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Congreso Iberoamericano de Ciencia, Tecnología, Innovación y Educación 1 ISBN: 978-84-7666-210-6 – Artículo 586 CARNAVAL CARIOCA E O ENSINO DE CIÊNCIAS A PARTIR DA PERSPECTIVA CTS: UMA RELAÇÃO POSSÍVEL DECCACHE-MAIA, E.; MESSEDER, J.C.

CARNAVAL CARIOCA E O ENSINO DE CIÊNCIAS A PARTIR … · Nosso foco aqui nesse artigo é o carnaval e as escolas de ... para conhecer de perto a relação entre ciência e ... além

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ISBN: 978-84-7666-210-6 – Artículo 586

CARNAVAL CARIOCA E O ENSINO DE CIÊNCIAS A PARTIR DA PERSPECTIVA CTS: UMA RELAÇÃO

POSSÍVEL

DECCACHE-MAIA, E.; MESSEDER, J.C.

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CARNAVAL CARIOCA E O ENSINO DE CIÊNCIAS A PARTIR DA PERSPECTIVA CTS: UMA RELAÇÃO

POSSÍVEL

Eline Deccache-Maia –– Mestrado Profissional em Ensino de Ciências- IFRJ

[email protected]

Jorge Cardoso Messeder – Mestrado Profissional em Ensino de Ciências- IFRJ [email protected]

INTRODUÇÃO O Rio de Janeiro é marcado por dois fenômenos culturais que têm forte apelo na sociedade brasileira: o samba e o futebol. Dois fenômenos que se igualam pela paixão que desperta na população carioca. Nosso foco aqui nesse artigo é o carnaval e as escolas de samba, agremiações encarregadas em elaborar todos os passos daquilo que é considerada uma das maiores festas populares. As escolas de samba têm uma história que remonta mais de um século e que começa como uma brincadeira de rua. Inicialmente veremos no século XIX que essa era uma manifestação estratificada, representada por grupos carnavalescos das classes sociais mais ricas, denominados Grandes Sociedades; os Ranchos, representando a pequena burguesia; e os Blocos, festa realizada pelas camadas mais pobres (CAVALCANTI, 1995).

A escola de samba, que surge no final de 1920, torna menos visível essa distinção de classes. A sua organização vai se configurando a partir de áreas como bairros e municípios no entorno da cidade do Rio de Janeiro e muitas delas trazem cravado em seu nome a comunidade na qual se insere (ex. Mangueira; União da Ilha do Governador; Beija-Flor de Nilópolis etc.). Essa organização espacial cria um vínculo identitário forte, que dará ao indivíduo uma sensação de pertencimento tanto à comunidade local quanto à do samba. O surgimento das agremiações do samba está intimamente ligado às formações das favelas na cidade do Rio. Segundo Leopoldi, o universo do samba congrega três componentes fundamentais: o étnico, o musical e o urbano (1978: p.35). Aos poucos, com o passar dos anos, o carnaval vai sofrendo modificações. Com o surgimento do automóvel, por exemplo, os grupos carnavalescos começam a enfeitar os carros, denominados corsos, o que seria o protótipo daquilo que hoje conhecemos como carros alegóricos (Figura 1). Essa junção entre automóvel e carnaval seria a primeira aproximação da tecnologia com esta famosa festa popular. No início a festa dava-se na rua, com música e componentes fantasiados de forma mais aleatória, ou seja, cada um se fantasiava segundo sua imaginação ou alguns

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grupos combinavam sair com a mesma fantasia. Com o passar dos anos, os desfiles vão ganhando maiores contornos e passa a organiza-se a partir de enredos escolhidos. Os enredos que definirão a história a ser narrada no desfile que deverá ser contada por meio das fantasias, coreografias, carros alegóricos e das composições dos sambas. Todos esses elementos são elaborados para dar conta de transmitir à população uma ideia/história..

Figura 1 – Corso no início do Século XX (esq.) e carro alegórico passando pelo Sambódramo (dir.) FONTES: http://luisadrumond.com.br/2011/03/o-carnaval-do-brasil/; http://vocefala.wordpress.com/2011/04/16/o-carnaval/ (Acessado em: 13/09/2014)

O carnaval vai se popularizando cada vez mais e as escolas de samba se estruturando a partir de associações. A cidade começa a se organizar para receber os foliões, definindo espaços urbanos onde as festas aconteceriam, sendo montadas arquibancadas para que a população pudesse assistir aos desfiles. Em 1962, arquibancadas serão construídas em famosa avenida no Centro da cidade do Rio de Janeiro e ingressos serão cobrados à população para que pudessem assistir ao desfile. Começaria aí o uso comercial do carnaval que hoje arrecada milhões com o turismo e tudo o mais em torno desta festa (CAVALCANTI, 1995).

Outro dado importante que acorrerá na década de 1960 é o interesse das camadas médias da sociedade na elaboração desta festa, com a incorporação de artistas plásticos e cenógrafos no universo do carnaval (CAVALCANTI, 1995). Um exemplo desta aliança é a do artista plástico Fernando Pamplona que levará seus alunos para compor a sua equipe na Escola de Samba Salgueiro. O saber obtido nas universidades vai dialogar, cada vez mais, com o universo do carnaval. A teoria encontrará a prática na interação com o cotidiano carnavalesco Essa aliança fará uma tremenda revolução estética e técnica no carnaval carioca.

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Em pleno período das revoluções técnicas e estéticas das escolas de samba, Adir Botelho, Fernando Santoro e Davi Ribeiro mudavam a concepção dos projetos de decoração com explorações de materiais que impuseram novos padrões de proporção, forma e iluminação. A apresentação de trabalhos de alto nível técnico e artístico demonstrava que aqueles concursos haviam ganhado uma nova dimensão, na qual se destacavam as pesquisas de materiais que produzissem novos efeitos decorativos e também pelo desenvolvimento de temáticas his-tóricas ou folclóricas mais elaboradas. (Guimarães, 2013, p. 194)

A partir da década de 1960, o carnaval carioca terá um desenvolvimento acelerado em termos do uso de novas tecnologias. Os barracões do samba, locais destinados à execução dos projetos elaborados pelos carnavalescos a partir de um enredo predefinido, e que concentram os trabalhadores executores de tais projetos, também se constituirão como um espaço de experimentações e elaborações de novas tecnologias. Será nesse espaço que a Escola de Belas Artes encontrará um universo multidisciplinar, onde os alunos poderão exercitar os conhecimentos adquiridos na universidade e aprender com o mundo do carnaval (GUIMARÃES, 2013).

Nosso interesse neste trabalho é exatamente abordar o universo dos barracões para conhecer de perto a relação entre ciência e carnaval. Para tanto, elegemos uma escola de samba para acompanharmos a elaboração do carnaval e todo o processo envolvido. A escola de samba por nós analisada nesse trabalho é a do município de Nilópolis, localizada na Baixada Fluminense, denominada Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor.

O município de Nilópolis foi emancipado em 1947 e a conversão do bloco de carnaval para escola de samba Beija-Flor ocorrerá em 1948. Município e Escola de Samba crescem juntos e a identidade da cidade vai sendo entrelaçada à da Beija-Flor1. Uma relação afetiva se estabelece entre a população deste município e de municípios vizinhos com a sua escola de samba.

Este interesse foi despertado pela observação realizada quando começamos a frequentar este município. O Campus do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) que estamos alocados é o de Nilópolis. Nossas primeiras incursões na cidade foram marcadas pela surpresa em vermos beija-flores desenhados em todas as partes da cidade. O pássaro símbolo da escola de samba, também era utilizado para dar nomes a bares, oficinas, lojas etc., denotando a forte presença da escola de samba nessa

1 Este entrelaçamento fica evidenciado na logomarca do município, que pode ser vista no site

oficial da prefeitura (http://www.nilopolis.rj.gov.br/site/), que possui um beija-flor como símbolo.

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comunidade. A partir desta constatação começamos a pensar como seria abordar a ciência tendo o carnaval como inspiração? A partir desta ideia, iniciamos uma pesquisa exploratória sobre carnaval e ciência.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS Quanto de ciência tem no carnaval? É difícil dimensionar. Nenhum trabalho até então foi realizado no sentido de acompanhar de perto e mensurar a realidade vivida nos Barracões onde o carnaval é construído. As opiniões acerca da união entre ciência e carnaval, quando existentes, são elaboradas a partir dos resultados apresentados durante os desfiles e sua repercussão e quando, de modo mais óbvio, a ciência passa a ser um enredo explorado. No livro “O mesmo e o não mesmo”, do prêmio Nobel de Química Roald Hoffmann, encontramos no primeiro parágrafo do prefácio da edição brasileira, o olhar do cientista sobre uma das maiores festas existentes:

Havia química no carnaval do Rio de Janeiro de 2004. A química estava lá não apenas simbolicamente, na deslumbrante alegoria da Pirâmide da Vida que Paulo Barros criou para a Unidos da Tijuca – 123 corpos jovens (sem chances de me incluírem lá!) pintados a spray azul-escuro traçando a hélice do DNA nos ares. Estava em todos os lugares para onde se olhasse, nos plásticos e nas fibras sintéticas que preservavam a leveza dos carros alegóricos e suas fantasias, nas cores brilhantes. Até mesmo no samba-enredo! Pareceu-me que Jurandir, Wanderlei, Sereno e Enilson, os compositores, tinham química na cabeça. Pois lá estavam cem mil pessoas cantando... De sonhos e criação Desejos, transformação... Eles entenderam perfeitamente o que é química. Pois essa ciência trata, de modo profundo e fundamental, de transformação. Trata, além disso, de criação, ou síntese. E trata também de concretizar sonhos, de realizar nossos desejos (2007, p. 09-10).

Com o enredo “O sonho da criação, a criação do sonho: a arte da ciência no tempo do impossível”, o carnavalesco Paulo Barros concebeu carros alegóricos, fantasias etc, de forma inovadora e surpreendente. O carnavalesco contou com a parceria da Casa da Ciência, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e alguns cientistas para lhe prestar assessoria. Essa estreita vinculação entre carnavalesco e cientista proporcionou um espetáculo de beleza e conhecimento. Esta relação mais imediata do carnaval não traduz o que pretendemos explorar neste trabalho, pois trata-se da prática cientifica levada a termo para tornar concreto os projetos do carnaval. Neste sentido. o que diria Hoffmann se visitasse o Barracão de uma dessas escolas? Certamente ele veria que além da química tem física, matemática, biologia, história etc. no dia a dia da construção do carnaval carioca. Foi exatamente isso que constatamos através da pesquisa “Quem não gosta de ciência bom sujeito não é: ciência no Barracão”, financiado pela FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e ProCiência-IFRJ, durante o trabalho de campo realizado no segundo semestre de 2011 e início de 2012, no

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Barracão do GRES Beija-Flor de Nilópolis, cujo objetivo foi verificar como a ciência, colocada em prática neste ambiente, poderia auxiliar no Ensino de Ciências.

Durante o período que visitamos o Barracão2 ficamos perplexos com a constatação de que o saber científico dá suporte aos trabalhos levados a termo neste ambiente, uma vez que os trabalhadores têm que criar alternativas que viabilizem a elaboração do que é solicitado nos projetos do carnaval, tornando aquele espaço em “laboratório” informal de experiências realizadas por “cientistas” do cotidiano. Certamente que aqui ampliamos o conceito de ciência. Não se trata da ciência institucionalizada, que possui um campo específico configurado, segundo a noção de campo de Bourdieu (2004) que define:

...chamo o campo literário, artístico, jurídico ou científico, isto é, o universo no qual estão inseridos os agentes e as instituições que produzem, reproduzem e difundem a arte, a literatura e a ciência. Esse universo é um mundo social como os outros, mas que obedece a leis sociais mais ou menos específicas. A noção de campo está aí para designar esse espaço relativamente autônomo, esse microcosmo dotado de suas leis próprias. (p. 20)

O que se faz no Barracão não é a ciência realizada por iniciados, mas uma ciência que busca soluções para problemas específicos. Uma ciência empírica, que nem por isso deixa de construir um conhecimento, embora este fique confinado no interior do Barracão e não circule, como no caso da ciência institucionalizada. De todo modo, acreditamos que a partir da ciência que é feita e que respalda o trabalho do Barracão podemos demonstrar um sentido mais palpável no aprendizado da mesma. Ou seja, o carnaval pode revestir de sentido para os alunos o conteúdo apresentado nas disciplinas de ciências. Como já assinalado, nosso interesse em estudar o carnaval nasceu quando começamos a perceber que o município de Nilópolis e a Escola de Samba Beija-Flor têm trajetórias que se entrecruzam - sem entrar no mérito da política que estabeleceu essa relação – sendo esta última, motivo de grande orgulho para a cidade. Neste sentido, acreditávamos que partir de uma realidade cheia de significado para o nilopolitano poderia ser um elemento de motivação da aprendizagem a ser explorado na elaboração de material didático de ensino de ciências baseado na construção do carnaval. Este material a ser criado teria uma orientação CTS (CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SOCIEDADE). ORIENTAÇÃO CTS O movimento CTS é incorporado à educação científica na década de 70 do século XX, decorrente dos problemas ambientais que se agravavam nesse período (SANTOS, 2011). O dilema que se colocava em relação aos propósitos da educação

2 O barracão é o espaço designado para a confecção das fantasias e alegorias do carnaval. São galpões

bem estruturados com espaço amplo e altura suficiente para a confecção dos carros alegóricos. O carnaval é uma indústria cultural tão fundamental para a vida turística da cidade do Rio de Janeiro que no ano de 2006 foi inaugurada a chamada Cidade do Samba, na zona portuária do Rio. Composta por 14 barracões destinados às escolas de samba do Grupo Especial, o local também é aberto à visitação turística.

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científica é se ela deveria ocorrer visando à formação de futuros cientistas ou preparando os indivíduos para uma formação cidadã. Contudo, segundo nosso ponto de vista, esse é um falso dilema. A educação científica é em si um direito básico do cidadão e o que este fará com ele é algo que lhe cabe decidir. Como todo direito básico é preciso lutar para que seja levado a termo com qualidade e de forma a permitir que o indivíduo possa, através de um ensino de qualidade, ter a possibilidade de acesso ao conhecimento científico e, a partir daí poder escolher se quer seguir adiante no aprofundamento deste conhecimento tornando-se, quem sabe, um cientista ou seguir outro caminho qualquer. Seja qual for a sua opção, sua formação lhe permitirá ter uma postura mais cônscia diante das políticas de ciência e tecnologia. Portanto, toda ação de formação científica, seja a partir da perspectiva CTS ou não, deve promover a cidadania dos jovens, pois o ensino de qualidade, aqui no caso o de ciências, é um direito básico. O movimento CTS, segundo Santos (2011), tem contribuído mais para a formação da cidadania, incorporado no sentido de capacitar à população na tomada de decisões. Para os propósitos da nossa pesquisa, nos parece que a contribuição que o enfoque CTS pode nos dar passa pelas conclusões realizadas pelas pesquisas de Aikenhead (apud SANTOS, 2011) que

...demonstram como propostas de ensino CTS têm contribuído pra a maioria dos estudantes da educação básica que apresentam dificuldades com o ensino tradicional de Ciências. As pesquisas apontam resultados positivos em termos de evidenciar a relevância social do conhecimento científico estudado, de melhorar a aprendizagem de conceitos científicos, de contribuir para alunos desenvolverem a capacidade de tomada de decisão, de orientar os professores para uma educação voltada para a cidadania. (p.28)

Uma característica que marca a perspectiva CTS é a incorporação de temas sociocientíficos somada às estratégias didáticas que estimulem a participação do aluno (Silva, Oliveira, Queiroz, 2011), ou seja, um bom material didático não dá conta sozinho de estimular no aluno o interesse por temas científicos se o professor continuar a desenvolver em sala de aula uma postura tradicional que visa apenas a transmissão pura e simples do conteúdo.

A abordagem CTS corresponde a uma área de estudos que se baseia nas relações, consequências e respostas sociais existentes entre a ciência e a tecnologia. Por ter característica transdisciplinar, os estudos CTS integram diversos saberes das áreas de conhecimentos acadêmicos tradicionais como a filosofia, a história da ciência e da tecnologia e a sociologia e também buscam a reflexão sobre os fenômenos sociais e as condições da existência humana sob a perspectiva da ciência e da tecnologia. (ALVES et al, 2009).

No que se refere ao campo da educação, o enfoque CTS visa promover uma aprendizagem que permita aos alunos se posicionarem de maneira crítica frente a situações problemáticas e ao professor proporcionar essa construção de conhecimentos voltados para o desenvolvimento de um pensamento científico. Muito se fala da contextualização no ensino de ciências. Entretanto, para muitos professores o princípio dessa contextualização está apenas na abordagem de situações do cotidiano, descrevendo nominalmente esses fenômenos com a linguagem científica.

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Segundo Auler e Delizoicov (2001), é preciso que aja um investimento na formação do professor, fazendo com que ocorra a construção do referencial freireano e associando ao ensino de conceitos científicos a problematização das construções historicamente realizadas sobre a atividade científica-tecnológica. Ainda no entendimento desses autores, torna-se necessário que o professor ao utilizar um ensino CTS se preocupe com uma visão crítica, da mesma forma que a proposta de alfabetização de adultos de Paulo Freire (1996) era centrada em temas da vivencia sociocultural dos estudantes.

Em um trabalho desenvolvido por Silva e Messeder (2010), verificou-se que a formação do professor ainda é um obstáculo para que o ensino CTS seja uma prática na vivência dos licenciandos em química. Segundo levantamento realizado, a abordagem de CTS nos cursos de formação de professores de química no estado do Rio de Janeiro ainda é precária, não sendo uma realidade nas estruturas curriculares dessas licenciaturas.

É importante que haja uma reflexão a respeito da atual prática dos professores de Ciências, assim como a necessidade da mudança dessa postura para a melhoria do ensino, tendo como base um novo enfoque dentro do contexto CTS. Os professores, a partir de uma perspectiva da ciência e tecnologia, devem utilizar-se de problemas atuais de âmbito social, ético e político, para dar oportunidade aos seus alunos de refletirem, formularem opiniões, apresentarem soluções e tomarem decisões sobre os acontecimentos do mundo em que vivem. Acredita-se que a introdução do enfoque CTS pode favorecer um processo de ensino-aprendizagem que forneça ao aluno espaço para reflexão sobre Ciência, Tecnologia e sua implicação na Sociedade, promovendo a sua formação crítica e transformadora para sua atuação como um profissional da educação.

É com base nas premissas expostas acima que o presente trabalho, baseado nas observações recolhidas no Barracão da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, buscou insumos para a confecção de materiais pedagógicos que, ao mesmo tempo, fossem didáticos pra o ensino de ciências e pudessem também abarcar os pressupostos de um ensino CTS. É imprescindível que a criação desses materiais didáticos siga as orientações já dispostas na literatura especializada sobre a temática na qual debruçamos. “Os materiais didáticos que apresentem uma característica CTS devem observar a necessidade da construção da cidadania científica e tecnológica incorporando ciência e tecnologia ao trabalho pedagógico a partir da transdisciplinaridade para os conteúdos.” (ZUIN et al. 2008 apud ALVES e MESSEDER, 2011).

METODOLOGIA Todo o trabalho de pesquisa foi feito a partir de um viés exploratório com possibilidades de vários desdobramentos. A pesquisa pretendeu, em um primeiro momento, conhecer o dia a dia do trabalho no barracão com o intuito de converter o observado em material didático. Para tanto, foi escolhido o método considerado o mais apropriado para este fim: o qualitativo utilizando a pesquisa de campo, inspirado na tradição antropológica, o que permitiu um contato mais intenso com o universo investigado.

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A convivência com os trabalhadores e a observação das atividades desenvolvidas por estes, tiveram como propósitos entender a dinâmica do trabalho, quais e como os materiais são utilizados, como as soluções para os impasses encontrados no dia a dia do trabalho no barracão são elaboradas e qual o peso do conhecimento científico nas atividades realizadas. Por exemplo, no setor de Movimento do barracão3, pudemos observar os temas relacionados a equilíbrio, grau de liberdade - alavancas e máquinas simples etc.; a química foi vista na parte de modelagem em resina onde encontramos polímeros, combustíveis/inflamável etc. No processo da pesquisa de campo foram feitos registros fotográficos e em filmagem do observado, este último visando material para a elaboração de vídeos didáticos, a fim de termos material ilustrativo para futuras publicações. Como nosso trabalho foi acompanhar a construção do carnaval da escola para o desfile de 2012 nos comprometemos em somente divulgar o material recolhido, após o desfile. Importante destacar que que o objeto da nossa investigação envolve competição e que, por conseguinte, necessita sigilo das práticas que ocorrem internamente no barracão.

Além da observação direta realizada durante todo o segundo semestre de 2011 até o carnaval em fevereiro de 2012, indo semanalmente ao barracão, realizamos algumas entrevistas abertas com os trabalhadores considerados importantes na definição das atividades ali desenvolvidas. Foram ao todo realizadas 5 entrevistas com duração aproximada de 40 minutos a 1 hora.

ANÁLISE DOS DADOS Alguns estudos realizados em barracões de escolas de samba nos apontam para uma realidade extremamente rica. Os barracões e, mais especificamente o da escola que aqui nos interessa, funcionam na Cidade do Samba na zona portuária do Rio de Janeiro, como já mencionado. O trabalho que dá forma ao espetáculo do carnaval apresentado no Sambódramo4 é uma produção complexa que envolve: ferragem, carpintaria/marcenaria, escultura, laminação, empastelação, pintura de arte, alúminio, espuma, decoração, iluminação, mecânica, movimento, vime, néon e espelho (Valença, 2006). São atividades que envolvem conhecimentos diversos. O estudo de Valença (2006) mostra que os trabalhadores envolvidos são majoritariamente da comunidade de origem da escola e apresentando baixa escolaridade, o que em algumas tarefas pode ser um complicador, principalmente

3 O Setor de Movimentação dedica-se a criar mecanismos que deem vida às esculturas, fazendo com

que estas idealizadas, recebam estruturas internas que permitam o braço o movimento dessas esculturas.

4 O Sambódromo é um conjunto arquitetônico projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado em 1984. É nesse local que os desfiles das escolas de samba são realizados. A sua construção tornou o local dos desfiles em espaço permanente, terminado com a montagem anual de arquibancadas para a população assistir aos desfiles.

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aquelas que necessitam de interpretação de plantas/projetos e a realização de alguns cálculos matemáticos.

O método de ensino utilizado nos barracões se dá a partir da demonstração e experimentação, sendo o trabalho concreto um laboratório de aprendizagem (Valença, 2006). A nossa pesquisa confirmou essa tendência. Apesar da baixa escolaridade, os trabalhadores que estão à frente dos diversos setores do barracão contam com ampla experiência adquirida empiricamente, inclusive alguns deles dominando conteúdos científicos, definindo-se, em muitos casos, como autodidatas. Na entrevista com o senhor Bahia, 80 anos, o mais antigo trabalhador na ativa que encontramos nas nossas incursões pelo barracão, tivemos acesso ao processo de incorporação do seu trabalho na escola:

Sou Jairo Bahia. Carpinteiro da Beija-Flor. Essa minha gestão vem desde 1955. Fui convidado para fazer os carros alegóricos da Beija-Flor em 1955 por seu Augusto de Almeida, que era um grande escultor. Naquela época quem fazia carnaval era o escultor, não tinha esse negócio de carnavalesco, nada disso. Quem era responsável pelo carnaval era o escultor. E o Seu augusto foi um dos grandes escultores que teve no Rio de Janeiro, e eu tive o prazer de trabalhar com Seu Augusto. E fui convidado por seu Augusto para trabalhar na carpintaria e estou na Beija-Flor até hoje, desde 1955, começando a fazer os carros alegóricos na Beija-Flor, e tenho esse prazer, que não é bem mais prazer é orgulho de ser Beija-flor dentro desta capacidade de cinquenta e tantos anos fazendo esses carros alegóricos que realmente agrada o mundo. Sou de agradar o mundo eu tô junto e pra mim é a maior alegria.

O depoimento do Sr. Bahia nos deu um belo e elucidativo depoimento tanto do trabalho realizado pelo seu setor, carpintaria, como da história da Beija-Flor, nos oportunizando perceber dois aspectos interessantes. O primeiro que a forma de incorporação e aprendizado como trabalhador na escola de samba não mudou. As pessoas são convidadas por algum conhecido e vão aprendendo com aquele que detém maior conhecimento do serviço, portanto, aprendem na prática. O segundo aspecto é que o orgulho e amor sublinhados em sua fala já não é uma característica comum. Isso se dá porque o carnaval é uma indústria que se interessa pelos bons trabalhadores e estes, por sua vez, reconhecem o valor que têm no mercado do carnaval, podendo circular em várias escolas de samba, permanecendo naquela que melhor paga. Quando alguma escola tem um trabalhador que se destaca, as demais podem ficar de olho e tentar seduzi-lo para trabalhar em seu barracão. Não que as pessoas não gostam do que fazem ou que não tenham amor por alguma escola, mas é que o carnaval, assim como o futebol, virou um grande negócio.

Trabalhar com o tema carnaval envolve uma discussão com muitas dimensões. O carnaval é um fenômeno social complexo, amplamente estudado por renomados cientistas sociais, tais como Leopoldi (1978), Da Matta (1979; 1981), Cavalcanti

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(1994). A importância deste evento para a cultura carioca é inegável e envolve aspectos econômicos, tecnológicos e de inovação, esses dois últimos pouco discutidos e investigados.

A realidade observada no barracão nos indica que é possível obter uma gama de temas geradores científicos que podem ser transformados em materiais didáticos pedagógicos instigantes, facilitando a prática de professores de ciências. Como ilustração, podemos citar as atividades desenvolvidas no setor de moldagem, onde existe uma grande variedade de resinas poliméricas utilizadas. A figura 2 retrata a moldagem de uma parte de uma peça de alegoria, onde o trabalhador responsável utiliza a própria mão para misturar as substâncias químicas da composição do material.

Figura 2- Trabalhador do setor de modelagem e resina. Fonte: arquivo dos autores.

Esta situação observada nos favorece a abordagem de temas como, além dos tradicionais comumentes encontrados nas componentes curriculares da disciplina química do ensino médio, tais como polímeros sintéticos, reações termoquímicas, misturas e soluções dentre outros, ainda podemos discutir, dentro da perspectiva CTS, os problemas ocasionados pelo uso inadequado das substâncias poliméricas em questão. Neste enfoque, o professor de química pode dar relevância aos riscos químicos presentes na situação ilustrada, como combustibilidade dos polímeros, problemas de saúde pelo uso inapropriado desses materiais, por exemplo, a inalação de vapores tóxicos, dermatites de contato, riscos de incêndios e, sobretudo, as implicações ambientais decorrentes do descarte do lixo oriundo dessas atividades (Figura 3).

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Figura 3 – Visão panorâmica dos resíduos gerados no setor de resina. Fonte: arquivo dos autores.

Assim como o conteúdo de química, os de física serão analisados de maneira análoga. Como exemplo, podemos citar a engenhosidade dos carros alegóricos nos seus diversos momentos de criação, onde o professor de física encontra situações de estudo que abordam tópicos relevantes da mecânica clássica, como sistemas de alavancas, roldanas, movimento e equilíbrio, dentre outras. A situação escolhida para ilustração pode ser retratado pela Figura 4.

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Figura 4 – Estrutura de carro alegórico onde ao fundo pode ser visto o sistema de alavanca. Fonte: arquivo dos autores.

A partir daí verifica-se a complexidade do sistema mecânico desenvolvido nessa criação. Mais uma vez, na perspectiva CTS, tal estudo revela a importância de um professor que ultrapasse os limites de uma aula simplesmente contextualizada, mas que seja capaz de refletir sobre as implicações contidas nas situações vivenciadas no barracão, pois não é suficiente mostrar a física que existe nos sistemas mecânicos na montagem dos carros alegóricos, mas também os problemas oriundos das improvisações que geralmente ocorrem nesses ambientes de trabalho e que podem acarretar problema de segurança do trabalhador, ressaltando a importância das resistências e adequação dos materiais para os diversos fins etc.

A ideia de que o conteúdo encontrado no barracão é rico para estimular os estudos de ciências, se complementa com o fato de que o inverso também se dá. Dito de outro modo, o conteúdo abordado na escola e utilizado nas atividades desenvolvidas no barracão, pode se caracterizar como um diferencial do trabalhador que ali se encontra. Geralmente, o trabalhador que consegue aliar o que apendeu na escola formal de ensino com suas atividades, quando esse aprendizado teve alguma significância para o mesmo, possui uma relação diferenciada com as tarefas desenvolvidas, tendo resultados que se destacam no conjunto. Quando o encarregado da parte de adereços e texturização foi perguntado se ele via alguma relação entre o conteúdo aprendido na escola com o trabalho desenvolvido no barracão sua reposta foi significativa:

Muito, muito, muito muito...de todas as matérias, As vezes a gente está na escola e diz “ah pra que eu vou estudar química? Pra que eu vou estudar física? E isso está muito influenciado porque você para fazer um cálculo de material você precisa da matemática, você as vezes usando a cola em certos materiais ela causa uma reação química, você tem que saber a dosagem certa, você tem que saber se aquele material aceita a reação do outro material, é pura química. A física está na questão do peso do material e do volume. Quando você decora uma alegoria, você tem que saber qual é o peso que está levando aquele adereço. Porque você faz uma peça, mas você tem que calcular no total. Aquilo vai prejudicar? Se for uma alegoria que tem movimento? A gente aqui trabalha muito com movimento, né? O pessoal de Parintins faz toda a parte de estrutura e a gente vem dando a forma, que é a pele, o pêlo se for um animal. Então você tem que calcular. Será que esse pêlo vai pesar? Então você calcula por metro toda a área que vai ser preenchida, se vai criar muito peso. Então você tem que pensar nisso tudo. Então tudo é cálculo e além da matemática é pura física também e a química está na combinação do material. Quando chover, vai descolar? E a própria história em si, eu pelo menos procuro me aprofundar no que eu faço. Tipo assim, eu vou fazer uma árvore, mas qual o sentido dessa árvore na alegoria?Aí eu faço a pesquisa, pego toda uma referência.

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A relação encontrada é dialética. O ensino formal tem muito a contribuir com as práticas cotidianas, assim como essas podem apoiar as práticas de ensino. A compartimentalização que a escola conseguiu fazer com os conteúdos abordados, dando a sensação de que o que aprendemos na escola não tem relação com o mundo prático, pode ser modificado quando conseguimos estabelecer conexão entre esses dois universos, atribuindo sentido aos conteúdos abordados. O grau de pertencimento a um ambiente depende de nos reconhecermos ou não nele e, infelizmente, os jovens não conseguem se enxergar na escola atual, não detectam elementos de identificação com as propostas que lhes são apresentadas, do mesmo modo que não conseguem compreender para quê aprender ciências, mal sabendo eles que a ciência está em toda parte, mas a ciência que ele vê na escola é muito distante de sua vida. O carnaval está aí para provar o contrário.

Ao pensarmos em estudar ciências a partir do carnaval, partimos do pressuposto de que o material gerado seria utilizado no município de Nilópolis, uma vez que teríamos neste uma delimitação mais clara de identificação do tema com o cotidiano dos jovens estudantes. A partir de uma atitude de ensino CTS existe a proposta de confecções de vídeos educativos (reunidos em DVD) que abordem a atividade desses trabalhadores pesquisados em seus ambientes de trabalho e propostas de planos de aulas para que o professor de ciências torne a sua aula mais instigante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Terminada a primeira fase da nossa pesquisa, qual seja, a de coleta de material para confecção de material didático, percebemos que o que observamos durante os oito meses de trabalho de campo foi uma riqueza enorme de possibilidades de diálogo entre as duas escolas: a de samba e a formal de ensino. Os dois ambientes constituem-se em espaços de aprendizagem, com características distintas, mas que podem se retroalimentar.

Uma profusão de conhecimentos científicos tem no carnaval um espaço significativo. A criatividade do carnaval, tão importante para alavancar a escola de samba na competição, depende cada vez mais do domínio de tecnologias inovadoras. Do mesmo modo, as escolas formais de ensino dependem cada vez mais de novas abordagens de seus conteúdos para tornar esse espaço um local onde o aprendizado seja um processo prazeroso e eficaz. Para tanto, partirmos do pressuposto de que atribuirmos um sentido ao aprendizado pode ser uma forma de estimular nos alunos o interesse em aprender ciências e, deste modo, promovermos a cidadania desses jovens proporcionando o direito básico que os mesmos têm de um ensino de qualidade.

Nas experiências vividas no barracão reconhecemos as carências do saber químico em relação à segurança dos produtos usados nas etapas de elaboração das

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alegorias, a citar as resinas poliméricas e os diversos tipos de solventes orgânicos usados. E o quão despreparado está o professor de ciências ao se defrontar com essa realidade. Acredita-se, por este motivo, que a inserção do professor de química em espaços não formais de ensino, no caso um barracão de escola de samba, possibilite um maior letramento científico para a comunidade que faz parte desse processo cultural, tão próximo à realidade do IFRJ-Nilópolis.

A abordagem CTS vem demonstrando que o entrelaçamento de temáticas diversas pode se constituir em um caminho muito rico e estimulante. O tema do carnaval é aqui apresentado como um aspecto a mais a ser somado na criação de mecanismos que contribuam para a facilitação do aprendizado do conteúdo de ciências. Pode-se perceber a importância do enfoque CTS na educação em ciências, de um modo geral, e a necessidade de um olhar inovador para as mudanças dos currículos escolares. É possível proporcionar a formação de indivíduos críticos, que possam não só conhecer sua função de cidadão participante, mais atentar para uma visão crítica da sociedade na qual estão inseridos. O tema Carnaval, ao ser tratado em sala de aula, possibilita ao docente ampliar suas alocuções para desdobramentos sociais, culturais, políticos e religiosos, com uso de materiais didáticos inovadores, que trazem novas representações da ciência e da tecnologia, aperfeiçoando assim sua práxis neste contexto, tão exigido para o professor do século XXI.

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