-expitaxial, auxilia na textura de deposição;

Camada buffer V: ultima camada de buffer que serve como “camada capa” e faz o

casamento dos reticulados de MgO com os reticulados de (Re)BCO (no caso YBCO)

protegendo a camada epitaxial de MgO;

Camada (Re)BCO: é camada de material supercondutor;

Camada de Prata: camada que desvia o fluxo de corrente elétrica na fita em caso de

transição da camada de supercondutora do estado normal para o supercondutor;

Estabilizador de Cobre: O modelo SCS4050, possui essa camada dupla de cobre

revestindo ambos os lados da fita, protegendo-a durante as fases de transição pela

ótima condutibilidade térmica, isolando as camadas intermediárias do meio externo e

oferecendo resistência mecânica;

Figura 2.2.2-2 – Foto de um trecho da fita Superpower 2G-HTS SCS4050

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2.3 Curvas de Caracterização

O processo de caracterização das fitas supercondutoras baseia-se na medição do

campo elétrico resultante quando os Fluxóides ficam sob a influência de uma densidade de

corrente de transporte.

2.3.1 Formulação de Anderson - Kim

A formulação de Anderson – Kim estabelece uma relação entre o campo elétrico e a

densidade de corrente no supercondutor. Para entendermos melhor essa relação resgatamos

a Lei de Arrhenius que descreve a relação da velocidade de uma reação química com a

temperatura em que ela ocorre e sua energia de ativação [8].

Na equação de Arrhenius (2.3.1) é a taxa de constante de uma reação química, T é a

temperatura absoluta ( em Kelvin ) , A é uma constante específica de cada reação química,

é a energia de ativação e R é a constante universal dos gases perfeitos, também conhecida

como constante de Boltzman.

Fazendo uma analogia do campo elétrico gerado pela movimentação dos Fluxóides

com a velocidade das reações químicas descrita em (2.3.1), temos (2.3.2):

Onde é o valor crítico do campo elétrico do supercondutor que leva a

movimentação dos Fluxóides e a densidade de corrente que provoca esse campo. E assim

como nas reações químicas, também é necessário haver uma energia de ativação para que o

fenômeno ocorra. Essa energia que surge em função da densidade de corrente , como já

foi discutido na sessão 2.1.8, é descrita pela Equação (2.3.3) [8]:

(

)

Sendo a energia de ativação crítica, a densidade de corrente crítica característica

de cada supercondutor e a densidadede corrente aplicada. Agora, substituindo a equação

(2.3.2) em (2.3.3) temos:

(

)

Chamando

podemos escrever a equação (2.3.5) que permite caracterizar o

supercondutor pela relação densidade de corrente com o campo elétrico.

(

)

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2.3.2 Curva de caracterização e seus Parâmetros Normalizados

Para a equação (2.3.5) ser usada na modelagem dos estudos de caracterização é

preciso determinar o valor de densidade de corrente crítica e do campo crítico . Estudos

prévios se baseando na resistividade e no campo elétrico, já determinaram empiricamente que

o valor do campo elétrico induzido tende a aumentar junto com a densidade de corrente , e é

dito crítico quando o campo atinge valor de 1 µV/cm [21].

Sabendo os valores de e é possível realizar uma análise adimensinal da equação

(2.3.5) normalizando seus parâmetros de corrente e campo pelos valores críticos. A Equação

(2.3.6) ilustra esse raciocínio:

(

)

Ao incrementar gradativamente a densidade de corrente que atravessa um supercondutor

já foi constatado que o material passa por dois estágios antes de transitar completamente para

o estado normal. Atráves do valor de n podemos caracterizar o supercondutor nesses estados:

) Estado Normal: Resistividade se comporta de forma linear, ou seja, dissipação

de energia proporcional com o quadrado da corrente. Material fora do estado

supercondutor.

Estado de Flux-Flow: Fluxóides são movidos por forças muito superiores

as forças de pinning.

para BSCCO e para YBCO, Estado de Flux-Creep:

Fluxóides são movidos por forças da mesma ordem de grandeza das forças de pinning.

Estado de Resistência Nula: Não há movimentação dos fluxóides e a

dissipação de energia é praticamente nula.

Esses estados podem ser visualizados quando esboçamos a curva log(E)xlog(J) para um

supercondutor, Figura 2.3.2-1.

Figura 2.3.2-1 – Esboço da curva para um supercondutor [4]

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Sabendo-se as dimesões da amostra da fita supercondutora é possível determinar a

tensão crítica correspondente ao e a corrente crítica associada a . Experimentalmente

aplica-se uma corrente na fita e mede-se o valor de tensão resultante em um trecho,

aumentando o valor de corrente gradativamente até que a tensão crítica seja atingida. Dessa

forma, adquirindo os valores de tensão x corrente pode-se gerar uma curva tensão

normalizada x corrente normalizada como na equação (2.3.7):

(

)

2.3.3 Corrente Crítica vs. Campo magnético.

Pela sessão 2.1.8 constatamos que os supercondutores do tipo II deixam o estado

supercondutor quando há movimentação da rede de Abrikosov. Sendo a força que atua na

rede para movimenta-la proporcional ao campo magnético aplicado no corpo e a força de

pinning se contrapondo a movimentação. Ou seja, para uma mesma temperatura a densidade

de corrente crítica diminui com o aumento do campo magnético aplicado . Como a força

de pinning depende da dopagem, cada material possui uma curva própria . Por falta de

uma teoria geral que explique os supercondutores do tipo II na sua física fundamental, a curva

só é obtida de forma confiável experimentalmente.

Para algumas aplicações, especialmente aquelas que envolvem materiais anisotrópicos

[22] como as fitas HTS, a curva característica precisa ser também determinada como

função do ângulo entre o campo magnético e a superfície da amostra, ou seja, .

Usualmente o eixo de rotação do campo fica alinhado com o eixo da amostra, para que o

campo esteja sempre perpendicular à direção da passagem de corrente, figura 2.3.3 - 1.

Figura 2.3.3-1 – Diagrama do ângulo de incidência do campo externo com relação a superfície da fita

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20

2.3.4 Medição Quatro Pontas

A técnica de medida de quatro pontas é largamente usada para a medida de

resistividades e resistências de malhas e superfícies. Essa foi a técnica empregada nas

caracterizações realizadas nesse trabalho. A geometria das pontas usualmente empregada na

medida de quatro pontas é mostrada na Figura 2.3.4 – 1.

Figura 2.3.4-1 – Geometria empregada na medição de quatro pontas [23]

Quatro eletrodos são dispostos colinearmente. A corrente é injetada através de dois

dos eletrodos e é medida a tensão sobre os outros dois. A configuração mais usual é utilizar os

dois eletrodos externos para injetar corrente e os dois internos, para medir a queda de tensão,

mas em princípio qualquer das possíveis combinações pode ser usada. No caso em que se tem

as pontas com espaçamentos variados sobre uma superfície semi-infinita a resistividade é

dada pela equação (2.3.8) [23]:

A príncipio este é um método não destrutivo, muito embora a pressão exercida pelos

eletrodos sobre a superfície da amostra possa vir a danificar o material caso venha a ser

excessivamente alta. Sua aplicabilidade na identificação de pequenas resistências vem do fato

de não haver injeção de corrente pelos terminais de medição de tensão, de forma que sua

própria resistência não interfere no resultado. Como a resistência de um voltímetro é muito

maior que a entre os terminais medidos, não há praticamente nenhum desvio de corrente do

elemento aferido para o equipamento, de forma que toda a diferença de potencial entre os

terminais seja referente a resistividade no elemento.

De forma geral, a grande vantagem do método é a simplicidade da medida, incluindo o

fato de não ser necessário um bom contato elétrico entre o eletrodo de tensão e a amostra.

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2.4 Modelagem Matemática de

Modelos numéricos para calcular a efetiva corrente crítica de dispositivos feitos de fitas supercondutores de alta temperatura requerem o conhecimento de . Ou seja, a forma como a densidade crítica de corrente depende da densidade de fluxo magnético e a sua orientação em relação a fita.

2.4.1 Modelos de trabalhos anteriores

São conhecidos diversos trabalhos dedicados a extração de a partir de dados experimentais. Para obter as curvas com melhor relação aos dados, Rostila [24] e Sirois [25] constataram que o algoritmo de Nelder-Mead poderia levar a ótima convergência das curvas.

Outros autores, como Pardo et al. evitaram totalmente o problema de utilizar um algoritmo de otimização e partiram para um método mais intuitivo de descrever a função de supercondutores ReBCO. Baseando-se na posição angular em que ocorrem os picos de , propôs-se uma equação de deduzida a partir dos parâmetros de três elipses sobrepostas. Essa técnica fornece uma exelente concordância da dependência ângular de com os dados experimentais, porém fica a mercê da habilidade do usuário de achar os parâmetros e, do seu bom julgamento para ajustá-los adequadamente.

Por final, Zhang et al. desenvolveu um método alternativo baseado na obtenção de

com relação as componentes de campo perpendicular ( ) e paralelo ( ) [26]. Esses dados são em seguida modulados por uma função angular baseada nas medições de em função do ângulo para um valor particular de campo aplicado. A função modulada é então usada na dependência . Esse método teve grande sucesso na modelagem de bobinas double pancake feitas de fitas 2G [26].

2.4.2 Modelagem utilizada

Visto essas observações em trabalhos anteriores, Francesco Grilli et al. abordaram as

vantagens e desvantagens entre a necessidade de uma identificação robusta comparado com a

acurácia proveniente de um algoritmo de otimização para aproximações de curvas [27]. Seus

resultados indicaram que uma determinação extremamente precisa dos parâmetros para

ajuste de curva não é tão importante, contanto que as principais caracteristicas das

curvas estejam de acordo com os dados experimentais. Ou seja, um ajuste manual dos

parâmetros fornece um resultado igualmente satisfatório a um ajuste rigoroso feito com

algoritmos de interação.

Com base nesses resultados, para a modelagem utilizada nesse trabalho de , foi assumida a função (2.5.1) de formato elíptico, cujos os parâmetros para ajuste de curva , , e foram determinados através de um algoritmo de otimização “varredura.m”, motrado no Apêndice 3.

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22

* √ (

⁄ )+

Na equação (2.5.1), representa a densidade de corrente crítica sem a presença de

qualquer campo magnético. A constante é um valor atrelado a variando entre 0 e 1 que

mostra a influência do campo paralelo. a razão de divisão da soma quadrática das

componentes e um fator exponecial. A fim de se obter os melhores parâmetros , , e

que aproximam a equação dos dados experimentais, calcula-se o erro quadrático

com respeito aos dados de corrente crítica obtidos, conforme a equação (2.5.2).

∑ *

+

Onde e são a quantidade de intensidades de campos aplicados e quantidade de posições da superfície da fita com relação ao campo, respectivamente.

é a corrente

crítica calculada com a equação (2.5.1) e é a corrente crítica medida

experimentalmente. Em adição ao erro quadrático, o erro médio com relação aos dados experimentais também é calculado de acordo com a equação (2.5.3).

∑ |

|

Os melhores ajustes das constantes , , e produzem erros médios na faixa de 3%. No entanto, parâmetros com erros na faixa de 10% ainda sim produzem aproximações satisfatórias [27].

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23

Realizando as derivadas parciais de , se obtem as equações (2.5.4) e (2.5.5) que podem ser utilizadas para análise da taxa de variação densidade de corrente crítica. Ou seja, o quão sensivel é com relação as componentes de campo perpendicular e campo paralelo.

(√

)

(√

)

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3 Equipamentos e Metodologia

3.1 Fitas Caracterizadas

Para os testes de caracterização realizados nesse trabalho, quatro modelos de fita

supercondutora 2G foram selecionados: dois modelos da frabricante SuperOx, um modelo da

SuperPower e um da SuNAM.

3.1.1 Informações das fitas

Todas as fitas são compradas por metro em carretéis e cortadas em comprimentos de

200 mm para servirem de amostras no processo de caracterização. Uma foto das quatro

amostras de fita se encontra na Figura 3.1.1 – 1.

Figura 3.1.1-1– Foto das fitas 2G HTS utilizadas. (1) SuperOx#2014-03-C, (2) SuperOx#2014-10-R, (3) SuNAM#SCN04200, (4) SuperPower#SCS4050-AP-i

A tabela com as informações mais pertinentes dos modelos de fita caracterizados

encontra-se na Tabela 3.1.1-1.

Tabela 3.1.1-1 – Informações sobre os modelos de fita caracterizados

Fabricante Modelo Espessura da camada supercondutora (µm)

Camada Estabilizadora

SuperOx #2014-10-R 1 Cu e PbSn 100

SuperOx #2014-03-C 1 Cu 120

SuperPower SCS4050-AP-I 1 Cu & Kapton 120

SuNAM SCN04200 2 Cu & Kapton 200

1 2

3

4

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3.2 Equipamentos de Contato e resfriamento

Em estudos de caracterização feitos anteriormente no laboratório, foi desenvolvido

um suporte especial capaz de dar estabilidade mecânica e térmica as fitas supercondutoras

durante os ensaios. Entretando, devido as dimensões do suporte original, o sistema de

caracterização ficava limitado no seu posicionamento com relação ao campo. Neste trabalho,

foram utilizadas duas novas topologias de porta amostra e duas formas de contato elétrico

para contornar as limitações do antigo suporte e realizar a tomada de dados. Essas alterações

foram sendo implementadas conforme se observou que era preciso haver maior praticidade

no processo de caracterização de múltiplas amostras de fitas de maneira sistemática.

3.2.1 Primeiro Porta Amostras

Nesse suporte a fita supercondutora ficava apoiada sobre uma barra maciça de cobre

sendo esta, envolta em uma fita de uma material isolante elétrico (no caso uma fita de Kapton

foi utilizada para tal (Anexo 3)). Nas extremidades da barra onde também estão as

extremidades da fita, o contato elétrico de corrente era feito atráves de duas placas de cobre

prensadas e aparafusadas juntas mantendo contato elétrico apenas com a fita. Já os contatos

elétricos de tensão são feitos atráves de um par trançado cuja extremidade era soldada na

superfície da fita com uma solda especial de In-Sn seguindo o protocolo de solda da

SuperPower (Anexo 4). A Figura 3.2.1 - 1 mostra uma vista explodida e montada do porta

amostra pronto para ser mergulhado em um recipiente de nitrogênio líquido.

Figura 3.2.1-1 – Vista montada e explodida do primeiro Porta Amostra

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3.2.2 Segunda Topologia do Porta Amostra

Nessa segunda topologia mantiveram-se as características básicas do primeiro suporte,

Figura 3.2.2-1 e Figura 3.2.2-2. Continuou-se usando uma barra maciça de cobre envolta em

kapton para dar apoio a fita, os contatos de pressão para injeção de corrente e a solda para a

leitura de tensão permaneceram os mesmos. O que foi modificado de fato foram as dimensões

da barra de cobre (30 x 2 x 1,5 cm) e das placas para os contatos de corrente, deixando o

suporte mais leve e esguio para poder ser posicionado no entreferro do eletromagneto e girar

livremente. Outra pequena alteração importante foi o prolongamento das duas extremidades

da barra de cobre na forma de pequenos eixos cilíndricos de 6 mm de diâmetro de maneira a

facilitar o acoplamento mecânico com o servo-motor.

Figura 3.2.2-1 - Vista montada do segundo Porta Amostra

Figura 3.2.2-2 – Vista explodida do segundo Porta Amostra

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3.2.3 Terceira Topologia do Porta Amostra

A terceira topologia nada mais foi que um aprimoramento da segunda. A barra de

cobre envolta em Kapton junto com os terminais de cobre prensados foi mantida da mesma

forma que na primeira topologia, no entanto uma segunda barra de cobre, também coberta

em Kapton, de dimenções 15 x 2 x 1,5 cm foi criada. Esta é aparafusada junta com a primeira

barra com intuito de pressionar a fita o máximo possível contra as duas superfícies de cobre e

assim planifica-la para obter a melhor transferência de calor e precisão com relação ao ângulo

de incidência do campo aplicado na fita. A Figura 3.2.3-1 mostra uma vista montada dessa

terceira topologia.

Figura 3.2.3-1 – Vista montada do Terceiro Porta Amostra

Com essa nova configuração a segunda barra de cobre adicionada teve de ser usinada

de maneira a obter dois furos transversais para que se pudesse ter acesso a fita e assim

realizar as soldas de In-Sn do contato elétricos de tensão. As Figuras 3.2.3 - 2 e 3.2.2 - 3

mostram uma vista explodida dessa topologia e uma fotográfia do porta amostra já

desmontado, respectivamente.

Figura 3.2.3-2 – Vista explodida do Terceiro Porta Amostra

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Conforme os ensaios foram sendo realizados constatou-se que, para baterias de

ensaios sistemáticos, o contato de tensão feito com solda tornava o procedimento de

montagem e desmonte do porta amostra lento e de complicado manuseio. Visando contornar

esse problema decidiu-se que o contato de tensão seria feito por pressão de sondas imbutidas

na nova barra desenvolvida.

Figura 3.2.3-3 - Foto do terceiro Porta Amostra desmontado já adaptado com sondas para contato de tensão

Seguindo essa idéia, os furos transversais antes usados para passagem do fio que seria

soldado, foram preenchidos com material EpoX para isolar eletricamente a passagem e

macheados para alocar parafusos de Inox de comprimento igual a espessura da barra. Na

cabeça do parafuso acoplou-se um terminal olhal para o fio do nanovoltímetro e na ponta de

contato com a fita acrescentou-se folha de Índio para garantir um bom contato elétrico, como

ilustrado na Figura 3.2.3-4.

Figura 3.2.3-4 – Esquema das sondas de tensão no terceiro porta amostra

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3.2.4 Recipiente para o banho de LN2

Para a fita se manter no estado supercondutor durante os ensaios, o suporte deve ficar

imerso em nitrogênio líquido a todo momento. Devido as restrições nas dimesões do

eletromagneto, um recipiente especial teve de ser criado para manter o suporte no banho de

nitrogênio dentro dessas dimensões. O recipiente também precisou ser alterado para poder

alinhar a amostra com região mais homogênea de campo. A Figura 3.2.4 - 1 ilustra o recipiente

com o suporte em seu interior.

Figura 3.2.4-1 – Recipiente para NL2 com suporte posicionado

Para resistir as dilatações e contrações dos ciclos térmicos gerados pelo nitrôgenio e

isolar eletricamente o porta amostra, o recipiente foi construido com placas de fibra de vidro

reforçada em epox comercialmente conhecida como TVE ou G10. Mais informações sobre esse

material se encontram no Anexo 5.

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3.3 Equipamentos do eletromagneto

Nessa seção serão apresentados todos os equipamentos utilizadados para geração do

campo magnético no eletromagneto e no posicionamento de amostras dentro do mesmo.

3.3.1 Eletromagneto

Para produzir campos magnéticos homogêneos de diversas intensidades nos quais

serão submetidas as amostras de fitas supercondutoras, utilizou-se um eletromagneto da Lake

Shore Modelo EM4 – HV. Um desenho esquemático da vista frontal com as dimesões de

interesse desse modelo de eletromagneto se encontra na Figura 3.3.1 - 1.

Figura 3.3.1-1 – Vista frontal do eletromagneto EM4 – HV

Segundo as especificações do fabricante, devido a geometria das peças polares no

formato cônico, com face de 2 pol e a capacidade de ajuste do entreferro entre as peças

polares, é possível atingir campos de até 2,7 T. No entanto, neste trabalho, devido as

dimensões do porta amostra e seu recipiente de armazenamento o air gap utilizado ficou na

faixa 38,1 a 50,8 mm, restringindo os estudos de caracterização a um máximo de 1,1 T. Para

esse trabalho, essa intensidade máxima de campo foi o suficiente para adquirir os resultados

desejados.

Esses campos de alta intensidade são gerados pelas bobinas do eletromagneto que são

alimentadas por corrente contínua de uma fonte de alimentação. As bobinas podem ser

conectadas em paralelo, somando 0,16 Ω, ou em série, 0,96 Ω e dependendo da intensidade

de campo que se deseja alcançar os valores de corrente podem ficar bem elevados, dissipando

muito calor nos enrolamentos. Por isso, as bobinas em operação possuem um sistema de

refrigeração que deve ser alimentado por um fluxo de água constante de 3,8 L / min na faixa

de 15 a 24 °C.

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3.3.2 Fonte de Alimentação do Campo

A fonte de alimentação de corrente contínua utilizada para as bobinas do

eletromagneto foi uma da LakeShore Modelo 662, figura 3.3.2-1. Esta fonte usa uma série de

bancos de transistores para reduzir ao máximo o ripple no sinal de corrente e alcançar alta

estabilidade, chegando à classe . Sendo sua carga mínima de 0,35 Ω, a fonte produz

em uma faixa de tensão de . Este modelo de fonte, por dissipar potência na

regulação com os bancos de transistores, necessita de um sistema auxiliar de refrigeração a

água que seja capaz de fluir continuamente 6 L / min ente 11 a 25 °C.

Figura 3.3.2-1 – Foto da fonte LakeShore 662 e seu esquema

3.3.3 Resfriamento

A unidade de resfriamento utilizada para dissipar o calor produzido no eletromagneto

e na fonte de alimentação de corrente contínua foi um Chiller da Thermo Scientific Neslab

Merlin modelo M75, figura 3.3.3-1. Esse dispositivo atua resfriando e bombeando água em um

circuito fechado com os outros equipamentos de modo a manter uma circulação de

temperatura fixa controlada dentro da faixa de 15 a 35 °C, com um fluxo de 12,5 L / min. A

temperatura pode ser controlada pelo painel frontal do chiller e nesse trabalho a temperatura

foi mantida a 18 °C.

Figura 3.3.3-1 – Foto do Chiller Neslab Merlin modelo M75 e seu esquema

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3.3.4 Servo Motor

O servo motor é uma máquina eletromecânica, que apresenta movimento

proporcional a um comando. Esses dispositivos possuem controle interno de comando em

malha fechada, ou seja: recebem um sinal de controle, que verifica a posição atual para

controlar sua movimentação indo para a posição desejada com velocidade monitorada por um

dispositivo denominado taco, encoder, ou tachsin, dependendo do tipo de servomotor e

aplicação.

Diferentemente da maioria dos motores que giram indefinidamente, o eixo dos servo

motores possui a liberdade de cerca de (360° em alguns modelos) porém, são precisos

quanto a posição. Para isso possuem três componentes básicos, ilustrados na imagem 3.4.1-1.

Figura 3.3.4-1 – Diagrama Simplificado de um Servomotor

Sistema Atuador - o sistema atuador é constituído por um motor CC de imãs

permanentes sem escova, embora também possa encontrar servos com motores de

corrente alternada, a maioria utiliza motores de corrente contínua. Também está

presente um conjunto de engrenagens que forma uma caixa de redução com uma

relação que ajuda a amplificar o torque.

Sensor - o sensor normalmente é um potenciômetro solidário ao eixo do servo. O valor

de sua resistência elétrica indica a posição angular em que se encontra o eixo. A

qualidade deste vai interferir na precisão e estabilidade.

Circuito de Controle - o circuito de controle é formado por componentes eletrônicos

discretos ou circuitos integrados e geralmente é composto por um oscilador e um

controlador PID (controle proporcional integrativo e derivativo) que recebe um sinal

do sensor (posição do eixo) e o sinal de controle e aciona o motor no sentido

necessário para posicionar o eixo na posição desejada.

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Servos possuem três fios de interface, dois para alimentação e um para o sinal de controle

como ilustrado na Figura 3.3.4-2.

Figura 3.3.4-2 – Diagrama dos fios de interface do servo motor

O sinal de controle utiliza o protocolo PPM (modulação por posição do pulso) que

possui três características básicas: ciclo de trabalho mínimo, ciclo de trabalho máximo e taxa

de repetição (frequência).

O ciclo de trabalho do pulso de controle determinará a posição do eixo:

Ciclo de trabalho máximo equivale a posição 180° do eixo mecânico do motor;

Ciclo de trabalho mínimo equivale a posição 0° do eixo;

Ciclos de trabalho intermediários representam posições de 0°-180°;

O pulso de controle pode ser visto na ilustração da figura 3.4.3 - 3.

Figura 3.3.4-3 – Sinal de Controle do Servo Motor

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Em geral, a taxa de repetição é 50 Hz e a largura do pulso do sinal de controle varia de

1 a 2 ms. Porém um servo motor pode também funcionar a 60 Hz. Neste projeto foi usado um

servomotor da HexTronik modelo HX12K de torque padrão 10 Kgf, polarização 5 – 7 V. Uma

foto do motor e seu esquema se encontram nas Figuras 3.3.4 – 4 e 3.3.4-5, respectivamente.

Figura 3.3.4-4 – Servomotor HX12K

Figura 3.3.4-5 – Esquema do servomotor HX12K e suas principais dimensões

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3.3.5 Sensor de Efeito de Hall

O efeito Hall é uma propriedade que se manifesta em um condutor quando um campo

magnético é aplicado perpendicularmente ao fluxo de corrente. Quando isso ocorre, uma

diferença de potencial no condutor é gerada, chamada de Tensão Hall. Esta tensão possui

direção perpendicular ao campo magnético e à corrente, e é proporcional à densidade de fluxo

magnético e à corrente. Fisicamente falando, o campo magnético aplicado provoca uma

concentração de portadores em todo o condutor e quando o número de portadores de um

lado do condutor for maior do que do outro, surgirá esta diferença de potencial. A amplitude

da tensão de Hall varia com a corrente e a intensidade do campo magnético.

De fato, o Efeito Hall nada mais é que o desvio da trajetória de corrente quando há

presença de um campo magnético. Este desvio faz com que a Tensão de Hall seja gerada, e

esta pode ser aproveitada por um circuito externo, pois ela é proporcional à intensidade do

campo.

O Sensor Hall tem seu princípio de funcionamento baseado no Efeito Hall e no caso

desse trabalho utilizou-se um sensor CYSJ106C da Chen Yang Technologies. Esse modelo feito

de um monocristal de Gálio e Arsênio (Ga-As) com material semicondutor (grupo III-V) e utiliza

uma tecnologia de ion implatado [28] para converter a densidade de fluxo magnético

linearmente em uma tensão de sáida. Esse modelo foi escolhido pela sua alta relação de

linearidade tensão/campo, estabilidade térmica, dimensões do componente e uma larga faixa

de operação (0 – 3 T). A Figura 3.3.5 - 1 mostra um desenho do sensor com suas principais

dimensões e pinagem.

Figura 3.3.5-1 – Esquema do sensor Hall CYSJ106C

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3.3.6 Medição do Campo Magnético na amostra de fita

Dentro do eletromagneto um campo magnético de determianda intensidade é

gerado e se mantem praticamente homogêneo se desconsiderando o espraiamento nas

bordas das peças polares e mantendo a zona de interesse o mais próximo possível do centro

do cone. Imerso nesse campo se encontra o porta amostra, que guarda a amostra de fita

supercondutora dando estabilidade mecânica e térmica para a fita como na Figura 3.3.6 – 1.

Figura 3.3.6-1 – Diagrama do Campo entre as peças polares do Eletromagneto à esquerda e à direita diagrama do porta amostra imerso no campo

O porta amostra fica acoplado mecânicamente ao eixo do servo motor. Dessa forma, a

estrutura pode ser rotacionada livremente dentro do seu eixo de simetria e assim mudar o

ângulo de incidência do campo gerado com relação à superfície da fita, como mostra a figura

3.3.6 – 2. Ou seja, para diferentes valores de obtem-se diferentes componentes de campo

perpendicular ( ) e tangencial ( ||) com relação à superfície da fita. Ambas componetes são

facilmente equacionadas pelas equações 3.3.1 e 3.3.2:

||

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Figura 3.3.6-2 – Diagrama do ângulo relativo do campo com o eixo de Simetria do Porta Amostra

Para que o valor de intensidade do campo magnético aplicado que incide no porta

amostras seja conhecido, utiliza-se o sensor de efeito Hall. Esse sensor é acoplado no porta

amostra em uma cavidade usinada na estrutura metálica de forma que a face do sensor fique

paralela com a superfície da fita, figura 3.3.6 – 3.

Como nesse trabalho foi utilizado um sensor do tipo Analógico/Linear, a tensão de

saída aumenta ou diminui proporcional ao aumento ou diminuição do campo magnético. A

saída de tensão é linear as variações no campo medido, o sinal de saída irá aumentar até que

ele comece a saturar devido aos limites impostos pela fonte de alimentação.

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Figura 3.3.6-3 – Diagrama do Porta Amostra com Sensor de Efeito Hall

A relação da tensão Hall e intensidade de campo pode ser descrita pela equação

(3.3.3) [29].

é uma tensão de saída quiescente, normalmente metade da tensão de

alimentação e varia para mais ou menos em relação a este valor, conforme o campo

magnético de saída. E é uma constante de calibração que varia de acordo com a

temperatura e tipo de material utilizado na construção do sensor.

Lembrando também que o sensor só responde ao campo perpendicular incidente a

ele, ou seja , . E assim a equação do (3.3.3) pode ser reescrita para nossa variável

de controle na forma da equação (3.3.4).

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3.4 Equipamentos de medição e aquisição

3.4.1 Nanovoltímetro e fonte de corrente contínua da Fita 2G

Para se obter a mais fiel caracterização do material não deve haver mudança de temperatura da amostra durante a aquisição dos dados. Essa situação na prática é impossível, pois a corrente aplicada crescente faz o material transitar do estado supercondutor para o normal e a resistência que surge dissipa calor. Contudo os efeitos térmicos da passagem de corrente podem ser minimizados ao se aplicar pulsos rápidos e controlados dentro da faixa de milisegundos. Com base nessa informação, para realizar as injeções de corrente nas amostras de fita 2G utilizou-se uma fonte da Agilent modelo 6671 A com saída em Corrente Contínua de valores máximos de 8 V e 220 A, figura 3.4.1-1. Escolheu-se essa fonte pela sua capacipade de alta regulação de degraus de corrente de curtíssima duração (em torno de 200ms).

Figura 3.4.1-1 – Foto da fonte Agilent 6671A e seu esquema

No entanto, mesmo com a capacidade de regulação de rápidos pulsos de corrente, a necessidade de haver uma leitura precisa do valor de corrente aplicada na amostra durante o ensaio gerou uma limitação no sistema. Ao enviar um comando para a fonte requisitando o valor de corrente que foi gerado, nenhuma outra função pode ser executada antes que o valor de corrente seja retornado. Todo o processo faz com que o comando para finalizar os pulsos seja executado muito tarde, ou seja, o tempo de pulso aumenta consideralvemente a ponto de interferir gerando dissipação térmica. Para contornar esse problema, um resistor de precisão de 400 mΩ e corrente máxima 150 A foi instalado em série com a sáida da fonte, figura 3.4.1-2. A cada pulso uma mediação de tensão é realizada no resistor e o valor de corrente é calculado indiretamente.

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Figura 3.4.1-2 – Conexão do resistor shunt e seu esquema

Para realizar as medições de tensão nas amostras de fitas supercondutoras de forma eficiente utilizou-se um nanovoltímetro da Keithley de dois canais Modelo 2182A, figura 3.4.1-3. Este modelo é otimizado para fazer, medições de tensão estáveis de baixo ruído e para a caracterização de materiais de baixa resistência e dispositivos de forma confiável e sistemática.

Figura 3.4.1-3 – Esquema do painel frontal do nanovoltímetro Keithley 2182A

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3.4.2 Placa de Aquisição

Para realizar certas funções dentro do sistema foi necessária a utilização de uma placa

de aquisição especial compatível com o programa LabView. Para tal, escolheu-se uma placa da

National Instruments modelo NI SCB-68.

Essa placa atua como um bloco conector blindado para sinais I / O. Sua interface faz o

“plug-in” para dispositivos de aquisição de dados (DAQ) com conectores de 68 pinos. Por

utilizar cabos blindados, a SCB-68 fornece a terminação do sinal robusto com muito baixo

ruído. É compatível com dispositivos simples e dual-conector NI da Série X e M Series com

conectores de 68 pinos. O bloco de ligação também é compatível com a maioria dos NI E, B, S e

R Series DAQ.

Figura 3.4.2-1 - Placa da National Instruments modelo NI SCB-68

Mesmo tendo o foco na aquisição de dados, essa placa também é capaz de excursionar

sinais analógios de baixa potência. Dessa forma, as seguintes funções foram atribuídas para

esse bloco:

Gerar sinal de polarização + 5 V com GND para o servo motor;

Gerar os sinais pulsados para controle de posicionamento do eixo do servo

motor;

Aquisitar os valores de tensão pertinentes ao sensor Hall;

Aquisitar os valores de tensão do resistor de precisão conectado em série na

saída da fonte de corrente da Agilent;

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3.4.3 Interface entre os Equipamentos

A conexão entre o computador e o conjunto nanovoltímetro/ fonte de corrente é toda

feita em série pela interface de um sistema GPIB (General Purpose Interface Bus) e um

adaptador GPIB – USB Keythley KUSB – 488B, Figura 3.4.3-1. Essa comunicação GPIB, também

conhecida como IEEE 488 Bus é um barramento paralelo de 8 bits. Em um total de 24 pinos, o

barramento emprega 16 linhas de sinal: 8 usadas para transferência de dados bidirecional, 3

para handshake e 5 para gerir o barramento. As 8 linhas restantes são de retorno de terra [22].

Figura 3.4.3-1 – Foto do conector GPIB conectado ao adaptador Keithley GPIB/USB e seu esquema

Conectado ao barramento, todo dispositivo tem um endereço primário único de 5 bits,

ou seja, 31 endereços possíveis. Com esse conector até 15 dispositivos podem dividir um único

barramento, com uma restrição de até 20 m total de cabos. No quesito Controle e

transferência de dados, estes estão logicamente separados; um controlador pode endereçar

um dispositivo para enviar dados e um ou mais dispositivos para receber dados sem ter que

participar na transferência. É possível múltiplos controladores dividirem o mesmo barramento,

mas somente um pode ser o "controlador atuante" a cada comando.

No protocolo original, a taxa máxima de dados é de aproximadamente 1 MBps.

Entretanto a extensão do HS-488 com os requerimentos de handshake foi utilizada nesse

projeto, permitindo um transporte de até 8 MBps.

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3.4.4 Montagem dos equipamentos

Um desenho esquemático e uma foto dos equipamentos nas Figuras 3.4.4 – 1 e 3.4.4 –

2, respectivamente, ajuda a visualizar a montagem geral do sistema de caracterização.

Figura 3.4.4-1 – Esquema da Montagem dos equipamentos do sistema de caracterização

Figura 3.4.4-2 – Foto do sistema de caracterização

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3.4.5 Antigo Programa para levantamento da curva V x I em Labview

O primeiro programa para controle dos equipamentos de aquisição de dados foi

desenvolvido pelo professor Felipe Sass. Este visava a caracterização elétrica de amostras de

fitas sem a presença de campos magnéticos externos e já havia sido utilizado em trabalhos

anteriores [22]. O programa, intitulado “Sistema de Medidas” foi concebido em três etapas:

Configuração – Nessa aba do programa, o usuário deve definir o Número de

Aquisições que serão feitos durante o ensaio, o Intervalo entre Aquisições em

segundos, Campo Elétrico Máximo que amostra deverá suportar em µV/mm e o

Comprimento da Amostra em mm. Já nessa etapa define-se a Tensão Máxima na

Amostra como critério de parada do ensaio multiplicando o Comprimento da Amostra

pelo Campo Elétrico Máximo definido. A imagem dessa aba se encontra na figura

3.4.5-1.

Figura 3.4.5-1 – Tela da aba de Configuração no LabView

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Entrada de Dados – Nesta aba é definido como os pulsos de corrente vão se

desenvolver ao longo do tempo na amostra, ou seja, a tabela da “Corrente Planejada”.

Para tal, o usuário preenche os campos da área “Ferramenta de Preenchimento

Automático”. A imagem dessa aba se encontra na figura 3.4.5-2.

Figura 3.4.5-2 – Tela da aba de Entrada de Dados no LabView

Ensaio – Nesta última aba é onde o ensaio de fato é iniciado. O usuário deve clicar em

“Carregar Dados” para Carregar os dados que ele definiu nas abas anteriores. Estes

serão ilustrados na primeira coluna da tabela (Corrente Planejada (A)) do Ensaio e no

gráfico de progressão do canto inferior direito da janela. Para iniciar o ensaio clica-se

no botão verde “Iniciar Ensaio” que fará a inicialização dos equipamentos e irá aplicar

os valores de corrente planejada. Ao mesmo tempo se realiza as medições em tempo

real preenchendo linha a linha os valores de Corrente Medida (A), Tensão (V), Instante

(ms) e Data. No gráfico Tensão x Corrente no canto inferior ocorre o levantamento de

pontos e no canto inferior esquerdo a progressão temporal pré-determinada em azul

vai sendo sobreposto por um traçado vermelho representando a evolução do ensaio.

O ensaio pode ser interrompido a qualquer instante se o usuário clicar na tarja

vermelha “ Interromper Ensaio “ que aparece na parte superior da tela logo após o

botão “Iniciar Ensaio “ ser pressionado. A imagem dessa aba se encontra na figura

3.4.5-3.

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Figura 3.4.5-3 – Tela da aba de Ensaio no LabView

O ensaio é finalizado naturalmente após a sequência de pontos planejada ser

concluída ou caso o critério de parada seja atingido. Após a finalização o programa retorna

um arquivo texto com os dados da tabela que foi preenchida.

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3.4.6 Novo Programa para levantamento da curva V x I em Labview

Para os objetivos de estudo desse trabalho, foi necessário a criação de um programa

inteiramente novo capaz de proporcionar a movimentação da amostra, controlando a

angulação de campo magnético junto do processo de caracterização do antigo programa. Toda

lógica dos comandos para os instrumentos nanovoltímetro, fonte de corrente e placa de

aquisição foi refeito também em Lab View. A figura 3.4.6 - 1 mostra a tela principal do novo

programa com a interface.

Figura 3.4.6-1 – Tela Principal do Novo programa em LabView

O programa como um todo foi divido em quatro blocos: “Rotina de Corrente e

Aquisição”, “Rotina de Mapeamento de Campo”, “Posicionamento” e “Caracterização”. O

bloco “Rotina de Corrente e Aquisição” e “Rotina de Mapeamento de Campo” são os

algoritmos principais da programação, já os blocos “Posicionamento” e “Caracterização” são

algoritmos auxiliares durante a execução do principal “Rotina de Corrente e Aquisição”. Os

Fluxogramas desses quatro blocos serão apresentados mais a frente.

Com todas as lacunas da tela inicial do programa preenchidas corretamente o usuário

dá inicio ao Ensaio, deixando a amostra na ausência de campo e apertando o botão “MEDIR

OFFSET”. Esse botão envia um comando para a placa de aquisição medir o , essa é a

tensão de saída, normalmente metade da tensão de alimentação, como mecionado na sessão

3.3.6. Com o offset do sensor hall medido, pressiona-se o botão “VARREDURA” que leva o

programa a executar o bloco Rotina de Mapeamento de Campo, cujo Fluxograma está

ilustrado na Figura 3.4.6 - 2.

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Figura 3.4.6-2 – Fluxograma do Bloco de Programação “Rotina de Mapeamento de campo”

“Mover para posição 0° do Motor” – Envia-se um sinal pela placa de aquisição da

Texas Instruments para posicionar o eixo do servo motor na sua posição de 0°.

“Varredura Primária” – Nessa varredura primária o motor vai girando de 0° até 180°

sentido horário em passos de 5°, como ilustrado da figura 3.4.6 – 3. É medido o valor

da tensão Hall em cada posição, armazenando os valores em um vetor.

Figura 3.4.6-3 - Diagrama do movimento do porta amostra durante “Varredura Primária”

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“Varredura Secundária” – O motor se reposiciona 5° antiorário da posição de máximo

valor encontrado na “Varredura Primária” e anda 10° horários em passos de 1°

medindo novamente os valores de tensão em cada posição e armazenando-os em um

novo array. A figura 3.4.6 – 4 ilustra esse movimento da varredura secundária.

Figura 3.4.6-4 - Diagrama do movimento do porta amostra durante“Varredura Secundária”

“Mover para 90° com relação ao campo” – Motor volta a se reposicionar na posição

referente a tensão máxima dentro do array criado na segunda varredura, que como já

foi mencionado anteriormente, acaba sendo a posição de 90° (Figura 3.4.6 – 5) com a

relação ao campo.

Figura 3.4.6-5 – Diagrama do porta amostra na posição de 90°com relação ao campo

“Cálculo do campo máximo” – Uma vez na posição de 90° com relação ao campo, o

valor de campo é calculado em Tesla com base em uma calibração préviamente feita.

“Refazer Varredura?” – Por final o programa abre uma janela perguntando ao usuário

se deseja que todo o processo seja refeito. Caso “Sim” o programa zera os arrays

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criados, volta para a posição de 0 ° mecânico e recomeça as varreduras. Caso “Não”, a

programação segue para “Deixar a amostra em 0°?”.

“Deixar a amostra em 0°?” – Questiona-se o usuário se o motor deve fazer um último

reposicionamento girando a amostra 90° no sentido anti-horário, para a posição de 0 °

(paralelo) com relação ao campo magnético. Caso “Sim”, o programa reposiciona a

amostra na posição de 0° com relação ao campo e em seguida finaliza a Rotina de

Mapeamento. Caso “Não”, o programa mantém a posição de 90° e segue direto para

finalizar a Rotina.

Para dar início à execução do bloco “Rotina de Corrente e Aquisição” o usuário deve

pressionar o botão “ENSAIO AUTOMÁTICO”, cujo Fluxograma está ilustrado na Figura 3.4.6 – 6.

Em seguida, o programa automaticamente executa um comando de inicialização da fonte de

corrente da Agilent e calibração do nanovoltímetro.

Figura 3.4.6-6 - Fluxograma do Bloco da “Rotina de Corrente e Aquisição”

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“Carregar Progressão de Corrente” – Carrega a listagem da progressão de corrente

que será aplicada na amostra. Existem duas opções nessa etapa, podendo-se usar o

Processo “Ida e Volta” ou “Tabela Excel”.

o “Ida e Volta” – a corrente aplicada começa em zero e vai sendo incrementada

com um passo igual ao da lacuna “Incremento de Ida” na tela principal do

programa. Quando a tensão durante a aplicação de corrente atinge um valor

superior a tensão crítica ( ), a corrente aplicada passa a receber um

decremento de valor defino pela lacuna “Decremento de Volta” na tela

principal. A corrente aplicada vai decrescendo até atingir uma tensão de limite

mínima definida pelo usuário na lacuna “Tensão de Volta”.

o “Tabela Excel” – todos os valores de corrente que serão aplicados na amostra

são listados na primeira coluna de um arquivo com extensão xls. Esse arquivo

deve ser criado e preenchido pelo usuário previamente ou no momento que o

programa pedir para o arquivo ser carregado. Com a opção “Tabela Excel” o

critério será a , calculada pelo programa a partir dos dados de campo

elétrico crítico e comprimento da fita definidos pelo usuário.

“Criação/Atualização do arquivo texto” – Arquivo texto cujo nome definido pelo

usuário é criado. Nesse arquivo é inserido um cabeçalho contendo as informações de

data, horário, dimensões da fita, campo elétrico crítico, campo magnético máximo e as

colunas de corrente planejada, corrente aplicada, tensão e tempos de pulso. O

formato deste arquivo se encontra na Figura 3.4.6 – 7.

Figura 3.4.6-7 – Modelo do arquivo.txt gerado pelo programa

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“Caracterização” – Dá-se início as injeções de corrente na amostra com a progressão

escolhida. A cada aplicação, o valor de tensão induzida na amostra é medida pelo

nanovoltímetro e o par de dados é armazenado nas colunas do arquivo. Esse processo

de aplicação, medida e armazenamento perdura até que o Critério de Parada seja

atingido e assim o bloco de “Posicionamento” é automaticamente iniciado. Lembrando

que o critério de parada depende da progressão de corrente escolhida no início.

“Posicionamento” – O programa entra em estado de suspensão das atividades e

pergunta se o usuário gostaria de refazer o ensaio na posição que a amostra se

encontra. Caso “Sim”, o motor mantém a posição e volta para “Criação/Atualização do

arquivo texto”, os dados de caracterização anteriores são apagados no arquivo texto e

e em seguida volta-se para “Caracterização”. Caso “Não”, o motor se desloca 10° no

sentido horário, faz a medição do novo campo magnético perpendicular à amostra,

define uma nova região dentro do arquivo texto para armazenar os futuros valores de

tensão x corrente e continua a execução do bloco “Rotina de Corrente e Aquisição”.

Começando em 0° com relação ao campo, o programa vai avançando de 10 em 10°

fazendo as curvas tensão x corrente para cada posição até chegar a posição de 180°.

Quando chegar em 180° todas as posições de ensaio terão sido feitas e o programa será

finalizado.

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3.5 Rotinas em Matlab para análise das curvas V x I

Para poder representar os dados de um ensaio na forma gráfica e conseguir fazer as

análises pertinentes, foi necessário criar uma rotina em Matlab para realizar a leitura do

arquivo texto e outra para tratar os dados de maneira a gerar as imagens desejadas.

3.5.1 Rotina de Leitura (leitura.m)

O primeiro programa criado foi a função leitura.m. Este recebe o nome do arquivo

texto e realiza uma leitura de todas as linhas do arquivo criando uma matriz de ângulos,

representando as posições da fita durante o ensaio. Para cada posição da lista de ângulos cria-

se uma variável struct onde serão armazenados os dados VxI de caracterização, campo

perpendicular e tangencial. Ambas as matrizes de ângulos e as variáveis struct de

caracterização ficam dentro de outro struct definido pelo usuário no momento da chamada da

função. No exemplo da figura 3.5.1-1 a função leitura.m foi chamada e os dados armazenados

na variável R2.

Figura 3.5.1-1 - Tela e Comando pós chamada da função leitura.m para o arquivo superOx#2014-03-C_100mT.txt

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3.5.2 Rotina para análise de dados

Com os dados organizados na variável struct, um segundo programa leitura_VxI.m

extrai os valores de corrente crítica (IC) dos ensaios VxI para cada struct a0, a10, a20 . . ., com

base na tensão crítica (VC) definada pelo usuário. Para tal, utiliza-se a função de interpolação

(interp1) existente na própria biblioteca do Matlab.

Com os valores de IC e VC definidos em cada posição, o próximo passo é a obtenção do

fator exponencial n. Aplicando a função Logaritmo Natural nos dois lados da equação (2.3.7)

temos a equação (3.5.1).

(

) (

)

Realizando uma simples manipulação de propriedade logarítmica na equação (3.5.1)

tem-se:

(

) (

)

Olhando a equação (3.5.2) percebe-se que a equação original foi linearizada e assim

pode-se usar o método dos Mínimos Quadrados para determinar o coeficiente ângular da

equação, que será o fator exponencial . Com os valores de IC e definidos uma curva

aproximada é traçada para rastrear os pontos do ensaio e caracterizar a amostra atráves da

equação (2.3.7). A curva linearizada, equação (3.5.2), também é traçada junto para avaliar a

dispersão dos pontos da reta no cálculo de . Por fim, são traçadas as curvas dos valores de IC

e calculados com relação a cada posição de angulo, como na figura 3.5.2-1.

Figura 3.5.2-1 - Gráficos exponencial e linear VxI normalizados

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4 Resultados

Com todos os dados de caracterização coletados, busca-se traçar as curvas VxI e as

IC x θ e em seguida passa-se para o ajuste dos mesmos com base nos conceitos apresentados

na sessão 2.4. Utilizando a função “varredura.m” (Apêncide 7.3) é possível encontrar os

valores de , , e que melhor se aproximam da equação (2.5.1) em cada um dos modelos

de fita. Em seguida uma análise é feita para comparação dos resultados.

4.1 Ensaio para as fitas da SuperOX

As primeiras fitas 2G a serem caracterizadas foram dois modelos da fabricante

SuperOx. Ambas as fitas de largura 4 mm usam substrato Hastalloy C-276. O primeiro modelo,

#2014-03-C com camada estabilizadora de 1 μm de Ag, 20 μm de Cu e IC mínima de 120 A a

77 K. Já a segunda fita #2014-10-R foi um modelo igual ao primeiro com uma camada extra de

10 μm de Pb-Sn e sua e IC mínima, segundo fabricante, de 100 A a 77 K.

4.1.1 Sem Campo Magnético

Nos primeiros ensaios sem campo magnético, como não há necessidade de qualquer

variação de ângulo, apenas um gráfico VxI é feito. Para o modelo #2014-03-C, figura 4.1.1-1, o

valor de n ficou em 26,26, o que indica que a caracterização ficou dentro da faixa de Flux

Creep. No caso da = 135,69 A, um valor 15 A acima do informado pelo fabricante.

Figura 4.1.1-1 – Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuperOx#2014-03-C sem presença de campo magnético

No modelo #2014-10-R, figura 4.1.1-2, o valor de n ficou na faixa de 25,05, dentro do

Flux Creep como esperado. No caso da = 122,53 A, um valor 22 A acima do informado pelo

fabricante.

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Figura 4.1.1-2 – Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuperOx#2014-10-R sem presença de campo magnético

4.1.2 Ensaio com Campos Magnéticos

Para fita SuperOx#2014-03-C, os valores de campo foram ajustados para ficar em torno

dos seguintes valores: 25, 50, 100, 200, 350, 550, 800 e 1100 mT. Em cada uma dessas

intensidades as curvas V x I foram feitas e os valores de calculados pela rotina em Matlab

para 19 posições de ângulo indo de 0 a 180°.

Figura 4.1.2-1 - Gráfico das curvas para amostra de fita SuperOx#2014-03-C

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Analisando o gráfico da figura 4.1.2 -1 observa-se que os valores de corrente crítica

diminuem conforme o aumento da intensidade de campo aplicado. Também é importante

notar que, para um mesmo campo, os valores de são mínimos quanto mais próximos da

posição de 90°. Quanto mais intensa a componente de campo magnético normal ao plano da

fita menor é o valor de . Outro ponto que vale ser ressaltado é a simetria par da curva em

torno de 90°. Do modelo SuperOx#2014-03-C para o SuperOx#2014-10-R a única diferança de

fato é no material da camada estabilizadora, sendo assim, esperava-se que a relação

seguisse os mesmos formatos de curva. O gráfico da figura 4.1.2 - 2 confirma a suposição.

Figura 4.1.2-2 – Gráfico das curvas para amostra de fita SuperOx#2014-10-R

4.1.3 Ajuste ao modelo para as fitas SuperOx

Utilizando como sendo a razão entre e a área da sessão reta supercondutora na

condição sem campos magnéticos, e obtendo-se as variáveis , , e na função varredura.m,

obtém-se as figuras 4.1.3– 1 e 4.1.3 – 2, para os modelos SuperOx#2014-03-C e SuperOx#2014-

10-R, respectivamente. Os pontos azuis são os dados experimentais e as curvas vermelhas a

aproximação.

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Figura 4.1.3-1 – Modelagem da fita SuperOx#2014-03-C

Figura 4.1.3-2 – Modelagem da fita SuperOx#2014-10-R

Visto que os valores de erro médio para ambas as fitas da SuperOx ficaram abaixo de

10%, conclui-se que o ajuste foi satisfatório.

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4.2 Ensaios para fita da Super Power

A terceira fita a ser caracterizada foi o modelo SCS4050-AP-I da empresa Super Power.

Essa fita de 4 mm segundo informações do fabricante possui uma IC de 120 A e uma mínima

de 80 A a 77 K. O código AP na identificação indica que esse modelo passou por um processo

de “Advanced Pinning”. Isso indica que uma dopagem especial foi feita no material

supercondutor da fita para aumetar a força de pinning na rede vórtices e assim otimizar a

capacidade de transporte de corrente em condições de campos magnéticos elevados.

4.2.1 Sem Campo Magnético

Nesse modelo SCS4050-AP-I, figura 4.2.1-1, o valor de n ficou na faixa de 17,15. No

caso da = 110,199 A, um valor 10 A abaixo do informado pelo fabricante o que é aceitável

lembrando que o mínimo informado seria 80 A. Vale ressaltar, dentro de um rolo de fita,

devido a inomogeneidade do material cerâmico supercondutor, a pode variar até 20% do

valor médio de 120 A.

Figura 4.2.1-1 - Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuperPower#SCS4050-AP-I sem presença de campo magnético

4.2.2 Ensaio com Campos Magnéticos

Assim como se esperava, os valores de corrente crítica mantém uma relação

inversamente proporcional com a intensidade de campo, figura 4.2.2-1. No entanto percebe-se

que a relação de IC com θ difere do observado em ambos os modelos da SuperOx. Nas

primeiras intensidades de campo (25, 50 e 100 mT) as curvas parecem tender para um formato

próximo de uma senóide. No entanto, conforme se aumenta a intensidade de campo para

valores mais significativos (200, 300 e 500 mT) os valores de IC tendem a ficar maiores para as

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posições mais próximas de 90°. Diferente dos modelos anteriores, para campos acima de 300

mT quanto maior for a componente perpendicular de campo incidente com relação a

superfície da fita maior o valor da corrente crítica. Esse fenômeno ocorre devido a um

processo especial chamado advanced pinning realizado na camada supercondutora da fita

durante sua fabricação. Essa dopagem diferenciada otimiza a estabilidade da rede de fluxóides

nas posições em que a face da fita está mais próxima da ortogonalidade com relação ao

campo. Com isso, apresentam-se os maiores valores de perto de 90° e, consequentemente,

a distorção na simetria da curva.

Figura 4.2.2-1 – Gráfico das curvas IC x θ para amostra de fita SuperPower#SCS4050-AP-I

No caso desse modelo de fita não foi possível obter as curvas referentes as

intensidades de campo 800 mT e 1100 mT. Os dados de caracterização para essas intensidades

ficaram corrompidos devido alguma interferência externa não identificada. Mesmo assim, os

dados obtidos foram o suficiente para se ter uma boa noção do comportamento da fita

SuperPOwer SCS4050-AP-I com relação a sua posição em campos magnéticos.

4.2.3 Ajuste ao modelo para as fitas Super Power

Para a fita da Super Power, devido as suas curvas assimétricas, foi necessário

realizar uma média aritmética entre os valores de nas posições ângulares equidistantes da

posição de 90°. Na figura 4.2.3–1 os pontos azuis são os dados experimentais e os pontos

verdes traçejados, valores calulados pela média já mencionda.

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Figura 4.2.3-1 – Curvas experimental antes e depois de realizar a média.

Após realizar a média aritmética entre os valores de nas posições ângulares

equidistantes de 90°, realiza-se o mesmo procedimento utilizado nas fitas SuperOX. Com isso

obtém-se a modelagem ilustrada na figura 4.2.3 – 2.

Figura 4.2.3-2 – Ajuste da fita SuperPower#SCS4050-AP-i

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4.3 Ensaio para fita da SuNAM

A quarta e última fita caracterizada foi da empresa SuNAM modelo SNC04200. Assim

como a fita da SuperPower essa fita de 4 mm também possui uma camada estabilizadora de

Cu e um isolamento de Kapton de fábrica. No entanto seu substrato de Hastalloy C-256 dá uma

espessura final de 150 15 μm. Segundo dados do fabricante, esse modelo, mesmo sendo uma

fita de 4 mm possui IC mínima de 200 A a 77K, podendo chegar a 220 A.

4.3.1 Sem Campo Magnético

Nesse modelo SNC04200, figura 4.3.1-1, o valor de n ficou em 39,88, um valor mais

elevado que os observados nos modelos da SuperOX e SuperPower. Um n mais elevado indica

que esse modelo de fita nas condições sem campo possui uma transição mais rápida para o

estado normal. A tensão no material sobe mais rapidamente quando os valores de correntes

aplicados ficam próximo do valor crítico.

No caso da corrente crítica = 204,015 A, um valor 4 A acima do mínimo esperado

pelo fabricante. De fato, em condições sem campo esse valor nos leva a uma primeira

impressão de que o modelo SCN04200 supera a capacidade de transporte de corrente com

relação aos outros fabricantes analisados.

Figura 4.3.1-1 – Gráficos exponencial e linear VxI normalizados para amostra de fita SuNAM#SCN04200 sem presença de campo magnético

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63

4.3.2 Ensaio com Campos Magnéticos

Com base nas curvas anteriores percebeu-se que as curvas mais significativas

são obtidas a partir de 100 mT de campo. Sendo assim, os valores de campo foram ajustados

para ficar em torno dos seguintes valores: 100, 200, 350, 550, 800 e 1100 mT, figura 4.3.2-1.

Como já se havia visto os valores de corrente crítica mantém uma relação inversamente

proporcional com a intensidade de campo e percebe-se que a relação de IC com θ é similiar

aos modelos da SuperOX.

Figura 4.3.2-1 - Gráfico das curvas IC x θ para amostra de fita SuNAM#SCN04200

É interessante notar que para os primeiros valores de campo 100 mT, 200, mT, 350 mT

e 550 mT, os valores de corrente crítica continuam maiores que os dos outros fabricantes, mas

conforme o campo chega em valores elevados de 800 mT e 1100 mT as curvas nos ângulos

próximos a 90° tendem a valores bem similares. Ou seja, para altos valores de campo esse

modelo SNC04200 chega a ter sua corrente crítica reduzida para 10% do valor mínimo, se

comportando de forma similar aos modelos da SuperOx.

4.3.3 Ajuste ao modelo para a fita SuNAM

Para a fita da SuNAM, modelo SCN04200 o ajuste obtido se encontra na

figura 4.3.3 – 1. Esse foi o único modelo de fita cuja equação (2.5.1) não conseguiu ser

aproximada com um erro menor que 10%. Deve-se ressaltar também que o fabricante não

disponibiliza a espessura exata da camada supercondutora da fita de 4 mm, apenas dizendo

que ela pode variar entre 1 a 3 μm, variando os valores de Ic entre 100 A e 200 A. Nesse caso,

infere-se que a alta corrente crítica destas fitas, comparada às demais, esteja fortemente

relacionada com a espessura da camada supercondutora do dobro ou mais do especificado

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64

pelos demais fabricantes. Portanto, para os cálculos de Jc na amostra da SuNAM, foi utilizada

uma camada supercondutora com uma espessura média de 2 μm.

Figura 4.3.3-1 – Ajuste da fita SuNAM#SCN04200

4.4 Análise Comparativa

4.4.1 Comparação das Curvas

Com todos os coeficientes de determinados é possível traçar os gráficos das

superfícies de densidade de corrente para cada uma das fitas caracterizadas, como na figura

4.4.1-1. Com essa figura pode-se perceber novos detalhes sobre as características operacionais

das fitas. Vale ressaltar que dos modelos da SuperOX, apenas a curva da 2014-03-C foi traçada,

uma vez que ambos os modelos 2014-03-C e 2014-10-R possuem coeficientes , , e muito

próximos (Tabela 4.4.1-1).

Figura 4.4.1-1 – Curvas para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM

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65

Figura 4.4.1-2 – Curvas para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM

Primeiramente, nota-se que embora o modelo SCN04200 da SuNAM possua a corrente

crítica de transporte mais elevada sua densidade de corrente crítica é a segunda menor entre

as fitas testadas. No entanto, para valores de baixa densidade de campo (0 até 500 mT) o é

o menos sensível as variações de campo. Mas para altos valores de campo os valores de são

os menores dentre as três superfícies. As fitas da SuperOx possuem a maior densidade de

corrente crítica na ausência de campo mas seu decaimento para pequenas intensidades é o

mais acentuado. Já no caso da Super Power, a densidade não mostra um decaimento

acentuado para valores de campo elevados (acima de 500 mT). É notável que para campos

acima de 800 mT a fita da SuperPower chega nos valores de mais elevados.

Uma forma mais direta de realizar essa análise de sensibilidade é traçando as curvas

das derivadas parciais de , que podem ser visualizadas nas figuras 4.4.1-2, 4.4.1-3 e 4.4.1-4.

Figura 4.4.1-3 – Curvas de

para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM

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Figura 4.4.1-4 – Curvas de

para os modelos de fita SuperOX, Super Power e

SuNAM

Como se pode notar, os maiores valores de derivada são alcançados pela curva da

SuperOX e os menores na curva da SuNAM. A Super Power fica como intermediário entre os

modelos.

Figura 4.4.1-5 – Curvas de

para os modelos de fita SuperOX, Super Power e SuNAM

É interessante notar que os aspectos mais destoantes em cada fita, anteriormente

mencionados, também podem ser previstos pelos seus parâmetros de calibração , , e

. Olhando a Tabela 4.4.1-1, percebe-se que o valor de para fita da SuNAM é extremanete

elevado em comparação aos outros, isso gera pouca sensibilidade para valores pequenos de

campo. Já no caso da Super Power, um indica que a parcela de campo paralelo tem

grande influência e também desacelera o decaimento de para os altos valores de densidade

de fluxo.

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Tabela 4.4.1-1 – Parâmetros de ajuste de para cada modelo de fita

Fabricante

(A/m2)

(mT)

(%)

SuperOx

#2014-03-C 3,37e10 80 0,43 0,76 8,869e-3 7,31

SuperOx

#2014-10-R 3,06e10 85 0.28 120 7,996e-3 7,45

SuperPower

#SCS4050-AP-i 2,75e10 42 0,9 0,45 4,999e-3 5,72%

SuNAM

#SCN04200 2,80e10 400 0,59 2,03 2,499e-2 13,27%

Ao final dessa sessão de resultados pode-se averiguar a capacidade do novo sistema

criado de realizar caracterizações de fitas 2G com variações de posição com relação a campos

magnéticos de diferentes intensidades. Foi notável como cada modelo de fita possui uma

curva própria que depende do processo de fabricação adotado. O modelo SCS4050

com advanced pinning ilustrou fortemente o aspecto anisotrópico causado pela dopagem

especial. Já no modelo da SuNAM SCN04200, mesmo com sua sem campo,

constatou-se que, para campos elevados (800 e 1100 mT), a ficou na mesma faixa que os

modelos da SuperOx. Ou seja, o sistema se mostra confiável para revelar as peculiaridades

operacionais de diferentes modelos de fitas, proporcionando conhecimento para projetos de

engenharia e simulações.

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5 Conclusões e Trabalhos Futuros

Neste último capítulo serão feitas as considerações finais acerca do trabalho, desde as etapas iniciais até os resultados, bem como propostas de possíveis estudos para almejar novos projetos.

Esse trabalho teve por objetivo dar continuidade aos estudos de caracterização de fitas

supercondutoras de segunda geração na presença de campos magnéticos. O antigo sistema estava

limitado a caracterizar fitas apenas na posição de 90° com relação ao campo, mas devido as

carcterísticas anisotrópicas das fitas 2G desejava-se observar as propriedades elétricas em uma

gama mais ampla de posições. Para isso foi necessário adaptar todos os sistemas desde a

acomodação das amostras de fita até o software de caracterização.

O desenvolvimento se deu em quatro etapas. A primeira foi projetar e construir um porta

amostra capaz de acomodar as amostras para executar a medição de quatro pontas, dando

estabilidade térmica e liberdade de giro para posicionamento. A segunda foi programar um

sistema de posicionamento do porta amostra dentro do eletromagneto . A terceira foi juntar toda

a lógica de posicionamento junto com o programa de caracterização para obtenção das curvas VxI.

E por último, testar o sistema em algumas amostras de fitas de diferentes fabricantes e obter

dados de caracterização. No final, todos os objetivos das etapas foram alcançados de forma

satisfatória para esse trabalho. Certamente, para gerar resultados mais completos e consistentes

muitos ajustes precisam ser feitos sem falar que há um gama muito maior de estudos possíveis

com esse novo sistema. Como por exemplo: analisar o comportamento da componente

exponencial n em relação ao campo magnético.

Os resultados estão dentro do esperado e deram espaço para análises de extrema

relevância citadas anteriormente na Sessão 4. A caracterização das fitas forneceu uma boa ideia do

limite operacional viável para futuras aplicações práticas e mostrou diferença apreciável no valor

de entre as fitas de diferentes fabricantes para diferentes condições de campo e

posicionamento. Estas podem ser tanto devido ao próprio processo de fabricação do material

supercondutor, como visto na fita da SuperPower SCS4050 com advanced pinning, quanto no

material utilizado no substrato que gera degradação por contração e dilatação térmica.

Nos ensaios para obtenção das curvas de VxI foi possível ultrapassar até 10x o valor do

campo crítico durante a tomada de dados. Esse resultado só foi possível graças à estabilidade

térmica do suporte de cobre desenvolvido. Isso gera expectativa para estudos futuros mais

audaciosos em direção ao objetivo central de conseguir uma caracterização completa que capture

com precisão junto de o fator exponencial e englobe não só a região de Flux Creep, mas

também a Flux Flow.

Em suma, este trabalho comprovou os conceitos mostrados na teoria e forneceu ao

laboratório uma ferramenta capaz de gerar informações mais detalhadas sobre fitas

supercondutoras. Sua continuidade em estudos futuros gerará resultados que poderão ser usados

para melhorar a modelagem de Supercondutores. Modelos tais serão usados no projeto

envolvendo novas aplicações de Fitas 2G, sem os quais, seria impossível prever os

comportamentos não lineares desses materiais em variadas condições de operação.

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[9] Martins, F., “Projeto de um Motor Linear Supercondutor com Fitas De Segunda

geração ”, Dissertação de M.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2014.

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[21] Martins, F., “Caracterização de fitas supercondutoras 2G na presença de campos magnéticos”. Projeto Final para o grau de Engenheiro Eletricista, DEE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2012.

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[26] M. Zhang et al., “Study of second generation, high-temperature superconducting coils: Determination of critical current,” J. Appl. Phys., vol. 111, no. 8, pp. 083902-1–083902-8, Apr. 2012.

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7 Apêndices

Nessa sessão são apresentados os códigos em matlab para a manipoulação dos dados

experimentais obtidos. Todas as rotinas desde a extração dos dados do arquivo txto até a

geração das cruvas e modelagem das superfícies

7.1 Rotina em Matlab para leitura do arquivo texto

function [Ensaio]=leitura(doc)

filename = [doc];

delimiter = '\t';

% For more information, see the TEXTSCAN documentation.

formatSpec = '%s%s%s%*s%*s%*s%*s%*s%[^\n\r]';

%% Open the text file.

fileID = fopen(filename,'r');

dataArray = textscan(fileID, formatSpec, 'Delimiter', delimiter,

'HeaderLines', 4);

%% Close the text file.

fclose(fileID);

ind=[];

for i = 1:length(dataArray{1,1})

k = dataArray{1,1};

if ismember('N',cell2mat(k(i)))

ind = [ind i];

end

end

N = i;

ang = 0;

o=0;

Ensaio.angles = [];

for i = [1 3:N]

if ismember(i,ind)

o=i;

c = dataArray{1,1}(i);

d = dataArray{1,2}(i);

e = dataArray{1,3}(i);

a = findstr(' ',cell2mat(dataArray{1,1}(i)));

b = findstr(',',cell2mat(dataArray{1,1}(i)));

c{1}(b) = '.' ;

ang = str2num(c{1}(a+1:end-1));

a = findstr(':',cell2mat(dataArray{1,2}(i)));

b = findstr(',',cell2mat(dataArray{1,2}(i)));

d{1}(b) = '.' ;

cmpper = str2num(d{1}(a+2:end));

a = findstr(':',cell2mat(dataArray{1,2}(i)));

b = findstr(',',cell2mat(dataArray{1,2}(i)));

e{1}(b) = '.' ;

cmppar = str2num(e{1}(a+2:end));

Ensaio.angles = [Ensaio.angles ang];

eval(['Ensaio.a' num2str(ang) '.CampoPerp = cmpper;']);

eval(['Ensaio.a' num2str(ang) '.CampoTang = cmppar;']);

else

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72

eval(['Ensaio.a' num2str(ang) '.values(i-o,1:2)=

[str2num(cell2mat(dataArray{1,2}(i)))

str2num(cell2mat(dataArray{1,3}(i)))];' ]);

end

end

end

7.2 Rotina em Matlab para geração dos gráficos

function [Dados]=leitura_VxI(ensaio)

close all

clc

Lista_N = [];

Lista_Ic = [];

for i = 1:(length(ensaio.angles))

eval(['tabela = ensaio.a' num2str(ensaio.angles(i)) '.values

;']);

%eval(['campo = ensaio.a' num2str(ensaio.angles(i)) '.CampoTang

;']);

current=tabela(:,1);

ddp=tabela(:,2);

ddp_crit=4.5*10^-6; Vc=ddp_crit;

current_crit=interp1(ddp,current,ddp_crit);

Ic=current_crit;

Lista_Ic = [Lista_Ic Ic];

Inorm=current./current_crit;

Vnorm=ddp./ddp_crit;

Ln_Inorm=log(Inorm); Ln_Inorm_filtro=[];

Ln_Vnorm=log(Vnorm); Ln_Vnorm_filtro=[];

for j=1:length(Ln_Inorm)

if (Ln_Inorm(j)> -0.04 && Ln_Inorm(j)<0.15)

Ln_Inorm_filtro = [Ln_Inorm_filtro Ln_Inorm(j)];

Ln_Vnorm_filtro = [Ln_Vnorm_filtro Ln_Vnorm(j)];

end

end

coef = polyfit(Ln_Inorm_filtro,Ln_Vnorm_filtro,1);

N = coef(1);

Lista_N = [Lista_N N];

%

eval(['Log_VxI_' num2str(ensaio.angles(i)) '= figure;']);

eval(['figure(Log_VxI_' num2str(ensaio.angles(i)) ');']);

subplot(2,1,1); set(gca,'FontSize',14); set(gcf,'Color','white');

plot(Inorm,Vnorm,'o','MarkerSize',8,'LineWidth',2); hold on;

plot(sort(Inorm),(sort(Inorm.^N)),'r-','LineWidth',2); hold off;

grid on ;

dim = [0.15 0.8 0.1 0.1];

str = {['I_c = ',num2str(Ic),' A'],['V_c = ',num2str(Vc),'

V'],['N = ',num2str(N)]};

annotation('textbox',dim,'String',str,'BackgroundColor','white','

FontWeight','bold','FontSize',14);

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73

ylhand = get(gca,'ylabel'); set(ylhand,'string','Tensão

Normalizada (V/Vc)','fontsize',16);

xlhand = get(gca,'xlabel'); set(xlhand,'string','Corrente

Normalizada (I/Ic)','fontsize',16);

subplot(2,1,2); set(gca,'FontSize',14);

plot(Ln_Inorm_filtro,Ln_Vnorm_filtro,'o','MarkerSize',8,'LineWidt

h',2); hold on;

plot(sort(Ln_Inorm_filtro),(sort(Ln_Inorm_filtro.*N)),'r-

','LineWidth',2); hold off;

grid on;

ylhand = get(gca,'ylabel');

set(ylhand,'string','Log(V/Vc)','fontsize',16);

xlhand = get(gca,'xlabel');

set(xlhand,'string','Log(I/Ic)','fontsize',16);

%}

end

Nxtheta = figure;

figure(Nxtheta);

plot(ensaio.angles,Lista_N,'o-');set(gca,'FontSize',14);

set(gcf,'Color','white');

grid on; hold on;

ylhand = get(gca,'ylabel'); set(ylhand,'string','N','fontsize',16);

xlhand = get(gca,'xlabel');

set(xlhand,'string','Angulos(°)','fontsize',16);

%}

Icxtheta = figure;

figure(Icxtheta);

plot(ensaio.angles,Lista_Ic,'o-');set(gca,'FontSize',14);

set(gcf,'Color','white');

grid on; hold on;

ylhand = get(gca,'ylabel'); set(ylhand,'string','Corrente Crítica

(A)','fontsize',16);

xlhand = get(gca,'xlabel');

set(xlhand,'string','Angulos(°)','fontsize',16);

end

7.3 Rotina em Matlab para ajuste da curva

function [Jc0,k,Bc,b,JxthetaxB,J_surf,Deriv_graph1,Deriv_graph2]

= varredura(Dados)

%Essa função recebe uma matrix 3xN com dados de Campo Perpendicular

(mT), Campo Tangencial (mT) e Densidade de Corrente (A/m^2) e acha os

valores de Jc0,k,Bc,b que melhor aproximam os dados para função z =

Jc0./((1 +sqrt((k.*B_paral).^2 + (B_perp.^2))./Bc).^b) usando como

critério o erro quadrático (erro1) e erro médio (erro2)

close all %fechar todas as figuras clc %limpar a área de trabalho Dados = Dados'; JxthetaxB = figure; J_surf = figure;

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Deriv_graph1 = figure; Deriv_graph2 = figure;

Jc = Dados(:,3)./(0.004*1e-6); %Array de valores de J B_perp = Dados(:,1); %Array de valores de Campo perp. B_paral = Dados(:,2); %Array de valores de Campo paralelo figure(JxthetaxB); plot3(B_perp, B_paral, Jc,'o'); hold on;

%plotando gráfico dos dados experimentais

Jc01 = 134.69/(4e-3*1e-6); %Jc0 encontrada sem campo for Jc0=Jc01:Jc01*0.1:Jc01*1.1 %Varrendo valors para Jc0 for k=0.2:0.01:1 %Varrendo valores de k for Bc = 0:10:100 %Varrendo valores de Bc for b = 0:0.01:2 %Varrendo valores de b z = Jc0./((1 + sqrt((k.*B_paral).^2 +

(B_perp.^2))./Bc).^b); erro1 = sum(((z - Jc)./Jc).^2)/length(z); erro2 = sum(abs((z - Jc)./Jc))/length(z); if (erro1 <= 0.009) c=Jc0; a=k; d=Bc; dev_Bparal = (-

1).*((a^2)*b*c.*B_paral).*(((sqrt((a.*B_paral).^2+B_perp.^2)+d)./d).^(

-b-1))./(d.*sqrt((a.*B_paral).^2+B_perp.^2)); dev_Bperp = (-

1).*(b*c.*B_perp).*(((sqrt((a.*B_paral).^2+B_perp.^2)+d)./d).^(-b-

1))./(d.*sqrt((a.*B_paral).^2+B_perp.^2)); for i=0:((length(z)-1)/19)-1

%For criado para plotar as curvas aproximadas uma por uma figure(JxthetaxB); x=B_perp((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1);

y=B_paral((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1); plot3(x,y,z((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1),'.r-'); hold

on; grid on; end set(gca,'FontSize',14); set(gcf,'Color','white'); dim = [0.6 0.7 0.1 0.1]; str = {['J_{c0} = ',num2str(Jc0,'%10.3e\n'),'

A/m^2'],['B_c = ',num2str(Bc)],['b = ',num2str(b)],['k =

',num2str(k)], ... ['\epsilon =

',num2str(erro1,'%10.3e\n')],['\epsilon_{med} = ',num2str(erro2)]};

%preparando texto do textbox

annotation('textbox',dim,'String',str,'BackgroundColor','white','FontW

eight','bold','FontSize',14); xlhand = get(gca,'xlabel');

set(xlhand,'string','Campo Perpendicular (mT)','fontsize',16); ylhand = get(gca,'ylabel');

set(ylhand,'string','Campo Paralelo (mT)','fontsize',16); zlhand = get(gca,'zlabel');

set(zlhand,'string','Densidade de Corrente (A/m^2)','fontsize',16); view(45,20);

%definido projeção azimutal do gráfico

figure(Deriv_graph1); for i=0:((length(z)-1)/19)-1 x=B_perp((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1);

y=B_paral((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1);

plot3(x,y,dev_Bparal((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1),'.r-');hold on; grid on;

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end [X,Y]=meshgrid(0:20:1100,-1100:20:1100); dev_Bparal = (-

1).*((a^2)*b*c.*Y).*(((sqrt((a.*Y).^2+X.^2)+d)./d).^(-b-

1))./(d.*sqrt((a.*Y).^2+X.^2)); surf(X,Y,dev_Bparal); view(90,0); set(gca,'FontSize',14); set(gcf,'Color','white'); xlhand = get(gca,'xlabel');

set(xlhand,'string','Campo Perpendicular (mT)','fontsize',16);

%definindo cooredenada X ylhand = get(gca,'ylabel');

set(ylhand,'string','Campo Paralelo (mT)','fontsize',16);

%definindo coordenada Y zlhand = get(gca,'zlabel'); set(zlhand,'string','$$

\frac{\partial J_{c}}{\partial B_{\parallel}}

$$','fontsize',16,'interpreter','latex')

figure(J_surf); [X,Y]=meshgrid(0:20:1100,-1100:20:1100); Z = Jc0./((1 + sqrt((k.*Y).^2 + (X.^2))./Bc).^b); surf(X,Y,Z); xlhand = get(gca,'xlabel');

set(xlhand,'string','Campo Perpendicular (mT)','fontsize',16); ylhand = get(gca,'ylabel');

set(ylhand,'string','Campo Paralelo (mT)','fontsize',16); zlhand = get(gca,'zlabel');

set(zlhand,'string','Densidade de Corrente (A/m^2)','fontsize',16);

%Definindo coordenada Z view(45,20);

%definido projeção azimutal do gráfico

figure(Deriv_graph2); for i=0:((length(z)-1)/19)-1 x=B_perp((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1);

y=B_paral((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1);hold on; grid on; plot3(x,y,dev_Bperp((1+19*i)+1:(19*(i+1))+1),'.b-

'); end [X,Y]=meshgrid(0:20:1100,-1100:20:1100); dev_Bperp = (-

1).*(b*c.*X).*(((sqrt((a.*Y).^2+X.^2)+d)./d).^(-b-

1))./(d.*sqrt((a.*Y).^2+X.^2)); surf(X,Y,dev_Bperp); view(0,0); set(gca,'FontSize',14); set(gcf,'Color','white'); xlhand = get(gca,'xlabel');

set(xlhand,'string','Campo Perpendicular (mT)','fontsize',16); ylhand = get(gca,'ylabel');

set(ylhand,'string','Campo Paralelo (mT)','fontsize',16); zlhand = get(gca,'zlabel'); set(zlhand,'string','$$

\frac{\partial J_{c}}{\partial B_{\perp}}

$$','fontsize',16,'interpreter','latex') return end end end end end end

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8 Anexos

8.1 Datasheet da Fita Superpower 2G-HTS SCS4050

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8.2 Instruções da Soldagem da Fita

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8.3 Datasheet do Kapton

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8.4 Informações Servo motor

HX12K Servo: +Pulse Width Control 1500μsec Neutral

Required Pulse: 3 - 5 Volt Peak to Peak Square Wave

Tensão de operação: 4.8 - 7.2 Volts

Faixa da Temperatura de Operação: -20 to +60 °C

Velocidade de Operação (4.8V): 0.20sec/60 degrees at no load

Velocidade de Operação (6.0V): 0.17sec/60 degrees at no load

Torque (4.8V): 9,kg .cm

Torque (6.0V): 11 kg .cm

Angulo de Operação: 45 Deg. one side pulse traveling 400 μsec

Direção de Rotação: Clockwise/Pulse Traveling 1500 to 1900 μsec

Corrente Drenada (4.8V): 8.8 mA/idle and 350mA no load operating

Corrente Drenada (6.0V): 9.1 mA/idle and 450mA no load operating

Largura da Banda morta: 4 μsec

Tipo de Motor: 3 Pole Ferrite

Potênciometro: Indirect Drive

Bearing Type: Dual Ball Bearing

Tipo de Engrenagem: All Metal Gears

Largura dos cabos conectores: 11.81" ( 300mm )

Dimensões: 1.5’’ x 0.77"x 1.48" (40.6 x 19.8 x 37.8mm )

Peso: 55.2 g

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8.5 Informações G10

Vidro poliéster G10 é criado através de um processo de fabricação em que o poliéster

é adicionado à fibra de vidro para alterar a elasticidade, flex, compressão, alongamento,

dureza, gravidade específica, propriedades de moldagem e a expansão do vidro. O tipo de

poliéster usado é termoplástico ou termofixo policondensado, que é normalmente

comercializado como Valox ou Celanex. O poliéster de vidro produzido durante este processo é

dividido em classes separadas com base nas características de desempenho. A figura 8-1

mostra uma fotográfia da placa G10 utilizada.

N° do modelo G10/FR4/Epgc 201

Tipo Placa de Isolamento

Química Isolamento Inorgânico

Material Fibra de vidro

Tensão máxima 20 KV 100KV

Avaliação Térmica B 130

Certificação UL, ISO9001, SGS

Figura 8 - 1 – Fotográfia da placa de fibra G10

Amplamente utilizado como o isolamento de partes estruturais em equipamentos

elétricos & mecânicos, tais como geradores, motores, transformadores, placas terminais,

placas de PC, arruelas, e muitos outro