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FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA GESTÃO EM AUDITORIA, PERÍCIA E LICENCIAMENTO AMBIENTAL NOTA: 9,5 FRANKLIN MARTINS DE OLIVEIRA [email protected] CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA FORMAL DE COLETA DE LIXO DE NOVA XAVANTINA-MT ÁGUA BOA-MT/2012

CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA FORMAL DE COLETA DE LIXO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20150926104041.pdf · variar de pessoa para pessoa, pois o que é lixo para um pode

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FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA

GESTÃO EM AUDITORIA, PERÍCIA E LICENCIAMENTO AMBIENTAL

NOTA: 9,5

FRANKLIN MARTINS DE OLIVEIRA

[email protected]

CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA FORMAL DE COLETA DE LIXO DE NOVA XAVANTINA-MT

ÁGUA BOA-MT/2012

FRANKLIN MARTINS DE OLIVEIRA

CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA FORMAL DE COLETA DE LIXO DE NOVA XAVANTINA-MT

Monografia apresentada ao curso de pós-graduação em MBA- Gestão em Auditoria, Perícia e Licenciamento Ambiental da Faculdade de Ciências Contábeis e Administração do Vale do Juruena como exigência parcial para obtenção do título de especialista em Gestão em Auditoria, Perícia e Licenciamento Ambiental.

ÁGUA BOA-MT/2012

DEDICATÓRIA

A Deus, a toda minha família, e amigos (as) que sempre

se fazem presentes em minha vida me incentivando,

Dedico.

AGRADECIMENTOS

Ao longo de toda vida passamos pelas mais diversas situações,

conhecemos tantas pessoas, vivemos tantos momentos, nesse caminho nos

deparamos com lutas, e é ao fim de cada luta, de cada etapa vencida que surge um

sorriso, um ar de satisfação, um sensação de tarefa cumprida, mais tudo só é

possível devido a uma força maior, uma força divina assim não só agradeço mais

também dedico essa conquista primeiramente a Deus, pela saúde, força, sabedoria

a mim concedido e por ter viabilizado e iluminado o meu caminho ao longo da vida,

me proporcionando a cada dia uma oportunidade de amadurecer e de ser alguém

melhor.

Agradeço a minha mãe Roseli Ângela C. de Oliveira pelo amor, carinho,

compreensão e dedicação a mim. Estendo este agradecimento aos meus irmãos e

irmãs Josiane, Ludmila, Mardokeiby e Aldeci que sempre se fazem presentes,

sendo mais que irmãos, amigos.

Aos meus amigos (as): Adriano Leão Ana Rubia e Silvana Bleitenbak, pelos

tantos momentos que estivemos juntos, afinal foram com vocês que realizei a

maioria das atividades em grupo e compartilhei os melhores momentos.

A todo corpo docente do curso de pós-graduação em MBA- Gestão em

Auditoria, Perícia e Licenciamento Ambiental da Faculdade de Ciências Contábeis e

Administração do Vale do Juruena, que me ministraram as matérias da grade por

compartilharem seus conhecimentos, estabelecendo uma relação não apenas de

professores, mais também de amizade por parte de muitos.

A prefeitura de Nova Xavantina/MT e ao responsável pelo departamento de

coleta de lixo por terem contribuído com todas as informações necessárias para o

desenvolvimento da pesquisa.

Meus sinceros agradecimentos a todos.

Obrigado.

“Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu. Tempo

de nascer, tempo de morrer; [...] Tempo de guardar e tempo de jogar fora.”

Eclesiastes 3. 1,2,6 Bíblia de Jerusalém.

RESUMO

Atualmente pode-se observar que a sociedade tem produzido cada vez mais lixo, que são amontoados em lugares impróprios e sem nenhum tratamento, causando sérios problemas à população que reside nas proximidades e danos ao meio ambiente. Diante dos problemas causados pelo lixo produzido nas cidades, se faz necessário conhecer o destino dado aos resíduos produzido no município de Nova Xavantina-MT, para que se possa compreender melhor todo o processo e sugerir idéias para amenizar os impactos ambientais por eles causados. Portanto, o objetivo da pesquisa foi caracterizar o sistema de coleta formal do lixo no município, bem como identificar e descrever o destino final dos resíduos e levantar informações sobre projetos futuros referentes ao sistema de coleta e destino final de todo o lixo produzido. Para a execução do trabalho foi aplicado um questionário semi-estruturado para o responsável da secretaria de Limpeza, visitas no período de dois meses para o levantamento fotográfico. Os resíduos são coletados pela prefeitura municipal que não possui nenhum sistema de coleta e/ou descarte adequado, por ser um lixão a céu aberto é lançado e queimado diretamente no solo. Esse processo é ineficiente devido à proliferação de vetores causadores de doenças, além do forte odor e da má aparência. Existe a presença de pecuaristas e agricultores próximos ao local que são prejudicados diretamente ao manuseio inadequado do lixo. É evidente a necessidade de atenção ao problema, porque a prefeitura possui um prazo para a construção do aterro sanitário.

Palavras-chave: Lixo, Resíduos Sólidos, Coleta de Lixo, Meio Ambiente.

ABSTRACT

Currently it can be noted that the company has produced more and more garbage, which are piled up in inappropriate places and without treatment, causing serious problems for the population living nearby and environmental damage. Given the problems caused by waste produced in cities, it is necessary to know the destination of the waste produced in Nova Xavantina-MT, so you can better understand the whole process and suggest ideas to mitigate environmental impacts caused by them. Therefore, the aim of the research was to characterize the formal system of garbage collection in the city, as well as identify and describe the waste disposal and gather information on future projects relating to the collection and disposal of all waste produced system. For the implementation of a semi-structured work for the secretariat responsible for cleaning visits within two months for the photographic survey questionnaire was administered. The waste is collected by the municipal government that has no system of collection and / or proper disposal, being an open-air dumps is released directly into the soil and burned. This process is inefficient due to the proliferation of disease-causing vectors, beyond the strong odor and unsightly. There is the presence of farmers and ranchers near the site which are directly harmed by inappropriate waste handling. Clearly the need for attention to the problem, because the city has a deadline for the construction of the landfill.

Keywords: garbage, solid waste, waste disposal, environment.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Lixão a Céu Aberto no Rio de Janeiro-Rj. ........................................................ 16

Figura 02. Lixão de São João Del Rei Corre Contaminando Nossos Lençóis Freáticos. . 18

Figura 03. Localização do Município de Nova Xavantina – MT, 2012. ............................ 19

Figura 04. Caminhão Utilizado para Coleta de Lixo em Nova Xavantina-MT, 2012. ..... 21

Figura 05. Deposição de Lixo em Frente à Residência, Nova Xavantina-MT, 2012. ....... 22

Figura 06. Croqui da Localização do Lixão em Relação à Cidade de Nova Xavantina-MT, 2012. ................................................................................................................................. 23

Figura 07. Lixão Municipal Sentido Água Boa – MT, 2012. .............................................. 23

Figura 08. Lixo as Margens da BR 50, Nova Xavantina – MT, 2012. ............................... 24

Figura 09. Pilha em Contado com o Solo no Lixão a Céu Aberto no Município de Nova Xavantina-MT, 2012. .............................................................................................................. 25

Figura 10. Presença de Lixo Eletrônico no Lixão a Céu Aberto em Nova Xavantina-MT, 2012 .......................................................................................................................................... 25

Figura 11. Queima de Lixo, no Lixão Municipal de Nova Xavantina-MT, 2012. ............ 26

Figura 12. Queima de Pneus no Interior do Lixão Municipal de Nova Xavantina-MT, 2012. ......................................................................................................................................... 27

Figura 13. Lixo Dentro de Propriedade Vizinha ao Lixão Municipal de Nova Xavantina-MT, 2012. ................................................................................................................................. 27

Figura 14. Cadáver de um Cachorro no Lixão Municipal a Céu Aberto de Nova Xavantina-MT, 2012. .............................................................................................................. 28

Figura 15. Presença de Ossos Bovinos no Lixão Municipal a Céu Aberto de Nova Xavantina-MT, 2012. .............................................................................................................. 28

Figura 16. Presença de Lixo Hospitalar no Lixão Municipal a Céu Aberto de Nova Xavantina-MT, 2012. .............................................................................................................. 29

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01. Composição Do Lixo Produzido Diariamente Em São Paulo-SP. .... 11

Gráfico 02. Destinos Finais Dos Lixos Produzidos Diariamente Em São Paulo-

SP. ............................................................................................................................ 12

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 9

2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................................10

3 METODOLOGIA .................................................................................................................................19

4. ANÁLISES DOS RESULTADOS ................................................................................................21

5. CONCLUSÃO .....................................................................................................................................31

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................................32

7. APÊNDICE ...........................................................................................................................................35

7.2 APÊNDICE II .................................................................................................... 37

9

1. INTRODUÇÃO

Atualmente é possível observar que a sociedade tem se tornado cada vez mais

consumista, produzindo mais lixo que são amontoados em lugares impróprios e sem nenhum

tratamento, causando sérios problemas para as pessoas que residem nas proximidades e danos

ao meio ambiente. Além disso, os resíduos produzidos nas cidades na grande maioria das

vezes vão parar em lixões a céu aberto, em que todo o lixo fica em contato direto com o solo

sem nenhum cuidado adequado, oferecendo risco de contaminação ao solo, das águas e

principalmente da população menos favorecida, que muitas das vezes sobrevivem do que é

eliminado.

Determinados fatores influenciam na produção de resíduos, onde os quais destacam o

crescimento desordenado da população junto com a evolução do estilo de vida da população.

Portanto o descuido com o meio ambiente aumentou, causando alterações ambientais físicas e

biológicas que estão prejudicando o ecossistema, transformando paisagens e alterando o

clima. Diante dos problemas causados pelo lixo produzido nas cidades, se faz necessário

conhecer o destino dado aos resíduos para que se possa compreender melhor todo o processo

e amenizar os impactos ambientais por eles causados.

Em Nova Xavantina-MT a situação não é diferente da observada em muitas cidades

brasileiras. O lixo doméstico é coletado e transportado de forma incorreta, devido à falta de

estrutura de transporte; ao chegar ao local de descarte, o lixão é a céu aberto e os resíduos são

lançados no solo sem nenhum cuidado adequado, oferecendo risco de contaminação para as

pessoas e ao meio ambiente, comprometendo a saúde física da população que vive próxima ao

local.

Sendo assim, o objetivo da pesquisa foi caracterizar o sistema de coleta formal do

lixo de Nova Xavantina-MT, bem como identificar e descrever o destino final dos resíduos e

levantar informações sobre projetos futuros referentes ao sistema de coleta e destino final de

todo o lixo doméstico produzido no município.

10

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A dificuldade que o ser humano tem de conviver e lidar com o próprio resíduo pode

ser observado desde a pré história, sendo que segundo Eigenheer (2009) as observações

arqueológicas mostram que já se queimavam o lixo em locais predeterminados, o que se

supõe ter sido feito com o intuito de afastar os odores.

O lixo, evidentemente, é tão velho quanto à humanidade, no começo dos tempos os

homens formavam uma população menor sobre a terra e apresentavam cultura nômade

morando em cavernas, vivendo de caça e pesca. O lixo que produzia era deixado no meio

ambiente e logo decomposto pela ação do tempo. No entanto, o homem foi se civilizando e

passando a produzir objetos e utensílios que promoveria conforto. Assim a produção de lixo

foi aumentando junto com a população onde o problema ambiental começou a preocupar

constituído um problema mundial.

Segundo Fernandez (2004) as alterações ambientais ocorrem por inumeráveis causas,

muitas denominadas naturais e outras oriundas de intervenções antropológicas, consideradas

não naturais. É fato que o desenvolvimento tecnológico contemporâneo e as culturas das

comunidades têm contribuído para que essas alterações no e do ambiente se intensifiquem,

especialmente no ambiente urbano.

De acordo com Duda (2012) é considerado lixo tudo aquilo que não serve mais e é

jogado fora. Nos dicionários da língua portuguesa podem ser encontrados diversos

significados para o termo lixo como coisa velha, imprestável, sem valor, entulho, qualquer

material produzido pelo homem que perde a utilidade e é descartado.

Entretanto, para Rêgo et al. (2002) lixo é uma categoria muito dinâmica, podendo

variar de pessoa para pessoa, pois o que é lixo para um pode ser de grande valor para o outro.

O descarte de um material vai depender de decisões individuais, portanto a escolha do que é

lixo vai variar de indivíduo para indivíduo, de lugar para lugar e pode mudar com o tempo.

Para os autores, as pessoas menos favorecidas, geralmente são as que mais reutilizam as

coisas que para alguns são consideradas lixos e são as classes menos favorecidas que mais

valorizam o que muitas das vezes é considerado inútil.

Segundo Ferreira (1995) a nossa civilização é a civilização dos resíduos, marcada

pelo desperdício e pelas contradições de um desenvolvimento econômico e tecnológico sem

precedentes na história da humanidade, enquanto populações inteiras são mantidas à margem,

não só dos benefícios, mas de condições mínimas de subsistência.

11

Ao mesmo tempo em que se utilizam os recursos da natureza como se fossem

inesgotáveis, lança nela os resíduos que são desconhecidos dos agentes naturais, incapazes,

assim de promover o controle, ultrapassando os limites da capacidade dos ciclos naturais

(BRAZ, 2012).

A produção de lixo está ligada diretamente com o poder econômico da sociedade,

quanto mais bem sucedida for uma família maior será a produção de lixo e o inverso acontece

com a população menos favorecida. Fato este pode se observado durante uma crise econômica

que a produção de lixo diminui, em função da redução do poder aquisitivo da população

(RÊGO et al, 2002).

Segundo Ferreira (1995) o Brasil produz diariamente aproximadamente 149 mil

toneladas de lixo doméstico/industrial por dia e apenas uma pequena parcela desses resíduos

recebe tratamento. A cidade que mais produz lixo no Brasil é São Paulo com uma produção

diária de aproximadamente de 19 mil toneladas (MIGUEZ, 2012). Assim, o autor afirma que

a composição do lixo brasileiro (Gráfico 01) está distribuída da seguinte forma:

Gráfico 01. Composição do lixo produzido diariamente em São Paulo-SP. Fonte: MIGUEZ, 2012.

Para Ribeiro (2008):

No Brasil, os resíduos sólidos, entraram em questão e passaram a ser tratados constitucionalmente por meio de artigos relacionados à saúde e ao meio ambiente com a promulgação da Constituição Federal de 1988. A Constituição Federal, através de seu artigo 23, determina que é competência comum da União, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.

12

Em São Paulo-SP, as 19 mil toneladas de resíduos produzidas diariamente costumam

ter como destinos finais locais designados pelo poder público, sendo eles apresentados no

Gráfico 02.

Gráfico 02. Destinos finais dos lixos produzidos diariamente em São Paulo-SP. Fonte: MIGUEZ, 2012.

Os lixos podem ter diversas classificações como lixos domésticos, lixos inorgânicos,

lixos industriais, lixos nucleares, lixos da área da saúde, lixos da limpeza pública, lixos

comerciais, lixos espaciais, lixos especiais, lixos eletrônicos, lixos tóxicos e lixos orgânicos

(LIMA, 2004).

Os lixos domésticos são os resíduos sólidos produzidos nas residências e são

compostos por restos de alimentos, materiais plásticos, produtos de higiene pessoal (papel

higiênico, absorvente, camisinha, entre outros), óleo de cozinha, embalagens, folhas de

quintal, etc. (REBOUÇAS, 2012). Assim, o lixo orgânico é todo dejeto biodegradável que

poderá ser decomposto por microorganismos, como restos de comida, casca de fruta, entre

outros que quando jogado na rua serve de alimento para alguns transmissores de doenças

como os ratos, as baratas e as moscas (CHICON, 2012).

São considerados lixos industriais todo e qualquer resíduo resultante de atividades

industriais, sendo que o lixo de proveniente das construções está neste grupo (LIMA, 2004).

13

São considerados lixos nucleares todos os resíduos compostos por elementos

radiativos que perderam a utilidade, estes lixos podem ser produzidos por usinas nucleares,

por armas nucleares e por laboratórios de exames clínicos. Um dos principais problemas do

lixo nuclear atualmente é o seu destino final, pois esse tipo de lixo pode levar de 50 a 100

anos para perder toda a radiação e o contato com o ser humano pode ter como conseqüência o

desenvolvimento de várias doenças, como o câncer, podendo até mesmo levar a morte

imediata (LIMA, 2014).

Os lixos da área da saúde são constituídos de lixo comum como papel, restos de

jardim e restos de comida servida a pacientes; resíduos infectantes ou de risco biológico

(sangue, curativos, agulhas, membros humanos amputados, entre outros) e resíduos especiais

(químicos, farmacêuticos e radioativos). Tais resíduos gerados por hospitais, necrotérios,

consultórios e até clinicas veterinárias apresentam grande perigo tanto para a saúde das

pessoas quanto para o meio ambiente, a recomendação de um modo geral para esse tipo de

lixo é a incineração dos resíduos, ou pelo menos de parte deles (SOBREIRA, 2012).

São considerados lixos de limpeza pública os resíduos sólidos oriundos da limpeza

de áreas urbanas, como por exemplo, areia, papéis, folhagem, poda de árvore, entre outros

(BARBOSA, 2012).

Segundo Lima (2004), o lixo comercial é aquele produzindo no comércio sendo que

sua composição varia de acordo com cada empresa, como hotéis, restaurantes e bares e outros.

Os componentes mais comuns deste tipo de lixo são principalmente são papéis, papelão,

plásticos e resto de alimentos dentre outros.

Os lixos espaciais são aqueles provenientes de objetos lançados pelo ser humano no

espaço, temos como exemplo, satélites desativados, tanques de combustíveis e fragmentos de

aparelhos que explodiram normalmente por acidente ou foram destruídos pela ação das armas

anti-satélites (BARBOSA, 2012).

Os lixos especiais geralmente são formados por resíduos industriais, merecendo

tratamento, manipulação e transporte especial, são eles, as baterias, as embalagens de

combustíveis, de agrotóxicos, de remédios ou venenos e as pilhas (BARBOSA, 2012).

São considerados lixos eletrônicos todo material produzido pelo descarte de

equipamentos eletrônicos, como por exemplo, monitores de computadores, telefones

celulares, baterias, computadores, televisores, câmeras fotográficas e impressoras. O descarte

ideal dos lixos eletrônicos seria em locais apropriados, como por exemplo, em empresas e

14

cooperativas que atuam na área de reciclagem, pois esses resíduos podem contaminar o meio

ambiente se forem descartados em qualquer lugar (MIGUEZ, 2012).

Segundo Baldissarelli (2009):

Resíduo tóxico é aquele que contém substâncias tóxicas capazes de causar danos à saúde e ao ambiente quando depositado em local inadequado. Pilhas, lâmpadas fluorescentes, baterias de automóveis, de celulares, remédios, venenos, tubos de TV, tintas, solventes, embalagens de agrotóxicos. O cidadão deve verificar se há na cidade Coleta Especial para esse tipo de material ou, conforme legislação específica, devolver o material usado ao fabricante.

Segundo Chicon (2012), o lixo inorgânico é composto por dejetos que não

apodrecem tais como papel, borracha, metais, vidros e plásticos, que podem causar estragos

quando não são manejados adequadamente. Estes tipos de resíduos quando descartados em

locais inapropriados podem ser levados pelas enxurradas até as bocas-de-lobo e galerias

pluviais, causando o entupimento podendo provocar inundações nas cidades, como pode ser

observado em alguns municípios brasileiros.

A maioria deste material pode ser reutilizada depois de utilizado para a fabricação de

outros produtos. Esse processo é denominado lixo reciclável ou material reciclável. Dentre os

lixos recicláveis temos alguns a base de metal (latas de alimentos, tampinhas, arames, pregos,

fios, entre outros) de vidro (garrafas, potes, jarros, etc.), de papel (jornais, listas telefônicas,

folhetos, revistas, folhas de rascunho, cadernos, caixas de papelão, papeis de embrulhos,

caixinhas de leite e suco, entre outros) e de plástico (garrafas plásticas, tubos, canos, potes de

creme, frascos de xampu, baldes, bacias, brinquedo, saquinhos de leite, etc.) (RODRIGUES,

1997).

A reciclagem do lixo minimiza a exploração de recursos naturais, que muitas vezes

não são renováveis, além disso, reduz a quantidade de resíduos que necessitam de tratamento

final como aterramento ou incineração, tornando uma alternativa para amenizar a quantidade

de resíduos a ser tratada numa cidade (RODRIGUES, 1997). No Brasil aproximadamente

97% das latinhas de alumínio e 55% das garrafas plásticas produzidas são recicladas

(MIGUEZ, 2012).

Lixo não reciclável são aqueles materiais que não podem ser reutilizados após

transformação química ou física ou aqueles que ainda não possui tecnologia para sua

reciclagem, como por exemplo, papéis não recicláveis (adesivos, fita crepe, papel carbono,

etiquetas, papel higiênico, papel toalha, guardanapos e papéis engordurados, etc.), metais não

recicláveis (clipes, grampos, esponjas de aço, latas de tintas, pilhas, entre outros), plásticos

15

não recicláveis (cabos de panela, tomadas, isopor, espuma, acrílicos, etc.) e vidros não

recicláveis (espelhos, cristal, ampolas de medicamentos, lâmpadas, entre outros)

(FERNANDES et. al., 2010).

Na coleta seletiva todos os resíduos produzidos por empresas e pessoas são

separados e recolhidos, desta forma, os materiais recicláveis são separados do lixo orgânico,

como papéis, plásticos, metais e vidros, e posteriormente encaminhado a indústrias que

reutilizam estes materiais para a fabricação de matéria-prima ou outros produtos (MIGUEZ,

2012).

Miguez (2012), afirma que a coleta seletiva de lixo gera renda para milhões de

pessoas e de economia para as empresas, diminuindo a poluição dos solos e rios, sendo de

extrema importância para o desenvolvimento sustentável do planeta. Assim Salgado &

Cantarino (2006) relata a importância na coleta e destinação adequada dos resíduos urbanos, a

remoção de materiais descartados em locais habitados, com rapidez suficiente para prevenir a

propagação de doenças e diminuir os riscos causados pela putrefação dos materiais orgânicos

descartados juntos.

Os lixos produzidos nas cidades geralmente são encaminhados a lixões, a aterros

sanitários, a aterros controlados ou a incineradores.

Segundo IPT (1995), lixão é uma forma imprópria de disposição final de resíduos

sólidos, que se caracteriza pelo descarte do lixo sobre o solo, sem medidas de proteção ao

meio ambiente ou à saúde pública (FIGURA 01). Nos lixões não existe nenhum controle

quanto aos tipos de resíduos depositados e quanto ao local de disposição dos mesmos. Nesses

casos, resíduos domiciliares e comerciais de baixa periculosidade são depositados juntamente

com os industriais e hospitalares, de alta periculosidade.

16

Figura 01. Lixão a céu aberto no Rio de Janeiro-RJ. Fonte: Agência Brasil apud Patriota (2012).

Os lixões relatam além dos problemas ambientais, os sociais, demonstrando o ápice

da degradação humana, pois uma parcela excluída da população busca nesses locais materiais

como papéis, plásticos e latas para vender e utilizam ainda restos de comidas muitas vezes

estragadas e contaminadas para a alimentação (FREITAS, 2012). Atitude a ser questionada,

pois o descarte adequado facilitaria a seleção de materiais para a sobrevivência e segurança

desses indivíduos. Portanto de acordo com MOAS (2010) atualmente o aterro sanitário

consiste em uma das técnicas mais seguras e de baixo custo para o tratamento do lixo. O

aterro sanitário é projetado para receber e tratar os resíduos sólidos produzidos em uma

cidade, com base nos estudos de engenharia, reduzindo ao máximo os impactos causados ao

meio ambiente.

Um aterro sanitário deve ser construído com uma vida útil superior a 10 anos,

prevendo-se ainda o seu monitoramento por algum tempo após o fechamento. Durante sua

construção deve-se tomar muito cuidado com a questão da impermeabilização do solo, pois

no processo de decomposição dos resíduos sólidos, ocorre a liberação de gases e líquidos

poluentes, sendo necessária a implantação de sistemas de drenagem eficazes, evitando assim

uma possível contaminação do solo e da água (MOAS, 2010). O autor ainda afirma que o

aterro sanitário tem como vantagem o fato de não apresentar resíduos no final do processo e

apesar do custo de implantação ser alto, o aterro sanitário permite um controle operacional,

17

evitando gastos com o meio ambiente, além disso, todas as etapas são acompanhadas por

técnicos capacitados.

De acordo com a Lei Federal brasileira n° 12.305 todos os municípios brasileiros tem

até agosto de 2014 para a eliminação completa de todos os lixões e construção de aterros

sanitários (OLIVEIRA, 2012).

Segundo Baldissarelli (2009) os aterros controlados são locais onde os resíduos

sólidos são despejados sobre o solo e cobertos de terra na medida em que vão sendo

compactados por tratores. Este tipo de aterro é considerado uma disposição inadequada, uma

vez que não possui coleta e tratamento do chorume e dos gases.

No entanto a incineração segundo a autora:

É um processo que permite a redução do volume de resíduos através da combustão, com temperaturas na ordem dos 1100°C. Para alguns resíduos, como os gerados em serviços de saúde, esse método pode se tornar a melhor opção de destino. No entanto, a implantação requer altos custos e um manejo adequado, pois durante o processo podem ser gerados compostos como ácidos clorídrico e fluorídrico, monóxido de carbono, poeiras, dióxido de enxofre e óxidos de azoto, que, como em outros processos industriais, precisam ser tratados para evitar a poluição atmosférica.

Para Mucelin e Bellini (2008) a disposição inadequada de resíduos sólidos em fundo

de vale, ás margens de ruas ou cursos d’água estão entre os impactos negativos causados pelo

lixo urbano produzido, pois tais práticas podem provocar ao longo do tempo contaminação

dos corpos d’água, assoreamento, enchentes, proliferação de vetores de doenças como cães,

gatos, ratos, baratas, moscas, vermes, dentre outros. Além disso, o lixo causa poluição visual,

mau cheiro e contaminação do ambiente.

De acordo com Freitas (2012), em bairros que não existe coleta de lixo é comum o

depósito dos resíduos sólidos em locais impróprios como encostas, rios e córregos, tais ações

podem provocar sérios danos á biodiversidade e ao próprio homem, destacando nesse caso a

dispersão de insetos e pequenos animais como moscas, baratas, ratos, hospedeiros de doenças

como dengue, leptospirose e a peste bubônica.

18

Figura 02. Lixão de São João Del Rei corre contaminando nossos lençóis freáticos. Fonte: SOUZA (2009).

O chorume (fig. 02) é um líquido escuro e com cheiro desagradável oriundo do lixo

acumulado, pode atingir as águas subterrâneas (lençol freático, aqüífero), contaminar o solo e

as pessoas que mantém contato com os resíduos (FREITAS, 2012).

19

3 METODOLOGIA

A área de estudo está localizada no município de Nova Xavantina (Fig. 03), região

do Vale do Araguaia, estado de Mato Grosso, mais precisamente no sistema de coleta de lixo.

O município foi criando em 1944 e possui uma população de aproximadamente 20 mil

habitantes conforme o último levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de pesquisas

Geográficas e estatísticas no ano de 2010 (IBGE, 2012).

Figura 03 – Localização do município de Nova Xavantina – MT, 2012.

Fonte: Núcleo de Análise Ambiental (NANA) Campus Universitário de Nova Xavantina,UNEMAT.

O trabalho consistiu-se de uma caracterização do sistema de coleta de lixo em Nova

Xavantina-MT, foi feito um levantamento de dados referentes à disposição formal do material

por parte da prefeitura, sendo direcionada especificamente a Secretaria municipal de limpeza

e iluminação publica, sendo possível constatar a frequência de coleta e destino final do lixo

produzido pela população nova-xavantinense.

20

Fazendo uso de tal sistema de trabalho conforme Neves (1996) este estudo fica

dentro da classificação de pesquisas coleta de dados, caracterizando-se como uma abordagem

metodológica qualitativa, a qual é apontada como uma técnica de estudo que tem como

característica ser direcionada ao longo do seu desenvolvimento sem enumerar ou medir

eventos.

De acordo Neves (1996) nesse método não se fazem uso de instrumento estatístico

para análise dos dados obtidos, os dados são descritivos através do contato direto e interativo

do pesquisador com objeto de estudo, como feito neste trabalho, assim procurou-se entender

os fenômenos, conforme as perspectivas dos participantes da situação em estudo, e a partir de

então foi feito uma interpretação dos objetos analisados. A metodologia consistiu em 01

entrevista semi-estruturada contendo 14 questões (Apêndice I) para o responsável da

secretaria de Limpeza, onde há mais de 17 anos atua na coleta do lixo.

Assim Boni e Quaresma (2005) afirmam que uma entrevista semi-estruturada é

utilizada quando se deseja delimitar o volume das informações, podendo dessa forma se obter

um direcionamento maior para o tema, tendo como finalidade alcançar os objetivos. Essa

técnica de pesquisa tem como característica a combinação de perguntas fechadas e abertas

onde o entrevistado tem a liberdade de discorrer sobre o tema abordado.

Além da entrevista para apresentação dos resultados deste estudo foi feito um

levantamento fotográfico do sistema de coleta, dos materiais coletados e do destino final de

todo lixo recolhido formalmente no município (lixão a céu aberto). O acompanhamento visual

de todo o sistema foi feito por 2 meses sendo uma ferramenta fundamental para maior

detalhamento do processo de coleta do lixo. Os dados foram apresentados em forma de texto e

figuras.

Desta forma as questões devem ser previamente definidas, mais devem ser feitas pelo

pesquisador de forma clara e objetiva como uma conversa informal, caso o informante fuja do

foco da pergunta é característico dessa técnica que o entrevistador fique atendo para fazer

perguntas adicionais redirecionando o entrevistado para explicar questões que não ficaram

claras ou para ajudar a recompor o contexto da entrevista, assim como foi feito para esta

pesquisa.

A análise dos dados foi feitas mediante a interpretação da entrevista, descrição

detalhada do que foi observado durante o estudo e comparação de dados caracterizados com a

literatura.

21

4. ANÁLISES DOS RESULTADOS

A prefeitura municipal de Nova Xavantina/MT possui apenas um caminhão com

prensa (Fig. 04) e conta com o apoio de doze funcionários na coleta, sendo 04 motoristas e 08

garis. O sistema de coleta acontece da seguinte forma: O caminhão trabalha em 04 turnos,

onde em cada um 03 funcionários exercem seu trabalho (01 motorista e 02 garis), assim sendo

o caminhão não para e quando ocorre alguma falha mecânica, o serviço de coleta é

interrompido, deixando à população a mercê durante o período de concerto do veículo.

Figura 04. Caminhão utilizado para coleta de lixo em Nova Xavantina-MT, 2012.

A frequência de coleta do lixo acontece de forma diferenciada entre os 17 bairros da

cidade, variando de 1 a 7 coletas semanais, onde os bairros localizados mais ao centro

(tonetto, centro –setor Nova Brasília) recebem maior assistência com o lixo coletado todos os

dias. Já nos bairros mais distantes tais como Montes Claros, Santa Ana e Barro Vermelho o

número de coletas é reduzido para 2 dias da semana.

Os resíduos sólidos recolhidos pela prefeitura são aqueles depostos pelas famílias em

frente sua residência seja em cestos de lixo ou embalados em saco plástico (Fig. 05), em

tambores (Fig. 06), para coleta de matérias como galhos de árvores e resto de construções o

departamento de coleta deve ser comunicado anteriormente para que esse material seja

removido, nesses casos a prefeitura cobra uma taxa que oscila de acordo com a quantidade de

material.

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Figura 05. Deposição de Lixo em frente à residência, Nova Xavantina-MT, 2012.

Quando questionado se há uma coleta seletiva em Nova Xavantina/MT o informante

disse que não existe porque na prefeitura falta maquinário que comporta esse tipo de sistema

de coleta, e ausência de empresas na região que façam a reciclagem. Foi relatado ainda que a

população em sua grande maioria mistura todo tipo de lixo, não separando se quer os

orgânicos dos demais. A frequência da coleta e a ausência de prestação de serviços de coleta

são as principais reclamações por parte da polução, foi o que relatou o informante da

entrevista. Não foi observado nenhuma iniciativa educacional junto a população referente a

reciclagem ou separação dos resíduos.

Também foi questionado se as pessoas que lidam com o lixo possuem algum curso

ou conhecimento técnico da importância ou perigo para com o material que trabalham, tendo

como resultado que não possuem nem um conhecimento técnico ou mais aprofundado sobre

lixo, quando perguntado o porquê disso, foi argumentado de que dos doze funcionários que

trabalham diretamente com a coleta a maioria são diaristas não tendo nem um vinculo efetivo

com a prefeitura e por tanto estes normalmente são substituídos com frequência.

Todo o lixo coletado em Nova Xavantina-MT tem como destino final o lixão

municipal a céu aberto que se localiza aproximadamente 5 quilômetros do centro da cidade

(fig. 07), sentido ao município de Água Boa/MT, (fig. 08).

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Figura 06. Croqui da localização do lixão em relação à cidade de Nova Xavantina-MT, 2012.

Figura 07. Lixão municipal sentido Água Boa – MT, 2012. Fonte: Portal do Mato Grosso

Quando questionado sobre a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (BRASIL,

1998), que “dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e

atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências”, é relevante mencionar o artigo

60, nos quais são tipificadas como crime as seguintes condutas:

“Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa.”

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Foi relatado que não houve nenhuma base legal para a criação do lixão municipal, a

prefeitura apenas comprou o terreno e passou a depositar todo lixo recolhido neste local,

sendo utilizado também para a deposição do lixo informal, aquele que não é coletado pela

prefeitura, por parte da população e de pessoas que recebem pelo transporte do lixo como é o

caso dos carroceiros.

Durante as visitas ao lixão observou-se que não há o controle do material que ali é

depositado, também não existe nenhuma organização específica para despejo do lixo, já que a

deposição do material se inicia ainda próximo as margens da rodovia BR-158, sentido ao

lixão municipal, conforme figura 08. A presença de restos de construções, pneus, e galhos de

árvores, são os lixos mais encontrados na entrada destino ao interior do lixão.

Figura 08. Lixo as margens da BR 150, Nova Xavantina – MT, 2012.

Próximo ao lixão a paisagem apresenta uma vegetação típica da região, bioma

cerrado stricto sensu (formações savânicas) onde está inserido em uma região de transição

entre o bioma cerrado e floresta Amazônica. A vegetação predominante de cerrado sensu

stricto está em contato com extensas áreas de mata e mancha de cerradão. Os solos

predominantes desta região são Latossolo Vermelho-Amarelo e Latossolo Amarelo, na

maioria distróficos, álicos, profundos, bem drenados e de textura média (MARIMON-

JUNIOR & HARIDASAN, 2005).

Segundo informações informal adquiridas por pessoas que trabalham no lixão como

coletores particulares de materiais recicláveis (alumínio, cobre e garrafas PETs), esses lixos

25

são jogados por carroceiros ou por cidadãos produtores daquele material, principalmente o

caso dos galhos de árvores.

Já no interior do lixão pode-se observar uma grande diversidade de lixo, como,

dentre estes, a presença de alguns materiais considerados lixos tóxicos em contato direto com

o solo tais como, pilhas e lâmpadas fluorescentes (Fig. 09).

Figura 09. Pilha em contado com o solo no lixão a céu aberto no município de Nova Xavantina-MT, 2012.

Foram encontrados pedaços de lixos eletrônicos como monitores de computador,

liquidificadores, ventiladores no lixão de Nova Xavantina-MT, porém o ideal seria que

materiais desta ordem fossem entregues a empresas e/ou cooperativas que atuam na área de

reciclagem, pois seus resíduos podem contaminar o meio ambiente quando descartados de

qualquer forma (Fig. 10).

Figura 10. Presença de lixo eletrônico no lixão a céu aberto em Nova Xavantina-MT, 2012

A presença de fogo (fig. 11) em diversos pontos, o que gera muita fumaça em todo

lixão e seu entorno.

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Figura 11. Queima de lixo, no lixão municipal de Nova Xavantina-MT, 2012.

Conforme os coletores de material reciclável que trabalham no lixão municipal,

alguns pontos têm início com a queima do lixo hospitalar, que é queimado diariamente, em

outros pontos são os comerciantes locais os responsáveis, visto que quando fazem o descarte

de caixas de papelão, embalagens plásticas, etc. costumam queimar. Assim, o lixão está

sempre coberto por fumaça, algo de bastante relevância foi observar a queima de um grande

número de pneus (Fig. 12) o que deixa o ar anda mais poluído, fator este que afeta

diretamente a população, animais e vegetação que se encontram no entorno.

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Figura 12. Queima de pneus no interior do lixão municipal de Nova Xavantina-MT, 2012.

Figura 13. Lixo dentro de propriedade vizinha ao lixão municipal de Nova Xavantina-MT, 2012.

Vale ressaltar que todo o entorno do lixão é composto por sítios particulares, nos

quais se pode constatar a presença de uma elevada quantidade de materiais leves como

sacolas plásticas e papéis que são levados pelo vento para dentro destas propriedades, os quais

podem ocasionar problemas nos animais (bovinos) ali presentes, já que tais animais podem

ingerir esses materiais (Fig. 13).

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Outro ponto que chamou bastante atenção no lixão municipal foi à presença de

cadáveres de alguns animais domésticos como cachorro (Fig. 14), gato e aves como galinha,

ocasionando odor muito forte em determinados pontos.

Figura 14. Cadáver de um cachorro no lixão municipal a céu aberto de Nova Xavantina-MT, 2012.

Figura 15. Presença de ossos bovinos no lixão municipal a céu aberto de Nova Xavantina-MT, 2012.

Além do grande número de ossos de bovinos (Fig. 15) depositados por açougueiros,

além de restos estragados de frutas e legumes depositados com frequência em grandes

29

quantidades pelos proprietários de supermercados e frutarias contribuindo ainda mais com

forte odor do local.

Argumentou-se também durante a entrevista a pretensão ou existência de novos

projetos para melhorias no sistema de coleta de lixo e local deposição do mesmo. Sobre o

sistema de coleta foi relatado que a prefeitura pretende ampliar a frota e número de

funcionários, para que se possam fazer as coletas com maior frequência e uniformidade entre

os bairros.

A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é bastante atual e contém instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao País no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado) (Brasil, 2010).

A respeito do local de deposição foi relatado que conforme a Lei Federal nº 12.305, a

prefeitura tem até agosto de 2014 para a construção de um aterro sanitário para comportar

todo lixo produzido no município, conforme relatado a prefeitura já dispõe da área para as

futuras instalações deste aterro.

Figura 16. Presença de lixo hospitalar no lixão municipal a céu aberto de Nova Xavantina-MT, 2012.

Além do lixo doméstico, industrial e comercial encontrado no ambiente, foi possível

identificar a presença do lixo hospitalar que precisa de atenção redobrada por ser classificado

em um nível elevado de contaminação (fig. 16).

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A figura acima evidencia a descaso com descarte dos Resíduos Sólidos da Saúde

(RSS) onde existe a presença de materiais como seringas, luvas descartáveis usados que pode

conter alta concentração de organismos patogênicos.

De acordo com Ribeiro (2008) apud Braz (2012) os Resíduos de Serviço de Saúde

constituem uma fonte de risco à saúde pública e ao meio ambiente, visto que, há uma carência

na adoção de procedimentos técnicos adequados no manejo das diferentes frações existentes.

Segundo Garcia e Ramos, (2004) apud Braz (2012) afirmam que os Resíduos Sólidos

de Saúde oferecem um potencial poluidor para o meio ambiente. Por ser prejudicial à saúde

pública, é necessário ser agrupados em classes com termos técnicos. Para isso houve uma

regulamentação técnica para o gerenciamento destes resíduos a RDC nº 33:

� Grupo A – Potencialmente Infectantes – resíduos com a possível presença de agentes

biológicos que por suas características de maior virulência ou concentram, podem

apresentar risco de infecção.

� Grupo B – químicos – resíduos contendo substâncias que apresentem riscos a saúde

pública ou ao meio ambiente, independente de suas características de inflamabilidade,

corrosividade, reatividade e toxidade.

� Grupo C – rejeitos radioativos – é considerado rejeitos radioativos quaisquer materiais

resultantes de atividades humanas que contenham radio nuclídeos.

� Grupo D – resíduos comuns – são todos os resíduos gerados nos serviços abrangidos

por esta resolução, que por suas características, não necessitam de processos

diferenciados relacionados ao acondicionamento, identificação e tratamento, devendo

ser considerados resíduos sólidos urbanos - RSU.

� Grupo E – perfuro cortantes – são os objetos e instrumentos contendo cantos, bordas,

pontos ou proeminências rígidas e agudas, capazes de cortar ANVISA RDC nº 33

(2003). É de responsabilidade dos dirigentes dos estabelecimentos, elaborarem,

desenvolverem, submeterem às autoridades competentes e implantarem o Plano de

Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, conforme Resolução RDC nº 306,

publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A disposição do lixo deve

adequar-se aos diferentes tipos de resíduos e recomendam-se a utilização de

embalagens plásticas especificada pela Norma Básica Regulamentadora (NBR) 9190

da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Assim este tipo de resíduo deve adequar-se aos diferentes tipos de regulamentação

técnica, observando deste o manuseio em seu local de origem até a disposição final.

31

5. CONCLUSÃO

O sistema de coleta é feito diariamente com diferenciação de frequência entre os

bairros, onde aqueles que se localizam nas áreas mais movimentadas (centro) da cidade a

coleta é feita diariamente enquanto que nos outros é realizado somente 2 vezes por semana

devido a falta de transporte e mão de obra.

O destino final de todo o lixo coletado é o lixão municipal a céu aberto sendo que o

mesmo apresenta grande quantidade de lixos orgânicos e inorgânicos, de origem residencial,

comercial e hospitalar que são depositados inadequadamente. A problemática deixa evidente a

necessidade de fiscalização quanto ao descarte inadequado do material. Além disso, a

presença de fogo e o forte odor são característicos do local devidos o procedimento. Observou

também a presença de coletores informais de material reciclável que estão expostos ao

material contaminado sem nenhuma proteção e animais doméstico de pequenos pecuaristas na

proximidade.

A prefeitura informou que pretende em pouco tempo ampliar a frota e funcionários

ligados a coleta de lixo, para melhor atender a população propiciando segurança para os

mesmos e para os colaboradores. Até 2014 pretende construir um aterro sanitário, visto que é

obrigatório conforme Lei Federal 12.305. O terreno para o aterro sanitário já foi adquirido,

faltando apenas dar início as obras.

Sugere-se uma fiscalização mais cautelosa e rigorosa principalmente no cuidado com

o manejo do lixo hospitalar devido à presença de pessoas no lixão, onde muitas delas fazem

do lixo o seu meio de sobrevivência.

32

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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34

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35

7. APÊNDICE

Aqui se encontra apresentado o Questionário aplicado ao responsável pela de coleta de

lixo do municipal de Nova Xavantina-MT.

OBJETIVOU-SE COM O PRESENTE QUESTINÁRIO FAZER UMA

CARACTERIZAÇÃO DETALHADO DE DADOS PERTINENTES AO SISTEMA DE

COLETA FORMAL DE LIXO EM NOVA XAVANTINA-MT DE ACORDO COM O

PARECER DO RESPONSÁVEL POR ESTE SETOR, ASSIM ESTA ENTREVISTA

FOI UTILIZADA COMO FONTE PRIMORDIAL DE DADOS PARA ELABORAÇÃO

DESTE TRABALHO DE CONCLUÇÃO DE CURSO (TCC).

QUESTIONÁRIO-COLETA FORMAL DE LIXO

Entrevista Nº _____ Data do Levatamento____/____/_____

Entrevistado:________________________________________________________

1. Antes da coleta formal é de seu conhecimento qual era o destino do lixo produzido na cidade? Se sim, o que era feito?

2. Em que ano se deu inicia o sistema de coleta formal de lixo em Nova Xavantina?

3. Qual destino final do lixo produzido?

4. O local indicado anteriormente como destino final do lixo foi criado baseado em

alguma legislação?

5. Este local de deposição é de exclusividade da prefeitura?

6. No caso de não na questão anterior existe algum tipo de controle para o que ali é

depositado?

7. Atualmente qual a freqüência de coleta no município? Existe distinção entre bairros?

8. A coleta é feita de forma seletiva separando plásticos, vidros, metais e orgânicos? Se

não por quê?

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9. Os profissionais que trabalham com a coleta possuem conhecimento e/ou treinamento

sobre o material com o qual trabalham? Se não por quê?

10. Sobre o maquinário utilizado para executar o processo de coleta do lixo como esses se

encontram?

11. Existem pretensões ou projetos futuros a respeito do sistema de coleta e destino final

do lixo? Se sim quais?

12. Se sim na questão anterior qual a data prevista para dar inicio as atividades?

13. É do conhecimento público se há pessoas que sobrevivem do lixo?

14. Quais as principais reclamações por parte da população referente à coleta de lixo no município

Observações: _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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7.2 APÊNDICE II

Aqui se encontram apresentadas do lixão municipal de Nova Xavantina/MT e de alguns

materiais que ali são depositados.

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