CAROLINA MANGANELI POLONIO AVALIAÇÃO DA … · CAROLINA MANGANELI POLONIO AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE REGULADORA DE CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS ENDOMETRIAIS NO MODELO DE ... Pós-Graduação

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    CAROLINA MANGANELI POLONIO

    AVALIAO DA CAPACIDADE REGULADORA DE CLULAS

    TRONCO MESENQUIMAIS ENDOMETRIAIS NO MODELO DE ENCEFALOMIELITE EXPERIMENTAL AUTOIMUNE

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Imunologia do Instituto de Cincias Biomdicas da Universidade de So Paulo, para obteno do Ttulo de Mestre em Cincias.

    So Paulo

    2017

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    CAROLINA MANGANELI POLONIO

    AVALIAO DA CAPACIDADE REGULADORA DE CLULAS

    TRONCO MESENQUIMAIS ENDOMETRIAIS NO MODELO DE ENCEFALOMIELITE EXPERIMENTAL AUTOIMUNE

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Imunologia do Instituto de Cincias Biomdicas da Universidade de So Paulo, para obteno do Ttulo de Mestre em Cincias. rea de concentrao: Imunologia Orientador: Prof. Dr. Jean Pierre Schatzmann Peron Verso Original

    So Paulo

    2017

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    UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    INSTITUTO DE CINCIAS BIOMDICAS

    Candidato(a): Carolina Manganeli Polonio Titulo da Dissertao/Tese: Avaliao da Capacidade Reguladoras de Clulas Tronco Mesenquimais Endometriais no Modelo de Encefalomielite Experimental Autoimune. Orientador: Prof. Dr. Jean Pierre Schatzmann Peron A Comisso Julgadora dos trabalhos de Defesa da Dissertao de Mestrado/Tese de

    Doutorado, em sesso publica realizada a ........./......../.........., considerou o(a) candidato(a):

    ( ) Aprovado(a) ( ) Reprovado(a) Examinador(a): Assinatura: ...............................................................................

    Nome: ......................................................................................

    Instituio: ................................................................................

    Examinador(a): Assinatura: ...............................................................................

    Nome: ......................................................................................

    Instituio: ................................................................................

    Examinador(a): Assinatura: ...............................................................................

    Nome: ......................................................................................

    Instituio: ................................................................................

    Presidente: Assinatura: ...............................................................................

    Nome: ......................................................................................

    Instituio: ................................................................................

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    Aos meus pais Pedro e Marisa, e minha

    irm Tamires, com todo amor e gratido.

    Por proporcionarem a realizao de

    sonhos e sempre acreditarem em mim.

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    AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais Pedro e Marisa, e minha irm Tamires, que so meus maiores exemplos de

    conduta, que me moldaram para ser algum que me orgulho. Por me alicerarem todos os

    dias e me proporcionarem a oportunidade de seguir meus sonhos.

    Ao Prof. Dr. Jean Pierre Schatzmann Peron, meu orientador, companheiro e amigo, por todo

    apoio cientfico e psicolgico, pela confiana, pela liberdade e principalmente pela parceria.

    Meu sincero agradecimento por tornar todos os dias difceis mais leves e pela dedicao

    diria em tentar nos tornar cada vez mais sbios;

    tia Marta, por dar todo seu amor e afeto e por me passar todos os seus princpios,

    auxiliando na formao do meu carter;

    av Ida, pelo simples fato de no existir colo mais aconchegante que o seu. Eternas

    saudades;

    Ao av Manuel, por dedicao total e imenso carinho famlia;

    Aos meus primos Amanda, Joice, Clayton, Guilherme e Talita agradeo por todos os anos

    juntos e todo amor e gratido que sentimos;

    Larissa e Laura que so as pessoas mais importantes em nossas vidas, um amor

    imensurvel por essas duas riquezas;

    Ao meu cunhado Rafael, por fazer minha irm e toda famlia muito feliz;

    Aos tios Adail e Eliana, que apesar de no sermos de sangue, me acolheram com tanto

    afeto e auxiliaram meus pais em minha formao e carter;

    minha amiga Tuany, por sermos to diferentes, por sempre caminharmos juntas e nunca

    desistirmos uma da outra;

    Andrea e Drielly, por caminharem junto a mim em todos os momentos. Somos o maior

    exemplo que amizade verdadeira no esmorece com o tempo;

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    Nayane e Tais, por termos alicerado uma a outra em um dos momentos mais difceis de

    nossas vidas. Obrigada pelo respeito, pelas alegrias e pela fora, que venham muitos anos de

    parceria pela frente;

    Evilin e Liliane, por terem me ajudado a dar os primeiros passos na cincia, por toda

    pacincia, e principalmente por acreditarem em mim, quando nem eu mesma acreditava.

    Aos colegas de laboratrio, Carla, Nagela, Lilian, Cristiano e Wesley, por todo auxlio

    cientfico, convvio excepcionalmente agradvel, uma vez que nos tornamos amigos. Esse

    trabalho tambm fruto do nosso trabalho em equipe;

    Apurwa, nossa indiana, por ter pacincia e nos auxiliar muito no aprendizado do ingls.

    Por nos trazer uma cultura diferente.

    Aos colegas ps-graduandos do ICB, por nos ajudarmos todos os dias, seja na discusso de

    experimentos, ou no auxlio com reagentes. Estamos cada vez mais unidos.

    minha banca de qualificao: Prof. Dr. Alexandre Basso, Prof. Dr. Gustavo Mendes-

    Amarantes e Dr. Danilo Candido, por todas as sugestes;

    Aos funcionrios Maria Eni, Claudia, Aurea e Sandra, obrigada por nos aturarem diariamente

    e nos proporcionarem condies melhores de trabalho;

    Ao Departamento de Imunologia da Universidade de So Paulo e todos os funcionrios, por

    me proporcionarem uma experincia nica durante o mestrado;

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    Agradecimento ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq)

    pelo financiamento durante o mestrado de Carolina Manganeli Polonio, n USP 9565150.

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    Para ter sucesso, necessrio amar de verdade o

    que se faz. Caso contrrio, levando em conta apenas

    o lado racional, voc simplesmente desiste. o que

    acontece com a maioria das pessoas.

    (Steve Jobs)

    Um bicho conhece sua floresta; e mesmo que se

    perca perder-se tambm caminho.

    (Clarice Lispector)

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    RESUMO

    POLONIO, C. M. Avaliao da Capacidade Reguladora de Clulas Tronco Mesenquimais Endometriais no Modelo de Encefalomielite Experimental Autoimune. 2017. 90 f. Dissertao (Mestrado em Imunologia) - Instituto de Cincias Biomdicas, Universidade de So Paulo, 2017.

    A esclerose mltipla (EM) uma doena inflamatria crnica desencadeada por clulas T autorreativas contra antgenos proteicos da mielina produzida por oligodendrcitos no sistema nervoso central (SNC). Aps ativao na periferia, estas migram ao SNC promovendo o rompimento da barreira hematoenceflica, o infiltrado inflamatrio e a destruio da bainha de mielina que envolve os axnios neuronais. A encefalomielite experimental autoimune (EAE) o modelo murino mais utilizado para o estudo da EM. As clulas-tronco estromais (MSC) so clulas multipotentes, no diferenciadas e imunomoduladoras, que vm sendo estudadas nos ltimos anos como medida teraputica em diversos modelos inflamatrios, incluindo a EM. As tubas uterinas e o tero de camundongos fmeas so rgos ricos em clulas mesenquimais (meMSC) que so pouco utilizadas em estudos, e cuja capacidade imunomoduladora pouco conhecida. Dessa forma, no presente projeto, caracterizamos a obteno dessa populao e avaliamos sua capacidade imunossupressora utilizando o modelo de EAE. Observamos que o tratamento capaz de modular o perfil de linfcitos T CD4+ durante sua ativao nos linfonodos, induzindo o direcionamento para a subpopulao Tr1 e atenuando as Th1 e Th17. Consequentemente, houve uma diminuio do nmero de clulas infiltrantes no SNC associado a uma menor ativao de clulas da microglia. Em conjunto, nossos resultados demostraram que as meMSC utilizadas como tratamento so capazes de atrasar o desenvolvimento da EAE e, portanto, evidenciando o carter imunomodulador das MSCs derivadas do endomtrio, chamando a ateno para seu potencial teraputico.

    Palavras-chave: Encefalomielite Experimental Autoimune. Clulas Tronco Mesenquimais Endometriais. Imunomodulao.

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    ABSTRACT

    POLONIO, C. M. Evaluation of the Regulatory Capacity of Endometrial Mesenchymal Stem Cells in the Experimental Autoimmune Encephalomyelitis Model. 2017. 90 f. Master thesis (Immunology) - Instituto de Cincias Biomdicas, Universidade de So Paulo, 2017.

    Multiple sclerosis (MS) is a chronic inflammatory disease triggered by autoreactive T cells against myelin protein antigens produced by oligodendrocytes in the central nervous system (CNS). After activation in the periphery, these cells migrate to the CNS promoting the rupture of the blood-brain barrier (BBB), the inflammatory infiltrate and the destruction of the myelin sheath that surrounds the neuronal axons. Experimental Autoimmune Encephalomyelitis (EAE) is the most commonly used murine model for the study of MS. Mesenchymal Stem Cells (MSCs) are multipotent, undifferentiated and immunomodulatory cells that have been studied in recent years as a therapeutic measure in several inflammatory models, including MS. The uterine tubes and uterus of female mice are organs rich in mesenchymal cells (meMSC) which are rarely used and whose immunomodulatory capacity is unknown. Thus, in the present work, we characterized the extraction of this population and evaluated its immunosuppressive capacity using the EAE model. We observed that the meMSC treatment is capable of modulating the CD4 T lymphocyte profile during its activation in the lymph nodes, inducing the expansion of the Tr1 subpopulation and attenuating Th1 and Th17. Consequently, there was a decrease in the number of infiltrating cells in the CNS associated with a reduction of microglial activation. Taken together, our results demonstrated that the meMSCs used as treatment are capable of delaying the development of EAE, therefore, evidencing its immunomodulatory features drawing attention to its therapeutic potential.

    Keywords: Experimental Autoimmune Encephalomyelitis. Endometrium Mesenchymal Stem Cells. Immunomodulation.

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    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 - Distribuio geogrfica da endemicidade da EM no mundo.

    Figura 2 Antgenos alvo durante o desenvolvimento da EAE.

    Figura 3 Esquema representativo da fisiopatologia da EM e EAE.

    Figura 4 - Efeitos imunomodulatrios das MSCs conhecidos.

    Figura 5 Estratgia de gate para anlise de diferentes populaes de linfcitos.

    Figura 6 Estratgia de gate para anlise de molculas de ativao de clulas dendrticas,

    macrfagos e microglia.

    Figura 7 - Histologia da Tuba Uterina e tero.

    Figura 8 - Ensaios Imunohistoqumicos da Tuba Uterina e tero.

    Figura 9 - Caracterizao das Fases Estrais.

    Figura 10 - Rendimento de meMSC nas Fases Estrais.

    Figura 11 - Diferenciao de multilinhagens in vitro.

    Figura 12 - Caracterizao fenotpica das meMSC.

    Figura 13 - Escore clnico de animais com EAE tratados ou no com meMSC.

    Figura 14 - As meMSC no so capazes de modular a expresso de molculas de ativao em

    clulas dendrticas dos linfonodos no modelo de EAE na monta da resposta imune.

    Figura 15 - As meMSC no so capazes de modular a expresso de molculas de ativao em

    macrfagos dos linfonodos no modelo de EAE na monta da resposta imune.

    Figura 16 - As meMSC so capazes de modular o perfil de linfcitos T CD4+

    dos linfonodos

    durante o incio da resposta imune no modelo de EAE.

    Figura 17 - Anlise do perfil de citocinas dos linfonodos de animais com EAE tratados ou no

    com meMSC durante a monta da resposta imune.

    Figura 18 - Expresso gnica dos linfonodos de animais com EAE tratados ou no com

    meMSC na monta da resposta imune.

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    Figura 19 - Proliferao dos linfcitos T CD4+ e T CD8

    + dos linfonodos de animais com EAE

    tratados ou no com meMSC durante monta da resposta imune.

    Figura 20 - As meMSC so capazes de reduzir a neuroinflamao e dano histopatolgico.

    Figura 21 - As meMSC so capazes diminuir a infiltrao de macrfagos e ativao da

    microglia no SNC no modelo de EAE.

    Figura 22 - As meMSC so capazes de modular o perfil de linfcitos T CD4+

    infiltrantes do SNC

    no modelo de EAE.

    Figura 23 - As meMSC so capazes de modular o perfil de linfcitos T CD8+

    infiltrantes do SNC

    no modelo de EAE.

    Figura 24 - Anlise do perfil de citocinas de clulas mononucleares do SNC de animais com

    EAE tratados ou no com meMSC durante a resposta efetora da doena.

    Figura 25 - Expresso gnica da medula espinhal de animais com EAE tratados ou no com

    meMSC durante a fase efetora da doena.

    Figura 26 - Anlise do perfil de citocinas do bao de animais com EAE tratados ou no com

    meMSC durante a fase efetora da doena.

    Figura 27 - Expresso gnica do bao de animais com EAE tratados ou no com meMSC

    durante a fase efetora da doena.

    Figura 28 - Anlise da produo de citocinas dos linfcitos T CD4+

    em co-cultura com as

    meMSC.

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    LISTA DE ABRAVIATURAS

    ABEM Associao Brasileira de Esclerose Mltipla

    Ac anticorpo

    Actb Beta actina

    AD-MSC do ingls, Adipose Tissue Mesenchymal Stem Cell

    APCs Clulas apresentadoras de antgeno

    BBB do ingls, blood-brain barrier

    BCR do ingls, B Cells Receptor

    BDNF do ingls, Brain-derived neurotrophic factor

    BHE Barreira Hemato Enceflica

    BM-MSC do ingls, Bone Marrow Mesenchymal Stem Cell

    BSLCR Barreira Sangue Lquido Cefalorraquidiano

    CBA do ingls, Cytometric bead array

    cDNA DNA complementar

    CFA do ingls, Complet Freund's Adjuvant

    CNS do ingls, Central Nervous System

    CTLs do ingls, Cytotoxic T Lymphocytes

    DC do ingls, Dendritic Cells

    DNA cido desoxirribonucleico

    EAE Encefalomielite Experimental Autoimune

    EAU - do ingls, Experimental Autoimmune Uveitis

    EM Esclerose Mltipla

    Fig. Figura

    Foxp3 do ingls, Forkhead box P3

    GDNF do ingls, Glial cell-derived neurotrophic factor

    GMSC do ingls, Gingiva Mesenchymal Stem Cell

    HE Hematoxilina e eosina

    hedMSC do ingls, Human Endometrial Mesenchymal Stem Cell

    HLA do ingls, Human Leukocyte Antigen

    i.p. intraperitoneal

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    ICAM-1 do ingls, Intercellular Adhesion Molecule 1

    ICB Instituto de Cincias Biomdicas

    IDO Indoleamina-2,3- dioxigenase

    IFN interferon

    IL interleucina

    kg Quilogramas

    KO do ingls, knockout

    MAG - do ingls, Myelin-associated Glycoprotein

    MBP - do ingls, Myelin Basic Protein

    MCSF do ingls, Macrophage Colony-stimulating Factor

    meMSC - do ingls, Murine Endometrial Mesenchymal Stem Cell

    mg Miligramas

    MHC I do ingls, Major Histocompatibility Complex I

    MHC II do ingls, Major Histocompatibility Complex II

    mL Mililitros

    MMP-9 metaloproteinase 9

    MOG35-55 do ingls, Myelin Oligodendrocyte Glycoprotein

    MS do ingls, Multiple Sclerosis

    MSC do ingls, Mesenchymal Stem Cell

    MSIF - do ingls, Multiple Sclerosis International Federation

    NGF do ingls, Nerve growth factor

    NK do ingls, Natural Killer

    PBMC do ingls, Peripheral Blood Mononuclear Cell

    PBS Tampo fosfato-salino

    PCR Reao da polimerase em cadeia

    PFA Paraformaldedo

    PGE2 Prostaglandina E2

    pH Concentrao hidrogeninica

    PLP do ingls, Proteolipid Protein

    RNA cido ribonucleico

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    Rorc do ingls, RAR-relatedorphan receptor C

    ROS do ingls, Reactive Oxygen Species

    RPMI meio Roswell Park Memorial Institute

    RT-PCR Reao da polimerase em cadeia em tempo real

    SFB Soro fetal bovino

    SNC Sistema nervoso central

    SP1R1 do ingls, sphingosine-1-phosphate receptor 1

    STAT do ingls, Signal Transducer and Activator of Transcription

    STAT sinal ativador e transdutor de transcrio

    Tbx21 do ingls, T-box transcription factor

    TCR do ingls, T Cells Receptor

    TGF- Fator de transformao do crescimento

    Th Linfcitos T auxiliares, ou do ingls, T helper

    TNF- do ingls, Tumor necrosis fator-

    Tr1 T reguladora do tipo 1

    Treg Clula T reguladora

    USP Universidade de So Paulo

    VCAM do ingls, Vascular cell adhesion protein 1

    WHO - do ingls, World Health Organization

    WT do ingls, Wild tipe

    g Microgramas

    L Microlitros

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    SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................................... 20

    1.1 Esclerose Mltipla (EM)... ................................................................................................... 20

    1.2 Encefalomielite Autoimune Experimental (EAE) ................................................................ 22

    1.3 Clulas-Tronco Mesenquimais (MSC) ................................................................................. 26

    2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 30

    2.1 Objetivos Gerais.................................................................................................................. 30

    2.2 Objetivos Especficos .......................................................................................................... 30

    3 MATERIAL E MTODOS ................................................................................................. 31

    3.1 Animais ............................................................................................................................... 31

    3.2 Histologia ............................................................................................................................ 31

    3.2.1 Colorao por Hematoxilina e Eosina .............................................................................. 31

    3.2.2 Imunohistoqumica .......................................................................................................... 32

    3.2.3 Colorao por Luxol Fast ................................................................................................. 33

    3.3 Identificao das fases do ciclo estral ................................................................................ 33

    3.4 Obteno e cultura de meMSC ........................................................................................... 33

    3.5 Diferenciao das meMSC .................................................................................................. 34

    3.5.1 Diferenciao adipognica .............................................................................................. 34

    3.5.2 Diferenciao condrognica ............................................................................................ 34

    3.5.3 Diferenciao osteognica .............................................................................................. 35

    3.6 Extraes de RNA e sntese de DNA complementar (cDNA) .............................................. 35

    3.7 Quantificao por PCR em Tempo Real .............................................................................. 36

    3.8 Induo de EAE e tratamento com as meMSC ................................................................... 37

    3.9 Obteno de clulas do Sistema Nervoso Central ............................................................. 37

    3.10 Obteno de clulas do bao e dos linfonodos ................................................................ 38

    3.11 Co-cultura de meMSC e linfcitos TCD4+ ......................................................................... 38

  • 19

    3.12 Anlises por citometria de fluxo ....................................................................................... 38

    3.12.1 Dosagem de citocinas .................................................................................................... 38

    3.12.2 Avaliao de clulas Th1, Th17 e Tr1 ............................................................................ 39

    3.12.3 Anlise fenotpica das meMSC ...................................................................................... 39

    3.12.4 Resposta proliferativa in vitro ....................................................................................... 40

    3.12.5 Anlise de molculas de ativao em clulas dendrticas, macrfagos e migrolia....... 41

    3.13 Anlises estatsticas .......................................................................................................... 43

    4 RESULTADOS ................................................................................................................ 44

    4.1 Obteno e caracterizao das meMSC ............................................................................. 44

    4.2 O tratamento com as meMSC capaz de atrasar o aparecimento dos sinais clnicos da

    EAE ............................................................................................................................................ 52

    4.3 Modulao desencadeada por meMSC na ativao da resposta imune adaptativa nos

    linfonodos ................................................................................................................................. 53

    4.3.1 Efeitos das meMSC sobre apresentao de antgenos .................................................... 53

    4.3.2 Papel das meMSC nas subpopulaes de linfcitos T ..................................................... 56

    4.4 Avaliao dos efeitos do tratamento com as meMSC em clulas residentes e infiltrantes

    do SNC ...................................................................................................................................... 61

    4.4.1 Papel das meMSC na infiltrao de macrfagos e ativao da microglia ...................... 62

    4.4.2 Papel das meMSC na infiltrao das subpopulaes de linfcitos T ............................... 64

    4.5 Avaliao das clulas recirculantes no bao perante o tratamento com as meMSC ........ 69

    4.6 Anlise da capacidade das meMSC modularem a produo de citocinas in vitro ............. 71

    5 DISCUSSO ................................................................................................................... 72

    6 CONCLUSES ................................................................................................................ 78

    REFERNCIAS ................................................................................................................... 79

    ANEXOS .......................................................................................................................... 88

    A - The Brazilian Zika virus strain causes birth defects in experimental models ..................... 89

    B - Zika Virus Congenital Syndrome: Experimental Models and Clinical Aspects .................... 90

  • 20

    1 INTRODUO

    1.1 Esclerose Mltipla (EM)

    As doenas auto-imunes do sistema nervoso central so descritas por ocasionar a

    perda progressiva das funes deste, provocada pela inflamao local e subsequente morte

    neuronal. A Organizao Mundial de Sade (WHO World Health Organization) (WHO,

    2016) relatou que as doenas neurolgicas em geral afetam mais de um bilho de pessoas

    no mundo e estima-se que 6,8 milhes morrem por ano por conta de doenas relacionadas

    ao crebro. O tratamento dessas doenas complexo, uma vez que as causas e

    biomarcadores so pouco conhecidos. Hoje em dia, muitos grupos tm se dedicado aos

    estudos envolvidos com medidas teraputicas para essas desordens do SNC, principalmente

    com o objetivo de diminuir sua progresso clnica (FERRARA, 2016; HANAMSAGAR; BILBO,

    2016).

    A esclerose mltipla (EM) a doena inflamatria crnica mais comum do sistema

    nervoso central (SNC), caracterizada por constantes episdios de desmielinizao provocada

    por respostas das clulas T e B autorreativas contra antgenos proteicos derivados de

    mielina. uma enfermidade que acomete principalmente jovens adultos, em mdia de 20-

    40 anos de idade, com maior incidncia em mulheres do que em homens (3:1); de etnia

    branca, afetando 0,05-0,15% dos caucasianos e predominante na Amrica do Norte e na

    Europa (1 a 3/500 habitantes). O Brasil considerado um pas de baixa incidncia (5/100.000

    habitantes), com exceo de So Paulo, Belo Horizonte e Botucatu, que so cidades com

    maior incidncia mdia (5 a 30/100.000 habitantes), devido provavelmente diversidade

    gentica e miscigenao dessas cidades brasileiras (Fig. 1) (GRZESIUK, 2006; MOREIRA et al.,

    2000; NOSEWORTHY et al., 2000).

  • 21

    Figura 5 - Distribuio geogrfica da endemicidade da EM no mundo.

    Fonte: Atlas da EM 2013. Multiple Sclerosis International Federation (MSIF). Disponvel em: http://www.atlasofms.org/. Traduo: Associao Brasileira de Esclerose Mltipla (Abem).

    Na patogenia da EM existe uma pr-disposio gentica associada a fatores

    ambientais que provocam uma disfuno do sistema imune, promovendo a apresentao de

    protenas da bainha de mielina pelas clulas apresentadoras de antgenos (APC - antigen-

    presenting cells) s clulas T autorreativas. Tal fato leva quebra da tolerncia e

    subsequente infiltrao de clulas do sistema imune, culminando na desmielinizao, dano

    axonal e o desenvolvimento de leses no crebro e na medula espinal, conhecidas como

    scleras ou cicatrizes. Consequentemente, os pacientes que desenvolvem EM apresentam

    sinais como ataxia, fadiga, perda da coordenao motora, dificuldades cognitivas, danos

    visuais e sensoriais com diferentes graus de frequncia e severidade entre os doentes

    (GOVERMAN, 2009). Dentre os genes envolvidos, os do HLA (Human Leukocyte Antigen) so

    conhecidos por influenciar a atividade dos linfcitos T, sendo que alguns hapltipos se

    relacionam claramente com uma maior susceptibilidade doena, como: HLA-DRB5*0101,

    HLADRB1*1501, HLA-DQB1*0602, HLA-DQA1*0102. Alm destes, genes de citocinas,

    molculas coestimuladoras e de vias de transduo de sinais tambm podem estar

    envolvidos (OKSERNBERG; HAUSER, 2005).

  • 22

    Os trs padres mais comuns de evoluo clnica observados so o recorrente-

    remitente, primariamente progressiva e secundariamente progressiva. A recorrente-

    remitente o padro mais comum, acometendo 85% dos pacientes com EM, sendo

    caracterizada por ataques agudos, ou seja, episdios em que os sintomas se agravam

    abruptamente, seguidos de uma remisso total ou parcial. Durante a remisso, os pacientes

    ficam estveis, sem deteriorao (VARATHARAY; GALEA, 2016). Infelizmente, cerca de 90%

    dos pacientes com esse padro se agravam para secundariamente progressiva, onde

    apresentam uma deteriorao gradual e essa evoluo clnica tem relao com sexo e com a

    idade do aparecimento dos sintomas motores (YOUNG et al., 2012). A primariamente

    progressiva afeta de 10-15% dos pacientes e definida por provocar danos funcionais

    irreversveis de maneira estvel, lenta e progressiva (KREMENCHUTZKY et al., 1999).

    Como no se sabe ao certo qual o ponto chave na etiologia e na patognese da

    doena e pelo sistema imune ser muito dinmico, seu tratamento se torna complicado. Essas

    so algumas das abordagens teraputicas utilizadas na EM: i) o IFN-a e o IFN-b que

    suprimem as respostas Th1 e intensificam as respostas Th2; ii) o acetato glatiramer

    (Copaxone) que modula linfcitos T autorreativos e levam tolerncia utilizando antgenos

    semelhantes mielina; iii) a mitoxantrona que inibe a proliferao de linfcitos T, B e

    macrfagos (PALMER, 2013; PALMERAND; ALAVIJEH, 2012); iv) o Natalizumab, um anticorpo

    monoclonal integrina anti-4-1, que previne a migrao de leuccitos para o SNC (TUBRIDY

    et al., 1999; YEDNOCK et al., 1992), o v) rituximab e o ocrlizumab, anticorpos monoclonais

    anti-CD20 utilizados para a depleo de linfcitos B, o vi) Fingolimode, capaz de reduzir o

    nmero de linfcitos circulantes prevenindo a sada dos mesmos do linfonodo atravs da

    modulao de SP1R1 (sphingosine-1-phosphate receptor 1) (PELLETIERAND; HAFLER, 2012), e

    a vii) teriflunomida um imunomodulador que possui propriedades anti-inflamatrias

    (PALMER, 2010). Todas essas abordagens visam ao impedimento da ativao dos clones

    autoreativos, assim como de seu alcance ao SNC.

    1.2 Encefalomielite Autoimune Experimental (EAE)

    A encefalomielite autoimune experimental (EAE experimental autoimune

    encephalomyelitis) o principal modelo animal para o estudo da EM, estabelecido h mais

  • 23

    de 80 anos, e utilizado at hoje. A induo da EAE (Fig. 2) feita atravs da inoculao

    subcutnea em diversas linhagens de camundongos de antgenos proteicos da bainha de

    mielina produzida por oligodendrcitos como o MOG35-55 (Myelin Oligodendrocyte

    Glycoprotein), MBP (Myelin Basic Protein), PLP (Proteolipoprotein) ou MAG (Myelin-

    associated glycoprotein) emulsificados em CFA (Complete Freund Adjuvant) (MILLER; LEARY,

    2007; RIVERS; SPRUNT; GERRY, 1933).

    Figura 6 Antgenos alvo durante o desenvolvimento da EAE. Protenas da bainha de mielina usadas como alvo para o desenvolvimento da resposta autoimune e induo da EAE.

    Fonte: (HEMMER; ARCHELOS; HARTUNG, 2002).

    Uma vez que as APCs, como as clulas dendrticas macrfagos ou mesmo linfcitos B,

    apresentam esses antgenos de mielina para clulas T autorreativas na periferia, h ativao

    e diferenciao de linfcitos T CD4+ e T CD8+. Essas clulas sofrem expanso clonal,

    diferenciao em subpopulaes como linfcitos Th1 e Th17 que posteriormente migra para

    o SNC, secretando muitos mediadores que iniciam o processo inflamatrio local,

    principalmente ativando as clulas da glia e, posteriormente, recrutando mais clulas

    infiltrantes da periferia (MILLER; LEARY, 2007; RIVERS; SPRUNT; GERRY, 1933).

    A barreira hematoenceflica (BHE) que circunda as vnulas do parnquima cerebral e

    a barreira sangue-lquido cefalorraquidiano (BSLCR) que circunda o plexo coride e vnulas

  • 24

    das meninges limitam o acesso de clulas circulantes ao SNC. As junes oclusivas (Tight

    junctions) presentes entre as clulas endoteliais da BHE e entre as clulas epiteliais da BSLCR

    so as responsveis por essa inacessibilidade de clulas circulantes (HEMMER; ARCHELOS;

    HARTUNG, 2002). Porm, o processo inflamatrio gerado provoca a ruptura dessas

    barreiras, que pode acontecer por mudanas nas junes oclusivas, desnudao do

    glicoclice, aumento de trfego vesicular e astrocitopatias em combinao com mudanas e

    danos endoteliais (RANSOHOFF; KIVISAKK; KIDD, 2003; WEKERLE et al., 1994). Assim, os

    linfcitos T autorreativos, como os Th17 por exemplo, passam a expressar receptores de

    quimiocinas como CCR6, cuja quimiocinas ligante, o CCL20, constitutivamente presente em

    clulas epiteliais da BSLCR (REBOLDI et al., 2009). Concomitantemente, linfcitos Th1

    expressam a integrina alfa4-Beta7, importante no endereamento destes ao SNC

    (HOTHHAMMER et al., 2011)

    Com a entrada no SNC, as clulas T especficas para antgenos da mielina so

    reativadas por clulas dendrticas (BAILEY; MACMAHON, 2007) ou macrfagos residentes

    (PONOMAREV et al., 2005). As clulas Th1 so clulas induzidas pela citocina IL-12 ativando

    STAT-4 e o fator de transcrio T-bet culminando a produo da citocina IFN-, que capaz

    de aumentar a capacidade da micrglia em apresentar antgenos para outras clulas T, por

    aumentar a expresso de molculas de MHC de classe I e II e molculas coestimuladoras.

    Embora, IFN- tenha um importante papel na patognese de EAE, clulas Th17 que secretam

    IL-17 so descritas por serem mais relevantes do que as clulas Th1, uma vez que

    camundongos IL-17 KO (knockouts) so altamente resistentes induo da EAE, enquanto

    camundongos IFN- KO so mais susceptveis (KOMIYAMA et al., 2006). As clulas T CD4+

    que expressam o fator de transcrio RORT (IVANOV et al., 2006) produzem IL-17A, IL-17F e

    IL-22 (KORN et al., 2009) e dependente da sinalizao gerada por TGF-, IL-6 e IL-1 (CHUNG,

    2009). A importncia de IL-17 na induo de EAE baseia-se no fato de que clulas residentes

    do SNC, como astrcitos e micrglia expressam IL-17R constitutivamente (DAS SARMA et al,

    2009), provocando a ativao dessas clulas, levando secreo MMP-9, de citocinas como

    IL-6, quimiocinas como CXCL2 e CXCL9, molculas de adeso como ICAM-1 e VCAM (KANG et

    al., 2010). Com isso, h o recrutamento de outras clulas do sistema imune, como

  • 25

    neutrfilos e macrfagos para o SNC que iro provocar a retroalimentao positiva do

    processo inflamatrio.

    Alm destes, os linfcitos T CD8+ tambm participam ativamente do processo lesivo,

    uma vez que estes reconhecem os antgenos via MHC de classe I. Com isso, h a liberao

    deseus grnulos contendo perforinas, que so responsveis por permeabilizar a membrana

    dos oligondendrcitos, e as granzimas que iro induzir a morte dos mesmos (GOVERMAN;

    PERCHELLET; HUSEBY, 2005; PERON et al., 2010). Alm disso, os linfcitos B reencontram os

    antgenos no SNC via BCR (ARCHELOS; STORCH; HARTUNG, 2000), liberam citocinas pr-

    inflamatrias e se maturam em plasmcitos secretores de auto-anticorpos principalmente

    do istipo IgG (IgG1 e IgG3) (GREVE et al., 2001; LOSY; MEHTA; WISNIEWSKI, 1990).

    As clulas residentes do SNC tambm esto amplamente envolvidas na patognese

    da EAE e da EM, como as clulas da micrglia, que so as menores clulas da neuroglia e

    possuem corpos celulares alongados com muitos prolongamentos curtos e extremamente

    ramificados. Essas clulas fazem a vigilncia ativa do parnquima cerebral e da medula

    espinal, porm com o processo inflamatrio iniciado, as micrglias ativadas se proliferam,

    sofrem mudanas na expresso de molculas de ativao (CD80, CD86 e MHC II) e migram

    para o local de leso, agindo em conjunto com os macrfagos infiltrantes. Assim, essas

    clulas assumem um fentipo conhecido por M1, caracterizados pela alta produo de ROS

    e citocinas inflamatrias. Essas clulas auxiliam no dano oxidativo de clulas do SNC, na

    abertura da BHE e extravasamento de leuccitos, bem como na polarizao de linfcitos Th1

    (STAKOVIC et al., 2016). Com isso, o processo inflamatrio mantido, promovendo a

    degradao gradativa da bainha de mielina e a degenerao axonal, prejudicando o impulso

    nervoso, responsvel por todos os sinais e sintomas da doena. (Fig. 3)

  • 26

    Figura 7 Esquema representativo da fisiopatologia da EM e EAE. Os oligodendrcitos so clulas do SNC produtoras da mielina, que responsvel pelo isolamento eltrico dos axnios. Na EM ou EAE, as clulas dendrticas apresentam antgenos de mielina para linfcitos T e linfcitos B infiltrantes. Os linfcitos T CD4

    +

    reativados por micrglia produzem citocinas que iro favorecer o processo inflamatrio e os T CD8+

    atuam diretamente nos oligodendrcitos e na bainha de mielina do neurnio.

    Fonte: (HEMMER; ARCHELOS; HARTUNG, 2002).

    1.3 Clulas-tronco mesenquimais (MSC)

    As clulas-tronco mesenquimais (MSCs Mesenchymal Stromal Cells) so clulas no

    diferenciadas, multipotentes, com propriedades imunomodulatrias e regenerativas,

    tornando-as atraentes para o tratamento de doenas autoimunes e inflamatrias (DOMINICI

    et al., 2006; LE BLANC; MOUGIAKAKOS, 2012). Essas clulas so caracterizadas por ter

    habilidade de aderir ao plstico de placas de cultura, por serem capazes de se diferenciar em

    diversas linhagens in vivo e in vitro como, condrcitos, ostecitos e adipcitos e por

    apresentam o fentipo CD90+, CD73+, CD105+/CD34-, CD45-, CD14-, CD19-, HLADR- e CD115-

    (DOMINICI et al., 2006). Foram primeiramente isoladas da medula ssea variando entre

    0,001% a 0,01% das clulas nucleadas (FRIEDENSTEIN et al., 1974). Hoje sabe-se que tal

    populao est amplamente presente pelo corpo, sento tambm encontrada na pele (TOMA

  • 27

    et al., 2005), tecido adiposo (KIM et al., 2007), corao (BI et al., 2007), placenta (CHANG et

    al., 2006), no sangue menstrual, no endomtrio e nas tubas de falpio (JAZEDJE et al., 2009).

    As MSCs vm sendo utilizadas como alternativa teraputica em diversos modelos

    inflamatrios, inclusive durante a neuroinflamao, uma vez que so capazes de modular o

    sistema imune nas leses do SNC e aumentar a remielinizao e o reparo (AULETTA et al.,

    2012). Todavia, os mecanismos precisos da imunomodulao na EM ainda permanecem

    obscuros. Em um artigo anterior, demonstramos que fatores anti-inflamatrios importantes

    podem estar envolvidos, como IL-10, IL-27, IDO e T reguladores (Tregs) (PERON et al., 2012).

    De fato, so vrios os mecanismos inibitrios das MSCs, os quais podem agir sobre

    diferentes tipos de clulas imunes, como linfcitos B e T, NK e clulas dendrticas (Fig. 4).

    Os linfcitos T so as clulas principais nas autoimunidades e, neste contexto, j se

    demonstrou que as MSCs atuam inibindo a proliferao destas na fase G0/G1 (DI NICOLA et

    al., 2002). As clulas-tronco mesenquimais da medula ssea (BM-MSCs Bone Marrow

    Mesenchymal Stem Cells) suprimem as citocinas produzidas por linfcitos Th1 (IFN- e TNF-

    ) e Th17 (IL-17), mudando o perfil da resposta para o tipo Th2 aumentando a produo de

    IL-4 (AGGARWAL; PITTENGER, 2005). Alm disso, as MSCs podem afetar a produo de

    Tregs, uma vez que a co-cultura de MSCs com clulas mononucleares do sangue perifrico

    (PBMC Peripheral Blood Mononuclear Cells) induz a gerao desta populao. Essas podem

    tambm suprimir a proliferao e funo citotxica dos linfcitos CTLs (Cytotoxic T

    Lymphocytes) (GHANNAM et al., 2010), e principalmente atravs de mediadores solveis

    como IL-10, TGF-, prostaglandina E2 (PGE2). Alm disso, so capazes de expressar

    indoleamina-2,3-dioxigenase (IDO), uma enzima conhecida por catalisar a oxidao do

    triptofano N-formil-quinurenina (NFK), resultando a inibio da linfoproliferao (ENGLISH

    et al., 2009; GIESEKE et al., 2007). De forma interessante, trabalhos em in vitro e in vivo

    demonstraram que a IDO tem capacidade de diferenciar linfcitos T naive para Tregs

    (FALLARINO et al., 2006).

    As MSCs tambm exercem efeito atravs da modulao de clulas dendrticas,

    induzindo a diferenciao de Tregs secretoras de IL-10 ou induzindo anergia de linfcitos T

    (MENGES et al., 2002). Alm disso, a presena de fatores solveis como PGE2, IL-6 e fator

  • 28

    estimulador de colnia de moncitos (M-CSF Monocyte Colony Stimulating Factor) podem

    inibir a secreo de IL-12 pelas clulas dendrticas, uma citocina essencial para a sobrevida

    de linfcitos Th1 (SPAGGIARI et al., 2009). Quanto s NKs (Natural Killer), as MSCs inibem

    sua proliferao e produo de citocinas (POGGI et al., 2005), assim como de linfcitos B

    (GLENNIE et al., 2005). J quanto aos macrfagos, as MSCs podem aumentar a produo de

    IL-10 e diminuir IL-12 e TNF- (GHARIBI et al., 2015). Quanto s clulas residentes do SNC,

    demonstrou-se que as MSCs podem agir em progenitores estimulando ou inibindo a

    produo de neurnios, astrcitos e oligodendrcitos (ZHANG et al., 2009).

    Figura 8- Efeitos imunomodulatrios das MSCs conhecidos. As MSCs possuem efeitos imunomodulatrios em diferentes clulas do sistema imune, entre elas, linfcitos T CD4

    +, T CD8

    + e T regs, clulas dendrticas,

    macrfagos, linfcitos B, clulas NK e progenitores de clulas do SNC.

    Fonte: (GLENNIE et al., 2005).

    Alm dos estudos in vitro, a capacidade supressora das MSCs tem sido tambm

    amplamente estudada em modelos experimentais in vivo. Clulas-tronco mesenquimais

  • 29

    derivadas da gengiva (GMSC - Gingiva-Derived Mesenchymal Stem Cell) retiradas da

    cavidade oral so capazes, por exemplo, de suprimir o infiltrado inflamatrio, a produo de

    citocinas inflamatrias, alm de aumentar a infiltrao de clulas Tregs e induzir a expresso

    de IDO e IL-10 no modelo experimental de colite (GHARIBI et al., 2015) . J as clulas-tronco

    mesenquimais derivadas do tecido adiposo (AD-MSCs Adipose-Derived Mesenchymal Stem

    Cells) so capazes de diminuir a gravidade da artrite em animais experimentais por tambm

    aumentar a produo de IL-10 no local da inflamao e favorecendo a infiltrao de Tregs

    (GONZALES et al., 2009). Alm disso, as AD-MSCs tambm diminuem a gravidade da sepsis

    suprimindo o infiltrado inflamatrio e a produo de mediadores inflamatrios em diversos

    rgos-alvo (GONZALES-REY et al., 2009). Ademais, a infuso intravenosa de MSCs bloqueia

    o desenvolvimento da uvete experimental autoimune (EAU Experimental Autoimmune

    Uveitis) aumentando clulas MHC classe IIlow Ly6G- Ly6Chigh CD11b+ que suprimem a

    proliferao de T CD4+ uveitognicos e a diferenciao de clulas Th1 e Th17, alm de

    induzir a apoptose de linfcitos T CD4+. De forma interessante, demonstrou-se que isso

    ocorre de forma dependente do recrutamento de MDSC (Myeloid-Derived Suppressor Cells)

    aos stios inflamatrios de maneira dependente de CCL-2 (LEE et al., 2015).

    Nosso grupo tambm j demonstrou anteriormente que as clulas-tronco

    mesenquimais derivadas do endomtrio humano (hedMSC Human Endometrial-Derived

    Mesenchymal Stem Cells) so capazes de suprimir os sintomas da EAE, diminuindo o

    infiltrado de clulas mononucleares no SNC, incluindo clulas Th1 e Th17.

    Sendo assim, sabendo que o tero tem a mesma origem embrionria que as tubas

    uterinas e que ambos so ricos em clulas-tronco mesenquimais (meMSCs Murine

    Endometrial Mesenchymal Stromal Cells) caracterizadas pelos mesmos marcadores de

    superfcie, tivemos como objetivo no presente trabalho avaliar a capacidade

    imunomoduladora das meMSCs utilizando o modelo de EAE.

  • 30

    2 OBJETIVOS

    2.1 Objetivos gerais

    O presente estudo teve como objetivo caracterizar as clulas-tronco mesenquimais

    endometriais murinas (meMSCs) alm de investigar sua capacidade reguladora utilizando-a

    como tratamento no modelo de encefalomielite experimental autoimune.

    2.2 Objetivos especficos

    Padronizar a obteno e caracterizar fenotipicamente as meMSC;

    Avaliar sua capacidade de diferenciao em outros tecidos;

    Avaliar a progresso da EAE em animais tratados ou no com meMSCs;

    Caracterizar a celularidade em bao e linfonodos de animais com EAE tratados com

    meMSCs;

    Avaliar o estado funcional de macrfagos e clulas dendrticas de bao e linfonodos de

    animais com EAE tratados com meMSCs;

    Avaliar o estado funcional de linfcitos T CD4 e CD8 de no bao, linfonodos e SNC de

    animais com EAE tratados com meMSCs.

    Caracterizar o perfil de citocinas produzidas no SNC de animais com EAE tratados com

    meMSCs;

    Avaliar o estado de ativao de clulas da micrglia e macrfagos infiltrantes no SNC de

    animais com EAE e tratados com meMSCs.

  • 31

    3 MATERIAL E MTODOS

    3.1 Animais

    Foram utilizados camundongos fmea da linhagem C57BL/6 selvagens (WT), de 2-3

    meses de idade mantidos no Biotrio do Departamento de Imunologia do Instituto de

    Cincias Biomdicas da Universidade de So Paulo (ICB-USP). Os animais foram mantidos em

    estantes ventiladas sob condies controladas de temperatura, umidade e iluminao (ciclo

    claro/escuro de 12 horas). Todos os protocolos foram submetidos aprovao pelo Comit

    de tica em Pesquisa Animal desta mesma instituio.

    3.2 Histologia

    Para caracterizao histolgica das tubas uterinas e do tero foram utilizados animais

    C57BL/6 WT (n=2). Alm disso, realizamos a anlise histologia nas medulas espinhais dos

    animais com EAE tratados ou no com as meMSCs (n=10). Os rgos foram fixados em

    paraformaldedo 4% (Sigma - Aldrich) durante 72 horas a 4 C. Em seguida, foram lavados em

    gua corrente por 10 minutos e a desidratao foi realizada pela imerso dos rgos em

    concentraes crescentes de lcool etanol durante 1 hora cada, iniciando pela concentrao

    de 70%, 80%, 90% e por ltimo, duas vezes em etanol 100%. A partir disso, os rgos foram

    imersos em xilol duas vezes durante 1 hora cada e os tecidos foram includos em parafina

    lquida a 60 C (Histotec Merck Chemicals) durante 16 horas. Aps polimerizao da

    parafina, os rgos foram cortados em aproximadamente 5 m em micrtomo automtico

    Leica RM2165 (leica, Welzear, Alemanha). Os cortes foram assentados em lminas

    histolgicas e deixadas a 60 C por 16 horas para melhor fixao das amostras e evaporao

    da parafina.

    3.2.1 Colorao por Hematoxilina e Eosina

    As lminas histolgicas foram desparafinizadas com imerso em xilol duas vezes

    durante 1 hora cada, seguido da hidratao do tecido, iniciando pela imerso em lcool

    etanol 100%, 95% e 70% por 10 minutos cada e por uma imerso em gua destilada durante

    5 minutos. A colorao iniciou-se com a Hematoxilina de Harris (Sigma - Aldrich) por 1

  • 32

    minuto seguido de 10 minutos de gua corrente, assim removendo o excesso de corante. Em

    seguida, as lminas foram coradas com Eosina (Sigma - Aldrich) por 3 minutos e desidratadas

    com etanol 95% e duas imerses de 5 minutos cada de etanol 100%. As fotos foram tiradas

    em aumento de 4 x, 10 x, e 20 x em microscpio de varredura (Leo 435 VP Zeiss,

    Oberkochen, Germany).

    3.2.2 Imunohistoqumica

    As lminas foram desparafinizadas com imerso em xilol duas vezes durante 10

    minutos cada, etanol-xilol (1:1), seguido da hidratao do tecido, iniciando pela imerso em

    lcool etanol 100%, 90% e 70% por 3 minutos cada e por uma imerso em gua destilada

    durante 3 minutos. O desmascaramento dos stios antignicos foi realizado em forno micro-

    ondas com o tampo citrato a 10% diludo em PBS (pH 6,0) 3 vezes de 5 minutos. O bloqueio

    da peroxidase endgena foi realizado utilizando gua oxigenada 3% (Merck) diluda em

    metanol (Merck) durante 5 minutos, com proteo da luz. Logo aps, realizou-se a lavagem

    em soluo PBS 0,1M contendo 0,05% de Tween, durante 5 minutos. Para evitar ligao

    inespecfica, as lminas foram incubadas com PBS contendo 2% de soro albumina bovina

    (BSA) a 60 C por 30 minutos. Em seguida, foi incubado com anticorpos primrios anti-PCNA3

    e anti-vimentina na concentrao de 200 g/mL (Santa Cruz Biotecnologia, CA, USA)

    utilizados na diluio de 1:50 em PBS 0,1 M a 4 C. Aps 16 horas de incubao, as lminas

    foram lavadas 3 vezes com PBS 0,1M contendo 0,05% de Tween por 5 minutos cada e

    incubadas com Advanced HRP Link (DAKO, CA, USA) por 30 minutos em temperatura

    ambiente e lavadas novamente 3 vezes. Posteriormente foram incubadas com Advanced

    HRP Enzyme (DAKO, CA, USA) por 30 minutos em temperatura ambiente e novamente

    lavadas 3 vezes. A identificao das amostras marcadas com os anticorpos primrios foi

    realizada utilizando o cromgeno diaminobenzina 3,3 (DAB DAKO) na ausncia de luz, em

    temperatura ambiente durante 2 minutos e lavadas por mais 3 vezes. Para melhor

    visualizao, as lminas foram coradas com Hematoxilina de Harris por 5 segundos e em

    seguida imersas em gua destilada por 5 minutos. Aps, os cortes histolgicos foram imersos

    3 vezes de 5 segundos em gua amonical a 0,5% (Merck) e 1 vez em gua destilada por 5

    segundos. Para finalizar, as amostras foram desidratadas, usando uma concentrao

  • 33

    crescente de lcool etanol, iniciando com 70%, 90% e 100% durante 30 segundos cada

    imerso, seguido de xilol-etanol (1:1) por 5 segundos e de xilol por 10 minutos. As fotos

    foram tiradas em aumento de 4 x, 10 x e 20 x em microscpio de varredura (Leo 435 VP

    Zeiss, Oberkochen, Germany).

    3.2.3 Colorao por Luxol Fast Blue

    As lminas foram desparafinizadas com imerso em xilol duas vezes durante 1 hora

    cada, seguido da hidratao do tecido, iniciando pela imerso em lcool etanol 100%, 95% e

    70% por 10 minutos cada e por uma imerso em gua destilada durante 5 minutos. A

    colorao iniciou-se com soluo Luxol Fast Blue (MBS - 0,1 g em etanol 95%) overnight em

    estufa a 56 C. O excesso de corante foi retirado com lcool 95% no dia seguinte e,

    posteriormente, as lminas foram lavadas em gua destilada e diferenciadas em soluo de

    carbonato de ltio a 0,05 % por 30 segundos. As fotos foram tiradas em aumento de 4 x, 10 x,

    e 20 x em microscpio de varredura (Leo 435 VP Zeiss, Oberkochen, Germany).

    3.3 Identificao das fases do ciclo estral

    A identificao das fases do ciclo estral de camundongos fmea C57BL/6 WT

    realizada atravs da anlise visual da abertura vaginal. Alm disso, a vagina foi lavada com

    20 L de PBS (1 x) estril, dos quais 10 L foram diludos (1:20) para anlise por citometria

    de fluxo e com os 10 L restantes foi realizada a citologia do lavado vaginal, corada com o

    corante pantico, para avaliarmos diferenas entre as fases estrais de acordo com a

    morfologia das populaes celulares presentes em cada fase.

    3.4 Obteno e cultura de meMSC

    As tubas uterinas e o tero foram extrados de animais C57BL/6 WT e o protocolo de

    obteno dessas clulas foi adaptado (JAZEDJE et al., 2009). Esses rgos foram lavados

    quatro vezes com PBS estril 1 x acrescido de 3% penicilina (100 IU/mL, Invitrogen) e

    estreptomicina (100 IU/mL, Invitrogen) e em seguida, cortados com bisturi estril e

    incubados em tubo de 15 mL com 5 mL de tripsina (1 x, LGC) durante 45 minutos 37 C em

    banho-maria. Aps o perodo de incubao, o sobrenadante foi coletado com uma pipeta

  • 34

    Pasteur, lavado com 7 mL de DMEM/F-12 suplementado com 10% de SFB em um tubo de 15

    mL e centrifugado a 400 g por 5 minutos a temperatura ambiente. O pellet foi ressuspendido

    em 5 mL de DMEM/F-12 suplementado com 10% de SFB e 1% de penicilina/estreptomicina e

    mantidas em garrafas de cultura (25 cm2) em um ambiente de 5% de CO2 e a 37 C. O meio

    de cultura usado para a expanso foi trocado aps 72 horas de cultivo e duas vezes por

    semana subsequentemente. Aps expanso, as meMSCs obtidas foram cultivadas e

    utilizadas como desejado.

    3.5 Diferenciao das meMSCs

    Para avaliar as propriedades de diferenciao das meMSCs, as clulas aderidas foram

    submetidas a diferenciao adipognica, condrognica e osteognica usando o kit Invitrogen

    Stem Pro Differentiation (A1007101, A1007001 e A1007201) conforme protocolo descrito

    pelo fabricante.

    3.5.1 Diferenciao Adipognica

    Clulas foram mantidas em cultura com o meio de diferenciao por duas semanas.

    Aps a utilizao do kit para diferenciao em adipcitos, as clulas no dia 14 foram obtidas

    e avaliadas quanto a acumulao intracelular de vacolos ricos em lipdios corados com oil

    red O (Sigma-Aldrich, St. Louis, MO). Para a colorao com oil red O, as clulas foram fixadas

    com paraformaldedo 4%, por 30 minutos, lavadas e coradas com a soluo de oil red 0,16%

    por 20 minutos.

    3.5.2 Diferenciao Condrognica

    Aps duas semanas de cultivo em meio de diferenciao as clulas em monocamada

    foram fixadas com paraformaldedo 4% por 10 minutos e coradas com Toluidine Blue para

    deteco de mucopolissacardeos da matriz extracelular. O corante foi preparado pela

    adio de 1% de Toluidine Blue dissolvido em gua destilada, contendo 1% de borato de

    sdio, e em seguida foi filtrado. O corante foi adicionado em cada poo da cultura por 2

    minutos, lavados com gua destilada e deixados para secagem natural.

  • 35

    3.5.3 Diferenciao Osteognica

    A diferenciao osteognica foi mostrada pela formao de reas positivas para

    hidroxiapatita de clcio no dia 21. Depois de duas lavagens com PBS e uma lavagem com

    gua destilada, as clulas foram incubadas com 1% nitrato de prata (Sigma-Aldrich, St. Louis,

    MO) sobre a luz ultravioleta (UV) por 45 minutos. As clulas foram incubadas com 3%

    tiossulfato de sdio (Sigma-Aldrich, St. Louis, MO) por 5 minutos. A colorao foi finalizada

    com o corante Van Gieson. A acumulao de clcio indicada pela cor preta.

    3.6 Extraes de RNA e sntese de DNA complementar (cDNA)

    A medula espinhal de animais com EAE tratados ou no com as meMSC foi dissociada

    (GentleMACS Dissociator, Myltenyi Biotec) e o mRNA da medula espinhal e das meMSC

    estimuladas in vitro foi extrado pela adio de 1 mL do reagente Trizol (Invitrogen, EUA)

    durante 5 minutos a temperatura ambiente. A essa soluo foram adicionados 500 L de

    clorofrmio que promoveu a separao de RNA, DNA e protenas, aps centrifugao a

    12000 rcf por 15 minutos. A poro superior (transparente, que contm RNA) foi

    cuidadosamente retirada e transferida para outro tubo onde foi adicionado 500 L de

    isopropanol. A mistura foi mantida a temperatura ambiente por 10 minutos. Em seguida,

    centrifugada a 12000 rcf por 10 minutos e sobrenadante foi retirado cuidadosamente. Ao

    pellet obtido (nem sempre visvel), foi adicionado 1 mL etanol 75% e centrifugado a 7600 rcf

    por 5 minutos a 4 C e repetiu esse processo 3 vezes. Aps a ltima lavagem, o etanol foi

    retirado e o tubo mantido invertido sobre a bancada at a secagem total do pellet.

    Finalmente, 25 L de gua ultrapura foram adicionados. A concentrao do RNA total

    purificado foi determinada em espectrofotmetro a 260/280nm (NanoDrop 2000,

    ThermoFisher). Para a sntese de cDNA, foi realizada uma reao de transcrio reversa a

    partir do RNA total purificado. Para tanto, 2 g de RNA diludos em 5 L foram adicionados a

    5 L de mix (2 L RT buffer, 2 L de RT random primers, 1 L de multscribe e 0,8 L de dNTPs

    e 4,2 L de gua ultrapura). A mistura foi levada ao termociclador (QuantStudio3, Applied

    Biosystems) e submetida a trs ciclos (25 C por 10 minutos; 37 C por 120 minutos; e 85 C

    por 5 minutos). Decorridos os ciclos, foram adicionados 80 L de gua ultrapura.

  • 36

    3.7 Quantificao por PCR em Tempo Real

    A partir do cDNA obtido, foi avaliada a expresso de mRNA de molculas envolvidas

    na inflamao e de clulas Th1, Th17 e Tr1 por PCR em tempo real (qPCR). A cada reao de

    PCR, foi adicionado 0,5 L de 20 x TaqMan gene expression assay, 4,5 L de 2 x TaqMan

    gene expression assay master mix, 5 L de amostra de cDNA. As solues foram levadas ao

    aparelho QuantStudio3 (Applied Biosystems) e submetidas a diferentes estgios (50 C por 2

    minutos; 95 C por 2 minutos; 95 C por segundos e 60 C por 1 minutos x 40 repeties). As

    curvas foram normalizadas pela expresso da -actina. A expresso gnica foi dada pela

    frmula 2Ct, onde Ct = Ct (amostra) Ct (calibrador), e Ct o Ct do gene alvo

    subtrado do Ct do gene constitutivo. Abaixo segue a lista dos primers TaqMan, que foram

    utilizados nos experimentos de PCR em tempo real:

    Ido1 Mm01218005_g1

    Il6 Mm00446190_m1

    Bdnf Mm00446190_m1

    Tgfb1 Mm01178820_m1

    Foxp3 Mm00475162_m1

    Il10 Mm00475162_m1

    Rorc Mm01261022_m1

    Il17a Mm00439618_m1

    Tbx21 Mm00450960_m1

    Ifng Mm01168134_m1

    Ifnb Mm01168134_m1

    Il27 Mm00461162_m1

    Actb Mm0073933_m1

  • 37

    3.8 Induo de EAE e tratamento com as meMSCs

    Os animais C57BL/6 WT foram imunizados por via subcutnea com 150 g de MOG35-

    55 emulsificados em CFA (Complete Freund Adjuvant) (v/v) em 100 g de M. tuberculosis

    H37. Adicionalmente, foram dadas nos perodos 0 e 48 horas aps imunizao, 0,2 g de

    toxina de Bordetella pertussis via intraperitoneal. Os animais foram acompanhados

    diariamente e o grau de doena foi atribudo da seguinte forma: 0 sem doena, 1 perda

    do tnus da cauda, 2 patas traseiras parcialmente paralisadas, 3 paralisia total das patas

    traseiras, 4 paralisia total das patas traseiras com paralisia parcial das patas dianteiras, 5

    paralisia completa ou morte. As meMSCs foram removidas das garrafas de culturas por

    tripsinizao, lavadas e contadas. Em seguida, foram injetadas em uma dose de 1 x 106

    clulas via intra-peritoneal um dia antes da imunizao ou em duas doses de 1 x 106 clulas

    via intra-peritoneal aos dias 0 e 10 ps-imunizao. Os animais foram ento acompanhados

    diariamente.

    3.9 Obteno de clulas do sistema nervoso central

    Os animais foram sacrificados em cmara de CO2 no pico da doena. O crebro e a

    medula espinhal foram extrados e colocados em tubo cnico de 50 mL estreis e incubados

    com 2,5 mg/mL colagenase D em HBSS com clcio e magnsio durante 45 minutos a 37 C.

    Aps esse perodo, a reao da enzimtica foi parada com a 15 mL de HBSS 1 x sem clcio e

    magnsio acrescido de 0,5 mM de EDTA e ento as amostras foram processadas em cell

    strainers e centrifugadas a 400 g por 5 minutos a 4 C. O pellet foi ressuspendido em 6 mL de

    Percoll a 25%. Essa suspenso foi adicionada lentamente sobre 2 mL de Percoll 75% em

    tubos de 15 mL e centrifugada por 20 minutos a 900 g 22 C com freio desligado. O

    sobrenadante foi descartado e o anel contendo clulas mononucleares foi armazenado e

    lavado com 15 mL de HBSS 1x sem clcio e sem magnsio e centrifugado por 5 minutos, 400

    g a 4 C. O pellet foi ressuspendido em 1 mL de meio RPMI com 10% SBF e 1% de

    penicilina/estreptomicina, contado e semeado para CBA, citometria de fluxo com marcao

    de superfcie e marcao intracelular.

  • 38

    3.10 Obteno de clulas do bao e dos linfonodos

    Os animais foram sacrificados em cmara de CO2. O bao foi extrado no 7 dia ps-

    imunizao e no pico da doena e os linfonodos inguinais, subaxilares e periarticos foram

    extrados no 7 dia ps-imunizao, ambos processados em cell strainers e centrifugados a

    400 g por 5 minutos a 4 C. O pellet dos linfonodos foi ressuspendido em meio RPMI com

    10% SBF e 1% de penicilina/estreptomicina e semeado para CBA, citometria de fluxo com

    marcao intracelular e marcao de superfcie. Ao pellet dos esplencitos totais foi

    adicionado 1 mL de tampo de lise de hemcias por 2 minutos e em seguida adicionado 15

    mL de meio RPMI e centrifugados a 400 g por 5 minutos a 4 C. Por fim, o pellet foi

    ressuspendido em meio RPMI com 10% SBF e 1% de penicilina/estreptomicina e semeado

    para CBA, citometria de fluxo com marcao intracelular e marcao de superfcie.

    3.11 Co-cultura de meMSC e linfcitos T CD4+

    Os animais 2D2 KI foram sacrificados por deslocamento da cervical e o bao e os

    linfonodos inguinais, subaxilares e periarticos foram extrados e ambos processados em cell

    strainers e centrifugados a 400 g por 5 minutos a 4 C. O pellet dos linfonodos foi

    ressuspendido em meio RPMI com 3% SBF e 3% de penicilina/estreptomicina. Os linfcitos T

    CD4+ foram isolados por cell sorting no citmetro de fluxo FACS ARIA II (BD Bioseciences). Em

    seguida, foram cultivados na presena ou ausncia de meMSC (proporo 1 meMSC para 10

    linfcitos). As clulas foram estimuladas ou no com -CD3/-CD28 (2 g/mL) ou MOG35-55

    (50 g/mL). Todas as condies foram realizadas em triplicata. Aps 5 dias o sobrenadante

    foi coletado.

    3.12 Anlises por citometria de fluxo

    3.12.1 Dosagem de citocinas

    Com sobrenadante das meMSC estimuladas in vitro, como dito anteriormente, foi

    para anlise do perfil de citocinas atravs da tcnica de CBA.. As clulas mononucleadas do

    SNC, os esplencitos totais e as clulas dos linfonodos foram plaqueadas 1 x 106

    clulas/poo e estimuladas ou no com MOG35-55 (1 g/mL); -CD3 (1 g/mL) + -CD28 (1

  • 39

    g/mL). Aps 72 horas de cultivo o sobrenadante foi coletado para anlise do perfil de

    citocinas atravs da tcnica de CBA. Para a quantificao das citocinas IL-2, IL-4, IL-6, IFN-,

    TNF-, IL-17A e IL-10 foi utilizado o CBA Mouse Th1/Th2/Th17 Cytokine Kit da (BD

    Pharmingen) conforme instrues do fabricante. As amostras foram adquiridas no aparelho

    de citometria de fluxo FACS Accuri BD sendo adquiridos 2100 eventos.

    3.12.2 Avaliao de clulas Th1, Th17 e Tr1

    As clulas dos linfonodos extradas no 7 dia ps-imunizao, os esplencitos totais

    extrados no 7 dia ps-imunizao e no pico da doena e as clulas mononucleadas do SNC

    extradas no pico da doena foram plaqueadas 1 x 106 clulas/poo e estimuladas ou no

    com MOG35-55 (1 g/mL) overnight. Aps esse perodo, as clulas foram estimuladas ou no

    PMA (50 ng/mL) + Ionomicina (1 g/mL) e todas as clulas foram acrescidas de brefeldina

    (1000 x). Posteriormente aos estmulos, as clulas foram bloqueadas com anticorpos

    monoclonais anti-CD16/32 da eBiocience (Fc block). Aps, as clulas foram incubadas com

    anti-mouse CD4 FITC e CD8 PE-Cy7 durante 30 minutos a 4 C. Para a avaliao das citocinas

    intracelulares com o objetivo de caracterizar as populaes de linfcitos T, as clulas foram

    ressuspendidas em 100 L de Cytofix/Cytoperm kit (eBiocience) e incubadas por 20

    minutos a 4 C. Em seguida, foram lavadas com 100 L de BD Perm/WashTM e centrifugadas

    a 450 g a 4 C por 5 minutos. Aps este processo, as clulas foram incubadas com o coquetel

    de anticorpos desejados (anti-IFN- PercP-Cy5.5, anti-IL-17 PE, anti-IL-10 APC) por 20

    minutos. Em seguida, as clulas foram novamente lavadas, centrifugadas a 450 g 4 C por 5

    minutos e ressuspendidas em 200 L de MACS buffer. A aquisio dessas clulas foi atravs

    do citmetro de fluxo BD LSRFortessa (BD Bioseciences) e analisadas no software FlowJo 10.

    Como estratgia de gate na marcao intracelular para anlise de linfcitos, iniciamos

    demarcando os singlets, e em seguida escolhendo as clulas mononucleadas (Fig. 5A) para o

    SNC e linfcitos (Fig. 5B) para bao e linfonodos pelos parmetros de tamanho por

    granulosidade. Dentro das clulas mononucleadas ou dos linfcitos visualizamos as clulas

    positivas para CD4 e CD8 e dentro de cada uma dessas populaes, observamos a produo

    de IFN-, IL-17A e IL-10, caracterizando os linfcitos.

    3.12.3 Anlise fenotpica das meMSC

  • 40

    As meMSC foram removidas das placas por tripsinizao, lavadas e bloqueadas

    durante 20 minutos com anticorpos monoclonais anti-CD16/32 da eBiocience (Fc block) a 4

    C. Em seguida, foram lavadas e incubadas durante 20 minutos a 4 C com anticorpos anti-

    mouse conjugados especficos para CD14, CD29, CD31, CD44, CD45, CD73, CD90, MHC II (I-

    A/I-E) e MHC I (H-2Hd/H-2Dd). Em seguida, as clulas foram novamente lavadas,

    centrifugadas a 450 g 4 C por 5 minutos e ressuspendidas em 200 L de MACS buffer. A

    aquisio dessas clulas foi atravs do citmetro de fluxo BD Canto II (BD Bioseciences) e

    analisadas no software FlowJo 10.

    3.12.4 Resposta proliferativa in vitro

    Os linfonodos foram extrados no 7 dia ps-imunizao, processadas em cell strainer

    e lavadas com HBSS 1 x sem clcio e magnsio sem suplemento. Em seguida, foram

    ressuspendidas em 1 mL de HBSS 1x sem clcio e magnsio sem suplemento na presena de

    CFSE durante 15 minutos em banho-maria a 37 C. Foram adicionadas 9 mL meio de cultura

    suplementado com 10% de SBF e incubado mais 5 minutos em banho-maria a 37 C. As

    clulas (1 x 106) marcadas foram plaqueadas e estimuladas com estimuladas ou no com

    MOG35-55 (50 g/mL) ou -CD3/-CD28 (2 g/mL). Aps 96 horas as clulas foram coletadas

    e marcadas com CD4 PE e CD8 PercP para anlise por citometria de fluxo. A aquisio dessas

    clulas foi atravs do citmetro de fluxo BD Canto II (BD Bioseciences) e analisadas no

    software FlowJo 10.

  • 41

    3.12.5 Avaliao de molculas de ativao em clulas dendrticas, macrfagos e microglia.

    As clulas dos linfonodos extradas no 7 dia ps-imunizao e as clulas

    mononucleadas do SNC extradas no pico da doena foram plaqueadas 1 x 106 clulas/poo.

    Posteriormente, as clulas foram bloqueadas com anticorpos monoclonais anti-CD16/32 da

    eBiocience (Fc block). Aps, as clulas foram incubadas com anti-mouse CD11b APC, F4/80

  • 42

    Brilliant Violet 421, CD11c APC-Cy7 , MHC II PE, CD80 PercP-Cy5.5, CD86 FITC durante 30

    minutos a 4C. Em seguida, as clulas foram lavadas, centrifugadas a 450 g 4 C por 5

    minutos e ressuspendidas em 200 L de paraformaldedo 1%. A aquisio dessas clulas foi

    atravs do citmetro de fluxo BD LSRFortessa (BD Bioseciences) e analisadas no software

    FlowJo 10. Como estratgia de gate para anlise de molculas de ativao, iniciamos

    demarcando os singlets, e em seguida escolhendo as clulas mononucleadas (Fig. 6A) para o

    SNC e linfcitos (Fig. 6B) para bao e linfonodos pelos parmetros de tamanho por

    granulosidade. Dentro linfcitos visualizamos as clulas positivas para CD11c (clulas

    dendrticas) e CD11b e F4/80, e dentro de cada uma dessas populaes, observamos a

    expresso das molculas CD86, CD80 e MHC II (Fig. 6B). Dentro das clulas mononucleadas

    visualizamos as clulas positivas para CD11b e com expresso baixa (microglia ativada) e alta

    (macrfagos infiltrantes) de CD45, e dentro de cada uma dessas populaes, observamos a

    expresso das molculas CD86 e MHC II (Fig. 6A).

  • 43

    3.13 Anlises estatsticas.

    Todas as anlises estatsticas foram realizadas com o auxlio do software Graphpad

    Prism (Graphpad Software Incorporation) verso 6. As diferenas entre as mdias dos

    resultados que foram obtidos nos experimentos foram determinadas pelo Unpaired t test

    Student ou anlise de varincia (ANOVA), dependendo do nmero de variveis. T test ou

    ANOVA * p

  • 44

    4 RESULTADOS

    4.1 Obteno e caracterizao das meMSC

    Inicialmente realizamos a histologia da tuba uterina (Fig. 7A) e do tero (Fig. 7B),

    rgos dos quais isolamos as meMSC, a fim de conhecer melhor suas estruturas. Podemos

    observar que ambos os rgos so formados pelo perimtrio, miomtrio e endomtrio. A

    camada mais externa formada pelo mesotlio, constituda por uma camada serosa e tecido

    conjuntivo, conhecida como perimtrio. O miomtrio, por sua vez, a camada subjacente de

    musculatura lisa, responsvel pelas contraes do msculo no parto e na menstruao. E,

    por fim, o endomtrio a camada mais interna, rica em glndulas secretoras de muco e

    onde ocorre a implantao embrionria. Alm disso, essa camada divida em camada basal

    e funcional, sendo a basal encontrada em contato com o miomtrio e a funcional voltada

    para o lmen (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). Tambm realizamos imunohistoqumica de

    ambos, sendo observadas clulas positivas para vimentina e PCNA3, marcadores de

    citoesqueleto e de ciclo celular, respectivamente, (Fig. 8A e 8B), e descritos por caracterizar

    as clulas tronco mesenquimais.

    Aps conseguirmos caracterizar e conhecer as estruturas da tuba uterina e do tero

    de camundongos fmea e sabendo que esses animais tambm possuem fases em seu ciclo

    estral, identificamos essas fases a fim de observar possveis diferenas na celularidade e

    facilitar a obteno das meMSC. O ciclo estral de camundongos fmea consiste em:

    proestro, estro, metaestro e diestro, sendo que o ciclo completo leva em torno de 4-5 dias

    (BYERS et al, 2012). Assim, reparamos que em cada fase estral a vagina se encontra em

    formas distintas (Fig. 9A). Na fase proestro observamos a vagina com hiperemia e edema,

    enquanto que na fase estro h um aumento do edema e presena de muco copioso que

    propicia a monta com complacncia. Na fase metaestro h presena de pouco muco e

    palidez, e para finalizar o ciclo, durante a diestro podemos observ-la plida e seca. Para

    distinguirmos melhor cada fase do ciclo estral, realizamos o lavado vaginal e posterior

    anlise por citologia (Fig. 9B) e citometria de fluxo (Fig. 9D). Pudemos identificar diferenas

    significativas na celularidade entre elas, sendo a fase proestro caracterizada pela grande

    quantidade de clulas epiteliais nucleadas e algumas clulas epiteliais cornificadas. J a fase

  • 45

    estro apresentou clulas epiteliais cornificadas em menor quantidade. A fase metaestro,

    caracterizou-se por clulas epiteliais cornificadas juntamente com alguns leuccitos,

    enquanto a fase diestro, por sua vez, apresentou uma predominncia destes leuccitos.

    Aps a caracterizao das fases estrais, obtivemos as meMSC em cada uma delas (Fig.

    9C e 10), com o objetivo de observar diferenas em rendimento e viabilidade. Ao avaliarmos

    o rendimento total de clulas aps o processamento dos rgos, a fase estro apresentou o

    maior nmero de clulas em comparao com as outras fases (Fig. 10B). Nossos resultados

    tambm mostraram que as amostras obtidas em proestro, metaestro e diestro, tiveram um

    crescimento mais lento, tornando-se confluentes somente entre o 20 e 24 dia de cultivo.

    Porm, as meMSC obtidas na fase estro tiveram um crescimento mais rpido, tornando-se

    confluentes j ao 13 dia de cultivo (Fig. 10A). Portanto, escolhemos trabalhar com as

    meMSC retiradas na fase estro.

    As clulas-tronco mesenquimais so conhecidas por serem multipotentes com

    morfologia alongada, possurem capacidade de se diferenciar nas linhagens condrognica,

    adipognica e osteognica e por apresentarem um fentipo bem estabelecido. Sabendo

    disso, o prximo passo foi comprovar que as clulas que obtivemos eram as de nosso

    interesse. Para isso, primeiramente vimos que as clulas quando cultivadas se apresentavam

    alongadas, e em seguida realizamos a diferenciao das meMSC obtidas na fase estro nas

    linhagens citadas (Fig. 11). Ns constatamos que, embora as clulas diferenciadas em

    adipcitos no estivessem confluentes, houve um acmulo intracelular de vacolos ricos em

    lipdeos que so indicados pela cor vermelha (Fig. 11C e 11D), no observado na cultura

    controle (Fig. 11A e 11B). Para mais, notamos a presena de matriz extracelular de

    mucopolissacardeo, caracterizando a diferenciao em condrcitos (Fig. 11G e 11H),

    diferentemente da cultura controle (Fig. 11E e 11F). E ao realizamos a diferenciao

    osteognica, verificamos um acmulo de clcio nas clulas diferenciadas indicado pela cor

    preta (Fig. 11K e 11L) no sendo indicado nas clulas no diferenciadas (Fig. 11I e 11J).

    Por ltimo, realizamos a caracterizao fenotpica dessas culturas. Podemos observar

    que, de acordo com a literatura, as mesmas apresentaram uma alta expresso de CD29,

  • 46

    CD73, CD90 e MHC de classe I, sendo negativas para CD14, CD31, CD45 e MHC de classe II

    (Fig 12).

    Figura 7 - Histologia da Tuba Uterina e tero. Identificao das estruturas perimtrio, miomtrio e endomtrio da tuba uterina (A) e tero (B) de camundongos fmea C57BL/6 WT (n=2) atravs de corte histolgico com colorao de Hematoxilina e Eosina. Imagens esquerda esto em aumento de 20 x; Imagens direita esto em aumento de 10 x.

  • 47

    Figura 8 - Ensaios Imunohistoqumicos da Tuba Uterina e tero. A Tuba Uterina (A) e o tero (B) (n=2) apresentaram marcao positiva para Vimentina, um marcador de citoesqueleto e PCNA3, um marcador de ciclo celular e no apresentaram marcao no controle negativo. Imagens esquerda esto em aumento de 4 x; Imagens ao meio esto em aumento de 10 x; Imagens direita esto em aumento de 20 x.

  • 48

    Figura 9 - Caracterizao das Fases Estrais. A caracterizao foi realizada atravs da A) abertura vaginal de camundongos fmeas C57BL/6 WT e atravs do lavado vaginal posteriormente analisados por D) citometria de fluxo e B) citologia com o corante pantico. Identificamos as fases Proestro; Estro; Metaestro; Diestro. CEC = clulas epiteliais; M = clulas mortas; L = leuccitos; Seta preta = clulas epiteliais cornificadas; Seta branca = clulas epiteliais nucleadas; Crculo = leuccitos. C) As meMSC foram cultivadas em cada fase estral at o 20 dia de cultivo, onde tornarem-se confluentes. * = meMSC obtidas na fase estro tornam-se confluentes no 13 dia de cultivo. B) Imagens aumento de 10 x. C) Imagens em aumento de 4 x; n=5.

  • 49

    Figura 10 - Rendimento de meMSC nas Fases Estrais. As tubas uterinas e o tero de animais C57BL/6 WT (n=2) foram extrados na fase proestro; estro; metaestro; e diestro. Os rgos extrados foram processados para obteno de meMSC e as clulas cultivadas em garrafas de 25 cm nas mesmas condies, afim de avaliar o seu rendimento em cada uma das fases estrais. As meMSC obtidas nas fases proestro, metaestro e diestro tiveram um crescimento mais lento, tornando-se confluentes ao 20 dia de cultivo. Porm durante a fase estro, tornam-se confluentes no 13 dia de cultivo. A) Imagens do crescimento da cultura em diferentes dias. * = meMSC fase estro no 13 dia de cultivo. Imagens em aumento de 10 x. # = Imagens em aumento de 4 x. B) Contagem do nmero de clulas obtidas no processamento dos rgos.

  • 50

    Figura 11 - Diferenciao de multilinhagens in vitro. A-D) diferenciao adipognica colorao com Oil Red. A) e B) representam o controle; C) e D) a diferenciao adipognica caracterizada pela acumulao intracelular de vacolos ricos em lipdeo visualizados em vermelho. E-H) diferenciao condrognica colorao com Toluidine Blue. E) e F) representam o controle; G) e H) a diferenciao condrognica caracterizada pela matriz extracelular mucopolissacardeo. I-L)diferenciao osteognica colorao com Alizarin Red. I) e J) representam o controle; K) e L) a diferenciao osteognica caracterizada pelo acmulo de clcio indicado pela cor preta. Imagens em aumento de 10 x; n=4.

  • 51

    Figura 12 - Caracterizao fenotpica das meMSC. As meMSC obtidas na fase proestro de camundongos fmeas C57BL/6 WT entre as passagens 2 e 4, foram submetidas a anlise por citometria de fluxo para verificar a expresso dos marcadores CD29, CD31, MHC II (I-A/I-E), CD14, CD90, MHC I (H-2Hd/H-2Dd), CD45, CD44 e CD73 representados em histograma vermelho . O controle istipo mostrado em histograma azul.

    CD29 CD31 MHC II

    MHC I CD90 CD14

    CD73 CD44 CD45

  • 52

    4.2 O tratamento com as meMSC capaz de atrasar o aparecimento dos sinais clnicos da EAE

    A fim de descobrir se as meMSC possuem potencial no tratamento de animais com

    EAE, optamos realiz-los ao dia da imunizao, com o objetivo de agirem na monta da

    resposta imune nos rgos linfoides secundrio e, tambm, ao 10 dia aps a imunizao,

    uma vez que possam rumar ao SNC e, assim, agir in situ (Fig. 13A). Ao acompanhar

    diariamente os animais com EAE tratados ou no, podemos notar que o escore clnico, entre

    os dias 11 e 17 ps-imunizao, foi menor nos animais tratados com meMSCs (Fig. 13B).

    Figura 13 - Escore clnico de animais com EAE tratados ou no com meMSC. Camundongos fmea C57BL/6 WT foram imunizados com 150 g de MOG

    35-55 de acordo com os materiais e mtodos e no mesmo dia tratados

    com tratados com 1 x 106

    clulas/animal. No 10 dia receberam uma segunda dose de meMSC (1 x 106

    clulas/animal). n=5 para animais sacrificados no 7 dia ps imunizao e n=10 para os animais sacrificados no pico da doena (A). O escore da doena foi avaliado diariamente (B). Dados representativos de dois

    experimentos independentes. T test *p < 0,05; **p < 0,01; ****p < 0,001.

  • 53

    4.3 Modulao desencadeada por meMSC na ativao da resposta imune adaptativa nos linfonodos

    Uma vez que o desenvolvimento da EAE dependente da ativao de clones

    autorreativos especficos para MOG35-55, principalmente subpopulaes Th1 e Th17, e pela

    resposta imune adaptativa ser iniciada nos linfonodos, fomos verificar se as meMSC teriam a

    capacidade de agir sobre as clulas apresentadoras de antgenos ou diretamente em

    linfcitos T nos linfonodos de animais tratados ou no no 7 dia aps imunizao.

    4.3.1 Efeitos das meMSC sobre a apresentao de antgenos.

    Primeiramente avaliamos a expresso de molculas de coestimuladoras em clulas

    dendrticas e macrfagos de linfonodos drenantes. No observamos diferena em sua

    frequncia e nmero absoluto entre os grupos (Fig 14A). Em seguida, observamos que no

    h diferena no nmero absoluto e frequncia de clulas que expressam as molculas

    coestimuladoras CD80 e CD86, tampouco na expresso dessas molculas quando avaliamos

    o MFI (Fig 14B).

    Quanto aos macrfagos, que so clulas caracterizadas por serem positivas para a

    molcula de superfcie CD11b, observamos o mesmo. No h diferena quanto frequncia,

    nmero absoluto de macrfagos (Fig 15A) tampouco quanto expresso de molculas

    coestimuladoras e de MHC de classe II (Fig. 15B).

  • 54

    Figura 14 - As meMSC no so capazes de modular a expresso de molculas de ativao em clulas

    dendrticas dos linfonodos no modelo de EAE na monta da resposta imune. As clulas dos linfonodos (1x106

    clulas/poo) de camundongos fmeas C57BL/6 WT (n=5) com EAE tratados ou no com meMSC no 7 dia aps imunizao foram analisados quanto a frequncia e o nmero absoluto de clulas dendrticas (A) e a expresso de molculas de ativao CD86 e CD80 (B) por citometria de fluxo. MFI = Intensidade Mediana de Fluorescncia. Dados representativos de dois experimentos independentes. T test * p

  • 55

    Figura 15 - As meMSC no so capazes de modular a expresso de molculas de ativao em macrfagos dos

    linfonodos no modelo de EAE na monta da resposta imune. As clulas dos linfonodos (1 x 106

    clulas/poo) de camundongos fmeas C57BL/6 WT (n=5) com EAE tratados ou no com meMSC no 7 dia aps imunizao foram analisados quanto a frequncia e o nmero absoluto de macrfagos (A) e a expresso de molculas de ativao MHC II, CD86 e CD80 (B) por citometria de fluxo. MFI = Intensidade Mediana de Fluorescncia. Dados representativos de dois experimentos independentes. T test * p

  • 56

    4.3.2 Papel das meMSC nas subpopulaes de linfcitos T.

    Sabendo da importncia de linfcitos T na imunopatognese da EAE, nos atentamos

    em verificar as diferentes subpopulaes geradas nos linfonodos. Pudemos perceber que h

    diminuio de linfcitos T CD4+ nos animais tratados com as meMSC (Fig. 16A), sendo que o

    perfil desses tambm modulado, uma vez que o tratamento diminuiu os linfcitos Th1,

    caracterizados por produzir a citocina IFN-, assim como os linfcitos Th17 produtores de IL-

    17A. De forma interessante, observamos o aumento dos clones secretores de IL-10 apenas

    nas clulas no estimuladas in vitro, apesar de haver uma tendncia a aumentar essa

    populao em resposta ao antgeno especfico no tratamento com as meMSC (Fig. 16B; 16C).

    Dando continuidade, analisamos as citocinas secretadas pelas clulas totais dos

    linfonodos, o que ratificou os resultados acima, pois h um aumento na secreo de IL-10 e

    diminuio na IL-17A e IFN- no grupo tratado (Fig. 17). Ao avaliarmos a expresso gnica

    dos fatores de transcrio e citocinas caractersticas de algumas subpopulaes de linfcitos

    T, no observamos diferena entre os grupos, entretanto, pode-se observar o aumento na

    expresso gnica da citocina IL-27 (Fig. 18).

    Alm disso, a citocina pr-inflamatria IL-6 pareceu diminuda e a IL-4, uma citocina

    caracterstica da populao Th2, aumentou com o tratamento (Fig. 17). Observamos

    tambm o aumento da secreo de IL-2 pelas clulas totais dos linfonodos tratados (Fig. 17),

    a despeito de no haver diferena na proliferao de linfcitos T CD4+ e T CD8+ entre os

    grupos (Fig. 19).

  • 57

    Figura 16 - As meMSC so capazes de modular o perfil de linfcitos T CD4+

    dos linfonodos durante o incio da

    resposta imune no modelo de EAE. As clulas dos linfonodos inguinais, axilares e periarticos (1 x 106

    clulas/poo) de camundongos fmeas C57BL/6 WT (n=5) com EAE tratados ou no com meMSC no 7 dia aps imunizao foram estimulados ou no com MOG

    35-55 (50 g/mL) durante 12 horas e PMA (50 ng/mL) +

    Ionomicina (1 g/mL) nas ltimas 4 horas. Alm disso, todos os grupos receberam brefeldina 1000 x nas

    ltimas 4 horas. Aps a incubao, foi analisada a frequncia e o nmero absoluto de linfcitos T CD4+

    (A) e sua produo das citocinas IFN-, IL-17A e IL-10 (B) por citometria de fluxo representado pelo grupo estimulado com MOG

    35-55, seguido dos grficos representativos (C). Dados representativos de dois experimentos

    independentes. T test * p

  • 58

    Figura 17 - Anlise do perfil de citocinas dos linfonodos de animais com EAE tratados ou no com meMSC durante a monta da resposta imune. Os linfonodos inguinais, axilares e periarticos de camundongos fmeas

    C57BL/6 WT (n=5) com EAE tratados ou no com meMSC 7 dias aps imunizao foram processados e 1 x 106

    de clulas/poo foram estimulados ou no com MOG

    35-55 (50 g/mL). Aps 96 horas o sobrenadante foi

    coletado para anlise do perfil de citocinas atravs da tcnica de CBA. Dados representativos de dois experimentos independentes. T test * p

  • 59

    Figura 18 - Expresso gnica dos linfonodos de animais com EAE tratados ou no com meMSC na monta da resposta imune. Camundongos fmeas C57BL/6 WT (n=5) foram imunizados com 150 g de MOG

    35-55 de

    acordo com os materiais e mtodos e no mesmo dia tratados com tratados com 1 x 106

    meMSC/animal. No 7 dia aps imunizao os linfonodos inguinais, axilares e periarticos foram retirados e o mRNA extrado para posterior anlise de expresso gnica. Os dados foram normalizados com o gene da -actina e comparados com o grupo controle. Dados representativos de dois experimentos independentes. Anlise Estatstica T test * p < 0,05.

    Foxp3

    Fo

    ld C

    ha

    ng

    e

    Controle meMSC0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    Il10

    Fo

    ld C

    han

    ge

    Controle meMSC0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    2.0

    Rorc

    Fo

    ld C

    han

    ge

    Controle meMSC0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    2.0

    Il17a

    Fo

    ld C

    han

    ge

    Controle meMSC0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    2.0

    Tbx21

    Fo

    ld C

    han

    ge

    Controle meMSC0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    Ifng

    Fo

    ld C

    han

    ge

    Controle meMSC0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    2.0

    Ido1

    Fo

    ld C

    han

    ge

    Controle meMSC0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    2.0

    ifnb1

    Fo

    ld C

    han

    ge

    Controle meMSC0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    2.0 p=0,09

    Tgfb1

    Fo

    ld C

    han

    ge

    Controle meMSC0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    Il27

    Fo

    ld C

    han

    ge

    Controle meMSC0

    2

    4

    6

    *

    Il6

    Fo

    ld C

    han

    ge

    Controle meMSC0.0

    0.5

    1.0

    1.5

    2.0

  • 60

    Figura 19 - Proliferao dos linfcitos T CD4+

    e T CD8+

    dos linfonodos de animais com EAE tratados ou no com meMSC durante monta da resposta imune. Os linfonodos inguinais, axilares e periarticos de camundongos fmeas C57BL/6 WT (n=5) com EAE tratados ou no com meMSC 7 dias aps imunizao foram

    processados, marcados com CFSE e 1 x 106

    de clulas/poo foram estimuladas ou no com MOG35-55

    (50 g/mL)

    ou -CD3/-CD28 (2 g/mL). Aps 96 horas as clulas foram coletadas e marcadas com CD4 e CD8 para anlise por citometria de fluxo. Dados representativos de dois experimentos independentes. A anlise estatstica T test foi empregada.

  • 61

    4.4 Avaliao dos efeitos do tratamento com as meMSC em clulas residentes e

    infiltrantes do SNC

    Aps avaliarmos o perfil das clulas envolvidas na imunopatognese da EAE no local

    e no perodo em que a resposta imune est sendo formada, fomos investigar a ativao de

    clulas residentes e as clulas autorreativas infiltrantes do SNC, responsveis por provocar

    os sinais clnicos. Primeiramente, observamos que o tratamento com as meMSC foi capaz

    amenizar a desmielinizao da medula espinhal (Fig. 20B), haja vista que tambm diminuiu o

    nmero total de clulas infiltrantes no SNC (Fig. 20A; 20C).

    Figura 20 - As meMSC so capazes de reduzir a neuroinflamao e dano histopatolgico. Camundongos fmeas C57BL/6 WT (n=10) foram imunizados com 150 g de MOG

    35-55 de acordo com os

    materiais e mtodos e no mesmo dia tratados com tratados com 1 x 106

    meMSC/animal. No pico da doena, o SNC foi processado e o nmero total de clulas infiltrantes foram contadas (C). Alm disso, a poro distal da medula espinhal de cada animal foi retirada e submetida a histologia pela colorao de Hematoxilina e Eosina (A) ou Luxol Fast Blue (B). Imagens em aumento de 20 x. Dados representativos de dois experimentos independentes. T test * p

  • 62

    4.4.1 Papel das meMSC na infiltrao de macrfagos e ativao da microglia

    Seguidamente, fomos avaliar a ativao de macrfagos infiltrantes do SNC e de

    clulas da microglia, sendo que ambas so conhecidas por expressarem a molcula de

    superfcie CD11b, entretanto, os macrfagos possuem alta expresso da molcula CD45

    enquanto que a microglia a expressa em baixos nveis. A princpio, pudemos observar uma

    diminuio significativa de macrfagos e de clulas da microglia ativadas (Fig. 21A).

    Ao compararmos os dois grupos quanto ao perfil de ativao de macrfagos

    infiltrantes, notamos que h uma diminuio no nmero de clulas que expressam MHC II e

    as que expressam CD86. Alm disso, o MFI de MHC II e CD86 menor em macrfagos

    infiltrantes do SNC nos animais tratados com as meMSC (Fig. 21B). Quando nos atentamos

    s clulas da microglia, embora no tenhamos obtido diferena na expresso de CD86, a

    quantidade de clulas da microglia que expressam MHC II menor com o tratamento (Fig.

    21C).

  • 63

    Figura 21 - As meMSC so capazes diminuir a infiltrao de macrfagos e ativao da microglia no SNC no

    modelo de EAE. As clulas mononucleadas do SNC (1 x 106

    clulas/poo) de camundongos fmeas C57BL/6 WT (n=10) com EAE tratados ou no com meMSC no pico da doena foram analisados quanto a frequncia e o

    nmero absoluto de macrfagos infiltrantes (CD11b+

    CD45High

    ) e microglia (CD11b+

    e CD45Low

    ) (A) e a expresso de molculas de ativao MHC II e CD86 em macrfagos infiltrantes (B) e na microglia ativada (C) por citometria de fluxo. MFI = Intensidade Mediana de Fluo