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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CAMPUS DE JABOTICABAL CARACTERIZAÇÕES MORFOLÓGICA E MOLECULAR DE ACESSOS DE PIMENTA (Capsicum chinense Jaqc.) Francisco Joaci de Freitas Luz Orientadora: Profa. Dra. Leila Trevizan Braz Co-Orientadora: Profa. Dra. Eliana G. de Macedo Lemos Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias do Campus de Jaboticabal - UNESP, para obtenção do Título de Doutor em Agronomia - área de concentração em Produção Vegetal Jaboticabal – São Paulo - Brasil 2007

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CAMPUS DE JABOTICABAL

CARACTERIZAÇÕES MORFOLÓGICA E MOLECULAR DE ACESSOS DE PIMENTA (Capsicum chinense Jaqc.)

Francisco Joaci de Freitas Luz

Orientadora: Profa. Dra. Leila Trevizan Braz Co-Orientadora: Profa. Dra. Eliana G. de Macedo Lemos

Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias do Campus de Jaboticabal - UNESP, para obtenção do Título de Doutor em Agronomia - área de concentração em Produção Vegetal

Jaboticabal – São Paulo - Brasil 2007

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Luz, Francisco Joaci de Freitas

L979 c Caracterizações morfológica e molecular de acessos de pimenta (Capsicum chinense jaqc.)/Francisco Joaci de Freitas Luz – jaboticabal, 2007

xi, 70 f. : il. ; 28 cm

Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2007

Orientadora: Leila Trevizan Braz Banca examinadora: Maria Helena de Souza Goldman,

Arlete Marchi Tavares de Melo, João Carlos de Oliveira e Lúcia Maria Carareto Alves

Bibliografia

1. Capsicum chinense Jacq 2. Morfologia-pimenta. 3. Marcadores moleculares. 4. Diversidade genética. I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.

CDU 582.951.4 Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição

e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação. Unesp, Campus de Jaboticabal

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DADOS CURRICULARES DO AUTOR

FRANCISCO JOACI DE FREITAS LUZ – sagitariano, nascido em 21 de

dezembro de 1960, no município de Fortaleza, Estado do Ceará, é Engenheiro

Agrônomo formado pela Escola de Agronomia da Universidade Federal do Ceará

(UFC), em dezembro de 1984, na qual obteve o título de Mestre em agosto de 1988.

Em abril de 1987 ingressou na Embrapa Roraima como pesquisador, cargo que ocupa

até a presente data. Em março de 2003 iniciou o curso de doutorado em Agronomia

(Produção Vegetal) na Unesp – FCAV em Jaboticabal – SP.

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Luz do sol Que a folha traga e traduz Em verde de novo Em folha, em graça , em vida em força, em luz Céu azul que venha até onde os pés Tocam na terra e a terra inspira e exala seus azuis Reza, reza o rio , Córrego pro rio, rio pro mar Reza correnteza , roça a beira a doura areia Marcha um homem sobre o chão Leva no coração uma ferida acesa Dono do sim e do não Diante da visão da infinita beleza Finda por ferir com a mão essa delicadeza coisa mais querida A glória da vida Luz do sol Que a folha traga e traduz Em verde de novo Em folha, em graça, em vida, em força , em luz.

(Caetano Veloso)

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A Deus e ao planeta Terra,

Aos meus pais Seu Zezim (in memoriam) e Dona Ondina (in memoriam),

Aos irmãos Josemir, Jocélio, Ondina Maria, Jocildo, Joacilo e Viviane,

Aos meus filhos Térence, Júlia e Ramon,

A Ana Lia, ex-companheira de tantos anos,

A Valéria Cristina e Marize pelo carinho e atenção,

Aos tantos amigos de aqui, de Fortaleza e de Roraima,

Pela força e brilho nesta caminhada.

DEDICO

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vi

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo privilégio da vida.

Aos meus pais e irmãos, por terem me dado tanto crédito.

Às Profas. Dras. Leila Trevizan Braz e Eliana Gertrudes de Macedo Lemos, pela

orientação, e pela confiança em mim depositada.

À Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), por ter concedido o

privilégio de participar de seu programa de pós-graduação.

Aos Professores Dra. Maria Helena de Souza Goldman (USP – Ribeirão Preto),

Dra. Lúcia Maria Carareto Alves (Unesp – Jaboticabal), Dr. João Carlos de Oliveira

(Unesp – Jaboticabal) e à Pesquisadora Dra. Arlete Marchi Tavares de Melo (IAC –

Campinas)

Aos Profs. Drs. Arthur Bernardes, Maria Lídia Stipp Paterniani, Antônio Góes e

João Carlos de Oliveira, pelas importantes sugestões no Exame de Qualificação, as

quais contribuíram para o aperfeiçoamento deste trabalho.

Aos amigos embrapianos Luciano Bianchetti, Sabrina Carvalho e Cláudia Silva

pelo incentivo e auxílio científico para a realização dessa tese.

Ao Prof. Dr. Rinaldo César de Paula, pelo valioso auxílio na análise e

interpretação de dados.

À pós-doutoranda Ester Wickert pelos valiosos esclarecimentos na ánalise dos

dados filogenéticos.

Aos professores da FCAV - UNESP, Leila Trevizan, Janete Desidério, Sônia

Zingaretti, Durvalina, Coutinho, Mário Benincasa, Arthur Bernardes, com quem tive

aulas, tendo aprimorado meu aprendizado.

Aos amigos contemporâneos da pós-graduação pelos momentos felizes da

convivência científica e da descontração: Gisele, Gilmara, Geraldo, Leílson, Edvan,

Márkilla, Ítalo, Renata, Renato, Anderson, Caciana, Rodrigo, Luciano, Teuni, Geisa,

Letícia, Hamilton e Renata, Eliseu, Natanael, Benassi, Bráulio, Duda, Adriana, Ana

Paula, Carol, Marco Aurélio, Juliana, Luís Gatieri, Norton, Pablo, Tagli, Mariângela,

Diego, Aurélio, Rosinha

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Aos funcionários da Horta do Setor de Olericultura e Plantas Aromático-

Medicinais, João, Inauro, Sílvio e Cláudio; do Laboratório de Bioquímica de

Microorganismos e Plantas do Departamento de Tecnologia, João Carlos; do

Departamento de Produção Vegetal, Nádia, Sidnéia, Wagner e Marizinha e da Pós-

Graduação, especialmente Valéria e Karina, pela amizade e o pronto atendimento a

tantos pleitos.

Aos amigos da Embrapa Roraima pelo pronto auxílio nas horas de aperto e pela

amizade fraterna.

A Reinaldo Imbrózio e Herundino Ribeiro Filho, amigos e incentivadores da

pesquisa na Amazônia.

Aos amigos Jaiminho, Jesualdo, Priscila e Geovani pelo apoio e amizade.

Aos amigos eternos Geraldo Costa de Oliveira Filho e Pedro Hélio Estevam

Ribeiro, colhidos tão cedo de uma vida profícua de dedicação à Agronomia.

Agradeço aos indígenas, ribeirinhos e pequenos agricultores de Roraima,

guardiões da riqueza dos recursos genéticos vegetais da Amazônia e a todos que direta

ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

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viii

SUMÁRIO

Página

RESUMO................................................................................................................. x

SUMMARY...................................................................................…....................... xi

CAPÍTULO 1. CONSIDERAÇÕES GERAIS.......................................................... 1

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 2

2.1. Importância econômica das pimentas .......................................................... 2

2.2. Origem e evolução........................................................................................ 4

2.3. Classificação botânica e características peculiares às pimentas.................. 4

2.4. Melhoramento genético ................................................................................ 8

2.5. Conservação da diversidade genética de C. chinense na Amazônia........... 9

2.6. Caracterizações morfológica e molecular..................................................... 10

3. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 13

CAPÍTULO 2. CARACTERIZAÇÃO DE ACESSOS DE C. chinense POR MEIO

DE DESCRITORES MORFOLÓGICOS.........................................

18

RESUMO................................................................................................................. 18

1. INTRODUÇÃO. .................................................................................................. 19

2. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... 21

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 29

4. CONCLUSÕES.................................................................................................. 46

5. REFERÊNCIAS................................................................................................... 46

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ix

CAPÍTULO 3. CARACTERIZAÇÃO DE ACESSOS DE C. chinense

COM MARCADORES MOLECULARES fAFLP.........................

49

RESUMO................................................................................................................. 49

1. INTRODUÇÃO. .................................................................................................. 50

2. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... 53

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 79

4. CONCLUSÕES................................................................................................... 62

5. REFERÊNCIAS................................................................................................... 63

CAPÍTULO 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS - O USO DE MARCADORES MORFOLÓGICOS E MOLECULARES NA CARACTERIZAÇÃO DE ACESSOS DE PIMENTA Capsicum chinense

Jacq...............................................................................................

66

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 69

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x

CARACTERIZAÇÕES MORFOLÓGICA E MOLECULAR DE ACESSOS DE PIMENTA (Capsicum chinense Jaqc.)

RESUMO – Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre uma coleção de

pimentas da Embrapa Roraima, foram realizadas caracterizações morfológica com

descritores do IPGRI e molecular com marcadores fAFLP, de 58 acessos de Capsicum

chinense. Os resultados da avaliação morfológica detectaram que, 39% dos acessos

não se agruparam e entre os mesmos observou-se uma dissimilaridade de até 70%,

com 50% de média. A caracterização molecular revelou uma dissimilaridade média de

22,3% entre os acessos levando à conclusão de que há uma pequena variabilidade

genética entre os acessos, considerando o genoma como um todo. Os resultados

demonstraram que as diferenças morfológicas estariam baseadas apenas em uma

parte do genoma das pimentas, focada em características visíveis e mensuráveis pelo

ser humano. Por outro lado, a variação observada a partir do DNA genômico por meio

do marcador molecular utilizado não foi suficiente para ratificar as diferenças

morfológicas observadas. Ambas as formas de caracterizar os acessos foram úteis e

necessárias para o conhecimento dos mesmos, revelando informações valiosas para

estratégias de conservação e uso das pimentas da Amazônia.

Palavras-Chave: descritores morfológicos, diversidade genética, marcadores

moleculares

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MORPHOLOGICAL AND MOLECULAR CHARACTERIZATION OF PEPPER (Capsicum chinense Jacq.) ACCESSIONS

SUMMARY – In order to raise the knowledge about a pepper collection from

Embrapa Roraima, IPGRI morphological descriptors and fAFLP molecular marker were

used to characterize 58 acessions of Capsicum chinense, contributing with information

about the diversity of those plants. The results of morphological evaluation showed that

39% of the accessions did not group together and it also detected a great dissimilarity

among the accessions, reaching values above 70%, with a 50% medium. The molecular

characterization showed an average dissimilarity of 22,3%, indicating little genetic

variability on the collection evaluated, considering the total genome of the plants. These

results demonstrate that variation detected by morphological descriptors would be

related to only a small part of pepper genome, focusing on human visible and

measurable traits. The variation observed directly on the genome by the molecular

marker used was not sufficient to confirm the morphological differences observed

among the accessions. Both ways of characterizing the accessions were useful and

necessary to their knowledge, revealing valuable information for conservation strategies

and the use of amazon peppers. Keywords: morphological descriptors, genetic diversity, molecular markers

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CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS 1 INTRODUÇÃO

As pimentas do gênero Capsicum são a principal especiaria originária do

continente americano (MAISTRE, 1964) sendo cultivadas atualmente em regiões

tropicais e temperadas de todo o mundo, como especiaria ou hortaliça (HEISER, 1979).

Constituem um grupo muito peculiar pelo seu sabor, “doce” ou picante e por estimular

as funções digestivas, sendo parte da dieta de um quarto da população do planeta nas

formas de pó, seca ou em conservas (TEIXEIRA, 1996). As formas “doce” ou levemente

pungentes são preferidas nos Estados Unidos e na Europa. As pimentas picantes têm

maior importância econômica no mundo, especialmente no continente asiático (MARTIN

et al., 1979).

As comunidades humanas da América devem ter encontrado nas pimentas um

aditivo interessante para sua dieta, despertando fortemente sua procura e coleta. Com

importância alimentícia inferior a outras plantas, como milho e mandioca. As pimentas

apresentam papel relevante em cerimônias religiosas e lendas de muitas culturas

indígenas americanas (HEISER, 1979).

Registros arqueológicos sugerem que as pimentas já eram consumidas por

populações pré-colombianas entre 8.500 a 5.600 anos a.C. nas regiões andinas do

Peru e 6.500 a 5.500 anos a.C. no México (NUEZ-VIÑALS et al., 1998). A partir de

estudos de microfósseis de amido encontrados em sítios arqueológicos espalhados das

Bahamas ao Sul do Peru, datados de 6.000 anos antes da presença européia no

continente americano, PERRY et al. (2007), relataram que o cultivo de pimentas era

praticado na América juntamente com o milho.

Relatos de expedições realizadas por Oviedo e Valdez (1547), Acosta (1590),

Garcilaso de La Veja (1609) e Cobo (1653) ao novo mundo, citadas por PICKERSGILL

(1969), afirmaram que as pimentas eram usadas na alimentação (frutos e folhas), em

rituais religiosos, na medicina e em um rudimentar sistema monetário praticado pelos

Incas.

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No Brasil, Hoehne (1937), citado por BIANCHETTI (1996), comentou sobre a

importância que os indígenas davam às pimentas, segundo relatos de exploradores da

costa brasileira (Hans Staden, 1556; André Thevet, 1556; Gabriel Soares de Souza,

1587), ressaltaram que o uso das pimentas era largamente difundido à época do

descobrimento, fazendo crer que existia uma certa similaridade no modo como as

pimentas eram usadas a Oeste e Leste da América do Sul, gerando indícios de

possíveis contatos por meio de migrações humanas.

Em toda a Amazônia, o consumo de pimentas é muito comum, especialmente

associado à utilização de peixes na dieta, uma forte tradicão regional. Em Roraima, o

uso de pimentas, embora de tradição centenária, foi registrado inicialmente em

trabalhos datados do início do século XX, pelo etnólogo Koch-Grünberg, que citava o

uso das pimentas entre as etnias indígenas locais nas formas de caldo e salsa de frutos

frescos (BARBOSA et al., 2002).

Apesar da espécie Capsicum chinense, ser encontrada fartamente no Norte e em

parte do Sudeste do país, há pouca disponibilidade de informação científica sobre sua

morfologia e outros caracteres que possam torná-las de grande valor em programas de

melhoramento. Esse trabalho teve como objetivo avaliar acessos de pimenta da

espécie C. chinense, através de descritores morfológicos para o gênero Capsicum e

marcadores moleculares utilizando a técnica de fAFLP. Os resultados fornecerão

subsídios para a seleção de genitores com características agronômicas superiores,

além de facilitar a identificação de acessos duplicados em bancos de germoplasma e

coleções de trabalho.

2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Importância econômica das pimentas

Segundo ADAMS (2006), a FAO relatou para o ano de 2003, que a produção

mundial é liderada pela China, com 8,2 milhões de toneladas anuais com área cultivada

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de 443.400 hectares, seguida do México com 2 milhões de toneladas em uma área de

150.287 hectares. Dentre as espécies cultivadas, C.annuum é a mais conhecida e a

que apresenta maior importância econômica e distribuição mundial (PICKERSGILL,

1969).

No Brasil são cultivados anualmente cerca de 13 mil ha de pimentas e

pimentões, gerando uma produção estimada em 280 mil toneladas, sendo 2.000 ha,

ocupados com pimentas doces e picantes (REIFSCHNEIDER et al., 1998; HENZ,

2004), sem contudo haver informação fidedigna sobre o volume produzido. Esses

dados sugerem, quando comparados com o tamanho da área cultivada na China, que,

embora haja uma tradição de cultivo e consumo de pimentas no Brasil,

independentemente de sua importância como centro de dispersão de espécies como C.

baccatum e C. chinense, a produção no país apresenta pouca relevância no cenário

mundial das pimentas.

Esse quadro possivelmente está sendo revertido pela importância recente que as

pimentas alcançam como umas das poucas hortaliças nacionais exportadas e pela sua

associação com pequenas agroindústrias de conserva. Informações mais atuais da

Embrapa Hortaliças dão conta da produção anual de 75 mil toneladas de pimentas em

uma área de cerca de 5.000 ha em todo o país, sendo, Minas Gerais, São Paulo, Rio

Grande do Sul e Bahia os principais produtores (PANORAMA RURAL, 2006). Na

tentativa de atualizar os dados de comercialização de pimentas no Estado de São

Paulo, a CEAGESP, maior entreposto comercial de hortaliças da América Latina,

registrou para o ano de 2004, um total comercializado de 3.864,67 toneladas (LUZ et

al., 2006). Tamanha discrepância entre a estimativa de produção e o que efetivamente

é registrado comprovam a alta informalidade na comercialização e a exiguidade de

registros estatísticos sobre essa cultura.

O cultivo de pimentas, segundo a Embrapa Hortaliças, desde o preparo do solo

até a colheita, gera de três a quatro empregos diretos, com uma renda bruta que oscila

entre R$ 4 e 12 mil/ha/ano (PANORAMA RURAL, 2006). Como boa parte da produção

é processada em pequenas e médias agroindústrias, esses valores tendem a ser bem

maiores, tanto em termos de emprego de mão-de-obra, quanto de geração de renda.

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2.2 Origem e evolução

O centro de origem das pimentas são as Américas (REIFSCHNEIDER, 2000),

destacando-se as regiões tropicais. Para MARTIN et al. (1979) o centro de origem de C.

annuum é o México e C. frutescens estaria distribuído amplamente nas Américas

tropical e sub-tropical. C. baccatum teria a América do Sul como centro de dispersão e

C. pubescens, conhecida popularmente como rocoto provavelmente foi dispersada a

partir dos Andes. C. chinense estaria dispersa em toda a América tropical, sendo a

espécie mais comum na Amazônia (HEISER, 1979).

A Amazônia é reconhecida como importante centro secundário de espécies

domesticadas de Capsicum sendo C. chinense, provavelmente, a mais importante

espécie cultivada a Leste dos Andes. A área de maior diversidade é a bacia Amazônica

sendo os indígenas desta região, os responsáveis pela domesticação da espécie

(REIFSCHNEIDER, 2000). Por sua vez, PICKERSGILL (1971) também aponta a

Amazônia como provável centro de diversidade da espécie de pimenta C. chinense.

Embora com registros de cultivo muito antigo nas Américas, HEISER (1979)

relatou que o cultivo das pimentas começou de forma independente em muitas áreas,

empregando diferentes progenitores selvagens. A domesticação resultou em mudanças

nos frutos, particularmente, que eram pequenos, eretos, decíduos e vermelhos e se

tornaram maiores, pendentes, não decíduos e com uma grande diversidade de cores.

Frutos “doces” só assumiriam maior importância posteriormente.

2.3 Classificação botânica e características peculiares às pimentas

Segundo BOSLAND & VOTAVA (1999) a mais recente descrição taxonômica das

pimentas é a seguinte:

Reino: Plantae

Divisão: Magnoliophyta

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Classe: Magnoliopsida

Ordem: Solanales

Família: Solanaceae

Gênero: Capsicum

A Tabela 1 apresenta as espécies de Capsicum descritas atualmente. Destas,

apenas cinco são reconhecidas como domesticadas, de acordo com REIFSCHNEIDER

(2000).

Tabela 1. Espécies de Capsicum reconhecidas atualmente.

Espécies C. annuum C. baccatum

var. aviculare var. baccatum

var. annuum* var. pendulum*

C. buforum C. campylopodium

C. cardenasii C. chacoense

C. chinense* C. ciliatum

C. coccineum C. cornutum

C. dimorphum C. dusenii

C. eximium C. frutescens*

var. tomentosum C. galapagoense

C. geminifolium C. hookerianum

C. lanceolatum C. leptopodum

C. minutiflorum C. mirabile

C. parviflorum C. praetermissum

C. pubescens* C. schottianum

C. scolnikianum C. tovarii

var. flexuosum C. anomalum**

C. villosum C. brevifolium***

Fonte: adaptada de IBPGR (1983), citado por BOSLAND & VOTAVA (1999);* espécies domesticadas; **

espécie separada em seção chamada Tubocapsicum; *** espécie separada em seção chamada

Pseudoacnistus.

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O nome da espécie, Capsicum chinense, conferido pelo físico holandês Kikolaus

von Jacquinomist surgiu de um equívoco, quando este considerava ser a espécie

originária da China, mesmo que à época, fosse sabido que todas as espécies de

Capsicum eram originárias do hemisfério ocidental (BOSLAND & VOTAVA, 1999).

A espécie apresenta originalmente a seguinte descrição botânica, segundo

SMITH & HEISER (1957): Capsicum sinense Jacques (sinônimo de C. chinense), Hort.

Vind., 3:38, t. 67, 1776. Plantas com 45 a 76 cm de altura. Folhas e ramos

essencialmente glabros, raramente com denso e pequena pubescência, folhas ovadas

a ovado-lanceoladas de 10,5 cm, largas, macias ou rugosas, de tonalidades verde claro

a escuro. As flores aparecem de 3 a 5 por nó, exceto em plantas depauperadas. O

pedicelo é pendente, raramente ereto, relativamente curto e grosso na antese. Cálice

sem dentes com forte constrição na base e raramente sem constrição. Corola verde-

amarelada ou raramente esbranquiçada, medindo de 0,5 a 1,0 cm de comprimento.

Anteras azuis, púrpuras ou amareladas (Figura 1). Os frutos variam de 1,0 a 12,0 cm de

comprimento, com formas variáveis, de esféricas a alongadas, pouco ou muito

enrugados, de cores salmão, laranja, amarela, vermelha ou marrom (Figura 2). A

margem da semente é sempre ondulada e raramente suave.

Figura 1. Flores com anteras lilás e amarelas de Capsicum chinense

Figura 2. Frutos de Capsicum chinense.

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Diversos autores concordam que a principal distinção morfológica entre C.

chinense e as demais espécies cultivadas, além da coloração da corola, é a presença

de constrição anelar localizada no cálice em sua união com o pedicelo (NUEZ-VIÑALS,

2003; CARVALHO et al., 2003). A Figura 3 mostra a ocorrência da constrição anelar

supracitada.

Cálice com constrição anelar

Ausência de constrição

Figura 3. Cálice com apresentação de constrição anelar (direita) exclusiva da espécie Capsicum chinense. Os componentes principais, responsáveis pelo sabor picante e também pelas

atividades biológicas atribuídas às pimentas, são os capsaicinóides (até 1% na matéria

seca do fruto), sendo a capsaicina e a dihidrocapsaicina os mais importantes (Figura 4).

Destacam-se ainda o teor de carotenóides, associados à cor vermelha, e a presença de

ácido ascórbico. (SIMÕES et al., 2004). Os capsaicinóides são produzidos em um

tecido interno denominado placenta, ao longo do qual são dispostas as sementes.

Capsaicina Dihidrocapsaicina

Figura 4. Estruturas químicas da capsaicina e dihidrocapsaicina.

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WAGNER (2003), afirmou que, segundo trabalhos relacionados ao tipo de

herança genética na determinação da pungência e o número de enzimas que

participam da via biossintética da capsaicina, seria lógico esperar a ocorrência de um

complexo poligênico responsável pela expressão desse caráter, cuja base genética

possui como elementos principais, a existência de dois locos com ação epistática duplo-

dominante, responsáveis não apenas pela pungência, mas também pela presença de

moduladores que causam variação contínua na sua expressão. A autora ainda ressalta

haver uma forte contribuição do fator ambiental sobre a expressão dessa característica

em Capsicum.

2.4 Melhoramento genético

O ser humano primitivo das Américas foi o primeiro a selecionar variedades de

pimenta, a partir de ancestrais silvestres, ou a realizar intercâmbio de germoplasma. O

conhecimento atual dessa cultura, que sempre fez parte da dieta dos silvícolas

americanos adquiriu extremamente relevância na culinária do velho mundo,

especialmente no continente asiático.

No Brasil, apesar do uso comum, algumas espécies de Capsicum são

desconhecidas ou ainda não caracterizadas morfológico e agronomicamente, o que,

segundo BIANCHETTI (1996) representa um material genético que pode

potencialmente ser empregado em programas de melhoramento.

O melhoramento das pimentas é similar aquele utilizado com outras solanáceas.

A espécie pode ser cruzada facilmente. A busca de variedades resistentes a doenças,

principalmente viroses tem sido o alvo preferencial dos melhoristas de Capsicum. Maior

ênfase tem sido dada aos tipos “doces” em comparação aos pungentes. Híbridos F1,

plantas haplóides e poliplóides, e inclusive, plantas apresentando macho-esterilidade

citoplasmática são ferramentas reais ou potenciais a disposição dos melhoristas de

pimentas. A base genética do Gênero Capsicum não é tão estreita como em muitas

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outras culturas e um grande número de variedades tropicais ainda não foi explorado

(HEISER, 1979).

As pimentas do gênero Capsicum são diplóides (2n = 24 cromossomos) e

autógamas, embora a polinização cruzada realizada por abelhas e outros insetos possa

chegar a 40%, bem acima dos 5% registrados em condições normais (MARTÍN et al.,

1979).

Esses autores relataram que, embora haja um forte apelo para o melhoramento

visando resistência a viroses e outras doenças, considerável interesse tem sido

expresso na busca de novas cultivares tendo os frutos como foco principal (tamanho,

forma, teor de capsaicina, cor, firmeza, teor de vitamina, uniformidade da maturação),

além da adaptação da planta para colheita mecânica.

O melhoramento de pimentas no Brasil nunca atingiu a relevância dada à outra

espécie de Capsicum, o pimentão. Segundo REIFSCHNEIDER (2000), as pimentas

mais plantadas no Brasil são consideradas variedades botânicas ou grupos varietais,

com frutos bem definidos. As diferenças existentes dentro desses grupos estão

relacionadas às diferentes fontes de obtenção de sementes.

A cultivar Agronômico 11, tipo “Americana” e a cultivar Ubatuba, tipo “Cambuci”

seriam exceções, por serem resultados de um programa de melhoramento

desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Programa em andamento

na Embrapa Hortaliças busca o desenvolvimento de cultivares de pimenta picante do

tipo “Jalapeño”, para processamento industrial.

2.5 Conservação da diversidade genética de C. chinense na Amazônia

Somente a partir do final do século passado, esforços de países caribenhos e

latinos foram iniciados no sentido de resguardar a riqueza em diversidade genética de

Capsicum ainda encontrada com populações tradicionais, como ribeirinhos, índios e

pequenos agricultores (HERNANDEZ, 2002; CARVALHO et al., 2003; ADAMS, 2004).

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10

Para HOYT (1992), é essencial que, para a sobrevivência do ser humano na

Terra, sejam envidados esforços na conservação dos recursos genéticos, de modo a

torná-los disponíveis para programas de melhoramento que visem à produção de

culturas novas e melhoradas, com as quais se poderá contar no futuro.

CASALI & COUTO (1984) afirmaram que a maior diversidade de C. chinense,

estaria na bacia amazônica, muito embora, sejam raras as ações regionais para

conservação dessa espécie. A coleta de morfotipos e a conservação em bancos de

germoplasma, além de pequenas coleções de trabalho, aliadas à conservação in situ

realizada informalmente por populações tradicionais da região, são, atualmente, as

atividades conservacionistas realizadas com o germoplasma de pimentas da Amazônia.

Programas estruturados de conservação genética e melhoramento não existem, devido

à dispersão e a exiquidade de grupos de pesquisa, aliados à dificuldade de locomoção

natural de uma região tão vasta e carente de vias convencionais de transporte.

2.6 Caracterizações morfológica e molecular

Embora o Brasil seja reconhecido como habitat natural de várias espécies

silvestres de pimentas do gênero Capsicum, ainda há pouco conhecimento biológico e

ecológico dessas espécies. Por exemplo, na Amazônia, C. chinense é muito utilizada

pela população local, mas há poucas referências científicas sobre a morfologia e a

variabilidade existente dessa espécie. Uma solução importante seria a caracterização

morfológica aliada à molecular de indivíduos da população de C. chinense, uma vez

que esse estudo é capaz de fornecer as informações sobre os acessos silvestres e

domesticados para o uso em programas de melhoramento genético. Para ARRIEL

(2004), apesar dos caracteres morfológicos serem amplamente usados na

caracterização da diversidade, a combinação com os marcadores moleculares poderia

fornecer um quadro mais completo para o agrupamento de genótipos e o planejamento

de cruzamentos no melhoramento genético vegetal.

Baseando-se na morfologia floral, PICKERSGILL (1977) relatou que a

caracterização morfológica de acessos tem sido utilizada por anos como a forma mais

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11

usual de estudar a variabilidade genética das pimentas. PICKERSGILL (1988) relatou

que apenas com base na morfologia floral, pode ser constatado que as espécies C.

frutescens, C. chinense e C. annuum estão agrupadas e distantes da espécie C.

baccatum.

BIANCHETTI (1996) estudando aspectos morfológicos, ecológicos e

biogeográficos de 10 taxa de Capsicum nativos do Brasil, ressaltou que características

ecológicas e morfológicas, em conjunto, são importantes para a discriminação de

diferentes categorias de domesticação das pimentas.

TEIXEIRA (1996), estudando aspectos morfológicos e moleculares de acessos

silvestres e domesticados de Capsicum do Brasil, concluiu que a análise molecular

apresentou maior contribuição para a discriminação dos acessos em relação à

caracterização morfológica. As relações evolutivas entre e dentro das espécies de

Capsicum foram investigadas por meio de marcadores morfológicos, citogenéticos e

moleculares, demonstrando sempre, segundo CORONA-TORRES et al. (2000), que o

nível de variação entre as pimentas domesticadas seria menor que entre as espécies

silvestres.

Para KONSTANTINOV et al. (2005), aplicações possíveis de marcadores

moleculares em coleções de germoplasma incluem: identificação e verificação de

velhos e novos acessos coletados, detecção de duplicatas, análise de pureza genética,

análise de diversidade genética, construção de coleções de base e seleção de genes

de interesse agronômico. Além disso os marcadores moleculares poderiam ser usados

para monitoramento da viabilidade e mudanças genéticas decorrentes de

armazenagem em baixa temperatura por longo tempo e avaliação da estrutura e função

do genoma em processos evolucionários nas plantas cultivadas.

Tradicionalmente, a caracterização de pimentas é feita com descritores

morfológicos estabelecidos pelo IPGRI (International Plant Genetic Resources Institute).

Mais recentemente, estudos relacionados com a análise da diversidade genética e a

evolução do grupo das pimentas estão sendo realizados com base não só na

morfologia da planta, mas, na citologia e no DNA genômico. Tais estudos, em geral,

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têm ratificado a identificação prévia das espécies por meio da morfologia floral (PRINCE

et al., 1995).

As informações geradas pelos marcadores moleculares têm tornado possível

adquirir conhecimentos adicionais sobre a estrutura e organização do genoma das

plantas, como também sobre a evolução desses genomas vegetais através da análise

filogenética (CERVERA et al., 1996).

Para KARP et al. (1996), dentre os marcadores moleculares de DNA mais

usados, pode-se destacar, polimorfismo de comprimento de fragmentos de restrição

(RFLP - Restriction Fragment Length Polymorphisms), DNA polimórfico amplificado ao

acaso (RAPD - Random Amplified Polymorphic DNA), polimorfismo de comprimento de

fragmentos amplificados (AFLP - Amplified Fragment Length Polymorphism),

minissatélites também conhecidos como número variável de seqüências repetidas umas

após as outras (VNTR - Variable Number of Tandem Repeats), microssatélites também

conhecidos como sequências simples repetidas (SSR - Simple Sequence Repeats) ou

sequências curtas repetidas umas após as outras (STR - Short Tandem Repeats) e a

região amplificada de sequência caracterizada (SCAR - Sequence Characterized

Amplified Region).

Marcadores AFLP constituem uma tecnologia recente, que, segundo FERREIRA

& GRATTAPAGLIA (1998) combina a especificidade, resolução e poder de amostragem

da digestão com enzimas de restrição com a velocidade e praticidade de detecção dos

polimorfismos via PCR (Polymerase Chain Reaction - Reação de Polimerase em

Cadeia). O uso da metodologia inclui a identificação de genótipos (fingerprinting), o

mapeamento genético localizado e a construção de mapas genéticos em plantas

cultivadas.

O AFLP permite a obtenção de grande número de marcas informativas, identifica

alelos homozigotos ou heterozigotos, gera padrões de bandeamento reprodutíveis e

permite uma grande cobertura genômica (até 100 bandas por gel), sendo considerados

bons marcadores para mapeamento, identificação de genótipos e cálculo de distância

genética (VOS et al., 1995).

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CAPÍTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DE ACESSOS DE C. chinense POR MEIO DE DESCRITORES MORFOLÓGICOS

RESUMO – A Amazônia é reconhecida como provável centro de diversidade de

pimentas da espécie Capsicum chinense, sendo essa hortaliça muito comum na

culinária local. Apesar de importante para a região, poucas são as referências

científicas sobre a morfologia e a variabilidade existente nessa espécie publicadas. A

caracterização morfológica de populações cultivadas e silvestres da espécie,

fornecerão informações valiosas para uso em programas de melhoramento genético.

Foram caracterizados 58 acessos de pimentas provenientes de uma coleção de

trabalho mantida pela Embrapa Roraima, a partir da aplicação de 61 descritores

morfológicos para Capsicum, estabelecidos pelo IPGRI, com algumas alterações. A

análise dos dados foi feita pelo Programa Genes, seguido pelo agrupamento e a

comparação dos valores obtidos a partir do complemento aritmético do índice de

dissimilaridade de COLE-RODGER. Foi gerada uma matriz de dissimilaridade, que

originou por meio do método hierárquico do vizinho mais próximo, o dendrograma com

seis agrupamentos e grande número de acessos não agrupados, 39% do total.

Observou-se uma dissimilaridade média de 50% com valores acima de 70% para

alguns morfotipos, demonstrando haver uma alta variabilidade entre os mesmos,

considerando os descritores morfológicos analisados Palavras-Chave: diversidade genética, morfologia, Capsicum chinense Jacq.

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1 INTRODUÇÃO

As pimentas constituem um grupo muito peculiar pelo seu sabor, “doce” ou

picante e por estimular as funções digestivas, sendo parte da dieta de um quarto da

população do planeta (TEIXEIRA, 1996). O continente americano é reconhecido como o

centro de origem das pimentas, mais especificamente em suas regiões tropicais

(REIFSCHNEIDER, 2000). O gênero Capsicum possui de 20 a 25 espécies silvestres e

cinco espécies domesticadas (McLEOD et al., 1983). A Amazônia é apontada por

PICKERSGILL (1971) como provável centro de diversidade da espécie C. chinense,

que é objeto desse trabalho.

No Brasil, algumas espécies de pimentas silvestres e domesticadas não estão

devidamente caracterizadas, representando um material genético, com grande

potencial para emprego em programas de melhoramento (BIANCHETTI, 1996).

Baseando-se na morfologia floral, PICKERSGILL (1977) relatou que a caracterização

morfológica de acessos tem sido utilizada por anos como a forma mais usual de estudar

a variabilidade genética das pimentas. Relatou ainda, que, apenas com base na

morfologia floral, pode ser constatado que as espécies C. frutescens, C. chinense e C.

annuum estão agrupadas e distantes da espécie C. baccatum.

A descrição de Capsicum chinense foi revisada a partir de materiais oriundos das

Américas Central e do Sul, analisados por SMITH & HEISER (1957). Inicialmente a

espécie denominava-se Capsicum sinense Jacques (1776). As plantas analisadas pelos

revisores apresentavam entre 1,5 a 2,5 m de altura, folhas e ramos glabros, três a cinco

flores por nó, pedicelos declinados, raramente eretos, constrição curta e grossa na base

do cálice, corola amarelo-esverdeada, raramente branca, de 0,5 a 1,0 cm de

comprimento, anteras azuis, púrpuras ou amarelas, frutos variando de 1,0 a 12,0 cm de

comprimento com formato esférico a alongado, de cor alaranjada, salmão, vermelha.

Essa descrição confirma a grande possibilidade de variantes morfológicos dentro da

espécie, o que confere com a grande quantidade de morfotipos existentes para C.

chinense.

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A caracterização morfológica dos organismos corresponde à base de todo e

qualquer estudo, uma vez que a primeira determinação de um ser começa pelo seu

fenótipo, ou seja, pela sua aparência geral do ponto de vista morfológico (CHIES &

LONGHI-WAGNER, 2003).

O uso de descritores para caracterização permite uma discriminação rápida e fácil

entre fenótipos. Características morfológicas de alta herdabilidade podem ser facilmente

observados com os olhos e são igualmente, expressas em ambientes variados (IPGRI,

1995). Para ARRIEL (2004), na maioria das espécies, tradicionalmente, os estudos de

caracterização e divergência genética têm sido baseados em marcadores morfológicos

e caracteres quantitativos. Os caracteres morfoagronômicos, apesar de fácil

monitoramento, dependem do desenvolvimento da planta e podem ser influenciados

pelo ambiente (FERREIRA & GRATTAPAGLIA, 1998).

Para ARRIEL (2004), as variáveis relacionadas a aspectos morfológicos e

estruturais da planta apresentam mais de uma categoria, e apesar de se atribuirem

valores numéricos a cada categoria distinta, estas, não podem ser agrupadas. O que

levaria à dificuldade na avaliação da dissimilaridade entre os genótipos quando dados

de natureza diferentes estão envolvidos. Nesses casos, COLE-RODGERS et al., (1997)

propuseram uma forma simples de estimar a dissimilaridade para um conjunto de

variáveis multicategóricas, em que o índice de similaridade pode ser estabelecido em

função da concordância e discordância, permitindo uma análise combinada, que

envolve todas as características consideradas, qualitativas e quantitativas.

O uso de dados multicategóricos, como o método hierárquico do vizinho mais

próximo foi usado por SUDRÉ et al. (2006) para inferir a divergência genética de 59

acessos de Capsicum, resultando na obtenção de 16 grupos distintos, o que, segundo

os autores, comprovaria a eficácia desse método para agrupar os acessos com

pequena distância genética entre si. A coleta de dados multicategóricos é uma prática

mais econômica e demanda menos tempo em relação a dados moleculares.

SUDRÉ et al. (2005) estudando técnicas multivariadas aplicadas para avaliar a

divergência genética a partir de caracteres morfoagronômicos entre 56 acessos de

Capsicum spp., concluíram que o método hierárquico do vizinho mais próximo foi

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adequado para realizar o agrupamento de diferentes espécies e até mesmo de

variedades de pimentas dentro da mesma espécie botânica. A variabilidade genética

observada nos genótipos da coleção, segundo os autores, foi suficiente para indicar o

uso dos acessos avaliados em programas de melhoramento.

Embora o Brasil seja reconhecido como habitat natural de várias espécies silvestres

de pimentas do gênero Capsicum, ainda há pouco conhecimento biológico e ecológico

sobre essas espécies. Por exemplo, na Amazônia, C. chinense é muito utilizada pela

população local, mas há poucas referências científicas sobre a morfologia e a

variabilidade existente nessa espécie. Uma solução importante seria a caracterização

morfológica de populações cultivadas e silvestres da espécie, fornecendo informações

valiosas para uso em programas de melhoramento genético. Segundo PICKERSGILL

(1997), a diversidade genética entre as várias espécies domesticadas de Capsicum tem

sido pouco explorada e ainda está longe de ser esgotada.

Esse trabalho teve como objetivo o estudo da variabilidade genética através de

marcadores morfológicos de morfotipos de C. chinense provenientes de uma coleção

de Capsicum da Embrapa Roraima. Os resultados fornecerão subsídios para a seleção

de genitores com características agronômicas superiores, além de facilitar a

identificação de acessos duplicados na referida coleção.

2 MATERIAL E MÉTODOS O plantio dos acessos foi realizado em casa de vegetação na horta do Setor de

Olericultura e Plantas Aromático-Medicinais da Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias (UNESP - FCAV), Campus de Jaboticabal, São Paulo. O município fica

situado a 21o15’22”S de Latitude e 48o18’58”W de Longitude, com altitude de 595 m e

o clima, segundo a classificação de Köppen, de transição entre os tipos Cwa (quente,

com inverno seco) e Aw (tropical, com inverno seco). O solo utilizado para o plantio foi

do tipo Latossolo Vermelho Eutrófico de textura argilosa. O resultado da análise

química do solo consta na Tabela 1. O preparo do solo foi feito de modo convencional,

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com uma aração, uma gradagem para destorroamento e a formação de canteiros com

rotoencanteirador. A adubação de plantio por hectare foi de: 160 kg de P2O5, 3 kg de

zinco, 1 kg de boro e 10 kg de enxofre. Adubações com 40 kg de N e 120 kg de K2O,

foram parceladas em quatro aplicações iguais, uma no plantio e três em cobertura aos

30, 45 e 60 dias após o transplantio.

Tabela 1. Análise química do solo da área experimental. UNESP - FCAV, 2006.

PH em M.O. P resina K+ Ca2+ Mg2+ H + Al SB CTC V

CaCl2 g/dm3 mg/dm3 mmolc/dm3 %

6,5 21 324 2,0 65 12 15 79 94 84

Os acessos utilizados estão relacionados na Tabela 1. A semeadura foi realizada

em bandejas de poliestireno expandido com 128, células mantida em estufa sob

cobertura plástica. Aos 60 dias da semeadura, cinco plantas de cada acesso foram

transplantadas para casa de vegetação, obedecendo ao espaçamento de 1 m entre

plantas para o mesmo acesso e 1,5 m entre as fileiras simples e entre os diferentes

acessos. Seguindo metodologia relatada por CARVALHO et al. (2003), utilizaram cinco

plantas de cada acesso para a caracterização. Visando à obtenção de genótipos mais

homogêneos, foi realizada autofecundação de dez flores para cada planta no estágio

imediatamente anterior à antese, conseguindo-se, pelo menos cinco frutos de cada

planta, sendo selecionados ao acaso 10 frutos para a continuidade do procedimento de

caracterização morfológica. Na fase de maturação, foram coletados os frutos,

devidamente fotografados e com suas sementes extraídas manualmente e secadas em

temperatura ambiente, à sombra, por 72 horas. As sementes foram embaladas em

sacos de papel com identificação do acesso e conservadas em câmara fria a 4o C, após

serem acondicionadas em sacos aluminizados hermeticamente fechados.

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Tabela 2. Identificação de 58 acessos de pimenta (Capsicum chinense) da coleção da

Embrapa Roraima

Código Nome popular Procedência Lat N/S Long W Código Nome popular Procedência Lat N/S Long W

RR 001 Murupi laranja, alongada, PA Uiramutã 04o 35' 44" N 60o 10' 04" RR 112 Murupi vermelha, alongada, PM Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05"

RR 003 Canaimé vermelha, triangular, PA Uiramutã 04o 35' 44" N 60o 10' 04" RR 123 Olho de mutum vermelha, triangular, PB Alto Alegre 02o 53' 45'' N 61o 29' 51''

RR 006 P. cheiro amarela, retangular, PA Boa Vista 02o 49' 11'' N 60o 40' 24" RR 125 P. vermelha alongada, PA Alto Alegre 02o 53' 45'' N 61o 29' 51''

RR 011 Malaguetão vermelho, alongado, PM Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47" RR 127 Olho de Mutum vermelha, arredondada, PA Alto Alegre 02o 53' 45'' N 61o 29' 51''

RR 019 P. vermelha, campanulada, doce Caroebe 00o 53’ 02” N 59o 41' 44" RR 134 P. vermelha, triangular, PA Mucajaí 02o 25' 48'' N 60o 54' 00''

RR 021 Murupi salmão, alongada, PB Mucajaí 02o 25' 48'' N 60o 54' 00'' RR 139 P. vermelha, alongada, doce Mucajaí 02o 25' 48'' N 60o 54' 00''

RR 026 Peão Vermelha, triangular, doce Alto Alegre 02o 53' 45'' N 61o 29' 51'' RR 144 Prikanka vermelha, triangular, PM Alto Alegre 02o 53' 45'' N 61o 29' 51''

RR 029 P. de Mesa salmão, triangular, PB Alto Alegre 02o 53' 45'' N 61o 29' 51'' RR 422 P. Bode vermelha, achatada, PB Brasília/DF 15o 50' 16'' N 47o 42' 48''

RR 033 P. de Cheiro amarela, alongada, PB Boa Vista 02o 49' 11'' N 60o 40' 24" RR 432 P. Bode laranja, achatada, PM Brasília/DF 15o 50' 16'' N 47o 42' 48''

RR 036 Murupi salmão , alongada, PB Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05" RR 442 P. cumari do Pará amarela, triangular, PA Brasília/DF 15o 50' 16'' N 47o 42' 48''

RR 039 P. Murici salmão, triangular, PA Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05" RR 452 Curupira vermelha, alongada, PM Mucajaí 02o 25' 48'' N 60o 54' 00''

RR 040 P. varmelha, triangular, doce Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05" RR 472 Murupi vermelha, alongada, PM Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 041 P. de Cheiro vermelha, triangular, PM Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05" RR 482 Murupi amarela, alongada, PM Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 042 P. de Passarinho amarela, Arredondada, PA Cantá 02o 36' 37" N 60o 35' 51" RR 492 Peão grande vermelha, triangular, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 044 Malaguetão vermelha, alongada, PA Cantá 02o 36' 37" N 60o 35' 51" RR 502 Peão de cheiro vermelha, triangular, PM Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 047 Olho de Carangueijo laranja, triangular, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47" RR 512 Peão amarela, triangular, PM Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 048 Olho de Cará amarela, triangular, PM Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47" RR 522 Espora de galo laranja, triangular, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 049 Olho de mutum vermelha, campanulada, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47" RR 532 Olho de peixe amarela, arredondada, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 051 P. de Cheiro vermelha, campanulada, doce Boa Vista 02o 49' 11'' N 60o 40' 24" RR 542 P. de cheiro vermelha, arredondada, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 058 P. amarela, triangular, PA Boa Vista 02o 49' 11'' N 60o 40' 24" RR 552 Olho de peixe amarela, arredondada, PA Amajari 03o 39' 08" N 61o 22' 14"

RR 062 P. de Cheiro vermelha, alongada, PM Boa Vista 02o 49' 11'' N 60o 40' 24" RR 562 Peão amarela, triangular, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 063 Murupi salmão, alongada, PA Boa Vista 02o 49' 11'' N 60o 40' 24" RR 572 Peão de cheiro amarela, campanulada, PM Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 066 P. laranja, alongada, PB Boa Vista 02o 49' 11'' N 60o 40' 24" RR 582 Olho de peixe amarela, arredondada, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 076 Pimenta vermelha, alongada, doce Bonfim 03o 21' 35'' N 59o 50' 00'' RR 592 P. de cheiro vermelha, alongada, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 077 P. Canaimé, vermelha, campanulada, PA Bonfim 03o 21' 35'' N 59o 50' 00'' RR 612 Murupi amarela, alongada, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 079 Olho de peixe laranja, triangular, PA Bonfim 03o 21' 35'' N 59o 50' 00'' RR 622 Olho de peixe laranja, triangular, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 108 P. cheirosa vermelha, triangular, PM Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05" RR 632 Olho de peixe amarela, triangular, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 110 Malaguetão vermelha, triangular, PA Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05" RR 652 Malaguetão laranja, alongada, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 111 Olho de peixe salmão, arredendada, PA Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05" RR 662 P. de cheiro vermelha, triangular, doce Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

PA: pungência alta; PM: pungência média; PB: pungência baixa

A caracterização morfológica foi realizada segundo descritores para Capsicum,

estabelecidos pelo IPGRI (1995), com algumas alterações sugeridas por CARVALHO et

al. (2003), de modo a tornar mais acessível e prática a tomada de dados. Os descritores

utilizados, devidamente numerados, e os valores associados aos mesmos estão

descritos abaixo:

PLÂNTULA 1. Cor do hipocótilo: 1 ( ) branca; 2 ( ) verde; 3 ( ) roxo

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2. Pubescência do hipocótilo: 1 ( ) esparsa; 2 ( ) intermediária; 3 ( ) densa

3. Cor da folha cotiledonar: 1 ( ) verde clara; 2 ( ) verde; 3 ( ) verde escura; 4 ( )

violeta clara; 5 ( ) violeta; 6 ( ) violeta escura (roxa); 7 ( ) variegada; 8 ( ) amarela; 9 (

) outra

4. Forma da folha cotiledonar: 1 ( ) deltóide; 2 ( ) ovada; 3 ( ) lanceolada; 4 ( )

elongada-deltóide

PLANTA E CAULE 5. Cor do caule (haste): 1 ( ) verde; 2 ( ) verde com estrias violeta; 3 ( ) violeta

6. Presença de antocianina nodal (planta toda, adulta): 1 ( ) verde; 3 ( ) violeta

claro; 5 ( ) violeta; 7 ( ) violeta escuro (roxo)

7. Forma do caule (haste): 1 ( ) cilíndrico; 2 ( ) anguloso; 3 ( ) chato;

8. Pubescência do caule (planta adulta, excluindo-se os dois primeiros nós antes da copa): 3 ( ) esparsa; 5 ( ) intermediária; 7 ( ) densa

9. Altura da planta (cm) – plantas com frutos amadurecendo: 1 ( ) < 25; 2 ( ) 25-45;

3 ( ) 45-65; 4 ( ) 66-85; 5 ( ) > 85

10. Hábito de crescimento da planta – medida quando 50% dos frutos estiverem maduros: 3 ( ) prostrado; 5 ( ) intermediário (compacto); 7 ( ) ereto; 9 ( ) outro

11. Comprimento do dossel (largura da copa - cm) – medido imediatamente após a primeira colheita, no ponto mais largo: 1 ( ) até 80; 2 ( ) 80 – 120; 3 ( ) 120 – 160;

4 ( ) > 160

12. Comprimento da haste (altura do caule - cm) – altura da primeira bifurcação, medido imediatamente após a primeira colheita: 1 ( ) até 15; 2 ( ) 15 – 30; 3 ( ) 30

– 50; 4 ( ) > 50

13. Diâmetro da haste (cm) – medida da parte média da haste abaixo da primeira bifurcação, tomada imediatamente após a primeira colheita: 1 ( ) até 1; 2 ( ) 1 –

2; 3 ( ) 2 – 3; 4 ( ) > 3

14. Densidade da ramificação: 3 ( ) esparsa; 5 ( ) intermediária; 7 ( ) densa

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15. Brotação abaixo da primeira bifurcação: 1 ( ) ausente; 3 ( ) esparsa; 5 ( )

intermediária; 7 ( ) densa

16. Densidade da folhagem – média de 5 plantas maduras: 3 ( ) esparsa; 5 ( )

intermediária; 7 ( ) densa

FOLHAS: Todas as medidas foram tomadas quando em 50% das plantas os primeiros

frutos começaram a amadurecer. Média de 10 folhas maduras retiradas dos ramos da

planta.

17. Cor da folha: 1 ( ) amarela; 2 ( ) verde clara; 3 ( ) verde; 4 ( ) verde escura; 5 ( )

violeta clara; 6 ( ) violeta (roxa); 7 ( ) mesclada; 8 ( ) verde com antocianina

18. Forma da folha: 1 ( ) deltóide; 2 ( ) ovalada; 3 ( ) lanceolada

19. Margem da lâmina: 1 ( ) inteira; 2 ( ) ondulada; 3 ( ) ciliada

20. Pubescência da folha: 3 ( ) esparsa; 5 ( ) intermediária; 7 ( ) densa

21. Comprimento da folha madura (cm): 1 ( ) até 5; 2 ( ) >5 a 10; 3 ( ) > 10 a 15; 4

( ) acima de 15

22. Largura da folha madura - parte mais larga (cm): 1 ( ) até 3; 2 ( ) >3 a 6; 3 ( ) >

6 a 9; 4 ( ) acima de 9

FLORES: medidas com flores totalmente abertas nas primeiras florações

23. Dias para o florescimento – medido da semeadura até que pelo menos metade das plantas tivessem no mínimo, uma flor aberta: 1 ( ) até 30; 2 ( ) 31 – 60; 3 ( ) 61

– 90; 4 ( ) acima de 90

24. Número de flores por axila: 1 ( ) uma; 2 ( ) duas; 3 ( ) três ou mais; 4 ( ) muitas

com entrenó curto; 5 ( ) uma e duas; 6 ( ) uma, duas e três ; 7 ( ) duas e três; 8 ( )

duas, três e quatro

25. Posição da flor – medida na antese: 3 ( ) pendente; 5 ( ) intermediária; 7 ( )

ereta; 9 ( ) todas; 11 ( ) intermediária e ereta; 13 ( ) intermediária e pendente

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26. Cor da corola: 1 ( ) branca; 2 ( ) amarelo clara; 3 ( ) amarela; 4 ( )

amarelo esverdeada; 5 ( ) outra

27. Forma da corola: 1 ( ) rotada; 2 ( ) campanulada; 3 ( ) intermediária

28. Comprimento da corola (cm) – média de 10 pétalas dissecadas: 1 ( ) < 1,5; 2

( ) 1,5 – 2,0; 3 ( ) > 2,0

29. Cor da antera – observada no botão, antes da antese: 1 ( ) branca; 2 ( ) amarelo

clara; 3 ( ) azul clara; 4 ( ) azul; 5 ( ) violeta (roxa); 6 ( ) amarelo com mancha azul

clara

30. Cor do filamento – observado logo na antese: 1 ( ) branco ; 2 ( ) amarelo; 3 ( )

verde; 4 ( ) azul; 5 ( ) violeta claro; 6 ( ) violeta (roxo); 7 ( ) azul violeta

31. Posição do estigma – em relação à antera após a completa antese. Média de 5 estigmas de flores de 5 plantas ao acaso: 3 ( ) inserto (abaixo das anteras); 5 ( )

mesmo nível; 7 ( ) excerto (acima das anteras); 9 ( ) mesmo nível e excerto; 11 ( )

inserto e mesmo nível; 13 ( ) inserto e excerto

32. Pigmentação do cálice: 0 ( ) ausente; 1 ( ) presente

33. Margem do cálice: 1 ( ) inteira; 2 ( ) intermediária; 3 ( ) dentada

34. Constrição anelar do cálice – observada na junção do cálice e do pedicelo na maturação completa do fruto: 0 ( ) ausente; 1 ( ) presente

FRUTOS: tomados com frutos maduros na primeira colheita.

35. Dias para frutificação – medido a partir do transplante quando 50 % das plantas estavam com frutos maduros nas primeira e segunda bifurcações: 1 ( )

até 60; 2 ( ) 61 a 90 ; 3 ( ) 91 a 120; 4 ( ) acima de 120

36. Manchas ou estrias de antocianina – tomados logo antes da maturação: 0 ( )

ausente; 1( ) presente

37. Cor do fruto no estádio intermediário – tomado logo antes da maturação: 1

( ) branco; 2 ( ) amarelo; 3 ( ) verde; 4 ( ) laranja; 5 ( ) violeta ; 6 ( ) violeta

escuro (roxo); 7 ( ) amarelo esverdeado; 8 ( ) verde amarelado; 9 ( ) branco

amarelado; 10 ( ) marrom; 11 ( ) três cores - especificar

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38. Posição dos frutos: 3 ( ) pendente; 5 ( ) intermediária; 7 ( ) ereta; 9 ( ) todas; 11

( ) pendente e intermediária; 13 ( ) pendente e ereto; 15 ( ) intermediária e ereta

39. Duração da frutificação ou carregamento da planta – número de dias da primeira colheita até a última duração da frutificação: 1 ( ) até 150; 2 ( ) > 150 a

180; 3 ( ) acima de 180

40. Cor do fruto no estádio maduro: 1 ( ) branco; 2 ( ) amarelo limão; 3 ( ) amarelo-

laranja pálido; 4 ( ) amarelo-laranja; 5 ( ) laranja pálido; 6 ( ) laranja ; 7 ( ) vermelho

claro; 8 ( ) vermelho; 9 ( ) vermelho- escuro; 10 ( ) violeta; 11 ( ) marrom; 12 ( ) preto;

13 ( ) amarelo; 14 ( ) amarelo pálido; 15 ( ) salmão

41. Forma do fruto: 1 ( ) alongado; 2 ( ) arredondado; 3 ( ) triangular; 4 ( )

campanulado; 5 ( ) retangular (em bloco); 6 ( ) outro

42. Comprimento do fruto (cm) – média do comprimento de 10 frutos maduros na segunda colheita: 1 ( ) até 1; 2 ( ) > 1 a 2 ; 3 ( ) > 2 a 4; 4 ( ) > 4 a 8; 5 ( ) > 8 a 12; 6

( ) acima de 12

43. largura do fruto (cm) – medida na parte mais larga de 10 frutos maduros na segunda colheita: 1 ( ) até 1; 2 ( ) > 1 a 2,5 ; 3 ( ) > 2,5 a 5; 4 ( ) > 5 a 8; 5 ( ) acima

de 8

44. Massa de fruto (g) – média da massa de 10 frutos maduros na segunda colheita: 1 ( ) até 1; 2 ( ) > 1 a 2 ; 3 ( ) > 2 a 4; 4 ( ) > 4 a 8; 5 ( ) > 8 a 12; 6 ( )

acima de 12

45. Comprimento do pedúnculo (cm) – média do comprimento de 10 pedúnculos na segunda colheita: 1 ( ) até 2; 2 ( ) > 2 a 4 ; 3 ( ) > 4 a 6; 4 ( ) acima de 6

46. Espessura da parede do fruto (mm) – média de 10 frutos maduros na segunda colheita, medido no ponto de maior largura: 1 ( ) até 1; 2 ( ) > 1 a 2 ; 3 ( ) > 2

a 3; 4 ( ) > 3 a 4; 5 ( ) > 4 a 5; 6 ( ) acima de 5 47. Ombro do fruto na inserção do pedicelo: 1 ( ) agudo; 2 ( ) obtuso; 3 ( )

truncado; 4 ( ) cordato; 5 ( ) lobado

48. Pescoço na base do fruto: 0 ( ) ausente; 1 ( ) presente

49. Formato da ponta do fruto – média de 10 frutos: 1 ( ) pontiagudo; 2 ( ) truncado

(blunt); 3 ( ) afundado; 4 ( ) afundado com ponta

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50. Apêndice na ponta do fruto: 0 ( ) ausente; 1 ( ) presente

51. Corrugação na seção transversal do fruto – média de 10 frutos, medido há 1/3 do final do pedicelo: 3 ( ) levemente corrugado; 5 ( ) intermediário; 7 ( ) corrugado

52. Número de lóculos – tomado de 10 frutos: 1 ( ); 2 ( ); 3 ( ); 4 ( ); 5 ( )

53. Superfície do fruto: 1 ( ) liso; 2 ( ) semi-rugoso; 3 ( ) rugoso; 4 ( ) liso com

estrias; 5 ( ) semi-rugoso com estrias

54. Persistência do fruto maduro em relação ao pedicelo: 3 ( ) pouco persistente; 5

( ) intermediário; 7 ( ) persistente

55. Comprimento da placenta: 1 ( ) < ¼ do comprimento do fruto; 2 ( ) de ¼ a ½ do

comprimento do fruto; 3 ( ) > ½ do comprimento do fruto

56. Pungência: 1 ( ) doce; 2 ( ) pungência baixa; 3 ( ) pungência média; 4 ( )

pungência alta

57. Aroma: 1 ( ) baixo; 2 ( ) médio; 3 ( ) alto

SEMENTES 58. Superfície da semente: 1 ( ) lisa; 2 ( ) rugosa; 3 ( ) corrugada

59. Tamanho da semente (média de 10 sementes selecionadas ao acaso): 1 ( )

pequena – até 3mm; 2 ( ) intermediária – de 3 a 4mm; 3 ( ) grande – acima de 4mm

60. Número de sementes por fruto - média de 10 frutos de 10 plantas selecionados ao acaso: 1 ( ) < 20; 2 ( ) 21- 50; 3 ( ) > 51

61. Segregação: 0 ( ) ausência de segregação; 1 ( ) frutos com formatos diferentes; 2

( ) plantas com e sem entre-nós curtos; 3 ( ) frutos com cores diferentes; 4 ( ) fruto e

planta com e sem; antocianina; 5 ( ) flores com cores diferentes; 6 ( ) frutos com

posições diferentes; ( ) frutos com formatos e cores diferentes.

A análise dos dados, o agrupamento pelo método do vizinho mais próximo e a

geração do dendrograma foram realizados pelo Programa Genes (CRUZ, 2001). A

análise de divergência entre os acessos, segundo os caracteres morfológicos descritos

acima, foi realizada após o agrupamento e a comparação dos diferentes valores obtidos

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a partir do complemento aritmético do índice de dissimilaridade de acordo com COLE-

RODGER et al. (1997), citados por CRUZ & CARNEIRO (2003), baseando-se na

seguinte expressão:

dii’ D1

C1 + D1 =

D2

C2 + D2+

Dv

Cv + Dv

+ …. + = Σ v

j = 1

Dj

Cj + Dj

em que:

dii: valor que expressa a percentagem de dissimilaridade considerando a

coincidência de valores das variáveis multicategóricas para cada par de acessos;

Cj: número de concordância entre categorias para a j-ésima variável multi-

categórica;

Dj: número de discordância entre categorias para a j-ésima variável multi-

categórica.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da avaliação dos descritores morfológicos aplicados aos acessos

de pimenta são apresentados na Tabela 3.

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Tabela 3. Valores dos descritores para Capsicum estabelecidos pelo IBPGR (1995),

com alterações sugeridas por CARVALHO et al. (2003).

Descritores Acessos 1 2 3 4 5 6 7 8 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

1 2 1 3 3 1 1 3 5 5 3 1 3 5 5 5 3 2 1 3 3 3 3 7 11 2 1 1 4 5 7 03 3 1 3 1 7 1 3 4 5 3 2 2 5 3 5 3 2 1 3 2 2 3 2 7 2 1 2 2 5 7 0

2 1 2 3 1 7 1 5 5 5 3 2 2 5 5 7 3 3 1 5 3 3 3 8 7 2 2 2 5 2 011 2 1 3 2 1 1 1 3 5 7 3 3 3 5 5 5 3 3 1 5 3 3 3 1 7 4 1 5 2 7 019 2 1 2 3 1 7 1 3 5 7 3 3 3 5 3 5 3 2 1 3 3 4 3 2 2 1 2 3 5 7 021 2 1 3 3 1 3 1 3 5 5 3 2 2 5 5 7 3 2 1 3 3 3 8 9 2 1 2 2 5 7 026 2 1 3 3 1 7 1 3 5 5 3 2 2 7 5 7 2 1 5 2 2 3 7 11 2 2 2 2 6 7 029 2 1 3 3 1 3 1 3 5 7 2 3 2 5 3 2 2 1 3 3 4 3 3 11 2 3 2 2 5 7 033 2 1 3 3 1 7 1 3 5 7 3 2 5 3 5 3 2 1 3 4 4 3 9 7 2 1 2 5 5 7 036 2 1 3 3 2 1 2 3 5 3 2 2 3 5 7 4 1 2 3 4 3 2 6 7 2 2 2 4 2 7 039 2 1 3 3 1 1 3 4 7 1 1 2 5 7 5 3 3 1 3 2 2 3 2 7 2 1 2 2 2 7 040 3 1 2 1 1 1 3 5 5 3 2 2 5 3 5 2 1 1 3 4 4 3 3 5 2 1 2 5 2 9 041 1 2 3 1 7 1 3 5 7 3 3 3 5 5 5 3 1 1 3 4 4 3 7 11 2 1 2 2 5 542 2 1 3 3 1 3 1 3 4 7 2 1 2 3 5 5 3 2 1 3 2 2 3 7 7 4 2 1 5 7 044 2 1 2 3 2 7 1 5 5 7 3 4 3 3 3 3 4 1 2 7 4 4 3 8 7 2 2 2 2 9 047 2 1 3 3 1 7 1 3 4 4 2 2 2 5 5 5 2 2 1 5 2 2 7 7 2 3 1 2 5 5 048 2 1 3 3 1 7 1 3 4 5 3 2 2 5 5 5 3 2 1 2 2 3 2 11 4 3 2 4 2 7 049 3 1 2 3 2 7 1 3 5 5 3 2 2 7 5 7 2 1 5 2 2 3 7 7 2 3 2 5 5 7 051 3 1 2 3 1 3 1 3 5 5 4 2 3 5 7 3 2 1 3 3 3 3 5 9 2 1 2 5 2 7 058 2 1 2 3 1 7 1 3 5 5 2 2 5 3 3 3 2 1 5 3 3 3 7 7 2 1 2 5 5 9 062 2 1 2 3 1 3 1 5 5 4 2 3 5 5 5 3 2 1 5 4 3 3 7 7 4 2 2 4 5 7 063 2 1 3 3 3 1 3 5 7 3 3 2 5 5 5 3 2 1 5 3 3 3 7 11 4 3 1 4 5 7 066 2 3 3 1 3 1 3 5 5 4 2 2 5 5 5 3 3 1 3 3 3 3 2 11 4 2 2 3 5 7 076 2 1 2 3 1 3 1 5 5 5 3 2 3 3 5 7 3 2 2 5 4 4 3 2 5 4 1 2 5 7 077 2 1 3 3 1 3 1 3 5 7 3 3 2 5 5 7 3 2 2 3 4 4 3 3 11 4 2 4 2 7 079 3 1 2 3 1 5 1 3 4 5 2 2 2 5 7 7 2 2 1 3 2 2 3 7 4 3 1 2 6 9 0

108 2 1 2 3 1 3 1 3 5 7 4 2 2 3 5 7 3 2 1 5 3 3 2 7 2 3 2 5 5 5 0110 2 1 2 3 1 1 1 3 5 7 3 3 3 5 5 5 4 1 3 4 4 3 2 7 4 3 2 5 2 7 0111 2 1 2 3 1 3 1 3 4 3 4 2 2 7 7 3 3 1 3 2 2 3 8 7 2 2 1 4 5 7 0112 2 1 2 3 1 7 1 3 5 5 3 2 5 5 5 4 2 1 5 3 3 3 8 13 2 2 2 3 2 7 0123 2 1 2 3 1 3 2 5 5 3 2 2 5 3 5 2 2 1 5 2 3 3 7 5 2 3 1 2 5 7 0125 3 2 3 3 2 2 5 5 5 3 2 2 5 5 7 3 2 3 5 3 3 4 7 7 2 1 2 5 6 7 0127 3 1 3 2 7 1 3 5 3 4 2 2 7 7 5 4 3 1 5 2 2 3 7 7 4 2 2 5 2 7 0

3 1 2 2 1 3 1 3 5 7 3 2 3 5 5 7 2 2 1 5 4 4 3 8 9 2 2 2 2 2 0139 2 1 3 3 1 3 1 3 5 7 3 2 2 3 7 5 4 2 1 3 4 3 3 3 7 2 1 2 5 7 0144 3 1 2 3 1 3 1 5 5 5 4 2 3 7 5 7 3 3 1 5 2 2 3 2 4 3 2 2 5 7 0422 2 1 2 3 1 7 1 3 5 7 4 3 2 3 5 3 4 1 1 3 2

9 7

3 6 7

2 7

31

52

71

3 2 0

22

35

37

43

1 1

22

7 3

25

25

1 2

134 52

11 3 3 7 11 2 3 2 4 5 9 0

432 2 1 2 3 1 3 1 3 5 7 3 3 2 3 3 3 4 2 3 2 2 3 7 13 2 3 2 5 2 5 0442 2 1 3 3 1 7 1 3 4 5 3 2 2 7 7 5 4 1 1 5 2 2 3 8 7 2 1 1 5 2 3 0452 2 1 2 2 2 7 1 5 5 5 4 3 2 3 5 3 3 2 1 3 3 3 3 2 7 2 1 2 5 2 7 0472 2 2 2 3 2 5 1 3 5 5 2 2 2 5 5 5 3 2 1 3 3 3 3 7 7 4 2 2 5 2 7 0482 2 1 3 3 2 5 1 3 5 5 3 2 2 5 5 7 3 2 1 5 3 3 3 7 7 2 3 1 5 5 7 0492 2 1 2 3 2 3 1 3 4 5 3 2 2 7 7 7 2 2 3 3 2 2 3 3 11 4 3 1 4 5 7 0502 2 1 3 3 1 3 1 5 5 5 3 2 2 5 5 5 2 3 1 3 2 2 3 5 11 2 1 1 5 5 7 0512 3 1 2 3 1 3 1 5 5 5 3 1 2 7 5 7 2 2 1 3 2 2 3 2 11 4 1 1 5 2 7 0522 2 1 3 3 1 7 1 3 5 5 3 2 3 7 5 7 2 3 3 5 2 2 4 7 7 4 1 2 5 5 9 0532 2 1 3 3 1 3 1 3 3 5 3 2 2 5 7 5 2 3 1 5 2 2 3 5 7 4 2 1 2 2 9 0542 2 1 3 3 1 1 1 5 5 7 3 2 2 3 5 3 2 2 1 3 2 2 3 2 7 4 3 2 3 5 7 0552 2 1 3 3 1 3 1 3 3 5 2 2 2 5 5 3 2 2 1 3 2 2 4 5 7 4 3 1 5 5 5 0562 2 1 3 3 1 3 1 3 5 5 3 2 2 7 7 7 2 3 1 3 2 3 3 8 9 2 1 2 4 5 7 0572 2 1 3 3 1 5 1 3 5 5 3 4 2 5 5 5 2 2 1 5 2 2 3 7 5 2 3 1 2 6 7 0582 2 1 3 3 1 3 2 5 3 5 3 2 2 5 5 3 4 3 1 3 2 2 3 7 7 4 1 1 5 2 5 0592 2 1 3 3 2 7 1 3 5 5 3 2 2 5 5 7 3 2 1 5 4 4 4 7 5 2 1 2 4 6 9 0612 2 1 3 3 1 3 1 3 5 5 3 2 3 7 7 5 4 3 2 3 4 3 3 2 11 2 2 2 4 5 7 0622 3 1 2 3 1 1 1 3 4 5 3 2 2 7 7 7 2 2 3 3 2 2 3 7 7 2 3 1 2 2 7 0632 3 1 3 3 2 5 1 7 2 3 2 1 2 7 7 7 3 3 3 5 1 1 3 3 11 4 1 1 4 2 7 0652 2 1 2 3 1 3 1 3 5 5 4 2 3 7 5 7 3 2 1 5 3 3 3 7 7 4 3 2 5 5 7 0662 2 1 3 3 1 5 1 3 5 7 3 3 2 5 7 5 4 2 1 3 4 4 3 4 11 4 3 2 4 2 7 0

2

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31

Continuação da Tabela 3

Acessos Descritores (continuação) 33 34 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61

1 3 35 50

1 1 0 8 3 1 6 1 4 2 4 2 4 2 1 3 0 7 3 3 7 3 4 3 2 3 1 73 2 1 2 0 4 5 1 8 3 3 2 3 2 2 3 0 2 0 5 2 2 7 3 4 2 1 2 2 06 3 0 1 0 8 15 1 2 5 3 2 4 2 3 3 0 2 0 3 4 1 5 3 4 3 1 2 1 0

11 2 0 1 0 4 7 1 9 1 3 2 1 2 1 2 0 2 0 5 2 2 7 3 3 1 2 3 2 019 3 1 1 0 4 3 1 9 4 4 3 6 3 4 3 1 1 0 5 3 2 7 3 1 3 2 2 2 021 3 1 1 0 3 3 1 15 1 5 2 4 3 3 2 1 1 0 7 3 3 7 3 2 3 1 3 1 026 2 1 1 0 4 3 1 8 3 2 2 2 2 2 3 0 2 0 7 3 3 7 3 1 1 1 2 2 329 3 1 1 0 4 3 1 15 3 4 2 4 3 4 3 0 1 0 5 2 2 7 3 2 1 1 2 1 733 2 1 1 0 3 3 1 4 1 4 2 3 2 2 2 1 1 0 7 2 2 7 3 2 1 1 3 2 036 2 1 1 0 3 7 1 15 1 3 2 1 2 2 2 1 1 0 3 3 2 3 3 2 2 1 2 1 039 2 1 1 0 3 15 1 15 3 3 2 3 2 3 3 0 2 0 5 3 1 5 3 4 3 1 2 2 040 2 1 1 0 4 3 1 8 3 3 2 4 2 4 3 0 2 0 3 3 1 7 3 1 1 2 2 2 041 3 1 1 0 4 3 1 8 3 4 3 6 3 4 3 1 1 0 7 3 3 7 3 3 2 1 3 2 042 1 1 2 0 3 7 1 2 2 2 2 2 2 2 3 0 3 0 3 4 1 5 3 4 3 1 1 2 044 2 1 2 0 4 7 1 8 1 3 2 2 2 2 3 0 1 0 3 3 1 5 3 4 1 2 2 1 047 2 1 2 0 8 7 1 13 3 2 1 1 2 2 2 0 2 0 3 3 1 5 3 4 3 1 1 2 048 2 1 1 0 3 3 1 2 3 2 2 2 2 3 3 0 1 0 3 3 1 7 3 3 3 1 2 2 049 2 1 1 1 6 7 1 9 4 3 2 3 1 3 3 0 1 0 5 3 2 7 3 4 1 1 2 2 051 3 1 1 0 4 3 1 9 4 4 2 3 2 2 2 1 1 0 7 3 2 7 3 1 2 2 3 2 158 3 1 1 0 3 5 1 2 3 3 2 2 2 3 3 1 2 0 7 3 3 7 2 4 2 2 2 1 062 2 1 1 0 4 5 1 8 1 4 1 2 2 2 2 1 1 0 3 2 3 3 3 3 2 2 2 2 163 2 1 2 0 3 11 1 15 1 3 2 2 2 2 3 0 1 0 3 3 2 5 3 4 3 1 2 1 366 2 1 1 0 2 5 1 6 1 4 2 3 2 3 2 1 1 0 3 3 2 3 3 2 2 2 2 1 076 3 1 2 0 4 11 1 9 1 3 2 3 2 4 4 0 1 0 3 3 2 5 3 4 2 2 2 2 077 3 1 2 0 4 3 1 8 4 5 2 4 2 3 3 1 1 0 7 3 3 5 3 1 1 2 3 2 179 2 1 3 0 3 7 1 6 3 2 1 1 2 2 3 0 2 0 3 2 1 5 3 4 3 1 1 1 0

108 3 0 1 0 4 7 1 7 3 3 3 4 2 3 4 0 1 0 7 3 3 5 3 3 1 2 2 2 0110 1 1 1 0 4 7 1 8 3 2 1 1 2 2 2 0 1 1 3 3 1 3 3 4 2 2 3 1 0111 2 1 1 0 3 7 1 15 2 1 1 1 2 2 3 0 3 0 3 4 1 3 3 4 3 1 1 1 0112 3 1 1 0 4 5 1 8 1 4 2 3 2 2 2 0 1 1 7 3 3 3 3 3 2 1 3 1 1123 3 1 2 0 4 5 1 8 3 3 2 4 2 3 5 0 2 1 5 3 2 5 3 2 1 1 2 2 0125 3 0 2 1 11 3 1 8 1 6 2 6 2 3 2 0 1 0 5 3 3 3 3 4 2 2 3 2 0127 2 1 1 1 6 15 1 9 2 2 2 2 2 2 3 0 3 0 3 3 4 5 3 4 1 1 2 1 0134 3 1 1 0 4 3 1 8 3 4 3 5 3 4 3 1 3 0 5 3 2 3 3 4 2 2 3 1 0139 3 1 1 0 4 3 1 8 1 5 2 5 4 3 2 1 1 0 7 3 3 5 3 1 1 2 2 2 1144 2 0 1 0 4 3 1 9 3 3 2 3 2 3 5 0 4 0 5 4 2 5 3 3 1 1 3 1 0422 2 1 1 1 4 3 1 8 6 2 2 3 2 4 3 0 3 0 3 2 1 5 3 2 1 1 2 2 0432 2 1 1 1 8 3 1 6 6 2 2 3 2 4 3 0 3 0 5 3 1 7 3 3 1 2 2 2 0442 2 1 1 1 3 7 1 4 3 2 2 1 1 3 2 0 1 0 5 2 2 7 3 4 3 1 2 2 0452 2 1 1 0 4 7 1 9 1 2 1 1 1 1 2 0 1 0 3 2 1 3 3 3 2 1 2 1 1472 2 1 1 0 4 9 1 9 1 4 2 3 2 2 2 1 2 0 7 2 3 5 3 3 2 1 2 2 3482 2 1 1 0 8 3 1 2 1 4 2 3 2 2 2 1 1 0 7 3 3 7 3 3 2 1 2 1 0492 2 1 1 0 4 5 1 9 3 3 2 3 3 4 2 1 2 0 3 3 2 5 3 4 3 1 2 1 0502 2 1 1 0 4 3 1 8 3 3 2 2 2 3 2 1 1 0 3 2 2 5 3 3 1 1 2 1 0512 1 1 1 0 8 3 1 13 3 3 2 3 2 3 3 0 1 0 5 2 2 5 3 3 2 1 2 1 0522 3 1 2 0 3 7 1 6 3 3 2 3 2 3 5 0 2 0 7 4 3 5 3 4 2 1 2 2 0532 1 1 1 0 3 7 1 2 2 2 2 1 1 2 2 0 2 0 3 3 1 5 3 4 2 1 2 1 0542 2 1 1 0 4 5 1 9 2 1 2 1 2 2 3 0 3 0 3 3 1 7 3 4 2 2 3 2 0552 2 1 1 0 3 7 1 2 2 1 1 1 1 1 3 0 3 0 3 2 1 3 3 4 2 1 2 1 0562 2 1 1 1 8 3 1 13 3 3 2 2 2 2 2 1 1 0 5 2 2 5 3 4 2 1 2 1 0572 2 1 1 0 3 11 1 13 4 3 2 3 2 2 2 0 1 0 7 3 1 5 3 3 2 1 2 1 1582 1 0 2 0 3 7 1 2 2 1 2 1 1 2 2 0 2 0 3 3 1 5 3 4 3 1 2 1 0592 3 1 1 0 4 3 1 8 1 5 3 4 3 4 2 1 1 0 7 3 2 7 3 4 2 1 2 2 0612 3 1 1 0 3 5 1 2 1 4 2 3 2 2 2 1 1 0 3 3 2 5 3 4 2 2 3 1 0622 2 1 2 0 6 7 1 6 3 2 2 2 2 3 3 0 3 0 3 2 1 5 3 4 3 1 2 1 0632 2 1 2 0 3 5 1 2 3 2 1 1 1 1 3 0 2 0 3 2 1 5 3 4 2 2 1 1 0652 3 1 1 0 2 7 1 6 1 3 2 2 2 2 2 0 1 0 3 3 2 3 3 4 1 1 2 1 662 3 1 1 0 4 3 1 8 3 3 2 4 3 4 3 0 2 0 3 3 2 5 3 1 1 1 2 2 0

0

A partir desses dados, foi gerada uma matriz de dissimilaridade, Tabela 4. Com

base nos dados dessa matriz foi gerado por meio do método hierárquico do vizinho

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mais próximo, o dendrograma com os agrupamentos constantes na Figura 3, onde, no

eixo X, estão representadas as percentagens das distâncias entre os acessos e, no

eixo Y, estão representados os 58 acessos. A maior dissimilaridade foi de 78%, entre os

acessos 632 e 019Foram formados seis agrupamentos: grupo 1 - acessos 422 e 432;

grupo 2 - acessos 026 e 048; grupo 3 - acessos 003 e 039; grupo 4 - acessos 502, 562,

512, 144; grupo 5 - acessos 019, 041, 077, 662, 029, 139, 001, 021, 066, 612, 062, 652,

472, 482, 572, 112, 063; grupo 6 – acessos 532, 582, 552, 079, 622, 047, 042 e 111;

os acessos 492, 033, 049, 040, 108, 592, 134, 127, 051, 442, 123, 006, 058, 110, 542,

076, 036, 011, 452, 522, 125, 044 e 632 aparecem na árvore de forma isolada.

Page 44: CARACTERIZAÇÕES MORFOLÓGICA E MOLECULAR DE … · universidade estadual paulista faculdade de ciÊncias agrÁrias e veterinÁrias campus de jaboticabal caracterizaÇÕes morfolÓgica

Tabela 4. Divergência genética entre 58 acessos de C. chinense a partir de descritores morfológicos. UNE

1 3 6 11 19 21 26 29 33 36 39 40 41 42 44 47 48 49 51 58 62 63 66 76 77 79 108 110 111 112 123 125 127 134 139 144 422 432 442 452 472 482 492 5021

3 0,518

6 0,473 0,510

11 0,473 0,491 0,510

19 0,386 0,429 0,546 0,455

21 0,281 0,500 0,419 0,528 0,439

26 0,492 0,375 0,473 0,546 0,536 0,447

29 0,439 0,429 0,564 0,528 0,322 0,358 0,474

33 0,579 0,572 0,528 0,528 0,632 0,457 0,518 0,572

36 0,386 0,340 0,546 0,400 0,369 0,334 0,447 0,358 0,439

39 0,536 0,304 0,419 0,473 0,483 0,483 0,465 0,483 0,518 0,447

40 0,518 0,393 0,473 0,491 0,429 0,536 0,375 0,429 0,554 0,429 0,447

41 0,369 0,483 0,600 0,528 0,264 0,404 0,411 0,375 0,615 0,386 0,536 0,429

42 0,518 0,447 0,528 0,619 0,608 0,554 0,500 0,554 0,590 0,518 0,393 0,661 0,608

44 0,643 0,554 0,491 0,600 0,554 0,661 0,518 0,608 0,429 0,554 0,572 0,447 0,554 0,572

47 0,518 0,411 0,528 0,600 0,625 0,572 0,429 0,572 0,608 0,518 0,429 0,572 0,572 0,322 0,608

48 0,465 0,375 0,419 0,510 0,483 0,429 0,322 0,483 0,536 0,429 0,340 0,447 0,483 0,393 0,608 0,393

49 0,554 0,358 0,437 0,510 0,447 0,483 0,375 0,518 0,518 0,429 0,465 0,483 0,536 0,554 0,554 0,500 0,393

51 0,397 0,483 0,528 0,455 0,369 0,351 0,474 0,527 0,544 0,386 0,590 0,447 0,439 0,643 0,643 0,661 0,536 0,411

58 0,404 0,411 0,364 0,546 0,457 0,404 0,447 0,518 0,597 0,457 0,483 0,429 0,474 0,590 0,536 0,554 0,447 0,429 0,439

62 0,449 0,465 0,528 0,437 0,474 0,492 0,474 0,562 0,492 0,422 0,608 0,518 0,439 0,518 0,536 0,518 0,429 0,518 0,397 0,422

63 0,404 0,465 0,455 0,473 0,500 0,411 0,474 0,422 0,447 0,447 0,447 0,590 0,536 0,358 0,518 0,429 0,340 0,465 0,579 0,465 0,422

66 0,386 0,465 0,473 0,473 0,474 0,369 0,518 0,447 0,422 0,404 0,483 0,536 0,544 0,554 0,625 0,590 0,411 0,518 0,404 0,439 0,299 0,375

76 0,536 0,500 0,455 0,491 0,465 0,536 0,572 0,608 0,518 0,518 0,572 0,465 0,536 0,590 0,429 0,643 0,500 0,465 0,375 0,518 0,429 0,447 0,465

77 0,449 0,554 0,528 0,510 0,439 0,386 0,439 0,439 0,527 0,439 0,536 0,447 0,404 0,518 0,500 0,643 0,447 0,554 0,414 0,562 0,466 0,439 0,474 0,411

79 0,625 0,447 0,546 0,691 0,697 0,608 0,500 0,590 0,643 0,608 0,465 0,536 0,679 0,375 0,625 0,286 0,465 0,536 0,661 0,554 0,572 0,500 0,625 0,679 0,679

108 0,528 0,564 0,437 0,491 0,455 0,437 0,491 0,491 0,564 0,510 0,528 0,510 0,455 0,582 0,564 0,528 0,491 0,419 0,419 0,364 0,419 0,491 0,473 0,419 0,437 0,637

110 0,500 0,536 0,546 0,419 0,447 0,554 0,572 0,518 0,447 0,465 0,518 0,447 0,429 0,518 0,447 0,483 0,465 0,572 0,465 0,554 0,375 0,483 0,465 0,447 0,447 0,500 0,491

111 0,554 0,518 0,437 0,655 0,625 0,500 0,518 0,608 0,483 0,554 0,447 0,625 0,643 0,322 0,608 0,411 0,483 0,500 0,572 0,572 0,483 0,465 0,500 0,661 0,625 0,375 0,564 0,518

112 0,386 0,465 0,400 0,491 0,483 0,340 0,422 0,509 0,447 0,393 0,572 0,518 0,411 0,625 0,518 0,554 0,447 0,500 0,351 0,411 0,316 0,474 0,340 0,483 0,457 0,643 0,455 0,386 0,554

123 0,536 0,375 0,455 0,582 0,536 0,483 0,429 0,411 0,608 0,518 0,500 0,429 0,554 0,554 0,572 0,447 0,500 0,447 0,572 0,447 0,500 0,429 0,518 0,465 0,518 0,554 0,437 0,597 0,643 0,457

125 0,491 0,546 0,528 0,546 0,600 0,455 0,564 0,691 0,528 0,546 0,637 0,600 0,600 0,710 0,655 0,655 0,600 0,483 0,473 0,510 0,528 0,582 0,546 0,491 0,510 0,728 0,546 0,582 0,746 0,473 0,528

127 0,625 0,518 0,437 0,582 0,625 0,661 0,411 0,625 0,536 0,554 0,465 0,518 0,661 0,465 0,483 0,518 0,447 0,351 0,554 0,500 0,500 0,483 0,518 0,572 0,625 0,483 0,582 0,518 0,429 0,500 0,590 0,661

134 0,509 0,554 0,546 0,564 0,422 0,474 0,518 0,447 0,597 0,562 0,625 0,465 0,351 0,679 0,536 0,625 0,608 0,554 0,422 0,544 0,492 0,608 0,562 0,483 0,474 0,625 0,510 0,429 0,590 0,429 0,554 0,582 0,608

139 0,432 0,483 0,564 0,510 0,404 0,316 0,439 0,422 0,474 0,351 0,465 0,429 0,422 0,536 0,500 0,572 0,518 0,518 0,414 0,474 0,414 0,509 0,439 0,483 0,311 0,679 0,364 0,483 0,643 0,404 0,447 0,510 0,572 0,509

144 0,600 0,473 0,473 0,491 0,600 0,528 0,455 0,528 0,673 0,564 0,510 0,582 0,564 0,600 0,637 0,619 0,455 0,382 0,437 0,582 0,510 0,528 0,455 0,455 0,564 0,564 0,455 0,582 0,510 0,546 0,437 0,637 0,473 0,528 0,600

422 0,518 0,500 0,528 0,582 0,518 0,572 0,393 0,429 0,518 0,465 0,500 0,429 0,429 0,483 0,465 0,518 0,447 0,474 0,554 0,518 0,483 0,465 0,500 0,590 0,500 0,536 0,473 0,518 0,500 0,518 0,500 0,715 0,457 0,608 0,465 0,510

432 0,518 0,518 0,582 0,546 0,465 0,590 0,465 0,465 0,572 0,483 0,483 0,411 0,500 0,536 0,483 0,554 0,447 0,439 0,518 0,518 0,590 0,554 0,572 0,518 0,483 0,590 0,473 0,500 0,590 0,536 0,536 0,661 0,492 0,536 0,483 0,582 0,299

442 0,554 0,393 0,510 0,491 0,554 0,500 0,429 0,554 0,518 0,411 0,393 0,518 0,590 0,518 0,608 0,411 0,358 0,369 0,572 0,518 0,590 0,536 0,572 0,608 0,679 0,483 0,582 0,554 0,483 0,518 0,536 0,625 0,474 0,643 0,500 0,600 0,544 0,527

452 0,579 0,554 0,473 0,437 0,518 0,518 0,615 0,579 0,465 0,518 0,590 0,590 0,572 0,625 0,518 0,590 0,518 0,483 0,474 0,518 0,422 0,579 0,465 0,500 0,650 0,590 0,491 0,411 0,518 0,439 0,661 0,582 0,536 0,643 0,544 0,582 0,465 0,554 0,518

472 0,483 0,447 0,455 0,419 0,527 0,474 0,457 0,544 0,492 0,386 0,500 0,518 0,509 0,518 0,608 0,536 0,483 0,465 0,397 0,457 0,311 0,474 0,386 0,483 0,518 0,518 0,473 0,500 0,590 0,334 0,536 0,510 0,447 0,632 0,483 0,546 0,500 0,554 0,572 0,404

482 0,316 0,465 0,419 0,491 0,509 0,316 0,393 0,483 0,422 0,334 0,554 0,554 0,474 0,554 0,608 0,465 0,393 0,358 0,386 0,369 0,369 0,358 0,369 0,518 0,527 0,554 0,419 0,518 0,536 0,304 0,500 0,419 0,518 0,579 0,439 0,528 0,536 0,500 0,500 0,447 0,281

492 0,527 0,447 0,546 0,655 0,562 0,509 0,483 0,483 0,527 0,579 0,483 0,518 0,615 0,536 0,625 0,483 0,447 0,411 0,544 0,562 0,544 0,429 0,474 0,483 0,562 0,429 0,582 0,572 0,465 0,554 0,447 0,710 0,483 0,579 0,527 0,437 0,518 0,554 0,483 0,590 0,492 0,474

502 0,457 0,393 0,437 0,473 0,544 0,422 0,375 0,393 0,509 0,386 0,447 0,411 0,492 0,518 0,554 0,483 0,375 0,465 0,492 0,509 0,439 0,393 0,369 0,500 0,492 0,536 0,491 0,518 0,500 0,465 0,358 0,582 0,500 0,579 0,404 0,364 0,447 0,536 0,411 0,483 0,474 0,404 0,386

512 0,536 0,429 0,455 0,582 0,572 0,518 0,483 0,483 0,590 0,536 0,465 0,500 0,572 0,536 0,643 0,608 0,429 0,411 0,447 0,554 0,572 0,483 0,483 0,429 0,518 0,500 0,528 0,518 0,554 0,518 0,465 0,600 0,518 0,536 0,572 0,328 0,536 0,483 0,483 0,500 0,500 0,465 0,411 0,286

522 0,536 0,447 0,455 0,546 0,643 0,536 0,411 0,661 0,590 0,536 0,483 0,572 0,554 0,518 0,608 0,483 0,500 0,429 0,554 0,411 0,554 0,536 0,554 0,447 0,554 0,518 0,491 0,608 0,572 0,554 0,483 0,510 0,536 0,643 0,554 0,455 0,572 0,608 0,465 0,679 0,518 0,500 0,500 0,483

532 0,590 0,500 0,455 0,564 0,679 0,536 0,465 0,590 0,518 0,572 0,429 0,536 0,661 0,375 0,572 0,375 0,411 0,554 0,625 0,518 0,536 0,465 0,483 0,590 0,625 0,375 0,637 0,465 0,447 0,500 0,518 0,710 0,411 0,590 0,536 0,600 0,608 0,608 0,375 0,572 0,518 0,483 0,447 0,429

542 0,518 0,411 0,546 0,473 0,483 0,536 0,447 0,536 0,500 0,465 0,465 0,483 0,554 0,411 0,518 0,465 0,411 0,465 0,500 0,518 0,483 0,483 0,447 0,465 0,500 0,518 0,510 0,375 0,447 0,500 0,536 0,582 0,483 0,554 0,483 0,510 0,447 0,429 0,572 0,500 0,518 0,500 0,483 0,483

552 0,608 0,536 0,582 0,637 0,697 0,572 0,608 0,554 0,590 0,572 0,572 0,625 0,661 0,393 0,715 0,393 0,483 0,536 0,661 0,554 0,536 0,518 0,536 0,679 0,679 0,358 0,619 0,500 0,340 0,625 0,643 0,710 0,572 0,608 0,661 0,637 0,554 0,572 0,500 0,483 0,572 0,518 0,518 0,465

562 0,457 0,375 0,437 0,528 0,544 0,369 0,393 0,429 0,422 0,404 0,429 0,500 0,562 0,554 0,572 0,500 0,465 0,439 0,422 0,474 0,457 0,411 0,404 0,518 0,544 0,518 0,528 0,554 0,447 0,465 0,465 0,572 0,474 0,509 0,422 0,437 0,474 0,527 0,386 0,536 0,492 0,386 0,369 0,264

572 0,474 0,447 0,510 0,564 0,590 0,447 0,386 0,509 0,500 0,447 0,429 0,518 0,536 0,483 0,572 0,375 0,375 0,429 0,509 0,500 0,474 0,351 0,465 0,518 0,544 0,447 0,528 0,500 0,536 0,369 0,411 0,600 0,518 0,608 0,492 0,510 0,518 0,500 0,483 0,544 0,439 0,286 0,465 0,358

582 0,582 0,546 0,455 0,600 0,710 0,546 0,582 0,691 0,528 0,600 0,491 0,600 0,691 0,400 0,582 0,419 0,491 0,582 0,655 0,564 0,637 0,473 0,564 0,564 0,637 0,455 0,655 0,510 0,455 0,600 0,528 0,619 0,510 0,710 0,600 0,637 0,619 0,582 0,437 0,546 0,564 0,528 0,510 0,437

592 0,404 0,483 0,528 0,582 0,422 0,351 0,411 0,483 0,492 0,404 0,608 0,447 0,351 0,679 0,590 0,572 0,465 0,429 0,457 0,457 0,457 0,518 0,527 0,429 0,439 0,661 0,491 0,554 0,661 0,429 0,518 0,419 0,625 0,439 0,422 0,655 0,536 0,608 0,518 0,536 0,492 0,369 0,527 0,509

612 0,369 0,500 0,510 0,546 0,509 0,422 0,536 0,518 0,386 0,404 0,518 0,572 0,509 0,554 0,500 0,608 0,500 0,572 0,386 0,492 0,386 0,429 0,281 0,411 0,457 0,643 0,564 0,429 0,518 0,358 0,554 0,582 0,518 0,509 0,386 0,510 0,554 0,572 0,536 0,608 0,509 0,439 0,439 0,439

622 0,572 0,411 0,473 0,691 0,661 0,572 0,447 0,572 0,572 0,608 0,411 0,500 0,679 0,393 0,536 0,393 0,411 0,411 0,608 0,554 0,608 0,483 0,608 0,590 0,608 0,250 0,600 0,536 0,411 0,608 0,483 0,619 0,393 0,590 0,590 0,528 0,500 0,483 0,411 0,572 0,572 0,536 0,358 0,447

632 0,679 0,608 0,619 0,655 0,786 0,733 0,661 0,697 0,679 0,733 0,572 0,661 0,768 0,554 0,679 0,572 0,572 0,661 0,715 0,643 0,661 0,572 0,643 0,643 0,625 0,465 0,764 0,643 0,536 0,750 0,733 0,691 0,554 0,715 0,733 0,655 0,697 0,750 0,590 0,590 0,661 0,643 0,518 0,643

652 0,429 0,536 0,400 0,455 0,518 0,411 0,465 0,500 0,447 0,465 0,590 0,572 0,572 0,500 0,518 0,518 0,465 0,340 0,358 0,375 0,304 0,322 0,322 0,375 0,554 0,518 0,346 0,411 0,447 0,393 0,465 0,510 0,411 0,536 0,483 0,400 0,518 0,554 0,536 0,447 0,429 0,340 0,447 0,447

662 0,500 0,465 0,510 0,491 0,393 0,500 0,429 0,304 0,518 0,447 0,429 0,340 0,393 0,554 0,536 0,572 0,393 0,536 0,554 0,572 0,536 0,393 0,518 0,483 0,304 0,572 0,510 0,411 0,661 0,500 0,429 0,691 0,518 0,483 0,358 0,564 0,393 0,465 0,554 0,625 0,500 0,554 0,411 0,429

33

SP - FCAV, 2007.

512 522 532 542 552 562 572 582 592 612 622 632 652 662

0,483

0,518 0,465

0,518 0,554 0,483

0,536 0,536 0,340 0,393

0,322 0,447 0,447 0,500 0,536

0,411 0,483 0,375 0,483 0,500 0.393

0,510 0,491 0,237 0,473 0,346 0,528 0,491

0,608 0,483 0,572 0,590 0,625 0,474 0,465 0,637

0,536 0,518 0,447 0,483 0,608 0,334 0,483 0,596 0,527

0,411 0,465 0,447 0,500 0,483 0,429 0,465 0,491 0,679 0,59

0,572 0,625 0,518 0,643 0,536 0,590 0,.661 0,582 0,715 0,59 0,518

0,483 0,429 0,500 0,518 0,518 0,393 .465 0,528 0,483 0,411 0,483 0,715

0,500 0,590 0,518 0,500 0,625 0,483 0,5 0,582 0,429 0,483 0,572 0,625 0,518

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- 34 -

0102030405060708090100

532

582

552

79

622

47

42

111

492

19

4177

662

29

139

211

66

612

482

572112

63

502562

512

144

134

33

127

36

49

51

422

40

442

432

3

123

11

39

6

452

26

58

522

48

110

125

108

542

44

592

76

632

62

652

472

G 6

G 5

G 4

G 3

G 2

G 1

Figura 2. Dedrograma de dissimilaridade genética entre 58 acessos de Capsicum

chinense,obtido pelo método hierárquico do vizinho mais próximo. (G 1 = grupo 1;

G 2 = grupo 2; G 3 = grupo 3; G 4 = grupo 4; G 5 = grupo 5 e G 6 = grupo 6).

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O primeiro grupo é composto dos acessos 422 (bode vermelha) e

432 (bode amarela), ambos provenientes de Brasília – DF, conforme a

figura 3. Neste grupo, em 44 descritores avaliados ocorreu uma

coincidência de valores observados, demonstrando haver uma alta

similaridade entre esses dois morfotipos com frutos de cor vermelha e

laranja e ambos de formato achatado. As plantas apresentaram caule

verde, cilíndrico com antocianina nodal, pubescência esparsa, altura

acima de 85 cm e hábito de crescimento ereto, com densidades de

ramificação e folhagem esparsas. A floração iniciou-se entre 61 e 90 dias

após a semeadura, com duas e três flores por axila, com posições

intermediária, ereta e pendente A corola é amarelo-clara, com

comprimento de até 2 cm e estigma posicionado no mesmo nível ou acima

das anteras. O tempo de frutificação iniciou-se aos 60 dias, seguindo até

150 dias após o transplantio. Os frutos apresentaram manchas ou estrias

antes da maturação, sendo sempre pendentes, de formato achatado com

comprimento variando de 1 a 2 cm e a largura até 2,5 cm, massa

variando de 2 a 4 g, com paredes com espessura de 3 a 4 mm, sem

pescoço, com ápice afundado. Apresentaram corrugação leve ou

intermediária na seção transversal e dois e três lóculos. Os frutos são

intermediários a persistentes em relação ao pedúnculo. O aroma é baixo e

a pungência é variável de baixa a média. As sementes apresentaram

superfície lisa e rugosa, com tamanho intermediário, variando de 3 a 4

milímetros.

Figura 3. Acessos 422 e 432 de C. chinense, respectivamente.

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- 36 -

O grupo 2 é composto dos acessos 026 (peão vermelho) e 048 (olho-de-cará

amarela), figura 4. Observou-se nesse grupo que, 42 descritores apresentaram valores

coincidentes, o que demonstra uma alta similaridade entre os dois morfotipos de frutos

vermelho e amarelo, ambos de formato triangular. Em relação à procedência, o acesso

026 foi coletado no município de Alto Alegre - RR e o 048, em Pacaraima - RR. Nesse

grupo as plantas apresentaram caule verde, cilíndrico com antocianina nodal violeta

escuro, pubescência esparsa, altura entre 66 e 85 cm e hábito de crescimento

intermediário. A floração iniciou-se entre 61 e 90 dias após a semeadura, com duas e

três flores por axila, a corola é amarelo-clara ou esverdeada, com comprimento de até 2

cm e estigma posicionado acima das anteras. A frutificação iniciou-se aos 60 dias,

seguindo até 150 dias após o transplantio. Os frutos são sempre pendentes, de formato

triangular com comprimento variando de 1 a 2 cm e a largura até 2,5 cm, massa

variando de 1 a 2 g, não apresentaram pescoço, com ápice pontiagudo ou truncado.

Apresentaram corrugação leve ou corrugada na seção transversal e três lóculos. Os

frutos são persistentes em relação ao pedúnculo. O aroma variou de baixo a alto, sem

pungência para o acesso 026 e co mpungência média para o 048. As sementes

apresentaram superfície lisa e tamanho intermediário, variando de 3 a 4 milímetros.

Figura 4. Acessos 026 e 048 de C. chinense respectivamente.

O acesso 026 apresentou segregação para coloração de frutos, conforme

mostrado na Figura 5.

Figura 5. Acesso de Capsicum chinense 026 segregado.

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- 37 -

O grupo 3 é composto dos acessos 003 (canaimé) e 039 (pimenta murici), figura

6. Observou-se neste grupo que 44 descritores apresentaram coincidência nos valores

obtidos, demonstrando haver uma alta similaridade entre esses dois morfotipos de

frutos diferentes, um de cor vermelha e outro salmão, ambos de formato triangular. Em

relação à procedência o acesso 003 foi coletado no município de Uiramutã - RR e o 039

em Rorainópolis - RR. Nesse grupo, as plantas apresentaram caule verde, cilíndrico

com pubescência esparsa, altura entre 66 e 85 cm, hábito de crescimento intermediário

e ereto. A floração iniciou-se entre 61 e 90 dias após a semeadura, com duas flores

eretas por axila, a corola é amarelo-clara, com comprimento de até 2 cm e estigma

posicionado acima das anteras. A frutificação iniciou-se entre 60 e 90 dias seguindo até

150 dias após o transplantio. Os frutos são sempre pendentes, de formato triangular

com comprimento variando de 2 a 4 cm e a largura até 2,5 cm, massa variando de 2 a

4 g, não apresentaram pescoço e o ápice é truncado. Apresentaram corrugação

intermediária na seção transversal e dois a três lóculos. O aroma variou de médio a alto

e a pungência foi alta. As sementes apresentaram superfície lisa e tamanho

intermediário, variando de 3 a 4 milímetros.

Figura 6. Acessos 003 e 039 de C. chinense, respectivamente.

No grupo 4, observou-se que para 49 descritores ocorreu uma coincidência entre

os acessos acima de 75% demonstrando haver uma alta similaridade entre os mesmos.

Neste grupo estão incluídos três morfotipos conhecidos como “peão”, representados

pelos acessos 502 (peão de cheiro vermelha), 512 (peão amarela), 562 (peão amarela),

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e 144 (prikanka vermelha) também de formato triangular, figura 7. Em relação à

procedência os três popularmente conhecidos como “peão” são originados do município

de Pacaraima - RR e o 144 foi coletado em Alto Alegre - RR. Nesse grupo as plantas

apresentaram, em sua maioria, caule verde, cilíndrico com antocianina nodal violeta

claro e pubescência intermediária, altura acima de 85 cm, hábito de crescimento

intermediário. A floração iniciou-se entre 61 e 90 dias após a semeadura, a corola é

amarelo-clara a esverdeada, com comprimento de até 2 cm e estigma posicionado

acima das anteras. A frutificação iniciou-se aos 60 dias seguindo até 150 dias após o

transplantio. Os frutos foram sempre pendentes, de formato triangular com comprimento

variando de 2 a 4 cm e a largura até 2,5 cm, massa variando de 2 a 4 g. A maioria dos

frutos apresentou corrugação intermediária na seção transversal e dois lóculos. O

aroma variou de médio a alto e a pungência variou de média a alta. As sementes

apresentaram superfície lisa, tamanho de intermediário a grande, variando de 3 a mais

de 4 milímetros.

Figura 7. Acessos 144, 502, 512 e 562 de C. chinense, respectivamente.

Para o grupo 5, com maior número de acessos agrupados (17), observou-se que,

para 24 descritores ocorreu uma coincidência entre os acessos acima de 75%. Esse

índice mostra que o grupo apresenta uma similaridade abaixo dos demais. Nesse

agrupamento está incluída a maior parte das pimentas conhecidas como “murupi”,

representadas pelos acessos 001 (murupi laranja), 021 (murupi salmão), 063 (murupi

salmão), 112 (murupi vermelha), 472 (murupi vermelha), 482 (murupi amarela) e 612

(murupi amarela), com formato alongado, figura 8.

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Figura 8. Acessos 001, 021, 063, 112, 472, 482 e 612 de C. chinense,

respectivamente.

Também no grupo 5 estão incluídas as pimentas “de cheiro”, representadas

pelos acessos 041 (pimenta-de-cheiro vermelha), 062 (pimenta-de-cheiro vermelha) e

662 (pimenta-de-cheiro vermelha), figura 9.

Figura 9. Acessos 041, 062 e 662 de C. chinense, respectivamente.

Os demais acessos do grupo, 019 (pimenta vermelha), 029 (pimenta de mesa

salmão), 066 (pimenta laranja), 077 (canaimé), 139 (pimenta vermelha), 572 (peão de

cheiro amarela) e 652 (malaguetão laranja), estão ilustrados na figura 10.

Figura 10. Acessos 019, 029 e 066, 077, 139, 572 e 652 de C. chinense,

respectivamente.

Em relação à procedência não há qualquer ligação entre os morfotipos desse

grupo, que são originados dos municípios roraimenses de Uiramutã, Caroebe, Mucajaí,

Alto Alegre, Rorainópolis, Boa Vista, Bonfim e Pacaraima. Nesse grupo as plantas

apresentaram, em sua maioria, caule verde, pubescência esparsa, com altura acima de

85 cm, hábito de crescimento variando de intermediário a ereto. A floração iniciou-se

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entre 61 e 90 dias após a semeadura, a corola é amarelo-clara a esverdeada, com

comprimento de até 2 cm e estigma posicionado acima das anteras. A frutificação

iniciou-se aos 60 dias seguindo até 150 dias após o transplantio. O comprimento dos

frutos predominante ficou acima dos 4 cm e a largura até 2,5 cm e o peso variou de 2 a

12 g. A maioria dos frutos apresentou pescoço na base, sendo pontiagudo no ápice e

apresentando corrugação na seção transversal e três lóculos. O aroma variou de baixo

a alto e a pungência variou de sem pungência a alta. As sementes são de tamanho

intermediário a grande, variando de 3 a mais de 4 milímetros.

Neste grupo foi observada segregação de coloração e formato dos acessos 001,

com frutos laranja mais escuro com ápice truncado (esquerda) e mais claro com ápice

pontiagudo, conforme a Figura 11. Acesso 029 normal com frutos vermelho mais

intenso e formato triangular (esquerda) e mais vermelho ligeiramente mais claro, com

formato alongado, conforme a Figura 12. Os acessos 062, 077, 112 e 139

apresentaram segregação com ligeira modificação no formato de frutos, como mostra a

Figura 13.

Figura 11. Acesso de Capsicum chinense 001 normal e segregado, respectivamente.

Figura 12. Acesso de Capsicum chinense 029 normal e segregado, respectivamente.

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Acesso 062

Acesso 077

Acesso 112

Acesso 139

Figura 13. Acessos 062, 077, 112 e 139 de Capsicum chinens

respectivamente.

No grupo 6 observou-se que, para 44 descritores ocorre

valores obtidos acima de 75%, demonstrando haver uma alt

onde se encontram as pimentas conhecidas como “olho-de-pei

ao tamanho pequeno dos frutos. Nesse grupo estão incluídos o

de passarinho), 047 (olho-de-caranguejo), 079 (olho-de-peixe

e no

u u

a sim

xe” o

s a

lar

rmais e segregados,

ma coincidência nos

ilaridade no grupo,

u similar, em alusão

cessos 042 (pimenta

anja), 111 (olho-de-

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peixe salmão), 532 (olho-de-peixe amarela), 552 (olho-de-peixe amarela), 582 (olho-de-

peixe amarela) e 622 (olho-de-peixe laranja), figura 14. As flores apresentaram corola

medindo até 1,5 cm, sempre eretas, frutos pequenos de até 2 cm de comprimento,

pesando até 2 g, com formatos arredondados ou triangular, de coloração predominante

amarela, quando maduro, picantes e aromáticos, e de sementes pequenas, medindo

em sua maioria menos de 3 milímetros. Em relação à procedência não há qualquer

ligação entre os morfotipos deste grupo, que são originados dos municípios

roraimenses de Cantá, Rorainópolis, Amajari, Bonfim e Pacaraima.

Figura 14. Acessos 042, 047, 079, 111, 532, 552, 582 e 622 de Capsicum chinense,

respectivamente.

Conforme a figura 2, os seguintes acessos não agruparam: 006 (pimenta-de-

cheiro amarela), 011 (malaguetão), 033 (pimenta-de-cheiro amarela), 036 (murupi

salmão), 040 (pimenta vermelha), 044 (malaguetão), 049 (olho-de-cará amarela), 051

(pimenta-de-cheiro vermelha), 058 (pimenta amarela), 076 (pimenta vermelha), 108

(pimenta cheirosa vermelha), 110 (malaguetão), 123 (olho-de-mutum vermelha), 125

(pimenta vermelha), 127 (olho-de-mutum vermelha), 134 (pimenta vermelha), 442

(pimenta cumari do Pará), 452 (curupira), 492 (peão grande vermelha), 522 (espora-de-

galo laranja), 542 (pimenta-de-cheiro vermelha), 592 (pimenta-de-cheiro vermelha), 632

(olho-de-peixe amarela). A figura 15 ilustra os frutos dos acessos acima.

006 011 033 036 040 044 049 051

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058 076 108 110 123 125 127 134

442 452 492 522 542 592 632

Figura 15. Acessos 006, 011, 033, 036, 040, 044, 049, 051, 058, 076, 108, 110, 123,

125, 127, 134, 442, 452, 492, 522, 542, 592 e 632 de Capsicum chinense,

respectivamente.

Avaliando a dissimilaridade entre os acessos, conforme a Tabela 4, observou-se

que os maiores índices de dissimilaridade (acima de 0,7 ou 70%) foram observados

entre os seguintes acessos: 632 com 019 (0,786), 041 (0,768), 108 (0,764), 112 e 432

(0,750), 021, 036 e 123 (0,733), 051, 134, 592 e 652 (0,715); 125 com 111 (0,746), 079

(0,728), 422 (0,715), 042, 492, 532 e 552 (0,710); 582 com 019 e 134 (0,70); 044 com

552 (0,715); 582 com 19 e 134 (0,710). De acordo com esses resultados, os acessos

632 e 125 são os que apresentaram maiores divergências entre os 58 acessos

avaliados. No dendrograma da Figura 2, observa-se que estes acessos estão isolados,

não se agrupando com os demais.

O acesso 452 (curupira), considerado de ocorrência silvestre não se agrupou aos

demais, muito embora não fosse incluído entre os materiais com maiores percentuais

de dissimilaridade, mostrando haver provável relação de similaridade deste com os

outros acessos. O acesso 632 (olho-de-peixe) apresentou os maiores percentuais de

dissimilaridade, alcançando 78% em relação ao acesso 019 (pimenta vermelha

campanulada), 76% em relação aos acessos 041 (pimenta de cheiro vermelha) e 108

(pimenta cheirosa vermelha) e 75% em relação aos acessos 112 (murupi vermelha) e

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432 (bode laranja), demonstrando não haver qualquer relação de cor com semelhança

entre os morfotipos de pimenta. O acesso 125, pimenta vermelha de frutos grandes,

alongados e plantas eretas, apresentou alta dissimilaridade (74%) em relação ao

acesso 111, olho-de-peixe salmão, de frutos arredondados, pequenos e planta

prostrada, mostrando que materiais muito diferentes foram separados corretamente.

Os menores índices de dissimilaridade (abaixo de 30%) foram observados entre

os seguintes acessos: 062 com 066 (0,29) e 652 (0,30); 482 com 112 (0,30) e 472

(0,28); 003 com 039 (0,30); 019 com 041 (0,26); 029 com 662 (0,30); 066 com 612

(0,28); 079 com 622 (0,25); 502 com 562 (0,26); 422 com 432 (0,29) e 532 com 582

(0,23). Todos esses acessos aparecem agrupados no dendrograma da Figura 1.

A maior similaridade (77%) foi observada entre os acessos 532 e 582 (olho-de-

peixe amarela, procedentes de Pacaraima - RR), atestando que muito provavelmente

esses dois acessos são iguais. Os acessos 079 e 622, com 75% de similaridade

também devem ser os mesmos. Os acessos 019 e 041, ambos com frutos vermelhos,

de formato triangular apresentaram 74% de similaridade e demonstram estar muito

próximos geneticamente. Os acessos 066 (pimenta laranja alongada) e 612 (murupi

amarela), com similaridade de 72% também devem ser os mesmos materiais.

A origem dos locais de coleta só foi efetiva para agrupar os acessos do grupo 1

(422 e 432), provenientes de Brasília - DF, o que não se observou com o acesso 442,

de igual procedência. Nos demais grupos o local de coleta não apresentou relação com

o agrupamento dos acessos. A similaridade entre os acessos 422 (bode vermelha) e

432 (bode laranja) é bastante alta, alcançando 71%, muito embora, em algum momento

de sua evolução a característica cor de fruto foi alterada, mas sem resultar em maior

diferenciação entre esses acessos. Nos grupos 1, 2, 3, 4 e 5 a característica cor foi

irrelevante para o agrupamento. Apenas no grupo 6, houve coincidência da cor amarela

entre todos os acessos.

Em relação à pungência apenas os grupos 3, 4 e 6 apresentaram semelhança

entre os acessos dentro de cada grupo para esse descritor. O grupo 5 apresentou

acessos doces e picantes em vários níveis. No grupo 2, observou-se uma variação

para pungência, com o acesso 026 sendo doce e o 048, picante médio. Esses

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resultados contraditórios mostram que essa característica não foi tão relevante para o

agrupamento dos acessos.

O formato dos frutos parece ser o descritor mais efetivo para o agrupamento dos

acessos. Os acessos dos grupos 1, 2, 3 e 4 apresentaram igual formato de fruto. No

grupo 5, dos 17 acessos agrupados, 11 apresentaram frutos de formato alongado e no

grupo 6, de 8 acessos, cinco apresentaram frutos de formato arredondado. Essa

característica parece ser uma das mais diferenciadoras considerando os frutos dos

acessos avaliados.

Os nomes populares também parecem ter uma influência no agrupamento feito

por descritores morfológicos. No grupo 1, foram agrupadas as duas pimentas

conhecidas como “bode”, no grupo 5, foram agrupadas a maioria das pimentas “murupi”

e no grupo 6, a maioria daquelas conhecidas como “olho-de-peixe”. Esses resultados

reforçam o valor da sabedoria popular na identificação de recursos genéticos vegetais.

Os resultados atestam que o uso de descritores morfológicos com aplicação de

variáveis multicategóricas avaliadas pelo método hierárquico do vizinho mais próximo

mostrou-se adequado ao estudo da divergência genética entre acessos de pimenta da

espécie C. chinense, o que já havia sido demonstrado por SUDRÉ et al. (2005; 2006),

com germoplasma de pimentas do gênero Capsicum.

O grande número de acessos não agrupados, 39% do total, e a dissimilaridade

acima de 70% para muitos morfotipos demonstra haver uma alta variabilidade entre

estes, considerando os descritores morfológicos analisados. A variedade de cores,

formato, níveis de pungência e arquitetura de plantas observadas com os diferentes

morfotipos de C. chinense encontrados em Roraima, já por si, demonstram haver uma

variabilidade genética alta, o que deve ser melhor explorado em programas de

melhoramento e indicam a necessidade de se realizarem esforços para conservação

dessa diversidade, corroborando a afirmação de PICKERSGILL (1997), de que a

diversidade genética entre as várias espécies domesticadas de Capsicum tem sido

pouco explorada e ainda está longe de ser esgotada. A segregação para formato e cor

observada em vários acessos faz supor que alguns desses materiais ainda se

encontram em um processo preliminar de domesticação, o que confere com o modo de

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conservação e cultivo da grande parte das pimentas cultivadas em Roraima, que, à

exceção de alguns morfotipos de pimenta de cheiro, são encontrados apenas em

pequenas hortas de fundo de quintal e roças indígenas.

4 CONCLUSÕES

1 – Descritores morfológicos são adequados para caracterizar a diversidade genética

de C. chinense;

2 – O uso do método hierárquico do vizinho mais próximo foi efetivo para agrupar os

diferentes morfotipos de pimenta avaliados;

3 – Características associadas à cor do fruto e ao local de procedência do acesso

apresentaram menor associação com dissimilaridade que o formato do fruto;

4 – Existe uma grande variabilidade entre os acessos avaliados, o que potencializa seu

uso em programas de melhoramento genético.

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CAPÍTULO 3 - CARACTERIZAÇÃO DE ACESSOS DE Capsicum chinense COM MARCADORES MOLECULARES fAFLP

RESUMO - No Estado de Roraima, há uma grande diversidade de pimentas da

espécie Capsicum chinense, que é tradicionalmente utilizada na culinária amazônica e

representa uma fonte de renda importante para os olericultores locais. A caracterização

desse recurso genético tende a fornecer informações úteis para programas de

conservação e melhoramento genético da espécie. A técnica de fAFLP é uma

ferramenta útil para a caracterização molecular de recursos genéticos, identificando

materiais duplicados e fornecendo informações filogenéticas relevantes. Esse trabalho

teve como objetivo caracterizar acessos de pimenta da espécie C. chinense oriundos

de uma coleção de trabalho da Embrapa Roraima, por meio de marcadores moleculares

fAFLP. A partir de plantas cultivadas em casa de vegetação foi extraído o DNA de 58

acessos de pimenta para aplicação dos marcadores, empregando-se a combinação de

iniciadores EcoRI (AGG/ACG) e MseI (CAC/CAA). Os dados foram analisados pelos

programas GeneScan 3.1 e Genotyper 2.5. Para análise da matriz de dissimilaridade,

foi utilizado o programa PAUP 4.0, e o dendrograma foi obtido pelo método de

agrupamento do vizinho mais próximo. Os resultados comprovaram a eficácia do

marcador fAFLP para caracterização de germoplasma de pimentas, revelando a

formação de dois grandes grupos e três acessos isolados. Não foi observada

correlação entre similaridade genética e nomes populares ou procedência dos acessos.

A dissimilaridade entre os acessos variou de 2 a 47,9%, com média de 22,3%,

demonstrando a existência de variabilidade genética e a existência de prováveis

duplicatas na coleção avaliada.

Palavras-chave: Capsicum chinense, Amazônia, diversidade genética, filogenia.

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1 INTRODUÇÃO

Dentre as pimentas do gênero Capsicum, predomina na Amazônia brasileira a

espécie C. chinense, popularmente conhecida como murupi, de cheiro e olho-de-peixe.

Em um inventário de pimentas cultivadas em Roraima, BARBOSA et al. (2002)

constataram a predominância de C. chinense naquele Estado amazônico onde, para

um total de 163 acessos levantados, 76,7% eram da espécie acima citada.

PICKERSGILL (1971) relataram que a região amazônica é o provável centro de

diversidade dessa espécie de pimenta. Apesar da diversidade genética e da

importância do uso tradicional desse recurso fitogenético entre comunidades

autóctones e urbanas da Amazônia, poucos são os estudos científicos dedicados aos

inúmeros morfotipos de pimenta encontrados na região.

Tradicionalmente, a caracterização de pimentas é feita com descritores

morfológicos estabelecidos pelo IPGRI (International Plant Genetic Resources Institute).

Mais recentemente, estudos relacionados com a análise da diversidade genética e a

evolução do grupo das pimentas estão sendo realizados, com base não apenas na

morfologia da planta, mas também na citologia e no DNA genômico. Tais estudos, em

geral, têm ratificado a identificação prévia das espécies por meio da morfologia floral

(PRINCE et al., 1995). Esses autores recomendaram o uso de marcadores moleculares

RFLP e RAPD para delinear a diversidade genética de cultivares dentro da espécie

Capsicum annuum. PRINCE et al. (1992) utilizaram marcadores moleculares RFLP para

avaliar distâncias genéticas entre acessos mexicanos de Capsicum, concluindo, após a

análise de agrupamento, que há uma separação clara entre os acessos do Norte e os

do Sul daquele país. Marcadores moleculares RAPD foram usados por BUSO et al. (2001), para

avaliar a relação genética entre espécies silvestres do gênero Capsicum coletadas na

Mata Atlântica e espécies cultivadas de pimenta, cujos resultados indicaram uma alta

similaridade entre acessos da espécie C. chinense e, no geral, uma baixa similaridade

entre as espécies silvestres e as cultivadas, além de relatarem, que o arranjo dos

acessos dentro de cada grupo de espécie cultivada parecia refletir os dados de origem,

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revelando uma provável estruturação geográfica. A denominação popular também foi

relatada pelos autores como confusa para um acesso relacionado como “pimenta

malagueta”, tipo associado à espécie C. frutescens que, segundo a análise molecular

estaria no grupo da espécie C. baccatum.

Estimando as relações genéticas de 34 diferentes cultivares de C. annuum com

marcadores moleculares AFLP, a partir de dez combinações diferentes de iniciadores

(primer) E-AGG/M-CAC, PARAN et al. (1998), obtiveram 489 produtos de amplificação,

com 65 bandas polimórficas para o marcador AFLP, concluindo que os “primers” para

AFLP foram efetivos quanto à habilidade de detectar polimorfismo em pimentas. Em

uma matriz de distância genética construída com dez dos cultivares testados, os

autores observaram padrões similares de relações entre os acessos, com o

agrupamento conjunto de acessos com frutos não pungentes e grandes, separados dos

grupos de três pimentas picantes e com maior divergência para um tipo perene. As

distâncias genéticas variaram de 0,02 entre os acessos mais similares a 0,05 para os

mais distantes. Segundo esses autores, as informações geradas poderiam ser de

utilidade no mapeamento genômico de Capsicum ou no melhoramento genético do

gênero.

Marcadores moleculares RAPD e AFLP foram utilizados por LANTERI et al.

(2003) para avaliar a diversidade genética dentro e entre cinco populações de

variedades locais de C. annuum, concluindo que o marcador AFLP fora mais confiável,

à medida que proporcionou uma menor faixa de variação entre as combinações de

primers para a detecção de variabilidade genética.

LOAIZA-FIGUEROA et al. (1989) estudando as relações evolutivas entre 180

acessos de Capsicum do México por meio de eletroforese enzimática, relataram que a

distância genética média para acessos domesticados seria de 22,34%.

TOQUICA et al. (2003), em estudo sobre a diversidade genética de germoplasma

de Capsicum spp. coletados na Colômbia, utilizaram marcadores moleculares AFLP e

concluiram que o grupo da espécie C. chinense apresentou valores baixos de

diversidade genética, com média de 75% de similaridade. Segundo os autores, esses

baixos valores de diversidade genética podem ser atribuídos a um provável

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estreitamento da base genética nesse grupo de pimentas, que fora domesticado em

comunidades indígenas, não representando espécies silvestres, ou ao reduzido número

de locais de coleta.

Para KOCHIEVA & RYZHOVA (2003), o uso de marcadores AFLP mostrou-se

adequado para detecção de polimorfismo em cultivares de C. annuum, no entanto,

esses autores argumentaram haver uma certa dificuldade na busca de marcadores para

o gênero Capsicum, já que seu genoma mantém-se altamente conservado nos acessos

cultivados em relação às formas silvestres, o que induziria à baixa variabilidade

genética entre as formas cultivadas. Utilizando a combinação de dois pares de

iniciadores, relataram a obtenção de 101 marcas polimórficas, com distâncias genéticas

variando de 0,021 a 0,072, concluindo que houve pouca variação entre as cultivares

avaliadas e que, a partir do agrupamento das mesmas, não se observou associação

entre os grupos formados e algumas características morfológicas, como cor e forma dos

frutos e resistência a doenças.

Germoplasma de diversos gêneros de plantas foram caracterizados com

marcadores AFLP para estimar a diversidade genética, como no caso de 36 acessos de

maracujá amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa), onde foram detectadas 123 bandas

polimórficas a partir dos iniciadores AAG-CAT e AAG-CTG. Os autores constataram

ampla variação da distância genética entre os acessos, com valores variando de 6,5 a

49,6%, equivalentes a 8 e 61 marcas polimórficas, respectivamente. Também

constataram a não formação de estruturação geográfica (GANGA et al., 2004).

HAN et al. (2001) relataram que, através do uso do marcador AFLP, a distância

genética média entre duas espécies de lírio peruano (Alstroemeria umbellata e A.

pelegrina) foi de apenas 26%, o que seria aceitável como variação intraespecífica.

Marcadores fAFLP foram utilizados para caracterizar genótipos de melão

(Cucumis melo) permitindo observar uma grande variação entre os acessos e, por meio

da análise dos coeficientes de similaridade, puderam separar acessos conhecidos

popularmente pela mesma denominação, que mostraram-se geneticamente diferentes

(GIOVANNI et al., 2003).

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Em espécies arbóreas, FREITAS et al. (2005) utilizaram o marcador genético

AFLP para estimar a variabilidade genética de uma população de Myracrondruon

urundeuva, encontrando grande número de bandas polimórificas (total de 137) e

identificando três grupos entre as progênies avaliadas, o que, segundo os autores

ilustraria a alta variabilidade genética dentro das progênies.

Esse trabalho teve como objetivo realizar a caracterização de acessos de

pimenta da espécie C. chinense provenientes da coleção da Embrapa Roraima por

meio da técnica de fAFLP, com a obtenção de informações detalhadas do agrupamento

dos mesmos, contribuindo para seu uso em programas de melhoramento genético, com

vistas a aumentar a produção e a diversidade de cultivares disponíveis aos produtores

da região amazônica.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado nos Laboratórios de Bioquímica de Microorganismos e

Plantas do Departamento de Tecnologia e de Micropropagação do Departamento de

Produção Vegetal, com material vegetal oriundo de plantas cultivadas em casa de

vegetação na horta do Setor de Olericultura e Plantas Aromático-Medicinais da

Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (UNESP - FCAV), Campus de

Jaboticabal, São Paulo. Os acessos de pimenta da espécie C. chinense foram

provenientes da coleção da Embrapa Roraima. Dados de passaporte dos 58 acessos

utilizados encontram-se na Tabela 1.

A extração de DNA genômico dos tecidos vegetais foi realizada segundo

FERREIRA & GRATTAPAGLIA (1998). O material vegetal utilizado para extração de

DNA consistiu de folhas tenras de cada acesso, sem manchas ou perfurações, lavadas

em água corrente e maceradas em nitrogênio líquido, sendo armazenadas em

recipientes hermeticamente fechados e acondicionadas em freezer a – 20o C.

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Tabela 1. Identificação de 58 acessos de pimenta (Capsicum chinense) da coleção da

Embrapa Roraima Código Nome popular Procedência Lat N/S Long W Código Nome popular Procedência Lat N/S Long W RR 001 Murupi laranja, alongada, PA Uiramutã 04o 35' 44" N 60o 10' 04" RR 112 Murupi vermelha, alongada, PM Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05"

RR 003 Canaimé vermelha, triangular, PA Uiramutã 04o 35' 44" N 60o 10' 04" RR 123 Olho de mutum vermelha, triangular, PB Alto Alegre 02o 53' 45'' N 61o 29' 51''

RR 006 P. cheiro amarela, retangular, PA Boa Vista 02o 49' 11'' N 60o 40' 24" RR 125 P. vermelha alongada, PA Alto Alegre 02o 53' 45'' N 61o 29' 51''

RR 011 Malaguetão vermelho, alongado, PM Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47" RR 127 Olho de Mutum vermelha, arredondada, PA Alto Alegre 02o 53' 45'' N 61o 29' 51''

RR 019 P. vermelha, campanulada, doce Caroebe 00o 53’ 02” N 59o 41' 44" RR 134 P. vermelha, triangular, PA Mucajaí 02o 25' 48'' N 60o 54' 00''

RR 021 Murupi salmão, alongada, PB Mucajaí 02o 25' 48'' N 60o 54' 00'' RR 139 P. vermelha, alongada, doce Mucajaí 02o 25' 48'' N 60o 54' 00''

RR 026 Peão Vermelha, triangular, doce Alto Alegre 02o 53' 45'' N 61o 29' 51'' RR 144 Prikanka vermelha, triangular, PM Alto Alegre 02o 53' 45'' N 61o 29' 51''

RR 029 P. de Mesa salmão, triangular, PB Alto Alegre 02o 53' 45'' N 61o 29' 51'' RR 422 P. Bode vermelha, achatada, PB Brasília/DF 15o 50' 16'' N 47o 42' 48''

RR 033 P. de Cheiro amarela, alongada, PB Boa Vista 02o 49' 11'' N 60o 40' 24" RR 432 P. Bode laranja, achatada, PM Brasília/DF 15o 50' 16'' N 47o 42' 48''

RR 036 Murupi salmão , alongada, PB Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05" RR 442 P. cumari do Pará amarela, triangular, PA Brasília/DF 15o 50' 16'' N 47o 42' 48''

RR 039 P. Murici salmão, triangular, PA Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05" RR 452 Curupira vermelha, alongada, PM Mucajaí 02o 25' 48'' N 60o 54' 00''

RR 040 P. varmelha, triangular, doce Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05" RR 472 Murupi vermelha, alongada, PM Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 041 P. de Cheiro vermelha, triangular, PM Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05" RR 482 Murupi amarela, alongada, PM Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 042 P. de Passarinho amarela, Arredondada, PA Cantá 02o 36' 37" N 60o 35' 51" RR 492 Peão grande vermelha, triangular, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 044 Malaguetão vermelha, alongada, PA Cantá 02o 36' 37" N 60o 35' 51" RR 502 Peão de cheiro vermelha, triangular, PM Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 047 Olho de Carangueijo laranja, triangular, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47" RR 512 Peão amarela, triangular, PM Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 048 Olho de Cará amarela, triangular, PM Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47" RR 522 Espora de galo laranja, triangular, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 049 Olho de mutum vermelha, campanulada, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47" RR 532 Olho de peixe amarela, arredondada, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 051 P. de Cheiro vermelha, campanulada, doce Boa Vista 02o 49' 11'' N 60o 40' 24" RR 542 P. de cheiro vermelha, arredondada, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 058 P. amarela, triangular, PA Boa Vista 02o 49' 11'' N 60o 40' 24" RR 552 Olho de peixe amarela, arredondada, PA Amajari 03o 39' 08" N 61o 22' 14"

RR 062 P. de Cheiro vermelha, alongada, PM Boa Vista 02o 49' 11'' N 60o 40' 24" RR 562 Peão amarela, triangular, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 063 Murupi salmão, alongada, PA Boa Vista 02o 49' 11'' N 60o 40' 24" RR 572 Peão de cheiro amarela, campanulada, PM Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 066 P. laranja, alongada, PB Boa Vista 02o 49' 11'' N 60o 40' 24" RR 582 Olho de peixe amarela, arredondada, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 076 Pimenta vermelha, alongada, doce Bonfim 03o 21' 35'' N 59o 50' 00'' RR 592 P. de cheiro vermelha, alongada, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 077 P. Canaimé, vermelha, campanulada, PA Bonfim 03o 21' 35'' N 59o 50' 00'' RR 612 Murupi amarela, alongada, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 079 Olho de peixe laranja, triangular, PA Bonfim 03o 21' 35'' N 59o 50' 00'' RR 622 Olho de peixe laranja, triangular, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 108 P. cheirosa vermelha, triangular, PM Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05" RR 632 Olho de peixe amarela, triangular, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 110 Malaguetão vermelha, triangular, PA Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05" RR 652 Malaguetão laranja, alongada, PA Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

RR 111 Olho de peixe salmão, arredendada, PA Rorainópolis 00o 56' 46" S 60o 25' 05" RR 662 P. de cheiro vermelha, triangular, doce Pacaraima 04o 25' 53" N 61o 08' 47"

PA: pungência alta; PM: pungência média; PB: pungência baixa

Pesou-se 0,15 g do material previamente macerado de cada amostra, ao qual

foram adicionados 700 µL de tampão de extração composto de: 2% CTAB; NaCl 1,4 M;

0,2% 2-mercaptoetanol; 20 mM EDTA; 100 mM TRIS-Cl-pH 8,0; 1% polivinil

pirrolidona); promoveu-se agitação em vórtex e incubação em banho-maria, à 65oC, por

30 minutos, deixando resfriar em temperatura ambiente; em seguida, foram adicionados

600 µL de clorofórmio:álcool isoamílico (24:1), sendo os tubos agitados por inversão

durante 5 minutos, até formar uma mistura homogênea; o material foi então

centrifugado à 15.294 x g por 5 minutos, à 25ºC; posteriormente o sobrenadante foi

transferido para um novo tubo, ao qual foi adicionado volume de isopropanol

correspondente a 2/3 do volume do sobrenadante, sendo o material submetido à nova

centrifugação, a 15.294 x g por 10 minutos, após o que foi retirado o isopropanol e

realizadas duas lavagens do sedimento com etanol 70% (1mL, durante 5 minutos) e

uma lavagem com etanol 95% (1mL, por 2 minutos); retirou-se o máximo de etanol e o

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- 55 -

material foi deixado para secar ao ar. O sedimento foi ressuspendido em 100 µL de TE

(10 mM deTris– Cl pH 8,0 + 1mM de EDTA) contendo 10 µl/mL de RNAse, os tubos

incubados a 37ºC por 60 minutos, retirando-se, posteriormente, 4 µL da solução,

acrescentando 96 µL de água milliQ e levando-se então as amostras para quantificação

dos DNAs, realizada em biofotômetro (Eppendorf), medindo-se a absorbância em

contraste com uma amostra de água (branco), nos comprimentos de onda de 260 e 280

nm. Em seguida, preparou-se uma solução de trabalho de 10 µL, concentração de 50

ng/µL de DNA, para iniciar as análises com a técnica de marcador molecular fAFLP.

A método para obtenção dos marcadores fAFLP visando à detecção de

polimorfismo nos materiais utilizados, seguiu o protocolo AFLP PLANT MAPPING

PROTOCOL (1997), da Applied Biosystems®, conforme as etapas seguintes:

a. Digestão do DNA: de acordo com a leitura no biofotômetro, calculou-se, para

cada amostra, a quantidade necessária de DNA a ser utilizada. Foi preparada uma

solução, contendo 1,25 µL de tampão React 1 (Invitrogen), 5 U de EcoRI (0,5 µL) e 1,5

U de MseI (0,3 µL), colocando-se 2,05 µL dessa solução em cada amostra de 10 µL de

DNA. As amostras foram para o termociclador, por 14 horas a 37ºC, e 10 minutos a

65ºC;

b. Ligação dos adaptadores: retiraram-se 3,67 µL da reação de digestão (DNA

digerido) e foram acrescentados 1µL de tampão T4 DNA ligase, 0,5 µL de T4 DNA

ligase, 0,33 µL do adaptador para o corte da MseI e 0,33 µL do adaptador para o corte

da EcoRI (ambos adaptadores previamente anelados a 95ºC por 5 minutos). As

amostras foram incubadas em termociclador por 2 horas a 20ºC. Logo em seguida

realizou-se a diluição (10x) do DNA, pipetando-se 45 µL de água para cada DNA ligado;

c) Amplificação pré-seletiva: retiraram-se 2 µL da reação diluída, preparadas a

partir das reações de digestão e ligação dos adaptadores, acrescentaram-se 0,5 µL da

mistura dos iniciadores pré-seletivos AFLP EcoRI (AGG/ACG) e MseI (CAC/CAA) e 7,5

µL de AFLP Core Mix (Taq DNA polimerase; MgCl2; tampão PCR; dNTP – PE Applied

Biosystems® – Foster City –CA), colocando-se as amostras no termociclador por 2

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horas, após o que fez-se nova diluição (20x), adicionando-se 20 µL de água em cada

amostra, totalizando 30 µL;

d) Amplificação seletiva: retiraram-se 1,5 µL da reação de amplificação pré-

seletiva diluída e acrescentaram-se 8,9 µL do mix contendo, para cada amostra, 7,5 µL

do AFLP Core Mix, 0,7 µL do primer AGG/ACG -EcoRI marcado por fluorescência e 0,5

µL do primer não marcado CAC/CAA –MseI, selecionados após teste anterior com 12

pares de primers escolhidos dentre as 64 combinações possíveis. As amostras

permaneceram no termociclador por 2 horas;

e) Eletroforese no seqüenciador: preparou-se uma mistura contendo 1,5 µL de

formamida deionizada (HDF), acrescida de 0,9 µL de blue dextran e 0,3 µL do padrão

interno de peso molecular GeneScan-500 ROX marcado por fluorescência com a

coloração vermelha. Utilizou-se 1,5 µL de DNA, adicionando-se 1,6 µL dessa mistura,

sendo as amostras levadas para o termociclador por 5 minutos a 95ºC. Foi aplicado 1,5

µL de cada amostra em gel 5% (Longer-Ranger), com 36 cm de comprimento, onde a

eletroforese foi desenvolvida durante 3 horas, a 2.500 volts, usando TEB 1X (Tris

0,089M; ácido bórico 0,089M, EDTA 0,002M) como tampão de corrida no equipamento

ABIPRISM TM 377 DNA Sequencer (PE – Applied Biosystems®). O padrão interno de

peso molecular Gene Scan-500 ROX, usado no fAFLP, possui 15 fragmentos com os

seguintes tamanhos em pares de bases (pb): 50, 75, 100, 139, 150, 160, 200, 250, 300,

340, 350, 400, 450, 490 e 500.

Após a amplificação, os dados foram obtidos através do programa “GeneScan

Analysis Software” (Applied Biosystems®). Foi construída uma tabela binária,

analisando ausência e presença de cada banda, codificada por 0 e 1, respectivamente,

com o auxílio do “Genotyper DNA Fragment Analysis Software” (Applied Biosystems®),

comparando então os materiais com suas respectivas plantas matrizes. Utilizando-se o

programa “Paup” (Paup 4.0b10), construiu-se uma matriz de distância pelo índice de

NEI & LI (1979). Foi obtido um dendrograma para observação da distância genética

entre os acessos, pelo método de agrupamento do vizinho mais próximo, através do

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programa “Mega 2” (KUMAR et al., 2004), que também permitiu o cálculo das distâncias

genéticas média entre os acessos e seus agrupamentos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um total de 137 bandas polimórficas variando entre 50 e 490 pares de base foi

observado para os pares de iniciadores (primers) EcoRI/MseI (AGG/CAC – 96 e

ACG/CAA - 41), conforme análise de gel exemplificado na Figura 1. Esse resultado está

muito acima do total de 65 bandas polimórficas obtidas por PARAN et al. (1998) com a

espécie C. annuum. O mesmo número de bandas polimórficas (137 no total) foi relatado

por FREITAS et al. (2005) com a espécie arbórea Myracrondruon urundeuva e ficou

acima das 123 bandas polimórficas relatadas por GANGA et al. (2005) para Passiflora

edulis f. flavicarpa. O número de marcas polimórficas encontrado demonstra a

existência de variabilidade genética entre os acessos avaliados, corroborando com a

tese de PICKERSGILL (1971), de que a região amazônica seria o centro de diversidade

de C. chinense.

Considerando o número de bandas polimórficas, a dissimilaridade entre os

diferentes acessos variou de 0,020 (2%), equivalentes a duas bandas, entre os acessos

492 (peão grande vermelha) e 522 (espora de galo laranja) em relação ao acesso 622

(olho de peixe laranja), todos provenientes da cidade de Pacaraima, a 0,479 (47,9%)

equivalentes a 45 bandas entre os acessos 125 (pimenta vermelha, da cidade de Alto

Alegre) e 036 (murup, da cidade de Rorainópolis). Os resultados que apontam a pouca

dissimilaridade entre os acessos 492 e 522 / 622 mostraram que nomes populares,

isoladamente, não seriam bons indicadores para associação com diversidade genética.

BUSO et al. (2001) relataram resultado semelhante quando se associou o nome

popular à semelhança genética. Esses casos comprovam a utilidade de marcadores

moleculares fAFLP, no sentido de esclarecer dúvidas em relação ao agrupamento de

morfotipos de pimenta levando-se em conta apenas o nome popular que, na maioria

das vezes, está relacionado ao formato, cor e pungência dos frutos.

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50 pb

75 pb

100 pb

139 pb

160 pb150 pb

200 pb

250 pb

300 pb

350 pb

100 pb

450 pb

400 pb

340 pb

Figura 1. Figura 5. Padrão de bandas de fragmentos de DNA

amplificados por fAFLP, utilizando-se o par de primer AGG-CAC marcados com fluorescência Joe, para acessos de C. chinense. O padrão de tamanho molecular interno ROX-500 está representado por bandas de 50 a 500 pb (bandas em vermelho). UNESP, Jaboticabal, SP, 2005.

No caso dos acessos mais distantes (125 e 036), o marcador fAFLP

acompanhou as diferenças de origem e morfológica, mostrando uma ampla divergência

entre um acesso proveniente do Noroeste de Roraima (125), pimenta vermelha

alongada de pungência alta, e outro do Sul do Estado (036), pimenta murupi salmão,

também alongada, de pungência baixa.

A partir de matriz de dissimilaridade, Tabela 2, foi feita análise de agrupamento

dos acessos apresentada no dendrograma na Figura 2, permitindo a comparação entre

os mesmos segundo suas distâncias genéticas. Foi observada a formação de dois

grupos e três acessos isolados. A dissimilaridade entre os acessos variou de 2 a 47,9%,

com média de 22,3%, demonstrando a existência de variabilidade genética e a

existência de prováveis duplicatas na coleção avaliada. Esses resultados estão muito

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próximos aos 76% de similaridade relatados por TOQUICA et al. (2003) e aos 80%

encontrados por BUSO et al. (2001) para C. chinense, assim como dos 22,34%

relatados por LOAIZA-FIGUEROA et al. (1989) para acessos de Capsicum do México.

A distância dos acessos dentro dos grupos foi de 0,165 (16,5%) para o grupo 1;

0,195 (19,5%) para o grupo 2 e 0,306 (30,6%) para os três acessos isolados na parte

inferior do dendrograma. Entre os diferentes grupamentos, a distância genética foi de

0,247 (24,7%) entre os grupos 1 e 2; 0,276 (27,6%) entre o grupo 1 e os acessos

isolados, e 0,290 (29,0%) entre o grupo 2 e os acessos isolados. Esses resultados

mostram uma similaridade genética muito alta entre os acessos nos grupos 1 e 2 que,

muito provavelmente, derivam de ancestrais muito próximos. Os acessos 108, 139 e

125, provavelmente derivam de ancestrais diferentes entre si e mais distantes dos

grupos 1 e 2.

De acordo com o dendrograma da Figura 2, ficou evidente nos grupos 1 e 2, que

os resultados não permitiram a associação entre o grau de similaridade genética e a

procedência dos acessos. Nesses grupos aparecem materiais de vários municípios

roraimenses e também de Brasília-DF (432 no grupo 1 e 442/422 no grupo 2). Não foi

possível observar-se a estruturação geográfica apontada por PRINCE et al. (1992) para

pimentas mexicanas.

O acesso 452 (pimenta curupira), relacionado no grupo 1 do dendrograma, é o

único acesso de ocorrência silvestre, o que não proporcionou, per se, que fosse

geneticamente divergente dos demais acessos do grupo, todos considerados espécie

cultivada, contrastando com o resultado de BUSO et al. (2001), que relataram baixa

similaridade entre espécies silvestres e cultivadas de Capsicum.

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- 60 -Tabela 2. Dissimilaridade genética observada entre 58 acessos de pimenta (Capsicum chinense) da coleção da Embrapa Roraima a partir de marcadores fAFLP

Acessos 552 562 58 422 502 582 512 592 442 62 472 63 482 66 134 612 108 139 110 144 632 111 44 662 112 1 123 77 125 127 6 11 652 19 21 26 29 39 41 36 47 452 3 33 40 42 48 49 432 492 51 522 532 542 572 622 76 79

552 19 21 19 23 21 21 16 21 18 24 24 13 16 19 19 19 29 19 32 18 16 21 21 25 20 19 14 33 23 23 21 22 25 20 25 26 21 28 33 30 27 25 25 25 25 27 23 20 23 22 25 21 20 24 23 20 23

562 .197 18 16 20 9 18 13 14 9 27 23 10 11 8 12 20 28 24 33 19 11 18 12 22 19 22 9 36 26 26 22 25 28 23 28 27 24 31 34 25 22 22 26 22 22 24 26 21 22 23 24 22 23 23 22 19 18

58 .218 .187 22 18 15 20 15 20 15 27 15 20 17 16 16 16 22 14 29 13 17 22 14 18 25 24 19 34 28 24 22 25 26 27 26 25 24 29 30 23 20 20 18 20 22 20 18 19 22 21 22 22 21 21 22 17 20

422 .197 .166 .229 26 17 18 21 20 17 29 21 16 17 16 18 28 32 28 31 21 19 22 20 26 19 24 15 40 32 32 30 31 34 33 34 35 32 37 32 27 26 32 34 26 26 28 28 25 28 29 30 30 33 31 28 26 26

502 .239 .208 .187 .270 21 16 17 18 21 23 17 18 21 22 18 18 22 14 27 13 21 28 14 26 29 24 19 34 26 18 16 19 22 23 18 23 20 21 32 27 22 20 22 20 20 24 22 19 22 29 24 18 23 21 20 17 18

582 .229 .093 .156 .177 .218 17 10 13 8 26 22 11 12 9 9 17 23 19 30 12 10 15 13 17 18 19 10 35 23 27 23 26 27 28 29 26 25 30 29 22 17 19 25 17 19 21 21 16 19 20 21 21 22 22 19 14 17

512 .218 .187 .166 .187 .166 .177 15 20 15 19 13 16 21 18 18 18 20 16 25 11 21 24 10 22 27 18 17 30 20 20 20 21 22 29 22 21 20 25 30 19 20 24 18 18 18 18 18 17 20 19 20 20 21 19 20 17 16

592 .166 .135 .156 .218 .177 .104 .156 13 10 22 20 13 10 9 9 15 25 15 30 8 8 17 9 15 16 19 12 35 23 23 21 18 21 20 23 24 19 26 31 2 19 17 21 17 19 19 17 14 17 18 19 17 18 18 17 14 17

442 .218 .145 .208 .208 .187 .135 .208 .135 13 23 23 14 13 12 8 20 24 22 29 13 15 18 18 22 21 20 15 40 26 24 22 21 26 19 24 29 26 25 32 27 18 20 28 16 18 24 24 19 18 21 20 20 25 21 20 15 18

62 .187 .093 .156 .177 .218 .083 .156 .104 .135 24 22 15 10 7 13 19 27 17 30 12 10 13 13 17 20 15 10 33 23 25 25 22 27 24 27 26 23 30 33 24 21 21 23 19 19 21 21 18 21 22 23 23 24 24 21 16 19

472 .250 .281 .281 .302 .239 .270 .197 .229 .239 .250 22 23 28 27 21 21 29 17 30 22 28 31 23 29 36 31 26 43 19 25 25 24 21 23 23 26 25 20 37 24 29 27 23 25 27 19 23 22 25 24 25 27 22 26 25 26 25

63 .250 .239 .156 .281 .177 .229 .135 .208 .239 .229 .229 21 24 25 23 15 17 15 24 18 26 27 13 25 34 25 24 31 19 15 17 18 13 28 17 12 15 18 35 22 25 23 11 21 23 15 17 22 25 22 23 23 20 20 25 20 19

482 .135 .104 .208 .166 .187 .114 .166 .135 .145 .156 .239 .218 11 12 10 16 24 20 33 13 13 16 14 22 17 20 7 36 22 24 20 23 24 23 26 27 22 27 34 23 20 22 26 20 20 22 24 19 20 21 22 18 21 21 20 17 18

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492 .239 .229 .229 .291 .229 .197 .208 .177 .187 .218 .260 .260 .208 .239 .208 .208 .229 .270 .166 .302 .197 .239 .291 .208 .229 .302 .250 .218 .416 .270 .229 .250 .260 .250 .239 .270 .281 .208 .281 .187 .135 .062 .062 .229 .041 .041 .125 .104 .052 5 2 4 9 5 2 7 6

51 .229 .239 .218 .302 .239 .208 .197 .187 .218 .229 .250 .229 .218 .250 .218 .218 .197 .239 .177 .291 .187 .229 .302 .197 .239 .312 .218 .229 .385 .218 .281 .281 .291 .281 .291 .302 .250 .239 .312 .197 .145 .114 .093 .197 .072 .093 .156 .052 .041 .052 3 9 4 6 7 6 7

522 .260 .250 .229 .312 .250 .218 .208 .197 .208 .239 .260 .239 .229 .260 .229 .229 .208 .250 .187 .302 .197 .260 .291 .208 .250 .322 .250 .239 .416 .250 .250 .270 .260 .250 .260 .291 .260 .229 .302 .187 .114 .083 .062 .208 .041 .062 .125 .083 .072 .020 .031 6 7 3 4 9 6

532 .218 .229 .229 .312 .187 .218 .208 .177 .208 .239 .281 .239 .187 .218 .229 .208 .208 .250 .166 .343 .197 .218 .270 .187 .229 .281 .229 .197 .395 .291 .229 .250 .239 .250 .239 .270 .281 .208 .281 .229 .177 .083 .062 .229 .062 .041 .166 .125 .093 .041 .093 .062 9 3 4 9 6

542 .208 .239 .218 .343 .239 .229 .218 .187 .260 .250 .229 .208 .218 .250 .239 .239 .156 .239 .156 .312 .208 .229 .302 .177 .218 .312 .239 .229 .385 .197 .239 .239 .270 .239 .270 .260 .208 .197 .270 .239 .145 .156 .093 .156 .114 .135 .156 .072 .083 .093 .041 .072 .093 6 11 10 9

572 .250 .239 .218 .322 .218 .229 .197 .187 .218 .250 .270 .208 .218 .250 .239 .239 .197 .239 .197 .333 .208 .250 .281 .177 .239 .312 .239 .229 .406 .260 .239 .260 .229 .239 .250 .281 .250 .218 .291 .218 .145 .093 .052 .197 .052 .072 .156 .093 .104 .052 .062 .031 .031 .062 7 10 5

622 .239 .229 .229 .291 .208 .197 .208 .177 .208 .218 .260 .260 .208 .218 .208 .187 .208 .250 .145 .302 .177 .218 .291 .208 .229 .302 .229 .197 .395 .270 .250 .270 .260 .250 .260 .291 .281 .229 .302 .187 .135 .083 .083 .229 .062 .041 .125 .104 .052 .020 .072 .041 .041 .114 .072 9 8

76 .208 .197 .177 .260 .177 .145 .177 .145 .156 .166 .270 .208 .177 .208 .177 .177 .197 .218 .135 .270 .166 .187 .281 .177 .197 .270 .197 .187 .364 .239 .239 .239 .250 .260 .270 .260 .250 .197 .291 .218 .166 .093 .093 .197 .072 .093 .156 .093 .041 .072 .062 .093 .093 .104 .104 .093 7

79 .239 .187 .208 .270 .187 .177 .166 .177 .187 .197 .260 .197 .187 .218 .187 .187 .208 .250 .187 .281 .177 .218 .291 .166 .208 .281 .229 .177 .395 .250 .229 .250 .239 .250 .281 .250 .239 .208 .281 .208 .156 .083 .083 .229 .041 .062 .145 .125 .093 .062 .072 .062 .062 .093 .052 .083 .072

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- 11 -

492

522

622

42

3

532

572

40

36

452

79

76

432

49

51

542

47

48

472

110

144

127

33

63

652

21

19

29

39

11

6

26

41

Grupo 2

502

512

662

58

632

592

442

612

562

582

62

134

66

111

44

112

1

123

77

422

552

482

Grupo 1

108

139

125

0.05

Figura 2. Dendrograma de 58 acessos de pimenta (Capsicum chinense) baseado na técnica fAFLP, utilizando o padrão de agrupamento do vizinho mais próximo.

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Em se tratando de uma única espécie botânica, originada de apenas 58 acessos

da região amazônica, excetuando-se os três acessos de Brasília, a variabilidade

genética esperada não poderia ser muito alta, uma vez que, à exceção do acesso 452,

todos os demais passam por processo de domesticação, onde poucas características

morfológicas, como aquelas associadas à pungência, cor e formato de frutos são

privilegiadas na escolha dos acessos para o plantio. Em termos de distância genética

média, os resultados obtidos estão muito próximos daqueles relatados na literatura

citada para C. annuum e C. chinense, ratificando a afirmação de KOCHIEVA &

RYZHOVA (2003), de que o genoma de Capsicum mantém-se altamente conservado

nos acessos cultivados, o que induz a uma baixa variabilidade genética em estudos

moleculares.

Os resultados obtidos com a caracterização de C. chinense por marcadores

fAFLP comprovam a adequação da técnica na avaliação da diversidade genética desta

espécie, o que também foi relatado por PRINCE et al. (1995), PARAN et al. (1998) e

LANTERI et al. (2003).

4 CONCLUSÕES 1 – A técnica de fAFLP foi adequada para caracterização genética de acessos de C.

chinense;

2 – Foi detectada uma baixa variabilidade entre os acessos avaliados;

3 – O método hierárquico do vizinho mais próximo mostrou-se efetivo para o

agrupamento dos acessos de C. chinense avaliados.

5 REFERÊNCIAS

AFLP Plant Mapping Protocol Applied Biosystems – PE. 45p. 1997.

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CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS: O USO DE MARCADORES MORFOLÓGICOS E MOLECULARES fAFLP NA CARACTERIZAÇÃO DE ACESSOS DE PIMENTA Capsicum chinense Jaqc.

Nos últimos anos a biologia molecular tem sido imprescindível na elucidação de

aspectos relacionados ao genoma e sua relação com a evolução e os padrões

genéticos que se buscam por meio das inúmeras técnicas do melhoramento genético

vegetal. Pressupõe-se que o conhecimento do DNA, dos genes e de sua expressão,

inegavelmente, tende a tornar mais célere e claras as etapas necessárias ao

desenvolvimento de recursos genéticos com características agronômicas de interesse

da humanidade. Nesse cenário, de tanta evolução tecnológica, FERREIRA &

GRATTAPAGLIA (1998) afirmaram que a tendência geral do melhoramento de plantas

é a integração de técnicas clássicas com aquelas mais modernas da biotecnologia,

considerando-se as vantagens e limitações de cada uma delas.

A caracterização e avaliação de germoplasma visam gerar subsídios para

facilitar as decisões de curadores de coleções quanto à eliminação de amostras

duplicadas, gerar informações para programas de melhoramento genético e para o

conhecimento da própria riqueza genética. É uma ferramenta importante para a

conservação e a utilização de recursos genéticos vegetais, que são a principal fonte de

variação para características de interesse agronômico buscadas com o melhoramento

de plantas.

Baseando-se na morfologia floral, PICKERSGILL (1977) relatou que a

caracterização morfológica de acessos tem sido utilizada por anos como a forma mais

usual de estudar a variabilidade genética das pimentas. Em 1988, essa mesma

pesquisadora relatou que apenas com base na morfologia floral, pode ser constatado

que as espécies C. frutescens, C. chinense e C. annuum estão agrupadas e distantes

da espécie C. baccatum. Marcadores morfológicos são utilizados tradicionalmente na

diferenciação de espécies e cultivares. Para a caracterização genética esses

marcadores apresentam algumas limitações como: serem freqüentemente controlados

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por genes dominantes, não permitindo a distinção entre heterozigotos e homozigotos

dominantes; muitas características são expressas apenas na planta adulta (cor de

flores, forma de sementes e frutos), exigindo um período de tempo razoável para a

análise genética; são influenciados pelo ambiente.

Marcadores moleculares são todo e qualquer fenótipo molecular oriundo de um

gene expresso ou de um segmento específico do DNA (FERREIRA & GRATTAPAGLIA,

1998). Dentre as várias aplicações do uso de marcadores moleculares em estudos de

genética e melhoramento de plantas, os autores acima citam: o estudo da diversidade e

distância genética em populações naturais ou em espécies cultivadas; construção de

mapas genéticos de ligação, permitindo a cobertura e a análise completa de genomas e

a localização das regiões que controlam caracteres qualitativos e quantitativos de

importância agronômica; seleção assistida por marcadores, identificando marcadores

associados à característica de interesse através de mapeamento molecular. Para

RODGKIN et al. (2001) as técnicas de genética molecular têm aumentado o

conhecimento sobre a distribuição da diversidade genética em plantas cultivadas e seus

parentes silvestres e começou a trazer contribuições úteis à melhoria de métodos de

conservação e ao uso dos recursos genéticos vegetais.

O marcador molecular AFLP apresenta as seguintes vantagens: gera um grande

número de fragmentos passíveis de análise em um único gel; grande poder de

detecção da variabilidade genética, independente da influência ambiental; não requer

informação prévia de seqüência de DNA e não apresenta problemas de repetibilidade.

No entanto, também tem limitações por não se conhecer o papel funcional das

seqüências estudadas e por ser uma técnica sofisticada e cara, que requer DNA de alta

qualidade.

Um estudo comparativo entre dados morfo-agronômicos e moleculares (fAFLP)

utilizados na caracterização de cultivares locais de melão revelou, segundo RICCIARDI

et al. (2003), não haver correlação entre as duas formas de comparação, uma vez que

a variação fenotípica, altamente influenciada pelo ambiente e por interações genéticas,

e detectadas em apenas alguns dos descritores analisados, não poderiam estar

diretamente relacionados com a variação dos marcadores ou sua seqüência no DNA

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das plantas. Para PRINCE et al. (1995), estudos relacionados com a análise da

diversidade genética e a evolução do grupo das pimentas estão sendo realizados com

base na morfologia da planta, na citologia e no DNA. Tais estudos, em geral, têm

ratificado a identificação prévia das espécies por meio da morfologia floral.

TEIXEIRA (1996), estudando aspectos morfológicos e moleculares de acessos

silvestres e domesticados de Capsicum do Brasil, concluiu que a análise molecular

apresentou maior contribuição para a discriminação dos acessos em relação à

caracterização morfológica. RODRIGUEZ et al. (1999) justificaram a utilização de

marcadores moleculares para identificação taxonômica de acessos de Capsicum

afirmando que muitos dos descritores morfológicos para o gênero seriam difíceis de

mensurar.

Os resultados apresentados nos capítulos 2 e 3 dessa tese mostram que os

descritores morfológicos aplicados aos acessos de Capsicum chinense, objetos desse

trabalho, detectaram uma grande dissimilaridade entre estes, com média de 50%. Já a

caracterização por meio do marcador molecular fAFLP aplicado aos mesmos acessos

mostrou haver, em geral, pouca dissimilaridade entre os acessos, com 22,3% em

média, o que conduziria à conclusão de que haveria uma baixa variabilidade genética

entre as pimentas avaliadas. Esse resultado contrastante assemelha-se com aqueles

apresentados por RICCIARDI et al. (2003), com acessos de melão.

Para entender a diferença entre os resultados obtidos com as duas formas de

caracterizar os acessos de pimenta, deve-se levar em conta a dinâmica da

domesticação porque passaram os materiais testados em seu processo evolutivo.

BERED (2003), afirmou que, no processo de domesticação das plantas cultivadas, as

mudanças morfológicas ocorrem sem mudar substancialmente o reservatório genético

das culturas. Isso ocorre porque as características alteradas são apenas aqueles de

interesse do ser humano, o que seria uma parte praticamente diminuta do genoma. Por

este motivo, a variação obtida com os descritores morfológicos estaria baseada apenas

em uma pequena parte do genoma das pimentas avaliadas, focada em características

visíveis e mensuráveis pelo ser humano. Por outro lado, a variação observada

diretamente do genoma total da planta através do marcador molecular utilizado não foi

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suficiente para identificar essa variação dentro do genoma total da espécie, que

mantém-se, em grande medida, conservado. Ambas as formas de caracterizar os

acessos foram úteis e necessárias para o conhecimento dos mesmos, revelando

informações valiosas para estratégias de conservação e uso das pimentas da

Amazônia.

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