105
FABIANA RIBEIRO VIANA CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DO “REQUEIJÃO DO NORTE” ARTESANAL Faculdade de Farmácia da UFMG Belo Horizonte, MG 2009

CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp136726.pdf · Tânia Mara e à minha avó Maria Amélia ( in memorian ) 4 AGRADECIMENTOS À

  • Upload
    vutruc

  • View
    218

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

FABIANA RIBEIRO VIANA

CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DO “REQUEIJÃO DO NORTE”

ARTESANAL

Faculdade de Farmácia da UFMG Belo Horizonte, MG

2009

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

1

FABIANA RIBEIRO VIANA

CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DO “REQUEIJÃO DO NORTE”

ARTESANAL

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do grau de Doutora em Ciência de Alimentos. Orientador: Prof. Dr. Afonso Liguori de Oliveira. Co-orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Rosa.

Faculdade de Farmácia da UFMG Belo Horizonte, MG

2009

2

Viana, Fabiana Ribeiro

V614c

Caracterização microbiológica e físico-química do “requeijão do norte” artesanal / Fabiana Ribeiro Viana. – 2009.

108 f. : il.

Orientador: Prof. Dr . Afonso de Liguori Oliveira Co-Orientador: Prof. Dr.Carlos Augusto Rosa Tese (doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Farmácia. Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos.

1. Requeijão – Controle de qualidade – Teses. 2. Queijo-de-

manteiga – Controle de qualidade - Teses. 3. Derivados do leite – Qualidade dos produtos - Teses. 4. Derivados do leite – Contaminação - Teses. I. Oliveira, Afonso de Liguori. II. Rosa, Carlos Augusto. III. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Farmácia. IV. Título.

CDD 637.32

3

Dedico este trabalho às minhas filhas

Anna Clara e Anna Lara, à minha mãe

Tânia Mara e à minha avó

Maria Amélia (in memorian)

4

AGRADECIMENTOS

À Deus pela oportunidade e por dar a força que eu precisava nos momentos

mais difíceis.

À minha família, pelo grande apoio, incentivo e paciência. Aos meus irmãos

Adriana, Andréia e Marcelo pelo carinho e compreensão nos momentos em que

mais precisei, ao meu pai pelo orgulho por esta conquista.

Ao meu noivo Fredi, pelo amor, companhia e ajuda nos momentos finais

dessa jornada.

Ao Prof. Dr. Carlos Augusto Rosa, pela confiança e incentivo. Obrigada pela

oportunidade que me concedeu para desenvolver este trabalho, e por me ensinar a

importância do profissionalismo em minha vida.

A Prof. Dr. José Virgílio Coelho, pela valiosa colaboração em disponibilizar o

laboratório de bromatologia para realização de parte deste trabalho.

Aos professores do curso de Pós-graduação em Ciência de Alimentos -

FAFAR e do curso de Pós-graduação em Microbiologia - ICB pelos conhecimentos

prestados nas disciplinas.

À “Dona” Aparecida e Regina, que durante toda a execução deste trabalho,

foram o meu apóio espiritual direito, o meu eterno agradecimento.

A Cristina Roscoe Viana, César Lúcio Farias e Beatriz Martins, pelo grande

incentivo, pelas idéias e apóio durante as etapas de trabalho na Biomol.

Ao funcionário do Laboratório de Bromatologia Marcos da Costa Lage.

Obrigada por ajudar a encontrar uma solução para os eventuais problemas técnicos

que surgiram ao longo deste trabalho.

5

À turma do Laboratório de Ecologia e Biotecnologia de Leveduras do Instituto

de Ciências Biológicas da UFMG pelas dicas que muito ajudaram na concretização

deste trabalho.

Às “colegas de doutorado” Priscila, Luciana, Mariana Vieira, Fernandinha,

Renata Labanca e Sami pelo apoio, compreensão e companheirismo.

Ao professor José Virgílio Coelho pela gentileza de ceder o Laboratório de

Bromatologia para realização de algumas análises.

Ao pesquisador Dr. Michael da Fundação Ezequiel Dias pela colaboração na

correção dos trabalhos em inglês.

À Édina Sarmento, do município de Salinas - MG, pela importante

contribuição ao disponibilizar o acesso à linha de produção do Requeijão do Norte

durante a realização desta pesquisa e pela maravilhosa acolhida.

A todas as pessoas, que de algum modo, contribuíram para a realização

deste trabalho.

Muito Obrigada!

6

Não há nada de nobre em sermos superiores ao próximo.

A verdadeira nobreza consiste em sermos superiores ao que éramos antes.”

(Autor desconhecido)

7

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ........................................................................................ LISTA DE FIGURAS ......................................................................................... LISTA DE ABREVIATURAS .......................................................................... RESUMO.............................................................................................................. ABSTRACT ......................................................................................................... INTRODUÇÃO.................................................................................................... REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 1. REQUEIJÕES..................................................................................................... 1.1. ASPECTOS GERAIS ................................................................................... 1.2. COMPOSIÇÃO QUÍMICA ............................................................................ 1.3. TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DO REQUEIJÃO ..................................... 1.4. MICROBIOTA DE INTERESSE HIGIÊNICO-SANITÁRIO .......................... 1.4.1. Enterobactérias .......................................................................................... 1.4.2. Staphylococcus spp. ................................................................................. 2. LEVEDURAS EM PRODUTOS LÁCTEOS ..................................................... 3. OCORRÊNCIA DE FUNGOS FILAMENTOSOS ............................................. 4. AFLATOXINAS ................................................................................................ 5. BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO ........................................................... 6. MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR DE FUNGOS E

LEVEDURAS .................................................................................................... OBJETIVOS ........................................................................................................ CAPÍTULO I – CARACTERÍSTICAS MICROBIOLÓGICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DO REQUEIJÃO DO NORTE ................................... RESUMO................................................................................................................ ABSTRACT ............................................................................................................ I.1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. I.2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. I.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ I.4. CONCLUSÕES................................................................................................. CAPÍTULO II – POPULAÇÃO DE LEVEDURAS E ATIVIDADE ENZIMÁTICA ASSOCIADAS AO REQUEIJÃO DO NORTE................................................................................................................. RESUMO................................................................................................................ ABSTRACT ............................................................................................................ II.1. INTRODUÇÃO................................................................................................. II.2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ II.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... II.4. CONCLUSÕES................................................................................................

09 10 11 12 13 14 16 16 16 17 18 21 22 23 26 27 28 30 31 34 35 35 36 37 38 41 47 49 49 50 51 52 54 60

8

CAPÍTULO III – ESTUDO DA PRESENÇA DE FUNGOS FILAMENTOSOS E AFLATOXINA M1 EM REQUEIJÃO DO NORTE................................................................................................................. RESUMO................................................................................................................ ABSTRACT ............................................................................................................ III.1. INTRODUÇÃO................................................................................................ III.2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... III.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... III.4. CONCLUSÕES............................................................................................... CONCLUSÕES INTEGRADAS ...................................................................... CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. APÊNDICE I – BREVE DESCRIÇÃO SOBRE O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO REQUEIJÃO DO NORTE E AS CONDIÇÕES DE PROCESSAMENTO EM UMA PROPRIEDADE RURAL LOCALIZADA N O MUNICÍPIO DE SALINAS – MG .............................................................................

61 61 62 63 64 68 72 74 75 76 100

9

LISTA DE TABELAS

I.1

I.2

I.3

II.1

II.2

II.3

II.4

III.1

III.2

[CAPÍTULO I]

Coliformes Totais, Termotolerantes, Escherichia coli, Staphylococcus spp.,

Staphylococcus coagulase positivos e fungos presentes em amostras de

Requeijão do Norte obtidas em mercado varejista de Belo-

Horizonte.........................................................................................................

Enterotoxinas estafilocócicas e TSST-1 detectadas em amostras de

Requeijão do Norte obtidas em mercado varejista de Belo-

Horizonte.........................................................................................................

Análise físico-química das amostras de Requeijão do Norte obtidas em

mercado varejista de Belo-Horizonte..............................................................

[CAPÍTULO II]

Média das populações de leveduras isoladas em amostras de Requeijão

do Norte obtidas em mercado varejista de Belo Horizonte (log

UFC/g)............................................................................................................

Produção de β-galactosidase, protease e lipase pelas espécies de

leveduras em amostras de Requeijão do Norte obtidas em mercado

varejista de Belo Horizonte.............................................................................

Medida da atividade lipolítica dos isolados de leveduras pelo diâmetro

do halo............................................................................................................

Medida da atividade proteolítica dos isolados de leveduras pelo diâmetro

do halo............................................................................................................

[CAPÍTULO III]

Média das populações de fungos isolados em amostras de Requeijão do

Norte obtidas em mercado varejista de Belo Horizonte (log

UFC/g)............................................................................................................

Presença de aflatoxina M1 em amostras de Requeijão do Norte obtidas em

mercado varejista de Belo Horizonte..............................................................

42

43

45

55

57

58

59

70

72

10

LISTA DE FIGURA

Figura 1 – Fluxograma proposto das etapas de produção artesanal do

Requeijão do Norte. Município de Salinas – MG....................................................

20

11

LISTA DE ABREVIATURAS

ABIQ

AFB1

AFM1

AFM2

AOAC

BPF

CNI

CTAB

DNA

DNAr

FAO

INDI

ITS

LD

LIA

MNP

OSP

SDS

SE

SEBRAE

SENAI

TNase

TSI

TSST-1

UFC

YMA

- Associação Brasileira das Indústrias de Queijo

- aflatoxina B1

- aflatoxina M1

- aflatoxina M2

- Association of Official Analytical Chemists

- Boas Práticas de Fabricação

- Confederação Nacional da Indústria

- cetil trimetilamonio bromido

- ácido desoxiribonucléico

- ácido dexosiribonucléico ribossomal

- Food and Agricultural Organization of the United Nations

- Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais

- internal transcribed sequences

- limite de detecção

- lysine iron agar

- número mais provável

- sensibilidade ótima em placa

- dodecil sulfato de sódio

- enterotoxina estafilocócica

- Serviço Brasileiro de Apóio às Micro e Pequenas Empresas

- Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

- Termonuclease

- triple sugar iron

- Toxina da Síndrome do Choque Tóxico-1

- unidade formadora de colônia

- yeast extract-malt extract agar

12

RESUMO

A qualidade microbiológica e as características físico-químicas do Requeijão

do Norte comercializados na cidade de Belo-Horizonte – MG foram avaliadas. As

análises microbiológicas realizadas em 25 amostras indicaram que este produto

pode apresentar risco ao consumo humano, devido à presença de Staphylococcus

coagulase positivos, além da enterotoxina B e da toxina TSST-1 detectadas em

algumas amostras. Contagens elevadas de Coliformes Termotolerantes e E. coli

foram encontradas. Quanto à caracterização físico-química do Requeijão do Norte,

uma grande variação dos parâmetros analisados foi observada, demonstrando a

falta de padronização existente no processo de fabricação. A avaliação das

populações de leveduras neste produto também foi realizada, e pôde ser observada

uma grande variedade de espécies. Em razão do número elevado das contagens de

leveduras apresentadas, a possibilidade de contaminação pós-processamento foi

constatada. Por outro lado, a atividade enzimática observada em algumas das

linhagens de leveduras isoladas evidencia a contribuição positiva das mesmas para

as características sensoriais do requeijão, uma vez que algumas destas linhagens

podem estar presentes como componentes naturais da microbiota do produto.

Posteriormente, foi avaliado a contaminação das amostras de requeijão por fungos e

a presença de AFM1. Foram detectadas concentrações de AFM1 em níveis que não

oferecem riscos à saúde do consumidor. Contagens elevadas de fungos foram

detectadas sugerindo que falhas no processamento e a ausência de embalagem do

produto propiciaram estes resultados. Espécies possivelmente produtoras de

micotoxinas como Penicillium citrinum e Penicillium paxilli foram isoladas, sendo

sugerido como proposta futura a investigação sobre o risco que a presença destes

fungos no Requeijão do Norte pode oferecer para o consumo humano.

Palavras-chave: Requeijão do Norte; Queijo de Manteiga; qualidade microbiológica;

caracterização físico-química; atividade enzimática; aflatoxina M1.

13

ABSTRACT

The microbiological quality and physical-chemical characteristics of “Requeijão

do Norte” marketed in the city Belo-Horizonte – MG were evaluated. Microbiological

analyses carried out on 25 samples indicated that the product can present risk to the

human consumption due to the presence of coagulase-positive Staphylococci

besides the enterotoxin B and the TSST-1 toxin detected in some samples. High

counts of fecal coliformes and E. coli were found. As for the physiochemical

characterization of the “Requeijão do Norte”, a great variation of the analyzed

parameters was observed, demonstrating a lack of standardization in the production

process. An evaluation of the populations of yeasts present in the product was also

carried out, and it can be observed that a great variety of species were present. The

high counts observed suggest the possibility of contamination after processing. On

the other hand, the enzymatic activity observed in some of the strains of isolated

yeasts indicated the positive contribution of these to the sensorial characteristics of

the cheese, since some of these strains can be present as natural components of

microbiota of the product. Later the contamination of the cheese samples by moulds

was evaluated, and the presence of AFM1 was confirmed. The concentration of AFM1

not presents a risk to the health of the consumers. High counts of moulds were found

suggesting a possible failure in the processing and the absence of wrapping of the

product propitiated these results. Species such as Penicillium citrinum and

Penicillium paxilli which can possibly produce mycotoxins were isolated. This

suggested the need for a future investigation of the risk that the presence of these

fungi in ‘Requeijão do Norte’ can offer for the human consumption.

Key-words: “Requeijão do Norte”; butter cheese; microbial quality; physico-chemical

characterization; enzymatic activity; aflatoxin M1.

14

INTRODUÇÃO

A produção de requeijão no Brasil já apresentava registros no período colonial

como uma das formas mais tradicionais de conservação do leite sob a forma de

alimento. Atualmente, o produto é fabricado em todo o território nacional, com

algumas variações de tecnologia características de cada região.

No nordeste do país, as produções de laticínios estão voltadas ao

processamento dos Queijos de Coalho e de Manteiga (AQUINO, 1983). O Queijo de

Manteiga, também conhecido como Requeijão do Norte, é um produto bastante

consumido nas regiões norte e nordeste (NASSU et al., 2003). A microrregião do

Seridó, localizada no estado do Rio Grande do Norte, destaca-se na elaboração do

Queijo de Manteiga. Este queijo é produzido de forma empírica, em fazendas, cuja

técnica é passada de pai para filho, através de gerações. O queijo, assim obtido, é

comercializado “in loco” e na capital do estado (LIRA, 1995).

Em Minas Gerais, situação semelhante pode ser observada para diferentes

produtos, como por exemplo, os requeijões artesanais da região norte do estado. A

produção é bastante empírica e alguns produtores têm seu próprio critério para

definir a formulação, o que tem levado à obtenção de produtos com características

variadas, comprometendo sua qualidade final. Além disto, constitui-se em um fator

quase exclusivo na geração de renda para muitas famílias, o que justifica a

importância de se intensificar o apoio ao desenvolvimento da agroindústria (SILVA &

CASTRO, 1995).

A comercialização do Requeijão do Norte de Minas é realizada em pequenas

feiras públicas e mercados municipais, onde estes produtos são encontrados

geralmente sem embalagem ou cobertos parcialmente por filmes plásticos à

temperatura ambiente. As condições de transporte são precárias e feitas por

atravessadores locais (relatos pessoais dos atravessadores).

Das alterações microbiológicas, o “mofo” é referido como o principal gerador

de problemas econômicos na indústria queijeira. Entre as conseqüências

provocadas pelo seu desenvolvimento, destacam-se a rejeição de produtos

mofados, perdas por raspagem ou retirada total da casca, além da redução do

tempo de vida útil do produto (MEDINA et al., 1984; TANIWAKI & VAN DENDER,

1991).

15

Fungos e leveduras também exercem contribuição de destaque em

requeijões. Positivamente favorecem as características de textura, aroma e sabor do

produto final, por outro lado, a presença destes microrganismos como

contaminantes pode provocar alterações sensoriais indesejáveis nos queijos, além

da possível presença de metabólitos tóxicos, as micotoxinas.

Dentre as condições do local de armazenamento, consideradas por LIRA

(1995), destaca-se a variação de temperatura, bastante comum na comercialização

desse produto, o que favorece o desenvolvimento de fungos em contagens mais

elevadas do que se estocado à temperatura contínua de 25 ºC. ESCUDERO et al.

(1981) analisaram os efeitos das alterações ocorridas na composição química sobre

a qualidade do Queijo de Manteiga durante 15 dias de armazenamento em

temperatura ambiente e de refrigeração, e observaram melhor sabor para as

amostras mantidas sobre refrigeração.

Diante da escassez de trabalhos científicos sobre o Requeijão do Norte e da

necessária intervenção para melhoria da qualidade higiênico-sanitária do produto

comercializado em nossa região, foi idealizado este trabalho. Foram analisados os

principais indicadores microbiológicos e a composição físico-química em amostras

de Requeijão do Norte comercializados na cidade de Belo-Horizonte-MG. A

avaliação da presença de enterotoxinas estafilocócicas no alimento foi realizada

paralelamente à pesquisa de isolados de Staphylococcus coagulase-negativos

potencialmente patogênicos, a partir da presença/ausência do gene da coagulase

para avaliação do risco de alerta sanitário. Também foi caracterizada a microbiota

fúngica e as leveduras presentes no Requeijão do Norte. Paralelamente, foi

realizado a quantificação de aflatoxina M1 no Requeijão do Norte com o intuito de

auxiliar na avaliação da inocuidade do produto para consumo humano.

16

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1. REQUEIJÕES

1.1. ASPECTOS GERAIS

Registros sobre a fabricação de queijos no Brasil ocorreram a partir do ano de

1920, com o estabelecimento de imigrantes dinamarqueses no sul de Minas e de

holandeses na região de Santos Dumont e Barbacena (FURTADO, 1991). O

requeijão é um produto originário das antigas regiões produtoras de creme destinado

à fabricação de manteiga, onde o leite desnatado, tido na época como subproduto,

era utilizado na fabricação artesanal do requeijão. O consumo do produto era restrito

à própria unidade de fabricação (MUNCK & CAMPOS, 1984).

Atualmente, uma grande variedade de requeijões pode ser encontrada no

mercado. Essa diversificação está relacionada à diferenças de tratamento,

peculiares a cada tipo de requeijão, recebidas no momento em que a massa está

sendo processada. MUNCK & CAMPOS (1984) destacam quatro tipos de requeijão:

o Requeijão Mineiro ou Comum, disponível sob a forma fatiável e o Requeijão

Cremoso, ambos de cor clara e produzidos em escala industrial, e também o

Requeijão do Norte e o Requeijão do Sertão ou Crioulo, em geral de forma fatiável e

coloração mais escura, geralmente produzidos de forma artesanal.

O nome “Requeijão do Norte” representa a mais popular de suas

denominações, já tendo sido estabelecido em Regulamento Técnico de Identidade e

Qualidade específico (BRASIL, 1997).

Em relação ao cenário nacional, a produção de queijos e requeijões em Minas

Gerais é bastante expressiva. Em 2001, o Brasil produziu cerca de 394.175 t de

queijos sob inspeção e estima-se que a produção informal tenha sido ainda maior.

Calcula-se que a participação de Minas Gerais seja equivalente a 42% do total,

sendo que o requeijão corresponde a 11,9% da produção de queijos sob inspeção

Federal (INDI, 2002).

Em se tratando da produção artesanal do Requeijão do Norte, VENTURA

(1987) já afirmava que 80% da produção do requeijão era originada de pequenas

fábricas, isto é, tinha origem artesanal. Segundo dados fornecidos pelo INDI (2002),

foi estimado que apenas 0,2% da produção do Requeijão do Norte estava

17

regulamentada pelo Serviço de Inspeção Federal. Portanto, a quantificação da

produção artesanal não consta em estatísticas oficiais, mas a existência de

numerosas unidades de produção caseira que ainda comercializam extensivamente

seus produtos no mercado informal é uma realidade (NASSU et al., 2003).

1.2. COMPOSIÇÃO QUÍMICA

O Requeijão do Norte é um derivado lácteo rico em proteínas (até 25%) e

gorduras (até 36%). Considerado um produto de elevado significado cultural para as

regiões nordestinas, constitui-se em uma variedade de queijo com características

peculiares, elevado valor nutricional e de grande participação na alimentação da

população brasileira (ABIQ, 2005).

Por definição o “Requeijão do Norte” é o produto obtido pela fusão prolongada

e agitação de uma mistura de manteiga e massa de coalhada de leite integral,

semidesnatado ou desnatado (BRASIL, 1997), o que justifica os elevados teores em

gorduras e proteínas encontrados neste queijo.

A fixação de identidade e os requisitos mínimos de qualidade para queijos

foram estabelecidos pela legislação, de acordo com a AOAC e o Codex

Alimentarius. Com isto, a classificação dos queijos é determinada a partir dos seus

teores de gordura e umidade. Em relação ao Requeijão do Norte, os teores de

gordura nos sólidos totais variam de 25% a 59,9%, enquadrando-se portanto à

classificação corresponde aos queijos gordos e semi-gordos. Quanto aos teores de

umidade, este produto pode ser considerado como queijo de baixa até muito alta

umidade, com teor máximo de 58% (BRASIL, 1996).

O conteúdo de lactose em ácido láctico é de 0.3% aproximadamente. A

composição do Requeijão do Norte é semelhante à de produtos descritos na

literatura como: Requeijão do Nordeste (VENTURA, 1987), quanto aos teores de

umidade, proteínas, cinzas e pH; Requeijão cremoso tradicional (HOFFMANN et al.,

2001) quanto ao pH; Queijo de Manteiga (NASSU et al., 2003), quanto aos teores de

umidade, proteínas e gordura.

18

1.3. TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DO REQUEIJÃO

O processo de fabricação tradicional de requeijões inicia-se com a

desnaturação de proteínas do soro de leite aquecido a aproximadamente 95 ºC,

seguido das etapas de drenagem, desacidificação e cozimento da massa, momento

em que são adicionados os sais fundentes (sais de fosfatos e polifosfatos que

melhoram a textura e a maciez do requeijão). Outra forma de se produzir requeijões

consiste na coagulação do leite integral cru, pasteurizado ou desnatado a partir da

adição de ácidos orgânicos, por coagulação enzimática (coalho) ou mesmo

espontânea, com ou sem adição de cultura láctica (FURTADO & LOURENÇO

NETO, 1994; PINTADO & MALCATA, 1999).

O fluxograma de fabricação artesanal do Requeijão do Norte de Minas Gerais

proposto neste trabalho está representado na Figura 1. A tecnologia de produção

envolve, basicamente, as seguintes etapas:

1. Coagulação : o leite cru é deixado à temperatura ambiente por até 48 horas para

formação da coalhada resultante da ação da microbiota acompanhante.

2. Retirada do creme : remoção da camada de gordura sobre a superfície da

coalhada que, posteriormente, será utilizada para a fabricação da Manteiga de

Garrafa.

3. Precipitação : a coalhada é aquecida à temperatura de aproximadamente 45 ºC

por 20 minutos. As micelas de caseína se agregam resultando na liberação de soro.

4. Primeira dessoragem : a massa é colocada em sacos de pano branco

higienizados para filtragem do leite. O conjunto é suspenso e deixado em repouso

até a retirada completa de soro da massa.

5. Desacidificação : água quente é adicionada, em quantidade suficiente para cobrir

a massa, com o intuito de reduzir a acidez excessiva da massa. Em seguida a

massa é novamente colocada em sacos brancos para drenagem. Paralelamente, o

mesmo volume de leite cru, utilizado no preparo da coalhada, é aquecido à

temperatura de 90 °C por aproximadamente 3 horas. E sta etapa além de auxiliar na

redução da acidez vai favorecer a formação da cor característica do produto, devido

á caramelização dos açúcares do leite, e contribuir para o aumento no rendimento

da massa.

19

6. Cozimento : a massa, ainda ácida, é submetida á cocção (100 °C) juntamente

com o leite caramelizado que esporadicamente são agitados, por um período de até

2 horas. Nesta etapa as proteínas do leite precipitam em razão do baixo pH da

massa e se incorporam à mesma, com mais desprendimento de soro. A adição de

cloreto de sódio à massa também ocorre nesta fase.

7. Segunda dessoragem : da mesma forma que a etapa 4.

8. Amassamento : feito vigorosamente e sobre aquecimento para homogeneizar a

massa e manteiga. Nesta etapa o bicarbonato de sódio pode ser adicionado. O

objetivo é elevar o pH para corrigir a acidez da massa e conseqüentemente evitar a

formação de produtos com massa quebradiça.

9. Adição de Manteiga de Garrafa: a manteiga é incorporada à massa. Cor, sabor

e aroma característicos são realçados nesta etapa.

10. Enformagem : a massa é colocada em formas de madeira e moldada. Os

requeijões são retirados das formas já frios e armazenados em caixas de papelão,

cobertos com plástico e mantidos à temperatura ambiente, até o momento em que

serão distribuídos aos pontos de venda.

Em relação à Manteiga de Garrafa, sua elaboração geralmente ocorre

paralela ao processamento do requeijão. As etapas do preparo são:

1. Batimento do creme de leite : feito manualmente por 15 minutos até o início da

inversão de fases.

2. Lavagem da massa : à massa é adicionada ¼ do seu volume de água gelada. Em

seguida é iniciado batimento vigoroso e o líquido desprendido é drenado.

3. Fusão e evaporação da água : nesta etapa a manteiga é aquecida para retirada

de água residual.

4. Filtração : a manteiga é filtrada, e posteriormente será utilizada para a fabricação

do Requeijão do Norte.

O leite é a matéria-prima utilizada na fabricação do requeijão, e constitui o seu

principal ingrediente. Devido à natureza de suas características físico-químicas e a

forma de sua obtenção, pode representar uma fonte potencial de contaminação.

Portanto, a obtenção higiênica do leite é o primeiro ponto crítico no processo de

fabricação de derivados lácteos (PERRY, 2004).

20

Figura 1 – Fluxograma proposto das etapas de produção artesanal do Requeijão do

Norte. Município de Salinas – MG.

Recepção do leite

Medição/Filtração

Coagulação

Retirada do creme

Aquecimento da massa

Primeira dessoragem

Soro Lavagem da massa

Adição de leite

Segunda dessoragem

Amassamento

Incorporação de Manteiga de Garrafa Salga

Amassamento

Enformagem

REQUEIJÃO DO NORTE

Cocção da massa

21

Por outro lado, como o requeijão sofre um tratamento térmico mais intenso do

que o da pasteurização do leite, não há necessidade de pasteurização da matéria-

prima, sob o ponto de vista higiênico-sanitário (OLIVEIRA, 1984).

Outros fatores que interferem diretamente sobre a qualidade final do requeijão

são o manuseio da coalhada, a quantidade de gordura adicionada, bem como o

tempo e temperatura utilizados durante o processamento. PINTADO & MALCATA

(1999) relataram que os teores de gordura e umidade do requeijão são afetados

positivamente pelo tempo e temperatura de aquecimento, bem como pela adição de

leite, quando o aumento da temperatura leva a uma maior retenção de gordura.

Outra etapa que pode influenciar os teores de gordura e umidade é o tempo gasto

durante a dessoragem, que difere muito entre os produtores (NASSU et al., 2003).

A escolha das condições ideais para a produção de Requeijão deve estar

aliada a um elevado rendimento da massa do produto. Associadas a isto estão

também a padronização do processo e a implantação de boas práticas de manejo,

do gado até as etapas da fabricação.

1.4. MICROBIOTA DE INTERESSE HIGIÊNICO-SANITÁRIO

A avaliação da presença de microrganismos deteriorantes ou patogênicos em

alimentos têm sido alvo de inúmeras pesquisas em todo o mundo. No caso do

Requeijão do Norte, por se tratar de um produto estritamente artesanal, nem sempre

pode ser garantida a inocuidade alimentar necessária. O produto não é maturado e a

utilização de leite clandestino é uma realidade na cadeia de produção.

No comércio, a situação hora avaliada demonstra que alguns produtores têm

sido autuados por irregularidades e más condições higiênico-sanitárias de seus

produtos. Os respectivos estabelecimentos são interditados temporariamente pelo

serviço de fiscalização sanitária local em diferentes municípios da região norte do

estado (relatos pessoais de atravessadores).

Estudos realizados com outros tipos de requeijão, também relataram a

presença de contaminantes e/ou patógenos associados às más condições higiênicas

devidas à manipulação (SOUSA et al., 2002; FEITOSA et al., 2003; LOURENÇO &

SOUSA, 2005).

22

Os padrões microbiológicos para alimentos definidos pela RDC N° 12 para

este produto referem-se aos Coliformes a 45 °C ou C oliformes Termotolerantes e

estafilococos coagulase positivos (BRASIL, 2001a). Ainda que não contemplado

pela legislação, o estudo da presença de estafilococos coagulase negativos se faz

necessário, uma vez que cepas enterotoxigênicas não são necessariamente

coagulase positivas (VERAS et al., 2007). Análises microbiológicas complementares,

aqui consideradas a estimativa de coliformes totais, pesquisa de Salmonella sp. e a

presença de microbiota deteriorante, determinada pela Contagem em Placas de

fungos e leveduras, contribuem, respectivamente, para a avaliação da presença de

contaminantes e/ou patógenos que possam oferecer risco à saúde humana e a

qualidade microbiológica do alimento.

1.4.1. Enterobactérias

Determinadas bactérias da família enterobacteriaceae (Salmonella, Yersinia,

Shigella, Escherichia) podem ser enteropatogênicas devido à capacidade de

produzirem enterotoxinas provocando alterações gastrointestinais (GLATZ &

BRUDVIG, 1980). Populações de enterobactérias indicam a qualidade higiênica do

produto, e sua presença pode estar relacionada à contaminação de origem fecal.

Contagens elevadas no leite e em queijos, evidenciam práticas inadequadas durante

a ordenha, fabricação, transporte e/ou a estocagem destes produtos (TORNADIJO

et al., 2001).

Os coliformes totais são bastonetes Gram negativos, não esporulados,

aeróbios ou anaeróbios facultativos, capazes de fermentar a lactose com produção

de gás, em 24 a 48 horas a 35 ºC. O grupo é representado pelos gêneros

Citrobacter, Escherichia, Enterobacter e Klebsiella dentre os quais encontram-se

bactérias do trato gastrointestinal de humanos, bem como de outros animais de

sangue quente (JAY, 2005).

Os coliformes fecais ou termotolerantes têm a mesma definição do grupo de

coliformes totais, porém, são capazes de fermentar a lactose com produção de gás

em 24 horas a 44,5 ºC. O índice de coliformes fecais é empregado como indicador

de contaminação fecal. Presume-se que a população desse grupo seja constituída

23

de alta proporção de Escherichia coli, que habita exclusivamente o trato intestinal do

homem e de outros animais (JAY, 2005).

As bactérias pertencentes ao gênero Salmonella são caracterizadas como

bacilos não esporulados, Gram negativos, sendo a maioria móvel. Habitam o trato

gastrointestinal do homem e de animais, especialmente aves e suínos (FRANCO &

LANDGRAF, 2002). Espécies deste gênero estão entre as mais importantes

causadoras de gastroenterites de origem alimentar, apresentando índices de

mortalidade de 4,1% conforme a idade, sendo crianças e idosos os mais

susceptíveis (FERNANDES et al., 2006).

Enterobactérias potencialmente patogênicas isoladas de queijos foram

relatadas por diferentes autores. FEITOSA et al. (2003) no estado do Rio Grande do

Norte detectaram a presença de bactérias do grupo coliforme e Salmonella spp. em

amostras de Queijo de Manteiga. Em um estudo realizado por LOURENÇO et al.

(2005) foram analisadas amostras de Requeijão Marajoara, um queijo típico do

estado do Pará, em que também foram encontradas contagens elevadas de

coliformes fecais (240 NMP/g). Os resultados obtidos destes trabalhos estão

relacionados às más condições higiênico-sanitárias encontradas nas queijarias,

principalmente das que trabalhavam com produção artesanal.

Melhores condições higiênicas foram encontradas em estudos feitos por

CAVALCANTE & COSTA (2005) em Queijo de Manteiga no Ceará, onde não foi

detectada a presença de coliformes devido ao curto período de estocagem a que o

produto estava submetido (até 5 dias sobre refrigeração).

1.4.2. Staphylococcus spp.

Os estafilococos são descritos como cocos Gram positivos, mesófilos,

anaeróbios facultativos, catalase positivos, termonuclease e coagulase positivos ou

negativos, não esporulados e halófilos (BERGDOLL, 1989; KLOOS, 1990). Os

estafilococos coagulase positivos foram subdivididos em quatro espécies: S. aureus,

S. intermedius, S. hyicus e S. delphini. Os estafilococos coagulase negativos foram

subdivididos em espécies de acordo com o perfil fisiológico que apresentam em

relação à utilização de carboidratos, produção de termonuclease, produção de

acetoína e hemólise (KLOOS, 1990; CARMO, 2001).

24

Estes microrganismos são ubíquos na natureza. Nos mamíferos os

estafilococos podem ser encontrados na mucosa e na pele. Já no homem, a

cavidade nasal é o seu principal hábitat. Portanto, os manipuladores de alimentos

quando portadores nasais ou que possuam feridas infectadas por S. aureus,

representam fontes potenciais de contaminação do alimento (FRANCO &

LANDGRAF, 2002).

A contaminação por espécies de estafilococos patogênicas em diversos tipos

de alimentos também está relacionada às características intrínsecas da espécie. No

caso de S. aureus, a capacidade de crescer em uma ampla faixa de temperatura

(7 °C a 48,5 °C) , e de pH ( 4,2 a 9,3) (LE LOIR et al., 2003), justificam seu

crescimento nos alimentos e sua presença também está relacionada à práticas

inadequadas de higiene e manipulação (REIBNITZ et al., 1998).

No Brasil, estudos relatam as condições microbiológicas encontradas em

queijos produzidos artesanalmente (LEITE et al., 2005; ALMEIDA & FRANCO,

2003). BORELLI et al. (2006a) observaram contagens de Staphylococcus spp. entre

2,5 x 106 e 2,0 x 106 UFC/g em amostras de queijo da Serra da Canastra em Minas

Gerais durante o processo de fabricação, sendo que S. aureus esteve presente em

70% das amostras de queijo, em contagens superiores a 104 UFC/g.

A contaminação de queijos processados ou fundidos, geralmente ocorre pós-

processamento, uma vez que estes produtos são submetidos a tratamento térmico

final na faixa de 85 ºC a 90 ºC (ESCUDERO, 1979). ASSUMPÇÃO et al. (2003)

relataram a presença de Staphylococcus coagulase positivos em amostras de queijo

prato produzidos em Lavras, Minas Gerais em contagens entre 1,0 x 104 e 2,3 x 105

UFC/g.

A importância dos estafilococos em alimentos é atribuída à capacidade de

produção de enterotoxinas, sendo que muitas linhagens produzem uma ou mais

destas proteínas (CARMO et al., 2004; NORMANO et al., 2005). As enterotoxinas

estafilocócicas são polipeptídeos de cadeias simples, hidrossolúveis, de peso

molecular entre 26.000 e 29.000 Daltons e resistentes a ação de enzimas

proteolíticas como a pepsina, tripsina e renina (BERGDOOL, 1989). São

classificadas de acordo com o tipo sorológico em enterotoxina estafilocócica (SE) A

(CASMAN & BENNETT, 1963), B (CASMAN et al., 1963), C (C1, C2, C3)

(BERGDOOL et al., 1965), D (CASMAN et al., 1967), E (BERGDOOL et al., 1971), G

25

(MUNSON & BETLEY, 1991), H (SU & WONG, 1995), I (MUNSON et al., 1998), J

(ZHANG et al., 1998), K (ORWIN et al., 2001) e a toxina da síndrome do choque

tóxico (TSST-1) citada por IANDOLO (1989). Genotipicamente foram identificadas

nove tipos de enterotoxinas: K (ORWIN et al., 2001), L (FITZGERALD et al., 2001),

M, N, O (JARRAUD et al., 2001), P, Q (YARWOOD et al., 2002), R (OMOE et al.,

2003) e U (LETERTRE et al., 2003).

O quadro clínico observado na intoxicação estafilocócica é caracterizado por

vômito e diarréia, 30 minutos a 8 horas após a ingestão de alimento contaminado. A

dosagem mínima de enterotoxina causadora desses sintomas em seres humanos

pode variar de 100 ng a 1 µg (BERGDOOL, 1989). Acredita-se que sejam

necessárias entre 105 e 106 UFC de Staphylococcus aureus por grama de alimento

para que haja produção de enterotoxinas em quantidade suficiente para causar

intoxicação alimentar (CARMO & BERGDOOL, 1990).

As enterotoxinas apresentam a propriedade de termoresistência por isso

persistem nos alimentos após tratamento térmico, o que constitui ponto crucial em

controle de qualidade de alimentos (PEREIRA et al., 1999). Surtos envolvendo o

consumo de queijos, leite e derivados já foram registrados em decorrência da

presença das enterotoxinas estafilocócicas A, B, C2, D, H e TSST-1 (CARMO, 2001).

Em Minas Gerais, surtos envolvendo produtos lácteos como queijos já foram

registrados. Durante os períodos de 1988 a 1989 foram relatados 18 casos de surto

de intoxicação alimentar estafilocócica, em Belo Horizonte, dos quais dez casos

estavam relacionados à ingestão de queijo Minas e oito casos, por bolo confeitado

(CARMO & BERGDOOL, 1990).

A produção da enzima coagulase é um dos critérios mais utilizados para

identificação de S. aureus. Existe uma estreita relação entre a produção de

coagulase e a possibilidade do estafilococo ser enterotoxigênico, embora ocorram

na literatura relatos de estafilococos coagulase negativo produtores de enterotoxinas

(CARMO et al., 2001; BORELLI et al., 2006a; VERAS et al., 2007). Linhagens

coagulase-negativas referentes às espécies S. epidermidis, S. xylosus, S. capitis, S.

sciuri, S. warneri e S. saprophyticus também são microrganismos capazes de

produzirem enterotoxinas (SENA, 2000; BORELLI et al., 2006a).

SENA (2000) relatou a presença de “pools” de Staphylococcus coagulase-

negativos produtores de enterotoxinas e TSST-1 em amostras de queijo Coalho

26

comercializadas em Recife - Pernambuco. PIMENTEL et al., (2002) observaram a

presença de Staphylococcus coagulase-negativos produtores de enterotoxinas em

queijo ralado. As contagens variaram de 102 a 103 UFC/g, sendo detectadas SEB,

SEC e SED nas amostras estudadas. BORELLI et al., (2006a) detectaram a

presença de Staphylococcus coagulase negativos produtores de enterotoxinas B, C,

D e TSST-1 em queijo Canastra, indicando contaminação antes, durante e pós

processamento do produto. Esses dados evidenciam a importância da pesquisa de

Staphylococcus spp. e a necessidade de melhora das condições de processamento

e manipulação de queijos a partir de Boas Práticas de Fabricação (BPF).

2. LEVEDURAS EM PRODUTOS LÁCTEOS

Leveduras têm sido freqüentemente isoladas de queijos, sendo consideradas

como componentes importantes da microbiota de muitas, se não de todas as

variedades de queijos. Estes microrganismos são responsáveis pela produção de

compostos aromáticos resultantes das atividades lipolítica e proteolítica de

determinadas espécies, que em conjunto com os ácidos orgânicos presentes são

responsáveis pelas características finais do queijo (FLEET, 1990; WELTHAGEN &

VILJOEN, 1999; ADDIS et al. 2001; CORSETTI et al., 2001).

A presença de leveduras em contagens elevadas nos queijos está

relacionada à sua capacidade de tolerar bem os ambientes com baixo pH, atividade

de água reduzida e elevadas concentrações de sal. Além disto, esses

microrganismos possuem a habilidade de crescerem em baixas temperaturas de

estocagem, como acontece, por exemplo, nos ambientes para maturação de queijos

(FERREIRA & VILJOEN, 2003).

Normalmente as leveduras não causam prejuízos aos produtos lácteos, sob o

ponto de vista sensorial, a menos que ocorra a fermentação de lactose. Neste caso,

podem ser relacionados efeitos depreciativos a estes produtos como: formação

excessiva de gás, alterações na cor e textura dos produtos além de aroma e sabor

de frutas (FLEET, 1990; JAKOBSEN & NARVHUS 1996; BERESFORD et al., 2001).

Trabalhos sobre a ocorrência de leveduras isoladas em queijos relatam

contagens de 105 até 108 UFC/g, encontradas nestes produtos (FLEET, 1990;

ROOSTITA & FLEET, 1996; BORELLI et al., 2006b; LAURENCIK et al., 2008). As

27

leveduras de maior ocorrência em queijos referem-se a Debaryomyces hansenii,

Kluyveromyces marxianus, Yarrowia lipolytica e diversas espécies de Candida

(PEREIRA-DIAS et al., 2000; VILJOEN, 2001; FADDA et al., 2004).

As leveduras estão presentes com freqüência no ambiente de fabricação de

laticínios, aparecendo muitas vezes como contaminantes naturais no leite cru, nas

mãos de manipuladores e nos utensílios utilizados durante o processamento

(WYDER & PUHAN, 1999). Normalmente a contaminação dos equipamentos deve-

ser atribuída às práticas de higiene inadequadas (VILJOEN & GREYLING, 1995).

3. OCORRÊNCIA DE FUNGOS FILAMENTOSOS

Os fungos são microrganismos ubíquos na natureza e de fácil disseminação,

seja pelo ar, pela água ou pelo solo, contaminando com freqüência os alimentos. O

mesmo pode ocorrer nos diferentes sítios da linha de processamento de queijos ou

mesmo ao produto final (HOCKING, 1997). A facilidade com que se desenvolvem

sobre a superfície de queijos é devida à capacidade que possuem em crescer sob

condições adversas aos outros microrganismos como baixas temperaturas, atividade

de água e pH, elevadas concentrações de sal e pouca disponibilidade de

carboidratos (HOCKING, 1997; COUSIN, 2003).

A ocorrência de fungos em queijos é desejável quando envolve a produção de

queijos maturados do tipo azul, onde a presença destes microrganismos é

indispensável (LÓPEZ-DÍAZ et al., 1996). Segundo HOCKING & FAEDO (1992) o

crescimento de fungos filamentosos pode ser considerado como um problema de

ocorrência esporádica na superfície de queijos duros e naqueles embalados a

vácuo. Os gêneros de maior ocorrência nos queijos relatados na literatura incluem:

Penicillium, Aspergillus, Alternaria, Eurotium, Fusarium e Mucor (BULLERMAN &

OLIVIGNI, 1974; ARAN & EKE, 1987; HOCKING & FAEDO, 1992; TANIWAKI &

VAND DENDER, 1992; LUND et al., 1995).

Em certos tipos de queijos duros e naqueles embalados a vácuo, o

crescimento de fungos filamentosos pode ser considerado como problema, uma vez

que provocam a degradação destes produtos, descoloração da superfície e/ou a

produção de odores indesejáveis (HOCKING & FAEDO, 1992; KURE & SKAAR,

2000; BACHMANN et al., 2005).

28

A contaminação por fungos filamentosos em queijo Tulum foi estudada por

ERDOGHAN et al., (2003) detectando a presença de Penicillium roqueforti como a

espécie predominante (75%) e Geotrichum candidum (25%). KURE et al. (2004) na

Noruega encontraram grande diversidade de fungos, sendo Penicillium o gênero de

maior freqüência nos queijos. Em estudos feitos por BACHMANN et al. (2005) a

ocorrência de fungos isolados de manchas na superfície de queijos suíços

maturados foi relatada. Fusarium domesticum foi a espécie predominante, sendo

integrante da microbiota natural que, conforme os autores, possuem ação benéfica

para o produto.

O crescimento de fungos pode também representar riscos à saúde, devido a

possibilidade de produção de micotoxinas (PITT & CRUICKSHANK, 1990; FRISVAD

& THRANE, 1995). LÓPEZ-DÍAZ et al. (1996) na Espanha detectaram a presença de

Aspergillus potencialmente produtores de aflatoxina em duas variedades de queijo

maturado contaminados por fungos. ERDOGAN et al., (2003) na Turkia isolaram

linhagens de Penicillium roquefort com capacidade de produzir micotoxina em queijo

Tulum.

4. AFLATOXINAS

As aflatoxinas são metabólitos secundários de baixo peso molecular

produzidos por diferentes espécies de fungos filamentosos, capazes de

desencadear efeitos tóxicos em animais e humanos (PERAICA et al., 2000). Sua

ocorrência é maior em países de clima quente e úmido onde os fungos encontram

condições favoráveis ao seu crescimento (GIMENO, 2004).

O interesse pelo estudo das aflatoxinas surgiu a partir da década de 60

quando um grave acidente econômico ocorrido na Inglaterra provocou a morte de

mais de 400.000 perus. O desaparecimento dos sintomas era observado com a

troca das rações. Posteriormente, constatou-se que as rações produzidas com farelo

de amendoim contaminados por Aspergillus flavus estavam associadas à morte

destes animais. A doença foi denominada Turkey X Diseases (SCUSSEL, 1998).

Na literatura já foram registrados 18 tipos de aflatoxinas até o presente

momento, dentre as quais, destacam-se a aflatoxina B1 (AFB1) e a aflatoxina M1

(AFM1), um derivado metabólico de AFB1, como as aflatoxinas mais tóxicas. Outras

29

aflatoxinas importantes são G1, M2, B2 e G2, aqui relacionadas em ordem

decrescente de toxicidade.

Tanto AFM1 quando AFM2 podem ser encontradas no leite e na urina de

animais após a ingestão de rações contaminadas (SCUSSEL, 1998; GIMENO &

MARTINS, 2000; PERAICA et al., 2000). Em alimentos armazenados a temperatura

de 25 ºC e atividade de água de 0,95, espécies do gênero Aspergillus encontram as

condições adequadas para a produção de aflatoxinas. Linhagens de A. flavus por

exemplo, podem produzir aflatoxinas em temperaturas que variam de 6 ºC a 45 ºC

dependendo do substrato em que aparecem (HESSELTINE 1976).

Entre os efeitos provocados pela ingestão das aflatoxinas foram relatados a

atividade imunossupressora a partir da inibição de fagocitose e a inibição da síntese

protéica em nível de ribossomos, com alteração de absorção dos aminoácidos,

efeitos mutagênicos, teratogênicos e carcinogênicos, sendo o fígado o órgão alvo.

Os sintomas apresentados pela ingestão de alimentos contaminados são: leve

desconforto gastrointestinal, febre, edema dos pés, vômitos e em alguns casos

morte súbita (SCUSSEL, 1998; GIMENO, 2004; PERAICA et al., 2000).

Trabalhos relatados na literatura evidenciam que a contaminação de queijos

com AFM1 é freqüente. Na Itália, durante os períodos de 1991 a 1994, 223 amostras

de queijo tipo Grana Padano foram analisadas. Foi constatado que 91% dos queijos

estavam contaminados por AFM1 em concentrações de 0,005 a 0,100 µg/Kg e em

6,7% apresentaram níveis de 0,100 a 0,250 µg/Kg (PEITRTI et al., 1997). Em estudo

realizado por SARIMEHMETOGLU et al. (2004) na Turkia foi observado a presença

de AFM1 em amostras de queijo em quantidades de até 250 ng/kg. Outros trabalhos

também relatam a ocorrência de AFM1 em queijos e requeijões em níveis

inadequados para consumo, TEKINSEN & UÇAR (2008) na Turkia e VIRDIS et al.,

(2008) na Itália.

Em estudo realizado por PRADO et al. (2001) a ocorrência de aflatoxina M1

em queijo Prato e queijo Parmesão ralados comercializados na cidade de Belo

Horizonte – MG foi avaliada. Os autores detectaram a presença dessa aflatoxina em

100% das amostras de queijo prato analisadas em concentrações de até 0,54 ng/g e

em 93% das amostras de queijo parmesão em até 0,30 ng/g.

Os níveis de AFM1 estabelecidos para leite e derivados são variáveis nos

diferentes países, devido a divergências quanto à avaliação do risco ou às questões

30

econômicas (STOLOFF et al., 1991). Na União Européia o nível máximo de AFM1

em leite é de 50 ng/kg enquanto no Codex Alimentarius este valor é de 500 ng/kg.

Em relação aos queijos, países como a Holanda (200 ng/kg), Suíça (250 ng/kg) e

Itália (450 ng/kg) adotaram seus próprios limites para AFM1, principalmente pelo fato

de que a União Européia ainda não estabeleceu um limite máximo para estes

produtos (FAO, 2003). As normas estabelecidas pelo Codex Alimentarius foram

adotadas conjuntamente por países que compõem o MERCOSUL entre eles

Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai (GIMENO & MARTINS, 2000).

Em relação à AFM1 mesmo sendo hidrossolúvel, sua presença em queijos se

mantém após a dessoragem provavelmente pela associação com a caseína. Pode

também ser destacada a estabilidade que AFM1 possui em queijos e derivados

lácteos quanto ao processamento térmico. YOSEF & MARTH (1989) realizaram um

estudo sobre a estabilidade de AFM1 em determinados tipos de queijo, e

constataram que não ocorre redução nos níveis de AFM1, tanto durante o processo

de elaboração quanto após a cocção a 82-100 °C.

5. BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO

As Boas Práticas de Fabricação (BPF) representam um conjunto de

procedimentos pré-determinados para assegurar a obtenção de produtos inócuos e

de qualidade higiênico-sanitária adequada durante o processamento de alimentos

até o produto final (CNI/SENAI/SEBRAE, 1999).

As portarias 326 da Secretaria de Vigilância Sanitária e 368 do Ministério da

Agricultura e do Abastecimento estabelecem conceitos e procedimentos, objetivando

a promoção e certificação da qualidade em termos de serviços, processos e

produtos, enquadrando-se nos atuais conceitos de melhoria contínua de qualidade e

prevenção de riscos (LOPES JR. et al., 2000).

Além da qualidade e segurança de alimentos, outros fatores positivos podem

ser atribuídos às BPF como melhoria econômica, competitividade e clientela

garantida (SOUZA et al., 1998). As BPF representam uma ferramenta de suporte

para implementação da APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle)

um programa reconhecidamente internacional para garantia de controle de

qualidade (LOPES JR. et al., 2000; MARTINS & GERMANO, 2005).

31

Anteriormente à avaliação das boas práticas de fabricação é necessário

conhecimento prévio das características do produto e do processo de elaboração

envolvidos, para que possam ser avaliados os principais perigos e riscos de

contaminação, atuando de modo adequado à sua eliminação (PAZ et al., 1999).

Trabalhos na literatura relatam a necessidade de melhoria das condições

higiênicas e sanitárias em unidades de processamentos de queijos, bem como a

implantação de boas práticas de fabricação para estes produtos (TORNADIJO et al.,

2001; ASSUMPÇÃO et al., 2003; CARVALHO et al., 2005; SOUSA et al., 2005;

BORELLI et al., 2006a).

LOURENÇO & SOUSA (2005), estudando as características microbiológicas

e sensoriais do Requeijão Marajoara produzido no Pará, observaram a presença de

fungos e leveduras ao longo do período de estocagem do produto e constataram

condições higiênicas insatisfatórias.

LIMA (2005) avaliou as condições de produção do Queijo Minas artesanal

produzido na Serra do Salitre – MG. Após a implementação de BPF a autora

verificou a melhora da qualidade do produto, mesmo utilizando o leite cru, uma vez

que os padrões microbiológicos analisados estavam em conformidade com a

legislação. A implantação de BPF foi também acompanhada por SILVEIRA (2005)

em uma fábrica de queijo na região sul de Minas Gerais. A partir da identificação das

não conformidades durante todo o processo de elaboração, nas instalações,

equipamentos entre outros itens, a implantação de BPF para melhoria da qualidade

do produto foi alcançada.

6. MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR DE FUNGOS E L EVEDURAS

Historicamente, os sistemas de classificação de organismos baseiam-se em

características observáveis, isto é a análise dos caracteres fenotípicos. A

classificação e identificação de fungos, ao contrário de outros patógenos importantes

como as bactérias e os vírus, baseiam-se principalmente em critérios morfológicos.

O crescimento de cepas em meios de cultivo apropriados permitem o

reconhecimento de suas características mais importantes, como a cor e o aspecto

da colônia, o estado sexual (teleomorfo) e assexual (anamorfo) dos isolados,

32

estruturas de formação de esporos e características fisiológicas como a habilidade

em utilizar variadas fontes de carbono e nitrogênio (GUARRO et al., 1999).

Por outro lado, a análise fenotípica tem sido muito criticada pela falta de

padronização e terminologia estável, além de sua elevada subjetividade. Isto porque

determinadas características fenotípicas são consideradas instáveis e dependentes

de condições ambientais, que geralmente variam quando em condições de cultivos

artificiais. Outra limitação clara na identificação fenotípica é que a mesma não pode

ser aplicada a fungos que são incapazes de crescerem em determinados tipos de

cultivo (GUARRO et al., 1999).

A combinação das características morfológicas e fisiológicas é

tradicionalmente utilizada em estudos taxonômicos de fungos e leveduras.

Entretanto, nas últimas décadas, métodos moleculares têm sido desenvolvidos e

aplicados universalmente, em combinação aos métodos fisiológicos, ampliando

novas áreas de investigação dentro da sistemática e tornado possível a identificação

de novas espécies de fungos (KURTZMAN & FELL, 1998; DE BARROS LOPES et

al., 1998).

Entre os métodos de comparação do DNA nuclear, estudos de reassociação

de DNA (KURTZMAN & PHAFF, 1987), sequenciamento, Restriction Fragment

Length Polymorphisms - RFLP (BRUNS et al., 1991), Random Amplified Polimorphic

DNA - RAPD (HADRYS et al., 1992) e impressão genética por PCR são

frequentemente aplicados no estudo de identificação de espécies.

KURTZMAN & ROBNETT (1998) realizaram um estudo comparativo

envolvendo aproximadamente 500 espécies de leveduras identificadas pela análise

de sequências divergentes no domínio D1/D2 da subunidade maior do DNA

ribossomal 26S com resultados satisfatórios.

No estudo de taxonomia de fungos e leveduras, a aplicação da técnica de

PCR tem sido muito útil como ferramenta no auxílio de identificação de cepas em

laboratório, a partir da utilização de primers sintéticos que são específicos à regiões-

alvo.

DE BARROS LOPES et al. (1996) desenvolveram um método simples,

econômico e rápido para a diferenciação e identificação de linhagens de leveduras

utilizadas como culturas iniciadoras na fermentação de vinhos. Foram utilizados para

a técnica de PCR oligonucleotídeos sintetizados a partir de seqüências

33

complementares a sítios de rearranjo de íntrons, cujos alvos são as regiões

mutáveis no genoma de leveduras. Com esta técnica é possível diferenciar de

maneira segura um grande número de isolados de leveduras ao mesmo tempo.

Outra técnica eficiente é a utilização de primers de microsatelites sintetizados

a partir de seqüências de oligonucleotídeos que se repetem como por exemplo o

primer (GTG)5. Este método tem sido utilizado por diferentes autores como

ferramenta no auxílio da identificação de diferentes espécies de fungos

(LIECKFELDT et al., 1993, BRASILEIRO et al., 2004).

34

OBJETIVOS

1. OBJETIVO GERAL

Caracterizar microbiológica e físico-quimicamente o Requeijão do Norte,

comercializado na cidade de Belo-Horizonte – MG e identificar por técnica de

PCR a microbiota fúngica (bolores e leveduras) desse produto.

2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

2.1. Determinar a composição físico-química do requeijão.

2.2. Avaliar as condições higiênico-sanitárias das amostras de Requeijão

do Norte comercializadas em Belo-Horizonte, a partir da quantificação

de microrganismos indicadores e patogênicos (Coliformes Totais,

Coliformes Termotolerantes, E. coli, Staphylococcus spp. e Salmonella

spp.).

2.3. Determinar a presença do gene para coagulase em isolados de

Staphylococcus spp.

2.4. Verificar a presença de enterotoxinas estafilocócicas (SEs) A, B, C, D e

TSST-1 nas amostras de requeijão.

2.5. Caracterizar por métodos clássico e molecular as populações de

leveduras presentes no requeijão.

2.6. Identificar a presença de leveduras com atividade enzimática.

2.7. Caracterizar por métodos clássico e molecular as populações de

bolores presentes no requeijão.

2.8. Identificar e quantificar a presença de aflatoxinas nas amostras de

requeijão.

2.9. Estabelecer um fluxograma de produção, a partir do acompanhamento

do processo artesanal de fabricação do requeijão.

2.10. Avaliar uma unidade produtora e estabelecer propostas de ações para

implantação de BPF, com vistas à melhoria da qualidade e segurança

do produto.

35

CAPÍTULO I – CARACTERÍSTICAS MICROBIOLÓGICAS E

FÍSICO-QUÍMICAS DO REQUEIJÃO DO NORTE

RESUMO

Indicadores microbiológicos de qualidade higiênica e sanitária como presença

de Staphylococcus coagulase positivos, Coliformes Totais, Coliformes

Termotolerantes, E. coli e Salmonella spp., fungos e leveduras, foram investigados

em 25 amostras de Requeijão do Norte, um queijo semi-duro tradicional no Brasil.

Staphylococcus coagulase positivos foram encontrados em contagens de até 9,4 log

UFC/g. A presença do gene da coagulase foi detectada mesmo em isolados

fisiologicamente classificados como coagulase negativos. A enterotoxina

estafilocócica B e a toxina TSST-1 foram detectadas em duas das amostras.

Salmonella spp. não foram detectadas. As contagens de Coliformes Totais e de

fungos e leveduras foram elevadas, e as de Coliformes Termotolerantes estavam

acima do permitido pela legislação brasileira. Os valores médios percentuais para os

parâmetros físico-químicos (proteína, umidade, gordura e cinzas) e a atividade de

água apresentaram grandes variações. Estes resultados sugerem a diversidade na

composição físico-química e indicam um possível risco para a saúde publica que o

consumo deste produto tradicional pode representar para a população.

Palavras-chave: Requeijão do Norte; Queijo de Manteiga; Staphylococcus

coagulase positivos; análises microbiológicas; análises físico-químicas.

36

ABSTRACT

Microbiological indicators of hygienic quality and health as the presence of

coagulase-positive Staphylococci, total coliforms, thermotolerant, E. coli, Salmonella

spp., molds and yeasts, were investigated in 25 samples of ‘Requeijão do Norte’, a

semi-hard cheese traditionally in Brazil. Coagulase-positive Staphylococci were

found in quantities of up to 9.4 log cfu/g. The coagulase gene was detected in

isolates physiologically classified as coagulase-negative. The staphylococcal

enterotoxin B and TSST-1 were detected in two samples. Salmonella spp. were not

detected. The counts of total coliforms and moulds were of high, and of

thermotolerant coliforms were above the permitted by Brazilian legislation. For the

physico-chemical parameters, the average values (protein, moisture, fat and ash)

and water activity showed large variations. These results suggest a diversity in

physico-chemical composition and indicate a possible risk to public health that the

traditional consumption of this product may represent the population.

Keywords: Requeijão do Norte; butter cheese; coagulase-positive Staphylococci;

microbial analysis; physical-chemical analysis.

37

I.1. INTRODUÇÃO

O Requeijão do Norte é um produto feito de forma artesanal, em pequenas

propriedades rurais (NASSU et al., 2003; SILVA et al., 2006), sendo tradicional na

região Norte do estado de Minas Gerais. O processo de fabricação deste requeijão

envolve a utilização de leite integral cru, na maioria das vezes acumulado a partir de

ordenhas realizadas em períodos distintos. Ao início do processo o leite é acidificado

naturalmente, o creme que flota é separado, e o leite coalhado é aquecido a 45 ºC,

quando então é feita a retirada do soro. A massa é novamente aquecida a

temperaturas de até 90 °C, quando é lavada sucessiv amente com água e adicionada

de leite fresco para a redução dos níveis de acidez. Ao final desse processo, é

acrescentado à massa, ainda quente, o sal juntamente com uma manteiga especial,

denominada de Manteiga de Garrafa (BRASIL, 2001b). Esses ingredientes são

então misturados à massa e o requeijão ainda quente é colocado em formas de

madeira, onde passa por resfriamento natural. O produto é normalmente

comercializado sem embalagem, o que favorece a contaminação microbiana.

Em outros lugares do Brasil o Requeijão do Norte é também conhecido como

Queijo de Manteiga, sendo citado em literatura internacional (FAO, 1990) como um

produto brasileiro tradicional que é produzido em maior escala nas regiões sudeste e

nordeste do país. A tradicional denominação “Requeijão do Norte” foi regulamentada

pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento nos Padrões Técnicos de

Identidade e Qualidade (BRASIL, 1997). O Requeijão do Norte é bastante apreciado

em diferentes regiões do país e constitui-se de grande valor social, cultural, e

econômico. Devido ao processo de fabricação ocorrer muitas vezes em condições

de higiene inadequadas, patógenos como Staphylococcus aureus, Escherichia coli e

Salmonella spp. podem estar presentes nesse produto passando a representar um

risco potencial para a saúde dos consumidores (LELOIR, 2003; RODRÍGUEZ et al.,

2005). A presença de Staphylococcus coagulase positivos e a ocorrência de

enterotoxinas em alimentos são parâmetros importantes para a avaliação do risco

sanitário para os consumidores (AARESTRUP et al., 1995; LELOIR, 2003). Em vista

da produção artesanal do Requeijão do Norte e das situações de risco que os

consumidores desse produto podem estar expostos, foi realizado esse estudo, para

avaliar as populações de Staphylococcus coagulase positivos, a presença de

38

enterotoxinas estafilocócia (SE) A, B, C, D e a toxina TSST-1, Coliformes Totais,

Coliformes Fecais e Salmonella spp., fungos e leveduras além das suas

características físico-químicas.

I.2. MATERIAL E MÉTODOS

I.2.1. COLETA DE AMOSTRAS

Um total de 25 amostras de Requeijão do Norte foram coletadas,

aleatoriamente, entre os períodos de setembro de 2005 a abril de 2006. As coletas

foram realizadas em mercado varejista na cidade de Belo-Horizonte, Minas Gerais.

As amostras apresentavam a mesma origem (região nordeste do estado de Minas

Gerais) e procedências diversas (produzidas em diferentes fazendas). As amostras

foram coletadas em embalagens assépticas e transportadas ao laboratório sobre

refrigeração para análise microbiológica. Frações de cada amostra foram retiradas

para a realização de análises microbiológicas. O restante das amostras foram

armazenadas a -20 °C para as análises posteriores.

I.2.2. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

Amostras de 25 g de cada requeijão foram homogeneizadas em 225 mL de

água peptonada tamponada 0,1% com o auxílio de um Stomacher 400 Lab Blender

(London, UK) por um minuto. Diluições decimais adequadas foram preparadas

utilizando o mesmo diluente. Para a determinação do número mais provável de

Coliformes Totais, Coliformes Termotolerantes e E. coli foi realizada a técnica dos

tubos múltiplos utilizando três séries de três tubos. A partir de diluições seriadas, 1

mL de cada amostra foi inoculado em tubos contendo caldo lauril sulfato triptose

(Difco, USA) seguido de incubação a 35-37 °C por 24 a 48 horas. Dos tubos

considerados positivos, turvos e com bolhas de gás no interior do tubo de Duhran,

uma alçada foi transferida para caldo verde brilhante bile a 2% (Difco, USA) para

confirmação da presença de bactérias do grupo coliforme. Os tubos foram incubados

a 35-37 ºC por 48 horas. A presença de gás no interior do tubo de Durhan foi

considerada como resultado positivo. Posteriormente, dos tubos contendo caldo

39

verde brilhante bile 2% positivos, uma alçada foi transferida para tubos contendo

caldo EC Mug (Difco, USA), para a confirmação da presença de Coliformes

Termotolerantes e E. coli. Os tubos foram incubados em banho-maria a

44,5 ± 0,5 ºC durante 24 a 48 horas. As amostras foram consideradas positivas

quando houve formação de bolhas no interior do tubo de Duhran para Coliformes

Termotolerantes e a presença de fluorescência sob luz ultravioleta (UV 600nm) para

E. coli. Os resultados foram expressos em NMP/g (DOWNES & ITO, 2001).

Para detectar a presença de Salmonella spp. foi realizado um pré-

enriquecimento em água peptonada tamponada 1% estéril (24 h a 37 ºC) seguido do

enriquecimento seletivo em caldo selenito cistina (Biobrás, Brasil) e caldo

Rapapport-Vassiliads (Biobrás, Brasil). Os tubos foram incubados a 35 ºC e 42 ºC

por 24h, respectivamente. As culturas foram estriadas por esgotamento na superfície

de ágar Salmonella-Shigella (Biobrás, Brasil) e ágar Hektoen entérico (Biobrás,

Brasil). As placas foram incubadas a 35 ºC por 48 h. Colônias típicas foram testadas

para confirmação em Triple Sugar Iron agar (TSI) (Oxoid, UK) e Lysine Iron Agar

(LIA) (Oxoid, UK), teste de urease (Urea Broth, Oxoid, UK) e testes sorológicos

polivalentes como antígeno flagelar (H) e somático (O) (DOWES & ITO, 2001).

As populações de fungos e leveduras foram determinadas em ágar batata

dextrose (Difco) acidificado com uma solução estéril de ácido tartárico a 10%

(SILVA, 2001). O isolamento em profundidade foi realizado a partir de 1,0 mL das

diluições decimais adequadas, sendo as placas incubadas a 28 °C por cinco dias.

Para a determinação de Staphylococcus spp. foi realizada a contagem em

placas contendo ágar Baird-Parker (Biobrás - Brasil) enriquecido com gema de ovo e

adicionado de telurito de potássio. As placas foram incubadas a 37 °C por 48 h.

Após o crescimento, colônias típicas e atípicas foram classificadas segundo as

seguintes características típicas para Staphylococcus: coloração negra ou cinza

brilhante, forma arredondada, convexa, com bordos regulares, circundadas por um

halo branco (lipase) e um outro externo, maior e transparente (protease). Foram

consideradas atípicas as colônias cinzentas, ou negras brilhantes desprovidas de

halos, ou apresentando apenas um deles. Colônias isoladas de cada amostra, sendo

cinco típicas e cinco atípicas, foram selecionadas e transferidas para tubos contendo

ágar nutriente (cultura estoque) e testadas para a presença de coagulase e

termonuclease (TNase), fermentação anaeróbica de glicose e manitol e produção de

40

hemolisina em ágar sangue de carneiro para a identificação bioquímica de S. aureus

ou espécies coagulase positivas (DOWNES & ITO, 2001).

I.2.3. DETECÇÃO DO GENE DA COAGULASE EM ISOLADOS DE

Staphylococcus spp.

Os isolados de Staphylococcus spp. que apresentaram fenótipo negativo para

o teste de coagulase foram analisados quanto à presença do gene da coagulase

utilizando a técnica da reação em cadeia da polimerase (Polymerase Chain Reaction

- PCR). A extração de DNA e a PCR foram feitas segundo metodologia descrita em

AARESTRUP et al. (1995). Os primers específicos para o gene da coagulase Coa1

(5' ACCACAAGGTACTGAATCAACG 3') e Coa2 (5' TGCTTTCGATTGTTCGATGC

3') foram usados para amplificar fragmentos de aproximadamente 987 pb. Os

amplicons foram analisados em gel de agarose a 1%, corados com brometo de

etídio e fotografados.

I.2.4. DETECÇÃO DE ENTEROTOXINAS DE Staphylococcus spp.

A extração de enterotoxinas das amostras de Requeijão do Norte foi realizada

de acordo com os procedimentos descritos em CARMO et al. (2001). A presença de

enterotoxinas nos extratos do alimento foi analisada em triplicata utilizando o método

de Sensibilidade Ótima em Placas (Optimum Sensibility in Plate - OSP), como

descrito por ROBBINS et al. (1974). Os extratos foram testados contra os padrões

das enterotoxinas A, B, C, D, E, e da TSST-1. O limite de detecção do teste foi de

0,5 µg/g no alimento.

I.2.5. DETERMINAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍM ICAS DO

REQUEIJÃO DO NORTE

As características físico-químicas das amostras de Requeijão do Norte foram

determinadas pelas análises de umidade, proteínas, cinzas, gorduras, gordura no

extrato seco, acidez titulável e pH, conforme BRASIL (2003), e adicionalmente, a

atividade de água (aw) foi determinada utilizado o equipamento Texto 650 (Texto

41

GmbH & Co., Germany), de acordo com as recomendações do fabricante. Todas as

análises foram realizadas em triplicata.

I.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Contagens elevadas de Coliformes Totais foram encontradas em 16 das

amostras analisadas (Tabela 1). Coliformes Termotolerantes foram encontrados em

contagens superiores a 1100 pelo número mais provável em cinco das amostras e

contagens de 460 NMP/g em três amostras. Estes valores excederam a quantidade

máxima permitida pela legislação brasileira que é de 100 NMP/g, para este tipo de

produto (BRASIL, 2001). Estes resultados sugerem que as condições de produção

do Requeijão do Norte favoreceram a contaminação por Coliformes

Termotolerantes, em decorrência de práticas inadequadas de processamento e

manipulação dos ingredientes, ou mesmo do produto final após processamento. Em

oito amostras, E. coli foi detectada em contagens elevadas (20 a 460 NMP/g). A

presença de altas contagens de E. coli nas amostras também sugerem a falta de

procedimentos higiênicos adequados durante toda a cadeia de produção do

requeijão, incluindo a comercialização do produto sem embalagem. Salmonella spp.

não foram detectadas nas amostras estudadas.

Staphylococcus coagualse positivos foram identificados e quantificados em dez

das amostras analisadas. Níveis elevados de contaminação com Staphylococcus

coagualse positivos também foram encontrados em amostras de queijo da Serra da

Canastra em Minas Gerais (2,0X106 UFC/g) BORELLI et al. (2006).

42

Tabela 1 – Coliformes Totais, Termotolerantes, Escherichia coli, Staphylococcus spp., Staphylococcus coagulase positivos e fungos presentes em amostras de Requeijão do Norte obtidas em mercado varejista de Belo Horizonte.

Amostra Coliformes

Totais1

Coliformes

Termotolerantes1

E. coli 1 Staphylococcus

spp.2

Staphylococcus

coagualse positivos2

Fungos2

1 93 43 43 9,48 6,36 6,48

2 240 21 21 9,48 7,14 6,48

3 75 23 23 9,48 - 6,48

4 43 <3 <3 7,99 - 7,22

5 >1100 <3 <3 7,72 - <0,48

6 >1100 >1100 <3 8,29 - <0,48

7 23 <3 <3 7,57 - <0,48

8 >1100 >1100 <3 8,47 - 8,16

9 210 210 <3 9,48 7,14 8,27

10 93 93 <3 9,48 - 8,24

11 >1100 >1100 <3 9,48 - 8,06

12 >1100 >1100 <3 9,48 - 8,32

13 >1100 >1100 4 9,08 - 8,20

14 460 21 20 8,32 - 7,93

15 240 <3 <3 9,48 - 6,48

16 >1100 <3 <3 9,46 - 8,47

17 >1100 <3 <3 9,48 9,08 6,48

18 <3 <3 <3 8,08 8,08 6,48

19 1100 <3 <3 9,06 8,95 8,38

20 <3 <3 <3 9,48 9,48 6,48

21 <3 <3 <3 9,48 - 8,13

22 23 23 23 9,48 7,78 6,48

23 240 240 240 9,21 - 6,89

24 240 21 21 9,48 7,58 7,87

25 460 460 460 9,48 8,20 7,83

1- NMP/g (Número Mais Provável). 2- Log UFC/g (UFC = Unidade Formadora de Colônia).

43

LIMA et al. (2008) observaram que o queijo da Serra do Salitre apresentou

contagens de Staphylococcus coagulase positivos de até 5,0x104 UFC/g. O

isolamento de Staphylococcus coagulase positivos também foi relatado em queijo

prato em contagens de até 2,3x105 UFC/g (ASSUMPÇÃO et al., 2003).

Duzentos e quarenta e cinco isolados de Staphylococcus spp. foram analisados

pela técnica de reação em cadeia da polimerase – PCR, utilizando primers para o

gene Coa que são específicos à seqüência de nucleotídeos dentro da região

codificadora 3’ de S. aureus, e 36 destes isolados foram positivos quanto à presença

do gene. Cabe destacar que do total de 245 isolados testados apenas 13 foram

identificados fisiologicamente como Staphylococcus coagulase positivos.

Esses resultados sugerem um grau de imprecisão nas determinações

convencionais que podem ser atribuídas a fatores como disponibilidade de

nutrientes, ambiente ou condições fisiológicas intrínsecas da bactéria associadas à

não expressão do gene CoA (BERGDOLL, 1989). CREMONESI et al. (2005)

relataram que a presença do gene da coagulase não está necessariamente

associada com a expressão fenotípica. Estes autores detectaram a presença deste

gene pela PCR em populações de S. aureus enterotoxigênicos e em linhagens de

Staphylococcus coagulase negativos originados de queijo produzido com leite cru.

A intoxicação alimentar pela toxina estafilocócica é provocada pelo consumo

de alimentos onde essas enterotoxinas estejam presentes. Neste estudo, SEB foi

detectada em duas amostras de queijo (R24 e R25) e a toxina TSST-1 em uma

amostra (R8) em concentrações superiores a 0,5 µg/g de toxina no alimento (Tabela

2).

Tabela 2 – Enterotoxinas estafilcócicas e TSST-1 detectadas em amostras de

Requeijão do Norte obtidas em mercado varejista de Belo Horizonte.

Amostra Toxina detectada 1 Concentração 2

08 TSST-1 > 0,5

24 SEB > 0,5

25 SEB > 0,5

1- SEB, Enterotoxina estafilocócica B; TSST-1, Toxina da Síndrome do Choque Tóxico. 2- µg/g de toxina no alimento.

44

Quantidades de 0,1 µg de toxina podem provocar intoxicação alimentar em

humanos, embora estas quantidades possam variar dependendo da sensibilidade do

indivíduo (EVERSON et al., 1988). A detecção de toxinas e as concentrações

encontradas nas amostras, associadas à contagens elevadas de Staphylococcus

spp. sugerem que o Requeijão do Norte pode oferecer risco para os consumidores.

Resultados similares foram encontrados por SABIONE et al. (1994), que detectaram

a presença de SEB em amostras de queijo Minas envolvidos em surto de

toxinfecção alimentar. SEB é considerada uma das enterotoxinas mais associadas a

surtos de envenenamento alimentar estafilocócico (JETT et al., 2001). A presença

de linhagens de Staphylococcus aureus produtores de SEB e TSST-1 está

relacionada com a contaminação dos alimentos por manipulação humana

inadequada (NÁJERA-SÁNCHEZ et al., 2003; FUEYO et al., 2005). Os

manipuladores de alimentos podem perpetuar a cadeia epidemiológica de

contaminação dos alimentos através do contato direto ou indireto das mãos

(CARVALHO & SERAFINI, 1996).

Os fungos foram detectados contagens de até 8,47 log UFC/g (Tabela 1). A

microbiota fúngica que cresce, principalmente na superfície de queijos, como

acontece com o Requeijão do Norte, além de levar à perdas econômicas por

raspagem da casca, também provocam alterações sensoriais que prejudicam sua

qualidade. Além disso, algumas espécies de fungos produtoras de micotoxinas,

como Aspergillus flavus, Penicillium Palitans, P. commune, P. roqueforti podem

representar risco à saúde dos consumidores (VELD, 1996; KURE & SKAAR, 2000).

Neste estudo, dentre as amostras analisadas, 22 delas estavam contaminadas por

fungos. Este resultado pode estar associado com a manipulação excessiva do

Requeijão do Norte durante o transporte e a comercialização, como também pela

possível contaminação ambiental, já que o mesmo é comercializado em mercados e

feiras sem embalagem e é fabricado em condições higiênicas inadequadas.

Por outro lado as leveduras são reconhecidas como componentes

importantes da microbiota de muitas variedades de queijos, sendo que em alguns

casos, estas podem estar presentes de forma ocasional, influenciando as

características sensoriais do produto. A estas características podem ser atribuídas

as atividades de lipólise, proteólise e β-galactosidase, com efeitos significativos

sobre o aroma, sabor e textura do produto (FLEET & MIAN, 1987; FLEET, 1990).

45

Na caracterização físico-química do Requeijão do Norte, os valores referentes

ao percentual de umidade, gordura, gordura no extrato seco, proteínas, cinzas e

sólidos totais (ST) apresentaram grandes variações que podem ser observadas na

(Tabela 3).

Tabela 3 – Análise físico-química das amostras de Requeijão do Norte obtidas em

mercado varejista de Belo Horizonte.

Variação Parâmetro

Mínimo Máximo

Média

Sólido Totais – ST (%) 52,33 65,34 58,52 +3,10

Gordura (%) 17,35 30,49 24,79+3,71

Umidade (%) 34,65 45,98 41,51+3,12

Gordura no extrato seco – EST (%) 29,99 50,79 42,25+5,29

Proteínas (%) 16,50 31,37 25,16+3,76

Cinzas (%) 1,74 3,08 2,40+0,34

pH 4,93 7,47 5,68+0,53

Acidez titulável (% ácido lático) 0,12 0,61 0,28+0,13

Atividade de água (aw)) 0,88 0,99 0,94+0,02

Os valores de sólidos totais foram similares aos relatados por MENÉNDEZ et

al., (2004) em queijo Tetilla. A falta de padronização das operações de

processamento contribuiu para estas variações, bem como a utilização de

ingredientes variados no preparo do requeijão, seja o leite, a Manteiga de Garrafa ou

o sal. O tempo de processamento e a umidade do ambiente também podem ter

favorecido grandes modificações na umidade do produto (não embalados) e

conseqüentemente sobre sua composição centesimal.

As porcentagens de umidade e gordura em Requeijão do Norte variaram de

34,6% a 45,9% e 17,3% a 30,4%, respectivamente. A legislação brasileira (BRASIL,

1996) classifica os queijos em diferentes categorias quanto ao teor de umidade.

Avaliando o conteúdo de umidade observado nas amostras, apenas duas poderiam

ser classificadas como de baixa umidade ou queijo duro (teor de umidade de até

46

35,9%), enquanto as outras 23 amostras de queijo foram classificadas como de

média umidade ou queijo semi-duro (níveis entre 36,0 e 45,9% de umidade). Este

problema pode ser evitado a partir do controle das matérias-primas com

características físico-químicas de qualidade satisfatórias.O tempo e a temperatura

utilizados no processo de cozimento da massa podem afetar o teor de umidade, e a

variação na porcentagem de gordura do queijo pode também estar ligada à adição

de Manteiga de Garrafa, que é adicionada sem controle. JASSEN-ESCUDERO &

RODRIGUEZ-AMÁYA (1981) e NASSU et al. (2003) relatam variações consideráveis

na composição química do Requeijão do Norte, principalmente quanto ao teor de

gordura, atribuindo essas diferenças a proporção de manteiga adicionada ao

produto, com resultados similares aos apresentados neste estudo. As etapas de

lavagem da massa e a ausência de embalagem durante o transporte e a estocagem

também podem ser considerados como fatores que afetam a qualidade global do

Requeijão do Norte.

Quanto aos teores de gordura no extrato seco os valores obtidos indicam que

o produto pode ser classificado em dois tipos segundo a legislação em vigor para

queijos (BRASIL, 1996), que classifica como gordos os produtos com teores entre

45,0% a 59,9% e semigordos aqueles que contenham entre 25,0% a 44,9% de

gordura no EST. Este parâmetro, juntamente com o teor em umidade determina a

qualidade do produto. Neste trabalho, nove amostras de Requeijão do Norte foram

consideradas como queijo gordo (teores entre 45,73% a 50,79% de gordura no EST)

enquanto 16 amostras foram consideradas como semi-gordo (com níveis variando

entre 29,99% e 43,61%). As diferenças observadas neste estudo indicam a falta de

padronização existente para o Requeijão do Norte produzido em Minas Gerais.

Estes resultados são muito similares aos de outros trabalhos (CORBO et al., 2001)

que observaram valores médios para proteínas e gordura de aproximadamente

24,5% e 31%, respectivamente, embora a quantidade de umidade determinada foi

de 39,4% para o queijo Canestrato da Itália. NASSU et al. (2003) e SILVA et al.

(2006) também associaram a variação destes parâmetros à falta de padronização no

processo de fabricação do Requeijão do Norte.

Os valores de pH, atividade de água (aw) e acidez titulável do Requeijão do

Norte encontrados neste estudo apresentaram valores variando de 4,9 a 7,4; 0,88 a

0,99 e 0,12 a 0,61, respectivamente. NASSU et al. (2003) encontraram resultados

47

similares de pH, e relataram que diferenças na determinação do ponto final da

redução de acidez, seja por adição de bicarbonato de sódio e/ou lavagens

sucessivas da massa com água e adição de leite, afetam o pH e a acidez do produto

final. Estes fatores também foram observados neste estudo, os quais confirmam a

falta de padronização do processo. Em relação à aw, os valores observados foram

similares aos reportados para os queijos Idiazabal obtidos a partir de leite integral

cru (PÉREZ-ELORTONDO et al., 1999) e Tettila produzido com leite integral cru

através de coagulação enzimática (MENÉNDEZ et al., 2004). Parâmetros físico-

químicos como a aw influenciam o risco microbiológico do consumo do alimento,

pois Coliformes Totais, Coliformes Termtolerantes, Salmonella spp. e

Staphylococcus spp., são capazes de crescer em atividade de água mínima de 0,86,

com um ótimo maior que 0,99 (EUROPEAN COMMISSION, 2003).

I.4. CONCLUSÕES

A grande variação da composição físico-química do requeijão está

provavelmente associada com a diversidade dos processamentos, em razão da

inexistência de padrões no processo, sendo ainda praticada entre os pequenos

produtores rurais de forma empírica e artesanal, com total falta de controle sobre os

ingredientes. Estes resultados indicam a necessidade de se estabelecer métodos

bem definidos de identificação e padrões com o objetivo de controlar a qualidade do

produto, e melhorar sua segurança, e quem sabe poder transformá-lo em produto

passível de receber denominação de origem.

A qualidade microbiológica das amostras de Requeijão do Norte mostrou-se

insatisfatória, quanto à avaliação dos indicadores higiênicos quando confrontado

com a legislação em vigor (BRASIL, 2001). A possibilidade do Requeijão do Norte

representar risco à saúde da população pôde ser considerada, tornando-se

necessárias a implantação de medidas que possam garantir a segurança do produto

(BPF). Faz-se necessário realizar a correção dos procedimentos durante todas as

etapas do processo produtivo até a comercialização final, quando a manipulação

pós-processamento e o não uso de embalagem podem ser relacionados como os

mais importantes.

48

A implementação de medidas adequadas de transporte e armazenamento

deste alimento podem melhorar suas condições higiênicas e evitar riscos de

contaminação pós-processamento.

49

CAPÍTULO II – POPULAÇÕES DE LEVEDURAS E ATIVIDADE

ENZIMÁTICA ASSOCIADAS AO REQUEIJÃO DO NORTE

RESUMO

Foram estudadas 25 amostras de Requeijão do Norte, um queijo semi-duro

tradicional de grande consumo no Brasil, para caracterização das populações de

leveduras por taxonomia convencional. A comparação do gene da região D1/D2 do

DNAr 26S indicaram que Candida parapsilosis, Moniliella spathulata, Debaryomyces

hansenii e Kodamaeae ohmeri foram as espécies isoladas com maior freqüência.

Algumas destas leveduras apresentaram atividade lipolítica (26 isolados), atividade

proteolítica (8 isolados) e atividade β-galactosidase (55 isolados). Estes resultados

sugerem que a liberação destas enzimas pelas diferentes espécies de leveduras que

naturalmente ocorrem neste queijo pode apresentar um papel tecnológico

significativo (sabor e aroma) para o produto.

Palavras-chaves: Leveduras; Requeijão do Norte; queijo de Manteiga; atividade

enzimática; qualidade.

50

ABSTRACT

This study evaluated 25 samples of the ‘Requeijão do Norte’, a traditional

semi-hard cheese of great demand in Brazil were studied using conventional

taxonomic, physiological, biochemical and molecular biological methods. Sequence

comparisons of the D1/D2 region from the 26S rADN gene revealed that the yeasts

Candida parapsilosis, Moniliella spathulata, Debaryomyces hansenii and Kodamaeae

ohmeri were the species most frequently found species. Some of these yeasts

showed lipolytic activities (26 strains), proteolytic activity (8 strains) and β-

galactosidase (55 strains). These findings suggest that the production of these

enzymes by yeasts in the cheese may play a technologically significant role in the

development of flavor and smell.

Keywords : Yeasts; Requeijão do Norte; butter cheese; enzymatic activity; quality.

51

II.1. INTRODUÇÃO

As leveduras são mundialmente reconhecidas como componentes

importantes da microbiota de muitas variedades de queijos, podendo estar presentes

de forma intencional ou não. Não intencional nos casos em que estes

microrganismos são identificados como microbiota contaminante e/ou deteriorante.

Já as leveduras presentes de forma intencional, desempenham funções tecnológicas

e sensoriais. Características como o aroma, sabor e textura de diferentes variedades

de queijos são resultantes dessa microbiota fúngica natural ou intencionalmente

adicionada, bem como dos diferentes processos de fabricação, seja na massa crua

ou semi-cozida (FLEET & MIAN, 1987; FLEET, 1990).

Contagens elevadas de leveduras também estão relacionadas a fatores

externos relacionados à contaminação através do ar, roupas, mãos, utensílios e

equipamentos utilizados durante processo de fabricação e/ou comercialização de

queijos (WESTALL & FILTENBORG, 1998; WELTHAGEN & VILJOEN, 1999;

GARDINI et al., 2006).

As leveduras são consideradas importantes agentes nos processos de cura e

maturação de queijos. As atividades proteolítica e lipolítica destes microrganismos

têm papel importante na matriz dos queijos, e contribuem para a formação de

componentes de aroma e de sabor (aminoácidos livres, peptídeos, ácidos graxos,

etc.), os quais vão influenciar significativamente o “flavor” do produto final

(VASDINYEI & DEÁK, 2003; BOUTROU & GUÉGUEN, 2005). Diversos trabalhos

têm relatado a diversidade de leveduras encontradas em diferentes variedades de

queijos como o Cheddar, o queijo da Serra da Canastra, Cabrales e o Bryndza

(WELTHAGEN & VILJOEN, 1999; BORELLI et al., 2006b; ÁLVAREZ-MARTÍN, 2007;

LAURENCIK et al., 2008). Entretanto, para o Requeijão do Norte, por seu caráter

artesanal e de produção em pequena escala, ainda não existem na literatura

informações completas sobre a população de leveduras presentes nesse produto.

O Requeijão do Norte ou queijo de Manteiga é um queijo tradicional brasileiro

produzido principalmente na região Norte do estado de Minas Gerais. O processo de

fabricação deste queijo envolve a utilização de leite cru que é acidificado

naturalmente. A massa obtida é cozida, lavada e dessorada sucessivamente,

seguida da adição de Manteiga de Garrafa e sal. Embora as leveduras não

52

sobrevivam ao processo de cozimento, as mesmas têm sua presença identificada

nesse requeijão, podendo ser associada com à recontaminação que ocorre ao final

do processo de fabricação, devido a manipulação, transporte e comercialização em

condições que favorecem o seu acesso (JODRAL et al., 1993; NELSON, 1981).

Neste estudo, foram determinadas as populações de leveduras presentes em

amostras de Requeijão do Norte obtidas em mercado varejista na cidade de Belo

Horizonte. Os objetivos do trabalho foram a caracterização da população de

leveduras isoladas destas amostras e a detecção de atividade enzimática

(proteólise, lipólise e de β-galactosidase) com o intuito de avaliar o papel que essa

microbiota exerce sobre as propriedades funcionais e sensoriais do produto.

II.2. MATERIAL E MÉTODOS

II.2.1. COLETA DE AMOSTRAS

Um total de 25 amostras de Requeijão do Norte foram coletadas durante o

período de setembro de 2005 a abril de 2006. As amostras foram obtidas em

mercado varejista na cidade de Belo Horizonte. As amostras foram coletadas

assepticamente e em seguida transportadas ao laboratório para dar início ao

isolamento da microbiota fúngica. Frações de cada amostra foram retiradas para a

realização de análises microbiológicas. O restante das amostras foram armazenadas

a -20 °C para as análises posteriores.

II.2.2. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

Uma porção de 25 g de cada amostra foi homogeneizada em 225 mL de água

peptonada tamponada 0,1% em um Stomacher 400 Lab Blender (London, UK), por

um minuto. Diluições decimais adequadas foram preparadas utilizando o mesmo

diluente. O isolamento e a contagem de leveduras foi realizado por esgotamento em

superfície a partir de alíquotas de 0,1 mL das diluições decimais em ágar extrato de

malte e levedura (Yeast Extract-Malt Extract Ágar – YMA: 1% glicose, 0,5% peptona,

0,3% extrato de malte, 0,3% extrato de levedura e ágar 2% segundo KURTZMAN &

FELL (1998). Ao ágar base foi acrescido 200 mg/L de cloranfenicol. As placas foram

53

incubadas a 25 °C por 5 dias. Após o crescimento, a s colônias foram contadas,

isoladas e mantidas em culturas de YMA inclinado. As leveduras foram

caracterizadas fenotipicamente segundo procedimentos descritos em YARROW

(1998). Os seguintes testes fisiológicos foram realizados: fermentação da D-glicose,

D-galactose, sacarose, maltose, lactose e rafinose; crescimento em D-glicose, D-

galactose, L-sorbose, sacarose, maltose, celobiose, trealose, lactose, melibiose,

rafinose, melezitose, inulina, amido solúvel, D-xilose, L-arabinose, D-arabinose, D-

ribose, L-rhamnose, D-glucosamina, N-acetyl-D-glucosamina, metanol, etanol,

glicerol, eritritol, ribitol, galactiol, D-manitol, D-glucitol, xilitol, salicina, D-gluconato,

DL-lactato, succinato, citrato, inositol, hexadecano, acetona, 2-propanol e etil acetato

como fontes de carbono; crescimento a 30 °C, 37 °C e 40 °C; crescimento em meio

com 50% de glicose e em 10% de NaCl; tolerância a 1% de ácido acético, formação

de compostos amilóides extracelulares; reação de Diazonium Blue B e resistência a

0,01% e 0,1% de cicloheximida. As identificações foram verificadas utilizando

chaves taxonômicas descritas em KURTZMAN & FELL (1998).

Leveduras que ao final da caracterização fenotípica (YARROW, 1998)

apresentaram uma identificação duvidosa, foram avaliadas por seqüenciamento de

genes nos domínios variáveis D1/D2 da subunidade maior do DNAr utilizando a

técnica de PCR conforme descrito por LACHANCE et al. (1999), utilizando os

primers NL-1 (5’-GCATATCAATAAGCGGAGGAAAAG-3’) e NL4 – (5’-

GGTCCGTGTTTCAAGACGG-3’). A partir destes primers é possível identificar mais

de 500 espécies de leveduras atualmente reconhecidas (KURTZMAN & ROBNET,

1998). Sequências de aproximadamente 600 pares de base foram obtidas. Os

produtos amplificados foram concentrados e purificados utilizando o Kit WizardSV

(Promega, USA) e então seqüenciados em sistema automatizado MegaBACETM

1000 (Amersham Biosciences, USA). As seqüências obtidas foram editadas em

programa DNAMAN, versão 4.1 (Lynnon BioSoft, Vaudreuil, QC, Canadá) e

comparadas às de outras leveduras cujas seqüências encontram-se depositadas no

GenBank.

54

II.2.3. ATIVIDADES LIPOLÍTICA, PROTEOLÍTICA E β-GALACTOSIDASE

A detecção da produção de lipase foi testada a partir da habilidade das

linhagens de leveduras em hidrolisarem um meio basal contendo 0,5 g de extrato de

levedura em uma emulsão de manteiga comercial (10 mL de manteiga em 990 mL

de uma solução salina. O pH inicial foi ajustado para 7,0. A solução salina em água

destilada contém: 5,0 g (NH4)2HSO4; 5,0 g MgSO4.7H2O; 1,0 g NaCL e sais biliares

2,0 g acrescido de 15,0 g de ágar em 1000 mL. O meio foi adaptado segundo

condições descritas em COLEN (2005). A atividade proteolítica extracelular foi

testada inoculando as linhagens de leveduras em meio contendo ágar 2% acrescido

de leite em pó desnatado a 10% (HANKIN & ANAGNOSTAKIS, 1975). As leveduras

cultivadas foram estriadas em YMA e incubadas a 25 ºC por 72 horas. Do

crescimento obtido, uma alçada foi retirada e o conteúdo diluído em tubos contendo

3 mL de água destilada estéril. Os inóculos foram ajustados em escala nº 1 de

McFarland. Alíquotas de 20 µL de cada suspensão foram inoculadas em poços de 4

mm de diâmetro sobre a superfície do ágar. As análises foram feitas em triplicatas.

As placas foram incubadas a 25 °C por 5 dias. As at ividades proteolítica e lipolítica

foram detectadas pela presença de uma zona clara ao redor da colônia. Foram

medidos os diâmetros da colônia (C) e do halo (H) com o auxílio de um paquímetro.

Os resultados foram considerados positivos para os isolados cuja relação H/C foi

maior ou igual a 1,0 (COLEN, 2005). As leveduras foram testadas para a produção

de β-galactosidase em ágar Yeast Nitrogen Base (Difco, USA) onde a lactose foi

adicionada como única fonte de carbono (KURTZMAN & FELL, 1998). O

crescimento positivo foi considerado como habilidade em produzir a enzima.

II.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As contagens de leveduras encontradas em Requeijão do Norte foram

expressivas (Tabela 1). Os resultados apresentaram variações entre 4,0 a 8,4 log

UFC/g. Estes resultados foram superiores aos encontrados por BORELLI et al.

(2006b), TORKAR & VENGUST (2008) em queijos. Também pôde ser observada

uma grande diversidade de espécies de leveduras isoladas e identificadas nas

amostras analisadas.

55

Tabela 1 Média das populações de leveduras isoladas em amostras de Requeijão do Norte obtidas em mercado varejista de Belo Horizonte (log UFC/g).

AMOSTRAS

ESPÉCIES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Candida albicans 6,8 6,5

C. catenulata 7,2 7,2 4,6 6,5 7,7 8,1 5,4 4,3 5,7

C. haemunolii 6,5

C. krusei 5,0 6,3 6,7 7,0 6,5 7,4 6,5 6,0

C. lusitaniae 4,8 6,5

C. parapsilosis 6,0 6,6 5,9 5,2 5,5 5,3 5,0 7,8 6,5 8,0 7,3 7,1 7,1 8,3 6,3 6,3 7,9 6,5 6,9

C. tropicalis 4,3 6,0 7,4 7,9 7,7

C. zeylanoides 7,2

Debaryomyces hansenii 6,5 4,2 5,7 4,7 7,6 6,5 7,6 6,5 7,8 8,3 5,3 4,3 7,2 7,2

Galactomyces geotrichum 6,0 6,4 4,0 4,5

Geotrichum sp. 6,3 7,8 8,3 6,8

Issatchenkia orientalis 4,7 6,5

Kluyveromyces lactis 6,0 6,5 5,5 7,6 7,4

Kluyveromyces marxianus 8,0 7,7 7,8 6,9 6,7 7,7 6,8 5,5 5,3 5,5

Kodamaeae ohmeri 7,8 6,3 6,0 4,0 5,2 4,3 7,8 8,3 7,4 8,4 4,3 6,1

Pichia burtonii 7,7 7,1

Pichia caribbica 7,8 5,0 5,7 5,0 6,0 7,4 7,3 7,5 6,0 7,5

Pichia membranifaciens 4,8

Trichosporon asahii 7,2 7,4 6,9 6,5

Moniliella spathulata 5,3 5,0 4,9 4,8 6,6 7,6 7,6 6,5 6,8 6,3 7,8 7,7 6,9 7,2 6,7 6,9 7,1

Zygosaccharomyces sp. 6,2 5,3 7,2 6,6 7,7

Yarrowia lipolytica 6,1 6,9 7,1 6,9 6,5

55

56

Neste trabalho, o gênero Candida foi encontrado com freqüência nas

amostras de requeijão, sendo C. parapsilosis a espécie predominantemente isolada

(19 amostras) (Tabela 1). Outras espécies encontradas nos queijos foram

Trichosporonoides spathulata (17 amostras), D. hansenii (14 amostras) e

Kodamaeae ohmeri (12 amostras). Estas três espécies apresentaram contagens de

7,8 a 8,4 log UFC/g e em razão de sua abundância, provavelmente exercem um

papel importante juntamente com a microbiota deste queijo.

Vários autores relataram que Debariomyces hansenii, Kluyveromyces

marxianus, Yarrwia lipolytica e diversas espécies de Candida são leveduras que

estão tipicamente associadas com queijos (VILJOEN, 2001; FADDA et al., 2004;

LAURENCIK et al., 2008).

A ocorrência de M. spathulata no Requeijão do Norte foi considerável. Sabe-

se que este gênero está associado a substratos gordurosos ou alimentos em

processo de deterioração (DE HOOG & SMITH, 1998). Este é o primeiro registro do

isolamento de M. spathulata associado a queijo.

D. hansenii e K. ohmeri foram isoladas em queijos produzidos em países

distintos (BORELLI et al., 2006b; FADDA et al., 2004; PEREIRA-DIAS et al., 2000;

CORSETTI et al., 2001). D. hansenii é uma levedura freqüentemente encontrada em

produtos lácteos, podendo ser utilizada como parte de culturas iniciadoras para a

fabricação de queijo Cheddar (VAN DEN TEMPEL & NIELSEN, 2000; FERREIRA &

VILJOEN, 2003). Contudo, D. hansenii está relacionada com a deterioração de

queijo e contagens elevadas desta levedura resultam em formação de odores

indesejáveis (WESTALL & FILTENBORG, 1998).

A presença de K. ohmeri em Requeijão do Norte também foi expressiva. Esta

levedura foi isolada de amostras em contagens de até 8,4 log UFC/g. Esta levedura

é conhecida na indústria de alimentos por suas propriedades de fermentação em

produtos como picles, produtos em salmouras e na decomposição de frutas

(KURTZMAN & FELL, 1988). Entretanto, o papel de M. spathulata e K. ohmeri em

queijos ainda precisa ser determinado.

A contagem total de leveduras observada evidencia que as mesmas podem

ser consideradas como parte da microbiota do Requeijão do Norte. Presume-se

também que a presença de determinadas espécies de leveduras como D. hanseni,

57

Galactomyces geotrichum e K. lactis tenha um efeito benéfico sobre a qualidade do

Requeijão do Norte.

Das 275 leveduras isoladas, foram detectados oito isolados com atividade de

protease, vinte e seis com atividade de lipase e cinqüenta e quatro com atividade de

β-galactosidase (Tabelas 2, 3 e 4). Os demais isolados não apresentaram atividade

nos substratos analisados.

Tabela 2 Produção de β-galactosidase, protease e lipase pelas espécies de

leveduras em amostras de Requeijão do Norte obtidas em mercado varejista de Belo

Horizonte.

Espécies Número de

isolados

Número de isolados

produtores de enzima

β-galactosidase Protease Lipase

Candida albicans 3 - - 2

C. catenulata 14 1 - -

C. haemunolii 1 - 1 -

C. krusei 11 - - 1

C. lusitaniae 2 1 - -

C. parapsilosis 43 3 - 3

Debaryomyces hansenii 28 14 1 4

Galactomyces geotrichum 4 1 - 1

Geotrichum sp. 9 3 - -

Issatchenkia orientalis 3 1 - -

Kluyveromyces lactis 6 6 2 2

Kluyveromyces marxianus 16 4 1 2

Kodamaeae ohmeri 21 1 - 2

Pichia caribbica 17 3 - 2

Trichosporon asahii 4 1 - 2

Moniliella spathulata 35 9 1 -

Zygosaccharomyces sp. 8 - - 1

Yarrowia lipolytica 8 6 2 4

TOTAL 233 54 8 26

58

Tabela 3 – Medida da atividade lipolítica dos isolados de leveduras pelo diâmetro do

halo.

Espécies Número do

isolado

Diâmetro do halo (mm) a

Colônia (C) Halo (H) H/C

Candida albicans 170 0,65 0,78 1,20

Candida albicans 265 0,72 0,82 1,14

C. parapsilosis 206 0,79 1,03 1,30

C. parapsilosis 218 0,70 0,96 1,37

C. parapsilosis 219 0,72 1,06 1,47

Debaryomyces hansenii 67 0,83 1,22 1,47

Debaryomyces hansenii 70 0,72 0,94 1,30

Debaryomyces hansenii 79 1,06 1,23 1,16

Debaryomyces hansenii 141 0,64 0,77 1,20

Debaryomyces hansenii 250 0,84 1,00 1,19

Galactomyces geotrichum 249 3,12 3,30 1,06

Kluyveromyces lactis 190 0,52 0,70 1,35

Kluyveromyces lactis 223 0,75 0,95 1,27

Kluyveromyces marxianus 41 0,88 1,36 1,54

Kodamaeae ohmeri 74 0,78 1,20 1,54

Kodamaeae ohmeri 275 1,40 3,23 2,31

Pichia caribbica 58 0,78 1,04 1,33

Pichia caribbica 194 0,76 0,84 1,10

Trichosporon asahii 129 1,06 1,28 1,21

Zygosaccharomyces sp. 56 1,06 1,35 1,27

Zygosaccharomyces sp. 134 0,77 1,33 1,73

Yarrowia lipolytica 199 0,82 0,97 1,18

Yarrowia lipolytica 212 1,08 1,36 1,26

Yarrowia lipolytica 215 1,09 1,45 1,33 a – valores médios de triplicatas com duas repetições.

As leveduras D. hansenii, K. lactis e Y. lipolytica mostraram considerável

atividade proteolítica. A atividade lipolítica foi observada principalmente em K.

ohmeri, Zygosaccharomyces sp. e K. marxianus.

59

Tabela 4 – Medida da atividade proteolítica dos isolados de leveduras pelo diâmetro

do halo.

Espécies Número do

isolado

Diâmetro do halo (mm) a

Colônia (C) Halo (H) H/C

C, haemunolii 197 1,10 1,77 1,61

Debaryomyces hansenii 250 1,55 3,2 2,06

Kluyveromyces lactis 190 1,63 3,33 2,04

Kluyveromyces lactis 223 1,10 1,97 1,79

Moniliella spathulata 245 2,23 3,32 1,49

Yarrowia lipolytica 212 1,26 2,26 1,79

Yarrowia lipolytica 215 1,29 2,29 1,77 a – valores médios de triplicatas com duas repetições.

Várias linhagens hidrolisaram a lactose, dentre as quais D. hansenii, M.

spathulata, K. lactis e Y. lipolytica que foram os isolados ativos mais encontrados.

Resultados similares foram encontrados por outros pesquisadores que isolaram

linhagens de D. hansenii, K. lactis e Y. lipolytica produtores de protease e lipase em

produtos lácteos (WELTHAGEN & VILJOEN, 1999; PEREIRA-DIAS et al., 2000;

BORELLI et al. 2006b; GARDINI et al., 2006; LARPIN et al., 2006).

A atividade proteolítica e lipolítica de leveduras pode ter um impacto

significativo na qualidade, no desenvolvimento do flavour e na textura do produto

(ROOSTITA & FLEET, 1996; MARTIN et al., 1999; CORSETTI et al., 2001).

Por outro lado, a presença dessas leveduras pode também estar associada

ao estabelecimento de relações ecológicas complexas entre bactérias e fungos

filamentosos, estes últimos com risco potencial à saúde humana, pois existe a

possibilidade dessa microbiota produzir compostos tóxicos, como as micotoxinas

(PITT & CRUICKSHANK, 1990; FRISVAD & THRANE, 1995; ADDIS et al., 2001).

Entre as micotoxinas a aflatoxina M1 (AFM1) é um desses metabólitos que podem

estar presentes no leite de vacas e consequentemente nos derivados lácteos

elaborados com esse leite, como é o caso do Requeijão do Norte, pois a AFM1 tem

resistência ao calor (YOSEF & MARTH, 1989; GIMENO 2004; KAMKAR et al.,

2008).

60

II.4. CONCLUSÕES

A grande variedade de espécies isoladas durante este estudo associada à

contagens de mais de 107 UFC/g indicam uma forte tendência de contaminação do

requeijão após o processamento.

Algumas espécies foram dominantes em todas as amostras analisadas. Este

fato pode ser atribuído à existência de uma influência ambiental seletiva ou mesmo

uma competição intraespecífica, para garantir a predominância de determinadas

espécies.

Leveduras com atividade enzimática foram isoladas efetivamente. Estes

resultados indicam que estes microrganismos podem exercer um papel importante

na definição de sabor, aroma e textura do Requeijão do Norte.

Existe a possibilidade de que parte dessa microbiota fúngica ou mesmo do

leite já contaminado resultar em presença de AFM1 no Requeijão do Norte.

61

CAPÍTULO III – ESTUDO DA PRESENÇA DE FUNGOS

FILAMENTOSOS E AFLATOXINA M 1 EM REQUEIJÃO DO NORTE

RESUMO

Foram investigadas em 25 amostras de Requeijão do Norte, a microbiota

fúngica e seu potencial de produção de aflatoxina M1. As amostras foram coletadas

no mercado varejista da cidade de Belo-Horizonte – MG. A população de fungos

atingiu valores de até 7,3 log UFC/g em mais da metade das amostras analisadas

(52% do total). Foram identificadas 13 linhagens de fungos com destaque para os

gêneros Penicillium (7 amostras), Botryosphaeria (3 amostras) e Cladosporium (2

amostras). A presença de aflatoxina M1 foi determinada pelo método de ELISA

sendo que 16% das amostras de Requeijão do Norte apresentaram contaminação

por aflatoxina M1, em concentrações superiores a 50 ng/kg, o que pode provocar

efeitos tóxicos e carcinogênicos para a população. Neste trabalho valores de 61,13

ng/kg até 214,02 ng/kg foram detectados nos queijos analisados.

Palavras-chaves : Requeijão do Norte, fungos, aflatoxina M1, Penicillium.

62

ABSTRACT

The fungal microbiota and their potential for production of aflatoxin M1 were

investigated in 25 samples of ‘Requeijão do Norte’. The samples were collected in

the retail market of the city of Belo Horizonte - MG. The population of moulds

reached values up to 7.3 log cfu/g in more than half of the samples (52% of total).

We identified 13 strains of moulds principally from the genera Penicillium (7

samples), Botryosphaeria (3 samples) and Cladosporium (2 samples). The presence

of aflatoxin M1 was investigated by the ELISA method, 16% of samples of ‘Requeijão

do Norte’ showed contamination by aflatoxin M1 in concentrations above 50 ng/kg,

which can be toxic and carcinogenic for humans. In this work values that ranged from

61,13 ng/kg to 214,02 ng/kg were detected in the cheeses analyzed.

Key-words : Requeijão do Norte, moulds, aflatoxin M1, Penicillium.

63

III.1. INTRODUÇÃO

O requeijão do Norte é um produto tradicional do nordeste brasileiro,

produzido em sua maioria através de processos artesanais. Um grande problema

associado a este produto é o crescimento freqüente de fungos que tem levado à

perda do produto e conseqüentemente a prejuízos econômicos para os produtores.

Cabe destacar também que essa microbiota fúngica pode propiciar o aparecimento

de aflatoxina M1 (AFM1), um carcinógeno em potencial que representa grave risco a

saúde dos consumidores deste produto (ARDIC et al., 2009).

Os fungos representam um grupo de microrganismos que aparecem com

freqüência na superfície de uma grande variedade de queijos (KURE et al., 2004,

BACHMANN et al., 2005; FLÓREZ et al., 2007). São considerados ubíquos na

natureza podendo ser provenientes do ar, da água e do solo. A facilidade com que

os fungos crescem nos queijos é devida à capacidade que possuem de crescerem

em condições adversas como baixa aw e pH, menor disponibilidade de carboidratos,

concentrações elevadas de sal e baixas temperaturas (HOCKING, 1997; COUSIN,

2003), contaminando facilmente o ambiente de fabricação de queijos ou o próprio

produto durante a fabricação ou a estocagem.

A ocorrência de fungos em queijos é desejável quando envolve a produção de

algumas variedades de queijos maturados classificados como Queijos de mofo azul

Podem ser exemplificados aqui os queijos Roquefort, Gorgonzola, Stilton, entre

outros. Nesses tipos de queijo a presença de fungos como o Penicillium roqueforti

favorece as reações de lipólise, oxidação de ácidos graxos e proteólise. O

desenvolvimento do flavor é acentuado e, portanto, é indispensável a presença do

fungo para que o produto apresente uma textura e formação de aroma adequados

(LÓPEZ-DÍAZ et al., 1996). Entretanto, em certos tipos de queijos duros o

crescimento de fungos filamentosos pode ser considerado como problema, uma vez

que ao se desenvolverem sobre a superfície destes produtos, provocam reações de

degradação (proteólise e lipólise) com a descoloração da superfície e/ou a produção

de odores indesejáveis (HOCKING & FAEDO, 1992; KURE & SKAAR, 2000;

BACHMANN et al., 2005). O uso de embalagens a vácuo pode dificultar o

desenvolvimento dessa microbiota, pois os fungos são, em sua maioria, aeróbios

obrigatórios não sendo responsáveis por casos de deterioração de alimentos

64

embalados a vácuo (MORENO et al., 2002). Portanto, o efeito protetor só é efetivo

quando o produto encontra-se intacto, pois assim que a embalagem é retirada esses

fungos iniciam um rápido crescimento.

Uma grande variedade de fungos isolados de queijos já foram identificados e

relatados na literatura, com destaque para as espécies de Cladosporium e Fusarium

(HOCKING & FAEDO, 1992; TANIWAKI et al., 2001), Geotrichum, Aspergillus e

Mucor (BARRIOS et al., 1998; KURE et al., 2004; BACHMANN et al., 2005),

Penicilium (KURE & SKAAR, 2000; KURE et al., 2001; HAYALOGLU & KIRBAG,

2007), que são as espécies mais comuns para este tipo de produto.

Alimentos contaminados por fungos podem também representar riscos à

saúde humana, pois existe a possibilidade dessa microbiota produzir compostos

tóxicos conhecidos como micotoxinas (PITT & CRUICKSHANK, 1990; FRISVAD &

THRANE, 1995). Estas, ao estarem presentes no alimento, afetam órgãos e tecidos,

induzindo a várias patologias, tais como neoplasia, mutagênese, teratogênese,

imunossupressão entre outras (FERNANDEZ et al., 1997; FERNANDES, 2004;

KIESSLING, 1986).

A aflatoxina M1 (AFM1) é um desses metabólitos e pode estar presente em

leite de vacas que se alimentaram com dieta contaminada por aflatoxina B1 (AFB1).

O potencial de toxicidade de AFM1 refere-se à carcinogenicidade e mutagenicidade

em animais e humanos. Em derivados lácteos como os queijos, a contaminação por

AFM1 pode ocorrer devido à utilização de leite contaminado. Sua permanência

nestes produtos se justifica pela associação de AFM1 com a caseína após a

dessoragem, além da capacidade de resistência ao calor após o processamento

(YOSEF & MARTH 1989, GIMENO 2004, KAMKAR et al., 2008).

A partir do exposto acima foi proposto neste trabalho um estudo de

identificação da população de fungos presentes como contaminantes em Requeijão

do Norte e a avaliação do risco à saúde, quanto a possível presença da aflatoxina

M1 nestes queijos.

III.2. MATERIAL E MÉTODOS

III.2.1. AMOSTRAGEM

65

Foram coletadas 25 amostras de Requeijão do Norte em diferentes pontos de

venda no mercado varejista da cidade de Belo-Horizonte – MG. As coletas foram

realizadas entre os períodos de setembro a abril de 2006. As amostras foram

coletadas assepticamente e em seguida transportadas ao laboratório para dar início

ao isolamento da microbiota fúngica. Frações de cada amostra foram retiradas para

a realização de análises microbiológicas. O restante das amostras foram

armazenadas a -20 °C para as análises posteriores.

III.2.2. ISOLAMENTO E ENUMERAÇÃO DE FUNGOS NAS AMOS TRAS DE

REQUEIJÃO

Para o isolamento de fungos foi utilizado o Ágar Batata Dextrose (BDA-

Himedia) acidificado com ácido tartárico a 10% (pH 3,5) (SILVA et al., 2001).

Volumes de 1mL de diluições decimais apropriadas foram inoculadas em

profundidade ao meio de cultura. Em seguida, as placas foram incubadas a 25 °C

em BOD (Quimis - Brasil) durante 3-5 dias. A quantificação do número de fungos foi

expressa em unidades formadoras de colônias por grama (SIQUEIRA, 1995). Para

obtenção de culturas puras, os fungos foram repicados e cultivados em placas

contendo ágar Sabouraud acrescido de cloranfenicol incubadas a 25 °C. Todos os

isolados foram armazenados em água destilada estéril (CASTELLANI, 1967) e

mantidos a partir de repiques sucessivos em ágar BDA a 25 °C.

III.2.3. IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE FUNGOS

Para a identificação dos fungos foi realizado o seqüenciamento da região ITS

do DNA ribossomal. Inicialmente, os fungos foram cultivados em ágar Sabouraud

por sete dias a 25 °C. A extração do DNA foi feita de acordo com a metodologia

proposta por DE HOOG et al. (2003). Pequenos fragmentos de micélio do fungo

foram colocados em tubo de 1,5 mL acrescidos de 400 µL de tampão de lise (Tris-

HCl - trishidroximetilaminometano 0,05 M, EDTA - ácido etilenodiamino tetra-acético

0,005 M, NaCl 0,1 M e SDS – sódio dodecil sulfato 1% e deixado a –20 ºC por

aproximadamente 10 minutos. O micélio foi então triturado com o auxílio de um

bastão e acrescido de 5 µL de Proteinase K. Após homogeneização, o tubo foi

66

deixado por 30 min a 60 ºC em banho-maria. Após essa etapa, foi adicionado 162 µL

de CTAB - cetil trimetilamonio bromido (Tris 2 M, NaCl 8,2%, EDTA 2 M e CTAB

0,2%), seguido de homogeneização, sendo o tubo incubado por 10 min. a 65 ºC. A

seguir, foram acrescentados 570 µL da mistura clorofórmio/álcool isoamílico (24:1).

Após homogeneização, o tubo foi incubado por 30 minutos a 0 ºC. Em seguida, foi

realizada uma centrifugação a 13.200 rpm por 10 minutos. O líquido sobrenadante

foi transferido para um novo tubo de 1,5 mL sendo acrescentado 10% do volume de

acetato de sódio 3M. O tubo foi gentilmente vertido para homogeneização e

incubado a 0 ºC por aproximadamente 30 minutos. Uma nova centrifugação foi

realizada a 13.200 rpm por 10 minutos. O sobrenadante foi transferido para novo

tubo, e em seguida 50% do volume de isopropanol foi adicionado. A partir dessa

etapa, o tubo foi mantido constantemente no gelo. Foi realizada uma centrifugação a

13.200rpm por 5 minutos e o sobrenadante desprezado por inversão. Em seguida,

200µL de etanol 70% a frio foi adicionado e, com o auxilio de uma pipeta, a

suspensão foi gentilmente homogeneizada. Novamente foi realizada uma

centrifugação a 13.200 rpm por 5 minutos. O sobrenadante foi desprezado por

inversão, seguido por homogeneização, com etanol a 70%. Após a secagem do tubo

por aproximadamente 15 minutos, foram adicionados 100 µL de Tris-EDTA (Tris-HCl

0,01 M e EDTA 0,001 M) seguido de incubação a 65 ºC por 60 minutos para

hidratação do DNA. As amostras foram armazenadas em freezer a –20 ºC.

Os iniciadores ITS1 (TCCGTAGGTGAACCTGCGG) e ITS4

(TCCTCCGCTTATTGATATGC) foram utilizados para amplificação da região ITS do

rDNA, conforme descrito por WHITE et al. (1990). Os amplicons gerados pela

reação de PCR foram purificados em colunas de purificação Kia Quik (Quiagen), de

acordo com as especificações do fabricante. As reações de seqüenciamento foram

realizadas pelo método de terminação da cadeia de DNA por incorporação de

dideoxinucleotídeos (SANGER et al., 1977), utilizando-se iniciadores fluorescentes e

uma DNA polimerase termo-resistente, seguindo as instruções do kit Thermo

sequenase fluorescent labelled primer cycle sequencing (Amersham/Pharmacia

Biothec). Para o seqüenciamento, foram usados os mesmos iniciadores utilizados na

reação de PCR (ITS1 e ITS4). Os resultados dos seqüenciamentos foram

armazenados sob a forma de cromatogramas e processados automaticamente pelo

aparelho, utilizando-se softwares próprios. Os cromatogramas foram posteriormente

67

editados para eliminação de regiões indesejadas. As seqüências editadas foram

comparadas com seqüências de DNA conhecidas, depositadas em bancos de dados

não redundantes, utilizando-se o programa BLASTn (ALTSCHUL et al., 1997),

considerando a maior homologia entre a seqüência obtida e as seqüências

depositadas, como indicador na identificação molecular das espécies. Os isolados

que tiveram seqüência acima de 97% de similaridade com aquelas depositadas no

Genbank foram consideradas como pertencentes à mesma espécie. Isolados com

seqüências de similaridade inferior a 97% foram considerados filogeneticamente

próximos à espécie indicada.

III.2.4. DETECÇÃO DE AFLATOXINA M 1 PELO MÉTODO DE ELISA

III.2.4.1. PREPARO DOS EXTRATOS

Para a extração de AFM1 nas amostras foi utilizada a metodologia descrita por

DRAGACII et al., (1995). As amostras foram previamente trituradas e

homogeneizadas. Em seguida, 40 mL de diclorometano foi adicionado em 2,0 g de

cada amostra de queijo sendo mantidas sob agitação por 15 min. A suspensão

obtida foi filtrada e 10 mL do filtrado foi evaporado em banho Maria a 60 °C sob

atmosfera de nitrogênio. O óleo residual foi resuspendido em 0,5 mL de metanol, 0,5

mL de tampão PBS e 1 mL de heptano que foram vigorosamente homogeneizados e

centrifugados a 2700g por 15 min. A camada superior de heptano foi completamente

removida. Uma alíquota da fase aquosa inferior metanólica foi coletada com o auxílio

de uma pipeta de Pasteur e 100 µL desta alíquota foi adicionada em uma solução de

metanol a 10% e 400 µL de tampão I. Para o teste foram retirados 100 µL do extrato.

III.2.4.2. PROCEDIMENTOS PARA O TESTE DE ELISA

Para a análise quantitativa de AFM1 nas amostras de requeijão foi utilizado o

método de ELISA imuno-enzimático competitivo conforme procedimentos descritos

pelo fabricante RIDASCREEN – Aflatoxin M1 30/15 (R-Biopharm AG, Darmstadt,

Germany).

68

As placas para o ensaio foram montadas de acordo com o número de poços

necessários para todos os padrões e amostras com três repetições. Inicialmente,

100 µL de cada solução padrão e de cada amostra foram adicionadas

individualmente nos poços. As placas foram agitadas manualmente para

homogeneização e em seguida incubadas à temperatura ambiente por 60 minutos

ao abrigo de luz. O líquido sobrenadante foi descartado e as placas foram vertidas

sendo vigorosamente batidas por três vezes sobre a superfície de um papel

absorvente para completa remoção do líquido presente no interior dos poços. Em

seguida os poços foram preenchidos com 250 µL de água destilada sendo

novamente removida como descrito acima. O procedimento de lavagem foi repetido

por duas vezes. Posteriormente, 100 µL do conjugado enzimático foi adicionado em

cada poço e as placas incubadas por 60 min. à temperatura ambiente ao abrigo de

luz. O líquido foi descartado e lavagens suscessivas foram novamente realizadas

por três vezes utilizando 250 µL de tampão de lavagem em cada poço. Um volume

de 50 µL de substrato e 50 µL de cromógeno foram adicionados em cada poço e

vigorosamente homogeneizados. As placas foram incubadas por 30 min. à

temperatura ambiente ao abrigo de luz. Finalmente, 100 µL de solução de parada foi

adicionada em cada poço, agitados manualmente e as placas submetidas à leitura

em leitor de ELISA (Bioteck – EL 808 – Vermont – USA) a 450 nm. Os resultados

obtidos foram calculados utilizando um sistema de coordenadas em escala semi-

logarítmica utilizando o software (Log/logito) conforme descrito por FINNEY (1978)

adaptado por OLIVEIRA (1996). As concentrações foram dadas em ppt ou ng por kg.

Uma curva de calibração foi utilizada para a leitura das concentrações de AFM1

segundo instruções do fabricante. O limite de detecção do teste foi de 50 ng/kg.

III.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

III.3.1. DETERMINAÇÃO DA PRESENÇA DE FUNGOS EM AMOSTRAS DE

QUEIJO

As espécies de fungos isoladas de Requeijão do Norte estão relacionadas na

Tabela 1. Foi observado que 52% das amostras estavam contaminadas por fungos

em contagens que variaram entre 4,5 a 7,3 log UFC/g. As contagens elevadas de

69

fungos está relacionada à contaminação ambiental das amostras, uma vez que os

requeijões estavam sendo comercializados sem o uso de embalagem.

Resultados similares foram encontrados por KURE & SKAAR (2000) e KURE

et al. (2001) ambos na Noruega e HAYALOGLU & KIRBAG (2007) na Turkia,

quando estudaram, respectivamente os queijos semi-duros Jarlsberg e Norvergia e o

queijo Tuflu provenientes de fábricas e mercados locais e relataram que o gênero

Penicillium foi encontrado com maior freqüência nestes produtos. Estes autores

relataram ainda que a ocorrência destes espécimes estava associada às condições

não controladas durante o preparo e a comercialização destes queijos.

As seguintes espécies foram identificadas com maior freqüência nos queijos:

Penicillium citrinum (em cinco amostras), Botryosphaeria rhodinia (3 amostras),

Penicillium paxilli e Cladosporium cladosporioides (duas amostras). P. citrinum é um

fungo cosmopolita que cresce como contaminante dos alimentos sendo considerado

o principal produtor de citrinina, uma micotoxina tóxica para humanos (PITT &

HOCKING, 1999). O isolamento deste fungo em queijo foi registrado por SINHA &

RANJAN (1991) na Índia com a produção de citrinina.

B. rhodinia é a forma teleomorfa de Lasiodiplodia theobromae. Não existem

relatos anteriores de sua ocorrência em queijos. Este fungo ocorre em frutos e folhas

de coqueiros provocando a “queima” das folhas e em cocos, podendo também ser

encontrado em frutas como manga, goiaba, mamão, abacate, laranja, graviola,

sapoti e cajueiro, provocando doenças e o apodrecimento das frutas e raízes

(WARWICK,1990; CORREIA et al., 2005). Portanto, sua presença no requeijão está

relacionada à contaminação ambiental.

P. paxilli representa uma espécie de fungo de ocorrência pouco comum em

alimentos. A degradação visual em queijos foi observada por PITT & HOCKING

(1999). De acordo como estes autores, P. paxilli produz duas micotoxinas, a

verruculogen e a paxilina. Estas micotoxinas apresentam baixa toxicidade.

C. cladosporioides é um fungo não micotoxigênico. A sua ocorrência é muito

comum em alimentos como os queijos refrigerados (NORTHOLT et al., 1980) e

também naqueles embalados a vácuo (HOCKING & FAEDO, 1992), provocando a

deterioração destes produtos.

70

Tabela 1 – Média das populações de fungos isolados em amostras de Requeijão do Norte obtidas em mercado varejista de Belo

Horizonte (log UFC/g).

Espécies Amostras 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Aspergillus flavips 6,6 Aspergillus oryzae 7,0 Aspergillus sydowii 7,0 Aspergillus sp. 7,0 7,0 Botryosphaeria rhodinia 5,6 7,4 Cladosporium cladosporioides 5,4 5,0 Fusarium oxysporum 5,0 Lasiodiplodia crassispora

7,3

Mucor circinelloides 7,3 Paecilomyces sinensis 7,0 Penicilium citrinum 5,4 5,2 5,3 7,0 6,7 Penicilium paxilli 5,0 5,6 Rhizomucor variabilis 4,5

70

71

O gênero Penicillium foi encontrado em sete das amostras analisadas, sendo

considerado, portanto, o de maior freqüência neste estudo (Tabela 1). Este gênero é

constantemente encontrado em uma grande variedade de queijos semi-duros, na

maior parte dos casos como conseqüência de más condições higiênicas de

processamento e/ou contaminação ambiental (KURE & SKAAR, 2000; ERDOGAN et

al., 2003; FLÓREZ et al., 2007; HAYALOGLU et al., 2007). Entretanto TORKAR et

al. (2008) encontraram resultados diferentes ao relatarem que Geotrichum foi o

gênero mais freqüente encontrado em queijo Kuflu, o que pode ser explicado pelas

diferenças sazonais e geográficas que afetam diretamente o crescimento de fungos.

Os gêneros de ocorrência esporádica isolados em Requeijão do Norte foram

Mucor, Paecilomyces e Rhizomucor, todos associados à deterioração de alimentos

além do gênero Fusarium, ao qual espécies potencialmente micotoxigênicas estão

associadas (PITT & HOCKING, 1999).

III.3.1. DETERMINAÇÃO DE AFM 1

Os resultados da presença de AFM1 obtidos pelo método de ELISA

(RIDASCREEN – R-BIOPHARM) estão representados na Tabela 2.

Em 16% das amostras de requeijão foram detectadas AFM1 em faixas de

61,13 a 214,02 ng/kg. Estes resultados foram superiores ao nível máximo tolerado

em produtos lácteos pela União Européia (FAO, 2003).

Comparativamente aos outros estudos realizados no Brasil, poucos trabalhos

podem ser encontrados na literatura. Entre eles PRADO et al. (1999) que verificaram

a ocorrência de AFM1 em 74,7% das amostras de queijo Minas (frescal, canastra e

padrão), e a AFM1 foi detectada em uma faixa de 0,02 a 6,92 ng/g.

Mundialmente, diversos pesquisadores têm relatado que a contaminação de

queijos por AFM1 é freqüente. Na Itália, VIRDIS et al. (2008) encontraram AFM1 em

9,8% de amostras de queijos originados de fazendas locais. Na Eslovênia, TORKAR

et al. (2008) detectaram a presença de AFM1 em 10% dos queijos analisados

originados de pequenas unidades de processamento artesanal em níveis superiores

a 50 ng/kg.

72

Tabela 2 – Presença de aflatoxina M1 em amostras de Requeijão do Norte obtidas

em mercado varejista de Belo Horizonte.

Amostra Concentração (ng/kg)* Desvio Padrão 1 <L.D. - 2 <L.D. - 3 <L.D. - 4 <L.D. - 5 <L.D. - 6 <L.D. - 7 N.D.** N.D. 8 <L.D. - 9 63,40 1,53

10 <L.D. - 11 <L.D. - 12 <L.D. - 13 <L.D. - 14 <L.D. - 15 69,88 0,34 16 N.D.** N.D. 17 <L.D. - 18 <L.D. - 19 <L.D. - 20 <L.D. - 21 <L.D. - 22 <L.D. - 23 214,02 0,96 24 <L.D. - 25 61,13 1,37

* - Média de Triplicata. ND - não detectado. Limite de Detecção: 50 ng/kg.

DASHTI et al. (2009) relataram a presença de AFM1 em 80% de amostras de

queijos industrializados na Turquia em níveis de 23,8 a 452,0 ng/kg. Em todos estes

trabalhos, os níveis de AFM1 detectados excederam os limites aceitáveis em seus

países.

III.4. CONCLUSÕES

A partir dos resultados apresentados neste estudo pode ser observado que a

contaminação por fungos está relacionada não só ao processo de fabricação, como

também à contaminação na comercialização dos queijos que são manipulados sem

embalagem permitindo a colonização destes microrganismos.

73

A presença de AFM1 nas amostras está associada ao consumo de alimentos

contaminados pelo gado leiteiro e/ou a más condições de estocagem do alimento

destinado a esse fim, uma vez que as medidas de controle de alimentos no Brasil

ainda são insuficientes (SANTURIO, 2000).

Espécies possivelmente aflatoxigênicas foram isoladas e identificadas nos

queijos. Além disto os níveis de AFM1 detectados superam os níveis de tolerância

máxima para AFM1 em produtos lácteos estabelecido pela União Européia que é de

50 ng/kg (FAO, 2003). No Brasil não há legislação específica para queijos e,

portanto, os níveis de AFM1 detectados neste trabalho não podem ser considerados

como um problema de saúde pública.

As alternativas para controlar ou corrigir as contaminações por fungos são o

emprego adequado de técnicas de conservação dos alimentos como tratamento

térmico, adição de conservantes, uso de embalagens ou a combinação destas no

preparo e durante a comercialização destes queijos.

74

CONCLUSÕES INTEGRADAS

A qualidade microbiológica do Requeijão do Norte foi insatisfatória em 40%

das amostras, tanto pela população dos indicadores higiênicos detectados, quanto

pela presença de Staphylococcus coagulase-positivos e E. coli, além da presença de

SEB (em 2 amostras) e TSST-1 (em 1 amostra).

Foi observada uma grande variação nos parâmetros físico-químicos do

Requeijão do Norte, provavelmente associado com a diversidade dos

processamentos e inexistência de padrões para o processo de elaboração.

A população de leveduras e fungos presentes no Requeijão do Norte foi

elevada, indicando a existência de condições higiênico-sanitárias inadequadas pós-

processamento (distribuição e comercialização).

Dentre a grande variedade de leveduras, as espécies isoladas com maior

freqüência foram Candida parapsilosis, Moniliella spathulata, Debaryomyces

hansenii e Kodamaeae ohmeri. Aproximadamente 27% dessas leveduras

apresentaram potencial biotecnológico, pela atividade enzimática (proteolítica,

lipolítica e β-galactosidase) observada.

Espécies possivelmente aflatoxigênicas foram isoladas e identificadas no

Requeijão do Norte. Entretanto a presença de AFM1 quantificada nas amostras

esteve abaixo dos níveis máximos de tolerância aceitos em alimentos.

A possibilidade do Requeijão do Norte representar um risco à saúde da

população pôde ser verificada, sendo necessária a implantação de medidas que

possam garantir a segurança (BPF).

75

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao início desta tese foi idealizada como uma das propostas de trabalho a

implantação das Boas Práticas de Fabricação em uma unidade produtora do

requeijão localizada no município de Salinas-MG. Foram realizadas visitas no local

de produção e coletas de amostras em pontos críticos nas etapas do processamento

previamente determinados. Problemas de logística relacionados a reformas iniciadas

na planta de fabricação, ainda não concluídas, e o contexto ao qual o produto se

encontra inserido economicamente, inviabilizaram a continuidade das atividades.

A partir dos resultados finais obtidos nesta tese pode ser observado que a

qualidade microbiológica do Requeijão do Norte comercializado na cidade de Belo-

Horizonte-MG encontra-se insatisfatória. A existência comprovada de risco

microbiológico à saúde humana aponta para a necessidade de melhorias voltadas

ao processamento, armazenamento refrigerado e à utilização de embalagem para o

produto. O investimento na qualidade do produto é viável, uma vez que o mesmo já

se encontra bem divulgado e a demanda está vinculada a uma clientela definida.

A implantação das Boas Práticas de Fabricação pode resolver os problemas

da qualidade, bem como abrir as portas para a expansão do comércio deste produto,

sendo sugerida a continuidade de estudos futuros nesta área.

76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AARESTRUP, F. M.; DANGLER, C. A.; SORDILLO, L. M. Prevalence of coagulase

gene polymorphism in Staphylococcus aureus isolates causing bovine mastitis.

Canadian Journal Veterinary Research, v. 59, p. 124-128, 1995.

ABIQ (Associação Brasileira das Indústrias de Queijo). Benefícios nutricionais dos

queijos (2005). Disponível em: <http://www.abiq.com.br/queijos/nutricao_07.htm>.

Acesso em 10/03/2009.

ADDIS, E.; FLEET, G. H.; COX, J. M.; KOLAK, D.; LEUNG, T. The growth, properties

and interactions of yeasts and bacteria associated with the maturation of

Camembert and blue-veined cheeses. International Journal of Food Microbiology, v.

69, p. 25-36, 2001.

ALMEIDA; P. M. P.; FRANCO, R. M. Avaliação bacteriológica de queijo tipo Minas

frescal com pesquisa de patógenos importantes à saúde pública: Staphylococcus

aureus, Salmonella sp. e coliformes fecais. Higiene Alimentar, v. 17, p. 79-85, 2003.

ALTSCHUL, S. F., MADDEN, T. L., SCHÃFFER, A. A., ZHANG, J., ZHANG, Z.,

MILLER, W., et al. (1997). Gapped BLAST and PSI-BLAST: A new generation of

protein databases search programs. Nucleic Acid Research, 25, 3389–3402.

ÁLVAREZ-MARTÍN, P.; FLÓREZ, A. B.; LÓPEZ-DÍAZ, T. M.; MAYO, B. Phenotypic

and molecular identification of yeast species associated with Spanish blue-veined

Cabrales cheese. International Dairy Journal, v.17, p.961–967, 2007.

AQUINO, F. T. M. Produção de queijo de Coalho no estado da Paraíba:

acompanhamento das características físico-químicas do processamento. João

Pessoa: Centro de Tecnologia da UFPB, 1983. 81 p. (Dissertação, Mestrado em

Ciência e Tecnologia de Alimentos).

77

ARDIC, M.; KARAKAYA, Y.; ATASEVER, M.; ADIGUZE, G. Aflatoxin M1 levels of

Turkish white brined cheese. Food Control, v.20, p. 196–199, 2009.

ARAN, N.; EKE, D. Mould mycoflora of Kasar cheese at the stage of consumption.

Food Microbiology, v. 4, p. 101–104, 1987.

ASSUMPÇÃO, E. G.; PICCOLI-VALLE, R. H.; HIRSCH, D.; ABREU, L. R. Fontes de

contaminação por Staphylococcus aureus na linha de processamento de queijo

prato. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 55, nº3, p. 366-370,

2003.

BACHMANN, H. P.; BOBST, C.; BÜTIKOFER, U.; CASEY, M. G.; DALLA TORRE,

M.; FRÖLICH-WYDER, M. T.; FÜRST, M. Occurrence and significance of Fusarium

domesticus alias Anticollanti on smear-ripened cheeses. Lebensmittel Wissenschaft

und Technologie, v. 38, p.399-407, 2005.

BARRIOS, M. J.; MEDINA, L. M.; LOPEZ, M. C.; JORDANO, R. Fungal biota isolated

from Spanish cheeses. Journal of Food Safety, v.18, p.151–157, 1998.

BERESFORD, T. P.; FITZSIMONS, N. A.; BRENNAN, N. L.; COGAN, T. M. Recent

advances in cheese microbiology. International Dairy Journal, v. 11, p. 259-274,

2001.

BERGDOLL, M. S. Staphylococcus aureus. In: Doyle, M. P. (Ed.) Foodborne

bacterial pathogens. New York: Marcel Dekker, Inc., 1989, p. 463-523.

BERGDOLL, M. S.; BORJA, C. R.; AVENA, R. M. Identification of a new enterotoxin

as enterotoxin C. Journal Bacteriology, v. 90, p. 1481-1485, 1965.

BERGDOOL, M. S.; BORJA, C. R.; ROBBINS R. N.; WEISS, K. F. Identification of

enterotoxin E. Infection Immunology, v. 4, p. 593-595, 1971.

78

BORELLI, B. M.; FERREIRA, E. G.; LACERDA, I. C. A.; SANTOS, D. A.; CARMO, L.

S.; DIAS, R. S.; SILVA, M. C. C.; ROSA, C. A. Enteroxigenic Staphylococcus spp.

and other microbial contaminants during production of Canastra cheese, Brazil.

Brazilian Journal of Microbiology, v. 37, p. 545-550, 2006a.

BORELLI, B. M.; FERREIRA, E. G.; LACERDA, I. C. A.; FRANCO, G. R.; ROSA, C.

A. Yeast populations associated with the artisanal cheese produced in the region of

Serra da Canastra, Brazil. World Journal Microbiology and Biotechnology, v. 22,

p.1115-1119, 2006b.

BOUTROU, R.; GUÉGUEN, M. Interests in Geotrichum candidum for cheese

technology. International Journal of Food Microbiology, v. 102, p. 1–20, 2005.

BOWMAN, B. H.; TAYLOR, J. W.; BROWNLEE, A. G.; LEE, J.; LU, S. D. and

WHITE, T. J. Molecular evolution of the fungi: relationship of the basidiomycetes,

ascomycetes and chytridiomycetes. Molecular Biology and Evolution, v. 9, p. 285–

296, 1992.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 12 de 2 de

janeiro de 2001a. Aprova o Regulamento Técnico sobre Padrões Microbiológicos

para Alimentos e seus anexos I e II. Diário oficial, Brasília, 12 janeiro 2001, p. 45.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa

Nº 30, de 26 de junho de 2001b. Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade

de Manteiga da Terra ou Manteiga de Garrafa; Queijo de Coalho e Queijo de

Manteiga. Diário Oficial, Brasília, 16 julho 2001, p.13-15.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa

Nº 22, de 14 de abril de 2003. Métodos Analíticos Oficiais Físico-Químicos para

Controle de Leite e Produtos Lácteos. Diário Oficial, Brasília, 2 maio 2003, p. 3.

79

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 146 de 07

de março de 1996. Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Queijos.

Diário Oficial, Brasília, 11 março, 1996, p.3977-3978.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 359 de 04

de setembro de 1997. Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e

Qualidade do Requeijão ou Requesõn. Diário Oficial, Brasília, 8 setembro 1997,

p.19695.

BRASILEIRO, B. T. R. V.; COIMBRA, M. R. M.; JÚNIOR, M. A. M.; OLIVEIRA, N. T.

Genetic variability within Fusarium solani specie as revealed by PCR-fingerprinting

based on PCR markers. Brazilian Journal of Microbioly, v. 35, p.205-210, 2004.

BRUNS, T. D.; WHITE, T. J. and TAYLOR, J. W. 1991. Fungal molecular

systematics. Annual Review of Ecology and Systematics, v.22, p. 525–564, 1991.

BULLERMAN, L. B.; OLIVIGNI, F. J. Mycotoxin producing potential of molds isolated

from cheddar cheese. Journal of Food Science, v. 39, p. 1166-1168, 1974.

CARMO, L. S. Produção e purificação em grande escala das enterotoxinas

estafilocócicas SEA, SEB, SEC2, SED e toxina TSST-1 para uso em ensaios imuno-

enzimáticos. Belo Horizonte: Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, 2001. 250p.

(Tese, Doutorado em Microbiologia).

CARMO L. S.; BERGDOLL; M. S. Staphylococcal food poisoning in Belo Horizonte

(Brazil). Revista de Microbiologia, v. 21, p. 320-323, 1990.

CARMO, L. S.; CUMMINGS, C.; LINARDI, V. R.; DIAS, R. S.; SOUZA, J. M.; SENA,

M. J.; SANTOS, D. A.; SHUOO, J. W.; PEREIRA, R. K. P.; JETI, M. A case of a

massive Staphylococcal food poisoning incidente. Foodborne Pathogens and

Disease, v.1, p. 241-246, 2004.

80

CARMO, L. S.; DIAS, R. S.; LINARDI, V. R.; SENA, M. J.; SANTOS, D. A.; FARIA,

M. E.; PENA, E. C.; JETT, M.; HENEINE, L.G. Food poisoning due to

enterotoxingenic strains of Staphylococcus present in Minas cheese and raw milk in

Brazil. Food microbiology, v. 19, p.9-14, 2002.

CARVALHO, C. O.; SERAFINI, A. B. Grupos de microrganismos isolados da

orofaringe, nasofaringe e das mãos dos trabalhadores do restaurante da

Universidade Federal de Goiás. Higiene Alimentar, v.10, p.19–24, 1996.

CARVALHO, J. D. G.; VIOTTO, W. H.; KUAYE, A. Y. The quality of Minas Frescal

cheese produced by different technological processes. Food Control, v.18, p.262-

267, 2005.

CASMAN, E. P.; BENNETT, R. W. Culture medium for the production of

staphylococcol enterotoxin A. Journal of Bacteriology, v. 86, p. 18-23, 1963.

CASMAN, E. P.; BENNET, R. W; DORSEY, A. E.; ISSA, J. A. Identification of a

fourth staphylococcal enterotoxin, enterotoxin D. Journal of Bacteriology, v. 94, p.

1875-1882, 1967.

CASMAN, E. P.; BERGDOLL, M. S.; ROBINSON, J. Designation of staphylococcal

enterotoxin. Journal of Bacteriology, v.85, p.715-716, 1963.

CASTELLANI A. Maintenance and cultivation of common pathogenic fungi in distilled

water. The Journal of tropical medicine and hygiene. v. 42, p.181-184, 1967.

CAVALCANTE, A. B. D.; COSTA, J. M. C. Padronização da tecnologia de fabricação

do queijo manteiga. Revista Ciência Agronômica, v. 36, n° 2, maio - ago., p. 215-

220, 2005.

CNI/SENAI/SEBRAE (Confederação Nacional da Indústria/Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial/Serviço Brasileiro de Apóio às Micro e Pequenas

81

Empresas). Guia para elaboração do plano APPCC – Geral. Projeto APPCC. (Série

Qualidade e Segurança Alimentar). Brasília: SENAI/DN, 1999. 298 p.

COLEN, G.; JUNQUEIRA, R. G.; MORAES-SANTOS, T. Isolation and Screening of

Alkaline Lipase-producing Fungi from Brazilian Savanna Soil. World Journal of

Microbiology & Biotechnology, v.22, p.881-885, 2005.

CORBO, M. R.; ALBENZIO, M.; DE ANGELIS, M.; SEVI, A.; GOBBETTI, M.

Microbiological and biochemical properties of Canestrato Pugliese hard cheese

supplemented with bifidobacteria. Journal of dairy science, v.84, p.551-561, 2001.

CORSETTI, A.; ROSSI, J.; GOBETTI, M. Interactions between yeasts and bacteria in

the smear surface-ripened cheeses. International Journal of Food Microbiology, v.69,

p.1-10, 2001.

CORREIA, M. S.; COSTA, J. L. S. Dispersão anemófila do fungo Lasiodiplodia

theobromae em plantações de coqueiro. Fitopatologia brasileira, v.30, p. 150-154,

mar./abr. 2005.

COUSIN, M. A. Moulds in dairy products. In ROGINSKI, H.; FUQUAY, J. W.; FOX, P.

F. (Eds.). Encyclopedia of dairy sciences. New York: Academic Press, 2003. p. 2072-

2078.

CREMONESI, P.; LUZZANA, M.; BRASCA, M.; MORANDI, S.; LODI, R.;

VIMERCATI, C.; AGNELLINI, D.; CARAMENTI, G.; MORONI, P.; CASTIGLIONI, B.

Development of a multiplex PCR assay for the identification of Staphylococcus

aureus enterotoxigenic strains isolated from milk and dairy products. Molecular and

Cellular Probes, v.19, p.299-305, 2005.

DASHTI, B.; AL-HAMLI, S.; ALOMIRAH, H.; AL-ZENKI, S.; ABBAS, A. B.; SAWAYA,

W. Levels of aflatoxin M1 in milk, cheese consumed in Kuwait and occurrence of total

aflatoxin in local and imported animal feed. Food Control, In Press, 2009.

82

DE BARROS LOPES, M.; SODEN, A.; HENSCHKE, P. A.; LANGRIDGE, P. PCR

differentiation of commercial yeast strains using intron splice site primers. Applied

Enviromental Microbiology, v.62, p.4514-4520, 1996.

DE BARROS LOPES, M.B; SODEM, A.; MARTENS, A.L.; HENSCHKE, P.A. &

LANGRIDGE, P. Differentiation and species identification of yeasts using PCR.

International Journal Systems Bacteriology, v. 48, p. 279-286, 1998.

DE HOOG, G. S.; SMITH, M. T. Moniliella Stolk & Dakin. In: KURTZMAN, C. P.;

FELL, J. W. (Ed) The yeasts, a taxonomic study, Amsterdam: Elsevier, 1998. p. 785-

788.

DE HOOG, G.S., VICENTE, V., CALIGIORNE, R.B., KANTARCIOGLU, S.,

TINTELNOT, K., GERRITS VAN DEN ENDE, A.H.G. & HAASE, G. Species diversity

and polymorphism in the Exophiala spinifera clade containing opportunistic black

yeast-like fungi. Journal of Clinical Microbiology. v. 41, p.4767-78, 2003.

DOWNES, F. P.; ITO, K. Compendium of methods for the microbiological

examination of foods. Washington: American Public Health Association, 2001. 676 p.

DRAGACCI, S.; GLEIZES, E.; FREMY, J. M.; CANDLISH, A. A. Use of

immunoafunitty chromatography as purification step for the determination of aflatoxin

M1 in cheeses. Food Additivies and Contaminants, v.12, p.59-65, 1995.

EDORGAN, A.; GURSES, M.; SERT, S. Isolation of moulds capable of producing

mycotoxins from blue mouldy tulum cheeses produced in Turkey. International

Journal of Food Microbiology, v. 85, p. 83-85, 2003.

ESCUDERO, C. J. Estudo de requeijão do norte: Composição, qualidade e

comportamento durante a estocagem. Campinas: Faculdade de Engenharia de

Alimentos da UNICAMP, 1979. 90p. (Dissertação, Mestrado em Tecnologia de

Alimentos).

83

ESCUDERO, C. J.; AMAYA, D. B. R.; MORAES, M. A. S. Changes in composition

and quality of Requeijão do Norte on storage. Ciência e Cultura, v.33, n° 8, p.1091-

1095, 1981.

EUROPEAN COMMISSION (2003) Health & consumer protection. Directorate-

general. Opinion of the scientific committee on veterinary measures relating to public

health on staphylococcal enterotoxins in milk products, particularly cheeses.

Disponível em: <http://ec.europa.eu/food/fs/sc/scv/outcome_en.html/title>. Acesso

em: 20/07/ 2008.

EVENSON, M. L.; HINDS, M. W.; BERNSTEIN, R. S.; BERGDOLL, M. S. Estimation

of human dose of staphylococcal enterotoxin A from a large outbreak of

staphylococcal food poisoning involving chocolate milk. International Journal of Food

Microbiology, v.7, p.311-316, 1988.

FADDA, M. E.; MOSSA, V.; PISANO, M. B.; DEPLANO, M.; COSENTINO, S.

Occurrence and characterization of yeasts isolated from artisanal Fiore Sardo

cheese. International Journal of Food Microbiology, v. 95, p. 51– 59, 2004.

FAO (Food and Agricultural Organization of the United Nations). The technology of

traditional milk products in developing countries. Rome: FAO, 1990. 333 p.

FAO (Food and Agricultural Organization of the United Nations). Worldwide

regulations for mycotoxins in food and feed in 2003. Food and Nutrition Paper, N°.81,

Roma, 2004. Disponível em:

<http://www.fao.org/docrep/007/y5499e/y5499e00.htm#Contents>.Acesso em

20/06/2009.

FEITOSA,T.; BORGES, M. F.; NASSU, R. T.; AZEVEDO, E. H. F.; MUNIZ, C. R.

Pesquisa de Salmonella sp., Listeria sp. e microrganismos indicadores higiênico-

sanitários em queijos produzidos no estado do Rio Grande do Norte. Ciência e

Tecnologia de Alimentos, v.23, p. 162-165, 2003.

84

FERNANDES, A. M.; ANDREATTA, E.; OLIVEIRA, C. A. F. Ocorrência de bactérias

patogênicas em queijos no Brasil: Questão de saúde pública. Higiene Alimentar,

v.20, p. 49-56, 2006.

FERNANDES, F. C. Micotoxinas: Risco Biológico para trabalhadores em Aviários.

Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, v.02, p.200-208, 2004.

FERNANDEZ, E.; ROSOLEM, C. A.; MARINGONI, A. C.; OLIVEIRA, D. M. T.

Fungus incidence on peanut grains as affected by drying method and nutrition. Field

Crops Research, v.52, p.9-15, 1997.

FERREIRA, A. D.; VILJOEN, B. C. Yeasts as adjunct starters in matured Cheddar

cheese. International Journal of Food Microbiology, v.86, p. 131– 140, 2003.

FINNEY, D. J. General transformations and radioligands assays. In GRIFFIN, C.

(Ed.) Statistical Method in Biological Assay. London: High Luycomb, 1978. p.316-

348.

FITZGERALD, J. R.; MONDAY, S. R.; FOSTER, T. J.; BOHACH, G. A.; HARTIGAN,

P. J.; MEANEY, W. J.; SMITH, C. J. Characterization of putative pathogenicity island

from bovine Staphylococcus aureus encoding multiple superantigens. Journal of

Bacteriology, v. 183, p. 63-70, 2001.

FLEET, G.H. Yeasts in dairy products. Journal of Applied Bacteriology, v. 68, p.199–

211, 1990.

FLEET, G. H.; MIAN, M. A. The occurrence and growth of yeasts in dairy products.

International Journal of Food Microbiology, v. 4, p.145–155, 1987.

FLÓREZ, A. B.; ÁLVAREZ-MARTÍN, P.; LÓPEZ-DÍAZ, T. M.; MAYO, B. Morphotypic

and molecular identification of filamentous fungi from Spanish blue-veined Cabrales

cheese, and typing of Penicillium roqueforti and Geotrichum candidum isolates.

International Dairy Journal, v.17, p. 350–357, 2007.

85

FRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos. São Paulo:

Atheneu, 2002. 182 p.

FRISVAD, J. C.; THRANE, U. Mycotoxins production by food-borne fungi. In:

SAMSON, R. A.; HOEKSTRA, E. S.; FRISVAD, J. C.; FILTENBORG, O. (Ed.)

Introduction to Food-borne Fungi, 4th ed. Centraalbureau voor Schimmelcultures:

Baarn, 1995. p. 251– 260.

FUEYO, J. M.; MENDOZA, M. C.; MARTÍN, M. C. Enterotoxins and toxic shock

syndrome toxin in Staphylococcus aureus recovered from human nasal carriers and

manually handled foods: epidemiological and genetic findings. Microbes and

Infection, v.7, p.187–194, 2005.

FURTADO, M. M. A arte e ciência do queijo. São Paulo: Globo, 1991, 297p.

FURTADO, M. M.; LOURENÇO NETO, J. P. Tecnologia de Queijos. São Paulo:

Dipemar, 1994. 118 p.

GARDINI, F.; TOFALO, R.; BELLETTI, N.; LUCCI, L.; SUZZI, G.; TORRIANI, S.;

GUERZONI, M. E.; LANCIOTTI, R. Characterization of yeasts involved in the

ripening of Pecorino Crotonese cheese. Food Microbiology, v. 23, p. 641–648, 2006.

GIMENO, A. Aflatoxina M1 no Leite. Riscos para a Saúde Pública, Prevenção e

Controle. Alimentação Animal, nº 49, p. 32-44, 2004.

GIMENO, A.; MARTINS, M. L. Resíduos de micotoxinas em leche, huevos y tejidos

comestibles de aves, credos y rumiantes (parte I). Albéitar, v. 36, p. 40-42, 2000.

GLATZ, B. A.; BRUDVIG, S. A. Enterotoxin production in milk by enterotoxigenic E.

coli. Journal Food Protection, v. 34, p. 298-299, 1980.

GUARRO, J.; GENÉ, J.; STCHIGEL, A. M. Developments in Fungal Taxonomy.

Clinical Microbiology Reviews. V. 12, p.454-500, 1999.

86

HADRYS, H.; BALICK, M.; SCHIERWATER, B. Applications of random amplified

polymorphic DNA (RAPD) in molecular ecology. Molecular Ecology, v. 1, p. 55-63,

1992.

HANKIN, L.; ANAGNOSTAKIS, S. L. The use of solid media for detection of enzyme

production by fungi. Mycology, v. 67, p.597-607, 1975.

HAYALOGLU, A. A.; KIRBAG, S. Microbial quality and presence of moulds in Kuflu

cheese. International Journal of Food Microbiology, v.115. p.376-380, 2007.

HESSELTINE, C. W. Conditions leading to mycotoxin contamination of foods feeds.

In RODRICKS, J. V. (Ed) Mycotoxins Other Fungal Related Food Problems.

American Chemical Society: Washington D.C., 1976. p. 1-22.

HOCKING, A. D. Understanding and controlling mould spoilage in cheese. Australian

Journal of Dairy Technology, v. 52, p. 123-124, 1997.

HOCKING, A. D.; FAEDO, M. Fungi causing thread mould spoilage of vacuum

packaged Cheddar cheese during maturation. International Journal of Food

Microbiology, v. 16, p. 123-130, 1992.

HOFFMANN, F.L.; PENNA, A.L.B.; MANSOR, A.P.; COELHO, A. R.; VINTURIM, T.

M. Estudo da qualidade do requeijão cremoso. Indústria de Laticínios, v. 6, n° 32,

p.55-58, 2001.

IANDOLO, J. J. Genetics analysis of extracellular toxins of Staphylococcus aureus.

Annual Review of Microbiology, v. 43, p. 375-402, 1989.

INDI (Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais). A Indústria de

Laticínios Brasileira e Mineira em números. 2002. Disponível em:

<http://www.indi.mg.gov.br/perfil/setores/ai.html>. Acesso em: 21/04/2004.

87

JAKOBSEN, M.; NARVHUS, J. Yeasts and their possible beneficial and negative

effects on the quality of dairy products. International of Dairy Journal, v.6, p.755–768,

1996.

JARRAUD, S. M.; PEYRAT, A.; LIM, A.; TRISTAN, A.; BES, M.; MOUGEL, C.;

ETIENNE, J.; VANDESCH, F.; BONNEVILLE, M.; LINA, G. Egc a highly prevalent

operon of enterotoxin gene, forms a putative nursey of superantigens in

Staphylococcus aureus. Journal of Immunology, v. 166, p. 669-677, 2001.

JASSEN-ESCUDERO, C.; RODRIGUES-AMÁYA, D. B. Composition of the Brazilian

cheese “requeijão do norte”. Journal Food Science, v.46, p.917-919, 1981.

JAY, J. M. Microbiologia de alimentos. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. 711 p.

JETT, M.; LONIN, B.; DAS, R.; NEILL, R. The staphylococcal enterotoxins. In:

SUSSMAN, M. (Ed.) Molecular Medical Microbiology. USA: Academic Press, 2001.

p.1089-1116.

JODRAL, M.; LIÑAN, E.; ACOSTA, I.; GALLEGO, C.; ROJAS, F.; BENTABOL, A.

Mycoflora and toxigenic Aspergillus flavus in Spanish milk. International Journal of

Food Microbiology, v.18, 171–174, 1993.

KAMKAR, A.; KARIM, G.; SHOJAEE ALIABADI, F.; KHAKSAR, R. Fate of aflatoxin

M1 in Iranian white cheese processing. Food and Chemical Toxicology, v.46, p.2236-

2238, 2008.

KIESSLING, K. H. Biochemical mechanism of action of mycotoxins. Pure and

Applied Chemistry, v.58, p.327-338, 1986.

KLOOS, W. E. Systematics and natural history of Staphylococi. Journal of Applied

Bacteriology Symposium Supplement, v. 70, p. 255-375, 1990.

88

KURE, C. F.; SKAAR, I. Mould growth on the Norwegian semi-hard cheeses

Norvegia and Jarlsberg. International Journal of Food Microbiology, v. 62, p.133–

137, 2000.

KURE, C. F.; SKAAR, I.; BRENDEHAUG, J. Mould contamination in production of

semi-hard cheese. International Journal of Microbiology, v. 93, p. 41-49, 2004.

KURE, C. K., WASTESON, Y., BRENDEHAUG, J., SKAAR, I. Mould contaminants

on Jarlsberg and Norvegia cheese blocks from four factories. International Journal of

Food Microbiology, v.70, p.21–27, 2001.

KURTZMAN C. P.; FELL, J. W. The yeasts: a taxonomic study. 4 ed. Amsterdam,

The Netherlands: Elsevier Science B. V., 1998. p.77-100.

KURTZMAN, C. P.; PHAFF, H. J. Molecular taxonomy. In: ROSE A. H. & HARRISON

J. S. (Ed.). The Yeasts, Vol. 1, Biology of Yeasts. Academic Press, London, 1987. p.

63-94.

KURTZMAN, C. P; ROBNETT, C. J. Identification and phylogeny of ascomycetous

yeasts from analysis of nuclear large subunit (26S ribosomal DNA partial sequences.

Antonie van Leeuwenhoek, v.73, p.331-371, 1998.

LACHANCE, M. A.; BOWLES, J. M.; STARMER, W. T.; BARKER, J. S. F. Kodamaea

kakaduensis and Candida tolerans, two new ascomycetous yeast species from

Australian Hibiscus flowers. Canadian Journal of Microbiology, v. 45, p. 172-177,

1999.

LARPIN, S.; MONDOLONI, C.; GOERGES, S.; VERNOUX, J. P.; GUÉGUEN, M.;

DESMASURES, N. Geotrichum candidum dominates in yeast population dynamics in

Livarot, a French red-smear cheese. FEMS Yeast Research, v.6, p. 1243–1253,

2006.

89

LAURENCIK, M.; SULO, P.; SLÁVIKOVÁ, E.; PIECKOVÁ, E.; SEMAN, M.;

EBRINGER, L. The diversity of eukaryotic microbiota in the traditional Slovak sheep

cheese — Bryndza. International Journal of Food Microbiology, v.127, p.176-179,

2008.

LE LOIR, Y.; BARON, F.; GAUTIER, M. Staphylococcus aureus and food poisoning.

Genetics and Molecular Research, v. 2, p. 63-76, 2003.

LEITE, M. M. D.; LIMA, M. G.; REIS, R. B. Ocorrência de Staphylococcus aureus em

queijo Minas tipo Frescal. Higiene alimentar, v. 19, p. 89-93, 2005.

LETERTRE, C.; PERELLE, S.; DILASSER, F.; FACH, P. Identification of a new

putative enterotoxin SEU encoded by the egc cluster of Staphylococcus aureus.

Journal of Applied Microbiology, v. 2, p. 38-43, 2003.

LIECKFELDT, F.; MEYER, W.; BÖRNER, T. Rapid identification and differentiation of

yeasts by DNA and PCR fingerprinting. Journal of Basic Microbiology, v. 33, p.413-

426, 1993.

LIMA, C. D. L. C. Avaliação Microbiológica e físico-química do queijo Minas

artesanal da Serra do Salitre – MG. Belo Horizonte: Instituto de Ciências Biológicas

da UFMG, 2005. 138 p. (Tese, Doutorado em Microbiologia).

LIMA, C. D. L. C.; CERQUEIRA, M. M. O. P.; FERREIRA, E. G.; FARIA, JR. C. L. L.;

NELSON, D. L.; CARMO, L. S.; ROSA, C. A. Microbiological, physical–chemical and

sensory evaluation of a traditional Brazilian cheese during the ripening process.

World Journal of Microbiology & Biotechnology, v.24, p.2389-2395, 2008.

LIRA, B. F. Avaliação das condições higiênico-sanitárias e microbiológicas dos

queijos artesanais produzidos na Região do Seridó/RN. In: CONGRESSO DE

CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS, 14, 1995, São Paulo. Resumo. São

Paulo: SBCTA, 1995, p.124.

90

LÓPEZ-DÍAZ, T. M.; ROMÁN-BLANCO, C.; GARCÍA-ARIAS, M. T.; GARCÍA-

FERNÁNDEZ, M. C. GARCÍA-LÓPEZ, M. L. Mycotoxins in two Spanish cheese

varieties. International Journal of Food Microbiology, v.30, p.391-395, 1996.

LOPEZ JR., J. E. F.; PINTO, C. L. O.; VILELA, M. A. P. Proposta de um manual de

Boas Práticas de Fabricação (BPF) aplicado à elaboração de queijo Minas Frescal.

Leite & derivados, ano IX, nº 54, p.34-44, 2000.

LOURENÇO, L. F. H.; SOUSA, C. L. Análise microbiológica e teste de aceitação de

requeijão Marajoara elaborado com leite de búfala. Higiene Alimentar, v. 19, nº 132,

p.84-88, 2005.

LUND, F.; FILTENBORG, O.; FRISVAD, J. C. Associated mycoflora of cheese. Food

microbiology, v. 12, p. 173-180, 1995.

MARTIN, N.; SAVONITTO, S.; MOLIMARD, P.; BERGER, C.; BROUSSE, M.;

SPINNLER, H. E. Flavor generation in cheese curd by coculturing with selected

yeast, mold and bacteria. Journal of Dairy Science, v. 82, p.1072–1080, 1999.

MARTINS, E. A.; GERMANO, P. M. L. Análise de perigos e pontos críticos de

controle: validação das medidas de controle e sua interação com outras etapas do

sistema APPCC. Higiene Alimentar, v. 19, p.54-59, 2005.

MEDINA, M.; GAYA, P.; NUNES, M. Micotoxinas em queso. I. Aflatoxina M1 y

metabolitos producidos por mohos contaminantes durante la maduración. Revista

Española de Lechera, v.132, p.123-131, 1984.

MENÉNDEZ, S.; GODÍNEZ, R.; HERMIDA, M.; CENTENO, J. A.; RODRÍGUEZ-

OTERO, J. L. Characteristics of “Tetilla” pasteurized milk cheese manufactured with

the addition of autochthonous cultures. Food Microbiology, v. 21, p.97-104, 2004.

91

MORENO, I.; VIALTA, A.; VALLE, J. L. E. Microrganismos responsáveis pelas

principais deteriorações do requeijão e outros queijos fundidos. Caderno Fazer

Melhor, p.1-4, 2002.

MUNCK, A.V.; CAMPOS, W.A. Requeijão: um produto brasileiro. Informativo

Agropecuário, v.10, p.35-38, 1984.

MUNSON, S. H.; BETLEY, M. J. Partial characterization of a new staphylococcal

enterotoxin gene. In: ANNUAL MEETING AMERICAN SOCIETY FOR

MICROBIOLOGY, 6, 1991. Abstracts, v. 6, p.31.

MUNSON, S. H.; TREMAINE, M. T.; BETLEY, M. J; WEICH, R. A. Identification and

characterization of Staphylococcal enterotoxin type G and I from Staphylococcus

aureus. Infecttion and Immunology, v.66, p. 3337-3348, 1998.

NÁJERA-SÁNCHEZ, G.; MALDONADO-RODRÍGUEZ, R.; OLVERA, P. R.; DE LA

GARZA, L. M. Development of two multiplex polymerase chain reactions for the

detection of enterotoxigenic strains of Staphylococcus aureus isolated from foods.

Journal of Food Protection, v. 66, p.1055-1062, 2003.

NASSU, R. T.; ARAÚJO, R. S.; GUEDES, C. G. M.; ROCHA, R. G. A. Diagnóstico

das Condições de Processamento e Caracterização Físico-Química de Queijos

Regionais e Manteiga no Rio Grande do Norte. Boletim de Pesquisa e

Desenvolvimento - On line, 24 p., EMBRAPA, 2003.

NELSON, F. E. The microbiology of market milk. In: R. K. ROBINSON (Ed.) Dairy

microbiology. The microbiology of milk. London and New Jersey: Applied Science

Publishers, 1981. p.165-207.

NORMANO, G.; FIRINU, A.; VIRGILIO, S.; MULA, G.; et al. Coagulase-positive

Staphylococci and Staphylococcus aureus in food products marketed in Italy.

International Journal of Food Microbiology, v. 98, p. 73-79, 2005.

92

NORTHOLT, M. D.; VAN EGMOND, H. P.; SOENTORO, P.; DEIJLL, E. Fungal

growth and the presence of sterigmatocystin in hard cheese. Journal of the

Association Official Analytical Chemists, v. 63, p. 115-119, 1980.

OLIVEIRA, C. S. Queijos artificiais. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes,

v.39, n.235, p.49-51, 1984.

OLIVEIRA, M. S. Comparação das técnicas de cromatografia em camada delgada e

de Elisa na quantificação de aflatoxinas em amostras de milho. Belo Horizonte:

Faculdade de Farmácia da UFMG, 1996. 112 p. (Dissertação em ciência de

alimentos). 1996.

OMOE, K.; HU, D. L.; TAKAHASHI-OMOE, H.; NAKANE, A.; SHINAGAWA, K.

Identification and characterization of a new staphylococcal enterotoxin-related

putative toxin encoded by two kinds of plasmids. Infection and Immunity, v.71, p.

6088-6094, 2003.

ORWIN, P. M.; LEUNG, D. Y. M.; DONAHUE, H. L.; NOVIC, R. P. Biochemical and

Biological properties of Stahylococcal enterotoxin K. Infection and Immunity, v.69, p.

360-366, 2001.

PAZ, M. T.; GOMEZ, H.; RODRIGUEZ, Z.; BANGUELA, S.; CASANOVA, R.;

ALFONSO, M. Puntos críticos en la elaboración de la crema helada. Alimentaria, nº

302, p.77-81, 1999.

PEITRI, A.; BERTUZZI, T.; BERTUZZI, P.; PIVA, G. Aflatoxin M1 occurrence in

samples of Grana Padano cheese. Food Additives and Contaminants, v.14, p.341-

344, 1997.

PERAICA, M.; RADIC, B.; LUCIC, A.; PAVLOVIC, M. Efectos tóxicos de las

micotoxinas en el ser humano. Boletín de la Organización Mundial de la Salud.

Reconpilación de artículos, nº 2, p.80-91, 2000.

93

PEREIRA, M. L.; PEREIRA, J. L.; SERRANO, A. M.; BERGDOLL, M. S.

Enterotoxinas estafilocócicas: importância e métodos analíticos de detecção. Higiene

Alimentar, v. 13, p. 24-34, 1999.

PEREIRA-DIAS, S.; POTES, M. E.; MARINHO, A.; MALFEITO-FERREIRA, M.;

LOUREIRO, V. Characterisation of yeast flora isolated from an artisanal Portuguese

ewes’ cheese. International Journal of Food Microbiology, v. 60, p.55–63, 2000.

PÉREZ-ELORTONDO, F. J.; ALBISU, M.; BARCINA, Y. Brining time effect on

physicochemical and microbiological parameters in Idiazabal cheese. International

Journal of Food Microbiology, v.49, p.139–149, 1999.

PERRY, K. S. P. Queijos: Aspectos químicos, bioquímicos e microbiológicos.

Quimica Nova, v. 2, p. 293-300, 2004.

PIMENTEL, E. F.; DIAS, R. S.; CARMO, L. S.; GLÓRIA, M. B. A. Presença de

Staphylococcus sp. enterotoxigênico e de enterotoxinas em queijo ralado. In: XIX

Congresso Nacional de Laticínios, 2002, Juiz de Fora. Anais do XIX Congresso

Nacional de Laticinios. Juiz de Fora : Epamig, 2002. v. 57. p. 227-229.

PINTADO, E. M.; MALCATA, F. X. Estudos descritivos e tecnológicos sobre

Requeijão: caracterização e conservação. Boletim de Biotecnologia, nº 62, p.19-26,

1999.

PITT, J. I.; CRUICKSHANK, R.H. Speciation and synonymy in Penicillium subgenus

Penicillium—towards a definitive taxonomy. In: SAMSON, R.A.; PITT, J. I. (Ed.)

Modern Concepts in Penicillium and Aspergillus Classification. New York: Plenum

Press, 1990. p.103-119.

PITT, J. I.; HOCKING, A. D. Fungi and Food Spoilage. Second Edition. Aspen

Publishers, Inc. Gaithersburg, Maryland, 1999. 593 p.

94

PRADO, G.; OLIVEIRA, M. S.; ABRANTES, F. M.; SANTOS, L. G.; SOARES, C. R.;

VELOSO, T. Ocorrência de aflatoxina M1 em Belo Horizonte – Minas Gerais/Brasil –

agosto/98 a abril/99. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.19, p.420-423, 1999.

PRADO, G.; OLIVEIRA, M. S.; CARVALHO, E. P.; VELOSO, T.; SOUSA, L. A. F.;

CARDOSO, A. C. F. Aflatoxina M1 em queijo prato e parmesão determinada por

coluna de imunoafinidade e cromatografia líquida. Revista do Instituto Adolfo Lutz,

v.60, nº2, p.147-151, 2001.

REIBNITZ, M. G. R.; TAVAREZ, L. B. B.; GARCIA, J. A. Presencia de coliformes

fecales, Escherichia coli y Staphylococcus aureus coagulasa y DNAse positivos en

queso ‘Colonial’ comercializado en el município de Blumenal, Estado de Santa

Catarina, Brasil. Revista Argentina de Microbiologia, v. 30, p. 8-12, 1998.

ROBBINS, R.; GOULD, S.; BERGDOLL, M. S. Detecting the enterotoxigenicity of

Staphylococcus aureus strains. Applied Microbiology, v. 28, p. 946-950, 1974.

RODRÍGUEZ, E.; CALZADA, J.; ARQUÉS, L.; NUÑEZ, M.; MEDINA, M.

Antimicrobial Activity of Pediocin-producing lactococcus lactis on Listeria

monocytogenes, Staphylococcus aureus and Escherichia coli O157:H7 in cheese.

International Dairy Journal, v.15, p.51-57, 2005.

ROOSTITA, R.; FLEET, G. H. The occorrence and growth of yeast in Camembert

and Blue-veined cheeses. International Journal of Food Microbiology, v. 28, p. 393-

404, 1996.

SABIONE, J. G.; PEREIRA, J. L.; NASCIMENTO, D. Intoxicação estafilocócica

causada por queijo tipo Minas em Ouro Preto (MG), 1992. Higiene Alimentar, v.8,

p.22-23, 1994.

SANGER, F.; NICKLEN, S.; COULSON, A. R. DNA sequencing with caín-terminating

inhibitors. Proceedings of the national academy of sciences of the united states of

america, v. 74, p. 5463 – 5467, 1977.

95

SANTURIO, J. M. Mycotoxins and Mycotoxicosis in Poultry. Revista Brasileira de

Ciência Avícola, v.2, p.01-12, 2000.

SARIMEHMETOGLU, B.; KUPLULU, O.; CELIK, H. Detection of aflatoxin M1 in

cheese simples by ELISA. Food Control, v. 15, p. 45-49, 2004.

SCUSSEL, V. M. Micotoxinas em alimentos. Florianópolis: Insular, 1998. p.144.

SENA, M. J. Perfil epidemiológico, resistência a antibióticos e aos conservantes

nisina e sistema lactoperoxidase de Staphylococcus sp. Isolados de queijos coalho

comercializados em Recife – PE. Belo Horizonte. Escola de Veterinária da UFMG,

2000. 75 p. (Tese, Doutorado em Medicina Veterinária).

SILVA, A. E. A.; SANTOS, N. N.; SEABRA, L. M. J.; DAMASCENO, K. S. F. S. C.

Quantificação de lipídios, cinzas e umidade de queijos tipos manteiga e coalho

comercializados na cidade de Natal, RN. Higiene Alimentar, v.20, p.101-104, 2006.

SILVA, M. C. C.; CASTRO, D. G. Ocorrência de surto de toxinfecção alimentar

causada por queijo tipo “Minas”. In: CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS, VIII,

1995, Juiz de Fora. Resumo. Juiz de Fora. 1995. p.145-147.

SILVA, N.; JUQUEIRA, V. C. A., SILVEIRA, N. F. A. Manual de Métodos de Análise

Microbiológica de Alimentos. Varela, São Paulo: Varela, 2ª ed., 2001, p. 177-178.

SILVEIRA, P. R. Implantação dos Programas: Procedimentos Padrões de Higiene

Operacional (PPHO) e Boas Práticas de Fabricação (BPF) em uma Fábrica de

Queijos. Lavras: Departamento de Ciência de Alimentos da UFLA, 2005. 125 p.

(Tese, Doutorado em Ciência de Alimentos).

SINHA, A. K.; RANJAN, K. S. A report of mycotoxin contamination in Bhutanese

cheese. Journal Food Science Technology, v. 28, p. 398-399, 1991.

96

SIQUEIRA, R. S. Manual de microbiologia de alimentos. Brasília: Serviço de

Produção de Informação da EMBRAPA, 1995. 159 p.

SOUSA, C. L.; NEVES, E. C. A.; CARNEIRO, C. A.; FARIAS, J. B.; PEIXOTO, M. R.

S. Avaliação microbiológica e físico-química de doce de leite e requeijão produzidos

com leite de bufála na Ilha do Marajó – PA. Boletim Centro de Pesquisa de

Processamento de Alimentos, Curitiba, v. 20, p. 191-202, 2002.

SOUSA, C. L.; TORO, M. J. U.; NEVES, E. C. A. Avaliação microbiológica e físico-

química do queijo cottage comercializado na cidade de Belém, PA. Higiene

Alimentar, v. 19, nº 133, p. 86-91, 2005.

SOUZA, M. C.; BRAGANÇA, M. G. L.; COLI, M. C. M.; LOPES, R. L. T. Manual de

Boas Práticas de Fabricação de Pão de Queijo. Belo Horizonte: CETEC, 1998, 54p.

STOLOFF, L.; VAN EGMOND, H. P.; PARK, D. L. Rationales for establishment of

limits and regulations for mycotoxins. Food Additives and Contaminants, v.8, p.213-

222, 1991.

SU, Y. C.; WONG, A. C. L. Identification and purification of a new staphylococcal

enterotoxin H. Applied Environmental Microbiology, v. 61, p. 1433-1438, 1995.

TANIWAKI, M. H.; HOCKING, A. D.; PITT, J. I.; FLEET, G. H. Growth of fungi and

mycotoxin production on cheese under modified atmospheres. International Journal

of Food Microbiology, v. 68, p.125-133, 2001.

TANIWAKI, M. H.; VAN DENDER, A. G. F. Bolores produtores de toxinas em

queijos: ocorrência e significado. Revista Coletânia ITAL, v.21, n° 2, p.187-200,

1991.

TANIWAKI, M. H.; VAN DENDER, A. G. F. Occurence of toxigenic molds in Brazilian

cheese. Journal Food Protection, v. 55, p. 187-191, 1992.

97

TEKINSEN, K. K.; UÇAR, G. Aflatoxin M1 levels in butter and cream cheese

consumed in Turkey. Food Control, v.19, p.27-30, 2008.

TORKAR, K. G.; VENGUST, A. The presence of yeasts, moulds and aflatoxin M1 in

raw milk and cheese in Slovenia. Food Control, v.19, p.570–577, 2008.

TORNADIJO, M. E.; GARCIA, M. C.; FRESNO, J. M.; CARBALHO, J. Study of

Enterobacteriaceae during the mufacture and ripening of San Simón cheese. Food

Microbiology, v. 18, p. 499-509, 2001.

VAN DEN TEMPEL, T.; NIELSEN, M. S. Effects of atmospheric conditions, NaCl and

pH on growth and interactions between moulds and yeasts related to blue cheese

production. International Journal of Food Microbiology, v. 57, p. 193-199, 2000.

VASDINYEI, R.; DEÁK, T. Characterization of yeast isolates originating from

Hungarian dairy products using traditional and molecular identification techniques.

International Journal of Food Microbiology, v. 86, p.123–130, 2003.

VELD, J. H. J. Microbial and biochemical spoilage of foods: an overview.

International Journal of Food Microbiology, v.33, p.1-18, 1996.

VENTURA, R. F. Requeijão do Nordeste: tipos e fabricação. Revista do Instituto de

Laticínios Candido Tostes, v. 42, n° 254, p. 3-21, 1987.

VERAS, J. F.; CARMO, L. S.; TONG, L. C.; SHUPP, J. W.; CUMMINGS, C.; DOS

SANTOS, D. A.; CERQUEIRA, M. M. O. P.; CANTINI, A.; NICOLI, J. R.; JETT, M. A

study of the enterotoxigenicity of coagulase-negative and coagulase-positive

staphylococcal isolates from food poisoning outbreaks in Minas Gerais, Brazil.

International Journal of Infectious Diseases. V. 12, p. 1-7, 2008.

VILJOEN, B. C. The interaction between yeasts and bacteria in dairy environments.

International Journal of Food Microbiology, v. 69, p. 37-44, 2001.

98

VILJOEN, B. C.; GREYLING, T. Yeasts associated with Cheddar and Gouda

making. International Journal of Food Microbiology, v. 28, p. 78-88,1995.

VIRDIS, S.; CORGIOLU, G.; SCARANO, C.; PILO, A. L.; DE SANTIS, E. P. L.

Occurrence of Aflatoxin M1 in tank bulk goat milk and ripened goat cheese. Food

Control, v. 19, p.44-49, 2008.

ZHANG, S.; IANDOLO, J. J.; STEWART, C. The enterotoxin D plasmid of

Staphylococcus aureus encodes a second enterotoxin determinant (SEJ). FEMS

Microbiolgy Letters, v.168, p. 227-233, 1998.

WARWICK, D. R. N.; RIBEIRO, E. E.; BEZERRA, A. P. T. Identificação de

germoplasma do coqueiro-anão resistente à queima das folhas (Lasiodiplodia

theobromae). Fitopatologia Brasileira, v.15, p.294-296,1990.

WELTHAGEN, J. J.; VILJOEN, B. C. The isolation and identification of yeasts

obtained during the manufacture and ripening of Cheddar cheese. Food

Microbiology, v. 16, p. 63-73, 1999.

WESTALL, S.; FILTENBORG, O. Yeast occurrence in Danish feta cheese. Food

Microbiology, v. 15, p.215-222, 1998.

WHITE, T. J.; BRUNS, T.; LEE, S.; TAYLOR, J. Amplification and direct sequencing

of fungal ribosomal RNA genes for phylogenetics. In: INNIS M. A.; GELFAND, D. H.;

SNINSKY, J. J.; WHITE, T. J. (Ed.) PCR protocols: a guide to methods and

applications. Academic Press: New York, 1990. p.315-322.

WYDER, M.T.; PUHAN, Z. Investigation of the yeast flora in smear ripened cheeses.

Milchwissenschaft, v.54, p.330–333, 1999.

YARROW, D. Methods for the isolation, maintenance, classification and identification

of yeasts. In: KURTZMAN, C. P.; FELL, J. W. (Ed.) The yeasts: a taxonomic study.

4° ed. Amsterdam: Elsevier Publs. B.V., 1998. p. 77 -100.

99

YARWOOD, J. M.; McCORMICK, J. K.; PAUSTIAN, M. L.; ORWIN, P. M.; KAPUR,

V.; SCHLIEVERT, P. M. Characterization and Expression Analysis of

Staphylococcus aureus Pathogenicity Island 3. The Journal of Biological Chemistry,

v. 277, p. 13138-13147, 2002.

YOSEF, A. E.; MARTH, E. H. Stability and Degradation of Aflatoxin M1. In: VAN

EGMOND, H. (Ed) Mycotoxins in Dairy Products. Elsevier Applied Science, London

and New York 1989.

100

APÊNDICE I

BREVE DESCRIÇÃO SOBRE O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO R EQUEIJÃO

DO NORTE E AS CONDIÇÕES DE PROCESSAMENTO EM UMA PRO PRIEDADE

RURAL LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE SALINAS – MG.

Para a produção artesanal do Requeijão do Norte é utilizado o leite de vaca cru.

O processo inicia-se com a coagulação ácida do leite que é deixado à

temperatura ambiente por 24 hs a 48 hs. Após a formação da coalhada, o creme é

removido e o processamento da massa é iniciado pelo aquecimento brando (45 °C)

por até 20 minutos para a retirada de soro.

AQUECIMENTO DA MASSA

LAVAGEM - DESSORAGEM

COAGULAÇÃO ÁCIDA

RETIRADA DO CREME

101

A massa obtida é muito ácida e por isso deve passar pela desacidificação que

é realizada por um processo em que se alternam as lavagens com água, adição de

leite, fervura e remoção do líquido residual entre cada lavagem. Geralmente este

processo se alterna por até 3 vezes.

Ao final do preparo do requeijão, o sal é adicionado à massa fundida

juntamente com a Manteiga de Garrafa que é vigorosamente misturada. A massa é

colocada em formas de madeira e, após esfriarem, os requeijões são retirados das

formas e acondicionados em caixas de papelão forradas com plástico para serem

transportados aos pontos de venda.

Durante todo o processo de fabricação do requeijão, podem ser verificados

diferentes pontos críticos que propiciam a contaminação do produto. As instalações

são improvisadas e a obtenção do leite é informal. Medidas de suporte aos

pequenos produtores devem ser realizadas para que a melhoria das condições de

produção e da qualidade higiênica do Requeijão do Norte sejam alcançadas.

INCORPORAÇÃO DE SAL E

MANTEIGA DE GARRAFA

ENFORMAGEM

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo