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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA - PPMEC Ely Wagner Ferreira Sabará Caracterização Microestrutural e Avaliação da Resistência à Corrosão de Aços Inoxidáveis Austeníticos utilizados em aplicações como Biomateriais São João Del Rei, 08 de novembro de 2013

Caracterização Microestrutural e Avaliação da Resistência ... Wagner... · Figura 2.3 - Diagrama de fases Ti-Al. ..... 11 Figura 2.4 - Diferentes tipos de aços inoxidáveis

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA - PPMEC

Ely Wagner Ferreira Sabará

Caracterização Microestrutural e Avaliação da Resistência à Corrosão de Aços Inoxidáveis Austeníticos utilizados em aplicações como

Biomateriais

São João Del Rei, 08 de novembro de 2013

i

Ely Wagner Ferreira Sabará

Caracterização Microestrutural e Avaliação da

Resistência à Corrosão de Aços Inoxidáveis

Austeníticos utilizados em aplicações como

Biomateriais

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito para obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica. Área de Concentração: Caracterização e Propriedades Mecânicas - Corrosão. Orientador: Prof. Dr. Alysson Helton Santos Bueno.

São João Del Rei, 08 novembro de 2013

ii

Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da Divisão de Biblioteca da UFSJ

Sabará, Ely Wagner Ferreira S113c Caracterização microestrutural e avaliação da resistência à corrosão de aços inoxidáveis austeníticos utilizados em aplicações como biomateriais [manuscrito] / Ely Wagner Ferreira Sabará . – 2013. 121f. : il. Orientador: Alysson Helton Santos Bueno. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de São João del-Rei. Departamento de Engenharia Mecânica. Referências: f. 122-138.

1. Engenharia de materiais – Teses 2. Aço inoxidável – Teses 3. Materiais biomédicos – Teses 4. Microestrutura – Teses 5. Corrosão – Teses 6. Matéria – Propriedades mecânicas – Teses I. Bueno, Alysson Helton Santos (orientador) II. Universidade Federal de São João del- Rei. Departamento de Engenharia Mecânica III. Título

CDU: 620.1

iii

iv

Dedico à minha esposa Cininha pelo grande apoio incondicional.

v

Agradecimentos

Ao senhor Deus pela sua Graça, força, encorajamento e sabedoria em todos os

momentos dessa jornada;

Aos meus pais e a toda família pelo compartilhamento em todos os momentos

desse trabalho, em especial à minha esposa pelo carinho, paciência em todas as

etapas desse trabalho.

Aos amigos do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Campus Juiz de

Fora, em especial aos professores, Lecino Caldeira e Valter Pereira, pela grande

ajuda, apoio, companherismo e compartilhamento de conhecimentos em todos os

momentos.

Aos professores do Instituto Federal Sudeste de Minas, Jalon de Morais Viera e

Elison da Fonseca e Silva pelas valiosas contribuições e incentivo a esse trabalho.

Ao meu orientador, Alysson Helton Santos Bueno, pelo grande apoio, ajuda e

pelo ótimo relacionamento em todas as etapas desse trabalho.

A todos os professores e técnicos do Departamento de Mecânica e do

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de

São João del-Rei, em especial ao Prof. Antônio Luís Ribeiro Sabariz pelo

reconhecimento nos momentos iniciais do projeto.

Ao prof. Raimundo Teixeira da Costa e ao laboratorista Graciliano Francisco da

Escola de Minas da Universidade de Ouro Preto, pela ajuda nos experimentos

metalográficos.

Aos colegas do Mestrado Reinaldo Emílio Cruz de Jesus, Cláudio Parreira Lopes,

Cleiton Arlindo Martins e Alexandre Iartelli pelo companheirismo e apoio.

Aos colegas do laboratório de corrosão da UFSJ pela amizade e pelo

companheirismo em todos os momentos, em especial ao Emilio Dias Moreira pelo

apoio nas atividades experimentais.

Por fim, agradeço a todos que contribuíram de forma direta e indireta para a

efetivação desse trabalho.

A Villares Metals pela doação das amostras dos aços inoxidáveis austeníticos,

em particular aos senhores Celso A. Barbosa e Alexandre Sokolowski.

vi

RESUMO

SABARÁ, E. W. F. Caracterização Microestrutural e Avaliação da Resistência à

Corrosão de Aços Inoxidáveis Austeníticos utilizados em aplicações como

Biomateriais, Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de São João del-Rei,

São João del-Rei, 2013

O uso de aços inoxidáveis austeníticos como biomateriais decorre das suas

principais características como resistência mecânica, resistência à corrosão e

biocompatibilidade. Aliado a essas características têm custo inferior ao Ti e suas

ligas e às ligas de cromo-cobalto. Os aços inoxidáveis austeníticos ASTM F138 e

ASTM F1586, com níquel em sua composição, são utilizados em implantes

temporários e permanentes, porém em contato com fluidos corporais são

susceptíveis à corrosão, liberando no interior do corpo humano íons indesejáveis

que podem causar reações inflamatórias, alérgicas e cânceres. No presente trabalho

foram estudados três aços inoxidáveis austeníticos: ASTM F138, ASTM F1586 e, o

ASTM F2581, isento de níquel, elemento prejudicial à saúde, e com alto teor de

nitrogênio, que confere ao material maior resistência mecânica e à corrosão e. A

caracterização microestrutural foi realizada por microscopia ótica, microscopia

eletrônica de varredura, difração de raios-X e espectroscopia de energia dispersiva.

Os resultados desses experimentos permitiram relacionar as características

microestruturais dos aços com desempenho corrosivo em soluções que simulam os

fluidos corporais. O comportamento eletroquímico foi verificado por ensaios de

polarização anódica, obtenção de potenciais em circuitos aberto e espectroscopia de

impedância eletroquímica em soluções diferentes. A partir dos dados obtidos nesses

experimentos, foi possível verificar distinções na resistência à corrosão entre aços,

sendo que o aço ASTM F2581 apresentou comportamento superior ao ASTM F138

e equivalente ao ASTM F1586. Os resultados demostraram que a presença do

nitrogênio na composição do ASTM F2581 foi eficiente na formação da

microestrutura austenítica e na resistência à corrosão.

Palavras-Chave: Aços Inoxidáveis Austeníticos, Biomateriais, Microestrutura,

Corrosão.

vii

ABSTRACT

SABARÁ, E. W. F., M. Sc. Microstructural Characterization and Evaluation of

Corrosion Resistance of Austenitic Stainless Ssteels used in applications such

as Biomaterials, Thesis (Thesis), Federal University of São João del-Rei, São João

del-Rei, 2013.

The use of austenitic stainless steels as biomaterials stems from its main

characteristics like strength, corrosion resistance and biocompatibility. Coupled with

these characteristics have lower cost to alloys of titanium and cobalt chrome. The

austenitic ASTM F138 and ASTM F1586, with nickel in its composition, are used in

temporary and permanent implants, but in contact with body fluids are susceptible to

corrosion, freeing the ions inside the human body that can cause undesirable

inflammatory reactions, allergic and cancers. In this work we have studied three

austenitic stainless steels: ASTM F138, ASTM F1586 and ASTM F2581, free of

nickel in its composition and high content of nitrogen. Microstructural characterization

was performed by optical microscopy, scanning electron microscopy, X -ray

diffraction and energy dispersive spectroscopy. The results of these experiments

allowed to relate the microstructural characteristics of steels with performance in

corrosive solutions that simulate the body fluids. The electrochemical behavior was

verified by anodic polarization tests, obtaining open circuit potential and

electrochemical impedance spectroscopy in different solutions. From the data

obtained in these experiments, we observed distinctions between the corrosion

resistance steels, steel ASTM F2581 showed superior behavior to the of ASTM F138

and equivalent to ASTM F1586. The results demonstrate that the presence of

nitrogen in the composition of ASTM F2581 was effective in the formation of

austenitic microstructure and corrosion resistance

Key-words: Austenitic Stainless Steels, Biomaterials, Microstructure, Corrosion.

viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Tipos de implantes ortopédicos temporários utilizados para fixação de fraturas em ossos. (a) placas e parafusos; (b) fixador da tíbia. ........................................................................................ 9

Figura 2.2 - Tipos deimplantes permanentes para substituição de articulações. (a) próteses modulares de quadril; (b) prótese de ombro, ombro- rádio-cotovelo e cotovelo. ................................... 9

Figura 2.3 - Diagrama de fases Ti-Al. ............................................................ 11

Figura 2.4 - Diferentes tipos de aços inoxidáveis a partir do aço 304. ........... 15

Figura 2.5 - Materiais utilizados como biomateriais. ....................................... 19

Figura 2.6 - Diagrama de Schaeffler modificado por Schneider. .................... 24

Figura 2.7 - Seção vertical do diagrama Fe-Cr-Ni, da liga com 70% de Fe. .. 25 Figura 2.8 - Representação esquemática do mecanismo de penetração dos

íons agressivos no interior da camada passiva. ......................... 35 Figura 2.9 - Representação do processo autocatalítico de crescimento de

um pite, as setas tracejadas indicam o transporte de elétrons. .. 35 Figura 2.10 - Desenho esquemático mostrando região empobrecida em

cromo próxima aos contornos de grão com a presença dos carbonetos M23C6. ....................................................................... 38

Figura 2.11 - Precipitação do carboneto C23C6 em função do teor de carbono dos aços e da temperatura. ......................................................... 39

Figura 2.12 - Curva de polarização potenciodinâmica. ..................................... 40

Figura 3.1 - Equipamento de Polimento Eletrolítico utilizado no ataque eletrolítico dos aços: ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581. ......................................................................................... 44

Figura 3.2 - Microscópio Ótico Olympus CX 31 utilizado nas análises metalográficas dos aços: ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581. ......................................................................................... 45

Figura 3.3 - Microscópio Ótico Olympus CX 51 utilizado nas análises metalográficas dos aços: ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581. ......................................................................................... 45

Figura 3.4 - Equipamento Shimadzu HMV-2 utilizado nos ensaios de microdureza dos aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581. ......................................................................................... 47

Figura 3.5 - Montagem da célula eletrolítica de três eletrodos com os dispositivos auxiliares utilizados nos ensaios eletroquímicos de polarização anódica nas soluções SBF e NaCl 0,9% ................. 50

Figura 3.6 - Corpos de prova embutidos a frio em resina epóxi utilizados nos ensaios eletroquímicos, mostrando a seção transversal da barra. ........................................................................................... 50

Figura 3.7 - Montagem da célula eletrolítica de três eletrodos com os dispositivos auxiliares utilizados nos ensaios espectroscopia de impedância eletroquímica. ........................................................... 52

Figura 4.1 - Diagrama de Schaeffler modificado para aços inoxidáveis. ........ 55

ix

Figura 4.2 - Microestruturas do aço ASTM F138 solubilizado, analisadas por

microscopia ótica das seções transversais, após ataque eletrolítico com ácido oxálico 10%, revelando os contornos de grão e de macla. .................................................... 57

Figura 4.3 - Microestruturas do aço ASTM F1586 solubilizado, analisadas por microscopia ótica das seções transversais, após ataque eletrolítico com ácido oxálico 10%, revelando os contornos de grão e de macla. ................................................. 58

Figura 4.4 - Microestruturas do aço ASTM F2581 solubilizado, analisadas por microscopia ótica das seções transversais, após ataque eletrolítico com ácido oxálico, revelando os contornos de grão e de macla. ................................................................................... 60

Figura 4.5 - Micrografias de elétrons secundários do aço inoxidáveis ASTM F138. Ataque eletrolítico com ácido oxálico a 10%. .................... 62

Figura 4.6 - Micrografias de elétrons secundários do aço inoxidáveis ASTM F1586. Ataque eletrolítico com ácido oxálico a 10%. .................. 63

Figura 4.7 - Micrografias de elétrons secundários do aço inoxidáveis ASTM F2581. Ataque eletrolítico com ácido oxálico a 10%. .................. 64

Figura 4.8 - Difratogramas das amostras dos aços (a) ASTM F138; (b) ASTM F2581 e (c) ASTM F1586, com identificação dos picos da fase. ........................................................................................ 67

Figura 4.9 - Mapeamento por espectroscopia de energia dispersiva do aço ASTM F138; Cr (a), Mo (b), Ni (c) e todos elementos (d). .......... 68

Figura 4.10 - Mapeamento por espectroscopia de energia dispersiva do aço ASTM F1586; Cr (a), Mo (b), Ni (c), Nb (d), N (e) e todos elementos (f). .............................................................................. 70

Figura 4.11 - Mapeamento por espectroscopia de energia dispersiva do aço ASTM F2581. Cr (a), Mo (b), N (c) e todos elementos (d). ......... 71

Figura 4.12 - Curva de estabilização do potencial de corrosão do aço inoxidável austenítico ASTM F2581 em solução SBF, naturalmente areada, antes do ensaio de polarização. .............. 73

Figura 4.13 - Curva de estabilização do potencial de corrosão do aço inoxidável austenítico ASTM F1586 em solução SBF, naturalmente areada, antes do ensaio de polarização. ............... 74

Figura 4.14 - Curva de estabilização do potencial de corrosão do aço inoxidável austenítico ASTM F138 em solução SBF, naturalmente areada, antes do ensaio de polarização. ............... 75

Figura 4.15 - Curvas de polarização anódica em solução SBF naturalmente aerada do aço ASTM F2581. ...................................... 76

Figura 4.16 - Curvas de polarização anódica em solução SBF naturalmente aeradas do aço ASTM F1586. ..................................... 77

Figura 4.17 - Curvas de polarização anódica em solução SBF naturalmente aeradas do aço ASTM F138. ....................................... 78

Figura 4.18 - Curvas de polarização anódica em solução SBF, naturalmente aerada, obtidas para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581. .............................................................................. 81

Figura 4.19 - Curva de estabilização do potencial de corrosão do aço inoxidável austenítico ASTM F2581 em solução NaCl 0,9%, naturalmente areada, antes do ensaio de polarização. ............... 84

x

Figura 4.20 - Curva de estabilização do potencial de corrosão do aço

inoxidável austenítico ASTM F1586 em solução NaCl 0,9%, naturalmente areada, antes do ensaio de polarização. .... 85

Figura 4.21 - Curva de estabilização do potencial de corrosão do aço inoxidável austenítico ASTM F138 em solução NaCl 0,9%, naturalmente areada, antes do ensaio de polarização. ............... 86

Figura 4.22 - Curvas de polarização anódica em solução NaCl 0,9% naturalmente aerada do aço ASTM F2581. ................................ 87

Figura 4.23 - Curvas de polarização anódica em solução NaCl 0,9% naturalmente aerada do aço ASTM F1586. ................................ 88

Figura 4.24 - Curvas de polarização anódica em solução NaCl 0,9% naturalmente aerada do aço ASTM F138. .................................. 89

Figura 4.25 - Curvas de polarização anódica em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada, obtidas para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581. ................................................................ 91

Figura 4.26 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução SBF, naturalmente aerada, obtidas para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581. ................................................................ 94

Figura 4.27 - Diagramas de impedância na forma de Bode Módulo (a) e Fase (b) em SBF, naturalmente aerada, obtidas para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581. ........................................... 95

Figura 4.28 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução SBF, naturalmente aerada, para o aço ASTM F2581 no potencial de circuito aberto e em potenciais superiores. ................................. 96

Figura 4.29 - Diagrama de impedância experimental e ajustado na forma de Nyquist em solução SBF, naturalmente aerada, para o aço ASTM F2581 ............................................................................... 97

Figura 4.30 - Diagramas de impedância experimentais e ajustados na forma de Bode Módulo (a) e ângulo de Fase (b) em solução SBF, naturalmente aerada, obtidas para o aço ASTM F2581. ............. 97

Figura 4.31 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução SBF, naturalmente aerada, para o ASTM F1586 no potencial de circuito aberto e em potenciais superiores. ................................. 98

Figura 4.32 - Diagrama de impedância experimental e ajustado na forma de Nyquist em solução SBF, naturalmente aerada, para o aço ASTM F1586. .............................................................................. 99

Figura 4.33 - Diagramas de impedância experimentais e ajustados na forma de Bode Módulo (a) e ângulo de Fase (b) em solução SBF, naturalmente aerada, obtidas para o aço ASTM F1586.. ............ 99

Figura 4.34 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução SBF, naturalmente aerada, para o aço ASTM F138 no potencial de circuito aberto e em potenciais superiores. ................................. 100

Figura 4.35 - Diagrama de impedância experimental e ajustado na forma de Nyquist em solução SBF, naturalmente aerada, para o aço ASTM F138. ................................................................................ 101

Figura 4.36 - Diagramas de impedância experimentais e ajustados na forma de Bode Módulo (a) e ângulo de Fase (b) em solução SBF, naturalmente aerada, obtidas para o aço ASTM F138.. .............. 102

xi

Figura 4.37 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução NaCl

0,9%, naturalmente aerada, obtidas para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581....................................................... 104

Figura 4.38 - Diagramas de impedância na forma de Bode Módulo (a) e Fase (b) em NaCl 0,9%, naturalmente aerada, obtidas para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581. ................................ 104

Figura 4.39 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada, para o aço ASTM F2581 no potencial de circuito aberto e em potenciais superiores. ............. 105

Figura 4.40 - Diagrama de impedância experimental e ajustado na forma de Nyquist em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada, para o aço ASTM F2581. ........................................................................ 106

Figura 4.41 - Diagramas de impedância experimentais e ajustados na forma de Bode Módulo (a) e ângulo de Fase (b) em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada, obtidas para o aço ASTM F2581........................................................................................... 107

Figura 4.42 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada, para o aço ASTM F1586 no potencial de circuito aberto e em potenciais superiores. ............. 108

Figura 4.43 - Diagrama de impedância experimental e ajustado na forma de Nyquist em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada, para o aço ASTM F1586. ........................................................................ 109

Figura 4.44 - Diagramas de impedância experimentais e ajustados na forma de Bode Módulo (a) e ângulo de Fase (b) em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada, obtidas para o aço ASTM F1586. .. 109

Figura 4.45 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada, para o aço ASTM F138 no potencial de circuito aberto e em potenciais superiores. ............. 110

Figura 4.46 - Diagrama de impedância experimental e ajustado na forma de Nyquist em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada, para o aço ASTM F138. .......................................................................... 111

Figura 4.47 - Diagramas de impedância experimentais e ajustados na forma de Bode Módulo (a) e ângulo de Fase (b) em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada, obtidas para o aço ASTM F138. .... 111

Figura 4.48 - Circuito equivalente proposto para ajuste dos dados experimentais para caracterizar o filme passivo dos os aços: ASTM F138, ASTM F1586 e P558, nas soluções SBF e NaCl 0,9%, após 1 hora de imersão. .................................................... 115

Figura 4.49 - Representação esquemática do modelo físico utilizado para explicar o comportamento eletroquímico dos aços nas soluções SBF e NaCl 0,9%. ....................................................................... 115

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Módulo de Young representativo dos principais biomateriais metálicos e o do osso cortical. ................................................... 11

Tabela 3.1 - Composição Química em % em massa, do Aço VI 138 e o referencial da norma ASTM F 138-08. .................................... 43

Tabela 3.2 - Composição Química em % em massa, do Aço VI 58329 e o referencial da norma ASTM F 1586-08. ..................................... 43

Tabela 3.3 - Composição Química em % em massa, do Aço P 558 (PANACEA) e o referencial da norma ASTM 2581-07. .............. 43

Tabela 3.4 - Ordem de adição dos reagentes utilizados na obtenção de um litro da solução SBF, quantidade e grau de pureza. .................. 49

Tabela 4.1 - Composição química dos principais elementos do aço VI-138 e o da norma ASTM F138-08 (% em massa). ............................... 53

Tabela 4.2 - Composição química dos principais elementos do aço VI 58329 e o da norma ASTM F 1586 (% em massa). ................... 53

Tabela 4.3 - Composição Química dos principais elementos do aço P 558 (PANACEA) e o referencial da norma ASTM F 2581 (% em massa). ....................................................................................... 54

Tabela 4.4 - Valores do Creq e Nieq calculados a partir das equações 4.1 e 4.2 para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581. ... 55

Tabela 4.5 - Tamanho médio de grão dos aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581. .......................................................................... 61

Tabela 4.6 - Resultados dos ensaios de microdureza Vickers para os aços ASTM F2581, ASTM F1586 e ASTM F138, em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada a 37 + 2 ºC. .................................... 72

Tabela 4.7 - Resultados das polarizações anódicas dos aços ASTM F2581, ASTM F1586 e ASTM F138, em solução SBF, naturalmente aerada a 37 + 2 ºC. .............................................. 79

Tabela 4.8 - Composição química e PREN dos aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581. ............................................................... 83

Tabela 4.9 - Resultados das polarizações anódicas dos aços ASTM F2581, ASTM F1586 e ASTM F138, em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada a 37 + 2 ºC. .............................................. 92

Tabela 4.10 - Resultados das impedâncias real (Z’) e imaginária (Z’’) obtidas dos diagramas de Nyquist, para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581 em solução SBF, no potencial de circuito aberto e em potenciais mais anódicos. .......................... 112

Tabela 4.11 - Resultados das impedâncias real (Z’) e imaginária (Z’’) obtidas dos diagramas de Nyquist, para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581 em solução NaCl 0,9%, no potencial de circuito aberto e em potenciais mais anódicos. .......................... 113

Tabela 4.12 - Resultado dos parâmetros obtidos no ajuste nos componentes do circuito mostrados na figura 4.48, em solução SBF. ............. 116

Tabela 4.13 - Resultado dos parâmetros obtidos no ajuste nos componentes do circuito mostrados na figura 4.48, em solução NaCl 0,9%. 117

xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASTM American Society for Testing and Materials

ASM American Society for Metals

AES Espectroscopia Auger

AOD Convertedor argon-oxygen decarburization

SBF Solução simuladora de fluidos corporais

CCC Cúbico de corpo centrado

CFC Cúbico de fases centrada

Cr-Co Cromo-Cobalto

Cr2O3) Óxido de cromo

DRX Difração de Raios-X

ECS Eletrodo calomelano saturado

Ecorr Potencial de corrosão

EDS Espectroscopia de energia dispersiva

EIE Espectroscopia de Impedância Eletroquímica

ESR Fornos Electroslag Remelting

Etrans Potencial de transpassivação

FEA Forno elétrico a arco

FIB Feixe de íons focalizado

FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

hc Hexagonal compacto

ISO International Organization for Standardization

LAMAT Laboratório de Ensaios e Análises de Materiais

M23C6 Carboneto complexo

MoO2 Óxido de Molibdênio

MO Microscópio Ótico

MEV Microscópio Eletrônico de Varredura

NaCl Cloreto de Sódio

pH Potencial Hidrogeniônico

PLA Poli Ácido Lático

PGA Poli Ácido Glicólico

PREN Pitting Resistance Equivalent Number

xiv

SECM Microscópio eletroquímico de varredura

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SUS Sistema Único de Saúde

TiO2 Óxido de titânio

VOD Convertedor vacuum–oxygen decarburization

XPS Espectroscopia de fotoelétrons emitidos por raios-X

Z Impedância

VI-138 Nomenclatura do aço Villares que atende à norma ASTM F138

VI 58329 Nomenclatura do aço Villares que atende à norma ASTM F1586

P 558 - PANACEA Nomenclatura do aço Boeler que atende à norma ASTM F2581

xv

LISTA DE SIMBOLOS

α Fase alfa do Titânio

β Fase beta do Titânio

γ Fase alotrópica do Cobalto

ε Fase alotrópica do Cobalto

δ Ferrita delta

η Fase de Laves

σ Fase intermetálica sigma

χ Fase intermetálica qui

ºC Graus Celsius

Creq Cromo equivalente

F Constante de Faraday

g/cm3 Gramas por centímetros cúbicos

gf Grama força

kHz Kilohertz

Log J (A/cm2) Densidade de corrente

ΔE Potencial elétrico através da interface metal/solução

ΔG Energia livre de Gibbs

ΔG0 Energia livre no estado padrão

ΔGred Energia livre de redução

ΔGoxi Energia livre de oxidação

mA Miliampere

mHz Milihertz

mv Milivolt

n Valência do íon

N Newtons

Nieq Níquel equivalente

R Constante dos gases

T Temperatura

μm Micrometro

xvi

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO. ......................................................................................... 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. .................................................................... 4

2.1. Biomateriais. ..................................................................................... 4

2.2. Propriedades dos Biomateriais. ........................................................ 5

2.2.1. Biocompatibilidade. ............................................................... 5

2.2.2. Biofuncionalidade. ................................................................. 6

2.2.3. Propriedades Mecânicas. ...................................................... 6

2.2.4. Resistência à Corrosão. ........................................................ 6

2.3. Classificação dos Biomateriais. ........................................................ 7

2.3.1. Bioativos. ............................................................................... 7

2.3.2. Bioinertes. ............................................................................. 7

2.3.3. Reabsorvíveis. ...................................................................... 8

2.4. Principais Materiais Metálicos utilizados como Biomateriais. ........... 8

2.4.1. Titânio e suas Ligas. ............................................................. 10

2.4.2. Ligas de Cobalto. .................................................................. 12

2.4.3. Aços Inoxidáveis. ................................................................. 13

2.5. Classificação Aços Inoxidáveis. ........................................................ 16

2.5.1. Aços Inoxidáveis Ferríticos. .................................................. 16

2.5.2. Aços Inoxidáveis Martensíticos. ........................................... 17

2.5.3. Aços Inoxidáveis Duplex. ...................................................... 18

2.5.4. Aços Inoxidáveis Endurecíveis por Precipitação. ................. 18

2.5.5. Aços Inoxidáveis Austeníticos. ............................................. 18

2.6. Aços Inoxidáveis Austeníticos utilizados como Biomateriais. .......... 19

2.6.1 - Aços Inoxidáveis Austeníticos Livres de Níquel com Alto

Teor de Nitrogênio. ............................................................. 20 2.7. Os Efeitos dos Elementos de Ligas. ................................................. 22

2.8. Fases intermetálicas presentes nos aços inoxidáveis austeníticos. 26

2.8.1. Fases formadas durante o Envelhecimento. ........................ 27

2.9. Corrosão dos Metais. ........................................................................ 28

2.10. Corrosão das Ligas Metálicas utilizadas como Biomateriais. ......... 29

2.10.1. Filme Passivo e a Resistência à Corrosão. ........................ 31

xvii

2.10.2. Corrosão por Pite. ............................................................... 33

2.10.2.1. Nucleação do Pite. .............................................. 34

2.10.2.2. PREN (Pitting Resistance Equivalent Number). 36

2.10.3. Corrosão em Frestas. ......................................................... 37

2.10.4. Corrosão Intergranular. ....................................................... 38

2.10.4.1. Sensitização. ...................................................... 38

2.11. Descrição sucinta das técnicas eletroquímicas empregadas. ........ 39

2.11.1. Polarização potenciodinâmica anódica. ............................. 39

2.11.2. Espectroscopia de impedância eletroquímica. ................... 40

3. MATERIAIS E MÉTODOS. ....................................................................... 42

3.1- Materiais. .......................................................................................... 42

3.2. Caracterização Microestrutural. ............................................ ........... 43

3.3. Ensaios Microdureza. ....................................................................... 46

3.3.1. Microdureza Vickers. ............................................................ 46

3.4. Ensaios de Difração de Raios-X. ...................................................... 47

3.5. Ensaios por Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS). ............. 48

3.6. Ensaios Eletroquímicos. ................................................................... 48

3.6.1. Meios de Estudo e Temperatura. ......................................... 48

3.6.2. Ensaios de Polarização Potenciodinâmica Anódica.............. 49

3.6.3. Ensaios de Espectroscopia de Impedância Eletroquímica. 51

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................... 53

4.1. Materiais. .......................................................................................... 53

4.1.1. Composição Química. .......................................................... 53

4.1.2. Relação entre composição química e Microestrutura. .......... 54

4.2. Caracterização Microestrutural. ........................................................ 56

4.2.1. Microscopia Ótica. ................................................................ 56

4.2.2. Microscopia Eletrônica de Varredura. ................................... 61

4.2.3. Análises por Difração de Raios-X. ........................................ 65

4.2.4. Análises por Espectroscopia de Energia Dispersiva. ........... 68

4.2.5. Ensaios de Microdureza Vickers. ......................................... 71

4.3. Caracterização do Comportamento Eletroquímico dos aços à Corrosão. ..................................................................................... 72

4.3.1. Ensaios Eletroquímicos de Polarização Anódica em Solução SBF. ..................................................................... 72

xviii

4.3.2. Ensaios Eletroquímicos de Polarização Anódica em Solução NaCl 0,9%. ............................................................ 84

4.3.3. Ensaios de Espectroscopia de Impedância Eletroquímica

em Solução SBF. ................................................................. 93

4.3.4. Ensaios de Espectroscopia de Impedância Eletroquímica em Solução NaCl 0,9%. ..................................................... 102

4.3.5- Ajustes dos dados de Espectroscopia de Impedância

Eletroquímica com circuitos elétricos equivalentes. ............ 114

4.3.5.1 - Ajustes dos dados de EIE com circuitos elétricos

equivalentes em SBF. ........................................ 115

4.3.5.2 - Ajustes dos dados de EIE com circuitos elétricos

equivalentes em NaCl 0,9%. .............................. 116

5. CONCLUSÕES. ........................................................................................ 118

6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS......................................... 120

7. AGRADECIMENTOS ÀS INSTITUIÇÕES DE APOIO ............................. 121

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ........................................................ 122

1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

Os implantes metálicos são empregados frequentemente na substituição ou

fixação de partes lesionadas do corpo humano na área ortopédica, de forma

temporária ou permanente, a fim de reestabelecer suas funções e corrigir

deformidades congênitas. Esse procedimento não tem origem recente, a primeira

aplicação data de 1895 quando Lane utilizou uma placa metálica (Lane Plate) para

fixação óssea, esses materiais eram confeccionados em aço carbono e sofriam

corrosão. O primeiro aço utilizado em implantes ortopédicos foi o 18%Cr-8%Ni-

4%Mo-0,08%C (BARDOS, 1977 apud TERRADA, 2008). Na atualidade, face ao

aumento da longevidade e dos acidentes automobilísticos, a necessidade por

biomateriais metálicos cresce anualmente. Aliados a esses fatores as cirurgias de

revisão aumentam na mesma proporção, em função da vida útil dos materiais, em

torno de dez a vinte anos, dependendo do material e do estilo de vida do paciente.

Em razão dessas circunstâncias, a área de biomateriais metálicos tornou-se um

campo vital para a engenharia em biomateriais, com a finalidade de melhorar a

qualidade de vida da população. Essa realidade motiva avanços no desenvolvimento

de novos biomateriais metálicos, que em condições de uso deverão suportar as

agressividades do meio onde são implantados como: corrosão, desgaste e

carregamentos (PIERETTI; COSTA, 2013; HERMAWAN, et al., 2011; JAIMES, et al.,

2010; TERADA, et al., 2006; TERADA, et al., 2007; ROFFEY, 2012; MUDALI, et al.,

2002; BAYOUMI; GHANEM, 2005; NIINOMI, 2012).

Os principais materiais metálicos empregados na fabricação de implantes

ósseos são o titânio e suas ligas, ligas Cr-Co e os aços inoxidáveis austeníticos

utilizados na substituição de componentes do corpo humano lesionados. Para esse

propósito, os materiais metálicos devem possuir principalmente alta resistência à

corrosão, compatibilidade com o meio biológico, baixo módulo de elasticidade,

resistência desgaste e principalmente ausência de ferromagnetismo. Os aços

inoxidáveis são largamente utilizados em função da boa resistência à corrosão, boas

propriedades mecânicas, adequada biocompatibilidade, além do baixo custo

comparado aos outros materiais (PIERETTI; COSTA, 2013; HERMAWAN, et al.,

2011; JAIMES, et al., 2010; TERADA, et al., 2006; TERADA, et al., 2007; ROFFEY,

2

2012; MUDALI, et al., 2002; BAYOUMI; GHANEM, 2005; JARGELIUS-

PETTERSSON, 1999; TALHA, et al., 2013; PARK; BRONZINO, 2003; KORUDA, et

al., 2002; RONDELLI, et al., 2005; BUHAGIAR, et al., 2009; BRETTLE, 1970).

No Brasil, a maioria dos pacientes que necessitam de implantes é assistida

pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No país, em razão da alta demanda por

implantes metálicos, esse órgão governamental tem a utilizado aços inoxidáveis na

cobertura dos assegurados, principalmente a população carente, objetivando uma

relação eficiente entre custo e benefício, quando comparado às ligas de titânio e Cr-

Co. Como alternativa viável, tem-se utilizado no Brasil o aço inoxidável austenítico

ASTM F138 em aplicações biomédicas, implantes temporários e permanentes,

devido ao seu satisfatório desempenho mecânico e corrosivo (PIERETTI; COSTA,

2013; JAIMES, et al., 2010; TERADA, et al., 2006).

Os aços inoxidáveis austeníticos têm sido empregados largamente como

biomateriais devido a sua boa conformabilidade, resistência à corrosão, resistência à

fadiga e tenacidade a fratura em relação aos materiais poliméricos e cerâmicos. Os

inoxidáveis austeníticos, 316L (ASTM 276), tem sido utilizados em aplicações

cirúrgicas ao longo de muitos anos em função do baixo custo e das boas

propriedades mecânicas, em relação às ligas de titânio e cobalto, porém em contato

com meio corporal sofrem desgaste corrosivo, liberando de íons cromo e níquel no

interior do corpo humano. Em função do desempenho insatisfatório do 316L, foram

desenvolvidos os aços ASTM F138, com melhor desempenho mecânico e corrosivo.

No ano de 1992, foi fabricado um novo aço, ASTM F1586 (ISO 5832-9), esse

material foi desenvolvido com menores teores de níquel com a finalidade de

minimizar as reações indesejáveis como alergias, inflamações, cânceres e falhas

prematuras por desgaste (TERADA, et al., 2006; TERADA, et al., 2007; KORUDA, et

al., 2002; RONDELLI, et al., 2005; BUHAGIAR, et al., 2009; BRETTLE, 1970;

RECLARU, 2001; KANNAN, et al., 2003; NIINOMI, et al., 2012; GIORDANI, et al.,

2007; THOMANN; UGGOWITZER, 2000; FINI, et al., 2003; LO, et al., 2009).

No intuito de reduzir os efeitos negativos do níquel no interior do corpo

humano, foram desenvolvidos novos aços inoxidáveis austeníticos para uso como

biomateriais, com elevado teor de nitrogênio e baixo níquel, integrantes do sistema

3

Fe-Cr-Mn-Mo-N. Inserido nesse grupo, encontra-se o aço P 558 - PANACEA (ASTM

F2581), desenvolvido pelo Institute of Metallurgy of ETH, Zurich. Atualmente, os

aços alto teor de nitrogênio baixo níquel têm sido estudados com a finalidade de

verificar seu desempenho em aplicações ortopédicas. O aço ASTM F2581 possui

nitrogênio e carbono intersticiais benéficos, a fim de combinar boas propriedades

mecânicas, aumento da região de passividade, resistência à corrosão sob tensão,

por pites e intergranular. Além dessas características apresenta considerável

biocompatibilidade, uma vez que esse material não inibe o crescimento celular

(BAYOUMI; GHANEM, 2005; TALHA, et al., 2013; RECLARU, 2001; KANNAN, et al.,

2003; NIINOMI, et al., 2012; GIORDANI, et al., 2007; THOMANN; UGGOWITZER,

2000; FINI, et al., 2003; JAIMES, et al., 2010; BUHAGIAR, et al., 2010; RECLARU,

et al., 2006; ROACH, et al., 2013; SALAHINEJAD, et al., 2013).

Os aços inoxidáveis austeníticos não possuem a mesma osseointegração que

as ligas de titânio e, por essa razão, são utilizados em implantes temporários

(JAIMES, et al., 2010). Aliado a esse fator, o filme passivo formado na superfície dos

aços inoxidáveis austeníticos é susceptível à corrosão localizada como pites, frestas

e corrosão sob tensão. O problema vital vinculado ao uso de inoxidáveis como

biomateriais é o resultado prejudicial da liberação de íons metálicos no interior do

corpo humano, devido aos processos de corrosão e desgaste (TERADA, et al.,

2006). Por esses motivos, estudá-los em meios que simulem as condições corporais

são de grande valia para futuras utilizações, a fim de buscar na biocompatibilidade

mecânica e biológica dos materiais metálicos (NIINOMI, et al., 2012). Nesse trabalho

foram estudadas a microestrutura dos aços ASTM F138 e ASTM F1586 e P558

(PANACEA) e o comportamento eletroquímico em soluções NaCl 0,9% e simuladora

de fluidos corporais (SBF), por meio de polarização anódica e espectroscopia de

impedância eletroquímica.

4

CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1- Biomateriais

A utilização de materiais não biológicos com objetivo de substituir ou reparar

tecidos do corpo humano tem sua origem na pré-história, em antigas culturas tais

como: egípcia, babilônica, italiana, americana e chinesa. Na Europa foram

encontrados em um cadáver implantes de ferro, datados como sendo do ano 200.

Por volta do século V, o ouro foi utilizado na odontologia asteca, romana e chinesa.

Esses povos utilizaram também ouro, prata, conchas do mar e dentes de foca em

substituição aos dentes naturais e aos tecidos danificados. (RATNER, 2004;

HILDEBRAND, et al., 2006).

O primeiro registro do emprego de materiais metálicos em aplicações cirúrgicas

data do século XVI, onde descreve a reparação do osso do palato partido com uma

placa de ouro e um reparo num defeito craniano. O fracasso na inicial utilização

desses materiais foi em função da falta de conhecimento em assepsia e antissepsia

o que causava sérias infecções. Desde essa época tem se utilizado implantes

metálicos para substituir partes danificadas do corpo humano que perderam sua

funcionalidade, devido a doenças degenerativas ou acidentes. Os sucessos

cirúrgicos iniciaram no final do século XIX com a introdução de técnicas

antissépticas por Joseph Lister (GOTMAN, 1997; GIORDANI, 2001; NIINOMI, 2002;

LIMA, 2004;).

Em 1926, os aços inoxidáveis foram utilizados em aplicações médicas na área

ortopédica. Uma década depois, as ligas cromo-cobalto foram introduzidas na

produção de implantes. O titânio e suas ligas foram utilizados com essa finalidade

nos anos 60, tendo sua utilização em larga escala na década seguinte (ROSA, et al.,

2001; GIORDANI, 2001) .

Os biomateriais são materiais de origem natural ou sintéticos (exceto drogas e

fármacos) com propriedades físicas, químicas e mecânicas adequadas que quando

5

colocados em contato com tecidos e fluidos corporais, durante um período de tempo

indeterminado, têm a função de avaliar, tratar, substituir e restaurar os tecidos e

órgãos corporais danificados por acidentes ou processos patológicos, promovendo

resposta adequada ao corpo do hospedeiro. (SCHNEIDER, 2001; HILDEBRAND et

al., 2006).

Os biomateriais de acordo com sua origem podem ser classificados em

naturais e sintéticos. Os biomateriais naturais são o colágeno, cartilagens, ossos,

quitosana, corais etc (BARBA, 1999 apud LIMA, 2004). Os sintéticos são os metais e

suas ligas, polímeros, cerâmicos e compósitos (HENCK e WILSON, 1993 apud

LIMA, 2004).

2.2 - Propriedades dos Biomateriais

2.2.1 - Biocompatibilidade

A biocompatibilidade é definida como a capacidade do material interagir com os

tecidos e o meio orgânico e produzir resposta favorável aos tecidos e células do

hospedeiro sob uma utilização específica (RATNER, 2004; ORÉFICE et al., 2006).

O contato físico entre os tecidos humanos e o material metálico deve gerar

uma resposta química e biológica favorável, isto é não deve causar reações

alérgicas, tóxicas, inflamatórias, mutagênicas e carcinogênicas (FATHI, et al., 2003,

HERAMANAWAN, et al., 2011).

Em relação aos materiais utilizados como biomateriais, torna-se fundamental

abordar as formas de interação entre a superfície do implante e os tecidos

adjacentes. Segundo Hench e Wilson (1993) apud LIMA (2004), existem quatro

formas de interação:

Se o material for tóxico, o tecido adjacente morre.

Se o material não for tóxico e biologicamente inativo, ao redor do implante

ocorre a formação de uma cápsula de tecido fibroso.

Se o material não for tóxico e biologicamente ativo (bioativo), são

estabelecidas ligações entre o implante e os tecidos adjacentes.

6

Se o material não for tóxico e sofre dissolução, o tecido adjacente o substitui.

2.2.2 - Biofuncionalidade

A biofuncionalidade consiste na capacidade que um determinado dispositivo

utilizado como biomaterial tem para exercer uma função específica de forma

competente, respondendo de forma eficaz às solicitações mecânicas, físicas,

químicas e biológicas (SCHNEIDER, 2001).

2.2.3 - Propriedades Mecânicas

Os materiais utilizados como biomateriais devem possuir boa resistência às

solicitações de tração, compressão, fadiga, torção, flexão e cisalhamento. Como

exemplo, as próteses utilizadas nas extremidades inferiores do corpo humano estão

sujeitas a esforços cíclicos de três ou mais vezes o peso do indivíduo. Dependendo

da função, a prótese poderá estar sujeita a mais de um milhão de ciclos por ano, o

que permite concluir que a resistência fadiga é um fator importante a ser observado

no material ser implantado (GOTMAN, 1997; SCHNEIDER, 2001).

A adição de nitrogênio na composição dos aços inoxidáveis atua de forma

benéfica elevando a resistência mecânica, ductilidade e tenacidade, possibilitando o

uso desses materiais em condições onde é necessário melhor desempenho

mecânico do material (HANNINEN, et al., 2001; SUMITA, et al., 2004).

2.2.4 - Resistência à Corrosão

A corrosão ocorre nos implantes metálicos inicia a partir do contato entre

substâncias químicas contidas nos fluidos corporais e a superfície desses materiais,

promovendo a formação de óxidos e partículas que entrarão em contato com os

tecidos ao redor do implante. A continuidade desse processo enfraquece o material

dos implantes, o que motiva a conhecer as características desse processo corrosivo,

a fim de alcançar sucesso no uso dos implantes metálicos (ROCHA, 2010).

7

2.3 - Classificação dos Biomateriais

2.3.1 - Bioativos

A bioatividade dos materiais está relacionada com a capacidade que certos

materiais possuem de favorecerem a ligação química com os tecidos vivos em

função da similaridade ocorre uma ligação interfacial de natureza química, o que

favorece o processo de fixação e união do implante (SCHNEIDER, 2001; ORÉFICE

et al., 2006, RESENDE, 2007).

Os materiais bioativos desenvolvem sobre sua superfície uma camada de

apatita biologicamente ativa na interface material-tecido, conhecida como “bone-like

apatite”, após serem imersos em soluções que simulam o fluido corpóreo acelular.

Essa camada atua como sinalizadora para as proteínas e células para iniciar os

eventos que resultarão na formação da estrutura óssea (RESENDE, et al., 2007).

2.3.2 - Bioinertes

Os materiais bioinertes são materiais estáveis quando em contato com o tecido

do hospedeiro e praticamente não liberam nenhum tipo de componente, isto é, não

sofrem rejeição durante toda a vida do implante. Esses materiais em contato com

corpo humano são envolvidos por um tecido fibroso. A espessura dessa camada

fibrosa dependerá das condições do implante, tecido e carga mecânica existente na

interface (GOTMAN, 1997; SCHNEIDER, 2001; CASTNER E RATNER, 2002; LIMA,

2004).

Como exemplo de materiais bioinerte, podemos citar:

Metais puros (ouro, platina e titânio).

Ligas metálicas (TÍ-6AI-4V, Co-Cr-Mo, Co-Cr-Ni, Pt-Rh).

Cerâmicas (alumina, porcelanas, carbono vítreo).

Termoplásticos (polietileno, polipropileno, polimetil metacrilato).

Elastômeros (silicones).

Compósitos (dimetacrilato, quartzo).

8

2.3.3 - Reabsorvíveis

Os materiais reabsorvíveis são os materiais que após um determinado período

em contato com os tecidos biológicos são degradados, solubilizados ou fagocitados

pelo organismo. O produto da degradação desses materiais não possui toxidade e

são eliminados pelo metabolismo do corpo humano. São exemplos desses materiais

o fosfato tricálcio e os polímeros poli (ácido láctico - PLA) e poli (ácido glicólico -

PGA) (LIMA, 2004).

2.4 - Principais Materiais Metálicos utilizados como Biomateriais

Os biomateriais metálicos são utilizados com a finalidade de fabricar

dispositivos médicos, a fim de restaurar ou substituir tecidos com funcionalidade

comprometida. Atualmente, em torno de 70-80% dos implantes são fabricados com

biomateriais metálicos. Na ortopedia estão sendo utilizados em artroplastia,

osteossínteses, implantes espinais e em dispositivos maxilo-faciais com a finalidade

de melhorar a qualidade de vida dos pacientes (MCGREGOR, et al., 2000; ASSIS, et

al., 2006; NIINOMI; 2008; CREMACO, et al., 2011; NIINOMI; NAKAI; HIEDA, 2012).

Os implantes cirúrgicos são feitos basicamente com três tipos de materiais

metálicos, os aços inoxidáveis austeníticos, as ligas cromo-cobalto e o titânio e suas

ligas. Esses materiais não devem possuir propriedades compatíveis com ensaios por

ressonância magnética e serem visíveis nas imagens por raios-X (LEMONS e

LUCAS, 1986; KANNAN; BALAMURUGAN; RAJESWARI, 2003). No Brasil os

portadores de implantes ortopédicos não são submetidos a exames de ressonância

magnética, uma vez a maioria desses equipamentos atinge campos magnéticos da

ordem de 1,5 T, podendo ter interações com esses materiais (TERADA, 2008).

Os implantes ortopédicos são divididos em duas categorias: implantes

utilizados para a fixação de fraturas, como placas, parafusos e estabilizadores de

fratura, são denominados temporários. Nesse tipo de implante a resistência

mecânica é fundamental a fim desempenhar temporariamente as funções do osso

fraturado, bem como possuir composição química que não promova reações

9

indesejáveis ao organismo. A Figura 2.1 mostra exemplos de implantes temporários

como placas, pinos, parafusos e fixadores de ossos quebrados.

(a) (b)

Figura 2.1 - Tipos de implantes ortopédicos temporários utilizados para fixação de

fraturas em ossos: placas e parafusos (a) fixador da tíbia (b)

(GIORDANI, 2001).

Os implantes permanentes têm as funções de substituir partes das articulações

do corpo humano, suportar movimentos contínuos e transferência de cargas, como é

o caso com a prótese total do quadril das próteses de joelho. Os implantes

permanentes precisam desempenhar suas funções pelo resto da vida do paciente.

Na Figura 2.2 são apresentados dispositivos utilizados como implantes permanentes

(GIORDANI, FERREIRA, BALANCIN, 2007; SOKEI, 2007).

(a) (b) Figura 2.2 - Tipos de implantes permanentes para substituição de articulações.

próteses modulares de quadril (a) prótese de ombro, ombro-rádio-

cotovelo e cotovelo (b) (GIORDANI, 2001).

10

2.4.1 - Titânio e suas Ligas

Em 1791, o químico inglês William Gregor extraiu o óxido de titânio impuro das

areias (Ilmenita) da região do vale de Manaccan na Cornualha com a utilização de

ácido clorídrico. Após o ano de 1932, a partir do processo desenvolvido por William

Kroll foi possível extrair titânio de diversas fontes minerais.

O titânio puro tem densidade de 4,51 g/cm3 que corresponde à metade dos

outros materiais utilizados na fabricação de implantes. Esse elemento possui duas

formas alotrópicas: à temperatura ambiente a sua estrutura cristalina é a hexagonal

compacta (hc), denominada fase alfa (α). Acima de 883 ºC, a fase beta (β) é estável

e possui estrutura cristalina cúbica de corpo centrado (CCC).

As ligas de titânio podem ser classificadas como: titânio α, próximo a α, α + β,

metaestável β e β estável dependendo da sua microestrutura à temperatura

ambiente. As ligas de titânio possuem três categorias de elementos de liga:

estabilizadores da fase α como Al, O, N e C; os estabilizadores da fase β como Mo,

V, Nb e Ta, Fe, W, Cr, Si, Co, Mn, e H; e aquele que são neutros como Zr. Essas

ligas foram desenvolvidas com a finalidade de reduzir os efeitos danosos com

tecidos corporais adjacentes (MORANT, et al., 2003; LIU, et al., 2004; ROCHA

2010).

A Figura 2.3 apresenta o diagrama de fases de uma liga titânio-alumínio e os

domínios das fases α e β, bem como a região onde coexistem essas duas fases. O

domínio dessa região está vinculado à concentração dos elementos de liga.

11

Figura 2.3 - Diagrama de fases Ti-Al (Lütjering, Williams, 2003 apud ROCHA 2010).

O titânio possui alta reatividade quando em contato com o oxigênio, o que

promove a formação de um filme de óxido uniforme e muito passivo sobre sua

superfície (passivação espontânea). A presença do óxido estável na superfície é o

TiO2 que confere boa resistência à corrosão e biocompatibilidade (LIMA, 2004; LIU,

et al., 2004).

As áreas biomédica e odontológica utilizam em larga escala o titânio em função

das excelentes propriedades como a elevada resistência à corrosão, estabilidade

química, biocompatibilidade, tenacidade e módulo de Young mais próximo ao osso

humano quando comparado a outros materiais metálicos, como pode ser visualizado

na Tabela 1.1 (FENG, et al., 1999; MORANT, et al., 2003; LIU, et al., 2004; NIINOMI;

NAKAI; HIEDA, 2012).

Tabela 1.1 - Módulo de Young representativo dos principais biomateriais metálicos e

do osso cortical.

Materiais Módulo de Elasticidade (MPa)

Osso cortical 15,2 - 40,8

Ti-cp 110

Ti6Al4V 116

Aço Inoxidável ASTM F138 190

Co-Cr-Mo 210

12

Atualmente às ligas de titânio α + β (Ti–6Al–4V) são as mais utilizadas

(ORÉFICE et al., 2006), classificadas como ASTM F67 e F136, estão sendo

substituídas devido à toxidade dos elementos alumínio e vanádio em concentração

superior a 0,2 ppm. Esses elementos promovem desordens neurológicas. Por essas

razões foram desenvolvidas novas ligas de titânio com elementos não tóxicos e

estabilizadores da fase β como: Nb, Mo, Hf, Ta, Zr, Mo, Pt, Sn. Atualmente, tem sido

feito um grande esforço no sentido de produzir ligas de titânio (fase β) com adição

de elementos de liga biocompatíveis como nióbio, tântalo, zircônio e molibdênio.

Essas ligas possuem baixo módulo de elasticidade são utilizadas com a finalidade

de inibir a reabsorção óssea e alcançar remodelamento ósseo adequado

(CHOUBEY, et al. 2004; CÁCERES, et al., 2008; DELVAT, et al., 2008;

CREMASCO, et al., 2011; NIINOMI; NAKAI; HIEDA, 2012).

Um dos óbices dos implantes produzidos com as ligas de titânio é o custo

elevado. O que tem motivado de forma promissora a utilização dos aços inoxidáveis

com baixo teor de níquel, em função de possuir boa resistência mecânica, à

corrosão, tenacidade e biocompatibilidade (TERADA, 2008).

2.4.2 - Ligas de Cobalto

Em 1924, foi o marco inicial na utilização das ligas à base de cobalto em

implantes ortopédicos, nesse ano a liga Stellite foi implantada em cães por Zierold.

Em 1938, foram implantados parafusos de Co-Cr em animais com resultados

favoráveis. Logo em seguida foi utilizada a liga à base de cobalto Vitallium e seres

humanos, na forma de revestimento colocado na cabeça do fêmur com a finalidade

de reduzir a dor e aumentar a mobilidade (ORÉFICE et al., 2006).

Na década de setenta e no início dos anos oitenta, a liga mais utilizada foi a

Co-Ni-Cr-Mo, porém em função da liberação de níquel o uso dessa liga diminuiu.

Outro fator relevante é que o cobalto liberado no processo corrosivo diminui o

crescimento celular e promove a morte dos tecidos adjacentes (ORÉFICE et al.,

2006; TERADA, 2008).

13

O elemento cobalto têm as fases alotrópicas ε e γ, com estrutura hexagonal

compacta e cúbica de faces centradas respectivamente. O número de sistemas de

deslizamento é maior da fase γ do em ε. No intuito de melhorar as propriedades da

fase γ são feitas adições de níquel (NIINOMI; NAKAI; HIEDA, 2012).

A liga convencional Co–29Cr–6Mo–1Ni (ASTM F75-92) contem níquel que

possui grande toxidade. Esse elemento causa carcinogênicidade, fator que tem

motivado a sua não utilização nessas ligas (HIROMOTO, et al., 2007; NIINOMI;

NAKAI; HIEDA, 2012).

As ligas Co-Cr utilizadas em implantes possuem dois grupos:

1- Fundidas

ASTM F75 (Co28Cr6Mo).

2- Trabalhadas, obtidas por forjamento, extrusão e laminação.

ASTM F90 (Co20Cr15W10Ni);

ASTM F799 (Co20Cr6Mo);

ASTM F562 (Co35Ni20Cr10Mo).

2.4.3 - Aços Inoxidáveis

Os aços inoxidáveis foram desenvolvidos no início do século passado em

diversos países com a finalidade de atender às diversas necessidades industriais.

Em 1821, o francês P. Berthier observou que ligas ferrosas com a adição de cromo

entre 1 a 5% tinha boa resistência ao ataque ácido à medida que o teor de cromo

aumentava (PADILHA; GUEDES,1994).

No início do século passado, na Inglaterra, Harry Brearley descreveu em dois

artigos experiências em ligas resistentes à corrosão contendo 12,8% de cormo e

0,24% de carbono, a partir desses estudos surgiram os aços inoxidáveis

martensíticos (PADILHA; GUEDES,1994).

Nos Estados Unidos da América, no ano de 1911, Christiam Dantsizen e

Frederick Becket , realizou experimentos com ligas contendo 14 a 16% de cromo e

14

com baixo teor de carbono (0,007 a 0,015%), nesses estudos utilizaram ferro-cromo

obtidos via métodos aluminotérmicos. O resultado desses trabalhos foi o

descobrimento dos aços inoxidáveis ferríticos.

Entre os anos de 1908 e 1910, Dr. Brenno Strass e o Dr. Eduard Maurer,

pesquisadores da empresa Friedrich Krupp AG, trabalhavam com aços os cromo e

cromo-níquel, o que deu origem aos aços inoxidáveis austeníticos e martensíticos

(PADILHA; GUEDES, 1994; PADILHA, PLAUT e RIOS, 2007).

O termo aços inoxidáveis é utilizado para um grupo de ligas que possuem

resistência à corrosão em contato com o meio atmosférico, na presença de diversos

meios agressivos e em elevadas temperaturas.

Os aços inoxidáveis constituem aços alta liga baseados nos sistemas Fe-Cr,

Fe-Cr-C e Fe-Cr-Ni, contendo pelo menos 10,5% de cromo e outros elementos de

liga. Os principais elementos químicos que compõem essas ligas são o cromo,

níquel, molibdênio, manganês e nitrogênio; tendo função complementar os

elementos: nióbio, titânio, cobre, silício e alumínio. O cromo é o elemento químico

responsável pela resistência à corrosão nesses aços, sendo esse menos nobre do

que o ferro nas séries eletroquímicas. O contato do cromo com oxigênio forma

espontaneamente uma película protetora, formada por óxido/hidróxido, que possui

grande aderência, impermeabilidade, estabilidade e promove excelente proteção

contra os ataques corrosivos (CASTRO, R.; CADENET, 1975; PICKERING, 1978;

LIPPOLD; KOTECKI, 2005).

Os inoxidáveis são divididos em cinco grupos: austeníticos, martensíticos,

ferríticos, duplex (ferrítica-austenítica) e endurecíveis por precipitação. Na Figura 2.4

estão representados alguns aços inoxidáveis modificados a partir do aço 304

conforme a norma americana AISI (ALLOY DIGEST SOURCEBOOK: STAINLESS

STEELS, 2000; PADILHA; GUEDES, 1994).

15

Figura 2.4 - Diferentes tipos de aços inoxidáveis a partir do aço 304 (PADILHA;

GUEDES, 1994).

Atualmente, o processo produção dos aços inoxidáveis ocorre em fornos

elétricos a arco (FEA), a partir da fusão de sucata, ferros ligas e ferro gusa.

Posteriormente, a carga fundida é conduzida para o refino nos conversores, argon-

oxygen decarburization (AOD) e vacuum–oxygen decarburization (VOD), sendo o

processo AOD responsável por 80% da produção mundial de aços inoxidáveis. No

processo de refino, a carga metálica pode seguir duas rotas, denominas duplex e

triplex.

Na rota duplex o aço é parcialmente descarburado no AOD, com a injeção de

uma mistura de argônio e oxigênio ao metal fundido. Nesse processo o oxigênio

combina com o carbono formando o monóxido que é liberado da massa metálica. Os

níveis de argônio e oxigênio são controlados a fim de alcançar o teor de carbono

desejado. Após essa etapa, o aço e direcionado à panela para o refino secundário

16

(metalurgia da panela), a fim de ajustar sua composição química e temperatura e,

logo em seguida, encaminhado ao lingotamento contínuo.

A tríplex tem a descarburação inicial no conversor AOD e descarburação final

no desgasificador a vácuo VOD, nesse equipamento não existe a necessidade de

utilização de argônio, nele o oxigênio é injetado diretamente na carga fundida.

Posteriormente ocorre o refino secundário na metalurgia da panela e o lingotamento

contínuo. A utilização desses processos produz aços com baixos níveis de carbono

e enxofre, menor 0,04%, e 0,002% respectivamente. Além dessas características

esses aços são dotados de baixos níveis de inclusões e gases dissolvidos.

O refino secundário dos aços inoxidáveis com alto teor de nitrogênio é

realizado nos fornos de refusão por escória eletrocondutora (ESR - Electroslag

Remelting). Esse processo produz lingotes com elevado controle da composição

química, estrutura metalúrgica (grãos e dendritas) mais refinada, menor nível de

inclusões, macrosegregação, bem como estrutura bruta de fusão isenta de rechupes

e poros (SIMMONS, 1995; MENZEL; KIRSCHNE; STEIN, 1996; LIPPOLD;

LLEWELLYN; HANNINEN, et al., 2001; HUDD, 2004; KOTECKI, 2005; HUA-BING,

et al., 2007, ANDRADE, et al. 2008; CRISTO, 2008; LOSS, 2010).

2.5 - Classificação Aços Inoxidáveis

Historicamente, os aços inoxidáveis são classificados em função da sua

microestrutura em cinco classes diferentes: austeníticos, martensíticos, ferríticos,

duplex (ferrítico-austenítica) e endurecíveis por precipitação (LO et al., 2009).

2.5.1 - Aços Inoxidáveis Ferríticos

Os aços inoxidáveis ferríticos estrutura alfa (α) com reticulado cúbico de corpo

centrado (CCC), apresentam menor resistência à corrosão em relação aos

inoxidáveis austeníticos, porém são mais resistentes à corrosão sob tensão em

meios contendo cloretos, corrosão atmosférica e a oxidação. A matriz ferrítica é

obtida em função do teor de cromo entre 11 a 30% e adições de molibdênio até 3%

(FARIA, 2006; TERADA, 2008).

17

Os aços inoxidáveis ferríticos com baixo teor de cromo, em torno de 11%, são

utilizados na utilizados nos sistemas de exaustão de automóveis, pois possuem boa

resistência à corrosão e à oxidação. Os aços com teor entre 11% e 18% são

empregados na indústria automotiva e na fabricação de utensílios domésticos; essas

ligas apresentam como características baixa resistência mecânica e baixa

soldabilidade. As ligas com teores de cromo entre 19% e 30% são empregadas em

ambientes onde exige-se alta resistência à corrosão e a oxidação.

Os aços inoxidáveis ferríticos com teores de cromo acima de 25% e molibdênio

leva à produção dos aços inoxidáveis superferríticos. Nesses aços os elevados

teores de cromo e molibdênio, com baixos teores de carbono, proporciona a adição

de níquel sem desestabilizar a ferrita, com a finalidade obter ganhos na tenacidade e

na resistência à corrosão por pites e por frestas (ANDRADE, et al. 2008). Os aços

inoxidáveis superferríticos possuem excelente resistência à corrosão em frestas

(“crevice corrosion”) e à corrosão sob tensão em meios contendo cloretos (TERADA,

2008).

2.5.2 - Aços Inoxidáveis Martensíticos

Essas ligas possuem teores de cromo entre 10,5% e 18% de cromo, níquel até

4% e carbono 0,1 e 1,0%. Além desses elementos são adicionados molibdênio,

vanádio, nióbio, alumínio, cobre e titânio com a finalidade de melhorar as

propriedades no revenimento. A microestrutura martensítica, com reticulado

tetragonal de corpo centrado, é obtida a partir do resfriamento da austenita. Esses

aços são não magnéticos e endurecíveis por tratamento térmico, podendo conter

quantidades variáveis de ferrita delta a partir dos tratamentos típicos. Esses aços

são utilizados em condições onde deseja-se aliar boa resistência mecânica e à

corrosão, tendo aplicação em tubulações na indústria do petróleo, revestimentos de

cilindros laminadores, turbinas hidráulicas rotores de bombas etc (PICKERING, F.

B., 1979; SERNA-GIRALDO, 2006; McGUIRE, 2008; HENKE, 2010).

18

2.5.3 - Aços Inoxidáveis Duplex

Os aços inoxidáveis duplex são constituídos basicamente por ferro, cromo e

níquel, mais adições de elementos com a finalidade de melhorar as propriedades

mecânicas e de corrosão. Esses aços possuem microestrutura ferrítica-austenítica

em proporções iguais, suas propriedades mecânicas e de corrosão superiores aos

ferríticos e austeníticos. A principal característica desses aços é a combinação

favorável entre propriedades mecânicas e de corrosão (pites e frestas). Os aços

duplex são amplamente utilizados nas indústrias de papel, petroquímica, nuclear e

de dessalinização (ESCRIBA, et al., 2009; MAGNABOSCO, 2001; FARIA, 2006;

HONG, et al, 2011).

2.5.4 - Aços Inoxidáveis Endurecíveis por Precipitação

Os inoxidáveis endurecíveis por precipitação possuem teores de cromo entre

12% e 18% e níquel entre 3% e 10%, bem como adições de cobre, titânio e alumínio

que promovem endurecimento por precipitação após tratamento térmico. Esse

material tem como característica principal boas propriedades mecânicas e

resistência à corrosão moderada, devido aos precipitados existentes na sua

microestrutura (McGUIRE, 2008).

2.5.5 - Aços Inoxidáveis Austeníticos

Os aços inoxidáveis austeníticos são utilizados em larga devido à combinação

entre resistência mecânica, capacidade de conformação e resistência à corrosão

(KOCH et al., 2002). Esses aços possuem diversas aplicações como em meios

criogênicos, em motores a jato, fornos em temperaturas elevadas e como

biomateriais.

Os aços inoxidáveis austeníticos são ligas à base de Fe-Cr-Ni e adições, que

têm a finalidade de alterar suas propriedades e a microestrutura. Essas ligas têm

como microestrutura principal a austenita (γ) com reticulado cúbico de faces

centrada (CFC), não magnética e não endurecível por tratamento térmico. Os

19

elementos estabilizadores da austenita (gamagênico) são o carbono, manganês,

níquel e o nitrogênio (PICKERING, 1983). Nesses aços, o teor de cromo está entre

15 a 26%, que confere boa resistência à corrosão. A fim de estabilizar a austenita

são adicionados entrem 7 a 37% níquel e os elementos molibdênio, titânio e

manganês são adicionados a fim de melhorar as propriedades mecânicas e de

corrosão desses aços (PADILHA; RIOS, 2002; TOO, 2002; McGUIRE, 2008).

2.6 - Aços Inoxidáveis Austeníticos utilizados como Biomateriais

Os aços inoxidáveis austeníticos contendo níquel são utilizados com maior

frequência em aplicações ortopédicas como juntas artificiais, placas ósseas e

implantes cardiovasculares (terminais elétricos, stent). Esse material foi o primeiro

biomaterial metálico utilizado com sucesso, conforme pode ser observar na Figura

2.5.

Figura 2.5 - Materiais utilizados como biomateriais (NIINOMI, 2002).

As razões que levam o uso desse material são a combinação favorável entre

propriedades mecânicas, resistência à corrosão, facilidade no trabalhado a quente e

a frio, baixo custo comparado a outros biomateriais e satisfatória biocompatibilidade

Ano(DISEGI; ESCHBACH, 2000; KORUDA, et al., 2002; KOCH et al., 2002; YANG,

et al., 2007; NIINOMI; NAKAI; HIEDA, 2012).

A utilização dos aços inoxidáveis austeníticos está condicionada a fatores que

vão além da resistência mecânica e à corrosão. Esses materiais em contato com os

20

tecidos humanos não devem causar reações alérgicas e toxicas ao hospedeiro. O

contato dos aços austeníticos por longos períodos com os tecidos corporais

adjacentes desestabiliza a camada protetora de óxidos, causando corrosão por pites

e frestas. O produto da corrosão possui íons níquel, manganês, cromo, ferro que

entram em contato direto com os fluidos corporais. Os íons níquel são fortes agentes

causadores de alergias, inflamações e tumores em muitos pacientes. Essas reações

corporais indesejáveis causam problemas de incompatibilidade, o que em muitos

casos promove a remoção prematura dos implantes (SUNDERMAN, 1989;

KORUDA, et al., 2002; KOCH et al., 2002; KANNAN; BALAMURUGAN;

RAJESWARI, 2003; NIINOMI; NAKAI; HIEDA, 2012).

Koster et al. estudaram o efeito da liberação de íons níquel, cromo e

molibdênio em pacientes portadores implantes cardiovasculares (stents), fabricados

com os aços 316 L. Nesse trabalho concluíram que a ação do sangue, proteínas,

solução salina corporal e esforços mecânicos aumenta a liberação desses íons, o

que leva à reincidência de obstruções coronárias.

2.6.1 - Aços Inoxidáveis Austeníticos Livres de Níquel com Alto Teor de

Nitrogênio

Nos últimos anos, os aços inoxidáveis com elevado teor de nitrogênio foram

desenvolvidos como alternativa para reduzir os problemas fisiológicos causados pela

utilização de próteses cirúrgicas e dentárias fabricadas com aços inoxidáveis com

elevados teores de níquel (LEMONS e LUCAS, 1986; MENZEL; KIRSCHNE; STEIN,

1996).

Em razão dos efeitos negativos causados pelo níquel, novos aços

inoxidáveis livres desse elemento foram desenvolvidos. Segundo Gavriljuk e Berns

apud Koch et al, a adição intencional de nitrogênio acima de 0,4%, classifica esses

aços como inoxidáveis alto nitrogênio e promove significativo ganho nas

propriedades. Essa evolução tecnológica promoveu ganhos nas propriedades

mecânicas e metalúrgicas desses materiais, como adequada tenacidade à fratura,

estabilidade da austenita, alta resistência à corrosão e a ausência de fases

intermetálicas. O nitrogênio nesses aços fica retido nos interstícios da austenita

21

promovendo de forma eficiente melhorias nas propriedades mecânicas, de

resistência à corrosão e principalmente a ausência de ferromagnetismo, com a

finalidade de não interagir com os campos elétricos e magnéticos exteriores

(MENZEL; KIRSCHNE; STEIN, 1996; GAVRILJUK, 1996; THOMANN;

UGGOWITZER, 2000; KOCH et al., 2002; LI et al., 2009; MILITITSKY, 2008; YANG;

LO; SHEK; LAI, 2009; YIBIN, 2010).

Os aços inoxidáveis alto nitrogênio tornaram-se uma classe importante de

materiais para a engenharia, contendo teores da ordem de 4%. O nitrogênio atua de

forma benéfica elevando a resistência à corrosão intergranular, por pites e à

fragilização por hidrogênio quando implantado na forma de solução sólida. Os aços

austeníticos com nitrogênio possuem boa resistência à corrosão intergranular devido

ao retardamento da sensitização, que reduz a precipitação e crescimento de

carbonetos de cromo e aumenta a concentração de cromo nos contornos de grão.

A solubilidade do nitrogênio na austenita e maior em relação a do carbono,

formando a austenita expandida (γn). A presença desse elemento nos aços favorece

a formação de um filme passivo mais resistente, o que promove a elevação do

potencial de pite em soluções contendo íons cloretos e nitretos. Além dessas

características, a adição de nitrogênio promove melhoria nas propriedades

mecânicas como resistência à fadiga, ao desgaste, ao carregamento desses aços

(Song, 1990; SIMMONS, 1995; Jargelius-Pettersson, 1999; PICARD, 2001; BABA et

al., 2002; PADHY, 2010).

A transferência do nitrogênio para o metal líquido ocorre de duas formas:

dissociação do gás e por meio da adição de nitretos no metal líquido. A primeira

consiste na reação entre o gás e o metal líquido via dissociação do N2 2N, a partir

da dissociação do gás N2 e retenção do nitrogênio atômico pelo metal. O segundo

método consiste na adição de nitretos no metal líquido ou através da escória líquida

(SIMMONS, 1995).

Os aços alto nitrogênio foram desenvolvidos com a finalidade de atender às

características de boa resistência mecânica e à corrosão, bem como

biocompatibilidade quando em contato com os tecidos do corpo humano. Esses

22

aços possuem elevados percentuais de cromo, manganês, nitrogênio e pequenas

quantidades de molibdênio, o que confere melhores propriedades mecânicas e de

corrosão em relação aos aços austeníticos contento níquel (KORUDA, et al., 2002).

2.7 - Os Efeitos dos Elementos de Ligas

Os elementos de liga aos aços inoxidáveis têm como finalidade melhorar as

propriedades mecânicas, de resistência à corrosão.

Carbono - sua finalidade é aumentar a resistência mecânica dos aços e estabilizar a

austenita. Os aços inoxidáveis possuem teores de carbono menores do que 0,03% e

certas classes possui teor de carbono superior a 1%. Teores elevados de carbono

são indesejáveis a fim de evitar a sensitização. (McGUIRE, 2008).

Cobre - a presença desse elemento tem por finalidade promover a resistência à

corrosão dos aços inoxidáveis em meios contendo ácido sulfúrico e estabilizar a

austenita (OLSSON e LANDOLT, 2003; SOURISSEAU, et al., 2005; McGUIRE,

2008).

Cromo - é o elemento menos nobre do que o ferro nas séries eletroquímicas, com

isso torna-se muito importante do ponto de vista da corrosão, pois atua na formação

da camada passiva (KIM, et al., 2002; ALAMR; BAHR; JACROUX, 2006). Os aços

inoxidáveis austeníticos com elevados teores de cromo são propícios à formação da

ferrita δ e das fases intermetálicas σ e χ, bem como da formação do carboneto

M23C6. Esse elemento atua também de forma a aumentar a solubilidade do

nitrogênio na austenita (PADILHA; GUEDES, 1994; GIORDANI, 2001).

Manganês - Esse elemento é considerado gamagênico, estabilizador da austenita, e

ajuda a diminuir os efeitos negativos da ferrita δ e da fase V, bem como aumentar a

solubilidade do nitrogênio e molibdênio na austenita (OLSSON e LANDOLT, 2003).

Molibdênio - Esse elemento atua elevando a resistência à corrosão por pites nos

aços inoxidáveis. Esse elemento é incorporado no filme passivo na forma de MoO2,

promovendo a formação de um filme espesso e resistente ao ataque dos íons Cl-.

Além dessa propriedade aumenta a solubilidade do nitrogênio na austenita (IVES et

23

al., 1990; LU et al., 1993; GRABKE, 1996; GIORDANI, 2001; OLSSON e LANDOLT,

2003; YANG, et al., 2007; HASHIMOTO, et al., 2207; McGUIRE, 2008).

Níquel - esse elemento atua como estabilizador mais efetivo da austenita

(FERRANDINI et al. 2006). A presença desse elemento favorece a formação do

filme passivo em ambientes redutores, além promover melhorias na resistência à

corrosão em alguns meios ácidos (ASM HANDBOOK, 2002).

Nióbio - atua como formador de carbonetos, o que promove o aumento do limite de

resistência e evita a sensitização em temperaturas elevadas (YOO et al., 2005).

Nitrogênio - esse elemento atua como estabilizador da austenita e aumenta a

resistência mecânica e à corrosão localizada em aços inoxidáveis austeníticos. Esse

elemento atua reduzindo o mecanismo de precipitação de fases como σ, χ e outros

intermetálicos (LU et al., 1993; Jargelius-Pettersson, 1999; McGUIRE, 2008).

Silício - é utilizado para promover resistência à oxidação e resistência à corrosão

por oxidação ácida (McGUIRE, 2008).

Terras Raras - a adição de terras raras (Ce e La) na superfície dos aços inoxidáveis

austeníticos (316 L) melhora a resistência ao desgaste e promove o refino dos

grãos, bem como resistência à corrosão em temperaturas elevadas (OLSSON e

LANDOLT, 2003; McGUIRE, 2008; Sartowska, et al., 2011).

A adição de lantânio em proporções adequadas promove efeitos biológicos como:

antitumoral, anticâncer e anticoagulante e melhora a compatibilidade entre metal e o

sangue (YANG, et al., 2007).

Tungstênio - Esse elemento atua de forma semelhante ao molibdênio, porém o

óxidos de tungstênio tem estabilidade diferente do óxido de molibdênio em soluções

ácidas (OLSSON e LANDOLT, 2003).

Nióbio - atua como elemento austenitizante e eleva a resistência à fluência

(McGUIRE, 2008).

Enxofre e Selênio - são adicionados com a finalidade de melhorar a usinabilidade

(McGUIRE, 2008).

24

A microestrutura dos aços inoxidáveis após solidificação está relacionada com

a quantidade de elementos de liga desses materiais (PADILHA; GUEDES,1994).

Essas microestruturas podem ser estimadas através de diagramas de fase do tipo

Schaeffler, que agrupam os elementos estabilizadores da ferrita à fórmula do cromo

equivalente (Creq) localizado no eixo das abcissas, e os estabilizadores da austenita

a do níquel equivalente (Nieq), determinados a partir das equações 2.1 e 2.1

(LLEWELLYN e HUDD, 2004; BHADESHIA e HONEYCOMBE, 2006).

%Creq = %Cr + 2,0% Si +1,5% Mo + 5%V +5,5%Al +1,75.%Nb + 1,5%Ti + 0,75%W - (2.1) %Nieq = %Ni + %Co + 0,5.% Mn + 0,3%Cu + 25%N + 30%C - (2.2) O diagrama mostrado na Figura 2.6 é utilizado para estimar a microestrutura

presente nos aços inoxidáveis austeníticos a partir dos valores do Creq e Nieq. Nesse

diagrama os fatores taxas de resfriamento e tratamentos térmicos não são

considerados.

Figura 2.6 - Diagrama de Schaeffler modificado por Schneider (adaptado de

LLEWELLYN; HUD, 1998).

25

A Figura 2.7 representa uma seção vertical do diagrama Fe-Cr-Ni, para uma

liga com 70% de ferro. Nessa seção podemos observar as diferentes relações entre

o cromo e níquel, bem como as microestruturas iniciais de resfriamento, que pode

resultar em austenita ou ferrita como fase primária, a partir da variação nas

concentrações de cromo e níquel.

Figura 2.7 - Seção vertical do diagrama Fe-Cr-Ni, da liga com 70% de ferro

(FERRANDINI et al. 2006).

Os valores do Creq e Nieq permitem identificar o modo de solidificação que

ocorre nos aços inoxidáveis.

Para valores Creq/ Nieq < 1,5, tem-se os modos I e II

Para os valores 1,5 < Creq/ Nieq < 2,0, tem-se o modo III

Para o Creq/ Nieq > 2,0, tem-se o modo IV

Os modos de solidificação em função da composição química das ligas são os

seguintes:

I- A solidificação tem seu início com a formação de dendritas de austenita,

finalizando-se o processo com a formação somente de austenita.

26

II- A solidificação inicia com a formação de dendritas de austenita, logo em seguida

devido à segregação dos elementos formadores da ferrita, essa fase forma-se nos

braços dendríticos.

III- A primeira fase a solidificar-se é a ferrita, na forma de dendritas. Na sequência a

austenita forma-se na interface ferrita-líquido, por meio de uma reação peritética

ou dependendo das condições ocorre uma reação eutética envolvendo três fases

(L + δ + γ). Após a nucleação, a austenita cresce para a ferrita e para o líquido,

segregando os elementos que promovem a ferrita tanto para o interior da dendrita

como para o líquido, podendo assim estabilizar a ferrita no eixo da dendrita e

promover a formação de ferrita nos espaços interdendríticos.

IV- A única fase a se formar na solidificação é a ferrita, tendo-se posteriormente a

formação da austenita somente no estado sólido (PADILHA; GUEDES, 1994;

FERRANDINI et al. 2006).

2.8 - Fases intermetálicas presentes nos aços inoxidáveis austeníticos

As fases intermetálicas mais frequentes nos aços inoxidáveis austeníticos: fase

sigma (σ), fase chi (χ) e a fases de Laves (η). Ocasionalmente, outras fases

intermetálicas podem precipitar como: G, R, μ, γ’, γ’’, η-Ni3Ti, δ-Ni3Nb. A precipitação

dessas fases promove empobrecimento da matriz metálica em elementos de liga,

tais como cromo, molibdênio e nióbio, resultando na redução da resistência

mecânica e da corrosão. Exceção a esta regra é a precipitação das fases δ ’

Ni3(Al,Ti) nas superligas à base de ferro e a fase Laves Fe2Nb nos aços inoxidáveis

austeníticos que resultam no endurecimento por precipitação (PADILHA; RIOS;

2002; PADILHA, PLAUT e RIOS, 2007; ESCRIBA, et al., 2009).

Fase Sigma (σ): é um composto intermetálico, duro e frágil que pode ser

encontrado em ligas com teor de cromo inferior a 50%. A fase-σ possui estrutura

cristalina tetragonal de corpo centrado com trinta átomos por célula unitária. Essa

fase é responsável pela redução na resistência à fluência quando precipita nos

contornos de grão dos aços inoxidáveis (VACH, M. et al., 2008). Essa fase está

presente nos sistema binário Fe-Cr (ESCRIBA, et al., 2009).

27

Fase Chi (χ): essa fase pode ocorre nos inoxidáveis austeníticos, ferríticos e duplex

e nos endurecíveis por precipitação, estando associada a efeitos prejudiciais na

resistência mecânica e à corrosão. Essa fase possui estrutura cristalina cúbica de

corpo centrado com cinquenta átomos por célula e está presente no sistema ternário

Fe-Cr-Mo e nos quaternários Fe-Cr-Ni-Mo e Fe-Cr-Ni-Ti com composição Fe35-Ni3-

Cr13Ti. Essa fase precipita se os elementos químicos molibdênio e titânio estiverem

presentes (PADILHA, PLAUT e RIOS, 2007; ESCRIBA, et al., 2009).

Fase de Laves (η): Essa fase é observada em vários tipos de aços inoxidáveis

austeníticos, precipita no interior dos grãos na forma de partículas equiaxiais, tendo

ocorrência esporádica nos contornos de grãos. A fase de Laves apresenta estrutura

cristalina hexagonal com doze átomos por célula (PADILHA, PLAUT e RIOS, 2007,

VACH, M. et al., 2008).

2.8.1 - Fases formadas durante o Envelhecimento

Carbonetos: O elemento químico carbono normalmente é considerado uma

impureza, apesar de ser um estabilizador da austenita. Termodinamicamente, o

carbono possui uma grande afinidade pelo cromo, devido a essa capacidade forma

carbonetos, o principal é o M23C6 (VACH, M. et al., 2008; McGUIRE, 2008).

O carboneto M23C6 é o mais observado nos aços inoxidáveis austeníticos. A

precipitação desse carboneto ocorre na faixa de temperatura de 500 a 9500C nos

contornos de grão, contornos incoerentes de macla, contornos coerentes de macla e

no interior dos grãos em discordâncias (PADILHA; GUEDES, 1994). De acordo com

Weiss e Stickler, citado por Padilha e Guedes, pode ocorre a nucleação desse

carboneto na interface das inclusões de forma simultânea com a precipitação nos

contornos incoerentes de macla.

Martensita: A formação dessa fase à temperatura ambiente é possível

termodinamicamente, mas a força motriz para formação espontânea é insuficiente. A

martensita forma por cisalhamento a partir da austenita instável mediante aplicação

de forças externas nos processos de deformação.

A martensita apresenta duas diferentes formas. A forma α’ é magnética e apresenta

a estrutura cristalina cúbica de corpo centrado (CCC), enquanto a forma ε apresenta

28

estrutura hexagonal compacta e não possui propriedades magnéticas (McGUIRE,

2008).

Ferrita delta (δ): Essa fase polimórfica esta presente nos aços inoxidáveis

austeníticos e promove a iniciação de tricas por fadiga na superfície do material

(VACH, M. et al., 2008).

2.9 - Corrosão dos Metais

A corrosão é o processo de interação química ou eletroquímica entre os metais

ou ligas com o meio ao seu redor que resulta na deterioração do material e de suas

propriedades essenciais como resistência mecânica, ductilidade e produto da

corrosão formado possui propriedades inferiores ao metal (ASM, Corrosion:

understanding the basics, 2000, RAMANATHAM, 1988).

A compreensão do processo de resistência à corrosão dos materiais necessita

de conhecimentos multidisciplinares a respeito do meio corrosivo, do comportamento

eletroquímico, da microestrutura dos materiais e das tensões impostas

(LATANISION; SEDRIKS, 1987 apud MAGNABOSCO, R., 2001).

A corrosão de acordo com Shreir (1976) é classifica em cinco tipos diferentes:

i) Corrosão uniforme: toda a área do metal é corroída com a taxa.

ii) Corrosão localizada: certas áreas do metal possuem taxa de corrosão superior

devido às heterogeneidades no metal, no meio ou na geometria do material.

iii) Corrosão por pites: ataque altamente localizado em áreas específicas, resultando

em pequenas cavidades que podem levar à perfuração do material.

iv) Dissolução seletiva: O componente da liga, geralmente o mais ativo, pode ser

removido.

v) Ação conjunta entre corrosão e fatores mecânicos: localizado ataque ou fratura

ocorre devido ao sinergismo entre corrosão e fatores mecânicos.

29

2.10 - Corrosão das Ligas Metálicas utilizadas como Biomateriais

A degradação dos materiais implantados no corpo humano é indesejável, visto

que a corrosão libera produtos que causam reações indesejáveis em contato com

tecidos corporais, bem como reduz a integridade estrutural do material implantado

comprometendo suas propriedades mecânicas. O processo corrosivo pode afetar o

material de forma local ou generalizada, afetando locais onde o fluido corpóreo fica

estagnado (corrosão por frestas) ou sítios aleatórios na superfície (corrosão por

pites). Além desses processos, a combinação entre corrosão eletroquímica e

esforços mecânicos acelera a liberação de íons e partículas, o que pode causar

falhas prematuras nos implantes (JACOBS et al., 1998; GIORDANI, 2001).

A corrosão em biomateriais metálicos e um fenômeno complexo que depende

dos fatores metalúrgicos, geométricos, mecânicos, temperatura, pH, e da solução

que entra em contato com o material. A compreensão detalhada desses fatores e

suas interações explicam porque os esses materiais sofrem corrosão em contato

com os fluidos corporais.

A corrosão nos implantes metálicos envolve forças de ativação

termodinâmicas, reações de corrosão (redução e oxidação), bem como a cinética

química que atua como fator limitador dessas reações. A reação fundamental que

ocorre nos implantes e resulta na liberação de íons oxidação é a de oxidação:

M Mn+ + ne- - (2.3)

Os íons liberados podem migrar para longe do metal ou para a superfície e

formar camada de óxidos (filme passivo), cloretos, compostos organometálicos, bem

como outras espécies químicas. Esses compostos podem ficar solúveis ou precipitar

formando fases sólidas. Os produtos sólidos da oxidação são divididos em dois

grupos: os que formam o filme de óxido aderente e compacto à superfície do metal e

a aqueles que migraram para longe da superfície do metal. Em todas essas reações

existe uma força de ativação termodinâmica vinculada à oxidação dos átomos

metálicos para sua forma iônica. Essa forma de ativação e a energia livre (ΔG) que

pode ser calculada pela equação. (JACOBS et al., 1998).

30

ΔGred = ΔG0 + RTln [M] / [Mn+][e-]n - (2.4)

Onde ΔGred representa a energia livre para a reação de redução, ΔG0 é a

energia livre para a reação de redução no estado padrão, R é a constante dos

gases, T a temperatura e os parâmetros entre colchetes são as atividades (ou

concentração aproximada) das espécies químicas envolvidas. Quando o valor de

ΔGred é maior do que zero a reação de redução precisa de energia e, por

consequência, a reação de oxidação libera energia e ocorre de forma espontânea.

Dessa forma, a corrosão nos implantes ocorre devido ao óxido metálico ou produto

final da reação corrosiva ser mais estável termodinamicamente do que o metal

(PORTER e EASTERLING; JACOBS et al., 1998).

De uma maneira geral, no processo corrosivo existem duas fontes de energia.

A primeira é a fonte de ativação química, discutida acima, que define as condições

para ocorrer corrosão. Se o valor de ΔGoxi for menor do que zero, então a reação de

oxidação ocorrerá de forma espontânea, como ocorre nas ligas que são utilizadas na

fabricação de implantes. A segunda fonte de energética surge quando as cargas

positivas e negativas (íons metálicos e elétrons) são separadas umas das outras

durante o processo corrosivo. Esses íons são liberados do metal para a solução ou

formam óxidos e os elétrons permanecem dentro do metal ou participam de outras

reações químicas. Essa separação de cargas contribui para a formação da

denominada dupla camada elétrica, que cria um potencial elétrico através da

interface metal/solução, expresso como:

ΔG = -nFΔE - (2.5)

onde n representa a valência do íon, F é a constante de Faraday e ΔE é o potencial

elétrico através da interface metal/solução.

Em equilíbrio, o balanço da energia química com a energia elétrica resulta na

equação de Nerst (equação 2.5) que define o potencial elétrico na interface

metal/solução quando os metais estão imersos em soluções (JACOBS et al., 1998).

ΔE = ΔE0 + (RT/ nF) ln [Mn+]/[M] - (2.6)

31

As ligas metálicas implantadas no corpo humano entram em contato contínuo

os fluidos corporais extracelulares, tais como o sangue, fluido sinovial e fluido

intersticial. ,A concentração dos íons cloro no plasma sanguíneo e nos fluidos

intersticiais é suficiente para promover a corrosão dos materiais metálicos. Nesses

fluidos estão presentes ânions (cloretos, bicarbonatos e fosfatos), componentes

orgânicos (soro, albumina, fibrinogênio, aminoácidos, proteínas, enzimas etc), gases

dissolvidos (O2, H2, CO2) e cátions (Na+, K+, Ca+, Mg+), que tendem a acelerar o

processo corrosivo. O pH normal do sangue está entre 7.35-7,45. Entretanto, o pH

diminui para 5,2 após a colocação do implante e retorna a 7,4 após transcorrer duas

semanas após a colação do implante. (LIU, et al., 2004, HENCH apud LIMA 2004).

Um dos fatores de grande importância que reduz a resistência à corrosão dos

biomateriais e a baixa concentração de oxigênio dissolvido nos fluido corporal,

quatro vezes menor do que no ar. Esse fator prejudica a regeneração da camada

superficial de óxido após sua dissolução (HANAWA, 2004).

Os principais mecanismos de corrosão presentes nos materiais metálicos

utilizados como biomateriais são: pites, frestas, intergranular e sob tensão (LEMONS

e LUCAS, 1986; GOTMAN, 1997; JACOBS et al. 1998; XIE, et al., 2002).

2.10.1 - Filme Passivo e a Resistência à Corrosão

O fenômeno da passivação em materiais metálicos foi descoberto por Keir em

1790, em seu trabalho verificou que o ferro metálico em contato com ácido nítrico

concentrado formou um estado alterado denominado estado passivo (SATO, 1990).

Os metais em contato com diversas soluções oxidantes forma filme passivo.

Esse processo ocorre de forma espontânea, em função do contato do metal com

meio, promovendo a formação de uma película passiva com espessura 1 a 3 nm,

aderente, invisível e estável que limita a condutividade iônica, reduzindo a taxa de

corrosão do material (SATO, 1990; BABA et al., 2002; OLSSON e LANDOLT, 2003).

Os filmes passivos são formados a partir dos componentes do próprio metal e

do meio que o envolve, usualmente sem corrente elétrica em contato com ar e água

32

ou anodicamente em contato com a água, de acordo com a equação a seguir (

SCHULTZE e LOHRENGEL, 2000).

M + z/2 H2O MO z/2 + z H+ + ze- - (2.7)

A cinética de passivação em meio aquoso desenvolve-se a partir do modelo de

transição bidimensional de duas fases. Inicialmente, o metal sólido sofre oxidação e

permanece na forma de íons adsorvidos na superfície metálica. Após essa etapa,

esses íons podem seguir dois caminhos: sofrerem desadsorção e passarem para

forma aquosa ou formarem a camada condensada de óxidos, de acordo com a

equação abaixo (SATO, 1990).

M(sólido) - ne- Mn+

(adsorvido) Mn+ (aquoso

)

Mn+ (óxido) - (2.8)

Os materiais metálicos utilizados em cirurgias têm como característica principal

a formação do filme passivo. Esse filme consiste de óxidos estáveis que são

formados espontaneamente na superfície dos metais. A presença desse filme atua

como barreira para o transporte de íons e elétrons. A camada passiva formada nos

aços inoxidáveis e as ligas Co-Cr é constituída pelo óxido de cromo (Cr2O3) e para o

titânio e suas ligas o rutilo (TiO2) (GOTMAN, 1997; JACOBS et al., 1998).

A resistência à corrosão dos aços inoxidáveis é função da composição química,

tratamentos térmicos, acabamento superficial e dos processos de fabricação. Esses

fatores são fundamentais para a formação do filme passivo com qualidade,

resistência e espessura o que promove melhor desempenho desses materiais em

meios corrosivos (SZAKLARSKA-SMIALOWSKA, 1986 apud HERNÁNDEZ, 2012).

Diversos estudos por espectroscopia de fotoelétrons emitidos por raios-X (XPS)

e espectroscopia Auger (AES) demonstram que cromo é o principal responsável

pela formação da película protetora sobre os aços inoxidáveis. Nesses trabalhos

constatou-se que a película é constituída por duas camadas, a mais externa

constituída por hidróxidos, rica em cromo; e a intermediária formada por

oxihidróxidos rica em níquel (ASAMI, et al., 1978; GRABKE, 1996; ASAMI e

33

HASHIMOTO, 2003; LISTER e PINHEIRO, 2003; OLSSON e LANDOLT, 2003;

SOURISSEAU , et al.; 2005; HASHIMOTO, et al. 2007).

Os principais fatores que modificam as características dos filmes passivos são

a influência do meio e a microestrutura material. Em relação às caraterísticas do

meio os principais pontos são: a presença de haletos nos eletrólitos e as

modificações no potencial, no pH e na temperatura.

A presença de íons adsorvidos ou incorporados à superfície dos filmes

promove sua instabilidade, conduzindo à quebra das ligações dos seus constituintes

e à formação de pites. A elevação do potencial promove o crescimento linear da

espessura do filme; em soluções básicas são formados filmes mais espessos, o que

leva à dissolução menos pronunciada. O principal efeito quando se eleva o pH é a

baixa taxa de dissolução, o que leva à formação de um filme espesso e com alto teor

de ferro e óxidos de ferro em soluções básicas. O efeito causado por modificações

na temperatura depende do material e do meio, em certas condições o pode ser nulo

e em outras causarem o surgimento de pites.

A presença de precipitados, segundas fases, inclusões e segregação na

microestrutura dos aços promove defeitos nos filmes passivos e o que reduz a

resistência dos filmes em meios corrosivos (OLSSON e LANDOLT, 2003).

2.10.2 - Corrosão por Pite

A corrosão por pites é considerada um sério problema para os metais que

formam uma película passiva. Essa forma de corrosão é caracterizada pela quebra

localizada do filme do passivo em regiões com comportamento anódico em relação

ao restante da superfície, promovendo a formação de pequenos furos superficiais de

difícil detecção. Esse processo possui vínculo direto com as características

metalúrgicas do material como a presença de constituintes intermetálicos e o

contorno de grão (LIPPOLD; KOTECKI, 2005).

34

2.10.2.1 - Nucleação do Pite

Os mecanismos mais importantes que conduzem à quebra do filme passivo

estão listados no trabalho de Szaklarska-Smialowska, descritos a seguir

(SZAKLARSKA-SMIALOWSKA, 2005; BONHI, 1987 apud HERNÁNDEZ, 2012).

Processo de adsorção competitiva entre OH- e Cl-

Adsorção do ânion Cl- em vacâncias de oxigênio na superfície.

Formação de ilhas de cloreto superficiais.

Penetração de cloreto sob a ação de campo eletrostático através da película.

Passagem de Cl- e O2- através da película passiva promovendo seu desgaste

por meio da formação de cloretos metálicos ou complexos de transição, bem

como o enfraquecimento da película por tensões mecânicas.

Adsorção e adsorção-induzida, nessa fase os ânions agressivos

desempenham um importante papel na iniciação dos pites.

A nucleação do pite na superfície passiva do material ocorre devido ao

mecanismo da adsorção competitiva, em que os íons agressivos movimentam-se em

direção à interface metal/filme passivo competindo com o oxigênio ou íons hidroxila

(OH-). A nucleação ocorre devido ao deslocamento do oxigênio do filme protetor

pelos íons agressivos, promovendo a hidratação do filme e consequente dissolução

(ABD AL MEGUID et al. apud GIORDANI, 2001; McGUIRE, 2008).

O mecanismo de penetração dos íons agressivos para interior do filme passivo

é possível devido à presença de um alto campo elétrico e uma elevada

concentração de imperfeições nessa camada. A diferença de potencial existente

entre a matriz metálica/óxido e a interface óxido/eletrólito forma um campo elétrico

que exerce uma força sobre os íons agressivos, no sentido do aumento do potencial,

o que facilita a penetração desses ânions através de imperfeições existentes na

camada passiva. Outro fator que favorece a penetração do íon agressivo (Cl-) para o

interior do filme passivo é seu pequeno diâmetro permeabilidade.

A Figura 2.8 mostra o esquema de iniciação e penetração dos íons agressivos

(GRABKE, 1996; MARCUS, 2002 apud HERNÁNDEZ, 2012).

35

Figura 2.8 - Representação esquemática do mecanismo de penetração dos íons

agressivos no interior da camada passiva (GRABKE, 1996; MARCUS,

2002 apud HERNANDEZ, 2012).

A quebra do filme passivo está associada à presença de íons agressivos como:

Cl-, F-, Br-. O crescimento dos pites depende da mudança no pH da solução. A

alteração no pH transforma o processo de corrosão por pite num fenômeno

autocatalítico, como mostrado na Figura 2.9.

Figura 2.9 - Representação do processo autocatalítico de crescimento de um pite,

as setas tracejadas indicam o transporte de elétrons (FONTANA, 1987

apud HERNANDEZ, 2012).

36

No processo autocatalítico, a dissolução do metal ocorre no interior do pite

formando cátions M+, que promovem a liberação de elétrons (M Mn+ + ne-) que

são consumidos pela reação de redução pelo oxigênio na superfície ao lado do pite

(O2 + 2H2O + 4e- 4OH-). A dissolução rápida de cátions metálicos produz um

excesso de carga positiva (M+) no interior do pite atraindo íons agressivos (Cl-) a fim

de manter a eletro-neutralidade, isso eleva a concentração de MCl que na presença

de H2O produz hidrólise (M+Cl- + H2O M+OH- + H+Cl-) formando uma grande

quantidade de H+, o que promove a redução do pH no interior do pite e realimenta o

processo.(FONTANA, 1987 apud HERNANDES, 2012; IVES, 1992; MAGNABOSCO,

2001; GRABKE, 1996; KELLY, 2005; McGUIRE, 2008).

No caso dos materiais polifásicos, as heterogeneidades presentes nas ligas

metálicas, como inclusões e precipitados, são consideradas sítios de iniciação da

corrosão por pites. Um exemplo de grande importância é a formação e crescimento

de pites a partir das inclusões de MnS (IVES, 1992; GRABKE, 1996; LISTER e

PINHEIRO, 2003).

2.10.2.2 - PREN (Pitting Resistance Equivalent Number)

O fator de resistência à corrosão ou fator PRE (Pitting Resistance Equivalent),

definido como: %Cr + 3,3%Mo, foi introduzido a partir de pressões efetivadas por

produtores e usuários de próteses sobre a ISO (International Organization for

Standardization). De acordo com à norma ISO 5832-1 esse fator deve ser igual ou

superior a 26 a fim de que o material possua resistência à corrosão por pites

aceitável.

Posteriormente, foram propostas fórmulas para relacionar a resistência à

corrosão por pite (PREN = Pitting Resistance Equivalent Number) com as

concentrações de nitrogênio, cromo e molibdênio, de acordo com a equação abaixo

(THOMANN; UGGOWITZER, 2000; TERADA, 2008; YANG; YIBIN, 2010; LO et al.,

2009).

PREN20N = %Cr + 3,3(%Mo) + 20-27(%N) - (2.9)

PREN30N = %Cr + 3,3(%Mo) + 30(%N) - (2.10)

37

Os pesquisadores de Speidel e Pedrazzoli apud Terada (2008) sugerem uma

fórmula complexa que inclui as concentrações dos elementos níquel, manganês e

carbono, conforme fórmula a seguir:

PREN = %Cr + 3,3(%Mo) + 30(%N) + 0,5(%Ni) - 0,5(%Mn) - 30(%C) - (2.11)

A adição de manganês favorece a solubilidade do nitrogênio na austenita, e

em pequenas quantidades é biocompatível. O molibdênio da mesma forma favorece

a estabilidade do nitrogênio, porém em teores elevados conduz á formação da ferrita

delta (δ) e da fase sigma (σ) que atuam diminuindo a resistência à corrosão e a

tenacidade (SUMITA et al., 2004).

2.10.3 - Corrosão em Frestas

Esse tipo de corrosão não necessita de características metalúrgicas para sua

iniciação. Esse fenômeno ocorre em espaços confinados, como em estruturas

aparafusadas, que promovem mudanças na solução química que está ao seu redor

(LIPPOLD; KOTECKI, 2005).

A corrosão em frestas é muito importante, em função de ocorrer em condições

menos severas do que a corrosão por pites (AZUMA et al., 1996). A fresta consiste

numa célula oclusa com um eletrólito estagnado, onde são geradas condições

similares ao fundo dos pites, promovendo o mecanismo autocatalítico de corrosão

(GRABKE, 1996; LOPEZ,1993 apud GIORDANI, 2001).

De acordo com Azuma (1996), a corrosão em frestas ocorre em função dos

seguintes mecanismos:

Consumo do oxigênio dissolvido pela solução no interior da fresta. O oxigênio

é rapidamente consumido pelas reações catódicas como a de passivação,

não existindo reposição desse oxigênio ocorre a formação da célula de

concentração ou aeração diferencial entre o interior da fresta e o material

restante.

Elevação da acidez e do aumento dos íons cloreto na solução contida no

interior da fresta.

38

Quebra da camada passiva.

Propagação da corrosão em frestas pelo estabelecimento local das células

ativa-passiva.

Mecanismo de repassivação

2.10.4 - Corrosão Intergranular

2.10.4.1 - Sensitização

A sensitização é um fenômeno indesejável que pode ocorrer nos aços

inoxidáveis austeníticos, caracterizado pela precipitação de carbonetos de cromo

nos contornos de grão, sendo o mais comum para esses aços o M23C6 (M = Cr, Ni,

Fe; Cr=65%, Ni=10% Fe=5%). Esse fenômeno ocorre quando os aços são aquecidos

na faixa de temperatura entre 450ºC a 800ºC, por um determinado intervalo entre

uma a cem horas. Essa precipitação promove a redução do teor cromo nas

proximidades dos contornos de grão para valores inferiores a 12%, tornando essas

regiões susceptíveis à corrosão intergranular, como mostra a Figura 2.10

(MAGNABOSCO, 2001; TOO, 2002; MUDALI, et al., 2006; LI, et al., 2009, STELLA,

et al., 2009; PARVATHAVARTHINI, et al., 2009; JONES; RANDLE, 2010).

Figura 2.10 - Desenho esquemático mostrando a região empobrecida em cromo

próxima aos contornos de grão com a presença dos carbonetos

M23C6 (TOO, 2002).

39

O fenômeno da precipitação de carbonetos nos contornos de grão varia

em função da temperatura, do tempo e da quantidade de carbono presente

nos aços inoxidáveis, como pode ser visto na Figura 2.11 para o carboneto

Cr23C6.

Figura 2.11 - Precipitação do carboneto Cr23C6 em função do teor de carbono

nos aços e da temperatura (McGUIRE, 2008).

2.11 - Descrição sucinta das técnicas eletroquímicas empregadas

2.11.1 - Polarização potenciodinâmica anódica

A técnica de polarização potenciodinâmica anódica é utilizada na obtenção as

curvas de polarização anódica. Essa técnica consiste num processo de varredura

contínua a partir do potencial de corrosão (OCP) elevando o potencial para valores

mais anódicos a uma taxa de varredura constante (SEDRIKS, 1987 apud

MAGNABOSCO, 2001). Nas curvas de polarização a corrente é mostrada em

valores absolutos, sendo esse valor divido pela área do material exposto, obtém-se

a densidade de corrente.

A Figura 2.12 mostra um exemplo de curva de polarização potenciodinâmica com os

ramos anódico e catódico. A partir do potencial de corrosão (Ecorr) inicia a formação

da região passiva, onde a densidade de corrente permanece com valores constantes

40

até o Epite, a partir do qual a densidade de correte eleva-se rapidamente com o

aumento do potencial, dando início à região transpassiva.

Figura 2.12 - Curva de polarização potenciodinâmica (adaptado de MORONA, 2007)

2.11.2 - Espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE)

A técnica de espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE) tem sido

empregada em muitos estudos sobre corrosão no intuito de compreender os

diversos processos que ocorrem com cinéticas diferentes. Essa técnica tem sido

utilizada na caracterização de filmes passivos anodicamente formados em materiais

metálicos utilizados em aplicações biomédicas (MANSFELD e SHIH, 1988 apud

TERADA, 2008; MARTINI; MULLER, 2000; WOLYNEC, 2003; ASSIS, 2006).

A espectroscopia de impedância eletroquímica consiste numa técnica não

estacionária, nessa técnica utiliza-se um pequeno estímulo, geralmente tensão

alternada tipo senoidal, a fim de perturbar o sistema, objetivando estudar a interface

metal-solução. Essa pequena perturbação gera uma resposta que permite estudar

os processos físicos, químicos e eletroquímicos que ocorrem na superfície do

eletrodo de trabalho. Os resultados obtidos nesses experimentos podem ser

modelados através de circuitos elétricos equivalentes (CEE), utilizando uma

41

combinação entre resistores, capacitores, elemento de fase constante (CPE) e

Warburg, arranjados em série ou paralelo. Esses elementos constituintes dos

circuitos equivalentes devem conferir confiabilidade aos ajustes dos resultados

experimentais, para isso necessitam ter as seguintes condições básicas:

Todos os elementos do circuito devem possuir significado físico claro,

necessitando estarem associados com as propriedades físicas do sistema

que podem gerar uma resposta elétrica.

O circuito elétrico deve ser menos complexo possível, significando que: se

um elemento do circuito for eliminado, o ajuste ainda permanecer apropriado

esse elemento deve suprimido, tornando o circuito mais simples. Os

espectros obtidos com os circuitos equivalentes devem apresentar pequena

margem de erro em relação aos obtidos experimentalmente (KENDIG, et al.,

1983; BONARA, et al., 1996).

Os sistemas eletroquímicos reais possuem desvio em relação à idealidade, o

que motiva a utilização do elemento de fase constante (CPE) em vez de um

capacitor ideal. O cálculo da impedância do elemento ZCPE é realizada pela equação

2.12.

ZCPE = A (jω) -n - (2.12)

Nessa equação, o valor A representa as propriedades superficiais e das

espécies eletroativas (pseudo-capacitância), enquanto n representa a rugosidade e

imperfeições superficiais; a grandeza j = -11/2 e ω representa a frequência angular.

Quando n = 1 e A = 1/C, nessa condição CPE descreve um capacitor ideal. Se os

elementos forem indutores, temos os valores de A = L. n = -1. Quando o valor de n =

0 e A = R, CPE é um resistor puro. O valor de n = 0,5 indica que elemento de fase

constante (CPE) representa um Warburg com características difusionais (MARTINI e

MULLER, 2000; LIU, et al., 2003; SANTOS, 2007).

42

CAPÍTULO 3

MATERIAIS E MÉTODOS

Esse capítulo descreve os aços utilizados nos experimentos, os procedimentos

utilizados nessa pesquisa, bem como a descrição das técnicas utilizadas na

obtenção dos resultados.

3.1- Materiais

Neste trabalho foram estudados três materiais, classificados como aços

inoxidáveis austeníticos utilizados em aplicações biomédicas, sendo esses materiais

utilizados na fabricação de implantes ortopédicos. Os primeiros foram produzidos

pela Villares Metals S.A na forma de barra redonda com diâmetro de 16 mm, sendo

equivalentes às normas ASTM F138 (ISO 5832-1) e ASTM F158 (ISO 5832-9),

denominados VI 138 e VI 58329 respectivamente. O terceiro material P 558 -

PANACEA (ASTM F2581) produzido pela Bohler Edelstahl Gmbh, Kapfenberg -

Áustria na forma de barra redonda com diâmetro de 14 mm. Os três aços foram

estudados na condição solubilizada.

Esses aços foram produzidos em fornos de indução sob vácuo (Vacuum

Induction Melting - VIM) e, posteriormente, refinados no processo de refusão por

eletroescória também a vácuo (Electro Slag Remelting - ESR).

Os tratamentos térmicos foram efetivados nas indústrias Villares e BÖhler em

conformidade com as normas técnicas. Os aços foram recozidos e trabalhados a frio

no intuito de obter a microestrutura normatizada.

As Tabelas 3.1 a 3.3 apresentam as composições químicas dos aços propostas

pelos fabricantes e os referenciais das normas ASTM.

43

Tabela 3.1 - Composição Química em % em massa, do aço VI 138 e o referencial da

norma ASTM F 138-08.

Tipo C Mn Si Cr Ni Mo P S Cu N

VI 138 0,025 1,80 0,40 17,50 14,00 2,80 0,0025 0,003 0,10 0,10

ASTM F138 0,03 Máx.

2,0 Máx.

0,75 Máx.

17 - 19

13 - 15

2,25 - 3

0,025 Máx.

0,010 Máx.

0,50 Máx.

0,10 Máx.

Tabela 3.2 - Composição Química em % em massa, do aço VI 58329 e o referencial

da ASTM F 1586-08.

Tipo C Mn Si Cr Ni Mo Nb P S Cu N

VI 58329 0,04 4,0 0,35 20,70 10,00 2,5 0,30 0,025 0,003 0,15 0,40

ASTM F1586 0,08 Max.

2 - 4,25

0,75 Max.

19,5 -22

9 - 11 2 -3 0,25 - 0,80

0,025 Máx.

0,01 Máx.

0,25 Máx.

0,25 - 0,50

Tabela 3.3 - Composição Química em % em massa, do aço P 558 - PANACEA e o

referencial da norma ASTM 2581-07.

Tipo C Mn Si Cr Ni Mo P S Cu N

P 558 0,20 10,5 0,45 17,25 0,05 3,30 0,012 0,003 0,04 0,53

ASTM 2581 0,15 - 0,25

9,5 - 12,5

0,2 - 0,6

16,5 - 18

0,05 Máx.

2,7 -3,7

0,02 Máx.

0,010 Máx.

0,25 Máx.

0,45 - 0,55

3.2 - Caracterização Microestrutural

Os aços foram caracterizados por microscopia ótica e eletrônica de varredura

com a finalidade de verificar a homogeneidade microestrutural, o tamanho de grão e

a existência fases intermetálicas e de precipitados.

O preparo das amostras para análise microestrutural ocorreu de acordo com as

seguintes etapas: corte transversal das barras solubilizadas para obtenção das

amostras, embutimento em resina epóxi a frio, lixamento com lixas de carboneto de

silício com granulometria 220, 320, 400, 500, 600, 1000 e 1200 mesh, nesta ordem.

44

Em seguida limpeza em banho ultrassônico com água destilada por 15 minutos.

Após essa etapa realizou-se o polimento eletrolítico em solução de ácido sulfúrico

(H2SO4), ácido fosfórico (H3PO4) e glicólico, nas dependências da indústria SS White

em Juiz de Fora, Minas Gerais. Após esse procedimento, foram novamente limpas

em banho ultrassônico e atacadas eletroliticamente de acordo com o procedimento

da norma ASTM E 407-99 e o proposto por Vander Voort (1999):

- Ataque em solução com ácido oxálico 10% (H2C2O4 . 2H2O) por 5 segundos sob

um potencial de 12 volts D. C. no equipamento Lectropol - Struers, Figura 3.1 , do

Laboratório de Metalografia da Escola de Minas da Universidade de Ouro Preto,

esse procedimento revelou os contornos de grão e as macla dos aços.

Figura 3.1 - Equipamento de Polimento Eletrolítico utilizado no ataque eletrolítico

dos aços: ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581 (Fonte: Autoria

própria).

Após o ataque eletrolítico, as amostras foram analisadas no microscópio ótico

do laboratório de Metalografia da Escola de Minas (UFOP), mostrado na Figura 3.2 e

no do Núcleo de Metalurgia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia -

Campus Juiz de Fora, mostrado na Figura 3.3.

45

Figura 3.2 - Microscópio Ótico Olympus CX 31 utilizado nas análises metalográficas

dos aços (Fonte: Autoria própria).

Figura 3.3 - Microscópio Ótico Olympus CX 51 utilizado nas análises metalográficas

dos aços (Fonte: Autoria própria).

46

As amostras foram previamente metalizadas em ouro e, logo em seguida,

analisadas por microscopia eletrônica de varredura no microscópio TESCAN -

modelo VEGA SB, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Campus

Juiz de Fora.

A determinação do tamanho médio foi realizada pelo método dos interceptos

de acordo com a norma ASTM E 112 -10, utilizando o software AnaliSIS, versão 5.1,

produzido pela Olympus Soft Imaging Solutions GmbH, instalado microcomputador

acoplado ao microscópio Olympus modelo CX 51.

3.3 - Ensaios Microdureza

Os ensaios de microdureza foram realizados nas seções transversais das

amostras retiradas das barras dos aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581.

Inicialmente, essas amostras foram lixadas com lixas de grana 150, 220, 320, 400,

500, 600, 1000 e 1200 mesh com a finalidade de remover deformações oriundas do

procedimento de corte. Em seguida, foram polidas em alumina 5 μ, atacadas em

água régia. As amostras foram submetidas a trinta medidas de dureza nas seções

transversais.

3.3.1 - Microdureza Vickers

Os ensaios de microdureza Vickers foram conduzidos em conformidade com a

norma ASTM E 92. Nesses ensaios foi utilizado um microdurômetro Shimadzu HMV-

2 mostrado na Figura 3.4, com indentador piramidal de base quadrada, do Núcleo de

Metalurgia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de

Minas Gerais, Campus Juiz de Fora. A carga utilizada foi de 50 gf (0,49N) por um

período de tempo de 30 segundos.

47

Figura 3.4 - Equipamento Shimadzu HMV-2 utilizado nos ensaios de microdureza

dos aços (Fonte: Autoria própria).

3.4- Ensaios de Difração de Raios-X

Informações sobre a estrutura cristalina dos materiais pode ser obtida por meio

de raios-X (ASKELAND e PHULÉ, 2008). Esses raios possuem comprimento de

onda da ordem do espaçamento atômico dos sólidos o que permite elucidar a

estrutura cristalina dos sólidos.

Nesse trabalho essa técnica foi empregada para determinar as fases presentes

nos aços inoxidáveis austeníticos ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581 sem

passivação. O equipamento utilizado nas análises semiquantitativas foi difratômetro

Philips-PANalytical, modelo EMPYREAN do Departamento de Metalurgia da

Universidade Federal de Minas Gerais. As análises foram realizadas por meio da

comparação entre os valores das distâncias interplanares e das intensidades dos

picos nos difratogramas das amostras dos aços e uma amostra de referência,

utilizando o padrão do banco de dados PDF-2 Release 2010 do ICDD – International

Center for Diffraction Data e o software X´Pert HighScore, versão 2011.

48

A faixa de ângulos investigada foi entre 10,010º a 119,970º, com velocidade

de varredura de 0,020º/s, utilizando radiação Cu-Kα com comprimento de onda de

0,154060 nm e um cristal monocromador de grafita.

3.5 - Análises por Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS)

As análises por Espectroscopia de Energia Dispersiva foram realizadas no

laboratório de microscopia eletrônica do Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais,

Campus Juiz de Fora. Nesses procedimentos foi utilizado o microscópio eletrônico

de varredura Tescan - modelo VEGA3 SB, com espectrômetro de energia dispersiva

(EDS) Brucker acoplado.

As amostras lixadas superficialmente com lixas de carbeto de silício de

granulometrias 600, 1200, limpas em banho ultrassônico e posteriormente polidas

em pasta de diamante de 1μm. Posteriormente as amostras foram novamente

limpas em banho ultrassônico e secas em jato de ar quente.

3.6 - Ensaios Eletroquímicos

3.6.1 - Meios de Estudo e Temperatura

Nesse trabalho foram empregados os seguintes meios eletroquímicos:

- Solução de cloreto de sódio a 0,9%, aqui designada soro fisiológico, para simular o

efeito do soro fisiológico inserido na corrente sanguínea. A solução foi obtida por

dissolução em água destilada, do NaCl P.A. com pureza mínima de 99%, da Synth.

- Solução simuladora de fluidos corporais (SBF) proposta por Kokubo (2006),

contendo íons Ca e P, cuja concentração dos reagentes encontra-se na tabela 3.4. A

solução SBF foi preparada pela dissolução dos reagentes P.A. em água destilada à

temperatura ambiente. O pH da solução SBF foi ajustado entre 7,2 e 7,4 utilizando-

se gotas de HCl. Essa solução foi armazenada em refrigerador a fim de manter suas

propriedades

49

- Todos os ensaios foram realizados à temperatura de 37+ 2 oC, com a finalidade de

simular as condições de funcionamento do corpo humano nas condições normal e

febril.

Tabela 3.4 - Ordem de adição dos reagentes utilizados na obtenção de um litro da

solução SBF, quantidade e grau de pureza.

Ordem Reagentes Quantidade (g) Pureza (%)

1 NaCl 8,035 99,5%

2 NaHCO3 0,355 99,5%

3 KCl 0,255 99,5%

4 K2HPO4 . 3H2O 0,231 99,0%

5 MgCl2 . 6H2O O,311 98,0%

6 CaCl2 0,292 95,0%

7 Na2SO4 0,072 99,0%

8 (CH2OH)3 CNH2 * 6,118 99,0%

pH ajustado com HCl

Temperatura 39 + 2oC

pH 7,2 - 7,4

3.6.2 - Ensaios de Polarização Potenciodinâmica Anódica

Os ensaios de polarização anódica foram utilizados para verificar a resposta

em corrente da variação de potencial, em valores maiores que o Ecorr. Esses

procedimentos foram conduzidos de acordo com a norma ASTM G5-94, revisada em

2011. Nesses ensaios foram obtidas as curva de polarização anódica a partir da

varredura do potencial de corrosão, observando a variação da densidade de

corrente durante o procedimento. Nesse procedimento, as variações na densidade

de corrente são indicadores da intensidade de corrosão que está acontecendo no

material.

Os ensaios de polarização anódica foram realizados nas soluções SBF e NaCl

de acordo com o esquema clássico de três eletrodos: o eletrodo de referência foi o

calomelano saturado (ECS), o contra eletrodo de platina com grande área e os

eletrodos de trabalho. A Figura 3.5 mostra o aparato experimental utilizado para o

50

ensaio de polarização anódica. Esses experimentos foram conduzidos a 37 + 2oC

no potenciostato μAutolab tipo III/FRA 2.

Figura 3.5 - Montagem da célula eletrolítica de três eletrodos com os dispositivos

auxiliares utilizados nos ensaios eletroquímicos de polarização anódica

nas soluções SBF e NaCl 0,9% (Fonte: Autoria própria).

Nesse ensaio os corpos de prova, eletrodos de trabalho, foram obtidos a partir

do corte transversal nas barras solubilizadas dos aços ASTM F138, ASTM F1586 e

ASTM F2581. Os discos obtidos foram embutidos em resina epóxi a frio com uma

haste de latão para promover o contato elétrico, como mostra a Figura 3.6.

Figura 3.6 - Corpos de prova embutidos a frio em resina epóxi utilizados nos

ensaios eletroquímicos, mostrando a seção transversal da barra

(Fonte: Autoria própria).

51

Os corpos de prova utilizados nos ensaios de polarização anódica foram

previamente lixados em conformidade com a norma ASTM G5. Nesse lixamento

foram utilizadas lixas d’agua 600 mesh. Após essa etapa, as amostras foram

mantidas por uma hora no dessecador antes do ensaio de polarização.

Os três aços inoxidáveis foram analisadas no potencial de corrosão e em

potenciais mais positivos. Inicialmente, as amostras lixadas foram mantidas em

solução por 3600s e, em seguida determinou-se o Ecorr. O potencial de varredura

iniciou no potencial de corrosão (Ecorr) de cada aço, com uma taxa de 0,333 mV/s

(1,2 V/h) até os potenciais de pite (Epite). Nesse estudo foi considerada como faixa

passiva, a região onde os valores de potencial tinham densidade de corrente inferior

a 10-5 A/cm2. Os valores de densidade de corrente superior a esse valor indicaram o

inicio de dissolução do filme passivo, visto que a derivada di/dt cresce rapidamente.

3.6.3 - Ensaios de Espectroscopia de Impedância Eletroquímica

A técnica de espectroscopia de impedância eletroquímica consiste numa

ferramenta muito eficiente para investigar diversos métodos de proteção contra

corrosão. Como exemplo as superfícies revestidas com finas películas de alta

resistência, proteção catódica e filmes de óxidos (MACDONALD, 1992).

Os ensaios de espectroscopia de impedância eletroquímica foram realizados

utilizando o esquema clássico de três eletrodos: o eletrodo de referência foi o

calomelano saturado (ECS), o contra eletrodo de platina com grande área e os

eletrodos de trabalho imersos em 250 ml das soluções. Os eletrodos de trabalho

foram construídos com amostras dos três aços - ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM

F2581, conectadas em hastes de latão e embutidas em resina epóxi a frio, o que

promoveu vedação necessária para os ensaios eletroquímicos e expos a seção

transversal da barra.

52

A montagem utilizada nos ensaios EIE tinha os seguintes componentes:

- Potenciostato Autolab, modelo PGSTAT 128N , ligado a um computador com o

software NOVA 1.9;

- Termômetro;

- Aquecedor com placa cerâmica;

- célula eletrolítica para utilização de três eletrodos.

As análises foram realizadas no Ecorr e em potenciais mais positivos, nas

regiões lineares da curva de polarização. Para esses últimos foi aplicado um

potencial de 300 segundos, para logo em seguida serem realizadas as análises por

EIE. Essas análises foram realizadas com numa faixa de varredura de 10 mHz a 100

kHz e a uma perturbação de 10 mV, com taxa de aquisição de dados de 10 pontos

por década, no equipamento, mostrado na figura 3.7. Os resultados experimentais

foram ajustados a circuitos equivalentes com o objetivo de representar fisicamente

os processos obtidos, nesse procedimento utilizou-se o software NOVA, versão 1.9.

Figura 3.7 - Montagem da célula eletrolítica de três eletrodos com os dispositivos

auxiliares utilizados nos ensaios espectroscopia de impedância

eletroquímica (Fonte: Autoria própria).

.

53

CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 - Materiais 4.1.1- Composição Química

Os materiais estudados nesse trabalho são aços inoxidáveis austeníticos:

ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581. As composições foram determinadas

pelo método de espectrometria de emissão ótica, por meio equipamento

Spectromax, calibrado pelo fabricante, de propriedade do Laboratório de Ensaios e

Análises de Materiais (LAMAT), do Centro Tecnológico de Fundição Marcelino

Conrradi - SENAI-FIEMG, localizado na cidade de Itaúna - MG. Essas composições

são apresentadas nas Tabelas 4.1, 4.2 e 4.3 de forma conjunta com as informadas

pelos fabricantes.

Tabela 4.1 - Composição química dos principais elementos do aço VI 138 e o da

norma ASTM F138 (% em massa).

Material C Mn Si Cr Ni Mo P S Cu N Nb Fe

VI 138 0,0038 1,7600 0,302 17,490 14,420 2,6400 0,028 0,0018 0,0731 0,0770 0,403 62,9

ASTM F138 0,03 Máx.

2,0Máx.

0,75Máx.

17 - 19 13 - 15 2,25 - 3 0,025 Máx.

0,010 Máx.

0,50 Máx.

0,10 Máx.

__ Bal.

Tabela 4.2 - Composição química dos principais elementos do aço VI 58329 e o da

norma ASTM F 1586 (% em massa).

Material C Mn Si Cr Ni Mo P S Cu N Nb Fe

VI 58329 0,0250 4,1700 0,3690 20,380 10,350 2,360 0,0277 0,0050 0,126 0,3450 0,2870 61,300

ASTM F 1586 0,08 Max.

2 - 4,25 0,75 Max.

19,5 -22,0

9,0 - 11

2,0 -3 0,025 Máx.

0,01 Máx.

0,25 Máx.

0,25 - 0,50

0,25 - 0,80

Bal.

54

Tabela 4.3 - Composição Química dos principais elementos do aço P 558 (PANACEA) e o referencial da norma ASTM F 2581 (% em massa).

Tipo C Mn Si Cr Ni Mo P S Cu N Nb Fe

P 558 0,1710 9,5600 0,4170 16,710 0, 025 3,0200 0,0197 0,0143 0,0085 0,49 0,0350 69,400

ASTM F2581 0,15 - 0,25

9,5 - 12,5

0,2 - 0,6

16,5 - 18,0

0,05 Máx.

2,7 -3,7

0,020 Máx.

0,010 Máx.

0,25 Máx.

0,45 - 0,55

__ Bal.

Os resultados das análises químicas obtidos no LAMAT, para maioria dos

elementos químicos presentes nos aços, estão em conformidade com as

concentrações determinadas pelas normas técnicas ASTM. Nessas análises foram

encontradas pequenas diferenças, da ordem de milésimos, para o teor de fósforo

nos aços ASTM F138 e ASTM F1586 e para o teor de enxofre do ASTM F2581.

Essas pequenas distinções em relação às composições químicas normatizadas

estão em conformidade com as tolerâncias descritas nas normas técnicas ASTM

F138 e ASTM F1586.

A partir desse ponto as composições químicas obtidas no LAMAT serão

utilizadas como referência nesse trabalho.

4.1.2- Relação entre composição química e Microestrutura

Em conformidade com os conceitos apresentados na seção 2.8, a

microestrutura dos aços inoxidáveis após solidificação está intimamente relacionada

com a quantidade de elementos de liga presente nesses aços (PADILHA;

GUEDES,1994). Os diagramas de fases tipo Schaeffler são utilizados para estimar a

microestrutura dos aços inoxidáveis a partir da composição química, nesses

diagramas os elementos que possuem efeito ferritizante são utilizados no cálculo do

cromo equivalente (Creq), e os que têm efeito austenitizante são empregados no

cálculo do níquel equivalente (Nieq), de acordo com as equações 4.1 e 4.2

(LLEWELLYN e HUDD, 2004; BHADESHIA e HONEYCOMBE, 2006):

%Creq = %Cr + 2,0% Si +1,5% Mo + 5%V +5,5%Al +1,75.%Nb + 1,5%Ti + 0,75%W - (4.1) %Nieq = %Ni + %Co + 0,5.% Mn + 0,3%Cu + 25%N + 30%C - (4.2)

55

A Tabela 4.4 apresenta os valores do Creq e Nieq calculados a partir das equações

4.1 e 4.2 para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581. Na referida tabela são

apresentados os valores de Creq /Nieq, esses sugerem que a solidificação desses aços

teve a austenita como fase primária durante o processo de solidificação, de acordo

com o modo I da seção 2.8 (PADILHA E GUEDES, 1994), isto é:

I - Líquido Líquido + γ (austenita) γ (austenita)

Tabela 4.4 - Valores do Creq e Nieq calculados a partir das equações 4.1 e 4.2 para

os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581.

Aços Creq Nieq Creq /Nieq

ASTM F138 22,14 17,18 1,28

ASTM F1586 25,15 21,82 1,15

ASTM F2581 22,13 23,18 0,95

A Figura 4.1 mostra o diagrama de Schaeffler com a localização dos aços

ASTM F138 (A), ASTM F1586 (B) e ASTM F2581 (C). Nesse diagrama verifica-se

que os aços estão localizados no campo austenítico, diante desse fato pode-se

sugerir que as microestruturas desses aços sejam formadas completamente por

austenita sem a presença de ferrita delta (δ).

Figura 4.1 - Diagrama de Schaeffler modificado para aços inoxidáveis (LLEWELLYN e HUDD, 2004; BHADESHIA e HONEYCOMBE, 2006)

B C

A

56

4.2- Caracterização Microestrutural

Os aços inoxidáveis austeníticos ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581

foram caracterizados através das técnicas de microscopia ótica, microscopia

eletrônica de varredura e difração de raios-X.

4.2.1- Microscopia Ótica

O microscópio ótico foi utilizado na identificação da microestrutura presente nas

seções transversais dos aços inoxidáveis austeníticos e sua conformidade com

normas que qualificam esses materiais para uso como biomateriais.

As normas ASTM F138-08, ASTM F1586-08 e ASTM F2581-07 estabelecem

os requisitos para utilização desses aços como biomateriais, esses documentos

determinam que a microestrutura dos aços austeníticos deva ser completamente

austenítica, isenta de ferrita delta e outras fases.

As Figuras 4.2 e 4 3 mostram micrografias óticas dos aços ASTM F138 e

ASTM F1586, após o ataque eletrolítico com ácido oxálico a 10% a 12 V por 5

segundos na condição solubilizada, com aumentos de 200X (a), 400 (b) e 800X (c).

Nessas micrografias verifica-se a presença de grãos com contornos bem delineados

e com presença de maclas, característicos da fase austenítica, sem a presença de

encruamento. Nesses aços não foram identificadas a presença de carbonetos e

outras fases. O aço ASTM F138 tem característica principal elevado teor de níquel,

elemento que atua como estabilizador da fase austenítica (ROACH, et al., 2013).

57

(a)

(b)

Figura 4.2 - Microestruturas do aço ASTM F138 solubilizado, analisadas por

microscopia ótica das seções transversais, após ataque eletrolítico

com ácido oxálico 10%, revelando os contornos de grão e de macla,

200X(a) e 400X (b).

O aço ASTM F1586, possui composição química diferenciada em relação ao ASTM

F138, com menor teor de níquel e maior quantidade de manganês, bem como

adição nitrogênio intersticial, a presença desses elementos têm como objetivo elevar

a resistência à corrosão e estabilizar a microestrutura austenítica.

58

(a)

(b)

Figura 4.3 - Microestruturas do aço ASTM F1586 solubilizado, analisadas por

microscopia ótica das seções transversais, após ataque eletrolítico

com ácido oxálico 10%, revelando os contornos de grão e de macla,

200X(a) e 400X (b).

59

A Figura 4.4 mostras as micrografias óticas do aço ASTM F2581, após ataque

eletrolítico idêntico ao utilizado no F138 e F1586, com aumentos de 200X (a) e 400X

(b). Nessas micrografias verifica-se que os contornos de grão e de macla estão bem

definidos, revelando a microestrutura austenítica, sem a presença de carbonetos e

outras fases.

O aço ASTM F2581 tem como característica principal a presença de teores

elevados de manganês e nitrogênio, que em conjunto atuam como fortes

estabilizadores da microestrutura austenítica, em substituição ao níquel. A presença

de nitrogênio além dessa característica eleva a resistência à corrosão por pites,

frestas, intergranular e à corrosão sob tensão devido à formação de filmes mais

estáveis (TALHA, et al., 2013). A atividade do carbono nos aços com cromo está

ligada aos teores de nitrogênio e níquel, os elevados teores de níquel e baixo de

nitrogênio favorece a formação de carbonetos. No intuito de reduzir a formação de

carbonetos, e por consequência a sensitização, o teor de níquel é muito pequeno

nesse material (THOMANN; UGGOWITZER, 2000). Por outro lado, teor de

nitrogênio, acima de 0,9% favorece a formação de nitretos (Cr2N) e porosidades,

reduzindo a quantidade de cromo na matriz, ocasionando corrosão localizada e

perda de ductilidade. No aço ASTM F2581, os teores de manganês e molibdênio são

superiores ao dos aços ASTM F138 e ASTM F1586, que em conjunto com o elevado

teor de nitrogênio atua como fortes estabilizares da austenita, promovendo

melhorias na resistência ao impacto, tenacidade à fratura e resistência corrosão.

Além dessas características o nitrogênio inibe a formação da ferrita delta, que tem

efeitos negativos na resistência à corrosão e nas propriedades mecânicas. A

solubilidade do nitrogênio nos aços alto nitrogênio (ASTM F2581) é determinada

pela composição química, tendo efeitos favoráveis nesse mecanismo o aumento nos

teores de manganês e molibdênio, aliado à redução nos teores de níquel e carbono

(HANNINEN, 2001; THOMANN; UGGOWITZER, 2000; ROFFEY, 2012; TALHA, et

al., 2013).

60

(a)

(b)

Figura 4.4 - Microestruturas do aço ASTM F2581 solubilizado, analisadas por

microscopia ótica das seções transversais, após ataque eletrolítico

com ácido oxálico, revelando os contornos de grão e de macla,

100X(a) e 200X (b).

O tamanho de grão dos aços foi determinado em conformidade com a norma

ASTM E 112-10, utilizando-se o método dos interceptos. Os ensaios foram

realizados dez vezes para cada material. Os resultados indicam que os aços ASTM

61

F138 e ASTM F1586 têm tamanho de grão menor do que o ASTM F2581, a Tabela

4.5 mostra os resultados dos tamanhos de grão para aços estudados. O valor do

tamanho de grão (G) determinado permite calcular a quantidade de grãos por

polegadas quadrada a partir da seguinte expressão:

N = 2G - 1 - (4.1)

Onde N representa o número de grãos médios por polegada quadrada (ASTM E

112-10; CALLISTER, 2000).

Tabela 4.5 - Tamanho médio de grão dos aços: ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM

F2581.

Material Tamanho Médio do Grão - ASTM (G) Desvio Padrão

ASTM F138 10,7 0,1

ASTM F1586 8,9 0,3

ASTM F2581 5,4 0,1

4.2.2- Microscopia Eletrônica de Varredura

O microscópio eletrônico de varredura foi utilizado para complementar a análise

microestrutural dos aços ASTM F138, VI 5832-9 e ASTM F2581 devido à sua maior

resolução em relação ao microscópio ótico.

A Figura 4.5 mostra as micrografias do aço ASTM F138 reveladas pelo ataque

eletrolítico com ácido oxálico 10%, obtidas por microscopia eletrônica de varredura.

62

Figura 4.5 - Micrografias de elétrons secundários do aço inoxidáveis ASTM F138. Ataque eletrolítico com ácido oxálico a 10%.

63

A Figura 4.6 mostra as micrografias do aço ASTM F1586 reveladas pelo

ataque eletrolítico com ácido oxálico 10%, obtidas por microscopia eletrônica de

varredura.

Figura 4.6 - Micrografias de elétrons secundários do aço inoxidáveis ASTM F1586. Ataque eletrolítico com ácido oxálico a 10%.

64

A Figura 4.7 mostra as micrografias do aço ASTM F2581 reveladas pelo

ataque eletrolítico com ácido oxálico 10%, obtidas por microscopia eletrônica de

varredura.

Figura 4.7 - Micrografias de elétrons secundários do aço inoxidáveis ASTM F2581. Ataque eletrolítico com ácido oxálico a 10%.

65

As micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura, revelam os grãos

com contornos grãos e maclas nítidos, confirmando a microestrutura austenítica sem

presença de partículas de precipitados e outras fases, para os três aços

austeníticos. Esses resultados estão em conformidade com resultados encontrados

na seção 4.1.2, onde se verificou que a microestrutura dos aços é completamente

austenítica, obtida a partir dos valores encontrados para o Creq e Nieq, mostrados na

Tabela 4.4.

4.2.3- Análises por Difração de Raios-X

As análises por difração de raios-X foram realizadas nas seções transversais

das amostras, sendo essas idênticas às utilizadas nos ensaios eletroquímicos. Esse

procedimento teve como finalidade ratificar a microestrutura austenítica, constatada

por microscopia ótica e eletrônica de varredura, bem como detectar a presença de

outras fases que não foram visualizadas por essas técnicas. Os resultados

apresentados na Figura 4.8 mostram somente picos da microestrutura austenítica,

não apresentando fases magnéticas como: ferrita delta, martensita induzida por

deformação. Os espectros foram comparados com as fichas do JCPDS -

International Centre for Difrraction com a finalidade de indexar os resultados. Nessa

análise constatou a ausência da ferrita delta nos três aços, visto que não

encontrados os picos difração 2θ 43,49, 2θ 63,20 e 2θ 79,85 relativos à essa

fase.

Em conformidade com a literatura (KURODA, et al., 2002; BUHAGIAR, et al.,

2010; REN, et al., 2011; SUMITA, et al., 2004; SALAHINEJAD, et al., 2013)., as

fases intermetálicas tais como Laves, sigma, Chi não foram identificadas Nota-se

que o pico de maior intensidade representa o plano cristalino (111), plano de maior

densidade da estrutura austenítica. Esses resultados confirmam a estrutura

completamente austenítica dos três aços, com orientação preferencial para os

planos (111), ratificando as características microestruturais encontradas nas

análises por microscopia ótica e eletrônica de varredura.

66

(a)

(b)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

25 35 45 55 65 75 85 95 105 115

Inte

nsi

dad

e (

ua)

Ângulo 2θ

Aço ASTM F138

0

100

200

300

400

500

25 35 45 55 65 75 85 95 105 115

Inte

nsi

dad

e (

ua)

Ângulo 2θ

Aço ASTM F1586

γ (111)

γ (220)

γ (111)

γ (200)

γ (220)

γ (311) γ (222)

γ (311)

γ (222)

γ (400)

γ (400)

γ (200)

67

(c)

Figura 4.8- Difratogramas das amostras dos aços ASTM F138 (a); ASTM F1586 (b) e ASTM F2581 (c), com identificação dos picos da fase.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

25 35 45 55 65 75 85 95 105 115

Inte

nsi

dad

e (

ua)

Ângulo 2θ

Aço ASTM F2581

γ (111)

γ (200) γ (220) γ (311)

γ (222)

γ (400)

68

4.2.4- Análises por Espectroscopia de Energia Dispersiva

O resultado do mapeamento por EDS do aço ASTM F138 sem passar por

ensaios eletroquímicos são apresentados na Figura 4.9 (a) a (d), verifica-se que a

superfície possui boa homogeneidade em relação aos elementos químicos cromo,

níquel e molibdênio. Esses resultados revelaram que a composição química do

ASTM F138 apresenta homogeneidade em relação aos elementos integrantes do

PREN (pitting resistance equivalent number). A grandeza PREN representa a

resistência à corrosão por pites dos aços, conforme Equações 2.9 e 2.10, de acordo

com esses resultados pode-se sugerir que o aço ASTM F138 possui resistência à

corrosão uniforme na superfície.

(a)

(b)

(c)

(d)

Figura 4.9 - Mapeamento por espectroscopia de energia dispersiva do aço

inoxidável austenítico ASTM F138; Cr (a), Mo (b), Ni (c) e todos os

elementos (d).

69

O resultado do mapeamento por EDS do aço ASTM F1586 sem passar por

ensaios eletroquímicos são apresentados na Figura 4.10 (a) a (f), verifica-se que a

superfície possui boa homogeneidade em relação aos elementos químicos cromo,

níquel, molibdênio, nióbio e nitrogênio. Esse aço possui maior teor de nióbio em

relação ao ASTM F138 e ASTM F2581, a adição desse elemento atua de forma

benéfica na presença de molibdênio e nitrogênio, aumentando o potencial de pite do

material (TAVEIRA, et al., 2010). Esses resultados revelaram que a composição

química do ASTM F1586 encontra-se com distribuição superficial homogênea em

relação aos elementos do PREN (pitting resistance equivalent number), conforme

equações 2.9 e 2.10, o que sugere que o aço ASTM F1586 possui resistência a

corrosão por pites uniforme na superfície.

(a)

(b)

(c)

(d)

70

(e)

(f)

Figura 4.10 - Mapeamento por espectroscopia de energia dispersiva do aço

inoxidável austenítico ASTM F1586; Cr (a), Mo (b), Ni (c), Nb (d), N

(e) e todos elementos (f).

O resultado do mapeamento por EDS do aço ASTM F2581 sem passar por

ensaios eletroquímicos são apresentados na Figura 4.11 (a) a (d), verifica-se que a

superfície possui boa homogeneidade em relação aos elementos químicos cromo,

molibdênio e nitrogênio. Esse aço possui maior teor de nitrogênio em relação ao

ASTM F138 e ASTM F1586, a adição desse elemento atua de forma favorável,

aumentando a resistência à corrosão (TALHA, et al., 2013). Os resultados revelaram

que a composição química do ASTM F2581 encontra-se com distribuição superficial

homogênea em relação aos elementos do PREN (pitting resistance equivalent

number), conforme equações 2.9 e 2.10, o que sugere que o aço ASTM F2581

possui resistência a corrosão por pites uniforme na superfície.

71

(a)

(b)

(c)

(d)

Figura 4.11 - Mapeamento por espectroscopia de energia dispersiva do aço

inoxidável austenítico ASTM F2581; Cr (a), Mo (b), N (c) e todos os

elementos (d).

4.2.5- Ensaios de Microdureza Vickers

Os ensaios de microdureza Vickers foram realizados com a finalidade de

verificar as propriedades mecânicas dos aços. As medidas foram levantadas nas

seções transversais das amostras com carga igual a 0,49 N por 30 segundos, para

cada aço foram realizadas trinta identações. O aço ASTM F2581 apresentou os

maiores valores de microdureza, em função do elevado teor de nitrogênio intersticial

72

na austenita, a presença desse elemento promove ganhos significativos nas

propriedades mecânicas e de corrosão desse material (HANNINEN, 2001; TALHA,

et al., 2013; LÓPEZ et al.; 2011). Os resultados obtidos nesses ensaios estão

apresentados na Tabela 4.6.

Tabela 4.6 - Resultados do ensaio de microdureza Vickers para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581.

Material HV (0,49N)

ASTM F138 180 ± 10

ASTM F1586 200 ± 12

ASTM F2581 290 ± 8

Os resultados do ensaios de microdureza para o aço ASTM F2581 são

semelhantes aos determinados por LÓPES et. al (2011) que trabalhou com aços

304L nitretados. Os autores atribuem esse desempenho devido ao efeito benéfico do

nitrogênio em reduzir a energia de falha de empilhamento (SFE - stacking fault

energy), melhorando as propriedades mecânicas desses aços.

4.3- Caracterização do Comportamento Eletroquímico dos Aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581

4.3.1- Ensaios Eletroquímicos de Polarização Anódica em Solução SBF.

A Figura 4.12 apresenta a curva de potencial em circuito aberto em função do

tempo para o aço ASTM F2581 após uma hora de imersão na solução SBF. Nessa

solução o filme passivo apresentou instabilidade durante esse período de tempo,

visto que ocorreram muitas oscilações no potencial, esse resultado sugere a

presença de porosidades na camada mais externa do filme conjugada com a

camada interna menos compacta. Após uma hora de imersão, o filme passivo do

aço ASTM F2581 apresentou característica protetivas, sugerindo que no decorrer do

tempo sua espessura aumenta e as porosidades superficiais diminuem. Na Figura

4.12, as setas indicam o potencial de imersão (- 0,24582 V) e o potencial após

73

3600s, verifica-se que o potencial evolui para valores positivos (- 0,2261 V),

tornando o filme mais anódico com características mais protetivas.

Figura 4.12 - Curva de estabilização do potencial de corrosão do aço inoxidável

austenítico ASTM F2581 em solução SBF, naturalmente areada,

antes do ensaio de polarização.

A Figura 4.13 apresenta a curva de potencial em circuito aberto (OCP) em

função do tempo para o aço ASTM F1586 após uma hora de imersão na solução

SBF. Nessa solução o filme passivo mostrou-se menos instável, pois apresentou

menores oscilações no potencial, o filme do F1586 apresentou melhores

característica protetivas em relação ao do ASTM F2581, sugerindo a formação mais

estável da camada interna mais compacta, bem como menor número de

porosidades na camada externa do filme, indicando ação efetiva dos elementos

cromo, níquel, molibdênio, nióbio e nitrogênio na formação e estabilização do filme

passivo. Na Figura 4.13, as setas indicam o ao potencial de imersão (- 0,22418 V) e

o potencial após uma hora de imersão (- 0,18338 V), verifica-se que o potencial do

aço VI 58329 atinge valores mais nobres, tornando o filme mais protetor.

74

Figura 4.13 - Curva de estabilização do potencial de corrosão do aço inoxidável

austenítico ASTM F1586 em solução SBF, naturalmente areada,

antes do ensaio de polarização.

A Figura 4.14 mostra a curva de potencial em circuito aberto em função do

tempo para o aço ASTM F138 após uma hora de imersão na solução SBF. Nessa

solução durante esse período de tempo ocorreram grandes oscilações no potencial,

sugerindo instabilidade durante sua formação do filme passivo do F 138, esse

resultado sugere instabilidade durante a formação do filme, provavelmente devido a

quebra e repassivação do filme. Após o intervalo de tempo, o filme passivo do aço

ASTM F138, apresenta característica protetivas, visto que ficou mais anódico,

sugerindo que no decorrer do tempo as porosidades superficiais reduzem e a

camada interna torna-se mais compacta. Na Figura 4.14, as setas mostram o

potencial de imersão (- 0,20563 V) e o potencial após uma hora (- 0,21997 V). Esses

resultados, sugerem que na condição de potencial de circuito aberto, o filme do F138

tem melhores características protetivas em relação ao do aço ASTM F2581 e

inferiores ao do ASTM F1586.

75

Figura 4.14 - Curva de estabilização do potencial de corrosão do aço inoxidável

austenítico ASTM F138 em solução SBF, naturalmente areada, antes

do ensaio de polarização.

A Figura 4.15 apresenta três curvas de polarização anódica do aço inoxidável

austenítico ASTM F2581. Essas curvas foram obtidas em solução simuladora de

fluidos corporais (SBF) à temperatura de 37 + 2ºC na condição naturalmente aerada.

Analisando essas curvas verifica-se que o aço passivou devido à aplicação de

potenciais anódicos. Nessa condição seu domínio de passivação médio foi da ordem

de 1190 mV e densidade de corrente nessa região em torno de 1,2 x 10-6, mostrados

na Tabela 4.7. Esses resultados sugerem que nessa solução, a partir do potencial

de circuito aberto (OCP), forma-se na superfície do aço ASTM F2581 uma camada

passiva muito resistente , sendo competente para suportar sobretensões sem atingir

densidade de corrente igual a 102 μA/cm2. Na literatura, esse valor é definido como

referência para determinar o potencial de pite, nesse potencial ocorre a quebra da

passividade do aço, em razão da nucleação e propagação estável de um ou mais

pites de corrosão (QVARFORT, 1989; MUÑOZ, et al.,2007; EBRAHIMI, et al.,

2012). Na Figura 4.15 a seta a 0,32 V indica o potencial de elevação da densidade

de correte (potencial de pico), logo em seguida ocorre a repassivação do material.

76

Após a repassivação o material suporta sobretensões até 1,012 V (indicado por

seta) com baixos valores para a densidade de corrente, em torno de 2 x 10 mA/cm2.

Após esse potencial, ocorre elevação na densidade de corrente, sugerindo

instabilidade do filme passivo, possivelmente pela quebra da camada superficial do

filme.

Figura 4.15 - Curvas de polarização anódica em solução SBF naturalmente aerada,

obtidas para três amostras do aço ASTM F2581.

A Figura 4.16 apresenta três curvas de polarização anódica do aço inoxidável

austenítico ASTM F1586. Essas curvas foram obtidas em solução simuladora de

fluidos corporais (SBF) à temperatura de 37 + 2ºC na condição naturalmente aerada.

Analisando essas curvas verifica-se que o aço passivou em função da aplicação de

potenciais mais anódicos. Nessa condição seu domínio de passivação médio foi da

ordem de 1140 mV e densidade de corrente nessa região em torno de 1,2 x 10-6,

mostrados na Tabela 4.7. Essas curvas têm características muito semelhantes às do

aço ASTM F2581, sugerindo comportamento similar em SBF a partir do OCP. As

curvas de polarização do ASTM F1586 sugerem a formação de uma camada

77

passiva competente a partir do OCP, capaz de suportar sobretensões próximas a 1

V. Na Figura 4.16, a seta no potencial de elevação 0,32 (potencial de pico), com

elevação da densidade de corrente seguido de repassivação. A seta indicativa no

potencial de 1.01 V representa o potencial de elevação da corrente sem

repassivação, o que sugere instabilidade do filme passivo, possivelmente pela da

camada mais externa do filme passivo. A seta posicionada no potencial de 0,05188

V indica o local onde inicia os picos na densidade de corrente com repassivações.

Figura 4.16 - Curvas de polarização anódica em solução SBF naturalmente aerada,

obtidas para três amostras do aço ASTM F1586.

A Figura 4.17 apresenta três curvas de polarização anódica do aço inoxidável

austenítico ASTM F138, levantadas nas mesmas condições dos aços ASTM 2581 e

ASTM F1586. Analisando essas curvas verifica-se que o aço passivou à medida

que foram aplicados potenciais mais anódicos. Nessas curvas, verificou-se que o

domínio de passivação médio do ASTM F138 foi da ordem de 818 mV e densidade

de corrente nessa região em torno de 1,2 x 10-6, apresentados na Tabela 4.7. Essas

curvas têm características semelhantes às dos outros aços (ASTM F 2581 e ASTM F

78

1586), porém tem como principal distinção o potencial de elevação da corrente, em

torno de 600 mV. A partir desse valor a densidade de correte sobe rapidamente e

atinge o valor de 102 μA/cm2, indicado na Figura 4.17 pela seta em 0,60898 V. A

seta no potencial de - 0,02 V indica potencial de elevação (potencial de pico) na

densidade de corrente, com posterior repassivação para a amostra 01 do ASTM

F138.

Figura 4.17 - Curvas de polarização anódica em solução SBF naturalmente aerada,

obtidas para três amostras do aço ASTM F138.

De acordo com a Tabela 4.7, pode–se observar que o aço ASTM F2581

apresentou o maior domínio de passivação em relação aos ASTM F1586 e ASTM

F138. O menor domínio de passivação foi do aço ASTM F138 o que demonstra ser o

material mais suscetível à corrosão por pites na solução SBF.

79

Tabela 4.7 - Resultados das polarizações anódicas dos aços ASTM F2581,

ASTMF1586 e ASTM F138, em solução SBF, naturalmente aerada a

37 + 2 ºC.

Aços pH Ecor (V)

(ECS)

Epite

(ECS)

Domínio de

Passivação

Epite - Ecorr (mV)

j(A/cm2)

50mV acima Ecor

j(A/cm2)

100mV

acima Ecor

ASTM F2581

ASTM F2581 - A1 7,2 - 0.215 0,988 1.203 1,206 E-7 4,214 E-8

ASTM F2581 - A2 7,2 - 0.226 0,967 1193 1,773 E-8 5,862 E-8

ASTM F2581 - A3 7,2 -0.227 0,951 1178 3,152 E-8 5,581 E-8

Média 7,2 -0,222 0,968 1190 5,661 E-8 5,219 E-8

ASTM F1586

ASTM F1586 - A1 7,2 - 0.183 0,949 1132 6,591 E-8 2,497 E-7

ASTM F1586 - A2 7,2 - 0.180 0,963 1143 4, 971 E-8 1,705 E-7

ASTM F1586 - A3 7,2 -0.194 0,954 1148 6, 543 E-8 1,611 E-7

Média 7,2 -0,185 0,955 1140 6,035 E-8 1,937 E-7

ASTM F138

ASTM F138 - A1 7,2 - 0.200 0,661 861 1,330 E-7 3,793 E-7

ASTM F138 - A2 7,2 - 0.187 0,583 770 4, 269 E-7 4,957 E-7

ASTM F138 - A3 7,2 -0.206 0,620 826 2, 942 E-7 4,041 E-7

Média 7,2 -0,197 0,621 818 2,847 E-7 4,263 E-7

O potencial de corrosão dos três aços ficou próximo, apresentando uma

variação entre - 0,222 a - 0,185 V (ECS). De acordo com Giordani (GIORDANI et

al., 2007), o comportamento eletroquímico apresentado pelo aço ASTM F138 no

ensaio de polarização cíclica potenciodinâmica foi típico de materiais que

apresentam potencial crítico de pite bem definido Ec = 568 ± 15 mV (ECS), sendo

similar ao obtido neste trabalho, apresentado na Tabela 4.7.

Todos os três aços testados apresentaram processo de passivação na solução

SBF, ou seja, é observada uma região passiva que se estende desde o potencial de

circuito aberto (OCP) até o potencial de pite (Epite).

Foram observados domínios de passivação distintos para os três aços, num

intervalo entre 818 a 1190 mV. No potencial de 100 mV, as densidades de corrente

80

foram da ordem de 4,2 x 10-8, 1,6 x 10-7 e 3,7 x 10-7, respetivamente para os aços

P558, ASTM F1586 e ASTM F138.

O valor médio Epite para os aços foi igual a 0,968 V (ECS). Na região de

passivação ocorreu uma pequena instabilidade com elevação da densidade de

corrente, que surgiu nos potenciais (pico) iguais a 0,32, 0,05 e -0,02 V (ECS),

respetivamente para os ASTM F2581, ASTM F1586 e ASTM F138, conforme pode

ser visto nas Figuras 4.15, 416 e 4.17. Esses resultados representam dissolução dos

filmes passivos seguido do reestabelecimento (repassivação), esse fenômeno

sugere que nessa condição os filmes passivos formados tinham menor espessura ou

porosidades, tornando-os incapazes de resistir a sobretensão.

O aço ASTM F 2581 apresentou o melhor resultado em relação à resistência a

corrosão nessa solução. Sendo de pior desempenho o aço ASTM F138. De acordo

com a Tabela 4.7, pode-se notar que as densidades de corrente anódica a 50 mV e

100m V (ECS), acima do potencial de corrosão foram menores para o aço P558.

As curvas de polarização anódica dos aços ASTM F138, ASTM F1586 e

ASTM F2581, imersos em solução de SBF, naturalmente aerada, a 37 + 20C estão

apresentadas na Figura 4.18. As curvas em função da sobretensão são

apresentadas, visando melhor comparação entre os três aços inoxidáveis

austeníticos. Essas curvas foram levantadas pelo menos três vezes, com velocidade

de varredura de 0,333 mV/s. Nesses ensaios os aços passivaram de à medida que

foram aplicados potenciais mais anódicos, os valores de Ecorr encontrados

apresentaram valores distintos: EASTM F1586 > EASTM F138 > EASTM 2581, conforme os

resultados estão apresentados na Tabela 4.7. As setas no potencial de 0,223 V e

1.05 são indicativas do potencial de pico e do potencial de elevação da densidade

de corrente para o aço ASTM F2581. Em potenciais anódicos superiores a 0,223V

ocorre a repassivação da camada passiva, ao contrário do potencial de 1.05 V. O

potencial de 0,6 V, mostrado por seta verde, indica o potencial onde a densidade de

corrente eleva-se rapidamente para o aço ASTM F138 até atingir o potencial de pite,

onde a densidade de corrente igual a 102 μA/cm2.

81

Figura 4.18 - Curvas de polarização anódica em solução SBF, naturalmente aerada,

obtidas para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581.

Os três aços a partir dos potenciais de pico até o potencial de

transpassivação apresentam uma região de grande estabilidade, sugerindo

passivação secundária com maior resistência do filme passivo, com densidades de

corrente da ordem de 1,6 μA/cm2, esses resultados demonstram que materiais

passivaram nessa região (LÓPEZ, et al. 2011). Os domínios de passivação

apresentados na Tabela 4.7 mostram que aços ASTM F2581 e ASTM F1586

apresentaram os maiores domínios, isto é uma ampla faixa passiva, em torno de

1000 mV, nessa região os valores da densidade de corrente foram baixas para as

sobretensões. Por outro lado, o aço ASTM F138 apresentou a menor faixa de

passivação (800 mV), e a partir de 6 V a densidade de corrente sob rapidamente e

atinge o valor de 102 μA/cm2.

Esses resultados indicam que o aço ASTM F2581, com composição química

diferenciada, tendo menor teor de cromo, isento de níquel e com maiores teores de

nitrogênio e molibdênio proporcionou a formação de filmes passivos mais resistentes

82

ao processo corrosivo por pites. Esses filmes foram capazes de suportar uma tensão

máxima aproximada de 1000 mV.

A resistência dos aços inoxidáveis austeníticos com elevado teor de

nitrogênio à corrosão por pite, a exemplo o ASTM F2581, está vinculada à redução

do pH na interface filme passivo - solução, por meio da formação de amônio NH4+,

que atua favorecendo a repassivação (OLEFJORD; WEGRELIUS, 1996; TALHA, et

al., 2013). O mecanismo que descreve a resistência à corrosão por pites nesses

materiais possui as seguintes etapas:

1- Consumo de H+ pelo nitrogênio dissolvido no pite, formando amônio e

tornando a solução menos agressiva, reduzindo o pH. Esse efeito torna-se

mais efetivo com aumento teor de nitrogênio na presença de molibdênio;

N(aço) + 4H+(aq) + 3e- NH4

+(aq);

2- A interface substrato-filme passivo fica enriquecida de nitrogênio durante a

passivação, o que previne o ataque por ânions, sugerindo a formação de uma

camada protetiva estável com cromo e molibdênio, rica em (Ni2Mo3N);

3- O nitrogênio incorpora-se no filme passivo formando uma densa camada de

nitratos (NO2-, NO3-), promovendo o aumento da estabilidade do filme

passivo. Nessa condição pode estar envolvida a interação entre Cr, Mo e N;

4- A ação repulsiva do nitrogênio carregado negativamente (N-δ) aos íons Cl-, e

outros íons prejudiciais que ficam acumulados na camada passiva. A repulsão

Cl- favorece a repassivação dos pites (NEWMAN; SHAHRABI, 1987; TSAI, et

al., 1993; OLEFJORD; AZUMA, 1996; WEGRELIUS, 1996; GRABKE, 1996;

JARGELIUS-PETTERSSON, 1999; MORI; BAUERNFEIND, 2004; LI, et al.,

2009; LO, et al., 2009; LEE; YOON, 2010; LÓPES et al. 2011; TALHA, et al.,

2013).

Lee e Yoon (2010) afirmam que o aumento no teor de nitrogênio promove a

formação do filme passivo com elevado teor de cromo, mais estável, dotado de

poucos defeitos e com elevado o potencial de pite, promovendo maior resistência à

corrosão. Esses efeitos benéficos do nitrogênio foram verificados nos ensaios de

polarização dos aços ASTM F1586 e ASTM F2581, pois em toda extensão da região

83

do domínio de passivação as densidades de corrente foram da ordem de μA/cm2 e

os potenciais de transpassivação encontrados foram da ordem de 1000 mV (LO, et

al., 2009). Em particular para o ASTM F2581, em função do teor superior de

nitrogênio, ocorre maior formação de amônio e reduz o pH das solução, sugerindo a

formação de filmes passivos mais eficazes em meios biológicos devido à redução do

pH.

Na quantificação da resistência à corrosão dos aços inoxidáveis, utiliza-se

frequentemente o valor do PREN (pitting resistance equivalent number), a seguir as

fórmulas empíricas largamente utilizadas (THOMANN; UGGOWITZER, 2000; REN,

et al., 2011; MORI; BAUERNFEIND, 2004; LI, et al., 2009):

PREN20N = Cr + 3,3 Mo + (20-27) N

PREN30N = Cr + 3,3 Mo + 30 N

Os valores PREN30N determinados para os aços são mostrados na Tabela

4.8, verifica-se que o ASTM F2581 obteve valor superior aos aços ASTM F138 e

ASTM F1586. A partir desse resultado, verifica-se a importante função dos

elementos cromo, molibdênio e nitrogênio na resistência à corrosão dos aços

inoxidáveis. Em relação ao desempenho eletroquímico obtidos nos ensaios de

polarização anódica em SBF, mostrados na Figura 4.18, o aço ASTM F2581

comportou-se de forma semelhante ao ASTM F1586 até o potencial de 900 mV.

Acima desse potencial, o ASTM F2581 apresentou desempenho ligeiramente

superior, pois à medida que o potencial aumenta sua densidade de corrente

manteve-se num patamar inferior ao ASTM F1586.

Tabela 4.8- Composição química e PREN dos aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581.

Material Cr Mo N PREN30N

ASTM F138 17,4900 2,6400 0,0770 28,3

ASTM F1586 20,3800 2,3600 0,3450 38,4

ASTM F2581 16,7100 3,0200 0,5300 42,7

84

4.3.2- Ensaios Eletroquímicos de Polarização Anódica em Solução NaCl 0,9%

A curva de potencial em circuito aberto (OCP) em função do tempo para o aço

ASTM F2581 após uma hora de imersão na solução NaCl 0,9%, está representada

na Figura 4.19. Nessa solução o filme passivo apresentou menores oscilações no

potencial durante esse período de tempo, esse resultado sugere a existência de

menores porosidades na camada externa do filme conjugada com a camada interna

mais compacta. Após uma hora de imersão, o filme passivo do aço ASTM F2581

apresentou característica anódicas, sugerindo que no decorrer do tempo o filme

passivo atingiu melhores propriedades na camada interna e externa. Na Figura 4.19,

as setas indicam o potencial de imersão (- 0,23166 V) e o potencial após 3600s,

verifica-se que o potencial evolui para valores positivos (- 0,16162 V), tornando o

filme mais anódico com características mais protetivas em relação ao filme formado

na solução SBF.

Figura 4.19 - Curva de estabilização do potencial de corrosão do aço inoxidável

austenítico ASTM F2581 em solução NaCl 0,9%, naturalmente

areada, antes do ensaio de polarização.

85

A Figura 4.20 mostra a curva de potencial em circuito aberto (OCP) em função

do tempo para o aço ASTM F1586 imerso em NaCl 0,9% nas mesmas condições do

ASTM F2581. Nessa solução o filme passivo apresentou maiores oscilações no

potencial em relação ao formado em SBF. Após o período de uma hora, o filme

passivo apresentou desempenho semelhante ao do ASTM F2581, sugerindo a

formação mais estável da camada interna mais compacta, bem como menor número

de porosidades na camada externa do filme, indicando ação efetiva dos elementos

cromo, níquel, molibdênio, nióbio e nitrogênio na formação e estabilização do filme

passivo. As setas indicam o ao potencial de imersão (- 0,20123 V) e o potencial após

uma hora de imersão (- 0,1734 V), verifica-se que o potencial do aço ASTM F1586

atinge valores mais anódicos, próximo ao do aço ASTM F2581 (- 0,16162 V),

sugerindo a formação de filmes passivos com desempenho semelhante.

Figura 4.20 - Curva de estabilização do potencial de corrosão do aço inoxidável

austenítico ASTM F1586 em solução NaCl 0,9%, naturalmente

areada, antes do ensaio de polarização.

86

A Figura 4.21 mostra a curva de potencial em circuito aberto (OCP) do aço

ASTM F138 em função do tempo, após uma hora de imersão na solução NaCl 0,9%.

Nessa solução o filme passivo mais anódico em relação ao formado na solução

SBF, pois apresentou pequenas oscilações no potencial, esse resultado sugere a

presença de pequenas porosidades na camada mais externa do filme conjugada à

camada interna mais compacta. O filme passivo formado nessa solução apresentou

melhores característica protetivas, isto é mais anódicas, sugerindo que com o

decorrer do tempo o filme aumenta sua espessura e diminui as porosidades. . As

setas indicam o ao potencial de imersão (- 0,23453 V) e o potencial após uma hora

de imersão (- 0,15063 V), verifica-se que o potencial do aço ASTM F138 atinge

valores mais anódicos, próximo ao dos aços ASTM F2581 (- 0,16162 V) e ASTM

F1586 (- 0,1734 V), sugerindo a formação de filmes passivos com desempenho

semelhante nessa condição.

Figura 4.21 - Curva de estabilização do potencial de corrosão do aço inoxidável

austenítico ASTM F138 em solução NaCl 0,9%, naturalmente areada,

antes do ensaio de polarização.

87

A Figura 4.22 apresenta as curvas de polarização anódica do aço inoxidável

austenítico ASTM F2581, em função do potencial e da sobretensão. Essas curvas

foram obtidas em solução de NaCl 0,9% à temperatura de 37 + 2 ºC na condição

naturalmente aerada. Analisando essas curvas verifica-se que o aço passivou à

medida que os potenciais mais anódicos foram aplicados, com domínio de

passivação da ordem de 1080 mV e densidade de corrente nessa região em torno

de 1,66 x 10-6 μA/cm2. Esses resultados sugerem que nessa solução, a partir do

potencial de circuito aberto (OCP) até aproximadamente 1V, forma-se na superfície

do aço ASTM F2581 uma camada passiva muito resistente, sendo competente para

suportar sobretensões, sem aumento na densidade de corrente a ponto de atingir o

valor de 102 μA/cm2. A seta no potencial de 0,07 indica elevação na densidade de

corrente seguida de repassivação (potencial de pico), a partir desse potencial a

densidade de corrente mante-se praticamente constante até atingir o potencial de

0,954 V. A partir desse potencial a densidade de corrente eleva-se rapidamente,

sugerindo o surgimento de defeitos na camada passiva.

Figura 4.22 - Curvas de polarização anódica em solução NaCl 0,9% naturalmente

aerada, obtidas para três amostras do aço ASTM F2581.

88

A Figura 4.23 apresenta as curvas de polarização anódica do aço inoxidável

austenítico ASTM F1586, em função do potencial e da sobretensão, obtidas em

condições idênticas às dos aços ASTM F2581. Analisando essas curvas verifica-se

que o aço passivou com a aplicação de potenciais mais anódicos, com domínio de

passivação da ordem de 1140 mV e densidade de corrente nessa região em torno

de 1,7 x 10-6 μA/cm2. Esses resultados sugerem que nessa solução, a partir do

potencial de circuito aberto (OCP) até aproximadamente 1 V, forma-se na superfície

do aço ASTM F1586 uma camada passiva muito resistente, sendo competente para

suportar sobretensões, sem atingir densidade de corrente a ponto de atingir o valor

de 102 μA/cm2. O comportamento do ASTM F1586 foi semelhante ao do ASTM

F2581, o que sugere que as composições químicas dos dois aços são competentes

para formar filmes passivos resistentes nessa solução. A seta indicativa no potencial

de 0,07 mostra elevação na densidade de corrente seguida de repassivação

(potencial de pico), a partir desse potencial a densidade de corrente mante-se

praticamente constante até atingir o potencial de 0,961V. A partir desse potencial a

densidade de corrente eleva-se de rápida e contínua, sugerindo o surgimento de

defeitos filme passivo.

Figura 4.23 - Curvas de polarização anódica em solução NaCl 0,9% naturalmente

aerada, obtidas para três amostras do aço ASTM F1586.

89

A figura 4.24 apresenta as curvas de polarização anódica do aço inoxidável

austenítico ASTM F138, em função do potencial e da sobretensão. Essas curvas

foram obtidas em solução de NaCl 0,9% à temperatura de 37 + 2 ºC na condição

naturalmente aerada. Analisando essas curvas verifica-se que o aço passivou à

medida que foram aplicados potenciais mais anódicos. Nessa condição apresentou

domínio de passivação da ordem de 800 mV e densidade de corrente nessa região

em torno de 1,0 x 10-6 μA/cm2. Esses resultados sugerem que nessa solução, a

partir do potencial de circuito aberto (OCP) até aproximadamente 0,59 V (indicado

por seta), forma-se na superfície do aço ASTM F138 uma camada passiva

resistente, sendo competente para suportar sobretensões. Verifica-se que tensões

superiores a 0,59 V ocorrer elevação rápida na densidade de corrente até atingir

valores da ordem de 102 μA/cm2. Nesses ensaios, após o material atingir essa

densidade de corrente, a superfície das amostras apresentaram vários pites

profundos superfície e irregulares.

Figura 4.24 - Curvas de polarização anódica em solução NaCl 0,9% naturalmente

aeradas do aço ASTM F138.

90

As curvas de polarização anódica dos aços ASTM F138, ASTM F1586 e

ASTM F2581 são mostradas na Figura 4.25. Essas curvas foram levantadas pelo

menos três vezes, com velocidade de varredura de 0,333 mV/s. Nessa solução os

aços passivaram de forma espontânea e os valores de Ecorr encontrados são

distintos: EASTM F2581 > EASTM F138 > EASTM F1586, esses resultados são mostrados na

Tabela 4.9.

Analisando as curvas de polarização em solução de NaCl 0,9%, verifica-se a

presença de picos de elevação da densidade de corrente (potenciais de pico), nos

potenciais de 0,073, 0,07 e 0,04 V, para os aços ASTM F2581, ASTM F1586 e

ASTM F138, respectivamente. Esses resultados representam alterações no filme

passivo, sugerindo quebra do filme passivo devido a espessura insuficiente, capaz

de suportar a sobretensão. Os aços ASTM F1586 e ASTM F2581, a partir das

tensões de pico até cerca de 1000 mV, apresentam uma região de grande

estabilidade, com baixas densidade de corrente, da ordem de 1,6 μA/cm2, sugerindo

passivação secundária com maior resistência do filme passivo [LÓPES et al., 2011].

A partir do potencial de 1000 mV, os aços ASTM F1586 e ASTM F2581 apresentam

elevação rápida e continua da densidade de corrente com a sobretensão. Em

relação ao aço ASTM F138, a densidade de corrente permaneceu em torno de 1,6

μA/cm2 até o potencial de aproximadamente 600 mV, acima desse valor a densidade

de corrente eleva-se rapidamente e atinge o valor de 102 μA/cm2.

Na Figura 4.25 mostra que os aços apresentaram diferentes domínios de

passivação, da ordem de 1000 mV para o ASTM F1586 e ASTM F2581 e, para o

ASTM F138 de aproximadamente 800 mV, esses domínios mostraram que a região

passivada está bem definida, principal característica dos aços que sofrem

passivação. O aço ASTM F138 mostrou suscetibilidade à corrosão por pites na

superfície, após os ensaios de polarização as amostras apresentaram-se com pites

largos e profundosl. Os resultados mostraram uma grande variabilidade na

resistência à corrosão por pites entre os aços, principalmente para os com

nitrogênio, ASTM F2581 e ASTM F1586, que suportaram maiores potenciais sem a

presença de pites.

A relação N/Ni, maior que 3,46, indicativo de aço alto teor de nitrogênio e

baixo níquel. No caso específico do aço ASTM F2581 o valor de N/Ni = 21,2, indica

que esse material tem como característica a passivação em baixas correntes

91

(BAYOUMI; GHANEM, 2005). A resistência à corrosão desse tipo de aço está

vinculada ao elevado teor de nitrogênio, molibdênio e manganês.

As curvas de polarização, sugerem que a presença de teores mais elevados

de molibdênio e manganês no ASTM F2581 têm efeito benéfico na formação do

filme passivo, esse resultado pode estar relacionado à resistência que o molibdênio

promove em meios ativos, por meio da estabilização do o íon Fe3+ no filme passivo e

na formação filmes insolúveis de Cr (0H)3 e Fe2(MoO4)3 (FENG et al., 2010). As

setas no potencial de 0,07 V e 0,954 V indicam o potencial de pico e do potencial de

elevação da densidade de corrente para o aço ASTM F2581 respectivamente. Em

potenciais anódicos superiores a 0,07V ocorre o fenômeno da repassivação do filme

passivo, de forma distinta do potencial de 1.05 V onde a elevação na densidade de

corrente. O potencial de 0,590 V, mostrado por seta verde, indica o potencial de

aumento rápido na densidade de corrente para o aço ASTM F138, até atingir o

potencial de pite, aquele cuja densidade de corrente igual a 102 μA/cm2.

.

Figura 4.25 - Curvas de polarização anódica em solução NaCl 0,9%, naturalmente

aerada, obtidas para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM

F2581

92

Tabela 4.9 - Resultados das polarizações anódicas dos aços ASTM F2581, ASTM F1586 e ASTM F138, em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada a 37 + 2 ºC.

Aços pH Ecor (V)

(ECS)

Etrans (V)

(ECS)

Domínio de

Passivação

Epite - Ecorr (V)

j(A/cm2)

50mV acima Ecor

j(A/cm2)

100mV

acima Ecor

Aço ASTM F2581

ASTM F2581 - A1 8,4 - 0.162 0,920 1.082 2,103 E-7 2,880 E-7

ASTM F2581 - A2 8,4 - 0.153 0,925 1,078 2,145 E-7 2,860 E-7

ASTM F2581 - A3 8,4 -0.155 0,931 1,086 2,152 E-7 2,981 E-7

Média 8,4 -0,156 0,925 1,082 2,135 E-7 2,900 E-7

ASTM F1586

ASTM F1586- A1 8,4 - 0.163 0,894 1,057 1,181 E-7 2,497 E-7

ASTM F1586- A2 8,4 - 0.158 0,893 1,051 1,170 E-7 1,870 E-7

ASTM F1586- A3 8,4 -0.177 0,900 1,077 1,000 E-7 1,895 E-7

Média 8,4 -0,166 0,897 1,061 1,117 E-7 2,100 E-7

ASTM F138

ASTM F138- A1 8,4 - 0.175 0,571 0,765 1,800 E-7 2,893 E-7

ASTM F138- A2 8,4 - 0.151 0,583 0,730 1,909 E-7 2,957 E-7

ASTM F138- A3 8,4 -0.149 0,520 0,716 2,518 E-7 2,841 E-7

Média 8,4 -0,158 0,560 0,730 2,076 E-7 2,897 E-7

93

4.3.3 - Ensaios de Espectroscopia de Impedância Eletroquímica em Solução

SBF

No intuito de melhor caracterizar os processos envolvidos na formação do filme

passivo dos aços estudados foram empregadas medidas por espectroscopia de

impedância eletroquímica (EIE), no potencial de circuito aberto (OCP), os diagramas

de Nyquist e Bode são apresentados nas Figuras 4.26 e 4.27, respectivamente.

Os resultados dos ensaios por espectroscopia de impedância eletroquímica na

solução SBF são mostrados nas Figuras 4.26 e 4.27. A Figura 4.26 mostra os

diagramas de Nyquist, nas regiões de altas frequências as amostras apresentaram

comportamento similar, com valores das componentes real e imaginária da ordem de

kΩcm2. A partir das frequências intermediárias até as menores frequências, verifica-

se que os aços ASTM F1586 e ASTM F138 apresentaram maiores valores para Zreal

e Zimag, esse comportamento sugere que seu filme passivo mais capacitivo para

esses aços. Nesse intervalo de frequência, o comportamento do aço ASTM F2581

foi distinto dos aços ASTM F1586 e ASTM F138, seu filme passivo apresentou

desempenho capacitivo inferior, sugerindo que nessa condição, o filme passivo tinha

a presença de porosidades. Esses resultados sugerem que o ASTM F2581, nessa

condição tem filme passivo com características inferior aos aços ASTM F1586 e

ASTM F138, isto é menos capacitivo. Essa instabilidade inicial na formação do filme

passivo do ASTM F2581 causou oscilações na densidade de corrente em potenciais

superiores ao Ecorr até - 10 mV, esses resultados são mostrados na Figura 4.18.

As Figuras 4.27 (a) e (b) mostram os diagramas de impedância eletroquímica

na forma de Bode módulo e fase, esses diagramas foram obtidos nos potenciais de

circuito aberto após 1 hora de imersão na solução SBF para os três aços. A Figura

4.27 (a), mostra nas regiões de alta frequência (1 kHz a 100 kHz), onde o módulo de

Z é praticamente constante e o ângulo de fase ϕ encontra-se próximo de zero, essa

característica representa o comportamento resistivo da solução.

A Figura 4.27 (b) mostra uma larga faixa de frequências para os ângulos entre -

600 a -800, bem como um platô entre 10 Hz e 10-1 Hz, nessa região são encontrados

os maiores ângulos. Em conformidade com a literatura, esse comportamento está

94

associado aos aços inoxidáveis com filmes passivos. A existência de altos ângulos

em baixas e médias frequências é característica de matérias que formam filmes

passivos (PIERETTI; COSTA, 2013). Analisando o diagrama de Bode (ângulo de

fase), Figura 4.27 (b), verifica-se para o aço ASTM F138 no intervalo de frequência

entre 100 Hz a 100 kHz comportamento ligeiramente menos capacitivo em relação

aos aços ASTM F2581 e ASTM F1586, sugerindo aceleração nos processos de

transferência de carga na interface filme passivo e o eletrólito, o que poderia estar

relacionado ao seu baixo teor de nitrogênio. Em relação às regiões de baixa

frequência na Figura 4.27 (b), em torno de 0,5 Hz, nota-se uma diminuição

acentuada do ângulo de fase para os três aços, esse comportamento está

relacionado à existência de duas constantes de tempo que foram identificadas nos

ajuste dos dados experimentais por circuitos equivalentes, sugerindo ligeira

penetração na camada passiva dos aços inoxidáveis.

Figura 4.26 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução SBF,

naturalmente aerada, obtidas para os aços ASTM F138, ASTM

F1586 e ASTM F2581.

95

(a)

(b)

Figura 4.27 - Diagramas de impedância na forma de Bode Módulo (a) e Fase (b) em

SBF, naturalmente aerada, obtidas para os aços ASTM F138, ASTM

F1586 e ASTM F2581.

A Figura 4.28 mostra o diagrama de Nyquist do aço ASTM F2581 no OCP e

nas sobretensões de 400 mV e 800 mV na solução SBF. Observa-se que no

potencial de 400 mV o filme passivo com maior arco capacitivo, apresentando

evolução nos valores das impedâncias real e imaginária em relação ao OCP, esse

comportamento sugere que nesse potencial o filme passivo encontra-se mais

capacitivo indicando estar mais resistente em relação às condições no OCP. Esse

efeito sugere que os íons da solução SBF estão com adsorção dificultada sobre o

filme passivo, em função das características protetoras desse filme, principalmente

devido à formação de amônio.

No potencial de 800 mV, verifica-se comportamento distinto, apresentando arco

capacitivo menor do que a 400 mV, com valores de impedância real e imaginária

maiores que OCP e menores do que a 400 mV. Esse comportamento em 800 mV

indica que o filme passivo encontra-se menos capacitivo, sugerindo a presença de

defeitos na camada mais externa do filme passivo.

96

Figura 4.28 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução SBF,

naturalmente aerada, para o aço ASTM F2581 no potencial de

circuito aberto e em potenciais superiores.

As Figuras 4.29 e 4.30 mostra os diagramas de impedância experimentais e

simulados para o aço inoxidável ASTM F2581, diagrama de Nyquist e Bode (ângulo

de fase e módulo de impedância) respectivamente. As amostras foram imersas na

solução SBF e mantidas por 1 hora a fim de determinar o potencial de circuito

aberto, conforme Figura 4.12, logo em seguida foi realizado o ensaio de EIE.

Nessas figuras observa-se que os dados estão bem ajustados, apresentando

boa concordância com os valores experimentais, esses ajustes apresentaram

valores do qui-quadrado em torno de 10-5.

97

Figura 4.29 - Diagrama de impedância experimental e ajustado na forma de Nyquist

em solução SBF, naturalmente aerada, para o aço ASTM F2581.

(a)

(b)

Figura 4.30 - Diagramas de impedância experimentais e ajustados na forma de

Bode Módulo (a) e ângulo de Fase (b) em solução SBF,

naturalmente aerada, obtidas para o aço ASTM F2581.

A Figura 4.31 mostra o diagrama de Nyquist do aço ASTM F1586 no OCP e em

potenciais superiores de 300 mV e 700 mV na solução SBF. Observa-se que no

potencial de 300 mV o filme passivo tem maior arco capacitivo, apresentando

maiores valores para a impedância real e imaginária em relação ao OCP, esse

comportamento sugere que nesse potencial o filme passivo encontra-se mais

capacitivo indicando estar mais resistente em relação às condições no OCP. Esse

98

efeito sugere pequena adsorção de íons da solução SBF na superfície do filme,

devido às características protetoras do filme passivo, em função da composição

química do aço.

No potencial de 700 mV, verifica-se comportamento distinto, apresentando arco

capacitivo nas região de altas e médias frequências, com valores de impedância real

e imaginária iguais a Z’Real = 96760 Ωcm2 e -Z’’

imag = 1,1 x 105 Ωcm2. Por outro lado,

nas região de médias a baixas frequências, a impedância real e imaginária alcança

valores maiores que OCP e menores do que a 300 mV. Esse comportamento sugere

nesse potencial o filme passivo apresenta defeitos como porosidades e possíveis

quebras.

Figura 4.31 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução SBF,

naturalmente aerada, para o ASTM F1586 no potencial de circuito

aberto e em potenciais superiores.

As Figuras 4.32 e 4.33 mostra os diagramas de impedância experimentais e

simulados para o aço inoxidável ASTM F1586, diagrama de Nyquist e Bode (ângulo

de fase e módulo de impedância) respectivamente. As amostras foram imersas na

solução SBF e mantidas por 1 hora a fim de determinar o potencial de circuito

aberto, conforme Figura 4.13, logo em seguida foi realizado o ensaio de EIE.

99

Nessas figuras observa-se que os dados estão bem ajustados, apresentando

boa concordância com os valores experimentais, esses ajustes apresentaram

valores do qui-quadrado em torno de 10-5.

Figura 4.32 - Diagrama de impedância experimental e ajustado na forma de Nyquist

em solução SBF, naturalmente aerada, para o aço ASTM F1586.

(a)

(b)

Figura 4.33 - Diagramas de impedância experimentais e ajustados na forma de

Bode Módulo (a) e ângulo de Fase (b) em solução SBF,

naturalmente aerada, obtidas para o aço ASTM F1586.

100

A Figura 4.34 mostra o diagrama de Nyquist do aço ASTM F138 no OCP e nas

sobretensões de 300 mV e 600 mV na solução SBF. Observa-se que no potencial de

300 mV o filme passivo arco capacitivo um pouco maior em relação ao OCP,

apresentando valores superiores para a impedância real (Z’Real) e imaginária (-Z’’

imag),

esse comportamento sugere que nesse potencial o filme passivo encontra-se mais

capacitivo indicando estar mais resistente em relação às condições no OCP. Esse

efeito sugere que os íons da solução SBF estão parcialmente adsorvidos no filme

passivo devido as características protetoras do filme.

No potencial de 500 mV, verifica-se comportamento distinto, apresentando arco

capacitivo menor do que OCP, com valores de impedância real e imaginária

menores. Esse comportamento a 500 mV indica que o filme passivo encontra-se

menos capacitivo, sugerindo a presença de defeitos na camada mais externa do

filme passivo, esse resultado sugere que a partir desse potencial os defeitos

presentes aumentam até atingir o potencial de 600 mV, ponto inicia elevação

crescente da densidade de corrente até atingir valores iguais a 102 μA/cm2.

Figura 4.34 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução SBF,

naturalmente aerada, para o aço ASTM F138 no potencial de circuito

aberto e em potenciais superiores.

101

As Figuras 4.35 e 4.36 mostra os diagramas de impedância experimentais e

simulados para o aço inoxidável ASTM F1586, diagrama de Nyquist e Bode (ângulo

de fase e módulo de impedância) respectivamente. As amostras foram imersas na

solução SBF e mantidas por 1 hora a fim de determinar o potencial de circuito

aberto, conforme Figura 4.14, logo em seguida foi realizado o ensaio de EIE.

Nessas figuras observa-se que os dados estão bem ajustados, apresentando

boa concordância com os valores experimentais, esses ajustes apresentaram

valores do qui-quadrado em torno de 10-5.

Figura 4.35- Diagrama de impedância experimental e ajustado na forma de Nyquist

em solução SBF, naturalmente aerada, para o aço ASTM F138.

102

(a)

(b)

Figura 4.36- Diagramas de impedância experimentais e ajustados na forma de Bode

Módulo (a) e ângulo de Fase (b) em solução SBF, naturalmente

aerada, obtidas para o aço ASTM F138.

4.3.4- Ensaios de Espectroscopia de Impedância Eletroquímica em Solução NaCl 0,9%

Os ensaios por espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE) foram

utilizados para investigar a interface eletrodo-eletrólito dos três aços inoxidáveis

austeníticos. Os resultados desses ensaios em NaCl 0,9% são mostrados nas

Figuras 4.37 e 4.38. A Figura 4.37 mostra os diagramas de Nyquist dos aços,

analisando os resultados em altas frequências verifica que as amostras

apresentaram arcos capacitivos com comportamento similar, com valores das

componentes real e imaginária da ordem de 20 kΩcm2. Nas regiões de médias a

baixas frequências as amostras dos aços ASTM F2581 e ASTM F1586

apresentaram aumento no arco capacitivo, sugerindo filme passivo mais capacitivo

em função dos altos valores das componentes Zreal e Zimag, da ordem de 100 kΩcm2.

Nessa região de frequências, a amostra do aço ASTM F138 apresentou menor arco

capacitivo, com menores valores de impedância, em torno de 70 kΩcm2, sugerindo

filme passivo tem menos protetor em relação aos outros aços.

103

Os diagramas de Bode (módulo de impedância e ângulo de fase) são

mostrados na Figura 4.37 (a) e (b). Nesses diagramas estão caracterizadas duas

regiões distintas: (a) a região de alta frequência (1 kHz a 100 kHz) onde o módulo Z

é praticamente constante e o ângulo de fase tem valores próximos a 00, essa

característica está associada com um comportamento resistivo, indicando a

resistência da solução; (b) na região de médias e baixas frequências o diagrama

módulo de Z tem inclinação negativa, enquanto que em intermediárias e baixas

frequências são encontrados altos ângulos (-600 a -800), esse resultado caracteriza

que os aços estão passivados nessa condição. De acordo com a literatura, esse

comportamento está associado a aços inoxidáveis com filmes passivos (PIERETTI;

COSTA, 2013). Na Figura 4.37 (a), nas regiões de baixas frequências o aço ASTM

F138 possui menores valores de impedância em relação aos aços ASTM F1586 e

ASTM F2581, indicando que esses aços apresentam melhor resposta do filme

passivo.

Analisando o diagrama de Bode (ângulo de fase), Figura 4.37 (b), verifica-se

para o aço ASTM F138 no intervalo de frequência entre 10 e 5 kHz comportamento

ligeiramente menos capacitivo em relação aos aços ASTM F2581 e ASTM F1586,

sugerindo aceleração nas reações interfaciais entre o filme passivo e o eletrólito. Em

relação às regiões de baixa frequência na Figura 4.37 (b), em torno de 0,5 Hz, nota-

se uma diminuição acentuada do ângulo de fase para os três aços, esse

comportamento está relacionado à existência de duas constantes de tempo que

foram identificadas nos ajuste dos dados experimentais por circuitos equivalentes,

sugerindo ligeira penetração na camada passiva dos aços inoxidáveis.

104

Figura 4.37 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução NaCl 0,9%,

naturalmente aerada, obtidas para os aços ASTM F138, ASTM F1586

e ASTM F2581.

(a)

(b)

Figura 4.38 - Diagramas de impedância na forma de Bode Módulo (a) e Fase (b) em

NaCl 0,9%, naturalmente aerada, obtidas para os aços ASTM F138,

ASTM F1586 e ASTM F2581.

105

A Figura 4.39 mostra o diagrama de Nyquist do aço ASTM F2581 no OCP e

nas sobretensões de 400 mV e 800 mV na solução NaCl 0,9%. Observa-se que no

potencial de 390 mV o filme passivo com maior arco capacitivo, apresentando

evolução nos valores das impedâncias real e imaginária em relação ao OCP, esse

comportamento sugere que nesse potencial o filme passivo encontra-se mais

capacitivo indicando estar mais resistente em relação às condições no OCP. Esse

efeito sugere que os íons da solução NaCl 0,9 % estão com adsorção dificultada

sobre o filme passivo, em função das características protetoras desse filme,

principalmente devido à formação de amônio.

No potencial de 800 mV, verifica-se comportamento distinto, apresentando arco

menos capacitivo, nas regiões de baixas a médias frequências, em relação ao arco

obtido em OCP. Por outro lado, nas região de médias a baixas frequências, a

impedância real e imaginária alcança valores maiores do que os levantados em OCP

e menores do que a 700 mV. Esse comportamento sugere nesse potencial o filme

passivo apresenta defeitos como porosidades e possíveis quebras que causam a

redução da capacitância em altas e médias frequências.

Figura 4.39 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução NaCl 0,9%,

naturalmente aerada, para o aço ASTM F2581 no potencial de circuito

aberto e em potenciais superiores.

106

As Figuras 4.40 e 4.41 mostra os diagramas de impedância experimentais e

simulados para o aço inoxidável ASTM F2581, diagrama de Nyquist e Bode (ângulo

de fase e módulo de impedância) respectivamente. As amostras foram imersas na

solução NaCl 0,9% e mantidas por 1 hora a fim de determinar o potencial de circuito

aberto, conforme Figura 4.19, logo em seguida foi realizado o ensaio de EIE.

Nessas figuras observa-se que os dados estão bem ajustados, apresentando

boa concordância com os valores experimentais, esses ajustes apresentaram

valores do qui-quadrado em torno de 10-5.

Figura 4.40 - Diagrama de impedância experimental e ajustado na forma de Nyquist

em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada, para o aço ASTM

F2581.

107

(a)

(b)

Figura 4.41 - Diagramas de impedância experimentais e ajustados na forma de

Bode Módulo (a) e ângulo de Fase (b) em solução NaCl 0,9%,

naturalmente aerada, obtidas para o aço ASTM F2581.

A Figura 4.42 mostra o diagrama de Nyquist do aço ASTM F1586 no OCP e em

potenciais superiores de 380 mV e 700 mV na solução SBF. Observa-se que no

potencial de 380 mV o filme passivo tem maior arco capacitivo, apresentando

maiores valores para a impedância real e imaginária em relação ao arco

determinado em OCP, esse comportamento sugere que nesse mais potencial

elevado o filme passivo encontra-se mais capacitivo indicando estar mais resistente

em relação às condições no OCP. Esse efeito sugere adsorção parcial de íons da

solução NaCl 0,9% no filme passivo, em função dos elementos cromo, níquel,

molibdênio e nitrogênio que promovem boas características protetoras do filme

passivo do ASTM F1586.

No potencial de 700 mV, verifica-se comportamento distinto, apresentando arco

capacitivo menor do que o determinado em OCP, na região de altas e médias

frequências. Por outro lado, nas região de médias a baixas frequências, a

impedância real e imaginária alcança valores maiores que OCP e menores do que a

700 mV. Esse comportamento sugere nesse potencial o filme passivo apresenta

defeitos como porosidades e possíveis quebras.

108

Figura 4.42 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução NaCl 0,9%,

naturalmente aerada, para o aço ASTM F1586 no potencial de circuito

aberto e em potenciais superiores.

As Figuras 4.43 e 4.44 mostra os diagramas de impedância experimentais e

simulados para o aço inoxidável ASTM F1586, diagrama de Nyquist e Bode (ângulo

de fase e módulo de impedância) respectivamente. As amostras foram imersas na

solução NaCl 0,9% e mantidas por 1 hora a fim de determinar o potencial de circuito

aberto, conforme Figura 4.20, logo em seguida foi realizado o ensaio de EIE.

Nessas figuras observa-se que os dados estão bem ajustados, apresentando

boa concordância com os valores experimentais, esses ajustes apresentaram

valores do qui-quadrado em torno de 10-5.

109

Figura 4.43 - Diagrama de impedância experimental e ajustado na forma de Nyquist

em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada, para o aço ASTM

F1586.

(a)

(b)

Figura 4.44 - Diagramas de impedância experimentais e ajustados na forma de

Bode Módulo (a) e ângulo de Fase (b) em solução NaCl 0,9%,

naturalmente aerada, obtidas para o aço ASTM F1586.

A Figura 4.45 mostra o diagrama de Nyquist do aço ASTM F138 no OCP e nas

sobretensões de 200 mV e 450 mV na solução SBF. Observa-se que no potencial de

200 mV o filme passivo arco capacitivo um pouco maior em relação ao OCP,

110

apresentando valores superiores para a impedância real (Z’Real) e imaginária (-Z’’

imag),

esse comportamento sugere que nesse potencial o filme passivo encontra-se mais

capacitivo indicando estar mais resistente em relação às condições no OCP.

No potencial de 450 mV, verifica-se comportamento distinto, apresentando arco

capacitivo menor do que OCP, com valores de impedância real e imaginária muito

pequenos. Esse comportamento a 450 mV indica que o filme passivo encontra-se

pouco capacitivo, sugerindo a presença de defeitos na camada mais externa do

filme passivo, esse resultado sugere que a partir desse potencial os defeitos

presentes aumentam e no potencial de 600 mV inicia elevação crescente da

densidade de corrente até atingir valores iguais a 102 μA/cm2.

Figura 4.45 - Diagrama de impedância na forma de Nyquist em solução NaCl 0,9%,

naturalmente aerada, para o aço ASTM F138 no potencial de circuito

aberto e em potenciais superiores.

As Figuras 4.46 e 4.47 mostra os diagramas de impedância experimentais e

simulados para o aço inoxidável ASTM F1586, diagrama de Nyquist e Bode (ângulo

de fase e módulo de impedância) respectivamente. As amostras foram imersas na

solução NaCl 0,9% e mantidas por 1 hora a fim de determinar o potencial de circuito

aberto, conforme Figura 4.21, logo em seguida foi realizado o ensaio de EIE.

111

Nessas figuras observa-se que os dados estão bem ajustados, apresentando

boa concordância com os valores experimentais, esses ajustes apresentaram

valores do qui-quadrado em torno de 10-5.

Figura 4.46 - Diagrama de impedância experimental e ajustado na forma de Nyquist

em solução NaCl 0,9%, naturalmente aerada, para o aço ASTM F138.

(a)

(b)

Figura 4.47 - Diagramas de impedância experimentais e ajustados na forma de

Bode Módulo (a) e ângulo de Fase (b) em solução NaCl 0,9%,

naturalmente aerada, obtidas para o aço ASTM F138.

112

A Tabela 4.10 apresenta os resultados das impedâncias real e imaginária

obtidos dos diagramas de impedância na forma de Nyquist em solução SBF,

naturalmente aerada. Nessa tabela verifica-se que os valores de Z’real e Z’’mag

aumenta para os três aços. Esses valores, para aço ASTM F138, foram

determinados nos seguintes potenciais: OCP, 300 mV e 500 mV. Nesses potenciais

para, pode-se verificar que o filme passivo do ASTM F138 fica menos resistente à

medida que os potenciais são aumentados, sugerindo a formação de defeitos nessa

camada ou não homogeneidade da superfície em relação a determinado elemento

químico. Em relação aos ASTM F1586, as impedâncias foram determinadas no

OCP, 300 mV e a 700 mV, Esses resultados aferem que o filme passivo do aço

ASTM F1586 tem melhores características em relação ao do ASTM F138, à medida

que são aplicados potenciais mais anódicos, nessas condições os valores das

impedâncias real e imaginária do ASTM F1586 são superiores ao do ASTM F138.

Esses resultados estão em conformidade com as curvas de polarização anódica,

Figura 4.18, onde pode-se constatar que nesses potenciais ASTM F1586 encontra-

se passivado e com baixos valores para as densidades de corrente. O aço ASTM

F2581 tem comportamento semelhante ao do ASTM F1586, com valores de

impedâncias da mesma ordem de grandeza, o que ressalta a eficiência do maior

teor de nitrogênio na estabilidade do filme passivo desses aços.

Tabela 4.10- Resultados das impedâncias real (Z’) e imaginária (Z’’) obtidas dos

diagramas de Nyquist, para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581 em

solução SBF, no potencial de circuito aberto e em potenciais mais anódicos.

Aço Frequência Impedâncias OCP

(Ω/cm2)

Impedâncias 300 mV

(Ω/cm2)

Impedâncias

500 mV - ASTM F138

700 mV - ASTM F1586 700

mV - ASTM F2581

(Ω/cm2)

Z’real -Z’’imag Z

’real -Z’’imag Z

’real -Z’’imag

ASTM F138 0,01 Hz 1,6 x 104

3,8 x 104 1,5 x 10

4 4,2 x 10

4 1,9 x 10

4 3,6 x 10

4

ASTM F1586 0,01 Hz 9,7 x 104 1,1 x 10

5 9,9 x 10

4 1,5 x 10

5 2,3 x 10

5 2,0 x 10

5

ASTM F2581 0,01 Hz 7,1 x 104 6,2 x 10

4 1,5 x 10

5 2,3 x 10

5 2,31 x 10

5 2,14 x 10

5

113

A Tabela 4.11 mostra os resultados das impedâncias real e imaginária obtidos

dos diagramas de impedância na forma de Nyquist em solução NaCl 0,9%,

naturalmente aerada. Nessa tabela verifica-se que os valores de Z’real e Z’’mag

aumenta para os ASTM F1586 e ASTM F2581, sugerindo comportamento

semelhante dos filmes passivos. Por outro lado, no potencial de 450 mV o ASTM

F138 teve desempenho inferior, face aos menores valores de impedância, cerca de

duas ordem de grandeza menor. Em relação ao aço ASTM F138, os valores das

impedâncias foram determinados no: OCP, 300 mV e 450 mV. Em relação ao aço

ASTM F1586, as impedâncias foram determinadas no OCP, 300 mV e a 700 mV,

Esses resultados confirmam que o filme passivo do aço ASTM F1586 tem melhores

características em relação ao do ASTM F138, à medida que são aplicados

potenciais mais anódicos. Esses resultados estão em conformidade com as curvas

de polarização anódica, Figura 4.25, onde pode-se verificar que nos potenciais da

ordem de 700 mV, esse aço encontra-se passivado e com baixos valores para as

densidades de corrente. O aço ASTM F2581 comportou-se de forma semelhante ao

do ASTM F1586, com valores de impedâncias da mesma ordem de grandeza, o que

ressalta a eficiência do maior teor de nitrogênio na estabilidade do filme passivo

desses aços.

Tabela 4.11 - Resultados das impedâncias real (Z’) e imaginária (Z’’) obtidas dos

diagramas de Nyquist, para os aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM F2581 em

solução NaCl 0,9%, no potencial de circuito aberto e em potenciais mais anódicos.

Aço Frequência Impedâncias OCP

(Ω/cm2)

Impedâncias

200 mV - ASTM F138

380 mV - ASTM F1586

390 mV - ASTM F2581

(Ω/cm2)

Impedâncias

450 mV - ASTM F138

700 mV - ASTM F1586

700 mV - ASTM F2581

(Ω/cm2)

Z’real -Z’’imag Z

’real -Z’’imag Z

’real -Z’’imag

ASTM F138 0,01 Hz 7,7 x 104

7,0 x 104

1,8 x 105

1,7 x 105

1,9 x 103

1,7 x 102

ASTM F1586 0,01 Hz 1,2 x 105

1,0 x 105

1,3 x 105

2,3 x 105

2,0 x 105

1,4 x 105

ASTM F2581 0,01 Hz 1,2 x 105

1,0 x 105

2,6 x 105

2,2 x 105

2,0 x 105

1,5 x 105

114

4.3.5- Ajustes dos dados de Espectroscopia de Impedância Eletroquímica com

circuitos elétricos equivalentes.

Para um melhor entendimento da interface metal-solução foram propostos

circuitos equivalentes. Os dados experimentais foram ajustados em conformidade

com o circuito elétrico equivalente, mostrado na Figura 4.48, que melhor se

adaptaram aos resultados obtidos para as soluções SBF e NaCl 0,9%. Os melhores

ajustes foram feitos utilizando um elemento de fase constante (CPE) para a dupla

camada elétrica e para interface substrato filme. A qualidade dos ajustes foi

efetivada pelo qui-quadrado, χ2, que apresentou valores da ordem de 10-3. No

circuito proposto, Figura 4.48, onde Re corresponde à resistência da solução

(eletrólito), CPE1 representa a capacitância da camada mais externa do filme

passivo e R1 a resistência à transferência de cargas da região dos processos de

entre a interface filme passivo-eletrólito, camada mais externa do filme passivo. Os

elementos CPE2 e R2 correspondem à capacitância e a resistência da interface

substrato-filme passivo, camada mais interna do filme passivo (PIERETTI; COSTA,

2013). A Figura 4.49 mostra a representação esquemática dos elementos do circuito

ajustado nas regiões do filme passivo. Esse modelo físico, apresenta cada região

com seu respectivo elemento, isto é a região externa rica em oxido de ferro tem a

resistência R2 e o CPE1 e a região interna do filme a resistência R3 e o CPE2.

Os ensaios EIE foram realizados no potencial de circuito aberto após uma

hora de imersão das amostras nas soluções, os resultados sugerem o caráter duplex

do filme passivo formado, sendo a camada mais externa em contato com o eletrólito

rica em óxido de ferro e a camada mais interna formada próxima ao substrato rica

em óxidos de cromo e molibdênio (PIERETTI; COSTA, 2013; TERADA, et al., 2006;

TRETHEWEY; PATON, 2004; TAVEIRA, et al., 2010; POLO, et al., 2002, FENG, et

al., 2006; LÓPEZ, et al., 2010)

115

Figura 4.48 - Circuito equivalente proposto para ajuste dos dados experimentais para

caracterizar o filme passivo dos os aços: ASTM F138, ASTM F1586 e

P558, nas soluções SBF e NaCl 0,9%, após 1 hora de imersão.

Figura 4.49 - Representação esquemática do modelo físico utilizado para explicar o

comportamento eletroquímico dos aços nas soluções SBF e NaCl

0,9%.

4.3.5.1 - Ajustes dos dados de EIE com circuitos elétricos equivalentes em SBF

A Tabela 4.10 mostra os resultados dos ajustes realizados no software Nova

1.9 para as grandezas do circuito equivalente em solução SBF. Analisando esses

resultados, verifica-se que aço ASTM F2581 tem o menor valor de R2 e elevado

CPE2, esses valores indicam que nessas condições que a região interna do filme

passivo encontra-se menos protetora, sugerindo que houve penetração do eletrólito

nas pequenas irregularidades e poros do filme formado. Na região externa do filme

116

passivo, o aço ASTM F2581 possui CPE1 maior e R1 menor em relação aos outros

aços (ASTM F138 e ASTM F1586), sugerindo que a interface eletrólito- camada

externa do filme passivo menos resistente ao contato com as espécies agressivas.

Os resultados ajustados reforçam os obtidos nos diagramas de Nyquist, Figura 4.26,

onde verifica-se que o ASTM F2581 teve desempenho inferior aos aços ASTM

F1586 e ASTM F138, em função dos valores de impedância real e imaginário..

Esses resultados indicam que a contribuição da camada passiva para a

resistência à corrosão dos três aços é proporcionada principalmente pela camada

interna do filme, rica em cromo, face aos valores R2 encontrados na simulação. A

camada externa, rica em óxidos de ferro, tem importância secundária em função do

menores valores de R1.

Tabela 4.12 - Resultado dos parâmetros obtidos no ajuste nos componentes do circuito mostrados na figura 4.48, em solução SBF.

Re (Ωcm2) CPE1 (μFcm

-2) n1 R1 (kΩcm

2) CPE2 (μFcm-2

) n2 R2 (kcm2)

F138 15,7 77,3 0,945 39,2 0,38

0,830 186,0

F1586 14,0 59,0

0,900 91,0 4,0 0,786 200,0

F2581 14,8 70,0

0,900 30,0 20,0 0,820 120,0

4.3.5.2 - Ajustes dos dados de EIE com circuitos elétricos equivalentes em

NaCl 0,9%

A Tabela 4.11 mostra os resultados dos ajustes realizados no software Nova

1.9 para as grandezas do circuito equivalente em solução NaCl 0,9%. Os resultados

ajustados revelam comportamento distinto nessa solução, uma vez que o aço ASTM

F2581 apresentou valores de R2 maior e CPE1 semelhantes aos outros aços, o que

sugere comportamento mais resistivo, indicando que esse material tem filme passivo

mais resistente. Esses resultados estão em conformidade com os apresentados nos

diagramas de Nyquist, Figura 4.37, onde constatou-se que o ASTM F2581 obteve

melhores propriedades capacitivas. O valor de R1 para o ASTM F2581 foi maior que

o dos outros aços, esses resultados sugerem que a região externa do filme passivo,

rica em óxidos de ferro, é mais resistente para o ASTM F2581, sugerindo a

117

existência de menos defeitos que permitem o contato com agentes agressivos do

eletrólito.

Esses resultados indicam que a contribuição da camada passiva para a

resistência à corrosão dos três aços é proporcionada principalmente pela camada

interna do filme em função dos valores R2. A camada externa do filme passivo, teve

importância significativa na resistência à corrosão, principalmente par o ASTM

F2581, face ao valor de 164 kΩcm2 encontrado na silumação.

Tabela 4.13 - Resultado dos parâmetros obtidos no ajuste nos componentes do circuito mostrados na figura 4.48, em solução NaCl 0,9%.

Re (Ωcm2) CPE1 (μFcm

-2) n1 R2 (kΩcm

2) CPE2 (μFcm

-2) n2 R2 (kΩcm

2)

F138 16,6 76,7

0,894 100,0

42,0 0,976 60,0

F1586 17,0 45, 8 0,887 120 40,0 0,800 126,0

F2581 20,1 43,1

0,888 164

40,0

0,700 270,0

118

CAPITULO 5

CONCLUSÕES

- A microestrutura do material tem forte influência na resistência à corrosão. No caso

específico dos aços estudados, que têm microestrutura completamente austenítica,

sem a presença de fases intermetálicas, carbonetos e nitretos. A microestrutura de

cada aço aliada ao tamanho de grão são os fatores responsáveis pelo desempenho

corrosivo em cada solução.

- A composição química contendo elementos gamagênicos forma nos aços

microestrutura completamente austenítica e elava os valores do PREN. Em

particular, a microestrutura do ASTM F2581, apresentou bom desempenho

eletroquímico nas condições estudadas, face aos elevados domínios de passivação,

com características semelhantes ao ASTM F1586, tendo como grande vantagem o

ASTM F2581 a ausência de níquel e elevado teor de nitrogênio, a presença desse

elemento promoveu resultados favoráveis como estabilização da austenita e

aumento do PREN, bem como aumentou a resistência à corrosão por meio da

dissolução do nitrogênio em solução sólida intersticial. Além desses resultados, a

ausência de níquel reduz os custos do material e evita os efeitos adversos desse

elemento.

- Os resultados de Espectroscopia de Impedância Eletroquímica indicaram que a

formação do filme passivo dos aços tem forte influência do eletrólito. A camada

passiva do ASTM F2581 formada em NaCl 0,9% foi mais estável do que na solução

SBF. A composição da solução SBF mais complexa pode ter produzido uma camada

passiva mais defeituosa para o aço ASTM F2581 no OCP.

- Foram propostos circuitos equivalentes que levam em consideração o modelo de

camada duplex do filme passivo formado por uma camada interna compacta rica em

óxido de cromo e outra externa porosa rica em óxido de ferro. Nesses circuitos foram

utilizados um componentes R-CPE, o elemento de fase constante (CPE) representa

o desvio de um capacitor ideal em função dos defeitos presentes na camada

passiva.

119

- O teor de cromo presente composição química influenciou diretamente na

resistência à corrosão dos aços. A ação desse elemento em conjunto com o

nitrogênio promoveu ganhos significativos na corrosão do aço ASTM F2581 e nas

propriedades mecânicas.

- Os resultados encontrados nos ensaios de polarização anódica estão em

concordância com os de espectroscopia de impedância eletroquímica, bem como

PREN. Em relação a esses resultados, o aço ASTM F2581 apresentou maior valor

para o PREN, com maiores domínios de passivação nas soluções SBF e NaCl,

aliado elevados valores de impedância encontrados nos diagramas de Nyquist.

- As técnicas de preparo metalográfico, polimento e ataque eletrolítico devem ser

empregados a fim de revelar a microestrutura com melhor qualidade, em vez de

procedimentos manuais.

120

SUGETÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

- Estudo detalhado da camada passiva dos aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM

F2581 em soluções simuladoras de fluidos corporais por meio de técnicas ex-situ:

Espectroscopia de elétrons Auger (AES), Espectroscopia de fotoelétrons Excitados

por raios-X (XPS) e Feixe de íons localizado (FIB);

- Estudo detalhado da composição química da camada passiva em soluções

simuladoras de fluidos corporais;

- Análise dos produtos da corrosão dos aços ASTM F138, ASTM F1586 e ASTM

F2581 e sua citotoxicidade e carcinogênicidade;

- Adição de proteínas, como albumina e soro fetal bovino, às soluções estudadas a

fim de avaliar o comportamento eletroquímico dos três aços;

- Estudo da resistência à corrosão dos aços com revestimento superficial por

processo de deposição química por vapor PVD (Physical Vapour Deposition);

- Estudo da superfície dos aços inoxidáveis por Microscopia Eletrônica de Varredura

- SECM (Scanning Electrochemical Microscopy).

- Realizar de ensaios de fadiga e corrosão-fadiga em amostras dos aços.

- Analisar a composição química das soluções após os ensaios eletrolíticos com a

finalidade de verificar a presença dos elementos da matriz dissolvidos: níquel,

cromo, molibdênio e manganês.

- Estudar os três aços em condições distintas de ataque eletrolítico com ácido

oxálico.

- Analisar as inclusões presentes nos aços via EDS.

121

AGRADECIMENTOS ÀS INSTITUIÇÕES DE APOIO

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica (PPMEC) e a

Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ).

Ao Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais - Campus Juiz de Fora e ao

Núcleo de Metalurgia.

A Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

122

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