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Caracterização morfológica da epiderme do bagre neotropical Pimelodella cf. vittata (Osteichthyes: Ostariophysi: Siluriformes: Heptapteridae) com ênfase nas células claviformes Eduardo Medeiros Damasceno Dissertação de Mestrado em Biodiversidade Tropical Mestrado em Biodiversidade Tropical Universidade Federal do Espírito Santo São Mateus, Fevereiro de 2012

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Caracterização morfológica da epiderme do

bagre neotropical Pimelodella cf. vittata

(Osteichthyes: Ostariophysi: Siluriformes:

Heptapteridae) com ênfase nas células

claviformes

Eduardo Medeiros Damasceno

Dissertação de Mestrado em Biodiversidade Tropical

Mestrado em Biodiversidade Tropical

Universidade Federal do Espírito Santo

São Mateus, Fevereiro de 2012

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Caracterização morfológica da epiderme do bagre

neotropical Pimelodella cf. vittata (Osteichthyes:

Ostariophysi: Siluriformes: Heptapteridae) com

ênfase nas células claviformes

Eduardo Medeiros Damasceno

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical

da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para a obtenção do

grau de Mestre em Biodiversidade Tropical.

Aprovada em 29/02/2012 por

______________________________________________

Profa. Dra. Karina Carvalho Mancini – Orientador, UFES

______________________________________________

Profa. Dra. Juliana Castro Monteiro – Co-orientadora, UFES

______________________________________________

Prof. Dr. Luiz Fernando Duboc – Co-orientador, UFES

______________________________________________

Prof. Dr. Marcos de Lucca Moreira Gomes, UFES

______________________________________________

Prof. Dr. Jorge Abdala Dergam dos Santos, UFV

Universidade Federal do Espírito Santo

São Mateus, Fevereiro de 2012

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iii

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)

(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)

Damasceno, Eduardo Medeiros, 1978-

D155c Caracterização morfológica da epiderme do bagre neotropical

Pimelodella cf. vittata (Osteichthyes: Ostariophysi: Siluriformes:

Heptapteridae) com ênfase nas células claviformes / Eduardo

Medeiros Damasceno. – 2012.

80 f. : il.

Orientadora: Karina Carvalho Mancini.

Coorientador: Juliana Castro Monteiro e Luiz Fernando

Duboc.

Dissertação (Mestrado em Biodiversidade Tropical) –

Universidade Federal do Espírito Santo, Centro Universitário

Norte do Espírito Santo.

1. Peixe. 2. Pele. 3. Histologia. 4. Microscopia eletrônica. I.

Mancini, Karina Carvalho. II. Monteiro, Juliana Castro. III. Duboc,

Luiz Fernando . IV. Universidade Federal do Espírito Santo.

Centro Universitário Norte do Espírito Santo. V. Título.

CDU: 502

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iv

DEDICATÓRIA

A Juraci Lucas e Lucy (in memorian), que me

deram a vida.

A Profa. Dra. Karina Carvalho Mancini, por

acreditar em mim.

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v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Jeová Deus Pai Todo Poderoso, por ter me dado sabedoria e

discernimento.

Aos meus irmãos, pai e madrasta por me apoiarem em todos os

momentos de minha vida.

A minha orientadora Profa. Dra. Karina Carvalho Mancini, pois sem o seu

incentivo e esforços esse trabalho não teria acontecido, e por nunca “fechar a porta”

para quem tem “brilho nos olhos”! E por me ensinar que podemos evitar as quedas,

dando um passo depois do outro. Obrigado por existir!

A minha co-orientadora Profa. Dra. Juliana Castro Monteiro pelo incentivo

e ensinamentos. Obrigado por fazer parte de minha vida acadêmica!

Ao meu co-orientador Prof. Dr. Luiz Fernando Duboc pelas coletas e

identificação dos espécimes. Obrigado pelas sugestões imprescindíveis para

realização deste trabalho. Obrigado por todo apoio e palavras de incentivo, foi muito

bom ter te conhecido.

Aos Profs. Drs. Marcos de Lucca Moreira Gomes e Jorge Abdala Dergam

dos Santos por terem aceito fazer parte da banca de dissertação.

Aos orientados do Prof. Dr. Luiz Fernando Duboc, Maria Cecília Sily,

Fernanda, Priscila Plesley, Natane e Gabriel Ramsauer que foram peças

fundamentais em minhas coletas. Obrigado!

Aos meus amigos Felipe Zanelato e Elândia por todo apoio. Obrigado!

Ao Prof. Dr. Breno Valentim e toda equipe do Laboratório de

Ultraestrutura Celular Carlos Alberto Redins (CCS/UFES) por sempre me receberem

de braços abertos.

A Profa. Dra. Mary Anne Heidi Dolder por abrir as portas do Laboratório

de Ultraestrutura Celular do Departamento de Biologia Estrutural e Funcional

(IB/UNICAMP) para processamento de material de microscopia eletrônica.

A todos os funcionários do Centro de Microscopia Eletrônica

(IB/UNICAMP).

Ao Pedro Vale de Azevedo Brito por todo apoio e suporte em Campinas.

A Karine Freitas pela receptividade e hospedagem em Campinas.

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vi

Ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical por me

conceder essa oportunidade.

As secretárias Silvia, Bernardeth e Kárita por serem prestativas.

Aos professores do programa por contribuírem com minha formação.

Aos meus colegas da Vigilância em Saúde – Pedro Canário – ES, em

especial ao meu chefe Gildenê por me liberar sempre que solicitado, e também a

Inês, Evaldo, Ieda, Nelcy, Eugênio, Islane, Edson, Valquides, Rubens e Gerbis por

serem companheiros e compreensivos. Muito obrigado!

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EPÍGRAFE

TUDO O QUE HOJE PRECISO REALMENTE SABER, APRENDI NO JARDIM DE

INFÂNCIA.

Tudo o que hoje preciso realmente saber, sobre como viver, o que fazer e como ser,

aprendi no jardim de infância. A sabedoria não se encontrava no topo de um curso

de pós-graduação, mas no montinho de areia da escola de todo dia.

Estas são as coisas que aprendi lá:

1. Compartilhe tudo.

2. Jogue dentro das regras.

3. Não bata nos outros.

4. Coloque as coisas de volta onde pegou.

5. Arrume sua bagunça.

6. Não pegue as coisas dos outros.

7. Peça desculpas quando machucar alguém.

8. Lave as mãos antes de comer e agradeça a Deus antes de se deitar.

9. Dê descarga. (esse é importante)

10. Biscoitos quentinhos e leite fazem bem para você.

11. Respeite o outro.

12. Leve uma vida equilibrada: aprenda um pouco, pense um pouco... desenhe...

pinte... cante... dance... brinque... trabalhe um pouco todos os dias.

13. Tire uma soneca a tarde. (isso é muito bom)

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14. Quando sair, cuidado com os carros.

15. Dê a mão e fique junto.

16. Repare nas maravilhas da vida.

17. O peixinho dourado, o hamster, o camundongo branco e até mesmo a

sementinha no copinho plástico, todos morrem... nós também.

Pegue qualquer um desses itens, coloque-os em termos mais adultos e sofisticados

e aplique-os à sua vida familiar, ao seu trabalho, ao seu governo, ao seu mundo e aí

verá como ele é verdadeiro claro e firme.

Pense como o mundo seria melhor se todos nós, no mundo todo, tivéssemos

biscoitos e leite todos os dias por volta de três da tarde e pudéssemos deitar com

um cobertozinho para uma soneca.

Ou se todos os governos tivessem como regra básica devolver as coisas ao lugar

em que elas se encontravam e arrumassem a bagunça ao sair. Ao sair para o

mundo é sempre melhor darmos as mãos e ficarmos juntos. “É necessário abrir os

olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não

precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o

momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem souber ver”.

Pedro Bial

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SUMÁRIO

1. Lista de Ilustrações ............................................................................................. x

2. Lista de Abreviaturas .......................................................................................... xii

3. Resumo ............................................................................................................... xiii

4. Abstract ............................................................................................................... xiv

5. Introdução

Superordem Ostariophysi ............................................................................ 16

Ordem Siluriformes ..................................................................................... 16

Família Heptapteridae.................................................................................. 17

Epiderme dos Ostariophysi ......................................................................... 19

Células Claviformes..................................................................................... 19

Células de Substância de Alarme................................................................ 21

6. Objetivos ............................................................................................................. 27

7. Material e Métodos

Material

Local de coleta ............................................................................... 29

Material Biológico ........................................................................... 29

Métodos

Microscopia de Luz ....................................................,.................... 30

Microscopia Eletrônica de Transmissão ......................................... 32

Microscopia Eletrônica de Varredura ............................................. 32

8. Resultados .......................................................................................................... 35

9. Ilustrações ........................................................................................................... 39

10. Discussão ........................................................................................................... 58

11. Conclusões......................................................................................................... 67

12. Referências Bibliográficas .................................................................................. 70

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x

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Exemplar adulto do bagre Pimelodella cf. vittata. 30

Figura 2: Microscopia de luz (HE). (A) Pele de Pimelodella cf. vittata

organizada em um tecido epitelial (TE) apoiado no tecido conjuntivo denso

(TC) e tecido muscular estriado esquelético (TM). (B) Tecido epitelial

estratificado composto por células claviformes (CC) e células epidérmicas

(CE).

40

Figura 3: Microscopia eletrônica de varredura. Pele de Pimelodella cf.

vittata sob criofratura. CC: células claviformes, CE: células epidérmicas, TC:

tecido conjuntivo, TM: tecido muscular estriado esquelético.

42

Figura 4: Microscopia eletrônica de transmissão. Células constituintes do

epitélio de Pimelodella cf. vittata com ênfase nas células epidérmicas.

Células claviformes (CC), células epidérmicas superficiais (CES), células

epidérmicas densas (CED) e células epidérmicas abundantes (CEA).

44

Figura 5: Microscopia eletrônica de transmissão. Células constituintes do

epitélio de Pimelodella cf. vittata com ênfase nas Células claviformes (CC),

células epidérmicas superficiais (CES), células epidérmicas densas (CED) e

células epidérmicas abundantes (CEA). TC: tecido conjuntivo, MF:

melanóforo.

46

Figura 6: Epitélio de Pimelodella cf. vittata destacando as células

claviformes através de três microscopias distintas: microscopia de luz (HE)

(A), microscopia eletrônica de varredura (B) e transmissão (C). Em (C)

presença das células epidérmicas (CE) e notar as projeções e invaginações

(setas) das células claviformes (CC). N: núcleo, TC: tecido conjuntivo.

48

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Figura 7: Microscopia eletrônica de transmissão. Morfologia das células

claviformes (CC). Presença de dois núcleos (N) por célula e nucléolo

evidente (Nu). Ao redor do núcleo, citoplasma elétron lúcido composto de

mitocôndrias (mi). Notar presença de polirribossomos (pr) e complexo de

Golgi (cg) nesta região perinuclear. Em (A) e (C), invaginações e projeções

(setas) das células claviformes. CEA: célula epidérmica abundante, CED:

célula epidérmica densa, VA: vacúolo, TC: tecido conjuntivo.

50

Figura 8: Microscopia eletrônica de transmissão. Morfologia das células

claviformes. Detalhe da região mostrando mitocôndrias (mi),

polirribossomos (pr) e complexo de Golgi (cg). Em (F), citoplasma

filamentoso (CF), com secreção não vesicular. N: núcleo.

52

Figura 9: Microscopia eletrônica de transmissão. Detalhe dos tecidos

subjacentes ao epitélio (TE). (A) Lâmina basal composta por matriz

extracelular (ME) e fibroblastos (FB). Notar a presença de melanóforo (MF).

(B, C) Tecido conjuntivo denso composto por fibroblastos aprisionados em

ordenadas fibras de colágeno. (D) Tecido muscular estriado esquelético

(TM).

54

Figura 10: Microscopia de luz. (A) Método de PAS; (B) Método de Azul de

Bromofenol; (C) Método de Tricrômico de Mallory. Células epidérmicas

(CE), células claviformes (CC), tecido conjuntivo (TC), tecido muscular

estriado esquelético (TM).

56

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LISTAS DE ABREVIATURAS

CE - Células epidérmicas

CEA - Células epidérmicas abundantes

CED - Células epidérmicas densas

CES - Células epidérmicas superficiais

cg - Complexo de Golgi

CC - Células claviformes

ME - Matriz extracelular

MF - Melanóforo

mi - mitocôndria

N - Núcleo

Nu - Nucléolo

pr - polirribossomos

TC - Tecido conjuntivo

TM - Tecido muscular estriado esquelético

VA - Vacúolo

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RESUMO

A epiderme de peixes Ostariophyisi é composta por três tipos celulares básicos: as

células epidérmicas, as células de muco e as células claviformes. Essas últimas

estão associadas à produção e armazenamento de uma substância que, uma vez

liberada na água, provoca reações diversas no restante do cardume. As análises

morfológicas da epiderme do bagre Pimelodella cf. vittata revelaram a presença de

células claviformes e células epidérmicas. As células claviformes ocorrem na

camada média da epiderme, representando as maiores células desse epitélio sendo

globulares e alongadas. O citoplasma é bastante pobre em organelas e rico em

secreção fibrilar não vesicular. As poucas organelas observadas (retículo

endoplasmático, complexo de Golgi, polirribossomos e mitocôndrias) estão

localizadas na região perinuclear, enquanto o restante do citoplasma é repleto de

uma substância filamentosa, que ocupa quase a totalidade do volume

citoplasmático. Ocasionalmente, ocorrem grandes vacúolos na periferia

citoplasmática. São células que possuem dois núcleos de formas irregulares,

nucléolo evidente, cromatina central pouco condensada, mas com regiões

periféricas de compactação. Através de análises histoquímicas, detectou-se

composição protéica do conteúdo citoplasmático e ausência de carboidratos. Essas

características morfológicas e histoquímicas são semelhantes àquelas descritas

para a maioria dos Ostariophysi. As células epidérmicas diferem do descrito na

literatura, sendo aqui caracterizadas em três tipos celulares distintos: superficiais,

abundantes e densas. Não foram encontradas células de muco em P. cf. vittata,

típicas de todos os Ostariophysi já estudados. O presente estudo corrobora as

informações observadas sobre morfologia das células claviformes em Siluriformes e

detecta importantes diferenças na composição da epiderme e na estrutura das

células epidérmicas de Pimelodella cf. vittata quando comparada aos dados da

literatura.

Palavras-chave: Peixe, pele, histologia, microscopia eletrônica, células epidérmicas.

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xiv

ABSTRACT

The epidermis of Ostariophyi fish is composed by three basic cell types: epidermal,

mucus and club cells. These latter cells are associated with the production of a

secretion with distinct function and chemical composition. Morphological analyses of

the epidermis of the catfish Pimelodella cf. vittata indicated the presence of club cells

and epidermal cells. The club cells occur in the epidermis middle layer representing

the largest cells of the epithelium. They are elongated and globular. The cytoplasm is

poor in organelles and rich in a fibrillar secretion not encapsulated in vesicles. The

observed organelles (endoplasmic reticulum, Golgi apparatus, mitochondria and

polirribosomes), are located in the perinuclear region, while the remainder of the

cytoplasm is filled with a fibrillar material. Occasionally, large vacuoles occur in the

cytoplasmic periphery. The club cells present, in general, two nuclei with irregular

shape, evident nucleolus, central loose chromatin and condensed chromatin in the

periphery. By histochemistry analyses, it was detected protein composition in the

cytoplasm and absence of carbohydrates. These morphological and histochemical

characteristics are similar to those described for the majority of the Ostariophysi. The

epidermal cells differ from that described in the literature, being described here in

three distinct cell types: surface, abundant and dense one. These types have never

been noted before. There was no evidence of mucus cells in P. cf. vittata, typical

cells found in all Ostariophysi studied. The present study corroborates the data about

club cell morphology in Ostariophysi and detects significant differences in the

epidermis composition and epidermal cells structure of P. cf. vittata when compared

to the literature.

Keywords: fish, skin, histology, electron microscopy, epidermal cells.

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INTRODUÇÃO

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Superordem Ostariophysi

Os Ostariophysi compõem a segunda maior superordem de peixes, com mais

de 6.500 espécies descritas, representando aproximadamente 68% de todas as

espécies de peixes de água doce e mais de 28% de todas as espécies de peixes

conhecidas no mundo (NELSON, 2006). Os Ostariophysi estão presentes em todos

os continentes, exceto na Antártida, Groenlândia e Oceania (NELSON, 2006). A

importância deste táxon de peixes nas águas doces neotropicais é marcada

principalmente por sua abundância e diversidade (ROBERTS, 1972) e constitui mais

de 85% da ictiofauna continental (CASTRO, 1999). Nos últimos anos, novas

espécies de Ostariophysi vêm sendo descritas, aumentando assim as estimativas de

diversidade de espécies da ictiofauna de água doce Neotropical.

Esse táxon é composto pelas séries Anotophysi (= Gonorynchiformes) +

Otophysi (= "Ostariophysi" de antes). Esta estrutura geral foi corroborada por FINK &

FINK (1981) sendo então a composição mais amplamente aceita (LAUDER & LIEM,

1983; FINK & FINK, 1996). Atualmente, a superordem abrange cinco ordens -

Gonorynchiformes, Cypriniformes, Characiformes, Siluriformes e Gymnotiformes –

68 famílias, 1.075 gêneros e cerca de 7.900 espécies (NELSON, 2006).

Ordem Siluriformes

A ordem Siluriformes representa o grupo mais diversificado e amplamente

distribuído dos Ostariophysi (PINNA, 1998). Os Siluriformes são popularmente

conhecidos como cascudos, mandis, bagres, ou, do inglês, „catfishes‟, e são os

peixes mais amplamente distribuídos dentro dos Ostariophysi. Esta ordem é

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composta por 35 famílias, distribuídas em 446 gêneros e 2.867 espécies (NELSON,

2006). Destas famílias, Ariidae e Plotosidae, consistem basicamente de espécies

marinhas (cerca de 120 espécies), mas elas também têm representantes que são

frequentemente encontrados em águas salobras, costeiras e, às vezes, apenas em

água doce (NELSON, 2006). A maior diversidade de bagres ocorre em regiões

tropicais, especialmente América do Sul, África sub-Saara e Sudeste da Ásia

(MALABARBA, 1998).

Seus representantes são facilmente identificados por possuírem o corpo nu e

envolto por pele espessa, que é o caso dos bagres, ou estar total ou parcialmente

coberta por placas ósseas (BRITSKI et al., 1988), que é o caso dos cascudos. São

animais de pouca movimentação, habitando fundo de rios e escondendo-se entre

pedras e vegetação (BRITSKI, 1981), com atividade predominantemente crepuscular

ou noturna. Possuem uma dieta extremamente variada, tendendo a herbívoria (como

muitos cascudos) e carnívoria (como muitos grandes bagres) (BURGESS, 1989). Em

especial, os bagres da Mata Atlântica são preferencialmente carnívoros,

alimentando-se principalmente de outros peixes e de macrofauna bentônica

(DUBOC, 2003).

Família Heptapteridae

A família Heptapteridae é endêmica da região Neotropical, distribuída desde o

México até o sul da Argentina, sendo um dos principais representantes da ordem

Siluriformes nos rios da América do Sul e Central (BOCKMANN & GUAZZELLI,

2003). Compreendem peixes de pequeno a médio porte, que dificilmente

ultrapassam 20 cm de comprimento. Entre os gêneros desta família, Pimelodella e

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Rhamdia estão entre os mais comuns da América do Sul, contudo, sua biologia

ainda é pouco conhecida (MALABARBA,1998).

Pimelodella Eigenmann & Eigenmann 1888, objeto do presente estudo, é um

dos gêneros mais ricos em espécies, com 81 representantes, (BOCKMANN &

GUAZZELLI, 2003) e estão distribuídas desde o sul da América do Sul até o

Panamá e América Central (BURGESS, 1989). São animais de pequeno porte, em

média com 12 cm de comprimento (o maior registro é Pimelodella cristata com 34

cm), encontrados preferencialmente em córregos estreitos e com vegetação

abundante. O gênero é popularmente conhecido como mandi-chorão, devido ao som

que emite durante sua captura (BURGESS, op. cit). Possui hábito crepuscular ou

noturno, tendendo a ser sedentário ou de pequenos deslocamentos, ocorrendo

preferencialmente em ambiente lêntico. A dieta sugere ser basicamente generalista

e bentófaga, tendendo à carnívoria, demonstrando também oportunismo alimentar

(DUBOC, 2003).

A espécie ora estudada ainda não foi definitivamente identificada, podendo

inclusive tratar-se de uma espécie nova, estreitamente relacionada à Pimelodella

vittata, mas compartilhando feições também com P. lateristriga e P. laurenti, de

acordo com o manual de identificação utilizado (BRITSKI et al., 1988), pois não há

registros históricos confiáveis de exemplares do gênero tombados oficialmente e/ou

disponíveis para avaliação, bem como ainda não há chaves de identificação para as

espécies de peixes da bacia do rio São Mateus.

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Epiderme dos Ostariophysi

O tegumento dos animais é um órgão exposto da superfície corpórea, que fica

em contato direto com o ambiente e atua em inúmeras funções relacionadas à

interface entre organismo e seu ambiente, além de estar envolvido na proteção

contra agentes físicos, químicos e biológicos, como os patógenos.

A estrutura básica da pele é semelhante entre os diferentes grupos de peixes,

mas características morfológicas e citológicas específicas podem ser observadas

(GARG et al., 2010). É constituída por uma epiderme separada por uma lâmina

basal da derme subjacente. A epiderme possui três tipos celulares característicos,

que são as células epidérmicas, as células de muco e as células claviformes, foco

principal do presente trabalho. As células epidérmicas são menores quando

comparadas às células de muco e as células claviformes, contudo, são mais

numerosas, e são encontradas desde camadas mais basais até as camadas mais

superficiais do epitélio (GUERRA et al., 2006). As células de muco são células

conspícuas, localizadas próximas à superfície apical do epitélio, arredondadas e

com núcleo periférico achatado. São importantes constituintes funcionais da

epiderme de peixes e secretam uma substância que constitui o revestimento da

superfície mucosa (SMITH, 1977).

Células Claviformes

As células claviformes são conspícuas e proeminentes constituintes do

epitélio dos peixes e receberam essa denominação devido ao formato de clava

observado em microscopia de luz. Foram descritas pela primeira vez em epiderme

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de lampreias (KÖLLIKER,1860). Em microscopia de luz, as células claviformes dos

Ostariophysi diferem das células claviformes dos demais teleósteos quanto a sua

morfologia (PFEIFFER, 1960; PFEIFFER & PLETCHER, 1964). Estudos com

técnicas histoquímicas e microscopia eletrônica corroboraram essas diferenças

morfológicas (BERTOLINI et al., 1968;. HENRIKSON & MATOLTSY et al., 1968;

MITTAL & MUNSHI, 1969; MEDEIROS et al., 1970; PFEIFFER et al., 1971).

As células claviformes são encontradas em diferentes grupos de peixes,

contudo, sua função não está totalmente estabelecida, sendo associadas, a

princípio, a funções distintas (RALPHS & BENJAMIN, 1992). ZACCONE et al. (1990)

demonstraram a presença de serotonina nessas células e sugeriram uma função

feromonal, onde a serotonina, e possivelmente outros tipos de peptídeos bioativos,

podem exercer um efeito sobre o mecanismo de liberação do feromônio de alarme.

Alguns autores atribuíram a essas células função antipatogênica (SMITH 1982;

SUZUKI & KANEKO, 1986; AL HASSAN et al., 1987), assim como LUFTY (1964),

por sua vez, sugeriu função fagocítica. Em alguns peixes foi identificada a presença

de condroitina e queratina (RALPHS & BENJAMIN, 1992) o que poderia ter função

cicatrizante, ajudando na reparação dos tecidos danificados (IGER & ABRAHAM,

1990). Além disso, SUZUKI & KANEKO (1986) mostraram que essas células

secretam muco.

Dentre as diversas funções atribuídas às células claviformes nos mais

diversos grupos de peixes, incluindo os Ostariophysi, na maioria das espécies de

Ostariophysi essas células estão relacionadas com a sinalização/comunicação entre

os indivíduos do cardume, com produção de uma substância específica com

capacidade de gerar uma reação de alarme (FRISCH, 1938; 1941; PFEIFFER, 1960,

1962, 1977; SMITH, 1992, 1997). Foi PFEIFFER (1960) quem associou as células

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claviformes com a reação de alarme, sendo então denominadas de células de

substância de alarme (do alemão Schreckstoffzellen: Schreck = susto + Stoff =

matéria + Zellen = célula).

Células de Substância de Alarme

As reações de alarme são fenômenos comportamentais apresentados por

animais de hábito social, visando maior proteção contra predadores (EDMUNDS,

1974). Nos Ostariophysi, a reação de alarme é desencadeada quando indivíduos

predados ou ameaçados têm sua epiderme lesada. Tal evento causa um

rompimento nas células claviformes, denominadas de células de substância de

alarme, e seu conteúdo citoplasmático é então liberado na água e percebido pelos

demais indivíduos do cardume. Como consequência, os indivíduos, pertencentes à

mesma espécie ou espécies distintas, mas filogeneticamente próximas (SMITH,

1977), apresentam um estado de pânico generalizado denominado por FRISCH

(1938, 1941) como Schreckreaktion (do alemão: Schreck = susto + Reaktion =

reação). A reação de alarme é o resultado de três fatores fundamentais: presença

das células de substância de alarme + produção e liberação de uma substância de

alarme pelo emissor + capacidade de resposta do receptor. A ausência de quaisquer

destes fatores inviabiliza a reação, mesmo que haja a transmissão visual.

Dada a intra-especificidade e a inter-especificidade da reação, tal fenômeno

representa um importante subsídio para uma melhor compreensão das relações

filogenéticas entre peixes. Por isso, as substâncias de alarme e a reação provocada

por elas têm sido descritas em muitas espécies (SCHUTZ, 1956; STEVEN, 1959;

VERHEIJEN, 1959, 1962, 1963; PFEIFFER, 1960, 1962, 1963, 1966, 1967, 1974,

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1977; SKINNER et al., 1962; HEMMINGS, 1966; REED, 1966, 1969; THINÉS &

VANDENBUSSCHE, 1966; GANDOLFI, 1968; VERHEIJEN & REUTER, 1969;

REED et al., 1972; SMITH, 1973; THINÉS & LEGRAIN, 1973; AOKI & KUROKI,

1975; DUBOC, 2007).

Na ordem Siluriformes, entretanto, devido a escassez de estudos no grupo,

não se pode afirmar que todas as células claviformes são células de substância de

alarme. Em várias espécies dessa ordem, as células claviformes parecem descargar

seus conteúdos citoplasmáticos mesmo quando a pele não está lesionada (MITTAL

& MUNSHI, 1970) atribuindo, assim, outra função a elas.

As células de substância de alarme são quase sempre presentes em espécies

que apresentam a reação de alarme, mas, podem ser encontradas em algumas

espécies que não apresentam a reação, como por exemplo, o lambari cego das

cavernas mexicanas – Astyanax jordani (HUBBS & INNES, 1936), Characidae – as

piranhas e os pacus (ambos Characidae, Serrasalminae). Conforme SMITH (1977),

a não ocorrência da reação de alarme mesmo na existência das células claviformes

com função de células de substância de alarme pode ser resultado da baixa

ocorrência de predadores em cavernas ou a voracidade predadora das piranhas.

Esses fatores podem ter sido causais na redução das pressões seletivas para a

manutenção da reação de alarme, a qual é então reduzida ou perdida. A reação de

alarme pode variar de acordo com o nicho ecológico ou às adaptações de cada

espécie, de modo que a ausência de reação em várias espécies de Ostariophysi é

resultado de provável perda secundária (DUBOC, 2007). Os Ostariophysi que não

apresentam reação de alarme são espécies que têm adaptações relativamente

especializadas, como espécies cavernícolas, predadores com hábitos noturnos ou

espécies de hábitats crípticos (PFEIFFER, 1977).

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PFEIFFER (1960; 1967) concluiu que essa reação de alarme é existente

apenas em Ostariophysi, entretanto, BARRETO et al. (2010), demonstraram a

existência de reação de alarme e presença de células claviformes com função de

células de substâncias de alarme em tilápias do Nilo Oreochromis niloticus (não-

ostariofiso) . Mas segundo CHIVERS et al. (2007), a função primária das células de

substância de alarme seria imunológica e o componente de alarme evoluiu

secundariamente.

Muitos autores estudaram a reação de alarme sem nenhuma abordagem

morfológica das células claviformes (FRISCH, 1938, 1941a, b; BRETT &

MACKINNON, 1954; SCHUTZ, 1956; VERHEIJEN, 1956, 1959, 1962, 1963;

SKINNER et al., 1962; HEMMINGS, 1966, REED, 1966, 1969; THINÉS &

VANDENBUSSCHE, 1966; ROSENBLATT & LOSEY, 1967; GANDOLFI, 1968;

VERHEIJEN & REUTER, 1969; MARKL, 1972; REED et al., 1972; THINÉS &

LEGRAIN, 1973; AOKI & KUROKI, 1975). Já outros autores, estudaram as células

claviformes sem considerar a reação de alarme (KAPOOR, 1953, 1966; HUSSAINI &

LUFTY, 1958; JAKUBOWSKI, 1958, 1959, 1960; NEDELEA & STEOPOE, 1967;

HENRIKSON & MATOLTSY, 1968; MITTAL & MUNSHI, 1969, 1970; MEDEIROS et

al., 1970; BIANCHI, 1975). Neste último grupo, encaixa-se o presente trabalho.

A presença dessas células em Ostariophysi constitui-se numa questão

intrigante para a teoria da evolução (NELSON, 1994). Essas células, aparentemente

especializadas para síntese e liberação de produtos químicos olfatórios, há muito

tempo têm interessado aos ecologistas evolutivos, onde os beneficiários principais

de uma sinalização de alarme não parecem ser os indivíduos que enviam o sinal

(WILLIANS, 1992), sugerindo um caso de altruísmo (SMITH ,1992).

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A composição química definitiva da substância de alarme é ainda pouco

esclarecida, mas tem sido largamente discutida (PFEIFFER, 1962; MlTTAL &

MUNSHI, 1969; REED et al., 1973; BIRCH, 1974; PFEIFFER, 1982; PFEIFFER et

al., 1971, 1985). PFEIFFER et al. (1971), através de resultados histoquímicos,

determinaram a presença de atividade secretora e que a substância secretada é de

baixo peso molecular.

Acredita-se que seja constituída por um conjunto de compostos complexos

contendo óxido nítrico como grupo funcional. Estudos sugerem que a base púrica

3(N)-Óxido de hipoxantina seja o provável componente ativo da substância de

alarme em Ostariophysi (PFEIFFER et al., 1985; SMITH, 1986; SMITH, 1992;

BROWN et al., 2000, 2003). Essa molécula é relativamente pequena, com

considerável variedade de grupos funcionais, proporcionando vários sítios de

reconhecimento molecular.

Apesar dos estudos acerca do 3(N)-Óxido de hipoxantina, permanece

desconhecido se há um único grupo funcional ou se existe uma combinação de

grupos funcionais organizados por um esqueleto de purina (PFEIFFER et al., 1985).

BROWN et al. (2000), sugeriram que qualquer composto com um grupo funcional de

óxido de nitrogênio pode agir como um agente potencial de sinalização.

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OBJETIVOS

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Geral

Caracterizar a epiderme do siluriforme Pimelodella cf. vittata na Bacia do Rio

São Mateus, com ênfase na morfologia das células claviformes.

Específicos

Descrever a estrutura do tegumento;

Detalhar a morfologia das células que compõem a epiderme;

Analisar a distribuição das células claviformes ao longo da epiderme;

Determinar a composição química da secreção presente nas células

claviformes, através de técnicas citoquímicas;

Comparar os resultados obtidos com dados existentes na literatura;

Contribuir com maiores informações morfológicas sobre as células que

compõem a epiderme, relacionando com aspectos ecológicos e comportamentais.

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MATERIAL E MÉTODOS

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Local de coleta

As coletas foram realizadas em dois pontos da Bacia do Rio São Mateus (18°

39' 02.2'' S e 40° 07' 23.4'' W, 18° 39' 00.8'' S e 40° 05' 39.9'' W) durante os meses

de Julho e Setembro do ano de 2011. As capturas foram feitas com rede de arrasto,

sob licença SISBIO - Licença permanente para coleta de material zoológico - nº

19158-1 do Prof. Dr. Luiz Fernando Duboc.

A bacia hidrográfica do rio São Mateus possui uma superfície de cerca de

13.500km², sendo 7.710km2 no estado do Espírito Santo, e totalmente inserida na

Ecorregião Aquática da Mata Atlântica (MMA, 2006). Suas nascentes localizam-se

em Minas Gerais, a cerca de 1000m de altitude, e ao longo do seu curso agrega 15

afluentes principais que contribuem na drenagem de 23 municípios, sendo 11 no

Espírito Santo. O rio São Mateus strictu sensu (IBGE) possui cerca de 50 km, e é

formado pela união dos rios Cotaxé (ao Norte), com cerca de 250 km e Cricaré (ao

Sul), com cerca de 200 km (ANA, 2009). Possui uma série de nuances e impactos

antrópicos, desde desmatamentos, passando por poluição doméstica e industrial,

pesca e introdução de espécies.

Material

A identificação de Pimelodella cf. vittata (fig. 1) ocorreu ao menor nível

taxonômico, com o auxílio do Prof. Dr. Luiz Fernando Duboc. Exemplares

excedentes foram doados para a coleção zoológica do CEUNES/UFES, ainda em

construção.

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Figura 1: Exemplar adulto do bagre Pimelodella cf. vittata coletado na Bacia do Rio São

Mateus. Barra: 2cm

Métodos

Microscopia de Luz

Fragmentos de pele de P. cf. vittata, com aproximadamente 1cm3, foram

removidos das regiões anterior e posterior dos animais (asteriscos, fig. 1) e fixados

com solução de Bouin durante 24 horas a 4°C. Os fragmentos foram então lavados

em tampão fosfato de sódio 0.1M, pH 7.2, desidratados em série crescente de etanol

por 3 minutos cada banho, diafanizados em xilol, por 30 minutos em cada solução

(xilol I e xilol II) e então incluídos em parafina (paraplast). Após inclusão, as

amostras foram seccionadas na espessura de 7µm em micrótomo rotativo

(Laboratório de Ultraestrutura Celular Carlos Alberto Redins, CCS, UFES) e

montadas sobre lâminas histológicas.

* *

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Para colorações convencionais, as lâminas foram hidratadas e submetidas ao

método de Hematoxilina/Eosina. Nele, as lâminas foram coradas em Hematoxilina

de Harris por 3 minutos, lavadas em água corrente, coradas em Eosina 2.5% por 4

minutos, foram desidratadas, montadas e fotodocumentadas em microscópio de luz.

Para colorações citoquímicas, as lâminas foram hidratadas e submetidas aos

métodos de Tricrômico de Mallory, Ácido Periódico-Schiff (PAS) e Azul de

Bromofenol.

Para o método Tricrômico de Mallory, para evidenciação do tecido conjuntivo,

as lâminas foram coradas em Hematoxilina de Harris por 3 minutos, lavadas em

água corrente, coradas em Fucsina Ácida aquosa 0.5% por 2 minutos, banhadas em

solução de Azul de Anilina 0.5% – Orange G 2% – Ácido Fosfotúngstico 1% por 20

minutos. Em seguida, foram lavadas em água corrente, desidratadas, montadas e

fotodocumentadas.

Na técnica de PAS, para detecção de glicoproteínas, as lâminas foram

banhadas em Ácido Periódico 1% por 10 minutos, lavadas em água destilada e

mergulhadas em Reativo de Schiff por 20 minutos. Seguiu-se uma nova lavagem em

água de corrente por 10 minutos, coloração em Hematoxilina de Harris por 3

minutos, lavagens em água destilada, desidratação, montagem e fotodocumentação.

Na técnica de Azul de Bromofenol, para detecção de proteínas, as lâminas

foram colocadas diretamente em solução aquosa de Azul de Bromofenol 1% durante

15 minutos. Foram então lavadas em ácido acético 0.5%, desidratadas, montadas e

fotodocumentadas. O processamento das colorações convencional e citoquímicas

foram realizados no Laboratório de Biologia Estrutural, CEUNES, UFES.

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Microscopia Eletrônica de Transmissão

Fragmentos de pele de P. cf. vittata, com aproximadamente 1mm3, foram

removidos das regiões anterior e posterior dos animais. Os tecidos foram fixados

com solução Karnovsky (glutaraldeído 2.5%, paraformaldeído 4% em tampão fosfato

de sódio 0.1M, pH 7.2) durante 24 horas a 4°C. O material foi lavado no mesmo

tampão durante 2 horas, pós-fixado com Tetróxido de Ósmio 1% em tampão fosfato

de sódio, pH 7.2, durante 2 horas, a 4°C, desidratado em série crescente de

acetona, infiltrado por 4 dias e incluído em resina Epoxi. Os materiais incluídos

foram seccionados em micrótomo para identificação da área de interesse, e em

ultramicrótomo, onde foram coletados em telas de cobre (Laboratório de Microscopia

Eletrônica, Departamento de Biologia Estrutural e Funcional, IB, UNICAMP). Os

cortes ultrafinos foram contrastados em soluções de Acetato de Uranila e Citrato de

Chumbo, observados e fotodocumentados em microscópio eletrônico de

transmissão (Centro de Microscopia Eletrônica, IB, UNICAMP).

Microscopia Eletrônica de Varredura

Fragmentos de pele de P. cf. vittata, com aproximadamente 1cm3, foram

fixados com solução Karnovsky (glutaraldeído 2.5%, paraformaldeído 4% em

tampão fosfato de sódio 0.1M, pH 7.2) durante dias a 4°C. O material foi lavado no

mesmo tampão durante 2 horas e seguiram-se banhos em soluções crescentes de

sacarose (0.5M; 1M; 1.5M; 2M; 2.5M e 3M) por 24 horas em cada solução a 4°C. Os

fragmentos foram congelados em nitrogênio líquido e fraturados com o auxílio de um

estilete. Tais fragmentos foram lavados em tampão fosfato de sódio 0.1M, pH 7.2,

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por 30 minutos, pós-fixados em uma solução de Tetróxido de Ósmio 1% em tampão

fosfato de sódio 0.1M, pH 7.2 por 2 horas e desidratados em série crescente de

etanol. Em seguida, as amostras foram submetidas à secagem ao ponto crítico,

montadas sobre suportes de alumínio, recobertas com ouro/paládio, observadas e

fotodocumentadas em microscópio eletrônico de varredura (Centro de Microscopia

Eletrônica, IB, UNICAMP).

Para as análises morfométricas, as micrografias foram analisadas usando-se

as ferramentas de medidas do software de imagem Adobe Photoshop. A contagem

celular foi feita por observação e os dados morfométricos referentes à área celular

foram obtidos medindo comprimento x largura, e as medidas foram calibradas em

lâmina micrometrada.

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RESULTADOS

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A pele de Pimelodella cf. vittata é composta por um epitélio estratificado apoiado em

uma densa camada de tecido conjuntivo e abaixo deste tecido conjuntivo encontra-

se um vasto tecido muscular (figs. 2A-B, 3A-B).

O epitélio, quando analisado ao microscópio de luz, é composto por dois tipos

celulares morfologicamente distintos: as células epidérmicas e células claviformes

(fig. 2B). As células epidérmicas são pequenas, com diâmetro médio de 40µm,

quando comparadas as conspícuas células claviformes que possuem em média

480µm de tamanho. Esses dois tipos celulares formam um epitélio estratificado

heterogêneo, composto assim por pequenas células achatadas e grandes células

globulares (fig. 2B). O número de camadas varia em função da heterogeneidade e

disposição dos tipos celulares, apresentando em geral, duas camadas de células

claviformes e células epidérmicas dispostas entre elas (figs. 2B, 3A).

As células epidérmicas apresentam formato irregular achatado, núcleo denso

e discreto citoplasma. Ocorrem distribuídas por todo o epitélio, entre as células

claviformes, mas são preferencialmente observadas nas regiões apicais, delimitando

a superfície do epitélio (fig. 2B). O número de células epidérmicas é maior que o de

células claviformes, mas devido às dimensões das últimas, estas ocupam um

volume muito maior no tecido (fig. 3).

Quando analisadas ao microscópio eletrônico de transmissão, é possível

identificar que as células epidérmicas apresentam três morfologias distintas (figs. 4,

5). As células epidérmicas „superficiais‟ são achatadas, presentes na superfície do

epitélio e apresentam citoplasma elétron lúcido e núcleo pouco compactado (figs.

4A-B, 5A). As células epidérmicas „abundantes‟ são achatadas, distribuídas por todo

o epitélio e apresentam citoplasma denso e núcleo com regiões de cromatina

condensada (figs. 4, 5). As células epidérmicas „densas‟ são arredondadas,

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distribuídas por todo o epitélio, mas em baixa quantidade, apresentam citoplasma

denso e núcleo globular com regiões de cromatina condensada (figs. 4C, 5).

Tanto em microscopia de luz quanto em microscopia eletrônica, não foram

observadas células de muco.

As células claviformes se dispõem, geralmente, em duas camadas,

constituindo a maior extensão do epitélio. São encontradas preferencialmente na

região mediana entre as células epidérmicas „superficiais‟ e a camada basal de

células epidérmicas „abundantes‟, raramente chegando à superfície apical (fig. 2B).

Apresentam formatos globulares e alongados (figs. 5, 6). O núcleo encontra-se

sempre central e possui, em média, 0.5 µm² de diâmetro (figs. 5, 6, 7A). São

encontrados dois núcleos por célula, muito próximos um do outro, de formato

irregular, com cromatina pouco condensada, mas com regiões periféricas de

compactação e, nucléolo evidente (fig. 7B-E).

O citoplasma das células claviformes é bastante pobre em organelas e rico

em secreção não vesicular (fig. 6B-C). As poucas organelas observadas (retículo

endoplasmático, complexos de Golgi, polirribossomos e mitocôndrias) estão

localizadas na região perinuclear (fig. 8A-E), enquanto o restante do citoplasma é

repleto de uma substância filamentosa (fig. 8F). O conteúdo citoplasmático pode

assim ser diferenciado em duas regiões: uma discreta e elétron lúcida, ao redor do

núcleo, e outra abundante e elétron densa, que ocupa quase a totalidade do volume

citoplasmático (figs. 7A -C, 8A). Ocasionalmente, grandes vacúolos são visualizados

na periferia citoplasmática (fig. 7A). A membrana plasmática, por toda sua extensão,

apresenta invaginações, tornando a superfície celular bastante irregular e associada

às células epidérmicas (figs. 6C, 7C).

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Quanto à composição química do citoplasma das células claviformes, ou seja,

da secreção produzida e armazenada, foram feitas duas colorações histológicas

especiais. A técnica de PAS, para detecção de glicoproteínas, apresentou reação

negativa (fig. 10A), enquanto a técnica de Azul de Bromofenol, para detecção de

proteínas, apresentou reação positiva (fig. 10B).

Abaixo do epitélio, encontra-se uma camada de tecido conjuntivo frouxo com

fibroblastos e melanóforos associados (figs. 5B, 9A). Abaixo do tecido conjuntivo

frouxo, encontra-se uma espessa camada de tecido conjuntivo denso com

espessura média de 65µm, com fibroblastos aprisionados em fibras de colágeno

altamente orientadas (fig. 9C, D) e evidenciadas em azul pela técnica de Tricrômico

de Mallory (fig. 10C). Da mesma forma, segue abaixo da derme, camadas, também

espessas, de tecido muscular estriado esquelético (fig. 9D), evidenciado em

vermelho/marrom pela técnica de Tricrômico de Mallory (fig. 10C).

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ILUSTRAÇÕES

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Figura 2: Microscopia de luz (HE). (A) Pele de Pimelodella cf. vittata organizada em

um tecido epitelial (TE) apoiado no tecido conjuntivo denso (TC) e tecido muscular

estriado esquelético (TM). (B) Tecido epitelial estratificado composto por células

claviformes (CC) e células epidérmicas (CE). Barra: 25µm (A) e 15µm (B).

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Figura 3: Microscopia eletrônica de varredura. Pele de Pimelodella cf. vittata sob

criofratura. CC: células claviformes, CE: células epidérmicas, TC: tecido conjuntivo,

TM: tecido muscular estriado esquelético. Barra: 20µm (A, B); 10µm (C).

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Figura 4: Microscopia eletrônica de transmissão. Células constituintes do epitélio de

Pimelodella cf. vittata com ênfase nas células epidérmicas. Células claviformes (CC),

células epidérmicas superficiais (CES), células epidérmicas densas (CED) e células

epidérmicas abundantes (CEA). Barra: 10µm (A); 5µm (B, C).

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Figura 5: Microscopia eletrônica de transmissão. Células constituintes do epitélio de

Pimelodella cf. vittata com ênfase nas células claviformes: Células claviformes (CC),

células epidérmicas superficiais (CES), células epidérmicas densas (CED) e células

epidérmicas abundantes (CEA). TC: tecido conjuntivo, MF: melanóforo. Barra: 10µm

(A, B).

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Figura 6: Epitélio de Pimelodella cf. vittata destacando as células claviformes

através de três microscopias distintas: microscopia de luz (HE) (A), microscopia

eletrônica de varredura (B) e transmissão (C). Em (C) presença das células

epidérmicas (CE) e notar as projeções e invaginações (setas) das células

claviformes (CC). N: núcleo, TC: tecido conjuntivo. Barra: 24µm (A); 10µm (B); 5µm

(C).

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Figura 7: Microscopia eletrônica de transmissão. Morfologia das células claviformes

(CC). Presença de dois núcleos (N) por célula e nucléolo evidente (Nu). Ao redor do

núcleo, citoplasma elétron lúcido composto de mitocôndrias (mi). Notar presença de

polirribossomos (pr) e complexo de Golgi (cg) nesta região perinuclear. Em (A) e (C),

invaginações e projeções (setas) das células claviformes. CEA: célula epidérmica

abundante, CED: célula epidérmica densa, VA: vacúolo, TC: tecido conjuntivo.

Barra: 0,5µm (A); 1µm (D); 2µm (B, C, E).

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Figura 8: Microscopia eletrônica de transmissão. Morfologia das células claviformes.

Detalhe da região mostrando mitocôndrias (mi), polirribossomos (pr) e complexo de

Golgi (cg). Em (F), citoplasma filamentoso (CF), com secreção não vesicular. N:

núcleo. Barra: 0,2µm (F); 0,5µm (A, D, E); 1µm (C); 2µm (B).

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Figura 9: Microscopia eletrônica de transmissão. Detalhe dos tecidos subjacentes

ao epitélio (TE). (A) Lâmina basal composta por matriz extracelular (ME) e

fibroblastos (FB). Notar a presença de melanóforo (MF). (B, C) Tecido conjuntivo

denso composto por fibroblastos aprisionados em ordenadas fibras de colágeno. (D)

Tecido muscular estriado esquelético (TM). Barra: 0,1µm (D); 2µm (A, B, C).

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Figura 10: Microscopia de luz. (A) Método de PAS; (B) Método de Azul de

Bromofenol; (C) Método de Tricrômico de Mallory. Células epidérmicas (CE), células

claviformes (CC), tecido conjuntivo (TC), tecido muscular estriado esquelético (TM).

Barra = 15µm.

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DISCUSSÃO

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O tegumento de Pimelodella cf. vittata apresentou um epitélio estratificado

heterogêneo composto por três tipos de células epidérmicas – „abundantes‟,

„superficiais‟ e „densas‟ – e ainda células claviformes. As células epidérmicas

„abundantes‟ são as mais comuns; as „superficiais‟ ocorrem na porção apical e as

„densas‟ possuem citoplasma e núcleo fortemente contrastados. As células

claviformes são volumosas, geralmente binucleadas com núcleos centrais e

citoplasma dividido em duas regiões distintas - uma perinuclear elétron lúcida com

organelas e outra elétron densa rica em material fibrilar. Seu citoplasma apresentou

reação negativa ao PAS e positiva ao Azul de Bromofenol. Subjacente ao epitélio,

separado pela lâmina basal, encontra-se a derme composta por tecido conjuntivo

frouxo, seguido de uma camada de tecido conjuntivo denso e tecido muscular

estriado esquelético.

No presente trabalho, foram analisados fragmentos de pele de duas regiões

corpóreas distintas: anterior e posterior. Entretanto, as análises morfológicas

revelaram que não existem diferenças quanto à ocorrência, densidade ou morfologia

das células claviformes nestas porções distintas.

O epitélio de P. cf. vittata, assim como em todas as espécies de Ostariophysi

estudadas, é organizado de forma estratificada e heterogênea. Entretanto, o número

de camadas e a espessura do epitélio, é bastante variada entre as espécies de

peixes. Em geral, encontra-se um epitélio estraficado com diversas camadas como

em alguns Siluriformes (GUERRA et al., 2006; LIZARAZO et al., 2008; WISENDEN

et al., 2008; AL-BANAW et al., 2009; PARK et al., 2010) em Characiformes (PARK

et al., 2003) e em não-ostariofiso como os Aguiliformes - Conger myriaster

(NAKAMURA et al., 2001) ao contrário de P. cf. vittata que apresenta somente uma

ou duas camadas de células claviformes ladeadas por pequenas células

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epidérmicas. Essas células estão localizadas na região mediana do epitélio, não

atingindo a superfície. Tal localização está de acordo com o encontrado na literatura,

onde parece não existir diferenças na distribuição dessas células na epiderme de

Siluriformes de espécies marinhas e de água doce. Em Siluriformes ariideos

(SMITH, 2000; AL-BANAW et al., 2009), ictalurideos (CHAPMAN & JOHNSON,

1997), bagrideos (PARK et al., 2010), assim como no heptapterideo P. cf. vittata, as

células claviformes estão localizadas na região média do epitélio estratificado.

A presença de dois tipos celulares distintos na epiderme de P. cf. vittata -

epidérmicas e claviformes - é diferente daquela encontrada em Siluriformes que

tiveram sua estrutura epitelial descrita (YOAKIM & GRIZZLE, 1982; PFEIFFER et al.,

1985; PARK et al., 2003; GUERRA et al., 2006; LIZARAZO et al., 2008; AL-BANAW

et al., 2009; PARK et al., 2010) e em Cypriniformes (PFEIFFER et al., 1985;

HALBGEWACHS et al., 2009; STABELL & VEGUSDAL, 2010).

A grande diferença se deve à ausência de células de muco em P. cf. vittata,

observada em todas as demais espécies e distribuídas abundantemente pelo

epitélio. Em geral, as células de muco são caracterizadas por sua grande dimensão,

semelhante às células claviformes, citoplasma repleto de vesículas de secreção,

localização apical e presença de poros na membrana plasmática, por onde o muco é

secretado.

A ausência de células de muco em P. cf. vittata, pode estar relacionada a

fatores internos (hormonais). PFEIFFER et al., (1985), estudando os efeitos de

esteróides na epiderme de Phoxinus phoxinus (Cypriniformes), verificou que existe

uma estreita relação entre a ação de esteróides e a quantidade de células de muco

e células claviformes. Adicionalmente, fatores externos (ambientais) podem também

influenciar a composição da epiderme de P. cf. vittata.

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Além das células de muco, em algumas espécies de Siluriformes

Callichthydeos (HENRIKSON & MATOLTSY, 1968) e na lampreia Ichthynyzon

unicuspis (DOWNING & NOVALES, 1971), podem ser observadas células globulares

granulares. Esse tipo celular, assim como as células claviformes, são bastante

volumosas, aparentemente liberam material citoplasmático na superfície da

epiderme (HENRIKSON & MATOLTSY, 1968) e também não foram observadas em

P. cf. vittata.

As células epidérmicas encontradas em P. cf. vittata e classificadas como

„abundantes‟, „superficiais‟ e „densas‟ ainda não haviam sido descritas em outras

espécies, onde somente eram denominadas de células epidérmicas. Entretanto,

observando as micrografias publicadas por DOWNING & NOVALES (1971), é

possível identificar tipos celulares distintos entre as células epidérmicas, os quais

não foram descritos. A grande maioria dos trabalhos envolvendo ultraestrutura de

epiderme de peixe (HENRIKSON & MATOLTSY, 1968; DOWNING & NOVALES,

1971; PFEIFFER et al., 1971; YOAKIM & GRIZZLE, 1982; PETERS et al., 1990)

apresentam micrografias com grandes aumentos o que em geral dificulta a

identificação desses tipos celulares.

Com relação às células claviformes em Ostariophysi, a característica mais

marcante desse tipo celular é sua dimensão, sendo facilmente identificado em

microscopia de luz. Apesar de serem consideradas células claviformes, ou seja, em

formato de clava, em P. cf. vittata elas apresentam formato irregular, variando entre

o globular e o alongado. Existe, de fato, uma variação morfológica nesse tipo celular.

Em Phoxinus laevis (Cypriniformes) (PFEIFFER, 1960) ela é considerada claviforme;

em Astyanax mexicanus (Characiformes) (PETERS et al., 1990) ela é descrita como

ovalada; nos Siluriformes há uma variação entre o globular e o alongado, no ariideo

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Arius tenuispinis (AL-BANAW et al., 2009) é descrita como alongada, já em Arius

felis (SMITH, 2000) é globular, no bagrideo Pseudobagrus brevicorpus (PARK et al.,

2010), esse tipo celular varia entre o globular e o alongado, sendo alongadas para

os clariideos Clarias gariepinus (GUERRA et al., 2006) e Clarias batrachus (MITTAL

& GARG, 1994) e globular para o ictalurideo Ictalurus punctatus (CHAPMAN &

JOHNSON, 1997).

A morfologia das células claviformes em P. cf. vittata é bastante semelhante

ao descrito para outros Siluriformes, devido a sua grande dimensão, localização

central, serem binucleadas e terem reação negativa ao método de PAS (YOAKIM &

GRIZZLE, 1982; CHAPMAN & JOHNSON, 1997; GUERRA et al., 2006; AL-BANAW

et al., 2009) e em Cypriniformes (HALBGEWACHS et al., 2009; STABELL &

VEGUSDAL, 2010). A morfologia nuclear dessas células em P. cf. vittata, está de

acordo com o encontrado em outros Siluriformes (PFEIFFER, 1970; YOAKIM &

GRIZZLE, 1982; MITTAL & GARG, 1994; PARK et al., 2003; AL-BANAW et al.,

2009; PARK et al., 2010) e em Cypriniformes (STABELL & VEGUSDAL, 2010;

HALBGEWACHS et al., 2009) e em não-ostariofiso, como lampreias da espécie

Ichthyomyzon unicuspis (DOWNING & NOVALES, 1971) descrito como central,

formato irregular, com cromatina condensada na periferia, nucléolo evidente. Outra

característica comum às células claviformes dos Siluriformes é que geralmente são

binucleadas, que é um indicativo de serem células com atividade intensa, mas às

vezes, apresentam-se mononucleadas, contudo, em Characiformes como o

Astyanax mexicanus, por exemplo, é geralmente único (PETERS et al., 1990).

O citoplasma das células claviformes em P. cf. vittata é preenchido com

material fibrilar homogeneamente disperso, semelhante ao descrito em outros

Siluriformes como o callichthyideo Corydoras aeneus, (HENRIKSON & MATOLTSY,

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1968), e no ictalurideo Ictalurus punctatus (YOAKIM & GRIZZLE, 1982) e em

Cypriniformes como Carassius auratus, Phoxinus phoxinus e Morulius

chrysophakedion (HENRIKSON & MATOLTSY, 1968; PFEIFFER et al., 1971).

Entretanto em grupos de peixes não-ostariofiso como na enguia Anguilla sp, o

citoplasma não revelou material fibrilar e sim filamentos em espiral organizados em

feixes deitados em vários planos (HENRIKSON & MATOLTSY, 1968). Da mesma

forma, na lampreia Ichthyomyzon unicuspis também foram descrito feixes de

filamentos (DOWING & NOVALES, 1971). A presença desse material fibrilar

citoplasmático, espiral ou disperso, é uma característica marcante nas células

claviformes dos Ostariophysi e parece representar a substância de alarme que

causa a reação de alarme, típica desse grupo de peixes. Na região periférica do

citoplasma das células claviformes, próxima à membrana plasmática, grandes

vacúolos foram visualizados em P. cf. vittata, assim como observado em Siluriformes

ictalurideo Ictalurus punctatus (YOAKIM & GRIZZLE, 1982) e no ariideo Arius felis

(SMITH, 2000), e em não-ostariofiso como em enguias (WHITEAR & ZACCONE,

1984). Diante do exposto, sugere-se que os vacúolos são estruturas tipicas de

células claviformes.

Na região perinuclear, diferente do restante do citoplasma fibrilar, encontram-

se as organelas das células de substância de alarme: retículo endoplasmático

rugoso, complexo de Golgi, ribossomos livres e agregados sob forma de

polirribossomos, mitocôndrias e lisossomos. Tal composição e organização

citoplasmática são observadas na grande maioria das espécies de Siluriformes e

Cypriniformes estudadas (HENRIKSON & MATOLTSY, 1968; PFEIFFER et al.,

1971; YOAKIM & GRIZZLE, 1982), incluindo P. cf. vittata. Ainda na região

perinuclear, HENRIKSON e MATOLTSY (1968) descreveram uma estrutura

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incomum nesta região das células claviformes de Siluriformes como Corydoras

aeneus. Nela, ocorre agregação de vesículas de superfície lisa, com vesículas

concentricamente dispostas em torno de uma área ovóide central. A área central

apresenta-se fibrilar e, ocasionalmente, encontra-se vesículas em colapso. A

estrutura citoplasmática encontrada em Corydoras aeneus não foi observado em

Siluriformes como o ictalurideo Ictalurus punctatus (YOAKIM & GRIZZLE, 1982) e no

heptapterideo do presente estudo o P. cf. vittata e em Cypriniformes como Carassius

auratus (HENRIKSON & MATOLTSY, 1968), Phoxinus phoxinus e Morulius

chrysophakedion (PFEIFFER et al., 1971). Esta estrutura pode estar presente

apenas em certas espécies dos Ostariophysi, indicando uma diferença entre as

células claviformes deste grupo.

O citoplasma das células claviformes em P. cf. vittata apresentou reação

negativa ao método de PAS, indicando a ausência de glicoproteínas em sua

composição, assim como detectado em outros Siluriformes por (YOAKIM &

GRIZZLE, 1982; PARK et al., 2003; GUERRA et al., 2006; LIZARAZO et al., 2008) e

em Cypriniformes (HALBGEWACHS et al., 2009; STABELL & VEGUSDAL, 2010). Já

com o método de Azul de bromofenol, o citoplasma dessas células apresentou

reação positiva, indicando uma composição protéica, conforme também observado

em outros Siluriformes (YOAKIM & GRIZZLE, 1982; AGRAWAL & MITTAL, 1992;

PARK et al., 2003). A detecção de proteína e a não detecção de glicoproteínas,

corrobora com a observação, em P. cf. vittata, de uma grande quantidade de

ribossomos e poliribossomos em comparação com a baixa ocorrência de retículo

endoplasmático rugoso e complexo de Golgi. Sabe-se que os ribossomos livres

sintetizam proteínas, enquanto no retículo endoplasmático rugoso e complexo de

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Golgi elas são modificadas, entre as modificações, destaca-se a glicosilação

(ALBERTS et al., 2006).

A membrana plasmática das células claviformes de P. cf. vittata, apresentou

notáveis invaginações, diferente do observado por HENRIKSON e MATOLTSY

(1968) no siluriforme Corydoras e no cypriniforme Carassius. Tais invaginações

conferem adesão celular, imprescindível ao epitélio devido às inúmeras pressões e

atritos que sofre.

A derme de P. cf. vittata é bastante semelhante ao encontrado na maioria dos

Siluriformes (DOURADO et al., 1997; GUERRA et al., 2006; AL-BANAW et al.,

2009), em Cypriniformes (HALBGEWACHS et al., 2009; STABELL & VEGUSDAL,

2010) e em Characiformes (SOUZA et al., 2003) estudadas, composta assim, por

uma lâmina basal e uma espessa camada de tecido conjuntivo denso modelado.

Alguns Siluriformes ainda apresentam uma camada de tecido adiposo abaixo do

tecido conjuntivo (PARK et al., 2003; LIZARAZO et al., 2008; GUERRA et al., 2006;

PARK et al., 2010) não encontrado no presente trabalho.

Apesar dos inúmeros trabalhos existentes na literatura sobre células

claviformes (e/ou células de substância de alarme) em peixe, a maioria refere-se à

relação entre as células e sua função, refletindo em estudos ecológicos e

comportamentais. Nos últimos anos, muitos trabalhos em citoquímica e

imunocitoquímica vêm surgindo na tentativa de elucidar a composição química da

secreção dessas células e com isso discutir suas prováveis funções. O presente

trabalho teve por objetivo descrever a morfologia da epiderme de um Siluriforme

sem se preocupar com aspectos funcionais. Poucos são os trabalhos existentes na

literatura no que se refere à microscopia eletrônica. Assim, o presente estudo

representa uma referência em ultraestrutura de epiderme de peixes Siluriformes.

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Além disso, os poucos trabalhos existentes, apresentam micrografias com grandes

aumentos, não permitindo o estudo da organização e composição da epiderme.

Assim, devido às diferenças encontradas entre os estudos morfológicos e

citoquímicos/imunocitoquímicos na epiderme das espécies de peixe estudadas, faz-

se necessário mais análises, principalmente em microscopia eletrônica, na tentativa

de uma caracterização mais precisa dos componentes da epiderme em Ostariophysi

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CONCLUSÕES

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1 - A epiderme de Pimelodella cf. vitatta apresenta somente dois distintos tipos

celulares: as células epidérmicas e células claviformes, diferente do descrito

para os Ostariophysi;

2 - Não foram observadas células de muco P. cf. vittata, diferente do relatado na

epiderme de todos os Ostariophysi. Essas células podem estar presentes na

espécie estudada, porém fatores intrínsecos e extrínsecos podem ter

influenciado em sua ocorrência ou morfologia;

3 - A carência de estudos ao longo da Bacia do Rio Mateus torna complicado

inferências ambientais em relação à morfologia descrita. Assim, esta região

necessita de análises ecológicas/comportamentais/fisicoquímicas no sentido de

complementar/corroborar as análises morfológicas;

4 - As células epidérmicas de P. cf. vittata foram morfologicamente identificadas

como “superficiais”, “abundantes” e “densas”, distinção não descrita na literatura.

É possível que esses tipos celulares estejam presentes em outras espécies,

contudo, suas descrições até então não foram realizadas;

5 - A morfologia das células claviformes é semelhante àquela encontrada nos

demais Ostariophysi: (1) grandes células de formato globular a alongado; (2)

binucleadas, (3) citoplasma filamentoso; (4) poucas organelas localizadas na

região perinuclear; (5) ausência de secreção vesicular e (6) vacúolos periféricos;

6 - O citoplasma das células claviformes apresentou reação negativa ao PAS e

positiva ao Azul de Bromofenol, corroborando o encontrado em outras espécies

de Ostariophysi;

7 - Apesar de o conteúdo protéico parecer padrão entre as espécies, o citoplasma

das células claviformes é composto por um complexo protéico de origem ainda

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desconhecida, mas função aparentemente definida. Assim, são necessários

estudos morfológicos e comportamentais em conjunto;

8 - Novos estudos precisam ser realizados no sentido de compreender melhor a

composição da epiderme dos Ostariophysi uma vez que as descrições

morfológicas, em suas diversas técnicas, têm mostrado muitas variações

principalmente no que se refere às células epidérmicas;

9 - A derme de P. cf. vittata apresentou organização e composição semelhante ao

descrito para os Ostariophysi: (1) epitélio apoiado em uma fina lâmina basal; (2)

presença de melanóforos e (3) espessa camada de tecido conjuntivo denso

subjacente;

10 - Futuros estudos morfológicos em P. cf. vittata serão realizados visando

elaboradas análises citoquímicas nas células claviformes e aprofundadas

análises ultraestruturais com ênfase nas células epidérmicas e prováveis células

de muco.

11 - O presente estudo representa uma referência na ultraestrutura de epiderme de

peixes Siluriformes, dado o detalhamento morfológico apresentado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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