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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS CARACTERIZAÇÃO DE PLINTOSSOLOS ARGILÚVICOS NA PLANÍCIE DO RIO ARAGUAIA DANILLO BARBOSA DE MOURA Orientadora: Profa. Drª Virginia Damin Co-orientadores: Prof. Dr. Valdomiro Severino de Souza Jr Profa. Dr(a). Selma Simões de Castro Goiânia Março - 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS

CARACTERIZAÇÃO DE PLINTOSSOLOS ARGILÚVICOS NA PLANÍCIE DO RIO ARAGUAIA

DANILLO BARBOSA DE MOURA

Orientadora: Profa. Drª Virginia Damin

Co-orientadores:

Prof. Dr. Valdomiro Severino de Souza Jr Profa. Dr(a). Selma Simões de Castro

Goiânia Março - 2015

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DANILLO BARBOSA DE MOURA

CARACTERIZAÇÃO DE PLINTOSSOLOS ARGILÚVICOS NA PLANÍCIE DO RIO ARAGUAIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Agronomia, da Universidade Federal de Goiás, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Agronomia, área de concentração: Solo e Água.

Orientadora: Prof. Dr(a). Virginia Damin

Co-orientadores: Prof. Dr. Valdomiro Severino de Souza Jr Profa. Dr(a). Selma Simões de Castro

Goiânia, GO – Brasil

2015

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DANILLO BARBOSA DE MOURA

CARACTERIZAÇÃO DE PLINTOSSOLOS ARGILÚVICOS NA PLANÍCIE DO RIO ARAGUAIA

Dissertação DEFENDIDA e APROVADA em 06 de Março de 2015 pela Banca Examinadora constituída pelos membros: _________________________________

Prof. Dr. Glenio Guimarães Santos EA/UFG

_________________________________ Dr. Virlei Álvaro de Oliveira

IBGE/GO

_________________________________ Profa. Dr(a). Virginia Damin

Orientadora – EA/UFG

_________________________________ Prof. Dr. Valdomiro Severino de Souza Jr

Co-orientador – UFRPE/PE

Goiânia, Goiás Brasil

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BIOGRAFIA

Danillo Barbosa de Moura nasceu no dia 02 de Agosto de 1987, na cidade de

Goiás Velho, estado de Goiás. Em 2003 ele entrou para o ensino médio, e se interessou muito pelas disciplinas de Ciências e Matemática. Então, em Agosto de 2007, iniciou o curso de Bacharelado em Química, na Universidade Federal de Goiás (UFG), e se graduou como Bacharel em Química, em Agosto de 2011. Durante o período de sua graduação, ele desenvolveu alguns projetos de iniciação cientifica, na área de Química do Solo, sob orientação do Profº Drº Alfredo Borges de Campos, além de estagiar na Central Analítica do Instituto de Química (IQ) na UFG. Ele participou de várias escolas de verão e inverno em Química, em renomeadas universidades no Brasil, em seu período de férias de graduação e também apresentou vários trabalhos científicos em congressos nacionais. De Setembro de 2011 a Agosto de 2012, trabalhou como professor substituto no governo do estado de Goiás, ministrando as disciplinas de Química e Tópicos em Química, o que lhe fez perceber sua paixão por ensinar e ter a certeza que queria seguir a carreira acadêmica. Em Outubro de 2012, entrou no Programa de Pós-graduação em Agronomia da UFG, na área de concentração Solo e Água, com o intuito de aprender Pedologia. E atualmente está trabalhando em seu projeto de dissertação sobre a Caracterização de Plintossolos Argilúvicos na Planície do Rio Araguaia em Goiás, para a obtenção do título de mestre.

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A Deus por sempre me fazer acreditar e ver o

lado bom das coisas! Inspirando-me

grandemente no desejo contínuo de aprender e

me motivando a seguir em frente neste

fascinante mundo da pesquisa.

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

A professora Drª Virginia Damin, pelo aceite da orientação, conselhos, correções,

“boas conversas” e amizade, que tornaram esta caminhada tranquila de ser percorrida;

A CAPES pela bolsa de mestrado, sem a qual eu não teria a oportunidade de me

dedicar exclusivamente a esta pesquisa;

A Universidade Federal de Goiás (UFG) e ao Programa de Pós-Graduação em

Agronomia (PPGA), pela oportunidade de me proporcionar o título de mestre e me auxiliar

financeiramente na participação dos campos, viagens e congressos;

Aos Co-orientadores, Drª Selma Simões de Castro e Drº Valdomiro Severino de

Souza Júnior. Com a professora Selma, aprendi a ver uma grande beleza em “Pedologia”,

além é claro, de suas inestimáveis sugestões e explicações, essenciais para o desenvolvimento

desta dissertação. Com o professor Valdomiro na UFRPE, aprendi principalmente o quão é

necessário realizar análises com muito rigor e compreender bem o que está se fazendo, em um

laboratório de pesquisa, para dar as respostas certas a problemas científicos específicos e

inicialmente questionados;

Ao pesquisador do IBGE, Drº Virlei Álvaro, pela disposição, colaboração e

atenção em vários momentos da execução deste trabalho;

A minha mãe Marly e ao meu irmão Felipe, pelo amor, carinho, compreensão e

“silêncios” nas horas de estudo em meu lar;

Aos colegas de pós-graduação do PPGA (Thayná, Joaquim, Marco Aurélio,

Danielle, Rherison, Alisson, Thiago, Gisele, Simone, Luciele, Camilla, Felipe, Luanna,

Marcelo, Renato, e Laís) e do Programa de Pós-graduação em Ciência do Solo da UFRPE

(Vinicius, Gerson, Iwanne, Juliet, Edvan, Bruno, Suzane, Patrícia, Laércio, Elaine, Regilene,

Eloá, Luís Antônio e Glévia), pelo companheirismo, amizade, prestatividade e momentos de

descontração;

As grandes amigas Sara Santiago e Adriana Reis, que são minhas confidentes e

conselheiras a alguns anos, e estão presentes em todos os momentos importantes de minha

vida;

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Aos novos amigos Stephanny Brilhante, Igor Tenório e Jane Kelly que durante

minha temporada em Recife, tanto me ajudaram na adaptação com a amizade, sinceridade e

atenção;

Aos amigos da graduação Tárcio de Castro, Iêda Fonseca, Karlla, Brunno

Conrado e Wanderson, que mesmo após alguns anos depois da graduação, a amizade ainda

permanece.

Ao colega Ubirajara do curso de Geografia que me auxiliou na fabricação dos

mapas presentes nesta dissertação.

Ao novo amigo Cristiano Dela Picolla que se mostrou muito receptivo em sua

casa em Piracicaba, e sempre se dispões a ajudar.

Ao Maurício Rizatto Coelho, pesquisador da Embrapa Solos, que me enviou uma

cópia de sua dissertação, um livro e alguns artigos.

A professora Vládia por ceder seu laboratório, para a realização das análises

granulométricas e ao professor Derblai por incentivar a escrita de artigos científicos.

A equipe do Labogef por sempre estar acessível, grupo no qual me sinto

integrante desde a iniciação científica.

Ao meu amigo peruano Juan pela recepção em Lima, durante o Congreso

Lationoamericano de la Ciencia del Suelo.

A meu amigo americano Haitham por corrigir os resumos em inglês presente

nesta dissertação.

Por fim, agradeço a Deus e a inúmeras pessoas que de diversas formas,

colaboraram com incentivo e amizade, e me ajudaram a tornar esta caminhada realizável e

gratificante.

MUITO OBRIGADO!

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ............................................................................................ 09

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. 10

RESUMO GERAL .................................................................................................. 11

GENERAL ABSTRACT ........................................................................................ 12

1 INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................ 13

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................... 15

2.1 HISTÓRICO E DEFINIÇÕES ...................................................................... 15

2.2 OCORRÊNCIA DOS PLINTOSSOLOS ...................................................... 17

2.3 COMPOSIÇÃO DAS PLINTITAS ............................................................... 18

2.4 GÊNESE DAS PLINTITAS NOS PLINTOSSOLOS ................................... 19

2.5 USO E MANEJO DOS PLINTOSSOLOS...................................................... 20

3 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 22

4 CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE PLINTOSSOLOS DA

PLANÍCIE DO RIO ARAGUAIA .............................................................

26

RESUMO ....................................................................................................... 26

ABSTRACT ................................................................................................... 27

4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 28

4.2 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 29

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 33

4.4 CONCLUSÕES ............................................................................................. 48

4.5 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 49

5 PROPRIEDADES MINERALÓGICAS E MICROMORFOLÓGICAS DE

PLINTOSSOLOS DA PLANÍCIE ALUVIAL DO RIO ARAGUAIA,

BRASIL CENTRAL ....................................................................................

52

RESUMO ....................................................................................................... 52

ABSTRACT ................................................................................................... 53

5.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 54

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5.2 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................ 55

5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 58

5.4 CONCLUSÕES ............................................................................................. 80

5.5 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 81

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CONCLUSÕES GERAIS ............................................................................ 86

ANEXOS ........................................................................................................ 87

APÊNDICE .................................................................................................... 90

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LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1. Características morfológicas dos perfis estudados .............................. 34

Tabela 4.2. Perfis P1 e P2 de Plintossolos plínticos da planície do Rio Araguaia, Goiás ................................................................................................... 36

Tabela 4.3. Atributos químicos dos pefis P1 e P2 de Plintossolos da Planície do Rio Araguaia-GO ................................................................................. 38

Tabela 4.4. Formas extraíveis de ferro na fração TFSA com ditionito-citrato-bicarbonato e oxalato ácido de amônio e suas relações nos horizontes dos perfis estudados ................................................................................ 41

Tabela 4.5. Classificação dos solos estudados nos sistemas SiBCS, Soil Taxonomy e WRB ..................................................................................................... 45

Tabela 5.1. Características micromorfológicas dos Plintossolos estudados .............. 68

Tabela 5.2. Características das feições pedológicas (nódulos) de cada horizonte dos Plintossolos estudados ................................................................... 74

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LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1. Localização da área de estudo, município de São Miguel do Araguaia, Goiás ................................................................................... 30

Figura 4.2. Perfis P1 e P2 de Plintossolos plínticos da planície do Rio Araguaia, Goiás .................................................................................................... 31

Figura 5.1. Localização da área de estudo, município de São Miguel do Araguaia, Goiás ................................................................................... 56

Figura 5.2. Paisagem da área de estudo, conhecida como varjões de murundus, montículos com vegetação arbórea em meio a um extrato graminho...............................................................................................

56

Figura 5.3. DRX da fração argila dos horizontes B/Ec e Btf1 do P1. Ct= caulinita; Gb= gibbsita; VHE= vermiculita com hidroxi entre camada; I= ilita ....................................................................................

61

Figura 5.4. DRX da fração argila dos horizontes B/Ec e Btf1 do P2. Ct= caulinita; Gb= gibbsita; VHE= vermiculita com hidroxi entre camada; I= ilita .................................................................................... 62

Figura 5.5. DRX da fração silte dos perfi P1e P2 Fd=Feldspato; Q=quartzo; M= Mica ..................................................................................................... 65

Figura 5.6. Micrografias ópticas de feições pedológicas no P1 sobre plano da luz polarizado (PPL)............................................................................. 78

Figura 5.7. Micrografias ópticas de feições pedológicas no P2 sobre plano da luz polarizado (PPL) ............................................................................ 79

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RESUMO GERAL

MOURA, D. B. Caracterização de Plintossolos Argilúvicos na Planície do Rio Araguaia. 2015. 93 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia: Solo e Água) – Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2015.1

A planície do Rio Araguaia é a maior da região Centro-Oeste no Brasil e abriga grande diversidade de habitats vegetais e animais além de solos, dentre os quais predominam os Neossolos, Gleissolos e Plintossolos. Estes dois últimos refletem as condições de regime hídrico com lençol freático alto, sendo afetados por processos redoximórficos. O material de origem dos solos é constituído por sedimentos aluviais argilo-arenosos holocênicos. O clima é tropical subúmido e a vegetação local é dominada por varjões com murundus. No norte do estado de Goiás, encontra-se um grande projeto de irrigação denominado “Projeto Luís Alves do Araguaia”, instalado em 1997 no distrito do município de São Miguel do Araguaia, sobre Gleissolos e Plintossolos, submetidos à inundação sazonal. Nestes solos, o arroz é cultivado na fase de cheia e a soja na vazante. No entanto, há poucos estudos de caracterização pedológica e dos impactos do uso e manejo desses solos. Objetivou-se com este trabalho caracterizar os processos pedogenéticos da plintização, com base em dois perfis de Plintossolos representativos, ambos argilúvicos, em duas posições da paisagem. A caracterização morfológica foi realizada in situ e amostras foram coletadas para análises físicas, químicas, mineralógicas e micromorfológicas. A classificação taxonômica foi realizada utilizando-se o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) da Embrapa (2013). Ambos os perfis são fortemente ácidos, possuem carga positiva associada a alta quantidade de argila no perfil, em especial nos horizontes B, teores de Ca2+ e Mg2+ mais elevados que o comumente encontrado na classe estudada e presença de vermiculita com hidroxi entre camadas (VHE). As plintitas foram enfatizadas no estudo micromorfológico, geoquímico e mineralógico por auxiliarem na interpretação do processo pedogenético e na identificação do estágio da plintização. A análise dos dados evidencia que a presença de um horizonte concrecionário em profundidade, no perfil na borda da planície, recebeu contribuição de micaxisto procedente da superfície geomórfica mais alta situada fora da planície, confirmando que o material de origem não é apenas aluvial, mas têm contribuição de materiais remanejados. As plintitas (nódulos) são ferruginosas e variam em profundidade quanto à forma, frequência, dimensão e aderência à matriz do solo, sugerindo plintização normal, ou seja, com halos difusos, irregulares e grandes na base dos perfis, os quais evoluem para os horizontes diagnósticos onde se tornam comuns, densos, arredondados, pouco aderentes e bem contrastados com a matriz do solo e se degradam rumo à superfície. Estas evidências comprovam que as plintitas estão se formando nestes solos nas condições climáticas atuais.

Palavras-chave: plintização, sedimentos coluvio-aluvionares, nódulos ferruginosos, pedogênese, SiBCS. 1 Orientadora: Professora, Drª. Virginia Damin. EA-UFG/Co-orientador: Professor, Drº. Valdomiro Severino de

Souza Junior.UFRPE/ Co-orientadora: Professora, Drª. Selma Simões de Castro. IESA-UFG

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GENERAL ABSTRACT

MOURA, D. B. Characterization of Argilluvics Plinthosols on Plains of the Araguaia River. 2015. 93 f. Dissertation (Master in Agronomy: Soil and Water) – Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goias, Goiânia, 20152

The Plain of Araguaia River is the largest in the Midwest Region of Brazil, sheltering a diversity of vegetal habitats, animals as well as soils, among which predominate Neosols, Gleisols and Plinthosols. These latter two reflect the water regime conditions of a high water table, being affected by redoximorphics processes. In the North of Goiás State there is a large irrigation project called “Luis Alves of Araguaia Project”, installed in 1997 in São Miguel do Araguaia, on top of Gleisols e Plinthosols subject to seasonal flooding for rice cultivation in full phase and soybeans in the ebb. However, there are almost no studies characterizing these soils, or the impacts of their use and management. The parent material is basically composed of clay-sand alluvial Holocene sediments. The climate is sub-humid tropical and the local vegetation is dominated by “varjões with Murundus”. The goal of this dissertation is to characterize the pedogenetics processes of the plinthization based on two representative Plinthosols profiles, both Argilluvics in two different positions of the landscape. The profiles were described and samples collected for physical, chemical, mineralogy and analysis micromorphology, and were classified according to the Brazilian System of Soil Classification (SiBCS) (Embrapa 2013). Both profiles are strongly acidic, with positive charge associated with a high amount of clay. In particular, in B horizons, Ca2 + and Mg2+ levels were found that were higher than those commonly found in the analyzed, as well as the presence of vermiculite layers of hydroxy (HIV). The plinthites were emphasized in the micromorphological, geochemical and mineralogical study in order to help in the interpretation of the pedogenetic process and stage of plinthization. An analysis of the results suggests that the presence of a concretionary horizon in depth profile on the edge of the plain, received micaschist contribution coming from the highest geomorphic surface outside the plain, confirming that the source material is not only flood, but has contribution relocated materials. The plinthites (nodules) are ferruginous and vary in depth according to their form, frequency, size and adhesion to the soil matrix, suggesting normal plinthization, that is, diffuse and large lumps halos at the base of the profiles, which evolve into diagnostic horizons where they become commonplace, thick, rounded, less adherent and more contrastive with the soil matrix and degrade towards the surface. These evidences prove that the plinthites are still forming in these soils in weather conditions to actually.

Key words: plinthization, colluvio-alluvionals sediments, ferruginous nodules, pedogenesis, SiBCS.

2 Adviser: Profª. Drª. Virginia Damin. EA-UFG. / Adviser: Profº, Drº. Valdomiro Severino de Souza

Junior.UFRPE/ Adviser: Profª, Drª. Selma Simões de Castro. IESA-UFG

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1 INTRODUÇÃO GERAL

A planície do Rio Araguaia é a maior planície fluvial do estado de Goiás,

localizada na média bacia hidrográfica do Rio Araguaia, na região central do Brasil. Foi

formada principalmente por sedimentos aluviais recentes, depositados pelo Rio Araguaia,

durante o Pleistoceno e o Holoceno (RadamBrasil, 1975). A planície do Rio Araguaia é uma

superfície relativamente plana, que contém um complexo mosaico de morfologias fluviais, os

quais representam estágios evolutivos do sistema canal-planície de inundação (Bayer, 2010).

A maioria dos solos da planície do Rio Araguaia ocorre em ambiente submetido à variação

sazonal do lençol freático, com predomínio de processos redoximórficos. Grandes extensões

territoriais de Gleissolos e Plintossolos dominam esta planície.

Os Gleissolos e Plintossolos são solos frágeis e, portanto, é necessário entender sua

gênese para garantir sua conservação. Os Gleissolos já foram mais estudados no Brasil, mas

muito pouco se tem na literatura em relação aos Plintossolos, principalmente no estado de

Goiás. Com exceção dos solos arenosos (Neossolos Quartzarênicos), localizados próximo ao

Rio Araguaia, os solos desta planície estão submetidos aos processos pedogenéticos de

gleização e plintização com intensidade variável, os quais condicionam a presença de cores

acinzentadas, mosqueados e/ou nódulos no perfil, como pode ser verificado nos Gleissolos e

Plintossolos (Dos Anjos et al., 1995; Garcia et al., 2013).

No norte do estado de Goiás, desde 1997 foi instalado o projeto de irrigação “Projeto

Luis Alves do Araguaia”, para o cultivo de arroz e soja, de forma alternada nas estações

cheias e vazantes, respectivamente. O projeto traz grande contribuição para a economia da

região, sendo este um dos fatores que motivaram a investigação dos solos desta área, pois, são

escassos os estudos dos recursos naturais neste local, inclusive dos solos, cuja referência

principal ainda é a folha SD. 22 Goiás (Radambrasil, 1975).

Ressalta-se, ainda, que os Plintossolos são solos que apresentam, comumente, uso

limitado para as atividades agrícolas e desse modo possam ser criados critérios que balizem a

recomendação de uso desses solos, obtendo-se, dessa forma, um banco de dados com

informações pertinentes para elaboração de estratégias de manejo, que garantam aumento da

produtividade e menor impacto ambiental nesse solos.

As seguintes perguntas motivaram este estudo: (i) Os Plintossolos da Planície do Rio

Araguaia estão se formando na atualidade? (ii) Além dos sedimentos aluvionares, há a

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contribuição de sedimentos coluvionares em sua formação? Com base nessas questões, foi

formulada a seguinte hipótese: “As plintitas estão se formando na atualidade na planície do

Rio Araguaia, e à medida que se desloca na pendente rumo à borda da planície, os

Plintossolos estão com as plintitas mais evoluídas morfológica e geoquimicamente”.

Os objetivos desta dissertação foram: (i) caracterizar morfológica, química, física,

mineralógica e micromorfologicamente dois perfis de Plintossolos Argilúvicos do centro e da

borda da planície do Rio Araguaia, no distrito de Luis Alves em Goiás; e, a partir das

informações obtidas, (ii) classificar estes Plintossolos até o 5º nível categórico pelo SiBCS, e

correlacionar esta classificação com os sistemas WRB e Soil Taxonomy; (iii) confirmar se as

plintitas estão se formando atualmente nestes solos.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 HISTÓRICO E DEFINIÇÕES

O estudo dos Plintossolos teve início em 1807 por Buchanan, na Índia, tendo recebido

inicialmente o nome de laterita, material que ele definiu como sendo macio, rico em argilas

endurecidas, não estratificado, extremamente poroso, rico em cavidades e que possuíam

grandes quantidades de ferro em sua composição, na forma de óxidos e hidróxidos, com

coloração avermelhada (Melfi, 1994). Este material era utilizado na Índia Oriental como

blocos de construções, pois o seu rápido endurecimento formava tijolos de alta qualidade

(Alexander & Cady, 1962).

O termo laterita deriva do latim, da palavra later, que quer dizer ladrilho, tijolo; sendo

utilizado devido ao fato da laterita, quando exposta ao ar, sofrer um notável endurecimento,

de maneira irreversível. Na definição de Buchanan, laterita não era um perfil completo de

solo, mas somente um horizonte que hoje é denominado de horizonte plíntico. Esse horizonte

é diagnóstico da classe dos Plintossolos, que no passado eram chamados de Lateritas

Hidromórficas (Melfi, 1994).

Schellman (1981) fez uma definição moderna de laterita, considerando a mesma como

acumulações superficiais ou subsuperficiais de produtos provenientes do intenso

intemperismo de rochas, desenvolvidas sob condições favoráveis a uma maior mobilidade dos

elementos alcalinos, alcalinos-terrosos e sílica e, ao contrário, da imobilização de ferro e de

alumínio.

A laterita possui paragênese mineral simples, com predominância de óxidos e

hidróxidos de ferro e de alumínio, de argilominerais do grupo da caulinita e do quartzo, que

apresenta alta estabilidade na superfície, representando um mineral residual do intemperismo

(Melfi, 1994).

O termo Plintita (do grego, Plinthose, significa tijolo) foi introduzido pela primeira vez

em 1960, quando o sistema de classificação de solos da Soil Taxonomy o utilizou (Daniels et

al., 1978). Plintita é definida pela Embrapa e pela Soil Taxonomy (Soil Survey Staff, 1999;

Embrapa, 2013) como “uma mistura rica em ferro e alumínio, pobre em húmus e em

argilominerais com quartzo e outros constituintes, manganês (Mn) e titânio (Ti). As plintitas

comumente ocorrem com coloração vermelho-escuro devido aos óxidos de Fe, que

normalmente forma um material ferruginoso endurecido e agregados irregulares, conhecidos

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como petroplintitas, quando expostos repetidamente a condições de umedecimento e

ressecamento, especialmente se eles forem expostos também ao calor do sol” (Watana, 2005).

São comuns, atualmente, diferentes termos para se referir as plintitas e petroplintitas.

Mas geralmente o termo “Plintita” refere-se a um tipo específico de material macio, semi-

endurecido, com matriz cimentada ou segregações ferruginosas discretas, como descrito pela

Soil Taxonomy (Soil Survey Staff, 2010). Enquanto as “Petroplintitas”, também conhecidas

como “lateritas” (Aleksander & Cady, 1962), ou “Concreções lateríticas endurecidas”

(Eswaran & Mohan, 1973), referem-se a nódulos endurecidos, concreções ferruginosas ou

acúmulos maciços de barro e mistura de sesquióxidos (Watana, 2005).

Inicialmente, esses solos foram chamados de lateritas, até chegar à classificação atual

Plintossolos. De acordo com Melfi (1994), Lacroix no ano de 1913 catalogou as lateritas com

base na porcentagem de sesquióxidos presentes nas mesmas. Várias outras classificações

baseadas na composição química e mineralógica e nos aspectos físico-morfológicos foram

realizadas. Apresentando como inconveniente o fato dessas caracterizações levarem em conta

apenas os óxidos de ferro e alumínio e caulinita, e deixar de lado o mineral residual quartzo,

na maioria das vezes presente e que não foi formado no processo de laterização (Melfi, 1994).

Dentre todas as caracterizações feitas amais detalhada foi proposta por Schellman

(1981); que utilizou uma base químico-mineralógica, levando em conta os teores de silício,

alumínio e ferro, em função dos minerais presentes, quartzo, caulinita, hematita, goethita e

gibbsita (Melfi, 1994).

No Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa, 2013), os Plintossolos

incluem solos com horizontes plínticos, concrecionários ou litoplínticos. Estes horizontes são

definidos de acordo com a quantidade de plintita ou petroplintitas, sua espessura e

profundidade. É necessário que estes horizontes diagnósticos se iniciem dentro dos dois

primeiros metros do perfil de solo e que o horizonte plíntico tenha pelo menos 15% de plintita

(por volume) e 15 cm de espessura; o horizonte concrecionário deve conter 50% ou mais de

material grosseiro e pelo menos 30 cm de espessura; já o horizonte litoplíntico deve conter

blocos com petroplintita com tamanho mínimo de 20 cm e uma espessura de 10 cm (Embrapa,

2013).

Na Soil Taxonomy estes solos fazem parte principalmente da ordem dos Ultisols e

Oxisols. E no Sistema WRB (World Reference Base for Soil Resources, 2014), criado pela

FAO/ONU, tais solos são classificados como Plinthosols. Na primeira aproximação do

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sistema de classificação de solo brasileiro e no primeiro sistema de classificação de solos

brasileiros, os Plintossolos foram classificados principalmente como Laterita Hidromórfica

(Dos Anjos, 1991) e desde 1999 são classificados como Plintossolos, uma das 14, e depois 13

ordens de solo no primeiro nível categórico (Embrapa, 2013).

2.2 OCORRÊNCIA DOS PLINTOSSOLOS

Há aproximadamente 60 milhões de hectares de solos com plintita e/ou petroplintita

nas zonas tropicais úmidas. São encontrados principalmente na África, no Brasil, na Austrália

e na Índia (Gidigasu, 1976; Bardossy & Aleva, 1990). A petroplintita é a forma mais comum

nesses continentes e países, sendo que solos com este material são encontrados

frequentemente na América do Sul: Guiana Francesa, Bacia do Rio Amazonas e na região

central do Brasil. Existem relatos de solos plínticos também na Venezuela (Daugherty et al.,

1972). Na África, são encontrados na região central e na costa Oeste das regiões de savanas.

Ocupam aproximadamente 5% do sudeste da Ásia e sete por cento da Índia (Sanchez & Buol,

1975).

No Brasil, solos ricos em plintita e petroplintita ocorrem em grandes extensões

territoriais (Batista & Santos, 1995; Dos Anjos et al., 1995). Estima-se que os Plintossolos

ocupem uma área maior que 589,00 km2 no país, o que corresponde a aproximadamente 7%

dos Solos do Brasil (Santos et al., 2011). As principais áreas com essas feições ferruginosas,

no País, ocorrem na região Amazônica (Alto Amazonas), Amapá, Ilha de Marajó, Pantanal

Mato-grossense, Ilha do Bananal, Baixada Maranhense, Piauí setentrional, Sudoeste do

Tocantins e norte do estado de Goiás (Embrapa, 2013); sendo que o Sistema Brasileiro de

Classificação de Solos é um dos únicos que traz a presença de plintita, quando em

quantidades expressivas, no primeiro nível categórico.

Apesar da importância dessa classe de solo, poucos estudos têm avaliado a gênese e

morfologia dos Plintossolos brasileiros. As principais regiões contempladas nos estudos

desenvolvidos no Brasil foram o Nordeste, o Sul e o Centro-Oeste. No Nordeste do Brasil,

foram estudados Plintossolos que apresentaram argila de atividade alta (Dos Anjos et al.,

1995). Outro estudo, nessa região, avaliou como ocorre o endurecimento das plintitas e se

estes materiais tiveram sua mineralogia afetada, devido a ciclos repetidos de umedecimento e

ressecamento. Concluiu-se que não são necessários muitos ciclos de umedecimento e

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secamento para o endurecimento irreversível deste material, e que o mesmo tornou-se mais

cristalino com o avanço dos ciclos (Batista et al., 1995).

Coelho et al. (2002) caracterizaram ferricretes na região Sudeste e propuseram a

gênese de perfis plínticos desenvolvidos de arenitos do grupo Bauru. Os Plintossolos Pétricos

concrecionários eutróficos foram estudados na região Central do Brasil, no município de Ouro

Verde de Goiás (Moreira & Oliveira, 2008) e é o único estudo sobre Gênese e evolução de

Plintossolos, que consta na literatura, para o estado de Goiás.

Na Amazônia, estes solos representam 7,63% da área (Schaefer et al., 2000),

sendo que há muito da maior floresta preservada do planeta sobre esta classe de solos. No

entanto, poucos foram os estudos que caracterizaram estes solos na região Norte do Brasil.

Garcia et al. (2013) caracterizaram solos plínticos de Iranduba (AM) e confirmaram que eles

são altamente desenvolvidos e intemperizados.

2.3 COMPOSIÇÃO DAS PLINTITAS

As plintitas são constituídas, principalmente, por Fe, Si, Al e Mn. Estes elementos

são resultantes do intemperismo de rochas félsicas, ígneas, metamórficas e sedimentares

(Eswaran et al., 1990; Aleva, 1994; Asiamah & Dedzoe, 1999). Estes elementos se encontram

nos solos principalmente na forma de sesquióxidos e óxidos hidratados. A plintita geralmente

é pobre em metais alcalinos e metais alcalinos terrosos (Asiamah & Dedzoe, 1999).

O elemento mais abundante nas plintitas é o ferro. Ele se encontra na forma de

óxidos e hidróxidos, sendo a hematita e a goetita os minerais mais comuns. Os óxidos de

ferro, como ferridrita, lepidocrosita, maguiemita, magnetita, imenilta e limonita, também

foram identificados na composição das plintitas e petroplintitas, mas com menor frequência

(McFarlane, 1976; Asiamah & Dedzoe, 1999). A coloração dos solos plínticos se deve

principalmente aos óxidos de ferro (Cornell & Schwertmann, 2006).

O alumínio no solo se encontra principalmente na forma de minerais hidratados e

aluminossilicatos, principalmente como gibbsita e bauxita. A caulinita é o principal

aluminossicato presente na composição plintita, que pode estar presente em quantidades

variáveis (McFarlane, 1976), mas geralmente é encontrado em pequenas quantidades

(Embrapa, 2013). Em condições ácidas o alumínio pode ser lixiviado do solo (Grim, 1962).

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Na composição da plintitas ocorrem também baixas quantidades de quartzo e

matéria orgânica (Embrapa, 2013; Soil Survey Staff, 2014). Todavia, óxidos de manganês e

titânio são comuns na composição das plintitas, e suas concentrações geralmente indicam o

tipo do material de origem (Tiller, 1958). A variedade e mobilidade destes materiais,

presentes na plintita e na petroplintita, são variáveis. Os elementos imóveis são utilizados

como índices de resistência dos minerais frente ao intemperismo nos solos (McFarlane, 1976).

2.4 GÊNESE DAS PLINTITAS NOS PLINTOSSOLOS

Os solos são formados pela degradação química e física do material de origem, através

da interação dos organismos, relevo e clima, no decorrer do tempo (Jenny, 1941). A formação

do solo se completa quando há o intemperismo do material de origem e o solo entra em

equilíbrio com o ambiente (Birkeland, 1974).

A gênese das plintitas está relacionada com a segregação e acumulação dos compostos

de ferro sob variação sazonal do lençol freático (Driessen & Deckers, 2001; Buol et al.,

2011). O ferro pode ter diversas origens, podendo vir do material de origem, ser transcolado

de outros horizontes ou ser proveniente de áreas adjacentes mais elevadas (Driessen & Dudal,

1989; Dos Anjos et al., 2007).

A formação da plintita ocorre na forma de nódulos e concreções resultantes da

acumulação, segregação, translocação e cristalização dos sesquióxidos de ferro. Com o

intemperismo do material de origem, ocorre a acumulação de sesquióxidos, quartzo e

caulinita.

A segregação do ferro no solo geralmente é causada pela alternância dos processos de

oxi-redução, em um ambiente hidromórfico. O ferro é precipitado como óxido de ferro em

condições de ressecamento e se re-solubiliza em condições de umedecimento (Driessen &

Deckers, 2001; Buol et al., 2011). Ciclos alternados úmido e seco caracterizam o ambiente

para desenvolvimento desse processo, como o mais aceito para a formação dos solos

plínticos.

Umedecimento e ressecamento alternados, acompanhados da oxido-redução nos solos,

é a principal causa (e a mais aceita) do movimento e recristalização do ferro e formação dos

nódulos (Alexander & Cady, 1962). A translocação dos óxidos de ferro ocorre porque o

movimento do ferro no perfil pode ser para cima ou para baixo (Bourman & Ollier, 2002)

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desde que associados a ciclos de mobilidade e segregação. A segregação in situ e a

redistribuição do ferro nos horizontes são ocasionadas pela variação sazonal do lençol freático

(Remillon, 1967). No ciclo úmido o ferro se movimenta na forma reduzida (Fe2+) e no ciclo

seco o ferro imobiliza na forma oxidada (Fe3+).

Para que ocorra a formação das petroplintitas a partir das plintitas são necessárias,

principalmente, condições oxidantes em clima quente e úmido. Uma drenagem eficiente é

essencial para a remoção de sílica, das bases e dos sais de metais alcalinos terrosos que são

liberados e para a concentração dos sesquióxidos. Posteriormente, a formação da petroplintita

pode ocorrer devido a alguma mudança drástica no ambiente, seja pela remoção da vegetação,

pela evaporação da água remanescente, pela redução da temperatura das águas subterrâneas

ou ainda pela erosão. Isto resulta na precipitação de óxidos de ferro e formação da

petroplintita no perfil (Watana, 2005). Uma quantidade de água alta pode não ser estritamente

requerida, mas na zona de segregação deve ser continuamente saturada por períodos

apreciáveis (Alexander & Cady, 1962; Watana, 2005).

2.6 USO E MANEJO DOS PLINTOSSOLOS

Os materiais plínticos e petroplínticos foram muito utilizados em construções de casas,

pontes e estradas (Aleksander & Cady 1969; Gidigasu, 1974; Ollier,1990; Asiamah &

Dedzoe, 1999). Esse grande uso nas construções se deve principalmente ao endurecimento

irreversível da plintita, que torna este material compacto e duro, podendo assim substituir a

brita, por exemplo. O uso com este fim ocorreu principalmente na Índia e no Oeste da África.

Os solos com plintita não são considerados favoráveis à produção agrícola

(Aleksander & Cady, 1962; Asiamah & Dedzoe, 1999). Solos com estes materiais, além de

endurecidos, possuem baixa fertilidade química, devido à pobreza em bases e matéria

orgânica. O endurecimento da plintita, e sua transformação em petroplintita, reduz o potencial

agrícola do solo, restringindo o movimento do ar, da água e a penetração do sistema radicular

das plantas (Asiamah & Dedzoe, 1999).

Asiamah et al. (1999) e Eze et al. (2014) relataram que a presença de plintita pode

acelerar o processo erosivo do solo. Isto porque a presença da plintita no solo impede o

movimento da água para baixo, causa a saturação do horizonte acima, ocorrendo a perda e o

movimento lateral do solo por erosão hídrica.

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Diferentes culturas foram afetadas pelos materiais plínticos nos solos da África.

Asiamah et al. (1999) destacou que a presença da petroplintita afetou as culturas de cocoa,

citrus, palma e pera. E que são necessários mais estudos sobre a plintização, principalmente

para a prevenção da formação das petroplintintas, processo que dificulta o uso agrícola dos

solos.

Na região de São Miguel do Araguaia no estado de Goiás, existem Plintossolos que

estão sendo alagados constantemente, como é o caso dos solos da cidade de Luís Alves no

município de São Miguel do Araguaia. Devido a um grande projeto de irrigação nacional,

fazendo com que estes solos estejam úmidos nessa condição. Os solos de áreas úmidas e

hidromórficos costumam estarem localizados nas depressões do terreno, com ou sem

horizonte B textural, e são caracterizados pela presença de água em excesso, imprimindo aos

solos características peculiares como decomposição lenta da matéria orgânica e seu acúmulo,

e condições redutoras reduzindo Fe3+ e Mn3+ para formas solúveis a Fe2+ e Mn2+ (Resende et

al., 2007).

Uma vez sob saturação de água, passam a predominar condições anaeróbias com

micro-organismos adaptados degradando a matéria orgânica e, consequentemente, o potencial

redox sofre diminuição (Ponnamperuma, 1972). A diminuição do potencial de redução eleva

o pH para valores próximos à neutralidade, provocando mudanças nas concentrações de

potássio, amônio, zinco e cobre (Camargo et al., 1999) Estas mudanças podem alterar a

geoquímica dos Plintossolos, com possíveis modificações nas estruturas das plintitas (De-

Campos et al., 2013).

3 REFERÊNCIAS

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CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE PLINTOSSOLOS DA PLANÍCIE DO RIO ARAGUAIA, GOIÁS

RESUMO

Os Plintossolos são a 4ª mais abundante classe de solos do Estado de Goiás e do Brasil. Entretanto, estudos de caracterização destes solos ainda são escassos na literatura. Na região sobre a Planície do Rio Araguaia há um grande projeto de irrigação chamado “Projeto Luís Alves do Araguaia” praticado sobre Plintossolos e Gleissolos, que aumenta a economia da região com alta produção de arroz e soja. Nesse contexto, dois perfis de Plintossolos - P1 e P2, representativos da planície do Rio Araguaia foram selecionados e descritos em campo. Amostras dos solos foram coletadas de cada horizonte para caracterização química (pH, fósforo disponível, cátions trocáveis-Ca2+, Mg2+, Na+, K+ e Al3+, carbono orgânico total) e física (textura, porosidade). As quantidades de óxidos foram estimadas por meio de extrações seletivas. A granulometria indicou textura argilosa. Em todos os solos, a porosidade total (PT) variou entre 46 e 60%, com maiores valores em superfície. Os resultados mostraram que o pH em H2O foi menor que o pH em KCl em ambos os perfis e também que a acidez aumenta em profundidade, juntamente com a plintização. Os valores de delta pH (pHKCl - pHH2O) foram positivos para os horizontes plínticos e valores relativamente altos de nutrientes catiônicos (Ca2+ e Mg2+) obtidos, que associados à textura argilosa, desfavorecem o manejo. Baseada na morfologia de campo e nos dados das análises físicas, químicas e mineralógicas, foi feita a classificação dos solos como P1, PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico típico, textura argilosa/muita argilosa cascalhenta, A moderado, caulinítica, tmob, hipoférrico (Ftf) e P2, PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico petroplíntico, textura argilosa/muito argilosa cascalhenta, A moderado, caulinítico, tmob, hipoférrico; de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS, 2013).

Palavras-chave: solos tropicais; plintita; plintização; SiBCS.

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CHARACTERIZATION AND CLASSIFICATION OF PLINTHOSOLS OF

THE PLAINS OF THE RIVER ARAGUAIA, GOIÁS

The Plinthosols of Goiás are the 4th largest class of soils in this State and in Brazil. In this region about Araguaia River Plain there a large irrigation project called “Luiz Alves Project of Araguaia”, about Plinthosols and Gleissols, that increasing the economy of the region with high production of soybeans and rice. However, studies characterizing soils are not frequent reported in the literature. Two soil profiles with plintite representative of the plains of the River Araguaia were selected and described in the field, and soil samples were collected from each horizon, air-dried, sieved (2 mm) and analyzed for pH, available P, exchangeable cations (Al3+, Ca2+, Mg2+, Na+, K+ , and Al3+), as well as particle size, texture and total organic carbon (CO). Oxide quantities were estimated by standard methods of selective extractions. Particle-size analysis indicated a clay content between 390 and 870 g kg-1 in both profiles P1 and P2, indicating clay soils. In all soils, total porosity (TP) varied between 46% and 60%, with larger values at the surface. The high water table confirms an environment favorable to the formation of plinthite. In all samples the soil pH (H2O) varied from 3.4 to 5.1, while pH (KCl) ranged from 3.8 to 4.2. The results showed that pH (H2O) was lower than pH (KCl) at both sites and that soil acidity increases with depth, simultaneously with plintization. The delta pH values (pHKCl - pHH2O) were positive for plinthic horizons, showing that these soils were dominated by positive surface charges, and relatively high values of cationic nutrients (Ca+ e Mg2+) are determined, that along with the clay texture, is favorable for tillage. Based on the field morphology and on data from the physical, chemical and mineralogical analyses, the soils were classified as P1, tipic dystrophic Argilluvic Plinthosol, clay/high clay gravel texture, moderate A, caulinitic, tmob, hypoferric (FTf) and P2, petroplinthic dystrophic Argilluvic Plinthosol, clay/high clay, gravel, moderate A, kaolinitic, tmob, hypoferric (FFc); in accordance with the Brazilian Soil Classification System (2013).

Key words: tropical soils; plinthite; laterite soils; plintization; SiBCS.

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3.1 INTRODUÇÃO

Os Plintossolos predominam em regiões de clima tropical e constituem a 4ª classe

mais abundante de solos do estado de Goiás e do Brasil (Coelho et al., 2002). São formados

em condições de variação sazonal do lençol freático e têm como característica principal a

presença de plintita, sobretudo no horizonte plíntico (F), em quantidades expressivas.

Plintita é um material rico em Fe e Al, pobre em matéria orgânica e sílica, que

pode conter outros elementos em baixas concentrações, como o manganês (Mn) e o titânio

(Ti) (Embrapa, 2013). Quando submetida a ciclos subsequentes de umedecimento e

ressecamento, a plintita pode passar para uma forma irreversivelmente endurecida,

denominada petroplintita. As plintitas e as petroplintitas podem apresentar variações nos

padrões morfológicos, na quantidade de material nodular e na profundidade onde ocorrem no

perfil, fatores que podem variar em decorrência do local e da posição na paisagem aonde

ocorrem (Coelho et al., 2001; Coelho & Vidal-Torrado, 2003a).

Na ordem dos Plintossolos, a subordem Plintossolos Argilúvicos merece destaque,

devido a sua importância socioeconômica para as atividades agrícolas no estado de Goiás.

Essa subordem tem como vantagem, quando comparada aos Plintossolos Pétricos, o fato da

plintita não se apresentar totalmente endurecida, o que facilita o manejo do solo. Esse solo é

comum na planície do Rio Araguaia, onde é utilizado com o cultivo de arroz, soja e melão.

Um importante projeto de irrigação, denominado Projeto Luís Alves do Araguaia, foi

implementado nessa região, em grande parte das áreas dominadas por Plintossolos

Argilúvicos. Esse projeto contribui significativamente para a economia e desenvolvimento

social do estado de Goiás, entretanto, nenhum estudo específico de caracterização desses

solos da planície é reportado na literatura.

Os Plintossolos Argilúvicos e Háplicos geralmente possuem drenagem restrita, devido

principalmente a sua posição na paisagem e à presença do horizonte plíntico. Dessa forma,

quando utilizados para a agricultura, práticas de manejo adequadas a estas condições são

requeridas, visando controlar a dinâmica interna da água, para não favorecer o endurecimento

irreversível da plintita (Lespch, 2011). Fato este que pode acarretar sérios problemas

ambientais e econômicos, o que justifica a demanda de caracterização e classificação das

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subclasses de tais solos, visando o desenvolvimento de uma agricultura sustentável. Essas

informações são importantes para elaboração de estratégias de manejo, que garantam aumento

da produtividade e menor impacto ambiental nos solos e na paisagem.

O objetivo deste estudo foi caracterizar e classificar Plintossolos da planície do Rio

Araguaia-GO, com base em seus atributos morfológicos, físicos e químicos, com o intuito de

gerar dados para subsidiar estudos futuros, o uso e o manejo dos mesmos.

3.2 MATERIAL E MÉTODOS

3.2.1 ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo se localiza na Planície do Rio Araguaia, no município de São Miguel

do Araguaia, região Norte do estado de Goiás (Figura 4.1). As coordenadas geográficas de

localização dos perfis P1 e P2 são: latitude 13° 12’ 4’’ e 13° 12’ 18’’ S e longitude 50° 31’

26,9’’ e 50° 31’ 19,8’’ W de Greenwich, respectivamente. Os perfis dos solos estudados

foram selecionados considerando sua representatividade na grande planície do Rio Araguaia.

Ambos os perfis estão situados em área de preservação permanente (APP), pertencente ao

“Projeto Luís Alves do Araguaia”, localizada a aproximadamente 7,4 km a leste do Rio

Araguaia.

O clima da região é classificado como Aw (tropical úmido), segundo a classificação de

Köppen, sendo que toda a bacia do Rio Araguaia é caracterizada por uma estação seca

definida. A precipitação média anual é cerca de 1.600 mm, com período chuvoso de outubro a

abril (Gérard & Moss, 2007). A amplitude térmica no município de São Miguel do Araguaia

apresenta temperatura mínima de 23° C e máxima de 38° C (Simehgo, 2012).

A vegetação na área estudada é dominada pela savana-parque, conhecida localmente

como varjões com murundus. Os murundus, são pequenas elevações que concentram espécies

arbóreas variadas e algumas palmeiras rodeadas por um tapete graminóide, rebaixado, que

geralmente é utilizado como pastagem e que, neste local, faz parte de uma APP do referido

Projeto de Luís Alves do Araguaia.

As unidades geológicas da planície aluvial do Rio Araguaia se formaram no período

cenozoico-holocênico, com domínio de fácies correspondente a depósitos aluvionares

recentes, argilo-arenosos, mal selecionados, com grãos

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Figura 4.1. Localização da área de estudo, município de São Miguel do Araguaia, Goiás

angulosos a bem arredondados, podendo ser associados à variação nas frações dos solos da

área. Integram a Cobertura Sedimentar do Bananal constituída por áreas de acumulação muito

baixas, com inundações periódicas, nas quais são comuns solos argilosos relativamente

compactados (Radambrasil, 1975).

3.2.2 DESCRIÇÃO MORFÓLOGICA DOS SOLOS E PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS

A descrição morfológica dos perfis P1 e P2 (Figura 4.2) foi realizada seguindo os

procedimentos descritos em Santos et al., (2005). Amostras deformadas e indeformadas foram

coletadas, as primeiras destinadas à realização de análises químicas, físicas e mineralógicas, e

as segundas para determinação da densidade do solo (Ds) pelo método do anel volumétrico e

análise micromorfológica em caixas de papel cartão. Após a coleta, as amostras deformadas

foram secas ao ar e peneiradas (malha de 2 mm) para obtenção da terra fina seca ao ar

(TFSA).

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Figura 4.2. Perfis P1 e P2 de Plintossolos Argilúvicos da planície do Rio Araguaia, Goiás

A fração argila foi separada por sedimentação e o dispersante químico utilizado foi o

calgon (hexametafosfato + NaOH) 0,1 mol L-1). As frações grosseiras foram separadas por

tamisagem (Embrapa, 2009) e o silte foi calculado por diferença. A composição

granulométrica da TFSA e argila dispersa em água foi determinada e o grau de floculação

calculado segundo Gee & Or (2002).

O pH foi determinado em H2O e em KCl 1,0 mol L-1, Ca+2 e Mg+2 foram extraídos

com KCl 1,0 mol L-1 e quantificados por espectrometria de absorção atômica (Embrapa,

1997). Sódio (Na+) e Potássio (K+) foram extraídos com solução de HCl 0,05 mol L-1 e H2SO4

0,0125 mol L-1 (MELICH 1) e determinados por fotometria de chama. A acidez potencial

(Al+3+H+) foi determinada após extração com solução tampão de acetato de cálcio 0,5 mol L-

1, segundo critérios da (Embrapa, 2009). O P-disponível foi extraído com a solução de

Mehlich-1 e determinado espectrofotômetricamente (colorimetria). A partir dos resultados

obtidos nas análises químicas, foram calculadas a soma de bases (SB), capacidade de troca

catiônica (CTC) e a saturação por bases (V).

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Na Terra Fina Seca ao Ar (TFSA) foram realizadas as extrações seletivas de Ferro

(Fe), Alumínio (Al), Silício (Si) e Manganês (Mn). As formas cristalinas e amorfas de Fe

foram extraídas respectivamente com: ditionito-citrato-bicarbonato de sódio (DCB) (Mehra &

Jackson, 1960) e oxalato ácido de amônio (OAA) (McKeague & Day, 1966). Após estas

extrações seletivas, os teores de Fe e Al foram determinados por espectrofotometria de

absorção atômica.

3.2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Os dois perfis foram classificados com base em suas propriedades morfológicas e

analíticas, pelo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) (Embrapa, 2013). Foi

feita a correlação da classificação pelos sistemas internacionais WRB (World Reference Base

for Soil Resources) (IUSS Working Group, 2010) e Soil Taxonomy (Soil Survey Staff, 2014)

também foi realizada, visando facilitar a difusão de informações sobre os Plintossolos do

Brasil no âmbito internacional.

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3.1 PROPRIEDADES MORFOLÓGICAS E FÍSICAS

Os dois perfis apresentaram propriedades morfológicas similares (Tabela 4.1),

sugerindo ambiente e pedogênese semelhante. Ambos os perfis apresentaram horizonte

plíntico (Btf) com plintita em quantidade superior a 15% do horizonte, dentro dos 2m de

profundidade, característica necessária para o enquadramento do solo na classe dos

Plintossolos (Embrapa, 2013). Acima do horizonte plíntico, foi identificada a presença de

horizonte eluvial (E) nos dois perfis.

O Perfil 2 (P2) se diferenciou do Perfil (P1) pela presença de horizonte concrecionário.

O P2 está posicionado em cota ligeiramente mais elevada do que no P1, nas proximidades do

limite inferior da planície. O horizonte concrecionário (2BCf/F) apresenta em sua porção

inferior stoneline com petroplintita em sua composição, fatos que evidenciam

descontinuidade na deposição dos sedimentos coluvionares na planície.

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Tabela 4.1. Características morfológicas dos perfis estudados

Horizonte Profundidade (cm) Cor Textura

Estrutura

Grau Tamanho Tipo P1- PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico típico

A 0 -10 2,5 Y 2,5/2 franco-argiloarenosa moderada peq e grand granular EA 10 -20 10 YR 4/1 franco-argiloarenosa fraca a moderada peq bsa E 20 - 32 10 YR 5/1 franco-argiloarenosa fraca a moderada peq bsa

BEc 32 - 50 10 YR 8/1 franco-argilosa/argila casc moderada méd ba e bsa Btf1 50 - 78 2,5 Y 5/2 argila/muito argilosa pouco casc moderada méd ba e bsa Btf2 78 - 110+ 2,5 Y 5/2 argila/muito argilosa pouco casc moderada méd ba e bsa

P2- PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico petroplíntico A 0 - 10 10 YR 2/1 franco-argiloarenosa/francoargilosa moderada a forte méd a grand granular E 10 -15 2,5 Y 5/3 franco-argiloarenosa/francoargilosa moderada peq bsa

Bfc 15 - 57 2,5 Y 5/3 franco-argilosa/argiloarenosa moderada média méd a grand bsa e granular Btf 57 - 95 2,5 Y 6/1 muito argilosa cascalhenta moderada média méd a grand ba e bsa

2BCFf/F 95 - 135+ 2,5 Y 6/1 muito argilosa muito cascalhenta moderada média grand ba cas: cascalhenta; peq: pequena; grand: grande; méd: média; ba: blocos angulares; bsa: blocos subangulares.

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As cores dos solos foram identificadas nas amostras úmidas e estão resumidas na

Tabela 4.1. Nos perfis P1 e P2, os horizontes superficiais apresentaram coloração da

matriz em amostra úmida preta, com matizes (10 YR e 2,5 Y) e os horizontes plínticos

apresentaram coloração acinzentada na matiz 2,5 Y e croma relativamente baixos. Fato

que pode ser atribuído à redução do ferro nos dois perfis, ocasionada pela condição de

hidromorfismo, no qual estes horizontes são geralmente formados (Lima et al., 2006;

Garcia et al., 2013).

Com relação à textura, os horizontes plínticos apresentaram variação de argilosa

a muito argilosa. A consistência úmida nos horizontes plínticos (Btf) variou de firme a

muito firme e, no horizonte concrecionário (2BC/f) do P2, variou de muito firme a

extremamente firme. Estes horizontes foram classificados, quanto à consistência

molhada, como muito plástica e muito pegajosa.

Ainda nos horizontes plínticos, predominaram estruturas em blocos angulares e

subangulares, com grau de desenvolvimento moderado. Estruturas semelhantes em

horizontes plínticos foram observadas em outros Plintossolos no Brasil (Coelho et al.,

2003; Dos Anjos et al., 1995; Batista et al., 1995).

A composição granulométrica (Tabela 4.2), das frações do solo menores que 2

mm, confirmou a morfologia. Nos perfis P1 e P2, a quantidade de argila variou de 390 a

870 g kg-1, indicando que estes solos são argilosos. Os teores de argila, nos horizontes

plínticos, acima de 700 g kg-1 são muito altos. O material de origem derivado de

depósitos aluvionares pode ser o responsável por essa alta quantidade de argila no solo.

O P1 apresentou relação textural menor que 1,4, enquanto que o P2 apresentou relação

textural maior que 1,4, podendo por este critério ser classificado com caráter argilúvico.

Entretanto, a presença de cerosidade comum e fraca nos horizontes plínticos do P1, é

uma evidência do processo de argiluviação, seguida pelo processo de plintização, com a

formação do horizonte Btf, que atribui a este perfil P1 o caráter argilúvico, embora a

relação textural esteja abaixo de 1,4, como discutido acima. Consequentemente, ambos

os solos foram classificados como argilúvicos, no segundo nível categórico pelo SiBCs.

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Tabela 4.2. Atributos físicos dos perfis P1 e P2 de Plintossolos da Planície do Rio Araguaia-GO

ADA: argila dispersa em água; GF: grau de floculação; S/A: silte/argila; Ds: densidade do solo; Ds: densidade de partícula; Pt: porosidade total.

Horizonte Prof. ------Granulometria da terra fina------

ADA GF S/A Ds Dp Pt Areia Total

Areia grossa

Areia fina Silte Argila

cm .....................................g.cm-3……………........... % ....... g.cm-3....... %

P1 - PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico típico A 0-10 314 122 327 296 390 163 62 0,3 1,1 2,5 56

E-A 10-20 305 113 314 254 441 163 62 0,3 1,9 2,5 53 E 20-32 281 105 318 185 534 213 55 0,2 1,1 2,7 60

B-Ec 32-50 277 92 293 134 589 212 60 0,2 1,3 2,6 49 Btf1 50-78 197 64 278 68 735 66 89 0,1 1,4 2,7 45 Btf2 78- 110+ 208 99 278 14 778 17 97 0,1 1,3 2,7 53

P1 - PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico petroplíntico

A 0-10 184 82 182 377 439 162 69 0,4 1,1 2,6 60 E 10-15 199 81 176 315 487 210 64 0,3 1,1 2,7 58

Bfc 15-57 133 48 129 87 780 66 90 0,2 1,2 2,7 58 Btf 57-95 76 37 98 54 870 66 90 0,3 1,5 2,7 46

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A tabela 4.2 mostra que em ambos os solos a porosidade variou de 46 a 60%,

com valores mais altos na superfície, proporcionando boa drenagem para estes solos; os

valores de densidade do solo (Ds) variaram de 1,1 a 1,5 g cm-3, sendo observado

pequeno aumento da densidade nos horizontes plíntico. A Ds aumentou nos horizontes

mais próximos ao material de origem, e houve diminuição da porosidade total (Pt) nos

horizontes plínticos. A tabela 4.2 mostra, ainda, que o grau de floculação (GF) para

todos os horizontes foi maior que 50%; nos horizontes plínticos, valores iguais ou

maiores do que 89% de GF podem ser explicados pelos óxidos presentes nestes solos e

pela baixa quantidade de Na+, associados a um ambiente pobremente drenado.

3.3.2 PROPRIEDADES QUÍMICAS

A reação do solo é fortemente ácida (Embrapa, 2006) para os dois perfis

estudados, com valores de pHH2O variando de 3,4 a 5,0 (Tabela 4.3). Em ambos os

perfis, observa-se o aumento da acidez em profundidade, com uma pequena elevação do

Al3+ em um dos perfis, que pode estar sendo ocasionada pelo processo de ferrólise que

está ocorrendo nos perfis (Brinkman, 1970). Outros estudos de solos com plintita, em

condição de encharcamento periódicos no Brasil, mostraram comportamento similar

para o pH e também foi sugerida a ferrólise como um dos processos de formação

atuante nestes solos (Coelho et al., 2003; Dos Anjos et al., 2007).

Os valores do delta pH (pHKCL – pHH20) foram positivos nos horizontes plínticos

dos solos estudados (Tabela 4.3). Este fato indica que o complexo sortivo tem

predomínio de cargas positivas e maior capacidade de reter ânions (CTA). O excesso de

H+ nestes solos contribui para a formação de cargas positivas a partir da maior

quantidade de óxidos de ferro constituintes das plintitas extraídos por DCB, que

aumenta a PCZ do solo. Os óxidos e hidróxidos presentes nestes solos, em um ambiente

fortemente ácido, seria a melhor explicação para a geração de cargas positivas. A baixa

quantidade de matéria orgânica em subsuperfície também favorece o balanço positivo

de cargas nestes Plintossolos.

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Tabela 4.3. Atributos químicos dos perfis P1 e P2 de Plintossolos da Planície do Rio Araguaia-GO

Horiz Prof. pH Ca+2 Mg+2 K+ Na+ SB Al+3 H+Al CTC Targ. V m P COT cm H2O KCl ∆pH ----------------------------------- cmolc kg-1 ----------------------------------- ---- % ---- mg kg-1 g kg-1

P1- PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico típico A 0-10 5,1 4,2 -0,9 1,73 0,58 0,10 0,03 2,36 0,58 8,49 10,84 25,21 22 11 1,7 27,1

E-A 10-20 4,8 4,0 -0,8 1,47 0,57 0,03 0,02 1,90 0,57 6,04 7,94 18,42 24 05 1,1 26,6 E 20-32 4,3 4,0 -0,3 1,53 0,56 0,02 0,02 1,93 0,56 5,16 7,09 14,93 27 05 0,4 13,6

B-Ec 32-50 3,7 3,8 0,2 1,62 0,58 0,03 0,02 2,03 0,58 4,75 6,79 12,86 30 05 1,0 6,9 Btf1 50-78 3,7 3,8 0,1 1,79 0,60 0,03 0,03 2,84 0,60 4,78 7,42 12,86 38 04 0,6 4,5 Btf2 78-110+ 3,9 3,8 0,1 1,80 1,35 0,03 0,03 2,46 1,35 4,30 6,75 11,78 36 05 0,1 4,9

P2- PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico petroplíntico A 0-10 4,7 4,0 -0,7 2,04 0,95 0,10 0,03 2,76 0,95 10,01 12,73 24,16 21 10 0,9 25,7 E 10-15 4,1 4,0 -0,1 1,59 0,74 0,02 0,01 2,18 0,74 4,27 9,45 16,44 23 04 0,2 12,4

Bfc 15-57 3,7 4,0 0,3 1,73 0,54 0,02 0,01 2,33 0,54 6,19 8,52 12,68 27 04 0,2 6.5 Btf 57-95 3,4 4,0 0,6 1,82 0,56 0,02 0,01 2,64 0,56 5,88 8,52 12,79 31 06 0,2 4,7

Horiz: horizonte; Prof: profundidade; SB: soma de bases; H+Al: acidez potencial; CTC: capacidade de troca catiônica; Targ: atividade da argila; V: saturação por bases; m: saturação por alumínio; P: fósforo; COT: carbono orgânico total.

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Os dois perfis possuem maiores teores de Ca+2 e Mg+2, nos horizontes plínticos,

com concentrações um pouco mais altas do que o esperado para os solos da região

central do Brasil. Uma possível explicação para a sutil elevação dos teores destes

nutrientes é que materiais ricos em micaxisto do complexo cristalino, observados nas

partes mais altas da paisagem, sofreram intemperismo produzindo minerais micáceos e

estariam liberando Ca2+ e Mg2+ para o solo.

Esta hipótese é amparada pela presença do horizonte concrecionário no P2, que é

rico em minerais primários e que deve ter sido formado a partir da deposição de

materiais coluvionares do complexo cristalino. Outra hipótese aventada, e que também

pode estar contribuindo para a elevação de Ca2+ e Mg2+, principalmente nos horizontes

nos horizontes plínticos, é a ocorrência de migração de material externo devido à

calagem realizada durante a irrigação no projeto, o que estaria contaminando a água de

irrigação, e a água estaria migrando através do lençol freático para as APPs próximas à

área cultivo, local onde se encontram os solos estudados, e que ficam inundados seis

meses do ano.

Ainda na Tabela 4.3, pode-se constatar que os teores de carbono orgânico

total (CO), nos horizontes superficiais (Tabela 4.3) foram mais altos, mas normais para

um solo de uma APP. No perfil P1, o CO foi de 27,1 g kg-1 e, no perfil P2, foi de 25,7 g

Kg-1, teores que devem estar relacionados com a drenagem restrita nesses solos, com a

vegetação nativa da área de estudo e com a grande quantidade de argila presente nestes

solos. Ambos os perfis apresentaram a CTC do solo variando de 6,75 a 12,73 cmolc kg,

sendo observado domínio do íon H+ no complexo sortivo e pouca contribuição de

Al+3(Quadro 3). Os minerais 2:1 com hidroxi de Al entrecamadas, identificados na

mineralogia, estão contribuindo pouco, mas consideravelmente para o pequeno aumento

da CTC no solo justificando valores um pouco mais elevados do que os comuns para

esta classe de solos.

Quanto à saturação por bases, os perfis P1 e P2, nos horizontes possuem V<

50%, sendo por isso, classificados como distróficos (Embrapa, 2013). Os valores da

atividade da argila (T) para os horizontes Btf, dos perfis P1 e P2, variaram de 1,78 a

12,86 cmolc kg-1, sendo por isto, classificados como solos de atividade baixa. O

predomínio de argila de atividade baixa ocorre comumente para a ordem dos

Plintossolos no Brasil (Embrapa, 2013).

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Os teores de K+ e Na+ são apresentados na tabela 4.3, variando de 0,01 a 0,10

cmolc kg-1 e apresentando pouca variação em profundidade. Em relação ao P, foram

observados valores baixos (≤ 1,7 mg kg-1), corroborando com o fato dos solos da região

Centro-Oeste do Brasil terem baixos teores deste nutriente, devido a sua adsorção nos

sesquióxidos e também pelo intenso grau de intemperismo atuante na formação dos

solos em regiões tropicais.

A Tabela 4.4 apresenta os valores de FeOAA e FeDCB e as relações das diferentes

formas de Fe extraídas. Os valores de FeDCB no P1 e P2 variaram de 3,96 para 51,28 g

Kg-1, sendo os maiores valores observados nos horizontes com plintita, semelhante ao

observado em outros Plintossolos, em diferentes lugares no Brasil (Santos & Batista,

1996; Coelho et al., 2003a; Dos Anjos et al., 2007; Garcia et al., 2013). De acordo com

McKeague & Day (1966), FeDCB é uma combinação das quantidades amorfas e

cristalinas dos óxidos de Fe, com predominância das formas cristalinas. Enquanto que o

FeOAA corresponde aos óxidos de Fe amorfos dos solos (McKeague & Day, 1965;

Schwertmann, 1973).

Tabela 4.4 Formas extraíveis de ferro na TFSA com ditionito-citrato-bicarbonato e

oxalato ácido de amônio e suas relações nos horizontes dos perfis

estudados

Horiz DCB OAA Relação Fe2O3 Fe2O3 FeOAA/FeDCB

g.kg-1 P1 - PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico típico

A 4,39 1,21 0,28 E-A 3,96 0,32 0,08

E 14,25 0,41 0,03 B-Ec 16,53 1,36 0,08 Btf1 18,18 1,87 0,10 Btf2 21,29 1,91 0,09

P2 - PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico petroplíntico A 14,95 3,67 0,25 E 31,57 2,39 0,08

Bfc 49,39 3,86 0,08 Btf 51,28 6,76 0,13

FeOAA/FeDCB: ferro extraído com oxalato de amônio/ ferro extraído com ditionito-citrato.

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A quantidade de FeDCB no P2 (14,95- 51,28 g Kg-1) é maior do que no P1, e uma

explicação plausível é que, embora os dois perfis estejam próximos, o P2 apresenta um

horizonte concrecionário no qual as plintitas estão endurecidas na forma de

petroplintitas, o que justifica a maior presença de materiais cristalinos. A variação na

quantidade de FeOAA no P2 (3,67- 6,76 g. Kg-1) segue a mesma sequência do FeDCB,

sendo os maiores valores encontrados nos horizontes plíntico e concrecionário, dos

perfis P1 e P2, respectivamente. De acordo com Coelho et al. (2003), altos valores de

FeOAA, para os horizontes plínticos, ou concrecionários, evidenciam um novo ciclo de

formação dos óxidos de Fe.

A maior relação de FeOAA/FeDCB foi verificada nos horizontes superficiais dos

perfis P1 e P2, como pode ser visto na Tabela 4.4. Para Schwertmann & Taylor (1989),

a maior quantidade de matéria orgânica no horizonte A é responsável por complexar o

Fe e estabilizar a ferridrita, impedindo que a mesma se transforme em óxidos de Fe

cristalinos. Nos horizontes plínticos, tem-se um acréscimo na proporção de

FeOAA/FeDCB, devido ao hidromorfismo, ocorrendo a remobilização de Fe cristalinos

para Fe+2, em condições redutoras em horizontes subsuperficiais (Coelho et al., 2003).

De acordo com Dos Anjos et al. (1995) a relação FeDCB/Arg indica a segregação

de óxidos de ferro na matriz do solo durante a formação da plintita. Esta relação, para os

perfis P1 e P2, aumentam com a profundidade, fato também observado em Plintossolos

da Tailândia, para os quais Watana (2005) propôs serem decorrentes dos efeitos do

movimento do ferro cristalino e não estar relacionado ao processo de argiluviação

(Hayes & Vepraskas, 2000).

3.3.3 CLASSIFICAÇÃO

Os solos foram classificados pelos sistemas Brasileiro (SiBCS) (Embrapa,

2013), pelo sistema norte-americano (Soil Taxonomy) (2014) e pelo sistema WRB

(2014). A classificação dos solos pelos diferentes sistemas é apresentada na Tabela 4.5.

Os perfis P1 e P2 se enquadraram nas propostas estabelecidas pelos três sistemas

de classificação. Uma atenção especial foi dada ao 5º nível no SiBCS, de modo que o

mesmo apresentasse o máximo de características diferenciais das classes sugeridas para

o 5º nível na última versão proposta por este sistema. Estas características servem como

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banco de dados detalhado para o uso e manejo destes Plintossolos no Projeto de

irrigação Luís Alves do Araguaia. Toda a discussão da classificação, foi focada no

Sistema Brasileito de Classificação de solos SiBCS (Embrapa, 2013). Informações dos

sistemas internacionais constam apenas na Tabela 4.5, e não foram discutidas no tópico

classificação.

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Tabela 4.5. Classificação dos solos estudados nos sistemas SiBCS, Soil Taxonomy e WRB

SiBCS: Sistema Brasileiro de Classificação de Solos; Soil Taxonomy: Sistema de Classificação dos Solos EUA; WRB: Base de Referência Mundial para Recursos de Solos.

Perfil Sistema de classificação SiBCS Soil Taxonomy WRB

PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico típico,

Typic Plinthaquults fine Clayey, kaolinitic,

Haplic Plinthosol

P1 textura argilosa/muito argilosa

Isohyperthermic

Clayic Dystric

cascalhenta, A moderado, caulínitico, tmob,

Araguaia's Plain

hipoférrico.

P2

PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico petroplíntico, textura

Typic Plinthudults Clayey, Endopetroplintic Plinthosol

argilosa/ muito argilosa cascalhenta, kaolinitic, isohyperthermic

Haplic Dystric

A moderado, caulinítico, tmob, hipoférrico Araguaia's Plain

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No primeiro nível categórico (ordem) foi levada em conta a morfologia do perfil

em campo, com a observação de atributos que refletiram sua formação, sobretudo a

presença dos horizontes plínticos. Assim, os perfis estudados foram classificados como

Plintossolos, por atenderem os seguintes requisitos: apresentarem horizonte plíntico,

com mais de 15% de plintita, dentro de 200 cm de profundidade, precedidos de

horizonte E com cores pálidas e presença de mosqueados na forma de plintita em

quantidade abundante.

No segundo nível categórico (sub ordem) o P1 foi classificado como argilúvico,

por apresentar horizonte B textural coincidente com o horizonte plíntico (Btf). A

presença de cerosidade comum e fraca nos horizontes plínticos, foi uma evidência do

processo pedogenético de argiluviação associado à plintização, como ativos na

formação destes solos. Já o perfil P2 apresentou gradiente textural maior que 1,4, e por

isso foi classificado como Argilúvico no segundo nível categórico.

Quanto ao terceiro nível (grandes grupos), por apresentarem em todos seus

horizontes, inclusive nos horizontes plínticos, saturação por bases menor que 50%

(V<50%), foram ambos classificados como Distróficos. Do ponto de vista agrícola, esta

classificação é de suma importância, uma vez que estes solos podem ser considerados

como de baixa fertilidade natural. No entanto, são aptos para a agricultura uma vez

corrigidos, adubados e corretamente drenados, no caso de culturas não adaptadas ao

lençol alto e sua variação sazonal.

No quarto nível categórico (subgrupo), o perfil P1 foi classificado como típico,

por não encaixar em nenhuma outra classe para esse nível. Já o perfil P2 foi classificado

como petroplíntico, devido a presença de horizonte concrecionário após 100cm de

profundidade, posição não diagnóstica para Plintossolo Pétrico, mas que se apresenta

mais vantajoso para a agricultura devido menor impedimento ao desenvolvimento do

sistema radicular, em consequência da sua elevada profundidade, em comparação com

os Plintossolos Pétricos.

A classificação no quinto nível categórico (família) foi feita com as regras

sugeridas e pelo exemplo proposto pela Embrapa, (2013). Esse nível é de grande

relevância para o uso dos solos, pois, fornece informações detalhadas a respeito da

fertilidade, mineralogia e morfologia dos solos. O nome do solo neste nível foi formado

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adicionando-se ao nome do quarto nível (subgrupos) as características pertinentes, com

letras minúsculas, separados por vírgula. Nem todas as classes qualificativas do quinto

nível foram utilizadas, pois o solo estudado não apresentava todas as características e

propriedades atribuídas a esta ordem. Assim o perfil P1 foi classificado como

Plintossolo Argilúvico Distrófico típico, textura argilosa/ muita argilosa cascalhenta, A

moderado, caulinítico, tmob, hipoférrico. O perfil P2 foi classificado no quinto nível

categórico seguindo a mesma ordem de qualificativos pertinentes, separados por

vírgula, tal como se segue: Plintossolo Argilúvico Distrófico petroplíntico, textura

argilosa/muito argilosa cascalhenta, A moderado, caulinítico, tmob, hipoférrico.

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CONCLUSÕES

i) Os elevados teores de argila e as observações em campo evidenciam a natureza

coluvio-aluvionar dos solos estudados, no qual está ocorrendo o processo

pedogenético de plintização.

ii) Os Plintossolos da Planície do Rio Araguaia no município de São Miguel do

Araguaia apresentam balanço de cargas positivo na parte inferior do perfil, e

valores de Ca2+ e mesmo Mg2+ relativamente altos para os solos da região

central do Brasil.

iii) A elevada acidez e o processo de plintização destes Plintossolos aumentam em

profundidade.

iv) As propostas feitas pelo SiBCS 2013 são adequadas para classificar as classes

dos Plintossolos estudados até o 5º nível categórico, e sugerir um possível 6º

nível categórico. A classificação destes solos se enquadram nas correlações dos

sistemas Soil Taxonomy e WRB.

[v1] Comentário: Discutir na reunião

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PROPRIEDADES MINERALÓGICAS E MICROMORFOLÓGICAS DAS PLINTAS NA PLANÍCIE ALUVIAL DO RIO ARAGUAIA,

BRASIL CENTRAL

RESUMO

Solos tropicais com plintita são comuns na América do Sul e representam mais de sete por cento dos solos do Brasil. Entretanto, há uma variação na composição mineralógica e micromorfológica nestes solos. Objetivou-se com este trabalho avaliar a composição mineralógica e propriedades micromorfológicas de dois Plintossolos da planície aluvial do Rio Araguaia, no estado de Goiás, região central do Brasil. Dois perfis (P1 e P2) foram descritos e amostrados, um topograficamente mais baixo (P1) e outro mais elevado (P2) na planície, cujos horizontes foram analisados geoquimicamente, mineralogicamente por difração de Raios-X (DRX) e também quanto aos atributos micromorfológicos sobre lâminas delgadas. Constatou-se em campo que o P2 é petroplíntico e o P1 é plíntico. Na fração areia de ambos os perfis domina o quartzo e na fração silte dominam o quartzo e a mica. Na fração argila há predomínio de caulinita, gibbsita, ilita e vermiculita com hidroxi entrecamadas (VHE). Na plintita dominam os óxidos de ferro, sobretudo goetita e hematita, formados in situ nos horizontes submetidos a oxido-redução associada à oscilação sazonal do lençol freático. Nos dois perfis a micromorfologia mostrou a presença de nódulos pouco desenvolvidos a bem desenvolvidos. Os nódulos em desenvolvimento são grandes, muito aderentes, com menor grau de impregnação e possuem limites difusos e formas irregulares, podendo ser halos; estão situados, geralmente, na base dos perfis. Os nódulos bem individualizados, com elevado grau de impregnação e pouco aderentes, menores e dispersos, dominam nos horizontes superiores. O P2, em posição topográfica mais elevada, contém cimento ferruginoso ligando os nódulos bem desenvolvidos, constituindo o horizonte petroplíntico. Conclui-se que o P1 é pedogeneticamente menos evoluído que o P2, distinguindo-se pelo grau de evolução e de desenvolvimento da plintização, o que pode ser atribuído à posição topográfica mais elevada e supostamente mais antiga do P2, ao contrário do P1.

Palavras-chave: solos tropicais; plintita; nódulos; VHE; micromorfologia.

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MINERALOGICAL AND MICROMORPHOLOGICAL PROPERTIES

OF PLINTHITES ON ALLUVIAL PLAINS OF THE ARAGUAIA

RIVER, CENTRAL BRAZIL

ABSTRACT

Tropical soils with plinthite are common in South America, and represent more than seven per cent of soils in Brazil. However, there is variation in the mineralogical and micromorphological composition in these soils in this country. The aim of this study was to determine the mineralogical and micromorphological composition of linthosols of the alluvial plains of the Araguaia River, Goiás state in the Midwest region of Brazil. Two representative soils profiles (P1 and P2) were described and sampled, one topographically lower (P1) and another slightly higher (P2) in the plain, less than six feet, whose horizons were analyzed geochemically , mineralogically by X-ray diffraction (XRD) and also with respect to their micromorphological attributes on thin sections . It was found in the field that the P2 is petroplintic and the P1 is plinthic. The sand fraction of both profiles is predominantly composed of quartz, mica and feldspar-K. The clay fraction is predominantly composed of kaolinite, gibbsite, illite and hydroxyl-interlayered vermiculite (HIV). The plinthite is predominantly composed of iron oxides, mainly goethite and hematite formed in situ in the horizons that have undergone redox associated with seasonal fluctuation of the water table. In both profiles, the morphology showed the presence of undeveloped as well as developed nodules. Developing nodules are large, very adherent, with a lower degree of impregnation, and have diffuse boundaries, and irregular shapes that could be considered halos and located at the base of the profiles, while nodules that dominate in the upper horizons are well individualized, with a high degree of impregnation and loosely adherent, and are smaller. The P2, in higher topographical position, contains ferruginous cement connecting well-developed nodules that constitute the petroplintic horizon. It follows that the P1 is less pedogenetically developed than the P2, distinguished by its degree of evolution and development of plinthization, which can be attributed to the higher and presumably older topographical position of the P2 compared to the P1. Key words: tropical soils; plinthite; nodules; HIV; micromorphology.

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5.1 INTRODUÇÃO

Solos com plintita são comuns em regiões tropicais e abundantes na América do

Sul. No Brasil, ocupam uma área de quase 600.000 km2, representando

aproximadamente 7% dos solos do país (Santos et al., 2011), posicionando-se como a

quarta maior classe de solos do Brasil (Coelho et al., 2002), onde são abundantes nas

regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste (Dos Anjos et al., 1995). Eles podem variar

desde os fortemente cimentados (petroplínticos) e endurecidos, até aqueles considerados

ainda em formação incipiente.

A Mineralogia dos Plintossolos consiste basicamente em quartzo, caulinita e

óxidos de ferro. A caulinita é o mineral mais abundante nos solos tropicais, e o quartzo

é um mineral residual resistente ao intemperismo, presente na composição deste

material. Os óxidos de ferro predominantes na composição deste material são hematita e

goetita. Sendo que a composição da plintita difere quimicamente da matriz do solo,

devido a maior quantidade de óxidos de ferro em sua composição (Gallaher et al., 1974;

Singh & Gilkes, 1996). Os óxidos de ferro formam as feições pedogenéticas nodulares.

O ferro é o principal agente de endurecimento da plintita, para formação da

petroplintita nos Plintossolos. Diferentes tipos de óxidos de ferro foram identificados na

forma endurecida da plintita (petroplintita) (Eswaran et al., 1976; Wood & Perkins,

1976). No Brasil, ao contrário dos solos da África, a gibbsita é um mineral em alguns

casos encontrado em baixa quantidade, e pode até estar ausente na composição dos

Plintossolos.

No Brasil os estudos micromorfológicos sobre os Plintossolos são ainda

incipientes. Coelho et al. (2001) verificaram que a formação das ferricretes em

Plintossolos do Grupo Bauru, em Adamantina, estavam associadas a à lixiviação do

ferro ferroso e apresentaram fábricas internas com estruturas em degradação,

evidenciando o desmantelamento atual da couraça ferruginosa. No Pantanal foi

verificado a partir principalmente das observações micromorfologicas que feições

redoximórficas estão em processo de formação e degradação em um mesmo horizonte

(Beirigo, 2013).

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Asiamah, et al. (1999) destacaram que, embora a plintita e a petroplintita sejam

comuns em solos tropicais, sobretudo nas posições rebaixadas dos relevos como nas

grandes planícies, há poucas informações sobre sua completa formação, visto que

grande parte dos estudos contemplam sua forma endurecida (petroplintita) em

detrimento da forma macia (plintita).

Na planície aluvial do Rio Araguaia, que é uma das maiores deste continente sul

americano, no seu lado goiano se encontra grande extensão de solos plínticos

distribuídos nas suas diversas subclasses (Embrapa 2013), de petroplínticos aos

plínticos, mas carentes de estudos sobre sua composição mineralógica e

micromorfológica.

O objetivo deste estudo foi caracterizar os Plintossolos da planície aluvial do Rio

Araguaia no estado de Goiás, em termos mineralógicos e micromorfológicos, com

vistas a contribuir com a interpretação do processo de formação da plintita em regiões

tropicais.

5.2 MATERIAL E MÉTODOS

5.2.1 ÁREA DE ESTUDO

Solos com plintitas e petroplintitas ocorrem no norte do estado de Goiás, região

centro-oeste do Brasil (Figura 5.1). Os perfis estudados situam-se na latitude 13° 12’ 4’’

e 13° 12’ 18’’ S e longitude 50° 31’ 26,9’’ e 50° 31’ 19,8’’ W. O clima da região é

classificado como tropical úmido (Aw), segundo Köppen, com temperatura anual

variando de 23°C a 38°C e precipitação anual média de 1600 mm/ano (Simehgo, 2012).

Os dois perfis de solos estudados, perfil 1 (P1) e perfil 2 (P2), foram

selecionados considerando a presença das plintitas nos mesmos, e que tivessem presente

a variação sazonal do lençol freático, de modo que as plintitas fossem formadas in situ.

Os perfis localizam-se na planície aluvial do Rio Araguaia em local que faz parte de

uma área de preservação permanente, onde o lençol freático permanece alto durante seis

meses do ano, em consequência do Projeto de irrigação Luís Alves do Araguaia,

localizado a aproximadamente um quilômetro do local dos perfis. Portanto, estes não

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foram afetados por esse manejo, permanecendo com o freático elevado cerca de quatro

meses do ano, durante o verão.

A vegetação de cobertura da área estudada é dominada pela savana parque e

conhecida localmente como varjões de murundus (Figura 5.2). Há duas teorias sobre a

formação deste tipo de vegetação. A primeira propõe que a formação dos murundus se

deu em campos brejosos de encosta, como uma concentração alta de termiteiros (Trol,

1936; Dalquest & Scheffer, 1942). A segunda e mais aceita atualmente, é conhecida

como processo de dinâmica superficial, como consequência principalmente de erosão

química. Estudos de Penteado-Orellana (1980) e Furley (1986) sustentam esta teoria.

Figura 5.1. Localização da área de estudo, município de São Miguel do Araguaia,

Goiás

Figura 5.2. Paisagem da área de estudo, conhecida como varjões de murundus,

montículos com vegetação arbórea em meio a um extrato graminoso

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O material de origem destes solos é constituído por sedimentos aluviais

depositados pelo Rio Araguaia, procedentes do complexo cristalino das partes mais

elevadas do relevo de montate. As unidades geológicas da planície aluvial do Rio

Araguaia são interpretadas como Holocênicas e caracterizadas como fácies aluvionares

de natureza argilosa-arenosa.

A fração grossa é mal selecionada, variando de grãos angulosos a bem

arredondados, condicionando a variação textural dos solos da área. Na área de pesquisa

eles integram o pacote sedimentar da Ilha do Bananal, constituída por áreas de

acumulação muito baixas, com inundações periódicas, nas quais são comuns solos

argilosos relativamente compactados (Radambrasil, 1975). Dentre as classes de solos

mais comuns no local de estudo, merecem destaque os Gleissolos e os Plintossolos.

5.2.2 ANÁLISES MINERÁLOGICAS

A fração argila foi separada por sedimentação e dispersada quimicamente com

calgon (hexametafosfato + NaOH 0,1 mol-1) e as frações grossas foram separadas por

tamisagem sendo o silte calculado por diferença. A argila dispersa em água e o grau de

floculação foram determinados e calculados. Tais métodos seguiu o protocolo de

Jackson (1975).

A frações argila, silte e areia dos horizontes representativos foram submetidas

também a análises mineralógicas por difratometria de Raios-X (DRX). As amostras

foram maceradas e peneiradas em peneira com malha de 80 mesh e posteriormente,

foram preparadas para análise de Raio-X. A DRX foi realizada em Difratômetro de

Raios X, modelo Shimadzu XDR 6000, sob tensão de 40 kV, corrente de 20 mA,

radiação de Kα de Cu e monocromador de cristal de grafite acoplado. Foram feitas as

análises na forma de pó orientado e não orientado e alguma complementadas como a

seguir.

Numa parte da fração argila dos horizontes mais representativos, alguns

tratamentos foram realizados para melhorar a qualidade dos difratogramas e facilitar a

identificação de alguns minerais. Assim, os óxidos de ferro e alumínio foram removidos

com DCB (Jackson, 1960) e foram feitos os tratamentos de saturação com MgCl2 1,0

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mol L-1 e KCl 1,0 mol L-1. Ainda, foram realizados tratamentos com glicerol e

tratamentos térmicos, com o objetivo de identificar os minerais com intercalação de

polímeros de Al e, ou argilominerais expansíveis. Para as argilas saturadas, as lâminas

das amostras foram preparadas na forma de agregados orientados.

Para interpretação e identificação dos minerais nos difratogramas, foram

utilizados critérios qualitativos, tais como: espaçamento interplanar (d), largura e

intensidade dos picos e comportamento frente aos tratamentos de saturação e térmicos

empregados, conforme apresentado por Brown & Brindley (1980) e Moore & Reynolds

(1989).

5.2.3 ANÁLISE MICROMORFOLÓGICA

Amostras indeformadas orientadas foram coletadas em campo em caixas de

papel cartão nas dimensões 7 x 9 x 4 cm, adaptando-se os procedimentos descritos em

Brewer (1988), ou seja, foram secas em estufas a 40°C e em seguida impregnadas com

resina de poliéster por ascensão capilar sob vácuo fraco, os quais após polimerizados

foram cortados, colados às lâminas de vidro próprias de tamanho médio ( 5 x 5 cm),

fatiados, desbastados e polidos até cerca de 25 µm de espessura, para confecção das

lâminas delgadas, como descrito por Castro, (1985). As descrições morfológicas foram

feitas seguindo os critérios estabelecidos por Bullock et al. (1985) e Stoops (2003) e

adaptados por Castro (1985), com ênfase nas feições nodulares.

5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.3.1 ATRIBUTOS MINERALÓGICOS 5.3.1.1 Fração Argila

Os DRX da fração argila indicaram a presença de caulinita, ilita, gibbsita e

vermiculita com hidróxido de Al na entrecamada (VHE). Serão descritos abaixo os

principais processos de formação dos minerais identificados na fração argila.

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5.3.1.2 Caulinita

A caulinita foi o mineral predominante da fração argila. Foi identificada nos

horizontes B/Ec e Btf2 do P1 e nos horizontes A e Btf do P2 (Figura 5.3 e Figura 5.4).

Observa-se picos mais intensos para a caulinita nos horizontes superficiais (Figura 5.3 e

Figura 5.4), em relação aos horizontes plínticos, comportamento que se deve a ação

mais intensa do intemperismo na superfície do solo (Moniz et al., 2000). A redução da

intensidade dos picos da caulinita nos horizontes plínticos, pode estar relacionada com a

redução da cristalinidade deste mineral, nos horizontes que se aproximam do material

de origem.

A caulinita foi o principal mineral identificado na fração argila de outros

Plintossolos no Brasil (Dos Anjos et al., 1995; Santos et al., 1996; Coelho et al., 2002b;

Moreira et al., 2008; Garcia et al., 2013; Miguel et al., 2014). Foi também considerado o

mineral dominante na fração argila em solos plínticos da África e na Tailândia

(Alexander & Cady, 1982; Watana, 2005). Esse mineral geralmente é produto do

intemperismo intenso durante a formação dos solos tropicais (Curi & Franzmeier,

1984), associada ao clima quente e úmido, sendo geralmente originados a partir da

transformação de minerais primários (mica e feldspatos) e secundários (filossilicatos

2:1), durante o processo de intemperismo (Kämpf et al., 2009) ou, como no Brasil, a

partir da dissolução de minerais primários e pela precipitação de Si (silício) e Al

(alumínio), provenientes da solução do solo (Melo & Wypich, 2009), ou seja, por

neosíntese ou neoformação mineralógica (monossialitização).

No caso dos Plintossolos estudados a caulinita pode ser proveniente dos próprios

sedimentos depositados pelo Rio Araguaia, posteriormente submetidos a intenso

intemperismo já na atual planície aluvial do referido Rio. Ou pode ter sido formada pela

caulinização (dessilicatização) de feldspatos, também decorrente do intemperismo

intenso. Isto pode ter ocorrido, ainda, com a alteração pseudomórfica da biotita,

presente na composição do micaxisto, que deve ter se transformado em caulinita com a

intemperização. Feldspatos e micas, identificados na mineralogia, que confirmam esta

evidência, também foram observados no campo, no complexo cristalino nas partes mais

altas na região estudada.

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5.3.1.3 VHE

O pico 1,4 nm (Figura 5.3 e Figura 5.4) indica a presença de minerais 2:1 com

polímeros entrecamadas, do tipo VHE. A Vermiculita com hidróxi entrecamadas foi

confirmada pela resistência à contração após aquecimentos sucessivos das amostras

saturadas com K (potássio) a 110 e 350 °C, e colapso para 1,0 nm a 550°C. Este mineral

também foi confirmado desta maneira em Plintossolos no estado do Maranhão, no

Nordeste do Brasil (Dos Anjos et at., 2007). A presença de VHE também é comum em

Latossolos com alto grau de intemperismo.

Os minerais com hidroxi entrecamadas geralmente se formam em pH

moderadamente ácido (pH ótimo igual a 4,5), baixa quantidade de matéria orgânica,

ambiente oxidante com ciclos de umedecimento e ressecamentos frequentes no solo

(Rich, 1968). Os horizontes plínticos dos perfis P1 e P2 apresentaram pH fortemente

ácido, como apresentado e discutido no capítulo 1. Rich (1968) explica que o pH baixo

é necessário para formação das entrecamadas nas vermiculitas, por causa da maior carga

gerada, necessária para formar as espécies com os polímeros com hidroxi de alumínio.

De acordo com Glenn & Nash (1964), a ocorrência de silicatos com

entrecamadas expansíveis, tem sido relatada em diferentes classes de solos, e nem todas

as condições de formação destes minerais são as mesmas. No entanto, algumas

condições para formação desses minerais, como as citadas no parágrafo anterior, são

necessárias para a formação das entrecamadas com hidróxidos na maioria dos solos, e

estas foram observadas nos solos estudados.

Nesse sentido, uma parte das VHE nos perfis P1 e P2 pode ter sido herdada dos

sedimentos aluvionares, e outra parte pode ter sido neoformada, in situ. A flutuação do

lençol freático, associada ao baixo pH e ao material de origem rico em micaxisto, em

um ambiente redoximórfico, foram as condições que possibilitaram a formação destes

minerais com hidroxi entre camadas. É provável que estes minerais estejam se

intemperizando para caulinita, por causa do intenso intemperismo atuante nos ambientes

tropicais.

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5.3.1.4 Ilita

A fração argila contém ilita (Figura 5.3 e Figura 5.4) em todos os horizontes dos

dois perfis estudados. Esse mineral é formado no solo a partir da perda de potássio da

mica e geralmente deriva da mica herdada do material de origem, de uma variedade de

sedimentos aluviais (Allen & Hajek, 1989). Dos Anjos et al. (1995) estudando

Plintossolos do Maranhão verificaram que a quantidade de mica geralmente aumenta

em profundidade, comportamento similar está ocorrendo neste caso para a ilita,

podendo ser por conta que do aumento dos minerais micáceos com o grau de

intemperismo não muito avançado.

Para formar plintita é preciso Fe e a oscilação do lençol freático, de modo que o

grau de intemperismo pode ser variável entre Plintossolos. Após o Quaternário, algumas

áreas sofreram rebaixamento, enquanto outras sofreram soerguimento. Desse modo,

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Figura 5.3. DRX da fração argila dos horizontes B/Ec e Btf1 do P1. Ct= caulinita;

Gb=gibbsita; VHE= vermiculita com hidroxi entre camada; I= ilita

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Figura 5.4. DRX da fração argila dos horizontes B/Ec e Btf1 do P2. Ct= caulinita; Gb= gibbsita; VHE= vermiculita com hidroxi entre camada; I= ilita

solos altamente intemperizados e ricos em Fe podem ter sido submetidos a ciclos

alternados de alagamento e ressecamento, formando plintita. Solos submetidos a ciclos

de alagamento e ressecamentos contínuos, não têm uma boa remoção do produto do

intemperismo, fazendo com que o intemperismo não avance muito.

Neste estudo, a mica pode ter sido a fonte de VHE, que ao sofrer intemperismo,

sofreu a perda de potássio e se transformou em ilita, em um ambiente fortemente ácido e

com grande variação sazonal do lençol freático, e posteriormente ter resultado na

formação da VHE, corroborando interpretação de Allen & Hajek (1989). Já a

manutenção da vermiculita neste solo, deve estar associada à restrição ao intemperismo

ocasionada pela variação do lençol freático. De Villers (1965) verificou que solos

derivados de material de origem rico em mica formaram minerais intermediários entre

vermiculitas e cloritas resultantes da “polimerização de íons com hidroxi de alumínio

entrecamada”.

5.3.1.5 Composição das plintitas

A composição das plintitas foi estimada a partir da composição do concentrado

de óxidos, e foram identificados os seguintes minerais: goethita, gibbsita, hematita e

anatásio.

Goethita e Hematita são os óxidos de ferro cristalinos mais comuns na

composição das plintitas. A coloração vermelho-amarelada das amostras de solo é

resultante dos óxidos de ferro. Em geral, a coloração mais vermelha da plintita é

associada à maior quantidade de hematita que goethita, enquanto que a amarela à

predominância de goethita em relação a hematita (Ibanga, et. al., 1983). A hematita

presente nos solos geralmente é formada durante períodos mais secos, enquanto a

goethita é formada durante períodos úmidos (Schwertmann, 1985).

Eze et al. (2014) propuseram que para a formação da plintita, inicialmente o

ferro é acumulado como ferridrita, depois ele se transforma em goethita e se cristaliza

como limonita, para posteriormente, sob condições mais secas se transformar em

hematita. No entanto, não foram feitas análises específicas para comprovar a presença

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desses óxidos de ferro nos solos. Mais especificamente, Vespraskas (2001) propôs que

para a formação dos nódulos nos solos são necessários os seguintes processos:

primeiramente os cátions de Fe+3 dos óxidos de ferro, que são reduzidos, em um

ambiente hidromórfico, depois ocorre à solubilização do Fe+2 que é movido para as

outras partes do solo. Por fim, o Fe+2 é oxidado para formar uma massa ferrosa, mais

densa, chamada de nódulo, que neste caso no conjunto denominam as plintitas.

Fauzi & Stoops (2004) explicaram que a formação do horizonte plíntico ocorre

conjuntamente ao enriquecimento de argila no horizonte B, ocorrendo o acúmulo de

ferro, que ocasiona a consistência firme a muito firme nesse horizonte, como observado,

principalmente em solos argilúvicos, pois solos háplicos não tem enriquecimento em

argila no horizonte B.

A gibbsita também foi identificada na fração argila dos Plintossolos estudados.

A presença desse mineral foi atribuída ao ambiente com variação sazonal do lençol

freático frequente. De acordo com Breeman & Buurman (2002), o rebaixamento do

lençol freático aumenta a drenagem nos horizontes superficiais e a dessilicatização pode

causar a dissolução de caulinita, com a formação de gibbsita (residual). No entanto, a

elevação do lençol freático durante um período do ano, como próximo à área estudada,

onde se instalou projeto de irrigação para cultivo de arroz e soja, criando um ambiente

pobremente drenado, no qual prevalece a caulinita, e pequena quantidade de gibbsita

são formadas no solo. Contudo, isto deverá ser melhor avaliado em estudos que

comparem as áreas alagadas pelo projeto de irrigação com aquelas alagadas

naturalmente.

5.3.2 Silte e Areia

O principal mineral da fração silte foi o quartzo. Feldspato e mica também foram

identificados na fração silte, como pode ser observado na Figura 5.5. Estes minerais

primários estão herdados do material de origem. Os resultados indicaram uniformidade

na composição da fração silte como pode ser observado no DRX.

O predomínio do quartzo, em relação aos feldspatos e mica, confirmados pelos

picos maiores e mais intensos na fração silte, se deve à maior resistência do quartzo ao

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intemperismo, frente aos outros minerais primários (Oliveira et al., 2004). Feldspatos e

micas são também resquícios do material de origem formadores destes solos.

O quartzo foi o mineral dominante na fração areia. Sua abundância nesta fração

se deve à sua grande resistência ao intemperismo químico. O quartzo costuma ser um

dos minerais mais abundantes nos solos, por sua alta abundância na crosta terrestre e

por ser resistente ao intemperismo.

Figura 5.5. DRX da fração silte dos perfil P1e P2 Fd=Feldspato; Q=quartzo; M= Mica

5.3.2 ATRIBUTOS MICROMORLÓGICOS

As descrições micromorfológicas foram realizadas para todos os horizontes do

P1 e P2, com ênfase nos Btf (Tabela 5.1). No P1 foi observado que a matriz do solo dos

horizontes Btf é constituída predominantemente por halos grandes (nódulos pouco

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desenvolvidos) e secundariamente por nódulos melhor individualizados. A constituição

predominante dos halos e nódulos (Tabela 5.2) é argilosa-ferriargilosa a ferruginosa.

Os horizontes BEc, Btf1, Btf2 do P1 apresentaram-se muito homogêneos e

foi identificada uma única zona densa com distribuição relativa porfírica fechada na

base. Em superfície, nos horizontes EA e E, a distribuição relativa porfírica passou a

uma porfírico-gefúrica. No horizonte A, com a inclusão de matéria orgânica, a zona

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Tabela 5.1. Características micromorfológicas dos Plintossolos estudados

Horizonte e Distribuição

Fração grossa

macroporosidade

Feições Profundidade

cm Relativa

e fina

Pedológicas

P1- PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico típico

A (0-10)

Porfírica fechada Quartzo (60%) Empilhamento dominante, Nódulos típicos

subangular e subarredondado fissuras e cavidades raras

raros

Material orgânico bruno escuro

E-A (10-20) Porfírica aberta Quartzo (55%) subangular Empilhamento dominante, Nódulos típicos

Porfírica-gefúrica e subarredondado

fissuras e cavidades raras raros

Material fino orgânico bruno escuro

E (20-32)

Porfírica aberta Quartzo (60%) Empilhamento dominante,

Halos frequentes

Porfírica-gefúrica subangular e subarredondado fissuras e cavidades raras

Material fino ferruginoso e orgânico bruno-avermelhado

Continua...

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B-Ec (32-50) Porfírica fechada Quartzo (50%)

subangular e subarredondado Empilhamento dominante Halos moderados

ferruginoso vermelho- fissuras e cavidades raras

amarelado e bruno-avermelhado

Btf1 (50-78) Porfírica fechada Quartzo (50%)

Halos difusos

subangular e subarredondado Empilhamento dominante dominantes

ferruginoso vermelho- fissuras e cavidades raras

amarelado e bruno-avermelhado

Btf2 (50-78) Porfírica fechada Quartzo (50%) Empilhamento dominante Halos

fissuras e cavidades raras fissuras e cavidades raras grandes e difusos

ferruginoso vermelho-escuro

P2- PLINTOSSOLO HÁPLICO Distrófico petroplínticos

A (0-10)

Porfírica Quartzo (70%) Cavidades dominantes e Nódulos típicos

subangular e subarredondado fissuras localizadas

raros

material orgânico bruno acinzentado

E (10-15)

Quartzo (40%) Cavidades dominantes e

Porfírica- subangular e subarredondado fissuras localizadas Halos frequentes

Continua...

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enáulica

ferruginoso bruno acinzentado e

avermelhado

Bfc (15-57) Porfírica Quartzo (35%) Cavidades dominantes e Halos

fissuras localizadas Fissuras localizadas

ferri-argiloso bruno-avermelhado

Btf (57-95) Porfírica dominante, Quartzo (55%) Cavidades dominantes e Halos

Porfírica-enáulica localmente subangular e subarredondado fissuras pontuais porfíricos

ferruginoso vermelho-amarelado

e bruno-avermelhado

2BCf/F (95-135+) Porfírica Quartzo (60%) Empilhamento Nódulos típicos

subangular e subarredondado e fissuras localizadas porfíricos

ferruginoso vermelho-escuro

e bruno-avermelhado

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densa volta a ter distribuição relativa porfírica fechada. Os nódulos típicos bem

desenvolvidos foram raros no horizonte A e se mostraram em estágio de degradação no

horizonte E com presença de córtex de alteração ao redor dos nódulos (Figura 5.6 a, b e

5.7 a, b). Não se observou a presença de revestimentos (cutãs iluviais) neste perfil,

embora a cerosidade fraca e comum tenha sido constatada em campo.

A Tabela 5.1 apresenta a descrição mais detalhada das feições pedológicas de

cada horizonte dos Plintossolos estudados. Os nódulos apresentam-se em vários

tamanhos e formas, e foram diferenciados com base nos seguintes critérios: tamanho,

forma, grau de impregnação e limites de suas formas (Brewer 1964; Stoops 2003). No

presente trabalho muitos deles foram classificados como halos, de acordo com a

classificação de Brewer (1964).

Segundo a mesma Tabela, nos horizontes plínticos (Btf1 e Btf2) do P1, os halos

são mais abundantes que nos horizontes superficiais e estão em processo de formação

(Figura 5.6 b, c). O tamanho dos halos variou de moderado a grande, na sua grande

maioria possuem tamanhos milimétricos (5-15 mm). Há halos com graus diferentes de

evolução (Figura 5.6 c, d) que ocorreram em abundância no horizonte BFC do perfil P1.

O estágio de formação foi atribuído às feições nodulares bruno avermelhadas, de

formas irregulares, limites difusos, fissuras e muito aderentes à matriz do solo com

estrutura porfírica, similar à da matriz circundante. Tais características evidenciam

processo de plintização inicial e atual da matriz do solo. São halos similares aqueles

estudados por Beirigo (2013) em Plintossolos do Pantanal, por se apresentarem na

forma de halos com bordas irregulares e limites difusos.

Já a coloração avermelhada-enegrecida das plintitas observadas em campo, e

confirmadas nas lâminas delgadas foram consideradas mais evoluídas pelas evidências

da acumulação absoluta dos óxidos de ferro, e seu alto grau de impregnação, um dos

principais processos atuantes na formação das plintitas (Constantini & Priori, 2007).

Considerou-se ainda a sua não aderência à matriz do solo, as suas formas mais

definidas, em geral subarredondadas, e sua estrutura interna indiferenciada e isótica, de

aspecto metálico, muito contrastadas com a matriz circundante.

A porosidade dominante em todos os horizontes do P1 foi a de empilhamento,

mas nos horizontes plínticos (Btf1 e Btf2) notou-se também a presença de cavidades

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Figura 5.6. Micrografias ópticas de feições pedológicas no P1 sobre plano da luz

polarizado (PPL), mostrando: a) nódulo ferriginoso típico e tecido de raíz raro no horizonte A b) halo com córtex de alteração ferruginoso no horizonte A c) halos menos evoluídos frequentes em degradação no horizonte E d) halo mais evoluído e segregração difusa em formação; grãos de quartzo

pobremente distribuídos na matriz do solo no horizonte BEc e) halos menos evoluídos em processo de formação no horizonte Btf1 f) grãos de quartzo (qtz) intemperizados subangular e subarredondado encravado

em halos irregulares em processo de formação no horizonte Btf2

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Figura 5.7. Micrografias ópticas de feições pedológicas no P2 sobre plano da luz

polarizado (PPL), mostrando: a) nódulo típico rico em quartzo impregnado no horizonte A b) nódulos separados por fissuras com córtex de alteração amarelado (xantização)

no horizonte E c) halos ferri-argilosos com grãos de quartzo (qtz) no horizonte Bfc d) nódulos desagregados no horizonte Btf e) halo mais evoluído horizonte Btf f) vários tipos e tamanhos de grãos de quartzo (qtz) impregnados em fragmentos de

rocha no horizonte 2BCf/F

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grandes e fissuras pontuais, embora poucas a raras. Nos halos também foram observadas

fissuras, que também é uma evidência de sua formação.

A sequência dos horizontes constatados no P2 foi A, E, Bfc, Btf1 e 2BCf/F

(Figura 5.7). Notou-se a presença do horizonte concrecionário em subsuperfície no

horizonte 2BCf/F, com nódulos isóticos na fração fina. A matriz do horizonte A

apresentou nódulos típicos nítidos e irregulares (Figura 5.7 a).

O P2 mostrou presença de diversas zonas no fundo matricial. No horizonte A do

P2 observou-se a presença de apenas uma zona porfírica e inclusão de matéria orgânica

na fração fina. No horizonte E foram observadas duas zonas distintas: uma densa

porfírica e uma enáulica (microagregada) associada à matéria orgânica ou a restos de

ferro. Neste horizonte E foi observada à inclusão de nódulos isóticos na fração fina. O

horizonte Bfc também se apresentou porfírico. Os halos aparecem fortemente

impregnados, são opacos e numerosos (Figura 5.7, c) nos horizontes subsuperficiais.

Nos horizontes E dos perfis P1 e P2 foram observados córtex de alteração e

desprendimento de material dos nódulos maiores e isóticos, configurando halos, mas de

dissolução das suas bordas, interpretados como de depleção do ferro. No P2 o horizonte

plíntico Btf1 apresentou duas zonas: uma porfírica dominante e uma enáulica com

microagregados avermelhados. Já no horizonte 2BCf/F foi observada uma estrutura

porfírica densa, com grande incremento da fração grossa. Essa fração grossa é

constituída por grãos de quartzo subangulares e subarredondados, pobre a moderamente

selecionados com alguns ferruginizados.

A fração fina predominante do P2 é ferruginizada/acinzentada e bruno-

acinzentada na base. A coloração escura ocorreu somente nos horizontes superficiais,

sendo causada pela matéria orgânica, o que pode ser confirmado pela presença de

tecidos de raiz (em ambos os perfis). No horizonte Btf1 foram observados halos com

núcleos moderada a fortemente impregnados. Alguns nódulos apresentaram se como

agregados e estão separados por poros.

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Horizonte

Tipos de feições

Frequência em área da lâmina Forma/Tamanho Limites Grau de impregnação

Pedológicas

P1- PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico típico

A

Nódulos típicos

2%

Irregulares/ Nítidos

Puro

raros

3 - 5 mm

E-A

Nódulos típicos

2%

Irregulares/ Nítidos

Puro a

raros

6 - 8 mm

fortemente

E

Nódulos típicos

5%

Irregulares/

Difusos

Fortemente

e halos

2 - 9 mm

frequentes

B-Ec

Halos

15% Irregulares/ Difusos

Fortemente

2 - 9 mm

a moderado

Btf1

Halos

25%

Irregulares/ Difusos

Fortemente a

5 - 15 mm

moderado

Btf2

Halos

35%

Irregulares/ Muito difusos

Fortemente a

5- 15 mm

moderado

Continua...

Tabela 5.2. Características das feições pedológicas (nódulos) de cada horizonte dos Plintossolos estudados

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P2- PLINTOSSOLO HÁPLICO Distrófico petroplíntico

A

Nódulos típicos

5%

Irregulares/

Nítidos Puro

raros

2 - 15 mm

E

Nódulos típicos

15%

Irregulares/

Nítidos

Fortemente a

2 - 7 mm

Moderado

Bcf

Halos Dominantes

25%

Irregulares/

Difusos

Moderado

4 - 7 mm

Btf

Halos

35%

Irregulares/

Difusos

Moderado

porfíricos

5 - 12 mm

2BCf/F

Nódulos típicos

40%

Irregulares/

Difusos

Moderado

porfíricos

7 - 12 mm

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Tanto no perfil P1 como no P2, o horizonte E contém nódulos em processo de

degradação, devido apresentarem o mesmo padrão de limites pouco nítidos e envoltos por

córtex ferruginoso de depleção do ferro por dissolução (Figura 5.6, d, e). Duarte et al.

(2000), estudando Plintossolos dos tabuleiros costeiros do Espírito do Santo, explicaram

que o amarelamento (denominado xantização) observado principalmente no horizonte E é

devido à remoção de hematita e formação da goetita, por hidratação do ferro. Como

consequência deste processo, tem-se a acumulação da hematita e a formação do horizonte

com plintita em subsuperfície.

Já o horizonte 2BCf/F do P2, da borda da planície, é constituído principalmente por

nódulos típicos com grãos de quartzo frequentes, com formas variáveis e estrutura interna

porfírica (Figura 5.7, f). Geralmente, os nódulos com quantidades frequentes de quartzo

indicam baixo grau de epigenia, logo são cristaloquimicamente pouco evoluídos, de

formação recente.

O P2 apresentou maior quantidade de fração grossa do que o P1, este desenvolvido

a partir de materiais exclusivamente aluviais, além dos halos se apresentarem aderentes e

fortemente impregnados. Os tamanhos dos nódulos variaram de milimétricos a

centimétricos, podendo ser considerados grandes, e se apresentaram indiferenciados na

base do perfil. No P2 os nódulos típicos e halos ocupam aproximadamente 40% da área

total do horizonte 2BCf/F. A maior quantidade da fração grossa no P2 indica a

contribuição de materiais remanejados, provavelmente coluvionares, no material de

origem. Neste horizonte (2BCf/F) os grãos de quartzo estão fortemente aderidos e

cimentados (Figura 5.7 f).

Tardy & Nahon (1985) relataram que para a formação do horizonte concrecionário,

tem-se o máximo desenvolvimento e endurecimento dos nódulos e das concreções e a

máxima precipitação de hematita. A forte cimentação e impregnação dos grãos de quartzo

pelo ferro neste horizonte confirmam a formação da petroplintita.

As feições pedológicas nodulares do P1 e P2 foram formadas em condições

hidromórficas contemporâneas. Os halos são acumulações de ferro que foram e continuam

sendo formados pela progressiva concentração dos óxidos de ferro nos horizontes plínticos.

A formação dos nódulos típicos e halos estão associadas às oscilações do nível do freático,

que possibilitam a segregação e a mobilização do ferro e fazem com que a fração grossa

seja epigenizada pelo ferro.

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No P2 (Figura 5.7 c) o processo de plintização in situ é confirmado pela presença

de halos com bordas difusas e irregulares contendo grãos de quartzo em quantidade

abundante, vários deles em processo de epigenização pelo ferro, o que sugere que os

nódulos (plintitas) estão em formação.

Nahon (1991) propôs que os nódulos são acumulações glebulares moderadamente

diferenciadas. Estudando perfis lateríticos intemperizados eles verificaram que a geração

de nódulos ocorre com plasmas (fração argila) essencialmente cauliníticos com poucos

grãos de quartzo e pouca goethita. A acumulação centrípeta do ferro é expressa pela

concentração plásmica de hematita aluminosa, ao mesmo tempo em que a quantidade de

caulinita diminui até seu desaparecimento ao final do processo. Isto poderia explicar a

formação dos halos, ou seja, das plintização inicial nos solos.

Nos horizontes plínticos os nódulos também se mostram em processo de formação

(Figura. 5.6, d, e, f; Figura 5.7, c) por conterem quartzo e baixa evolução cristaloquímica.

Os halos presente indicam condições físico-químicas diferentes entre a formação do

nódulo central e da zona que os envolve, podendo também indicar nódulos incipientes, ou

em processo de formação. Enquanto que a presença de nódulos discretos e fracamente ou

não aderentes indicam maior grau de individualização ou de desenvolvimento,

contrariamente aos demais em estágios iniciais de formação (Castro, 2002).

Em síntese, os principais processos pedogenéticos atuantes na formação destes

nódulos e halos (plintitas) foram a gleização, plintização e a petroplintização. O primeiro

estágio é o da epissaturação que possibilita a formação dos nódulos a partir da variação

sazonal do lençol freático e o segundo estágio ocorre com seu endurecimento (Eswaran, et

al.1990), que se dá a partir dos ciclos repetidos de umedecimento e secagem (Philips,

2000). Beirigo (2013) também sugeriu a mesma atuação desses estágios para a formação

de nódulos plínticos nos solos do Pantanal.

Contudo, os dois perfis se diferenciam. O P2 é geoquímica e morfologicamente

mais evoluído que o P1 devido presença de nódulos com bordas corroídas e quartzo

fortemente aderido corrobora essa afirmação, conjuntamente com a presença de minerais

mais cristalinos nos horizontes mais profundos, cuja discussão está apresentada na sessão

3.3.2. No P2 mais elevado que o P1, a flutuação do lençol freático não atinge mais sua

base. Logo, predominam condições oxidantes, o que provavelmente responderia pela

transformação da plintita em petroplintita, formando assim o horizonte concrecionário.

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5.4 CONCLUSÕES

i) As propriedades mineralógicas e micromorfológicas mostram que há uma evolução nodular crescente do Perfil 1 para o Perfil 2. Isto é confirmado pela presença de nódulos em formação no P1, mais aderentes e menos contrastados com a matriz do solo, ao contrário do Perfil 2 onde são mais bem evoluídos, menos aderentes, mais arredondados, isóticos e mais contrastados com a matriz circundante, devido a menor cimentação e cristalinidade dos óxidos de ferro do que no Perfil 2 e igualmente à menor epigenia dos quartzos cimentados.

ii) A presença de halos, cujos limites são difusos e formas irregulares ao redor de um núcleo mais evoluído, este similar a um nódulo típico, indicam formação nodular atual na base dos perfis e, ao mesmo tempo, sua degradação em superfície, por depleção do ferro em suas bordas.

iii) Vermiculitas com hidróxido de alumínio nas entrecamadas faz parte da composição mineralógica de ambos os perfis, e podem ter sido formada pelo intemperismo da mica presente no material de origem.

iv) As evidências indicam o processo de plintização atual na base dos perfis e sua degradação por depleção (xantização) nos horizontes superiores dos perfis.

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6 CONCLUSÕES GERAIS

i) As plintitas estão se formando na atualidade nos solos na Planície do Rio Araguaia

no município de São Miguel do Araguaia em Goiás.

ii) As características micromorfológicas e mineralógicas mostram que os Plintossolos

dentro da planície do Rio Araguaia estão em menor estágio de evolução

morfológica que os Plintossolos da borda da planície.

iii) Estes solos são fortemente ácidos, distróficos, possuem CTC baixa e carga

positivas. São solos argilosos, cauliníticos e apresentam VHE em sua mineralogia.

iv) As propostas do SiBCS 2013 foram adequadas para classificar os Plintossolos da

Planície do Rio Araguaia. O perfil P1 no centro da planície, foi classificado como

Plintossolo Argilúvico Distrófico típico, textura argilosa/muita argilosa cascalhenta,

A moderado, caulinítico, tmob, hipoférrico. E o perfil P2 na borda da planície foi

classificado como Plintossolo Argilúvico Distrófico petroplíntico, textura

argilosa/argilosa cascalhenta, A moderado, caulinítico, tmob, hipoférrico.

v) O processo pedogenético principal atuante na formação destes solos é a plintização,

confirmada pela presença de halos difusos e grandes na base dos perfis, os quais

evoluem para os horizontes diagnósticos onde se tornam comuns, densos e

arredondados. Estes halos também se tornam pouco aderentes e bem contrastados

com a matriz do solo, e se degradam rumo à superfície, onde diminuem de tamanho

e frequência, embora permaneçam tanto nítidos e contrastados como difusos (com

córtex de alteração)

vi) É fundamental que os próximos estudos sejam direcionados com o intuito de

entender como o manejo no Projeto Luís Alves do Araguaia está afetando a formação

dos Plintossolos na Planície do Rio Araguaia em Goiás.

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ANEXOS

Anexo A. Mapa de Solos do Município de São Miguel do Araguaia de Goiás Anexo B. Mapa da Hipsometria do Município de São Miguel do Araguaia de Goiás

Anexo C. Mapa da Geologia do Município de São Miguel do Araguaia de Goiás

Anexo D. Mapa da declividade do Município de São Miguel do Araguaia de Goiás

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Anexo A. Mapa de Solos do Município de São Miguel do Araguaia de Goiás

Anexo B. Mapa da Hipsometria do Município de São Miguel do Araguaia de Goiás

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Anexo C. Mapa da Geologia do Município de São Miguel do Araguaia de Goiás

Anexo D. Mapa da declividade do Município de São Miguel do Araguaia de Goiás

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APÊNDICE

Apêndice A. Descrição morfológica do perfil 1 (P1) PLINTOSSOLO ARGILÚVICO

Distrófico típico, textura argilosa/muita argilosa cascalhenta, A moderado, caulinítico,

tmob, hipoférrico

Apêndice B. Descrição morfológica do perfil 2 (P2) PLINTOSSOLO ARGILÚVICO

Distrófico petroplíntico, textura argilosa/muito argilosa cascalhenta, A moderado,

caulinítico, tmob, hipoférrico

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Apêndice A: Descrição morfológica do perfil 1 (P1) PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico típico textura argilosa/muita argilosa cascalhenta, A moderado, caulinítico, tmob, hipoférrico

DESCRIÇÃO GERAL PERFIL nº 1 DATA – 17/07/2013

CLASSIFICAÇÃO – PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico típico, textura argilosa/muito argilosa, A moderado

LOCALIZAÇÃO – Projeto de Irrigação Luis Alves. São Miguel do Araguaia – GO. Coordenadas 13o 12’ 14,4”S e 50o 31’ 26,9” WGr.

SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – Local plano em planície do rio Araguaia, com menos de 1% de declive, sob cobertura de Cerrado.

LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA – Areias, siltes e argilas inconsolidados. Aluviões recentes. Quaternário. Holoceno.

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MATERIAL ORIGINÁRIO – Alteração de sedimentos de natureza aluvionar, areno-argilosos.

PEDREGOSIDADE - Não pedregosa. ROCHOSIDADE - Não rochosa. RELEVO LOCAL – Plano com murundus (Varjões de murundus). REGIONAL – Plano. DRENAGEM – Imperfeitamente drenado. EROSÃO – Não aparente. COBERTURA VEGETAL – Campo Cerrado Tropical (Varjões de Murundus) USO ATUAL – Sem uso agrícola (APP).

DESCRITO E COLETADO – Virlei Álvaro, Danillo Barbosa de Moura, Virginia

Damin, Selma Simões de Castro e Valdomiro Severino de Souza Junior.

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA A; 0-10cm; Bruno-acinzentado (2,5Y 5/2, seco) e preto (2,5Y 2,5/2, úmido); franco-argiloarenosa; moderada pequena a grande granular; ligeiramente dura a dura, friável, ligeiramente plástica a plástica e ligeiramente pegajosa a pegajosa; transição plana e clara. (10cm). EA; 10-20cm; Cinzento-escuro (10YR 4/1, úmido); franco-argiloarenosa; fraca a moderada pequena blocos subangulares; ligeiramente dura, friável, ligeiramente plástica a plástica e ligeiramente pegajosa a pegajosa; transição plana e clara. (10cm). E; 20-32cm; Cinzento-claro (2,5Y 7/1, seco) e cinzento (10YR 5/1, úmido); franco-argiloarenosa; fraca a moderada pequena blocos subangulares; ligeiramente dura, friável, ligeiramente plástica a plástica e ligeiramente pegajosa a pegajosa; transição plana e clara. (12cm). BEc; 32-50cm; Cinzento (10YR 5/1, úmido), com mosqueado pouco, médio e distinto bruno-amarelado (10YR 5/8); francoargilosa/argila pouco cascalhenta; moderada média blocos angulares e subangulares; dura, friável, plástica e pegajosa; transição plana e gradual. (18cm). Btf1; 50-78cm; Bruno-acinzentado (2,5Y 5/2, úmido), com mosqueado comum, médio e grande, proeminente vermelho (2,5YR 5/8); argila/muito argilosa pouco cascalhenta; moderada média blocos angulares e subangulares; cerosidade pouca a comum e fraca; muito dura, muito firme, muito plástica e muito pegajosa; transição plana e difusa. (18cm) Btf2; 78-110cm+; Bruno-acinzentado (2,5Y 5/2, úmido), com mosqueado abundante, grande, proeminente vermelho (2,5YR 5/8); argila/muito argilosa pouco cascalhenta; moderada média blocos angulares e subangulares; cerosidade pouca a comum e fraca; muito dura, muito firme, muito plástica e muito pegajosa. (32cm+). Raízes: Finas muitas e médias comuns no A. OBSERVAÇÕES: Presença de concreções de manganês no horizonte Btf2.

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A - ANÁLISES FÍSICAS E QUÍMICAS

Horizonte Composição Granulométrica ADA GF Silte/

Argila

Densidade Porosidade Símbolo Prof. Areia

Grossa Areia Fina Silte Argila Solo Partícula

(cm) _____________________________ g kg-1___________________________ % ________ g cm-3_______ % A 0-10 122 327 296 390 163 62 0,3 1,1 2,5 56

E-A 10-20 113 314 254 441 163 62 0,3 1,9 2,5 53 E 20-32 105 318 185 534 213 55 0,2 1,1 2,7 60

B-Ec 32-50 92 293 134 589 212 60 0,2 1,3 2,6 49 Btf1 50-78 64 278 68 735 66 89 0,1 1,4 2,7 45 Btf2 78-110+ 99 278 14 778 17 97 0,1 1,3 2,7 53

pH ∆pH Bases trocáveis SB Al3+ H + Al CTC V m P Água KCl Ca++ Mg++ K+ Na+ ___________________________________ cmolc kg-1_____________________________________________ % % mg kg-1

5,1 4,2 -0,9 1,73 0,58 0,10 0,03 2,36 0,58 8,49 10,84 22 11 1,7 4,8 4,0 -0,8 1,47 0,57 0,03 0,02 1,90 0,57 6,04 7,94 24 05 1,1 4,3 4,0 -0,3 1,53 0,56 0,02 0,02 1,93 0,56 5,16 7,09 27 05 0,4 3,7 3,8 0,2 1,62 0,58 0,03 0,02 2,03 0,58 4,75 6,79 30 05 1,0 3,7 3,8 0,1 1,79 0,60 0,03 0,03 2,84 0,60 4,78 7,42 38 04 0,6 3,9 3,8 0,1 1,80 1,35 0,03 0,03 2,46 1,35 4,30 6,75 36 05 0,1

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Apêndice B: Descrição morfológica do perfil 2 (P2) PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico petroplíntico, textura argilosa/muito argilosa cascalhenta, A moderado, caulinítico, tmob, hipoférrico

DESCRIÇÃO GERAL PERFIL nº 2 DATA – 17/07/2013

CLASSIFICAÇÃO – PLINTOSSOLO ARGILÚVICO Distrófico petroplíntico, textura argilosa/ argilosa cascalhenta, A moderado

LOCALIZAÇÃO – Projeto de Irrigação Luis Alves. São Miguel do Araguaia – GO. Coordenadas 13o 12’ 18,0” S e 50o 31’ 19,8” WGr.

SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL – Local plano em planície do rio Araguaia, com menos de 1% de declive, sob cobertura de Cerrado.

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LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA – Areias, siltes e argilas inconsolidados. Aluviões recentes. Quaternário. Holoceno. Cobertura Sedimentar do Bananal.

MATERIAL ORIGINÁRIO – Alteração de sedimentos de natureza aluvionar, areno-argilosos.

PEDREGOSIDADE - Não pedregosa. ROCHOSIDADE - Não rochosa. RELEVO LOCAL – Plano com murundus (Campo de murundus) REGIONAL – Plano. DRENAGEM – Imperfeitamente drenado. EROSÃO – Não aparente. COBERTURA VEGETAL – Campo Cerrado Tropical. USO ATUAL – Sem uso agrícola (Reserva).

DESCRITO E COLETADO – Virlei Álvaro, Danillo Barbosa de Moura, Virginia

Damin, Selma Simões de Castro e Valdomiro Severino de Souza Junior.

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA A; 0-10cm; Cinzento (10YR 5/1, seco) e preto (10YR 2/1, úmido); franco-argiloarenosa/francoargilosa; moderada a forte média a grande granular; ligeiramente dura, friável, plástica e pegajosa; transição plana e clara. (10cm). E; 10-15cm; Bruno amarelado-claro (2,5Y 6/4, seco) e bruno-acinzentado (2,5Y 5/3, úmido); franco-argiloarenosa/francoargilosa; moderada pequena blocos subangulares e média e grande granular; ligeiramente dura, friável, plástica e pegajosa; transição plana e clara. (5cm). Bfc; 15-57cm; Bruno-acinzentado (2,5Y 5/3, úmido); com mosqueado pouco, pequeno e proeminente vermelho-amarelado (5YR 5/8); francoargilosa/argiloarenosa; moderada média blocos angulares e subangulares; ligeiramente dura a dura, friável a firme, plástica e pegajosa; transição plana e gradual. (42cm). Btf; 57-95cm; Cinzento brunado-claro (2,5Y 6/1, úmido), com mosqueado abundante, médio e grande, proeminente vermelho (2,5YR 4/8); muito argilosa cascalhenta; moderada média e grande blocos angulares e subangulares; muito dura a extremamente dura, firme, muito plástica e muito pegajosa; transição plana e abrupta. (38 cm). 2BCf/F; 95-135cm+; Cinzento brunado-claro (2,5Y 6/1, úmido), com mosqueado abundante, grande, proeminente vermelho (2,5YR 5/8); muito argilosa muito cascalhenta; moderada média grande blocos angulares; muito dura a extremamente dura, muito firme a extremamente firme, muito plástica e muito pegajosa. (40cm+). Raízes: Finas e comuns no A e E. Raras no Bfc e inexistem nos demais. OBSERVAÇÕES: 1 - O horizonte 2BCf/F é um horizonte mesclado, sendo parte um horizonte com plintita conforme descrito acima (2BCf) e parte constituído por petroplintita em forma contínua (F). 2 - O horizonte 2BCf/F apresenta em sua porção superior uma linha de pedras arredondadas de quartzo, evidenciando descontinuidade na deposição dos sedimentos da planície. 3 - Presença de concreções de manganês e ferro no horizonte 2BCf/F.

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4 – Perfil posicionado em cota ligeiramente mais elevada que o perfil 1, nas proximidades do limite superior da planície. 5 – A observação de campo não constatou presença de cerosidade. O caráter argilúvico devido seu gradiente textural maior que 1,4 determinou a sua classificação na subordem dos Plintossolos Argilúvicos.

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B - ANÁLISES FÍSICAS E QUÍMICAS

Horizonte Composição Granulométrica ADA GF Silte/

Argila

Densidade Porosidade Símbolo Prof. Areia

Grossa Areia Fina Silte Argila Solo Partícula

(cm) _____________________________ g kg-1___________________________ % ________ g cm-3_______ % A 0-10 82 182 377 439 162 69 0,4 1,1 2,6 60 E 10-15 81 176 315 487 210 64 0,3 1,1 2,7 58

Bfc 15-57 48 129 87 780 66 90 0,2 1,2 2,7 58 Btf 57-95 37 98 54 870 66 90 0,3 1,5 2,7 46

pH ∆pH Bases trocáveis SB Al3+ H + Al CTC V m P Água KCl Ca++ Mg++ K+ Na+

___________________________________ cmolc kg-1_____________________________________________ % % mg kg-1 4,7 4,0 -0,7 2,04 0,95 0,10 0,03 2,76 0,95 10,01 12,73 21 10 0,9 4,1 4,0 -0,1 1,59 0,74 0,02 0,01 2,18 0,74 4,27 9,45 23 04 0,2 3,7 4,0 0,3 1,73 0,54 0,02 0,01 2,33 0,54 6,19 8,52 27 04 0,2 3,4 4,0 0,6 1,82 0,56 0,02 0,01 2,64 0,56 5,88 8,52 31 06 0,2

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