Carriker Missao Integral

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  • 7/31/2019 Carriker Missao Integral

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    Misso Integral

    Pois no deixei de lhes anunciar todo o plano de DeusAtos 20.27 NTLH

    Texto Anotaes

    Prefcio

    Durante os ltimos 20-25 anos, a Igreja Presbiteriana Independente do

    Brasil (IPIB) tem adotado o qualitativo integral para descrever a sua

    compreenso e ao missionria de modo abrangente e inclusivo.

    1

    Estaadoo representa uma preocupao de no restringir as reas de

    atuao missionria. Entretanto at hoje, no h uma definio

    especfica nem das atividades e nem dos conceitos que esta

    integralidade abrange e inclui.

    A necessidade de afirmar que a misso integral significa que na

    prtica ela no concebida como tal. De acordo com Valdir

    Steuernagel, o evangelho no precisa dessa expresso. Ela utilizada

    por causa da dureza do corao, e, em virtude de fatores como: nossas

    divises ideolgicas; nossas barreiras culturais, e porque no dizer, que

    necessitamos dela para nos lembrar que para um envolvimento srio na

    misso, preciso ouvir o evangelho como um todo; evangelho que nos

    desafia e nos compromete a viv-lo integralmente, no nos permitindo

    nos render a uma agenda da misso direcionada pelas exigncias do

    mercado.

    A afirmao de que a misso integral serve tambm para nos trazer

    memria que o envolvimento na misso passa pelo crivo do

    entendimento de que amor que se encarna, que se compadece, que

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    Texto Anotaes

    toma a iniciativa da aproximao na perspectiva da graa. Nesse

    sentido, o outro passa a ser o prximo porque algum se aproximou

    dele e assumiu a sua condio de sofredor, sem pedir nada em troca(Lucas 10.25-37). Para tanto, temos que estar dispostos a escutar as

    vozes do mundo amado por Deus, pelo qual, enviou seu Filho. Isso

    muito significativo, uma vez que, vivemos num mundo onde ecoam

    vozes de dor, sofrimento, opresso, injustia e falta de solidariedade,

    expressadas de maneira to dramtica nos lbios e nos coraes dos

    proscritos, e no grito de socorro dos excludos.

    Nos ltimos 3-5 anos, para auxiliar a compreenso da igreja em

    misso, surge tambm uma reflexo em torno do conceito: missio

    Dei.2 Os dois discursos, acerca da misso integral e acerca da missio

    Dei, surtem efeitos ligeiramente distintos, mas complementares. O

    primeiro ajuda a igreja a contemplar quais ministrios ou dimenses

    faltam na sua ao missionria para que esta reflita todo o conselho de

    Deus. O ltimo, ao distanciar a misso da igreja da misso de Deus,

    ajuda a igreja a desconstruir e desmistificar os seus projetos, estratgiase metodologias missionrios e perguntar novamente como a igreja pode

    adequar a sua misso de tal forma que exera melhor o papel que Deus

    deseja para ela. Em ambos os casos, a igreja procura questionar,

    ampliando ou at limitando aspectos da sua prtica no mundo e na

    histria em que Deus a inseriu. Em ambos os casos, a inteno maior

    no de sacralizar a compreenso e empenho atual da igreja, e sim,

    ousar radicaliz-los para ser sal mais salgado e luz mais brilhante.

    Misso projeto de Deus. Ele quem toma a iniciativa de salvar o

    mundo manchado pelo pecado, separado dEle, com o objetivo de

    estabelecer o seu reino neste mundo e sobre toda a sua criao. Faz

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    Texto Anotaes

    parte da concepo de muitos que a misso da Igreja, como se essa,

    num sentimento de posse, usasse a Deus para a salvao do mundo,

    quando na verdade, a misso de Deus, o qual concede Igreja oprivilgio de ser parceira na consecuo desse projeto. Sendo assim,

    podemos afirmar que a misso de Deus tem uma Igreja, que segundo

    David Bosch, passa de remetente para remetida, por estar a servio de

    algum que maior do que ela.3 A misso de Deus cria e envia a Igreja

    ao mundo, visando a transformao e salvao do mundo, a

    implantao definitiva de seu reino de amor, justia, solidariedade, e

    paz. Roberto Zwetsch da opinio que:

    misso, diz respeito s relaes entre Deus e o

    mundo(...) Vocacionada, [a igreja] co-

    participante da prpria ao de Deus no mundo,

    que visa salvar e libertar a humanidade. Sua

    tarefa como enviada ver, ouvir, chamar,

    orientar, ajudar e tornar-se solidria como parte

    do testemunho daquela ao de Deus4

    Para corrigir a concepo eclesiocntrica da misso, necessrio

    avaliar o conceito da missio Dei (misso de Deus). Na missio Dei o

    prprio Deus torna a Igreja um instrumento privilegiado de sua misso,

    mas no a razo da mesma. Moltmann afirmou que no a Igreja que

    deve cumprir uma misso de salvao do mundo, mas a misso do

    Filho e do Esprito Santo mediante o Pai que inclui a Igreja. Sendo

    assim, a Igreja no pode ser vista como fundamento da misso, e nemcomo objetivo desta. De acordo com Moltmann, a palavra final da

    Igreja no a Igreja, mas a glria do Pai e do Filho no Esprito da

    liberdade.5

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    Texto Anotaes

    Segundo David Bosch, a misso da igreja dever ser o servio a m issio

    Dei, ou seja, representar a Deus no mundo, e diante do mundo, apontar

    para Deus. Misso e Igreja s podem ser vistas juntas, comoinstrumentos de Deus, atravs dos quais ele realiza a sua misso.

    Na opinio de Zwetsch,Deus no apenas envia e se torna enviado, mas

    ele o prprio contedo do envio. Em cada uma das pessoas da

    Trindade, Deus age por inteiro. Nessa forma de atuao, Deus nos

    mostra como se faz misso.

    Dois discursos: misso integral e missio Dei. Esta reflexo far uso

    deste dois discursos. O ltimo, o conceito missio Dei, ajuda a definir

    melhor o conceito de misso integral, que por uma questo

    pedaggica, o fio condutor desta reflexo. Logo, o propsito desta

    reflexo sugerir, de modo amplo e aberto, um conceito e as atividades

    da misso integral da IPIB. No o propsito fechar o assunto e sim,

    procurando um consenso geral, refletir sobre as diversas expresses

    bblicas da atuao do povo de Deus frente ao mundo, e sugerir passos

    inclusivos para a IPIB, em continuidade com esta histria antiga e a sua

    histria mais recente, desempenhar com fidelidade e coragem a sua

    vocao dentro do contexto brasileiro e mundial hoje.

    O estudo a seguir comea com uma reflexo bblica e teolgica, avalia

    a trajetria histrica da igreja, pondera diversos modelos de ao tanto

    dentro da IPIB quanto fora e, finalmente, conclui com a identificaode alguns dos maiores desafios missionrios diante da IPIB hoje.

    Reflexo Bblico-Teolgica

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    Texto Anotaes

    Comea-se com uma observao. Por um lado, a mera existncia da

    Bblia como Palavra de Deus j um profundo dado missionrio: Deus

    se revela ao ser humano com um propsito, isto uma incumbnciadada ao ser humao em relao a Deus, a criao e ao seu prximo. Por

    outro lado e ao mesmo tempo, a Bblia tambm registro da interao e

    reflexo missiolgica pelo povo de Deus da sua f e da sua

    incumbncia em relao ao mundo. Logo, se faz necessrio ressaltar a

    riqueza missiolgica da Bblia e reconhecer que sempre a sua

    interpretaonunca uma tarefa conclusivapoder ser explorada

    com melhor proveito dentro do contexto do povo de Deus em toda a

    sua amplitude, sua diversidade cultural e sua extenso histrica.

    Igualmente reconhece-se a limitao da nossa tarefa e da necessidade

    de manter o dilogo entre as Escrituras e o povo de Deus sempre

    aberto.

    Mesmo reconhecendo esta limitao, a seguinte reflexo organiza-se

    em nove partes:

    1. a criao no Livro de Gnesis2. a chamada de Abrao no Livro de Gnesis3. o nascimento de Israel no Egito, no deserto, e no Monte Sinai

    no Pentateco

    4. o desenvolvimento, decadncia e esperana de Israel nos LivrosProfticos

    5. o culto e a tica do povo de Deus nos Escritos6. o papel de Jesus como o missionrio (enviado) de Deus nos

    Evangelhos

    7. a expanso missionria da igreja no Livro de Atos8. a vivncia da igreja no mundo, nas Epstolas9. a nova criao no Livro de Apocalipse.

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    Texto Anotaes

    possvel desdobrar cada um destes temas e acrescentar outros, mas as

    reflexes missiolgicas6 das ltimas cinco dcadas normalmente

    incluem estes. Cada um destes temas ajuda a conceituar a missointegral da igreja como se v a seguir.

    1.A criao: cuidado e bondade (Gnesis 1-11)Toda reflexo da Bblia como Palavra de Deus precisa dar conta da

    organizao cannica geral que comea com a criao e termina com a

    nova criao. A criao, este mundo e esta histria, no s estabelece o

    palco da atuao de Deus entre o seu povo e todos os povos da terra,

    mas tambm forma uma moldura para todo o relato a seguir. No

    pano de fundo de outro enredo principal, e sim, origem e propsito

    finais. No terceiro milnio, mais que nunca, o povo de Deus precisa

    ponderar a sua misso de modo to abrangente que abrae a criao

    toda. Tal tarefa precede e segue a sua tarefa evangelstica como a

    incumbncia de todo ser humano. Antes de termos uma misso comopovo de Deus, temos uma incumbncia como gente e por isso a igreja

    pode e deve procurar se juntar a todos os esforos humanos que

    procuram o bem-estar ambiental.

    1.1 Uma misso ecolgica. Nos relatos da criao no Livro de

    Gnesis aprendemos que o destino e o bem-estar da criao esto

    entrelaados com o destino humano. Descrevem o papel do ser

    humano, fmea e macho juntos, como ligado ao cuidado e ordenao

    proativos de todas as outras criaturas (captulo 1), que para isso, ele

    prprio deve conhecer (nomeando) minusciosamente (captulo 2). A

    histria do dilvio deixa claro que nem a queda anulou esta

    incumbncia primordial da humanidade. Portanto, assumimos a nossa

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    Texto Anotaes

    humanidade legtima, em parte, na medida que assumamos esta

    misso ecolgica da boa ordenao do nosso meio ambiente, no

    apenas para o benefcio humano, mas acima de tudo, como a expressoda imagem de Deus e para que toda a criao na sua beleza e bem-estar

    preste glria a Deus (Gnesis 1.27-31; Salmos 8, 19, 29, 65, 93, 95, 98,

    104, 107, 145, 148). Ser gente ser agente no cuidado da criao. Ser

    povo de Deus ser agente da redeno da criao. Este o mundo que

    o profeta Isaas espera (captulo 11) e que o Livro de Apocalipse

    anuncia, um mundo aonde a justia e a eqidade finalmente se

    estabelecero o lobo e o cordeiro caminham juntos, e o leopardo e o

    cabrito dormem no mesmo leito um espao e um tempo onde o mal

    e o dano deixam de existir e finalmente o conhecimento da glria do

    Senhor encher a terra como as guas cobrem o mar. importante que

    a igreja mantenha a mira nesta sua origem e neste seu alvo final na

    misso ecolgica.

    Quanto a estas observaes escatolgicas, surge uma dvida comum: a

    criao, conforme o relato bblico, no se destina destruio? Por que

    perder tempo com o conservacionismo, se tudo vai para a fumaa? No

    Novo Testamento, a viso apocalptica da criao no s pressupe o

    seu julgamento (2 Pedro 3.1-12), como tambm e ultimamente a sua

    renovao (2 Pedro 3.13; Apocalipse 21). Lemos que haver novos

    cus e nova terra, uma viso que serve de paradigma e motivao para

    a misso ecolgica da igreja.7 A redeno final da igreja, como a

    incumbncia inicial da humanidade toda, se encontra intimamentevinculada a sua fidelidade no cuidado da criao (Romanos 8.18-25).8

    1.2 Uma misso dentro da nossa histria e do nosso mundo. Tudo

    isso significa que a esperana da igreja no uma esperana

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    Texto Anotaes

    ultramundana e extrahistrica.9 Uma missiologia que leva a srio o

    papel criador de Deus, que age dentro da histria humana,

    compreender o seu destino tambm dentro duma histria e dentro dummundo ainda em construo por Deus. No fomos criados para fugir

    deste mundo e do nosso tempo, e sim, para redimi-los. At uma leitura

    das mais superficiais das Escrituras repara esta proximidade, iniciativa

    e propsito de Deus nas atividades humanas. A misso integral inclui

    no s os diversos ministrios da igreja em relao ao seu prximo,

    mas tambm integra este mundo todo criado por Deus e esta histria

    toda guiada por Deus. A escatologia da misso integral uma

    escatologia engajada no projeto de Deus para o mundo que ele prprio

    criou e ainda redimir.

    1.3. Uma misso cultural. Nos relatos da criao, parte importante da

    misso ecolgica da humanidade de cuidar da criao uma

    incumbncia cultural (mandato cultural).10 Isto , cabe ao ser humano

    no s cuidar da criao, mas tambm se relacionar bem com o seu

    prximo. A sua relao mais ntima entre homem e mulher e a criao

    de famlias so o auge deste relacionamento e se destacam nos relatos

    da criao. Tanto que o relacionamento da igreja com Deus e com

    Cristo frequentemente recorre para a linguagem da relao

    comprometida entre homem e mulher. Entretanto, lendo alm de

    Gnesis 1-2, vemos que a incumbncia de se relacionar com o seu

    prximo de maneira alguma se esgota no casamento, mesmo que aqui

    se exemplifique melhor. Mas a misso cultural abrange toda aorganizao dos grupos humanos nas suas mltiplas dimenses

    econmicas, polticas e culturais. Logo o desenvolvimento da cultura

    como meio de expressar o relacionamento entre os seres humanos faz

    parte da misso ecolgica.

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    Texto Anotaes

    1.4 Uma misso tica. Boa parte de Gnesis 1-11 fala do fracasso

    humano em relao sua incumbncia dada por Deus, da mesma formaque boa parte do Antigo Testamento inteiro focaliza o fracasso do povo

    de Deus em relao ao seu papel diante de Deus e diante do mundo.

    Alis, em Gnesis 3-11, o fracasso humano aumenta e se intensifica

    cada vez mais. Esta observao d muita sobriedade reflexo a

    respeito duma misso integral. preciso computar o fracasso

    humano e o fracasso do povo de Deus quando se contri uma noo de

    misso dos dois. Desde o princpio, a misso se revela ultimamente de

    Deus. Por isso distinguimos missio Dei de missiones ecclesiae. Temos

    uma incumbncia, sim. Entretanto, se desenvolve em meio de fracasso

    e frequentemente alheia ao plano de Deus para a sua criao. Se o

    resultado da presente reflexo for apenas de parabenizar o bom

    desempenho institucional da igreja, ento teremos fracassado

    miseravelmente. As exortaes dirigidas para o povo de Deus

    explicitamente em boa parte do Antigo Testamento (os Profetas

    Anteriores e Posteriores) e tambm do Novo Testamento (as Epstolas,

    Apocalipse 2-3) e implicitamente no restante da Bblia, nos empurram

    sempre para uma auto-crtica.

    Com o fracasso humano surge uma necessidade de reparo e

    restaurao. O Deus que age na histria e no mundo o Deus que

    resgata e que restaura. Com a queda j surge uma promessa, mesmo a

    princpio enigmtica, de restaurao (Gnesis 3.15). Ao longo dasEscrituras, esta promessa de endireitar um mundo e uma humanidade

    cados e aviltados ao divina, mas tambm envolve a participao

    humana (Gnesis 12.3). Assim, junto com aqueda nasce a misso

    salvadora de Deus e eventualmente a misso evangelstica. Esta

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    Texto Anotaes

    situao de malignidade dum mundo declarado bom, muito bom, e

    abenoado por Deus (Gnesis 1.4, 10, 12, 18, 21, 25, 28, 31; 2.3) gera,

    portanto, a necessidade de retificao. Desde o princpio e fundamental f bblica existe a preocupao pela tica, pela justia, e pelo

    endireitamento deste mundo em todos os aspectos. Isto faz com que as

    expresses religiosoas institucionais duma f tica o judaismo, o

    cristianismo, e o islamismo sejam nicas entre todas as religies

    mundiais pela sua preocupao essencialmente tica. E esta

    preocupao precisa ser ressaltada em toda a atividade do povo de Deus

    no mundo.

    2. A chamada de Abrao e Sara: bno e eleio

    (Gnesis 12-50)

    O fracasso cada vez maior do ser humano em Gnesis 1-11 nos prepara

    para a soluo de Deus a partir de Gnesis 12. Aqui, lemos da

    chamada dum casal, Abrao e Sara, que formaram um povo grande,que por sua vez, exercer um papel principal no alcance das naes.

    2.1 Uma misso participativa. Uma observao importante para

    ampliar a noo de misso para uma medida mais integral possvel:

    tanto na incumbncia dada ao ser humano na criao quanto na

    eleio dum povo para levar adiante a tarefa inacabada de bom-i-

    ficar ou bem-fazer ou abenoar o mundo (Gnesis 1.31; 12.3),

    ambos os gneros humanos so inclusos como participantes iguais e

    igualmente incumbidos. O homem, como macho e fmea, e os

    ancestrais do povo de Deus, tanto Abrao quanto Sara, recebem

    designada misso (Gnesis 1.27; 12.1-3; 17.15-22). Isso implica

    tanto na luta de quebrar preconceitos de gnero na sociedade, quanto na

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    Texto Anotaes

    toda a Bblia porque serve de base para as demais promessas. To

    importante era, que o apostlo Paulo considerou-a como o preanncio

    do evangelho (Glatas 3.8).

    2.3 Uma misso litrgica. Outra observao importante: misso no

    antagnica, nem mesmo perifrica vida e ao culto do povo de Deus.

    O culto j aparece na aliana abramica como o propsito final deste

    trato de Deus com o povo especfico (Gnesis 12.7-8). A misso do

    povo de Deus leva ao culto a Deus. O culto define o propsito ltimo

    da misso como a misso d definio e sentido vida eclesistica. A

    misso da igreja no mera subdiviso da sua vida, e sim, a sua

    vocao essencial. Misso primordial na definio do povo de

    Deus, mas no a sua finalidade ltima. O culto o .

    2.4 Uma misso mundial e multicultural. A incumbncia dada a

    Abrao e Sara, aos seus descendentes e ao seu descendente mantm,

    por definio, a participao no povo de Deus sempre abrangente. A

    sua bno meio para abenoar todas as famlias da terra. No se

    cumpre at que povos de todas as etnias, povos e raas sejam includos

    no povo de Deus (Mateus 24.14; 28.18-20). Esta caractristica de

    misso vai ganhando destaque ao longo das Escrituras como veremos

    em seguida. A igreja que limita a abrangncia da sua misso, ou em

    termos tnicos ou em termos geogrficos, no percebeu a natureza

    mundial e multi-tnica da sua incumbncia e se caracteriza mais pelo

    provincialismo do que pela inclusividade inerente da sua misso.

    3. O Egito e o Monte Sinai: libertao e aliana

    (xodo Josu)

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    13

    Texto Anotaes

    Se o primeiro livro do Pentatuco relata a chamada (eleio) dum povo

    para Deus, os outros quatro elaboram a sua formalizao (aliana).

    Aqui lemos de trs principais eventos: a sua libertao da opressoegpcia, a sua peregrinao no deserto, e o estabelecimento da aliana

    no Monte Sinai. Tambm lemos de duas grandes instituies deste

    povo: o culto e a lei.

    Na libertao, aprendemos que Deus age dentro da histria humana,

    que a justia sua marca, e que ele age na histria tanto atravs da

    humanidade quanto poderosa e independentemente dela. Na

    peregrinao, aprendemos que seguir Jav significa passar por deserto,

    exige f e dependncia de Deus que o nosso sustento suficiente, e que

    temos um destino adiante. Na aliana sinatica, aprendemos que o povo

    de Deus, mesmo chamado parte dos outros povos, novamente, como

    no chamado de Abrao, encontra a sua vocao em favor dos povos:

    Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a

    minha voz e guardardes a minha aliana,ento, sereis a minha propriedade peculiar

    dentre todos os povos; porque toda a terra minha; vs me sereis reino de sacerdotes

    e nao santa. So estas as palavras quefalars aos filhos de Israel. (xodo 19.5-6;cf. 1 Pedro 2.9)

    Sua misso seria de dependncia total e diria de Deus (como no

    deserto) que as instituies da lei e do culto elaboram e especificam.

    Mais uma vez, as instituies do povo de Deus servem a um propsito

    maior, um propsito missionrio em favor dos povos e ultimamente

    um propsito de glorificar a Deus. Misso na experincia do xodo,

    do deserto e da aliana se caracteriza pela libertao da opresso, pela

    justia de Deus, pela ao de Deus na histria humana (missio Dei),

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    14

    Texto Anotaes

    pela intercesso incessante, pelo culto e pela tica do povo de Deus.

    Nisto, os conceitos de misso elaborados at aqui so reforados e

    adiantados.

    So adiantados especificamente pela emergncia e desenvolvimento

    das instituies da lei e do culto. A lei, por sua vez, abrange toda a vida

    do povo de Deus, e ainda leva em conta a incluso do estrangeiro e o

    tratamento justo dos rfos e vivas. Integralidade est no corao do

    conceito da vivncia do povo de Deus. Tambm o alvo mundial e

    multi-tnico do culto se estabelece logo no princpio da aliana mosaica

    pela especificao vocacional dos agentes do culto (sacerdotes) que

    intercedem a favor de todos os povos (xodo 19.5-6; cf. 1 Pedro 2.9).

    Nisto, entendemos que a integralidade da misso se refere no somente

    diversidade de ministrios que a igreja exerce em relao ao mundo.

    Tambm implica na amplitude do alvo destes ministrios no alcance de

    todos os povos, todas as raas, e todos os grupos sociais no mundo

    todo.

    4. O reino:julgamento e misericrdia (Os Profetas)

    Se o papel missionrio do povo de Deus encontra maior definio no

    Pentatuco, nos Profetas13 a nfase est cada vez mais no seu

    descumprimento, o subseqente julgamento de Deus, e a promessa da

    misericrdia e libertao vindouras do Deus justo, poderoso e ntegro.

    Tambm, se a figura de Abrao domina o Livro de Gnesis, e a figura

    de Moiss domina o resto do Pentatuco, a figura de Davi e do seu

    descendente que recebe bastante destaque nos Profetas e nos

    Escritos.

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    15

    Texto Anotaes

    4.1 Uma misso de servio. Notrio entre as promessas o

    cumprimento do papel missionrio dum descendente da Eva (Gnesis

    3.15), de Abrao (Gnesis 12.7; 13.15; 15.18; 17.7; 22.17); de Moiss(Deuteronmio 18.15-18) e de Davi (2 Samuel 7.12-17; Salmo 72) e

    assim, o cumprimento do mesmo papel do povo de Deus (Isaas 42.6;

    49.6; 51.4). O Servo um descendente fiel de Deus e servo tambm o

    seu povo. A misso de servio e de seguir o modelo dum Santo que

    Deus revelar para cumprir os seus propsitos para todas as naes do

    mundo. A misso tambm, ainda tem a ver com libertao, justia e

    eventualmente a remoo das nossas iniquidades (Isaas 53). nos

    Profetas, especialmente em Isaas, que aprendemos que a misso do

    povo de Deus, acima de tudo, seguir a misso do prprio Deus e

    assim cumprir o destino do ser humano, criado a imagem do seu

    criador, isto , o destino de ser o seu representante neste mundo e nesta

    histria.

    4.2 Uma misso escatolgica. Nas Escrituras todas, Deus se revela

    como o Deus que age dentro e atravs da histria. Repetidas vezes

    lemos que o fracasso do povo de Deus no impede o avano dos

    propsitos de Deus na histria, mesmo que Deus o convide a ser o seu

    agente de transformao no mundo. Nos profetas, uma das ilustraes

    mais notrias deste missio Dei a histria de Jonas. A sua

    desobedincia no impede o alcance da misericrdia de Deus para os

    ninivitas. E a parbola do verme que fere a planta que d sombra para

    Jonas ilustra como o povo de Deus se preocupa com coisas que no soimportantes e pouco lidamos com a vida dos outros que de suma

    importncia para Deus. Por trs destas e outras narrativas profticas

    est o Deus que avana o seus propsitos, ora por meio do seu povo,

    ora, apesar dele.

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    16

    Texto Anotaes

    4.3 Uma misso proftica. No Antigo Testamento so os Profetas

    Posteriores que mais destacam a dimenso crtica e denunciadora damisso, tanto que a qualificativa proftica no meio cristo j adquiriu

    esta conotao abrasiva. Esta misso uma faca de dois gumes. s

    vezes a critca dirigida injustia e idolatria das naes14. Mais

    frequentemente dirigida injustia e idolatria do povo de Deus.15

    Quando a injustia dentro do povo de Deus se manifesta, abafa toda a

    barulheira do culto (Ams 5.23).

    5. O culto e a cultura:fidelidade e comunicao (Os

    Escritos)

    Assim chegamos aos Escritos, comumente negligenciados em relao

    sua contribuio missiolgica. Aqui, entretanto, destacamos duas lies

    de tremenda relevncia para a idia de misso integral.

    5.1. Uma misso contextualizada. Primeiro, especialmente a literatura

    sapiencial, mas tambm os Salmos, estabelecem uma postura de

    abertura e dilogo entre o povo de Deus e o mundo. Isto ocorre pela

    frequente incluso de metforas e ditados estrangeiros dentro deste dois

    tipos de literatura. Os Escritos oferecem um modelo importante para

    uma avaliao essencialmente positiva da cultura. Como Deus se

    encarnou para nos alcanar, a igreja adota uma postura otimista na sua

    busca de aproveitamento de elementos culturais para conduzir o seu

    culto e para expressar as verdades da vida diria.

    Isto uma importante qualificao da postura de confronto que

    encontramos frequentemente nos Profetas. Misso implica num

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    17

    Texto Anotaes

    dilogo entre igreja e sociedade, no um dilogo que abre mo do

    senhorio e soberania do nico Deus, mas um dilogo que mesmo assim,

    busca as verdades num mundo criado por Deus e impressas em todos ospovos, por serem criados imagem e semelhana de Deus, mesmo

    procedentes de outras religies.

    Misso como dilogo, embora no abra mo da senhorio do nico

    Deus, mantm uma postura essencialmente de boas-novas dum Deus

    que se revela ao ser humano dentro do seu contexto e da sua cultura.

    Logo, no cabe uma postura proselitista com suas ms-novas dum Deus

    que somente se revela dentro da cultura crist predominante, e no em

    todas as culturas que, por serem humanas, refletem algo da imagem e

    semelhana de Deus.

    5.2. Uma misso que chama para o culto. Segundo, os Escritos, em

    especial, os Salmos, nos ensinam que misso envolve poesia e msica.

    Misso e culto, de fato, so dois lados da mesma moeda. A liturgia que

    agrada a Deus no aquela que afaste os diversos povos e sim, que os

    atraia. No s atrai os povos como tambm a criao toda no louvor e

    adorao a Deus, Jav. Misso, portanto, no apenas irao encontro

    das naes (movimento centrfugo), mas tambm atra-las ao culto e

    adorao a Deus (centrpeto). Assim, somos lembrados que a nossa

    misso, por mais que ela nos defina, no ltima. ltimo o culto a

    Deus. Misso a maneira de chegar no que ltimo, encher a terra

    com o conhecimento da glria do Senhor. Misso, logo, que maisorienta o nosso culto, e o culto a Deus a razo da nossa misso.

    6. Jesus: cumprimento e modelo (Os Evangelhos)

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    Texto Anotaes

    Os escritores do Novo Testamento, a igreja primitiva e ns entendemos

    que o Servo de Deus Jesus (Atos 3.24-26; Romanos 15.8-9; Hebreus

    1.1-4). Ele o cumprimento das promessas feitas por Deus aos pais(Abrao, Moiss e Davi) e modelo para a igreja.

    6.1 Uma misso segundo o cumprimento por Deus (missio Dei).

    Jesus cumpriu as promessas de Deus para Abrao, para Moiss, e para

    Davi. As promessas paraAbrao so de abrangncia nacional e

    internacional e correspondem aos dois imperativos de ser povo de

    Deus, e de abenoar as naes. Estas promessas se aplicam ao patriarca

    e sua descendncia, esta ltima se referindo ao povo de Israel e

    tambm a um descendente individual, fiel, e real que abenoar todos

    os povos do mundo.

    As promessas paraMoiss, semelhantemente assumem as mesmas duas

    dimenses, externa e interna. S que a natureza condicional da

    promessa e a incumbncia de obedincia por parte do povo de Deus se

    formaliza atravs da lei e do culto. E a lei e o culto sero duas reas

    crticas para avaliar a obedincia de Israel. Fracasso nestas duas reas,

    atravs da injustia moral e social em relao lei, e atravs da

    adorao de outros deuses em relao ao culto, constituiram a

    decadncia de Israel e a quebra, da sua parte, da aliana com o Deus

    Supremo.

    As promessas paraDavi se apresentam como um desdobramento daspromessas anteriores. So de natureza qualitativa e quantitativa. Isto ,

    o reino do descendente de Davi ser qualitativamente de justia e

    eqidade e ser eterno. Quantitativamente as promessas, por um lado,

    se estreitam atravs do remanescente at a figura messinica. Por outro

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    Texto Anotaes

    lado, se alargam na medida que o Israel fiel e o servo fiel e real sero

    luz para as naes. Desta maneira, as promessas empareladas de bno

    para a nao e bno para os povos da terra se realizaro.

    Jesus Cristo cumpriu as promessas de Deus para Abrao16, para

    Moiss17, e para Davi18. Assim, estabeleceu a inaugurao duma nova

    criao, de bno para todas as naes, e do governo de Deus.

    6.2 Uma misso segundo o modelo de Jesus. Sua mensagem, seu

    ministrio, sua crucificao e sua ressurreio, todos, so

    paradigmticos para a misso da igreja (Joo 20.21). Sua mensagem

    que exige arrependimento, oferece perdo, e anuncia que o dono deste

    mundo Deus e no os senhores deste mundo tambm a mensagem

    missionria da igreja (Marcos 1.14-15; cf. Atos 2.38; 3.19, 25-26;

    4.12). Seu ministrio trplice de cura, libertao e proclamao o

    mesmo ministrio missionrio da igreja (cf. Atos 2.43; 3.1-10; 5.12-16;

    8.7; 9.32-42; 14.3, 8-10; 16.16-19; 28.8-9). At mesmo a sua

    crucificao e a sua ressurreio so paradigmticos para a vida

    (Romanos 5.17; 6.8-11; 8.11) e para a misso da igreja (1 Corntios

    1.18-25; Colossenses 1.24). Ser criado imagem semelhana de

    Deus, para a igreja, toma uma dimenso mais especfica que a

    dimenso original para a humanidade toda. Significa imitar, ouseguira

    Jesus. Assim como o Pai me enviou, eu vos envio (Joo 20.21).

    Urge uma ao missionria da igreja que segue o padro destes trsaspectos do modelo de Jesus: sua mensagem, seu ministrio e sua

    crucificao e ressurreio. Assim uma misso integral procura emular,

    pelo presena do Esprito Santo na sua vida, a prpria presena de

    Cristo, e sua misso reflete o cerne da missio Dei, isto ,solus Christus,

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    Texto Anotaes

    como o princpio protestante mestre (principium theologiae) dos outros

    trs gritos:sola Scriptura,sola fide, esola gratia. Procurar-se dispor

    missio Dei significa assumir a postura radical de refletir a missioChristi, de novo, na sua mensagem, no seu ministrio, e at mesmo na

    sua crucificao e ressurreio. Consideremos primeiro a sua

    mensagem de arrependimento, do perdo e do anncio da chegada do

    reino de Deus.

    O reino de Deus um conceito teolgico central para uma teologia

    da misso, e, conseqentemente, para o entendimento da misso como

    sendo integral. Falar em reino de Deus afirmar que Deus reina,

    governa a criao e a histria. Georg Vicedom denomina o reino de

    Deus como sendo o senhorio de Deus. Para Zabatiero, o reino o

    projeto histrico de Deus que pretende estabelecer uma sociedade

    perfeita, sem injustias ou sofrimentos. O reino , portanto, o smbolo

    que expressa a ao de Deus no mundo, hoje e no futuro. Este smbolo

    marcado por uma dupla dialtica: entre presena e futuridade e entre

    ao humana e ao divina. Simultaneidade de presena e futuridade

    do reino de Deus numa tenso dialtica.19 Crer que o reino , a um s

    tempo, presente e futuro passa pela compreenso de dois aspectos, ou

    seja, primeiro, que em Jesus e no seu ministrio o reino entrou para a

    histria e ainda hoje se manifesta no mundo; e, o segundo, o de que o

    mesmo reino aguarda, na histria ou alm dela, uma consumao onde

    alcanar a plenitude. Entretanto, presente e futuro so caractersticas

    formais do reino. O que importa o que o reino.20

    H um projeto histrico de Deus para a humanidade, e isso se enquadra

    na reflexo que Zabatiero faz utilizando-se dos textos profticos de

    Isaas 11.1-6 e 65.17-25. Quem no deseja uma sociedade perfeita?

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    Texto Anotaes

    naquele Jesus, sem fora, falando de paz, demonstrando poder atravs

    do servio, Deus estabeleceu seu reino no mundo. Jesus mostra atravs

    de sua prtica, o modo de ser do reino de Deus. As atitudes de Jesusconstituem sinais do reino, pois atravs delas Deus restaura e promove

    a vida das pessoas. Deus se faz presente na cura dos enfermos, na

    ressurreio dos mortos, no anncio do Evangelho aos pobres (Lucas

    7.18-23).

    Tendo o reino de Deus como paradigma, a prtica crist deve nos tornar

    aliados no que Ele j est fazendo, tornando-nos seus instrumentos para

    construo de um mundo melhor. Para tanto, precisamos estar atentos

    sua maneira de agir na histria. Nesse sentido, os sinais do reino como

    sendo as manifestaes da ao divina no mundo precisam se fazer

    presentes nas nossas vidas. Nessa perspectiva a Igreja tem a

    responsabilidade de manifestar o reino por meio da unidade, diaconia

    solidariedade, ao social, ao poltica e atravs da pregao do

    Evangelho.

    6.3 Uma misso universal. Jesus tambm tira qualquer dvida de que

    os propsitos de Deus e a incumbncia do seu povo somente se

    realizam quando atingem toda raa, toda classe social, e toda etnia

    neste mundo. Como Jesus quebrava barreiras no exerccio do seu

    ministrio, a igreja jamais poder se contentar com um enfoque no

    status quo, mas profeticamente segue os passos do seu Senhor ao

    anunciar que a mesa do banquete escatolgico est posta e os excluidospela sociedade sero os primeiros convidados.

    6.4 Uma misso transformadora. Somos enviados segundo o modelo

    de Cristo (Joo 20.21)! Qual foi a vocao missionria de Jesus, ento,

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    Texto Anotaes

    que imitamos? uma misso que segue a tradio proftica de

    priorizar os pobres e trazer a justia de Deus especialmente aos mais

    injustiados (Lucas 4.18-19). Acima de tudo, um misso de servio eno de dominao (Joo 13). Esta postura no pode ser ultrapassada

    quando a igreja contempla a grande comisso dada por Jesus (Mateus

    28.18-20; Lucas 24.44-48; Atos 1.8), se no, corre o perigo de se

    transformar em programa triunfal e conquistador, uma caracterstica

    que trgicamente acompanha a histria da igreja e que precisa ser

    constantemente denunciada. A cruz mais que um enfeite cristo.

    paradigma do nosso discurso (1 Corntios 1.18-25) e da nossa ao.

    No s assumimos a via crucis como estilo do discpulado (Marcos

    8.34-38), mas aceitamos o sofrimento em prol do evangelho como

    tambm meio de efetuar o resgate por Deus da sua criao (Romanos

    8.18-25) e meio pelo qual construimos a igreja (Colossenses 2.24).

    Existe uma tenso entre a nfase no evangelho que prioriza a converso

    a partir de uma esperana apenas futura, que no considera a

    necessidade de edificao de um mundo melhor e mais digno no

    momento presente; e a que enfatiza um evangelho que no possui

    vnculo algum com o transcendente, ou seja, sem verticalidade,

    converso a Cristo, discipulado e temor. So duas posies extremas. A

    primeira se preocupa apenas com o que est alm mundo, com forte

    nfase na salvao futura das almas (salvao eterna), quando a vida

    presente se resume numa separao do mundo e numa preparao para

    o que est por vir, sem nenhuma preocupao com os problemassociais, polticos, ecolgicos etc. a dimenso que considera que a

    vida depois da morte mais importante do que a vida que vivemos aqui

    e agora. O outro extremo o da preocupao exclusiva com os

    trabalhos de promoo humana, e transformao de estruturas sociais,

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    Texto Anotaes

    polticas etc. Falta a compreenso de que uma dimenso sem a outra,

    torna-se excludente e no contempla a dimenso integral do reino de

    Deus, relacionado a um preceito importante da teologia da missointegral da Igreja; o Evangelho todo, para o ser humano todo, para

    todos os seres humanos.

    preciso incentivar a Igreja a no se contentar em contar almas,

    visando apenas o crescimento numrico, mas entender que a tarefa que

    ela possui, continua enquanto o pecado se manifestar na vida humana,

    atravs da opresso, do racismo, das falsas religies, das estruturas

    scio-econmicas injustas, das rupturas familiares, das drogas, da

    imoralidade, e das corrupes.24 Sendo assim, podemos entender que a

    misso se constitui pela luta contra o pecado na sua forma mais ampla;

    o pecado que prende o ser humano no seu egosmo, no seu

    individualismo, na sua ganncia, e na sua alienao.

    6.5 Uma misso de mltiplas interpretaes. Os Evangelhos nos

    deixam com uma ressalva a respeito da tarefa de interpretar a nossa

    misso. Quatro testemunhos que refletem as quatro personalidades dos

    seus quatro autores e as quatro situaes das suas comunidades

    eclesiais no nos permitem falar da nossa tarefa de modo nico e 100%

    consensual. Diversas interpretaes no implicam no comprometimento

    da revelao divina, e sim, estabelecem a necessidade da multiplicidade

    das nossas vises. No que no haja concordncia e unanimidade

    substanciais entre os quatro Evangelhos, apenas que os saboresdistintos de cada um so paradigmticos para o nosso pensar

    missiolgico. Uma vez reconhecido este papel da existncia de quatro

    Evangelhos, reparamos semelhante fenmeno ao longo das Escrituras:

    diversos relatos da criao, diversos livros de lei, diversos relatos

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    Texto Anotaes

    histricos de Israel, diversos livros profticos, epstolas de diversos

    autores com suas perspectivas peculiares e diversas intenes e

    posturas pelo mesmo autor entre suas diversas epstolas. Buscamos aunidade da f e a concordncia. Ao mesmo tempo, englobamos

    perspectivas que divergem da perspectiva peculiar de qualquer um.

    Assim espelhamos a universalidade do alvo missionrio de levar todos

    os povos, raas e naes a cultuar o nico Deus.

    7. O nascimento da igreja: compromisso e expanso

    (Atos)

    Provavelmente nenhum outro livro bblico mais procurado que o

    Livro de Atos como referencial para a misso da igreja. Ele nos conta

    da expanso da igreja e do seu comprometimento com a f nascente.

    Embora seja necessria cautela na aplicao das suas prticas no nosso

    tempo, nem por isso deixa de fornecer desafios ao nosso empenho. O

    Livro de Atos nos deixa com uma dupla impresso: a misso sedesenvolve de maneira soberana e sobrenatural pelo poder do

    Esprito Santo; e ao mesmo tempo avana pelo esforo sacrificial,

    mesmo que falho, do povo de Deus, e especialmente de alguns

    vocacionados especficos.

    7.1 Misso como expanso estratgica. Por um lado, a misso avana

    pela atuao do Esprito na vida da igreja e dos apstolos. Em cada

    nova fase de expanso, o Esprito se faz presente por meio de sinais e

    prodgios (2.3-13; 8.15-17; 10.44-45; 18.24-28). E o Esprito possibilita

    a intrepidez no anncio do evangelho (4.1-31; 6.5, 10, 55; 12.11-12;

    28.31; cf. Efsios 6.19; Tito 3.13). H grande esperana de que o

    conhecimento da glria do Senhor, de fato, no decorrer da histria,

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    Texto Anotaes

    encher a terra como as guas cobrem o mar (Habacuque 2.14). E h

    nfase em expanso e o estabelecimento constante de novas fronteiras.

    Nesta expanso em Atos, algumas estratgias comeam a se

    desenvolver. Acima de tudo se destaca o papel da orao como a

    postura normal e mais comum da igreja (1.14, 24; 2.42; 4.23-31; 12.5,

    12; 13.3; 14.23). Junto com a pregao, a orao a atividade mais

    comum dos apstolos/missionrios (3.1; 6.4, 6; 8.15; 9.11; 10.9; 11.5;

    16.13, 16, 25; 21.5; 22.17; 28.8). A recomendao de Paulo para que a

    igreja ore em todo o tempo no Esprito (Efsios 6.18), diante do

    relato do Livro de Atos, s nos parece extraordinria porque no reflete

    mais a atividade mais comum da igreja. A suprema estratgia da igreja

    em misso a orao pela atuao de Deus atravs do seu ministrio.

    No caso de Atos e das Epstolas, as estratgias conseqentes da orao

    incluem o enfoque nas cidades principais do imprio, a promoo de

    igrejas autctones pela transferncia rpida do poder decisivo para

    lderes locais (20.28-31), e a identificao de pessoas chaves, como

    Cornlio, Ldia e outros, para a implantao da igreja.

    7.2 Misso como esforo e sacrifcio. Por outro lado, a misso em

    Atos avana em meio de perseguio e grande sacrifcio (5.17, 40-41;

    12.3; 14.14). O ltimo tero do livro inteiro (cap.s 21-28), o mesmo

    tanto que relata as viagens missionrias de Paulo (cap.s 13-20),

    focaliza o aprisionamento e a defesa de Paulo diante de diversas

    audincias! A histria no nem somente e nem principalmente depoder e glria. uma saga de muito esforo humano, de lutas, de

    desistncias (13.13) e de portas fechadas (16.6-7).

    Enquanto o Livro de Atos descreve a igreja toda como uma

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    Texto Anotaes

    comunidade missionria, tambm destaca o papel de algumas pessoas

    vocacionadas em particular para o avano do evangelho e o

    estabelecimento de novas comunidades de f. Lemos logo do papelmarcante de Pedro no incio desta caminhada (1.15; 2.14; 4.5-13; 5.1-

    11; 8.14). Frequentemente Joo o acompanha. Tambm lemos

    narrativas inspiradoras de Filipe e Estevo (6.8; 8.5). Mas quem acaba

    predominando a histria que Lucas nos traz o apstolo Paulo. Surge

    como principal opositor e se revela como principal defensor e maior

    articulador do movimento. Os Evangelhos e as cartas dos outros

    apstolos evidenciam o esforo e cuidado destes outros apstolos para

    o leste e para o sul. E mesmo que Paulo predomine no olhar de Lucas

    no Livro de Atos, Lucas o descreve como quem sabia dividir o seu

    trabalho com outros obreiros capazes como Barnab (13.2), Silas e

    Judas (15.22), Joo Marcos (12.25), e Priscila e quila (18.2). Mas

    pelo testemunho de Paulo, havia mais parceiros ainda (Romanos 16)!

    Eram seus amigos, seus parentes e seus co-obreiros. At mesmo as suas

    cartas, em sua maioria, ele no escreve sozinho. A misso envolve mais

    do que a igreja toda, avanando tambm por vocacionados especficos,

    mas o missionrio nunca trabalha sozinho. Sempre desenvolve o seu

    ministrio no colegiado duma equipe. Quando a igreja desenvolve o seu

    ministrio por equipes, espelha a prpria trindade.

    8. A vida da igreja: acertos e desacertos (As

    Epstolas)

    As Epstolas preenchem uma lacuna deixada pelo Livro de Atos ao

    apresentar-nos a vida diria das igrejas nascentes com os seus acertos e

    desacertos. Os seus problemas e desafios so to variados quanto o

    nmero das cartas e demonstram que contextos diferentes e grupos

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    Texto Anotaes

    sociais diferentes exigem tratamento diferenciado. No existe um

    manual definitivo de como fazer a misso da igreja. Ao invs disto,

    existem instrues de como no faz-la.

    8.1 Misso como re-comprometimento. Tambm a mensagem

    incessante das Epstolas nos deixa sbrios. Aqui aprendemos que a

    misso ocorre em meio de mal-compreenso, desobedincia, e

    necessidade de re-comprometimento. Urge uma postura constante e

    ousada pela igreja de sempre se reformar. Aqui, o anncio de

    salvao e o chamado para revestir-se do novo homem. Enquanto o

    Livro de Atos descreve a igreja em pleno crescimento numrico e de f,

    as Epstolas deixam igualmente claro que a igreja precisava

    constantemente crescer tambm em sua profundidade e na sua

    transformao social. De outra sorte perde as suas qualidades de sal e

    luz (cf. as cartas s sete igrejas de Apocalipse). Um crescimento

    integral envolve engajamento no servio (diaconia) e investimento na

    educao e capacitao dos seus membros para o exerccio dos seus

    ministrios (Efsios 4.12-13)

    8.2. Misso como pastoral. O maior missionrio da igreja primitiva,

    Paulo, no Livro de Atos, plantava igrejas. Nas suas prprias cartas,

    desenvolve o trabalho pastoral! Nem menciona a grande comisso

    (mas veja Romanos 10.14-15; 2 Timteo 4.2). O que faz deixar o

    modelo do seu ministrio, um ministrio essencialmente pastoral.

    Paulo, o grande missionrio, escrevia cartas pastorais. Sabia que igrejasfortes, fiis e engajadas eram o maior segredo da expanso missionria

    (Efsios 3.10; 1 Tessalonicenses 1.6-8). E por isso vivia a tenso de se

    distanciar delas fisicamente nas suas idas e vindas, para permitir o seu

    prprio desenvolvimento autctone, e manter-se prximo delas via

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    Texto Anotaes

    cartas para corrigir e motiv-las na nova vida em Cristo. As igrejas

    eram a evidncia concreta que era vindoura de Deus havia sido

    inaugurada e que era do Esprito havia chegado de modo visvel. E porisso, era to importante a implantao de igrejas sadias e marcadas com

    a presena do Esprito e da nova poca escatolgica inaugurada por

    Jesus.

    8.3. Misso como carisma (graa). Para Paulo, isto significava que,

    entre as marcas da igreja, esto ou deveriam estar uma vida pela f,

    uma tica conforme os moldes de Deus, e at mesmo manifestaes

    extraordinrias de Deus (Glatas 3.5; 1 Corntios 12, 14). Urge o

    testemunho de novas comunidades marcadas pelos carismas de Deus,

    onde todos possuem um papel e ministrio, onde a unio e a concrdia

    dominam e onde a justia se manifesta nas vidas dos fiis e, por meio

    deles, na transformao da sociedade como fermento na massa.

    8.4 Misso priorizada. O norte da misso sempre o conhecimento da

    glria de Deus (Habacuque 2.14). Este o alvo final e a igreja precisa

    sempre mant-lo na sua mira. Para tanto, possui objetivos penltimos.

    Por exemplo, por trs da expanso geogrfica da igreja primitiva estava

    o princpio de anunciar Cristo no onde j fora anunciado (Romanos

    15.20). Significa priorizar as pessoas, no necessariamente a geografia.

    Perguntamo-nos, onde Cristo j no fora anunciado, entre quais

    grupos humanos, quais etnias, quais circunstncias sociais e de que

    maneira? A resposta varia de acordo com o momento histrico e a lugarsocial. Para a igreja brasileira, por exemplo, os confins da terra (Atos

    1.8) so literalmente a Oceania Pacfica, a regio com mais freqncia

    em igrejas do mundo inteiro! Logo a questo no geografia em si,

    mas saber onde estos os maiores desafios para o evangelho. No s

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    Texto Anotaes

    possvel fazer esta pergunta. Urge faz-la.

    9. A nova criao: luta e esperana (Apocalipse)

    A promessa de bno para todas as famlias da terra (Gnesis 12.3) e

    luz para as naes (Isaas 42.6; 49.6) prevista (Lucas 13.29) e

    estabelecida (Romanos 15.8) por Jesus. A viso celestial de Apocalipse

    alimenta o empenho missionrio terrestre da igreja. E esta uma viso

    de novo cu e nova terra onde toda a criao celebra a presena de

    Jesus, o que incentiva a nossa misso ecolgica (5.13; 21.1-2; cf. 2Pedro 3.13). uma viso inclusiva de todos os grupos humanos que

    alimenta (5.9; 7.9) a misso social e evangelstica da igreja. uma uma

    viso de adorao e louvor por todos os povos e toda a criao que

    motiva a misso litrgica da igreja. E uma viso de justia e retido

    finalmente transbordantes (15.4; 19.8-11) que enfrenta a constncia e

    multiplicao da opresso e do mal atual e encoraja a igreja a denunciar

    estas ltimas e incansavelmente sustentar a manifestao das primeiras.

    A justia restabelecida. A terra e os cus recriados. E a glria de Deus

    conhecida massivamente como a extenso e profundidade dos mares!

    Glria a Deus,

    como no mar na sua extenso.Coragem a ns,

    no alar do pendo!

    Concluso

    Concluimos a reflexo bblica e teolgica com algumas observaes

    sobre a maneira que lemos as Escrituras. Somos herdeiros de um

    movimento missionrio marcado pela nfase na f individual. O

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    Texto Anotaes

    Pietismo estreitou a compreenso de reino de Deus ao reduzi-lo demais

    ao indivduo. Exemplo disso o que se refere tradio de leitura

    bblica no protestantismo, marcada pela individualidade. presunoachar que os textos bblicos foram escritos especificamente para

    mim. Eles so, na verdade, produo comunitria; ligados vida de

    um povo. Esse fator muito importante no estabelecimento de uma

    comunidade hermenutica que estabelecer suas perguntas e

    preocupaes ante o texto bblico.

    Essa perspectiva de o ser humano enxergar a sua relao com Deus

    como sendo algo essencialmente individual, provoca tambm uma

    leitura Bblica ds-historizante, ou seja, retira do texto todo e qualquer

    contedo histrico, privilegiando apenas o efeito momentneo que o

    texto produz no leitor, ou alguma expresso que o permita se identificar

    na experincia relatada no texto.

    Para Zabatiero, em nossa tradio, a leitura da Bblia passa por um

    nico procedimento que se supe correto para o entendimento da

    mesma, resultando numaleitura do tipo doutrinria, quando se procura

    afirmar as verdades de f; e, existencial quando a inteno a de

    aplicar essas verdades vida das pessoas. Nessa maneira de ler a

    Bblia, a misso da igreja deixa de ser prioridade. O(s) conceito(s) de

    misso que se desenvolveram a partir deste modelo individualista de

    leitura da Bblia tambm foi (ou foram??) um projeto individualista: a

    misso tem a ver com a salvao das almas, ou das pessoas como j seavanou em tempos mais recentes. Salvao, sim, em alguns casos, at

    se pode usar o termo salvao plena, mas sempre se dirige aos

    indivduos. O Evangelho lido de forma redutiva e, assim, a misso

    considerada de forma redutiva um dos seus aspectos (a salvao de

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    Texto Anotaes

    indivduos) se torna praticamente o nico ato missionrio

    eclesistico.25

    Zabatiero afirma que a partir da misso integral pode-se dizer que

    possvel o desenvolvimento de uma nova maneira de ler a Bblia, que

    segundo ele, se chama modelo dialogal. uma maneira de ler a Bblia

    com o objetivo de edificar consensos; em outras palavras, acordos

    fraternos sobre como praticar a vontade de Deus na atualidade. Para

    esse autor esses consensos passam devem ser: eticamente vlidos, pois

    nem todos os meios so justificados pelos fins ou, nem tudo o que

    funciona, ou que d prazer, justo, bom, santo. Cognitivamente

    verdadeiros, pois nem todas as experincias, doutrinas e conceitos que

    defendemos passam pelo crivo da Sagrada Escritura; e, pessoalmente

    verdicos; ler a Bblia em busca de consensos missionais depende de

    uma estratgia em que os sujeitos da leitura no sejam mais os

    indivduos isolados, os especialistas da tcnica, mas sejam todos os

    participantes da comunidade de f.

    Diante de tudo o que foi exposto, compartilho com Steuernagel, que um

    dos caminhos para o entendimento da Misso integral, a de que esta

    seja aberta para ser fundamentada nas Escrituras. Aberta para ser

    guiada pelo Esprito. Aberta para ouvir as questes de vida local e

    para derramar lgrimas de dor na mais profunda identificao com o

    sofrimento humano26

    Dessa maneira, no ser necessrio afirmar que

    a misso integral, porque, na prtica, ela ser visualizada e entendida

    com tal. Por isso, misso integral um chamado ao arrependimento;

    um arrependimento que nos chama de volta ao mundo do Evangelho e

    no leva adiante para o perdido e o pobre. 27

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    Leituras sugeridas:28

    BARRO, A. C. e M. W. KOHL, eds.Misso integral transformadora. Londrina: Descoberta, 2005.

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    Notas:

    1 Os dicionrios definem integral positivamente como total, inteiro, e global e negativamente como aquilo que nosofreu qualquer diminuio ou restrio. Cf. HOLANDA FERREIRA, Aurlio Buarque de.Dicionrio Aurlio EletrnicoSculo XXI. Verso 3.0. Lexikon Informtica Ltda, 1999; e HOUAISS, Antnio, VILLAR, Mauro de Salles, e DE MELLOFRANCO, Francisco Manuel.Dicionrio Eletrnico Houaiss da Lngua Portuguesa. Verso 1.0. Editora Objetiva Ltda, 2001.

    2 Veja, por exemplo, o documento aprovado pela Assemblia Geral em 2005 sobre a Reforma na Educao Teolgica da Igreja.Diversos livros recentes ajudam a fomentar a reflexo acerca do conceito, missio Dei, notoriamente: BOSCH,David J.Missotransformadora. Mudanas de paradigmas na teologia de misso. So Leopoldo: Sinodal, 2002.3Ibid, 444.4 Citado por GEORGE, Sherron Kay. Um Novo Paradigma da Misso para o Sculo 21. Em Simpsio, vol. 10 (2) ano XXXVII,n 46, novembro de 2004, p. 17.5 Citado por BOSCH, op cit., 453.6 Alm do livro j mencionado de David Bosch, os seguintes estudos so ilustrativos: BLAUW, Johannes.A naturezamissionria da igreja. So Paulo: ASTE, 1966; CARRIKER, Timteo. O caminho missionrio de Deus: Uma teologia bblicade misses, Braslia: Editora Palavra, 2005; SENIOR, Donald e STUHLMUELLER, Carroll. Os fundamentos bblicos damisso. So Paulo: Edies Paulinas, 1987; e VAN ENGEN, CharlesPovo missionrio, povo de Deus: Por uma definio dopapel da igreja local. So Paulo: Vida Nova, 1996.7 A viso paradisaca da linguagem apocalptica funcionava no para dispensar o povo de Deus da sua responsabilidade e

    engajmento no aqui e no agora em favor dum lugar e tempo remotos. Ao invs disto, servia de inspirao e paradigma para suamisso dentro da histria e mundo presentes.8 Nesta reflexo somos forados a optar entre, por um lado, uma escatologia reformada que avalia positivamente a ao de Deusna nossa histria e no nosso mundo, e por consequente, a viabilidade essencial da incumbncia missionria da igreja, e poroutro lado, uma escatologia que avalia com pessimismo a viabilidade de tal incumbncia e a efetividade da ao redentora deDeus em Jesus Cristo dentro da nossa histria e dentro do nosso mundo. impossvel abraar as duas posturassimultaneamente.9 Ao contrrio da interpretao superficial de 1 Corntios 15.19 que desconsidera q