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CARBONÁRIA A Carbonária
foi uma sociedade
secreta e revolucionária
que actuou na Itália,
França, Portugal e
Espanha nos séculos XIX e XX. Fundada na Itália por volta de 1810, a sua ideologia assentava em
valores libertacionais e fazia-se notar por um marcado anticlericalismo. Participou nas revoluções
de 1820, 1830-1831 e 1848. Embora não tendo unidade política, já que reunia monarquistas e
republicanos, nem linha e acção definida, os carbonários (da italiano carbonaro, "carvoeiro")
actuavam em toda a Itália. Reuniam-se secretamente nas cabanas dos carvoeiros, derivando daí seu
nome. Foi sugerido que o esparguete à carbonara foi por eles inventado. Inventaram uma escrita
codificada, para uso em correspondência, utilizando um alfabeto carbonário.
Durante o domínio napoleónico, formou-se em Itália uma resistência que contou com
membros de uma organização secreta – a Carbonária. A carbonária tinha uma organização interna
semelhante à da Maçonaria, com a qual, aliás, tinha algumas afinidades ideológicas (combater a
intolerância religiosa, o absolutismo e defender os ideais liberais) e esteve aliada em certos
momentos, havendo mesmo elementos que pertenciam às duas organizações. Surgiu em Nápoles,
dominada pelo general francês Joaquim Murat, cunhado de Napoleão Bonaparte. Lutava contra os
franceses, porque as tropas de Napoleão haviam iniciado uma espoliação da Itália, embora
defendessem os mesmos princípios de Bonaparte.
Com a expulsão dos franceses, a Carbonária queria unificar a Itália através de uma revolução
espontânea da classe trabalhadora, comandada por universitários e intelectuais, e implantar os ideais
liberais.
Os membros da Carbonária, principalmente da pequena e média burguesia, tratavam-se por
primos. As associações da Carbonária tinham uma relação hierárquica. Chamavam-se choças (de
menor importância), barracas e vendas , sendo estas as mais importantes. As vendas, cada uma
contendo vinte membros, desconheciam os grandes chefes. Todas as orientações eram transmitidas
por elas. Havia uma venda central, composta por sete membros, que chefiava o trabalho das
demais. A Carbonária não tinha nenhuma ligação popular, pois como sociedade secreta, não
anunciavam suas actividades. Além disso, a Itália era uma região agrícola e extremamente católica,
Fundação: 1810 (possivelmente antes, porém, com nome diferente) Extinção: década de 1910 Tipo: Sociedade secreta Sede: Flag of the Kingdom of Sardinia.svg Reino de Sardenha
com camponeses analfabetos e religiosos, que tradicionalmente se identificavam com ideias e
chefes conservadores.
Silvio Pellico (1788–1854) e Pietro Maroncelli (1795–1846) foram membros proeminentes
da Carbonária. Ambos foram presos pelos austríacos por anos, muitos dos quais na fortaleza
Spielberg, em Brno, no sul da Morávia. Depois de solto, Pellico escreveu o livro Le mie prigioni,
descrevendo seus dez anos na prisão. Maroncelli perdeu uma perna na prisão e ajudou na tradução
e edição do livro de Pellico em Paris (1833). Outros proeminentes membros da sociedade foram
Giuseppe Garibaldi e Giuseppe Mazzini, que posteriormente saiu da sociedade e passou a criticá-
la.
As revoluções foram sufocadas pela França de Luís Napoleão e pelos Habsburgos
austríacos, que procuravam manter seu significante poder na Itália (Veneza e Milão eram parte do
Reino Lombardo-Veneziano governado pelo Império Austro-Húngaro e o Reino das Duas Sicílias
era governado por um monarca Bourbon, muito influenciado pelo governo francês). O fracasso
das revoluções mostrou que a unificação não seria alcançada por idealismo. A unificação italiana
foi realizada posteriormente entre 1860-1870 pela diplomacia e guerra sob a égide do Reino da
Sardenha-Piemonte.
Em Portugal
Em Portugal, a Carbonária foi estabelecida por volta de 1822. Nas suas primeiras décadas,
teve um âmbito restrito e, sobretudo, localizado: surgiram várias associações independentes, sem
ligação orgânica entre si e com pouca capacidade de intervenção social. De uma maneira geral, estas
associações não duraram muito tempo nem tiveram realce histórico. A Carbonária que teve
importância na vida política nacional portuguesa foi fundada em 1896 por Luz de Almeida.
Desenvolveu alguma actividade no domínio da educação popular e esteve envolvida em diversas
conspirações antimonárquicas. Merece destaque óbvio a sua participação no assassínio do Rei
D.Carlos I e do Príncipe Herdeiro Luís Filipe, e na revolução de 5 de Outubro de 1910, em que
esteve associada a elementos da Maçonaria e do Partido Republicano.
Observação
Após longo período inativa, a Sociedade Carbonária foi restaurada no ano de 1983,
inicialmente no Brasil, disseminando-se então para Paraguai, Portugal e Itália. Ao contrário de que
muitos pensam e afirmam, a Carbonária é na verdade uma instituição Maçônica, sendo conhecida
também pelo nome de Maçonaria Florestal. No reinício de seus trabalhos, em 1983, adotava em
suas assembleias o Rito Escocês Antigo e Aceito, sendo que na Década de 1990, graças aos esforços
de pesquisa de Walmir Ferreira Battu, os antigos rituais carbonários que se praticavam na Europa
foram redescobertos e a Carbonária passou a praticar novamente o Rito Florestal. Acredita-se que
a origem real das Sociedades Maçônicas como instituições - incluindo a Carbonária - data de 1248
e está registrado na chamada "Statuta et Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Lignamiis”
ou “Carta de Bolonha”. Como é evidente, por outro lado, a afirmativa acima, segundo a quala
Carbonária é uma instituição maçônica, também é uma opinião que, aqui, sequer é possível ser
citada com fonte bibliográfica. O fato de alguma organização ter usado manurais/rituais de outra
organização não a faz parte da primeira. E este é o caso aqui. Também, outro elemento a favor da
argumentação de que a Carbonária não é uma organização maçônica advém do fato de que a
Maçonaria tem origem nas guildas de construtores medievais, e não em carvoarias, que é o caso da
Carbonária.