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Caravana de Comunicação e Juventudes

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Caravana de Comunicação e Juventudes em dezembro 2008

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COMISSÃO EDITORIALAlessandra Masullo - Diaconia

Bart Vetsuypens - VolensMathieu Orfinger - Volens/Gacc

Osmar Rufino Braga - Visão Mundial

EQUIPE DE SISTEMATIZAÇÃOAlessandra Masullo - Diaconia, Arlene Freire - ABRAÇO SISAL, Bart Vetsuypens - Volens,Daniele Xavier - Conexão de Saberes, Fernando Filho - ACOPAMEC, David Junior - CCJ,

Gerinelson Lima Gonçalves - REFAISA-BA, Maria Micinete - ESCUTA, Mathieu Orfinger - Volens/Gacc,Osmar Rufino Braga - Visão Mundial, Sandro Silva de Lima - Conexão de Saberes

DIAGRAMAÇÃO E ARTEKarine Raquel

EDIÇÃO DE FOTOGRAFIAJosé Cleiton (Carbonel)

REVISÃOGerson Flávio

FOTOSCarlos Alberto, David Junior, Gilmar Raimundo, José Cleiton (Carbonel), Francisco Bomy e Bart Vetsuypens.

IMPRESSÃO8 de Março Gráfica e Editora

PRODUÇÃOCCJ - Centro de Comunicação e Juventude

Assessoria de Produção - Karine Raquel

SITEwww.caravanadecomiunicacao.org.br

SITE DE VOLENSwww.volens.be

www.volensamerica.org

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Dedicamos este trabalho ao Pastor Arnulfo Barbosa, ex-diretor executivo daDiaconia, falecido em agosto de 2008, que tanto sonhou e incentivou a realizaçãoda Caravana de Comunicação e Juventudes.Aele, nossa saudosa gratidão.

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O projeto da Caravana de Comunicação e Juventudes foi feitocom muitas mãos... por isso nossos agradecimentos a:

Manzoni Luz, Graça Elenice, Verônica Maciel, Alexandre Botelho Merrem, Gerson Flávio, Erika Miguel deJesus, Kris Fierens, Michel Lataer, Eric Gijssen, John Erbuer, Mara Leon e Martha Vetsuypens Vandiest,Daltro Paiva, Ilma Bitencourt, Kris Jansen, Francisco Dantas, Simão Neto, Maria Auxiliadora Cabral,Diglane Galvão, Christian Schoien, André Bilsen, Jefferson Vasconselhos, Gerard Vanderelst, MarcStorms, Dimas Galvão,Valdenio Sabino, Omar Rocha, Katrien Vandepladutse, Pedro Mendes, AlexandreCardoso, Felix Guedes Aureliano da Silva, Raimundo Oliveira Cajá, Ita Porto, Nathan Kamliot, MariaHortência Mendes, Socorrinha Silva, Professora Socorro, Thiago Esperandio, Cássia Bechara, BeatrizTibiriçá, IRPAA, Sicoob – Pintadas e Valente, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pintadas e NeuzaCadore, Tatiane dos Santos e Silva, Francisca Edvânia Freitas da Silva, Killvio Souza, Claudiney Souza deArruda, Francisco Wandeberg, Joana D´arc da Silva Feitosa, Celene Maria da Costa Pereira, FranciscoCristiano Sabino Gabriel, Verônica Patrícia Pereira da Silva, Edcarlos Gonçalves Bezerra, PabloWanderson Andrade da Silva, Inácio Alves de Sá, José Willian Ferreira, Luiz Rufino da Silva Neto,Edgleison Vieira Rodrigues, Francisco Juan Araújo, Ana Paula Alves, Valcivania Oliveira Santos, LucineideVieira da Silva, Francisco Ricardo de Sousa, Francisco José da Silva Soares,Antonio Hélio Roque da Silva,Edenisio da Silva, Maria Micinete de Lima, Josineide Luz de Freitas, Charles Willian Farias Gomes,Jamieson Simões, Maria Pinheiro do Nascimento, Antonia Aurinelda da Silva, Osmar Rufino Braga, MacThiago Barbosa, Ramon Bonfim Barros, Thiago Silva de Santana, Alessandra Sávia da Costa Masullo,Francisco Cristiano Alves, Artur Rodrigues da Silva Santos, Gleyson Gonçalo de Oliveira, Francisco DaniloSilva Mariano, Elenilda Carlos de Melo (Elen), Mathieu Orfinger, Maria Wanderlúcia Lopes do Nascimento,Francisca Márcia Fernandes de Morais, Josivan Cosmo da Silva, Mateus Ferreira de Freitas, LucasPinheiro de Queiroz, Aurilene Pereira de Jesus, Claudeci Corpi Moraes, Sandro Silva de Lima, DanielleXavier de Santana, David Carlos Silva Santos Júnior, Francisco da Silva Cruz, Bart Vetsuypens, NatáliaLopes Wanderley, Carine Haesen, Carlos Alberto Gomes de Lima, Jailton Ferreira da Silva, José Caique Rago Ferreira, Raquel de Melo Santana, Joselito Coutinho Costa, Célio Meira Sá, Ethel Ramos de Oliveira,Martina Marzagalli, Talynne Lopes de Souza, Ingvild Lundeby Kirkebak, Einar Seilskjær, Juliana Joana daSilva, Josiclébio Bastos,Alexsandra Marinho da Silva, Marília Gabriela Guilherme Nascimento dos Santos,José Cleiton Severino de Lima, Zoé Maus e família, Leonildo de Moura Souza, Francisco Boony Pereira deAmorim, Anderson Agide Albuquerque Moura, Alexsandra Rodrigues de Lima, José Severino da Silva,Péricles Chagas Farias,Aldigleide Ferreira da Silva, JessykaAlves da Silva, Paulo Ricardo do Nascimento,Robson Ramos dos Santos, Gilmar Raimundo da Silva, Emerson Patrício da Silva, Alexsandro de Oliveira,Jonas de Melo Silva, Johnatan Fernandes da Silva, Alcidésio Silva dos Santos Jr., Geovane Marcelino dosSantos, Gisele da Silva Falcão, Adriana Gomes de Freitas, Romário Henrique Silva de Almeida, FrancileneMenezes dos Santos, Givanildo de Araújo Braz, André Nilton Carneiro da Conceição, Arlene Cristina FreireAraújo, Kivia Maria da Silva Carneiro, Alcione Bispo dos Santos, Silvano Manoel Oliveira dos Santos, JoséValdo Santos de Pinho, Nilson Pereira de Souza Júnior, Miguel Elísio Teles Pereira, Jocivaldo dos Anjos,Evandro da Conceição Soares, Gil Brás, Osmário Daniel dos Santos, Cristovão de Jesus Santana,Antonielda Silva Brito, Jucelino, Gerinelson Lima Gonçalves, Derivânio Pereira Lima, Ronivea Oliveira de Lima,Adriano Alves dos Santos, Fernando dos Santos Pinheiros, Pedro dos Santos, Sérgio Sildagio Cantor,Fernando Carneiro dos Santos Filho, Suemys Luize Tavares Pancene, Patrick de Menezes Brasileiro,Ronildo Sacramento dos Santos, Alessandro Chineles, Nayara, Dânica Silvana Teles Santos, Alessandra,Manuela Correia do Vale, Sirlene, Filipe de Morais Mota, Bruno Sousa Santos, Vanessa Sena de Almeida,Damiana e Flávio.

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Com os pés na estrada...............................................................................................................................7

Entrevista - Uma idéia que virou Projeto....................................................................................................9

A Condição Juvenil no Nordeste...............................................................................................................13

A Mobilização Social na Caravana de Comunicação e Juventudes: significações, aprendizagens e impactos...................................................................................................................................................17

O mundo é da cor que a gente pinta........................................................................................................25

Movimentos Sociais e a Democratização da Comunicação.....................................................................29

Oficinas da Caravana da Comunicação..............................................................................................30/31

Flashes das Oficinas................................................................................................................................32

A força dos/das jovens na Caravana de Comunicação e Juventudes......................................................33

Percursos juvenis: uma reflexão sobre a percepção e a experiência dos/das jovens na Caravana de Comunicação e Juventudes.....................................................................................................................35

A arte como mobilização política e cultural na Caravana de Comunicação e Juventudes .....................46

Caravana de Comunicação e Juventudes: ponte entre o Jovem e o Mundo...........................................49

O aprendizado da participação política e seus resultados.......................................................................51

Carta da Caravana de Comunicação e Juventudes às Autoridades de Crateús......................................53

Cordel da Caravana..................................................................................................................................58

Referências Bibliografias..........................................................................................................................59

CARAVANA DE COMUNICAÇÃOE JUVENTUDES:A Realização de um sonho que virou História..............................................................47

Encaminhamentos da Audiência Pública da Caravana de Comunicação e Juventudes..........................57

Entidadades Realizadoras da Caravana de Comunicação e Juventudes................................................55

Apoio ........................................................................................................................................................56

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Nas andanças pelas cidades nordestinas, tivemos contato e mergulhamos de cheio nas situações deexclusão vivida pelos/pelas jovens. Conhecemos e debatemos as condições sociais em que vive a maioriados/das jovens das periferias e das áreas rurais da região. Muitos dos problemas sociais que caracterizam acondição social das juventudes foram tematizados pelos/pelas jovens da Caravana nas oficinas, mobilizações eatividades realizadas. Dialogando com algumas pesquisas, compartilhamos alguns desses temas e questõesabordadas durante o percurso da Caravana.

Compartilhamos da visão de Abad (2002), quando defende que, em toda a análise sobre a juventude,devemos considerar as diferenças entre condição e situação juvenil. O autor explica que, na condição juvenil,encontramos a multiplicidade de formas com as quais a sociedade pensa e configura o ciclo da vida chamado“juventude”, tomando-a sob a visão biológica, muitas vezes descontextualizando o viver juvenil. É na situaçãojuvenil, segundo ainda o mesmo autor, que encontramos as questões especificas que se somam à vida dos/dasjovens, destacando-se: os conflitos de classe social, a construção social das relações de gênero, asparticularidades étnicas, os contextos regionais, diferenças de estilos de vida, inclusive entre jovens que vivemnas áreas urbanas e rurais.

As populações juvenis, no Nordeste, na faixa etária de 15 a 24 anos, segundo dados do PNAD/2005, totalizam10.511.736, representando 21% da população do Brasil. Considerando-se os dados do IBGE/2000, que trabalhacom a faixa etária de 15 a 29 anos, temos então no Nordeste 13.916.033 jovens, sendo 49,5% homens e 50,5%mulheres.Amaior parte das populações juvenis vive nas áreas urbanas, pois somente 29% dos/das jovens vivemnas áreas rurais.

O Nordeste, no Brasil, ainda figura como a região mais desigual do país, segundo dados da Pesquisa deOrçamentos Familiares (POF), divulgados recentemente. Na região, os ricos ganham mais de 11,8 vezes que ospobres, acima da média do Brasil, que é de 10 vezes mais.

Essa realidade se reflete na condição e situação dos/das jovens, onde 5% se encontram nas classessocioeconômicas A e B; 16% estão na C; e a grande maioria, 79%, nas classes D e E, ou seja, 11 milhões dejovens encontram-se nas classes D e E.

2. PNAD/2005 – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.

A segregação social dos/das jovens do Nordeste, em grande medida, vai impactar o viver juvenil,determinando sua condição e situação socioeconômica, política e cultural. É o que constatamos durante todo opercurso da Caravana quando verificamos o viver juvenil nas áreas de saúde, educação, trabalho e renda, culturae lazer.

Uma das coisas que se constata é que os/as jovens estão mudando o seu comportamento, buscando novosvalores, referências e construindo novas trajetórias, porém essa autonomia não significa independência total,visto que prolongam sua permanência no espaço familiar. Já a saúde juvenil é algo preocupante e envolve um conjunto de relações e direitos: sexuais e reprodutivos, assistência médico-hospitalar, situações de violência,práticas de lazer, esportes, cuidados com o corpo, práticas de risco, consumo de álcool, fumo e outras drogas, dentre outras. Mas, não há estatísticas e estudos oficiais que articulem todas essas situações. Um aspecto muitoparticular e importante diz respeito à saúde sexual e reprodutiva, onde é constatado um crescimento dafecundidade juvenil em relação à fecundidade total no país, com reflexos nos índices de maternidade nas idadesde 15 a 19 anos

Um dos grandes problemas que marca a juventude brasileira é o analfabetismo, que atinge 11,1% dapopulação de mais de 15 anos de idade. No Nordeste, o índice chega a ser cinco vezes maior, comparado comoutras regiões do centro-sul do país. No total, são quase 550 mil analfabetos jovens, a maior parte concentradanos estados do Ceará, Pernambuco, Bahia e Maranhão. Os dados mostram que estes jovens vivem nas áreasrurais da região, pertencem a famílias também analfabetas e de baixo poder aquisitivo.

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Por Zoé Maus

Quando a Caravana de Comunicação e Juventudes saiu de várias cidades do Nordeste, em janeiro 2009, era para levar as vozes e as

demandas dos jovens nordestinos para o “mundo”, fazendo diversas paradas antes de se juntar em Teresina, de onde pegaram a estrada para o Fórum

Social Mundial que ocorreu em Belém-PA.O forte da Caravana foi a diversidade de lutas e de modos de expressar

as reivindicações políticas e sociais dos jovens nordestinos. A bordo da

Caravana estavam 200 jovens de horizontes bem diferentes e com histórias, acúmulos e práticas políticas diversas. Se cada um tinha uma mensagem que queria trazer ao mundo, os seus jeitos de comunicar esta mensagem eram diversos. Embora a diversidade às vezes trouxesse dificuldades, sempre foi um aprendizado. O mais importante nesse processo é reconhecer os jovens como seres autônomos, que têm linguagens e modos de interagir próprios e que não podem encaixar-se dentro de uma só categoria. Se todos queriam gritar ao mundo a sua existência, a sua opinião e a sua realidade, os modos de fazer foram bem diferentes. Como o coloca Vandinha, de Crateús-CE, a Caravana permitiu aos jovens “perceber o quanto a juventude precisa acordar para a alienação em que atualmente vivemos” e que era “preciso voltar com o nosso grito nas ruas, para as pessoas saberem o que queremos, e quem somos.”

A ocupação do espaço público foi uma das grandes vitórias da Caravana, sendo com os cortejos que invadiram as cidades atravessadas (mas também o próprio terreno do Fórum Social Mundial), os grafites que os jovens deixaram nas ruas de Belém ou as ondas que a Rádio Livre-se ocupou em Soinho-MA. Como o diz Ricardo, de Fortaleza-CE, lembrando o poeta “o que temos não é um novo caminho, mas sim uma nova forma de caminhar” e esta ocupação do espaço público é uma nova forma de caminhar para jovens, a quem muitas vezes é negada a condição de ator político, com vontade e reivindicações próprias. Mas não é suficiente ocupar. Também é preciso comunicar. E foi isso que os jovens fizeram, tomando a arte ou as mídias alternativas como expressão de suas reivindicações: grafite, teatro, fotografia, música, circo, fanzines, rádios livres ou ainda vídeos ou blogs. Além da diferença de meios de expressão, a palavra comum era “a ocupação dos espaços, ocupação das cores, gêneros, dos tudos, dos nadas, dos amores, dos abraços, dos tempos, dos silêncios, dos gritos” (Micinete, Fortaleza-CE)

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Foi muito interessante observar os/as jovensbuscando um “chão” interno e externo (um território)para pisar, construir segurança na sua inserçãosociopolítica e cultural em outros territórios, processoque não se deu sem conflitos e contradições, emboraprofundamente educativo. Nessa aventura, é que os/asjovens vivenciaram a produção de si na relação com osoutros e com as comunidades.

Vimos também que a produção (social, política,cultural, psicológica, etc.) de si, do outro e dascomunidades nas relações estabelecidas, remeteuos/as jovens à experiência da reterritorialização. Isto é,o processo inverso, de construir-se individual ecoletivamente na relação com as outras pessoas, comos outros territórios; de estabelecer novas relações,afirmar novas identidades, enfim, incorporar novosaprendizados – individuais e coletivos. O depoimentodesta caravaneira é muito significativo nesse sentido:

O fato de estarmos juntos, jovens de "nordestes" distintos do Brasil; essa

troca de saberes, essa mistura de culturas, de sotaques; esse cuidar um do outro, o exercício da tolerância, o exercício do amor, esses para mim foram os melhores aprendizados

(AURILENE).

O processo da reterritorialização implicou a(re)construção, (re)significação ou (re)afirmação dospróprios referenciais, numa relação dialógica, naperspectiva freireana:

O diálogo é o encontro entre [seres humanos], mediatizados pelo mundo,

para designá-lo. [...] o diálogo é o encontro no qual a reflexão e a ação, inseparáveis daqueles que dialogam,

orientam-se para o mundo que é preciso transformar e humanizar, este

diálogo não pode reduzir-se a depositar idéias em outro

(FREIRE, 1980, p.83).

A reterritorialização vivida pelos/pelas jovens nãose deu sem conflitos. Ela foi se constituindo napluralidade, diversidade, num grau de abertura àrealidade, numa perspectiva de interação muito forte

Não tem uma participação individual. Toda participação aqui tá sendo

coletiva; a gente tá construindo esse coletivismo, e o que tá dando força à

Caravana é essa diversidade no coletivo (...) (RAMON).

Vimos também que o processo dereterritorialização implica um “compartilhar omesmo espaço com outras pessoas tão diferentesno modo de agir, mas que têm o objetivo em comum”(NETO - Baturité – Ceará). Isto é, os/as jovensvivenciaram a experiência de inserir-se e assumiroutros territórios, estabelecendo diálogos econstruindo propostas com os outros jovens e comas comunidades, fazendo pontes entre seussaberes e os saberes locais, dando significado esentido coletivo ao fazer sociopolítico e culturalna/da Caravana.

A outra dimensão vivenciada pelos/pelas jovensna sua experiência de “êxodo” foi a da convivência.Muitos/muitas jovens falaram, poetizaram eexperimentaram o aprendizado da convivência,oportunizado pelos espaços e relações educativasestabelecidas pela e na Caravana. É como fala ojovem abaixo:

(...) A Caravana está me dando a

oportunidade de estar dentro dos

movimentos; estou começando

agora dentro dos movimentos, e é

muito importante... ela está me

dando a oportunidade de interagir

com as outras pessoas, com outras

comunidades e está realmente me

permitindo conhecer os meus

direitos e deveres(...) A Caravana

está me dando a oportunidade de

aprender coisas novas e de passar

o que eu sei. Então, está tendo essa

troca de experiência(...)(EDGLEISON).

entre os/as jovens. A fala deste caravaneiro explicitamuito bem o tipo de relação vivida na Caravana:

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3. MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELTrabalhar a agricultura com práticas de conservação de solo;Construção do aterro sanitário;Recuperação das áreas degradadas;Educação ambiental nas escolas, nas comunidades, nos espaços públicos;Coleta seletiva do lixo nas comunidades;Difusão da Agroecologia na sociedade;Realização de projetos de reciclagem;Reflorestamento do meio ambiente que pede socorro;Maior debate e discussão com a comunidade Açude dos Barrosos sobre as questões ligadas ao meio ambiente;Maior assistência técnica para os agricultores jovens e adultos;Formação de grupos nas comunidades para discutir as problemáticas relativas ao meio ambiente;Apoio dos sindicatos e entidades aos grupos de proteção ambiental;

4 . JUVENTUDE E TRABALHOMais oportunidades de trabalho e renda para as pessoas;Mais cursos de qualificação para a juventude;Ampliação das escolas e universidades com cursos diversificados para os jovens;Ampliação das escolas técnicas, das escolas familiares agrícolas;Mais apoio e incentivo ao jovem da área rural na plantação e produção agropecuária;Maior preparação do jovem para o mundo do trabalho;Maior oportunidade de acesso dos jovens ao micro-crédito;

5. PROTAGONISMO, PARTICIPAÇÃO E IDENTIDADE JUVENILConstrução de espaços culturais e de lazer nas comunidades e na cidade;Ampliação dos cursos profissionalizantes de nível médio e superior;Maior esclarecimento da população sobre a construção da Barragem Lago de Fronteiras;Maior participação e diálogo com a comunidade nas definições sobre a Barragem Lago de Fronteiras de Poti;Garantia do cumprimento dos direitos das pessoas e da comunidade de Poti com a construção da Barragem;

Certos de que vamos ser ouvidos/das e sermos atendidos/das, nos comprometemos em levar aoFórum Social Mundial as visões de mundo, desafios e inquietações das comunidades, assim como ajuventude crateuense se comprometem em monitorar e acompanhar a realização das propostas aquiapresentadas.

Reafirmando nosso compromisso e a esperança, clamamos: "Ajunta aí, meu povo! Outro mundo épossível".

Crateús, 21 de janeiro de 2009.

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ABRAVO (PI)

ABRAÇO SISAL - (BA)

ACOOPAMEC (BA)

ASSOCIAÇÃO SANTO DIAS (CE)

CAATINGA - Ouricuri (PE)

CABEÇA ATIVA (PE)

CARITAS ( PI)

CCJ- Centro de Comunicação e Juventude (PE)

CHANGEMAKERS (Noruega)

COLETIVO GAMBIARRA IMAGENS (PE)

CONEXÕES DE SABERES (PE e PI)

CONSELHO ESTADUAL DA JUVENTUDE (PI)

COORDENAÇÃO ESTADUAL DE DIREITOS HUMANOS E JUVENTUDE (PI)

CONSELHO NOVA VIDA (CONVIDA)

DIACONIA

EQUIP - Escola de Formação Quilombo dos Palmares (PE)

ESCUTA (CE)

FALA SÉRIO (CE)

FETAG (PI)

GACC - Grupo de Apoio às Comunidades Carentes (CE)

GAJOP - Gabinete de Assessoria às Organizações Populares (PE)

GERAÇÃO FUTURO (PE)

INSTITUTO GANDHI (PI

INTEGRASOL (CE)

MMTR-NE - Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste

MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

OBRA KOLPING (CE e PI)

PEIXEARTE (PE)

RÁDIO LIVRE-SE (PE)

RECID (PI)

REDE DE JOVENS DO NORDESTE (PE)

REDE DE RESISTÊNCIA SOLIDÁRIA (PE)

REDE DE ARTICULAÇÃO DO GRANDE JANGURUSSU E ANCURI (CE)

REFAISA

SERTA - Serviço de Tecnologia Alternativa - Glória de Goitá (PE)

SOLTANDO A VOZ (CE)

VISÃO MUNDIAL BRASIL - Unidades Operacionais de Fortaleza-CE, Rio Grande do Norte, Sertão I (AL) e Salvador-BA

VOLENS - Brasil - Bélgica

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VOLENS (Bélgica)

Christian AID (Inglaterra)

TEARFUND (Inglatrerra)

ZUIDDAG (Bélgica)

Operation Daywork (Noruega)

AIN - Igreja da Noruega

SECRETARIA DE TRABALHO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL DO CEARÁ

GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ

EMATER - (PI)

PREFEITURA MUNICIPAL DE RECIFE (PE)

PREFEITURA MUNICIPAL DE CRATEÚS (CE)

PROGRAMA CONEXÕES DE SABERES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

EMATER (PI)

CÁRITAS DIOCESANA DE CRATEUS (CE)

SINDICATO DOS PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE CRATEUS (CE)

SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE CRATEUS (CE)

PARÓQUIA SENHOR DO BONFIM - CRATEUS (CE)

IRPAA (BA)

COOPERATIVAS DE CRÉDITO (BA)

DISOP (Bélgica)

SOS Abandonados (Bélgica)

CESE (BA)VISÃO MUNDIAL (BR)

BANCO DO NORDESTE

DOADORES PARTICULARES

Mais detalhe sobre os apoios no site www.caravanadecomiunicacao.org.br

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Data daAudiência: 21 de janeiro de 2009Local: TeatroObjetivo: discutir os problemas e questões apresentadas pela Caravana de Comunicação eJuventudes a partir do documento “Carta da Juventude”.

Instituições Governamentais e Não Governamentais presentes:Secretaria de Negócios Rurais, Urbanos e Meio AmbienteRegional da FETRAECESindicato dos Trabalhadores Rurais de CrateúsVereador Marcio Cavalcante – Presidente da Câmara Municipal deCrateúsParóquia Senhor do BonfimSindicato dos Professores do Município de CrateúsComunidade Jatobá dos UmbelinosComunidade PotiComunidade Realejo (representado por uma jovem da Caravana)Comunidade Açude dos Barroso (representado por um jovem daCaravana)Comunidade Fátima I e II (representado por um jovem da Caravana)Coordenação da Caravana de Comunicação e Juventude

1. Multiplicar e difundir junto às associações, comunidades, ONGs e grupos juvenis a "Carta da Juventude";

2. Fortalecer a mobilização social dos jovens e das comunidades a fim de levar adiante as propostas da Caravana;

3. Apresentar projetos sociais como instrumento para viabilizar as propostas da Caravana;

4. Potencializar a luta contra o lixão visando a construção de um Aterro Sanitário;

5. Criar um fórum local para debater e encaminhar as questões referentes à construção da Barragem Fronteiras e a desapropriação das terras quilombolas;

6. Buscar interferir no Orçamento Público visando o redirecionamento dos recursos públicos;

7. Apresentar projeto de iniciativa popular em prol da criação da Secretaria de Cultura e do Fundo de Cultura.

Encaminhamentos:

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Oficinas realizadasDespertaram o saber

Dos jovens que ensinamQue também têm que aprender.

Tirar o véu da realidadeMostrando pra sociedadeO que ela tem que fazer.

Os temas foram vários:Etnia e sexualidade,

Protagonismo juvenil,O jovem e sua identidade,

A cidade e o campoCantaram o mesmo canto

De uma nova realidade.

A Caravana passou bonitaPor grandiosas cidades

Ouricuri foi uma delasQue deixou muitas saudadesCrateús, Teresina e Juazeiro

Eita povinho ligeiroPra falar das novidades.

Botamos o pé na estradaSeguimos nossa missãoNão resistimos a energia

Do povo do MaranhãoCaxias da Balaida

Aqui foi nossa paradaPra fazer uma intervenção.

Mais uma vez na estradaNosso projeto era real

A caravana animadaE com muito alto astralA emoção veio de novo" Ajunta aí, meu povo "Viva o Fórum Social !!

Não sei fazer repenteMas vou mostrar para você A forma de ensinarE a forma de aprenderPreste bem atençãoNa batida do coração Vou começar a dizer!

Meu povo e minha galeraPeço licença pra falarDa Caravana da JuventudeSua história eu vou contarConstruída com esforçoMobilização e reforçoPra o projeto realizar.

O Nordeste se juntouPara o projeto realizarMobilizou as juventudesPara um desafio enfrentarDemocratizar a comunicaçãoAssumir como missãoA comunicação popular.

Três estados se uniramPra fazer o movimentoPernambuco foi o primeiroO Ceará deu segmentoRio Grande do Norte despontouO Piauí acompanhouBahia e Alagoas estão dentro.

Pernambuco de grandes guerreiros De valores culturais O Ceará tem muita históriaE a Bahia não fica atrásPiauí de sol ardenteRio Grande do Norte bom no repenteAlagoas dos canaviais.

Sua atenção eu vou chamarPara o jeito de fazerComo o jovem organizaA maneira de aprenderA caravana propiciaNova metodologiaPra juventude crescer.

Osmar Braga (CE), Severino José (PE),

Francisco José (CE), Ramon Bonfim (BA),

Alessandra Masullo (CE).

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