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Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar CTTMar Curso de Oceanografia CARACTERIZAÇÃO DE UMA ÁREA NO MUNICÍPIO DE ITAPOÁ (SC), COMO SUBSÍDIO PARA A IMPLANTAÇÃO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO COSTEIRA Rafael Fernando Mora Itajaí Junho de 2011

CARACTERIZAÇÃO DE UMA ÁREA NO MUNICÍPIO DE …siaibib01.univali.br/pdf/Rafael Fernando Mora.pdf · orgulho, por todas as minhas vitórias que tanto me ajudou a conquistar, te

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Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI

Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar – CTTMar

Curso de Oceanografia

CARACTERIZAÇÃO DE UMA ÁREA NO MUNICÍPIO DE

ITAPOÁ (SC), COMO SUBSÍDIO PARA A

IMPLANTAÇÃO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

COSTEIRA

Rafael Fernando Mora

Itajaí

Junho de 2011

ii

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI

Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar – CTTMar

Curso de Oceanografia

CARACTERIZAÇÃO DE UMA ÁREA NO MUNICÍPIO DE

ITAPOÁ (SC), COMO SUBSÍDIO PARA A

IMPLANTAÇÃO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

COSTEIRA

Rafael Fernando Mora

Trabalho de conclusão de curso de

Oceanografia, como subsídio para o

requisito parcial de obtenção do grau de

Oceanógrafo.

Orientador: Rosimeri de Carvalho

Marenzi

Co-Orientador:: Hélia Del Carmen

Spinoza

Itajaí

Junho de 2011

iii

DEDICATÓRIA

“Dedico à minha Mãe, meu Pai,

meu Irmão, minha Irmã, ao meu

Padrinho que faz muita falta e a

todos que fizeram a diferença nesta

empreitada.”

iv

AGRADECIMENTOS

Não existem palavras no universo que possam expressar meu sentimento de

gratidão neste momento, apesar disto gostaria de agradecer a Deus, pela oportunidade

de, com saúde e determinação, estar concluindo, não somente este trabalho, mas

também o curso de Oceanografia, que, todos vocês que serão citados, sabem o quão

difícil foi chegar aqui.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer minha família. Eu nunca escondi de

ninguém o orgulho que tenho de vocês. Somos uma família diferenciada, que nunca

negamos ajuda um ao outro, e é com base nisto, que, com lágrima nos olhos, agradeço

você minha mãe Rose por toda a força, compreensão, amizade e inúmeros outros

adjetivos que você sabe que eu sinto pela senhora, eu te amo MÃE. Ao meu pai Hélio,

por ser sempre ter sido PAI, e que com todas as dificuldades de passamos, nunca deixou

de acreditar que esse moleque poderia chegar onde estou agora, eu te amo PAI, muito

obrigado. A minha IRMÃ Tici, pelos inúmeros almoços, conversas e conselhos que

demos/damos um ao outro, e que apesar da distância, conseguimos sempre nos manter

unidos por um laço maternal inexplicável que nos da força para continuar, do qual me

orgulho e faço questão de sempre manter em meu coração, te amo IRMÃE, muito

obrigado. A você meu IRMÃO Fabricio, que acho que nunca vou conseguir agradecer

por tudo o que tu fez por mim, não somente nestes anos de faculdade, mas também por

todos esses anos de convivência, dos quais tu sempre esteve do meu lado me dando todo

o apoio pra chegar aqui, e cheguei, até que enfim, broda!! Te amo IRMÃO, muito

obrigado. Por fim, minha madrinha Marli e ao o meu padrinho Osmar (in memorian)

que foi, acima de tudo, um tutor durante toda a parte da minha vida que tive o imenso

prazer de dividir com você, eu sei que da onde estiver, você esta me olhando com

orgulho, por todas as minhas vitórias que tanto me ajudou a conquistar, te amo DINDO,

muito obrigado. Família que eu amo tanto, vocês podem ter certeza, que a partir daqui

eu vou lutar para estar sempre procurando o melhor caminho, sempre com vocês dentro

do meu coração, OBRIGADO por tudo.

Quanto aos amigos que passaram e aos que ficaram, é difícil elencar, e não

esquecer, todos os que fizeram diferença para a ocorrência deste momento. Aos amigos

de infância Jeison, Gauxo, Celo, Elifas, Rottili, Barbieri, Gil, Dane, Beta, Nani e aos

que eu não lembrei devido a inúmeros motivos, muito obrigado, por estarem tanto

v

tempo comigo, aguentando, acima de tudo meu constante mau humor

ahIUHAUIHUIAHIAHIUHiuah.

A galera do handebol eu não posso deixar de citar, tanto os recentes, quanto os

antigos hahahahhahahaha. Aos recentes Bessa, Neto, Guga, Gean, Fê, Cainho, o

quarteto Janjão (Coisa Mais Linda hahahahhahaha), Jeison, Enrico e Paraná, e ao Drean

e o Pinto muito obrigado por estes últimos anos de vitórias, derrotas, viagens e muito

aprendizado com nossa convivência que valeu muito a pena =). Aos antigos, Nelsinho,

Mauricio, Japa, Yudi, Icaro, João, quero que saibam que vocês ajudaram, e muito, a me

tornar quem sou hoje, muito obrigado.

A rapaziada da faculdade, e olha QUE FACULDADE, aquela turma de 2006/1

Cadu Bêbado, Gordo, Emo, amigo Ganso, Orkut (Mano Jão), Bozo, Sacco, Jamila,

Jéssica, Dani Schiavo, Bahia e Sara, saibam que os momentos, sejam eles de festas ou

de estudos foram momentos únicos, também a Dayah que sempre foi uma pessoa muito

especial durante estes anos, MUITO OBRIGADO.A fauna associada hahahahhahahah,

Zé da Feira, Tainha, Jesus, Marina, Carioca, Bauruzão, Rafinha, Grugui, João, Carol e

Gardena (que seguraram a barra firme na facul quando eu mais precisei), aos integrantes

da „Os Teócitos‟, mas principalmente o Cechet, (que se mantém firme até hoje

hahahhahahahahaha), e aos inúmeros companheiros que esqueci de citar, mas que de

alguma forma entraram e saíram da minha vida nestes anos de batalha e contribuíram

para este sonho se concretizar.

A Camila por todo o companheirismo e paciência nos momentos difíceis, e amor

e alegria nos momentos bons, sua mãe Eliete e toda a Família Cristofolini de Itajaí, que

foram de vital importância em minha vida durante a universidade, muito obrigado por

todo o carinho, amor e confiança depositados em mim, quero que saibam que sou

infinitamente grato e que estarão para sempre guardados em meu coração.

Aos meus companheiros de trabalho, que me deram a oportunidade enquanto eu

ainda era um iniciante na Oceanografia e depositaram em mim toda confiança, me

tornando o profissional responsável que sai da universidade preparado para o mercado

de trabalho, Emilio, Fernando, Francelise, Vini e Rafa (e agora a Isa), Gil, Morgana, sou

muito grato a vocês, agradeço de todo o meu coração.

A minha orientadora Rosemeri Marenzi, a qual quero que saiba que se não fosse

por você Meri, não sei o que seria do meu TCC hahahaha, obrigado por suportar todos

os obstáculos que surgiram durante a elaboração deste trabalho, serei para sempre grato

por sua amizade e compreensão, quero também desejar-lhe toda a paz que você merece,

vi

como ótima pessoa e mãe maravilhosa que eu sei que você é, muito obrigado. A Hélia

também, por aturar com paciência minha ansiedade na elaboração dos mapas, muito

obrigado. Aos educadores, que, sem dúvida, foram de vital importância na minha

formação. Também gostaria de agradecer ao pessoal do laboratório, que sempre deu

aquela força na falta de alguma informação pertinente.

Com certeza preciso agradecer ao Clube de Regatas Vasco da Gama, que apesar

dos últimos anos difíceis, eu carrego um amor incondicional inexplicável, o qual herdei

de meus pais.

Enfim, obrigado também aos que não citei por falta absoluta de memória, por

conta de todos estes anos de festas e estudos hahahahahhaa, mas muito obrigado a todos

que contribuíram, é hora de iniciar uma nova fase, e que ela seja tão maravilhosa quanto

foi o tempo de estudante universitário.

Paz e Rock.

vii

EPÍGRAFE

“Mas pra quem já viveu sem dentes

pra comer, saiu do buraco,

conseguiu entender, que a saída é

ser feliz e o que vamos esperar

dessa vida de aprendiz, é paz!”

Deixa - Dazaranha

viii

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS .................................................................................................... iv

EPÍGRAFE ..................................................................................................................... vii

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... x

LISTA DE QUADROS .................................................................................................. xii

RESUMO ...................................................................................................................... xiii

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2. OBJETIVO ................................................................................................................ 3

2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................... 3

2.2. Objetivo Específico ........................................................................................................ 3

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 4

3.1. Gestão Costeira ............................................................................................................. 4

3.1.1. Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PGNC ........................................... 5

3.1.2. Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima ...................................................... 6

3.1.3. Plano Diretor ......................................................................................................... 8

3.2. Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC............................................... 9

3.2.1. Reserva Biológica ............................................................................................... 12

3.2.2. Refúgio da Vida Silvestre ................................................................................... 12

3.2.3. Área de Proteção Ambiental................................................................................ 13

3.2.4. Área de Relevante Interesse Ecológico - ARIE ................................................. 13

3.2.5. Reserva de Fauna ................................................................................................ 13

3.2.6. Reserva de Desenvolvimento Sustentável ........................................................... 14

3.2.7. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN ............................................. 15

3.3. Avaliação Ecológica Rápida (AER) – Como Ferramenta de Conservação .................... 15

3.3.1. Tecnologias de Mapeamento ............................................................................... 16

3.3.2. Fotografias Aéreas ............................................................................................... 17

4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 19

4.1. Área de Estudo ............................................................................................................ 19

4.2. Métodos Utilizados ..................................................................................................... 21

4.2.1. Identificação dos Aspectos Ecológicos Relevantes ............................................. 22

4.2.2. Análise do Uso e Cobertura do Solo ................................................................... 23

4.2.3. Percepção dos Atores Enolvidos ......................................................................... 23

4.2.4. Verificação da Situação Legal ............................................................................. 24

ix

4.2.5. Análise das Oportunidades e Ameaças para a Conservação do Local ................ 25

4.2.6. Categorização da Unidade de Conservação ........................................................ 25

5. RESULTADOS e DISCUSSÕES ........................................................................... 26

5.1. Aspectos Ecológicos .................................................................................................... 26

5.2. Legislação Vigente ....................................................................................................... 43

5.3. Percepção dos Atores Envolvidos ............................................................................... 54

5.4. Oportunidades e Ameaças na Conservação Local ...................................................... 57

5.5. Categorização da Unidade de Conservação ................................................................ 64

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 71

7. RECOMENDAÇÕES ............................................................................................. 74

8. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 75

9. APÊNDICES ........................................................................................................... 79

9.1. APÊNDICE I - QUESTIONÁRIO ...................................................................................... 79

9.2. APÊNDICE II – Termo de Ética da Pesquisa ................................................................. 81

10. ANEXOS ............................................................................................................. 82

10.1. ANEXO I – Zoneamento Ecológico Econômico do Município de Itapoá ..................... 82

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização geral do Município de Itapoá, SC, com a área de estudo

delineada. ........................................................................................................................ 19

Figura 2. Área de estudo no município de Itapoá, localizada ao norte do município,

divisa com o estado do Paraná. ....................................................................................... 20

Figura 3. Fluxograma Metodológico. ............................................................................. 22

Figura 4. Mapa de Uso e Cobertura do Solo da área de estudo, Itapoá (SC). ................ 27

Figura 5. Aspecto visual da Barra do Saí, Itapoá, SC. ................................................... 29

Figura 6. Restinga localizada na margem do rio Saí-Mirim, próximo à sua

desembocadura, Itapoá, SC. ........................................................................................... 30

Figura 7. Fauna característica de mangue encontrada no mangue do rio Saí-Mirim,

Itapoá, SC. ...................................................................................................................... 31

Figura 8. Vegetação característica de manguezal encontrada na micro bacia entre os rios

Saí-Mirim e Saí-Guaçu, Itapoá, SC. ............................................................................... 31

Figura 9. Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas encontrada na área de estudo,

Itapoá, SC.. ..................................................................................................................... 33

Figura 10. Floresta Ombrófila Densa Aluvial, encontrada na margem do rio Saí-Mirim,

Itapoá, SC. ...................................................................................................................... 34

Figura 11. Urbanização às margens do rio Saí-Mirim, Itapoá, SC. ................................ 35

Figura 12. Solo exposto na região noroeste da área de estudo. ...................................... 36

Figura 13. Floresta Ombrófila Densa Alterada, encontrada na margem da rodovia. ..... 36

Figura 14. Pontos amostrais na área de estudo. .............................................................. 38

Figura 15. Configuração da linha de costa na área de influência da desembocadura do

rio Saí-Mirim entre os anos de 1957 e 1995. .................................................................. 42

Figura 16. Mapa de Área de Proteção Ambiental encontrada na área de estudo. .......... 47

Figura 17. Imagem da foz do rio Saí Mirim, Itapoá, SC, e seu alto grau de beleza cênica.

........................................................................................................................................ 60

Figura 18. Placas informativas e trilhas oriundas do trabalho da APREMAI auxiliam na

preservação do ambiente em destaque............................................................................ 60

Figura 19. Clareira gerada pela criação de uma trilha irregular, destacando as espécies

exóticas. .......................................................................................................................... 62

Figura 20. Uso desordenado da área, juntamente com alteração dapaisagem. ............... 62

Figura 21. Efeito de borda observado na margem da estrada. ........................................ 63

xi

Figura 22 Pressão antrópica na margem externa do rio Saí-Mirim. ............................... 64

Figura 23 Mapa da Área da Unidade de Conservação a se Implantada e sua Zona de

Amortecimento. .............................................................................................................. 70

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Descrição dos tipos vegetacionais do pontos #01 a #17. ............................... 39

Quadro 2. Instrumentos legais a nível federal. ............................................................... 43

Quadro 3. Instrumentos Legais a Nível Estadual. .......................................................... 48

Quadro 4. Instrumentos Legais a Nível Municipal......................................................... 48

Quadro 5. Pontos Fortes e Oportunidades à conservação da área de estudo. ................. 58

Quadro 6. Pontos Fracos e Ameaças à conservação da área de estudo. ......................... 61

Quadro 7. Categorização de Unidade de Conservação para a área de estudo. ............... 66

Quadro 8. Requisitos para uma UC de nível Federal. .................................................... 67

Quadro 9. Requisitos para uma UC de nível Estadual. .................................................. 67

Quadro 10. Requisitos para uma UC de nível Municipal. .............................................. 67

xiii

RESUMO

O Estado de Santa Catarina possui um expressivo potencial da sua zona costeira, neste

contexto, o município de Itapoá vem sendo urbanizado de forma desenfreada e

desorganizada. Os ambientes naturais estão cada vez mais escassos ou ainda sendo mal

administrados, sem os devidos recursos ou um correto manejo. Observa-se o

crescimento constante da preocupação com a conservação de áreas verdes em todo o

mundo. Reconhecendo isto e no intuito de aumentar a qualidade de vida, inclusive e

principalmente das futuras gerações, este projeto tem como objetivo caracterizar

ecológico e socialmente a área de estudo, como também a elaboração de mapas

temáticos com o intuito de subsidiar a implantação de uma Unidade de Conservação no

município de Itapoá/SC. A necessidade de encontrar formas alternativas de diminuir

ações antrópicas, como a expansão urbana, apresentam-se como os principais motivos

para tornar esta área conservada em uma UC, mantendo e incluindo-a como trampolim

ecológico. Para tal, realizou-se pesquisa bibliográfica e documental, bem como saídas a

campo para compor a caracterização da área. Entrevistas semi-estruturadas e

questionários foram utilizados para obter a percepção dos atores envolvidos. Para o

georeferenciamento e mapeamento da área foi utilizado o SIG ArcGis. Para a

caracterização da UC a ser implantada, efetuou-se a elaboração da matriz de

Oportunidades e Ameaças, bem como a análise eliminatória baseada na metodologia do

Guia de Chefe (IBAMA/GTZ, 2001). Portanto, a situação ideal para a área de estudo é a

implantação de um Parque Nacional ocupando 86% da área estudada, conservando o

complexo ecossistema ali encontrado.

PALAVRAS-CHAVE: Gerenciamento Costeiro, Fisionomia Vegetal, SIG, Unidades de

Conservação, Ecossistema Costeiro.

1

1. INTRODUÇÃO

O Município de Itapoá, situado no litoral norte catarinense, um dos mais jovens

municípios de Santa Catarina, emancipado de Garuva em 1989, e até poucos anos atrás

considerado por muitos como um município sem grandes alternativas de

desenvolvimento econômico e de geração de emprego e renda, vem presenciando um

rápido crescimento em decorrência da instalação de novos empreendimentos (TECON,

2010). Toda esta evolução gera uma pressão antrópica principalmente sobre áreas

desocupadas causando, desta forma, uma especulação imobiliária constante sobre as

áreas não urbanizadas do município, tendo em vista que a maior parte da população

mundial vive na Zona Costeira, e há uma tendência permanente ao aumento da

concentração demográfica nessas regiões.

Ternes (2007) afirma que no Estado de Santa Catarina o expressivo potencial da

sua zona costeira constitui uma alavanca para o crescimento das cidades litorâneas, que

tem se dado de maneira acelerada e desordenada, problematizando as relações entre

sociedade e meio ambiente. No município de Itapoá essa problemática não se altera, e

intensifica-se a especulação imobiliária a partir da chegada do Porto de Itapoá, o qual já

foi inaugurado e está na espera de suas licenças para iniciar a operação.

Por outro lado, de forma geral, é notória a crescente preocupação na conservação

de ambientes naturais, sendo que o principal instrumento para a conservação da

biodiversidade é o estabelecimento de áreas protegidas (NURIT, 2006). Calcula-se que

cerca de um terço da biodiversidade mundial encontra-se em territórios brasileiros ainda

melhor conservados, em ecossistemas únicos como a floresta amazônica, a mata

atlântica, os cerrados, entre outros (IBAMA, 2001), porém questiona-se a real eficácia

da criação das unidades de conservação, uma vez que são efetivas apenas no papel

(NEGRELLE, 1995), e requerem uma série de processos burocráticos, os quais

responsáveis pela conservação e gestão dos nossos recursos naturais estão dispostos a

passar.

A presente pesquisa objetivou, com o apoio e interesse da Secretaria do Meio

Ambiente do município de Itapoá, um estudo para a criação de uma Unidade de

Conservação (UC), tendo como referência os princípios orientadores do Sistema

Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000) para criação de Unidades de

Conservação. Esse estabelece que a criação de UC deve ser precedida de estudos

técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os

2

limites mais adequados para a unidade, em uma área já pré-estabelecida pelo poder

público.

O município de Itapoá já possui uma UC, na categoria de Reserva Particular do

Patrimônio Natural (RPPN), conhecida como Reserva Volta Velha, com cerca de 586

hectares, e criada com o objetivo de conservar um dos últimos remanescentes da

Floresta Ombrófila Densa das Planícies Quaternárias do litoral catarinense. Já na divisa

com o Paraná, há também a Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaratuba,

abrangendo um total de 6 municípios no Estado do Paraná (IAP, 2006).

Ainda, segundo Negrelle (1995) devido à crescente devastação da Floresta

Atlântica e a sua incontestável importância ecológica, muitos estudos tem sido ai

desenvolvidos, enfocando diferentes áreas das ciências ambientais. Itapoá, por conta da

sua localização em meio a Floresta Atlântica e ecossistemas associados (mangues,

restinga, banhados), como também por conta de todo o crescimento e desenvolvimento

atribuídos com a instalação portuária (TECON/SC), é alvo da implantação do Projeto de

Gestão Integrada da Orla Marítima, como também os estudos ambientais de

licenciamento para a instalação do porto. Portanto, este trabalho subsidiando a criação

de uma Unidade de Conservação, visa o uso sustentável do ecossistema costeiro e

procura explanar o correto uso da área alvo do estudo, para o bem da comunidade,

evitando a maior degradação deste ambiente.

3

2. OBJETIVO

2.1. Objetivo Geral

Caracterizar uma área localizada no município de Itapoá a fim de subsidiar a

implantação uma Unidade de Conservação (UC) Costeira.

2.2. Objetivo Específico

I. Identificar formações vegetais existentes na área de estudo;

II. Verificar a percepção dos atores envolvidos e a legislação vigente sobre a área

de estudo;

III. Analisar as oportunidades e ameaças da área de estudo no tocante a medidas de

conservação; e

IV. Categorizar a UC a ser implantada na área.

4

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. Gestão Costeira

A gestão ambiental é uma atividade voltada para a formulação de princípios e

diretrizes, estruturação de sistemas gerenciais e tomada de decisões, tendo por objetivo

final promover, de forma coordenada, o uso, proteção, conservação e monitoramento

dos recursos naturais e socioeconômicos em um determinado espaço geográfico, com

vistas ao desenvolvimento sustentável (ASMUS, 2005).

Por sua vez a gestão costeira foi definida por Polette (2004 apud SANTOS,

2005) como um processo continuo e dinâmico pela qual são feitas decisões e ações para

o uso racional dos recursos e territórios, integrando o desenvolvimento e a conservação

das áreas costeiras e recursos marítimos. Desta forma, ações isoladas são inúteis e o

trabalho integrado torna-se primordial, segundo os preceitos do gerenciamento costeiro.

Asmus (2004) afirma que em um sistema de gestão costeira podem-se destacar

seis áreas de interesse fundamental: 1. Planejamento (planejar usos e ocupação das áreas

costeiras e oceânicas); 2. Proteção ambiental (proteção da base ecológica, preservação

da biodiversidade e garantia do uso sustentável das áreas costeiras); 3. Promoção do

desenvolvimento econômico (através do uso projetado em áreas costeiras, adjacentes e

oceânicas); 4. Resolução de conflitos (equilíbrio e harmonização dos usos presentes e

futuros); 5. Segurança pública (garantir a segurança frente a eventos naturais e

antrópicos); 6. Gerenciamento de áreas públicas (garantir o correto uso de recursos

comuns).

Moraes (1999) descreve os objetivos do gerenciamento costeiro como sendo: 1.

Preservar e proteger a produtividade e a biodiversidade dos ecossistemas costeiros,

prevenindo, desta forma, a destruição de habitat, poluição e sobreexplotação; 2.

Reforçar a gestão integrada através de treinamento, legislação e formação de pessoal; e

por fim, 3. Promover o desenvolvimento racional e sustentável dos recursos costeiros,

ainda acrescentando sua capacidade de prever funções estratégicas em diferentes frentes

de ação.

Envolvido então no contexto da conservação e da rápida evasão de recursos

naturais, tem início na década de 1970 uma forte preocupação do governo brasileiro

com a utilização dos espaços costeiros e recursos naturais marinhos, que passam então a

ser expressas, em 1973, na criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente da

5

Presidência da República, conhecida como SEAMAM/PR, e posteriormente em 1974,

na criação da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, desta vez chamada de

CIRM. Ainda que de forma desorganizada e desarticulada, estas duas instituições

trabalhavam pra gerar regras, diretrizes e políticas para ambas as áreas de atuação.

Baseado nisto, no ano de 1980, é instituída a Política Nacional de Recursos do Mar, e

em 1981, a Política Nacional do Meio Ambiente, PNMA. Já em 1987, a CIRM

estabelece o Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro, GERCO, que surge com o

objetivo de estruturar o planejamento e a gestão da zona costeira de forma integrada,

descentralizada e participativa, para garantir a utilização sustentável dos recursos

costeiros. Por sua vez, no ano de 1988 é instituído o Plano Nacional de Gerenciamento

Costeiro, PGNC, constituindo-se, portanto, a base legal fundamental do planejamento

da zona costeira brasileira. Contudo, somente no ano de 1998, foi efetivada a elaboração

de diretrizes nacionais para a gestão e desenvolvimento da zona costeira, com a criação

do Plano de Ação Federal pra a Zona Costeira do Brasil – PAF (ASMUS, 2004).

3.1.1. Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PGNC

O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC expressa o compromisso

do governo brasileiro com o planejamento integrado de utilização dos recursos

costeiros, bem como uma especial atenção ao uso sustentável destes e também com a

preocupação com o desenvolvimento sustentável de sua Zona Costeira, tendo como

princípios fundamentais a utilização sustentável dos recursos costeiros; a gestão

integrada dos ambientes terrestres e marinhos da Zona Costeira; a não-fragmentação, na

faixa terrestre, da unidade natural dos ecossistemas costeiros de forma a permitir a

regulamentação da utilização de seus recursos respeitando sua integridade; e a

preservação, conservação e controle das áreas representativas dos ecossistemas da Zona

Costeira, com recuperação e reabilitação das áreas degradadas ou descaracterizadas. O

PNGC tem como finalidade primordial, o estabelecimento de normas gerais visando à

gestão ambiental da Zona Costeira do País, lançando as bases para formulação de

políticas, planos e programas estaduais e municipais. E por fim, a aplicação do Princípio

de Precaução tal como definido na Agenda 21, adotando-se medidas eficazes para

impedir ou minimizar a degradação do meio ambiente sempre que houver perigo de

dano grave ou irreversível, mesmo na falta de dados científicos completos e atualizados

(BRASIL, 1988).

6

Entre os objetivos do PNGC é possível destacar o estabelecimento do processo

de gestão, de forma integrada, descentralizada e participativa das atividades

socioeconômicas na Zona Costeira; o efetivo controle sobre agentes causadores de

poluição ou degradação ambiental; a promoção do ordenamento do uso de recursos

naturais e da ocupação dos espaços costeiros; o desenvolvimento sistemático de

diagnóstico da qualidade ambiental da Zona Costeira, identificando suas

potencialidades, vulnerabilidades e tendências predominantes; e gerando, por fim, mas

não menos importante, a produção e difusão do conhecimento necessário ao

desenvolvimento e aprimoramento das ações do gerenciamento Costeiro.

Instituída pela Lei 6.938 de 31/08/81 (BRASIL, 1981), a Política Nacional do

Meio Ambiente – PNMA tem como objetivo geral implantar no país "a

compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da

qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico" (Art. 4o), "considerando o meio

ambiente como um patrimônio público" e "tendo em vista o uso coletivo" (Art. 2o). Ela

organiza todo o sistema nacional de gestão ambiental do país, delegando, desta forma, a

atribuição de dar corpo legislativo às ações que prevê, ao Conselho Nacional do Meio

Ambiente – CONAMA. O PNGC está diretamente ligado com a Política Nacional do

Meio Ambiente e considera os seguintes instrumentos de planejamento e de gestão:

→ O Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro – PEGC;

→ O Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro – PMGC;

→ O Sistema de Informações de Gerenciamento Costeiro – SIGERCO;

→ O Sistema de Monitoramento Ambiental da Zona Costeira – SMA-ZC;

→ O Relatório de Qualidade Ambiental da Zona Costeira – RQA-ZC;

→ Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro – ZEEC;

→ O Plano de Gestão da Zona Costeira – PGZC;

→ Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima – Projeto ORLA

3.1.2. Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima

O Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima - Projeto Orla, é uma ação do

Governo Federal gerido pelo Ministério do Meio Ambiente, por intermédio de sua

Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental - SMCQ, e também pelo

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no âmbito da sua Secretaria do

Patrimônio da União (SPU/MPOG). Busca então ordenar os espaços litorâneos sob

domínio da União, aproximando as políticas ambiental e patrimonial, com ampla

7

articulação entre as três esferas de governo e a sociedade. Objetiva o fortalecimento da

capacidade de atuação e articulação de diferentes atores do setor público e privado na

gestão integrada da orla, aperfeiçoando o arcabouço normativo para o ordenamento de

uso e ocupação desse espaço; o desenvolvimento de mecanismos de participação e

controle social para sua gestão integrada; e, por fim. A valorização de ações inovadoras

de gestão voltadas ao uso sustentável dos recursos naturais e da ocupação dos espaços

litorâneos (BRASIL, 2002).

O projeto Orla tem o desafio de lidar com aproximadamente 300 municípios

litorâneos, que apresentam uma grande diversidade de situações e conflitos quanto à

destinação de terrenos e demais bens sob o domínio da União, com reflexos diretos nos

espaços turísticos e de lazer, especialmente as praias, bens de uso comum do povo. O

Projeto tem como base dois documentos legais, que seriam: o Plano Nacional de

Gerenciamento Costeiro (BRASIL, 1998), e no Plano de Ação Federal – PAF (Lei n°

9.636/98 que trata das questões do "Patrimônio da União") visando planejar ações

estratégias para a integração de políticas públicas incidentes na zona costeira.

Desta forma, o Projeto Orla para o município de Itapoá - SC busca responder a

uma série de desafios atuais e complexos, tais como proteger a fragilidade dos

ecossistemas da orla assim como alcançar o desenvolvimento ordenado em curto, médio

e longo prazo, além disto, o estabelecimento de critérios para destinação de usos de bens

da União, visando o uso adequado de áreas públicas, a existência de espaços

estratégicos e de recursos naturais protegidos. Este projeto é resultado de um processo

de governança entre a União, o Estado de Santa Catarina, o Poder Público Municipal

em conjunto com a sociedade civil organizada. O desafio atual é fazer com que as ações

propostas sejam adotadas de fato pelo poder público municipal e posteriormente sejam

implementadas por meio de um rigoroso processo de gestão participativa.

Segundo a definição das oficinas, o objetivo do Projeto Orla de Itapoá resume –

se em “buscar uma gestão integrada de maneira a estruturar e organizar o uso da orla

para beneficio mutuo sem degradação do meio ambiente com aporte de recursos e o

comprometimento de todos” (ORLA, 2010).

8

3.1.3. Plano Diretor

O plano diretor é um instrumento organizado e realizado pela Prefeitura e que

tem como objetivo definir o padrão de desenvolvimento da ocupação urbana da cidade.

São por meio destes que devem ser identificadas e analisadas as características físicas,

as atividades predominantes e as vocações da cidade, bem como as situações

problematizadas e potencialidades; para que em conjunto com a sociedade a Prefeitura

possa determinar a forma de crescimento a ser promovida e os objetivos a serem

alcançados, buscando sempre qualidade de vida da população e a conservação dos

recursos naturais. A intenção é distribuir os recursos e riquezas socialmente construídas

de forma mais justa (SARGENTI 2006 apud FERRARI, 2009).

Conforme a Constituição Brasileira de 1988 e o Estatuto da Cidade, Lei Federal

n°10.257/01 (BRASIL, 2001), é obrigação dos municípios a elaboração de um Plano

Diretor, com o intuito de combater os problemas relacionados ao direito à terra urbana,

infraestrutura e moradia, estes instrumentos trazem o princípio de função social da

propriedade urbana. Junto a este princípio o Plano fornecerá também instrumentos de

regularização fundiária, como as zonas especiais de interesse social, usucapião de

imóveis urbanos, a concessão de uso especial para fins de moradia, a concessão de

direito real de uso, entre outros. Estes instrumentos devem ser analisados

detalhadamente de forma a estabelecer quais serão os parâmetros para sua aplicação,

otimizando seu efeito de modificação do quadro atual.

Itapoá iniciou seus trabalhos de elaboração do Plano Diretor no segundo

trimestre de 2006, com a implementação da lei nº 074/2006 (ITAPOÁ,2006), e cria

então o Conselho Municipal da Cidade de Itapoá. O art. 1º desta lei diz: “Fica criado o

Conselho Municipal da Cidade de Itapoá – Concidade – Itapoá, órgão colegiado de

natureza deliberativa, consultiva e propositiva, formado por representantes do poder

público e da sociedade civil, integrante da estrutura da Secretaria Municipal de

Planejamento, tendo por finalidade propor diretrizes para a formulação e implantação da

política municipal de desenvolvimento, em conformidade com o que dispõe a Lei n°

10.257, de 10 de julho de 2.001”. Dentre os objetivos deste conselho pode-se destacar o

parágrafo XVII do art. 2º que diz: “Implementar a adequação do Plano Diretor, na

forma da Constituição Federal e legislação infraconstitucional vigente, conforme

dispuser ato do Poder Executivo”.

9

Brasil (2000) afirma que a gestão costeira, além de seus vários instrumentos,

deve estar respaldada nos princípios de conservação da natureza. Esta é definida como o

manejo do uso humano da natureza e compreende: preservação, a manutenção, a

utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural. Estas medidas

são capazes de produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações,

mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras,

garantindo assim a sobrevivência dos seres vivos em geral. Desta forma, a

implementação de Unidades de Conservação pode ser considerada um instrumento

crucial para a conservação da natureza.

3.2. Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC

Marenzi (2004) descreve que a preocupação com a biodiversidade advém da

crise ambiental que manifestou na sociedade a percepção para a necessidade do uso de

medidas de proteção da diversidade biológica. Entre essas medidas, a mais ressaltada se

refere à importância da implantação ou da efetivação de áreas protegidas e de unidades

de conservação. Nurit (2006) diz que o estabelecimento e o manejo das áreas protegidas

estão intrinsecamente ligados aos processos que transformam a paisagem, tais como o

aparecimento e desaparecimento de ecossistemas e mudanças nas paisagens. Afirma,

ainda, que a gestão das unidades de conservação deva levar em conta também as escalas

que estes processos de alteração ocorrem, para assegurar sua integridade ecológica e a

longo prazo.

As Unidades de Conservação (UCs) são definidas como áreas protegidas,

delimitadas e instituídas legalmente, passando a ter um tratamento diferenciado de

acordo com as suas categorias de manejo (IBAMA, 2009). A lei nº 9985/2000 institui o

Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), afirmando que, este, representa

o conjunto de áreas protegidas (UCs Federais, Estaduais e Municipais) que, planejado,

manejado e gerenciado integralmente, é capaz de viabilizar os objetivos naturais da

conservação da natureza (BRASIL, 2000). De acordo com o SNUC, é possível dividir

as unidades de conservação em:

1. Unidades de Proteção Integral, cujo objetivo básico é preservar a natureza, sendo

admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. Constituem este grupo as

seguintes categorias:

10

I - Estação Ecológica;

II - Reserva Biológica;

III - Parque Nacional;

IV - Monumento Natural e;

V - Refúgio de Vida Silvestre.

2. Unidades de Uso Sustentável, cujo objetivo básico é compatibilizar a

conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

Sendo as seguintes:

I - Área de Proteção Ambiental;

II - Área de Relevante Interesse Ecológico;

III - Floresta Nacional;

IV - Reserva Extrativista;

V - Reserva de Fauna;

VI - Reserva de Desenvolvimento Sustentável e;

VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.

Atualmente é fácil de escolher as áreas importantes para estabelecer novas UCs,

uma vez que existem tão poucas remanescentes que todas as áreas naturais são

estratégicas para a conservação da biodiversidade (IAP, 2006). Com o propósito de que

cada unidade atinja os objetivos que justificam a sua existência, é necessária a

regularização das áreas, podendo esta ser pública e/ou privada, e que o plano de manejo

preveja também programas de ações efetivas, os quais requerem investimentos

financeiros para a implantação de infraestrutura de apoio e mão-de-obra adequada

(IBAMA, 2009), uma vez que questiona-se a real eficácia da criação das unidades de

conservação, uma vez que são efetivas somente no papel (NEGRELLE, 1995).

Dentro desta perspectiva, muitos países já criaram tradição no investimento com

fins de implantação de unidades de conservação. O Brasil, apesar de manter diversas

unidades, ainda precisa despertar para este potencial e para esta necessidade essencial,

uma vez que algumas unidades somente foram criadas no ”papel”, inexistindo

regularização fundiária e a adoção de infraestrutura e de mão-de-obra necessárias para

que se atinjam os objetivos da categoria de manejo. Outras mantêm conflitos com a

11

população local, necessitando de medidas para o envolvimento da comunidade, bem

como de alternativas econômicas na região do entorno das unidades, diminuindo a

pressão sobre os recursos do interior da unidade. Ainda, muitas áreas apresentam

potenciais e/ou necessidade de proteção, devendo ser incluídas no sistema de unidades

de conservação, aumentando a quantidade e a qualidade de áreas protegidas

(MARENZI, 2004).

A administração de uma UC se dá por meio do Plano de Manejo, que IAP

(2006) define como sendo um instrumento de planejamento que visa orientar a gestão

participativa de modo a assegurar a conservação dos recursos naturais e a melhoria da

qualidade de vida, em consonância com os interesses das gerações presente e futuras,

buscando estabelecer as diretrizes e orientar programas, projetos e ações que venham a

ser realizados pelos diferentes grupos de interesse. Por sua vez Brasil (2000) diz que

Plano de Manejo é como um “documento técnico mediante o qual, com fundamento nos

objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as

normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a

implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade”. Afirma ainda que

este zoneamento, inerente ao plano de manejo, é a “definição de setores ou zonas em

uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o

propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da

unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz”.

Outro importante instrumento utilizado para respaldo das UCs é a zona de

amortecimento, definida como a área do entorno da UC, onde as atividades humanas

estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os

impactos negativos sobre a unidade, sendo que as zonas amortecimento ou tampão, uma

vez definidas formalmente, não podem ser transformadas em zona urbana, desta forma,

sendo definidas em seu plano de manejo (BRASIL, 2000). Principalmente se tratando

de manchas e corredores ecológicos, este último sendo definido como “porções de

ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que

possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão

de espécies e a recolonizarão de áreas degradadas, bem como a manutenção de

populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que

aquela das unidades individuais”.

Portanto, a implantação de unidades de conservação vem a ser um fato positivo

não somente ao manter a biodiversidade, mas tem relevante importância quando leva-se

12

em conta a comunidade envolvida no processo. Além do potencial de poder oferecer

recreação ao ar livre, área para pesquisa, atividades de educação ambiental e

preservação de ecossistemas representativos e da biodiversidade existente, pode

contribuir através da geração de empregos diretos e indiretos, decorrentes da

valorização da área do entorno da unidade (FERRARI, 2009).

3.2.1. Reserva Biológica

O art. 10º do SNUC estabelece que a Reserva Biológica tem como objetivo a

preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem

interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de

recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para

recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos

ecológicos naturais. A Reserva Biológica é de posse e domínio públicos, sendo que as

áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que

dispõe a lei. É, ainda, proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo

educacional, de acordo com regulamento específico, sendo que a pesquisa científica

depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e

está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas

em regulamento (BRASIL, 2000).

3.2.2. Refúgio da Vida Silvestre

O Refúgio de Vida Silvestre pode ser constituído por áreas particulares, desde

que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos

recursos naturais do local pelos proprietários. Havendo incompatibilidade entre os

objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo aquiescência do proprietário

às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da unidade para a

coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da propriedade, a área deve ser

desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei.

Já a visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano

de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua

administração, e àquelas previstas em regulamento, sendo que pesquisa científica

depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e

13

está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas

em regulamento (BRASIL, 2000).

3.2.3. Área de Proteção Ambiental

Segundo definido na SNUC a Área de Proteção Ambiental (APA) é uma área em

geral extensa, com dado grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos,

bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o

bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a

diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade

do uso dos recursos naturais. É constituída por terras públicas ou privadas, sempre

respeitando os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para

a utilização de uma propriedade privada localizada em uma APA.

As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública nas

áreas sob domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade, já nas áreas

sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para pesquisa e

visitação pelo público. A APA disporá de um Conselho presidido pelo órgão

responsável por sua administração e constituído por representantes dos órgãos públicos,

de organizações da sociedade civil e da população residente (BRASIL, 2000).

3.2.4. Área de Relevante Interesse Ecológico - ARIE

A ARIE, de forma geral se encontra em áreas de pequena extensão, com pouca

ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que

abriga exemplares raros da biota regional, tendo como objetivo manter os ecossistemas

naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de

modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza, podendo ser

constituída por terras públicas ou privadas. Respeitados os limites constitucionais,

podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade

privada localizada em uma Área de Relevante Interesse Ecológico (BRASIL, 2000).

3.2.5. Reserva de Fauna

A Reserva de Fauna é uma área natural com populações animais de espécies

nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos

14

técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos, sendo

de posse e domínio públicos, uma vez que as áreas particulares incluídas em seus

limites devem ser desapropriadas. A visitação pública pode ser permitida, desde que

compatível com o manejo da unidade e de acordo com as normas estabelecidas pelo

órgão responsável por sua administração, sendo que proibido o exercício da caça

amadorística ou profissional. Por fim, a comercialização dos produtos e subprodutos

resultantes das pesquisas obedecerá ao disposto nas leis sobre fauna e regulamentos

(BRASIL, 2000).

3.2.6. Reserva de Desenvolvimento Sustentável

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga

populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de

exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às

condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da

natureza e na manutenção da diversidade biológica. Tem como objetivo básico

preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários

para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos

recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e

aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por

estas populações, é de domínio público, sendo que as áreas particulares incluídas em

seus limites devem ser, quando necessário, desapropriadas. O uso das áreas ocupadas

pelas populações tradicionais será regulado de acordo com o disposto no art. 23 do

SNUC e em regulamentação específica.

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável será gerida por um Conselho

Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por

representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações

tradicionais residentes na área, sendo permitida e incentivada a visitação pública, a

pesquisa científica voltada à conservação da natureza, a educação ambiental, a

exploração de componentes dos ecossistemas naturais em regime de manejo sustentável

e a substituição da cobertura vegetal por espécies cultiváveis, desde que sujeitas ao

zoneamento, às limitações legais e ao Plano de Manejo da área.

15

Portanto, este Plano definirá as zonas de proteção integral, de uso sustentável e

de amortecimento e corredores ecológicos, e será aprovado pelo Conselho Deliberativo

da unidade (BRASIL, 2000).

3.2.7. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN

A RPPN é uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de

conservar a diversidade biológica. Só poderá ser permitida, na Reserva Particular do

Patrimônio Natural, conforme se dispuser em regulamento: a pesquisa científica e a

visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais, sendo que, os órgãos

integrantes do SNUC, sempre que possível e oportuno, prestarão orientação técnica e

científica ao proprietário de Reserva Particular do Patrimônio Natural para a elaboração

de um Plano de Manejo ou de Proteção e de Gestão da unidade.

3.3. Avaliação Ecológica Rápida (AER) – Como Ferramenta de Conservação

Sayre et al (2000) afirma que devido à falta de um programa ativo de manejo

para a conservação em muitas áreas protegidas, a biodiversidade em áreas de

conservação, especialmente em países em desenvolvimento, encontra-se frequentemente

ameaçada, portanto, restando muito a fazer na área de proteção a biodiversidade.

Ainda, segundo o mesmo autor, com o aumento da conscientização muitas

nações passaram a demonstrar interesse em proteger suas heranças naturais. Entretanto,

informações fidedignas e abrangentes sobre os recursos de biodiversidade raramente

estão disponíveis. Antes que qualquer governo, comunidade ou organização possa agir

para salvar os recursos naturais em qualquer área, é preciso descobrir quais os recursos

ali existem.

Para estes autores, a principal resposta para este problema tem sido a Avaliação

Ecológica Rápida (AER), uma metodologia de pesquisa de biodiversidade,

desenvolvida ao longo dos últimos dez anos, sendo a AER então, um levantamento

flexível, acelerado e direcionado a espécies e tipos vegetacionais. Utiliza-se uma

combinação de imagens de sensoriamento remoto, sobrevoos de reconhecimento, coleta

de dados de campo e visualização de informação espacial para gerar informações úteis

para o planejamento da conservação em múltiplas escalas.

16

Portanto, é um método que resulta na caracterização, mapeada e documentada,

de unidades classificadas da paisagem e na descrição da biodiversidade destas unidades.

Elas produzem dados biofísicos básicos, mapas, documentos, recomendações e o

aumento da capacidade institucional para um trabalho de conservação efetivo.

Finalmente Sayre et al (2000) relata que, um dos avanços mais significativos dos

métodos para a conservação ambiental está relacionado à evolução concomitante das

ferramentas de computação, que permitem o processo intensivo de grandes conjuntos de

dados e a exibição e análise de informações geográficas. Tais informações completam

as ferramentas geográficas tradicionais, tais como a cartografia e planimetria. O poder

das tecnologias espaciais permitiu um aperfeiçoamento significativo na habilidade de

caracterizar a distribuição, abundância e condição da biodiversidade tal como existe na

paisagem.

3.3.1. Tecnologias de Mapeamento

Uma AER depende do uso e da integração de tecnologias espaciais, que incluem

sistemas de informação geográfica (SIG), sensoriamento remoto, e sistemas de

posicionamento global (GPS). Esta ênfase em tecnologia espacial distingue a AER de

outros inventários e metodologias de avaliação de biodiversidade baseados na

participação de especialistas. Estas tecnologias espaciais são um grupo relativamente

novo de ferramentas analíticas baseadas na computação, que usam informações

espacialmente explícitas, ou georeferenciadas, sendo tecnologias espaciais modernas

que complementam as ferramentas geográficas tradicionais, tais como a cartografia e

planimetria, proporcionando técnicas sofisticadas para a caracterização geográfica da

biodiversidade (SAYRE, 2000).

Os Sistemas de informação geográfica (SIG) são sistemas computadorizados que

permitem a captura, manutenção, resgate, integração, visualização e análise de dados

georeferênciados. Estes dados têm uma qualidade geográfica, ou uma característica

intrínseca de localização. Utiliza dados georeferênciados, pois são descritos como

“mapeáveis”, ou espaciais. O programa SIG é na verdade, um poderoso sistema de

gerenciamento de dados com uma sofisticada capacidade de visualização e análise

espacial dos mesmos. Este sistema é útil para a exibição e análise de informação

georeferenciada, tal como os atributos numéricos de uma característica geográfica ou

pixel. Como tal, o SIG não é uma base de dados apropriada para o manejo de

17

informação extensiva, textual (ensaios ou memorandos), que geralmente não é

georeferenciada.

Segundo ainda Sayre et al (2000) o sensoriamento remoto é uma tecnologia

espacial baseada na interpretação e análise de imagens de satélite, fotografias aéreas ou

videografia aérea. Existe uma variedade de imagens de satélite disponíveis

comercialmente com diferentes resoluções espectrais e espaciais sendo que resolução

espectral é uma propriedade do sensor que se refere ao número e à extensão das bandas

(comprimentos de onda) registradas, enquanto que resolução espacial se refere ao

tamanho da imagem dos pixels (a menor área detectada). Estes sensores possuem faixas

capazes de capturar radiação eletromagnética de diferentes comprimentos de onda,

possibilitando a distinção de diferentes tipos vegetacionais em imagens de satélite, por

exemplo.

Ainda, segundo o mesmo autor, o Sistema de Posicionamento Global (Global

Positioning System (GPS)) é uma tecnologia de globalização que utiliza um

equipamento receptor para obter as coordenadas de localização em qualquer parte da

Terra. Este receptor recebe sinais de uma constelação de satélites que os emite

continuamente, determinando a posição do receptor, sendo que estas posições

(coordenadas de localização) são armazenadas em arquivos e posteriormente

transferidas para um SIG, com o intuito da elaboração de mapas temáticos.

Matteucci & Colma (1998) afirma que o uso de fotografias aéreas e imagens de

satélite como ferramentas para o estudo geográfico em combinação com dados de

campo, mapas e SIG possibilitam integrar informações em distintos níveis de resolução,

gerando assim resultados com maior precisão.

3.3.2. Fotografias Aéreas

Sayre (2000) afirma que fotografias aéreas são as fotografias obtidas a partir de

uma câmera de mapeamento instalada na parte inferior de uma aeronave especial. Estas

fotografias verticais são tiradas em uma sequência controlada de tempo, de maneira a

obter a superposição de duas fotos sucessivas. Esta superposição permite a visão

estereoscópica das duas fotos superpostas (um par estereoscópico) com um

estereoscópio. As diferenças na altura dos dosséis são discerníveis por meio da análise

estereoscópica, sendo a base para o trabalho de distinção das comunidades de plantas.

As fotografias aéreas são obtidas em colorido natural ou em colorido infravermelho. As

18

fotografias em colorido infravermelho geralmente são mais apropriadas para a

delineação de comunidades vegetais. As fotografias aéreas de colorido natural são

geralmente mais apropriadas para a discriminação de comunidades marinhas costeiras.

A altitude da aeronave determina a escala da fotografia aérea, que pode, portanto

ser mantida em um valor constante. As escalas de 1:24.000 e 1:50.000 são as mais

comuns, embora muitas outras escalas sejam possíveis. Em geral, uma fotografia aérea

de alta qualidade, na escala apropriada e em colorido infravermelho é preferível e deve

ser obtida e fotointerpretada sempre que possível.

19

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Área de Estudo

A Área de estudo situa-se entre os rios Saí-Mirim e Saí-Açú no município de

Itapoá, Santa Catarina, como é visível na Figura 1, sendo que possui um total de 21 mil

hectares, apresentando a localização geral da área e do entorno, por sua vez a Figura 2

visa à localização específica da área estudada. Este município localiza-se na latitude de

26°07‟02.51 “S e 48°37‟00.35” W de Greenwich, no litoral Nordeste catarinense, entre

os municípios de Guaratuba (ao norte), Garuva (a oeste) e o Oceano Atlântico a sul.

Itapoá já possui uma UC na categoria de Reserva Particular do Patrimônio

Natural, a Reserva Volta Velha. Ao norte ainda existe a APA de Guaratuba, fazendo

divisa com a cidade.

Figura 1. Localização geral do Município de Itapoá, SC, com a área de

estudo delineada.

Fonte: Projeto Orla Itapoá.

20

Figura 2. Área de estudo no município de Itapoá, localizada ao norte do município, divisa com o estado

do Paraná.

Itapoá pertencia ao município de Garuva e foi transformada em Distrito pela Lei

nº 08/66, de 01 de março de 1966, e em Município em 26 de abril de 1989, pela Lei

21

Estadual nº 7.586. Dentre as principais atividades econômicas estão a Construção Civil,

Turismo e recentemente as Atividades Portuárias. A pesca artesanal merece destaque,

uma vez que é uma atividade econômica com bastante valor social (ORLA, 2010).

Segundo o mesmo autor, com uma área de 257.158 Km2, Itapoá teve uma

evolução demográfica intensificada notadamente entre os anos de 2000 a 2010. No ano

de 2000 a população do município era de 10.719 habitantes e em 2010 a população

atingiu 14.775 habitantes, ou seja, um acrescimento de 37,83%. Cabe destacar que a

população de Itapoá em 1980 era de apenas 2.408 habitantes, em 1990 atingiu 3.984

habitantes. Itapoá é um município costeiro e urbano. Segundo o Censo de 2010 (IBGE,

2010) a população urbana é de 14.182 habitantes (95,98%) e a população rural é de 593

habitantes (4,02%).

É ainda importante dizer que, o nome do município é de origem indígena que

significa “pedra que surge”, por influência de seus primeiros moradores, os índios

Carijós, fazendo menção à pedra localizada no Balneário de Itapoá à 300m da praia.

Ainda segundo os moradores, devido à influência da maré, esta pedra faz um

ressurgimento todos os dias (PMI, 2001).

4.2. Métodos Utilizados

Como este trabalho buscou caracterizar uma área com fins futuros de

implantação de uma UC, adotou-se a definição de biodiversidade, da Convenção sobre

Diversidade Biótica (1998), como “a variabilidade de organismos vivos de todas as

origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros

ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo

ainda a diversidade dentre espécies, entre espécies e de ecossistemas” (BRASIL, 1998).

Inclui-se também nesse princípio, a conservação da diversidade cultural e histórica

existente na área a partir da construção de uma relação com a comunidade local.

Este estudo pode ser definido como um processo de questionamento sistêmico,

adequado ao campo da gestão dos recursos naturais (DESCHLER & EWERT, 1995

apud SEIXAS, 2005). Ainda, em Seixas (2005), o autor cita Berkes et al. (2001) para

afirmar que, nesse âmbito é importante obter informações sobre: a unidade biológica,

sociológica e espacial da gestão; os atores envolvidos; as relações destes atores e os

recursos e ambiente.

22

Para atender os objetivos propostos este trabalho contou com uma série de

técnicas e métodos, os quais estão relacionados na Figura 3.

Figura 3. Fluxograma Metodológico.

4.2.1. Identificação dos Aspectos Ecológicos Relevantes

Para esta identificação foi utilizada uma adaptação da Avaliação Ecológica

Rápida (AER), desenvolvida pela The Nature Conservancy - TNC. Esta avaliação

utiliza uma combinação de imagens e sensores remotos, obtenção de dados de campo e

visualização de informação espacial para gerar dados úteis para a planificação da

conservação em escalas múltiplas (SAYRE et al, 2000). O levantamento da vegetação é

um componente-chave da AER, e concentrou e direcionou-se na classificação,

mapeamento e no estudo dos tipos vegetacionais. Outras informações relevantes, que

auxiliam na caracterização da área, foram obtidas por meio de: questionário aplicado

junto à comunidade (etnoconhecimento), através do método de informantes-chave

(SEIXAS, 2005) e, principalmente revisão bibliográfica abordando flora local.

Primeiramente foram coletadas e revisadas informações pré-existentes sobre a

área estudada. Após a caracterização inicial da paisagem, com o auxilio de

fotointerpretação foram identificadas as classes segundo tipos vegetacionais e

estabelecidos os locais de amostragem onde foram colhidas as informações,

23

principalmente com base na fisionomia vegetacional. Foram realizadas três saídas de

campo formais à área de estudo, permitindo coletar, por meio de fotografia, informações

referentes à paisagem. Foram realizadas ainda, demarcações de 17 pontos monitoradas

por GPS, para utilização no georeferenciamento do mosaico da área.

Os dados para o auxílio desta caracterização foram obtidos através de

bibliografia, bem como com ajuda de especialistas na área de vegetação.

4.2.2. Análise do Uso e Cobertura do Solo

Para esta pesquisa foram utilizadas fotografias aéreas de escala 1:10.000, nos

meses de novembro e dezembro de 2007, com uma câmera WILD RC-08, através do

projeto número 173 de 2007 aprovado pela prefeitura municipal de Itapoá, e disponíveis

no site da mesma, no setor de „levantamentos‟, contido em „Plano Diretor‟.

Para a montagem do mosaico de imagens aéreas foi utilizado o sistema

Reegemy, que é um sistema de registro automático desenvolvido pela Divisão de

Processamento de Imagens, INPE, em cooperação com a Universidade de Santa

Bárbara, Califórnia (BAGLI & FONSECA, 2005). Para o georeferenciamento do

mosaico e elaboração dos mapas, utilizou-se o Sistema de Informações Geográficas

ArcGis 9.2, utilizando então, a base de dados cartográficos de Guaratuba e São

Francisco do Sul, disponíveis no site do Centro de Informações Ambientais e de

Hidrometereologia de Santa Catarina – CIRAM, gerando uma imagem georeferenciada.

Em seguida foram digitalizados diferentes polígonos, que delimitam as diferentes

tipologias de vegetação (floresta, mangue, restinga, e outros) e do uso do solo

(urbanização e solo exposto), previamente definidas, conforme classificação adaptada

de Marenzi (2004).

4.2.3. Percepção dos Atores Enolvidos

Os problemas e potencialidades a região foram levantados por meio da técnica

de Informantes-Chave, que se baseia em identificar, e entrevistar informantes-chave,

que são aquelas pessoas mais capazes de informar sobre um tópico especial (ex: história

agroecológicas da área, comercialização de produtos locais, etc.), ou, ainda, fornecer

pontos de vista particulares. A melhor forma para identifica-los é perguntar para

diversos comunitários, quem são os peritos nas atividades da área de estudo. As

24

entrevistas podem ser conduzidas em um local previamente acertado, ou mesmo in situ,

quando, no caso, o objetivo é investigar uma área em específico (SEIXAS, 2005).

Para este trabalho foram escolhidos 3 informantes-chave, buscando abranger os

atores sociais direta, ou indiretamente, envolvidos com a área de estudo. Desta forma,

foram entrevistados os seguintes representantes: político, através da Secretaria do Meio

Ambiente; da comunidade, através do morador mais antigo da Barra do Saí; e por fim,

um representante de uma associação que possua influência sobre a população local,

como não existe uma associação de pescadores, foi então escolhida a Associação de

Proteção da Reserva do Mangue da Barra do Saí – APREMAI. Os informantes-chave

foram abordados no local do estudo em duas diferentes épocas do ano, alta e baixa

temporada.

Considerando a percepção ambiental como o processo mental de interação do

indivíduo com o meio, que se dá através de mecanismos cognitivos e perceptivos (DEL

RIO, 1996), foram elaboradas perguntas com fins de verificar a forma de percepção da

comunidade em relação à biodiversidade, a história do local, estado de conservação

atual, anseios para o futuro da área e conhecimentos específicos em Unidades de

Conservação e em como elas são implantadas.

Utilizou-se entrevista semi-estruturada e questionário curto com perguntas

abertas e fechadas (APÊNDICE I). As perguntas fechadas levantavam dados do perfil

dos entrevistados e as abertas objetivavam identificar o modo de pensar e de conviver

com a área de estudo. Foram aplicados 3 questionários pelo pesquisador. Vale ressaltar

que todos entrevistados assinaram um termo de consentimento de participação na

pesquisa, para que a pesquisa seja ética, não sendo revelado o nome dos entrevistados

(APÊNDICE II), além de conversas informais não somente com os informantes-chave,

como também com outros integrantes da comunidade.

4.2.4. Verificação da Situação Legal

A caracterização legal da área de estudo consistiu no levantamento da legislação

vigente e outras informações documentais disponíveis na bibliografia e em sites. Entre

estes se destacam: Ministério do Meio Ambiente (Conselho Nacional do Meio

Ambiente - CONAMA, Projeto Orla), IBAMA, Instituto Chico Mendes de Conservação

da Biodiversidade - ICMBio, Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina

25

– FATMA e Prefeitura Municipal de Itapoá através de seu Departamento de Meio

Ambiente.

4.2.5. Análise das Oportunidades e Ameaças para a Conservação do Local

Esta análise, por meio da Avaliação Ecológica Rápida, incluiu uma verificação

das oportunidades e ameaças- existentes e potenciais- na área de estudo e áreas

adjacentes. Baseou-se principalmente nas observações feitas durante os levantamentos

preliminares de campo e o resultado dos questionários e entrevistas informais com

frequentadores e comunidade.

A matriz de oportunidades e ameaças teve como base na análise de SWOT-

Strenghts, Weaknesses, Opportunities, Threats (PARTIDÁRIO & FERREIRA, 2005), a

partir de uma listagem de Pontos Fortes e Fracos. A partir desta análise, bem como dos

resultados dos levantamentos, da percepção e da situação legal que resultarão na AER,

foi possível recomendar a implantação de uma UC para a área de estudo.

4.2.6. Categorização da Unidade de Conservação

Esta ultima etapa da pesquisa envolveu analise dos dados levantados na

execução deste estudo e pesquisa bibliográfica (Lakatos & Marconi, 2001). Foram

considerados também as oportunidades e ameaças elencadas para a área de estudo, a fim

de constatar a viabilidade de implementação de uma Unidade de Conservação no local,

e assim sendo, identificá-la dentro das categorias de proteção propostas pelo Sistema

Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (BRASIL, 2000) de acordo com a

realidade do local e com base em Cuadrado (2005) e Guia de Chefe (IBAMA/GTZ,

2001)

26

5. RESULTADOS e DISCUSSÕES

5.1. Aspectos Ecológicos

De acordo com Souza (1999), o Município de Itapoá apresenta uma extensa

planície costeira drenada pelos rios Saí-Guaçu e Saí-Mirim. Estes dois rios têm suas

cabeceiras situadas nos primeiros contrafortes da Serra do Mar, mais precisamente no

bloco isolado de Morro Grande e Morro do Maxete. Desta forma, a área de estudo

constitui parte da planície quaternária que se estende do município de Guaratuba, PR até

o rio Itapocú, SC, sendo então, caracterizada por um relevo muito suave, constituído por

planícies aluvionares fluviais com alguma contribuição marinha (IAP, 2006).

Praticamente toda a vegetação, que recobria originalmente as regiões de encostas

mais suaves e as planícies, ao longo da costa brasileira, foram submetidas a diferentes

graus de impacto negativo pela ação antrópica, resultando em cifras alarmantes de

devastação (FUN. SOS MATA ATLÂNTICA & INPE, 1993 apud NEGRELLE, 1995).

Com relação especifica a Floresta Atlântica de planície costeira de Santa Catarina, tem-

se que os últimos resquícios reencontram-se no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e

na Reserva Volta Velha. Fora estes locais, esta formação encontra-se totalmente

descaracterizada face à extração contínua de madeira, expansão mal planejada de

atividades agropecuárias e da intensa especulação imobiliária (NEGRELLE, 1995).

Além da importância em relação à conservação da área estudada, deve-se

destacar ainda, a relevância da composição dos ecossistemas em conjunto com a beleza

cênica como potencial paisagístico. Esta área contempla, portanto, uma diversidade de

ecossistemas os quais podem ser visualizados na Figura 4.

Nesta figura está mapeado o uso e cobertura de solo para a área de estudo, sendo

que houve uma enorme dificuldade na classificação do ambiente devido à qualidade das

imagens obtidas, desta forma, ocorrendo um grande esforço, em conjunto com

especialistas para a melhor determinação das classes a serem utilizadas no mapa.

27

Figura 4. Mapa de Uso e Cobertura do Solo da área de estudo, Itapoá (SC).

28

Foram criadas 7 classe diferentes de tipologias vegetais, levando-se em conta a

resolução do CONAMA 261 de 30 de junho de 1999 (BRASIL, 1999), que diz que a

vegetação de restinga compreende formações originalmente herbáceas, subarbustivas,

arbustivas ou arbóreas, que podem ocorrer em mosaicos, sendo que a vegetação

encontrada nas área de transição entre as restingas e as áreas de floresta ombrófila

densa, igualmente será considerada como restinga, como também, as áreas de transição

entre a restinga e o manguezal, bem como o manguezal e a floresta ombrófila densa,

serão consideradas como manguezal.

Classe Ambiente Praial: pode-se afirmar que as praias arenosas apresentam-se

como ambientes transicionais altamente dinâmicos e sensíveis, que constantemente

ajustam-se as flutuações dos níveis de energias locais e sofrem retrabalhamento por

processos eólicos, biológicos e hidráulicos, em escalas temporais variáveis. Abrange

também um amplo espectro de modos de movimento, entre os quais se destacam as

ondas geradas pelo vento, as correntes litorâneas, as oscilações de longo período e as

marés. Respondendo a flutuações dos níveis de energia através de mudanças

morfológicas e trocas de sedimentos com regiões adjacentes. As praias atuam como

zonas tampão e protegem a costa da ação direta das energias do oceano, sendo esta sua

principal função ambiental (HOEFEL, 1998). Neste caso, apresenta planície arenosa

que abriga uma gama de organismos marinhos e terrestres decorrentes de uma dinâmica

oceânica que tem como característica a sua relativa naturalidade e água costeira de

qualidade, contendo um efluente costeiro oriundo da foz dos rios Saí-Mirim e Saí-

Guaçu, como observado na Figura 5.

29

Figura 5. Aspecto visual da Barra do Saí, Itapoá, SC.

Classe Manguezal Consorciado com Fragmentos de Floresta Ombrófila Densa e

Restinga: foram consideradas dentro de uma mesma classe o ecossistema manguezal

consorciado com fragmentos de floresta ombrófila densa e restinga, muito por conta da

dificuldade no levantamento de informações, bem como na complexidade do ambiente

analisado, sendo que, esta classe, ocupa 14% da área estudada.

A restinga (Formação Pioneira com Influência Marinha) é a formação vegetal

predominante nos terrenos ondulados e arenosos da planície costeira, a qual, segundo

Roderjan et al. (2002) pode ocupar os “cordões praiais” sobre antigas dunas ou como

ambiente de transição entre os manguezais e a floresta ombrófila densa. Caracteriza-se

por condições como a baixa capacidade de reter água e a baixa fertilidade do solo,

aliadas a condições climáticas como a forte atuação dos ventos e dos raios solares

causando intenso ressecamento e elevada precipitação de sais marinhos, tornam estes

ambientes bastante hostis à colonização vegetal, de modo que somente plantas bem

adaptadas colonizam e sobrevivem neste ambiente. A partir da área limitada pela

abrangência da maré, a vegetação das praias é caracterizada por um pequeno grupo de

plantas herbáceas, constituídas de gramíneas de raízes profundas e ciperáceas.

Tonhasca (2005) ainda afirma que a vegetação de restinga ocorre nas áreas

planas e arenosas localizadas entre o oceano e as serras, onde o solo foi formado pelo

acúmulo de sedimentos erodidos das rochas cristalinas e do material depositado pelo

mar, como observado na Figura 6.

30

Figura 6. Restinga localizada na margem do rio Saí-Mirim, próximo à sua

desembocadura, Itapoá, SC.

Para o ambiente manguezal Schaeffer-Novelli et al (2000) afirma que os

manguezais são partes de entidades complexas que envolvem vários níveis de

observação e estão sujeitas a processos que ocorrem em uma ampla gama de escalas

espaciais e temporais. O mangue refere-se ao tipo de vegetação encontrada nas áreas

alagadiças litorâneas, na zona de transição entre a planície e o mar (TONHASCA,

2005). As plantas de mangue desenvolveram adaptações fisiológicas que as habilitaram

a ocupar ambientes saturados de umidade e de alta salinidade e instabilidade do solo.

Afirma também que os nutrientes liberados pela decomposição das plantas juntamente

com os oriundos dos rios e do oceano sustentam um grande número de crustáceos,

peixes, aves e outros invertebrados.

Com a existência de uma mircro-bacia entre os rios Saí-Mirim e Saí-Guaçu

pode-se observar uma ligação do manguezal entre as desembocaduras, formando um

grande complexo estuarino, como observado na Figura 7 eFigura 8. Segundo ODUM

(1979), a palavra “estuário”, refere-se a um desaguadouro de rio ou uma baía onde a

salinidade é intermediaria entre o mar e a água doce, e onde a ação das marés constitui

um importante regulador físico. Encontram-se diversas espécies adaptadas às condições

ecológicas características desse ecossistema situando-se geralmente perpendicular à

zona costeira. Apesar da importância desses sistemas não existe uma única definição

31

que abrange todos os estuários do mundo, sendo que, a gama de definições existentes,

são devido ao fato da maioria delas serem dadas com base em características

particulares de cada estuário (MEDEIROS, 1992).

Figura 7. Fauna característica de mangue do rio Saí-Mirim, Itapoá, SC.

Figura 8. Vegetação característica de manguezal encontrada na micro bacia entre os

rios Saí-Mirim e Saí-Guaçu, Itapoá, SC.

Classe Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas: esta classe ocupa uma

porção de 60% da área estudada. Segundo Veloso (1991) esta tipologia, geralmente,

32

apresenta um dossel não contínuo, entre 20 e 30 m, acima do qual sobressaem alguns

indivíduos emergentes que podem atingir cerca de 40 m de altura. Abaixo deste dossel,

situa-se um estrato arbóreo contínuo, representado pela grande maioria das árvores. Os

estratos arbustivo e herbáceo apresentam-se mais ou menos desenvolvidos, dependendo

da situação, condicionando trechos nos quais a locomoção se torna difícil e outros nos

quais esta é feita com facilidade. As trepadeiras estão bem representadas, sendo que

alguns indivíduos podem apresentar diâmetro superior a 10 cm, enquanto as epífitas,

apesar de bem representadas, só exibem maior expressão sobre as árvores de grande

porte ou nas proximidades dos cursos de água e nos trechos mais úmidos da floresta.

Sua fisionomia, estrutura e composição podem variar de acordo com o regime

hídrico dos solos do estágio de desenvolvimento da floresta e do nível de interferência

antrópica, como pode-se observar na Figura 9. Constituí, na planície litorânea uma das

principais unidades tipológias, em razão de sua representatividade e diversidade

florística elevada (Roderjan et al. 2002), como também, sendo a formação predominante

na área de estudo, possuindo altíssima amplitude de distribuição na planície quaternária

que se estende do Município de Guaratuba (PR), até o Rio Itapocú, na cidade de Jaraguá

do Sul (SC) (NEGRELLE, 1995).

33

Figura 9. Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas encontrada na

área de estudo, Itapoá, SC..

Classe Floresta Ombrófila Densa Aluvial: esta classe ocupa 12% da área e trata-

se de uma formação ribeirinha ou „floresta ciliar‟ que ocorre ao longo dos cursos de

água ocupando os terraços antigos das planícies quaternárias. Essa formação é

constituída por espécies vegetais com alturas variando de 5 a 50 metros, de rápido

crescimento, em geral de casca lisa, tronco cônico e raízes tabulares. Nessas florestas

encontram-se muitas palmeiras no estrato dominado e na submata, havendo espécies

que não ultrapassam os 5 metros de altura. Observa-se também algumas plantas não

lenhosas na superfície do solo. Entretanto, a formação apresenta muitos cipós lenhosos

e herbáceos, além de um grande número de epífitas (VELOSO, 1991).

Esta tipologia, na área de estudo, aparece na zona de transição entre o

ecossistema manguezal e a Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, bem como na

região próxima as margens dos rios e da rodovia. Portanto, são locais alagados que

34

possuem as características necessárias para suportar este tipo de formação, como

observado na Figura 10

Figura 10. Floresta Ombrófila Densa Aluvial, encontrada na margem do rio Saí-

Mirim, Itapoá, SC.

Classe Área Urbanizada: esta classe constituí um total de 5% da área de estudo,

sendo que existem quatro pontos de urbanização Três deles situam-se na margem da

rodovia (Figura 11), e um apenas localizado por meio de fotografias aéreas

35

Figura 11. Urbanização às margens do rio Saí-Mirim, Itapoá, SC.

Classe Solo Exposto: o solo exposto abrange 6% da área, e pode ser observado

no setor noroeste da área, próximo às margens da rodovia, bem como na margem do rio

Saí-Guaçu, área de uso especial definida pela prefeitura em seu Zoneamento Ecológico

Econômico, porém desrespeitando o Código Florestal Brasileiro que institui Área de

Preservação Permanente em uma distância de 50 metros da margem de rios que

possuam de 10 a 50 metros de largura, com é o caso do Saí-Guaçu, observado na Figura

12.

36

Figura 12. Solo exposto na região noroeste da área de estudo.

Classe Floresta Ombrófila Densa Alterada: ocupando um total de 3% da área

alterada, trata-se de uma formação originalmente formada por Floresta Ombrófila Densa

de Terras Baixas, porém por consequência de ações antrópicas foi alterada gerando uma

formação de sucessão. É observada unicamente na margem da rodovia, origem provável

das alterações na formação original (Figura 13).

Figura 13. Floresta Ombrófila Densa Alterada, encontrada na margem da rodovia.

37

Para o auxílio das informações para a elaboração do mapa de uso e cobertura do

solo, foram amostrados diversos pontos (Figura 14), os quais também foram registrados

por meio de fotografias. Com posse destes dados, foi possível descrever as diferentes

formações vegetais existentes nos limites da área de estudo, conforme Quadro 1.

38

Figura 14. Pontos amostrais na área de estudo.

39

Quadro 1. Descrição dos tipos vegetacionais do pontos #01 a #17.

Ponto

Amostral Características Aspecto Visual

#01

Ambiente com presença de

floresta ombrófila densa

aluvial, com predominância

de espécies arbóreas de

pequenos porte decorrente de

indicações de solo

encharcado, e presença de sub

bosque, que resultam em uma

densa mata ciliar.

#02

Ambiente constituído

originalmente de floresta

ombrófila densa aluvial,

alterada pela retirada da

vegetação e plantio de Pinus

sp. Apresenta também

clareiras bem definidas com

domínio da Brachilaria sp. E

Lírio do brejo (Convallaria

majalis), este, nas partes mais

encharcadas.

40

#03

#04

#05

#06

Esses ambientes, de forma

geral, apresentam vegetação

original constituída de

floresta ombrófila densa das

terras baixas e aluvial, nas

porções de solo mais úmido,

intensificada pela drenagem

da estrada que margeia. Nessa

porção a floresta apresenta

árvores de menor porte

intercaladas com ambientes

de clareias, apresentando

domínio de Brachiaria sp.

#07

Ambiente originalmente

constituído de floresta

ombrófila densa aluvial, com

predominância de espécies

arbóreas de médio porte

decorrente de solo

encharcado, e presença de sub

bosque, que resultam em uma

densa mata ciliar. No entanto,

em alguns trechos, essa mata

ciliar se encontra alterada

com presença de espécies

exóticas, como Pinus sp. e

ocupada por edificações

41

#08

#09

#10

#11

#12

Paisagem caracterizada por

manguezal alterado, com

predominância de espécies

oportunistas, ainda com

ocorrência de ecossistema

marisma e vegetação de

transição (entre ecossistema

manguezal e ecossistemas

terrestres).

#13

#14

#15

#16

#17

Paisagem caracterizada por

manguezal, apresentando

concomitantemente espécies

de transição, marisma e

vegetação típica de dunas

Souza (1999) e Souza & Ângulo (2003) realizaram importantes estudos sobre a

erosão costeira na praia de Itapoá e sobre a evolução de sua linha de costa. Na região

compreendida entre as desembocaduras dos rios Saí-Mirim e Saí-Guaçu, que fazem a

divisa da área de estudo, foram observadas variações na morfologia da costa associadas

a migração da desembocadura do rio Saí-Mirim, sendo que esta, em alguns períodos

alcançou a desembocadura do Rio Saí-Guaçu, como observado na Figura 15.

42

Figura 15. Configuração da linha de costa na área de influência da desembocadura do rio Saí-Mirim entre

os anos de 1957 e 1995.

Fonte: Souza (1999).

Desta forma, é possível afirmar que o complexo ambiente formado pelo

ambiente manguezal, restinga e a Floresta Ombrófila Densa Aluvial, pode ser atribuído

a esta variação da desembocadura do Rio Saí-Mirim. Porém, segundo Cruz (2010)

entre os anos de 1995 e 2007, foram observadas poucas variações de posição de linha de

costa, sendo que as principais mudanças referem-se à variação no grau de inflexão do

esporão arenoso do rio Saí-Mirim, bem como na configuração da posição de bancos

arenosos próximos à desembocadura deste rio. Enfim, estas informações podem

subsidiar a formação deste ecossistema que ali se encontra, sendo recente a

estabilização do ambiente.

43

Portanto é possível afirmar que a área de estudo trata-se de um complexo

ambiente costeiro, possuindo diversos ecossistemas que merecem atenção especial para

que possam estar sendo conservados e preservados com subsídio de leis.

5.2. Legislação Vigente

Os requisitos legais são utilizados como amparo legal, no que diz respeito à

necessidade de preservação de recursos naturais, condicionando as limitações de uso

(IBAMA, 2001). Por meio desta pesquisa foi possível verificar que existe uma gama

significativa de instrumentos legais relacionados a zona costeira. Contudo, diretamente

relacionados com a área de estudo existem diversos instrumentos legais federais,

estaduais e municipais, os quais podem ser verificados no Quadro 2,Quadro 3 eQuadro

4 respectivamente.

Quadro 2. Instrumentos legais a nível federal.

BASE LEGAL FEDERAL

Constituição Federal

1988

Garante o direito de todos os cidadãos ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem como estabelece o dever do Poder Público e de todos

cidadãos de conservar o meio ambiente para as futuras gerações.

LEI N° 4.132/62 Define os casos de desapropriação por interesse social e dispõe sobre a

sua aplicação

LEI N° 4.591/64 Dispõe sobre o condomínio em edificações, de um ou mais imobiliárias

LEI N° 4.771/65 Institui o Código Florestal

LEI Nº 4.778, de

22/09/65

Dispõe sobre a obrigatoriedade de serem ouvidas as autoridades

florestais na aprovação de planos de loteamento para venda de terrenos

em prestações

LEI N° 6.513, de

20/12/77

Dispõe sobre a criação de Áreas Especiais e de Locais de interesse

Turístico

LEI N° 6.766, de

19/12/79 Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano

LEI N° 6.938, de

31/08/81

Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e

mecanismos de formulação e aplicação

LEI N° 7.347, de

24/07/85

Disciplina Ação Civil Pública de Responsabilidades Por Danos Causados

ao Meio Ambiente, ao Consumidor, a Bens de Direitos do Valor

Artístico, Estético, Histórico, Turístico e Paisagístico

LEI N° 7.661, de

16/05/88 Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC

LEI N° 7.803, de

15/07/89 Alterações do Código Florestal

LEI Nº 8.617, de

04/01/93

Dispõe sobre o mar territorial, a zona contígua, a zona econômica

exclusiva e a plataforma continental brasileiros

LEI N° 9.433, de

08/01/97

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos - PNRH

LEI N° 9.605,

12/02/98

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e

atividades lesivas ao meio ambiente

44

BASE LEGAL FEDERAL

LEI Nº 9.636, de

15/05/98

Dispõe sobre a regularização, administração, aforamento e alienação de

bens imóveis de domínio da União

LEI Nº 9.785, de

29/01/99

Altera o Decreto-Lei nº 3.365, de 21 de junho de 1941 (desapropriação

por utilidade pública) e as Leis nºs 6.015, de 31 de dezembro de 1973

(registros públicos) e 6.766, de 19 de dezembro de 1979 (parcelamento

do solo urbano)

LEI N° 9.795, de

27/04/99

Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de

Educação Ambiental - PNEA

LEI Nº 10.165, de

27/11/00

Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e

mecanismos de formulação e aplicação - PNMA

LEI Nº 11.428, de

22/12/2006

Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata

Atlântica, e dá outras providências.

DECRETO Nº

94.076, de 05/03/87 Institui o Programa Nacional de Microbacias Hidrográficas

DECRETO N°

97.822, de 08/06/89

Institui o Sistema de Monitoramento Ambiental e dos Recursos Naturais

por Satélite - SIMARN

DECRETO Nº

99.193, de 27/03/90

Dispõe sobre as atividades relacionadas ao zoneamento ecológico-

econômico

Resolução CIRM nº

05, de 03/12/97 Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC II

Resolução

CONAMA nº 303,

de 20/03/02

Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação

Permanente – APP.

Fonte: Adaptado do Projeto Orla.

Destacam-se nos instrumentos federais, com o intuito da conservação na área de

estudo, o Plano Nacional do Gerenciamento Costeiro – PNGC, o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação – SNUC, a Lei da Mata Atlântica e o Código Florestal

Brasileiro.

De acordo com Marrone & Asmus (2005) o PNGC pode ser entendido como um

„modo de fazer‟ que contempla ações e instrumentos capazes de minimizar conflitos,

em relação a preservação e conservação, na costa brasileira. Segundo o próprio plano, a

zona costeira é o espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus

recursos ambientais. Esta zona abriga um mosaico de ecossistemas de alta relevância

ambiental, cuja diversidade é marcada pela transição de ambientes terrestres e marinhos,

com interações que lhe conferem um caráter de fragilidade e que requerem atenção

especial, e que também que a maior parte da população mundial vive nestas zonas,

havendo assim uma tendência permanente ao aumento da concentração demográfica

nessas regiões. Cabe ainda ressaltar, que um dos principais objetivos do PNGC, é a

promoção do ordenamento do uso dos recursos naturais e da ocupação dos espaços

costeiros. Desta forma, é possível afirmar que o PGNC é a base legal do planejamento

45

ambiental da Zona costeira no Brasil, sendo assim de importância ímpar no processo de

conservação da área de estudo.

Por sua vez, tratando-se do SNUC, pode-se ressaltar objetivos como o de

contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais,

promover o desenvolvimento sustentável, e proteger paisagens naturais e pouco

alteradas de notável beleza cênica. Em conjunto com diretrizes como a de assegurar a

participação efetiva das populações locais na criação, implantação e gestão das unidades

de conservação, como também buscar conferir às UCs, autonomia administrativa e

financeira buscando proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de

unidades de conservação de diferentes categorias, e suas respectivas zonas de

amortecimento, integrando as diferentes atividades de preservação da natureza, uso

sustentável dos recursos naturais e restauração e recuperação dos ecossistemas, como

bases para a conservação, gestão e organização da área estudada.

Cabe ressaltar o art. 2º da Lei da Mata Atlântica que estabelece que Floresta

Ombrófila Densa, manguezais e vegetação de restinga como integrantes do Bioma Mata

Atlântica. Por sua vez, o art. 11º redige que corte e a supressão de vegetação primária

ou nos estágios avançado e médio de regeneração do Bioma Mata Atlântica ficam

vedados quando a vegetação exercer função de proteção de mananciais, formar

corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em estágio

avançado de regeneração e quando proteger entorno das unidades de conservação. Já o

art. 12º diz que os novos empreendimentos que impliquem o corte ou supressão de

vegetação do Bioma Mata Atlântica deverão ser implementados preferencialmente em

áreas já substancialmente alteradas ou degradadas, e por fim, o art. 14º, desta mesma lei,

afirma que a supressão de vegetação primária e secundária no estágio avançado de

regeneração somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública.

Ao que se trata do Código Florestal Brasileiro pode-se destacar o art. 2º que diz

que consideram-se de preservação permanente, as florestas e demais formas de

vegetação natural situadas ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água de 30 metros

para os cursos d'água de menos de 10 metros de largura e de 50 metros para os cursos

d'água que tenham de 10 a 50 metros de largura.

Conjuntamente, a resolução 303 de 20 de março de 2002 reafirma as

informações supracitadas e ainda adiciona que nas restingas devem ser constituídas

áreas de preservação permanente em faixa mínima de trezentos metros, medidos a partir

da linha de preamar máxima, em qualquer localização ou extensão, quando recoberta

46

por vegetação com função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues como

também manguezais em toda sua extensão e em dunas.

A Figura 16representa uma mapa de APP que pode, através desta legislação, ser

encontrada na área estudada, como se pode observar na figura 5, compreendendo cerca

de 12% da área.

47

Figura 16. Mapa de Área de Proteção Ambiental encontrada na área de estudo.

Ferrari (2009) afirma que assim, como outras leis que vieram a ser expedidas,

mas não funcionam em sua totalidade devido a “brechas”, confusa ou quando não,

desconhecidas pela população, obrigando a serem criadas leis em cima de leis. Como o

48

caso das leis que consideram as áreas de APP, porém quase nunca respeitadas, como

observados em alguns casos em nosso litoral, sendo que na própria área estudada, como

também leis que são expedidas sem consulta popular previa ou sem os devidos estudos,

gerando controvérsias e discussões, como a recente discussão a propósito das alterações

relativas ao novo código florestal brasileiro.

Quadro 3. Instrumentos Legais a Nível Estadual.

BASE LEGAL ESTADUAL

Constituição do Estado de

Santa Catarina, de

05/10/89

Protege a Zona Costeira e a Mata Atlântica, pois diz que

estas áreas são de interesse ecológico e que qualquer

utilização delas depende de autorização.

LEI nº 9.748, de 30/11/94 Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos

LEI Nº 6.063, de 24/05/82 Parcelamento do Solo Urbano

LEI Nº 14.675, de

13/04/2009 Institui o Código Estadual do Meio Ambiente

Fonte: Adaptado do Projeto Orla.

Na legislação estadual cabe ressaltar o recente Código Estadual do Meio

Ambiente que tem como uma de seus princípios a ação governamental na manutenção

do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a

ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. Vale

destacar que entre seus objetivos estão: proteger e melhorar a qualidade do meio

ambiente para as presentes e futuras gerações, assegurar a utilização adequada e

sustentável dos recursos ambientais e proteger e recuperar processos ecológicos

essenciais para a reprodução e manutenção da biodiversidade, portanto sem essencial

para a manutenção da área estudada.

Quadro 4. Instrumentos Legais a Nível Municipal.

BASE LEGAL MUNICIPAL

LEI COMPLEMENTAR nº 017/2007 de

03/12/07

Plano Municipal de Gerenciamento

Costeiro

LEI COMPLEMENTAR Nº 021, de 20/05/08 Zoneamento Ecológico Econômico

Municipal

LEI Nº 204, de 15/10/08 Legislação de Uso e Ocupação do Solo Fonte: Adaptado do Projeto Orla.

Além da legislação pertinente, foi possível verificar que o setor costeiro da área

de estudo, foi objeto do Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima - Projeto Orla de

Itapoá. Este projeto busca ordenar os espaços litorâneos sob domínio da União, onde

cabe destacar ainda a base legal na esfera municipal, que é composta pelo Plano

49

Municipal de Gerenciamento, o Zoneamento Ecológico Econômico Municipal e pela lei

que institui o Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo (Lei Municipal 204/2008).

O Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro de Itapoá foi instituído pela Lei

Municipal Complementar 017/2007 de 03 de dezembro de 2007 (PMI, 2007) e entre

suas previsões são instituídos Instrumentos de Planejamento e Instrumentos de Gestão,

onde segundo Art. 5º aplicam-se a Gestão Municipal da Zona Costeira os seguintes

Instrumentos de Planejamento de forma articulada e integrada:

I. Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro (PMGC): Lei Municipal que

implementa a política de Gerenciamento Costeiro, e define responsabilidades e

procedimentos institucionais para a sua execução, tendo como base o PNGC e

PEGC.

II. Zoneamento Ecológico Econômico Municipal (ZEEM): Lei Municipal que

ordena o processo de ocupação e uso da zona costeira municipal, necessário

para obtenção das condições de sustentabilidade do desenvolvimento da zona

costeira, em consonância com as diretrizes do Zoneamento Ecológico

Econômico Costeiro Estadual e Nacional como mecanismo orientador as ações

de monitoramentos, licenciamentos, fiscalização e gestão.

III. Plano Diretor Municipal (PDM): Leis Municipais que detalham e

regulamentam o processo de ordenamento territorial no perímetro urbano do

município.

IV. Plano de intervenção da orla (PIO): Plano de intervenção local que detalha

e regulamenta o processo de uso e ocupação da orla em sua posição marítima e

terrestre.

Os instrumentos relacionados deverão, segundo a lei complementar, serem

elaborados de forma participativa, estabelecendo diretrizes quanto aos usos permitidos,

permissíveis, proibidos ou estimulados. Então segundo Art. 7º a Gestão Municipal da

Zona Costeira se apoia nos seguintes Instrumentos de Gestão:

I. Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro Municipal (SIGERCOM):

sistema que integra informações georreferenciadas do território Municipal.

II. Sistema de Monitoramento Ambiental Municipal (SMAM): estrutura

operacional de coleta continua de dados e informações para o acompanhamento

de indicadores da qualidade ambiental.

50

III. Relatório de Qualidade Ambiental Municipal (RQAM): consolida

periodicamente os resultados produzidos pelo monitoramento ambiental e

avalia o atingimento de metas que permitam o aprimoramento da gestão.

Para fins de administração e estruturação do projeto Orla em Itapoá, foram

definidas sete unidades e 19 trechos, levando-se em considerações as características

urbanas, paisagísticas e sócio-econômicas predominantes Utilizando-se as classes

genéricas oferecidas pelo Projeto Orla, valendo-se da base conceitual sobre as tipologias

da orla (suporte físico e forma de ocupação), além do conhecimento sobre seus

problemas e potencialidades, tais trechos foram classificados nas classes genéricas A, B

e C (ORLA, 2010). A área estudada está incluída em duas unidades, contemplando um

total de 2 trechos, 1 na unidade „Saí Mirim Guaçu‟ e o outro na unidade „Barra‟.

O Projeto Orla de Itapoá tem como objetivo geral diagnosticar a orla do

Município sob o ponto de vista ambiental, social e econômico a fim de compatibilizar

políticas sociais, ambientais e patrimoniais do governo federal com as respectivas

políticas municipais, estabelecendo assim diretrizes para o ordenamento do uso e

ocupação da orla. Como objetivos específicos identificar e avaliar os principais temas

ambientais, sociais e institucionais na orla de Itapoá assim como seus conflitos e

problemas inerentes; identificar os principais atores (governamentais e não

governamentais) e seus respectivos interesses na orla, assim como verificar as

lideranças governamentais e não-governamentais sobre os temas levantados; selecionar

os temas sobre os quais se enfocará os esforços a iniciativa de gestão da Orla; e, por

fim, definir as metas para a gestão ordenada da orla de Itapoá.

Na sequência serão apresentadas informações dos trechos, com suas descrições

das características, diagnósticos e classificações relevantes, sendo que o segundo trecho

apresenta uma representação gráfica, dos senários atual, tendência e desejado, segundo

o Plano de Intervenção do Projeto Orla para o município de Itapoá no ano de 2010.

Trecho 1 (U1 T1): Saí Mirim Guaçu

Este trecho situa-se na foz do rio Saí-Guaçu e possui características ambientais

decisivas para a implantação de uma Unidade de Conservação. Possui cobertura vegetal

nativa predominantemente íntegra e também um alto grau de naturalidade e

significância da paisagem. Apresenta também ativos ambientes originais em pleno

51

equilíbrio ambiental, sendo pouco frágeis, sem ocupação de forma compatível com as

condições naturais, não possuindo a presença de efluentes, sendo desta forma, um

sistema íntegro.

Inegavelmente com classificação A, este trecho constitui-se em área não

urbanizada, de floresta e de difícil acesso, não possuindo vias para isto. Não há vestígios

de ocupação o que denota um ambiente preservado. Em todo o trecho há presença de

sistema manguezal, tendo no entorno a proteção por Mata Atlântica preservada. Há

ainda, a presença de um sistema hidrográfico com a foz do rio Saí-Guaçu fortalecendo o

ambiente de mangue.

A tendência deste trecho é permanecer praticamente inalterado, sem urbanização

e sem infra-estrutura de lazer e turismo. Sendo possivelmente utilizado mais

intensamente pelo turismo ecológico de visitação da praia não havendo restrições ao de

acesso. Como consequência da utilização e pressão de uso antrópico, pode ocorrer à

deposição de resíduos sólidos nas praia e na caverna, acarretando no comprometimento

da beleza cênica natural e do equilíbrio ambiental.

Já a situação desejada para este trecho é que ele permaneça sem urbanização,

com preservação da cobertura vegetal conservação dos seus principais recursos, para a

manutenção das características ambientais locais. Poderia haver a visitação pública

porém de forma sustentável e organizada, evitando de qualquer forma a urbanização.

Trecho 2 (U2 T2): Barra

Este trecho apresenta características bastante semelhantes se relacionado com o trecho

anterior, situando-se próximo à foz do rio Saí-Mirim. Também apresenta características

ambientais decisivas para a implantação de uma Unidade de Conservação, e sua

classificação em praticamente todos os itens é A. Tem posse de cobertura vegetal nativa

predominantemente íntegra e também um alto grau de naturalidade e significância da

paisagem. Apresenta também ativos ambientes originais em pleno equilíbrio ambiental,

sendo pouco frágeis, sem ocupação de forma compatível com as condições naturais, não

possuindo a presença de efluentes, sendo desta forma, um sistema íntegro. Porém a

diferença principal na comparação é no que diz respeito à presença de resíduos sólidos

na orla, onde ganha classificação B, sendo que apesar de existir a coleta o lixo pode

estar sendo mal acondicionado em áreas próximas a orla. Abaixo observamos as

representações gráficas dos cenários.

52

O cenário atual demonstra uma pressão antrópica sobre a área de estudo, uma

vez que a margem externa a área possui ocupação regularizada pelo Plano Diretor do

município.

Representação do cenário atual do trecho „Barra‟.

Fonte: Projeto Orla Itapoá (2010)

A tendência deste trecho é que haja uma intensificação no processo de

urbanização, aumentando, desta forma, a pressão antrópica sobre a área. A ampliação

das vias de acesso implicará no crescimento da ocupação irregular do ambiente,

causando instabilidade ambiental, como também o aumento da poluição do sistema

hidrográfico. O aumento no nível do mar também merece destaque, sendo que a

urbanização regularizada é encontrada muito próxima da orla.

Representação do cenário tendência do trecho „Barra‟.

Fonte: Projeto Orla Itapoá (2010)

Por sua vez, o cenário desejado é de que não haja uma urbanização irregular,

bem como uma recuperação e preservação da mata siliar da margem externa do rio Saí-

Mirim. Ocorrerá também a organização viária viabilizando o trânsito na localidade, bem

53

como a contenção da subida no nível do mar através de obras de engenharia costeira,

como é possível observar no quadro abaixo

Representação do cenário desejado do trecho „Barra‟.

Fonte: Projeto Orla Itapoá (2010)

Foram pesquisados os registros das propriedades e limites da área de estudo, nas

secretarias do Meio Ambiente e Planejamento do Município de Itapoá, bem como no

cartório de registros contido na cidade, porém não houve sucesso, uma vez que a área

não possui registros oficiais, nem limites estipulados.

Há de se destacar, que em visitas informais a área, juntamente com conversas com

os moradores, existem informações dispersas e imprecisas de grandes empresas

proprietárias de lotes, informações estas não confirmadas pelos órgãos competentes. No

que se trata do Zoneamento Ecológico Econômico (ANEXO I), a área possui três

diferentes zonas estabelecidas na lei complementar municipal nº 021/2008, que institui

o Zoneamento Ecológico Econômico Municipal – ZEEM, que estão dispostas no art. 9º:

I. Zona de Preservação Permanente (ZPP): zona que não apresenta

alterações na organização funcional dos ecossistemas primitivos, estando

capacitada ou com potencial para manter em equilíbrio uma comunidade de

organismos em graus variados de diversidade.

II. Zona de Uso Restrito (ZUR): Zona que apresenta alterações na

organização funcional dos ecossistemas primitivos, porém capacitada ou com

potencial para conservar o equilíbrio de uma comunidade de organismos em

graus variados de diversidade, quando a ocorrência de ocupação humana de

baixo impacto.

54

III. Zona Especial (ZUE): Zona que apresenta os ecossistemas primitivos em

diversos estágios de conservação completamente degradados e que deverão estar

submetida a normas específicas de manejo, uso e ocupação.

Portanto, é possível perceber que além de uma gama de legislações incidentes na

área de estudo, a mesma é contemplada com Projetos, decorrentes de uma Política

Pública Conservacionista. No entanto, tais projetos não foram efetivamente implantados

até o momento, gerando uma exaltada preocupação em relação a manutenção do

ambiente em destaque, uma vez que, implantada uma Unidade de Conservação, ela

representa uma das melhores estratégias de proteção do patrimônio natural (IAP, 2006).

5.3. Percepção dos Atores Envolvidos

Existem diversas maneiras de conduzir entrevistas na pesquisa participativa.

Pode-se dizer, entretanto, que a entrevista semi-estruturada aberta ou semi-direta

fundamenta este tipo de pesquisa. As entrevistas semi-estruturadas são particularmente

úteis para levantar a história popular (etno-história) de um lugar. São também muito

úteis para coletar informações de caráter etnográfico sobre utilização de um recurso

natural e sobre o próprio recurso (SEIXAS, 2005). Segundo este autor, questionários

curtos (estruturados) são úteis para coletar informações quantitativas de forma

padronizada após o pesquisador ter um bom conhecimento sobre o sistema local, como

também mobiliza diversas abordagens e técnicas que podem ser utilizadas no

planejamento, implementação, monitoramento e avaliação da gestão de recursos

naturais, sendo o caso deste trabalho.

No caso da metodologia de informantes-chave, o pesquisador analisa, e elege

representantes formadores de opinião frente a comunidade envolvida no estudo. Desta

forma, foram elencados 3 entrevistados representantes da gestão pública, uma

Organização Não Governamental relacionada a área de estudo e um representante da

comunidade ali instalada. O perfil dos entrevistados mostrou que todos residem no

município de Itapoá, porém são naturais de outros estados que, assim como grande parte

dos moradores da região entrevistados informalmente, o que denota uma ainda recente

urbanização, afirmada em conversas informais com a comunidade.

O representante da sociedade civil pertence ao sexo masculino, sendo que mora há

23 anos no bairro Barra do Saí, que margeia o rio Saí-Mirim, sendo, desta forma, o

morador mais antigo da região. Tem contato diário com a área de estudo, uma vez que

55

sua residência localiza-se às margens do rio, porém não o utiliza como meio de

sobrevivência. Possui um razoável grau de conhecimento da biodiversidade local,

relatando inclusive o aparecimento de cotias, capivaras e diversas espécies de aves.

Relata que a área possui proprietários de lotes, porém esta informação não foi

confirmada em pesquisa junto aos órgãos competentes.

Como problemas, aponta, como principal, as enchentes relacionadas ao

assoreamento do rio que margeia sua propriedade. Segundo ele, quando chegou na

região, o rio possuía uma profundidade de aproximadamente doze metros, sendo que

atualmente não passa dos quatro. Entretanto, ele encara que a área possui uma grande

oportunidade de utilização sustentável como, por exemplo, para o lazer e o

conhecimento da biodiversidade regional, uma vez que utiliza seu terreno para obter

uma parte da alimentação de sua família, através do cultivo de horta e plantação de

bananas.

Destaca, ainda que a área estudada possui um grande potencial para se tornar um

ponto de referência como um portal de entrada para o município, uma vez que a estrada

que dá acesso ao município margeia a parte oeste da área. Porém, para que isto ocorra, é

necessário um processo para a conservação do ambiente, já que vem sofrendo com a

pressão antrópica gerada pela urbanização próxima, considerando de forma ativa a

implantação de estruturas físicas e políticas para que se exerça a conservação,

afirmando que esta, não é somente sua opinião, mas como de toda a comunidade do

Bairro Barra do Saí. Apesar de não possuir conhecimentos específicos a propósito de

Unidades de Conservação, bem como o processo para sua implantação, dá ênfase a

vontade da população local no que diz respeito a conservação da área estudada.

Como representante da Organização Não Governamental, foi elencado o presidente

da Associação de Proteção da Reserva do Mangue da Barra do Saí – Itapoá (SC) –

APREMAI, que realiza um trabalho de vital importância para a conservação do mangue

da Barra do Saí, através da criação de trilhas, trabalhos de educação ambiental com

crianças e adultos. Tem como objetivo conscientizar a comunidade local e o turista

sobre a proteção do meio ambiente, visando, entre outras coisas, evitar a ocupação

desordenada das margens do Rio Saí Mirim e das praias locais (APREMAI, 2011).

Observou-se que o entrevistado visita a área diariamente, sendo que dedica

grande parte de seu tempo para a conservação do ambiente, através de mutirões de

limpeza tanto em caminhadas, como pela de navegação, bem como por meio de

conscientização ambiental de crianças e adultos. Afirma que a conservação do ambiente

56

causou o retorno de espécies, por exemplo, de fauna e flora associadas ao mangue, antes

não mais encontrados. Relata também que a urbanização do Bairro Barra do Saí

degradou o ambiente manguezal, mas que após a criação da ONG, há cerca de oito anos,

houve recuperação de parte do ambiente degradado, bem como conservação da faixa

restante, afirmando também que, para a área de estudo, não houve registros de

proprietários.

Elencou como principal problema a falta de incentivo das iniciativas pública e

privada, até mesmo para preservar outras áreas verdes que sofrem com a pressão

antrópica, como também ressaltou o assoreamento do rio Saí-Mirim. Contudo vê a área

com otimismo, ao se tratar da oportunidade do oferecimento de projetos de educação

ambiental, atividades sociais e culturais, que atualmente já são aplicadas pela ONG, mas

espera um maior apoio e participação ativa no processo de implantação e manejo de

uma futura Unidade de Conservação a ser implementada.

Considera a área um ponto de referência, devido a beleza cênica e

biodiversidade, e que proporciona grandes benefícios para sua família, melhorando a

qualidade de vida dos mesmos. Gostaria também de estruturas que otimizem o lazer e a

informação, como locais para cursos e palestras, bem como turismo ecológico. Seu

anseio para a área é de que a APREMAI siga administrando a conservação da área,

como também haja um projeto de desassoreamento destinado ao Rio Saí-Açu.

Possuí um bom conhecimento relacionado as Unidades de Conservação, e

afirmando que gostaria que fosse implantada, desde que venha complementar o trabalho

realizado pela ONG, uma vez que é necessário a preservação do mangue existente,

porém desconhece os procedimentos para a implantação.

Por sua vez, o representante do Governo Municipal ocupa o cargo de Diretor no

Departamento de Meio Ambiente do município de Itapoá. Tem por costume visitar a

área de estudo com o objetivo de fiscalização, sabendo que é um local de interação entre

ecossistemas terrestres, marinhos e de transição. Elencou como principais problemas a

ocupação irregular e pressão antrópica, mas não possui o conhecimento de proprietários

de lotes, afirmou que a área traz benefícios para o município, considerando um ponto de

referência por conta da singularidade ecológica do local.

Afirma que a educação ambiental deve ser a atividade ideal praticada na área,

devendo ser realizado em uma futura UC, entendendo que é um local ambientalmente

protegido por lei, e é de extrema necessidade, considerando a proteção dos elementos de

flora e fauna presentes na região. A categoria desejada é a de APA, para proteção da

57

diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade

do uso dos recursos naturais, tendo conhecimento dos procedimentos a serem adotados

para a ação.

Portanto, foi possível verificar que o interesse dos entrevistados é o de conservar

o local, implantando uma Unidade de Conservação, tanto pela sua estrutura física, como

biológica, devido sua beleza paisagística, biodiversidade e tranquilidade para o lazer e

educação ambiental. Mostraram-se receosos com a especulação imobiliária, pressão

antrópica e urbanização irregular que estão ocorrendo por todo o entorno da área,

enfatizando assim, a necessidade de proteção deste local, acreditando que a área possa

vir a ser um ponto de referência para o município e deve ser protegida, assim como

Ferrari (2009) afirma que os usuários de ambientes conservados estão preocupados em

proteger os recursos naturais destes ambientes, principalmente de especulações

imobiliárias que possam vir a ocorrer, assim como em conservar e agregar mais valor ao

local e entorno, gerando emprego e renda.

É necessário ainda, ressaltar o trabalho da APREMAI, fazendo um trabalho

preventivo na conservação do ambiente ali encontrado, seguindo a diretriz IV do SNUC,

que diz que é necessário buscar o apoio e a cooperação de organizações não

governamentais, de organizações privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de

estudos, pesquisas científicas, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de

turismo ecológico, monitoramento, manutenção e outras atividades de gestão das

unidades de conservação (BRASIL, 2000).

Cabe ainda dizer, que se faz necessário medidas disseminem para a comunidade

os procedimentos adotados para a implantação de Unidades de Conservação, visando o

correto conhecimento no que diz respeito aos procedimentos adotados para isto, visto

que Santos (2005) afirma que o Estado sozinho não possui as condições e as

prerrogativas políticas para encontrar soluções socialmente aceitas para os atuais

problemas ambientais, relacionados a conservação, relatando ainda que a participação

popular e o aumento das capacidades e habilidades dos atores sociais desempenham um

papel-chave na busca de soluções para estes problemas.

5.4. Oportunidades e Ameaças na Conservação Local

A imagem do uso e cobertura do solo área de estudo, a análise dos tipos

vegetacionais, e as entrevistas realizadas, proporcionam informações úteis sobre as

58

ameaças, bem como as oportunidades, que a conversão de terras apresenta em um

sistema natural (SAYRE, et al, 2000).

Portanto, para uma análise mais objetiva, foram identificados os pontos fortes

conjuntamente com o potencial de oportunidades para o ambiente estudado conforme

Quadro 5.

Quadro 5. Pontos Fortes e Oportunidades à conservação da área de estudo.

PONTOS FORTES OPORTUNIDADES

Beleza Cênica Existente Visitação

Facilidade ao acesso marginal Visitação, Pesquisa e Educação Ambiental

Parte da área protegida por APP Implantação de UC

Interesse dos atores envolvidos na

conservação da área

Visitação, Pesquisa educação Ambiental, medidas de

conservação, gestão participativa.

Manejo do manguezal através de

Organização Não Governamental

Pesquisa, Educação Ambiental e medidas de

conservação.

Diversidade de Ecossistemas Visitação, Pesquisa, Educação ambiental e medidas

de conservação.

Biodiversidade Visitação, Pesquisas e Educação Ambiental.

Proximidade instituições de ensino de

pesquisa Pesquisas e Educação Ambiental

Atuar como Trampolim Ecológico Conservação da Biodiversidade

É plausível afirmar que, as atividades de visitação referem-se à possibilidade de

lazer, recreação em contato com a natureza, contemplação e educação ambiental.

Marenzi (1996) realizou uma pesquisa no município de Penha que diz respeito das

preferências paisagísticas da comunidade, resultando que paisagens contendo

naturalidades, complexidades topográficas e diversidade de elementos são as que

apresentam maior preferência para a contemplação. Como comprovado nas entrevistas

semi-estruturadas com os atores envolvidos, e com as conversas informais, a população

local atribui ao local valor cênico devido ao grau de tranquilidade e naturalidade da

paisagem (Figura 17), sendo estes os atrativos para o lazer de forma geral, como também

para a educação ambiental (Figura 18).

Desta forma, o conjunto de pontos fortes que abrangem o interesse do

representante do setor público e de parte da comunidade na conservação do local,

concomitantemente com a legislação vigente que protege parte da área como APP, e

ainda a diversidade de ecossistemas, destacando o ambiente manguezal resultam nos

atributos cênicos únicos, podem propiciar bem estar e saúde mental aos moradores e

visitantes da área, e recursos econômicos através de ecoturismo, por exemplo, gerando

59

empregos para a comunidade e incentivos diretos, ou indiretos, ao comércio da região

(FREITAS et al, 2000)

Segundo Ferrari (2009), com a proteção da área através da criação de uma UC a

tendência é que a beleza cênica seja potencializada, com adoção de infra-estrutura

adequada, assim como a proteção dos remanescentes naturais, que poderão propiciar o

desenvolvimento e regeneração dos ecossistemas atraindo a fauna associada, trazendo

mais atrativos paisagísticos à área e resgatando a estima da comunidade pelo local,

incentivando o seu cuidado. Na área de estudo o trabalho realizado pela APREMAI

demonstra este cuidado (Figura 18), embasando os anseios levantados em relação ao

manejo e administração a serem feitos por pessoas qualificadas e de acordo com a lei.

Ainda, a facilidade de acesso existente pela estrada que margeia toda a parte

oeste da área, pode ser considerada um ponto forte por contribuir para a visitação

pública de uma futura UC estabelecida na área, e com isso promover o desenvolvimento

do comércio na região, incrementando as atividades turísticas. No entamto, deve existir

uma planejamento para que a visitação ocorra de forma ordenada e o turismo voltado a

sustentabilidade ambiental, reconhecido como ecoturismo.

Uma informação ainda relevante é a proximidade de instituições de pesquisa

tanto do Estado do Paraná, como também de Santa Catarina, que podem dar suporte

para pesquisas, subsidiando não somente a implantação da Unidade de Conservação,

mas também seu manejo e administração.

Segundo Di Bitetti (2003) trampolins ecológicos são áreas estratégicas servindo

na Paisagem de Conservação da Biodiversidade como “ilhas” que podem tanto facilitar

o fluxo gênico de espécies que transitam por uma matriz não florestal quanto ajudar no

planejamento e implementação de corredores biológicos, sendo que, em alguns casos,

ajudam a aumentar a representatividade de algumas unidades de paisagem. Desta forma,

com a proximidade da APA de Guaratuba e da RPPN Volta Velha, a área de estudo

atuará como trampolim ecológico, principalmente para as espécies de avifauna, pois não

existe uma conectividade total, considerando alguns espaços já ocupados e alterados

entre estas unidades.

60

Figura 17. Imagem da foz do rio Saí Mirim, Itapoá, SC, e seu alto grau de beleza cênica.

Fonte: APREMAI

Figura 18. Placas informativas e trilhas oriundas do trabalho da APREMAI auxiliam

na preservação do ambiente em destaque

Assim como as oportunidades, os problemas foram embasados pelo resultado

das entrevistas com os atores envolvidos, conforme indica Seixas (2005), com visitas ao

local e o mapeamento, devem ser levantados os pontos fracos como Ameaças à

conservação da área estudada, conforme a Quadro 6.

61

Quadro 6. Pontos Fracos e Ameaças à conservação da área de estudo.

PONTOS FRACOS AMEAÇAS

Facilidade no Acesso Invasão, urbanização irregular, abertura de trilhas e clareias

e conflitos de uso.

Falta de iniciativa dos órgãos

competentes

Invasão, conflitos de uso, redução de oportunidade para a

comunidade.

Fragmentação Redução na Biodiversidade, efeito de borda.

Falta de infra-estrutura Risco a visitação, danos à área.

Pressão antrópica/expansão

urbana/Ocupações Irregulares

Redução na Biodiversidade, especulação imobiliária

alterações na beleza cênica e redução de oportunidades

para a comunidade.

Assoreamento e Poluição do rio

Saí-Mirim

Redução na Biodiversidade, redução do potencial de

visitação, enchentes gerando risco a comunidade.

Efeito de Borda Redução da Biodiversidade, alteração na paisagem.

Abertura de clareiras e estradas

irregulares Redução da Biodiversidade, alteração na paisagem.

Uso irregular da área de estudo Alteração da paisagem, redução da beleza cênica.

Introdução de Espécies Exóticas Redução da Biodiversidade, redução da beleza cênica

natural.

Um dos principais problemas elencados, é o acesso marginal facilitado, o que

gera o efeito de borda, como também a possibilidade da abertura de trilhas e clareiras

irregulares e o uso desordenado desta região, causando a degradação do ambiente, como

pode-se observar nas Figura 19,Figura 20 e Figura 21. Cabe ainda ressaltar que, este

ponto fraco foi também considerado como ponto forte, uma vez que pode facilitar a

visitação, aproximando as pessoas à área e desta forma, despertar o interesse na

proteção da área. Portanto, a facilidade de acesso deve ser objeto de planejamento de

uso e monitoramento ambiental.

62

Figura 19. Clareira gerada pela criação de uma trilha irregular, destacando as

espécies exóticas.

Figura 20. Uso desordenado da área, juntamente com alteração da paisagem.

63

Figura 21. Efeito de borda observado na margem da estrada.

Outro problema relatado pelos atores envolvidos é a pressão antrópica exercida

sobre a área de estudo como pode se observar na Figura 22. Estas pressões,

conjuntamente com a especulação imobiliária, causam desconforto na comunidade como

também trazer problemas de ocupações irregulares, gerando a preocupação com a

poluição e assoreamento do rio que banha esta região. Houve relatos que o receio, no que

diz respeito a enchentes, aumenta a cada chuva que ocorre na região. Esta preocupação

decorre desde a enchente que assolou a região em novembro de 2008. Segundo Cruz

(2010), esta enchente foi marcada como a pior no município de Itapoá, atingindo uma

pluviosidade total de 890,6 mm. Estas chuvas foram responsáveis por alagamentos e

deslizamentos de terra, os quais acarretaram em grandes prejuízos a população. Desta

forma, a preocupação com o assoreamento deste rio e que preocupa os atores

entrevistados, tem razão em existir.

64

Figura 22 Pressão antrópica na margem externa do rio Saí-Mirim.

Fonte: APREMAI

Apesar da situação de conservação do lugar, são observadas atividades de

retirada de vegetação, sejam por abertura de trilhas, estradas e clareiras. Observa-se

ainda, distúrbios na área decorrentes do uso incorreto na margem da rodovia, como

também por conta da pressão exercida sobre o ambiente. Estes modos de uso

caracterizam-se por fragmentar a área, passando a isolar núcleos com vegetação e

afugentar a fauna, aumentando a exposição do solo, modificando não somente a

paisagem, mas também os tipos vegetacionais e faunísticos que ali se encontram. A falta

de fiscalização e gestão adequada da área acarretam problemas no que diz respeito a

invasão irregular, bem como uma futura extração de recursos oriundos da área de

estudo.

5.5. Categorização da Unidade de Conservação

Os sistemas de unidades de conservação possuem, em geral, uma amostra

enviesada da biodiversidade, dado que muitas reservas foram alocadas em locais

remotos ou simplesmente em áreas que não apresentam nenhum outro uso potencial

(NURIT, 2006). A APA de Guaratuba localiza-se próxima a área de estudo, sendo então

que essa, como futura UC, se constitui em um remanescente de extremo interesse para a

biodiversidade da região, principalmente quando são relacionadas diversas manchas

65

como trampolins ecológicos (possíveis corredores), formando um reduto para diversas

espécies de fauna e flora.

Considerando as áreas naturais ainda relativamente conservadas, sua

biodiversidade e seus recursos paisagísticos atrativos às diferentes formas de utilização,

as Unidades de Conservação (UCs) surgem como forma de resguardar e de proteger

ecossistemas, podendo propiciar ao mesmo tempo, oportunidade de um usufruto

programado e controlado (MARENZI et al, 2005). Baseando-se nas oportunidades e

ameaças apresentam-se como requisitos da UC proposta, os seguintes usos e restrições:

•Permitir a visitação pública com fins recreativos e educacionais;

•Permitir a pesquisa científica;

•Permitir o manejo para a adequação da área à visitação (implantação de trilhas e

placas informativas, entre outros);

•Permitir a participação social no processo de implantação e manejo da UC;

•Proibir a exploração de recursos naturais; e

•Proibir a ocupação humana na área de estudo.

Cabe ainda ressaltar, que na criação de uma UC, todas estas atividades seriam

permitidas ao tempo que sujeitas às normas e restrições estabelecidas no Plano de

Manejo (BRASIL, 2000). Portanto, foram analisadas as opções de UCs apropriadas,

considerando as características da área, como também os anseios dos entrevistados,

conforme Quadro 7, onde se efetuou o cruzamento das informações pertinentes as

restrições de uso de cada uma das categorias considerando o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação e os usos visados na UC proposta, conforme Cuadrado (2005)

adaptado ao SNUC (BRASIL, 2000), adotando um padrão de seleção de categoria de

UC por eliminatória daquelas menos indicadas.

66

Quadro 7. Categorização de Unidade de Conservação para a área de estudo.

Exploração do

Recursos Domínio

Visitação Pública e

Recreação

Educação

Ambiental

Pesquisa

Científica

Ocupação Humana

(Residentes)

Participação

Social

Área de Estudo –Situação Atual Não Indefinido Não Sim Não Sim Não

Área de Estudo –Situação Ideal Não Público Sim Sim Sim Não Sim

UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL

I ESTAÇÃO ECOLÓGIA Não Público1 Não Sim

2 Sim

2 Não Sim

II RESERVA BIOLÕGICA Não Público1 Não Sim

2 Sim

2 Não Sim

III PARQUE NAC/EST/MUN Não Público1 Sim

3 Sim

2 Sim

2 Não Sim

IV MONUMENTO NATURAL Não Público e

Privado4

Sim3 Sim Sim Não

5 Sim

V REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE Não Público e

Privado4

Sim3 Sim

3 Sim

3 Não

5 Sim

UNIDADE DE USO SUSTENTÁVEL

I AREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL Sim8

Púbico e

Privado6

Sim Sim7 Sim

7 Sim Sim

II ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE

ECOLÓGICO Sim

8

Público e

Privado6

Sim7 Sim

7 Sim

7 Sim Sim

III FLORESTA NAC/EST/MUN Sim9 Público

1 Sim

3 Sim

3 Sim

2 Sim

3 Sim

IV RESERVA EXTRATIVISTA Esta categoria contempla uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais.

V RESERVA DE FAUNA Sim9 Público

1 Sim

3 Sim

3 Sim

3 Sim

3 Sim

VI RESERVA DE DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL Esta categoria contempla uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais.

VII RPPN Não Privado Sim3 Sim

3 Sim

3 Sim

3 Não

Requisito Não Cumprido Categoria Descartada Categoria Aprovada

1 É de posse de domínio público, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispões a lei.

2 Sujeita à prévia autorização do órgão responsável pela administração da UC, às condições e restrições por este estabelecidas e aquelas previstas em regulamento.

3 Sujeitas as normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da UC, às normas estabelecidas pelo órgão responsável pela sua administração e aquelas previstas em regulamento.

4 Pode ser constituído por áreas particulares desde que seja possível compatibilizar os objetivos da UC com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários.

5 Permite ocupação desde que atenda as restrições e respeite os objetivos da UC.

6 Respeitados os limites constitucionais, devem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização das propriedades privadas.

7 Nas áreas de domínio público serão estabelecidas regras pelo órgão gestor da UC e no caso das áreas privadas, autorizadas pelos proprietários, observadas as exigências e restriçõe

8 Permite apenas a exploração sustentável, dentro das normas e restrições estabelecidas pelo Plano de Manejo da UC.

9 Com fins de pesquisa e manejo.

67

Para uma área ser considerada como apropriada para a criação de uma UC

federal, estadual ou municipal, ela deve ter duas ou mais das seguintes características,

listadas, indicados nos Quadro 8, Quadro 9 e Quadro 10, onde os requisitos para cada

categoria são cruzados com as características da área de estudo (IBAMA/GTZ, 2001).

Quadro 8. Requisitos para uma UC de nível Federal.

Requisitos – Nível Federal Área e

Estudo

Seus limites devem incluir 1 ou mais estados Não

Possuir grande extensão em relação a área ainda intacta do bioma Sim

Proteger Bacia Hidrográfica de importância nacional Não

Ter a presença confirmada de espécies de fauna ou flora ameaçadas de extinção

protegidas por legislação federal Não

Incluir ecossistemas relevantes a nível nacional Sim

Atuar como corredor ecológico conectando duas ou mais unidades de

conservação já existentes. Sim

Abrigar elementos de valor histórico, cultural ou antropológico de

interesse nacional ou de grande beleza cênica. Sim

Quadro 9. Requisitos para uma UC de nível Estadual.

Requisitos – Nível Estadual Área e Estudo

Seus limites devem incluir 1 ou mais municípios Não

Proteger bacias hidrográficas importantes a um conjunto de municípios. Sim

Ter a presença confirmada de espécies de fauna ou flora ameaçadas de

extinção protegidas por legislação estadual e/ou federal. Não

Incluir ecossistemas relevantes em nível regional ou estadual. Sim

Atuar como corredor ecológico conectando duas ou mais unidades de

conservação já existentes. Sim

Abrigar elementos de valor histórico, cultural ou antropológico de

interesse estadual ou de grande beleza cênica Sim

Quadro 10. Requisitos para uma UC de nível Municipal.

Requisitos – Nível Municipal Área e

Estudo

Proteger ecossistemas relevantes em nível municipal. Sim

Proteger cursos de água e nascentes de interesse do município. Sim

Atuar como corredor ecológico conectando duas ou mais unidades de

conservação já existentes. Sim

Abrigar elementos de valor histórico, cultural ou antropológico de interesse

municipal ou de beleza cênica. Sim

Item Não Cumprido Item a definir Item cumprido

A existência de objetivos de conservação em um país, evidencia a necessidade

das unidades de conservação, em seu conjunto, sendo estruturadas em um sistema,

tendo por finalidade organizar, proteger e gerenciar estas áreas protegidas (BRASIL,

2000).

68

Variada é a natureza, variada também pode ser a forma de manejá-la. Esta

abordagem leva, a fazer uma distinção entre os recursos que são passíveis de uma

medição monetária, chamados naturais, e os que, via de regra, não se amoldam às regras

da valoração, denominados recursos ambientais (CUADRADRO, 2005). Sendo assim,

algumas categorias de UCs representam uma oportunidade de desenvolvimento de

modelos de utilização sustentável dos recursos naturais. Quanto aos recursos

ambientais, valores estéticos e culturais, oferecem condições para sua proteção e

conservação.

Para indicar a categoria mais adequada a ser implantada na área de estudo, foram

analisadas as fragilidades e potencialidades determinadas na área, a fim de cruzar o

manejo desejado com o manejo permitido e preferencial de cada categoria de UC

aprovada pelas determinações legais, bem como em qual nível, seja federal, estadual ou

municipal se encaixa, segundo metodologia descrita na Guia de Chefe (IBAMA/GTZ,

2001)

Determinou-se que a área de estudo é uma área própria para visitação recreativa

e educacional e pesquisa cientifica, na qual deveria ser feito um manejo de maneira a

conservar a biodiversidade e adequar a área ao uso público. Também é preciso apontar a

importância da participação da comunidade nas tomadas de decisão referentes à criação

e manejo da UC (BRASIL, 2000).

Portanto, de acordo com todos os parâmetros analisados na presente pesquisa,

constatou-se a viabilidade de uma UC na área de estudo, indicando que esta configure

em uma categoria de Proteção Integral dentro do SNUC, tendo caráter federal, estando

preliminarmente entre Parque Nacional, Monumento Natural, ou ainda, Refúgio da Vida

Silvestre. Outras categorias ou são muito restritivas, impedindo a visitação, o que

ocasionaria uma resistência da população frente ao potencial da área, ou são pouco

eficientes quanto à efetividade na conservação (grupo de uso sustentável).

A categoria Monumento Natural visa à proteção de um local de interesse,

geralmente um sítio abiótico conforme Brasil (2000). Poderia se referir a área de estudo

pela beleza cênica, porém esta categoria não tem como objetivo proteger ecossistemas e

biodiversidade. Assim, a categoria de Monumento Natural, não permite a gestão

requerida na área (BRASIL, 2000).

Por sua vez, a categoria de Refugio de Vida Silvestre objetiva proteger

ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de

espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória (BRASIL,

69

2000). Observa-se que esta categoria é mais focada na conservação de fauna

característica, o que leva à maior restrição de usos na área. Estudos mais profundos das

espécies existentes na área podem constatar a necessidade de manejo das espécies, mas

até o momento, a proteção da fauna, não é um objetivo principal na gestão e

planejamento proposto e sim a conservação do ecossistema e da biodiversidade, como

um todo. Portanto, também esta categoria não corresponde as características e objetivos

de conservação da área de estudo.

Parques têm como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de

grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas

científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, na

recreação em contato com a natureza e ecoturismo (BRASIL, 2000). Esta categoria é a

mais adequada a ser implantada segundo avaliação das oportunidades e ameaças da

área, permitindo uma gestão e adequação à visitação recreativa e educacional ao tempo

que permitindo a conservação ambiental da área de estudo. Quando criadas no âmbito

Nacional, Estadual ou Municipal serão denominadas, respectivamente, Parque Nacional,

Parque Estadual e Parque Natural Municipal (BRASIL, 2000).

Portanto, o presente trabalho defende a criação de um Parque Nacional,

abrangendo 86 % da área de estudo (Figura 23), procurando maior visibilidade à área,

uma vez que, os âmbitos estadual e municipal também são compatíveis (Quadro

8Quadro 9 e Quadro 10). Com fins de minimizar o impacto no entorno da UC proposta,

as porções de área urbanizada que compõe a área de estudo, em conjunto com a região

do entorno, em dimensões a serem definidas, devem compor a Zona de Amortecimento

(Figura 23), onde se estabelece normas de restrição de uso, conforme Brasil (2000).

Contudo há divergência entre o interesse do representante do poder público,

com a categoria proposta, uma vez que foi indicada a criação de uma Área de Proteção

Ambiental (APA), pelo gestor representante, possivelmente, por conta da ausência de

recursos com destino às desapropriações.

Desta forma, as classes área urbanizada, e Floresta Ombrófila Densa Alterada

(Figura 4) podem ser excluídas da área de interesse da implantação do Parque,

reduzindo os valores necessários à regularização fundiária da área, já que onde existe

infraestrutura (edificações, obras afins) o valor venal do imóvel é maior. Isto

considerando que a categoria Parque é de uso público, sendo que propriedades

particulares em seu interior devem ser desapropriadas e indenizadas. No entanto,

mesmo assim, para a implantação desta categoria será necessário investimentos

70

financeiros e indenização das porções não ocupadas, mas com proprietários, pois

mesmo que não se conheça a situação fundiária, é possível deduzir que a área de estudo

é constituída de imóveis particulares.

Figura 23 Mapa da Área da Unidade de Conservação a se Implantada e sua Zona de Amortecimento.

71

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa em questão possui análise holística, considerando a dimensão

ecológica, incluindo o aspecto fisionômico e social, assumindo que a paisagem é

resultado da ação conjunta destes elementos. Permitiu identificar o potencial de

aproveitamento e uso da região de forma saudável e sustentável. Os resultados da

investigação poderão servir como base para futuros estudos científicos e educação

ambiental dando alternativas para um envolvimento mais justo e verdadeiro com a

natureza.

Na área estudada encontra-se uma das paisagens naturais mais representativas

em termos de conservação, se comparadas a outras áreas do Estado de Santa Catarina.

Possui um ecossistema complexo, envolvendo diversas tipologias vegetais, tornando-o

marcante e de extrema necessidade de se manter conservado. Comprovadamente com

potencial paisagístico e de lazer existente na área, estes podem propiciar recursos

econômicos através do ecoturismo, gerando empregos para a comunidade e incentivos

no comércio e rede hoteleira da região, bem como o incentivo a pesquisas científicas e

medidas para a educação ambiental e recreação.

Porém, esta área apresenta situação de alta especulação imobiliária e pressão

antrópica oriunda da urbanização presente no entorno. A geomorfologia local acentua

ainda mais esta pressão, pois se trata de uma planície costeira de fácil acesso, tendo

como limite leste o oceano atlântico.

Desta forma, recomenda-se a criação de uma Unidade de Conservação neste

local, sendo a melhor estratégia de proteção, e devido à situação de naturalidade do

fragmento estudado, a fim de conservar no município este valoroso recurso, que se

manejado de forma adequada pode gerar divisas ao mesmo tempo em que promove a

conservação ambiental, através de uma gestão integrada e participativa, envolvendo a

comunidade local como parceira no processo de viabilização da mesma.

Para isto é preciso também mudanças nas percepções e nos valores em relação à

questão ambiental, não somente da comunidade diretamente afetada, mas dos

frequentadores e turistas que visitarão o local.

Portanto, esta área pode promover também possibilidades de pesquisas e

mudanças de percepção. Sendo considerado um local para atender a educação ambiental

na prática, pois, para a educação ambiental atingir seus objetivos exige uma

72

sensibilidade especial para as coisas da natureza e para a melhoria da estrutura da

sociedade.

A área de estudo, como objeto de conservação, pode ainda compor parte de um

sistema maior no município de Itapoá, contribuindo para a conectividade de corredores

ecológicos, na manutenção de outras áreas protegidas, entre as quais, a Área de Proteção

Ambiental (APA) de Guaratuba e a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN)

Volta Velha.

Considera-se que, uma vez valorada sua real importância socioambiental, o

estudo potencializará as qualidades da região como atrativo turístico sustentável,

propiciando, além de valores diretos socioeconômicos ao município, maior qualidade de

vida da população e usuários, valorizando ainda mais o trabalho já realizado pela ONG

APREMAI.

Sendo assim, a paisagem desta região poderá passar a representar um maior

valor à sociedade como recurso a ser protegido, resultando em benefícios de contato

com a natureza e em alternativa socioeconômica. Com a implantação de um Parque

Nacional, a área possuirá uma visão diferenciada gerando benefícios superiores caso a

região seja ocupada discriminadamente pela urbanização desenfreada e pela

especulação imobiliária.

Finalmente, é importante ter em mente que existem muitos tipos de análise que não

devem ser confundidas com a AER. Por exemplo, uma AER não é um inventário

exaustivo dos recursos biológicos de uma área; um programa de monitoramento da

biodiversidade; uma avaliação estatística rigorosa das relações ecológicas; uma

avaliação de impactos ambientais; um plano e manejo; uma pesquisa básica para a

compreensão dos processos ecológicos; uma avaliação rural rápida ou algum outro

instrumento de levantamento socioeconômico; uma análise para detectar mudanças nas

características da paisagem; um modelo que ofereça discrição ou prognóstico que

expliquem a distribuição da biodiversidade; ou uma avaliação de representatividade

para projetar uma rede de sítios, que conservem a biodiversidade representativa de uma

região. Porém sim uma ferramenta útil para a conservação, sendo cada vez mais

implementada para rápida caracterização da biodiversidade de uma área, sendo

particularmente adequada para a caracterização eficiente da paisagem e da

biodiversidade de grandes áreas relativamente pouco conhecidas.

É necessário que o Brasil desperte para um caminhar não somente para

implantação de unidades, mas também visando o manejo correto atento sempre para o

73

possível potencial da área candidata para tornar-se uma UC, caso contrário muito em

breve encontraremos um quadro irreversível em relação às áreas conservadas no país.

Enfim, este trabalho visa, através da implantação da UC, maiores incentivos,

viabilizando o melhor uso da área, com ações educativas que objetivem a conservação

do meio ambiente.

74

7. RECOMENDAÇÕES

Tendo em vista os resultado e conclusões desta pesquisa, é possível deixar

algumas recomendações que poderão minimizar alguns problemas revelados como:

• A implantação do Parque Nacional na área de estudo, incentivando parcerias

entre atores envolvidos, não deixando de valorizar o trabalho já realizado pela ONG

APREMAI, dando continuidade aos serviços de educação ambiental.

• A continuidade dos estudos levando estes ao nível de espécies, cobrindo a

deficiência na falta de dados científicos relacionados à área.

• A obtenção de melhores imagens aéreas que cubram todo o ambiente

relacionado, com fins de incentivo a futuras pesquisas.

• Um profundo levantamento histórico fundiário da área de estudo para a

verificação das propriedades e prevenir possíveis processos de urbanização irregular.

• A implantação de projeto de recuperação das áreas já degradas e minimização

do efeito borda, através do plantio de espécies nativas.

• Inclusão da comunidade de pescadores nos projetos de conservação e

preservação da área.

• Por fim, a adoção de medidas que evitem a fragmentação na região de maneira

a poder contar com a conectividade existente entre a APA de Guaratuba e a RPPN Volta

Velha, principalmente como forma de manutenção destes fragmentos naturais costeiros.

75

8. REFERÊNCIAS

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192p.

79

9. APÊNDICES

9.1. APÊNDICE I - QUESTIONÁRIO

QUESTIONÁRIO:

DADOS PESSOAIS:

OCUPAÇÃO:

NATURALIDADE:

LOCAL DE DOMICÍLIO:

PERCEPÇÃO DA ÁREA:

VOCÊ POSSUI CONHECIMENTO DA ÁREA DE ESTUDO? SIM ( ) NÃO ( )

TEM POR COSTUME VISITAR OU ACESSAR A ÁREA DE ESTUDO?

NÃO FREQÜENTA ( ) DIARIAMENTE ( ) FINAIS DE SEMANA ( )

EVENTUALMENTE ( ) OUTROS:__________________________________

O QUE COSTUMA FAZER?

PESCAR ( ) PARA DESLOCAMENTO ( ) ACAMPAR ( ) CAÇAR ( ) OUTROS:

O QUE CONHECES DA BIODIVERSIDADE DO LUGAR?

O QUE CONHECES DA HISTORIA DO LUGAR? E SOBRE ANTIGOS E ATUAIS

PROPRIETÁRIOS?

QUAIS PROBLEMAS?

QUAIS AS OPORTUNIDADES?

O QUE ACHAS DO ESTADO DE CONSERVAÇAO ATUAL DO LOCAL?

A ÁREA TRAZ BENEFÍCIOS PARA VOCE E SUA FAMÍLIA?

80

VOCE CONSIDERA O LOCAL COMO UM POSSÍVEL PONTO DE REFERÊNCIA

PARA A CIDADE DE ITAPOÁ? POR QUE?

QUE TIPO DE INSTALAÇÕES OU SERVIÇOS VOCÊ CONSIDERARIA IDEAIS

PARA O LOCAL?

O QUE GOSTARIAS QUE ACONTECESSE NA ÁREA DE ESTUDO?

CONHECIMENTOS GERAIS:

O QUE ENTENDES POR UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (UC)?

GOSTARIA QUE FOSSE IMPLANTADO UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

NA ÁREA?

SIM ( ) NÃO ( ) POR QUE??

QUAL CATEGORIA? POR QUE?

VOCÊ CONHECE OS PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS PARA ESTA

AÇÃO?

81

9.2. APÊNDICE II – Termo de Ética da Pesquisa

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PROJETOS

DE PEQUISA

Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, de um projeto de

PESQUISA DE Trabalho de Conclusão de Curso de Oceanografia. Após ser

esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo,

assine ao final deste documento, Em caso de recusa você não será penalizado(a) de

forma alguma.

INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO DE PESQUISA

Título do Projeto: Caracterização de uma área no município de Itapoá (SC) através da

Avaliação Ecológica Rápida (AER) como subsídio para a implantação de uma Unidade

de Conservação Costeira.

Pesquisador Responsável: Rafael Fernando Mora

Telefone para contato: (47) 9621-0008

Orientador Responsável Rosemeri Carvalho Marenzi

Telefone para contato: (47) 3341-7717

- Objetivo Geral:

- Metodologia: Será utilizado roteiro semi-estruturado, cujas entrevistas serão

gravadas para posterior análise. Salienta-se que os nomes dos entrevistados não

serão divulgados no trabalho, mas eventualmente, a instituição que representa.

- Os resultados deste Projeto comporão o trabalho de Conclusão de Curso, que

após submissão em Banca será impresso e entregue a Prefeitura de Itapoá, mas

caso haja interesse será possível disponibilizar uma cópia dos resultados do

trabalho

- Se desejar retirar o consentimento, poderá fazê-lo a qualquer momento.

- Assinatura do Pesquisador Responsável:

______________________________________

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO

Eu, _____________________________________, abaixo assinado, concordo em

participar do presente estudo. Fui devidamente informado e esclarecido sobre o projeto,

os procedimentos nele envolvidos decorrentes de minha participação. Foi-me garantido

que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve à qualquer

penalidade.

Local e data:

_______________________________________________________________

Nome:

____________________________________________________________________

Assinatura:

________________________________________________________________

Telefone para contato:

_______________________________________________________

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10. ANEXOS

10.1. ANEXO I – Zoneamento Ecológico Econômico do Município de Itapoá