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Projecto das pás directrizes fixas de uma turbina auto-rectificadora de acção para aproveitamento da energia das ondas Carlos Manuel Fernandes Rodrigues Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Júri Presidente: Prof. Luís Rego da Cunha de Eça Orientador: Prof. Luís Manuel de Carvalho Gato Vogal: Prof. Luís Morão Cabral Ferro Outubro de 2009

Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

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Page 1: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

Projecto das pás directrizes fixas de uma turbina

auto-rectificadora de acção para aproveitamento da

energia das ondas

Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Júri

Presidente: Prof. Luís Rego da Cunha de Eça

Orientador: Prof. Luís Manuel de Carvalho Gato

Vogal: Prof. Luís Morão Cabral Ferro

Outubro de 2009

Page 2: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues
Page 3: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

i

Agradecimentos

Durante a realização desta dissertação recebi o apoio de várias pessoas e instituições

que não posso deixar de mencionar. Assim, gostaria de expressar os meus sinceros

agradecimentos:

Ao Professor Luís Gato, na qualidade de orientador da dissertação e responsável pelo

projecto PTDC/EME-MFE/66608/2006, pela confiança em mim depositada na atribuição desta

tese, e pelo total apoio manifestado durante o desenvolvimento do trabalho.

Ao Eng.º Rui Gomes, pela orientação e ajuda disponibilizadas em todas as fases deste

trabalho, fundamentais para a realização do mesmo, e ainda pela revisão efectuada ao texto.

Ao Professor Luís Ferro, do Instituto Politécnico de Setúbal, que escreveu o código do

programa utilizado para o cálculo de projecto, pelo esclarecimento de dúvidas relacionadas

com o método de cálculo e com a análise numérica, e ainda pela revisão de texto.

Ao Eng.º Pedro Vicente pela leitura e revisão de texto.

Ao Professor Luís Eça e ao Doutor João Henriques, pela disponibilidade que

mostraram no esclarecimento de dúvidas acerca da análise numérica.

Ao colega de Mestrado Joel Mendes, pelo companheirismo e pelas sugestões

efectuadas durante a execução do trabalho numérico.

Ao pessoal das oficinas, pela montagem do modelo experimental e pela ajuda

concedida nas questões relacionadas com a análise experimental.

À Fundação para a Ciência e Tecnologia, pela atribuição da bolsa de investigação no

âmbito da tese, e ao IDMEC, entidade responsável pelo projecto no qual se insere o trabalho

desenvolvido na presente dissertação.

E por fim, mas não menos importante, aos meus pais, restante família, amigos e

colegas pelo apoio moral e constantes incentivos que recebi ao longo da realização deste

trabalho.

Page 4: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

ii

Resumo

Este trabalho consistiu no projecto aerodinâmico das pás do estator cónico de uma

turbina auto-rectificadora de acção para aproveitamento da energia das ondas, com vista à sua

implementação em centrais de coluna de água oscilante. Estas pás possuem um raio de

curvatura e espessura constantes, ao longo da corda e da envergadura, de modo a facilitar o

processo de construção da pá a partir de uma chapa de aço. Foi utilizado, no cálculo de

projecto, o método de painel bidimensional que resolve o escoamento invíscido e

incompressível em torno da cascata cónica de pás. Com base neste cálculo construiu-se um

modelo experimental à escala de 1:1.2. Com o auxílio de um sistema de aquisição de dados

foram realizados ensaios experimentais que permitiram concluir que os efeitos viscosos do

escoamento não são desprezáveis, ao contrário dos efeitos tridimensionais, devido à

distribuição aproximadamente constante da quantidade de movimento angular com a direcção

radial. Foi realizado ainda um estudo numérico tridimensional utilizando um software comercial

de Mecânica dos Fluidos Computacional (MFC), onde foram utilizadas malhas híbridas para a

simulação do escoamento invíscido e viscoso, de modo a relacionar os resultados obtidos com

os resultados obtidos pelo método de projecto e através da análise experimental.

Relativamente aos dados experimentais, a simulação do escoamento viscoso com a

utilização do modelo de turbulência k- prevê menores perdas devidas ao efeito da viscosidade.

No entanto, a análise de MFC mostrou ser uma ferramenta útil para prever, com razoável

aproximação, o comportamento do escoamento real numa turbomáquina.

Palavras-chave: energia das ondas, coluna de água oscilante, turbina auto-rectificadora de

acção, pás directrizes fixas, análise experimental, análise numérica

Page 5: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

iii

Abstract

This thesis presents results for the aerodynamic design of the guide vanes from a

conical duct of a self-rectifying impulse turbine, which is intended to operate on offshore

oscillating water column devices. The blade’s curvature and thickness are maintained constant

throughout chord and width, which facilitates its construction from a thin steel sheet. A two-

dimensional panel method which calculates the inviscid and incompressible flow around the

conical cascade was used for the design of the blade. Based on these calculations an

experimental model at a 1:1.2 scale was manufactured. The test rig is equipped with a data

acquisition system and experimental tests were conducted which allowed to conclude that the

flow’s viscous effects are not negligible, although the three-dimensional effects are. This is

verified by the almost constant angular momentum distribution along the spanwise direction.

The same conclusion was made through a computational fluid dynamics (CFD) analysis, with

the use of hybrid meshes for inviscid and viscous flow calculations.

The viscous flow was modeled by use of the k- turbulence model, which predicted a

lower flow pressure drop and higher velocity angles downstream of the guide vanes, in

comparison to the experimental results. However, the results obtained showed that the CFD

analysis constitutes a useful tool in predicting the behavior of the real viscous flow on a

turbomachine.

Keywords: wave energy, oscillating water column, self- rectifying impulse turbine, fixed guide

vanes, experimental analysis, CFD analysis

Page 6: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

iv

Índice

Agradecimentos.............................................................................................................................. i

Resumo .......................................................................................................................................... ii

Abstract ......................................................................................................................................... iii

Lista de figuras .............................................................................................................................. vi

Lista de tabelas ........................................................................................................................... viii

Lista de abreviaturas ..................................................................................................................... ix

Nomenclatura ................................................................................................................................ ix

1. Introdução .............................................................................................................................. 1

1.1 Aspectos gerais ............................................................................................................. 1

1.2. Energia das ondas......................................................................................................... 2

1.3. Coluna de água oscilante .............................................................................................. 3

1.4. Turbinas auto-rectificadoras em energia das ondas ..................................................... 4

1.5. Revisão bibliográfica às turbinas auto-rectificadoras de acção .................................... 6

1.6. Revisão bibliográfica aos métodos de cálculo em projecto .......................................... 7

1.7. Objectivos da tese ......................................................................................................... 8

2. Descrição geral da turbina auto-rectificadora de acção ........................................................ 9

3. Projecto do estator .............................................................................................................. 13

3.1. Descrição geral do modelo experimental .................................................................... 13

3.2. Condição de projecto .................................................................................................. 14

3.3. Método de cálculo do projecto .................................................................................... 17

3.4. Definição da geometria da pá ..................................................................................... 19

3.5. Resultados do método de projecto .............................................................................. 24

4. Análise Experimental ........................................................................................................... 29

4.1. Ensaio de calibração da sonda direccional ................................................................. 30

4.1.1. Obtenção da relação entre os coeficientes (CCtot, Cdin )

e o ângulo de desalinhamento da sonda ............................................................................ 31

4.1.2. Obtenção da relação entre os coeficientes (CCtot, Cdin )

e o Nº de Reynolds .............................................................................................................. 31

4.2. Ensaios de atravessamento da sonda ........................................................................ 32

5. Resultados Experimentais ................................................................................................... 35

Page 7: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

v

5.1. Ensaio de calibração da sonda direccional ................................................................. 35

5.2. Ensaios de atravessamento da sonda ........................................................................ 38

6. Análise Numérica ................................................................................................................ 42

6.1. Introdução à Mecânica dos Fluidos Computacional ................................................... 42

6.2. Descrição das simulações numéricas ......................................................................... 43

6.3. Descrição das equações de transporte ...................................................................... 44

6.3.1. Escoamento invíscido.......................................................................................... 44

6.3.2. Escoamento viscoso ............................................................................................ 45

6.4. Descrição do domínio e geração da malha ................................................................. 47

6.5. Condições de fronteira ................................................................................................ 51

6.5.1. Superfície de entrada .......................................................................................... 51

6.5.2. Superfície de saída .............................................................................................. 52

6.5.3. Superfícies periódicas ......................................................................................... 52

6.5.4. Superfícies sólidas .............................................................................................. 53

7. Resultados Numéricos ........................................................................................................ 54

7.1. Convergência da solução ............................................................................................ 54

7.2. Análise de parâmetros integrais do escoamento ........................................................ 55

7.3. Verificação dos valores do parâmetro y+..................................................................... 56

7.4. Comparação entre os resultados do cálculo tridimensional e do método de

projecto .................................................................................................................................... 57

7.5. Verificação de efeitos tridimensionais no escoamento ............................................... 61

7.6. Comparação com os resultados experimentais .......................................................... 63

8. Conclusões .......................................................................................................................... 66

Referências bibliográficas ........................................................................................................... 68

Anexo 1 – Resultados experimentais do projecto anterior ............................................................ I

Anexo 2 – Código do programa executado em MATLAB que determina as coordenadas

dos perfis utilizados no cálculo do método de painel 2-D .......................................................... VIII

Anexo 3 – Resultados do ficheiro de saída do programa método de painel 2-D

(secção junto ao cubo) ............................................................................................................. XVII

Page 8: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

vi

Lista de figuras

Figura 1.1 - Representação esquemática de um dispositivo offshore de CAO para

aproveitamento da energia das ondas .................................................................................. 4

Figura 1.2 - Turbina Wells: a) com pás directrizes; b) de passo variável; c) de contra-rotação;

d) de duplo plano com pás directrizes................................................................................... 6

Figura 1.3 - Turbina de acção: a) com pás directrizes fixas; b) com pás directrizes de passo

variável .................................................................................................................................. 6

Figura 2.1 - Triângulo de velocidades típico da linha média do escoamento (sem 2º estator) .. 10

Figura 2.2 - Rendimento total-estático obtido no projecto unidimensional em [27] .................... 11

Figura 2.3 - Diagrama de Mollier da turbina de acção (sem 2ºestator) ...................................... 11

Figura 3.1 - Vista lateral da turbina representada em corte, com as dimensões do protótipo

(em mm) .............................................................................................................................. 14

Figura 3.2 - Representação dos sistemas de eixos .................................................................... 15

Figura 3.3 - Representação da distribuição de ângulos determinada pelo modelo da

curvatura das linhas de corrente ......................................................................................... 15

Figura 3.4 - Representação do domínio de cálculo bidimensional no método de painel ........... 17

Figura 3.5 - Representação da linha média do perfil .................................................................. 19

Figura 3.6 - Representação de um dos perfis analisados no método de painel ......................... 20

Figura 3.7 - Representação do bordo de fuga virtual dos perfis utilizados no método

do painel .............................................................................................................................. 21

Figura 3.8 - Pormenor da distribuição de painéis no bordo de fuga ........................................... 22

Figura 3.9 - Pá planificada, à escala do modelo (1:1.2) ............................................................. 23

Figura 3.10 - Representação da forma tridimensional da pá por sobreposição das linhas

médias dos perfis: a) perspectiva ; b) plano x-z; c) plano y-z; d) plano x-y ........................ 24

Figura 3.11 - Distribuição de ângulos do escoamento ao longo da envergadura ...................... 25

Figura 3.12 - Distribuição de circulação ao longo da envergadura ............................................. 25

Figura 3.13 - Distribuição de Cp em torno dos perfis .................................................................. 27

Figura 3.14 - Distribuição de Cp nos bordos do perfil: a) bordo de ataque; b) bordo de fuga .... 27

Figura 4.1 - Sonda direccional de três furos ............................................................................... 29

Figura 5.1 - Velocidade absoluta do escoamento durante o ensaio de calibração da sonda .... 35

Figura 5.2 - Pressões totais medidas pela sonda, em função de ’ ........................................... 36

Figura 5.3 - Relação entre os coeficientes de calibração da sonda e o ângulo ’ ..................... 36

Figura 5.4 - Variação dos coeficientes de calibração com o número de Reynolds .................... 37

Figura 5.5 - Perfis de velocidade axial correspondentes aos 6 atravessamentos efectuados ... 39

Figura 5.6 - Perfis de velocidade tangencial correspondentes aos 6 atravessamentos

efectuados ........................................................................................................................... 39

Figura 5.7 - Variação do ângulo do escoamento ao longo da direcção radial ............................ 40

Page 9: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

vii

Figura 5.8 - Perfis de velocidade axial adimensionalizada pela velocidade média axial do

escoamento ......................................................................................................................... 40

Figura 5.9 - Perfis de velocidade tangencial adimensionalizada pela velocidade média axial

do escoamento .................................................................................................................... 40

Figura 5.10 - Distribuição da quantidade de movimento angular ao longo da envergadura ...... 41

Figura 6.1 - Representação do domínio de estudo no FLUENT ................................................. 48

Figura 6.2 - Representação das malhas geradas no GAMBIT: a) em torno da pá; b) junto

ao bordo de ataque; c) junto ao bordo de fuga ................................................................... 50

Figura 7.1 - Evolução do resíduo durante o processo iterativo no cálculo do escoamento

viscoso ................................................................................................................................. 54

Figura 7.2 - Evolução do resíduo durante o processo iterativo no cálculo do escoamento

invíscido ............................................................................................................................... 54

Figura 7.3 - Valores de y+ obtidos sobre a superfície da pá ....................................................... 56

Figura 7.4 - Valores de y+ obtidos sobre as superfícies do cubo e da caixa .............................. 56

Figura 7.5 - Distribuição de Cp na secção junto ao cubo ........................................................... 58

Figura 7.6 - Distribuição de Cp na secção de envergadura intermédia ..................................... 58

Figura 7.7 - Distribuição de Cp na secção junto à caixa ............................................................ 58

Figura 7.8 - Ângulo do escoamento na zona cónica, a jusante do estator ................................. 59

Figura 7.9 - Perfil de velocidades meridional na zona cónica, a jusante do estator ................... 59

Figura 7.10 - Perfil de velocidades tangencial na zona cónica, a jusante do estator ................. 59

Figura 7.11 - Perfil de velocidades na direcção da envergadura na zona cónica, a jusante

do estator ............................................................................................................................. 60

Figura 7.12 - Distribuição da quantidade de movimento angular do escoamento, a jusante

do estator ............................................................................................................................. 60

Figura 7.13 - Distribuição de Cp em torno da pá no caso viscoso: a) extradorso;

b) intradorso ........................................................................................................................ 61

Figura 7.14 - Distribuição de Cp em torno da pá no caso invíscido: a) extradorso;

b) intradorso ........................................................................................................................ 62

Figure 7.15 - Distribuição de C0 em torno da pá no caso viscoso: a) extradorso;

b) intradorso ........................................................................................................................ 62

Figura 7.16 - Componente da velocidade na direcção da envergadura junto à pá:

a) extradorso; b) intradorso ................................................................................................. 63

Figura 7.17 - Variação do ângulo do escoamento ao longo da direcção radial .......................... 63

Figura 7.18 - Perfis da componente axial da velocidade ............................................................ 64

Figura 7.19 - Perfis da componente tangencial da velocidade ................................................... 64

Figura 7.20 - Distribuição da quantidade de movimento angular na direcção radial .................. 64

Figura A1.1 - Curva de rendimento da turbina com os dois estatores completos [28] .................. I

Figura A1.2 - Curva de rendimento da turbina sem segundo estator ............................................ I

Figura A1.3 - Curva de rendimento da turbina com dois estatores ............................................... I

Figura A1.4 - Curva de potência da turbina sem segundo estator ............................................... II

Page 10: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

viii

Figura A1.5 - Curva de potência da turbina com dois estatores ................................................... II

Figura A1.6 - Curva da queda de pressão total da turbina sem segundo estator ........................ II

Figura A1.7 - Curva da queda de pressão total da turbina com dois estatores ........................... III

Figura A1.8 - Curva da queda de pressão no primeiro estator da turbina sem

segundo estator .................................................................................................................... III

Figura A1.9 - Curva da queda de pressão no primeiro estator da turbina com dois estatores ... III

Figura A1.10 - Curva da queda de pressão no rotor da turbina sem segundo estator ................ IV

Figura A1.11 - Curva da queda de pressão no rotor da turbina com dois estatores ................... IV

Figura A1.12 - Variação do ângulo absoluto do escoamento à saída do estator com a

direcção radial ....................................................................................................................... V

Figura A1.13 - Variação do ângulo relativo do escoamento à saída do estator com a

direcção radial ....................................................................................................................... V

Figura A1.14 - Variação da componente axial da velocidade à saída do rotor

(adimensionalizada pela velocidade média) ........................................................................ VI

Figura A1.15 - Variação da relação V2t/U ao longo da direcção radial ........................................ VI

Figura A1.16 - Variação do ângulo absoluto do escoamento à saída do rotor ............................ VI

Figura A1.17 - Variação do ângulo relativo do escoamento à saída do rotor ............................. VII

Figura A1.18 - Variação da componente axial da velocidade à saída do rotor

(adimensionalizada pela velocidade média) ....................................................................... VII

Figura A1.19 - Variação da relação V3t/U ao longo da direcção radial ....................................... VII

Lista de tabelas

Tabela 3.1 - Distribuição de ângulos à saída do estator, na zona cónica .................................. 16

Tabela 3.2 - Distribuição de ângulos à saída do estator, na zona cilíndrica .............................. 16

Tabela 3.3 - Características geométricas dos perfis analisados ................................................ 22

Tabela 3.4 - Principais resultados obtidos pelo método de painel .............................................. 25

Tabela 5.1 - Equações das curvas de calibração ....................................................................... 36

Tabela 6.1 - Distribuição de elementos nas malhas utilizadas nas diferentes direcções ........... 49

Tabela 6.2 - Distribuição em termos percentuais de elementos nas malhas utilizadas,

segundo o parâmetro de distorção ...................................................................................... 51

Tabela 7.1 - Valores dos parâmetros integrais nas fronteiras de entrada e saída

do domínio, para cada malha .............................................................................................. 55

Tabela 7.2 - Coeficientes de perdas obtidos a partir dos resultados experimentais

e numéricos ......................................................................................................................... 65

Tabela A1.1 - Resultados experimentais dos ensaios de atravessamento do

projecto anterior .................................................................................................................. VIII

Page 11: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

ix

Lista de abreviaturas

CAO Coluna de água oscilante

IST Instituto Superior Técnico

MFC Mecânica dos Fluidos Computacional

SIMPLE Semi-Implicit Method for Pressure Linked Equations

SIMPLEC SIMPLE Consistent

Nomenclatura

A1 Área da secção de entrada da turbina

A2 Área da secção na zona do rotor

At Área da secção de saída da tubeira convergente a jusante da câmara de pleno

BININT Somatório dos momentos resultantes das distribuições de vórtices em torno do

perfil

BINRVTE Momento resultante do cálculo da quantidade de movimento angular do

escoamento à saída da cascata

c Corda do perfil

cax Corda axial do perfil

C0 Coeficiente de pressão total

Cdin Coeficiente relativo à pressão dinâmica na sonda de três furos

Cp Coeficiente de pressão estática

Ctot Coeficiente relativo à pressão total na sonda de três furos

C Coeficiente relativo ao ângulo de desalinhamento da sonda de três furos

dp Diâmetro dos furos da sonda

D Diâmetro exterior na região do rotor

Dh Diâmetro hidráulico

e Espessura do perfil

Erel Erro relativo de cálculo no método de painel

fmax Flecha máxima do perfil

I Intensidade de turbulência

k Coeficiente médio de descarga da tubeira; Energia cinética turbulenta

l Escala de comprimento de turbulência

p Passo da cascata de pás; Pressão estática

p1 Pressão estática a jusante do primeiro estator (valor experimental)

p2 Pressão estática a jusante do rotor (valor experimental)

p3 Pressão estática a jusante do segundo estator (valor experimental)

p4 Pressão total na câmara de pleno da instalação experimental

p7 Pressão no furo 7 da sonda de três furos

Page 12: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

x

p8 Pressão no furo 8 da sonda de três furos

p9 Pressão no furo 9 da sonda de três furos

𝑝 7−9 Média aritmética das pressões nos furos 7 e 9 da sonda de três furos

pdin Pressão dinâmica

ptot Pressão total

Q Caudal volúmico

QEAS Parâmetro indicativo da distorção dos elementos das malhas

r Coordenada radial

r’ Coordenada da envergadura

R* Coordenada da envergadura adimensionalizada

R2 Coeficiente de aproximação da regressão a um conjunto de pontos

R1 Raio da secção de entrada da turbina

R2 Raio da turbina na zona do rotor

Rpá Raio de curvatura da linha média da pá

Re Número de Reynolds do escoamento

S Superfície do perfil

t Coordenada tangencial; Tempo

T Binário ao veio da turbina

U Velocidade periférica da pá

u Componente da velocidade segundo x

u’ Flutuação turbulenta da velocidade

umed Valor médio da velocidade em escoamento turbulento

V Velocidade absoluta do escoamento

v Componente da velocidade segundo y

V2a Componente axial da velocidade do escoamento a jusante do primeiro estator

V2a,med Velocidade axial média do escoamento a jusante do primeiro estator (=Q/A2)

V2t Componente tangencial da velocidade do escoamento a jusante do primeiro

estator

V2r’ Componente da velocidade do escoamento na direcção da envergadura a

jusante do primeiro estator

V2x’ Componente meridional da velocidade do escoamento a jusante do primeiro

estator

Vin Velocidade do escoamento à entrada da turbina (=Q/A1)

vp Velocidade do escoamento no ensaio de calibração

w Componente da velocidade segundo z

x Coordenada axial

x’ Coordenada meridional

y+ Parâmetro de turbulência indicativo da espessura dos elementos de malha

adjacentes às superfícies sólidas

Z Número de pás

Page 13: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

xi

’ Ângulo de desalinhamento da sonda em relação à posição de referência

Ângulo absoluto do escoamento

β Ângulo relativo do escoamento

β1’ Ângulo entre o ponto que define o bordo de ataque do perfil com a direcção

axial

β2’ Ângulo entre o ponto que define o bordo de fuga do perfil com a direcção axial

∆𝑝𝑡 Diferença entre as pressões na câmara de pleno e à saída da tubeira

Taxa de dissipação da energia cinética turbulenta

∅ Coeficiente de caudal; Potencial de velocidade

Circulação em torno do perfil

Rendimento

ts Rendimento total-estático

Ângulo de calagem da cascata

Viscosidade dinâmica

T Viscosidade turbulenta

Coeficiente de potência

Velocidade de rotação

Ângulo de inclinação das superfícies cónicas da conduta da turbina

Massa volúmica

𝜉 Coeficiente de perda

Coeficiente de pressão

∇ Divergência

Page 14: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

1

1. Introdução

1.1 Aspectos gerais

O presente trabalho surge na sequência da extensa investigação que tem sido

realizada pelo Departamento de Engenharia Mecânica do Instituto Superior Técnico, desde

1977, com vista ao desenvolvimento e optimização de sistemas que permitam uma extracção

eficiente da energia proveniente do movimento oscilatório das ondas do mar, para conversão

em energia eléctrica.

Este trabalho está inserido num projecto de desenvolvimento de uma turbina auto-

rectificadora de acção para utilização em dispositivos de Coluna de Água Oscilante (CAO). Sob

a acção das ondas, este dispositivo produz um escoamento bidireccional de ar que pode ser

aproveitado por uma turbina. Uma vez que a utilização de válvulas rectificadoras torna os

custos de construção e manutenção demasiado elevados, a solução passa por projectar uma

turbina auto-rectificadora que aproveite a energia do escoamento em ambos os sentidos, e

que, simultaneamente, permita atingir rendimentos semelhantes às turbinas de acção

convencionais.

O trabalho actual surge no seguimento de um projecto anterior, que culminou no teste

de um modelo experimental, cujas especificações podem ser encontradas em [1]. O

rendimento máximo obtido através da realização de ensaios experimentais foi nitidamente

inferior ao valor esperado. Deste modo, pretende-se com o novo projecto mitigar os problemas

verificados no projecto inicial, que serão descritos em detalhe mais à frente.

O trabalho realizado no âmbito desta dissertação centra-se no projecto aerodinâmico

das pás do estator, para aplicação em turbina de geometria cónica, em função do ângulo do

escoamento pretendido à entrada do rotor, utilizando um método de cálculo bidimensional. Os

resultados obtidos pelo método de projecto serão verificados através de análise experimental e

de análise numérica tridimensional, com recurso a um software comercial de Mecânica dos

Fluidos Computacional.

No capítulo 1 é introduzido o conceito de energia das ondas como fonte de energia

limpa e renovável, com uma breve descrição do panorama energético actual. É feita uma

descrição geral do funcionamento do dispositivo de CAO, e apresentam-se algumas das

turbinas auto-rectificadoras já existentes. É feita uma revisão sobre os métodos de cálculo em

projecto. Na parte final do capítulo apresentam-se os objectivos gerais do presente trabalho.

No capítulo 2 são apresentadas algumas noções gerais acerca do funcionamento e das

condições de projecto usuais da turbina auto-rectificadora de acção. É feita também uma breve

abordagem aos resultados experimentais obtidos do modelo experimental do projecto anterior.

O capítulo 3 apresenta uma descrição do novo estator e da conduta da turbina, e é feita

uma exposição ao método de cálculo utilizado no projecto. É explicado o procedimento seguido

para a obtenção da geometria definitiva da pá. Na parte final do capítulo apresenta-se a forma

obtida para a pá, assim como os resultados obtidos pelo método de projecto.

Page 15: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

2

O capítulo 4 descreve a análise experimental efectuada, onde se inclui a descrição dos

ensaios de calibração e de atravessamento da sonda, sendo explicado ainda o método

utilizado para a aquisição de dados.

No capítulo 5 apresentam-se os resultados experimentais obtidos dos ensaios descritos

no capítulo 4.

No capítulo 6 é exposta a análise numérica tridimensional realizada através de um

software comercial de Mecânica dos Fluidos Computacional. Inclui uma descrição do domínio

do problema, uma abordagem geral ao método de cálculo utilizado, e apresentam-se as

malhas utilizadas nos cálculos efectuados.

No capítulo 7 são apresentados e discutidos os resultados mais relevantes da análise

numérica. São apresentados resultados dos parâmetros integrais do escoamento para malhas

com diferentes refinamentos. Comparam-se os resultados numéricos obtidos com os resultados

do método de projecto e experimentais.

No capítulo 8 apresentam-se as conclusões do presente trabalho, e são apresentadas

algumas notas finais acerca do trabalho realizado e possíveis melhorias.

1.2. Energia das ondas

Segundo estimativa da Agência Internacional de Energia, no ano de 2007 cerca de

87% do consumo energético mundial resultou da utilização de combustíveis fósseis [2]. Por

definição, estas formas de energia não são regenerativas, pelo menos na escala temporal em

que são consumidas, pelo que, naturalmente, os recursos naturais que dão origem aos

combustíveis fósseis irão esgotar-se, a médio ou longo prazo. Esta situação terá tendência a

agravar-se, face ao aumento drástico do consumo energético impulsionado pelo

desenvolvimento de grandes países, como a China ou a Índia.

Adicionalmente, as energias fósseis são responsáveis por emissões que causam

graves problemas ambientais, a nível local e global. Actualmente para Portugal, existem

obrigações legais impostas pelas directivas comunitárias e pelo Protocolo de Quioto, em

termos de limitação da quantidade de emissões de gases que produzem efeito de estufa para a

atmosfera, que reforçam a necessidade de mudança do paradigma energético em Portugal.

É neste contexto que surge a necessidade de apostar em fontes de energia renováveis,

como alternativa às formas convencionais de produção de energia eléctrica. Actualmente

estima-se que, a nível mundial, apenas 3% [2] 1 da totalidade da electricidade produzida resulte

do aproveitamento de recursos naturais renováveis.

Os oceanos contêm um enorme potencial energético renovável, nomeadamente na

energia originada pelo efeito do vento na superfície do oceano. O potencial energético mundial

atribuído à energia das ondas é de 2 TW [3]. Em Portugal, o fluxo médio de energia das ondas

é de 40 MW/km, e o aproveitamento tecnicamente viável, para um terço da costa portuguesa,

1 excluindo a energia hídrica

Page 16: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

3

situa-se entre os 2 e os 3 GW [3], o que é comparável à potência eólica instalada actualmente

em território nacional. Porém, a tecnologia existente é relativamente recente e

economicamente pouco competitiva quando comparada com tecnologias mais desenvolvidas,

como as existentes para a energia eólica.

A investigação e desenvolvimento de sistemas de conversão de energia das ondas

foram instigados na década de setenta pela primeira crise do petróleo, através de programas

de carácter governamental e instituições de investigação e desenvolvimento. Entre os países

pioneiros em investigação nesta área encontra-se Portugal. Em 1977, foi criada uma linha de

investigação no Instituto Superior Técnico sobre a temática da energia das ondas, tendo

continuidade até aos dias de hoje. Com o apoio da Comissão Europeia, têm sido lançados em

Portugal diversos projectos pioneiros relacionados com o aproveitamento da energia das

ondas, entre os quais destaca-se a central de CAO da ilha do Pico, nos Açores, primeira a nível

europeu, com uma potência instalada de 400 kW [4]. Mais recentemente, têm sido testados em

águas portuguesas diversos protótipos, e, em 2008, foi criado o primeiro Parque Mundial de

Energia das Ondas, na Aguçadoura.

Deste modo, as boas condições naturais (costa extensa e recurso energético

abundante) aliadas ao facto de existir já uma elevada capacidade científica e tecnológica, torna

Portugal num país propício ao aproveitamento da energia das ondas, como alternativa

sustentável às formas convencionais de produção de energia eléctrica. As instituições

governamentais também desempenham um papel importante, no sentido em que têm de ser

criadas condições de incentivo que permitam atrair investimento nacional e estrangeiro para

esta área (por exemplo, estabelecendo tarifas específicas elevadas). A conjugação destes

factores, com a experiência adquirida resultante do facto de Portugal ser um dos países

pioneiros em investigação e desenvolvimento nesta área, torna possível a futura criação de

tecnologia e indústria, para uso interno ou para exportação, constituindo também, desta forma,

uma oportunidade aliciante em termos económicos para o país.

1.3. Coluna de água oscilante

O projecto da turbina de acção auto-rectificadora, objecto deste estudo, tem em vista a

sua implementação em centrais de Coluna de Água Oscilante (CAO) em zonas offshore. De

um modo simplista, a natureza ‘vaivém’ do movimento de uma onda dá origem a sucessivas

sobrepressões e depressões no interior de uma câmara, que se encontra aberta para o mar

abaixo da superfície livre da água, por onde a onda entra. Uma das extremidades da turbina

está localizada no interior desta câmara, e a outra situa-se no lado exterior, à pressão

atmosférica. Existe, portanto, uma diferença de pressões entre as duas extremidades da

turbina, e o ar é forçado a passar através desta. Consequentemente, a energia pneumática

contida no escoamento é fornecida ao rotor, de modo a que esta produza um binário útil

positivo, que é transmitido ao veio da turbina. Se o veio da turbina estiver acoplado a um

Page 17: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

4

gerador eléctrico, torna-se possível converter a energia mecânica de rotação em energia

eléctrica, que posteriormente é injectada na rede.

Devido ao que foi descrito anteriormente, o escoamento de ar no interior da turbina dar-

se à nos dois sentidos: quando a onda avança em direcção ao dispositivo de CAO, a pressão

na câmara aumenta (em relação à pressão atmosférica), e o ar desloca-se no sentido câmara-

exterior; quando a onda recua, o interior da câmara fica a uma pressão inferior à atmosférica, e

o sentido do escoamento inverte-se (exterior-câmara).

A superfície livre de água no interior da câmara oscila com a frequência da onda

incidente, sendo que o deslocamento da superfície livre é determinado, essencialmente, pelas

características desta onda, pela geometria da câmara e pelo amortecimento concedido pelo

mecanismo de conversão. A câmara do dispositivo CAO é projectada com a frequência natural

da onda incidente para atingir ressonância, e consequentemente ampliar o deslocamento da

superfície livre.

A instalação de centrais de CAO em zonas offshore visa o aproveitamento de regimes

elevados de ondas, que se verificam nas zonas de elevadas profundidades. Estima-se que um

dispositivo costeiro tem apenas 25% a 50% do recurso disponível para um dispositivo afastado

da costa [5]. No entanto, a maior dificuldade na instalação e manutenção conjugado com a

necessidade de grandes extensões de cabos submarinos constituem desvantagens à

implementação de sistemas offshore de CAO.

Figura 1.1 – Representação esquemática de um dispositivo offshore de CAO para aproveitamento da energia das ondas

1.4. Turbinas auto-rectificadoras em energia das ondas

Actualmente, existem dois tipos de turbinas auto-rectificadoras que podem equipar

dispositivos de CAO, a turbina Wells e a turbina de acção. A turbina Wells começou a ser

desenvolvida a partir década de oitenta, tendo sido a primeira opção em várias centrais de

CAO, nomeadamente em Portugal, Escócia, Noruega, Japão, China e Índia. Vários estudos

realizados [6] e [7] permitiram concluir que a turbina Wells possui uma baixa gama de

rendimentos, baixas características de arranque e um elevado ruído em funcionamento. Em

comum, a turbina Wells e a turbina de acção possuem a característica de manter o sentido de

Page 18: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

5

rotação do rotor, independentemente do sentido do escoamento. Assim, é necessário ter em

consideração, na concepção da turbina auto-rectificadora, o facto de o escoamento

desenvolver-se nos dois sentidos. Esta condição impõe que o rotor e a própria conduta da

turbina sejam simétricos em relação ao plano médio do rotor (plano perpendicular ao eixo da

turbina que intersecta a meio da corda das pás do rotor), e simultaneamente resulta na

necessidade da existência de dois estatores, um em cada lado do rotor. Esta configuração é

preferível, relativamente à utilização de válvulas rectificadoras para controlar a direcção do

escoamento na turbina, pois estas necessitam, em geral, de uma elevada manutenção, o que

está associado a elevados custos.

Os dois tipos de turbinas auto-rectificadoras diferem, essencialmente, na forma como

extraem energia do escoamento. Enquanto a turbina Wells utiliza a queda de pressão, a turbina

de acção retira energia cinética ao escoamento, que é convertida em energia mecânica de

rotação do rotor, e posteriormente em binário útil ao veio da turbina. As configurações mais

utilizadas dos dois tipos de turbina são as seguintes:

Turbina Wells:

Com pás directrizes

De passo variável

De contra-rotação

De duplo plano com pás directrizes

Turbina de acção

Auto-rectificadora com pás directrizes de passo variável

Auto-rectificadora com pás directrizes fixas

De contra-rotação (McCormick)

a) b)

Page 19: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

6

c) d)

Figura 1.2- Turbina Wells: a) com pás directrizes; b) de passo variável; c) de contra-rotação; d) de duplo plano com pás directrizes

a) b)

Figura 1.3- Turbina de acção: a) com pás directrizes fixas; b) com pás directrizes de passo variável

1.5. Revisão bibliográfica às turbinas auto-rectificadoras de acção

Estudos realizados [8] e [9] mostram que a turbina auto-rectificadora de acção

apresenta características globais com potencial para serem superiores às da turbina Wells,

para ondas irregulares. Uma turbina auto-rectificadora de acção foi testada num dispositivo de

CAO na cidade de Vizhinjam, na costa oeste da Índia, a integrar uma central de dessalinização

de água [10].

Estudos numéricos e experimentais foram conduzidos, de modo a avaliar o efeito da

geometria das pás directrizes no rendimento da turbina de acção [11] e [12], onde se concluiu

que as pás com torção, projectadas com base na distribuição de vórtice livre, podem melhorar

o rendimento da turbina em 4,5%. Em [13] comparam-se resultados experimentais com uma

análise de MFC, utilizando o modelo de turbulência k-, tendo-se verificado uma boa

concordância entre os resultados obtidos. Neste estudo concluiu-se que 21% da queda de

pressão total na turbina deve-se à influência do segundo estator. Em [14] concluiu-se que os

efeitos de compressibilidade do escoamento no interior da câmara do dispositivo CAO, em

Page 20: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

7

condições de mar reais, causam uma redução de 5% na eficiência de conversão energética.

Em [15] são comparados estudos numéricos ao escoamento no estator e no rotor utilizando

malhas estruturadas e não estruturadas, onde se verificou que estas últimas produziam

resultados ligeiramente mais próximos dos valores experimentais.

1.6. Revisão bibliográfica aos métodos de cálculo em projecto

Os primeiros modelos numéricos do escoamento em torno de perfis alares são

baseados na técnica de transformação conforme [16]. A mais conhecida destas transformações

é a de Kutta-Joukowski, em que o escoamento em torno de um determinado perfil é calculado

a partir do escoamento bidimensional em torno de um cilindro circular [17].

O método desenvolvido por Theodorsen [18] permitiu calcular o escoamento em torno

de perfis reais com geometria arbitrária, recorrendo a duas transformações consecutivas, uma

primeira do contorno do perfil numa curva próxima de uma circunferência e uma segunda da

curva resultante numa circunferência.

O método de transformação conforme foi também utilizado no cálculo do escoamento

em torno de uma cascata de perfis. Uma das primeiras aplicações deste método deve-se a

Weinig [19] (citado em [26]) e consiste no cálculo do escoamento numa cascata rectilínea de

pás a partir do escoamento em torno de um cilindro, com velocidade de aproximação uniforme.

Em alternativa aos métodos que utilizam a técnica da transformação conforme, o

escoamento potencial pode ser calculado utilizando o método das singularidades. Neste

método o contorno do perfil é substituído por um conjunto de singularidades (vórtices,

fontes/poços) cujas intensidades são determinadas pela verificação da condição de

impermeabilidade na fronteira do perfil e da condição de Kutta. O potencial complexo deste

escoamento é obtido pela soma do potencial do escoamento uniforme e do potencial devido a

fontes e vórtices devidamente localizados. Em [20] esta técnica é aplicada ao cálculo de um

escoamento em torno de uma cascata de perfis sem espessura, em forma de arco de

circunferência, com flecha moderada colocando singularidades (fontes e vórtices) ao longo da

corda do perfil.

O desenvolvimento dos métodos de singularidades está estritamente ligado com o

crescimento das capacidades computacionais. Os primeiros métodos baseavam-se na

utilização de distribuições de vórtices e de fontes ao longo da linha média do perfil, como o

método proposto por Schlicting [21]. As cascatas de pás foram substituídas por distribuições de

singularidades que foram expandidas em série obtendo-se, no final, duas equações integrais.

Impondo que cada uma destas equações seja satisfeita em pontos discretos, pontos de

controlo, obtém-se um sistema de equações lineares.

Hess e Smith [22] desenvolveram um método que se diferenciava dos métodos

utilizados anteriormente pela discretização total da superfície em elementos (painéis) e pela

aplicação sobre estes de distribuições de singularidades (fontes, vórtices ou dipolos), cuja

intensidade era calculada em função das condições de impermeabilidade na fronteira e de

Page 21: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

8

Kutta no bordo de fuga. Nas primeiras aplicações do método, consideraram painéis rectilíneos

(em escoamentos bidimensionais), distribuições constantes de fontes e uma distribuição de

vórtices de intensidade constante no contorno do perfil.

Em [23] são deduzidas expressões analíticas para o cálculo bidimensional e

tridimensional do escoamento potencial através de cascata cónica de pás, usando distribuições

de singularidades do tipo fonte e vórtice. Na análise bidimensional é assumido que as

superfícies de corrente de revolução possuem uma forma cónica exacta, desde que a

intensidade das linhas de vórtice seja constante ao longo da envergadura da pá, e a

intensidade das fontes seja proporcional à distância ao eixo de revolução das mesmas

superfícies.

Para modelar o efeito da viscosidade no escoamento em torno do perfil, autores como

Hess [24] e Stevens [25] introduziram efeitos de camada limite. A evolução da camada limite

sobre o perfil é determinado através da distribuição de pressão calculada pelo escoamento

potencial invíscido, utilizando o método de painel bidimensional. A espessura de deslocamento,

δ*, pode ser adicionada a cada ponto de fronteira, alterando a forma do perfil e obtendo uma

nova geometria. Outra abordagem consiste na substituição da condição de fronteira de

velocidade normal nula por uma velocidade de transpiração vw, relacionada com a espessura

de deslocamento δ*.

1.7. Objectivos da tese

O principal objectivo deste trabalho consistiu no projecto das pás directrizes fixas para

uma turbina auto-rectificadora de acção para aproveitamento da energia das ondas. O método

de cálculo utilizado no projecto consiste num método de painel bidimensional, adaptado para

cascata cónica de pás. Foi construído um modelo experimental, à escala de 1:1.2, com o

objectivo de ser testado no Laboratório de Mecânica dos Fluidos, do Pavilhão de Mecânica IV,

do Instituto Superior Técnico. Com recurso a um software comercial de aquisição de dados

foram realizados ensaios experimentais de modo a determinar a validade do método de

projecto utilizado. Foram efectuados ensaios de atravessamento ao longo da direcção radial,

numa secção a jusante do primeiro estator, de modo a determinar as distribuições de ângulos

do escoamento e de pressão, assim como os perfis de velocidades, ao longo desta direcção.

Nos ensaios efectuados, para a nova instalação experimental, não foi utilizado rotor, sendo

analisada apenas a influência do primeiro estator sobre o escoamento.

Pretendeu-se ainda efectuar uma análise de Mecânica dos Fluidos Computacional

(MFC). Neste trabalho apresentam-se resultados para o escoamento tridimensional para o

caso invíscido e viscoso, que são comparados aos resultados obtidos do método de projecto e

experimentalmente.

Page 22: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

9

2. Descrição geral da turbina auto-rectificadora de acção

A turbina auto-rectificadora de acção tem sido objecto de extensa investigação ao

longo dos últimos anos. Das várias geometrias propostas para a turbina de acção, a mais

promissora revela ser a turbina de acção com pás directrizes fixas simétricas, de cada lado do

rotor. Esta turbina começou a ser desenvolvida em 1993, na Universidade de Saga, no Japão.

A partir dos primeiros estudos realizados, foi efectuada uma análise dimensional que

assume que as curvas características da turbina (rendimento, potência e quedas de pressão)

são função apenas do coeficiente de caudal, ø, definido da seguinte forma:

∅ =𝑄

𝜔𝐷3 (2. 1)

em que 𝑄 corresponde ao caudal volúmico, expresso em m

3/s, 𝜔 à velocidade de rotação da

turbina, em rad/s e D corresponde a um diâmetro de referência (em m), que geralmente é o

diâmetro exterior da turbina. Esta análise permite comparar o desempenho de diferentes

dimensões de turbinas, deste tipo, para várias condições de caudal e de velocidade de rotação

da turbina.

Uma vez que a turbina vai operar num ambiente onde as condições são irregulares ou

variáveis, como é o caso do ambiente marítimo, a turbina é projectada para funcionar numa

determinada gama de funcionamento, isto é, para um conjunto de valores de ø, e não apenas

para um único ponto. Deste modo, é quantificado o efeito de diferentes valores de velocidade

de rotação no rendimento e na potência ao veio, para uma gama de potência de entrada. Em

[14] verificou-se que o rendimento da turbina era elevado para uma gama lata de

funcionamento, utilizando uma razão de diâmetros de 0,6. Uma curva típica de rendimento

desta turbina é apresentada na figura 2.1. Em [27] considera-se que a razão de diâmetros

óptima é de 0,7, uma vez que uma razão de diâmetros inferior resultaria numa forma das pás

com maior torção, de modo a obter o mesmo ângulo de escoamento à saída do estator. A

turbina projectada em [1] possui uma razão de diâmetros de 0,68.

As características auto-rectificadoras permitem que esta turbina mantenha o sentido de

rotação, independente do sentido do escoamento, o que obriga a que a turbina seja projectada

de forma simétrica, em relação ao plano médio do rotor.

A turbina de acção é uma turbomáquina axial, que opera numa gama de velocidades

de rotação baixas (próximas das 1000 rpm, em geral), pelo que não se prevêem efeitos de

compressibilidade do escoamento sobre as pás.

Idealmente, uma turbina de acção define-se pelo facto de não possuir uma queda de

pressão no rotor. Na realidade existe uma ligeira queda de pressão, devido ao aumento de

entropia entre a entrada e a saída do rotor, em escoamento viscoso. Deste modo, o

funcionamento da turbina baseia-se no aproveitamento da energia cinética do escoamento.

Page 23: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

10

Numa turbina axial, por definição, a velocidade do escoamento possui duas

componentes principais: axial e tangencial, uma vez que a componente radial pode ser

considerada desprezável, pelo menos no espaço varrido pelas pás do rotor. A velocidade à

entrada tem apenas componente axial, que está directamente relacionada com o valor do

caudal. Deste modo, o estator tem a função de acelerar o escoamento, fornecendo uma

componente tangencial à velocidade do escoamento. A componente tangencial de energia

cinética pode ser fornecida ao rotor, que por sua vez converte-a em binário útil ao veio.

A maximização do rendimento da turbina, corresponde a retirar o máximo de

componente tangencial do escoamento, o que acontece quando a velocidade tangencial à

saída do rotor é nula, V3t =0. Esta é, geralmente, uma das condições utilizadas no projecto

unidimensional deste tipo de turbinas. O triângulo de velocidades típico para a linha média é

apresentado na figura 2.1. Outra condição imposta resulta do facto das pás do rotor serem

equiangulares, o que impõe que o ângulos do escoamento à entrada e à saída do rotor

(relativos ao seu movimento) sejam simétricos, isto é, β2 =- β3.

Figura 2.1 - Triângulo de velocidades típico da linha média do escoamento (sem 2º estator)

Em geral para este tipo de turbinas, utilizando como base as evoluções termodinâmicas

do escoamento, é definido em projecto o rendimento total-estático, uma vez que a energia

cinética do escoamento à saída não é aproveitada. Este rendimento é definido pela razão entre

a quantidade de energia por unidade de massa que o escoamento fornece ao rotor e o trabalho

útil máximo, que seria produzido se as evoluções ao longo da turbina fossem isentrópicas

(escoamento ideal, sem atrito). A figura 2.2 mostra uma curva típica de rendimento total-

estático de uma turbina de acção, e na figura 2.3 representam-se as evoluções termodinâmicas

do escoamento, através do primeiro estator e do rotor, através do diagrama de Mollier. O

rendimento total-estático da turbina auto-rectificadora de acção é definido então por:

ts

=h01-h03

h01-h3s

=Er

𝐸s' (2. 2)

Page 24: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

11

Figura 2.2- Rendimento total-estático obtido no projecto unidimensional em [27]

Figura 2.3 - Diagrama de Mollier da turbina de acção (sem 2ºestator)

No projecto anterior [27], o projecto unidimensional realizado previu um rendimento

global máximo de 71%, para a configuração normal (com os dois estatores). No âmbito deste

trabalho foram realizados ensaios ao modelo experimental do projecto anterior. Os resultados

destes ensaios encontram-se disponíveis no anexo 1. Estes resultados, assim como os

resultados de ensaios realizados anteriormente (em [28]) permitiram concluir que o rendimento

global máximo não ultrapassa os 25%. Foi demonstrado que a presença do segundo estator

introduz uma elevada perda de carga no escoamento, facto que impede a turbina de possuir

um rendimento superior.

Em ensaios efectuados sem a presença do segundo estator, ou com a colocação deste

estator alinhado com o escoamento à saída do rotor (pás em ‘bandeira’), obteve-se um

rendimento máximo de 66%. Constatou-se nestes ensaios que o motivo principal para a

elevada diferença entre o valor de projecto e o valor experimental reside na excessiva perda

Page 25: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

12

introduzida ao escoamento pelo primeiro estator, a qual não foi prevista pelos métodos de

projecto utilizados anteriormente. Embora não tenham sido estudadas em profundidade as

causas desta perda, presume-se que a elevada deflexão que o primeiro estator induz no

escoamento, que está associada à elevada curvatura das pás, induzem escoamentos

secundários muito fortes e eventualmente provocam separação da camada limite.

Page 26: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

13

3. Projecto do estator

3.1. Descrição geral do modelo experimental

No âmbito deste trabalho, pretendeu-se projectar um estator de pás directrizes fixas,

em forma de arco de circunferência, com raio de curvatura e espessura constantes. A opção

por este tipo de geometria prende-se essencialmente com os baixos custos associados à

elevada simplicidade na construção destas pás. Para a nova turbina, foi projectada ainda uma

conduta de geometria distinta à do modelo experimental do projecto anterior, a qual era

cilíndrica em toda a sua extensão. Neste projecto, optou-se por conceber uma conduta com

duas secções cónicas nas extremidades e uma secção cilíndrica existente na zona central. Ao

longo de toda a conduta, as superfícies do cubo e da caixa da turbina são paralelas entre si. A

figura 3.1 mostra a geometria e dimensões da conduta construída. No âmbito deste projecto,

está prevista ainda a construção de um rotor para o modelo experimental, no entanto o projecto

do mesmo ficou fora do âmbito do presente trabalho, pelo que as análises efectuadas

(numérica e experimental) para a nova turbina não contemplam a presença do rotor, no entanto

os resultados retirados deste trabalho irão contribuir no projecto do novo rotor.

A utilização de estatores com pás directrizes fixas afecta negativamente o rendimento

da turbina. Este facto poderia ser solucionado com a concepção de um sistema de orientação

das pás fixas do segundo estator consoante o sentido do escoamento, de modo a que estas

ficassem alinhadas com a direcção do escoamento à saída do rotor, semelhante ao

apresentado na figura 1.3b). Porém, a existência de tal sistema iria, provavelmente, diminuir a

fiabilidade da máquina e aumentar os custos relacionados com a construção e manutenção da

turbina, pelo que a ideia foi colocada de parte para este projecto.

As pás de ambos os estatores encontram-se nas regiões cónicas com 20o de

inclinação, enquanto o rotor será posicionado na zona cilíndrica da conduta. Entre a zona do

estator e o rotor, existe um troço de conduta cónica, com uma inclinação de 10º. O objectivo

desta zona intermédia é o de aumentar suavemente a área normal às paredes da conduta de

modo a evitar separação do escoamento a jusante do rotor, que entra em desaceleração.

Ao contrário do que se verifica nas turbinas convencionais, o estator situa-se a uma

distância considerável do rotor. Com esta configuração procura-se reduzir ao mínimo a energia

cinética à entrada do segundo estator através do aumento do raio médio do escoamento entre

a zona cilíndrica e a zona cónica da conduta, o que resulta numa redução da velocidade do

escoamento, quer da componente axial (por conservação de massa, devido ao aumento de

área), quer da componente tangencial (por conservação da quantidade de movimento angular,

proporcional a rVt).

Page 27: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

14

Figura 3.1 - Vista lateral da turbina representada em corte, com as dimensões do protótipo (em mm)

O modelo experimental foi construído à escala de 1:1.2, em relação às dimensões do

protótipo, apresentadas na figura anterior, com o objectivo de utilizar a conduta cilíndrica do

modelo experimental anterior para os ensaios do novo modelo, a qual possui 0,59m de

diâmetro exterior e 0,40m de diâmetro interior. Deste modo, foi necessário construir apenas os

troços cónicos da conduta para o modelo experimental.

O processo de fabrico das pás do estator é relativamente simples. De um modo básico,

uma chapa de aço, com uma espessura constante de 1,5 mm, foi cortada com as dimensões

necessárias de modo a possuir a distribuição de ângulos desejada (nos bordos de ataque e de

fuga) ao longo da envergadura da pá, tendo ainda em conta a curvatura das superfícies

cónicas que definem o cubo e a caixa da conduta da turbina, onde as pás, por sua vez, são

inseridas. O corte da chapa foi efectuado por laser, sendo esta posteriormente enrolada numa

calandra, em torno de um eixo com a direcção da envergadura, de modo a possuir o raio de

curvatura que é pré-definido. As pás de ambos os estatores foram soldadas nas regiões

cónicas da conduta com 20o de inclinação. As pás e a conduta são constituídas por aço-

carbono St37.2.

3.2. Condição de projecto

Por uma questão de conveniência optou-se, ao longo deste texto, por apresentar os

resultados referentes à zona cónica do estator num sistema de coordenadas obtido pela

rotação do sistema de eixos principal. Deste modo, representa-se r’ como sendo a direcção

paralela à envergadura da pá (perpendicular às superfícies do cubo e da caixa), e x’ como a

direcção meridional (paralela às superfícies do cubo e da caixa).

Estator Estator

Rotor

Page 28: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

15

Figura 3.2 - Representação dos sistemas de eixos

Deste modo,

𝑟 ′ = 𝑥𝑠𝑖𝑛 𝜃 + 𝑟𝑐𝑜𝑠 𝜃 (3. 1)

𝑥 ′ = 𝑥𝑐𝑜𝑠 𝜃 − 𝑟𝑠𝑖𝑛 𝜃 (3. 2)

onde 𝜃 corresponde ao ângulo de semi-abertura das superfícies cónicas (20o). Assim, os

resultados que são apresentados ao longo deste texto são referentes ao sistema de

coordenadas rodado, definido por (𝑟 ′, 𝑥 ′, 𝑡), onde o versor 𝑡 corresponde à direcção tangencial.

A condição de projecto utilizada consiste na redução da energia cinética do

escoamento à entrada do segundo estator, procurando, desta forma, diminuir as perdas neste

estator. Para tal efeito, procura-se obter uma distribuição de ângulos para o escoamento à

saída do primeiro estator (∝2) que minimize a relação entre a energia cinética disponível à

entrada do segundo estator e a potência extraída pelo rotor.

A distribuição ideal de ângulos ao longo da envergadura, ∝2 (𝑟′), foi determinada

através de um método axissimétrico que determina a curvatura das linhas de corrente do

escoamento, com base nas teorias de equilíbrio radial e do disco actuante [29]. Segundo este

modelo, as coroas de pás do estator e do rotor podem ser representadas por discos sem

espessura, através dos quais as propriedades do escoamento variam de modo descontínuo. As

variações circunferenciais do escoamento são desprezadas, sendo analisadas as variações

com as coordenadas axial e radial. É assumido ainda que o escoamento a montante do

primeiro estator não possui componente tangencial.

Figura 3.3 - Representação da distribuição de ângulos determinada pelo modelo da curvatura das linhas de corrente

Page 29: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

16

Deste modo, e após análise de diversas distribuições possíveis, chegou-se a uma

distribuição de ângulos do escoamento, à saída do estator, que é crescente ao longo da

envergadura. Ao longo deste texto, a coordenada da envergadura adimensionalizada será

representada por R*, definida da seguinte forma:

𝑅∗ =𝑟′ − 𝑟′ 𝑖𝑛𝑡

𝑟′ 𝑒𝑥𝑡 − 𝑟′𝑖𝑛𝑡

, 0 ≤ 𝑅∗ ≤ 1 (3. 3)

A tabela 3.1 mostra a distribuição de ângulos obtida para três secções de R* constante:

junto ao cubo (R* =0), junto à caixa (R* =1), e na secção intermédia, equidistante das duas

(R*=0,5).

R* ∝𝟐(

o)

0,0 58,0

0,5 60,0

1,0 62,0

Tabela 3.1 - Distribuição de ângulos à saída do estator, na zona cónica

No entanto, na zona do rotor, este modelo prevê que esta distribuição de ângulos seja

diferente, passando a ser decrescente com a envergadura:

R* ∝𝟐(o)

0,0 62,0

0,5 60,0

1,0 58,0

Tabela 3.2 - Distribuição de ângulos à saída do estator, na zona cilíndrica

Deste modo, o projecto do estator consiste em definir uma geometria para a pá, e o

número de pás necessárias que induzam no escoamento a deflexão pretendida. O número total

de pás do estator deverá ser o suficiente para garantir a deflexão pretendida ao escoamento,

de modo a que as pás não possuam uma curvatura muito acentuada, procurando minimizar,

assim, a eventualidade de ocorrer separação do escoamento na zona do bordo de fuga. Um

número excessivo de pás não só é prejudicial em termos de escoamento (uma vez que a perda

de carga em geral aumenta com o número de pás), como aumenta os custos de fabrico do

estator. Como restrição na escolha do número de pás, estabeleceu-se que este deveria ser um

número primo, de modo a reduzir a probabilidade da introdução de frequências na turbina que

causem ressonância [30]. Com base nestes pressupostos, e após a análise de diversas

configurações para a relação corda/passo, estipulou-se um número de 23 pás.

Para além do ângulo do escoamento à saída da coroa de pás fixas, outro parâmetro

relevante é o ângulo de incidência do escoamento sobre o estator, o qual depende,

essencialmente, do ângulo de ataque da pá. O controlo deste parâmetro pode ser efectuado

através da análise da evolução do coeficiente de pressão, Cp, nas zonas mais próximas do

Page 30: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

17

bordo de ataque (quer no intradorso, quer no extradorso). Deste modo, uma variação súbita do

valor de Cp junto ao bordo de ataque indicia a presença de um pico de sucção (elevada

aceleração do escoamento) nesta região, o que se traduz na existência de um elevado ângulo

de incidência do escoamento sobre a cascata, representando, desta forma, uma possível fonte

de perda por separação.

3.3. Método de cálculo do projecto

Em problemas práticos de turbomáquinas axiais, é frequente aproximar o escoamento

real tridimensional por um conjunto de escoamentos planos em cascatas de pás. Uma vez que

as paredes interior e exterior da turbina são superfícies cónicas coaxiais e paralelas, estes

escoamentos bidimensionais desenvolvem-se sobre superfícies cónicas paralelas de

coordenada de envergadura constante, que se admite serem superfícies de corrente que não

interferem entre si. Assim, a forma tridimensional da pá pode ser substituída por um conjunto

de perfis, em que cada perfil está contido numa superfície de corrente do escoamento, de

modo a reduzir o problema a uma análise bidimensional.

A análise bidimensional é feita através da planificação de cada superfície de corrente

cónica de modo a gerar uma superfície definida num plano xy, que resulta da intersecção de

uma coroa circular, cujos arcos correspondem às secções de entrada e de saída do domínio,

com o sector circular, com um ângulo de abertura correspondente a 2𝜋 sin 𝜃 (em radianos). O

sistema de eixos original, definido em coordenadas cilíndricas por (x’,t), para uma superfície de

envergadura r’ constante, é obtido através de uma rotação do sistema de eixos xy usado na

planificação do cone.

Figura 3.4 - Representação do domínio de cálculo bidimensional no método de painel

O método de cálculo utilizado neste projecto foi o método de painel bidimensional,

adaptado para o cálculo do escoamento potencial em cascata cónica de pás. O escoamento

irrotacional e incompressível em torno de um perfil obedece à equação de Laplace:

∇2∅ = 0 (3. 4)

x’

t

x

y

Page 31: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

18

onde ∅ é o potencial de velocidade. Cada perfil é discretizado por um conjunto de painéis

planos, que unem todos os pontos de fronteira do perfil. A solução para resolver o escoamento

em torno do perfil consiste na sobreposição do escoamento de aproximação uniforme com os

escoamentos induzidos por singularidades, do tipo fontes e vórtices, que são distribuídas sobre

cada painel, ao longo do perfil [22].

O método de painel consiste na resolução numérica da forma integral da equação de

Laplace, a qual, a partir da discretização do perfil em painéis, pode ser aproximada por um

sistema de equações algébricas.

As fontes representam o efeito da espessura do perfil. A intensidade da distribuição de

fontes é determinada pela condição de fronteira aplicada no ponto médio de cada painel, cujas

coordenadas são calculadas através da média aritmética das coordenadas dos pontos de

fronteira. Neste estudo, como o escoamento é potencial, a condição de impermeabilidade na

superfície, S, do perfil, aplicada em cada painel, implica que a componente da velocidade

normal ao painel seja nula:

𝜕∅

𝜕𝑛 𝑆

= 0 (3. 5)

As singularidades do tipo vórtice têm por objectivo gerar um escoamento circulatório

puro em torno do perfil, que por sua vez introduza a circulação, , necessária para satisfazer a

condição de Kutta, segundo a qual a velocidade no bordo de fuga do perfil tem de ser finita, e

no caso do escoamento bidimensional e invíscido terá de ser nula. Isto equivale a dizer que a

linha de corrente divisória do escoamento tem de estar alinhada com a bissectriz do bordo de

fuga do perfil.

Uma vez que é admitido que o escoamento é potencial em todo o domínio, o valor da

circulação da velocidade, , é o mesmo independentemente do contorno considerado. A

aplicação deste método pressupõe, portanto que a circulação é constante em torno de cada

perfil. Assim, e uma vez que o escoamento de aproximação à cascata é uniforme, com

componente tangencial nula, e as componentes da circulação sobre as superfícies laterais do

domínio (superfícies divisórias entre dois perfis) anulam-se mutuamente, a obtenção da

circulação resume-se ao cálculo da sua componente numa secção a jusante do bordo de fuga

do perfil. Para uma secção genérica suficientemente distante do bordo de fuga, de raio r, a uma

distância x’ do vértice do cone, tem-se:

= 𝑉 ∙ 𝑑𝑠𝑆

=2𝜋𝑟

𝑍𝑉2𝑡 =

2𝜋 sin𝜃

𝑍𝑥'𝑉2𝑡 (3. 6)

em que 𝜃 corresponde ao ângulo de semi-abertura do cone (20º) e Z ao número total de pás

(23). De notar que, a jusante das pás a quantidade 𝑟𝑉2𝑡 é invariável com a direcção meridional,

devido ao princípio de conservação da quantidade de movimento angular do escoamento.

Page 32: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

19

A utilização deste método pressupõe que os efeitos tridimensionais do escoamento

(isto é, na direcção perpendicular ao domínio de cálculo bidimensional) são considerados

desprezáveis, o que na realidade só acontece quando a distribuição de circulação é constante

ao longo da envergadura da pá, de modo a que não ocorra libertação de esteiras de vórtices

livres, que dão origem a uma componente radial de velocidade. No entanto, esta não é uma

das condições deste projecto, pelo que, previsivelmente, os resultados determinados por este

método não deverão corresponder exactamente aos resultados obtidos a partir de uma análise

numérica tridimensional e da análise experimental.

3.4. Definição da geometria da pá

Uma vez que os perfis que constituem a pá possuem a forma de um arco de

circunferência, a linha média de cada perfil fica completamente definida por três parâmetros: o

raio de curvatura da linha média da pá (Rpá), que se pretende que seja constante ao longo da

envergadura, o ângulo entre o ponto que define o bordo de ataque com a direcção axial (β1’) e

o ângulo entre o ponto que define o bordo de fuga com a direcção axial (β2’).

Figura 3.5 - Representação da linha média do perfil

Com base no que foi dito anteriormente, programou-se em MATLAB uma rotina que, a

partir dos dados de entrada (ângulos β1’ e β2’, e raio de curvatura da linha média Rpá), calcula

as coordenadas dos pontos que definem a forma da linha média de 15 perfis, sobre secções

planas, com um ângulo de inclinação de 20º em relação à direcção horizontal, que são

dispostas ao longo da direcção da envergadura. Os ângulos β1’ e β2’ são impostos apenas em

três secções: junto às superfícies do cubo (R*=0) e da caixa (R*=1) da turbina e na secção

intermédia entre estas (R*=0,5). Nos restantes perfis, os ângulos β1’ e β2’ são obtidos por

interpolação quadrática dos ângulos impostos nas três secções referidas. A sobreposição de

todos estes perfis resulta numa forma tridimensional para a pá.

Os perfis utilizados no cálculo pelo método de painel têm de estar contidos em

superfícies cónicas coincidentes com as linhas de corrente do escoamento meridiano. Entende-

se por escoamento meridiano o escoamento axissimétrico que se desenvolve paralelamente às

superfícies cónicas que constituem o cubo e a caixa da turbina. Deste modo, utilizam-se as

Page 33: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

20

coordenadas dos perfis iniciais para obter, por interpolação, as coordenadas dos perfis

coincidentes com as superfícies cónicas, dispostas entre as superfícies do cubo e da caixa.

Assim, os perfis utilizados correspondem a intersecções das superfícies de corrente cónicas

com a pá, considerando, para efeito de cálculo, que a componente normal da velocidade a

estas superfícies é desprezável.

Estes pontos obtidos a partir das intersecções são planificados sobre planos xy,

utilizando o procedimento explicado em 3.3, aplicando-se, de seguida, a espessura (e) a cada

perfil. Posteriormente, as coordenadas x e y de cada ponto são adimensionalizadas pela corda

(c) do perfil correspondente, após uma rotação do sistema de eixos, de modo a que um dos

eixos fique orientado com a direcção da corda. As coordenadas x/c e y/c de cada ponto no

novo sistema de eixos rodado são adimensionalizadas em termos percentuais da distância

entre os bordos de ataque e de fuga (isto é, da corda), em que (x/c, y/c)=(0,0) no bordo de

ataque e (x/c, y/c)=(100,0) no bordo de fuga.

Figura 3.6 - Representação de um dos perfis analisados no método de painel

A leitura das coordenadas dos pontos que definem o perfil é feita no sentido horário,

começando e terminando no bordo de fuga (sentido bordo de fuga - intradorso - bordo de

ataque - extradorso - bordo de fuga). Cada perfil é definido por uma distribuição de pontos não

uniforme, definida por uma função sinusoidal, de modo a que exista uma maior concentração

de pontos junto aos dois bordos, encontrando-se mais dispersos na região central do perfil.

A obtenção da geometria definitiva da pá resultou de um processo iterativo, onde a

alteração dos parâmetros geométricos que definem a forma dos perfis bidimensionais,

descritos anteriormente, foi efectuada de modo a que cada perfil produzisse a deflexão

especificada ao escoamento, e de modo a minimizar o pico de sucção junto ao bordo de

ataque.

A linha média de cada perfil consiste num arco de circunferência, de raio constante

para todos os perfis, aos quais se aplica uma espessura constante. A forma final da pá é obtida

a partir da sobreposição dos vários perfis coincidentes com as superfícies de corrente cónicas,

de modo a que os eixos de todos os perfis sejam coincidentes, definindo, desta forma, um eixo

-5

0

5

10

15

20

-10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

y/c

(%)

x/c (%)

Page 34: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

21

único para a pá. Este eixo forma um ângulo recto com as superfícies do cubo e da caixa da

turbina.

Uma vez que as pás são construídas a partir de uma chapa, os bordos de ataque e de

fuga são rectos. É necessário, portanto, modelar estas regiões, alterando a sua forma em

relação à forma real, de modo a obter-se resultados realistas num cálculo de escoamento

potencial. Assim, o bordo de ataque é substituído por um arco de circunferência, de diâmetro

igual à espessura dada ao perfil. O bordo de fuga, por sua vez, tem de ser modificado, de

modo a definir o valor da circulação imposta. Num perfil convencional, isto é, com o bordo de

fuga afilado, o sistema de equações é fechado através da aplicação da condição de Kutta, isto

é, igualando as velocidades nos dois painéis mais próximos do bordo de fuga (um no intradorso

e outro no extradorso).

Este problema pode ser tratado de várias formas. Neste estudo, optou-se por fazer

uma aproximação de escoamento viscoso. Deste modo, decidiu-se, para o cálculo

bidimensional, adicionar um bordo de fuga virtual ao perfil real. Pretende-se, com esta

geometria, representar uma região de possível separação do escoamento a jusante do bordo

de fuga real.

Deste modo, o perfil é fechado por duas curvas que ligam um ponto situado sobre a

bissectriz do bordo de fuga real e o primeiro ponto das curvas do intradorso e do extradorso,

como se pode observar na figura 3.7.

As duas curvas foram aproximadas por polinómios de 3º grau, sendo que cada uma é

discretizada por dez painéis. Arbitrou-se ainda um comprimento para a esteira equivalente a

duas vezes o valor da espessura do perfil. Desta forma, a condição de Kutta é aplicada aos

dois últimos painéis que formam o novo bordo de fuga. Na figura 3.8 é representada em

pormenor a distribuição dos painéis sobre o novo do bordo de fuga. Verificou-se, porém, que,

fazendo variar a localização do ponto comum aos últimos dois painéis, que a posição deste

ponto influencia fortemente o valor da circulação em torno do perfil, o que indica que a solução

do problema em análise é muito difícil ou mesmo impossível de obter, nomeadamente em

escoamento potencial. Deste modo optou-se por manter a posição do ponto comum aos

últimos dois painéis sobre a bissectriz do bordo de fuga real.

Figura 3.7 - Representação do bordo de fuga virtual dos perfis utilizados no método do painel

0

0.5

1

1.5

0 0.5 1 1.5

y/c (%)

x/c (%)

Bordo de fuga real

Bordo de fuga virtual

Page 35: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

22

Figura 3.8 - Pormenor da distribuição de painéis no bordo de fuga

Após análise de diversas configurações possíveis, chegou-se a uma forma final para a

geometria da pá. A pá obtida possui um raio de curvatura e espessura constantes (como se

pretendia inicialmente), com valores de 300mm (sobre a linha média) e 2mm respectivamente.

Em relação ao projecto anterior, estas pás possuem maiores dimensões e uma menor

curvatura. Espera-se, com isto, alcançar um desenho para as pás do estator que, aliado ao

efeito de redução de área ao longo da conduta cónica, permita obter a deflexão que se

pretende para o escoamento, e simultaneamente reduzir as perdas nos dois estatores.

Na tabela 3.3 é possível observar as características geométricas principais de 15 perfis,

equidistantes entre si, dispostos entre as superfícies do cubo e da caixa. Os valores de passo

(p) foram calculados com base no raio da secção de conduta que passa pelo centro geométrico

do arco de circunferência que define a linha média de cada perfil. Os valores de corda (c) e

passo correspondem aos valores do protótipo, e não do modelo experimental. A forma da pá

planificada, com o respectivo eixo, é apresentada na figura 3.9. As restantes características

apresentadas incluem a relação corda axial/passo (cax/p), a flecha relativa máxima do perfil

(fmax/c), o ângulo de calagem da cascata () e a espessura relativa de cada perfil (e/c).

R* c(mm) p(mm) c/p cax/p fmax/c(%) (o) β1’ β2’ e/c(%)

0 335,15 172,34 1,945 1,646 15,812 32,20 97,58 29,62 0,597

0,076 337,59 174,40 1,936 1,635 15,943 32,38 97,64 29,14 0,592

0,146 340,02 176,47 1,927 1,624 16,073 32,56 97,70 28,65 0,588

0,215 342,39 178,53 1,918 1,613 16,202 32,74 97,76 28,18 0,584

0,285 344,64 180,60 1,908 1,602 16,324 32,89 97,82 27,74 0,580

0,361 346,90 182,67 1,899 1,592 16,448 33,05 97,88 27,30 0,577

0,431 349,17 184,73 1,890 1,581 16,572 33,21 97,94 26,85 0,573

0,5 351,44 186,80 1,881 1,571 16,698 33,38 98,72 26,73 0,569

0,569 353,71 188,86 1,873 1,561 16,824 33,54 98,79 26,27 0,565

0,646 355,97 190,93 1,864 1,551 16,950 33,71 98,86 25,82 0,562

0,715 358,24 192,99 1,856 1,541 17,077 33,88 98,92 25,36 0,558

0,785 360,51 195,06 1,848 1,531 17,205 34,04 98,99 24,91 0,555

0,854 362,77 197,12 1,840 1,522 17,333 34,21 99,06 22,45 0,551

0,931 365,04 199,19 1,833 1,512 17,462 34,39 99,13 23,99 0,548

1,000 367,31 201,26 1,825 1,503 17,592 34,56 99,19 23,53 0,545

Tabela 3.3 - Características geométricas dos perfis analisados

Page 36: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

23

Figura 3.9 - Pá planificada, à escala do modelo (1:1.2)

a)

b) c)

Page 37: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

24

d)

Figura 3.10 - Representação da forma tridimensional da pá por sobreposição das linhas médias dos perfis:

a) perspectiva ; b) plano x-z; c) plano y-z; d) plano x-y

3.5. Resultados do método de projecto

A tabela 3.4 mostra os resultados mais relevantes obtidos através do cálculo efectuado

pelo método de painel, nomeadamente o valor da circulação em torno de cada perfil, obtido

através da integração da grandeza rVt em torno do perfil, o ângulo do escoamento a jusante do

perfil, ∝2, e o erro numérico relativo do processo de cálculo.

O ângulo do escoamento à saída é verificado numa secção suficientemente afastada

do bordo de fuga, onde o campo de velocidades (output no ficheiro de resultados) se apresente

uniforme, podendo ser calculado através da seguinte expressão:

∝2= 𝑡𝑎𝑛−1 𝑉2𝑡

𝑉2𝑥′

(3. 7)

em que 𝑉2𝑡 refere-se à componente tangencial da velocidade e 𝑉2𝑥′ corresponde à componente

da velocidade na direcção meridional.

A circulação imposta ao perfil, , é calculada com base na expressão apresentada

anteriormente. Os resultados apresentados vêm adimensionalizados da seguinte forma:

=𝑟𝑉2𝑡

𝑅1,𝑒𝑥𝑡 ∙ 𝑉𝑖𝑛 (3. 8)

O erro de cálculo apresentado resulta da diferença entre o binário determinado através

do somatório das momentos resultantes das distribuições de vórtices em torno do perfil

(BININT), e o binário obtido através do cálculo da quantidade de movimento angular do

escoamento, à saída do perfil (BINRVTE):

𝐸𝑟𝑒𝑙 % = 𝐵𝐼𝑁𝑅𝑉𝑇𝐸 − 𝐵𝐼𝑁𝐼𝑁𝑇

𝐵𝐼𝑁𝑅𝑉𝑇𝐸

× 100 (3. 9)

Page 38: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

25

R* (o) Erel(%)

0 2,004 58,10 1,953

0,076 2,056 58,41 1,938

0,146 2,113 58,73 1,910

0,215 2,169 59,02 1,885

0,285 2,225 59,29 1,859

0,361 2,282 59,57 1,833

0,431 2,341 59,85 1,805

0,5 2,399 60,12 1,782

0,569 2,464 60,40 1,747

0,646 2,528 60,68 1,712

0,715 2,594 60,97 1,685

0,785 2,661 61,25 1,650

0,854 2,731 61,53 1,604

0,931 2,803 61,81 1,562

1,000 2,869 62,10 1,528

Tabela 3.4 - Principais resultados obtidos pelo método de painel

Verifica-se que, devido ao facto de a distribuição de ângulos de projecto ser crescente

ao longo da envergadura, a distribuição de circulação é crescente ao longo desta direcção.

Este tipo de distribuição permite prever, pelo que foi dito em 3.3, a existência de efeitos

tridimensionais no escoamento.

Figura 3.11 - Distribuição de ângulos do escoamento ao longo da envergadura

Figura 3.12 - Distribuição de circulação ao longo da envergadura

57.0

58.0

59.0

60.0

61.0

62.0

63.0

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

(º)

R*

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

R*

Page 39: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

26

As figuras seguintes apresentam a distribuição do coeficiente de pressão, Cp, em torno

de alguns dos perfis apresentados nas tabelas 3.3 e 3.4. A definição genérica de Cp é dada

por:

𝐶𝑝 =𝑝 − 𝑝𝑟𝑒𝑓12𝜌𝑉𝑟𝑒𝑓

2 (3. 10)

em que p corresponde à pressão estática do escoamento num dado ponto, enquanto 𝑝𝑟𝑒𝑓 e

𝑉𝑟𝑒𝑓 correspondem, respectivamente aos valores de pressão e de velocidade de referência. Em

escoamento invíscido e incompressível, a aplicação do teorema de Bernoulli resulta na

expressão simplificada:

𝐶𝑝 = 1 − 𝑉

𝑉𝑟𝑒𝑓

2

(3. 11)

Nos resultados apresentados do método de painel, considera-se que as condições de

referência correspondem às condições na secção de entrada do domínio, com 𝑉𝑟𝑒𝑓 = 𝑉𝑖𝑛 .

Assim, as velocidades obtidas do processo de cálculo por este método são adimensionalizadas

pela velocidade na secção de entrada do domínio, 𝑉𝑖𝑛 .

a) b)

c) d)

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

0 25 50 75 100

Cp

x/c (%)

R*=0

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

0 25 50 75 100

Cp

x/c (%)

R*=0,146

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

0 25 50 75 100

Cp

x/c (%)

R*=0,285

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

0 25 50 75 100

Cp

x/c (%)

R*=0,5

Page 40: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

27

e) f)

g)

Figura 3.13 - Distribuição de Cp em torno dos perfis

a) b)

Figura 3.14 - Distribuição de Cp nos bordos do perfil: a) bordo de ataque; b) bordo de fuga

Verifica-se que as evoluções de Cp para os vários perfis analisados são semelhantes, o

que se justifica pelo facto dos perfis não serem muito diferentes entre si, conforme pode ser

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

0 25 50 75 100

Cp

x/c (%)

R*=0,715

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

0 25 50 75 100

Cp

x/c (%)

R*=0,854

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

0 20 40 60 80 100

Cp

x/c (%)

R*=1

-2.0

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

-0.2 1

Variação de Cp no bordo de ataque

y/c(%)

Cp intradorso

Cp extradorso-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

2.0

98 99 100

Variação de Cp no bordo de fuga

x/c (%)

x/c (%)

Page 41: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

28

visto na tabela 3.3. Verifica-se ainda que o pico de sucção surge junto ao bordo de fuga, do

lado do extradorso, sendo mais intenso nos perfis mais afastado da superfície do cubo. Como

referido anteriormente, o ângulo β1’ foi determinado de modo a minimizar o efeito de sucção

junto ao bordo de ataque do perfil, sendo que o ângulo óptimo foi encontrado quando os

valores mínimos de Cp no intradorso e no extradorso eram semelhantes, como se pode verificar

na figura 3.14a). A figura 3.14b) mostra a evolução de Cp na zona onde se simulou a presença

da esteira, no bordo de fuga, onde se verifica que os valores da pressão, no intradorso e

extradorso, tendem para o mesmo valor, no vértice do bordo de fuga virtual.

Page 42: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

29

4. Análise Experimental

Os ensaios experimentais efectuados no âmbito desta tese foram realizados no

Laboratório de Mecânica dos Fluidos, do Pavilhão de Mecânica IV. O principal objectivo

consistiu em determinar as propriedades do escoamento a jusante do primeiro estator, mais

precisamente na região cilíndrica da conduta da turbina, onde se pretende instalar o rotor. Para

tal, foram efectuados ensaios de atravessamento, utilizando uma sonda direccional de três

furos (ilustrada na figura 5.1), ao longo da direcção radial da turbina. A posição de referência

da sonda (isto é, com ângulo de desalinhamento, ’, nulo) é definida a partir da posição da

bolha de nível, situada no topo da haste. Esta sonda permite medir a pressão total do

escoamento, num dado ponto, e a partir de um processo iterativo (que será descrito mais à

frente) calcular o ângulo do escoamento com a direcção axial. Nestes ensaios foram

analisadas as distribuições de ângulos do escoamento e os perfis de velocidades, ao longo da

envergadura. Este tipo de sondas com três furos permite, dada uma posição fixa, medir apenas

as pressões num dado plano do escoamento. Deste modo, nos ensaios de atravessamento

realizados não foram mensuráveis a distribuição de pressões na direcção radial, pelo que a

análise posterior ficará afectada de algum erro (devido à existência de uma componente radial

da velocidade não nula), que no entanto se considera desprezável.

Figura 4.1 - Sonda direccional de três furos

Antes de efectuar esta análise, contudo, foi necessário efectuar ensaios de calibração

da sonda direccional. Nestes ensaios obteve-se uma relação para correcção do ângulo de

alinhamento da sonda com a direcção do escoamento, assim como correlações entre as

pressões total e dinâmica do escoamento, com as pressões medidas pela sonda.

Nos ensaios efectuados, as pressões são registadas por manómetros de pressão, em

mm de coluna de água. O processamento dos dados ao longo de cada ensaio é feito por um

Page 43: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

30

sistema de aquisição de dados, utilizando um módulo DAQ NI USB-6211 da National

Instruments, que faz a aquisição dos sinais em formato analógico dos instrumentos de medida

(nomeadamente os manómetros de pressão), convertendo-os posteriormente em sinais digitais

para serem interpretados pelo computador. Os dados são posteriormente adquiridos com

recurso ao software comercial de aquisição de dados LabVIEW 8.2.

Para os vários ensaios efectuados, foram utilizados programas criados para um

trabalho experimental anterior (ver [28]). Antes da realização dos mesmos, foi necessário

efectuar as calibrações dos vários instrumentos de medida nos programas antes da sua

execução. No caso dos manómetros de pressão, foi necessário introduzir, no programa, os

coeficientes de calibração correspondentes a cada manómetro, tendo em conta a escala que

está a ser utilizada (10% ou 100%). Os coeficientes de calibração relacionam o valor da

pressão lida do manómetro directamente com a tensão do sinal de saída. Os valores destes

coeficientes podem ser encontrados em [1]. É possível ainda alterar, em cada programa, os

valores da frequência de aquisição do sinal e o número de amostras retiradas em cada

aquisição.

4.1. Ensaio de calibração da sonda direccional

Este ensaio foi realizado no túnel aerodinâmico existente no piso 1 do Laboratório de

Mecânica dos Fluidos, o qual encontra-se acoplado a um ventilador. É possível variar o caudal

que passa pelo ventilador abrindo ou fechando manualmente a válvula de admissão de ar do

mesmo. Para além da sonda referida anteriormente, utilizou-se ainda um tubo de Pitot de modo

a registar a pressão total.

Nos ensaios realizados, foram utilizados cinco manómetros de pressão: três

manómetros para registar as pressões da sonda (um para cada furo), um manómetro para a

pressão do tubo de Pitot e um manómetro para fazer a diferença entre as pressões nos dois

furos laterais da sonda. À excepção deste último, uma das tomadas de pressão de cada um

dos restantes manómetros encontra-se aberta para a atmosfera. Deste modo, as pressões

registadas (quer pelos manómetros quer pelo programa de aquisição) são sempre relativas ao

valor da pressão atmosférica.

A sonda e o tubo de Pitot são colocados junto à secção de saída do túnel de vento,

onde se assume que o perfil de velocidades é uniforme e a pressão estática é igual à pressão

atmosférica. Desde modo, a pressão total medida pelo tubo de Pitot corresponde também à

pressão dinâmica do escoamento.

Assim, o objectivo deste ensaio consiste em encontrar uma relação entre a pressão do

tubo de Pitot com as pressões nos furos da sonda, de modo a que estas possam ser utilizadas

para determinar a pressão total e a pressão dinâmica do escoamento nos ensaios de

atravessamento da sonda na turbina.

O procedimento utilizado para a calibração foi baseado no realizado em [26], e consiste

em determinar os coeficientes relativos à correcção do ângulo, à pressão total (𝑝𝑡𝑜𝑡 ) e à

Page 44: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

31

pressão dinâmica (𝑝𝑑𝑖𝑛 ) do escoamento. Estes coeficientes são definidos, respectivamente,

por:

𝐶𝛼 =𝑝7 − 𝑝9

𝑝8 − 𝑝 7−9

(4. 1)

𝐶𝑡𝑜𝑡 =𝑝8 − 𝑝𝑡𝑜𝑡𝑝8 − 𝑝 7−9

(4. 2)

𝐶𝑑𝑖𝑛 =𝑝8 − 𝑝 7−9

𝑝𝑑𝑖𝑛 (4. 3)

onde

𝑝 7−9 =𝑝7 + 𝑝9

2 (4. 4)

Nos dois ensaios descritos em seguida foi utilizado o programa probe_calibration.vi.

4.1.1. Obtenção da relação entre os coeficientes (CCtot, Cdin ) e o ângulo de

desalinhamento da sonda

Ao longo deste ensaio, rodou-se manualmente a sonda, em torno da haste, com o

auxílio de um medidor de ângulos digital, para vários ângulos contidos no intervalo entre -10º a

10º, em que o sentido de rotação pode ser verificado a partir da regra da mão direita, com o

polegar a apontar para a bolha de nível quando o ângulo aumenta. Após alteração da posição

da sonda, era introduzido o valor do ângulo no programa, e posteriormente era feita a aquisição

de dados, registando-se os valores das pressões nos três furos da sonda e a pressão no tubo

de Pitot. O alinhamento da sonda com a direcção do escoamento corresponde ao ângulo para

o qual as pressões em 7 e 9 são idênticas. Nesta situação, o furo 8, por estar alinhado com a

direcção do escoamento, regista a pressão total do escoamento (sem a devida correcção),

enquanto os furos 7 e 9 irão medir uma pressão inferior (em termos absolutos), já que estes

furos registam apenas uma parte da pressão dinâmica do escoamento, por não estarem

alinhados com a direcção do mesmo.

De referir ainda que neste ensaio a válvula de admissão do ventilador encontrava-se

totalmente aberta.

4.1.2. Obtenção da relação entre os coeficientes (CCtot, Cdin ) e o Nº de

Reynolds

Após a obtenção do ângulo para o qual a sonda está alinhada com a direcção do

escoamento, fixou-se esta posição e foram feitas várias leituras pelo programa, onde se fez

variar o caudal no ventilador, fechando progressivamente a válvula de admissão de ar. A cada

nova posição da válvula, registaram-se os valores das pressões nos furos 7, 8 e 9 da sonda,

Page 45: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

32

assim como a pressão registada pelo tubo de Pitot. O objectivo foi verificar a influência do

número de Reynolds do escoamento, através da sonda, nos coeficientes adimensionais já

referidos.

4.2. Ensaios de atravessamento da sonda

Estes ensaios foram realizados na instalação experimental existente no piso 0 do

Laboratório de Mecânica dos Fluidos. Esta instalação é constituída, basicamente, pela turbina

(só com estator), câmara de pleno e ventilador. Com estes ensaios pretendeu-se determinar as

distribuições de pressão, velocidade e ângulos do escoamento, ao longo da coordenada radial.

Para tal, foram testados três caudais diferentes: Q=0,80m3/s, 1,75m

3/s e 3,0m

3/s. Uma vez que

os atravessamentos são efectuados a jusante do primeiro estator, a uma distância

relativamente grande das pás, é razoável assumir que o escoamento é já uniforme no troço

cilíndrico da conduta, onde a sonda é inserida. Por este motivo, foram feitos apenas dois

atravessamentos em posições diferentes na direcção tangencial. A distância entre estas duas

posições corresponde a metade do passo de uma pá, aproximadamente.

Nestes ensaios, foi utilizado um equipamento de controlo da posição radial e angular,

produzido pela Rotadata. O dispositivo onde a sonda foi montada possui dois graus de

liberdade: deslocamento transversal (na direcção da haste da sonda) e deslocamento angular

(em torno do eixo da haste). A posição da sonda (deslocamento e ângulo) pode ser

monitorizada e regulada através do controlador que está ligado ao dispositivo de

atravessamento. A posição da sonda, em cada instante, é transmitida ao computador por uma

interface que utiliza uma porta do tipo COM. Antes de cada ensaio, ajustou-se a posição da

sonda (centralizando a bolha) com o ângulo zero, lido do controlador do sistema de

atravessamento.

O programa utilizado nestes ensaios foi o 3hole_probe1.vi, o qual utiliza as subrotinas

zero_interp.vi, read_channels.vi e rad_dist.vi. Neste programa, introduz-se a posição inicial da

sonda e o número de pontos a varrer na direcção radial, o valor do ângulo inicial da sonda (A )

em relação à direcção axial e o respectivo incremento após a primeira iteração, os valores

extremos do ângulo de deslocamento da sonda, o número máximo de iterações para cada

ponto radial e o valor de tolerância para a diferença de pressões entre os furos 7 e 9 da sonda

(em Pa), para o qual assume-se que a sonda convergiu para a posição correcta (alinhada com

a direcção do escoamento). A distribuição de pontos obtidos na direcção radial, determinada na

subrotina rad_dist.vi, é dada por uma função sinusoidal, de modo a que sejam retirados mais

pontos junto às paredes (cubo e caixa), onde se esperam maiores variações nas propriedades

do escoamento.

A obtenção da direcção do escoamento é um processo iterativo, que pode ser

resumido nos seguintes passos:

1. A sonda coloca-se na posição inicial (A ), e é registada no programa a diferença de

pressões entre os furos 7 e 9 ( p =p7-p9);

Page 46: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

33

2. Conforme o incremento introduzido, a sonda roda para uma nova posição no sentido

de contrariar a diferença de pressões, Ap , registada na primeira iteração;

3. Após o posicionamento da sonda na nova posição (B ), é novamente registada o

valor de p correspondente;

4. A partir dos 2 pontos ( ),,( AAp ),( BBp ) determinados nas primeiras duas

iterações, a subrotina zero_interp.vi faz uma interpolação linear, de modo a

encontrar a nova posição (C ), calculada a partir da seguinte expressão:

A

BA

ABAC p

pp

)(

5. Caso o valor do novo ângulo seja superior ao valor máximo possível, ou inferior ao

mínimo, é atribuído a C o valor limite do extremo onde se encontra. Caso contrário

C será dado pela expressão anterior;

6. O programa regista os valores das pressões nos 3 furos da sonda, (enquanto esta se

encontra na posição C );

7. O programa verifica se o valor de p correspondente à posição C está dentro do

valor da tolerância estipulada. Caso isto se verifique, sai do ciclo, grava os dados em

memória num ficheiro e a sonda desloca-se para uma nova posição radial, onde

repete todos os passos descritos anteriormente. Caso contrário, o programa irá

calcular a nova posição para onde a sonda se deslocará utilizando a expressão

descrita em 4, onde utiliza os pontos calculados nas duas últimas iterações (neste

caso o novo ponto A passaria a ser o B da iteração anterior, e o novo ponto B

corresponderia ao ponto C determinado na iteração anterior);

8. Caso o ciclo atinja o número máximo de iterações estipulado, grava os valores

registados em memória num ficheiro (mesmo que a sonda não tenha convergido

para a posição correcta), e a sonda desloca-se para nova posição radial.

A jusante da turbina, o escoamento passa por uma câmara de pleno, e por uma tubeira

convergente calibrada, de modo a que a velocidade do escoamento nesta região seja o mais

uniforme possível, e sem possuir componente tangencial. As pressões no interior da câmara e

da tubeira são registadas, com o objectivo de calcular o caudal volúmico (em m3/s), que é dado

pela seguinte expressão:

𝑄 = 𝐴𝑡 2

𝜌𝑘∆𝑝𝑡 (4. 6)

onde At é a área da secção de saída da tubeira (em m

2), ρ é a massa volúmica do ar (a qual se

considerou ser uma constante igual a 1,225 kg/m3, uma vez que o escoamento é

(4. 5)

Page 47: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

34

incompressível), ∆𝑝𝑡 é a diferença entre as pressões na câmara de pleno e à saída da tubeira

em Pa e k é o coeficiente médio de descarga da tubeira, igual a 0,953.

Nestes ensaios foram utilizados cinco manómetros de pressão, três para registar as

pressões nos furos da sonda, um para medir a diferença de pressões entre os furos laterais e

um que regista a diferença de pressões entre a câmara de pleno e a tubeira, para efeito de

medição de caudal.

Page 48: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

35

5. Resultados Experimentais

5.1. Ensaio de calibração da sonda direccional

De seguida são apresentados os resultados do ensaio de calibração da sonda, em

função do ângulo de desalinhamento da mesma em relação à posição de referência, ’.

A figura 5.1 mostra o valor da velocidade do escoamento no túnel de vento para cada

um dos ângulos utilizados no ensaio, sendo que esta se manteve aproximadamente constante

ao longo do mesmo, como seria de esperar, uma vez que não se alterou a posição da válvula.

Esta velocidade foi calculada através da pressão total medida pelo tubo de Pitot, que neste

caso corresponde à pressão dinâmica do escoamento:

totdin

p

ppv

22

Para a gama de ângulos analisada (-10º a 10º) verifica-se que a relação entre a

diferença de pressões nos furos 7 e 9 da sonda com o ângulo de desalinhamento é

sensivelmente linear (figura 5.2). Verifica-se ainda que a pressão no furo 8 mantém-se

aproximadamente constante, com tendência a diminuir quando o ângulo de desalinhamento é

relativamente elevado. De referir que os resultados apresentados na figura 5.2 vêm

adimensionalizados pela pressão total medida pelo tubo de Pitot. Verifica-se que o ângulo para

o qual a sonda tem a direcção exacta do escoamento corresponde a -1,24º (obtido por

regressão linear aos pontos experimentais).

Figura 5.1 - Velocidade absoluta do escoamento durante o ensaio de calibração da sonda

18.775

18.8

18.825

-15 -10 -5 0 5 10 15

vp(m/s)

’ (º)

Velocidade absoluta do escoamento, vp

(5.1)

Page 49: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

36

Figura 5.2 - Pressões totais medidas pela sonda, em função de ’

Através das expressões apresentadas anteriormente calcularam-se os coeficientes de

calibração C, Ctot e Cdin. As evoluções destes parâmetros com o ângulo de desalinhamento da

sonda são representadas na figura 5.3. Sobrepôs-se uma curva de tendência à distribuição de

pontos de cada parâmetro, que no caso de Cé uma recta e no caso de Ctot e Cdin é um

polinómio de 2º grau. As equações que descrevem estas curvas, assim como os coeficientes

de aproximação das funções aos pontos, R2, são apresentados na tabela 5.1.

Figura 5.3 – Relação entre os coeficientes de calibração da sonda e o ângulo ’

Equação R2

C

0,0843’+0,1064

0,9997

Ctot

-0,0006’2-0,004’-0,0851

0,9952

Cdin

-0,0002’2-0,0006’+0,5604

0,9426

Tabela 5.1 - Equações das curvas de calibração

-0.6

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

-15 -10 -5 0 5 10 15

'(º)

1

2

3

4

-1

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

-15 -10 -5 0 5 10 15

'(º)

1

2

3

p7/ptot

p9/ptot

(p7-p9)/ptot

p8/ptot

C

Ctot

Cdin

Page 50: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

37

A figura 5.4 mostra os resultados obtidos para os coeficientes C, Ctot e Cdin na segunda

parte do ensaio de calibração, em função do número de Reynolds do escoamento através do

tubo de Pitot, o qual é definido como

Re =𝜌𝑣𝑝𝑑𝑝

𝜇 (5. 2)

onde 𝑑𝑝 corresponde ao diâmetro interior do tubo de Pitot (igual a 1mm), enquanto 𝜌 e 𝜇

correspondem à massa volúmica e à viscosidade dinâmica do ar, respectivamente. A posição

da sonda manteve-se constante ao longo do ensaio, tendo-se fixado o ângulo de

desalinhamento, em relação à posição de referência, em -1,2º, com o auxílio do medidor de

ângulos digital.

Para números de Reynolds superiores a 800 (que correspondem a velocidades do

escoamento iguais ou superiores a 12m/s) verifica-se que, os parâmetros C, Ctot e Cdin

mantêm-se aproximadamente constantes. Este resultado permite concluir que estes

coeficientes podem ser estimados, com elevada precisão, em função exclusivamente do ângulo

de desalinhamento ’ através das equações da tabela 5.1, nas regiões onde as velocidades

são mais elevadas. Para zonas onde o número de Reynolds é mais baixo, verifica-se, no

entanto, que os valores dos coeficientes de calibração têm uma variação assinalável com a

velocidade do escoamento. Isto poderá dever-se ao aumento da imprecisão relativa dos

instrumentos de medição quando as pressões médias do escoamento são menores. No

entanto, uma vez que não foi feita uma análise de incerteza dos resultados experimentais neste

trabalho, e dado que os valores de pressão obtidos nos ensaios de atravessamento foram

consideravelmente superiores aos obtidos no ensaio de calibração (para baixo número de

Reynolds), considerou-se que as expressões da tabela 5.1 são suficientemente precisas na

estimativa dos coeficientes de calibração nos ensaios de atravessamento da sonda.

Figura 5.4 - Variação dos coeficientes de calibração com o número de Reynolds

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Re

Influência do Nº de Reynolds nos coeficientes CCtot e Cdin

1

C0

Cq

C

Ctot

Cdin

Page 51: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

38

Nos ensaios de atravessamento Cé determinado a partir das pressões nos três furos

da sonda. A partir deste valor, utilizou-se a expressão que relaciona Ccom ’ (da tabela 5.1) e

resolveu-se em ordem ao ângulo de desalinhamento da sonda, que posteriormente foi somado

ao ângulo registado pelo programa no ensaio de atravessamentos, de modo a obter o ângulo

do escoamento corrigido. Sabendo o valor de ’, calculam-se os coeficientes Ctot e Cdin, e por

último as pressões total e dinâmica do escoamento, utilizando as expressões (4.2) e (4.3).

5.2. Ensaios de atravessamento da sonda

Neste sub-capítulo apresentam-se diversos resultados obtidos dos ensaios de

atravessamento da sonda a jusante do estator, em função da coordenada radial, entre as

superfícies do cubo (R2,int,m=0,2m) e a da tubeira (R2,ext,m=0,295m), do troço cilíndrico da

conduta do modelo experimental. Nos resultados apresentados a coordenada radial, no eixo

das abcissas, vem adimensionalizada da seguinte forma:

𝑅∗ =r − R2,int ,m

R2,ext ,m − R2,int ,m

, 0 ≤ 𝑅∗ ≤ 1 (5. 3)

onde o índice m é referente às dimensões do modelo experimental, que, como já foi referido,

são diferentes das do protótipo esquematizado na figura 3.1. Este índice será omitido durante o

resto deste capítulo.

Após o cálculo do ângulo corrigido, e da pressão dinâmica pdin do escoamento, em

cada ponto ao longo da secção onde são efectuados os varrimentos da sonda, através do

procedimento descrito anteriormente, a velocidade absoluta do escoamento, e respectivas

componentes, são calculadas através das seguintes expressões:

dinpV

22

)sin( 222 VV t

)cos( 222 VV a

A velocidade axial média do escoamento através da secção onde são efectuados os

atravessamentos, para cada valor de caudal (𝑄) testado, é definida por:

𝑉2𝑎 ,𝑚𝑒𝑑 =𝑄

𝐴2

=𝑄

𝜋 R2,ext2 − R2,int

2 (5. 7)

Os gráficos seguintes mostram os perfis de velocidade ao longo da direcção radial, dos

dois atravessamentos efectuados para cada valor de caudal. É possível verificar que as curvas

correspondentes aos dois atravessamentos estão aproximadamente sobrepostas, o que

permite concluir que o escoamento nesta região pode ser considerado axissimétrico, com boa

(5. 4)

(5. 5)

(5. 6)

Page 52: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

39

aproximação, confirmando a hipótese adiantada anteriormente. Existe um ligeiro afastamento

entre os valores dos dois atravessamentos na região próxima da caixa, o que poderá ficar a

dever-se ao efeito de sucção através do rasgo existente na superfície exterior da turbina, por

onde a sonda era inserida.

Figura 5.5 - Perfis de velocidade axial correspondentes aos 6 atravessamentos efectuados

Figura 5.6 - Perfis de velocidade tangencial correspondentes aos 6 atravessamentos efectuados

Os resultados apresentados de seguida correspondem, para cada valor de caudal, a

uma média dos valores obtidos nos dois atravessamentos.

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

30.0

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

V2

a(m

/s)

R*

Perfis de velocidade axial

Q=0,8 m3/s (1)

Q=0,8 m3/s (2)

Q=1,75 m3/s (1)

Q=1,75 m3/s (2)

Q=3,0 m3/s (1)

Q=3,0 m3/s (2)

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

30.0

35.0

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

V2

t(m

/s)

R*

Perfis de velocidade tangencial

Q=0,8 m3/s (1)

Q=0,8 m3/s (2)

Q=1,75 m3/s (1)

Q=1,75 m3/s (2)

Q=3,0 m3/s (1)

Q=3,0 m3/s (2)

Q=0,80m3/s (1)

Q=0,80m3/s (2)

Q=1,75m3/s (1)

Q=1,75m3/s (2)

Q=3,0m3/s (1)

Q=3,0m3/s (2)

Q=0,80m3/s (1)

Q=0,80m3/s (2)

Q=1,75m3/s (1)

Q=1,75m3/s (2)

Q=3,0m3/s (1)

Q=3,0m3/s (2)

Page 53: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

40

Figura 5.7 - Variação do ângulo do escoamento ao longo da direcção radial

Figura 5.8 - Perfis de velocidade axial adimensionalizada pela velocidade média axial do escoamento

Figura 5.9 - Perfis de velocidade tangencial adimensionalizada pela velocidade média axial do escoamento

30.0

35.0

40.0

45.0

50.0

55.0

60.0

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1R*

2

1

5

3

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1R*

V2a/V2a,med

1

4

3

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1R*

V2t/V2a,med

1

4

3

Q=0,80m3/s

Q=1,75m3/s

Q=3,0m3/s

Q=0,80m3/s

Q=1,75m3/s

Q=3,0m3/s

Q=0,80m3/s

Q=1,75m3/s

Q=3,0m3/s

Page 54: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

41

Figura 5.10 - Distribuição da quantidade de movimento angular ao longo da envergadura

É possível verificar na figura 5.7 que os ângulos do escoamento na zona do rotor são

menores relativamente à distribuição de ângulos de projecto, situando-se em média em torno

de 50º. Isto deve-se essencialmente aos efeitos tridimensionais e viscosos do escoamento real,

que não são previstos pelo método de projecto.

Na figura 5.10 apresenta-se a distribuição da quantidade de movimento angular do

escoamento, a qual é proporcional ao termo rV2t. A adimensionalização desta grandeza é feita

através da expressão

𝑟𝑉2𝑡 ∗ =

𝑟𝑉2𝑡

𝑅2,𝑒𝑥𝑡 ∙ 𝑉2𝑎 ,𝑚𝑒𝑑

(5. 8)

A evolução deste parâmetro é praticamente constante entre 20% a 80% da

envergadura, tendendo para zero nas proximidades das paredes, já que a velocidade do

escoamento também tende para zero nestas zonas. Este resultado permite concluir, para o

projecto das pás do rotor, que estas deverão ter uma distribuição de carga aproximadamente

uniforme em quase toda a direcção radial.

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1R*

(rV2t)*

1

4

3

Q=0,80m3/s

Q=1,75m3/s

Q=3,0m3/s

Page 55: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

42

6. Análise Numérica

6.1. Introdução à Mecânica dos Fluidos Computacional

A Mecânica dos Fluidos Computacional (MFC) consiste num conjunto de técnicas

utilizadas para resolver numericamente as equações de transporte de um fluido em movimento,

entre as quais se encontram as equações da continuidade, de quantidade de movimento e da

energia. A utilização da MFC surgiu com grande evidência a partir da década de 60, com o

aparecimento dos computadores, e, com a disponibilização de software comercial a partir da

década de 70, tornou-se numa componente fundamental em projecto, investigação e

construção de equipamento militar e aeroespacial. Hoje em dia a MFC tem uma vasta

utilização nas mais variadas áreas de investigação científica, desde o projecto dos mais

diversos produtos para uso industrial, até ao estudo de fenómenos geofísicos e climáticos, o

que é devido, sobretudo, aos grandes avanços que se têm verificado ao longo dos anos,

nomeadamente no aumento da capacidade de memória e de velocidade de processamento

dos computadores.

Durante muito tempo, o projecto de diversos equipamentos, sobretudo no que diz

respeito a dimensionar e a garantir um modo de operação económico e em condições de

segurança, tais como permutadores de calor, fornos, torres de arrefecimentos, motores de

combustão interna, turbinas e bombas hidráulicas, entre outros, dependiam fortemente de

informação empírica gerada através da realização de ensaios utilizando modelos

experimentais. O principal problema resultante da informação empírica é que, em geral, esta

apenas pode ser gerada para uma restrita gama de valores para uma determinada grandeza,

por exemplo, de velocidade do fluido, de temperaturas, de escalas de tempo ou de

comprimento.

Para além disto, os custos associados à construção de um modelo experimental podem

ser incomportáveis. Embora o investimento em software comercial de MFC seja elevado, o

facto é que normalmente não se aproxima do custo de uma instalação experimental de

qualidade. Existem ainda outras vantagens da MFC em relação à abordagem experimental,

entre as quais a redução substancial de tempo do projecto, a possibilidade de extrair uma

grande variedade de resultados e a capacidade de estudar sistemas de elevada complexidade

(de difícil ou impossível aproximação a modelos experimentais).

Os fenómenos relacionados com o escoamento de um fluido podem ser descritos por

equações diferenciais, que não possuem solução analítica (à excepção de alguns casos

particulares). Para obter uma solução numérica para o problema é necessário aplicar um

método de discretização que aproxima as equações diferenciais a um sistema de equações

algébricas que podem ser resolvidas por um computador. As equações que regem o

movimento do fluido são aplicadas a pequenas regiões no interior do domínio do cálculo, de

modo a que a solução numérica forneça resultados ao longo de todo o domínio.

Page 56: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

43

6.2. Descrição das simulações numéricas

O estudo numérico realizado consiste numa análise tridimensional, com recurso ao

código FLUENT 6.2, que utiliza uma técnica numérica denominada por Método dos Volumes

Finitos para resolver as equações que descrevem o escoamento. O domínio do problema é

subdividido num número finito de pequenos volumes de controlo, utilizando o gerador de malha

do GAMBIT (v.2.2.30).

O código FLUENT resolve a forma linearizada do sistema das equações de transporte

discretizadas, utilizando um algoritmo de resolução do tipo Gauss-Siedel, ponto-a-ponto, em

conjunto com um método algébrico de malha múltipla [31].

A metodologia utilizada na análise tridimensional pode ser resumida nos seguintes

passos:

Definição da geometria onde o problema é definido;

Criação da malha, isto é, divisão do domínio de cálculo num conjunto de pequenos

volumes de controlo;

Definição da modelação física do problema, que passa por definir as propriedades do

fluido utilizado, o algoritmo de cálculo que resolve o sistema de equações, o método de

discretização e o modelo de turbulência utilizado e respectivos parâmetros (no caso do

cálculo do escoamento viscoso)

Definição das condições de fronteira, o que corresponde a especificar as

características do escoamento nas superfícies que delimitam o domínio do problema;

Inicialização das variáveis e definição dos parâmetros de convergência da solução

Resolução numérica do sistema de equações

Análise da solução e pós-processamento dos dados

O modelo numérico utilizado no FLUENT para resolver o sistema de equações foi o

modelo segregado, que resolve as equações da continuidade, da quantidade de movimento e

da energia de uma forma sequencial. Este método possui vários algoritmos para resolver o

acoplamento entre a velocidade e a pressão, tendo-se optado por utilizar o algoritmo

SIMPLEC, já que segundo [31] este algoritmo é mais fiável na obtenção de convergência da

solução em relação ao algoritmo SIMPLE.

De referir que, em todas simulações efectuadas, trabalhou-se sempre com variáveis de

precisão simples, e foi utilizado o esquema de discretização de segunda ordem para todas as

variáveis. A pressão de referência, em todos os testes realizados, é definida na secção de

entrada, e corresponde à pressão atmosférica padrão, 101325 Pa. O fluido simulado é ar, com

massa volúmica e viscosidade constantes: 𝜌= 1,225 kg/m3 e 𝜇= 1,7894x10

-5 Pa.s.

Page 57: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

44

Nesta análise foram estudados e comparados os casos do escoamento invíscido e

viscoso, sendo utilizadas, para cada caso, malhas híbridas constituídas essencialmente por

elementos tetraédricos e prismas triangulares.

De referir ainda que, em todas as simulações efectuadas, foram impostas as seguintes

condições:

Escoamento em regime estacionário;

Escoamento incompressível em todo o domínio (ρ constante), uma vez que o número

de Mach (Ma) do escoamento é, supostamente, sempre inferior a 0,3 [1];

Escoamento à entrada do domínio tem apenas componente axial, isto é, a velocidade

do escoamento a montante do estator (numa secção suficientemente distante do bordo

de ataque) não possui componentes tangencial nem radial;

6.3. Descrição das equações de transporte

Nesta secção serão apresentadas as equações que regem os escoamentos analisados

neste estudo. Uma vez que, no estudo efectuado, não houve interesse em determinar o campo

de temperaturas, a equação da energia não foi resolvida durante as simulações realizadas.

Assim, para os escoamentos em análise, serão resolvidas as equações da continuidade e de

balanço de quantidade de movimento, que correspondem às equações de Euler, para

escoamento invíscido, e às equações de Navier-Stokes em valor médio, para escoamento

viscoso.

6.3.1. Escoamento invíscido

O escoamento diz-se invíscido quando a dissipação e os fenómenos de transporte

associados à viscosidade podem ser desprezados. A equação da continuidade (ou equação de

balanço de massa) num elemento infinitesimal tridimensional pode ser escrita como:

𝜕𝜌

𝜕𝑡+ ∇ ∙ 𝜌𝑉 = 0 (6. 1)

para escoamento incompressível, em regime estacionário, e considerando um referencial

cartesiano (x,y,z), a equação anterior surge na forma simplificada:

∇ ∙ 𝑉 = 0 𝜕𝑢

𝜕𝑥+𝜕𝑣

𝜕𝑦+𝜕𝑤

𝜕𝑧= 0 (6. 2)

em que u, v e w correspondem às componentes da velocidade segundo x, y e z,

respectivamente.

O balanço da quantidade de movimento a um fluido consiste na aplicação da 2ª lei de

Newton a um volume de controlo. É traduzido por um conjunto de três equações escalares

Page 58: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

45

(relativas às três direcções possíveis num referencial cartesiano (x, y, z)), que correspondem às

equações de Euler para escoamento invíscido. Para escoamento permanente, incompressível,

desprezando as forças gravíticas do próprio fluido e na ausência de outras forças exteriores, o

balanço de quantidade de movimento reduz-se à seguinte forma:

𝑉 ∙ ∇𝑉 +1

𝜌∇𝑝 = 0 𝑢𝑗

𝜕𝑢𝑖

𝜕𝑥𝑗+

1

𝜌

𝜕𝑝

𝜕𝑥𝑖= 0 (6. 3)

onde p corresponde à pressão estática do escoamento. Esta equação pode ser expandida nas

suas três componentes:

𝑥: 𝑢𝜕𝑢

𝜕𝑥+ 𝑣

𝜕𝑢

𝜕𝑦+ 𝑤

𝜕𝑢

𝜕𝑧+

1

𝜌

𝜕𝑝

𝜕𝑥= 0 (6. 4)

𝑦: 𝑢𝜕𝑣

𝜕𝑥+ 𝑣

𝜕𝑣

𝜕𝑦+ 𝑤

𝜕𝑣

𝜕𝑧+

1

𝜌

𝜕𝑝

𝜕𝑦= 0 (6. 5)

𝑧: 𝑢𝜕𝑤

𝜕𝑥+ 𝑣

𝜕𝑤

𝜕𝑦+ 𝑤

𝜕𝑤

𝜕𝑧+

1

𝜌

𝜕𝑝

𝜕𝑧= 0 (6. 6)

6.3.2. Escoamento viscoso

O escoamento viscoso turbulento incompressível é simulado no FLUENT através da

resolução das equações de Navier-Stokes para o campo médio (Reynolds-average Navier-

Stokes equations, RANS). Nas equações do campo médio, as variáveis são decompostas em

duas componentes, uma média e um termo de flutuação. Assim, para uma variável genérica, ,

tem-se:

∅ = ∅ + ∅′ (6. 7)

Usando esta decomposição, a equação da continuidade pode ser reescrita na seguinte

forma:

∇ ∙ 𝑉 = 0 𝜕𝑢

𝜕𝑥+𝜕𝑣

𝜕𝑦+𝜕𝑤

𝜕𝑧= 0 (6. 8)

Por sua vez, a equação de balanço de quantidade de movimento, para uma direcção

genérica 𝑥𝑖 , é dada por:

𝑢 𝑗𝜕𝑢 𝑖𝜕𝑥𝑗

+1

𝜌

𝜕𝑝

𝜕𝑥𝑖=

1

𝜌

𝜕

𝜕𝑥𝑗 𝜇

𝜕𝑢 𝑖𝜕𝑥𝑗

+𝜕𝑢 𝑗

𝜕𝑥𝑖−

2

3𝛿𝑖𝑗

𝜕𝑢 𝑖𝜕𝑥𝑖

+1

𝜌

𝜕𝑅𝑖𝑗

𝜕𝑥𝑗 (6. 9)

Page 59: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

46

Em relação à equação de Euler para o balanço de quantidade de movimento, surgem

dois novos termos no 2º membro da equação, que representam o efeito das tensões viscosas

no seio do fluido, onde 𝑅𝑖𝑗 corresponde ao tensor de Reynolds:

𝑅𝑖𝑗 = −𝜌𝑢𝑖′𝑢𝑗

′ (6. 10)

A hipótese de Boussinesq relaciona o tensor de Reynolds com a viscosidade

turbulenta, μT , e com a energia cinética turbulenta, k:

𝑅𝑖𝑗 = −𝜌𝑢𝑖′𝑢𝑗

′ = 𝜇𝑇 𝜕𝑢 𝑖𝜕𝑥𝑗

+𝜕𝑢 𝑗

𝜕𝑥𝑖 −

2

3 𝜌𝑘 + 𝜇𝑇

𝜕𝑢 𝑖𝜕𝑥𝑖

𝛿𝑖𝑗 (6. 11)

De modo a fechar o sistema de equações, é necessário incluir equações adicionais que

permitam determinar as incógnitas μT e k. Para tal, o FLUENT disponibiliza diversos modelos

de turbulência, de entre os quais se optou por escolher o modelo k-ε standard, de duas

equações. Nas zonas próximas das paredes este modelo não resolve a sub-camada laminar

(onde os valores do parâmetro de turbulência indicativo da espessura dos elementos de malha

adjacentes às superfícies sólidas, y+, devem ser

inferiores a 5), pelo que a espessura da

primeira camada de elementos dentro da camada limite deverá situar-se na região onde é

aplicada a lei logarítmica (onde tipicamente 30<y+<300). Deste modo, a malha não necessita

ser muito refinada nas zonas circundantes às paredes, o que permite reduzir os recursos

computacionais necessários, quer para a geração da malha quer para a realização do cálculo.

Este modelo semi-empírico é o mais simples dos modelos de turbulência a duas

equações, onde a solução das equações de transporte para a energia cinética turbulenta, k, e

correspondente taxa de dissipação, ε, permite que a velocidade turbulenta e a escala de

comprimentos sejam independentemente calculadas. A aplicação deste modelo assume que o

escoamento é completamente turbulento em todo o domínio e que os efeitos de viscosidade

molecular são desprezáveis face à difusão turbulenta.

As equações de transporte de k e ε para escoamento permanente e incompressível

são:

𝜌𝜕

𝜕𝑥𝑖 𝑘𝑢𝑖 =

𝜕

𝜕𝑥𝑗 𝜇 +

𝜇𝑡𝜍𝑘

𝜕𝑘

𝜕𝑥𝑗 + 𝐺𝑘 − 𝜌휀 (6. 12)

𝜌𝜕

𝜕𝑥𝑖 휀𝑢𝑖 =

𝜕

𝜕𝑥𝑗 𝜇 +

𝜇𝑡𝜍휀 𝜕휀

𝜕𝑥𝑗 + 𝐶1휀

𝑘𝐺𝑘 − 𝐶2휀 𝜌

휀2

𝑘 (6. 13)

A variável 𝐺𝑘 representa a geração de energia cinética turbulenta devido aos

gradientes da velocidade média, sendo definida por:

Page 60: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

47

𝐺𝑘 = −𝜌𝑢𝑖′𝑢𝑗

′ 𝜕𝑢𝑗

𝜕𝑥𝑖 (6. 14)

Para avaliar Gk de forma consistente com a hipótese de Boussinesq, é utilizada a

expressão:

𝐺𝑘 = 𝜇𝑡𝑆2 (6. 15)

Na equação anterior, S é o modulo da taxa de deformação, definido por:

𝑆 ≡ 2𝑆𝑖𝑗 𝑆𝑖𝑗 (6. 16)

em que o tensor de deformação, 𝑆𝑖𝑗 , é definido como:

𝑆𝑖𝑗 =1

2 𝜕𝑢 𝑖𝜕𝑥𝑗

+𝜕𝑢 𝑗

𝜕𝑥𝑖 (6. 17)

A viscosidade turbulenta relaciona-se com os valores de k e 휀 do seguinte modo:

𝜇𝑇 = 𝜌𝐶𝜇𝑘2

휀 (6. 18)

Os parâmetros 𝐶1휀 , 𝐶2휀 e 𝐶𝜇 são constantes do modelo de turbulência, enquanto 𝜍𝑘 e 𝜍휀

são os números de Prandtl para k e para 휀, respectivamente. Por defeito, os valores assumidos

para estas constantes são: 𝐶1휀 =1,44, 𝐶2휀 =1,92, 𝐶𝜇 =0,09, 𝜍𝑘 =1,0, 𝜍휀 =1,3.

Para os elementos que se encontram dentro da região da sub-camada linear, este

modelo de turbulência é combinado com uma função de parede. De entre as várias opções

disponíveis no código FLUENT, seleccionou-se a opção enhanced wall treatment. Esta opção

permite resolver as equações de transporte do escoamento nas zonas mais próximas das

paredes (y+<30), através de aplicação de funções de parede semi-empíricas.

6.4. Descrição do domínio e geração da malha

O domínio em estudo divide-se, essencialmente, em três regiões: a região de entrada,

com um comprimento correspondente a três vezes o valor da corda axial da pá

(aproximadamente), a zona da pá, e a região de saída, que se prolonga até à parte cilíndrica

do modelo da conduta.

A turbina modelada possui à entrada um difusor, com o objectivo de impor ao

escoamento a direcção pretendida na secção de entrada, que não foi modelada no GAMBIT.

Como alternativa, optou-se por colocar um prolongamento cilíndrico da conduta da turbina, a

Page 61: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

48

montante da zona cónica onde se encontra o estator. Pretende-se, com a colocação desta

região, posicionar a superfície de entrada do escoamento numa secção suficientemente

afastada da zona da pá, de modo a que o escoamento junto à pá não seja afectado pela

condição de fronteira imposta naquela superfície.

A zona do domínio onde se encontra a pá do estator foi criada utilizando a topologia

turbo do GAMBIT, descrita em [32] e [33]. As coordenadas da pá em três secções ao longo da

envergadura (junto ao cubo, junto à caixa e numa secção intermédia) são calculadas por uma

rotina programada em MATLAB, semelhante à descrita anteriormente, e posteriormente

escritas num ficheiro de extensão *.tur , o qual pode ser importado pelo GAMBIT. A única

diferença entre a forma dos perfis definidos para o GAMBIT, em relação aos perfis utilizados no

cálculo pelo método de painel reside na forma do bordo de fuga, que agora é arredondado.

A partir destas coordenadas, o GAMBIT gera a pá e uma região tridimensional em

torno desta, que representa o volume de controlo, delimitado pelas superfícies do cubo e da

caixa da turbina, por duas superfícies periódicas e pelas secções de entrada e de saída do

escoamento neste sub-domínio. Estas secções situam-se a uma distância de 100mm, na

direcção axial, dos bordos de ataque e de fuga da pá, respectivamente.

A região de saída consiste, basicamente, numa espiral que se desenvolve em torno do

eixo da turbina. Com esta espiral pretende-se representar, de modo aproximado, a trajectória

esperada das linhas de corrente do escoamento a jusante do estator, previsto pelo método de

projecto.

De referir que as dimensões do domínio de estudo correspondem às dimensões do

protótipo, apresentadas na figura 6.1.

Figura 6.1 - Representação do domínio de estudo no FLUENT

Em cada um dos estudos efectuados (escoamento invíscido e viscoso) foram geradas

cinco malhas híbridas. Estas malhas são constituídas essencialmente por prismas triangulares

e elementos tetraédricos, geradas a partir de malhas não estruturadas nas faces, existindo

apenas elementos hexaédricos em torno da pá, que definem a camada limite. De referir que,

para esta análise, tentou-se gerar malhas estruturadas, de modo a comparar os resultados

obtidos com as malhas híbridas. No entanto, devido à grande torção da zona a jusante do

bordo de fuga da pá, aliado a restrições impostas pelo gerador de malha do GAMBIT (na

Page 62: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

49

definição de faces periódicas, por exemplo), não foi possível uma criar uma malha estruturada,

em todo o domínio, com uma qualidade aceitável, em termos gerais. Foram criadas malhas que

consistiam numa combinação de elementos hexaédricos nas zonas de entrada e na zona da pá

com prismas triangulares na zona de saída do domínio, no entanto os resultados obtidos

através do cálculo realizado pelo FLUENT eram de pouca confiança, pelo que decidiu-se não

apresentá-los no presente trabalho.

As malhas geradas diferem, essencialmente, no número total de elementos que

compõem o domínio. Na tabela 6.1 é possível verificar o número de elementos utilizados em

cada malha, assim como a distribuição dos mesmos na direcção axial, radial, tangencial e em

torno da pá.

Como se pode verificar na figura 6.2, nas várias malhas geradas existe uma maior

concentração de elementos de malha nas regiões mais próximas do bordo de ataque e do

bordo de fuga da pá, uma vez que é nestas zonas que se esperam maiores variações das

variáveis que definem o escoamento, nomeadamente a velocidade e a pressão.

Malha

Total

Axial

Radial

Tangencial à entrada

Tangencial

à saída

H1

266090

359

20

30

24

200

H2

370964

422

23

44

28

248

H3

522331

480

27

50

30

268

H4

705292

509

28

55

36

364

H5

924494

608

30

60

40

400

Tabela 6.1 - Distribuição de elementos nas malhas utilizadas nas diferentes direcções

a)

Page 63: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

50

b) c)

Figura 6.2 - Representação das malhas geradas no GAMBIT: a) em torno da pá; b) junto ao bordo de ataque; c) junto ao bordo de fuga

As malhas utilizadas nos cálculos do escoamento invíscido e viscoso são semelhantes,

no número de elementos e na distribuição dos mesmos nas várias direcções, diferindo apenas

no refinamento necessário em torno da pá. Para a análise do escoamento viscoso, criou-se

uma malha do tipo camada limite em torno das faces que definem a forma da pá. Uma vez que

é utilizado o modelo k-ε para calcular os parâmetros de turbulência do escoamento, não é

necessário um refinamento muito grande da malha junto à pá, uma vez que a sub-camada

laminar não é resolvida. Tipicamente, a espessura da primeira camada de elementos deverá

ser tal que os valores de y+ se situem entre 30 e 300 [31].

Tendo isto em consideração, e após um cálculo preliminar, verificou-se que a primeira

camada de elementos (hexaédricos) em torno da pá deveria ter uma espessura mínima de

3mm. Nas superfícies do cubo e da caixa não foram geradas este tipo de elementos, mas

houve a atenção em garantir que o refinamento da malha na direcção radial garantisse a

condição referida anteriormente.

A qualidade das malhas utilizadas pode ser verificada a partir da análise dos

parâmetros de distorção dos elementos de malha. De entre os vários parâmetros disponíveis

no código GAMBIT para definir a qualidade dos elementos de malha, utilizou-se o ângulo de

distorção (Equiangle Skew), definido como:

𝑄𝐸𝐴𝑆 = 𝑚𝑎𝑥 𝜃𝑚𝑎𝑥 − 𝜃𝑒𝑞

180 − 𝜃𝑒𝑞,𝜃𝑒𝑞 − 𝜃𝑚𝑖𝑛

𝜃𝑒𝑞 (6. 19)

onde 𝜃𝑚𝑎𝑥 e 𝜃𝑚𝑖𝑛 são o ângulo máximo e mínimo, em graus, entre as arestas do elemento, e

𝜃𝑒𝑞 é o ângulo correspondente a um elemento equilateral de forma semelhante. Para elementos

tetraédricos, 𝜃𝑒𝑞= 60º, e para elementos hexaédricos, 𝜃𝑒𝑞= 90º. Quanto mais próximo de 0 for o

valor deste parâmetro, melhor a qualidade do elemento. Na tabela 6.2 é possível visualizar a

distribuição dos elementos pelas diversas gamas de qualidade.

Page 64: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

51

Malha

Ângulo de distorção

0-0,25

0,25-0,5

0,5-0,75

0,75-1

Pior Elemento

H1

65,89%

30,85%

3,18%

0,08%

0,873

H2

62,15%

33,97%

3,75%

0,09%

0,994

H3

60,44%

35,39%

4,05%

0,12%

0,896

H4

59,09%

36,76%

4,06%

0,10%

0,974

H5

61,85%

34,19%

3,87%

0,08%

0,987

Tabela 6.2 – Distribuição em termos percentuais de elementos nas malhas utilizadas, segundo o parâmetro de distorção

6.5. Condições de fronteira

As condições de fronteira especificam valores para determinadas variáveis nas

fronteiras do domínio. Neste estudo foram utilizadas quatro tipos de condição de fronteira:

entrada, saída, superfície periódica e superfície sólida.

6.5.1. Superfície de entrada

Na fronteira de entrada, optou-se por impor a velocidade do escoamento, definida no

código FLUENT como Velocity Inlet. Foi imposto ainda direcção axial ao escoamento através

desta superfície. Deste modo, o valor introduzido corresponde à velocidade axial média do

escoamento na secção de entrada, de modo a que o caudal calculado corresponda ao valor de

projecto. O caudal de projecto foi calculado a partir do ponto de funcionamento que maximiza o

rendimento da turbina, o qual depende apenas do valor do coeficiente de caudal, ∅:

∅ =𝑄

𝜔𝐷3 𝑄 = ∅ ∙ 𝜔𝐷3 (6. 20)

Na definição do parâmetro ∅, utilizou-se o diâmetro exterior da zona cilíndrica da

conduta – D=D2,ext =0,7m. Por sua vez, para a velocidade de rotação 𝜔 escolheu-se um valor

de 1000 rpm. Utilizando ∅=0,09 (ponto de rendimento máximo da turbina), obtém-se um caudal

de 3,2327m3/s. Dividindo este valor pela área de passagem da secção de entrada

(A1=0,5615m2), obteve-se a velocidade média do escoamento através desta secção:

𝑉𝑖𝑛 = 5,757 m/s

Page 65: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

52

Na superfície de entrada, para o caso do escoamento viscoso, são impostos ainda os

parâmetros de turbulência, nomeadamente a intensidade de turbulência (𝐼), e o diâmetro

hidráulico da secção (Dh).

A intensidade de turbulência, 𝐼, é definida como a razão entre uma média das

flutuações de velocidade, 𝑢’, e a velocidade média do escoamento num dado ponto, 𝑢𝑚𝑒𝑑 , e

pode ser utilizado para determinar a energia cinética turbulenta, k, através da seguinte

expressão:

𝑘 =3

2𝐼2𝑢𝑚𝑒𝑑

2 (6. 21)

Nas simulações efectuadas, utilizou-se 𝐼 =5%, conforme recomendado em [31].

O diâmetro hidráulico, para uma secção anular, corresponde à diferença entre os

diâmetros exterior e interior da mesma. Assim, para as dimensões do protótipo, tem-se

𝐷ℎ = 0,23976 m. O diâmetro hidráulico está relacionado com a escala de comprimento de

turbulência, 𝑙 [31]. A partir dos valores de 𝑙 e k é possível determinar a taxa de dissipação de

turbulência, ε , na secção de entrada:

ε = 𝐶𝜇3/4 𝑘

3/2

𝑙 (6. 22)

6.5.2. Superfície de saída

Na fronteira de saída do domínio utilizou-se a condição de saída livre, designada no

código FLUENT como Outflow, o que corresponde a efectuar uma extrapolação do valor das

variáveis de grau zero, a partir do interior do domínio, sem ser necessário impor, deste modo,

quaisquer valores às variáveis.

6.5.3. Superfícies periódicas

Uma vez que o escoamento em regime estacionário através da cascata de pás de uma

turbina é de natureza periódica, é apenas necessário estudar o comportamento do escoamento

em torno de uma pá. No código FLUENT, isto é alcançado através da definição de superfícies

periódicas, ou seja, superfícies com periodicidade rotacional localizadas entre duas pás do

estator. Assim, o FLUENT iguala as propriedades do escoamento numa célula de uma

superfície às propriedades da célula equivalente localizada na face periódica oposta. Para tal, é

necessário garantir que a malha gerada em duas superfícies periódicas opostas seja

exactamente igual. As interfaces entre as 3 regiões do domínio também são tratadas como

superfícies periódicas, embora a periodicidade neste caso seja do tipo translação.

Page 66: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

53

6.5.4. Superfícies sólidas

Correspondem às superfícies do intradorso e extradorso da pá, e às superfícies do

cubo e da caixa da turbina. Nestas superfícies, é imposta a condição de impermeabilidade. Nas

simulações com escoamento viscoso, foi especificada ainda a condição de não

escorregamento nestas superfícies.

Page 67: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

54

7. Resultados Numéricos

7.1. Convergência da solução

O critério de convergência estabelecido para os valores dos resíduos das equações foi

de 10-6

, quer para o cálculo viscoso, quer para o invíscido, em todas as simulações efectuadas.

No cálculo viscoso, o resíduo da continuidade (o mais elevado, em geral) estabilizou, em torno

de 1x10-5

, para todas as simulações realizadas, tendo sido necessário por vezes, sobretudo

para as malhas mais refinadas, baixar bastante os factores de sub-relaxação. Os valores

obtidos para os restantes resíduos foram, em geral, entre uma a duas ordens de grandeza

inferiores ao do resíduo da continuidade. Verificou-se que no cálculo invíscido a solução

convergiu mais rapidamente, e as iterações, em geral, demoravam menos tempo.

As figuras 7.1 e 7.2 mostram as evoluções dos resíduos durante o processo de cálculo

das malhas mais refinadas utilizadas:

Figura 7.1 - Evolução do resíduo durante o processo iterativo no cálculo do escoamento viscoso

Figura 7.2 - Evolução do resíduo durante o processo iterativo no cálculo do escoamento invíscido

Page 68: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

55

7.2. Análise de parâmetros integrais do escoamento

Nas tabelas seguintes são apresentados alguns parâmetros integrais relevantes,

obtidos para os casos em que foi obtida solução. Estes parâmetros correspondem a valores

médios de algumas das propriedades do escoamento obtidas nas secções de entrada e saída

do domínio de cálculo. Os parâmetros escolhidos nesta análise foram as pressões totais do

escoamento, nas secções de entrada e de saída do domínio (𝑝 𝑡𝑜𝑡 ,𝑖𝑛 e 𝑝 𝑡𝑜𝑡 ,𝑜𝑢𝑡 ) e o ângulo médio

do escoamento na secção de saída, ∝ 2.

Nas designações das malhas, surgem os índices V e I, referentes ao caso de estudo

(viscoso ou invíscido). Os valores de pressão indicados têm como referência uma pressão

estática de 0 Pa à entrada do domínio.

Malha

𝑝 𝑡𝑜𝑡 ,𝑖𝑛 (Pa)

𝑝 𝑡𝑜𝑡 ,𝑜𝑢𝑡 (Pa)

∝ 2 (º) Malha

𝑝 𝑡𝑜𝑡 ,𝑖𝑛 (Pa)

𝑝 𝑡𝑜𝑡 ,𝑜𝑢𝑡 (Pa)

∝ 2 (º)

V-H1

20,154

-73,639

54,093

I-H1

20,301

12.108

58,683

V-H2

19,955

-76,090

54,790

I-H2

20,295

11,816

59,089

V-H3

19,818

-77,099

54,858

I-H3

20,300

13,064

59,160

V-H4

19,781

-76,640

54,845

I-H4

20,317

13,953

59,174

V-H5

19,687

-76,415

54,832

I-H5

20,298

14,487

59,265

Tabela 7.1 - Valores dos parâmetros integrais nas fronteiras de entrada e saída do domínio, para cada malha

Comparando os resultados obtidos para o cálculo viscoso e invíscido, verifica-se que a

diferença entre as pressões totais à entrada e à saída do domínio é maior no caso do

escoamento viscoso, uma vez que neste caso as perdas do escoamento devido ao efeito do

atrito são contabilizadas, o que também pode justificar o menor ângulo médio do escoamento à

saída, em relação ao escoamento invíscido. Teoricamente, no caso do cálculo invíscido, a

pressão total média do escoamento à saída deveria ser igual à pressão total média à entrada, o

que não acontece presumivelmente devido a erro numérico do cálculo.

Os resultados apresentados nas próximas secções correspondem aos resultados

obtidos para as malhas mais refinadas, para as quais se obteve solução em cada um dos

casos de estudo.

Page 69: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

56

7.3. Verificação dos valores do parâmetro y+

De seguida apresentam-se os valores de y

+ junto às superfícies sólidas pertencentes

ao domínio em estudo, obtidos do cálculo viscoso. Como se pode verificar, para os dois tipos

de malha utilizados neste estudo, os valores de y+ situam-se dentro da gama pré-definida

(30<y+<300) na quase totalidade das superfícies da pá, do cubo e da caixa, sendo que, na sua

maioria, estes valores estão situados no intervalo 40< y+ <100, o que indica que o refinamento

da malha junto a estas superfícies é suficiente. Existem alguns elementos de malha para os

quais foram obtidos valores de y+ inferiores a 30, nomeadamente junto aos bordos de ataque e

de fuga da pá e nas superfícies do cubo e da caixa na zona cilíndrica de entrada, no entanto a

utilização das funções de parede permite estimar o campo de velocidades nas sub-camadas

viscosa e de transição. De notar que a espessura da primeira camada de elementos de malha

em torno da pá foi mantida constante, para todas as malhas utilizadas no cálculo viscoso, de

modo a que a primeira camada de elementos se situasse no interior da região de aplicação da

lei logarítmica (escoamento completamente turbulento). Por sua vez, nas superfícies da caixa e

do cubo, a espessura da primeira camada de elementos varia consoante o refinamento da

malha na direcção radial.

Figura 7.3 - Valores de y

+ obtidos sobre a superfície da pá

Figura 7.4 - Valores de y

+ obtidos sobre as superfícies do cubo e da caixa

y+

x (m)

y+

x (m)

Page 70: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

57

7.4. Comparação entre os resultados do cálculo tridimensional e do

método de projecto

De modo a confirmar a validade do método utilizado para o projecto da pá, decidiu-se

comparar alguns resultados do método de painel com os valores obtidos através do cálculo

realizado no código FLUENT (dos escoamentos invíscido e viscoso), incluindo as curvas de Cp

para várias secções ao longo da envergadura da pá e os perfis de velocidade em várias

secções transversais às paredes da turbina, a jusante do bordo de fuga. Foram seleccionadas,

para tal efeito, secções de coordenada meridional e de envergadura constantes, e equivalentes

às utilizadas no cálculo realizado pelo método de painel.

As figuras 7.5 a 7.7 apresentam a distribuição de Cp em 3 secções de envergadura

constante, nomeadamente junto ao cubo, a meio da envergadura e junto à caixa, onde se

comparam as evoluções obtidas pelo método de painel com as curvas obtidas pelo FLUENT,

através do cálculo do escoamento viscoso. Verifica-se que a distribuição de Cp obtida pelo

FLUENT possui uma forma próxima da curva obtida pelo método de painel, sobretudo na

secção intermédia (R*=0,5). Junto ao bordo de ataque o valor de Cp tende para 1 (ponto de

estagnação), o que não se verifica no caso do cálculo viscoso. Tal poderá estar relacionado

com o facto de ter sido utilizada, em todas as simulações realizadas, a opção de resolver as

equações no centro dos elementos da malha (Cell based), no código FLUENT, ao invés de nos

nós. A diferença entre as evoluções das curvas de Cp no bordo de fuga, entre o cálculo pelo

método de painel e o FLUENT, deve se ao facto da geometria definida para esta zona ser

diferente, já que, como referido anteriormente, no primeiro caso simulou-se a presença de uma

esteira nesta região, enquanto na análise tridimensional efectuada o bordo de fuga possui uma

forma arredondada.

As figuras 7.8 a 7.11 apresentam as distribuições do ângulo do escoamento e os perfis

de velocidades para os dois casos de estudo analisados, em secções perpendiculares às

paredes da conduta. Consideraram-se duas secções de coordenada meridional (x’) constante

no interior da zona cónica da conduta, a jusante do estator. A distância das secções

consideradas ao bordo de fuga da pá vem adimensionalizada pelo valor da corda junto ao

cubo. Na definição de Cp (ver equação 3.8), no FLUENT, utilizou-se como condições de

referência, à semelhança do método de painel, a pressão estática e a velocidade do

escoamento na secção de entrada:

pref =0 Pa

Vref=Vin=5,757m/s

A adimensionalização das velocidades é feita também, pela velocidade na secção de

entrada do domínio, Vin,. Apresenta-se ainda, na figura 7.12, a evolução para a quantidade de

movimento angular, que é proporcional à quantidade rV2t. Este parâmetro é apresentado na

forma adimensionalizada do seguinte modo:

Page 71: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

58

𝑟𝑉2𝑡 ∗ =

𝑟𝑉2𝑡

𝑅1,𝑒𝑥𝑡 ∙ 𝑉𝑖𝑛 (7. 1)

Figura 7.5 - Distribuição de Cp na secção junto ao cubo

Figura 7.6 - Distribuição de Cp na secção de envergadura intermédia

Figura 7.7 - Distribuição de Cp na secção junto à caixa

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

0 20 40 60 80 100

Cp

x/c (%)

R*=0

Método de painel

FLUENT-viscoso

FLUENT-invíscido

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

0 20 40 60 80 100

Cp

x/c (%)

R*=0,5

Método de painel

FLUENT-viscoso

FLUENT-inviscido

-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

0 20 40 60 80 100

Cp

x/c (%)

R*=1

Método de painel

FLUENT-viscoso

FLUENT-inviscido

Page 72: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

59

a) b)

Figura 7.8 - Ângulo do escoamento na zona cónica, a jusante do estator

a) b)

Figura 7.9 - Perfil de velocidades meridional na zona cónica, a jusante do estator

a) b)

Figura 7.10 - Perfil de velocidades tangencial na zona cónica, a jusante do estator

50.0

52.0

54.0

56.0

58.0

60.0

62.0

64.0

0 0.25 0.5 0.75 1

(º)

R*

x'/c=1,6

Método de painel

FLUENT -viscoso

FLUENT -inviscido

50.0

52.0

54.0

56.0

58.0

60.0

62.0

64.0

0 0.25 0.5 0.75 1

2(º)

R*

x'/c=1,73

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

0 0.25 0.5 0.75 1

V2x'/Vin

R*

x'/c=1,6

Método de painel

FLUENT -viscoso

FLUENT -inviscido

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

0 0.25 0.5 0.75 1

V2x'/Vin

R*

x'/c=1,73

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

0 0.25 0.5 0.75 1

V2t/Vin

R*

x'/c=1,6

Método de painel

FLUENT -viscoso

FLUENT -inviscido

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

0 0.25 0.5 0.75 1

V2t/Vin

R*

x'/c=1,73

Page 73: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

60

a) b)

Figura 7.11 - Perfil de velocidades na direcção da envergadura na zona cónica, a jusante do estator

a) b)

Figura 7.12 - Distribuição da quantidade de movimento angular do escoamento, a jusante do estator

As diferenças entre as curvas de Cp obtidas pelo FLUENT e pelo método de painel são

maiores nas secções junto ao cubo e à caixa (sobretudo junto ao bordo de fuga, onde as

velocidades são maiores), e justificam-se pelo facto de as velocidades obtidas em torno destes

perfis serem muito diferentes, num e noutro caso, enquanto na secção intermédia as curvas de

Cp são quase sobrepostas, pelo facto de as velocidades determinadas pelo FLUENT e no

método de painel, na zona intermédia de envergadura, serem muito próximas. Relativamente

às curvas obtidas do FLUENT, para o caso viscoso e invíscido, verifica-se que são quase

idênticas.

Verifica-se que o cálculo invíscido realizado no FLUENT prevê, com boa aproximação,

a distribuição de ângulos de projecto do escoamento, com uma diferença máxima de

aproximadamente 2º em relação ao cálculo pelo método de painel nas duas secções

analisadas. A diferença entre a evolução do ângulo nas duas secções, para o caso do cálculo

viscoso, poderá dever-se ao facto de, neste caso, o escoamento não ser uniforme quando

passa pela primeira secção. Os perfis de velocidades dos dois casos estudados no FLUENT

são similares, apesar de, no caso do cálculo viscoso, a componente tangencial ser inferior,

-0.5

-0.3

-0.1

0.1

0.3

0.5

0 0.25 0.5 0.75 1

V2r'/Vin

R*

x'/c=1,6

FLUENT -viscoso

FLUENT -inviscido

-0.5

-0.3

-0.1

0.1

0.3

0.5

0 0.25 0.5 0.75 1

V2r'/Vin

R*

x'/c=1,73

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

0 0.25 0.5 0.75 1

(rV2t)*

R*

x'/c=1,6

Método de painel

FLUENT -viscoso

FLUENT -inviscido

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

0 0.25 0.5 0.75 1

(rV2t)*

R*

x'/c=1,73

Page 74: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

61

devido às perdas inerentes deste tipo de escoamento. Os perfis de velocidade referentes ao

cálculo pelo método de painel têm uma evolução diferente em relação às distribuições

determinadas do FLUENT, uma vez que, no caso do método de painel, os perfis de

velocidades (axial e tangencial) são determinados com base numa distribuição de rV2t

constante ao longo da direcção radial, o que implica velocidade axial constante nesta direcção,

segundo a teoria de equilíbrio radial. No entanto, é visível na figura 7.12 que esta condição não

se verifica. Entre as duas secções consideradas, verifica-se que a distribuição de rV2t

praticamente não sofre variação, devido à conservação da quantidade de movimento angular.

É possível verificar ainda, na figura 7.11 a existência de uma componente da

velocidade do escoamento perpendicular à direcção meridional, que no entanto é muito inferior

às componentes meridional e tangencial.

7.5. Verificação de efeitos tridimensionais no escoamento

As figuras seguintes mostram as distribuições de pressão em torno da pá, para o

cálculo viscoso (figura 7.13) e invíscido (figura 7.14). É possível verificar que a queda de

pressão é muito superior do lado do extradorso da pá, confirmando as evoluções de Cp obtidas

a partir do cálculo pelo método de painel. No entanto, ao contrário do que se verificou no

método de painel, o pico de sucção é maior nos perfis mais próximos da superfície do cubo. É

visível ainda a existência de uma região junto ao bordo de fuga, do lado do extradorso, onde

existe um intenso gradiente de pressão adverso, sendo possível, portanto, a ocorrência de

separação da camada limite nesta região, no caso do escoamento viscoso.

a) b)

Figura 7.13 - Distribuição de Cp em torno da pá no caso viscoso: a) extradorso; b) intradorso

Page 75: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

62

a) b)

Figura 7.14 - Distribuição de Cp em torno da pá no caso invíscido: a) extradorso; b) intradorso

A figura 7.15 mostra a distribuição de pressão total em torno da pá, em escoamento

viscoso, que permite dar uma ideia das perdas do escoamento por atrito resultante do contacto

entre as pás e o fluido. Esta distribuição é apresentada sob a forma adimensionalizada, através

do coeficente de pressão total C0, definido da seguinte forma:

𝐶0 =𝑝𝑡𝑜𝑡 − 𝑝𝑡𝑜𝑡 ,𝑟𝑒𝑓

12𝜌𝑉𝑟𝑒𝑓

2 (7. 2)

onde, novamente, as condições de referência referem-se à secção de entrada. Uma vez que a

pressão estática (de referência) à entrada é de 0 Pa, a pressão total nesta secção será igual à

pressão dinâmica =1

2𝜌𝑉𝑟𝑒𝑓

2 .

Nas figura 7.16 é possível verificar a existência de uma componente da velocidade com

a direcção da envergadura, não nula, nomeadamente na região mais próxima do bordo de fuga

da pá.

a) b)

Figure 7.15 - Distribuição de C0 em torno da pá no caso viscoso: a) extradorso; b) intradorso

Page 76: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

63

a) b)

Figura 7.16 - Componente da velocidade na direcção da envergadura junto à pá: a) extradorso; b) intradorso

7.6. Comparação com os resultados experimentais

Nesta secção são comparados os resultados obtidos da análise tridimensional

realizada no FLUENT com os resultados experimentais do ensaio de atravessamento na

secção da zona cilíndrica da conduta, nomeadamente a distribuição de ângulos, os perfis de

velocidade e o parâmetro rV2t. Para tal, foram retirados valores numa secção de coordenada

axial constante da zona cilíndrica do domínio, no FLUENT, equivalente à secção utilizada nos

ensaios de atravessamento.

É calculado ainda um coeficiente de perdas, com base no integral da queda de pressão

total do escoamento na secção analisada. De referir que, nesta secção, é utilizada a velocidade

axial média do escoamento na zona do rotor nas adimensionalizações dos resultados do

FLUENT, calculado com base na expressão (5.7) (utilizando as dimensões do protótipo) de

modo a comparar os resultados obtidos com os valores experimentais. As curvas

experimentais, nas figuras que se seguem, correspondem a uma média dos ensaios obtidos

para os três caudais testados.

Figura 7.17 - Variação do ângulo do escoamento ao longo da direcção radial

45.0

48.0

51.0

54.0

57.0

60.0

63.0

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

2(º)

R*

FLUENT -viscoso

FLUENT -inviscido

Experimental

Projecto

Page 77: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

64

Figura 7.18 - Perfis da componente axial da velocidade

Figura 7.19 - Perfis da componente tangencial da velocidade

Figura 7.20 - Distribuição da quantidade de movimento angular na direcção radial

Os resultados obtidos do cálculo numérico apresentam algumas diferenças em relação

ao valor experimental, sobretudo na variação do ângulo do escoamento com a direcção radial.

Em nenhum dos cálculos realizados foi prevista a evolução que se verificou no ângulo a partir

de cerca de 30% da envergadura (figura 7.17), tendo-se obtido uma diferença máxima de 8º

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

V2a /V2a,med

R*

FLUENT -viscoso

FLUENT -inviscido

Experimental

0.40.60.81.01.21.41.61.82.02.22.4

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

V2t /V2a,med

R*

FLUENT -viscoso

FLUENT -inviscido

Experimental

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

(rV2t)*

R*

FLUENT -viscoso

FLUENT -inviscido

Experimental

Page 78: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

65

(aproximadamente) entre os valores experimentais e o valor obtido do cálculo numérico para o

escoamento viscoso. Em relação à distribuição de projecto, esta diferença ainda é mais

acentuada. Verifica-se que até cerca de 20% da envergadura o cálculo numérico prevê, com

razoável aproximação, as evoluções dos perfis de velocidades, e a distribuição da quantidade

de movimento angular, sendo notória, no resultado experimental, que o escoamento possui

uma maior aceleração, na direcção axial, junto ao cubo, relativamente ao previsto no

escoamento viscoso modelado no FLUENT, o que indica que os efeitos de viscosidade são

mais intensos no escoamento real. Relativamente à distribuição de rV2t, verifica-se que a curva

obtida pelo FLUENT, para escoamento viscoso, aumenta ligeiramente ao longo da

envergadura, enquanto a curva experimental tem uma evolução praticamente constante ao

longo da direcção radial. De notar ainda que os perfis de velocidade referentes ao cálculo

invíscido, em geral, possuem uma evolução semelhante às curvas obtidas dos ensaios

experimentais, embora os valores sejam naturalmente diferentes.

De modo a estimar e a comparar os efeitos de viscosidade entre o escoamento real e o

modelado no FLUENT, foi determinado um coeficiente de perdas, adimensional, assumindo

que o escoamento é axissimétrico, através da seguinte expressão:

𝜉 =2𝜋 𝑉2𝑎𝑟 𝑝𝑡𝑜𝑡 ,1 − 𝑝𝑡𝑜𝑡 ,2 𝑑𝑟

12𝜌𝑉2𝑎 ,𝑚𝑒𝑑

2 × 𝑄 (7. 3)

em que 𝑝𝑡𝑜𝑡 ,1 corresponde à pressão de referência, na secção de entrada, e 𝑝𝑡𝑜𝑡 ,2 à pressão

total na secção analisada. Este cálculo permitirá verificar se o modelo de turbulência utilizado

na simulação do escoamento viscoso efectuada no FLUENT prevê, com boa aproximação, as

perdas por dissipação viscosa no escoamento real. Os resultados obtidos para os três caudais

testados no modelo experimental e no cálculo numérico podem ser visualizados na tabela:

Resultado 𝑸(m3/s) 𝝃

Experimental 0,80 0,545

Experimental 1,75 0,483

Experimental 3,0 0,484

FLUENT 3,2327 0,409

Tabela 7.2 – Coeficientes de perdas obtidos a partir dos resultados experimentais e numéricos

Page 79: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

66

8. Conclusões

No presente trabalho pretendeu-se efectuar o projecto aerodinâmico das pás do estator

de uma turbina auto-rectificadora de acção, cujo objectivo foi o de obter uma geometria para a

pá que proporcionasse a deflexão pretendida ao escoamento. O método de cálculo utilizado

consiste num método de painel bidimensional, adaptado para o cálculo do escoamento

potencial e invíscido em cascata cónica de pás. Com base na geometria obtida, foi construído

um modelo experimental, que foi testado, de modo a verificar a validade do método de projecto

utilizado. Os resultados experimentais prevêem uma menor deflexão relativamente ao valor

previsto pelo método de curvatura das linhas de corrente, com uma diferença máxima de 8º, o

que deve-se ao facto do método de projecto da pá não contabilizar os efeitos viscosos e

tridimensionais do escoamento real. Outra limitação do método de painel resulta do facto de

não ser possível obter directamente as propriedades do escoamento na zona do rotor, já que o

domínio de cálculo consiste apenas na zona cónica.

A importância da análise numérica resulta, precisamente, da facilidade em obter uma

grande variedade de resultados em qualquer zona do domínio, o que neste caso permitiu

relacionar os resultados do método de projecto com os dados experimentais. Através da

simulação de dois tipos de escoamento (viscoso e invíscido), foi possível verificar que os

efeitos da viscosidade têm um grande relevo no comportamento do escoamento, uma vez que,

no caso do escoamento invíscido tridimensional, verificou-se uma evolução muito semelhante

para o ângulo do escoamento relativamente aos valores de projecto, quer na região cónica da

conduta, quer na zona cílindrica. A diferença máxima entre o ângulo do escoamento a jusante

das pás, determinado pelo método de painel e através do cálculo invíscido efectuado no

FLUENT, é cerca de 2º. Por sua vez, as análises experimental e numérica permitem concluir

que os efeitos tridimensionais do escoamento a jusante do estator são pouco significativos, o

que é visível no tipo de distribuição obtida de rV2t, que é pouco variável com a direcção da

envergadura. Este facto tem importância na medida em que uma distribuição aproximadamente

constante da quantidade de movimento angular indica que a carga sobre a pá é

aproximadamente uniforme ao longo da envergadura.

Em relação ao efeito da viscosidade, o escoamento viscoso turbulento modelado no

FLUENT prevê uma queda de pressão total menor relativamente ao valor experimental, o que é

visível na diferença entre as distribuições de rV2t nos dois casos, e nas estimativas efectuadas

para o coeficiente de perdas. Verifica-se assim que, com o modelo de turbulência k- utilizado

no cálculo numérico, a perda no escoamento é menor relativamente ao valor experimental. Tal

poderá dever-se ao facto deste modelo, pelo facto de não resolver a sub-camada laminar, não

conseguir prever com precisão a ocorrência de separação da camada limite junto ao bordo de

fuga da pá, onde verificou-se nas análises bidimensional e tridimensional a existência de um

intenso gradiente de pressão adverso.

Page 80: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

67

Assim, para futuras análises numéricas, seria relevante, para modelar a viscosidade, a

utilização de um modelo de turbulência que resolva a sub-camada laminar. Deveria ter sido

efectuado, neste caso, um estudo com malhas estruturadas, de modo a comparar as soluções

obtidas pelos diferentes tipos de malha. Uma vez que foi verificado que os efeitos da

viscosidade são importantes neste escoamento, seria de elevado interesse a utilização de um

método de painel bidimensional com a inclusão do efeito da camada limite, de modo a

comparar como os resultados obtidos pelo método de painel convencional. Ainda a nível da

modelação numérica, poderá ter interesse uma análise de MFC conjunta das pás de ambos

estatores e do rotor. Por último, a nível experimental, e após a construção do modelo

experimental para o rotor, ensaios de rendimento e de atravessamento radial deverão ser

efectuados, de modo a que seja possível tirar conclusões definitivas acerca da melhoria deste

projecto face ao projecto anterior.

Page 81: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

68

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Proc. 8º Congresso Iberoamericano de Engenharia Mecânica, Cusco, Peru, 2007.

Page 83: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

I

Anexo 1 – Resultados experimentais do projecto anterior

Figura A1.1 – Curva de rendimento da turbina com os dois estatores completos [28]

Figura A1.2 – Curva de rendimento da turbina sem segundo estator

Figura A1.3 – Curva de rendimento da turbina com dois estatores2

2 Segundo estator com apenas metade das pás (dobro do passo)

0.0

0.1

0.2

0.3

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

f

2 estatores completos [28]

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

f

1 estator

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

f

2 estatores

Page 84: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

II

Figura A1.4 – Curva de potência da turbina sem segundo estator

Figura A1.5 – Curva de potência da turbina com dois estatores

Figura A1.6 – Curva da queda de pressão total da turbina sem segundo estator

y = 4.5381x2 - 0.2021xR² = 1

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

π

f

1 estator

y = 4.4169x2 - 0.1747xR² = 1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5f

2 estatores

y = 27.261x2 + 1.7157xR² = 1

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

to

tal

f

1 estator

Page 85: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

III

Figura A1.7 – Curva da queda de pressão total da turbina com dois estatores

Figura A1.8 – Curva da queda de pressão no primeiro estator da turbina sem segundo estator

Figura A1.9 – Curva da queda de pressão no primeiro estator da turbina com dois estatores

y = 32.231x2 + 2.5062xR² = 0.9998

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

9.0

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

to

tal

f

2 estatores

y = 26.155x2 - 0.0543xR² = 1

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

esta

tor

f

1 estator

y = 23.319x2 + 1.4622xR² = 0.9998

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

e

sta

tor

f

2 estatores

Page 86: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

IV

Figura A1.10 – Curva da queda de pressão no rotor da turbina sem segundo estator

Figura A1.11 – Curva da queda de pressão no rotor da turbina com dois estatores

𝜂 =𝑇𝜔

𝑄 ∙ 𝑝4

Π =𝑇𝜔

𝜌𝜔3𝐷5

Ψtotal =𝑝4

𝜌𝜔2𝐷2

Ψestator =𝑝𝑖𝑛 − 𝑝1

𝜌𝜔2𝐷2

Ψrotor =𝑝1 − 𝑝2

𝜌𝜔2𝐷2

𝑝𝑖𝑛 = −1

2𝜌𝑉𝑖𝑛

2 = −1

2𝜌𝑉2𝑎 ,𝑚𝑒𝑑

2 3

3 assume-se que a velocidade à entrada tem apenas componente axial, e que esta componente é constante ao longo

da turbina porque a área da secção transversal do modelo é constante ao longo da direcção axial

y = -1.7979x2 + 1.8937x - 0.0304R² = 0.9988

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

ro

tor

f

1 estator

y = 2.6709x2 + 1.9842x + 0.0468R² = 0.9957

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

ro

tor

f

2 estatores

Page 87: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

V

Figura A1.12 – Variação do ângulo absoluto do escoamento à saída do estator com a direcção radial

Figura A1.13 – Variação do ângulo relativo do escoamento à saída do estator com a direcção radial

50.0

55.0

60.0

65.0

70.0

75.0

80.0

85.0

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

2 (º)

R*

-80.0

-60.0

-40.0

-20.0

0.0

20.0

40.0

60.0

80.0

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

b2 (º)

R*

Page 88: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

VI

Figura A1.14 – Variação da componente axial da velocidade à saída do rotor (adimensionalizada pela velocidade média)

Figura A1.15 – Variação da relação V2t/U ao longo da direcção radial

Figura A1.16 – Variação do ângulo absoluto do escoamento à saída do rotor

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

V2a/Vin

R*

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

V2t/U

R*

-80.0

-60.0

-40.0

-20.0

0.0

20.0

40.0

60.0

80.0

100.0

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

3(º)

R*

Page 89: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

VII

Figura A1.17 – Variação do ângulo relativo do escoamento à saída do rotor

Figura A1.18 – Variação da componente axial da velocidade à saída do rotor (adimensionalizada pela velocidade média)

Figura A1.19 – Variação da relação V3t/U ao longo da direcção radial

-90.0

-80.0

-70.0

-60.0

-50.0

-40.0

-30.0

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

b3(º)

R*

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

V3a/Vin

R*

-3.5

-3.0

-2.5

-2.0

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

V3t/U

R*

Page 90: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

VIII

f=0,09 (1000rpm)

f=0,09 (500rpm)

f=0,3 (200rpm)

f=0,05 (1000 rpm)

Sonda a montante do rotor

Tlido (N.m) 19,04 4,64 14,14 2,02

Qlido (m3/s) 1,926 0,974 1,342 1,063

𝝎 lido (rpm) 979,8 503,5 207,2 985,1

f 0,091 0,090 0,301 0,050

p4 (Pa) -1687,1 -434,3 622,3 660,1

0,620 0,618 0,372 0,386

Qcalc (m3/s) 1,985 0,972 1,307 1,058

erro Q (%) 3,07% -0,22% 2,62% 0,49%

Sonda a jusante do rotor

Tlido (N.m) 19,06 4,66 14,17 2,02

Qlido (m3/s) 1,931 0,978 1,349 1,061

𝝎 lido (rpm) 979,9 506,2 206,3 986,0

f 0,092 0,090 0,304 0,050

p4 (Pa) -1693,8 -437,1 -627,9 -658,0

0,6169 0,6185 0,366 0,388

Qcalc (m3/s) 2,009 0,978 1,329 1,220

erro Q (%) 4,03% 3,31% 1,52% 15,00%

Tcalc (N.m) 18,69 4,71 12,96 1,67

erro T (%) 1,97% 0,96% 8,55% 17,19%

Tabela A1.1- Resultados experimentais dos ensaios de atravessamento do projecto anterior

Caudal: Qcalc = 𝑉2𝑎(𝑟) ∗ 𝑟𝑑𝑟 𝑑𝜃𝑟𝑒𝑥𝑡

𝑟𝑖𝑛𝑡

2𝜋

0

Binário: Tcalc = 𝜌𝑉2𝑎(𝑟) ∗ 𝑉2𝑡(𝑟) ∗ 𝑟2𝑑𝑟 𝑑𝜃𝑟𝑒𝑥𝑡

𝑟𝑖𝑛𝑡

2𝜋

0− 𝜌𝑉3𝑎(𝑟) ∗ 𝑉3𝑡(𝑟) ∗ 𝑟2𝑑𝑟 𝑑𝜃

𝑟𝑒𝑥𝑡

𝑟𝑖𝑛𝑡

2𝜋

0

Erro no caudal: erro Q (%) = Qlido − Qcalc

𝑄𝑙𝑖𝑑𝑜

× 100

Erro no binário: erro T (%) = Tlido − Tcalc

Tlido

× 100

Anexo 2 – Código do programa executado em MATLAB que determina as

coordenadas dos perfis utilizados no cálculo do método de painel 2-D

function pa_cilindrica_estator

%raio da pa (m)

raio_pa=0.3;

%RAIO CUBO TURBINA (mm)

RAIO_CUBO=0.59277;

%envergadura da pa (mm)

envergadura=0.11265;

% angulo da distribuiçao de pontos

G=1;

% espessura da pa (m)

espessura=0.002;

% Numero de pontos que define a linha media de cada perfil

N_ptos=100;

% angulo de inclinaçao do cone

alfa=20.0*pi/180.0;

% Numero de pás

Z=23;

clc

disp('PROGRAMA - ESTATOR TURBINA CONICA')

input('')

fid=fopen('COORDENADAS_perfis.dat','wt');

fid1=fopen('COORDENADAS_chapa.dat','wt');

Page 91: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

IX

fid2=fopen('COORDENADAS_PÁ.dat','wt');

fid3=fopen('COORDENADAS_PÁ_PLAN.dat','wt');

fid4=fopen('COORDENADAS_seccoes_inic.dat','wt');

fid5=fopen('Dados_Geom.dat','wt');

ALFA_GRAUS=alfa*180/pi;

beta1_cubo=97.7;

beta2_cubo=28.8;

beta1_med=98.4;

beta2_med=25.7;

beta1_caixa=99.1;

beta2_caixa=22.5;

N_seccoes_total=15;

N_seccoes_med=(N_seccoes_total+1)/2;

Matriz_rot=[cos(alfa) sin(alfa);-sin(alfa) cos(alfa)];

for i=1:N_seccoes_total

FI1(i)=((i-N_seccoes_med)*(i-N_seccoes_total))/((1-N_seccoes_med)*(1-N_seccoes_total));

FI2(i)=((i-1)*(i-N_seccoes_total))/((N_seccoes_med-1)*(N_seccoes_med-N_seccoes_total));

FI3(i)=((i-1)*(i-N_seccoes_med))/((N_seccoes_total-1)*(N_seccoes_total-N_seccoes_med));

beta1(i)=beta1_cubo* FI1(i)+beta1_med*FI2(i)+beta1_caixa*FI3(i);

beta2(i)=beta2_cubo* FI1(i)+beta2_med*FI2(i)+beta2_caixa*FI3(i);

corda(i)=raio_pa*(cos(beta2(i)*pi/180)-cos(beta1(i)*pi/180));

R0=RAIO_CUBO+((corda(1)/2)+(raio_pa*cos(beta1(1)*pi/180)))*sin(alfa);

x0(i)=(R0/tan(alfa))-(envergadura*(i-1)*sin(alfa)/(N_seccoes_total-1));

z0(i)=R0 +(envergadura*(i-1)*cos(alfa)/(N_seccoes_total-1));

X_bf(i)=x0(i)-raio_pa*cos(beta2(i)*pi/180)*cos(alfa);

%linha media

for j=1:N_ptos

fi=(G+((180-2*G)*(j-1)/(N_ptos-1)))*pi/180;

G=G*pi/180;

passo(i,j)=(beta1(i)-beta2(i))*(cos(G)-cos(fi))/(2*cos(G));

G=G*180/pi;

teta(i,j)=beta2(i)+passo(i,j);

teta(i,j)=teta(i,j)*pi/180;

x_med(i,j)=X_bf(i)+raio_pa*(cos(beta2(i)*pi/180)-cos(teta(i,j)))*cos(alfa);

RAIO(i,j)=(x_med(i,j)+(envergadura*(i-1)/((N_seccoes_total-1)*sin(alfa))))*tan(alfa);

z_med(i,j)=RAIO(i,j);

end

end

FI1;

FI2;

FI3;

fprintf(fid,'%10.3f', beta1);

fprintf(fid,'\n');

fprintf(fid,'%10.3f', beta2);

fprintf(fid,'\n');

for i=1:N_seccoes_total

fprintf(fid4, 'Secção');

fprintf(fid4,'%d',i);

fprintf(fid4,'\n');

fprintf(fid4, ' X Y Z');

fprintf(fid4,'\n');

for j=1:N_ptos

y_med(i,j)=sqrt(raio_pa^2-(x_med(i,j)-x0(i))^2-(z_med(i,j)-z0(i))^2)-raio_pa;

r2(i,j)=sqrt((x_med(i,j)-x0(i))^2+(y_med(i,j)+raio_pa)^2);

r3(i,j)=sqrt((x_med(i,j)-x0(i))^2+(y_med(i,j)+raio_pa)^2+(z_med(i,j)-z0(i))^2);

Page 92: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

X

fprintf(fid4,'%14.9f', x_med(i,j));

fprintf(fid4,'%14.9f', y_med(i,j));

fprintf(fid4,'%14.9f', z_med(i,j));

fprintf(fid4,'\n');

end

fprintf(fid4,'\n');

end

N_seccoes_inic=N_seccoes_total+1;

for i=1:N_seccoes_inic-1

beta1_aux(i)=((beta1_med-beta1_cubo)*i/(N_seccoes_med-1))+beta1_cubo-((beta1_med-

beta1_cubo)*N_seccoes_inic/(N_seccoes_med-1));

beta2_aux(i)=((beta2_med-beta2_cubo)*i/(N_seccoes_med-1))+beta2_cubo-((beta2_med-

beta2_cubo)*N_seccoes_inic/(N_seccoes_med-1));

x0_aux(i)=(R0/tan(alfa))-(envergadura*(i-N_seccoes_inic)*sin(alfa)/(N_seccoes_inic-1));

z0_aux(i)=R0 +(envergadura*(i-N_seccoes_inic)*cos(alfa)/(N_seccoes_inic-1));

X_bf_aux(i)=x0_aux(i)-raio_pa*cos(beta2_aux(i)*pi/180)*cos(alfa);

for j=1:N_ptos

fi=(G+((180-2*G)*(j-1)/(N_ptos-1)))*pi/180;

G=G*pi/180;

passo(i,j)=(beta1_aux(i)-beta2_aux(i))*(cos(G)-cos(fi))/(2*cos(G));

G=G*180/pi;

teta(i,j)=beta2_aux(i)+passo(i,j);

teta(i,j)=teta(i,j)*pi/180;

x_aux(i,j)=X_bf_aux(i)+raio_pa*(cos(beta2_aux(i)*pi/180)-cos(teta(i,j)))*cos(alfa);

RAIO(i,j)=(x_aux(i,j)+(envergadura*(i-N_seccoes_inic)/((N_seccoes_inic-

1)*sin(alfa))))*tan(alfa);

z_aux(i,j)=RAIO(i,j);

y_aux(i,j)=sqrt(raio_pa^2-(x_aux(i,j)-x0_aux(i))^2-(z_aux(i,j)-z0_aux(i))^2)-raio_pa;

end

end

NUM=N_seccoes_total+N_seccoes_inic-1;

x_TOTAL=[x_aux; x_med];

y_TOTAL=[y_aux; y_med];

z_TOTAL=[z_aux; z_med];

for j=1:N_ptos

for i=1:N_seccoes_total

for k=3:NUM

s2=z_TOTAL(k-1,j)-z_TOTAL(k-2,j);

s3=z_TOTAL(k,j)-z_TOTAL(k-2,j);

%Calculo dos coeficientes dos polinomios interpoladores

ax(j)=s3*(s3*(-x_TOTAL(k-2,j)+x_TOTAL(k-1,j))+s2*(x_TOTAL(k-2,j)-

x_TOTAL(k,j)))/(s2*(s2-s3));

bx(j)=(s3^2*(x_TOTAL(k-2,j)-x_TOTAL(k-1,j))+s2^2*(-x_TOTAL(k-

2,j)+x_TOTAL(k,j)))/(s2*(s2-s3));

cx(j)=x_TOTAL(k-2,j);

ay(j)=s3*(s3*(-y_TOTAL(k-2,j)+y_TOTAL(k-1,j))+s2*(y_TOTAL(k-2,j)-

y_TOTAL(k,j)))/(s2*(s2-s3));

by(j)=(s3^2*(y_TOTAL(k-2,j)-y_TOTAL(k-1,j))+s2^2*(-y_TOTAL(k-

2,j)+y_TOTAL(k,j)))/(s2*(s2-s3));

cy(j)=y_TOTAL(k-2,j);

az(j)=0;

bz(j)=s3;

cz(j)=z_TOTAL(k-2,j);

dx=envergadura*(i-1)/((N_seccoes_total-1)*sin(alfa));

p4=ay(j)^2+az(j)^2-(ax(j)^2*tan(alfa)^2);

p3=2*ay(j)*by(j)+2*az(j)*bz(j)-(2*ax(j)*bx(j)*tan(alfa)^2);

Page 93: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

XI

p2=2*ay(j)*cy(j)+2*az(j)*cz(j)+by(j)^2+bz(j)^2-

((2*ax(j)*(cx(j)+dx)+bx(j)^2)*tan(alfa)^2);

p1=2*by(j)*cy(j)+2*bz(j)*cz(j)-(2*bx(j)*(cx(j)+dx)*tan(alfa)^2);

p0=cy(j)^2+cz(j)^2-((cx(j)+dx)^2*tan(alfa)^2);

P=[p4 p3 p2 p1 p0];

raiz=roots(P);

N_raizes=size(raiz);

%Obtençao da raiz relevante

if (imag(raiz(1))==0)

raiz_aux=abs(raiz);

m=find(raiz_aux(:)==min(raiz_aux(:)));

S=raiz(m);

else

S=min(raiz);

end

if (S <=1 & S>=0)

rz(i,j)=S;

% Calculo das coordenadas das linhas medias dos perfis, rebatidas

% sobre as superficies cónicas

X_MED_CONE(i,j)=ax(j)*S^2+bx(j)*S+cx(j);

Y_MED_CONE(i,j)=ay(j)*S^2+by(j)*S+cy(j);

Z_MED_CONE(i,j)=az(j)*S^2+bz(j)*S+cz(j);

RAIO(i,j)=sqrt(Y_MED_CONE(i,j)^2+Z_MED_CONE(i,j)^2);

RAIO2(i,j)=(X_MED_CONE(i,j)+(envergadura*(i-1)/((N_seccoes_total-

1)*sin(alfa))))*tan(alfa);

COORD_PA=Matriz_rot*[X_MED_CONE(i,j); Z_MED_CONE(i,j)];

X_Linha_Cone(i,j)=COORD_PA(1);

Z_Linha_Cone(i,j)=COORD_PA(2);

break

end

end

end

end

for i=1:N_seccoes_total

for j=2:N_ptos

ALFA2(i,j)=atan((RAIO(i,j)-RAIO(i,j-1))/(X_MED_CONE(i,j)-X_MED_CONE(i,j-1)))*180/pi;

end

end

%Planificação das superfícies cónicas

for i=1:N_seccoes_total

X_0(i)=(R0/tan(alfa))-(envergadura*(i-1)*sin(alfa)/(N_seccoes_total-1));

Z_0(i)=R0+(envergadura*(i-1)*cos(alfa)/(N_seccoes_total-1));

COORD_EIXO=Matriz_rot*[X_0(i); Z_0(i)];

COORD_X_EIXO(i)=COORD_EIXO(1);

COORD_Z_EIXO(i)=COORD_EIXO(2);

beta22(i)=atan((Y_MED_CONE(i,1)+raio_pa)/(COORD_X_EIXO(i)-X_Linha_Cone(i,1)))*180/pi;

beta11(i)=180-(atan((Y_MED_CONE(i,N_ptos)+raio_pa)/(X_Linha_Cone(i,N_ptos)-

COORD_X_EIXO(i))))*180/pi;

for j=1:N_ptos

fi=(G+((180-2*G)*(j-1)/(N_ptos-1)))*pi/180;

G=G*pi/180;

passo(i,j)=(beta11(i)-beta22(i))*(cos(G)-cos(fi))/(2*cos(G));

G=G*180/pi;

teta(i,j)=beta22(i)+passo(i,j);

R_pa(i,j)=sqrt((X_MED_CONE(i,j)-X_0(i))^2+(Y_MED_CONE(i,j)+raio_pa)^2);

% Rebatimento do cone

R_MED(i,j)=(X_MED_CONE(i,j)+(envergadura*(i-1)/((N_seccoes_total-1)*sin(alfa))))/cos(alfa);

teta_Y=acos(Z_MED_CONE(i,j)/RAIO(i,j));

csi=teta_Y*sin(alfa);

Page 94: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

XII

X_MED(i,j)=R_MED(i,j)*cos(csi);

Y_MED(i,j)=-R_MED(i,j)*sin(csi);

Z_MED(i,j)=0;

X_Linha_Cone(i,j)=X_Linha_Cone(i,j)-COORD_X_EIXO(1);

Z_Linha_Cone(i,j)=Z_Linha_Cone(i,j)-COORD_Z_EIXO(1);

teta2=atan(X_Linha_Cone(i,j)/(raio_pa+Y_MED_CONE(i,j)));

X2(i,j)=raio_pa*teta2;

Y2(i,j)=0;

Z2(i,j)=Z_Linha_Cone(i,j);

RAIO2(i,j)=sqrt(X_Linha_Cone(i,j)^2+(Y_MED_CONE(i,j)+raio_pa)^2);

end

M=find(Y_MED(i,:)==max(Y_MED(i,:)));

beta2(i)=atan((Y_MED(i,1)+raio_pa)/(X_MED(i,M)-(X_MED(i,1))))*180/pi;

beta1(i)=180-(atan((Y_MED(i,N_ptos)+raio_pa)/(X_MED(i,N_ptos)-X_MED(i,M))))*180/pi;

perim(i,1)=0;

for j=2:N_ptos

perim(i,j)=perim(i,j-1)+((X_MED(i,j)-X_MED(i,j-1))^2+(Y_MED(i,j)-Y_MED(i,j-1))^2)^0.5;

end

perim2(i,1)=0;

for j=2:N_ptos

perim2(i,j)=perim2(i,j-1)+((X2(i,j)-X2(i,j-1))^2+(Z2(i,j)-Z2(i,j-1))^2)^0.5;

end

perim3(i,1)=0;

for j=2:N_ptos

perim3(i,j)=perim3(i,j-1)+((X_MED_CONE(i,j)-X_MED_CONE(i,j-1))^2+(Y_MED_CONE(i,j)-

Y_MED_CONE(i,j-1))^2+(Z_MED_CONE(i,j)-Z_MED_CONE(i,j-1))^2)^0.5;

end

perim4(i,1)=0;

for j=2:N_ptos

perim4(i,j)=perim4(i,j-1)+((x_med(i,j)-x_med(i,j-1))^2+(y_med(i,j)-y_med(i,j-

1))^2+(z_med(i,j)-z_med(i,j-1))^2)^0.5;

end

Erro1(i)=perim(i,N_ptos)-perim2(i,N_ptos);

Erro2(i)=perim(i,N_ptos)-perim3(i,N_ptos);

Erro4(i)=perim4(i,N_ptos)-perim3(i,N_ptos);

end

fprintf(fid3,'%10.3f', beta1);

fprintf(fid3,'\n');

fprintf(fid3,'%10.3f', beta2);

fprintf(fid3,'\n');

A=2-tan(10*pi/180);

B=-3+tan(10*pi/180);

C=0;

D=1;

compr_esteira=2*espessura;

X_MAX=compr_esteira;

E=5;

for i=1:N_seccoes_total

% Definição da esteira no bordo de fuga

dxm=X_MED(i,E)-X_MED(i,1);

dym=Y_MED(i,E)-Y_MED(i,1);

teta=atan(dym/dxm);

X_MIN=X_MED(i,E)-(espessura/2)*sin(teta);

Y_MAX=(espessura/2);

X_esteira(i)=X_MED(i,E)-compr_esteira*cos(teta);

Y_esteira(i)=Y_MED(i,E)-compr_esteira*sin(teta);

k=0;

for X=0:0.1:1

Page 95: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

XIII

k=k+1;

Y_ext1(k)=Y_MAX*(A*X^3+B*X^2+C*X+D);

xx(k)=X_MAX*(1-X);

Y_int1(k)=-Y_ext1(k);

TRANSF_COORD=inv([cos(teta) sin(teta);-sin(teta) cos(teta)]);

Coord_orig=TRANSF_COORD*[xx(k); Y_ext1(k)];

X_ext(i,k)=Coord_orig(1)+X_esteira(i);

Y_ext2(i,k)=Coord_orig(2)+Y_esteira(i);

Coord_orig=TRANSF_COORD*[xx(k); Y_int1(k)];

X_int(i,k)=Coord_orig(1)+X_esteira(i);

Y_int2(i,k)=Coord_orig(2)+Y_esteira(i);

end

% cálculo das coordenadas do perfil

N_total_ptos=0;

for j=1:k

N_total_ptos=N_total_ptos+1;

L=k-j+1;

x_int(i,j)=X_int(i,L);

y_int(i,j)=Y_int2(i,L);

x_ext(i,j)=X_ext(i,L);

y_ext(i,j)=Y_ext2(i,L);

end

for j=E+1:N_ptos-1

N_total_ptos=N_total_ptos+1;

dxm=X_MED(i,j)-X_MED(i,j-1);

dym=Y_MED(i,j)-Y_MED(i,j-1);

dm=(dxm^2+dym^2)^0.5;

teta=atan(dym/dxm);

dx1=X_MED(i,j)-X_MED(i,1);

dy1=Y_MED(i,j)-Y_MED(i,1);

d1=(dx1^2+dy1^2)^0.5;

dx2=X_MED(i,N_ptos)-X_MED(i,j);

dy2=Y_MED(i,N_ptos)-Y_MED(i,j);

d2=(dx2^2+dy2^2)^0.5;

if (d2 <= espessura/2)

%bordo de ataque1

x_int(i,j+k-E)=sqrt(((espessura/2)^2-((espessura/2)-d2)^2))*sin(teta)+X_MED(i,j);

y_int(i,j+k-E)=-sqrt(((espessura/2)^2-((espessura/2)-d2)^2))*cos(teta)+Y_MED(i,j);

x_ext(i,j+k-E)=-sqrt(((espessura/2)^2-((espessura/2)-d2)^2))*sin(teta)+X_MED(i,j);

y_ext(i,j+k-E)=sqrt(((espessura/2)^2-((espessura/2)-d2)^2))*cos(teta)+Y_MED(i,j);

else

%intradorso

x_int(i,j+k-E)=X_MED(i,j)+(espessura/2)*sin(teta);

y_int(i,j+k-E)=Y_MED(i,j)-(espessura/2)*cos(teta);

%extradorso

x_ext(i,j+k-E)=X_MED(i,j)-(espessura/2)*sin(teta);

y_ext(i,j+k-E)=Y_MED(i,j)+(espessura/2)*cos(teta);

end

end

x(i,N_total_ptos+1)=X_MED(i,N_ptos);

y(i,N_total_ptos+1)=Y_MED(i,N_ptos);

for j=1:N_total_ptos

x(i,j)=x_int(i,j);

y(i,j)=y_int(i,j);

end

for j=1:N_total_ptos

K=N_total_ptos-j+1;

L=N_total_ptos+j+1;

x(i,L)=x_ext(i,K);

y(i,L)=y_ext(i,K);

end

Nr_POINTS=2*N_total_ptos+1;

Page 96: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

XIV

corda(i)=sqrt((X_MED(i,N_ptos)-x(i,1))^2+(Y_MED(i,N_ptos)-y(i,1))^2);

cordaG(i)=sqrt((X_MED(i,N_ptos)-X_MED(i,1))^2+(Y_MED(i,N_ptos)-Y_MED(i,1))^2);

Razao_Raios(i)=Z_0(i)/Z_0(N_seccoes_total);

passo(i)=2*pi*RAIO(i,N_ptos)/Z;

passo2(i)=2*pi*Z_0(i)/Z;

% angulo que a corda faz com a direcção axial

TETA_CORDA(i)=atan((Y_MED(i,N_ptos)-y(i,1))/(X_MED(i,N_ptos)-x(i,1)));

%angulo entre a recta que une o bordo de fuga ao vértice do cone com a

%direcção axial

TETA_BF(i)=atan(-y(i,1)/x(i,1));

%angulo entre a recta que une o bordo de fuga ao vértice do cone com a

%corda do perfil

LAMBDA(i)=(TETA_CORDA(i)+TETA_BF(i))*180/pi;

%valor da abcissa no bordo de fuga

XT(i)= x(i,1);

for j=1:Nr_POINTS

%transformaçao de coordenadas para o referencial da pá

Matriz_transf=[cos(TETA_CORDA(i)) sin(TETA_CORDA(i));-sin(TETA_CORDA(i))

cos(TETA_CORDA(i))];

Novas_COORD=Matriz_transf*[x(i,j)-x(i,1); y(i,j)-y(i,1)];

xa(i,j)=100-(100*Novas_COORD(1)/corda(i));

ya(i,j)=100*Novas_COORD(2)/corda(i);

end

Flecha_max(i)=max(ya(i,:));

M=find(Y_MED(i,:)==max(Y_MED(i,:)));

ANGULO_ATAQ(i)=atan((Y_MED(i,N_ptos)-Y_MED(i,M))/(X_MED(i,N_ptos)-X_MED(i,M)))*180/pi;

Relacao_corda_passo(i)=cordaG(i)/passo2(i);

Relacao_corda_ax_passo(i)=cordaG(i)*cos(LAMBDA(i)*pi/180)/passo2(i);

Espessura_relativa(i)=espessura/cordaG(i)*100;

fprintf(fid5, 'Secção');

fprintf(fid5,'%d',i);

fprintf(fid5,'\n');

fprintf(fid5,'%10.3f', Razao_Raios(i));

fprintf(fid5,'%10.5f', cordaG(i));

fprintf(fid5,'%10.5f', passo2(i));

fprintf(fid5,'%10.6f', Z_0(i));

fprintf(fid5,'%10.3f', Relacao_corda_passo(i));

fprintf(fid5,'%10.3f', Relacao_corda_ax_passo(i));

fprintf(fid5,'%10.3f', Flecha_max(i));

fprintf(fid5,'%10.3f', LAMBDA(i));

fprintf(fid5,'%10.5f', X_MED(i,M));

fprintf(fid5,'%10.5f', beta1(i));

fprintf(fid5,'%10.5f', beta2(i));

fprintf(fid5,'%10.3f', Espessura_relativa(i));

fprintf(fid5,'\n');

fprintf(fid, 'DADOS DE ENTRADA - Secção');

fprintf(fid,'%d',i);

fprintf(fid,'\n');

fprintf(fid,'%8.5f', ALFA_GRAUS);

fprintf(fid,'%6.1f', Z);

fprintf(fid,'%10.5f', corda(i));

fprintf(fid,'%10.5f', LAMBDA(i));

fprintf(fid,'\n');

fprintf(fid,' 0 ');

fprintf(fid,'1 ');

fprintf(fid,'1.0000');

fprintf(fid,'\n');

fprintf(fid,'CART');

fprintf(fid,'\n');

fprintf(fid,'%10.5f', XT(i));

fprintf(fid,'\n');

fprintf(fid,' %d',Nr_POINTS);

fprintf(fid,' 101');

fprintf(fid,'\n');

Page 97: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

XV

fprintf(fid1, 'Secção');

fprintf(fid1,'%d',i);

fprintf(fid1,'\n');

fprintf(fid1, 'Coordenadas do eixo:');

fprintf(fid1,'%14.9f',COORD_X_EIXO(i));

fprintf(fid1,'%14.9f',COORD_Z_EIXO(i));

fprintf(fid1,'\n');

fprintf(fid2, 'Secção');

fprintf(fid2,'%d',i);

fprintf(fid2,'\n');

fprintf(fid2, ' X Y Z');

fprintf(fid2,'\n');

for j=1:N_ptos

fprintf(fid2,'%14.9f', X_MED_CONE(i,j));

fprintf(fid2,'%14.9f', Y_MED_CONE(i,j));

fprintf(fid2,'%14.9f', Z_MED_CONE(i,j));

fprintf(fid2,'\n');

end

c=0;

for j=1:Nr_POINTS

fprintf(fid,'%12.6f', xa(i,j));

c=c+1;

if (c==8)

fprintf(fid,'\n');

c=0;

end

end

fprintf(fid,'\n');

c=0;

for j=1:Nr_POINTS

fprintf(fid,'%12.6f', ya(i,j));

c=c+1;

if (c==8)

fprintf(fid,'\n');

c=0;

end

end

fprintf(fid,'\n');

fprintf(fid,'\n');

end

fprintf(fid1, ' X Z');

fprintf(fid1,'\n');

%Bordo de fuga

for i=1:N_seccoes_total

fprintf(fid1,'%14.9f', X2(i,1));

fprintf(fid1,'%14.9f', Z2(i,1));

fprintf(fid1,'\n');

end

%caixa

for j=1:N_ptos

fprintf(fid1,'%14.9f', X2(N_seccoes_total,j));

fprintf(fid1,'%14.9f', Z2(N_seccoes_total,j));

fprintf(fid1,'\n');

end

%Bordo de ataque

for i=1:N_seccoes_total

k=N_seccoes_total-i+1;

Page 98: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

XVI

fprintf(fid1,'%14.9f', X2(k,N_ptos));

fprintf(fid1,'%14.9f', Z2(k,N_ptos));

fprintf(fid1,'\n');

end

%cubo

for j=1:N_ptos

k=N_ptos-j+1;

fprintf(fid1,'%14.9f', X2(1,k));

fprintf(fid1,'%14.9f', Z2(1,k));

fprintf(fid1,'\n');

end

fprintf(fid3, 'Secção junto ao cubo');

fprintf(fid3,'\n');

fprintf(fid3, ' X Y');

fprintf(fid3,'\n');

for j=1:N_ptos

fprintf(fid3,'%14.9f', X_MED(1,j));

fprintf(fid3,'%14.9f', Y_MED(1,j));

fprintf(fid3,'\n');

end

fprintf(fid3,'\n');

fprintf(fid3, 'Secção junto á caixa');

fprintf(fid3,'\n');

fprintf(fid3, ' X Y');

fprintf(fid3,'\n');

for j=1:N_ptos

fprintf(fid3,'%14.9f', X_MED(N_seccoes_total,j));

fprintf(fid3,'%14.9f', Y_MED(N_seccoes_total,j));

fprintf(fid3,'\n');

end

fclose(fid);

fclose(fid1);

fclose(fid2);

fclose(fid3);

fclose(fid4);

fclose(fid5);

plot3(X_MED_CONE', Y_MED_CONE', Z_MED_CONE')

grid on

input('')

plot3(X_Linha_Cone', Y_MED_CONE', Z_Linha_Cone')

grid on

input('')

plot(x',y')

grid on

Page 99: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

XVII

Anexo 3 – Resultados do ficheiro de saída do programa método de painel

2-D (secção junto ao cubo)

GAMAT= 0.2504064E+00

Intensidade Global das fontes = 0.1585886E-01

* ANGULO DE ABERTURA DO CONE = 20.0GRAUS

* ANGULO DA CASCATA = 32.2 GRAUS * NUMERO DE PAS = 23 * CORDA = 0.337

* ABCISSA DO BORDO DE FUGA = 1.583

DISTRIBUICOES DE VELOCIDADE NA FRONTEIRA DO PERFIL

ID X/C(%) Y/C(%) VX/VREF VY/VREF VR/VREF VT/VREF V/VREF CP

1 99.947 0.028 -0.687 -1.201 -0.688 -1.201 1.384 -0.915 2 99.838 0.079 -0.856 -1.194 -0.857 -1.194 1.470 -1.160 3 99.724 0.121 -0.962 -1.153 -0.962 -1.152 1.501 -1.254 4 99.604 0.156 -1.061 -1.160 -1.062 -1.159 1.572 -1.472 5 99.483 0.188 -1.152 -1.208 -1.153 -1.207 1.669 -1.787 6 99.361 0.220 -1.224 -1.295 -1.226 -1.293 1.782 -2.175 7 99.240 0.252 -1.266 -1.417 -1.268 -1.415 1.900 -2.609 8 99.122 0.290 -1.255 -1.569 -1.257 -1.567 2.009 -3.036 9 99.008 0.334 -1.162 -1.726 -1.165 -1.724 2.081 -3.330 10 98.902 0.389 -0.945 -1.814 -0.949 -1.812 2.045 -3.184 11 98.748 0.488 -0.761 -1.709 -0.765 -1.707 1.871 -2.499 12 98.521 0.639 -0.719 -1.602 -0.723 -1.600 1.756 -2.082 13 98.253 0.816 -0.695 -1.534 -0.701 -1.532 1.685 -1.838 14 97.944 1.019 -0.680 -1.484 -0.686 -1.482 1.633 -1.666 15 97.594 1.247 -0.670 -1.444 -0.677 -1.440 1.591 -1.533 16 97.202 1.499 -0.663 -1.408 -0.671 -1.404 1.556 -1.422 17 96.769 1.774 -0.657 -1.376 -0.667 -1.372 1.525 -1.327 18 96.294 2.072 -0.654 -1.347 -0.665 -1.342 1.497 -1.242 19 95.777 2.391 -0.652 -1.320 -0.664 -1.314 1.472 -1.167 20 95.218 2.731 -0.651 -1.294 -0.664 -1.287 1.448 -1.097 21 94.618 3.089 -0.651 -1.269 -0.666 -1.261 1.426 -1.034 22 93.975 3.466 -0.653 -1.245 -0.669 -1.236 1.405 -0.975 23 93.291 3.859 -0.655 -1.221 -0.672 -1.212 1.386 -0.920 24 92.564 4.267 -0.657 -1.199 -0.676 -1.188 1.367 -0.869 25 91.795 4.689 -0.660 -1.176 -0.681 -1.165 1.349 -0.820 26 90.984 5.124 -0.664 -1.154 -0.686 -1.141 1.332 -0.774 27 90.131 5.569 -0.668 -1.132 -0.692 -1.118 1.315 -0.729 28 89.236 6.023 -0.673 -1.111 -0.698 -1.095 1.299 -0.686 29 88.300 6.485 -0.678 -1.089 -0.704 -1.072 1.282 -0.645 30 87.322 6.952 -0.683 -1.067 -0.711 -1.048 1.266 -0.604 31 86.303 7.423 -0.688 -1.044 -0.717 -1.024 1.251 -0.564 32 85.244 7.895 -0.693 -1.022 -0.723 -1.000 1.234 -0.524 33 84.144 8.368 -0.697 -0.999 -0.729 -0.976 1.218 -0.485 34 83.005 8.839 -0.702 -0.976 -0.735 -0.951 1.202 -0.445 35 81.827 9.307 -0.706 -0.952 -0.741 -0.925 1.185 -0.405 36 80.611 9.769 -0.710 -0.928 -0.745 -0.899 1.168 -0.365 37 79.357 10.223 -0.713 -0.903 -0.750 -0.873 1.151 -0.324 38 78.068 10.668 -0.716 -0.878 -0.753 -0.846 1.133 -0.283 39 76.743 11.101 -0.718 -0.852 -0.756 -0.819 1.114 -0.241 40 75.384 11.522 -0.720 -0.826 -0.758 -0.791 1.095 -0.200 41 73.992 11.927 -0.721 -0.800 -0.759 -0.763 1.076 -0.159 42 72.569 12.316 -0.720 -0.772 -0.759 -0.734 1.056 -0.116 43 71.116 12.687 -0.720 -0.746 -0.759 -0.706 1.037 -0.074 44 69.634 13.037 -0.718 -0.719 -0.757 -0.677 1.016 -0.032 45 68.127 13.366 -0.716 -0.692 -0.755 -0.649 0.996 0.009 46 66.594 13.672 -0.713 -0.664 -0.752 -0.621 0.975 0.050 47 65.038 13.953 -0.710 -0.638 -0.748 -0.593 0.954 0.089 48 63.461 14.209 -0.706 -0.611 -0.743 -0.565 0.933 0.129 49 61.866 14.438 -0.701 -0.585 -0.738 -0.538 0.913 0.166 50 60.253 14.639 -0.696 -0.559 -0.733 -0.511 0.893 0.202 51 58.625 14.811 -0.691 -0.534 -0.727 -0.485 0.874 0.237 52 56.986 14.954 -0.686 -0.510 -0.721 -0.460 0.855 0.269 53 55.335 15.066 -0.681 -0.486 -0.714 -0.435 0.837 0.300 54 53.677 15.147 -0.675 -0.463 -0.707 -0.412 0.818 0.330 55 52.013 15.198 -0.668 -0.441 -0.700 -0.388 0.801 0.359 56 50.346 15.217 -0.663 -0.419 -0.693 -0.366 0.784 0.385 57 48.678 15.204 -0.657 -0.399 -0.687 -0.345 0.769 0.409 58 47.011 15.160 -0.651 -0.378 -0.680 -0.324 0.753 0.433 59 45.348 15.085 -0.645 -0.359 -0.673 -0.304 0.738 0.455 60 43.691 14.979 -0.640 -0.340 -0.666 -0.286 0.725 0.475 61 42.042 14.842 -0.634 -0.322 -0.659 -0.267 0.711 0.494 62 40.404 14.675 -0.630 -0.305 -0.654 -0.250 0.700 0.510

Page 100: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

XVIII

63 38.779 14.479 -0.624 -0.288 -0.647 -0.233 0.688 0.527 64 37.168 14.255 -0.620 -0.273 -0.641 -0.217 0.677 0.542 65 35.574 14.003 -0.615 -0.257 -0.635 -0.201 0.667 0.556 66 34.000 13.725 -0.610 -0.242 -0.630 -0.187 0.657 0.569 67 32.446 13.422 -0.607 -0.229 -0.625 -0.173 0.649 0.579 68 30.915 13.095 -0.604 -0.215 -0.621 -0.159 0.641 0.589 69 29.409 12.745 -0.600 -0.202 -0.616 -0.146 0.633 0.600 70 27.929 12.375 -0.597 -0.190 -0.612 -0.134 0.626 0.608 71 26.477 11.985 -0.594 -0.178 -0.608 -0.122 0.620 0.615 72 25.055 11.577 -0.592 -0.167 -0.606 -0.110 0.615 0.621 73 23.664 11.153 -0.590 -0.156 -0.602 -0.099 0.610 0.628 74 22.305 10.715 -0.589 -0.145 -0.600 -0.089 0.607 0.632 75 20.981 10.264 -0.588 -0.135 -0.598 -0.079 0.603 0.637 76 19.691 9.803 -0.587 -0.125 -0.596 -0.069 0.600 0.640 77 18.437 9.333 -0.587 -0.116 -0.595 -0.059 0.598 0.642 78 17.220 8.856 -0.586 -0.107 -0.594 -0.050 0.596 0.645 79 16.041 8.373 -0.587 -0.099 -0.594 -0.042 0.596 0.645 80 14.902 7.888 -0.588 -0.090 -0.594 -0.033 0.595 0.645 81 13.801 7.402 -0.590 -0.083 -0.595 -0.025 0.596 0.645 82 12.741 6.916 -0.592 -0.075 -0.597 -0.017 0.597 0.644 83 11.722 6.434 -0.595 -0.068 -0.598 -0.010 0.598 0.642 84 10.745 5.956 -0.598 -0.060 -0.601 -0.002 0.601 0.639 85 9.809 5.484 -0.602 -0.054 -0.604 0.005 0.604 0.635 86 8.916 5.021 -0.606 -0.047 -0.608 0.012 0.608 0.630 87 8.066 4.567 -0.611 -0.041 -0.612 0.018 0.612 0.625 88 7.258 4.126 -0.617 -0.035 -0.618 0.025 0.618 0.618 89 6.494 3.698 -0.624 -0.029 -0.624 0.031 0.624 0.610 90 5.772 3.285 -0.631 -0.023 -0.630 0.037 0.632 0.601 91 5.095 2.889 -0.640 -0.018 -0.639 0.044 0.640 0.590 92 4.461 2.511 -0.649 -0.013 -0.647 0.049 0.649 0.578 93 3.871 2.152 -0.660 -0.008 -0.658 0.055 0.660 0.565 94 3.324 1.815 -0.671 -0.003 -0.669 0.061 0.671 0.549 95 2.821 1.499 -0.685 0.001 -0.682 0.067 0.685 0.531 96 2.362 1.207 -0.700 0.006 -0.697 0.072 0.700 0.510 97 1.946 0.939 -0.718 0.010 -0.714 0.078 0.718 0.484 98 1.574 0.697 -0.739 0.014 -0.735 0.084 0.739 0.453 99 1.246 0.481 -0.766 0.018 -0.761 0.091 0.766 0.413 100 0.961 0.291 -0.803 0.021 -0.797 0.098 0.803 0.354 101 0.720 0.130 -0.860 0.026 -0.854 0.108 0.860 0.260 102 0.523 -0.004 -0.965 0.032 -0.958 0.123 0.966 0.067 103 0.360 -0.095 -1.149 -0.184 -1.161 -0.073 1.163 -0.353 104 0.214 -0.119 -0.876 -0.696 -0.939 -0.610 1.119 -0.253 105 0.072 -0.056 -0.183 -0.506 -0.231 -0.486 0.539 0.710 106 -0.026 0.087 -0.084 0.296 -0.055 0.303 0.308 0.905 107 -0.033 0.243 -0.713 0.652 -0.647 0.717 0.966 0.067 108 0.044 0.370 -1.130 0.261 -1.100 0.368 1.160 -0.346 109 0.191 0.488 -1.063 0.035 -1.055 0.137 1.063 -0.131 110 0.390 0.623 -0.976 0.029 -0.969 0.123 0.976 0.047 111 0.633 0.785 -0.950 0.025 -0.943 0.117 0.950 0.097 112 0.920 0.976 -0.943 0.022 -0.937 0.112 0.943 0.110 113 1.250 1.194 -0.944 0.017 -0.938 0.109 0.944 0.108 114 1.625 1.438 -0.949 0.013 -0.944 0.104 0.949 0.098 115 2.043 1.708 -0.957 0.008 -0.951 0.100 0.957 0.085 116 2.506 2.002 -0.965 0.002 -0.960 0.095 0.965 0.069 117 3.012 2.319 -0.974 -0.005 -0.970 0.090 0.974 0.052 118 3.563 2.659 -0.983 -0.012 -0.980 0.083 0.984 0.033 119 4.157 3.020 -0.993 -0.020 -0.990 0.077 0.993 0.014 120 4.795 3.401 -1.002 -0.028 -1.000 0.069 1.003 -0.005 121 5.478 3.800 -1.012 -0.038 -1.011 0.061 1.012 -0.025 122 6.204 4.216 -1.021 -0.048 -1.021 0.052 1.022 -0.045 123 6.973 4.646 -1.030 -0.058 -1.031 0.043 1.032 -0.064 124 7.786 5.091 -1.039 -0.070 -1.041 0.032 1.041 -0.084 125 8.643 5.547 -1.048 -0.082 -1.051 0.021 1.051 -0.104 126 9.542 6.014 -1.056 -0.094 -1.060 0.009 1.060 -0.123 127 10.484 6.489 -1.064 -0.108 -1.070 -0.003 1.070 -0.144 128 11.468 6.970 -1.072 -0.122 -1.078 -0.017 1.078 -0.163 129 12.494 7.456 -1.080 -0.137 -1.088 -0.031 1.088 -0.184 130 13.561 7.945 -1.087 -0.152 -1.097 -0.045 1.098 -0.205 131 14.669 8.434 -1.095 -0.168 -1.106 -0.061 1.107 -0.226 132 15.817 8.923 -1.101 -0.185 -1.114 -0.077 1.117 -0.247 133 17.003 9.408 -1.108 -0.203 -1.122 -0.094 1.126 -0.268 134 18.228 9.888 -1.115 -0.221 -1.131 -0.112 1.136 -0.292 135 19.491 10.362 -1.122 -0.240 -1.140 -0.130 1.147 -0.316 136 20.789 10.826 -1.128 -0.259 -1.147 -0.150 1.157 -0.339 137 22.123 11.280 -1.134 -0.280 -1.156 -0.170 1.168 -0.365 138 23.491 11.721 -1.140 -0.301 -1.164 -0.191 1.180 -0.391 139 24.892 12.147 -1.147 -0.323 -1.173 -0.212 1.192 -0.421 140 26.323 12.558 -1.153 -0.345 -1.181 -0.235 1.204 -0.449 141 27.785 12.950 -1.160 -0.369 -1.189 -0.258 1.217 -0.481 142 29.275 13.323 -1.166 -0.393 -1.198 -0.283 1.231 -0.515 143 30.791 13.675 -1.172 -0.418 -1.206 -0.308 1.245 -0.549

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144 32.332 14.004 -1.179 -0.444 -1.215 -0.334 1.260 -0.588 145 33.896 14.309 -1.185 -0.471 -1.223 -0.361 1.275 -0.626 146 35.482 14.589 -1.192 -0.499 -1.232 -0.389 1.292 -0.670 147 37.086 14.843 -1.199 -0.527 -1.241 -0.418 1.310 -0.715 148 38.708 15.068 -1.205 -0.557 -1.250 -0.449 1.328 -0.763 149 40.344 15.266 -1.213 -0.588 -1.260 -0.480 1.348 -0.817 150 41.993 15.433 -1.220 -0.619 -1.268 -0.513 1.368 -0.872 151 43.653 15.571 -1.227 -0.652 -1.277 -0.546 1.389 -0.930 152 45.321 15.678 -1.234 -0.686 -1.287 -0.581 1.412 -0.995 153 46.996 15.753 -1.241 -0.721 -1.296 -0.617 1.436 -1.061 154 48.674 15.798 -1.249 -0.757 -1.306 -0.654 1.460 -1.133 155 50.353 15.810 -1.257 -0.795 -1.315 -0.693 1.487 -1.211 156 52.031 15.791 -1.264 -0.833 -1.324 -0.733 1.514 -1.291 157 53.706 15.740 -1.271 -0.873 -1.333 -0.774 1.542 -1.377 158 55.376 15.658 -1.278 -0.914 -1.342 -0.817 1.571 -1.468 159 57.037 15.545 -1.286 -0.956 -1.351 -0.861 1.602 -1.566 160 58.688 15.401 -1.292 -0.999 -1.359 -0.905 1.633 -1.665 161 60.326 15.228 -1.298 -1.043 -1.366 -0.951 1.665 -1.771 162 61.950 15.025 -1.304 -1.088 -1.373 -0.998 1.698 -1.882 163 63.556 14.795 -1.308 -1.133 -1.379 -1.046 1.731 -1.996 164 65.144 14.537 -1.313 -1.179 -1.384 -1.095 1.764 -2.113 165 66.710 14.254 -1.316 -1.226 -1.387 -1.144 1.798 -2.233 166 68.253 13.946 -1.318 -1.273 -1.390 -1.193 1.832 -2.356 167 69.771 13.615 -1.319 -1.319 -1.391 -1.243 1.865 -2.479 168 71.262 13.262 -1.318 -1.366 -1.390 -1.292 1.898 -2.602 169 72.725 12.889 -1.316 -1.411 -1.388 -1.341 1.930 -2.723 170 74.158 12.497 -1.312 -1.456 -1.384 -1.388 1.960 -2.842 171 75.559 12.089 -1.307 -1.500 -1.377 -1.435 1.989 -2.957 172 76.927 11.665 -1.300 -1.542 -1.369 -1.481 2.017 -3.067 173 78.261 11.229 -1.291 -1.583 -1.359 -1.525 2.043 -3.173 174 79.560 10.781 -1.281 -1.622 -1.348 -1.567 2.067 -3.272 175 80.821 10.323 -1.270 -1.659 -1.334 -1.608 2.089 -3.365 176 82.046 9.858 -1.257 -1.694 -1.319 -1.646 2.110 -3.451 177 83.232 9.388 -1.243 -1.727 -1.303 -1.682 2.128 -3.528 178 84.379 8.913 -1.227 -1.758 -1.285 -1.717 2.144 -3.598 179 85.486 8.437 -1.211 -1.787 -1.266 -1.748 2.158 -3.659 180 86.552 7.961 -1.194 -1.813 -1.246 -1.778 2.171 -3.712 181 87.578 7.487 -1.176 -1.837 -1.225 -1.804 2.181 -3.757 182 88.562 7.017 -1.157 -1.859 -1.204 -1.829 2.190 -3.794 183 89.505 6.552 -1.138 -1.878 -1.182 -1.851 2.196 -3.823 184 90.406 6.095 -1.119 -1.895 -1.160 -1.871 2.201 -3.844 185 91.264 5.647 -1.099 -1.910 -1.137 -1.888 2.204 -3.858 186 92.081 5.210 -1.080 -1.923 -1.115 -1.903 2.206 -3.865 187 92.855 4.785 -1.060 -1.934 -1.092 -1.916 2.206 -3.865 188 93.586 4.373 -1.041 -1.943 -1.070 -1.927 2.204 -3.859 189 94.276 3.978 -1.022 -1.950 -1.049 -1.936 2.202 -3.847 190 94.922 3.599 -1.004 -1.955 -1.028 -1.943 2.198 -3.831 191 95.527 3.238 -0.986 -1.959 -1.008 -1.948 2.193 -3.811 192 96.089 2.896 -0.969 -1.962 -0.988 -1.953 2.188 -3.789 193 96.609 2.575 -0.953 -1.964 -0.970 -1.956 2.183 -3.765 194 97.087 2.275 -0.939 -1.966 -0.953 -1.959 2.178 -3.744 195 97.523 1.998 -0.926 -1.968 -0.938 -1.962 2.175 -3.729 196 97.917 1.745 -0.915 -1.972 -0.926 -1.967 2.174 -3.725 197 98.270 1.515 -0.907 -1.980 -0.917 -1.976 2.178 -3.745 198 98.581 1.311 -0.905 -1.998 -0.913 -1.994 2.193 -3.810 199 98.850 1.132 -0.913 -2.035 -0.920 -2.032 2.230 -3.974 200 99.079 0.980 -0.949 -2.132 -0.955 -2.129 2.333 -4.445 201 99.230 0.874 -0.839 -2.308 -0.845 -2.306 2.456 -5.033 202 99.320 0.795 -0.568 -2.358 -0.574 -2.356 2.425 -4.882 203 99.403 0.707 -0.352 -2.264 -0.356 -2.263 2.291 -4.250 204 99.482 0.611 -0.212 -2.112 -0.215 -2.111 2.122 -3.503 205 99.558 0.511 -0.139 -1.941 -0.141 -1.941 1.946 -2.787 206 99.632 0.410 -0.120 -1.773 -0.122 -1.773 1.777 -2.158 207 99.707 0.309 -0.142 -1.613 -0.144 -1.613 1.620 -1.623 208 99.785 0.211 -0.196 -1.459 -0.197 -1.459 1.472 -1.168 209 99.867 0.120 -0.276 -1.316 -0.276 -1.316 1.344 -0.807 210 99.954 0.038 -0.421 -1.318 -0.421 -1.318 1.384 -0.915

DISTRIBUICOES DE VELOCIDADE EM PONTOS EXTERIORES AO PERFIL

IE XE/XT YE/YT RE/XT PSI(º) VX/VREF VY/VREF VR/VREF VT/VREF V/VREF CP RVTE/(VREF*XT)

1 1.544 0.041 1.545 1.53 -0.613 -0.016 -0.613 0.000 0.613 0.625 0.00002 2 1.544 0.056 1.545 2.07 -0.612 -0.022 -0.613 0.000 0.613 0.625 0.00002 3 1.543 0.070 1.545 2.61 -0.612 -0.028 -0.613 0.000 0.613 0.625 0.00002 4 1.542 0.085 1.545 3.14 -0.612 -0.034 -0.613 0.000 0.613 0.625 0.00002 5 1.541 0.099 1.545 3.68 -0.611 -0.039 -0.613 0.000 0.613 0.625 0.00002 6 1.540 0.113 1.545 4.21 -0.611 -0.045 -0.613 0.000 0.613 0.625 0.00002 7 1.539 0.128 1.545 4.75 -0.611 -0.051 -0.613 0.000 0.613 0.625 0.00002 8 1.538 0.142 1.545 5.28 -0.610 -0.056 -0.613 0.000 0.613 0.625 0.00002

Page 102: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

XX

9 1.537 0.157 1.545 5.82 -0.610 -0.062 -0.613 0.000 0.613 0.625 0.00002 10 1.535 0.171 1.545 6.35 -0.609 -0.068 -0.613 0.000 0.613 0.625 0.00002 11 1.533 0.185 1.545 6.89 -0.608 -0.073 -0.613 0.000 0.613 0.625 0.00002 12 1.499 0.043 1.500 1.66 -0.631 -0.018 -0.631 0.000 0.631 0.602 0.00002 13 1.499 0.057 1.500 2.20 -0.631 -0.024 -0.631 0.000 0.631 0.602 0.00002 14 1.498 0.071 1.500 2.73 -0.630 -0.030 -0.631 0.000 0.631 0.602 0.00002 15 1.497 0.085 1.500 3.27 -0.630 -0.036 -0.631 0.000 0.631 0.602 0.00002 16 1.496 0.099 1.500 3.80 -0.630 -0.042 -0.631 0.000 0.631 0.602 0.00002 17 1.495 0.113 1.500 4.34 -0.629 -0.048 -0.631 0.000 0.631 0.602 0.00002 18 1.494 0.127 1.500 4.87 -0.629 -0.054 -0.631 0.000 0.631 0.602 0.00002 19 1.493 0.141 1.500 5.41 -0.628 -0.059 -0.631 0.000 0.631 0.602 0.00002 20 1.492 0.155 1.500 5.94 -0.628 -0.065 -0.631 0.000 0.631 0.602 0.00002 21 1.490 0.169 1.500 6.48 -0.627 -0.071 -0.631 0.000 0.631 0.602 0.00002 22 1.488 0.183 1.500 7.01 -0.626 -0.077 -0.631 0.000 0.631 0.602 0.00002 23 1.454 0.046 1.455 1.80 -0.650 -0.020 -0.651 0.000 0.651 0.577 0.00002 24 1.454 0.059 1.455 2.33 -0.650 -0.026 -0.651 0.000 0.651 0.577 0.00002 25 1.453 0.073 1.455 2.87 -0.650 -0.033 -0.651 0.000 0.651 0.577 0.00002 26 1.452 0.086 1.455 3.40 -0.649 -0.039 -0.651 0.000 0.651 0.577 0.00002 27 1.451 0.100 1.455 3.94 -0.649 -0.045 -0.651 0.000 0.651 0.577 0.00002 28 1.450 0.113 1.455 4.47 -0.649 -0.051 -0.651 0.000 0.651 0.577 0.00002 29 1.449 0.127 1.455 5.01 -0.648 -0.057 -0.651 0.000 0.651 0.577 0.00002 30 1.448 0.141 1.455 5.54 -0.648 -0.063 -0.651 0.000 0.651 0.577 0.00002 31 1.447 0.154 1.455 6.08 -0.647 -0.069 -0.651 0.000 0.651 0.577 0.00002 32 1.445 0.168 1.455 6.61 -0.646 -0.075 -0.651 0.000 0.651 0.577 0.00002 33 1.443 0.181 1.455 7.15 -0.645 -0.081 -0.651 0.000 0.651 0.577 0.00002 34 1.409 0.048 1.410 1.94 -0.671 -0.023 -0.671 0.000 0.671 0.549 0.00002 35 1.409 0.061 1.410 2.47 -0.671 -0.029 -0.671 0.000 0.671 0.549 0.00002 36 1.408 0.074 1.410 3.01 -0.670 -0.035 -0.671 0.000 0.671 0.549 0.00002 37 1.407 0.087 1.410 3.54 -0.670 -0.041 -0.671 0.000 0.671 0.549 0.00002 38 1.406 0.100 1.410 4.08 -0.670 -0.048 -0.671 0.000 0.671 0.549 0.00002 39 1.405 0.113 1.410 4.61 -0.669 -0.054 -0.671 0.000 0.671 0.549 0.00002 40 1.404 0.127 1.410 5.15 -0.669 -0.060 -0.671 0.000 0.671 0.549 0.00002 41 1.403 0.140 1.410 5.69 -0.668 -0.066 -0.671 0.000 0.671 0.549 0.00002 42 1.402 0.153 1.410 6.22 -0.667 -0.073 -0.671 0.000 0.671 0.549 0.00002 43 1.400 0.166 1.410 6.76 -0.667 -0.079 -0.671 0.000 0.671 0.549 0.00002 44 1.398 0.179 1.410 7.29 -0.666 -0.085 -0.671 0.000 0.671 0.549 0.00002 45 1.364 0.050 1.365 2.09 -0.693 -0.025 -0.693 0.000 0.693 0.519 0.00002 46 1.364 0.063 1.365 2.63 -0.693 -0.032 -0.693 0.000 0.693 0.519 0.00002 47 1.363 0.075 1.365 3.16 -0.692 -0.038 -0.693 0.000 0.693 0.519 0.00002 48 1.362 0.088 1.365 3.70 -0.692 -0.045 -0.693 0.000 0.693 0.519 0.00002 49 1.361 0.101 1.365 4.23 -0.691 -0.051 -0.693 0.000 0.693 0.519 0.00002 50 1.360 0.113 1.365 4.77 -0.691 -0.058 -0.693 0.000 0.693 0.519 0.00002 51 1.359 0.126 1.365 5.30 -0.690 -0.064 -0.693 0.000 0.693 0.519 0.00002 52 1.358 0.139 1.365 5.84 -0.690 -0.071 -0.693 0.000 0.693 0.519 0.00002 53 1.357 0.152 1.365 6.37 -0.689 -0.077 -0.693 0.000 0.693 0.519 0.00002 54 1.355 0.164 1.365 6.91 -0.688 -0.083 -0.693 0.000 0.693 0.519 0.00002 55 1.353 0.177 1.365 7.44 -0.688 -0.090 -0.693 0.000 0.693 0.519 0.00002 56 1.319 0.052 1.320 2.25 -0.716 -0.028 -0.717 0.000 0.717 0.486 0.00000 57 1.319 0.064 1.320 2.79 -0.716 -0.035 -0.717 0.000 0.717 0.486 -0.00001 58 1.318 0.077 1.320 3.32 -0.716 -0.042 -0.717 0.000 0.717 0.486 -0.00001 59 1.317 0.089 1.320 3.86 -0.715 -0.048 -0.717 0.000 0.717 0.486 0.00000 60 1.316 0.101 1.320 4.39 -0.715 -0.055 -0.717 0.000 0.717 0.486 0.00002 61 1.315 0.113 1.320 4.93 -0.714 -0.062 -0.717 0.000 0.717 0.486 0.00004 62 1.314 0.126 1.320 5.46 -0.714 -0.068 -0.717 0.000 0.717 0.486 0.00005 63 1.313 0.138 1.320 6.00 -0.713 -0.075 -0.717 0.000 0.717 0.486 0.00005 64 1.312 0.150 1.320 6.54 -0.712 -0.082 -0.717 0.000 0.717 0.486 0.00004 65 1.310 0.162 1.320 7.07 -0.711 -0.088 -0.717 0.000 0.717 0.486 0.00002 66 1.308 0.175 1.320 7.61 -0.711 -0.095 -0.717 0.000 0.717 0.486 0.00000 67 1.274 0.054 1.275 2.43 -0.742 -0.032 -0.742 0.000 0.742 0.449 -0.00021 68 1.274 0.066 1.275 2.96 -0.741 -0.039 -0.742 0.000 0.742 0.449 -0.00031 69 1.273 0.078 1.275 3.50 -0.741 -0.045 -0.742 0.000 0.742 0.449 -0.00029 70 1.272 0.090 1.275 4.03 -0.740 -0.052 -0.742 0.000 0.742 0.450 -0.00015 71 1.271 0.102 1.275 4.57 -0.740 -0.059 -0.742 0.000 0.742 0.450 0.00006 72 1.270 0.113 1.275 5.10 -0.739 -0.066 -0.742 0.000 0.742 0.450 0.00025 73 1.269 0.125 1.275 5.64 -0.739 -0.073 -0.742 0.000 0.742 0.449 0.00036 74 1.268 0.137 1.275 6.17 -0.738 -0.080 -0.742 0.000 0.742 0.449 0.00033 75 1.266 0.149 1.275 6.71 -0.737 -0.087 -0.742 0.000 0.742 0.449 0.00019 76 1.265 0.161 1.275 7.24 -0.736 -0.094 -0.742 0.000 0.742 0.449 -0.00002 77 1.264 0.173 1.275 7.78 -0.735 -0.101 -0.742 0.000 0.742 0.449 -0.00021 78 1.229 0.056 1.230 2.61 -0.770 -0.038 -0.771 -0.002 0.771 0.406 -0.00307 79 1.229 0.068 1.230 3.15 -0.768 -0.045 -0.769 -0.003 0.769 0.408 -0.00366 80 1.228 0.079 1.230 3.68 -0.766 -0.052 -0.767 -0.002 0.767 0.411 -0.00297 81 1.227 0.091 1.230 4.22 -0.764 -0.057 -0.766 -0.001 0.766 0.413 -0.00119 82 1.226 0.102 1.230 4.75 -0.764 -0.063 -0.766 0.001 0.766 0.413 0.00115 83 1.225 0.113 1.230 5.29 -0.764 -0.068 -0.767 0.003 0.767 0.411 0.00317 84 1.224 0.125 1.230 5.82 -0.766 -0.075 -0.769 0.003 0.769 0.408 0.00397 85 1.223 0.136 1.230 6.36 -0.767 -0.083 -0.771 0.003 0.771 0.405 0.00309 86 1.222 0.148 1.230 6.90 -0.767 -0.092 -0.772 0.001 0.772 0.404 0.00100 87 1.220 0.159 1.230 7.43 -0.765 -0.101 -0.772 -0.001 0.772 0.404 -0.00134 88 1.218 0.171 1.230 7.97 -0.763 -0.109 -0.771 -0.002 0.771 0.406 -0.00307 89 1.183 0.036 1.184 1.72 -0.836 -0.037 -0.837 -0.012 0.837 0.300 -0.01422

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XXI

90 1.183 0.047 1.184 2.26 -0.822 -0.057 -0.823 -0.025 0.823 0.322 -0.02924 91 1.182 0.058 1.184 2.79 -0.806 -0.070 -0.808 -0.031 0.809 0.346 -0.03620 92 1.182 0.069 1.184 3.33 -0.790 -0.077 -0.793 -0.031 0.794 0.370 -0.03621 93 1.181 0.080 1.184 3.86 -0.776 -0.078 -0.779 -0.025 0.780 0.392 -0.02969 94 1.180 0.091 1.184 4.40 -0.764 -0.072 -0.767 -0.014 0.767 0.411 -0.01610 95 1.179 0.102 1.184 4.93 -0.759 -0.061 -0.761 0.005 0.761 0.420 0.00552 96 1.178 0.113 1.184 5.47 -0.832 0.038 -0.824 0.117 0.832 0.307 0.13861 97 1.177 0.124 1.184 6.00 -0.852 -0.039 -0.851 0.050 0.853 0.273 0.05968 98 1.176 0.135 1.184 6.54 -0.843 -0.086 -0.847 0.010 0.847 0.282 0.01196 99 1.175 0.146 1.184 7.07 -0.829 -0.115 -0.837 -0.012 0.837 0.300 -0.01421 100 1.165 0.027 1.165 1.34 -0.900 -0.054 -0.901 -0.033 0.902 0.187 -0.03889 101 1.164 0.038 1.165 1.88 -0.870 -0.081 -0.872 -0.052 0.873 0.237 -0.06089 102 1.164 0.049 1.165 2.41 -0.841 -0.098 -0.844 -0.063 0.847 0.283 -0.07318 103 1.163 0.060 1.165 2.95 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Page 104: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

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Page 105: Carlos Manuel Fernandes Rodrigues

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