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Volume 19 número 1 Março 2001 ISSN 0102-0536 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001. SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASIL Presidente Rumy Goto UNESP-Botucatu Vice-Presidente Nilton Rocha Leal UENF-CCTA 1º Secretário Arlete Marchi T. de Melo IAC 2º Secretário Ingrid B. I. Barros UFRGS-Porto Alegre 1º Tesoureiro Marcelo Pavan UNESP-Botucatu 2º Tesoureiro Osmar Alves Carrijo Embrapa Hortaliças COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Presidente Leonardo de Britto Giordano Embrapa Hortaliças Editores Antônio T. Amaral Jr. UENF-CCTA Antônio Williams Moita Embrapa Hortaliças Arminda Moreira Carvalho Embrapa Cerrado Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças César Augusto B. P. Pinto UFLA Daniel J.Cantiffe University of Florida Eduardo S. G. Mizubuti UFV Francisco Reifschneider Embrapa Hortaliças João Carlos Athanázio UEL José Geraldo Eugênio de França IPA José Magno Q. Luz UFU Marcelo Mancuso da Cunha IICA-MI Maria Aparecida N. Sediyama EPAMIG Maria do Carmo Vieira UFMS - CEUD - DCA Maria Urbana C. Nunes Embrapa Tabuleiros Costeiros Mirtes Freitas Lima Embrapa Semi-Árido Paulo César R. Fontes UFV Ricardo J. Piccolo Argentina Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças CORRESPONDÊNCIA: Horticultura Brasileira Caixa Postal 190 70.359-970 - Brasília-DF Tel.: (061) 385-9000/9051 Fax: (061) 556-5744 www.hortbras.com.br [email protected] SUMÁRIO CARTA DO EDITOR 03 PESQUISA Consorciação milho e feijão caupí para produção de espigas verdes e grãos verdes. P. S. L. Silva. 4 Teor de metais pesados e produção de alface adubada com composto de lixo urbano. C. A. Costa; V. W. D. Casali; H. A. Ruiz; C. P. Jordão; P. R. Cecon. 10 Distribuição radicular de cultivares de aspargo em áreas irrigadas de Petrolina - PE. L. H. Bassoi; G. M. Resende; J. E. Flori; J. A. M. Silva; C. M. de Alencar. 17 Dióxido de carbono aplicado via água de irrigação na cultura da alface. R. A. Furlan; D. R. B. Alves; M. V. Folegatti; T. A. Botrel; K. Minami. 25 Características e rendimento de vagem do feijão-vagem em função de fontes e doses de matéria orgânica. G. M. Santos; A. P. Oliveira; J. A. L. Silva; E. U. Alves; C. C. Costa. 30 Cultivar e adubação NPK na produção de tomate salada. P. R. Z. Santos; A. S. Pereira; C. J. S. Freire. 35 Produção de frutos de quiabeiro a partir de mudas produzidas em diferentes tipos de bandejas e substratos. V. A. Modolo; J. Tessarioli Neto; L. E. R. Ortigozza. 39 Armazenamento de dois genótipos de melão amarelo sob condições ambiente. J. B. Menezes; J. Gomes Junior; S. E. Araújo Neto; A. N. Simões. 42 Utilização do ‘não tecido’ de polipropileno como proteção da cultura de alface durante o inverno de Ponta Grossa – PR. R. F. Otto; M. Y. Reghin; G. D. Sá. 49 Efeito da aplicação de biofertilizante e outros produtos químicos e biológicos, no controle da broca pequena do fruto e na produção do tomateiro tutorado em duas épocas de cultivo e dois sistemas de irrigação. M. U. C. Nunes; M. L. S. Leal. 53 Uso de inseticidas para o controle da traça-do-tomateiro e traça-das-crucíferas: um estudo de caso. M. Castelo Branco; F. H. França; M. A. Medeiros; J. G. T. Leal. 60 Concentração de nutrientes e produção do tomateiro podado e adensado em função do uso de fósforo, de gesso e de fontes de nitrogênio. E. C. Silva; J. R. P. Miranda; M. A. R. Alvarenga. 64 PÁGINA DO HORTICULTOR Uso de esterco bovino e húmus de minhoca na produção de repolho híbrido. A. P. Oliveira; D. S. Ferreira; C. C. Costa; A. F. Silva; E. U. Alves. 70 Efeito do óleo mineral e do detergente neutro na eficiência de controle da mosca-branca por betacyfluthrin, dimethoato e methomyl no meloeiro. F. A.S.B. Medeiros; E. Bleicher; J. B. Menezes. 74 Produção de raízes de cenoura cultivadas com húmus de minhoca e adubo mineral. A. P. Oliveira; J. E. F. Espínola; J. S. Araújo; C. C. Costa. 77 Rendimento de feijão-caupi cultivado com esterco bovino e adubo mineral. A. P. Oliveira; J. S. Araújo; E. U. Alves; M. A. S. Noronha; C. M. Cassimiro; F. G. Mendonça. 81 Seleção de linhagens de feijão-vagem de crescimento indeterminado para cultivo no Estado de Goiás. N. Peixoto; E. A. Moraes; J. D. Monteiro; M. D. T. Thung. 85 Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil. F. J. F. Luz. 88 INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE Eficiência de tiacloprid para o controle de mosca-branca. M. Castelo Branco; L. A. Pontes. 97 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO 102

CARTA DO EDITOR PESQUISA - abhorticultura.com.br · Efeito da aplicação de biofertilizante e outros produtos químicos e biológicos, no controle da broca pequena do fruto e na

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Volume 19 número 1Março 2001

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

SOCIEDADE DEOLERICULTURA DO BRASILPresidenteRumy GotoUNESP-BotucatuVice-PresidenteNilton Rocha LealUENF-CCTA1º Secretário

Arlete Marchi T. de MeloIAC

2º SecretárioIngrid B. I. BarrosUFRGS-Porto Alegre

1º TesoureiroMarcelo PavanUNESP-Botucatu

2º TesoureiroOsmar Alves CarrijoEmbrapa Hortaliças

COMISSÃO EDITORIAL DAHORTICULTURA BRASILEIRAPresidente

Leonardo de Britto GiordanoEmbrapa Hortaliças

EditoresAntônio T. Amaral Jr.UENF-CCTAAntônio Williams MoitaEmbrapa HortaliçasArminda Moreira CarvalhoEmbrapa CerradoCarlos Alberto LopesEmbrapa HortaliçasCésar Augusto B. P. PintoUFLADaniel J.CantiffeUniversity of FloridaEduardo S. G. MizubutiUFVFrancisco ReifschneiderEmbrapa HortaliçasJoão Carlos AthanázioUELJosé Geraldo Eugênio de FrançaIPAJosé Magno Q. LuzUFUMarcelo Mancuso da CunhaIICA-MIMaria Aparecida N. SediyamaEPAMIGMaria do Carmo VieiraUFMS - CEUD - DCAMaria Urbana C. NunesEmbrapa Tabuleiros CosteirosMirtes Freitas LimaEmbrapa Semi-ÁridoPaulo César R. FontesUFVRicardo J. PiccoloArgentinaRenato Fernando AmabileEmbrapa CerradosSieglinde BruneEmbrapa Hortaliças

CORRESPONDÊNCIA:Horticultura BrasileiraCaixa Postal 19070.359-970 - Brasília-DFTel.: (061) 385-9000/9051Fax: (061) [email protected]

SUMÁRIOCARTA DO EDITOR

03

PESQUISAConsorciação milho e feijão caupí para produção de espigas verdes e grãos verdes.P. S. L. Silva. 4Teor de metais pesados e produção de alface adubada com composto de lixo urbano.C. A. Costa; V. W. D. Casali; H. A. Ruiz; C. P. Jordão; P. R. Cecon. 10Distribuição radicular de cultivares de aspargo em áreas irrigadas de Petrolina - PE.L. H. Bassoi; G. M. Resende; J. E. Flori; J. A. M. Silva; C. M. de Alencar. 17Dióxido de carbono aplicado via água de irrigação na cultura da alface.R. A. Furlan; D. R. B. Alves; M. V. Folegatti; T. A. Botrel; K. Minami. 25Características e rendimento de vagem do feijão-vagem em função de fontes e dosesde matéria orgânica.G. M. Santos; A. P. Oliveira; J. A. L. Silva; E. U. Alves; C. C. Costa. 30Cultivar e adubação NPK na produção de tomate salada.P. R. Z. Santos; A. S. Pereira; C. J. S. Freire. 35Produção de frutos de quiabeiro a partir de mudas produzidas em diferentes tiposde bandejas e substratos.V. A. Modolo; J. Tessarioli Neto; L. E. R. Ortigozza. 39Armazenamento de dois genótipos de melão amarelo sob condições ambiente.J. B. Menezes; J. Gomes Junior; S. E. Araújo Neto; A. N. Simões. 42Utilização do ‘não tecido’ de polipropileno como proteção da cultura de alfacedurante o inverno de Ponta Grossa – PR.R. F. Otto; M. Y. Reghin; G. D. Sá. 49Efeito da aplicação de biofertilizante e outros produtos químicos e biológicos,no controle da broca pequena do fruto e na produção do tomateiro tutorado emduas épocas de cultivo e dois sistemas de irrigação.M. U. C. Nunes; M. L. S. Leal. 53Uso de inseticidas para o controle da traça-do-tomateiro e traça-das-crucíferas: um estudo de caso.M. Castelo Branco; F. H. França; M. A. Medeiros; J. G. T. Leal. 60Concentração de nutrientes e produção do tomateiro podado e adensado em função douso de fósforo, de gesso e de fontes de nitrogênio.E. C. Silva; J. R. P. Miranda; M. A. R. Alvarenga. 64

PÁGINA DO HORTICULTORUso de esterco bovino e húmus de minhoca na produção de repolho híbrido.A. P. Oliveira; D. S. Ferreira; C. C. Costa; A. F. Silva; E. U. Alves. 70Efeito do óleo mineral e do detergente neutro na eficiência de controle da mosca-brancapor betacyfluthrin, dimethoato e methomyl no meloeiro.F. A.S.B. Medeiros; E. Bleicher; J. B. Menezes. 74Produção de raízes de cenoura cultivadas com húmus de minhoca e adubo mineral.A. P. Oliveira; J. E. F. Espínola; J. S. Araújo; C. C. Costa. 77Rendimento de feijão-caupi cultivado com esterco bovino e adubo mineral.A. P. Oliveira; J. S. Araújo; E. U. Alves; M. A. S. Noronha; C. M. Cassimiro;F. G. Mendonça. 81Seleção de linhagens de feijão-vagem de crescimento indeterminado para cultivo noEstado de Goiás.N. Peixoto; E. A. Moraes; J. D. Monteiro; M. D. T. Thung. 85Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil.F. J. F. Luz. 88

INSUMOS E CULTIVARES EM TESTEEficiência de tiacloprid para o controle de mosca-branca.M. Castelo Branco; L. A. Pontes. 97

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO102

Address:Caixa Postal 19070359-970 Brasília-DFTel: (061) 385-9000/9051Fax: (061) [email protected]

Journal of the BrazilianSociety for Vegetable Science

Volume 19 number 1March 2001

ISSN 0102-0536

Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

CONTENTEDITOR'S LETTER

03

RESEARCHIntercropping maize with cowpea for green ears and green grain production.P. S. L. Silva. 4Level of heavy metals and yield of lettuce fertilized with urban solid waste compost.C. A. Costa; V. W. D. Casali; H. A. Ruiz; C. P. Jordão; P. R. Cecon. 10Root distribution of asparagus cultivars in irrigated areas of Petrolina, Brazil.L. H. Bassoi; G. M. Resende; J. E. Flori; J. A. M. Silva; C. M. Alencar. 17Carbon dioxide water for lettuce irrigation.R. A. Furlan; D. R. B. Alves; M. V. Folegatti; T. A. Botrel; K. Minami. 25Characteristics and yield of snap-bean pod in function of sources and levels of organic matter.G. M. Santos; A. P. Oliveira; J. A. L. Silva; E. U. Alves; C. C. Costa. 30Cultivar and NPK fertilization on yield of fresh market tomato.P. R. Z. Santos; A. S. Pereira; C. J. S. Freire. 35Influence of different tray cell sizes and substrates over the production of okraplantlets and fruits.V. A. Modolo; J. Tessaroli Neto; L. E. R. Ortigozza. 39Storage of yellow melons, genotypes TSX 32096 and SUNEX 7057, at room temperature.J. B. Menezes; J. Gomes Junior; S. E. A. Neto; Araújo N. Simões. 42Use of non woven polypropylene protection under lettuce crop during winter season inPonta Grossa, Brazil.R. F. Otto; M. Y. Reghin; G. D. Sá. 49Effect of biofertilizer, and others biological and chemical products, in controlling the fruit smalldriller and in the production of staked tomato in two planting seasons and two irrigation systems.M. U. C. Nunes; M. L. S. Leal. 53Use of insecticides for controlling the South American Tomato Pinworm and theDiamondback Moth: a case study.M. C. Branco; F. H. França; M. A. Medeiros; J. G. T. Leal. 60Yield and nutrient concentration of tomato plants pruned and grown under high plantingdensity according to phosphorus, gypsum and nitrogen sources.E. C. Silva; J. R. P. Miranda; M. A. R. Alvarenga. 64

GROWER'S PAGEUtilization of cattle manure and earthworm compost on hybrid cabbage production.A. P. Oliveira; D. S. Ferreira; C. C. Costa; A. F. Silva; E. U. Alves. 70Effect of betacyfluthrin, dimethoate and methomyl applied in mixtures with mineral oiland neutral detergent in the control efficiency of whitefly in melon plants.F. A.S.B. Medeiros; E. Bleicher; J. B. Menezes. 74Carrot roots production cultivated with earthworm compost and mineral fertilizer.A. P. Oliveira; J. E. F. Espínola; J. S. Araújo; C. C. Costa. 77Yield of cowpea-beans cultivated with bovine manure and mineral fertilization.A. P. Oliveira; J. S. Araújo; E. U. Alves; M. A. S. Noronha; C. M. Cassimiro;F. G. Mendonça. 81Selection of climbing snap bean lines in Goiás, Brazil.N. Peixoto; E. A. Moraes; J. D. Monteiro; M. D. T. Thung. 85Medicinal plants of popular use in Boa Vista, Roraima, Brazil.F. J. F. Luz. 88

PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TESTEfficiency of tiacloprid in controlling whiteflies.M. C. Branco; L. A. Pontes. 97

INSTRUCTIONS TO AUTHORS102

3Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

carta do editor

Como é de conhecimento de nossos sócios, entre os dias 22 e 27 de julho desteano será realizado, em Brasília, o 41º Congresso Brasileiro de Olericulturae o Encontro sobre Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares.

Nessa oportunidade contaremos com a presença de um grande número de profissionaisque trabalham direta ou indiretamente com olerícolas. Será uma oportunidade ímparpara troca de conhecimentos técnicos e para conhecimento de outros profissionais queatuam em diferentes segmentos. Convidamos a todos a participar deste evento e aprovei-tar a ocasião para reencontrar colegas das diversas regiões do País e conhecer os novosprofissionais que estão atuando na área.

Com relação à Horticultura Brasileira (HB) vamos contar, à partir deste número,com a colaboração de um novo editor, o Dr. Daniel J. Cantliffe, da Universidade daFlórida. A participação do Dr. Cantliffe irá contribuir para melhoria da qualidade darevista, ampliando a penetração da HB na comunidade científica internacional.

A capa de todos os números do volume 19 terá como ilustração as pinturas empranchas de diversas hortaliças, pertencentes ao acervo do Instituto Agronômico de Cam-pinas (IAC). A HB presta, assim, uma justa homenagem a esta Instituição pelos relevan-tes serviços prestados ao nosso País. A pesquisa com hortaliças no IAC, que teve iníciooficialmente em 1937, gerou conhecimentos e tecnologias que extrapolaram nossas fron-teiras, conquistando reconhecimento a nível internacional.

Leonardo de B. GiordanoPresidente da Comissão Editorial

4 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

pesquisa

RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi avaliar o rendimento de es-pigas verdes de cultivares de milho (Centralmex, AG-401 e C-701)e o rendimento de feijão verde de cultivares de caupí (Pitiúba, Caicóe CNCx 658-15E) em monocultivos e em consorciação. O rendi-mento de espigas verdes (grãos com 70% a 80% de umidade) foiavaliado pelo peso de espigas comercializáveis, empalhadas (EE)ou despalhadas (ED). O rendimento de feijão (grãos com 60 a 80%de umidade) foi avaliado pelos rendimentos de vagens (RV) e degrãos verdes (RG). O estudo foi realizado em Mossoró (RN), entreabril e julho/1990. Três monocultivos de milho, três monocultivosde caupí e 3 x 3 consórcios foram avaliados no delineamento deblocos ao acaso com cinco repetições. As populações de plantas demilho e caupí, por hectare, foram 50.000 e 40.000 nos monocultivos,e 25.000 e 20.000 nos consórcios, respectivamente. Não existiuinteração cultivares de milho x cultivares de caupí para as caracte-rísticas avaliadas. A consorciação reduziu em 50% EE e ED. A re-dução em RV e RG com a consorciação foi de 55%. O índice UsoEficiente da Terra (UET), calculado com EE e RV, foi maior com acultivar Pitiúba do que com as outras cultivares de caupí. Não exis-tiram diferenças entre cultivares de caupí quando UET foi calculadocom ED e RG. Não existiram diferenças entre cultivares de milhoquando o UET foi calculado com EE e RV ou ED e RG.

Palavras-chave: Zea mays L., Vigna unguiculata (L.) Walp.,milho verde, feijão verde, uso eficiente da terra.

SILVA, P.S.L. Consorciação milho e feijão caupí para produção de espigas verdes e grão verdes. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 04-10, março 2.001.

Consorciação milho e feijão caupí para produção de espigas verdes egrãos verdes.Paulo Sérgio L. SilvaESAM – Departamento de Fitotecnia, C. Postal 137, 59.625-900 Mossoró-RN. E-mail: [email protected]

ABSTRACT

Intercropping maize with cowpea for green ears and greengrain production.

The objective was to evaluate the green ears yield of maizecultivars (Centralmex, AG-401 and C-701) and the green bean yield,of cowpea cultivars (Pitiúba, Caicó and CNCx 658-15E), usingmonocropping and intercropping systems. The green ears yield(grains with 70% - 80% humidity) was evaluated by weight ofmarketable green ears, both with husk (EH) and without husk (EW).The green bean yield (grains with 60% - 80% humidity) wasevaluated by green pods yield (PY) and green grains yield (GY).The study was carried out at Mossoró, Brazil, between April andJuly, 1990. Three maize monocroppings, three cowpeamonocroppings and 3 x 3 intercroppings were arranged in arandomized block design with five replications. The maize andcowpea plant populations, per hectare, were 50,000 and 40,000 withmonocropping, and 25,000 and 20,000, with alternate-rowintercropping, respectively. The maize cultivars x cowpea cultivarsinteraction was not significant for the traits evaluated. Theintercropping systems reduced 50% EH and EW. The reduction ofPY and GY by intercropping was 55%. The Land Equivalent Ratio(LER) calculated from EH and PY was greater when intercroppingwas made with Pitiúba cultivar than with other cowpea cultivars.There were no differences among cowpea cultivars when LER wasobtained from EW and GY. Maize cultivars did not differ as LERcalculated from EH and PY or EW and GY.

Keywords: Zea mays L., Vigna unguiculata (L.) Walp., greencorn, green bean, land equivalent ratio.

(Aceito para publicação em 15 de janeiro de 2.001)

O “milho verde”, isto é, grãos de Zeamays L. com teor de umidade en-

tre 70% e 80%, e o feijão verde, ou seja,grãos de caupí (Vigna unguiculata (L.)Walp.) com teor de umidade entre 60%e 80%, são produtos amplamente pro-duzidos e consumidos no Rio Grandedo Norte. Na realidade, os dois produ-tos possuem importância expressiva emtodo o Nordeste brasileiro, sendo con-sumidos pelo nordestino sob várias for-mas, inclusive como ingredientes depratos típicos da região.

Para produção dos dois produtos, mi-lho e caupí são cultivados em monocultivo

ou em variados tipos de consórcios, den-tre os quais um dos mais comuns é aquelede fileiras alternadas das duas culturas.Aliás, grãos verdes e secos de milho ecaupí são produzidos com as mesmas cul-tivares e práticas culturais. Não existemdados sobre os rendimentos médios deespigas verdes e de grãos verdes das duasculturas no Rio Grande do Norte. Paragrãos secos, os rendimentos médios demilho e caupí no período 1993-95 foramde 464 kg ha-1 e 327 kg ha-1, respectiva-mente (Brasil, 1996). Vários problemasdevem estar associados a estes baixos ren-dimentos. Um dos mais importantes é o

plantio de cultivares tradicionais, combaixa capacidade produtiva. Em geral, oagricultor norte-riograndense semeia suaprópria semente que, freqüentemente, é deuma mistura de cultivares. Está se tornan-do comum a semeadura de cultivares im-portadas de outras regiões do país e quesequer foram avaliadas sob as condiçõesnordestinas. Portanto, a identificação decultivares adequadas poderá contribuirpara melhoria dos rendimentos de milhoe caupí cultivados em monocultivo ou emconsórcio.

Nos trabalhos mais recentes sobre aconsorciação milho e caupí o interesse

5Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

dos pesquisadores é o aumento da pro-dução de forragem (Khandaker, 1994;Tripathy et al., 1997; Krishna et al.,1998), de grãos das duas culturas(Mohammad, 1993; Watiki et al., 1993;Myaka, 1995; Balyan, 1997; Khola etal., 1999;), ou o rendimento de uma ter-ceira cultura plantada em sucessão aoconsórcio (Balyan, 1997; Olasantan,1998). Diferentes cultivares influenciamos rendimentos de fo r ragem(Tripathy et al., 1997) e de grãos. Nocaso do caupí, a consorciação pode ounão reduzir o rendimento de grãos(Abdel-Gawad, 1993; Watiki et al.,1993). Por outro lado, para o milho, aconsorciação com caupí propicia(Balyan, 1997; Skovgard & Pats, 1997)ou não (Watiki et al., 1993) aumento norendimento de grãos.

Apenas o trabalho de Silva & Freitas(1996) foi encontrado na literatura con-sultada tratando da consorciação milho-caupí para produção de espigas verdese de grãos verdes. Eles concluíram queo número e o peso de espigas verdes,por hectare, obtidos nos monocultivosforam superiores, em média, aos obti-dos nos consórcios. Para o caupí, osmonocultivos, em média, também foramsuperiores aos consórcios, mas a dife-rença entre monocultivo e aconsorciação com uma das cultivares demilho (dentre as três estudadas) não foisignificativa. Coelho & Silva (1984) eRamalho et al. (1985) estudaram o con-sórcio milho e feijão comum para a pro-dução de espigas verdes e grãos madu-ros de feijão comum (Phaseolusvulgaris L.). Segundo Coelho & Silva(1984), devido à redução de 15% na pro-dução de espigas verdes comerciais demilho, no sistema consorciado, e consi-derando que o preço médio do feijão écerca de quatro vezes o de espigas ver-des de milho, a consorciação não se

apresenta como alternativa vantajosa, noaproveitamento de várzeas naentressafra do arroz. Ramalho et al.(1985) também concluíram que, em di-ferentes épocas da entressafra, dificil-mente o consórcio milho verde e feijãocomum será vantajoso economicamen-te, pela redução da produção de espigascomerciais.

O presente trabalho teve como ob-jetivo avaliar os rendimentos de espi-gas verdes de milho e de vagens e grãosverdes de caupí, em cultivos puros econsorciados.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado naESAM. Na tabela 1 são apresentadosdados sobre alguns fatores climáticosmedidos durante o período de realiza-ção do experimento.

O trabalho foi realizado sob condi-ções de sequeiro, mas recebeu irrigaçãosuplementar por aspersão. A lâmina lí-quida requerida para o milho (5,6 mm)foi calculada considerando-se ser de0,40 m a profundidade efetiva do siste-ma radicular. O momento de irrigar tevepor base a água retida no solo à tensãode 0,04 MPa. O turno de rega foi de umdia. As irrigações foram iniciadas quan-do as plantas tinham, aproximadamen-te 35 dias de idade e foram feitas atépouco antes das colheitas.

Três cultivares de milho(Centralmex, AG-401 e C-701) e trêsde caupí (Pitiúba, Caicó e CNCx 658-15E) foram cultivadas em monocultivoe em consórcio, perfazendo um total de15 tratamentos (três monocultivos demilho, três monocultivos de caupí e 3 x3 consórcios). Os consórcios resultaramda combinação, em esquema fatorialcompleto, das três cultivares de cadauma das culturas. Os tratamentos foram

avaliados no delineamento experimen-tal de blocos ao acaso com cinco repeti-ções. A cultivar Centralmex é varieda-de de polinização livre, possui altura deplanta em torno de 210 cm e foi utiliza-da como testemunha, dentre as cultiva-res de milho. As cultivares AG-401 eC-701 são híbridos duplos, com alturasde planta em torno de 170 e 150 cm,respectivamente. As três cultivares decaupí são de crescimento indeterminado(tipo ramador). A cultivar Pitiúba foiutilizada como testemunha, na compa-ração das cultivares de caupí. As parce-las dos cultivos puros ficaram constituí-das por três fileiras com 6 m de com-primento. Como área útil, considerou-se a ocupada pela fileira central, elimi-nando-se uma cova em cada extremida-de. Nos consórcios, as parcelas foramformadas por quatro fileiras com 6 mde comprimento. Como área útil, con-siderou-se a ocupada pelas duas fileirascentrais, eliminando-se uma cova emcada extremidade. Tanto nas culturaspuras quanto nas consorciadas, a distân-cia entre fileiras foi de 1,0 m e, entrecovas de uma mesma fileira, oespaçamento foi de 0,4 m para o milhoe de 0,5 m para o caupí. Nos consórcios,milho e caupí ocuparam fileiras alter-nadas.

O solo, um Argissolo VermelhoAmarelo (PVA), foi preparado com duasgradagens. A análise de uma amostra desolo, retirada de área vizinha à área ex-perimental, indicou: pH = 6,4; P = 18ppm; K+ = 0,11 cmol

c dm-3; Ca2+ = 1,6

cmolc dm-3; Mg2+ = 0,8 cmol

c dm-3; Al3+

= 0,0 cmolc dm-3 e Na+ = 0,02 cmol

c dm-3;.

O plantio foi feito em 22/4/1990, comcinco sementes por cova. Um desbastefoi efetuado aos 25 dias do plantio, dei-xando-se duas plantas por cova, para asduas culturas. O caupí recebeu, comoadubação de plantio, 60 kg de P

2O

5 e 30

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Tabela 1. Médias das temperaturas máximas e mínimas e da umidade relativa do ar e totais de insolação e precipitação mensais, durante operíodo de abril a julho de 1990. Mossoró, ESAM, 1990.

Consorciação milho e feijão caupí para produção de espigas verdes e grão verdes.

6 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

kg de K2O, por hectare. O milho, além

destes adubos, recebeu também, noplantio, 35 kg de N/ha. Os adubos fo-ram aplicados em sulcos, ao lado e abai-xo dos sulcos de semeadura. Apenas omilho recebeu adubação em cobertura(65 kg de N/ha, aos 25 dias após o plan-tio). Como fontes de N, P

2O

5 e K

2O fo-

ram utilizados sulfato de amônio,superfosfato simples e cloreto de potás-sio, respectivamente. O controle deSpodoptera frugiperda Smith foi efetua-do com pulverizações de deltamethrin(250 mL.ha), aos 7 e 15 dias após o plan-tio. As invasoras foram controladas porcapinas realizadas aos 15 e 50 dias apóso plantio.

Para o milho, foram avaliados ospesos de espigas empalhadas edespalhadas, comercializáveis. A co-lheita foi realizada em quatro etapas, de75 a 85 dias após o plantio, à medidaque os grãos atingiam o “ponto de mi-lho verde”. Como espigas empalhadascomercializáveis, foram consideradas asespigas com aparência adequada àcomercialização e comprimento igual ousuperior a 22 cm. Como espigas

despalhadas comercializáveis, foramconsideradas as espigas com compri-mento igual ou superior a 17 cm e comgranação e sanidade satisfatórias. Parao caupí, foram avaliados os pesos devagens e de grãos verdes (kg.ha-1). Acolheita foi realizada em nove etapas,de 45 a 75 dias após o plantio, à medidaque os grãos atingiam o “ponto de fei-jão verde”.

Os dados referentes às característi-cas avaliadas foram submetidos à aná-lise de variância, seguindo-se as reco-mendações de Gomes (1982). Foramanalisados também dados sobre o índi-ce de Uso Eficiente da Terra (UET), talcomo descrito por Mead & Willey(1980). O UET indica a área de terranecessária com as culturas emmonocultivo para proporcionar um ren-dimento equivalente ao obtido com asculturas associadas, considerando-seiguais áreas de terra cultivada (Mead &Willey, 1980). Se AC, AS, BC e BS sãoos rendimentos das culturas A, consor-ciada e solteira, e B, consorciada e sol-teira, respectivamente, o UET é igual a(AC/AS) + (BC/BS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para os rendimentos de espigas demilho verde comercializáveis,empalhadas ou despalhadas, houve efei-to significativo de “milho (puros e con-sórcios)” (PC), mas não de “cultivaresde milho” (M) ou da interação PC x M.O rendimento médio do milho nosmonocultivos foi superior aos rendimen-tos médios nos sistemas consorciados,os quais não diferiram entre si, tantopara espigas empalhadas (Tabela 2)como para espigas despalhadas (Tabela3). Para espigas empalhadascomercializáveis, o rendimento médioda gramínea nos consórcios foi de 5,5t.ha-1. Este valor representa quase 51%do rendimento médio observado nasparcelas do milho solteiro. Para espigasdespalhadas comercializáveis, opercentual correspondente (50%) foi se-melhante.

No que se refere aos rendimentos devagens e grãos verdes de caupí, à seme-lhança do encontrado para o milho, hou-ve efeito significativo de “caupí (puros

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Tabela 2. Médias do rendimento de espigas verdes empalhadas comercializáveis de cultivares de milho em cultivos puros e em consórciocom cultivares de caupí. Mossoró, ESAM, 1990.

1Médias seguidas pela mesma letra, na linha ou na coluna, não diferem entre si (Tukey, 5%).

Tabela 3. Médias do rendimento de espigas verdes despalhadas comercializáveis de cultivares de milho em cultivos puros e consórcios comcultivares de caupí. Mossoró, ESAM, 1990.

1Médias seguidas pela mesma letra, na linha ou na coluna, não diferem entre si (Tukey, 5%).

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P.S.L Silva.

7Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

e consórcios)” (PC), mas não de “culti-vares de caupí” (C) ou da interação PCx C. Os rendimentos médios de vagens(Tabela 4) e grãos (Tabela 5) verdes,obtidos nos consórcios, não diferiramentre si e foram inferiores aos respecti-vos rendimentos médios obtidos nosmonocultivos. No caso do rendimentode vagens verdes, o rendimento médiodos consórcios (2,4 t ha-1) foi de apenas44% do rendimento médio dosmonocultivos (5,4 t.ha-1). Para grãosverdes, o rendimento médio de 1,2 t.ha-1,obtido nos consórcios, foi de apenas46% do rendimento médio dosmonocultivos.

Os resultados obtidos no presentetrabalho demonstram que aconsorciação reduziu, significativamen-te, os rendimentos de espigasempalhadas e despalhadas,comercializáveis, em, aproximadamen-te, 50%, em relação aos rendimentos dosmonocultivos. Estas reduções devem tersido devidas às menores populações domilho e à competição com o caupí, nosconsórcios. Reduções no rendimento domilho, em conseqüência da

consorciação têm sido observadas poroutros autores. Silva & Freitas (1996)constataram que os decréscimos médiospara número e peso de espigas ver-des, em decorrência da consorciação,foram de 49 e 45%, respectivamente.Ramalho et al. (1985) verificaram re-duções de 23% e 21% na produção demilho verde de duas cultivares consor-ciadas com feijão comum (Phaseolusvulgaris L.). Segundo eles, esta redu-ção no rendimento de milho verde é demagnitude superior à normalmente re-latada na literatura, envolvendo o con-sórcio milho e feijão comum, quando éavaliada a produção de grãos secos demilho. Para eles, a maior competiçãoexercida pelo feijão, quando o milho sedestina à produção de espigas verdes é,provavelmente, explicada pelo fato de,neste caso, ser menor a diferença no ci-clo das culturas. Segundo Willey (1979),citado por Ramalho et al. (1985), quan-to maior for a diferença no ciclo dasculturas maior será acomplementaridade temporal e menora competição de uma espécie sobre aoutra. Mas provavelmente outros fato-

res devem estar envolvidos, dentre osquais a população de plantas e as culti-vares de milho e feijão. Pereira Filho etal. (1991) verificaram variação de +3%a –34% no rendimento do milho con-sorciado em relação ao rendimento domilho solteiro, a depender da popula-ção de plantas (de 20 mil a 60 mil plan-tas/ha) e da cultivar de milho. Para umapopulação de 50 mil plantas/ha, Cruz etal. (1984) encontraram variação corres-pondente de +14% a –23%, dependen-do da cultivar. A variação observada porCarvalho (1990), foi de –48% a –57%,também dependendo da cultivar, quan-do a população de milho foi de 20 milplantas/ha.

No caso do caupí, a redução dos ren-dimentos de vagens e de grãos verdes,em conseqüência da consorciação, ficouem torno de 55% e pode ser atribuída àsmenores populações de plantas do caupínos consórcios, mas também à grandecompetição com o milho. Este efeito dapopulação de plantas no consórcio mi-lho e caupí para produção de grãos se-cos foi demonstrado por Rêgo Neto etal. (1982). Quando a população do caupí

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Tabela 4. Médias do rendimento de vagens verdes de cultivares de caupí em cultivos puros e consórcios com cultivares de milho. Mossoró,ESAM, 1990.

1Médias seguidas pela mesma letra, na linha ou na coluna, não diferem entre si (Tukey, 5%).

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Tabela 5. Médias do rendimento de grãos verdes de cultivares de caupí em cultivos puros e consórcios com cultivares de milho. Mossoró,ESAM, 1990.

1Médias seguidas pela mesma letra, na linha ou na coluna, não diferem entre si (Tukey, 5%).

Consorciação milho e feijão caupí para produção de espigas verdes e grão verdes.

8 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

no consórcio correspondeu a 50% dapopulação no monocultivo (caso do pre-sente trabalho), a redução média no ren-dimento de três cultivares foi de 55%.Quando a população do caupí no con-sórcio foi equivalente a 66% da popula-ção no monocultivo, a redução corres-pondente foi menor (38%).

Silva & Freitas (1996) verificaramque os rendimentos de vagens e grãosverdes de caupí nos consórcios milhoverde e caupí verde nem sempre foraminferiores, significativamente, aos obti-dos nos monocultivos. Assim, o rendi-mento médio de cultivares de caupí emconsórcio com um híbrido duplo de mi-lho de porte intermediário, apesar de tersido 25% menor que o rendimento mé-dio das cultivares de caupí emmonocultivo, a diferença não foi signi-ficativa.

No presente estudo, para as duasculturas, não houve efeito significativoda interação entre cultivares de milho ede caupí, indicando que os rendimentosdas cultivares de milho não dependeramdas cultivares de caupí utilizadas nosconsórcios e vice-versa. Silva & Freitas(1996), também estudando aconsorciação milho verde e caupí ver-de, concluíram não existir a interaçãocultivares de milho x cultivares de caupí,para os rendimentos de milho verde oufeijão verde. Ramalho et al. (1984) tam-bém não encontraram interação signifi-cativa entre as cultivares de feijão co-mum e as de milho, nem destas com ossistemas de consorciação, para produ-ção de grãos secos. Contudo, Carvalho(1990) verificou que as cultivares defeijão comum interferiram diferente-mente no rendimento das cultivares demilho, e estas mostraram, entre si, omesmo comportamento em relação àscultivares de feijão.

A análise de variância dos índices deUso Eficiente da Terra (UET) indicouefeito significativo apenas para cultiva-res de caupí. Isto ocorreu quando os ín-dices foram calculados com base nospesos de espigas empalhadascomercializáveis e de vagens verdes. OUET obtido com a consorciação das cul-tivares de milho com a cultivar de caupíPitiúba foi, em média, superior aos UET’sobtidos com as outras duas cultivares decaupí, os quais não diferiram entre si (Ta-bela 6). O valor de 1,23 para o UET ob-tido com a cultivar Pitiúba indica que,em média, os monocultivos exigiriam23% mais de terra que os consórcios paraque produzissem o mesmo que um hec-tare de consórcio. É possível que a supe-rioridade média dos consórcios das cul-tivares de milho com a cultivar de caupíPitiúba, em relação aos consórcios comas outras cultivares de caupí, esteja rela-cionada a uma melhor adaptação da cul-tivar Pitiúba aos consórcios, apesar dainteração cultivares de milho x cultiva-res de caupí não ter sido significativa,como já foi visto. Em média, a diminui-ção do rendimento de vagens verdes dacultivar Pitiúba, nos consórcios, em re-lação ao rendimento no monocultivo, foide 37% (Tabela 4). Por outro lado, paraas cultivares Caicó e CNCx 658-15E, asdiminuições correspondentes foram de59% e 65%, respectivamente (Tabela 4).

Quando os UET’s foram calculadoscom base nos dados de peso de espigasdespalhadas e peso de grãos, o valorcorrespondente à cultivar Pitiúba tam-bém foi superior aos correspondentes àsoutras duas cultivares de caupí, masneste caso as diferenças não foram sig-nificativas . O valor médio do UET, nes-te caso, foi 1,03.

O fato de terem sido encontradasdiferenças significativas entre os UET’s

calculados com base no peso de espigasverdes empalhadas e peso de vagensverdes, mas não terem sido constatadastais diferenças entre os UET’s calcula-dos com base no peso de espigas verdesdespalhadas e peso de grãos verdes, estárelacionado, obviamente, a diferençasnas relações peso de espigasdespalhadas/peso de espigasempalhadas e peso de grãos verdes/pesode vagens verdes das cultivares avalia-das. Para as cultivares de milhoCentralmex, AG-401 e C-701, a relaçãomédia rendimento de espigasdespalhadas/rendimento de espigasempalhadas foi de 51, 52 e 62%, res-pectivamente. Para as cultivares decaupí Pitiúba, Caicó e CNCx 658-15E,a relação média rendimento de grãosverdes/rendimento de vagens verdes foide 54, 48 e 48%, respectivamente. Nocaso do milho, as diferenças nas rela-ções podem estar associadas a uma maiorou menor proporção de palhas na espi-ga ou a um descarte maior ou menor deespigas empalhadas, quando da seleçãodas espigas despalhadascomercializáveis. Para o caupí, as di-ferenças nas relações devem estar relacio-nadas a diferenças na proporção depericarpo nas vagens.

Não foram encontrados na literatu-ra consultada, dados sobre o UET cal-culados rendimentos de espigas verdesempalhadas e vagens verdes ou com ren-dimentos de espigas verdes despalhadase grãos verdes no consórcio milho-caupí. Para rendimentos de grãos secosdas duas culturas, os valores do UETtêm sido superiores ou inferiores a 1 adepender da densidade de plantio demilho (Watiki et al., 1993) e da estaçãode plantio (Shumba et al., 1990), dentreoutros fatores. Nas maiores densidadesde plantio, o UET ficou em torno de 1,1,

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������ � ���� ���� ���� �1Médias seguidas pela mesma letra, na linha ou na coluna, não diferem entre si (Tukey, 5%).

Tabela 6. Médias dos índices de uso eficiente da terra (UET) calculados com base no peso de espigas verdes empalhadas comercializáveisde cultivares de milho e peso de vagens verdes de cultivares de caupí. Mossoró, ESAM, 1990.

P.S.L Silva.

9Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

enquanto nas menores densidades o va-lor deste índice foi inferior a 1,0 (Watikiet al., 1993). Em ano de pouca chuva, oUET não foi influenciado pelaconsorciação, mas quando a precipita-ção pluvial foi acima da média, aconsorciação aumentou a produtivida-de da terra em 51% (Shumba et al.,1990).

Deve ser ressaltado que a compara-ção dos valores de UET nos consórciosmilho-caupí para produção de espigasverdes e vagens ou grãos verdes, comos valores de UET nos consórcios paraprodução de grãos secos das duas cul-turas, deve ser feita com cautela. Nocaso do milho, espigas verdesimprestáveis para a comercializaçãopodem ser perfeitamente aproveitadasquando o interesse for por grãos secos.

LITERATURA CITADA

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Consorciação milho e feijão caupí para produção de espigas verdes e grão verdes.

10 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

Nos últimos anos, difundiu-se bas-tante o uso de resíduos urbanos

como matéria-prima para obtenção defertilizante orgânico. Dentre esses, o lixodomiciliar tem despertado grande inte-resse, pois sua utilização permite areciclagem de nutrientes e o seuacúmulo vem constituindo sérios pro-blemas ambientais, principalmente nasgrandes cidades (Ogata, 1983; Glória,1992; He et al., 1995; Paino et al., 1996).

O composto orgânico de lixo urba-no, por ter boa capacidade melhoradoradas condições químicas, biológicas efísicas dos solos, causa efeitos no cres-

COSTA, C.A. CASALI, V.W.D. RUIZ, H.A. JORDÃO, C.P. CECON, P.R. Teor de metais pesados e produção de alface adubada com composto de lixourbano. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19 n. 01, p. 10-16, março 2001.

Teor de metais pesados e produção de alface adubada com composto delixo urbano.Cândido A. Costa1, Vicente Wagner D. Casali2, Hugo Alberto Ruiz3, Cláudio P. Jordão4 Paulo RobertoCecon5

1UFMG-NCA, C. Postal 135, 39.404-006 Montes Claros-MG; 2UFV-Depto. Fitotecnia; 3UFV-Depto. Solos e Nutrição de Plantas; 4UFV-Depto. Química e 5UFV-Depto. Informática, 36.571-000, Viçosa-MG. E-mail: [email protected].

RESUMOAvaliou-se o emprego do composto de lixo urbano em três cul-

tivos sucessivos da alface. O experimento foi realizado em campo,em Viçosa no período de outubro/95 a junho/96 num Latossolo Ver-melho-Amarelo. Os tratamentos consistiram de quatro doses de com-posto de lixo (0, 10, 20 e 30 t ha-1) e três cultivares de alface (‘Regi-na’, ‘Vitória’ Verde Clara’ e ‘Brasil - 303’), arranjadas no esquemafatorial 4 x 3, no delineamento em blocos casualizados, com quatrorepetições, totalizando 48 parcelas. Cada parcela experimental foiconstituída por quatro fileiras de cinco plantas, no espaçamento 25x 30 cm, sendo as três linhas centrais consideradas como parcela. Ocomposto foi adicionado apenas no primeiro cultivo. Determinou-se o peso da matéria fresca e da matéria seca da parte aérea dasplantas e o teor de Zn, Cu, Pb, Cd, Ni e Cr na matéria seca do tecidovegetal, após a colheita no primeiro, segundo e terceiro cultivos,correspondente a 46, 142 e 222 dias da aplicação do composto, res-pectivamente. Houve aumento significativo da produção em respostaàs doses do composto, principalmente no primeiro cultivo, em queas cultivares ‘Regina’, ‘Vitória Verde Clara’ e ‘Brasil-303’ produzi-ram, respectivamente, 333,82; 337,81 e 303,60 g.planta-1(peso fres-co). No segundo cultivo, o efeito diminuiu. Já no terceiro cultivo,não houve efeito do composto sobre a produção. O teor de metaispesados na planta foi aumentado, principalmente no primeiro culti-vo, seguindo a seguinte ordem decrescente: Pb>Cd>Cu>Zn. No se-gundo cultivo, o efeito foi menor e no terceiro cultivo não houveefeito do composto, o que foi atribuído ao esgotamento do seu efei-to. Nenhum dos elementos atingiu níveis considerados fitotóxicos.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., adubação orgânica,fitotoxicidade.

ABSTRACTLevel of heavy metals and yield of lettuce fertilized with urban

solid waste compost.

A field experiment was carried out to evaluate the influence offertilization with urban solid waste on the level of heavy metal andyield of lettuce cultivars after three successive crops. The experimentwas carried out from October/95 to June/96 under field conditions,in Viçosa (Brazil), on Yellow Red Latosol soil. The experimentaldesign was of complete randomized blocks, with treatmentsdistributed in a factorial cheme 4 x 3 (four levels of compost - 0, 10,20 and 30 t ha-1 x three cultivars - ‘Regina’, ‘Vitória Verde Clara’and ‘Brasil-303’), with four replications. Each plot was constitutedof 20 plants, spaced 25 x 30 cm, where data were collected from thethree central plants. Fresh and dry weight matter and Zn, Cu, Pb,Cd, Ni and Cr content were determined after 46, 142 and 222 daysof application, respectively. Yield increased with higher compostrates, particularly on first crop, where ‘Regina’, ‘Vitória Verde Clara’and ‘Brasil-303’ produced 333.82; 337.81 and 303.60 g.plant-1 (freshweight), respectively. On the second crop, there was little effect andon the third crop, there was not influence of compost on the yields.Levels of heavy metals content in plants was increased as an effectof the compost, in the following order: Pb>Cd>Cu>Zn. On the secondcrop, the effect was intermediate and the third crop, was not influenceby compost, indicating consequent decrease in the influence ofcompost on level of heavy metals in plant. No heavy metals weredetected in toxic level to the plant.

Keywords: Lactuca sativa L., organic manure, phitotoxicity,recycle.

(Aceito para publicação em 05 de fevereiro de 2.001)

cimento e desenvolvimento das plantas.Muitos são os trabalhos que registramos efeitos positivos desse composto so-bre a produção das plantas, principal-mente nas espécies olerícolas. Já foramconstatados aumentos significativos naprodução, como conseqüente efeito docomposto orgânico de lixo, na culturado tomate (Fritz & Venter, 1988; Weir& Allen, 1997), espinafre (Fritz &Venter, 1988; Dixon et al. , 1995), raba-nete (Fritz & Venter, 1988), abóbora ita-liana (Dixon et al., 1995), feijão-vagem(Dixon et al., 1995), cenoura (Fritz &Venter, 1988; Costa et al., 1997) e alfa-

ce (Fritz & Venter, 1988; Costa et al.,1994; Dixon et al., 1995).

Woodbury (1992), cita o compostoorgânico de lixo urbano como grandesupridor de micronutrientes, como Zn,Cu e B, além de melhorar a capacidadede retenção de água e estimular a ativi-dade microbiológica dos solos. Tais be-nefícios explicam o efeito positivo queo composto proporciona no crescimen-to e desenvolvimento das plantas.

Por outro lado, o composto podetambém resultar em efeitos negativos naplanta, levando a um menor crescimen-to. Costa et al. (1994) observaram efei-

11Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

to negativo do composto na produçãode matéria seca da alface e da cenouraquando se aplicava doses acima de 20t.ha-¹. Hernández et al. (1992), consta-taram diminuição no crescimento dasplantas em doses acima de 60 t.ha-¹. Taisautores atribuíram esse resultado ao teorde sais, principalmente de NaCl, que écomumente encontrado em compostoorgânico de resíduos urbanos.

O efeito depressivo do compostotambém pode ser atribuído aos metaispesados veiculados no composto, osquais, sendo absorvidos pelas plantas emgrandes quantidades, podem atingir ní-veis fitotóxicos. Costa (1994), quandoaplicou 90 t.ha-¹ de composto orgânicode lixo urbano no solo, observou redu-ção drástica do crescimento da alface eda cenoura. Esse autor atribuiu tal efei-to do composto ao elevado teor de Cuno tecido vegetal, além do elevado pHe condutividade elétrica dos solos.

O emprego de compostos orgânicosde lixo na agricultura brasileira vemaumentando consideravelmente na me-dida em que mais usinas debeneficiamento de lixo são construídas.Esses compostos orgânicos são utiliza-dos principalmente pelos agricultorescircunvizinhos das usinas, em sua maio-ria produtores de hortaliças.

Entre as olerícolas, destaca-se a al-face por ser intensivamente cultivada,demandando, portanto, grandes quanti-dades de fertilizantes orgânicos.

Este trabalho teve por objetivo ava-liar a produção de alface cultivada comcomposto de lixo urbano em três culti-vos sucessivos e o teor de metais pesa-dos na matéria seca vegetal.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido emárea da Universidade Federal de Viço-sa, no período de 09 de outubro de 1995a 10 de junho de 1996, num LatossoloVermelho-Amarelo distrófico, texturaargilosa.

Os tratamentos consistiram de qua-tro doses de composto de lixo (0, 10, 20e 30 t ha-1) e três cultivares de alface(‘Regina’, ‘Vitória Verde Clara’ e ‘Bra-sil - 303’), arranjadas no esquemafatorial 4 x 3, no delineamento em blo-cos casualizados, com quatro repetições,

totalizando 48 parcelas. Cada parcelaexperimental foi constituída por quatrofileiras de cinco plantas no espaçamento25 x 30 cm, sendo as três linhas consi-deradas como parcela útil.

O composto foi fornecido pela usi-na de reciclagem e compostagem de lixourbano da Companhia Municipal deLimpeza Urbana do Rio de Janeiro(COMLURB). As características físicase químicas do solo e do composto naépoca da incorporação são apresentadasna Tabela 1.

Foram conduzidos três cultivos su-cessivos de alface, com a adição do com-posto apenas no primeiro cultivo, um diasantes do transplantio das mudas, ou seja:primeiro cultivo (da semeadura à colhei-ta), no período de 5 de outubro a 11 dedezembro de 1995; segundo cultivo, de16 de janeiro a 20 de março de 1996; eterceiro cultivo, de 09 de abril a 10 dejunho de 1996. A colheita no primeiro,segundo e terceiro cultivos, correspondeua 46, 142 e 222 dias da aplicação do com-posto, respectivamente.

As colheitas foram feitas pela ma-nhã, cortando as plantas rente ao solo e

pesando imediatamente toda a parte aé-rea, para a determinação do peso damatéria fresca. Em seguida, o materialvegetal foi colocado para secar em es-tufa a 65ºC até peso constante, sendo,então, determinado o peso da matériaseca.

As raízes foram retiradas do solo,lavadas e também conduzidas para se-cagem em estufa com ventilação força-da a 65ºC até peso constante, visando aanálises químicas.

Na preparação das amostras para asanálises químicas, a matéria seca daparte aérea foi separada em caule e fo-lhas. Todo o material vegetal seco, tan-to caule e folhas quanto raízes da alfa-ce, foi moído em moinho tipo Willey epassado em peneira com malha de 20mesh de abertura.

As amostras foram mineralizadascom a mistura nítrico-perclórica, sendodeterminados os teores de Zn, Cu, Pb,Cd, Ni e Cr. As leituras foram feitas emespectrofotômetro de absorção atômica.

Os resultados foram analisados es-tatisticamente, por meio das análises devariância e regressão. As médias foram

Tabela 1. Características físicas e químicas do solo e do composto orgânico de lixo urbanona época da incorporação ao solo. Viçosa, UFV, 1995.

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1 Extrator químico: Mehlich-I (Defelipo & Ribeiro, 1981)2 Extrator químico: HNO

3/HClO

4

* Não detectado.

Teor de metais pesados e produção de alface adubada com composto de lixo urbano.

12 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

comparadas pelo teste de Tukey, ado-tando-se o nível de 5% de probabilida-de. As equações foram ajustadas, tes-tando-se os coeficientes de determina-ção pelo teste F.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Produção de matéria fresca e dematéria seca

A produção de matéria fresca foiinfluenciada (p<0,05) pelas doses decomposto, no primeiro e segundo culti-vo e pela cultivar apenas no segundocultivo. No terceiro cultivo, não houvediferenças significativas em nenhum dostratamentos. No segundo cultivo, a pro-dução de matéria seca foi influenciadaapenas pela cultivar. A interação dosede composto x cultivar, não foi signifi-cativa em nenhum dos casos.

No segundo cultivo, as cultivares‘Regina’ e ‘Vitória’ tiveram maior pro-dução de matéria fresca e de matériaseca do que ‘Brasil-303’ (Tabela 2).Como no primeiro e no terceiro culti-vos não houve diferença significativa(p<0,05) entre as cultivares na produ-ção de matéria fresca e matéria seca, ascondições ambientais típicas de verão,em fevereiro e março, foram mais des-favoráveis à cultivar ‘Brasil-303’, resul-tando em menor produção, o que foiconfirmado pelo maior pendoamentodessa cultivar.

As doses do composto provocaramaumento linear da produção de matériafresca e de matéria seca das plantas doprimeiro e segundo cultivos (Figura 1). Noterceiro, o efeito não foi significativo.

O efeito positivo do composto naprodução de alface nos dois primeiroscultivos é atribuído ao teor relativamen-te elevado de nutrientes essenciais àsplantas (Tabela 1), além da melhoria nascondições físicas do solo. Tal efeito nãofoi constatado no último cultivo, por-que a capacidade do composto em me-lhorar as condições físicas, químicas ebiológicas do solo se esgotou, uma vezque foi feita apenas uma aplicação. Ain-da, o tempo decorrido até o último cul-tivo foi suficiente para que houvesse adecomposição de grande parte da maté-ria orgânica do composto.

Paino et al. (1996), analisando oefeito do composto orgânico de lixo ur-

C.A. Costa et al.

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Tabela 2. Produção de matéria fresca (MF) e de matéria seca (MS) da parte aérea de trêscultivares de alface, no segundo cultivo, adubadas com diferentes doses de composto delixo urbano. Viçosa, UFV, 1995/96.

*As médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si, a 5% de probabilidade,pelo teste de Tukey.

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Figura 1. Produção de matéria fresca e de matéria seca da parte aérea da alface em trêscultivos sucessivos, em função do uso de doses de composto orgânico de lixo urbano. Viço-sa, UFV, 1995/96.

13Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

bano na cultura do milho após três cul-tivos sucessivos, observaram redução naprodução da planta ao longo dos culti-vos. Tais autores atribuíram esse resul-tado ao esgotamento do efeito do com-posto na fertilidade do solo.

A máxima produção de matéria fres-ca foi obtida com a aplicação de 30 t.ha-1

do composto no primeiro cultivo, ondeas cultivares ‘Regina’, ‘Vitória’ e ‘Bra-sil-303’ produziram, respectivamente,333,82; 337,81 e 303,60 g.planta-1.

As três cultivares de alface tiveramcomportamento semelhante em respos-ta à aplicação do composto, exceto nosegundo cultivo, em que a cultivar ‘BR-303’ teve menor produção devido aosfatores climáticos.

Teor de metais pesados namatéria seca

a) Teor de ZnEntre as cultivares foram constatadas

diferenças significativas (p<0,05) quantoao teor de Zn no caule, no segundo e noterceiro cultivo e nas folhas, no terceirocultivo (Tabelas 3 e 4). Na comparaçãodas médias do teor de Zn entre as cultiva-res, observou-se que a cultivar ‘Regina’apresentou maior teor desse elemento nocaule no terceiro cultivo. No segundo cul-tivo, tal cultivar não diferenciou da BR-303. Já nas folhas, as cultivares ‘Regina’e ‘Vitória’ tiveram a mesma média, po-rém superior à da cultivar ‘BR-303’.

A regressão linear do teor de Zn, emfunção das doses do composto, foi sig-nificativa para o caule no primeiro cul-tivo e para as folhas no primeiro e nosegundo cultivo (Tabela 5). Não houvesignificância da regressão no terceirocultivo, indicando, provavelmente, oesgotamento desse elemento no solo.Jones & Jarvis (1981) citaram que a es-tabilidade da ligação Zn-matéria orgâ-nica é relativamente fraca, podendo serfacilmente liberada para ser absorvidae, conseqüentemente, persistir menostempo no solo.

O valor máximo observado na ma-téria seca da planta (Tabela 6) está abai-xo dos níveis considerados fitotóxicoscitados por Marschner (1995), que va-riam de 400 a 500 µg/g na matéria seca.Costa (1994) estimou que, em dose deaproximadamente 20 t.ha-¹ de compos-to de lixo, a alface pode acumular até81,47 µg/g desse elemento na matériaseca foliar.

Na tabela 7, são comparadas as mé-dias dos teores de metais pesados entreas partes da planta, em cada dose decomposto de lixo. Nota-se que o Zn, noprimeiro e no segundo cultivo teve maiorteor na raiz do que no caule e folhas.Embora no terceiro cultivo não tenhahavido diferença significativa entre asmédias, percebe-se a tendência de maiorteor de Zn na raiz. Esses resultados es-tão de acordo com os obtidos porDechen et al. (1991), que concluíram

que as raízes concentram mais Zn do quea parte aérea.

b) Teor de CuForam constatadas diferenças signi-

ficativas (p<0,05) entre as cultivares,quanto ao teor de Cu nas raízes no pri-meiro e no segundo cultivo e no caule enas folhas no terceiro cultivo (Tabelas3 e 4).

O aumento das doses do compostoaumentou linearmente, no primeiro cul-tivo, o teor de Cu nas raízes e no caule.Nos demais cultivos não foi constatadonenhum efeito significativo (Tabela 5).

O Cu não atingiu níveis defitotoxicidade em nenhuma das partes daplanta. O teor máximo observado na plantafoi 16,33 µg/g (Tabela 6). Furlani et al.(1978) citaram que, normalmente, o teorde Cu na alface varia de 5 a 13,9 µg/g.Segundo Marschner (1995), os teores con-siderados fitotóxicos de Cu são de 20 a 30µg/g na matéria seca das folhas.

Na Tabela 7 nota-se que apenas noprimeiro cultivo houve maior concen-tração de Cu no caule, chegando a 55%a mais do teor nas folhas e tendo seme-lhantes proporções, para os demais cul-tivos, nas raízes, no caule e nas folhas.Isso indica que o Cu foi translocado paraa parte aérea com relativa facilidade,como atestou Alloway (1990).

c) Teor de PbForam observadas diferenças signi-

ficativas (p<0,5) do teor de Pb entre as

Teor de metais pesados e produção de alface adubada com composto de lixo urbano.

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Tabela 3. Médias dos teores de Zn, Cu, Pb, Cd, Ni e Cr na matéria seca das folhas (F), do caule (C) e das raízes (R) de três cultivares dealface adubadas com composto orgânico de lixo urbano. Viçosa, UFV, 1995/1996.

As médias seguidas da mesma letra na linha não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

14 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

cultivares (Tabelas 3 e 4). Todavia, ne-nhuma cultivar se destacou, observan-do-se comportamento diferenciado nasdoses e nos cultivos.

O efeito da dose do composto sobreo teor de Pb foi significativo no primei-ro cultivo nas raízes e no terceiro culti-vo nas folhas da cultivar ‘BR-303’ (Ta-bela 5).

O teor máximo observado foi 4,95µg/g no caule (Tabela 6). Costa (1994),aplicando doses de 90 t.ha-¹ de compos-to orgânico de lixo, detectaram 6,33 µg/g na matéria seca das folhas da alface.Boon & Soltanpour (1992), analisandoplantas cultivadas em solos com altosteores de Pb, encontraram até 45 µg/gna parte aérea da alface e não fizeramnenhuma referência a quaisquer efeitosfitotóxicos.

Observa-se na Tabela 7 que não hou-ve um padrão de distribuição do Pb naplanta. Alloway (1990) citou que atranslocação do Pb é muito influencia-da pelo estado da planta. Em ótimascondições de crescimento, o Pb preci-pita-se nas paredes celulares das raízescomo compostos poucos solúveis, sen-do então pouco transportados para aparte aérea. Todavia, esse mesmo autormencionou ainda que a absorção e atranslocação do Pb para a parte aéreapodem variar também em razão da es-tação do ano. No outono e inverno hámaior translocação para a parte aérea doque nas outras estações.

d) Teor de CdObservou-se diferenças significati-

vas no teor de Cd entre as cultivares(Tabelas 3 e 4). Uma vez que nenhumacultivar se destacou, tais diferenças po-dem não ser atribuídas ao efeito dos tra-

tamentos e sim a outros fatores, comoas condições ambientais nos diferentescultivos e também ao baixo teor de Cdno composto.

Na análise de regressão da dose doteor de Cd na matéria seca (Tabela 5),

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Tabela 4. Médias relacionadas com os efeitos gerais das cultivares sobre o teor de Zn, Cu,Pb, Cd, Ni e Cr na matéria seca das folhas (F), do caule (C) e das raízes (R) de três cultivaresde alface adubadas com composto orgânico de lixo urbano. Viçosa, UFV, 1995/1996.

As médias seguidas da mesma letra na linha não diferem entre si, a 5% de probabilidade,pelo teste de Tukey.

Tabela 5. Estimativas dos efeitos gerais dos teores de metais pesados (Y) na matéria seca das folhas, caule e raízes de três cultivares dealface, em três cultivos, em função de doses de composto de lixo urbano (X) . Viçosa, UFV, 1995/1996.

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**, significativos a 5 e 1% pelo teste F, respectivamente.

C.A. Costa et al.

15Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

ajustaram-se o modelo linear simplespara raízes e o modelo quadrático para ocaule da cultivar ‘Regina’ no primeirocultivo. No terceiro cultivo não houveefeito significativo do composto sobre oteor de Cd na planta, o que pode estarrelacionado ao teor relativamente baixono composto e, consequentemente, noteor disponível no solo.

Observando o teor máximo de Cddeterminado na planta (Tabela 6), nota-se que o maior teor obtido foi de 0,53mg/g nas folhas. Todavia, esse teor semostrou bem abaixo do nível conside-

rado fitotóxico por Bakers & Bowers(1988), citados por Amaral (1991), queé de 50 µg/g na matéria seca.

No primeiro cultivo houve maiorconcentração do Cd nas folhas (Tabelas7). No segundo e no terceiro cultivo, nãose observou um padrão da distribuiçãodo Cd nas partes da planta. Malavolta(1994) citou que em plantas de feijão oCd se acumula mais nas folhas do queem outras partes da planta.

e) Teor de NiEntre as cultivares foram observa-

das diferenças (p<0,05) no teor de Ni

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Tabela 6. Valores máximos observados deZn, Cu, Pb, Cd, Ni e Cr na matéria seca daalface adubada com composto de lixo urba-no. Viçosa, UFV, 1995/1996.

Teor de metais pesados e produção de alface adubada com composto de lixo urbano.

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Tabela 7. Médias dos teores de metais pesados na matéria seca das folhas, do caule e das raízes da alface adubadas com composto orgânicode lixo urbano. Viçosa, UFV, 1995/1996.

As médias seguidas da mesma letra na linha, em cada cultivo, não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

16 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

(Tabelas 3 e 4). A cultivar ‘Regina’apresentou maiores teores no caule nosegundo cultivo e nas raízes no tercei-ro cultivo.

A regressão da dose do compostosobre o teor de Ni na matéria seca daplanta não foi significativa para nenhumcultivar e em nenhuma das partes daplanta (Tabela 5). O baixo teor desseelemento disponível no solo pode tersido a causa principal desse resultado.

O teor máximo observado na plantafoi de 7,19 µg/g (Tabela 6). Malavolta(1976) citou que pode haver redução nocrescimento das plantas quando o teorde Ni na matéria seca foliar atinge 40µg/g. De acordo com Marschner (1995),os níveis fitotóxicos desse elemento namatéria seca do tecido vegetal variamentre 10 e 50 µg/g. Assim, o máximoteor encontrado está bem abaixo dos li-mites considerados fitotóxicos.

Observa-se na Tabela 7 que o Ni teveconcentração semelhante nas raízes, nocaule e nas folhas, exceto no terceirocultivo para a dose de 20 t.ha-1. Cataldoet al. (1978) e Alloway (1990) citaramque o Ni é facilmente transportado paraa parte aérea das plantas. Por outro lado,Marschner (1995) cita que há diferen-ças entre as espécies na distribuição deNi na planta.

f) Teor de CrForam constatadas diferenças no

teor de Cr entre as cultivares (Tabelas 3e 4). Todavia, não houve destaque paranenhuma das cultivares, que tiveramcomportamento diferenciado nas dosese nos cultivos.

Não houve resposta significativa noteor de Cr da planta em razão das dosesem nenhum dos cultivos (Tabela 5), oque pode ser atribuído à baixa disponi-bilidade desse elemento no solo comouma conseqüência do teor relativamen-te baixo de Cr no composto. Tal fatoimplica que a dose mais alta aplicada(30 t.ha-1) não foi suficiente para o in-cremento de Cr no tecido vegetal.

O teor máximo de Cr na matéria secafoi 16,68 µg/g (Tabela 6). Os teores con-siderados fitotóxicos na alface são ain-da escassos. Em outras espécies,Malavolta (1976) citou que os valoresmáximos de Cr na matéria seca variamde 3,90 a 14,80 µg/g, entretanto não

mencionou os níveis fitotóxicos.

Considerando o baixo teor disponí-vel de Cr no solo e o fato de não teremsido constatados quaisquer efeitos defitotoxicidade nas plantas, verificou-seque os teores desse elemento na maté-ria seca estavam bem abaixo dos níveisfitotóxicos, assim como ocorreu com osdemais metais pesados estudados.

Observando a distribuição do Cr namatéria seca da alface (Tabela 7), nota-se, principalmente no primeiro cultivo,tendência de maior concentração no cau-le. Já no segundo e terceiro cultivo per-cebe-se que a maior concentração ten-de a ser no caule e nas folhas.

Nas condições do presente trabalho,o composto de lixo urbano provocouaumento na produção de alface nos doisprimeiros cultivos, mostrando grandepotencial de uso no cultivo destahortaliça. Quanto ao teor de metais pe-sados na planta, também houve aumen-to, principalmente no cultivo, seguindoa seguinte ordem decrescente em rela-ção às testemunhas: Pb>Cd>Cu>Zn.Todavia, nenhum dos elementos estu-dados atingiu teores consideradosfitotóxicos.

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C.A. Costa et al.

17Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

No Brasil acreditava-se ser o as-pargo uma cultura de clima

frio, inadaptável aos locais de tempera-turas elevadas, com calor ao longo doano. Em tais condições a planta vegeta-ria continuamente devido à ausência dofrio do inverno, necessário ao repousoe acúmulo de reservas. Segundo tal con-cepção, o aspargo apenas se adaptariaao cultivo no extremo sul do Brasil, ondefoi introduzido (Pelotas, RS), no inícioda década de 30 (Filgueira, 1982). En-tretanto, especialistas americanos con-sideram que a seca é capaz de propiciaro período de repouso necessário à plan-ta, independente da temperatura, sim-plesmente pela ausência do fornecimen-to de água (Gardé & Gardé, 1964).

BASSOI, L.H.; RESENDE, G.M.; FLORI, J.E.; SILVA, J.A.M.; ALENCAR, C.M. Distribuição radicular de cultivares de aspargo em áreas irrigadas dePetrolina - PE. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 17 - 24, março 2.001.

Distribuição radicular de cultivares de aspargo em áreas irrigadas dePetrolina - PE.Luís Henrique Bassoi1, Geraldo M. Resende1, José Egídio Flori1, José Antonio M. Silva1, Cristina M.Alencar2

1Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56.300-000 Petrolina-PE; 2USP-ESALQ, C. Postal 83, 13.418-900 Piracicaba-SP; E-mail:[email protected]

RESUMOA distribuição radicular de duas cultivares de aspargo (New

Jersey 220 e UC 157 F1), irrigadas por aspersão convencional, foiavaliada durante o ano de 1997 em solos de textura arenosa, emplantio experimental e comercial, respectivamente, nos Projetos deIrrigação de Bebedouro e Senador Nilo Coelho, em Petrolina (PE).O objetivo foi obter informações do sistema radicular do aspargo,empregando-se os métodos do monolito e do perfil de solo auxilia-do pela análise de imagens digitais, para o manejo de solo e águanesse cultivo. Na área experimental, a maior parte da matéria seca,área e comprimento de raízes no perfil de solo e densidade de com-primento radicular foram encontradas até a profundidade de 0,4 mnas duas cultivares, enquanto que na comercial a maior parte da áreae comprimento de raízes no perfil do solo estendeu-se até a profun-didade de 0,6 m (cv. New Jersey 220). Nesses dois plantios, as raízesdas cultivares atingiram a profundidade de 1 m. Na área experimen-tal, a massa seca, a área e o comprimento no perfil de solo, e a den-sidade de comprimento radicular nas cultivares concentraram-se atéa distância de 0,6 m à linha de plantas. No intervalo de diâmetro (d)de raízes 2<d£5 mm, foram encontrados 88 e 82,2% das raízes dacv. New Jersey 220 e UC 157 F1, respectivamente, enquanto quepela análise das imagens, o diâmetro de raízes variou entre 2,4 e 2,6mm (cv. New Jersey 220) e 2,4 e 3,6 mm (cv. UC 157 F1). As esti-mativas da distribuição e do diâmetro radicular apresentaram simi-laridades considerando os métodos empregados.

Palavras-chave: Asparagus officinalis, distribuição de raízes,monolito, análise de imagens.

ABSTRACTRoot distribution of asparagus cultivars in irrigated areas

of Petrolina, Brazil.

In 1997 the root distribution of two asparagus cultivars (NewJersey 220 and UC 157 F1) irrigated by sprinkler was evaluated incoarse textured soils in experimental and commercial areas atPetrolina county, in the semi-arid region of northeastern Brazil, toobtain useful information for soil and water management. Both themonolith and the soil profile aided by digital image analysis methodswere used to evaluate it. In the experimental area, a greaterconcentration of root dry weight, root area and length in the soilprofile and root length density was found up to 04 m depth for bothcultivars, while in commercial area the root area and length of cv.New Jersey 220 were concentrated until 0,6 m depth. Roots reached1 m depth in both areas. In experimental area, dry weight, area andlength in the soil profile and the length density of the roots showedgreater presence up to the distance of 0.6 m from the plant row.Most of the roots (88% for cv. New Jersey 220 and 82.2% for cv.UC 157 F1) were found with diameter greater than 2 mm and lessthan or equal to 5 mm, while root diameter estimated by imageanalysis varied from 2.4 to 2.6 mm (cv. New Jersey 220) and from2.4 to 3.6 mm (cv. UC 157 F1). Data of both methods of rootdistribution analysis and diameter estimation showed similarity.

Keywords: Asparagus officinalis, root distribution, monolith,digital image analysis.

( Aceito para publicação em 18 de dezembro de 2.000)

Introduzido pela Embrapa Semi-Ári-do no final dos anos 70, o aspargo ocu-pa hoje uma área cultivada de 500 hec-tares no Vale do São Francisco, desta-cando-se como uma das maiores regiõesprodutoras desta cultura no país(D’Oliveira, 1992). Na região Nordestedo Brasil, o clima quente e seco e o soloarenoso, acrescidos de adequados níveisde adubação e irrigação, fizeram comque a cultura apresentasse excelente vi-gor, precocidade e produtividade, po-dendo chegar a 5.000 kg ha-1, a partir doterceiro ano, quando a produção tendea se estabilizar. Com a introdução doaspargo como uma alternativa de culti-vo em condições de clima quente, tor-

nou-se necessário desenvolvertecnologias, objetivando estabelecerdefinitivamente a cultura como umanova opção de plantio.

Em Petrolina (PE), o bom cresci-mento da planta permite a obtenção deaté duas colheitas por ano de aspargobranco, sendo comum esta prática entreos agricultores. A cultivar New Jersey220, incialmente, foi a mais utilizadadevido à disponibilidade de sementes,sendo que outras cultivares, como a UC157 F1, foram introduzidas posterior-mente na região pela iniciativa privada(D’Oliveira et al., 1998).

Uma das caracterísitcas da planta deaspargo é ser perene, com renovação

18 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

constante do seu sistema radicular a cadaciclo de produção. Apresenta dois tiposde raízes: as de reservas (carnosas), quese desenvolvem a partir do rizoma,atuando, principalmente, noarmazenamento de substânciasfotossintetizadas, e as fibrosas, que en-contram-se sobre as anteriores, e sãoencarregadas da absorção de água e denutrientes do solo (Oliveira et al., 1981).

Em comparação com outros vege-tais, a produção de aspargo não é dire-tamente o resultado da fotossíntese, masé uma função das reservas decarboidratos que foram produzidos pelafolhagem do ano anterior. A quantidadedo potencial de carboidrato no início dociclo depende diretamente da quantidadede massa radicular por planta (Martin &Hartamann, 1990). As raízes parecem sero orgão da planta mais adaptado para ava-liar o estado nutricional do aspargo, e des-de que sejam estabelecidas as relaçõesnutricionais, pode-se avaliar a disponibi-lidade de nutrientes no solo e estipularpráticas de fertilização de acordo com oteor de nutrientes nas raízes da planta deaspargo (Hartmann et. al., 1990).

Na Holanda, observou-se que as pro-duções médias de aspargo em cinco anosaumentaram com a profundidade deenraizamento. As maiores produções,superiores a 5.000 kg ha-1, foram obtidascom raízes atingindo 1,5 m de profundi-dade (Reijmerink ,1973). Em um solo detextura silte arenosa, na California, EUA,a atividade radicular de uma cultura deaspargo proporcionou uma remoção deágua abaixo de 2,5 m de profundidade(Cannell & Takatori, 1970). Em cultivosrealizados no Peru e Espanha, o sistemaradicular pode atingir 3 m de profundi-dade (Delgado de la Flor et al., 1987;Ganiza Sola et al., 1988).

Entre os vários meios para o estudode sistemas radiculares, pode-se citar ométodo da escavação, do monolito, dotrado, do perfil de solo, da parede outubos de vidros, e os métodos indiretos,baseados no princípio da determinaçãodas alterações no teor de água e de nu-trientes, e da radioatividade detraçadores em sucessivas amostragens.Dessas mudanças pode-se inferir infor-mações sobre a distribuição radicular noperfil do solo (Bohm, 1979; Kopke,1981). Juntamente com esses métodos,as técnicas de processamento de ima-gens digitais podem substituir a análisequalitativa da raiz por uma medida quan-titativa. Em um perfil de solo, o cálculoda densidade de raiz pode ser obtido pelafiltragem da imagem e calibração doSistema Integrado para Análise de Raize Cobertura do Solo (SIARCS) basea-do no nível de cor de cada pixel. A aná-lise de imagens digitais de raízes expos-tas em um perfil de solo permite aquantificação radicular em um menortempo, com menor requerimento de tra-balho e com maior número de repeti-ções (Crestana et al., 1994). É possívelobter rapidez, precisão e uma análise deacordo com a presença, tamanho, volu-me e superfície da raiz (Fante Jr. et al.,1994). A estimativa da atividaderadicular baseada na dinâmica da água,medida pela técnica de moderação denêutrons e por tensiometria, mostrouboa correlação com a distribuiçãoradicular estimada pela análise de ima-gens digitais em milho (Bassoi et al.,1994). Em videiras, Bassoi et al. (1998)avaliaram a distribuição radicular pelaanálise de imagens digitais. No entan-to, uma combinação de métodos podeoferecer um estudo mais completo so-bre o comportamento das raízes no solo(Atkinson, 1980).

O conhecimento detalhado da distri-buição radicular do aspargo cultivado naregião semi-árida do Nordeste do Brasil,que se caracteriza pela necessidade deirrigação, pode trazer importantes infor-mações práticas para o manejo da apli-cação de água, do solo e da própria plan-ta. A inexistência dessas informações le-vou à realização deste trabalho, que tevecomo objetivo avaliar o sistema radicularem plantios experimental e comercial, emáreas irrigadas de Petrolina-PE, empre-gando-se os métodos do monolito e doperfil de solo auxiliado pela análise deimagens digitais.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no mu-nicípio de Petrolina, em uma área expe-rimental e em outra de produção comer-cial. A área experimental pertence àEmbrapa Semi-Árido, situada no Proje-to de Irrigação de Bebedouro. A área deprodução comercial encontra-se no Pro-jeto de Irrigação Senador Nilo Coelho.

Na área experimental, em agosto de1997, foi analisada a distribuiçãoradicular das cultivares de aspargo NewJersey 220 e UC 157 F1 presentes emuma coleção de germoplasmas. As cul-tivares foram plantadas em umLatossolo Vermelho Amarelo, com altaporcentagem de areia (Tabelas 1 e 2),cujos atributos físicos e químicos foramdeterminados em amostras deformadasde solo, de acordo com o procedimentodescrito por Embrapa (1997). O plantioda cv. New Jersey 220 foi realizado emagosto de 1990, em um espaçamento de2,3 x 0,4 m e a produtividade média deturiões de primeira (diâmetro superiora 13 mm) e de segunda qualidade(diâmetro entre 8 e 13 mm) foi de 3.125

L.H. Bassoi et al.

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Tabela 1. Caracterísiticas físicas do Latossolo Vermelho Amarelo da área experimental no Projeto de Irrigação de Bebedouro, cultivadocom aspargo irrigado por aspersão convencional. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.

19Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

kg ha-1 entre 1991 e 1996, com uma co-lheita por ano, sempre no mês de novem-bro. Posteriormente, em 1995, foiintroduzida à coleção de germoplasma acv. UC 157 F1, com o mesmoespaçamento, tendo produtividade médiade 4.802 kg ha-1 em 1996. As plantas dacoleção de germoplasma foram irrigadaspor um sistema de aspersão convencio-nal fixo, com aplicação de uma lâminade água de 15 mm, duas vezes por sema-na (D’Oliveira et al., 1998).

Foram utilizados dois métodos deanálise de raízes, o do perfil de solo au-xiliado pela análise de imagens digitais(Crestana et al., 1994) e o do monolito(Bohm, 1979). Em cada cultivar, abriu-se uma trincheira paralelamente à filei-ra de plantas, com o primeiro perfil desolo a 0,8 m de distância das plantas.Uma fina camada de solo (1-2 cm deespessura) foi retirada do perfil paramelhor visualização das raízes, as quaisforam pintadas com tinta látex brancapara um maior contraste com o solo. Umreticulado de madeira de 1 x 1 m, sub-dividido com uma malha de barbantebranco em áreas de 0,2 x 0,2 m, foi co-locado contra a parede, para auxiliar afilmagem de cada área com uma câmerade vídeo, em todo o perfil (2 m de com-primento x 1 m de profundidade). Emseguida, foram coletados monolitos de0,2 x 0,2 x 0,2 m de cada área filmadana metade do perfil (1 m de comprimen-to x 1 m de profundidade). Com a reti-rada desses monolitos e da outra meta-de da parede da trincheira (0,2 m de es-pessura), obteve-se um novo perfil a 0,6m de distância das plantas. Este proce-dimento se repetiu até que se chegassea distância de 0,2 m à linha de plantas.Nesse perfil, procedeu-se apenas a fil-magem das raízes. Para cada cultivar,

Figura 1. Esquema representativo (vista de frente) da trincheira e da coleta de dados pelosdois métodos de análise de raízes utilizados, na área experimental de aspargo no Projeto deIrrigação de Bebedouro. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.

+ - método do perfil auxiliado pela análise de imagem e do monolito - método do perfil

Figura 2. Esquema representativo (vista de cima) da trincheira e da coleta de dados pelosdois métodos de análise de raízes utilizados, na área experimental de aspargo no Projeto deIrrigação de Bebedouro. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.

+ - método do perfil auxiliado pela análise de imagem e do monolito - método do perfil

foram analisados os perfis de 0,8; 0,6;0,4 e 0,2 m de distância da planta, sen-do coletadas 200 imagens e 75monolitos. Os esquemas representativosda coleta de imagens e de monolitos sãoapresentados nas Figuras. 1 e 2.

As raízes foram separadas dosmonolitos por peneiramento no campo,

e em laboratório, foram lavadas, sepa-radas em intervalos de diâmetro (d) (d£2mm, 2<d£5 mm, 5<d£10 mm) e secasem estufa a 105oC para a determinaçãoda massa seca (g).

Para a estimativa do comprimentoradicular em cada monolito, as raízesforam colocadas contra um fundo pla-

Distribuição radicular de cultivares de aspargo em áreas irrigadas de Petrolina - PE.

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Tabela 2. Características químicas do Latossolo Vermelho Amarelo da área experimental no Projeto de Irrigação de Bebedouro, cultivadocom aspargo irrigado por aspersão convencional. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.

C.E.:condutividade elétrica do extrato saturado a 25o C m.o.: matéria orgânica = %C x 1,725

20 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

no de área conhecida (0,2 x 0,2 m) e corcontrastante, e divididas em tantas par-tes quanto necessárias para a aquisiçãode imagens com câmera de vídeo. Osvalores de comprimento de raiz encon-trados para cada monolito foramtotalizados e divididos pelo volume desolo (8.000 cm3), para a determinaçãoda densidade de comprimento de raiz(cm.cm-3).

Na área de produção comercial, emsetembro de 1997, analisou-se a distri-buição radicular da cultivar de aspargoNew Jersey 220, plantada em dezem-bro de 1993 em um espaçamento de 2,0x 0,3 m, irrigada por aspersão conven-cional semi-fixo, com aplicação diáriade 7,2 mm de água. Nessa área, utili-zou-se apenas o método do perfil de soloauxiliado pela análise de imagens digi-tais, em uma trincheira com 1 m de pro-fundidade e 1 m de comprimento, e en-tre duas linhas de plantas. As imagensforam obtidas em dois perfis de solo, a0,4 m de distância perpendicular à li-nha de plantas, um em cada lado da trin-cheira. O preparo do perfil para a filma-gem foi o mesmo descrito anteriormen-te para a área experimental. Os atribu-tos físicos e químicos do solo (Tabelas

3 e 4) foram determinados em amostrasdeformadas de solo, segundo Embrapa(1997).

As imagens obtidas em campo (áreaexperimental e área de produção comer-cial) e em laboratório foramdigitalizadas por meio de uma placadigitalizadora (resolução de 640 x 480pixels) instalada em ummicrocomputador. As imagens foramarmazenadas em disquetes como arqui-vos BMP e, posteriormente, analisadaspelo Sistema Integrado para Análise deRaízes e Cobertura do Solo (SIARCS3.0). Em cada imagem, pela diferençade cor entre os pixels, foram seleciona-dos os que representavam o sistemaradicular, determinando-se sua área(cm2), tendo como medida de referên-cia as dimensões da área de solo ou defundo com cor contrastante (0,2 x 0,2m). Posteriormente, procedeu-se à“esqueletização”, onde toda a extensãodas raízes era representada por uma li-nha com largura de 1 pixel, e à medidado comprimento (cm).

Integrando-se os valores de massaradicular em cada monolito, determi-nou-se a distribuição percentual na di-reção vertical (profundidade) e horizon-

tal (distância à linha de plantas), em re-lação ao total encontrado em todo o vo-lume de solo (0,6 m3) analisado pelométodo do monolito. Os resultados deárea e comprimento de cada imagemanalisada, em todo o comprimento datrincheira (2 m na área experimental e 1m em cada lado da trincheira na área deprodução comercial), também foramsomados para o conhecimento da dis-tribuição percentual nas camadas desolo, em relação ao total encontrado emcada perfil de 1 m de profundidade. Odiâmetro das raízes (mm) expostas emcada área filmada no campo (0,2 x 0,2m) foi estimado, por meio da relaçãoárea/comprimento, e o valor médio emtodo o perfil de solo foi obtido (Bassoiet al., 1999). Para a área experimental,efetuou-se a comparação desse valormédio com a distribuição percentual dasraízes classificadas nos intervalos dediâmetro.

As médias de área e comprimentode raízes da área experimental e de pro-dução comercial, obtidos em cada áreade 0,2 x 0,2 m filmada no perfil do solo,e as médias de densidade de comprimen-to de raízes da área experimental, de-terminados em cada monolito, foram

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Tabela 3. Características físicas do solo da área de produção comercial no Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho, cultivado com aspargoirrigado por aspersão convencional. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.

L.H. Bassoi et al.

Tabela 4. Características químicas do solo da área de produção comercial no Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho, cultivado comaspargo irrigado por aspersão convencional. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.

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C.E.:condutividade elétrica do extrato saturado a 25o C m.o.: matéria orgânica = %C x 1,725

21Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

comparadas pelo teste t, na direção ver-tical e horizontal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na área experimental, observou-sepelo método do monolito que a massaradicular diminuiu à medida que se au-mentou a distância em relação à linhade plantas, em todo o perfil de solo de 1m de comprimento e 1 m de profundi-dade. Nos monolitos coletados entre osperfis de 0,2-0,4 ; 0,4-0,6 e 0,6-0,8 mde distância à linha de plantas, a quanti-dade de massa seca radicular foi de, res-pectivamente, 194,0; 82,5 e 19,9 g paraa cv. New Jersey 220, e de 103,0; 27,5 e16,7 g para a cv. UC 157 F1.

Na direção vertical, 95,2% (cv. NewJersey 220) e 84,7% (cv. UC 157 F1) damassa seca total de raízes estiveram pre-sentes nas profundidades de 0-0,2 m ede 0,2-0,4 m (Tabela 5), enquanto quena direção horizontal, 93,2% (cv. NewJersey 220) e 88,7% (cv. UC 157 F1)esteve presente nos perfis de 0,2-0,4 me 0,4-0,6 m à linha de plantas (Tabela6). A variação observada em ambas asdireções são uma das maiores fontes de

variação na distribuição de raízes(Atkinson,1989).

Pela análise das imagens, na áreaexperimental, a maior parte do sistemaradicular de ambas as cultivares estevepresente até 0,2-0,4 m de profundidade,com uma redução à medida que se au-mentou a profundidade do solo, em to-dos os perfis analisados. Entretanto, acv. UC 157 F1 apresentou uma maiorpresença na camada 0,4-0,6 m em rela-ção à cv. New Jersey 220. Foi muitopequena a presença de raízes a 0,6-0,8 e0,8-1,0 m de profundidade. Na área deprodução comercial, notou-se uma dis-tribuição mais homogênea das raízes dacv. New Jersey 220 até a camada 0,4-0,6 m de profundidade, com uma redu-ção gradual até a camada de 0,8-1,0 m(Tabela 7).

A medida da massa seca radicular érelativamente fácil de ser obtida, masfornece pouca informação, enquanto quea área da superfície é de difícil interpre-tação. Apesar das raízes finas estaremmais envolvidas no processo de absor-ção, existem evidências que as raízessuberizadas podem absorver água. De-vido a essa incerteza do diâmetro apro-

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Tabela 5. Distribuição percentual da massa seca radicular das cv. de aspargo New Jersey 220 e UC 157 F1, em função da profundidade dosolo, na área experimental no Projeto de Irrigação de Bebedouro. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.

Tabela 6. Distribuição percentual da massa seca radicular das cv. de aspargo New Jersey 220 e UC 157 F1, em função do perfil de solo, naárea experimental no Projeto de Irrigação de Bebedouro. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.

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priado, o comprimento de raiz por vo-lume de solo, ou densidade de compri-mento de raiz, tem sido usado para ca-racterizar a presença de raízes no solo(Kleper, 1992).

Na área experimental, as médias daárea e do comprimento de raízes, esti-madas no método do perfil, e da densi-dade de comprimento de raízes, estima-da pelo método do monolito, foram su-periores nas profunidades de 0-0,2 e 0,2-0,4 m, enquanto que na área de produ-ção comercial, analisada somente pelométodo do perfil, os maiores valoresocorreram na profundidade de 0,4-0,6m (Tabela 8). Houve correspondênciacom as maiores porcentagens de massaseca (Tabela 5) e de área e comprimen-to de raiz até a profundidade de 0,2-0,4m na área experimental, e com as maio-res porcentagens de área e comprimen-to até a profundidade de 0,4-0,6 m naárea comercial (Tabela 7).

Em relação à distância à linha deplantas, analisada somente na área ex-perimental, as médias de área e compri-mento de raízes e de densidade de com-primento diminuíram à medida que seafastou das plantas. Os valores deter-

Distribuição radicular de cultivares de aspargo em áreas irrigadas de Petrolina - PE.

22 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

minados no perfil de solo diferiram en-tre si, enquanto que para os valores de-terminados no volume de solo compreen-dido entre dois perfis (monolito), a di-ferença foi significativa entre todos nacv. New Jersey 220, e somente para0,2-0,4 m na cv. UC 157 F1 (Tabela 9).Esse comportamento está em concor-dância com a distribuição percentual demassa seca de raízes em função da dis-tância do perfil do solo (Tabela 6).

O diâmetro das raízes de aspargo,tanto da área experimental como da áreacomercial, estimado pela relação entrea área e o comprimento das raízes (Ta-bela 10) encontram-se dentro do inter-valo 2<d≤5 mm. Alguns valores nãoapresentam desvios-padrão, pois as

raízes foram observadas em apenas umaárea (0,2 x 0,2 m) da respectiva profun-didade, ao longo de todo o comprimen-to da trincheira. Pelo método domonolito, para os perfis de 0,2-0,4 , 0,4-0,6 e 0,6-0,8 m, as raízes com 2<d≤5mm corresponderam a 89,0, 86,8 e83,6% do total na cv. New Jersey 220, e84,2, 81,2 e 71,8% na cv. UC 157 F1,respectivamente, enquanto que as comd≤2 mm apresentaram menor contribui-ção (7,7, 11,9 e 16,4% na cv. New Jersey220, e 15,8, 18,8 e 28,2% na cv. UC 157F1, respectivamente). Apenas a cv. NewJersey 220 apresentou raízes entre5<d≤10 mm (3,3% a 0,2-0,4 m e 1,3%a 0,4-0,6 m). Assim, os valores estima-dos pela imagem digital encontram-se

dentro dos intervalos de diâmetro ondea maior parte das raízes foi encontrada.

Drost (1999) relatou que plantas deaspargo com 2; 3 e 4 anos apresenta-ram, respectivamente, uma profundida-de de enraizamento médio (80% do to-tal de raízes) de 0,3; 0,4 e 0,5 m, en-quanto que o valor máximo foi de 0,8,1,0 e 1,4 m, para as raízes de reserva.Para as raízes fibrosas, os valores mé-dios foram 0,6; 0,6 e 0,7 m, e os máxi-mos, 1,0; 1,2 e 1,3 m. A maior presençade raízes ocorreu próximo à coroa doaspargo, a qual decresceu em profundi-dade e com a distância às plantas. Essesresultados apresentam similariedadecom os apresentados nesse trabalho.

Tabela 7. Distribuição percentual dos parâmetros área e comprimento das raízes das cv. de aspargo New Jersey 220 e UC 157 F1, em funçãoda profundidade do solo, na área experimental no Projeto de Irrigação de Bebedouro, e na área de produção comercial no Projeto deIrrigação Senador Nilo Coelho. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.

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* área comercial, analisada somente para a cv. New Jersey 220 a 0,4 m de distância da linha de plantas

Tabela 8. Médias de área e comprimento de raízes no perfil do solo, e da densidade de comprimento de raízes no monolito, em função daprofundidade do solo, para as cv. New Jersey 220 e UC 145 F1, na área experimental no Projeto de Irrigação de Bebedouro e na área deprodução comercial no Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.

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Médias seguidas pela mesma letra em um mesma coluna não diferem entre si pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade

L.H. Bassoi et al.

23Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

A profundidade de 0,6 m pode serconsiderada como a profundidade efe-tiva do sistema radicular do aspargo, po-dendo ser levada em consideração naanálise da eficiência de aplicação deágua, definida pela relação entre a quan-tidade de água armazenada na zonaradicular durante a irrigação e a quanti-dade de água aplicada, e da eficiênciade armazenamento de água, definidapela relação entre a quantidade de águaarmazenada na zona radicular e a quan-tidade de água requerida na zonaradicular antes da irrigação (Hansen etal., 1980).

Os resultados evidenciaram que amaior parte do sistema radicular do as-pargo cv. New Jersey 220 e cv. UC 157F1, irrigados por aspersão convencio-nal e em solos de textura arenosa emáreas irrigadas de Petrolina-PE, apresen-tou maior presença de raízes até a ca-mada de solo 0,4-0,6 m de profundida-de (direção vertical), e até a distância

perpendicular à linha de plantas de 0,6m (direção horizontal). A comparaçãode médias dos parâmetros área, compri-mento e densidade de comprimento deraízes mostraram resultados similaresentre si e também com a distribuiçãopercentual de massa seca, área e com-primento de raízes, nas profundidadesde solo e distâncias à linha de plantasanalisadas. As estimativas do diâmetrode raíz pela análise de imagem estive-ram dentro do intervalo de diâmetro commaior presença do sistema radicular.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o suporte fi-nanceiro do Conselho Nacional de De-senvolvimento Científico eTecnológico (projeto 523559/96-8), doBanco do Nordeste do Brasil e doInternational Foundation for Science(projeto C/2748-1), da Suécia, para arealização deste trabalho.

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Tabela 9. Médias de área e comprimento de raízes no perfil do solo, e da densidade de comprimento de raízes no monolito, em função dadistância do perfil à linha de plantas, para as cv. New Jersey 220 e UC 145 F1, na área experimental do Projeto de Irrigação de Bebedouro.Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.

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médias seguidas pela mesma letra em um mesma coluna não diferem entre si pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade

Tabela 10. Estimativa do diâmetro das raízes pela análise de imagem digital, das cv. de aspargo New Jersey 220 e UC 157 F1, na áreaexperimental no Projeto de Irrigação de Bebedouro, e na área de produção comercial no Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho. Petrolina,Embrapa Semi-Árido, 1997.

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- não foram observadas raízes* analisado apenas no perfil 0,4 m

Distribuição radicular de cultivares de aspargo em áreas irrigadas de Petrolina - PE.

24 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

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L.H. Bassoi et al.

25Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

Toda a evolução que originou a mo-derna agricultura foi fundamenta-

da na necessidade de aumentar a produ-tividade, reduzir os custos de produçãoe melhorar a qualidade do produto. Paraatingir esses objetivos, foi necessáriocriar condições mais favoráveis para odesenvolvimento das plantas. Assim,surgiram novas técnicas como o cultivoprotegido e a aplicação de dióxido decarbono via água de irrigação.

A alface se constitui numa das hor-taliças mais consumidas pelos brasilei-ros. É uma planta muito tolerante àsdoenças e pode ser produzida sem maio-res problemas durante quase todo oano. Muitos agricultores preferem

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Dióxido de carbono aplicado via água de irrigação na cultura da alface.Raquel A. Furlan1; Dálcio R. B. Alves1; Marcos V. Folegatti2; Tarlei A. Botrel2; Keigo Minami3

1 USP-ESALQ , Doutorandos em Irrigação e Drenagem, Av. Pádua Dias, 11, 13.418-900 Piracicaba, SP. E-mail:[email protected]; 2 USP-ESALQ, Profs. Drs. Departamento de Engenharia Rural; 3 USP-ESALQ, Prof. Dr. Departamento deHorticultura.

RESUMOO experimento foi realizado em Piracicaba (SP), com o objetivo

de avaliar os efeitos da aplicação de dióxido de carbono via água deirrigação na produtividade e qualidade de alface cultivada em ambien-te protegido. Os tratamentos foram constituídos de dois ambientesprotegidos, sendo um com aplicação de CO

2 e o outro sem aplicação

de CO2, onde se cultivou a alface cultivar Verônica. Cada um dos

ambientes foi composto por oito parcelas com dimensões de 1,2 m x6,0 m e espaçadas de 0,80 m. A cultura foi irrigada com o tubogotejador “Rain Tape” com vazão de 1,15 L/h, pressão de serviço de60 kPa e espaçamento entre gotejadores de 0,20 m. As irrigaçõesforam feitas diariamente, tendo em vista o objetivo de aplicação diáriada dose de CO

2 de 50 L/m2/dia. As mudas de alface para o plan-

tio foram formadas em ambiente protegido, em bandejas de isopor,contendo vermiculita como substrato. O transplante foi feito aos 30dias após o semeio em canteiros de 1,2 m de largura por 6,0 m decomprimento, com espaçamento entre as plantas de 0,30 m e entrelinhas de 0,30 m. A aplicação de CO

2 foi iniciada no dia 02 de outu-

bro de 1997, sendo feita diariamente, estendendo-se por um períodode 30 dias, quando foi então realizada a colheita final da cultura dealface. A aplicação de CO

2 via água de irrigação proporcionou au-

mentos de área foliar e consequentemente do peso da matéria secada parte aérea, de cerca de 27%, aos 30 dias após o transplantio. Odiâmetro da cabeça de alface, número de folhas e o rendimento decabeças aumentaram em media 15,9%, 5,5% e 28,8%, respectiva-mente, em comparação aos dados obtidos no tratamento sem aplica-ção de CO

2.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., ambiente protegido, CO2,

gotejamento.

ABSTRACTCarbon dioxide water for lettuce irrigation.

The experiment was carried out in Piracicaba, Brazil, in order toevaluate the effects of carbon dioxide, applied with the irrigationwater, on the productivity and quality of the lettuce cultivated inplastic greenhouse. The treatments were designed in two plasticgreenhouses, one was enriched with CO

2 and the other without CO

2,

where lettuce variety Verônica was cultivated. The plastic greenhousehad eight plots with 1.2 x 6.0 m and spaced by 0.8 m. The crop wasirrigated with “Rain Tape” drip with outflow of 1.15 L/h at operatingpressure of 60 kPa. The irrigation was scheduled on a daily basis inorder to apply 50 liters/m2/day of CO

2 daily. The seedlings were

produced in plastic greenhouse by using isopor tray with vermiculiteas substratum. They were transplanted 30 days after sowing date inbeds of 1.2 m width and 6.0 m length, with 0.30 m spaced betweenplants and 0,30 m between lines. After the application of CO

2 (10/

02/97 – 11/02/97) plants were harvested. Enrichment of irrigationwater with CO

2 increased the leaf area, dry weight of the aerial part

by 27%, after 30 days of transplanting. The increase in lettuce headdiameter, number of leaves and yield of heads was of 15.9%, 5.55%and 28.8%, respectively, in relation to the plot without CO

2

application.

Keywords: Lactuca sativa L., plastic greenhouse, CO2, drip

irrigation.

(Aceito para publicação em 31 de janeiro de 2.001)

cultivá-la em ambientes protegidos eusando a alface para fazer rotação comoutras espécies. Outros cultivam espé-cies de primavera-verão durante o in-verno, quando o preço no mercado émais alto, e durante o verão cultivamalface obtendo desse modo preços maiselevados (Sganzerla, 1995).

Os primeiros trabalhos utilizando-seenriquecimento artificial com CO

2 na

atmosfera interna de ambiente protegi-do, visando aumentar a produtividadede culturas, foram realizados há mais de100 anos no norte da Europa. Na déca-da de 50, devido ao desenvolvimento detécnicas modernas utilizando-seisótopos radioativos foi possível acom-

panhar com clareza o processo de assi-milação do CO

2 pelas plantas. Também

nessa época foram realizados os primei-ros experimentos com injeção de CO

2

diretamente na água utilizada para irri-gação das culturas a céu aberto, visan-do aumentar a sua produtividade. En-tretanto, o grande desenvolvimento des-sa tecnologia ocorreu na década de 60(Galvão, 1993). Vários estudos condu-zidos com enriquecimento de dióxido decarbono em ambientes controlados e emcondições de campo mostraram aumen-to da fotossíntese, melhor desenvolvi-mento das plantas e maior resistência aoestresse hídrico. Estes resultados podemser atribuídos à maior absorção de

26 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

dióxido de carbono pelas raízes e aoconseqüente aumento na assimilaçãopelo metabolismo das plantas (Arteca etal., 1979; Cooker & Schubert, 1981).

No final dos anos 80, empresas nor-te-americanas que comercializavamCO

2 interessaram-se pelo processo e

iniciaram trabalhos com injeção de CO2

na água utilizada para irrigação, em cul-turas a céu aberto, visando aumentar asua produtividade, obtendo resultadospromissores (Sanches, 1992). A idéia defertilização com CO

2 dissolvido na água

de irrigação se deve à dificuldade demanter alta concentração do mesmo naatmosfera de ambientes protegidos empaíses como Colômbia, devido aos cus-tos elevados desses ambientes herméti-cos (Salazar, 1991).

Para muitas espécies é difícil esta-belecer concentração ótima de CO

2, pela

escassez de dados encontrados na lite-ratura. Entretanto, consultando-se resul-tados obtidos em pesquisas, conclui-seque a concentração ótima de CO

2 para

o crescimento da maioria das espéciessitua-se entre 600 e 900 mmolCO

2/mol

de ar. Em alguns casos, têm sido obser-vadas injúrias em plantas submetidas aconcentrações acima de 1.000mmolCO

2/mol de ar, o que é também

uma razão adicional para manter a con-centração abaixo de 900 mmolCO

2/mol

de ar. Além disso, incrementos da con-centração de CO

2 também implicam no

aumento de perdas devido ao vazamen-to do gás para o ambiente externo(Mortensen, 1987). Ambientes com ele-vadas concentrações de CO

2 induzem

pequenos acréscimos na área foliar eaumentos um pouco maiores na massa(Ford & Thorne, 1967). O CO

2 induz

mudanças na anatomia e na morfologiadas plantas, resultando em alterações nopeso seco de órgãos (Acock &Pasternak, 1986).

A temperatura ótima parafotossíntese varia com o estádio de de-senvolvimento das plantas, estando nafaixa de 20 a 30°C para a maioria dasespécies, sendo menor na fase dematuração (Acock et al., 1990). Varian-do a concentração de CO

2 e a intensida-

de luminosa, Ghannoum et al. (1997)obtiveram variação de 71% na massaseca de plantas C

3 (Panicum laxum) e

28% de C4 (Panicum antidotade). O au-

mento da velocidade de assimilaçãopode atingir 80% ao ativar a enzimaribulose 1,5 bifosfato carboxilase-oxigenase (Rubisco), reduzindo afotorrespiração, melhorando o metabo-lismo, o crescimento e a produção.

O aumento da concentração de CO2

induz o fechamento parcial dosestômatos, causando, como conseqüên-cia, redução na transpiração (Faquhar etal., 1978; Kimball, 1983; Kimball &Idso, 1983; Morison, 1985; Cure &Acock, 1986). Nesta situação há aumen-to da taxa de crescimento, com produ-ção de maior quantidade de matériavegetativa e aumento da área foliar(Morison & Gifford, 1984).

Kimball (1983) revisou 70 publica-ções apresentadas nos últimos 64 anosreferentes ao efeito do enriquecimentodo ambiente com CO

2 sobre a produti-

vidade de várias espécies de plantas. Osresultados mostraram aumento de 33%na produtividade com a duplicação daconcentração de CO

2 da atmosfera.

O enriquecimento do ambiente detúneis plásticos cultivados com pepino,alface e pimentão, a uma concentraçãode 10.000 mmolCO

2/mol de ar por um

período de uma a duas horas antes donascer do sol, resultou em desenvolvi-mento mais rápido das plantas, frutosprecoces e aumento da produtividade depepino e alface em cerca de 45% emrelação à testemunha. Já a cultura depimentão teve maior número de frutose acréscimo de 20% na produção (Enochet al.,1970). D’Andria et al. (1990) ve-rificaram aumento no peso do fruto detomate de 98 para 105 g e na produçãode 84 para 97 t/ha com uso de CO

2 via

água de irrigação. Entretanto, Hartz &Holt (1991) não encontraram diferençade produtividade em tomate com forne-cimento artificial de CO

2. Fernandez

Bayon et al. (1993) observaram maiorcrescimento de raízes, brotação e núme-ro de flores por planta com aplicaçãode CO

2 via água de irrigação na cultura

de melão.

A aplicação de CO2 via água de irri-

gação induziu aumento do conteúdo declorofila da folha, da absorção de zincoe manganês e da produtividade de algo-dão (Mauney & Hendrix, 1988). A apli-cação de 1.100 mmolCO

2/mol de ar via

água de irrigação em uva, durante 37

dias no inverno, proporcionou aumentode 36% na sua produtividade (Kurookaet al., 1990). Trabalhando com soja,Prior et al. (1991) verificaram aumentona área foliar e maior potencial noxilema ao meio dia com aplicação deCO

2 via água de irrigação. Em experi-

mentos com curtos períodos de tempode aplicação CO

2, o aumento da concen-

tração induziu aumento da fotossínteseem até 52% e da produção de ervilhaem 29% (Mudrik et al.,1997).

Em condições de ambiente protegi-do, com e sem a aplicação de CO

2 via

água de irrigação, Pinto (1997) verifi-cou que a maior produtividade de me-lão foi obtida no ambiente com aplica-ção de 1.170 mmolCO

2/mol de ar via

água de irrigação, durante um períodode trinta minutos, apresentando incre-mento de produtividade de 27,3% emrelação ao tratamento sem CO

2.

No Brasil, recentemente iniciou-sea aplicação de CO

2 via água de irriga-

ção, mas há carência de trabalhos refe-rentes ao assunto. Portanto, são neces-sários estudos para analisar os efeitosda aplicação de CO

2 via água de irriga-

ção para as culturas, visando aperfeiçoaro uso dessa técnica. Assim, objetivodesse trabalho foi avaliar a produçãoquantitativa e qualitativa de alface emdecorrência da aplicação de CO

2 via

fertirrigação.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado emambiente protegido na área experimen-tal da USP – ESAL em Piracicaba, SP,de 25 de setembro a 25 de outubro de1997. As coordenadas geográficas dolocal são 22°42’ de latitude sul, 47°38’de longitude oeste e altitude de 575 m.O clima é do tipo CWA, subtropicalúmido, conforme classificação deKöppen.

Utilizou-se a alface cultivarVerônica crespa, submetida a dois am-bientes protegidos, sendo um com a apli-cação de CO

2 (50,5 L/m2/dia de CO

2) e

o outro sem aplicação, em delineamen-to inteiramente casualizado. Cada am-biente foi composto por oito parcelascom dimensões de 1,2 m x 6,0 m, espa-çadas de 0,80 m, consideradas comorepetições.

R.A. Furlan et al.

27Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

As mudas de alface foram formadasem bandejas de isopor e vermiculitacomo substrato em casa de vegetação etransplantadas com cerca de 30 dias,com as plântulas apresentando de três aquatro folhas. Cada parcela foi consti-tuída de quatro linhas de plantas espa-çadas de 0,3 m x 0,3 m. As parcelas fo-ram cobertas com filme de polietilenopreto, considerando-se como área útil alinha central de plantas.

A adubação foi feita segundo a aná-lise química de solo baseando-se nasrecomendações do Instituto Agronômi-co de Campinas (Raij et al., 1986). Fo-ram utilizadas 67 g/m2 de superfosfatosimples e 3,3 g/m2 de cloreto de potás-sio. Para a adubação de cobertura foramadicionadas 4,4 g/m2 de uréia, divididasem quatro aplicações iguais viafertirrigação, a cada sete dias.

A irrigação foi feita com o tubogotejador “Rain Tape” com vazão de1,15 L/h, pressão de serviço de 60 kPae espaçamento entre gotejadores de 0,20m. O manejo da irrigação baseou-se naevaporação do Tanque Classe A, repon-do diariamente 100% da evaporação dotanque.

O sistema de aplicação de CO2 foi

composto de um contêiner (cilindro dedióxido de carbono de alta pressão),equipado com uma válvula dosadora doproduto CO

2 liberada do cilindro,

manômetro e um injetor Venturi paraintroduzir CO

2 na linha de irrigação. A

aplicação foi iniciada no dia 02 de ou-tubro de 1997, estendendo-se até a co-lheita final da cultura. A injeção na li-nha de irrigação foi feita a partir das11:00 h, por um período de aproxima-damente 40 minutos, durante a aplica-ção da lâmina de irrigação.

A cada cinco dias, a partir dos setedias após o plantio, foram colhidas oitoplantas, sendo uma em cada parcela,para avaliar o diâmetro das cabeças dealface, número de folhas, massa seca daparte aérea e área foliar, com uso dointegrador de área foliar modelo LICORLI 3100. Para a determinação do diâ-metro da cabeça, foram tomadas duasmedidas transversais da planta, antes dacolheita e obtida a média. Após a deter-minação da área foliar, as plantas foramacondicionadas em sacos de papel e co-locadas para secar em estufa de circula-

ção de ar forçada a 65oC até massa cons-tante. Em seguida as plantas foram pe-sadas e determinou-se a matéria seca.

Foi aplicado o teste F para verificarse a aplicação de CO

2 teve efeito signi-

ficativo sobre as características avalia-das. A área foliar, matéria seca, diâme-tro de cabeça e número de folhas foramsubmetidas à análise de regressãopolinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Até 15 dias após o transplantio hou-ve certa homogeneidade entre os trata-mentos quanto à área foliar (Figura 1),enquanto aos 30 dias, o valor médio deárea foliar observado no ambiente com

aplicação de CO2 foi de 98,55 cm2, va-

lor esse 27,4% maior do que sem CO2,

(77,33 cm2). Acréscimos da área foliarem beterraba açucareira, cevada, couvee milho também foram verificados porFord & Thorne (1967) em ambientesenriquecidos com concentrações de1.000 a 3.000 mmolCO

2/mol de ar.

O ambiente enriquecido com CO2

resultou em aumento de matéria seca dasplantas de alface a partir de 15 dias apóso transplantio (Figura 2), com valoresmédios, aos 30 dias, de 15,52 e 19,75 g/planta, para os tratamentos sem e com aaplicação de CO

2, respectivamente.

Apesar de os valores de área foliar ematéria seca terem aumentado no am-biente com a aplicação de CO

2, a rela-

y(CCO2) = 0,121D2 - 0,4583D + 3,1502R2 = 0,9697

y (SCO2)= 0,0746D2 + 0,3853D - 0,9305R2 = 0,9871

0

20

40

60

80

100

120

140

0 5 10 15 20 25 30 35

Dias ap s o transplantio`r

ea F

olia

r (c

m2 )

CCO2SCO2

Figura 1. Área foliar de alface em função da aplicação (CCO2) ou não (SCO2) de CO2 e dos

dias após o transplantio das mudas (D). Piracicaba, ESALQ, 1997.

y(CCO2) = 0,0257D2 - 0,1325D + 0,437R2 = 0,9687

y(SCO2) = 0,0163D2 + 0,0413D - 0,3669R2 = 0,9889

0

5

10

15

20

25

0 5 10 15 20 25 30 35Dias ap s o transplantio

Mat

Øri

a se

ca (

g/p

lan

ta)

CCO2SCO2

Figura 2. Matéria seca de plantas de alface em função da aplicação (CCO2) ou não (SCO2)de CO

2 e dos dias após o transplantio (D). Piracicaba, ESALQ, 1997.

Dióxido de carbono aplicado via água de irrigação na cultura de alface.

28 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

ção entre área foliar e matéria seca (áreafoliar específica) não foi alterada, apre-sentando valor médio de 4,9 cm2/g nosdois ambientes. Assim, o acréscimo emárea foliar foi proporcional ao acrésci-mo em matéria seca na planta. Váriosautores (Kimball & Mitchell, 1979;D´Andria et al., 1990; Islam et al., 1996)observaram que o enriquecimento doambiente com CO

2 possibilitou produ-

ção de pepino, pimentão e tomate maispesados, provavelmente por ter havidomaior acúmulo de carboidratos nos fru-tos devido às altas taxas de fotossínteseencontradas nos ambientes com enrique-cimento de CO

2.

O valor médio do diâmetro da cabe-ça de alface observado no ambiente comaplicação de CO

2 aos 30 dias após o

transplantio foi de 46,63 cm e sem apli-cação de CO

2, de 40,25 cm, apresentan-

do acréscimo no diâmetro da cabeça daalface de 15,9% (Figura 3).

O número de folhas de alface porcabeça não diferiu significativamente,nos tratamentos com ou sem aplicaçãode CO

2, havendo, porém, tendência a

apresentar aumento do número de fo-lhas no ambiente onde houve a aplica-ção de CO

2 (Figura 4). Aos 30 dias após

o transplantio houve incremento de5,5% no número de folhas para o trata-

y(CCO2) = 0,0254D2 + 0,0744D + 5,9049R2 = 0,9036

y(SCO2) = 0,007D2 + 0,5221D + 3,2745R2 = 0,9183

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0 5 10 15 20 25 30 35

Dias ap s o transplantio

mer

o d

e fo

lhas

CCO2SCO2

Figura 4. Número de folhas de alface em função da aplicação (CCO2) ou não (SCO2) deCO

2 e dos dias após o transplantio das mudas (D). Piracicaba, ESALQ, 1997.

y(CCO2) = -0,0121D2 + 1,5653D + 10,402R2 = 0,959

y(SCO2) = -0,0189D2 + 1,7201D + 6,0088R2 = 0,9424

0

10

20

30

40

50

60

0 5 10 15 20 25 30 35

Dias ap s o transplantio

Dim

etro

de

cab

ea

CCO2SCO2

Figura 3. Diâmetro de cabeça de alface em função da aplicação (CCO2) ou não (SCO2) deCO

2 e dos dias após o transplantio das mudas (D). Piracicaba, ESALQ, 1997.

mento com aplicação de CO2.

O máximo rendimento da cultura dealface observado no ambiente com CO

2

foi de 59,5 t/ha e em ambiente sem CO2

foi de 46,2 t/ha, apresentando diferençade 28,8%. Enoch et al. (1970) tambémobservaram acréscimo em massa dematéria fresca da ordem de 43% em al-face cultivada em túneis de plástico sobenriquecimento de CO

2 e Pinto (1997)

observou aumento da produtividadecom a aplicação de CO

2 injetado via

água de irrigação.

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Dióxido de carbono aplicado via água de irrigação na cultura de alface.

30 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

A literatura não menciona o empre-go de adubos orgânicos na cultura

do feijão-vagem. Refere-se apenas àadubação mineral, levando em conside-ração os teores de fósforo e potássioexistentes no solo. As recomendaçõesde fertilização da cultura se baseiam emindicações para o feijão-comum(Viggiano, 1990). Entretanto, o feijão-vagem difere do feijão-comum quantoao porte, área foliar, altura, ciclo, hábi-to de crescimento e produtividade, prin-cipalmente, nas cultivares de crescimen-to indeterminado.

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Características e rendimento de vagem do feijão-vagem em função defontes e doses de matéria orgânica.Gilmara M. Santos; Ademar P. Oliveira; José Algaci L. Silva; Edna U. Alves; Caciana C. CostaUFPB – CCA, C. Postal 02, 58.397-000 Areia – PB. E-mail: [email protected]

RESUMOCom o objetivo de avaliar doses e fontes de matéria orgânica na

cultura do feijão-vagem, cultivar Macarrão Trepador, instalou-se umexperimento em condições de campo no período de julho a novem-bro de 1998, no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Fede-ral da Paraíba. O delineamento experimental empregado foi blocoscasualizados, em esquema fatorial 4 x 5, compreendendo quatro fon-tes de matéria orgânica (esterco de galinha, esterco bovino, estercocaprino e húmus de minhoca) e cinco doses, sendo 0; 5; 10; 15 e 20t/ha de esterco de galinha; e, 0; 10; 20; 30 e 40 t/ha de esterco bovi-no, caprino e húmus de minhoca, em quatro repetições. Utilizaram-se parcelas com 20 plantas, espaçadas de 1,00 x 0,50 m. Os resulta-dos indicaram que o comprimento de vagens aumentou linearmentecom as doses de estercos de galinha, de bovino e de caprino. O pesomédio de vagens foi influenciado apenas pelo esterco de galinha. Ohúmus de minhoca não exerceu efeito sobre a característica e a pro-dutividade de vagens. O esterco de galinha na dose de 13,0 t/ha pro-porcionou rendimento máximo de vagens (26,3 t/ha), o esterco bo-vino na dose de 24,0 t/ha produziu 30,3 t/ha e o esterco caprino, nadose de 16,6 t/ha, produziu 23,0 t/ha. A análise econômica indicou adose de 11 t/ha de esterco de galinha e de 23,0 t/ha de esterco bovi-no, como as mais viáveis economicamente para adubação orgânicano feijão-vagem, resultando num rendimento estimado de 11,3 e 21,2t/ha de vagens e uma receita prevista de 8.000 e 21.000 kg/ha devagens, respectivamente. Para o esterco caprino, 20 t/ha apresentousaldo um pouco superior à sua ausência, enquanto 10 t/ha de húmusde minhoca revelou saldo de R$ 2.336,00/ha, porém, inferior à suaausência. Conclui-se, pois, que nas condições em que foi realizada apresente pesquisa, não é vantajoso o emprego do esterco caprino edo húmus de minhoca como fontes de matéria orgânica para progra-mas de produção de vagens em feijão-vagem.

Palavras-chaves: Phaseolus vulgaris L, vagem, adubaçãoorgânica, rendimento.

ABSTRACTCharacteristics and yield of snap-bean pod in function of

sources and levels of organic matter.

With the objective of evaluating levels and sources of organicmatter in the culture of the snap-bean, Macarrão Trepador cultivar,an experiment in field conditions was setted in the period from Julyto November 1998, in the Federal University of Paraíba, Brazil. Theexperimental design was of randomized blocks, in factorial scheme4 x 5, with four sources of organic matter (chicken manure, bovinemanure, goat manure and earthworm compost) and five levels (0, 5,10, 15 and 20 t/ha of chicken manure and, 0, 10, 20, 30 and 40 t/haof bovine manure, goat manure and earthworm compost), in fourreplications. Plots were of 20 plants, space 1.00 x 0.50 m. The resultsindicated that the length of beans increased linearly with the levelsof chicken, bovine and goat manure. The average weight of podswas just influenced by chicken manure. The earthworm compostdidn’t exercise effect on the characteristics and the productivity ofpods. The use of 13.0 t/ha of chicken manure provided maximumyield of pods (26.3 t/ha), the bovine manure in the level of 24.0 t/haproduced 30.3 t/ha and the goat manure in the level of 16.6 t/haproduced 23.0 t/ha. The economical analysis indicated the use of 11t/ha of chicken manure and 23 t/ha of bovine manure the most viablesources of organic fertilization in snap-bean, by resulting in aproductivity of 11.3 and 21.2 t/ha of pods and a foreseen yield of 8and 21 t/ha of pods, respectively. For the goat manure, the use of 20t/ha revealed to be a little superior compared to its absence, while 10t/ha of earthworm compost showed a balance of R$ 2.336.00/ha, butinferior to its absence. In the conditions of the present research, theuse of goat manure and earthworm compost as organic matter sourcesis not advantageous for programs of snap bean pods production.

Keywords: Phaseolus vulgaris L, pod, organic fertilization, yield.

(Aceito para publicação em 12 de fevereiro de 2.001)

É indiscutível a importância e a ne-cessidade de adubos orgânicos em hor-taliças (Kimoto, 1993), tanto na produ-tividade como na qualidade dos produ-tos obtidos, especialmente em solos combaixo teor de matéria orgânica, sendoconsiderados agentes condicionadoresdo solo, por melhorar as condições decultivo, através da retenção de água eaumento da disponibilidade de nutrien-tes em forma assimilável pelas raízes.(Filgueira, 1982; Ingue, 1984).

Quantidades adequadas de estercode boa qualidade podem suprir as ne-

cessidades das plantas emmacronutrientes, sendo o potássio, o ele-mento cujo teor atinge valores mais ele-vados no solo pelo uso contínuo. O teordesses elementos depende, entretanto,da qualidade e da quantidade de ester-co, bem como do tipo de solo (Lund &Doss, 1980). O esterco de galinha podesuprir parcial ou integralmente as exi-gências nutricionais do tomateiro, resul-tando em maiores rendimentos e quali-dade de frutos (Silva Júnior & Vizzoto,1990). O esterco bovino desempenhapapel importante no aumento da produ-

31Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

tividade em diversas hortaliças(Filgueira, 1982; Camargo, 1984; Silvaet al., 1989; Seno, 1995; Espínola,1998). O esterco caprino, apresenta fer-mentação mais rápida do que o estercode galinha e bovino, podendo ser utili-zado com sucesso na agricultura apósum menor período de decomposição(Tibau, 1993); Em algumas hortaliçastem desempenhado papel importante naelevação da produtividade (Leal & Sou-za, 1992; Ferreira et al., 1993). Overmicomposto contém nutrientes es-senciais às plantas numa forma maisdisponível, especialmente o nitrogênio(Hara, 1989), sendo que seu empregotem proporcionado resultadossatisfatórios, na elevação da produtivi-dade de alface e de cenoura (Ricci et al.,1993; Espínola, 1998).

Devido à carência de informaçõessobre o emprego de matéria orgânica nacultura do feijão-vagem, foi realizado opresente trabalho que objetivou avaliarfontes e doses de matéria orgânica sobrecaracterística e rendimento de vagens.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi instalado um experimento emLatossolo Vermelho-Amarelo, no Cen-tro de Ciências Agrárias da Universida-de Federal da Paraíba no município deAreia (PB), entre julho a novembro de1998. Utilizou-se o delineamento expe-rimental de blocos casualizados em es-quema fatorial 5 x 4, constituídos dequatro fontes de matéria orgânica (es-terco de galinha, húmus de minhoca,esterco bovino e esterco caprino) e cin-co doses, sendo 0, 5, 10, 15 e 20 t/ha deesterco de galinha; e 0, 10, 20, 30 e 40 t/ha de húmus de minhoca, de estercobovino e de esterco caprino com quatrorepetições.

A análise química do solo indicouas seguinte características: pH = 6,10;P = 92 mg/dm3; K = 105 mg/dm3; Ca+2

= 3,10 cmol/dm3; Mg+2 = 1,30 cmol/dm3

e matéria orgânica = 9,88 g/dm3. A ca-racterização química das fontes de ma-téria orgânica apresentou os resultados:húmus de minhoca (P = 5,10 g/kg; K =3,31 g/kg; N = 4,05 g/kg; matéria orgâ-nica = 103,3 g/dm3 e relação C/N = 21/1), esterco de galinha (P = 6,97 g/kg; K= 14,36 g/kg; N = 11,5 g/kg; matéria

orgânica = 265,20 g/dm3 e relação C/N= 13/1), esterco bovino (P = 5,2 g/kg; K= 4,90 g/kg; N = 8,82 g/kg; matéria or-gânica = 112,07 g/dm3 e relação C/N =14/1) e esterco caprino (P = 7,2 g/kg; K= 8,46 g/kg; N = 7,1; matéria orgânica= 124,02 g/dm3 e relação C/N = 10/1).

O solo foi preparado mediantearação, gradagem, levantamento deleirões e abertura de covas de plantio.A adubação constou apenas do forneci-mento das fontes e doses de matéria or-gânica 15 dias antes da semeadura. Asparcelas constaram de 20 plantas, espa-çadas de 1,00 m entre fileiras e 0,50 mentre plantas, todas consideradas úteis.

Na semeadura, utilizaram-se quatrosementes por cova da cultivar Macar-rão Trepador, a partir de sementes co-merciais. Aos 15 dias realizou-se o des-baste, deixando-se uma planta por cova,e a prática de tutoramento pelo sistemade varas cruzadas.

Procurou-se manter as plantas sem-pre no limpo, por meio de capinas, comauxílio de enxadas para evitar concor-rência com plantas daninhas. Foramefetuadas irrigações pelo método de as-persão, no período de ausência de pre-cipitação. Realizou-se controlefitossanitário, por meio da aplicação deBenomyl para controlar mancha de al-ternaria (Alternaria alternata) ferrugem(Uromyces appendiculatus) e manchaangular (Phaeoisariopsis griseola).

O plantio foi realizado no início dejulho. As colheitas, em número de cin-co, foram efetuadas semanalmente a par-tir de 50 dias do plantio. A característicada vagem foi avaliada pelo comprimen-to e peso médio de vagem, enquanto aprodutividade foi obtida pelo somatórioda produção das colheitas e transforma-da em toneladas de vagens/ha.

Os dados obtidos foram submetidosà análise de variância e de regressãopolinomial, utilizando-se o programa decomputação SAEG (1997).

A partir das equações de segundograu ajustadas, calculou-se a dose deesterco de galinha e de bovino que pro-porcionou produtividade máxima eco-nômica. Entretanto, a fim de atenuar osproblemas de variação cambial, para asfontes de matéria orgânica que permiti-ram o cálculo da dose mais econômica,trabalhou-se com uma relação de troca

ao invés de moeda corrente, igualando-se a derivada segunda às relações entrepreços do produto e do insumo (Raij,1991; Natale et al., 1996), vigentes emAreia-PB, em 1998, buscando-se assimdados mais estáveis. Neste estudo, osvalores utilizados para as variáveis va-gens e matéria orgânica, foram: R$400,00/t de vagens, R$ 30,00/t de ester-co bovino e caprino e R$ 120,0/t de es-terco de galinha e húmus de minhoca.Dessa maneira, a ‘moeda’ utilizada noscálculos da dose econômica de estercode galinha e de bovino, foi a própriavagem. A relação de equivalência entrea tonelada de esterco bovino e a tonela-da de vagens foi igual a 0,075 e entre atonelada de esterco de galinha e a tone-lada de vagens foi igual a 0,3; ressal-tando porém que o preço da tonelada davagem correspondeu ao utilizado peloprodutor e, que essa relação de preçospode variar a cada ano, conforme a de-manda e oferta.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A característica comprimento devagem foi influenciada pelo esterco degalinha, bovino e caprino, enquanto acaracterística peso médio de vagem,pelo esterco de galinha.

O comprimento da vagem aumen-tou linearmente com as doses de ester-co de galinha, de bovino e de caprino(Figuras 1 e 2).

A resposta do esterco de galinha parao peso médio de vagem, foi de naturezaquadrática (Figura 3). A derivada daequação de regressão revelou a dose de10 t/ha de esterco de galinha, como aresponsável pelo menor peso médio dasvagens no feijão-vagem (9,52 g). Emtomateiro, Salek et al. (1981) verifica-ram elevação no peso médio de frutosempregando o esterco de galinha comofonte de matéria orgânica.

Com exceção do húmus de minhoca,todas as fontes de matéria orgânica influen-ciaram significativamente o rendimento devagens nos tratamentos avaliados.

O esterco de galinha apresentou efei-to quadrático sobre o rendimento devagens (Figura 4), com ponto de máxi-mo em 13,0 t/ha, responsável pela pro-dutividade de 26,3 t/ha. Em outras hor-taliças, vários trabalhos têm mostrado

Característica e rendimento de vagem do feijão-vagem em função de fontes e doses de matéria orgânica.

32 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

elevação do rendimento em função daaplicação de esterco de galinha. No to-mateiro, Salek et al. (1981) e Ferreiraet al. (1993), no alho, Seno et al. (1996),e na cenoura, Souza (1990), obtiveramelevação no rendimento empregandodoses variáveis de esterco de galinha.No feijão-vagem, Alves (1999), obteveelevado rendimento de sementes com 20t/ha de esterco de galinha.

A resposta do esterco bovino sobreo rendimento de vagens foi de naturezaquadrática (Figura 5). Pela estimativa daequação da regressão, calculou-se a dosede 24,0 t/ha, como a responsável pelomáximo rendimento de vagens (30,3 t/ha). Há consenso entre diversos autoresda eficiência do esterco bovino em ele-var a produção de hortaliças, Em alho,por exemplo, Seno et al. (1995), bemcomo no tomateiro, conformeNakagawa & Conceição (1977), houveaumento na produção dessas hortaliçasquando utilizou-se o esterco bovinocomo fonte de matéria orgânica. Alves(1999), verificou rendimento máximo desementes com 29 t/ha de esterco bovi-no. Com relação ao emprego do estercocaprino, a exemplo do esterco de gali-nha e esterco bovino, os dados ajusta-ram-se ao modelo quadrático (Figura 6).A dose de 17,0 t/ha de esterco caprino,foi responsável pelo rendimento máxi-mo de vagens (23,0 t/ha). Elevação naprodutividade do tomateiro e da alface,com o emprego de esterco caprino comofonte de matéria orgânica, foi retratadade forma positiva por Ferreira et al.(1993) e por Leal & Souza (1992), res-pectivamente, com o emprego de 20 t/ha de esterco caprino. Não obstante, ele-vação no rendimento de sementes nofeijão-vagem empregando o estercocaprino como fonte de matéria orgâni-ca, foi verificado por Alves (1999).

A correlação significativa positivaentre o comprimento e o rendimento devagens (0,84**) e o baixo valor verifica-do para a correlação entre o rendimento eo peso médio de vagens (0,42*), indicamque o rendimento do feijão-vagem, foifunção do comprimento de vagens e nãofoi influenciado pelo seu peso médio.

Os rendimentos máximos de vagensobtidos pelo uso do esterco de galinha(26,9 t/ha), e de esterco bovino (30,3 t/ha), superaram a média nacional que,

y = 16,642 + 0,0746x

R2 = 0,87*

16,0

17,0

18,0

0 5 10 15 20Esterco de galinha (t/ha)

Com

prim

ento

de

vage

m (

cm)

Figura 1. Comprimento de vagem de feijão-vagem, em função de doses de esterco de gali-nha. Areia, CCA-UFPB, 1998.

y1 = 18,688 + 0,0195x R2 = 0,78*

y2 = 17,12 + 0,0159x R2 = 0,80*

15

16

17

18

19

20

0 10 20 30 40

Esterco bovino e caprino (t/ha)

Com

prim

ento

de

vage

ns (

cm)

Figura 2. Comprimento de vagem de feijão-vagem em função de doses de esterco bovino(y

1) e de caprino(y

2). Areia, CCA-UFPB, 1998.

y = 11,533 - 0,3961x + 0,0195x2

R2 = 0,98*

3

5

7

9

11

13

0 5 10 15 20

Esterco de galinha (t/ha)

Pes

o m

Ødi

o de

vag

em (

g)

Figura 3. Peso médio de vagem de feijão-vagem, em função de doses de esterco de galinha.Areia, CCA-UFPB, 1998.

G.M. Santos et al.

33Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

segundo Blanco et al. (1997), está emtorno de 25,0 t/ha de vagens, em culti-vares de feijão-vagem de hábito de cres-cimento indeterminado. Os benefíciosproporcionados pela adição de estercode galinha e de esterco bovino, possi-velmente estejam relacionados ao suple-mento de nutrientes de forma equilibra-da permitindo ao feijão-vagem a capa-cidade máxima de produção de vagens,induzida pela sua constituição genéticae pela condição do experimento, respon-sáveis pelos resultados obtidos. Segun-do Primavesi (1985), o equilíbrio entreos elementos nutritivos proporcionammaiores produtividades do que maioresquantidades de macronutrientes, isola-damente. Também, acredita-se que osefeitos do esterco de galinha e do ester-co bovino sobre a produtividade de va-gens, devam-se não somente ao supri-mento de nutrientes, mas a melhoria daestrutura do solo e o fornecimento deágua, proporcionando melhor aprovei-tamento dos nutrientes originalmentepresentes (Peavy & Greig, 1972).

A ausência de resposta significativaà adubação com húmus de minhoca,pode ser atribuída à alta quantidade denutrientes originalmente presentes nosolo e às baixas concentrações de N e Kna sua composição, embora contenhaelevada disponibilidade de matéria or-gânica.

Analisando-se economicamente osresultados, a dose mais econômica deesterco de galinha e de esterco bovinofoi de 11 e 23,0 t/ha, resultando numrendimento estimado de 26,3 e 30,3 t/ha de vagens, respectivamente. A receitaprevista, devido à aplicação do estercode galinha e do esterco bovino, pode sercalculada pelo aumento de produçãoproporcionada pelas doses econômicas,custo do fertilizante e pela receita obti-da. Igualando-se a derivada primeira azero, pôde-se calcular o aumento de pro-dução proporcionado por estas fontes dematéria orgânica. O esterco de galinhaproporcionou um aumento de 11,3 t/hae o esterco bovino de 21,2 t/ha de va-gens. Deduzindo-se o custo de aquisi-ção de 11 toneladas de esterco de gali-nha (3.300 kg de vagens) e de 23,0 to-neladas de esterco bovino (1.710 kg devagens), obteve-se um receita previstade 8.000 e 21.000 kg/ha de vagens, para

y = 17,047 + 0,7148x - 0,0215x2

R2 = 0,91*

0

5

10

15

20

25

30

0 10 20 30 40

Esterco caprino (t/ha)

Ren

dim

ento

(t/h

a)

Figura 6. Rendimento do vagens de feijão-vagem, em função de doses de esterco caprino.Areia, CCA-UFPB, 1998

y = 9,0669 + 1,7884x - 0,0376x2

R2 = 0,90*

0

5

10

15

20

25

30

35

0 10 20 30 40

Esterco bovino (t/ha)

Ren

dim

ento

(t/h

a)

Figura 5. Rendimento do feijão-vagem, em função de doses de esterco bovino. Areia, CCA-UFPB, 1998.

y =15,271 + 1,7748x - 0,0676x2

R2 = 0,62*

0

5

10

15

20

25

30

35

0 5 10 15 20

Esterco de galinha (t/ha)R

endi

men

to (

t/ha)

Figura 4. Rendimento do feijão-vagem, em função de doses de esterco de galinha. Areia,CCA-UFPB, 1998.

Característica e rendimento de vagem do feijão-vagem em função de fontes e doses de matéria orgânica.

34 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

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Tabela 1. Rendimento de vagens de feijão-vagem, renda bruta, custo de aplicação e receita,em função de húmus de minhoca e saldo. Areia, CCA-UFPB, 1999.

o esterco de galinha e o bovino, res-pectivamente.

As doses mais econômicas de ester-co de galinha e de bovino, estiveram pró-ximas dos valores máximos atingidospelo rendimento (figuras 4 e 5) e, sob oponto de vista de rendimento, as doseseconômicas de esterco de galinha e deesterco bovino, proporcionaram rendi-mentos de vagens acima da média nacio-nal, indicando os benefícios do empre-go destas fontes de matéria orgânica naprodução de vagens no feijão-vagem.Contudo, o esterco bovino por apresen-tar maior rendimento e a mais elevadareceita prevista deve ser recomendadocomo fonte de matéria orgânica de ori-gem animal num programa de adubaçãoorgânica para esta hortaliça.

Para o esterco caprino, a relação en-tre esterco e rendimento de vagens,embora tenha ajustado-se a modeloquadrático, apresentou valor abaixo damédia nacional, não permitindo o cál-culo da sua dose mais econômica, en-quanto para o húmus de minhoca não seconstatou influência significativa sobreo rendimento. Portanto, estas duas fon-tes foram avaliadas economicamentepela diferença entre a renda bruta e ocusto de aquisição, em moeda corrente(Pereira et al., 1985). Para o estercocaprino, relacionando a renda bruta como custo dos adubos, pode-se verificar,sob o ponto de vista dos rendimentos,que nenhuma dose apresentou produti-vidade acima da média nacional e sob oponto de vista econômico a aplicação

de 20 t/ha foi a única que apresentousaldo um pouco superior à sua ausên-cia, enquanto para o húmus de minho-ca, as doses de 10 e 40 t/ha, propicia-ram rendimentos acima da média nacio-nal (Tabela 1). Sob o ponto de vistaeconômico, estas doses foram as únicasque propiciaram saldos positivos, comdestaque para 10 t/ha, com R$ 2.336,00/ha, porém inferior à ausência de húmusde minhoca. Nas condições em que foirealizado a presente pesquisa, não é van-tajoso o emprego do esterco caprino edo húmus de minhoca, em relação à au-sência de suas aplicações e ao estercode galinha e de bovino, caracterizando-se como fontes de matéria orgânica nãorecomendadas para programas de pro-dução de vagens de feijão-vagem.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a professoraSheila Costa de Farias pela correção doAbstract e aos agentes em AgropecuáriaJosé Ribeiro Dantas Filho, Francisco deCastro Azevedo, José Barbosa de Sou-za, Francisco Soares de Brito, Francis-co Silva do Nascimento e Expedito deSouza Lima que viabilizaram a execu-ção dos trabalhos de campo.

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O tomate tipo salada ocupa lugar dedestaque no mercado gaúcho, ao

contrário do restante do País. Em 1995,na região de Pelotas, a produção de to-mate ocupou uma área de cerca de 110ha (Universidade Católica de Pelotas,1998). Os produtores desta região pre-ferem as cultivares híbridas Empire ePacific, devido ao excelente tamanho defruto. A adubação de plantio varia de1,5 a 2,0 t/ha das mais variadas formu-lações NPK (Simch, 1995), e se baseiaem recomendações oriundas de outrasregiões, visto que nesta não existem re-sultados experimentais sobre adubaçãoem tomate tutorado.

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Cultivar e adubação NPK na produção de tomate salada.Paulo Renato Z. Santos1; Arione S. Pereira2; Cláudio José S. Freire2

1UFPEL – Colegiado de pós-graduação em agronomia, C. Postal 354, 96.010-900 Pelotas-RS; 2Embrapa Clima Temperado, C. Postal403, 96.001-970 Pelotas-RS. E-mail: [email protected]

RESUMOO objetivo deste trabalho foi estudar o efeito de cultivar, da adu-

bação NPK e da interação desses fatores na produção de tomatesalada tutorado. O experimento foi conduzido em Pelotas (RS) noano agrícola 1995/96. Foram utilizadas cinco cultivares (Flora-Dade,Max, Empire, Pacific e Diva) e três níveis (2,0, 3,5 e 5,0 t/ha) deadubação NPK (3,6-7,2-10). Os tratamentos foram dispostos sobesquema fatorial em delineamento de blocos casualizados, com trêsrepetições. As cultivares Empire e Pacific apresentaram frutos commaior peso médio do que Flora-Dade, Max e Diva. O número defrutos por planta aumentou com a elevação do nível de adubação de2,0 para 3,5 t/ha, enquanto que o peso médio de frutos diminuiu,sem alterar a produção. As cultivares apresentaram resposta dife-rencial aos níveis de adubação, em relação ao peso médio de frutos.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill., adubo, genótipo.

ABSTRACTCultivar and NPK fertilization on yield of fresh market tomato.

The objective of this work was to study the effect of cultivar,NPK fertilization and the interaction on yield components of freshmarket tomatoes. The experiment was carried out in Pelotas, Brazil,in 1995/96 season. Five cultivars (Flora-Dade, Max, Empire, Pacificand Diva) and three fertilization levels (2.0, 3.5 and 5.0 t/ha) of NPK(3.6-7.2-10) were used. The treatments were displayed under afactorial scheme, in a randomized complete block design, with threerepetitions. Empire and Pacific cultivars showed higher average fruitweight than Flora-Dade, Max and Diva. The number of fruits perplant increased with the elevation of fertilization levels from 2.0 to3.5 t/ha, while the average fruit weight diminished, without changingyield. The cultivars showed differential response to fertilizationlevels, in relation to average fruit weight.

Keywords: Lycopersicon esculentum Mill., fertilizer, genotype.

(Aceito para publicação em 17 de janeiro de 2.001)

Na região de Pelotas a recomenda-ção de adubação para tomateiro rastei-ro consiste de 100 a 120 kg/ha de N,131 kg/ha de P e 242 kg/ha de K, parasolos com baixo teor de matéria orgâni-ca e com teores limitantes de P e K (Co-missão de Fertilidade do Solo – RS/SC,1995). Entretanto Veduim & Bartz(1998) testando diferentes níveis de adu-bação em tomate tutorado, em SantaMaria (RS), concluíram que a dose demáxima eficiência econômica situa-seem 2,87 vezes a recomendação da RedeOficial de Laboratórios de Análise deSolo do RS e SC, ROLAS (Comissãode fertilidade do solo – RS/SC, 1995).

Para o Estado de São Paulo, Trani etal. (1996) recomendam para tomateestaqueado (12.500 pl/ha) a calagempara elevar a saturação de bases a 80%e o teor de Mg ao mínimo de 9 mmol

c/

dm3; 20 a 30 t/ha de esterco de curralbem curtido ou 5 a 8 t/ha de esterco degalinha; 60 kg/ha de N, 351 kg/ha de Pe 250 kg/ha de K no plantio, para solosde “baixa fertilidade” e 63 kg/ha de N e38 kg/ha de K em cobertura, aos 15, 30,45 e 60 dias após o transplante.

Em São Paulo, Horino et al. (1984)concluíram que as melhores doses de N,P, K, para a produção de frutos da cv.Santa Cruz Yokota foram 300, 262 e 375kg/ha, respectivamente.

Característica e rendimento de vagem do feijão-vagem em função de fontes e doses de matéria orgânica.

36 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

Nos Estados Unidos, Smith et al.(1990) encontraram resposta em pesomédio de frutos das cultivares Count II,Freedom e U.S.68, inversamente pro-porcional às doses de NPK, enquanto aprodução total de frutos com a aduba-ção NPK, foi significativamente supe-rior à da testemunha. A melhor aduba-ção foi 112 kg/ha de N, de P

e de K.

Na Índia, Gupta & Shukla (1977), emtestes de doses de N, P e K, verificaramque o tomateiro, cv. Sioux, respondeupositivamente em produção de frutosapenas para N e P. A dose que permitiu aobtenção da produtividade máxima foide 91,5 e 59,7 kg/ha de N e P, em 1973, e121 e 69 kg/ha de N e P em 1974.

Dois tipos de interação, envolvendoadubação têm importância na agricul-tura moderna, sendo que uma delas é ainteração adubação x cultivar (Raij,1991). Filgueira et al. (1995), estudan-do a interação entre cultivares de bata-tas em diferentes locais, encontraramrespostas distintas das cultivares aoslocais de cultivo, o que caracteriza aexistência de interação.

O objetivo deste trabalho foi obterinformações referentes a cultivares eadubação NPK, para a cultura do toma-teiro salada na região de Pelotas.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido nomunicípio de Pelotas, no ano agrícolade 1995/96. O solo utilizado foi classi-ficado como Podzólico VermelhoAmarelo Distrófico, A moderado, textu-ra argilosa (Hapludult) (Brasil, 1973). Aanálise do solo apresentou os seguintesresultados: argila = 18%; pH = 5,4; índi-ce SMP = 59; M.O. = 31 g/l; P = 12,5mg/l; K = 129 mg/l; Na = 18 mg/l; Al =0,2 cmol

c/l; Ca+Mg = 8,5 cmol

c/l. A área

em que foi realizado o experimento, es-tava em pousio há mais de dez anos.

Foram estudados três níveis de adu-bação NPK de plantio e cinco cultiva-res de tomateiro. Os níveis de adubaçãoforam: 72 kg/ha de N, 328 kg/ha de P

2O

5

e 240 kg/ha de K2O (nível 1), 126 kg/ha

de N, 574 kg/ha de P2O

5 e 420 kg/ha de

K2O (nível 2), 180 kg/ha de N, 820 kg/

ha de P2O

5 e 600 kg/ha de K

2O (nível

3), obtidos pela aplicação de 2,0, 3,5 e

5,0 t/ha da formulação 3,6-7,2-10, res-pectivamente. O adubo foi aplicado emtodas as parcelas, utilizando-se 2/3 dototal quatro dias antes do transplante eo restante, vinte dias após, por ocasiãoda amontoa. Foram usadas quatro culti-vares híbridas (Empire, Max, Pacific eDiva) e uma de polinização aberta (Flora-Dade). ‘Flora-Dade’ e ‘Pacific’ apresen-tam hábito de crescimento determinado,‘Empire’, semi-determinado, e ‘Max’ e‘Diva’ (longa vida), indeterminado. Oexperimento foi delineado em blocoscasualizados, em um esquema fatorial 3 x5, com três repetições.

A semeadura foi realizada em 15 desetembro de 1995, em bandejas de isopor,e o transplante foi efetuado em 18 deoutubro de 1995, quando as plantas atin-giram altura igual ou superior a 10 cm.

O preparo do solo teve início comuma aração, três meses antes do trans-plante, seguida de duas gradagens. Paraa correção do solo, utilizou-se calcárioda classe B. Este foi incorporado ao solopor ocasião da primeira gradagem, nadose de 4,0 t/ha. Quatro dias antes dotransplante, foram abertos os sulcos eincorporados os adubos de plantio (2/3do total). As plantas de bordadura rece-beram adubação equivalente ao nívelmais baixo. Cada parcela foi constituídade 40 plantas, além da bordadura, sendoque apenas as 12 plantas centrais forma-ram a unidade de observação. As plantasforam colocadas em fileiras duplas, emespaçamentos de 0,35 x 0,70 x 1,10 m, sen-do 0,35 m entre plantas, 0,70 m entre filei-ras simples e 1,10 m entre fileiras duplas.

Os demais tratos culturais (irrigação,desbrota, tutoramento, controle de inva-soras, controle de pragas e de doenças)foram realizados quando se fizeram ne-cessários, sendo uniformes em todas asparcelas e de acordo com as práticas usa-das em lavouras comerciais da região.

A adubação de cobertura foi de 357kg/ha de N e 297 kg/ha de K

2O

(mistura

de sulfato de amônia e cloreto de potás-sio), parcelada em três aplicações aos25, 50 e 75 dias após a amontoa, e maisuma aplicação de 793 kg/ha de nitratode cálcio, 100 dias após a amontoa.

A colheita foi iniciada em 26 de de-zembro, sendo realizada duas vezes porsemana, durante 86 dias. Os frutos decada parcela foram colhidos, classifica-

dos, contados e pesados. Frutos comdiâmetro superior a 50 mm foram con-siderados como comerciais.

Os tratamentos foram avaliados pe-las variáveis produção e número de fru-tos total e comercial. Calculou-se, ain-da, a partir desses dados, o peso médiode frutos, total e comercial.

A análise estatística compreendeu aanálise de variância, pelo teste F, e a com-paração de médias, pelo teste de Duncan,ao nível de 5%. Efetuou-se, também, aanálise de adaptabilidade das cultivaresaos níveis de adubação, através do mé-todo de Eberhart & Russel (1966).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise da variância revelou efei-to significativo dos fatores cultivar eadubo, para número total e comercial defrutos e peso médio total e comercial defrutos. A interação cultivar x adubo foisignificativa somente para o peso mé-dio de frutos (total e comercial). O fatorcultivar mostrou efeito significativo ain-da para produção total e comercial.

O número total e comercial de fru-tos por planta não diferiu estatisticamen-te entre os níveis de 3,5 e 5,0 t/ha deadubo, entretanto foi superior ao nívelde 2,0 t/ha de adubo (Tabela 1). Isto podeser explicado pelo fato das parcelas quereceberam níveis mais altos de aduboterem apresentado um maior crescimen-to vegetativo, possibilitando a formaçãode maior número de inflorescências porplanta e, consequentemente um maiornúmero de frutos.

As cultivares tiveram comportamen-tos distintos no que se refere aos núme-ros total e comercial de frutos. ‘Diva’apresentou maior número de frutos totale comercial, seguida por ‘Max’ e ‘Flora-Dade’. ‘Empire’ e ‘Pacific’ apresentarammenor número de frutos total e comer-cial, não diferindo entre si (Tabela 1).

‘Max’ foi estatisticamente superiora ‘Pacific’, ‘Diva’ e ‘Flora-Dade’ emprodutividade total e comercial, porémnão diferiu de ‘Empire’. As cultivaresEmpire e Pacific, que são as mais plan-tadas na região de Pelotas, não diferi-ram entre si, quanto à produtividadecomercial, com valores de 131,6 t/ha e121,2 t/ha, respectivamente (Tabela 1).

P.R.Z. Santos et al.

37Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

A análise de variância para produ-ção total e comercial revelou efeito sig-nificativo somente para cultivar, mos-trando que os genótipos estudados apre-sentaram diferentes necessidadesnutricionais, em função, talvez de seuteto de produtividade.

A resposta não significativa, na pro-dutividade, para doses de adubo podeser explicada pelo fato de que os níveistestados no experimento são bem supe-riores à atual recomendação para a cul-tura no Rio Grande do Sul e SantaCatarina (Comissão de fertilidade dosolo – RS/SC, 1995). Deve também serconsiderado que o nível de fertilidadeda área experimental foi considerado desatisfatório a bom, de acordo com oscritérios de interpretação da análise dosolo. Por fim, cabe lembrar que todasas parcelas experimentais receberam emcobertura, formulações contendo N e K.Portanto, a diferença esperada na pro-dutividade seria devido ao P, já que osoutros dois nutrientes, pelos teores ini-ciais e ao adicionado em cobertura, nãodeveriam limitar a produtividade. Osdados mostram que a dose mais baixade P já foi suficiente para se obter amáxima produtividade. Se tivesse sidousada uma testemunha sem fertilizante,provavelmente, a resposta seria outra.

A resposta não significativa para adu-bação, em relação à produção total e co-mercial de frutos (Tabela 1), está em con-cordância com resultados obtidos por di-versos autores (Maschio & Souza, 1982;Baungartner et al., 1988). Entretanto ou-tros autores (Smith et al., 1990; Faria &Pereira, 1993) encontraram resposta aníveis crescentes de adubação NPK.

Estes resultados sugerem que parasolos com características semelhantes aousado neste experimento podem ser usa-das como adubação de base as doses de72 kg/ha de N, 328 kg/ha de P

2O

5 e 240

kg/ha de K2O (2,0 t/ha da formulação

3,6-16,4-12). Essa dose é comumenteutilizada pelos tomaticultores da região(Simch, 1995). No entanto, é muito in-ferior à recomendada por Stevens (1997)para o RS, baseado em dados empíricose, às recomendações para tomate tutoradoem São Paulo (Trani, 1996) e para o Cen-tro-Sul do Brasil (Filgueira, 1982). Com-parando-se com a recomendação daROLAS, verifica-se que essa dose é alta.A recomendação seria de 65 e 100 kg/hade P e K, respectivamente. Cabe ressal-tar, entretanto, que a recomendação daROLAS é baseada na cultura de tomaterasteiro, que utiliza o menor níveltecnológico, requerendo menor quanti-dade de nutrientes.

As médias de produção total e co-mercial de frutos (137,3 t/ha e 126,4 t/ha, respectivamente) obtidas neste tra-balho demonstram que a cultura tem umpotencial produtivo bem maior que aprodução média (60 t/ha) obtida na re-gião de Pelotas (Universidade Católicade Pelotas, 1998), sendo bastante supe-rior, entretanto, à média nacional (43,8t/ha) e do Rio Grande do Sul (31,8 t/ha)(Anuário Estatístico do Brasil, 1996).

As cultivares Max, Empire e Pacifictiveram pesos médios total e comercialde frutos diminuídos com o incrementona quantidade de adubo de 2,0 para 5,0t/ha, concordando com os resultadosobtidos por Gupta & Shukla (1977), paraNP, Maschio & Souza (1982), para PK,e Smith et al. (1990), para NPK.

As cultivares Empire e Pacific desta-caram-se com relação ao peso médio defrutos (total e comercial), sendo estatis-ticamente superiores às demais. ‘Flora-Dade’ e ‘Max’ apresentaram comporta-mento intermediário. Entre as cultivarestestadas, Diva foi a que apresentou me-nor peso médio total e comercial.

O peso médio dos frutos das culti-vares Empire e Pacific observado nestetrabalho é um pouco inferior aos relata-dos por Peixoto et al. (1996), para a cul-tivar Empire, no Triângulo Mineiro, epor Silva Júnior et al. (1995), para acultivar Pacific, no Litoral Catarinense.

Os resultados de número de frutos(Tabela 1) e de peso médio (Tabelas 2)mostram que houve diferenças entre ascultivares, independente do nível deadubação, sugerindo que essas são ca-racterísticas próprias de cada cultivar.No entanto, cultivares que produzemgrande número de frutos, apresentamtambém menor peso médio, confirman-do os resultados de Maschio & Souza(1982). Valores semelhantes foram ob-tidos por Postingher (1995), em Pelotas,com médias entre 27,5 e 29,2 frutos porplanta, para cultivares de hábito de cres-cimento indeterminado.

O peso médio de frutos é uma ca-racterística importante, pois o principalcritério de classificação do tomate é ba-seado no tamanho. Produzindo frutos detamanho reduzido, o tomaticultor temdificuldade em colocar o produto nomercado, de forma competitiva.

Como a interação cultivar x adubofoi significativa para a variável pesomédio de frutos, realizou-se análise deadaptabilidade, pelo método de Eberhart

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Tabela 1. Número de frutos comerciais por planta e produtividade comercial de cinco cultivares de tomate salada tutorado, em função detrês níveis de adubação NPK (3,6-7,2-10). Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 1996.

*/ Médias seguidas das mesmas letras, minúsculas na coluna e maiúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Duncan, ao nível de5% de probabilidade.

Cultivar e adubação NPK na produção de tomate salada.

38 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

& Russel (1966). Nesta análise de re-gressão, o coeficiente (b) indica a res-posta dos genótipos a condições do am-biente. Para cada cultivar, foi calculadaa regressão linear do peso médio de fru-tos em relação à média de peso de fru-tos de todas as cultivares (Tabela 3).‘Pacific’ apresentou b > 1, que indicaadaptação restrita aos níveis baixos deadubação. ‘Flora-Dade’ e ‘Diva’ (b <1) mostraram-se mais adaptadas a do-ses altas de adubação. Estes genótiposnão foram afetados de modo significa-tivo no peso médio com o aumento dosníveis de adubação.

A cultivar Empire, para peso médiototal e comercial, e Max, para peso mé-dio total, apresentaram valores de bmuito próximos à unidade, sugerindoampla adaptabilidade às diferentes do-ses de adubo (Tabela 3).

Os resultados envolvendo ‘Pacific’,melhor adaptada a níveis mais baixosde adubação, e ‘Empire’, de ampla adap-tabilidade, explicam o bom desempenho

dessas cultivares na região de Pelotas,onde se utiliza níveis de adubação debaixos a médios, quando comparadosaos níveis testados neste trabalho.

Nas condições do presente trabalho,as cultivares Empire e Pacific foramsuperiores à Flora-Dade, Max e Diva,quanto ao peso médio total e comercialde frutos. O número de tomates produ-zido por planta aumentou com o nívelde adubação, enquanto que o peso mé-dio de frutos diminuiu, porém sem alte-rar a produção. As cultivares apresen-taram resposta diferencial aos níveis deadubação para peso médio de frutos.

LITERATURA CITADA

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Tabela 2. Peso médio total e de frutos comerciais de cinco cultivares de tomate salada tutorado, em função três níveis de adubação NPK(3,6-7,2-10). Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 1996.

*/ Médias seguidas das mesmas letras, minúsculas na coluna e maiúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Duncan, ao nível de5% de probabilidade.

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Tabela 3. Análise de adaptabilidade, quanto ao peso médio de frutos (g/fruto), de cincocultivares de tomate salada tutorado, em função do uso de três níveis de adubação NPK (3,6-7,2-10). Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 1996.

*/ Coeficiente de regressão linear obtido da regressão da média de peso médio de frutos dascultivares na média de peso médio de frutos dos níveis de adubação para cada cultivar (b >1 significa adaptação restrita aos níveis baixos de adubação; b < 1 indica adaptação aosníveis altos de adubação; b = 1,0 indica adaptação ampla aos diferentes níveis de adubação).

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O cultivo do quiabeiro (Abelmoschusesculentus (L.) Moench) é realiza-

do predominantemente, por meio de se-meadura direta, onde são colocadas dequatro a cinco sementes/cova (Minamiet al., 1997) ou até mesmo de cinco aoito, conforme as recomendações téc-nicas para o Estado de São Paulo (Jorge

MODOLO, V.A.; TESSARIOLI NETO, J.; ORTIGOZZA, L.E.R. Produção de frutos de quiabeiro a partir de mudas produzidas em diferentes tipos debandejas e substratos. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 39-42, março 2.001.

Produção de frutos de quiabeiro a partir de mudas produzidas em dife-rentes tipos de bandejas e substratos1 .Valéria A. Modolo; João Tessarioli Neto; Luís Enrique R. OrtigozzaESALQ, C. Postal 9, 13.418-900, Piracicaba - SP. E.mail: [email protected]

RESUMO

Com o objetivo de avaliar a produção comercial de frutos dequiabeiro a partir de plantas originadas do transplante de mudas,instalou-se um experimento na ESALQ em Piracicaba. Na produ-ção de mudas, que ocorreu em ambiente protegido, foram utilizadostrês tipos de bandeja, que diferiam entre si pela altura e volume dascélulas, associadas a quatro diferentes substratos, que eram varia-ções de uma mistura comercial (denominada GII). O delineamentoexperimental foi de blocos ao acaso, com quatro repetições, no es-quema fatorial 3x4 (três tipos de bandeja e quatro variações dosubstrato), perfazendo um total de doze tratamentos. Foram trans-plantadas 30 mudas/tratamento, obedecendo ao espaçamento de0,5x1,0 m. Cada parcela experimental foi constituída por cinco fi-leiras de 3,0 m de comprimento totalizando a área de 15 m2. A co-lheita foi iniciada 49 dias após o transplante, sendo colhidos frutosde tamanho comercial (8 – 10 cm de comprimento) das doze plantascentrais. Foram avaliados número e peso total dos frutos. Foi obser-vada maior produtividade em plantas originadas de mudas prove-nientes das bandejas de maior tamanho, independentemente dosubstrato utilizado. A menor produtividade ocorreu quando nosubstrato foi adicionado casca de arroz carbonizada na proporção1:1 ao produto comercial GII, independentemente do tipo de bande-ja utilizada.

Palavras-chave: Abelmoschus esculentus, transplante, recipien-tes, substrato.

ABSTRACT

Influence of different tray cell sizes and substrates on theproduction of okra plantlets and fruits.

This study proposed to evaluate the production of okra fieldsestablished by using seedling transplant. The experiment was carriedout in a greenhouse at the Escola Superior de Agricultura “Luiz deQueiroz” in São Paulo, Brazil. Trays with different cell size wereused in the okra seedling production. The substrates used were ablend of a commercial mixture (Gioplanta). A completely randomizedblock design, with 3 x 4 factorial arrangement (3 types of trays and4 different substrates) was used, in a total of 12 treatments. In thefield 30 seedlings per each treatment were transplanted using 1,0 mbetween rows and 0,5 m within each plant in the row. Each plot wasconstituted by 5 rows of 3,0 m and area of 15 m2. Commercial fruitssize (8 – 10 cm length) were harvested from the 12 central plants 49days after seedling transplanting. Number and fruit weight wereevaluated. In the field the plants grown in largest cell volumeproduced more fruits than plants from small cell volume, regardlessof the substrate. The lowest yield was obtained when GII andcarbonized rice hulls were mixed (1:1) in the seedling production,independently of the tray type used.

Keywords: Abelmoschus esculentus, transplant, container,substrate.

(Aceito para publicação em 19 de janeiro de 2.001)

et al., 1990), consumindo assim de 4 a8 kg de sementes/ha. Este gasto exces-sivo de sementes deve-se ao fato destasapresentarem dormência devido àimpermeabilidade do tegumento(Medina, 1971), que promove uma ger-minação desuniforme e demorada. Estefato é acentuado quando a semente pos-

sui menos de 12% de umidade relativa,o que pode ocorrer quando é submetidaa um período de secagem muito prolon-gada ou armazenamento em local comumidade relativa inferior a 60%(Minami et al., 1997). Outro fator im-portante no início do cultivo é a exigên-cia de temperaturas elevadas, pois a tem-

1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, ESALQ/USP, Piracicaba – SP.

Cultivar e adubação NPK na produção de tomate salada.

40 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

peratura ótima para germinação das se-mentes é de 21 a 35OC (SementesHortec, 1995). Dependendo da regiãoestas condições ocorrem somente emalgumas épocas do ano, o que restringea época de plantio da cultura.

A produção de mudas pode ser umaalternativa quando as sementes de umadeterminada espécie ou variedade sãomenos vigorosas e necessitam de maio-res cuidados na fase de germinação eemergência (Minami, 1995).

Existem no mercado diversos mo-delos de bandejas de isopor com célu-las de formas e volumes diferentes, comprofundidades de 47, 60 ou 120 mm. Domesmo modo, estão disponíveis váriasformulações de substratos, produzidosespecialmente para a produção de mu-das olerícolas. Porém, o estudo do vo-lume e da altura adequada do recipien-te, assim como do substrato para cadaespécie é de grande importância paraque não ocorram prejuízos no desenvol-vimento da cultura após o transplante,bem como na sua produção.

Estudos realizados por Ruff et al.(1987) mostraram que houve redução nodesenvolvimento e alterações namorfologia do sistema radicular de plan-tas de tomate quando estas foram pro-duzidas em diferentes tipos de recipien-te. Weston & Zandstra (1986), avalia-ram diversos tamanhos de bandejas naprodução de mudas de tomate e verifi-caram que após o transplante das mu-das para o campo, plantas provenientesde mudas formadas em bandejas comcélula de maior volume começavam aproduzir mais cedo que aquelas prove-nientes de células de menor volume, nãohavendo porém diferença entre as pro-duções totais. Isto foi atribuído ao me-nor trauma sofrido pelas raízes duranteo transplante, pois as plantas originadasde células maiores apresentavam siste-ma radicular mais desenvolvido. Emberinjela, além da precocidade de pro-dução, houve diferença na produtivida-de pois as mudas provenientes de célu-las maiores apresentaram aumento naprodução (Gorski & Wertz, 1985).Nicklow & Minges (1963) e Knavel(1965) verificaram que mudas provenien-tes de células de maior volume apresen-tavam mais folhas, maior taxa de desen-volvimento após o transplante e preco-

cidade na produção. Verifica-se portanto,que a interferência do tamanho do recipi-ente na produtividade pode variar de acor-do com a hortaliça considerada.

O objetivo deste experimento foiavaliar a produção de frutos de quiabei-ro a partir de mudas produzidas em trêstipos de bandejas e quatro tipos desubstrato.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido naEscola Superior de Agricultura “Luiz deQueiroz”. Para a produção de mudas dequiabeiro cultivar Santa Cruz - 47, emambiente protegido, foram utilizadasbandejas de isopor de três tipos: T1 (72cm3 de volume, 12 cm de altura e 128células); T2 (36 cm3 de volume, 6 cmde altura e 128 células) e T3 (16 cm3 devolume, 4,7 cm de altura e 200 células),associadas a quatro substratos constituí-dos basicamente de uma formulaçãocomercial, denominada pelo fabricantecomo GII (Gioplanta - Comércio e Re-presentação Agrícola Ltda.) e compos-to pela mistura de casca de pinuscompostada, casca de arroz carboniza-da, vermiculita grossa número doze,calcário dolomítico e uma adubaçãobásica composta por fertilizante 4-14-8, FTE-BR9 e Superfosfato Simples.Nesta formulação foram feitas diferen-tes associações com outros materiais e/ou com suplementação de adubação. Osubstrato denominado A foi compostosomente da formulação do fabricante.Para aquele denominado B, na formu-lação do fabricante foram acrescentadassuplementações minerais durante a for-mação da muda. Para o substrato C foiencomendado ao fabricante o produtoGII sem a adubação básica e tambémforam realizadas as suplementaçõesminerais, semelhante ao substrato B. Nosubstrato D foi adicionada casca de ar-roz carbonizada na proporção 1:1 aoproduto comercial GII e suplementaçãomineral durante a formação da muda.Estas suplementações adotadas nossubstratos B, C e D consistiram da apli-cação de 300 ml/bandeja do adubo so-lúvel Petters, na concentração 1 g/l emintervalo de 6 dias. A composição deelementos deste adubo é: 20% N; 10%P; 20% K; 0,15% Mg; 0,02% B; 0,01%

Cu; 0,1% Fe; 0,056% Mn; 0,01% Mo e0,0162% Zn.

A semeadura ocorreu em 09/02/1997e o transplante das mudas após 31 dias,adotando-se o espaçamento de 0,5 mentre plantas e 1,0 m entre linhas. Se-gundo Vidal-Torrado & Sparovek(1993), o solo desta área é descrito comoTerra Roxa Estruturada Eutrófica Amoderado textura argilosa sobre muitoargilosa, correspondente aoKandiudalfic Eutrudox.

Nas primeiras semanas após o trans-plante, a irrigação por aspersão foi rea-lizada quase que diariamente e após opegamento das mudas no campo estasforam realizadas em intervalos maiores(duas a três vezes por semana). A adu-bação de cobertura foi realizada aos 30e 60 dias após o transplante, empregan-do-se 10 g/planta de nitrocálcio. Efe-tuou-se o controle de pragas e doençasconforme necessário e para o controlede plantas daninhas foram realizadascapinas manuais, com intervalo de apro-ximadamente quinze dias, durante todoo ciclo da cultura.

O delineamento experimental foiblocos ao acaso no esquema fatorial 3 x4. Os tratamentos consistiram da com-binação dos quatro diferentes substratos(A, B, C e D) aos três tipos de bandeja(T1, T2 e T3). Cada parcela foi com-posta por 30 mudas numa área de 15 m2

(5 fileiras com 6 plantas). Como áreaútil foram consideradas as doze plantascentrais desprezando-se as linhas late-rais como bordadura. Os critérios deavaliação foram número e peso total dosfrutos por planta.

Foram efetuadas sete colheitas sen-do a primeira aos 49 dias após o trans-plante das mudas para o campo, quandoos frutos apresentavam padrão comercial,ou seja, 8 a 10 cm de comprimento.

Os frutos de cada parcela foram con-tados e pesados em balança de precisãoe as médias foram comparadas pelo Tes-te de Tukey ao nível de 5% de probabi-lidade, de acordo com Gomes (1990).Na análise dos dados utilizou-se o pro-grama computacional SAS (StatisticalAnalysis System Institute, 1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃOAs plantas originadas das mudas

provenientes das bandejas com célulasde maior volume (T1 e T2), produziram

V.A. Modolo et al.

41Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

maior quantidade de frutos que aquelasprovenientes de bandeja com células demenor volume (T3), independentemen-te do substrato utilizado (Tabela 1). Asmudas produzidas na bandeja com cé-lulas de volume intermediário (T2) nãodiferiram daquelas produzidas nas de-mais bandejas. O mesmo comportamen-to que ocorreu com a produção em nú-mero de frutos foi verificado tambémpara a produção em peso (Tabela 2).Estes resultados estão em concordanciacom aqueles obtidos por Gorski & Wertz(1985) em berinjela, onde também houvediferença na produção de frutos quandoas mudas transplantadas eram proveni-entes de bandejas com células de maiorvolume. Weston & Zandstra (1986), nãoobservaram este comportamento na cul-tura do tomate. Estes autores constata-ram que as plantas provenientes de ban-dejas cujo volume de célula era maiorcomeçaram a produzir mais cedo, en-tretanto, não diferiram na produção to-tal. Sendo assim, a interferência do ta-manho do recipiente na produtividadepode variar de acordo com a hortaliça.

É importante ressaltar que antes dotransplante, ao se comparar os doze ti-pos de mudas estudadas, constatou-seque aquelas produzidas na bandeja demaior volume celular (T1) apresentarammaior desenvolvimento. É possível queestas mudas pudessem ter sido trans-plantadas mais cedo, considerando-seque após o transplante houve um certoíndice de tombamento que pode ser de-vido ao tamanho da muda no momentodo transplante.

Quanto aos substratos pode-se ob-servar que aquelas mudas formadas uti-lizando casca de arroz carbonizada, naproporção 1:1, originaram plantas queproduziram menor quantidade em pesoe em número de frutos, independente-mente do tipo de bandeja (Tabelas 1 e2). Também foi observado que além dosubstrato D ter proporcionado mudas demenor tamanho, no momento do trans-plante houve dificuldade na retiradadestas mudas das bandejas, pois nãohouve formação de torrão. Os demaissubstratos não diferiram entre si.

Como informação complementar, ob-servou-se que o sistema de produção demudas em bandeja, de uma forma geral,possibilita maior uniformidade de germi-

nação, diminuindo assim os problemas dedormência das sementes de quiabeiro.

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Tabela 1. Número total de frutos/planta de quiabeiro, referentes às mudas formadas emdiferentes tipos de bandejas e substratos. Piracicaba, ESALQ, 1997.

1 T1, T2, T3: bandejas com 128 células e 72 cm3 de volume; 128 células e 36 cm3 de volumee 200 células e 4,7 cm3 de volume, respectivamente.2 A, B, C e D: substratos compostos pela formulação GII; formulação GII + suplementaçãomineral; formulação GII sem adubação básica do fabricante + suplementação mineral; for-mulação GII + casca de arroz carbonizada na proproção 1:1 + suplementação mineral, res-pectivamente.3 Médias seguidas por letras diferentes, maiúscula na linha e minúscula na coluna, diferementre si pelo teste de Tukey a 5%.CV = 14, 45%

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Tabela 2. Produção total (em gramas), de frutos/planta de quiabeiro referentes às mudasformadas em diferentes tipos de bandejas e substratos. Piracicaba, ESALQ, 1997.

1 T1, T2, T3: bandejas com 128 células e 72 cm3 de volume; 128 células e 36 cm3 de volumee 200 células e 4,7 cm3 de volume, respectivamente.2 A, B, C e D: substratos compostos pela formulação GII; formulação GII + suplementaçãomineral; formulação GII sem adubação básica do fabricante + suplementação mineral; for-mulação GII + casca de arroz carbonizada na proproção 1:1 + suplementação mineral,respectivamente.3 Médias seguidas por letras diferentes, maiúscula na linha e minúscula na coluna, diferementre si pelo teste de Tukey a 5%.CV = 16, 91%

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Produção de frutos de quiabeiro a partir de mudas produzidas em diferentes tipos de bandejas e substratos.

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Armazenamento de dois genótipos de melão amarelo sob condições ambiente.Josivan B. Menezes; Julio Gomes Junior; Sebastião E. Araújo. Neto; Adriano do N. SimõesESAM; Km 47, BR 110, Costa e Silva, C. Postal 137 59.625-900 Mossoró-RN. E-mail: [email protected]

RESUMOCom o objetivo de avaliar a qualidade pós-colheita de dois

genótipos de melão amarelo (TSX 32096 e SUNEX 7057) armazena-dos sob condições ambiente (30,0 ± 1°C e 50,0 ± 5% de umidaderelativa), instalou-se experimento em Mossoró (RN), com frutos pro-venientes do Agropólo Mossoró – Assu, (RN). O clima dessa região équente e seco, com precipitação pluviométrica de 423 mm, tempera-tura máxima e mínima de 33 e 29°C, respectivamente. O solo da áreaexperimental é do tipo Podzólico Vermelho-Amarelo EquivalenteEutrófico. Os frutos foram colhidos nas primeiras horas da manhã noestádio de maturação comercial. Imediatamente após a colheita e se-leção (frutos com boas características externas de qualidade) os me-lões foram embalados e transportados para o Laboratório de Análisesde Frutos e Hortaliças do Departamento de Química e Tecnologia daEscola Superior de Agricultura de Mossoró, onde foram armazena-dos à temperatura de 30,0 ± 1°C e 50,0 ± 5% de umidade relativa poraté 49 dias. As avaliações foram feitas a intervalos de 7 dias. Montou-se o experimento em delineamento inteiramente casualizado em es-quema fatorial do tipo 2 x 8 (genótipos x tempo de armazenamento)com 3 repetições, cada parcela composta por 3 frutos. Foram avalia-das as seguintes características: firmeza da polpa, perda de peso, apa-rência (externa e interna), acidez total titulável, pH, o conteúdo desólidos solúveis totais, vitamina C total e os açúcares solúveis (redu-tores, não-redutores e totais). Houve interação significativa entre osfatores estudados (temperatura x tempo de armazenamento) para afirmeza da polpa, aparência interna e teor de açúcares solúveis (redu-tores, não-redutores e totais). Os resultados revelam aumento regularna perda de peso e um declínio na firmeza da polpa durante o períodoexperimental. Os dois genótipos apresentaram redução na firmeza dapolpa e da qualidade externa e interna até o final do período experi-mental, no entanto, o genótipo TSX 32096 apresentou uma firmezade polpa mais elevada e uma melhor aparência interna. A firmeza dapolpa aos 42 dias de armazenamento foi de 18,40N e 15,38N para osgenótipos TSX 32096 e SUNEX 7057, nesta ordem. A perda de pesoaos 42 e 49 dias de armazenamento foi de 4,60% e 5,12%, respectiva-mente. Houve redução da acidez total titulável, do conteúdo de sóli-dos solúveis totais e da vitamina C total para os dois genótipos. Oconteúdo de açúcares totais sofreu um acréscimo (variação de 6,8%para 8,2%) e um declínio (variação de 9,5% para 8,8%) durante oarmazenamento, para os genótipos TSX 32096 e SUNEX 7057, nestaordem. De acordo com os dados, os genótipos TSX 32096 e SUNEX7057 apresentaram uma vida útil pós-colheita de 42 dias sob condi-ções ambiente (30,0 ± 1°C e 50,0 ± 5% de umidade relativa).

Palavras-chave: Cucumis melo L., armazenamento, qualidade.

ABSTRACT

Storage of yellow melons, genotypes TSX 32096 and SUNEX7057, at room temperature.

The purpose of this research was to examine the postharvest qualityof two yellow melon genotypes TSX 32096 and SUNEX 7057, atroom temperature (30,0 ± 1°C and at relative humidity of 50,0 ± 5%).The experiment was carried out in Mossoró, Brazil, with fruitsproduced at Pólo Agrícola Mossoró–Assu. The region is characterizedby hot dry summer with maximum and minimum temperature of 33ºCand 29ºC, respectively. Fruits were harvested at the stage of commercialmaturity. Immediately after harvesting and selection (fruits presentinggood external characteristics of quality) were transported to Mossoróand were stored during 49 days. The analyses were conducted at seven-day-intervals. A 2 x 8 factorial in completely randomized design withthree replications was used. The factorial consisted of two genotypes(TSX 32096 and SUNEX 7057) and eight storage periods (0, 7, 14,21, 28, 35, 42 and 49 days). The following traits were evaluated duringthis period: pulp firmness, weight loss, external and internal aspect,titratable acidity, pH, soluble solids contents, total vitamin C and solublesugars (reducing, non-reducing and totals). A significant interactionwas observed among the factors cultivars x time during storage forpulp firmness, internal aspect and soluble sugars (reducing, non-reducing and totals). The results of this study showed regular increaseof weight loss and decline of pulp firmness during storage. The firmnessof the pulp tissue and external and internal quality declined duringstorage for two cultivars, however, the cultivar TSX 32096 showed asignificantly higher pulp firmness and better internal aspect. The valuesfor pulp firmness at 42 days of storage was18,40 N and 15,38 N forcultivars TSX 32096 and SUNEX 7057, respectively. The weight lossobserved at 42 and 49 days of storage was 4,60% and 5,12% for thetwo cultivars. A decline of titratable acidity, soluble solids contentsand total vitamin C for two cultivars was observed. The total sugarsincreased (6,8% to 8,2%) and decline (9,5% to 8,8%) during fruitsstorage of cultivars TSX 32096 and SUNEX 7057, respectively. Fruitsof TSX 32096 and SUNEX 7057 melon presented 42 days of shelflife (30,0 ± 1°C and at relative humidity of 50,0 ± 5%).

Keywords: Cucumis melo L., storage, quality.

(Aceito para publicação em 01 de dezembro de 2.000).

O melão (Cucumis melo L.) é deri-vado de formas nativas encontra-

das na Índia (Salunke & Desai, 1984).Apresenta plantas anuais, herbáceas,

caule prostrado, com número de hastese ramificações variáveis em função dacultivar (Pedrosa, 1997). Os frutos cul-tivados apresentam considerável varia-

ção de tamanho, forma e peso; a cascapode apresentar-se lisa, enrugada, tipo“rede” ou em forma de gomos. Os fru-tos imaturos são normalmente verdes e

V.A. Modolo et al.

43Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

quando maduros mudam para amarelo,dependendo da cultivar. É uma das es-pécies olerícolas de maior expressãoeconômica e social para a região Nor-deste do Brasil, gerando cerca de 20.000a 30.000 empregos diretos, sem contarcom aqueles relacionados com o trans-porte, comercialização e venda deinsumos (Pedrosa, 1997).

Esse interesse tem sido estimuladopela crescente exportação e condiçõesótimas de clima para o desenvolvimen-to dessa cultura. A alta luminosidade,os baixos índices pluviométricos (comexceção do período de janeiro a maioque é a estação chuvosa) e a baixa umi-dade relativa do ar, além da inexistênciada mosca-das-frutas, permitem uma pro-dução durante quase todo o ano.

No Brasil, a produção de melão con-centra-se na região Nordeste de modoespecial nos Estados de Pernambuco,Bahia, Paraíba, Ceará e Rio Grande doNorte, onde 90% da área total plantadaé responsável por cerca de 91% da pro-dução nacional (Dias et al. 1998). Em1998 as 58.900 toneladas exportadasderam ao Estado do Rio Grande do Nor-te o título de líder nacional, com 91%de participação no mercado, com um au-mento de 34,2% em volume com rela-ção a 1996.

A qualidade de um produto agrícola(fruto ou hortaliça) pode ser definidaatravés de critérios de qualidade. Estesincluem propriedades nutricionais (vi-taminas, proteínas, carboidratos etc.),higiênicas (condição microbiológica,conteúdo de componentes tóxicos, etc.),tecnológicas (capacidade dearmazenamento) e sensoriais (aparência,aroma, textura etc.). Quando se conhe-ce o critério que caracteriza a qualidadede um produto utiliza-se métodos demensuração que variam desde técnicasinstrumentais avançadas até análise sen-sorial (Menezes, 1996).

Em melão, o termo qualidade na pré-colheita tem sido relacionado a diferen-tes características, sendo as mais estu-dadas a firmeza da polpa, o conteúdode sólidos solúveis totais (SST), a ava-liação subjetiva relacionada à aparência(externa e interna), o conteúdo de açú-cares solúveis (redutores, não-redutorese totais), bem como, a perda de peso e ovalor nutricional (conteúdo vitamínico).

O conteúdo de SST, definido como apercentagem de sólidos solúveis no sucoextraído da polpa, é um fator tradicio-nalmente usado para assegurar a quali-dade do melão, embora em alguns ca-sos seja considerado como um indica-dor de qualidade falho (Menezes et al.,1998b). A importância do SST na qua-lidade dos frutos é relatada por Cohen& Hicks (1986), que comprovaram umaforte correlação entre o SST e a aceita-ção, doçura e aroma.

Yamaguchi et al. (1977), em estudosobre a correlação entre análise senso-rial e SST em cantaloupe, determinaramoutros atributos de qualidade, tais como:firmeza da polpa, aparência (interna eexterna) e compostos voláteis.

A firmeza da polpa é um dos princi-pais atributos de qualidade em frutos.Suas propriedades mecânicas de resis-tência dos tecidos se correlacionam comas características estruturais do conglo-merado celular, sendo também um dosrecursos mais utilizados no acompanha-mento do amolecimento dos frutos, umavez que sofre alterações durante esteprocesso (Tucker, 1993), sendo umaocorrência importante noarmazenamento de frutos e hortaliças.Dos atributos de qualidade, a textura secaracteriza como um dos mais impor-tantes, constituindo-se, portanto, em umdos desafios da fisiologia pós-colheitapara manutenção da integridade dos fru-tos. Sob o ponto de vista de manuseiopós-colheita, a textura é essencial, emrazão de frutos com maior firmeza se-rem mais resistentes às injúrias mecâ-nicas durante o transporte ecomercialização (Grangeiro, 1997).Mutton et al. (1981) concluíram, a par-tir de modelos matemáticos que o nívelmínimo sugerido para a firmeza da pol-pa por ocasião da colheita dos melões‘PMR 45’, ‘Goldpack’ e ‘Gulfstream’deve estar entre 9,80 N e 19,60 N.

A vitamina C é muito encontrada noreino vegetal e recebe o nome de ácidoascórbico, forma principal de atividadebiológica. Ao se oxidar, o ácidoascórbico transforma-se em ácidodehidroascórbico, que também possuiatividade de vitamina C. O requerimentodiário do homem em vitamina C se en-contra na faixa de 50 mg. O conteúdode vitamina C total em melão é relati-

vamente baixo quando comparado comoutras culturas como o caju, abacaxi,manga e acerola. Os frutos constituema fonte natural mais importante de vita-mina C (ácido ascórbico) para os sereshumanos, e os que se destacam pelo altoconteúdo desse ácido são: acerola, caju,mamão, goiaba, citrus, morango, man-ga, caqui, kiwi, maracujá e tomate(Awad, 1993). Evensen (1983) conside-rou o conteúdo de ácido ascórbico umimportante fator de qualidade para ascultivares Superstar, Classic, Roadside,Star Headliner, Star Trek e Harvest Pridedurante o armazenamento. Dhiman et al.(1995) reportaram que o teor de ácidoascórbico pode ser usado como forma deavaliar a qualidade de diferentes cultiva-res de melão. Kader (1992), Salunke &Desay (1984) e Cohen & Hicks (1986)levaram em consideração critérios visuais,organolépticos, texturais e nutritivos.Artés et al. (1993) ampliaram os critériosde qualidade para o melão, estudandopeso, tamanho, forma, espessura da cas-ca, proporção da porção comestível, fir-meza, SST, pH, acidez total titulável,açúcares redutores e não-redutores, alémdo índice de formol, nutrientes mineraise velocidade de respiração.

Como o consumidor não pode jul-gar com confiabilidade a qualidade domelão (conteúdo de açúcar) pela apa-rência externa, há necessidade de se in-troduzir padrões de mercado que servempara prevenir a venda de frutos de baixaqualidade. Isso indica que há inúmerosfatores relacionados com a qualidadepós-colheita do melão, e que o não en-tendimento por parte dos produtorespoderá desvalorizar substancialmente oproduto a nível de consumidor.

Na região Nordeste há predomíniodo cultivo de melão do grupo inodorus,devido ao seu maior potencial de con-servação pós-colheita (25 a 30 dias) emrelação às cultivares dos gruposreticulatos e cantaloupe (Souza et al.,1994), as duas últimas não alcançandoquatorze dias de vida útil pós-colheitasob condições ambiente. Diversosgenótipos estão sendo plantados no RioGrande do Norte, dentre eles, o ‘GoldMine’, ‘AF 646’, ‘AF 682’ e ‘Piel deSapo’, todos pertencentes ao grupoinodorus. Anualmente, verifica-se a in-trodução de diversos genótipos de me-lão com o objetivo de diversificar o pro-

Armazenamento de dois genótipos de melão amarelo sob condições ambiente.

44 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

duto a ser oferecido aos mercados in-terno e externo. O conhecimento sobreo comportamento pós-colheita dessesnovos materiais é fundamental para queo produtor possa decidir sobre a sua in-trodução em plantios comerciais, hajavisto que os principais mercados con-sumidores (Região Sudeste do Brasil eEuropa) necessitam que o produto apre-sente bom potencial de conservação pós-colheita.

A importância econômica da cultu-ra tem estimulado a intensificação daspesquisas nos últimos anos sobre fisio-logia, bioquímica e tecnologia pós-co-lheita do fruto (Menezes et al., 1997).

O presente trabalho objetivou avaliaro potencial de conservação pós-colhei-ta dos genótipos TSX 32096 e SUNEX7057 armazenados à temperatura de30,0 ± 1°C e umidade relativa de 50,0 ±5%, através de características represen-tativas de qualidade.

MATERIAL E MÉTODOS

Os frutos foram obtidos de plantiocomercial localizado no AgropóloMossoró–Assu, (RN). O clima dessaregião é quente e seco, com precipita-ção pluviométrica de 423 mm, tempe-ratura máxima e mínima de 33 e 29°C,respectivamente. O solo da área experi-mental é do tipo Podzólico Vermelho-Amarelo Equivalente Eutrófico. Co-lheu-se os frutos no estádio dematuração comercial, adotando-se comocritério para a colheita um conteúdomínimo de sólidos solúveis totais (SST)de 8,0% e boas características visuais(externa e internamente). Em seguida,os frutos foram conduzidos ao Labora-tório de Pós-colheita de Frutos e Horta-liças do Departamento de Química eTecnologia da ESAM, onde foram pe-sados, selecionados (eliminando-se osfrutos portadores de imperfeições) e ar-mazenados em uma sala com ar condi-cionado à temperatura de 30,0 ± 1°C eumidade relativa de 50,0 ± 5% por até49 dias.

As avaliações foram realizadas emintervalos regulares de sete dias. A per-da de peso foi determinada em relaçãoao peso inicial dos frutos (1.997g e1.821g para os genótipos TSX 32096 eSUNEX 7057, respectivamente) por

ocasião da colheita e àqueles obtidos emcada intervalo de amostragem. Os re-sultados foram expressos em percenta-gem (%). Para a avaliação da firmezada polpa, o fruto foi dividido longitudi-nalmente em duas partes, sendo que emcada uma das metades procedeu-se duasleituras na polpa (em regiões opostas)com penetrômetro de marca McCormick modelo FT 327 com ponteirade 8 mm de diâmetro. Os resultadosobtidos em libras (lbf) foram transfor-mados para Newton (N) utilizando-se ofator de conversão 4,45.

A avaliação da aparência externa einterna foi realizada utilizando-se umaescala visual e subjetiva. A escalacorresponde a notas variando de 1 a 5,atribuídas por três pessoas treinadas, deacordo com a severidade dos defeitos(nota 1 = defeitos extremamente severosem mais de 50% da área do fruto; nota 2= defeitos severos em 31 a 50% da áreado fruto; nota 3 = defeitos moderados em11 a 30% da área do fruto; nota 4 = de-feitos leves em 1 a 10% da área do frutoe, nota 5 = ausência de defeitos). Consi-derou-se como fruto inadequado para acomercialização aquele cuja nota apre-sentou valor igual ou inferior a 3,0 paraquaisquer das avaliações.

A acidez total titulável (ATT) foideterminada em duplicata utilizando-seuma alíquota de 25 ml de suco, ao qualadicionou-se 75 ml de água destilada e5 gotas de fenolftaleína alcoólica a1,0%. A seguir procedeu-se a titulaçãoaté o ponto de viragem com solução deNaOH a 0,1 M, previamente padroni-zada. Os resultados foram expressos empercentagem de ácido cítrico, conformemetodologia proposta por Artés etal.(1993). O potencial hidrogeniônico(pH) foi determinado no suco em dupli-cata, utilizando-se um potenciômetrodigital modelo DMPH-2 Digimed.

O conteúdo de sólidos solúveis to-tais foi determinado no suco, apóshomogeneização da polpa em liqüidifi-cador doméstico e posterior filtração,por refratometria utilizando-se umrefratômetro digital modelo PR-100Palette (Attago Co., Ltd, Japan). Os re-sultados foram expressos em percenta-gem, conforme metodologia propostapor Kramer (1973). O conteúdo de vi-tamina C total foi determinada através

da titulação com iodato de potássio e osresultados expressos em mg/100 mL desuco, conforme metodologia propostapelo Instituto Adolfo Lutz (1985).

As determinações dos açúcares so-lúveis totais extraídos do suco foramrealizadas com o suco tendo sido man-tido em freezer por um período máxi-mo de 24 horas sendo os açúcares redu-tores e não redutores analisados pelométodo de Somoghy-Nelson(Southgate, 1991). Os resultados foramexpressos em percentagem.

O delineamento experimental foiinteiramente casualizado, em esquemafatorial 2 x 8 , onde o primeiro fator re-feriu-se aos genótipos (TSX 32096 eSUNEX 7057) e, o segundo, aos inter-valos de armazenamento (0, 7, 14, 21,28, 35, 42 e 49 dias). Foram utilizadastrês repetições com três frutos por par-cela, totalizando cento e quarenta e qua-tro frutos no experimento. Os resulta-dos foram submetidos à análise devariância através do software SPSSPC(Norusis, 1990) e detectada interaçãosignificativa procedeu-se a regressãopolinomial através do software TableCurve (Jandel Scientific, 1991).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve efeito significativo da interação(p<0,05) para as variáveis firmeza da pol-pa, aparência interna e açúcares solúveis(redutores, não-redutores e totais).

Observou-se um decréscimo linearacentuado na firmeza da polpa para osdois genótipos (Figura 1). O genótipoTSX 32096 foi o que apresentou maiorfirmeza da polpa ao longo de todo perío-do experimental, com uma firmeza mé-dia de 24,14 N, sendo 29% superior àfirmeza do SUNEX 7057. A firmezainicial foi de 32,18 amaciando acentua-damente para 16,08 N, correspondendoa uma redução de 53% na sua firmeza.O genótipo SUNEX 7057 teve uma fir-meza média de 18,72 N sofrendo umaredução de 40% (23,39N a 14,04 N), doinício ao final do período experimental,nesta ordem. A menor firmeza da polpaproporcionada pelo SUNEX 7057 foiprovavelmente devido à característicasdo ponto de colheita já que o TSX 32096foi colhido num estádio em que a cor dacasca se apresentava amarelo–verdosa,

J.B. Menezes et al.

45Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

enquanto que o SUNEX 7057 foi colhi-do no estádio amarelo. Segundo Tucker(1993), a perda de turgor (desidrataçãodos tecidos) é um dos fatores responsá-veis pelo amolecimento. Além disso aágua ajuda a manter a estabillidade es-trutural da parede celular (Bartley &Knee, 1982), sendo possível que a ex-posição dos frutos a uma temperaturamais elevada possa ter contribuído parauma ação mais intensa das enzimas en-volvidas no amadurecimento.

Essa redução na firmeza da polpa éuma característica geral do processo deamadurecimento em diversos frutos,inclusive melão, e também foi observa-do por Miccolis & Saltveit Jr (1991) emsete cultivares do mesmo grupo(inodorus). Neste experimento a firme-za da polpa reduziu-se para valores in-feriores a 50 N, 60 dias após a antese.Lester & Shellie (1992) também obser-varam uma redução acentuada na firme-za da polpa de melões “Honey Dew”após 10 dias de armazenamento a 18ºC.Miccolis & Saltveit (1995) observaramque após três semanas dearmazenamento refrigerado (7, 12 e15ºC; UR = 90%) frutos das cvs.Honeydew, Amarelo, Juan Canary eGolden Casaba apresentaram redução nafirmeza da polpa de 67, 63, 60 e 54%,respectivamente. Entretanto, nas cvs.Pacceco e Honey Loupe esta redução foide apenas 40% e 32%, nesta ordem.

Verificou-se um comportamento li-near crescente na perda de peso ao lon-go do tempo de armazenamento; no en-tanto, a interação entre os fatoresgenótipos x tempo de armazenamentonão foi significativa (Figura 1). Avalian-do os coeficientes de correlação entre aperda de peso e a firmeza da polpa, per-cebe-se uma relação inversa, indicandoque a perda de peso pode influenciar naredução da firmeza da polpa. A perdade peso atingiu valores médios de 3,30%(33 kg×t-1) com uma variação de 1,48%(14,8 kg×t-1) para 5,12% (51,2 kg×t-1)no início e aos 49 dias dearmazenamento. Essa perda de pesopode ser atribuída principalmente à per-da de umidade (evapotranspiração) e aoconsumo de açúcares (respiração). Noentanto, nesse experimento acredita-seque a perda de peso tenha sido ocasio-nada principalmente pelo primeiro fa-

tor (no caso do TSX 32096) e pelo se-gundo fator (no caso do SUNEX 7057)como pode ser notado na Figura 5. Osaçucares solúveis totais tiveram umcomportamento crescente e decrescen-te ao longo do armazenamento para osdois genótipos mencionados, nesta or-dem. Os resultados obtidos neste traba-lho são semelhantes àqueles obtidos porMenezes et al. (1995), em pesquisa rea-lizada com o genótipo AF 646, em quea perda de peso atingiu valores médiosde 3,60% e 6,70%, aos 25 e 45 dias dearmazenamento, respectivamente. Se-gundo Kader (1992) a perda de peso é acausa principal de deterioração noarmazenamento, resultando não apenasem uma perda quantitativa (perda depeso), o que ocasiona sérios prejuízoseconômicos (normalmente os frutos sãovendidos por unidade de peso), mas tam-bém em uma perda qualitativa(enrugamento, amolecimento, etc.). Noentanto, a perda de peso de até 4,60%não foi suficiente para causar algumaperda na qualidade comercial dos fru-tos até o período de 42 dias (tempo devida útil), a partir do qual os frutos deambos genótipos foram afetados quali-tativamente no que se refere a sua apa-rência externa e interna. Esses resulta-dos são concordantes com os trabalhorealizados por Gonçalves et al., (1996),em que reduções em torno de 5% no

peso dos frutos de melão, não foi sufi-ciente para causar enrugamento da cas-ca ou afetar significativamente a apa-rência externa dos frutos até 45 dias dearmazenamento.

O comportamento da avaliação sub-jetiva (aparência externa e interna) podeser visto na Figura 2. As principais ca-racterísticas que conferiram perda daqualidade externa dos frutos foram omurchamento, o surgimento de manchasescuras devido à senescência e a fermen-tação, sendo mais aparentes a partir dos42 dias de armazenamento. Miccolis &Saltveit Jr (1995) também verificaramaumento progressivo de manchas super-ficiais em frutos de melão armazenadoa 7ºC e umidade relativa próxima de90%. No presente trabalho, os doisgenótipos apresentaram-se com boaqualidade externa até 42 dias dearmazenamento, quando então começa-ram a surgir alguns sinais desenescência. Os genótipos alcançaramo 42º dia de armazenamento com notamédia de 4,0 (parte do fruto afetada em1 a 10%) para a aparência externa e in-terna. O comportamento em relação aperda da qualidade externa foi idênticopara ambos os genótipos. No que se re-fere à aparência interna, o genótipoSUNEX 7057 foi o mais afetado com ocolapso interno da polpa já que aos 42dias de armazenamento teve nota mé-

1- Y = 32,1775 0,3281X R2 = 0,92*2- Y = 23,3900 0,1908X R2 = 0,96*3- Y = 1,4800 + 0,0742X R2 = 0,90*

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 7 14 21 28 35 42 49

Armazenamento (dias)

Firm

eza

da p

olpa

(N

)

.

1

2

3

4

5

6

Per

da d

e pe

so (

%)

.

1- FP TSX 32096 2- FP SUNEX 7057 PP

Figura 1. Efeito da duração do armazenamento em condições ambiente (T = 30,0 ± 1ºC eUR = 50,0 ± 5%) sobre a firmeza da polpa (FP) e perda de peso (PP) de melão amarelo,genótipos TSX 32096 e SUNEX 7057. Mossoró, ESAM, 1998.

Armazenamento de dois genótipos de melão amarelo sob condições ambiente.

46 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

dia de 3,3 (parte do fruto afetada em 11a 30%), enquanto que o TSX 32096 al-cançou esse mesmo período com notamédia de 4,0 (parte do fruto afetada em1 a 10%). Considerando que os frutoscom nota menor ou igual a 3,0 eram ina-dequados ao consumo, conclui-se que avida útil pós-colheita dos melões ama-relos, genótipos TSX 32096 e SUNEX7057, limita-se a 42 dias sob condições

ambiente (30,0 ± 1°C e umidade relativade 50,0 ± 5%). Estes dados são extrema-mente úteis na estimativa dos limites detempo de comercialização para o produto.

Não houve interação significativaentre os fatores genótipos e tempo dearmazenamento (Figura 3) para as variá-veis acidez total titulável (ATT) e pH.Como pode ser observado na Figura 3,a acidez decresceu linearmente até o fi-

nal do período experimental, concordan-do com a elevação no pH, que sofreuum acréscimo ao longo doarmazenamento. Os resultados mostra-ram que os dois genótipos tiveram com-portamento semelhante durante todo operíodo experimental para essas duasvariáveis. Os valores médios para a ATTno início e aos 49 dias dearmazenamento foram de 0,11% e0,07% de ácido cítrico, respectivamen-te. Essa redução pode ser atribuída àutilização desse ácido no processo res-piratório (Campbell, Huber & Koch,1989). Esses resultados estão de acordocom os obtidos por Menezes et al.,(1995) e Gonçalves et al., (1996) paraos genótipos AF 646 e Piel de Sapo ar-mazenados sob refrigeração. Esses au-tores reportaram uma variação de 0,15%a 0,10% e de 0,19% a 0,13% para o AF646 e Piel de Sapo, nesta ordem, do iní-cio ao final do período experimental.Carvalho (1995) reportou um compor-tamento constante da ATT em melãoYellow King até 21 dias dearmazenamento a 25 ± 2ºC e 70 ± 5%de umidade relativa, observando umaredução a partir desse período. O con-teúdo médio foi de 0,14%. Por ocasiãoda colheita os frutos apresentaram umpH médio de 5,92 aumentando para 6,51aos 49 dias de armazenamento. Aos 42dias (tempo de vida útil dos genótipos)o pH médio ficou em torno de 6,43. Esseaumento no pH pode ser explicado peloconsumo de ácidos orgânicos durante arespiração. Esses resultados estão deacordo com os obtidos por Silva (1993)para os genótipos Gold Mine e Duna sobcondições ambiente (26,0 ± 2ºC e 65,0± 2% de umidade relativa). Esse autorrelatou uma variação no pH de 5,47 para6,17 e 5,55 para 6,05, no início e no fi-nal do período experimental, para osgenótipos Gold Mine e Duna, nesta or-dem. Apesar da facilidade nametodologia de análise para a determi-nação da ATT e do pH, Menezes et al.(1998b) citam que a variação nos níveisda ATT durante a maturação do melãotêm pouco significado prático em fun-ção da baixa concentração. Assim, oconteúdo de ácidos orgânicos apresentapouca contribuição para o sabor e aro-ma, o que justifica a ausência de estu-dos sobre o metabolismo dos ácidosdurante a maturação do melão earmazenamento.

0

1

2

3

4

5

6

0 7 14 21 28 35 42 49

Armazenamento (dias)

Apa

rŒnc

ia (

esc.

1 -

5)

.

1- AE TSX 32096 e SUNEX 7057 2- AI TSX 32096 3 AI SUNEX 7057

Figura 2. Efeito da duração do armazenamento em condições ambiente (T = 30,0 ± 1ºC eUR = 50,0 ± 5%) sobre a aparência externa (AE) e aparência interna (AI) de melão amarelo,genótipos TSX 32096 e SUNEX 7057. Mossoró, ESAM, 1998.

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0 7 14 21 28 35 42 49

Armazenamento (dias)

AT

T (

%)

.

5,4

5,6

5,8

6

6,2

6,4

6,6

6,8

pH (

esc.

1 -

14)

.

ATT pH

1- Y = 0,1050 0,0008X R2 = 0,86*2- Y = 5,9167 + 0,0167X R2 = 0,95*

Figura 3. Efeito da duração do armazenamento em condições ambiente (T = 30,0 ± 1ºC eUR = 50,0 ± 5%) sobre a acidez total titulável (ATT) e o potencial hidrogeniônico (pH) demelão amarelo, genótipos TSX 32096 e SUNEX 7057. Mossoró, ESAM, 1998.

J.B. Menezes et al.

47Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

Observou-se um comportamento li-near e decrescente para o conteúdo deSST e vitamina C total (Figura 4). Adeterminação do conteúdo de sólidossolúveis, normalmente é feita com oobjetivo de se ter uma estimativa daquantidade de açúcares presentes nosfrutos, embora, medidos através de umrefratômetro, incluem, além dos açúca-res solúveis, pectinas, vitaminashidrossolúveis, sais e ácidos orgânicos.O conteúdo de sólidos solúveis tem sidousado como um indicador de maturaçãoe critério de aceitação comercial, noentanto, a doçura, o sabor o aroma e afirmeza da polpa, são fatores de quali-dade complementar. O conteúdo médiode SST foi de 11,5%, com uma varia-ção de 12,4% (por ocasião da colheita)para 10,6% no final do período experi-mental. Aos 42 dias de armazenamentoos frutos apresentaram um conteúdomédio de 10,8%. Menezes et al., (1998a)reportaram conteúdos médios de SSTentre 9% e 10% para os genótipos GoldMine e AF 646. Segundo esses mesmosautores um conteúdo médio de SST su-perior a 9% é bastante desejável sob oponto de vista comercial, em virtude doSST ser um importante fator de quali-dade em muitos países, inclusive noBrasil. Os valores encontrados para oSST estão bem acima do exigido para omercado americano e europeu que é de9% e 8%, respectivamente. O elevadoconteúdo de SST pode ter contribuídopara a fermentação alcoólica que ocor-reu após esse tempo de armazenamentoo que contribuiu para limitar a vida útilem 42 dias, no máximo, sob condiçõesambiente para os dois genótipos. A altaconcentração de substâncias alcoólicasé encontrada, principalmente, nos teci-dos mais internos que amolecem e sub-seqüentemente degradam (Motomura,1994). Alta concentração de substânciasalcoólicas (acima de 100 mL·100 mL-1

de suco) causa um aroma desagradávele diminui a qualidade organoléptica ecomercial do produto. O conteúdo devitamina C total (ácido ascórbico + áci-do dehidroascórbico) foi afetado signi-ficativamente pelo tempo dearmazenamento, havendo oxidação des-ses componentes durante o período ex-perimental (Figura 4). A redução foi daordem de 80% até 49 dias dearmazenamento. O conteúdo médio foi

de 18,92 mg 100 mL-1 com uma varia-ção de 31,48 mg 100 mL-1 (por ocasiãoda colheita) para 6,35 mg 100 mL-1 (nofinal do experimento). Aos 42 dias oconteúdo médio foi 9,94 mg 100 mL-1.O conteúdo de vitamina C total em me-lão é relativamente baixo quando com-parado com outras culturas como o caju,abacaxi, manga e acerola. Dhiman et al.(1995) analisando o teor vitamínico dequatro cultivares de melão encontraramvariações de 24,90 mg·100 mL-1 a 32,49mg.100 mL-1. O conteúdo médio foi de32,49; 27,73; 28,50 e 24,90 mg×100 mL –1,respectivamente para as cultivares MR–12, Hara Madhu, Punjab Sunehri ePunjab. Eitenmiller (1987) encontrouvalores médios de 28 mg×100 mL –1 depeso fresco para melões cantaloupe con-tra 15,00 mg×100 mL–1 nos melões“Honeydew”. O conteúdo de vitaminaC total aumenta com o desenvolvimen-to do fruto declinando durante oarmazenamento. Menezes et al. (1998a)reportaram um acúmulo no conteúdo devitamina C total 20,63 mg×100 mL–1

para 32,23 mg×100 g–1 do melão tipoGalia Nun 1380.

O comportamento dos principaisaçúcares solúveis encontrados nestesgenótipos (redutores, não-redutores etotais) está expresso na Figuras 5. Veri-ficou-se comportamento diferenciadocom redução no conteúdo de açúcares

redutores no genótipo TSX 32096 de5,34% para 3,21% do início ao final doexperimento acompanhada por acúmulonos açúcares não-redutores que varia-ram de 1,45% para 4,70%. Entretanto,para o genótipo SUNEX 7057, foi ob-servado acúmulo nos açúcares reduto-res (variação de 3,89% para 5,12%) edecréscimo nos açucares não-redutoresde 5,58% para 3,54%. Como os açúca-res redutores apresentam maior poderadoçante que a sacarose, pode-se infe-rir que houve aumento na qualidadeorganoléptica nos frutos do genótipoSUNEX 7057 durante o armazenamentoaté os 42 dias. A composição de açúca-res solúveis totais do melão tem recebi-do considerável atenção em função dasua importância na determinação daqualidade. O conteúdo de açúcares so-lúveis totais encontrado neste experi-mento, que foi em média de 8,2% e8,8%, aos 42 dias de armazenamento,para os genótipos TSX 32096 e SUNEX7057, nesta ordem, são semelhantes aosobtidos por Menezes et al., (1995) paraAF 646.

Deste modo, pode-se concluir que osgenótipos estudados conservam as suascaracterísticas de qualidade por um pe-ríodo de até 42 dias de armazenamentosob condições ambiente, sem perdas sig-nificativas de suas propriedades

1- Y = 12,3717 0,0367 R2 = 0,98*2- Y = 31,4817 0,5129 R2 = 0,81*

9,5

10

10,5

11

11,5

12

12,5

13

0 7 14 21 28 35 42 49

Armazenamento (dias)

SS

T (

%)

.0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Vita

min

a C

(m

g/10

0 m

L)

.

1- SS 2- Vitamina C total

Figura 4. Efeito da duração do armazenamento em condições ambiente (T = 30,0 ± 1ºC eUR = 50,0 ± 5%) sobre os sólidos solúveis totais (SST) e a vitamina C de melão amarelo,genótipos TSX 32096 e SUNEX 7057. Mossoró, ESAM, 1998.

Armazenamento de dois genótipos de melão amarelo sob condições ambiente.

48 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

1- Y = 5,3442 0,0435X R2 = 0,99*2- Y = 3,8850 + 0,0253X R2 = 0,99*3- Y = 1,4492 + 0,0774X R2 = 0,96*4- Y = 5,5817 0,0417X R2 = 0,95*5- Y = 6,7917 + 0,0339X R2 = 0,88*6- Y = 9,4858 0,0167X R2 = 0,78*

0

1

2

3

4

5

6

0 7 14 21 28 35 42 49

Armazenamento (dias)

AR

e A

NR

(%

) .

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

AS

T (

%)

.

1- AR TSX 32096 2- AR SUNEX 7057 3- ANR TSX 32096

4- ANR SUNEX 7057 5- AST TSX 32096 6- AST SUNEX 7057

Figura 5. Efeito da duração do armazenamento em condições ambiente (T = 30,0 ± 1ºC eUR = 50,0 ± 5%) sobre os açúcares redutores (AR), não-redutores (ANR) e totais (AST) demelão amarelo, genótipos TSX 32096 e SUNEX 7057. Mossoró, ESAM, 1998.

organolépticas, podendo sercomercializado em qualquer lugar do país,já que sua vida útil foi superior a 25 dias.

AGRADECIMENTOS

Os recursos desta pesquisa foramoriundos do convênio ESAM/VALEFRUTAS/CNPq–BIOEX. Agra-decemos também aos proprietários daFazenda São João Ltda pela concessãodos frutos.

LITERATURA CITADA

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A alface é a principal hortaliçafolhosa no mercado consumidor

brasileiro. Nos últimos anos, a produ-ção da cultura tem passado por mudan-ças significativas, tanto em relação a cul-tivares quanto aos sistemas de produ-ção. Atualmente, em contraste com ocultivo tradicional no campo, os produ-tores têm investido cada vez mais nocultivo protegido de alface (estufas, tú-

OTTO, R.F.; REGHIN, M.Y.; SÁ, G.D. Utilização do ‘não tecido’ de polipropileno como proteção da cultura de alface durante o inverno de Ponta Grossa -PR. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p.49-52, março 2.001.

Utilização do ‘não tecido’ de polipropileno como proteção da cultura dealface durante o inverno de Ponta Grossa – PR.Rosana Fernandes Otto; Marie Yamamoto Reghin; Guilherme Domingues Sá1

UEPG, Depto. de Fitotecnia e Fitossanidade, Praça Santos Andrade s/n, 84.010-790, Ponta Grossa, PR. E.mail: [email protected]

RESUMOO experimento foi realizado na UEPG, Ponta Grossa, PR. Estu-

dou-se o efeito da proteção com ‘não tecido’ de polipropileno sobreo desenvolvimento, a qualidade e a produção de três cultivares dealface, transplantadas no inverno de 1998. O delineamento experi-mental foi inteiramente casualizado, distribuído segundo esquemafatorial 3x2 (cultivares x sistema de cultivo), com 5 repetições. Ascultivares utilizadas foram Tainá, Elisa e Verônica, cultivadas sob aproteção do ‘não tecido’ de polipropileno (PP) e em ambiente natu-ral (AN). O uso do ‘não tecido’ como proteção de plantas de alfaceresultou em maior peso de matéria fresca de cabeça para todas ascultivares estudadas quando comparado ao AN. Verificou-se, paraas cultivares Tainá e Verônica, incremento do índice de área foliar,com conseqüente aumento da biomassa das plantas produzidas sobo ‘não tecido’. A cultivar Elisa apresentou limbo foliar com aspectode estiolamento, perdendo a turgidez rapidamente após a colheita.Possivelmente, os níveis de radiação sob PP foram inferiores ao pontode saturação fotossintética para a cv. Elisa. Recomenda-se o uso do‘não tecido’ para as cultivares Verônica e Tainá, no inverno, para aregião de Ponta Grossa, por apresentarem cabeças com ótima quali-dade e peso comercial.

Palavras-chave: Lactuca sativa L., cultivo protegido,polipropileno, estiolamento, agrotêxtil.

ABSTRACTUse of non woven polypropylene protection under lettuce

crop during winter season in Ponta Grossa, Brazil.

A field experiment was carried out in ‘’Capão da Onça’’ SchoolFarm, at the Universidade Estadual de Ponta Grossa in Brazil. Theeffect of the protection of an spunbonded polypropylene non wovenfabric on the development, quality and yield of three lettuce cultivars,transplanted during the winter of 1998 was studied. The experimentaldesign was of complete randomized blocks, displayed in a factorialscheme 3x2 (cultivars x crop system), with five replications. Thecultivars were Tainá, Elisa and Verônica growing under non wovenpolypropylene protection (PP) and environmental conditions (EC).Greater head fresh weight was observed on woven protected plants.Increased leaf area index (LAI) was observed for ‘Tainá’ and‘Verônica’, with consequent increase of biomass in row cover plants.‘Elisa’ showed etiolate leafs, that lost rapidly the turgidity afterharvesting. It is possible that the radiation levels under PP werebellow of the saturated photosynthetic point for cv. Elisa. The usethe non woven protection for cv. Verônica and cv. Tainá, during winterseason of Ponta Grossa`s region is recommended, due to the factthat these plants presented heads with excellent quality andcommercial weight.

Keywords: Lactuca sativa L., protected cultivation, polypropylene,etiolation, row cover.

(Aceito para publicação em 15 de janeiro de 2.001)

neis, etc.), utilizando mudas de quali-dade e diferentes substratos para cres-cimento.

Nesse sentido, o cultivo de alfacesob proteção do ‘não tecido’ depolipropileno (também conhecido comoagrotêxtil) pode ser uma alternativa pro-missora para o produtor. A técnica con-siste na colocação do material direta-mente sobre a cultura ou sobre o solo

semeado, não necessitando de qualquerestrutura de apoio. Os resultados têmdemonstrado aumento na produção, naprecocidade e na melhoria da qualidadedo produto comercial (Wells & Loy,1985; Hemphill & Mansour, 1986; Jenni& Stewart, 1989; Fuello et al., 1993;Borosic et al., 1994; Otto, 1997; Otto &Reghin, 1999; Reghin et al., 2000; Ottoet al., 2000a). O uso do agrotêxtil ofe-

1 Estudande de graduação do curso de agronomia da UEPG, Ponta Grossa, PR.

Armazenamento de dois genótipos de melão amarelo sob condições ambiente.

50 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

rece proteção contra fatores climáticosadversos (Hernández & Castilla, 1993;Otto et al., 2000b) e contra pragas (Wells& Loy, 1985; Benoit & Ceustemans,1992/3; Gregoire, 1992). Apresenta ain-da facilidade no manuseio do material(Otto, 1997) e requer menor investimen-to inicial, se comparado a outros siste-mas de proteção de cultivo.

A realização de trabalhos verifican-do o efeito do agrotêxtil sobre diferen-tes espécies hortícolas é algo recente noBrasil. Na produção de mudas demandioquinha-salsa observou-se efeitobenéfico da proteção tendo como resul-tado a formação de mudas mais unifor-mes, precoces e vigorosas quando com-paradas àquelas formadas sem proteçãocom agrotêxtil (Reghin et al., 2000).Também, na região de Ponta Grossa,verificou-se maior precocidade e incre-mentos de até 124% no peso de raízestubérosas de beterraba cultivada sobagrotêxtil em relação às plantas não pro-tegidas (Otto & Reghin, 1999). Em to-mate e pimentão, a colocação do ‘nãotecido’ sobre as mudas recém transplan-tadas danificou o ponto de crescimentodas plantas, atrasando o início da fasereprodutiva (Foltran et al., 1999), po-rém resultando em aumento da produ-ção total para o pimentão (dados nãopublicados).

Nos Estados Unidos e Europa a téc-nica já é conhecida desde os anos 70,sendo utilizada para diferentes espécies.Em alface, cultivada durante o outono-inverno de Astúrias – Espanha, verifi-cou-se que o uso do agrotêxtil promo-veu o aumento do peso de matéria fres-ca da cabeça em relação ao cultivo semproteção. Constatou-se também maiorprecocidade na formação de cabeças(Fuello et al., 1993).

No Canadá, foi verificado que, paraalface americana transplantada na pri-mavera, deve-se manter a proteção como agrotêxtil até a cobertura total do solopelas plantas, visto que promoveu in-cremento no peso e firmeza das cabe-ças de alface sob proteção (Jenni &Stewart, 1989). O estágio ótimo pararetirada da cobertura pareceu dependerdas temperaturas encontradas, visto quetemperaturas excessivas resultaram emnecrose e queima das folhas externas.

Entretanto, as respostas obtidas emrelação a incremento de produção e

melhora da qualidade da alface protegi-da com agrotêxtil não são unânimes.Durante o período de inverno e sob pre-cipitações fortes e constantes de Córdo-ba, Espanha, foi verificado estiolamentoe danos no limbo foliar das plantas cul-tivadas sob a proteção, impedindo, des-ta maneira, a formação da cabeça co-mercial. Parte deste resultado pôde serexplicado pelo baixo nível de radiaçãofotossinteticamente ativa incidente nestaépoca do ano. Nesta condição, os bai-xos níveis de radiação foram mais pre-judiciais às plantas protegidas do que oefeito benéfico do aumento de tempe-ratura de ar e do solo verificados, resul-tantes do uso da proteção com agrotêxtil(Otto, 1997).

No Brasil, pouco se conhece sobreo efeito da proteção de polipropilenosobre as diferentes espécies hortícolas.Alguns produtores tem usado o materialpara o cultivo da alface, porém não seconhece se os resultados são semelhan-tes para os principais grupos da espécieaqui comercializados (alface lisa, cres-pa e americana). Em Ponta Grossa oprolongado período com temperaturasbaixas e a ocorrência de geadas no in-verno, dificulta o cultivo da alface emambiente natural, apresentando perdase aumento no ciclo da espécie.

Desta maneira, o presente trabalhoteve como objetivo estudar a influênciado uso da cobertura com ‘não tecido’ depolipropileno (agrotêxtil) sobre o desen-volvimento, a qualidade e a produção detrês cultivares de alface, cultivadas noinverno, na região de Ponta Grossa.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido naUniversidade Estadual de Ponta Grossano inverno de 1998, em um solopodzólico vermelho amarelo texturamédia. O inverno da região é caracteri-zado por temperaturas mínima e máxi-ma de 12 e 20oC, respectivamente, comocorrência de geadas freqüentes duran-te todo o período. O preparo da áreaconsistiu no destorroamento do solo ena incorporação de esterco bovino (5kg.m-2) com enxada rotativa e no prepa-ro de canteiros. A adubação de base ado-tada foi de 100 g.m-2 da formulação 4-14-8, de acordo com o resultado da aná-

lise de solo. Aos 10 e 20 dias após otransplante, realizaram-se as adubaçõesde cobertura com 5 g/planta denitrocálcio.

As mudas foram produzidas em ban-dejas de poliestireno expandido, com128 células, com substrato comercial etransplantadas em 13/05/98 quandoapresentavam quatro folhas definitivas.O espaçamento utilizado foi 30x30 cm,distribuído em parcelas experimentaisde 1,20x2,10m, para todas as cultivares,totalizando de 28 plantas/parcela. O de-lineamento experimental utilizado foi ointeiramente casualisado, distribuídosegundo esquema fatorial 3x2 (cultiva-res x sistema de proteção), com cincorepetições.

As cultivares utilizadas foram Elisa(grupo manteiga), Verônica (grupo cres-pa) e Tainá (grupo americana), cultiva-das em ambiente natural (AN) e sob pro-teção do ‘não tecido’ de polipropileno(PP) ou agrotêxtil, de coloração branca,com 20 g.m-2.

O agrotêxtil foi colocado diretamentesobre as mudas transplantadas de alface.Para evitar a movimentação do material,utilizaram-se varas de bambu, as quaisforam enroladas nas bordas do material ecolocadas em contato com o solo.

Para avaliação do trabalho, foramcolhidas seis plantas centrais/parcela decada cultivar. Isto ocorreu aos 47 diasapós o transplante para a ‘Verônica’ eaos 54 dat para a ‘Elisa’ e ‘Tainá’. Nes-te período iniciou-se o desenvolvimen-to de Sclerotinia sclerotiorum na áreade cultivo, o que fez com que todo oexperimento fosse colhido na últimadata descrita, ainda que somente as plan-tas sob agrotêxtil houvessem completa-do o ciclo produtivo.

Para cada planta, avaliaram-se opeso de matéria fresca, o número de fo-lhas e o peso de matéria seca após seca-gem em estufa a 70oC.

A área foliar de cada planta colhida/parcela foi estimada pelo método deBlackman & Wilson (1951), adaptadopara este experimento. Retiraram-sequatro folhas de cada planta, em dife-rentes fases de desenvolvimento. Emseguida, da parte central de cada folhafoi retirado um disco do limbo foliar,utilizando-se um cilindro de metal com21,88 cm2 de área interna. Os discos

R.F. Otto et al.

51Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

foram secados em estufa a 70°C e pesa-dos. A área foliar foi, então, determina-da pela equação

ND x AD x PSLAF= ————————— (1)

PSD

em que: AF = área foliar da planta(cm2); ND = número de discosamostrados; AD = área do disco (cm2);PSL = peso da matéria seca do limbofoliar (g) e PSD = peso da matéria secados discos (g).

Com base nos dados de área foliar,de peso de matéria seca das plantas e deespaçamento, calculou-se o Índice deÁrea Foliar (IAF), a Biomassa Total(BT, g.m-2) e a Superfície Foliar Espe-cífica (SFE, cm2.g-1) para cada uma dasplantas avaliadas.

Foi realizada a análise de variânciapara todas as características estudadas.Para os resultados que apresentaraminteração significativa, as médias entreos tratamentos foram comparadas peloteste Tukey, em 5% de probabilidade,para cada cultivar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A interação entre cultivares x siste-ma de proteção foi significativa paratodas as variáveis estudas, exceto paranúmero de folhas/planta e SFE.

O uso do ‘não tecido’ como prote-ção de plantas de alface resultou emmaior peso da matéria fresca de cabeça,para todas as cultivares estudadas, com-parativamente ao cultivo em ambiente

natural (Tabela 1). A maior produção dasplantas sob agrotêxtil refletiu tambémem maior número de folhas por plantaem relação àquelas cultivadas em am-biente natural (Tabela 2), caracterizan-do uma maior atividade metabólica, commenor intervalo de dias para emissão denovas folhas.

Resultados semelhantes referentes amaior crescimento das plantas em am-biente protegido vêm sendo verificadospor outros autores. Streck et al. (1994),em Santa Maria (RS), verificaram maio-res valores para número de folhas paraduas cultivares de alface cultivadas sobtúnel baixo, no inverno e na primavera,comparadas ao cultivo em ambienteexterno. Segovia (1991), durante o in-verno de Santa Maria, comparou três

cultivares de alface cultivadas em am-biente natural e sob estufa plástica everificou aumento significativo no nú-mero de folhas ao longo de todo o perío-do avaliado para o cultivo em estufa.Printz & Faus (1988), em Marrocos, re-lataram incremento de 34% no pesomédio de cabeça de alface cultivada sob‘não tecido’, em relação ao cultivo aoar livre. Fuello et al. (1993), durante operíodo de outono-inverno de Astúrias,Espanha, verificaram que a utilização do‘não tecido’ combinado com cores pre-ta ou branca aumentou em 81% e 183%,respectivamente, a produção de alfacerelativamente ao uso exclusivo do‘’mulching’’ preto ou branco.

Entretanto, o incremento no peso dematéria fresca da cabeça não é a única

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Tabela 1. Peso de matéria fresca, biomassa e índice de área foliar das cultivares de alfaceproduzidas em ambiente natural (AN) e sob proteção de ‘não tecido’ de polipropileno (PP).Ponta Grossa, UEPG, inverno de 1998.

*Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferemestatisticamente entre si, pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

Utilização do ‘não tecido’ de polipropileno como proteção da cultura de alface durante o inverno de Ponta Grossa - PR.

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Tabela 2. Número de folhas por planta e superfície foliar específica (SFE) das cultivares de alface produzidas em ambiente natural (AN) esob proteção de ‘não tecido’ de polipropileno (PP). Ponta Grossa, UEPG, inverno de 1998.

*Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey ao nívelde 5% de probabilidade.

52 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

característica a ser considerada na pro-dução comercial da alface. O limbo foliardeve ser bem formado, isento de lesões,tenro, porém firme. Sob estes aspectos,as cabeças de ‘Elisa’, produzidas sob aproteção, apresentaram qualidade comer-cial inferior ao cultivo em AN, ainda queo peso de matéria fresca tenha sido maiorsob PP. O uso do ‘não tecido’ depolipropileno promoveu incremento noíndice de área foliar, porém, não houveaumento na biomassa da planta (Tabela1), caracterizando estiolamento das mes-mas. Como resultado, verificou-se umlimbo excessivamente tenro, que perdeua turgidez imediatamente após a colhei-ta. Este fato, possivelmente, ocorreu de-vido aos níveis de radiação solar inciden-tes sob a proteção serem inferiores aoponto de saturação de fotossíntese dacultivar. Isto contribui para que os valo-res de superfície foliar específica (SFE)das plantas cultivadas sob PP sejam maio-res que das plantas em AN (Tabela 2),caracterizando folhas mais finas, commenor espessura. Entretanto, esse fatornão é desejável para cultivares cujas fo-lhas são naturalmente finas e tenras, comé o caso da ‘Elisa’, comparada à‘Verônica’ ou ‘Tainá’. O aumento dosvalores de SFE para ‘Elisa’ resultaramem folhas de qualidade inferior.

Resultados semelhantes foram cons-tatados por Otto (1997), no cultivo daalface sob polipropileno, durante o in-verno, em Córdoba, Espanha. Neste es-tudo, verificou-se que o uso do ‘não te-cido’ de polipropileno (17 g/m2) redu-ziu, em média, 20% da radiaçãofotossinteticamente ativa (PAR) inci-dente sobre a proteção. Observou-se ain-da que, como no inverno, a inclinaçãodos raios solares é menor do que emoutras estações do ano, os níveis de ra-diação PAR incidente foram inferioresao ponto de saturação fotossintética daespécie, resultando em aumento da su-perfície foliar específica (SFE), sem in-cremento de biomassa.

No presente estudo, para as cultiva-res Tainá e Verônica, verificou-se quealém do aumento verificado no peso dematéria fresca devido a proteção dopolipropileno, as plantas apresentaramincremento significativo na produção debiomassa quando comparadas ao trata-mento “ambiente natural” (Tabela 1).Possivelmente, a modificação

microclimática devido ao uso da prote-ção favoreceu o aumento da área foliar,promovendo a captação de radiação, oque resultou em maior produção defotoassimilados por essas cultivares.Provavelmente, os níveis de radiaçãosob ‘não tecido’ de polipropileno foramsuperiores ao ponto de saturaçãofotossintética para ambas cultivares namaior parte do dia.

O incremento relativo de biomassapara a cv. Tainá cultivada sob ‘não teci-do’ comparado ao ambiente natural foide 24,4%, enquanto que para ‘Verônica’foi de 119,7%. É provável que essa di-ferença seja devido a característicasmorfológicas das cultivares. As plantasda ‘Tainá’ sob a proteção formaram ca-beça comercial, fazendo com que asobreposição das folhas diminuíssem aatividade fotossintética das mesmas.Entretanto, comparativamente à arqui-tetura das folhas, a cv. Verônica facili-tou a captação de radiação e,consequentemente, resultou em maiorprodução de fotoassimilados.

Assim, a proteção da cultura da alfa-ce com agrotêxtil (20 g.m-2), durante oinverno de Ponta Grossa, favoreceu odesenvolvimento, a produção e a quali-dade das cultivares Verônica e Tainá. Asplantas apresentaram não só cabeça bemformada, como também folhas com óti-mas características comerciais. Já a cv.Elisa apresentou cabeças de bom tama-nho comercial, porém com folhas exces-sivamente tenras, não sendo recomendá-vel a proteção com o polipropileno parao cultivo no inverno de Ponta Grossa.

AGRADECIMENTOS

Agrademos a Cia Providência - Divi-são Não Tecido, pela cessão do materialde polipropileno utilizado neste trabalho.

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R.F. Otto et al.

53Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

O tomate é uma das principais horta-liças cultivadas nas regiões produtoras doEstado de Sergipe. A região agreste deItabaiana lidera a produção com uma áreacolhida de 116 hectares e rendimentomédio de 13,60 t/ha (IBGE, 1996).

O tomate consumido nos sete Esta-dos dentro dos Tabuleiros Costeiros pro-vém em grande parte da importação, aexemplo de Sergipe, que atende apenas21% de sua demanda interna. Ao ladodessa dependência por importação, exis-tem grandes áreas produtoras e/ou empotenciais dentre os 305 municípios dos

NUNES, M.U.C.; LEAL, M.L.S. Efeitos da aplicação de biofertilizante e outros produtos químicos e biológicos, no controle da broca pequena do fruto e naprodução do tomateiro tutorado em duas épocas de cultivo e dois sistemas de irrigação. Horticultura Brasileira, Brasília , v. 19 n. 01 p. 53-59, março 2.001.

Efeito da aplicação de biofertilizante e outros produtos químicos e bioló-gicos, no controle da broca pequena do fruto e na produção do tomateirotutorado em duas épocas de cultivo e dois sistemas de irrigação.Maria Urbana C. Nunes; Maria Lourdes S. LealEmbrapa Tabuleiros Costeiros, C. Postal 44, 49.001-970 Aracaju – SE. E.mail: [email protected]

RESUMO

Avaliou-se o efeito de biofertilizante, associado ou não a produ-tos biológicos e químicos, em diferentes condições de irrigação, so-bre a produção do tomateiro tutorado e a ocorrência da broca peque-na do fruto. Os experimentos foram conduzidos na região de Itabaiana(SE) nos períodos seco e chuvoso. O delineamento experimental foide blocos ao acaso com 13 tratamentos e quatro repetições, sendocada parcela composta de 48 plantas no espaçamento de 1,00 x 0,50m com uma planta por cova conduzida com duas hastes. A eficiên-cia dos tratamentos variou com a época de plantio e com o sistemade irrigação utilizado. De modo geral, na época chuvosa, obteve-semaiores produções totais e comerciais superando as produções obti-das na época seca em 82% e 59%, respectivamente, e um maiorpeso médio de frutos. Também na época chuvosa a percentagem defrutos brocados foi significativamente superior àquela obtida na épocaseca. Para o plantio na época seca, os melhores tratamentos foram:a) com irrigação por aspersão: Bacillus thuringiensis subsp. Kurstaki(Btk) isolado ou em combinação com clorfluazuron; deltametrina +clorfluazuron e Btk + biofertilizante; b) com irrigação porgotejamento: Btk + clorfluazuron. Para o plantio na época de chuvadestacaram-se os tratamentos: a) com irrigação por aspersão: Btk +clorfluazuron; biofertilizante + teflubenzuron e clorfluazuron; b) comirrigação por gotejamento: biofertilizante + clorfluazuron ebiofertilizante + abamectin.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, Bacillus thuringiensis,Neoleucinodes elegantalis, irrigação por aspersão, irrigação porgotejamento, tomate.

ABSTRACT

Effect of biofertilizer, and others biological and chemicalproducts, in controlling the fruit small driller and in theproduction of staked tomato in two planting seasons and twoirrigation systems.

The objective of this study was to evaluate the effects of abiofertilizer associated or not with biological and chemical productsunder different irrigation systems upon the yield of staked tomatoand the occurrence of the “small fruit borer”. The experiments werecarried out at Itabaiana county, Sergipe State, Brazil, during the dryand wet seasons, on a randomized blocks design with 13 treatmentsand four replications. Each plot contained 48 plants, with twobranches, spaced by 1.00 x 0.50 with one plant of two stems. Theefficiency of the treatments varied according to the seasons and tothe irrigation systems. Total and commercial yields in the wet seasonwere respectively, 82 and 59% greater than the ones obtained in thedry season, also with a higher average fruit weight. Percentage ofdrilled fruits was significantly higher in the wet season than in thedry season. Best treatments for the dry season were: a) sprinklerirrigation: Bacillus thuringiensis variety Kurstaki (Btk) alone or incombination with clorfluazuron; deltametrina + clorfluazuron andbiofertilizer + Btk; b) drip irrigation: Btk + clorfluazuron. For thewet season sowing the best treatments were: a) sprinkler irrigation:Btk + clorfluazuron; biofertilizer + tefluazuron and clorfluazuron,and b) drip irrigation: biofertilizer + clorfluazuron and biofertilizer+ abamectin.

Keywords: Lycopersicon esculentum, Bacillus thuringiensis,Neoleucinodes elegantalis, sprinkler irrigation, drips irrigation,tomato.

(Aceito para publicação em 01 de fevereiro de 2.001)

Tabuleiros Costeiros. Entretanto, um dosprincipais entraves à cultura do tomatena região deve-se à ocorrência de pra-gas, especialmente da broca pequena dofruto (Neoleucinodes elegantalis). Amesma ocorre durante todos os mesesdo ano, sendo mais problemática na épo-ca das chuvas (maio a agosto) quandocausa perdas de produção de até 90%.Causa danos diretamente nos frutos, tor-nando-os imprestáveis ao consumo. Oadulto deposita os ovos junto ao cáliceou sob as sépalas. As lagartas recém-eclodidas levam em média 50 a 60 mi-

nutos para penetrarem nos frutos aindapequenos, nos quais deixam um orifí-cio quase imperceptível, ocorrendo per-feita cicatrização. As lagartas desenvol-vem-se no interior dos frutos, alimen-tando-se da polpa. No final de seu de-senvolvimento, com aproximadamente30 dias, abandonam o fruto fazendo umorifício grande e muitas vezes causan-do o apodrecimento. As lagartas de co-loração rósea, de 11 a 13 mm de com-primento, empupam no solo próximo àplanta por um período de 17 dias(Sandre Júnior et al., 1992). A infestação

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da broca varia com a época de plantio ecom a cultivar utilizada. Em Sergipeconstatou-se perdas que variaram de66,21% para a cultivar Jumbo AG-592a 92,75% para a cultivar Marglobe(Embrapa, 1994).

Os prejuízos causados por essa pra-ga atingem até 90% dos frutos depen-dendo da época de plantio (Gallo et al.,1988), sendo os inseticidas fosforadosnão sistêmicos e carbamatos, aplicadosquando os frutos ainda estão pequenos,apresentam um controle satisfatório. Ocontrole químico é viável com o empre-go de inseticidas piretróides ecarbamatos, com pulverizaçõesdirigidas para os frutos ainda novos,antes da penetração das lagartas(Filgueira, 1982). Vários autores avalia-ram a eficiência de produtos químicospara o controle da broca pequena emdiversas condições climáticas do Bra-sil. Raetano et al. (1993a), em Botucatu,constataram que a permetrina (200 mlp.c./100 L de água) foi o produto queapresentou maior eficiência, seguidopelo cartap (250g p.c./100 L de água) epelo abamectin nas doses de 50, 75 e100 ml de p.c./100 L de água. Dentre osinseticidas piretróides avaliados porRaetano et al. (1993b), em Monte Mor(SP), a deltametrina, cipermetrina,permetrina e carbaryl foram igualmen-te eficientes, provocando um aumentosignificativo na produção. Em avalia-ções feitas por Bortoli & Castellane(1988), os inseticidas lambdacyalothrine permethrin propiciaram menores in-cidências de frutos brocados quandocomparados com cartap emetamidophós. Em Pernambuco, LyraNeto et al. (1991), constataram que apermetrina 500 foi o produto mais efi-ciente, tanto para o controle da brocapequena como para a traça. Nas condi-ções de Lavras, de quatro produtos ava-liados na época seca, destacaram-se oabamectin, permethrin e triflumuron,com eficiência superior a 80%, e oclorfluazuron apresentou-se como oquarto produto menos eficiente (Reis &Souza, 1995). Em Piracicaba, Morenoet al. (1995), constataram a eficiênciada deltametrina e do tebufenozide naépoca seca. O mesmo não foi constata-do em experimentos conduzidos emCamocin de São Félix (PE) onde o tra-

tamento com deltametrina ficou emquarto lugar em relação à eficiência decontrole desse inseto-praga (Lyra Netoet al. 1984).

Atualmente, além dos produtosorgano-sintéticos, alguns de origemmicrobiológica, com eficiência sobre ocontrole de lagartas, vêm sendo estuda-dos em relação à broca pequena do to-mateiro. Souza & Reis (1991) avalia-ram Bacillus thuringiensis (200g p.c./100 L de água) e abamectin 18 CE (100e 200 ml p.c./100 L de água) aplicadosem intervalos de sete dias. O tratamen-to mais eficiente foi o abamectin na do-sagem de 200 ml, apresentando baixasporcentagens de frutos brocados. Veri-ficaram também que a eficiência doabamectin não foi melhorada quandoassociado com o inseticida microbiano.Estes resultados contrariam os obtidospor Gravena (1989), que recomendacomo melhor estratégia de controle dabroca do tomateiro no MIP a aplicaçãode B. thuringiensis, semanalmente, nasdoses de 0,016 a 0,032 kg i.a./ha. Poroutro lado, Prando & Silva Júnior (1990)constataram que, com aplicações sema-nais de B. thuringiensis (600g p.c./ha),houve controle de apenas 27,43% dabroca pequena.

A associação de biofertilizantes cominseticidas químicos ou biológicos po-derá ser uma alternativa viável no con-trole desta praga. O biofertilizante é umproduto que tem ação inseticida e repe-lente não agressiva ao meio ambiente,atuando com maior eficiência como re-pelente de insetos adultos e alados, ma-tando principalmente as formas jovens.É recomendado para o controle de pul-gão, ácaros, mosca das frutas, lagartas,vaquinhas, percevejo e cochonilhas(Vairo, 1992).

A falta de cultivares resistentes, fazcom que o controle químico seja o mé-todo mais utilizado. Mas, diante dasgrandes perdas de produção causadaspela broca , deve-se estudar também osfatores relacionados com o manejo dacultura, que favorecem a ocorrência des-se inseto-praga.

No presente trabalho objetivou-seavaliar os efeitos da aplicação debiofertilizante e de produtos biológicose químicos, em diferentes épocas deplantio sob diferentes sistemas de irri-

gação, na produção e na incidência dabroca pequena do tomateiro tutorado.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidosna área experimental da Emdagro/Embrapa localizada no Perímetro Irri-gado de Jacarecica, na região agreste deItabaiana, à altitude de 180 m e em umplanossolo eutrófico de textura areno-argilosa. O trabalho foi desenvolvido emtrês épocas de plantio: dezembro/95,junho/96 e maio/97, ou seja duas épo-cas de chuva (maio e junho) e um deseca (dezembro).

O delineamento experimental utili-zado foi o de blocos ao acaso com qua-tro repetições e treze tratamentos:biofertilizante; biofertilizante + Bacillusthuringiensis subsp. kurstaki (Btk);biofertilizante + abamectin;biofertilizante + teflubenzuron;biofertilizante + deltametrina;biofertilizante + clorfluazuron; Btk;abamectin; Bacillus thuringiensis subsp.kurstaki e aizawai (Btka); deltametrina;clorfluazuron; deltametrina +clorfluazuron e Btk + clorfluazuron,avaliados sob irrigação por aspersão epor gotejamento. A parcela foi consti-tuída por 48 plantas no espaçamento de1,00 x 0,50 m com uma planta por cova,conduzida com duas hastes, comtutoramento tipo cerca cruzada. Foramconsideradas como úteis as 20 plantascentrais. Os produtos foram usados nasseguintes dosagens: Biofertilizante(50%), Bacillus thuringiensis subsp.kurstaki (6,72g i.a./100 L de água);abamectin (0,9 ml i.a./100 L de água);teflubenzuron (3,75g i.a./100 L deágua); deltametrina (1,25g i.a./100 L deágua); clorfluazuron (5g i.a./100 L deágua); Bacillus thuringiensis subsp.kurstaki e aizawai (5,7g i.a./100 L deágua). O biofertilizante foi produzidopor fermentação anaeróbica, em tonelplástico de 200 litros, onde foi coloca-do esterco fresco de bovino e água empartes iguais, deixando um espaço va-zio de 15 cm entre a solução e a boca dotonel. Para escapamento do gás metanoresultante da fermentação, foi colocadauma mangueira plástica tendo uma dasextremidades em contato com o espaçovazio interno e a outra imersa em água

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contida em uma garrafa plástica trans-parente, por meio da qual foi acompa-nhado o processo de fermentação. Aostrinta dias, final da fermentação, o tonelfoi aberto, coando-se o líquido e prepa-rando uma solução a 50% com água nãoclorada. Como o biofertilizante contémmacro e micronutrientes em sua com-posição, que pode sofrer alterações como decorrer do tempo após a abertura dotonel (Vairo, 1992), a porção líquida decada tonel foi utilizada por um períodode apenas oito dias.

As mudas foram produzidas em ban-deja de isopor sob telado, com substratoformulado com pó de casca de coco(Nunes, 2000) e transplantadas com 25dias após a semeadura. A adubação deplantio foi feita com esterco bovino nadosagem de 30 t/ha e com a fórmula 6-24-12 na dosagem de 150 g/m decamalhão. O plantio foi feito em siste-ma de camalhões baixos, em torno de10 cm de altura. Foram feitas duasamontoas, aos 30 e 60 dias. Para as adu-bações de cobertura utilizou-se o sulfa-to de amônio na dosagem corresponden-te a 40 kg de nitrogênio por hectare porocasião de cada amontoa.

Os tratos culturais constaram de ca-pina, amontoas, desbrotas e amarrios.Durante o desenvolvimento da culturaconstatou-se a ocorrência da larvaminadora (Liriomyza sp.) e pinta-preta(Alternaria solani), que foram contro-ladas com cyromazine, iprodione eoxicloreto de cobre, respectivamente.

O início da colheita se deu aos 60dias após o transplante e foram realiza-das três colheitas na época seca e cincocolheitas na época de chuva. Foram ava-liados todos os frutos colhidos na par-cela útil e calculada a produção total,produção comercial e a percentagem daprodução total perdida devido à incidên-cia de broca. Os dados foram submeti-dos à análises de variância com posteriorteste de Tukey ao nível de 5% de proba-bilidade para comparações múltiplasentre médias de tratamentos. Tambémforam formulados contrastes entre mé-dias de tratamentos, testados pelo testet ao mesmo nível de significância.

Durante a fase experimental a tem-peratura variou de 18 a 36ºC no períodode dezembro/95 a março/96; de 16ºC a31ºC de junho a setembro/96 e de 17 a

31ºC de maio a agosto/97. Registrou-seuma variação de precipitação mensal de0 mm a 20,3 mm; 33,3 mm a 332,2 mme de 3,8 mm a 284,2 mm nos respecti-vos períodos acima citados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises conjuntas dos experi-mentos, segundo metodologia propostapor Gomes (1985), realizadas dentro decada época (seca e chuva), dentro decada sistema de irrigação (aspersão egotejamento), ou ainda considerando-setodos os fatores estudados (época, sis-tema de irrigação e biofertilizante) numaanálise mais geral, evidenciaraminterações significativas entre estes trêsfatores, em todos os níveis, não sendopossível, portanto, a indicação dobiofertilizante sem considerar a época deplantio e o sistema de irrigação utilizado.

Entretanto, apesar das interaçõesobservadas entre os efeitos de época xbiofertilizante e época x sistema de irri-gação, o efeito principal da época deplantio sobrepujou os efeitos secundá-rios das interações, podendo-se concluirque, de um modo geral, na época dechuva obteve-se maiores produções to-tal (50,61 t/ha) e comercial (37,34 t/ha),superando as produções obtidas na épo-ca seca em 82% e 59%, respectivamen-te, e um maior peso médio de frutos(90,41 g e 70,80 g nas épocas de chuvae seca respectivamente). Também naépoca de chuva a percentagem de fru-tos brocados (23,25%) foi significativa-mente superior àquela obtida na épocaseca (5,89%).

Conclusões semelhantes podem sertomadas com relação ao efeito do siste-ma de irrigação, em que o gotejamentoproporcionou maiores produções totale comercial e maior peso médio dos fru-tos (43,85 t/ha, 34,66 t/ha e 84,28 g, res-pectivamente), superando em 27%; 32%e 9,5% aqueles obtidos na irrigação poraspersão. Neste sistema de irrigaçãotambém se observou uma menor percen-tagem de frutos brocados (13,68%) doque com o uso da irrigação por asper-são (15,45%). Esses resultados indicamque o tomateiro tutorado é uma plantamais adaptada à irrigação porgotejamento, a qual evita a lavagem dosprodutos aplicados na parte aérea e cria

um microclima desfavorável àinfestação da broca pequena do fruto.

Os resultados com relação aos pro-dutos utilizados serão discutidos dentrode cada situação, de acordo com as aná-lises de cada experimento, em particu-lar. Houve efeito significativo entre ostratamentos dentro de cada época deplantio e de cada sistema de irrigaçãoutilizado, para produção total, comerciale de frutos brocados.

No plantio da época seca com o usoda irrigação por aspersão (Tabela 1),houve destaque do tratamento com Btkseguido pelos tratamentos deltametrina+ clorfluazuron e Btk + clorfluazuronque não diferiram estatisticamente, tan-to para produção total como para a pro-dução comercial. Na produção comer-cial, a aplicação de biofertilizante + Btk,não diferiu estatisticamente de Btk;deltametrina + clorfluazuron e Btk +clorfluazuron. Estes tratamentos apre-sentaram também menores perdas defrutos brocados, destacando-se a apli-cação de biofertilizante + Btk. A eficiên-cia deste Bacillus foi comprovadatambém por Gravena (1989) no contro-le de Neoleucinodes elegantalis no MIP.Constatou-se que o efeito doclorfluazuron tanto em relação à produ-ção total e comercial quanto à percenta-gem de frutos brocados, aumentou sig-nificativamente quando associado comdeltametrina ou Btk. A aplicação dedeltametrina, isoladamente, foi o trata-mento que apresentou maior percenta-gem de frutos brocados, resultado quediscorda daqueles encontrados porRaetano et al. (1993b) e da recomenda-ção de Filgueira (1982), porém foi umdos tratamentos mais eficiente quandoem combinação com o clorfluazuron.

O teste t para contrastes entre médiasde tratamentos, ao nível de 5% designificância, confirmou os resultados doteste de Tukey, apresentados na tabela 1.Pelo teste t, a utilização da combinaçãobiofertilizante + deltametrina resultou emmaior produção comercial e menor per-centagem de frutos brocados que a apli-cação de deltametrina, isoladamente(t=4,55 e t=4,12, respectivamente). Acombinação deltametrina + clorfluazurontambém foi mais eficiente que adeltametrina, tanto na produção comer-cial (t=11,42) quanto na redução de fru-

Efeitos da aplicação de biofertilizante e outros produtos químicos e biológicos, no controle da broca pequena do fruto e na produção do tomateiro tutorado emduas épocas de cultivo e dois sistemas de irrigação.

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tos brocados (t=10,31). A combinaçãoBtk + clorfluazuron superou, em produ-ção comercial, o efeito do clorfluazuronaplicado isoladamente (t=3,65).

Os dados de produção obtidos noplantio na época de chuva (maio/junho)com um complemento de irrigação poraspersão (Tabela 2), mostraram que ostratamentos com Btk + clorfluazuron ecom biofertilizante + teflubenzuronapresentaram produções totais estatisti-camente superiores aos demais. Em pro-dução comercial, destacaram-se estestratamentos além daqueles em que foi usa-do o clorfluazuron isoladamente. O re-sultado obtido com o uso doclorfluazuron, em relação à ocorrênciade broca, discorda daquele obtido porReis & Souza (1995) em Lavras, em queesse produto foi o menos eficiente nocontrole da broca pequena do tomatei-ro. Tal fato, pode estar relacionado comas condições climáticas de cada local deaplicação. O tratamento combiofertilizante + teflubenzuron além deapresentar maior produção comercial foium dos mais eficientes no controle dabroca pequena do fruto. O tratamentocom abamectin está entre aqueles queapresentaram menores produções co-merciais e maior incidência de broca,

cujo efeito foi significativamente me-lhorado quando associado com obiofertilizante. O resultado obtido coma aplicação isolada de abamectin foi se-melhante àquele citado por Raetano etal. (1993a) e contrário ao obtido por Reis& Souza (1995). As melhores produçõese controle da broca pequena do frutodevido à associação do biofertilizanteaos inseticidas teflubenzuron eabamectin, estão relacionados com oefeito nutricional e inseticida dobiofertilizante, como referenciado porVairo (1992). O teste t para contrastesentre médias de produção comercialmostrou haver superioridade das com-binações biofertilizante + abamectin ebiofertilizante + Btk sobre o abamectine o Btk, utilizados isoladamente(t=10,18 e t=3,65 respectivamente), con-firmando o efeito positivo dobiofertilizante nesta situação. Tambéma produção comercial média obtida nacombinação Btk + clorfluazuron foi sig-nificativamente superior às obtidas nes-tes dois produtos isolados (t=13,37 et=3,17 respectivamente). Estes resulta-dos confirmam, em parte, aqueles mos-trados na tabela 2.

Com o uso da irrigação porgotejamento, na época seca (Tabela 3)

o tratamento com Btk + clorfluazuronapresentou maior produção total e co-mercial que todos os demais tratamen-tos e uma das menores perdas de pro-dução devido à ocorrência de broca(4,30%). Nestas condições de cultivosobressaiu, em segundo lugar, o trata-mento com clorfluazuron, em produçãototal e comercial, apresentando tambémpequena perda de frutos brocados(4,48%). Em relação à produção comer-cial, o uso de Btk, biofertilizante +clorfluazuron e biofertilizante +teflubenzuron não diferiram estatistica-mente entre si, fazendo parte dos me-lhores tratamentos, porém inferiores aotratamento de Btk + clorfluazuron. Oteste t não evidenciou contrastessignificantes entre os produtos usadosisoladamente ou em combinação com obiofertilizante.

Nessa época de plantio (época seca),com o uso da irrigação por aspersão(Tabela 1), a média geral da produçãocomercial foi de 23,20 t/ha com umaperda de 6,64% devido à ocorrência dabroca pequena do fruto. Usando a irri-gação por gotejamento (Tabela 3) obte-ve-se uma produção comercial média de23,74 t/ha e uma perda de 5,13% de fru-tos brocados.

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Tabela 1. Produção e perdas causadas pela broca pequena do fruto do tomateiro com plantio em época seca e sob irrigação por aspersão, emfunção de tratamentos com biofertilizante e inseticidas biológicos e químicos. Aracaju (SE), Embrapa Tabuleiros Costeiros, 1995 – 1997.

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Tabela 3. Produção e perdas causadas pela broca pequena do fruto do tomateiro com plantio na época seca e sob irrigação por gotejamento,em função de tratamentos com biofertilizante e inseticidas biológicos e químicos. Aracaju (SE), Embrapa Tabuleiros Costeiros, 1995 –1997.

Na época de chuva e com o comple-mento da irrigação por gotejamento (Ta-bela 4), as maiores produções totais e

comerciais e as menores perdas de pro-dução devido à ocorrência da broca fo-ram obtidas com aplicação de

biofertilizante + abamectin e debiofertilizante + clorfluazuron, cujosresultados não diferiram estatisticamen-

Efeitos da aplicação de biofertilizante e outros produtos químicos e biológicos, no controle da broca pequena do fruto e na produção do tomateiro tutorado emduas épocas de cultivo e dois sistemas de irrigação.

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te entre si. Também aqui foram consta-tadas diferenças significativas, tantopelo teste de Tukey quanto pelo teste t,entre os tratamentos biofertilizante +abamectin e abamectin, com relação àprodução comercial e percentagem defrutos brocados (t=8,26 e t=3,25, respec-tivamente), indicando um melhor efeitoda combinação sobre o produto isoladono aumento da produtividade e reduçãoda broca, à semelhança do observado nomesmo período, com a irrigação por as-persão (Tabela 2). Somente nessa épocae com a irrigação por gotejamento, fo-ram evidenciadas médias de produçãototal e comercial significativamente su-periores do tratamento biofertilizante +clorfluazuron, quando comparado aoclorfluazuron isolado (t=5,19).

Constatou-se, pelas médias gerais,maior ocorrência de broca pequena dofruto nos plantios feitos na época dechuva (Tabelas 2 e 4), onde a perdamédia de produção foi 17,63%, supe-rior ao do plantio realizado na épocaseca (Tabelas 1 e 3). A produção total,produção comercial e o peso médio defruto obtidos nos cultivos feitos na épo-ca de chuva, foram superiores em 47%,25% e 28%, respectivamente, em rela-ção à época seca.

O fato da maior ocorrência de brocater sido observado na época de chuva,pode estar relacionado com a maior la-vagem dos produtos aplicados e com amaior infestação desse inseto-pragafavorecida pelas condições climáticasnesse período. Por outro lado as maio-res produções na época de chuva podemser devido à ocorrência de temperatu-ras mais amenas, principalmente à noi-te, que são favoráveis ao vingamento deflores e formação de frutos.

No presente trabalho observou-seque as plantas que receberam a aplica-ção de biofertilizante apresentaram maiorvigor e coloração verde mais intensa emrelação aos demais tratamentos.

Diante dos resultados alcançados nascondições em que foram desenvolvidosos experimentos, conclui-se que o efei-to dos tratamentos variou com a épocade plantio e com o sistema de irrigaçãoutilizado. Os melhores tratamentos, emordem decrescente, foram: a) Épocaseca com a irrigação por aspersão: Btk;Btk + clorfluazuron; deltametrina +clorfluazuron; biofertilizante + Btk; b)Época seca com irrigação porgotejamento: Btk + clorfluazuron.; c)Época de chuva com a irrigação por as-persão: Btk + clorfluazuron;

biofertilizante + teflubenzuron eclorfluazuron; d) Época de chuva coma irrigação por gotejamento:biofertilizante + clorfluazuron ebiofertilizante + abamectin. Obiofertilizante por ser um adubo foliarorgânico, tem o efeito de nutrir a plantainfluenciando no seu desenvolvimento,e consequentemente na produção. Es-tes efeitos somados ao efeito inseticidade alguns produtos, resultam em melho-res produções e controle da broca pe-quena do fruto do tomateiro.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Técnico Agrícolada EMDAGRO Waltênis Braga Silva eao Técnico Agrícola da Embrapa Tabu-leiros Costeiros, Arnaldo SantosRodrigues pelo apoio técnico e dedica-ção na condução dos experimentos ecoleta dos dados em campo.

LITERATURA CITADA

BORTOLI, S.A.; CASTELLANE, P.D. Controlequímico da traça do tomateiro e de brocas dosfrutos em tomateiro ‘Kazue’, 1988.Horticultura Brasileira, Brasília, v. 6, n. 2, p.27-28, nov.1988.

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Tabela 4. Produção e perdas causadas pela broca pequena do fruto do tomateiro com plantio na época das chuvas e sob irrigação porgotejamento, em função de tratamentos com biofertilizante e inseticidas biológicos e químicos. Aracaju (SE), Embrapa Tabuleiros Costei-ros, 1995 – 1997.

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Efeitos da aplicação de biofertilizante e outros produtos químicos e biológicos, no controle da broca pequena do fruto e na produção do tomateiro tutorado emduas épocas de cultivo e dois sistemas de irrigação.

60 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

Em agosto de 1999, foi verificado queno Núcleo Rural da Taquara (DF) a

produção de tomate e brassicas estavaseriamente comprometida devido aosdanos ocasionados pela traça-do-toma-teiro (Tuta absoluta) e pela traça-das-crucíferas (Plutella xylostella). Diver-sos tipos de inseticidas, com freqüênciaque variava de semanal a diária, foramutilizados na região. A impossibilidadede controle das pragas foi atribuída, pe-los agricultores, à possível “falsificaçãodos produtos”. Não foi levantada a hi-pótese de que a ineficiência dos produ-tos poderia ser devida à resistência daspragas aos inseticidas. Resistência detraça-do-tomateiro a cartap já foi obser-vada no Brasil (Siqueira et al., 2.000) e

CASTELO BRANCO, M.; FRANÇA, F.H., MEDEIROS, M.A.; LEAL, J.G.T. Uso de inseticidas para o controle da traça-do-tomateiro e traça-das-crucíferas: um estudo de caso. Horticultura Brasileira, v. 19 n. 1, p. 60-63, março, 2.001.

Uso de inseticidas para o controle da traça-do-tomateiro e traça-das-crucíferas: um estudo de caso.Marina Castelo Branco1; Félix H. França1; Maria A. Medeiros1, José Guilherme T. Leal2

1/Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970, Brasília - D.F; E-mail: [email protected] 2/EMATER-DF. Escritório LocalNúcleo Rural da Taquara, s/n. 70.000-000 Brasília – DF

RESUMO

Em agosto de 1999, produtores de tomate e brassicas da NúcleoRural da Taquara tiveram seus cultivos seriamente comprometidosdevido à impossibilidade de controle da traça-do-tomateiro e da tra-ça-das-crucíferas. Diversos inseticidas, alguns com o mesmo prin-cípio ativo ou, pertencentes ao mesmo grupo químico, eram aplica-dos de uma a sete vezes por semana sem qualquer eficiência nocontrole das pragas. Lavouras foram abandonadas em diferentes estádiosde desenvolvimento. A fim de definir uma estratégia de controleque viabilizasse a produção de tomate e brassicas na região, foi ava-liado em laboratório a eficiência da dose comercial de alguns inseti-cidas usados no controle das duas pragas. Para isso, foram coletadasduas populações de traça-do-tomateiro e uma população de traça-das-crucíferas. Para traça-do-tomateiro, cartap, abamectin, lufenuron,acefate e deltametrina causaram respectivamente 100; 90; 67 e 0%de mortalidade das larvas. Para traça-das-crucíferas, B. thuringiensis,abamectin, cartap, acefate and deltametrina causaram 100; 96; 86;79 e 5% de mortalidade respectivamente. De acordo com estes re-sultados foi recomendada a suspensão imediata do uso de piretróidese organofosforados para o controle das duas pragas. Abamectin ecartap foram recomendados para o controle da traça-do-tomateiro eB. thuringiensis para o controle de traça-das-crucíferas.

Palavras-chave: Brassica oleracea, Lycopersicon esculentum,Tuta absoluta, Plutella xylostella, tomate, repolho, couve-flor,controle químico, resistência a inseticida.

ABSTRACT

Use of insecticides for controlling the South American TomatoPinworm and the Diamondback Moth: a case study.

In August 1999, at the “Núcleo Rural da Taquara”, FederalDistrict, Brazil, tomato and brassica crops were severely damagedby the South American Tomato Pinworm (Tuta absoluta) and theDiamondback Moth (Plutella xylostella). During that time growersrelated that they had been spraying insecticides one to seven timesper week without controlling the pests. In the fields it was observedthat there were crops with different ages and levels of chemicalresidues which allowed the pests to multiplicate continuously. Thenit was decided that the first step to solve the problem would be toevaluate the efficacy of the recommended field rate of someinsecticides in laboratory bioassays. Two Brazilian Tomato Pinwormpopulations and one Diamondback Moth population were collected.Cartap, abamectin, lufenuron, acephate and deltamethrin caused 100;90; 67 and 0% of larval mortality to the South American TomatoPinworm, respectively. B. thuringiensis, abamectin, cartap, acephateand deltamethrin caused 100; 96; 86; 79 and 5% of mortality to theDiamondback Moth, respectively. According to laboratory results itwas recommended that the use of pyrethroid and organophosphorouscompounds must be suspended immediately. Abamectin and cartapmust be used to control the South American Tomato Pinworm andB. thuringiensis must be employed to Diamondback Moth control.

Keywords: Brassica oleracea, Lycopersicon esculentum, Tutaabsoluta, Plutella xylostella, tomato, cabbage, cauliflower,chemical control, insecticide resistance.

(Aceito para publicação em 04 de janeiro de 2.001).

resistência de traça-das-crucíferas a di-versos inseticidas já foi observada emvárias partes do mundo (Castelo Branco& Gatehouse, 1997; Cameron & Walker,1998; Baker, 1999; Kovaliski, 1999).

Observações preliminares de tomatedo local constataram a presença de mi-nas de traça-do-tomateiro em pratica-mente todas as folhas e, em alguns ca-sos, até 100% de frutos danificados. Emlavouras de brassicas foram observadosfuros de traça-das-crucíferas em folhasde repolho e couve-flor e, em um cultivode couve-flor, foram encontradas mais de100 larvas/planta. O sistema de produ-ção destas culturas envolvia: plantio con-tínuo e sucessivo de tomate e brassicas;abandono de restos culturais nas áreas de

cultivo; mistura de inseticidas; utilizaçãoem rotação de dois ou três produtos dife-rentes, em uma mesma semana, sem ob-servação de critérios técnicos.

Zhao et al. (1995), em ensaios reali-zados na China, observaram que testesde laboratório onde se avaliava a eficiên-cia da dose comercial de inseticidas parao controle da traça-das-crucíferas erambons indicadores da eficiência dos inse-ticidas em campo. A fim de determinarquais os inseticidas ineficientes para ocontrole da traça-das-crucíferas e traça-do-tomateiro no Núcleo Rural daTaquara, testes de laboratório foram rea-lizados. De posse destes dados e das ob-servações de campo, recomendações parao manejo da cultura foram sugeridas.

61Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

MATERIAIS E MÉTODOS

1. Populações coletadasForam coletados ovos, larvas e

pupas de duas populações de traça-do-tomateiro (Populações 1 e 2) e de umapopulação de traça-das-crucíferas (Po-pulação 3) no Núcleo Rural da Taquara.Os agricultores forneceram dados sobreos inseticidas utilizados e freqüência deaplicação, conforme segue:

1.1 Traça-do-tomateiro: abamectin,Bacillus thuringiensis, chlorfluzuron,ciflutrina, deltametrina, fenpropatrina,lufenuron, metomil, permetrina etriflumuron. As pulverizações foramrealizadas com um inseticida ou commistura de produtos a cada 24 horas.

1.2 Traça-do-tomateiro: abamectin,Bacillus thuringiensis, betaciflutrina,ciflutrina, cartap, fenpropatrina,lufenuron, metomil, permetrina,triflumuron. As pulverizações eram rea-lizadas a cada três dias, com um inseti-cida ou com mistura de dois inseticidas(piretróide + lufenuron).

1.3 Traça-das-crucíferas: abamectin,chlorfluzuron, deltametrina, metamidofóse outros inseticidas não identificados. Aspulverizações eram feitas com interva-lo que variavam de um a três dias.

2. Bioensaios2.1. Traça-do-tomateiro: Foram

utilizadas larvas de segundo e terceiroestádio de traça-do-tomateiro provenien-tes diretamente do campo. Os insetici-das abamectin (9 g.i.a./ha), acefate (750g.i.a./ha), cartap (625 g.i.a./ha),deltametrina (10 g.i.a./ha) e lufenuron(40 g.i.a./ha) foram diluídos consideran-do-se o volume de calda de 1.000 L/ha.Folíolos que não continham larvas detraça-do-tomateiro foram imersos nasolução de inseticida por 10 segundose, em seguida, colocados para secar atemperatura ambiente. Após estaremsecos, 10-15 larvas de traça-do-tomatei-ro foram colocadas em três folíolos emplaca de Petri (15 cm de diâmetro). Emoutro teste, folíolos infestados com lar-vas de traça-do-tomateiro foram imersosna solução de inseticida por 10 segun-dos (10-15 larvas/repetição) e transfe-ridos para placas de Petri. Foram utili-zadas quatro repetições por tratamento.

Para todos os inseticidas, a mortali-dade de larvas foi avaliada após 24 h,exceto para lufenuron, onde a mortali-dade de larvas foi avaliada após seisdias. Para este último inseticida foi ain-da avaliado o número de adultos emer-gidos. Para a população 1 foram testa-dos abamectin, acefate, deltametrina elufenuron. Para a população 2 foram tes-tados acefate, cartap e deltametrina. Osprodutos cuja mortalidade de larvas foisuperior a 90% foram considerados comoeficientes para o controle da praga.

Para a análise estatística foi utiliza-do o esquema fatorial 5 x 2 e 4 x 2 [in-seticidas x posição das larvas nas folhas(sobre ou dentro das minas)] para aspopulações 1 e 2, respectivamente. Osdados foram submetidos à análise devariância e ao teste DMS (p<0,05) paraa separação das médias.

2.2.Traça-das-crucíferas: Larvas epupas foram coletadas em cultivo decouve-flor e criadas em laboratório atéa emergência de adultos. Os adultos fo-ram liberados em gaiola contendo fo-lhas de repolho para a obtenção dos ovosos quais foram mantidos em caixas plás-ticas com folhas de repolho até que aslarvas se desenvolvessem até o segun-do estádio, quando foram utilizadas nobioensaio. Foi avaliada a eficiência dosseguintes inseticidas: acefate (750 g i.a./ha), abamectin (9 g i.a./ha), Bacillusthuringiensis (18 g i.a./ha), cartap (300g i.a./ha) e deltametrina (6 gi.a./ha). Asdiluições foram realizadas consideran-do-se um volume de calda de 400 l/ha.

Discos de folhas de repolho de 4 cmde diâmetro foram imersos na soluçãoinseticida e secos à temperatura ambien-te, no laboratório. Foram transferidospara placas de Petri com 9 cm de diâ-metro e sobre cada folha foram coloca-das 15 larvas de traça-das-crucíferas.

A mortalidade de larvas foi avalia-da após 48 h. Os dados foram submeti-das à análise de variância e foi utilizadoo teste DMS (p<0,05) para a separaçãode médias.

2.3. Inimigos naturais: Um total de50 ovos de traça-do-tomateiro foramcoletados no campo em cada uma dasduas áreas de tomate. Os ovos foramindividualizados em cápsulas de gelati-na para a verificação de ocorrência deparasitóides.

Larvas de traça-das-crucíferascoletadas no campo foram também se-paradas e criadas até o estágio de pupa.Quando as pupas foram obtidas (172 nototal), foram individualizadas em cáp-sulas de gelatina para a observação daemergência de parasitóides ou adultosda praga.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. Traça-do-tomateiro: Para as duaspopulações de traça-do-tomateiro hou-ve apenas efeito do inseticida na morta-lidade das larvas. Não houve efeito daposição das larvas sobre os folíolos (lar-vas sobre os folíolos ou no interior des-tes) nem da interação inseticida x posi-ção das larvas. Este resultado é diferen-te do observado por Castelo Branco &França (1993) onde, quando folhas detomate foram tratadas com cartap, amortalidade de larvas de traça-do-toma-teiro no interior das minas foi significa-tivamente menor do que a mortalidadede larvas sobre as folhas. A causa destadiferença não pôde ser identificada, masé possível que o grau de suscetibilidadedas populações ao inseticida de algumamaneira interfira nos resultados.

As doses comerciais dos inseticidasdeltametrina e acefate causaram a mor-talidade de menos de 2% das larvas daspopulações 1 e 2 (Tabelas 1 e 2).

Lufenuron ficou em uma posiçãointermediária, causando entre 67 e 72%de mortalidade das lagartas (Tabela 1).No entanto, este produto, por ser umregulador de crescimento, afeta tambéma emergência de adultos. Uma média de13% dos adultos emergiram, quando aslarvas foram colocadas sobre as folhas.Já quando as larvas estavam dentro dasfolhas, este percentual subiu para 26%.Ainda que mais de 10% dos adultos datraça-do-tomateiro tenham emergido,inseticidas reguladores de crescimentocomo lufenuron afetam a fertilidade defêmeas (França & Castelo Branco,1996), podendo contribuir para a redu-ção da população da praga em campo.

Abamectin causou a mortalidade demais de 90% das larvas da população 1(Tabela 1) e cartap causou a mortalida-de de todas as larvas da população 2(Tabela 2). Estes resultados indicam queestes dois inseticidas são os produtos

Uso de inseticidas para o controle da traça-do-tomateiro e traça-das-crucíferas: um estudo de caso.

62 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

mais eficientes para o controle da pragana região.

Dos 50 ovos da traça-do-tomateirocoletados de cada população, nenhumparasitóide emergiu. Este resultado podeindicar a ausência de parasitóides naregião ou a eliminação destes.

2. Traça-das-crucíferas:Deltametrina foi o produto menos eficien-te, causando a mortalidade de menos de6% das larvas (Tabela 3). Acefate ecartap se situaram em uma posição in-termediária com uma mortalidade varian-do de 79 a 86% (Tabela 3).Abamectin eBacillus thuringiensis causaram morta-

lidade superior a 96% (Tabela 3). Estesresultados indicaram uma boa eficáciados dois inseticidas para o controle dapraga. Abamectin não é registratdo paraa cultura de brássicas, não tendo por-tanto o seu uso recomendado.

Das 172 pupas de traça-das-crucíferas obtidas, apenas duas estavamparasitadas. Uma por Apanteles sp. e aoutra por Oomyzus sokolowiskii. Entreas pupas 87 originaram adultos e 83 nãoemergiram. Esta baixa ocorrência deparasitóides pode ser atribuída ao ele-vado número de aplicações de insetici-da e ao uso de produtos extremamente

tóxicos como por exemplo metamidofóse deltametrina (Talekar & Yang, 1991;Kao & Tzeng, 1992). Este resultado di-fere do observado por França &Medeiros (1998) onde em uma avalia-ção de inseticidas em campo foi obser-vada população alta de parasitóides (mé-dia > 4,0 adultos por planta) nas parce-las tratadas com deltametrina, indican-do a sobrevivência destes no local doexperimento. Como nesta área de culti-vo foram utilizados diferentes tipos deinseticida, não foi possível a identifica-ção dos produtos que mais contribuírampara a redução da população dos

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Tabela 1. Mortalidade de larvas de traça-do-tomateiro tratadas com diferentes inseticidas. Larvas sobre folhas ou no interior das minas.População 1. Taquara, Embrapa Hortaliças, 1999.

1/ número de larvas encontradas após 24 h para todos os inseticidas a exceção de Match®, onde o número de larvas é o número de larvasencontrado após seis dias.Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste DMS (p> 0,05)

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Tabela 2: Mortalidade de larvas de traça-do-tomateiro tratadas com diferentes inseticidas. Larvas sobre folhas ou no interior das minas.População 2. Taquara, Embrapa Hortaliças, 1999.

1/ número de larvas encontradas após 24 h para todos os inseticidas a exceção de Match®, onde o número de larvas é o número de larvasencontrado após seis dias.Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste DMS (p> 0,05)

M. Castelo Branco et al.

63Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

parasitóides. Estudos que visem avaliara seletividade de alguns destes produ-tos se fazem necessários.

É sabido que as doses recomenda-das de qualquer inseticida são capazesde matar um determinado percentual dapopulação da praga, geralmente 95%,independentemente da sua densidadepopulacional (Knipling, 1979). Então,quando a densidade populacional é bai-xa, os produtos tendem a ser mais efi-cientes do que quando a densidadepopulacional é mais elevada. No NúcleoRural da Taquara, o sistema de produ-ção de tomate e brassicas (plantios su-cessivos e não eliminação de restos cul-turais) e as condições ambientais (tempoquente e seco) eram favoráveis ao cres-cimento descontrolado das populações detraça-das-crucíferas e traça-do-tomatei-ro (França et al., 1985; Haji et al., 1988;Castelo Branco, 1992). Deste modo, ne-nhum inseticida, mesmo os consideradoseficientes em testes de laboratório, apre-sentaram eficiência no campo.

Assim, para a viabilização de lavou-ras de tomate e brassicas na região esobrevivência de parasitóides e preda-dores que possam auxiliar na reduçãodas populações das pragas, são neces-sárias a implementação de medidas ra-cionais de uso de inseticidas e outraspráticas de manejo da cultura que visem,principalmente, reduzir as condiçõesfavoráveis ao crescimento populacionaldos insetos. São recomendadas as se-guintes medidas:

a) pulverizações semanais de inseti-cidas;

b) eliminação de inseticidas perten-centes a grupos químicos consideradosineficientes nos testes de laboratório;

c) introdução de um esquema de rota-ção de inseticidas (Castelo Branco, 2.000);

c) uso de irrigação por aspersão pararemoção de ovos e mortalidade de lar-vas e pupas (Costa et al., 1998;Junqueira et al., 1998);

d) destruição de restos culturais;e) não utilização de plantio

seqüenciado de tomate ou brássicas.As recomendações aqui descritas

foram seguidas por um agricultor doNúcleo Rural da Taquara e com isso foirecuperada uma lavoura de tomate e umplantio de couve-flor que já haviam sidoconsiderados perdidos.

AGRADECIMENTOS

A Hozanan P. Chaves pelo auxílionos trabalhos de campo e laboratório.Aos agricultores do Núcleo Rural daTaquara pelas informações prestadas.

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Tabela 3 Mortalidade de larvas de traça-das-crucíferas tratadas com diferentes inseticidas.População 3. Taquara, Embrapa Hortaliças, 1999.

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste DMS (p> 0,05)

Uso de inseticidas para o controle da traça-do-tomateiro e traça-das-crucíferas: um estudo de caso.

64 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

O Brasil é o nono maior produtormundial de tomate e o décimo pri-

meiro em termos de área plantada(Agrianual, 1999). A produção em 1998foi de 2.615 milhões de toneladas emuma área de 59.810 ha, colocando essaespécie como a hortaliça mais impor-

SILVA, E.C.; MIRANDA, J.R.P.; ALVARENGA, M.A.R. Concentração de nutrientes e produção do tomateiro podado e adensado em função do uso defósforo, de gesso e de fontes de nitrogênio. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 64-69, março 2001.

Concentração de nutrientes e produção do tomateiro podado e adensadoem função do uso de fósforo, de gesso e de fontes de nitrogênio.Ernani C. Silva1; José R. P. Miranda2; Marco A. R. Alvarenga3

1UFS-DEA, Cidade Universitária “Prof. José Aloísio de Campos”, 49.100-000, São Cristóvão-SE- E-mail: [email protected]; 2UFPB-CSTR-Depto.Engª. Florestal, Campus VII, 58.700-970, Patos-PB; 3UFLA-DAG, C. Postal 37, 37.200-000, Lavras-MG, E-mail:[email protected]

RESUMOEste trabalho foi conduzido em Lavras-MG, em 1997, para es-

tudar a absorção de nutrientes e a produção de tomateiro no sistemapodado e adensado, sob diferentes doses de gesso, P

2O

5 e fontes de

N e de P, considerando também o sistema de produção convencio-nal. Foram estudadas três doses de P

2O

5 (0,2; 0,4 e 0,6 t/ha) na for-

ma de superfosfato triplo e quatro doses de gesso (0,3; 0,6; 0,9 e 1,2t/ha), arranjadas como fatorial 3 x 4, no delineamento experimentalde blocos casualizados, com quatro repetições. Foram incluídos qua-tro tratamentos adicionais abrangendo espaçamentos e poda e fon-tes de N e P. A produção comercial cresceu linearmente com as do-ses de P

2O

5 e decresceu com o uso de gesso. As maiores produções,

ao limite de 149,2 t/ha, foram obtidas com plantas podadas eadensadas. As menores produções, 91 t/ha (plantas podadas) e 63,2t/ha (plantas não podadas), foram obtidas com o uso de N (sulfatode amônio) e P(superfosfato simples). O teor de P nas folhas decres-ceu linearmente com o aumento das doses de gesso e variou de 3,0 a1,7 g/kg com o menor teor observado nos tratamentos adicionais N(sulfato de amônio) e P (superfosfato simples). O teor de Mg nasfolhas foi em média 4,7 g/kg sem diferenças significativas conside-rando os tratamentos com gesso e P

2O

5, mas foram encontrados teo-

res de Mg em torno de 3,0 g/kg no tratamento adicional N (sulfatode amônio) e P (superfosfato simples), estatisticamente diferentedos demais tratamentos. O teor de Cu (79,4 mg/kg) observado notratamento adicional onde foi usada uréia como fonte de N esuperfosfato triplo como fonte de P, foi estatisticamente diferente de120,6 g/kg, encontrado no outro tratamento adicional. O teor de Cuelevou-se também com o aumento das doses de gesso. Conclui-seque o uso excessivo de fertilizantes cujas fórmulas contenham Spode inibir a absorção de P, assumindo maiores proporções nos plan-tios adensados. A redução do número de frutos por planta através dapoda, quando associada com maior densidade de plantio, pode re-sultar em ganho altamente significativo de produtividade.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill, fósforo, aduba-ção fosfatada, gessagem, sistemas de produção.

ABSTRACTYield and nutrient concentration of tomato plants pruned

and grown under high planting density according to phosphorus,gypsum and nitrogen sources.

This research was carried out at Lavras, Minas Gerais State (Brazil)in 1997. The objective was to study nutrient absorption by tomatoplants pruned and grown under high planting density over differentgypsum, P

2O

5 rates and different N and P sources. The yield was also

analyzed, considering conventional planting systems. The experimentaldesign was of complete randomized blocks with four replications in afactorial scheme 3 x 4 with three rates of P

2O

5 triple superphosphate

(0.2, 0.4, and 0.6 t/ha) and four rates of gypsum (0.3, 0.6, 0.9 and 1.2t/ha). Four additional treatments were included about planting systemand soil fertilization. A linear increase was observed on the commercialtomato yield with the increasing of P

2O

5 rates whereas linear decreasing

was observed with the increasing of gypsum rates. The production upto 149.2 t/ha was obtained with plants pruned and grown under highplanting density. The lower production, 91 t/ha (pruned plants) and63.2 t/ha (not pruned plants), was obtained using ammonium sulfate(N source) and single superphosphate (P source). Leaf P contents,with values around 3.0 a 1.7 g/kg, decreased with the increase ofgypsum rates. The lower leaf P content was observed in the additionaltreatment with ammonium sulfate and single superphosphate. Themean value of magnesium contents was 4.7 g/kg without statisticallysignificant differences considering gypsum and P

2O

5 treatments.

Otherwise values of magnesium contents around 3.0 g/kg werefound under additional treatments, statistically different whencompared to the treatments above mentioned. The observed Cuvalues of 79.4 mg/kg in another additional treatment using urea asN source, and triple superphosphate as P source was statisticallydifferent with values of 120.6 g/kg, observed in the first additionaltreatment. Leaf Cu contents also increased with the increase ofgypsum rates. Its was concluded that high levels of fertilizers withsulfur can inhibit P uptake mainly in high planting density.Reduction of number of fruits per plant by pruning associated withhigh planting density can increase the yield.

Keywords: Lycopersicon esculentum Mill, phosphorus andgypsum fertilizers, production system.

(Aceito para publicação em 12 de dezembro de 2.000)

tante no Brasil, incluindo os aspectossócioeconômicos (Makishima,1991).Entretanto, a produtividade média de43,7 t/ha é muito baixa, tendo em vistaa potencialidade produtiva do tomatei-ro. Nos últimos anos, têm sido usadastécnicas e práticas mais sofisticadas, alia-

das a sistemas de produção mais moder-nos e a cultivares híbridas de tomatemais produtivas, no sentido de otimizaro potencial produtivo dessa cultura. Aredução do número de hastes por plantae a poda apical para um número defini-do de cachos nas hastes são práticas

65Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

alternativas de produção de tomates paraconsumo ao natural de modo a obterem-se frutos com maior valor comercial(Oliveira et al., 1996; Silva et al., 1997;Camargos, 1998). A desbrota ou remo-ção de brotos axilares do tomateiro decrescimento determinado induz efeitosemelhante ao observado em tomatei-ros de crescimento indeterminado, pos-sibilitando maior percentagem de fru-tos graúdos, número e massa média defrutos produzidos precocemente (Silva-Júnior et al., 1992).

A quantidade de nutrientes absorvi-dos pela planta de tomate e o seuparticionamento, geralmente associadosao crescimento da planta, depende defatores bióticos e abióticos, dentre elesa prática da poda (Pelúzio, 1991), siste-ma de plantio (Fontes & Fontes, 1991)e fontes e doses de nutrientes (Fontes &Fontes, 1992). O uso do gesso na cultu-ra de amendoim como fornecedor de Cae S tem dado bons resultados (Quaggioet al., 1982) assim como em soja(Mascarenhas et al., 1976) e cenoura(Castellane et al., 1983). Entretanto,apesar da importância do gesso comofonte de nutrientes, sua utilização podeprejudicar a nutrição e a produção dasplantas quando empregado em doses queelevem excessivamente a disponibilida-de de Ca e S (Martinez et al., 1983).

Os objetivos do trabalho foram es-tudar o efeito de doses de gesso e dosesde P

2O

5 e diferentes fontes de N e de P

na absorção de nutrientes pelo tomatei-ro podado e adensado e na produção dotomateiro em dois sistemas de produ-ção, convencional e adensado.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido no campoexperimental da UFLA, em Lavras(MG), durante o ano de 1997, utilizan-do-se tomateiro do grupo Santa Cruz,cv. Santa Clara. O solo é do tipoLatossolo Vermelho Escuro distrófico(Led) com as seguintes características:pH em água = 4,9; P = 6 mg/dm3; K =63 mmol

c/dm3; S = 37 mg/dm3; Ca = 2,5

mmolc/dm3; Mg = 0,3 mmol

c/dm3; Cu =

4,3 mg/dm3; Fe = 43,5 mg/dm3; Mn =45,0 mg/dm3; Zn = 1,8 mg/dm3; Al =0,1 mmol

c/dm3; V = 45%; M.O. = 3,0

dag/kg; areia = 22 g/kg; limo = 24 g/kg;argila = 54 g/kg.

Utilizou-se o extrator Mehlich 1 paraP, K, Zn, Mn, Fe e Cu, sendo o P deter-minado pelo método colorimétrico; Kpor fotometria de chamas e os demaisnutrientes por espectrofotometria deabsorção atômica. O B foi extraído comágua quente e determinado por proces-so colorimétrico. Para Ca, Mg e Al uti-lizou-se extrator KCl 1M com a deter-minação de Ca e Mg feita por titulaçãocom EDTA e Al por titulação comNaOH. O S foi determinado por extra-ção com fosfato monocálcico em ácidoacético (método Hoeft).

A propagação do tomateiro foi embandejas de isopor, com 128 células, sobestufa de cobertura de polietileno utili-zando-se substrato comercial à base devermiculita expandida e resíduo orgâ-nico. O transplante foi efetuado quandoas mudas apresentavam quatro folhasdefinitivas. No campo, o arranjo dasplantas foi em fileira dupla (0,8 m entrefileiras duplas x 0,4 m entre fileiras sim-ples x 0,4 m entre plantas) com densi-dade de 41.500 plantas/ha, sendo umaplanta por cova. As plantas foramconduzidas com uma haste e podadasapós o quarto ramo floral, imediatamen-te acima da terceira folha. Também fez-se uso do cultivo convencional emespaçamento 1,0 m x 0,50 m, densida-de de 20.000 plantas/ha, onde as plan-tas foram mantidas com uma haste emlivre crescimento. Tratos culturais efitossanitários foram feitos de acordocom o recomendado para a cultura dotomateiro (Barbosa & França, 1980;Churata-Masca, 1980; Maffia et al.,1980; Manzan, 1980). Os tratamentosem estudo foram três doses de P

2O

5 na

forma de superfosfato triplo (0,2; 0,4 e0,6 t/ha) e quatro doses de gesso (0,3;0,6; 0,9 e 1,2 t/ha), mais quatro trata-mentos adicionais envolvendo fontes denitrogênio, fontes de fósforo e formasde condução das plantas, arranjados nodelineamento experimental em blocoscasualizados, em esquema fatorial 3 x 4+ 4, com quatro repetições. Os tratamen-tos envolvendo adubações foram pro-postos com base nas recomendaçõespara adubação do tomateiro (CFSEMG,1989). O gesso apresentava 32,6% deCaO e 18,6% de S. Todas as parcelasreceberam, por ocasião do transplantio,180 kg/ha de K

2O, na forma de KCl. Os

tratamentos fatoriais receberam 120 kg/

ha de N, na forma de uréia e fósforo naforma de superfosfato triplo. Os trata-mentos adicionais não receberam gessoe constaram de: a) 120 kg/ha de N naforma de uréia, 400 kg/ha de P

2O

5 na

forma de superfosfato triplo, com plan-tas podadas e cultivadas em fileira du-pla (0,40 x 0,40 x 0,8 m); b)120 kg/hade N na forma de sulfato de amônio e400 kg/ha de P

2O

5 na forma de

superfosfato simples, com plantas poda-das e cultivadas em fileiras duplas (0,40x 0,40 x 0,8 m); c) convencional - 120kg/ha de N na forma de sulfato de amônioe 400 kg/ha de P

2O

5 na forma de

superfosfato simples, com plantas culti-vadas em fileiras simples (1,0 x 0,5 m)sem poda e d) 120 kg/ha de N na formade uréia com plantas podadas e cultiva-das em fileiras duplas (0,40 x 0,40 x 0,8m), omitindo-se a adubação fosfatada.Assim, cada bloco ficou com 16 parce-las, sendo doze do fatorial e quatro dostratamentos adicionais. As parcelas fo-ram formadas por doze plantas úteis notratamento convencional e por oito plan-tas úteis nos demais tratamentos.

A adubação em cobertura consistiuda aplicação total de 120 kg/ha de N naforma de uréia parcelados em três apli-cações iguais, aos 20, 40 e 60 dias apóso transplantio nos tratamentos que re-ceberam doses de gesso e doses de P

2O

5

e nos dois tratamentos adicionais quereceberam N na forma de uréia. Nosoutros dois tratamentos adicionais quereceberam sulfato de amônio notransplantio, a adubação em coberturafoi feita com sulfato de amônio nasmesmas épocas e datas descritas. Todasas parcelas receberam um total de 120kg/ha de K

2O em cobertura, parcelados

e aplicados da mesma forma que o ni-trogênio. As adubações foram localiza-das nos sulcos de plantio.

Os teores de P, K, Ca, Mg, S, Cu,Fe, Mn e Zn nas folhas do tomateiroforam analisados segundo delineamen-to experimental 3 x 4 + 2, considerandoos dois tratamentos adicionais onde asplantas foram podadas e receberam N eP

2O

5, com e sem enxofre na fórmula. As

análises foram feitas em amostras dasterceiras folhas a partir da extremidade,aos 100 dias após o transplantio. Os teo-res de K, P, S, Ca e Mg foram determi-nados no extrato nítrico-perclórico, uti-lizando-se método colorimétrico para o

Concentração de nutrientes e produção do tomateiro podado e adensado em função do uso de fósforo, de gesso e de fontes de nitrogênio.

66 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

fósforo; fotometria de chamas para opotássio; turbidimetria para o enxofre eespectrofotometria de absorção atômi-ca para os demais nutrientes (Malavoltaet al.,1989). As colheitas iniciaram-seaos 110 dias após o semeio, quando osfrutos apresentavam coloraçãoavermelhada. Nessa época, avaliaram-se produção comercial, caracterizadapor frutos livres de injúrias querprovocadas por pragas ou doenças, in-dependente do tamanho; produção defrutos graúdos (frutos > 52 mm de diâ-metro); massa média de fruto e produ-ção de frutos por planta. Para essas aná-lises foram incluídos todos os tratamen-tos em esquema fatorial 3 x 4 + 4.

Foi realizada análise estatística espe-cífica para o fatorial 3 x 4, considerandotodas as características analisadas; umaanálise específica para os dois tratamen-tos adicionais do esquema fatorial 3 x 4+ 2, considerando apenas os teores denutrientes nas folhas e uma análise espe-cífica para os quatro tratamentos adicio-nais, considerando todas as característi-cas avaliadas. Resíduos comuns foramobtidos e usados posteriormente para aanálise de variância conjunta, empregan-do-se o teste F, ao nível de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O teor de fósforo nas folhas dos to-mateiros aumentou linearmente à me-dida que aumentaram as doses de P

2O

5,

indicando não suficiência das doses

aplicadas e o contrário aconteceu com aaplicação de gesso (Figura 1). A respos-ta positiva à aplicação de P

2O

5, em rela-

ção ao teor de P nas folhas do tomatei-ro, pode estar relacionada com a grandedensidade de plantio. Por outro lado, oefeito depressivo do gesso sobre a ab-sorção do fósforo, provavelmente, sejaconseqüência do aumento da disponibi-lidade do ânion sulfato no solo, com-petindo com o fosfato pelos mesmos sítiosde absorção ou ainda pode ter provoca-do redução na translocação do P para aparte aérea, devido à habilidade de otomateiro acumular sulfato em suasraízes (Martinez et al., 1983). Os teoresde P nas folhas do tomateiro variaramde 1,7 a 3,0 g/kg o que pode indicar umaprovável carência do nutriente, uma vezque Nishimoto et al. (1977) observaramque para o tomateiro atingir 95% do seurendimento máximo, os teores de P nasfolhas variaram de 3,0 a 5,0 g/kg. Éimportante observar que o menor teorde fósforo encontrado (1,7 g/kg), signi-ficativamente inferior ao de todos osoutros tratamentos, correspondeu ao tra-tamento adicional onde as fontes de N ede P

2O

5 forneceram o equivalente a 380

kg/ha de enxofre, dose essa bem supe-rior às aplicadas nos tratamentosfatoriais através do gesso.

Não foi observado efeito significati-vo dos tratamentos e das possíveisinterações sobre o teor de K, mostrandoque as plantas acumularam esse nutrien-te independentemente dos tratamentosrecebidos e a não ocorrência de antago-

nismo entre Ca e K. Assim, os acrésci-mos no teor de Ca devido ao gesso e àadubação fosfatada não foram suficien-tes para provocar modificações signifi-cativas no padrão de absorção de K pelotomateiro. Os teores de K encontradosno presente estudo variaram de 28 a 33g/kg e estão dentro da faixa adequada aotomateiro (Furlani et al., 1978).

Para o teor de Ca nas folhas tambémnão houve efeito significativo de nenhu-ma das fontes de variação e os teoresencontrados variaram de 26 a 35 g/kg.Esta ausência de resposta deveu-se, pro-vavelmente, à disponibilidade inicial donutriente no solo, considerada alta. Emtermos de nutrição, Takahashi (1989)observou que tomateiros com teores deCa abaixo de 26 g/kg produziram nor-malmente sem apresentar sintomas depodridão apical.

Em média o teor de Mg nas folhasfoi de 4,7 g/kg. A análise isolada dostratamentos que receberam doses de fós-foro e gesso revelou não haver nenhumefeito significativo referente ao acúmulode Mg nas folhas do tomateiro, o mes-mo não acontecendo com os dois trata-mentos adicionais e com a análise con-junta. As plantas podadas e adubadascom N (sulfato de amônio) e P

2O

5

(superfosfato simples) acumularam, sig-nificativamente, a menor quantidade deMg (3,0 g/kg). Neste sentido, conside-rando-se que não foi fornecido Mg àsplantas, algum fator deve ter contribuí-do para este resultado. Descarta-se apossibilidade de antagonismo entre Cae Mg uma vez que, em três tratamentosque receberam doses de fósforo e ges-so, foram fornecidas quantidades de Casuperiores ao tratamento em questão e,mesmo assim, as plantas apresentaramteores mais elevados de Mg. Desta for-ma, possivelmente, o S componente dosfertilizantes (N-sulfato de amônio e P

2O

5

– superfosfato simples) tenha influen-ciado na absorção de Mg. Diante dosprováveis acréscimos na disponibilida-de de sulfato e do provável acúmulo nasraízes, a absorção de Ca pode ter sidofavorecida pela formação do par iônicoCaSO

4, em detrimento do Mg. Entretan-

to, os teores de Mg encontrados nestetrabalho (0,47 g/kg) podem ser consi-derados adequados para o tomateiro(Furlani et al., 1978).

y = 0,115x + 0,1923; R2 = 0,86

1,92,12,32,52,7

0,2 0,4 0,6

Doses de P2O5 (t/ha)

2,12,22,32,42,52,6

0,3 0,6 0,9 1,2

Doses de gesso (t/ha)

Teo

res

de P

(g/

kg)

A

B

y = 0,0356x + 0,2633; R2 = 0,82

Figura 1. Teor de P na folha do tomateiro em função de doses de P2O

5 (A) e doses de gesso

(B). Lavras, UFLA, 1997.

E.C. Silva et al.

67Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

O acúmulo de S não foi influencia-do significativamente pelos tratamentose os teores encontrados nas folhas detomateiro neste trabalho, variando de 4,0a 5,0 g/kg, estão dentro dos limites deexigências do tomateiro (Takahashi,1989). Os resultados parecem indicarque a disponibilidade inicial de S no soloatendeu às exigências das plantas, nãohavendo portanto, resposta dos trata-mentos onde foram aplicadas doses degesso. Segundo Castellane et al. (1983),aplicações de 15 - 50 kg/ha de S, quecorrespondem a 100 - 300 kg/ha de ges-so, são suficientes para atender às ne-cessidades da maioria das culturas.

Houve efeito significativo da interaçãofósforo x gesso e dos tratamentos adicio-nais sobre os teores foliares de Cu. Consi-derando apenas os tratamentos adicionais,constatou-se que o teor de Cu foi signifi-cativamente superior (120,6 mg/kg) notratamento cujas plantas foram podadas eadubadas com sulfato de amônio esuperfosfato simples, enquanto foi de 79,4mg/kg no tratamento cujas plantas rece-beram uréia e superfosfato triplo. Estesdados sugerem um possível efeito do ânionsulfato no processo de absorção e/outranslocação do Cu. Por outro lado, osdados oriundos da interação fósforo x ges-so (Figura 2) não apresentaram consistên-cia de modo a indicar ou não um possívelantagonismo entre P e Cu. À exceção dadose de 0,2 t/ha de P

2O

5, os teores de Cu

na folha do tomateiro aumentaram linear-mente com as doses crescentes de gesso.Não se encontrou na literatura consultadadados que confirmem ou não o efeito dogesso sobre a absorção de Cu. É impor-tante salientar que aos 100 dias após otransplantio, foram detectados sintomas detoxicidade de Cu nas plantas do tomatei-ro, confirmando a excessiva absorção des-te nutriente, já que o normal situa-se entre8 e 15 mg/kg (Bataglia,1988).

Os teores de Fe e Zn também nãoforam influenciados significativamentepelos tratamentos. Para Fe os teores va-riaram de 221 a 310 mg/kg e estão nafaixa de suficiência para o tomateiro quecompreende intervalo entre 40 - 400 mg/kg (Bataglia, 1988). Quanto ao Zn osteores variaram de 21,4 a 29,3 mg/kg,situando-se abaixo da faixa adequadapara o tomateiro que é de 60 e 70 mg/kg(Bataglia, 1988), embora não tenha sidoobservado sintoma de deficiência do nu-triente nas plantas. Esta baixa absorção

de Zn pode estar relacionada com umapossível interação entre P e Zn duranteos processos de absorção e translocaçãoe do efeito do Ca sobre a absorção doreferido nutriente, pois intensas aduba-ções fosfatadas podem induzir deficiên-cia de Zn em plantas cultivadas em soloscom baixa disponibilidade deste nutriente(Loneragan et al., 1982).

Não houve efeito significativo dostratamentos que receberam doses de ges-so e doses de P

2O

5 no teor de Mn nas

folhas do tomateiro registrando-se dife-renças significativas apenas entre os tra-tamentos com N (uréia e amônia) e P

2O

5.

(superfosfato simples e superfosfato tri-plo). Desta forma, observou-se que osteores de Mn detectados em plantas sub-metidas à poda e adubadas com sulfatode amônio e superfosfato simples foramsignificativamente inferiores aos obser-vados nas plantas submetidas à aduba-ção com uréia e superfosfato triplo. Doponto de vista nutricional, os teores en-contrados (253 a 384 mg/kg) não assu-mem importância uma vez que estão pró-ximo do limite máximo (400 mg/kg) de-finido por Bataglia (1988).

A produção comercial cresceu linear-mente com as doses de P

2O

5 e decres-

ceu com o uso de gesso (Figura 3). Asmenores produções, 91 t/ha (plantaspodadas) e 63,2 t/ha (plantas não poda-das), foram obtidas com o uso de N naforma de sulfato de amônio e P na for-ma de superfosfato simples além de 58,4t/ha no tratamento com plantas podadascuja fonte de N foi uréia, omitindo-se P.Quanto ao efeito do gesso, possivelmen-te o S-orgânico do solo, acrescido do Sfornecido pelo gesso, superfosfato sim-ples e sulfato de amônio tenham atingi-

do teores capazes de desequilibrar a re-lação S/N do solo e prejudicar o rendi-mento da cultura. Considerando plan-tas podadas, a produtividade significa-tivamente inferior em relação às maio-res observadas nos tratamentos comdoses de gesso e P, pode também serconseqüência do efeito depressivo do Sproveniente do sulfato de amônio e dosuperfosfato simples. Para as plantas nãopodadas, além do efeito depressivo deS, deve ser também considerado oespaçamento de 1,0 x 0,50 m com den-sidade de plantio de 20.000 plantas/ha,portanto, inferior ao dos demais trata-mentos. A omissão de P, embora possater reduzido o efeito depressivo do S,provavelmente tenha contribuído paraa baixa produtividade.

As diferenças de produtividade en-tre o tratamento onde as plantas não fo-ram podadas e os demais tratamentoscuja maior produtividade atingiu 149,2t/ha, podem ser também atribuídas aoemprego conjunto da poda e do aumen-to da densidade populacional (41.500plantas/ha). Embora possa haver efeitodepressivo no peso médio do fruto emfunção de alta densidade de plantio(Camargos, 1998) refletindo em menorprodutividade comercial, este efeitopode ser invertido através da poda apicale adubação adequada (Cochshull & Ho,1995; Silva et al., 1997).

Com base nos dados disponíveis naliteratura consultada, o rendimento mé-dio do tomateiro no Brasil é de 43,7 t/ha (Agrianual, 1999) e considerando adose de 400 kg/ha de P

2O

5 como ade-

quada para solos deficientes em P (Co-missão..., 1989), a produção alcançada

30

50

70

90

110

130

0,3 0,6 0,9 1,2

Doses de gesso (t/ha)T

eor

de C

u (m

g/kg

)

0,2 t/ha P2O5; y = -150,83 x2 + 243,73 x -14,225; R2= 0,76...... 0,4 t/ha P2O5; y = 94,8 x + 11,3; R2 = 0,87----- 0,6 t/ha P2O5; y = 43,06 x + 35,5; R2 = 0,74

Figura 2. Teor de Cu na folha do tomateiro em função de doses de gesso. Lavras, UFLA, 1997.

Concentração de nutrientes e produção do tomateiro podado e adensado em função do uso de fósforo, de gesso e de fontes de nitrogênio.

68 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

medida que se aumentaram as doses deP

2O

5 e decresceu com as de gesso

(Fi-

gura 4). A porcentagem média de fru-tos graúdos produzidos em relação àprodução comercial foi de 94,56% en-tre os tratamentos que receberam dosesde gesso e doses de P

2O

5 e o adicional

que recebeu N (uréia), 400 kg/ha P2O

5(superfosfato triplo) e plantas podadas,não havendo diferenças estatísticas en-tre eles. Para os demais tratamentos adi-cionais, a produção média de frutosgraúdos foi significativamente baixacom 86,09%. Os resultados corroboramos efeitos positivos da poda e do fósfo-ro na produtividade do tomateiro.

As massas médias de 104 g (N - sulfa-to de amônio, P

2O

5 - superfosfato simples,

plantas podadas) e 107 g (N - uréia, omis-são de P

2O

5 e plantas podadas) foram

iguais estatisticamente, mas diferiram da-queles outros doze tratamentos, cujasmédias variaram de 110 a 142g, conside-radas iguais estatisticamente. Independen-te dos tratamentos, essas médias situaram-se abaixo do padrão de fruto Santa Claraque, em média, atinge 200 g/fruto (Nagai,1985). A prática da poda per se seria sufi-ciente para manter ou elevar as massasmédias obtidas neste experimento(Cochshull & Ho, 1995; Silva et al.,1997),entretanto, os efeitos negativos do gesso,sulfato de amônio e superfosfato simplesprovavelmente tenham superado os efei-tos benéficos da poda, já que houve pro-blemas na absorção de nutrientes indican-do possível deficiência de P e Zn e exces-so Cu, embora os demais nutrientes esti-vessem aparentemente dentro dos níveisnormais. Silva et al. (1997) cultivaramtomateiro Santa Clara podado acima doquarto ramo floral, adensado, utilizan-do como fonte de nutrientes 600 kg/hade P

2O

5 (superfosfato triplo), 100, 200,

400 e 800 kg/ha de N (nitrocálcio) e 200,400, 800 e 1200 kg/ha de K

2O (KCl) e

produziram frutos com massa média de208,63 g.

A produção de frutos por planta teveinfluência significativa do gesso, fósfo-ro e principalmente do sistema de con-dução das plantas. Foi verificado au-mento linear com a adubação fosfatada,ao contrário do que aconteceu com a apli-cação do gesso quando estes componen-tes foram analisados isoladamente (Fi-gura 5). O efeito depressivo do gessosobre a produção das plantas, possivel-mente seja devido ao ânion sulfato con-correndo com os mesmos sítios de ab-

y = 35,55x + 99,953; R2 = 0,76

100

105

110115

120

125

0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Doses de P 2O5 (t/ha)

Fru

tos

gra

œd

os

(t/

ha

)

y = -27,947x + 135,13; R2= 0,96

95

105

115

125

135

0,3 0,6 0,9 1,2

Doses de gesso (t/ha)

A

B

Figura 4. Produção de frutos graúdos de tomate em função de doses de P2O

5 (A) e doses de

gesso (B). Lavras, UFLA, 1997.

y = -26,157x + 140,27; R2 = 0,96

105

115

125

135

0,3 0,6 0,9 1,2

Doses de gesso (t/ha)

y = 37,75x + 105,55; R2 = 0,82

105

115

125

135

0,2 0,4 0,6

Doses de P2O 5 (kg/ha)

A

B

Pro

du

ªo

co

me

rcia

l (t/

ha

)

Figura 3. Produção comercial do tomateiro em função de doses de P2O

5 (A) e doses de

gesso (B). Lavras, UFLA, 1997.

(Figura 3) indica que a utilização deplantio adensado, associada à prática dapoda, permitiu elevar a eficiência nautilização de fertilizante fosfatado. Osdados sugerem que o emprego de 400kg/ha de P

2O

5 foi vantajoso quando o

rendimento foi comparado ao obtido

com a dose menor embora tenha havidoresposta linear à aplicação de fósforosugerindo que produtividades mais al-tas podem ser conseguidas com aumen-to da dose de P

2O

5.

Tal como a produção comercial, ade frutos graúdos cresceu linearmente à

E.C. Silva et al.

69Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

sorção de fósforo. Por outro lado a pro-dução das plantas verificada no tratamen-to adicional onde as mesmas não forampodadas atingiu média de 3,9 kg/plantae não diferiu estatisticamente da produ-ção das plantas podadas que variou de3,1 a 4,3 kg/planta. Neste caso a supres-são do número de frutos ocasionada pelapoda foi compensada pela maior produ-ção de frutos graúdos, refletindo positi-vamente na produção por planta.

Diante dos resultados encontrados,conclui-se que o uso excessivo de ferti-lizantes cujas fórmulas contenham Spode inibir a absorção de P, assumindomaiores proporções nos cultivos comalta densidade de plantio. No sistema deprodução podado e adensado onde a re-dução do número de frutos/planta é as-sociada com maior densidade de plan-tio, pode ocorrer aumento altamente sig-nificativo da produtividade.

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Figura 5. Produção de frutos por planta em função de doses de P2O

5 (A) e doses de gesso

(B). Lavras, UFLA, 1997.

y = 1,0625x + 3,15; R2 = 0,66

3

3,2

3,4

3,6

3,8

4

0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Doses de P2O5 (t/ha)

y = -0,8111x + 4,1833; R2 = 0,99

3

3,5

4

4,5

0,3 0,6 0,9 1,2

Doses de gesso (t/ha)

A

BP

rod

o d

e f

ruto

s/p

lan

ta (

kg)

Concentração de nutrientes e produção do tomateiro podado e adensado em função do uso de fósforo, de gesso e de fontes de nitrogênio.

70 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

página do horticultor

É reconhecida a importância e a ne-cessidade da adubação orgânica em

hortaliças, principalmente nas hortaliçasfolhosas, como as brássicas, visandocompensar as perdas por nutrientes ocor-ridas durante seu cultivo (Kimoto, 1993).Em solos tropicais a mineralização dematéria orgânica é intensa, o que torna aadubação orgânica uma prática importan-te para compensar estas perdas (Omori& Suguimoto, 1978). O repolho encon-tra-se entre as hortaliças que respondembem à adubação orgânica, principalmenteem solos arenosos (Kimoto, 1993). O es-terco bovino é utilizado rotineiramenteem repolho, com respostas satisfatórias,em doses acima de 30 t/ha (Omori &

OLIVEIRA, A.P; FERREIRA, D.S.; COSTA, C.C.; SILVA, A.F; ALVES, E.U. Uso de esterco bovino e húmus de minhoca na produção de repolho híbrido.Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 70-73, março, 2.001.

Uso de esterco bovino e húmus de minhoca na produção de repolho híbrido.Ademar P. Oliveira; Daniel S. Ferreira; Caciana C. Costa; Analice F. Silva; Edna Ursulino AlvesUFPB - CCA, C. Postal 02, 58.397-000 Areia-PB. E-mail: [email protected]

RESUMOComparou-se a eficácia do esterco bovino e húmus de minhoca

na produção de repolho, híbrido Matsukaze, em experimento reali-zado no Centro de Ciências Agrárias da UFPB, Areia, de 10/12/97 a05/03/98. Os tratamentos utilizados foram 20; 30; 40; 50 e 60 t/hade esterco bovino e 10; 15; 20; 25 e 30 t/ha de húmus de minhoca etratamento testemunha (sem matéria orgânica). O delineamento ex-perimental utilizado foi o de blocos casualizados com onze trata-mentos distribuídos em esquema fatorial (5 x 2) + 1, em quatro re-petições. Foram avaliados o diâmetro longitudinal, transversal, ín-dice de formato e compacidade da cabeça, peso médio e produçãototal de cabeças. A dose de 46,0 t/ha de esterco bovino e 29,0 t/ha dehúmus de minhoca resultaram em maiores diâmetros longitudinaisna cabeça de repolho (13 e 12 cm, respectivamente). A dose de 47,0t/ha de esterco bovino e 20,0 t/ha de humus de minhoca proporcio-naram a formação de cabeças com maiores diâmetros transversais(13 e 11 cm, respectivamente). Todas as doses de esterco bovinoinduziram a formação de cabeças mais uniformes e compactas, en-quanto a dose de 20 t/ha de húmus de minhoca propiciou a formaçãode cabeças desuniformes de baixa aceitação comercial. A dose de41,0 t/ha de esterco bovino promoveu máximo peso médio (900 g) emáxima produtividade (47,0 t/ha) de cabeças, enquanto as doses de27,0 e 29,0 t/ha de húmus foram responsáveis pelo peso médio má-ximo (700 g) e máxima produtividade (38,0 t/ha), respectivamente.

Palavras-chave: Brassica oleracea var. capitata, matéria orgânica,produção.

ABSTRACTUtilization of cattle manure and earthworm compost on

hybrid cabbage production.

The use of bovine manure and earthworm compost werecompared in cabbage production, hybrid Matsukaze, at the FederalUniversity of Paraíba, Brazil, from December 1997 to March, 1998.The treatments consisted of 20; 30; 40; 50 and 60 t/ha of bovinemanure and 10; 15; 20; 25 and 30 t/ha of earthworm compost and atreatment without organic matter (control). The experimental designwas of randomized blocks, with eleven treatments arranged in afactorial scheme (5 x 2) + 1, with four replications. The longitudinaland transversal diameters, format index and head compactness,average weight and total production of heads were evaluated. Thelevel of 46.0 t/ha of bovine manure and 29.0 t/ha of earthwormcompost resulted in larger longitudinal diameters of cabbage heads(13 and 12 cm, respectively). The level of 47.0 t/ha of bovine manureand 20.0 t/ha of earthworm compost provided heads with largertransversal diameters (13 and 11 cm). All bovine manure levelsinduced the formation of more uniform and compact heads, whilethe use of 20 t/ha of earthworm compost resulted in not uniformheads with low commercial value. The level of 41.0 t/ha of bovinemanure promoted maximum average head weight (900 g) and yield(47.0 t/ha), while the use of 27.0 t/ha of earthworm compost wasresponsible for the maximum average head weight (700 g) and yield(38.0 t/ha), respectively.

Keywords: Brassica oleracea var. capitata, organic matter, yield.

(Aceito para publicação em 02 de janeiro de 2.001)

Sugimoto, 1978; Silva Junior et al., 1984;Nakagawa & Bull, 1990; Kimoto, 1993).

O vermicomposto é um fertilizanteorgânico produzido por processo de de-composição aeróbica, em que, numaprimeira fase, estão envolvidos fungose bactérias e, numa segunda fase, ocor-re também atuação das minhocas origi-nando um composto de melhor quali-dade. Quando aplicado ao solo, overmicomposto provoca benefícios fí-sicos e químicos (Harris et al., 1990).Além do aspecto físico, as excreçõescontém nutrientes essenciais às plantasnuma forma mais disponível, especial-mente o nitrogênio (Sharpley & Syers,1976). No vermicomposto a taxa de

mineralização do N é maior, a liberaçãoé mais lenta e gradual, reduzindo as per-das desse nutriente por lixiviação (Harriset al., 1990). Nos dejetos de minhocas onitrogênio é quase cinco vezes maior queantes de passar pelo seu trato digestivo,enquanto o fósforo é sete, o potássio éonze e o magnésio é três vezes maior(Kiehl, 1985). As excreções destes ver-mes constituem um excelente substratopara um desenvolvimento exuberante damicrofauna do solo (Longo, 1992).

Entretanto, pouco se sabe sobre aquantidade de vermicomposto que deveser aplicada ao solo, a fim de proporcio-nar aumentos de produtividade nas hor-taliças e permitir por meio de melhoria

71Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

das condições físicas do solo, a utiliza-ção eficiente dos nutrientes pelas plan-tas. Em alface Ricci et al. (1994) obtive-ram um adicional de 3,4 t/ha comvermicomposto em relação ao compostotradicional. Araujo (1997) observou queno cultivo de cenoura o emprego de 25 t/ha de húmus de minhoca incrementou odesenvolvimento das plantas e promoveuganhos na produção total e comercial deraízes. No feijão-vagem, 15 t/ha dehúmus de minhoca foram responsáveispor aumento na produção de vagens (Oli-veira et al., 1998).

Na região de Areia (PB), tem aumen-tado progressivamente o número deminhocários, com produção de grandesquantidades de húmus, que podem serutilizadas nos cultivos comerciais de hor-taliças. O repolho é uma das principaishortaliças cultivadas na região, mas nãohá informações sobre as doses de ester-co bovino e húmus de minhoca maisapropriadas para proporcionar incremen-to na produção de cabeças. Deste modo,o presente experimento teve como obje-tivo conhecer a(s) melhor(es) dose(s) deesterco bovino e de húmus de minhocapara a produção de repolho.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido naUFPB, em Areia, entre 10/12/97 e 05/03/98, em solo tipo Latossolo verme-lho-amarelo. Os resultados da análisequímica de amostras do solo revelaram:PH 6,2; P disponível = 95,0 mg/dm3; K= 156,0 mg/dm3; Al trocável = 0,0 cmol

c/

dm3; Ca + Mg = 4,75 cmolc/dm3 e 1,13%

de matéria orgânica.

O delineamento experimental utiliza-do foi de blocos casualizados com os tra-tamentos distribuídos em esquemafatorial (5 x 2) + 1, com os fatores dosese fontes de matéria orgânica (20; 30; 40;50 e 60 t/ha de e 10; 15; 20; 25 e 30 t/hade húmus de minhoca) e, um tratamentotestemunha sem adubação orgânica, comquatro repetições, empregando-se o hí-brido Matsukaze. A caracterização quí-mica do esterco bovino e do húmus deminhoca revelou, respectivamente, a se-guinte composição: P = 1,84 e 5,10 g/kg; K = 4,94 e 9,29 g/kg; N = 8,82 e 14,05g/kg; matéria orgânica = 182,07 e 403,3g/dm3; e relação C/N = 10/1 e 7/1.

O húmus de minhoca utilizado foiadquirido junto a produtor comercial,originado a partir de esterco bovino erestos de culturas de milho e mandioca.Seu emprego em proporções equivalen-tes à metade das doses de esterco bovi-no seguiu recomendação de Lauro &Correa (s.d), citado por Ricci et al.(1994), que indicam para hortaliças autilização de 20 a 40 t/ha. As parcelasmediram 6,40 m2 compostas por 20plantas espaçadas de 0,80 m entre linhase 0,40 m entre plantas.

O solo foi preparado mediante aração,gradagem, levantamento de leirões deaproximadamente 20 cm de altura e aber-tura de covas de plantio. O esterco bovi-no e o húmus de minhoca foram coloca-dos nas covas, quinze dias antes dotransplantio. Não foi realizada adubaçãoquímica devido o solo apresentar teoreselevados de fósforo e potássio e para nãointerferir no efeito das fontes e doses dematéria orgânica testadas.

A produção de mudas foi realizadaem sementeira convencional (Filgueira,1982). Cerca de 30 dias após a semea-dura, quando as plântulas apresentavam10 -15 cm de altura e 4 - 6 folhas foramtransplantadas para o local definitivo.Foram realizadas pulverizações preven-tivas à base de Deltametrina 2,5E, a cadaquinze dias após o transplantio, visan-do o controle de pulgões (Brevicorynebrassicae) e da traças-das-crucíferas(Plutella xylostella). Utilizou-se irriga-ção por aspersão, sempre que necessá-rio, procurando manter o nível de dis-ponibilidade de água acima de 80% dacapacidade de campo. Efetuaram-setambém capinas com auxílio de enxa-das, procurando-se manter a cultura li-vre de plantas invasoras. A colheita foirealizada aos 100 dias após otransplantio, quando as plantas apresen-tavam desenvolvimento máximo(Sonnenberg, 1985). Foram realizadasas seguintes avaliações: diâmetro trans-versal, longitudinal e índice de formatoda cabeça, determinado pela relaçãoentre o diâmetro transversal e longitu-dinal da cabeça (valores próximos de 1indicam cabeças mais arredondadas),compacidade da cabeça, avaliada pornotas (1 = fofa; 2 = compacidade mé-dia, 3 = firme), peso médio e produçãototal de cabeças.

Os caracteres avaliados foram anali-sados por meio de análises de variânciase de regressões lineares e quadráticas. Asanálises de variâncias foramcomplementadas pelo teste de compara-ção múltiplas das médias (teste de Tukey),ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve efeito significativo do ester-co bovino sobre o diâmetro longitudi-nal e transversal, peso médio e produ-ção total de cabeças. Para o húmus deminhoca, além de se verificar efeito sig-nificativo sobre estas características,houve efeito também sobre o índice deformato de cabeças.

Através das derivações das equaçõesde regressão, o diâmetro longitudinaldas cabeças de repolho, atingiu valoresmáximos, 13,0 cm e 12,0 cm nas dosesde 46,0 t/ha de esterco bovino e de 29,0t/ha de húmus de minhoca, enquanto asdoses de 47,0 t/ha de esterco bovino e20,0 t/ha de húmus de minhoca, foramresponsáveis pelos valores máximos nodiâmetro transversal (12,0 cm e 11,0 cm,respectivamente) (Figura 1). Aumentosno diâmetro das cabeça de repolho comelevação de doses de esterco bovino,também foram observados por Carnei-ro et al. (1987).

A relação do comprimento transver-sal e longitudinal, que determina o ín-dice de formato das cabeças e a suacompacidade, em função das doses deesterco bovino não apresentaram varia-ções, demonstrando que todas as dosesproporcionaram cabeças mais uniformese compactas, de boa aceitação comercialna região de Areia, com valores para oíndice de formato da cabeça, semelhan-tes aos indicados por Giordano (1983)e Castellane & Braz (1991), entre 0,8 e1,00. Carneiro et al. (1987) também nãodetectaram variação no índice de forma-to de cabeça em repolho em doses deaté 75 t/ha de esterco bovino. Quantoao húmus de minhoca, 20 t/ha propicioua produção de cabeças desuniformes ecom média compacidade, de baixa acei-tação comercial.

Com relação às características pesoe rendimento de cabeças, a resposta dorepolho ao emprego de esterco bovinoe húmus de minhoca é de natureza

Uso de esterco bovino e húmus de minhoca na produção de repolho híbrido.

72 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

quadrática. Por meio das equações deregressão, calculou-se a dose de 41,0 t/ha de esterco bovino como aquela quepromoveu o máximo peso médio (900 g)e a máxima produtividade de cabeças norepolho (47,0 t/ha), e a dose de 27,0 t/hade húmus de minhoca, como aquela res-ponsável pelo máximo peso médio (700g) e máxima produtividade de cabeças(38,0 t/ha) (Figuras 2 e 3). Em outrosestudos, também foram verificados au-

mentos na produtividade de cabeças norepolho, quando se empregou o estercobovino como fonte de matéria orgânica(Silva Junior, 1987; Nakagawa & Bull,1990; Kimoto, 1993).

As produtividades máximas de ca-beças alcançadas com o emprego doesterco bovino e húmus de minhoca su-peraram a média nacional, em torno de35 t/ha (Filgueira, 1982), indicando osbenefícios do seu emprego na produção

de repolho, possivelmente devido aosuprimento de nutrientes de forma equi-librada proporcionado pela aplicação doesterco bovino e do húmus de minhoca.O equilíbrio entre os elementos nutriti-vos proporciona maiores produtividadesdo que maiores quantidades demacronutrientes isoladamente(Primavesi, 1985), Ainda, ocorremelhoria da fertilidade e da estrutura dosolo, e no fornecimento de água, pro-porcionando melhor aproveitamento dosnutrientes originalmente presentes(Peavy & Greig, 1972).

Considerando que no município deAreia a aquisição de esterco bovino émais fácil e resulta em uma maior pro-dutividade de cabeças de repolho, seuemprego seria recomendado na aduba-ção orgânica em repolho, nas condiçõesedafoclimáticas deste município.

AGRADECIMENTOS

Os autores expressam seus agrade-cimentos à professora Sheila Costa deFarias pela correção do Abstract e aosagentes em agropecuária José RibeiroDantas Filho, Francisco de Castro Aze-vedo, José Barbosa de Souza, Francis-co Soares de Brito, Expedito de SouzaLima e Francisco Silva do Nascimentoque viabilizaram a execução dos traba-lhos de campo.

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y1 = 9,6793 + 0,1644x -0,0018x2

R2 = 0,85**

y2 = 8,9154 + 0,141x - 0,0015x2

R2 = 0,83*

2

4

6

8

10

12

14

16

0 10 20 30 40 50 60

Esterco Bovino (t/ha)

Dim

etro

de

cabe

as (

cm)

y1 = 9,5937 + 0,1703x - 0,0029x2

R2 = 0,53*

y2 = 8,7085 + 0,2589x -0,0063x2

R2 = 0,8363

2

4

6

8

10

12

14

16

0 5 10 15 20 25 30

Hœmus de minhoca (t/ha)D

imet

ro d

e ca

beas

(cm

)

Figura 1. Diâmetro longitudinal (y1) e transversal (y

2) de cabeças de repolho híbrido Matsukaze,

em função de doses de esterco bovino e de húmus de minhoca. Areia, UFPB, 1998.

y = 396,15 + 24,214x - 0,2918x2

R2 = 0,88*200

400

600

800

1000

1200

0 10 20 30 40 50 60

Esterco bovino (t/ha)

Pes

o m

Ødi

o de

cab

ea

(g)

y = 424,74 + 21,548x - 0,4043x2

R2 = 0,91*

0

200

400

600

800

0 5 10 15 20 25 30

Hœmus de minhoca (t/ha)

Pes

o m

Ødi

o de

cab

ea

(g)

Figura 2. Peso médio de cabeças de repolho híbrido Matsukaze, em função de doses deesterco bovino e de húmus de minhoca. Areia, UFPB, 1998.

y = 20,699 + 1,2732x - 0,0153x2

R2 = 0,86*

1015202530354045505560

0 10 20 30 40 50 60

Esterco Bovino (t/ha)

Pro

dutiv

idad

e (t

/ha)

y = 22,321 + 1,0602x - 0,0183x2

R2 = 0,91*

10

15

20

25

30

35

40

45

0 5 10 15 20 25 30

Hœmus de minhoca (t/ha)

Pro

dutiv

idad

e (t

/ha)

Figura 3. Produtividade de cabeças de repolho, híbrido Matsukaze, em função de doses deesterco bovino e de húmus de minhoca. Areia, UFPB, 1998.

A.P. Oliveira et al.

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Efeito do óleo mineral e do detergente neutro na eficiência de controle damosca-branca por betacyfluthrin, dimethoato e methomyl no meloeiro.Francisco A.S.B. Medeiros¹; Ervino Bleicher²; Josivan B. Menezes¹¹ ESAM, DQT, NEPC, C. Postal 137, 59.625-900 Mossoró-RN; ² Embrapa Agroindústria Tropical, C. Postal 3761, 60.511-110 Fortaleza-CE. E-mail: [email protected]

RESUMOForam realizados dois experimentos diferentes com o objetivo

de avaliar o efeito de óleo mineral (experimento 1) e detergente neutro(experimento 2) na eficiência de controle da mosca-branca (Bemisiatabaci RAÇA B – Hemiptera-Homoptera: Aleyrodidae) no meloei-ro (Cucurbitaceae, Cucumis melo L.- Variedade Amarelo, usando ohíbrido AF 646). O delineamento experimental utilizado para cadaexperimento foi o de blocos casualizados com sete tratamentos equatro repetições, onde cada parcela tinha 60 m². O óleo mineral e odetergente neutro quando associados aos inseticidas betacyfluthrine dimethoato reduziram a população de ninfas de mosca-branca, au-mentando a eficiência de controle dos inseticidas, apesar da eficiên-cia ainda ter sido baixa (menor que 70%). O methomyl apresentouas mais baixas eficiências de controle, principalmente no experi-mento 2, além de não ter sido auxiliado nem pelo detergente neutro,nem pelo óleo mineral. O óleo mineral e o detergente neutro na con-centração de 0,5% não causaram fitotoxidade às plantas de melão.No experimento 1 (com óleo mineral), o tratamento que se mostroumais eficiente foi com o uso do inseticida betacyfluthrin associadoao óleo mineral, apresentando eficiência de controle de 68,57%. Noexperimento 2 (com detergente neutro) foi mais eficiente o uso doinseticida dimethoato com detergente neutro, apresentando eficiên-cia de controle de 64,09%.

Palavras-chave: Cucumis melo L.; Bemisia tabaci RAÇA B;controle fitossanitário.

ABSTRACTEffect of betacyfluthrin, dimethoate and methomyl applied

in mixtures with mineral oil and neutral detergent in the controlefficiency of whitefly in melon plants.

Two different experiments were developed to evaluate themineral oil (experiment 1) and neutral detergent (experiment 2) effectin the control efficiency of the whitefly (Bemisia tabaci RACE B –Hemiptera-Homoptera: Aleyrodidae) by betacyfluthrin, dimethoateand methomyl in melon plants (Cucurbitaceae, Cucumis melo L. –yellow variety, using the hybrid AF 646). The experimental designapplied to each experiment, was of randomized blocks with seventreatments and four replications Each experimental plot had 60 m².It was concluded that the mineral oil and neutral detergent associatedto betacyfluthrin and dimethoate insecticides reduced the whiteflysnymphs population, increasing the efficiency of these insecticides,although this efficiency could be considered low (less than 70%).Methomyl presented the lowest efficiency in controlling the insect,specially in experiment 2, even when applied with mineral oil or theneutral detergent. Mineral oil and neutral detergent at theconcentration of 0.5% did not cause toxic reaction in the melon plants.In experiment 1 the treatment combining mineral oil andbetacyfluthrin was the most efficient in controlling the insects (controlefficiency of 68.57%). In experiment 2, using neutral detergent, themost efficient treatment was dimethoate insecticide associated withthe neutral detergent, (control efficiency of 64.09%).

Keywords: Cucumis melo L.; Bemisia tabaci RACE B;fitossanitary control.

(Aceito para publicação em 01 de janeiro de 2.001)

O melão é uma das espéciesolerícolas de maior expressão eco-

nômica e social para a região Nordestedo Brasil, gerando cerca de vinte a trin-ta mil empregos diretos, sem contar comaqueles relacionados com o transporte,comercialização e vendas de insumos(Pedrosa, 1997).

A raça B de mosca-branca (Bemisiatabaci) pode causar danos diretos à cul-tura do melão, pela sucção de seiva, pro-vocando alterações no desenvolvimen-to vegetativo e reprodutivo da planta,como também liberar substância açuca-rada que facilita o aparecimento defumagina (fungo), que provoca reduçãono tamanho, peso e grau brix dos fru-

tos, podendo até estender o ciclo da cul-tura, implicando em mais despesas comtratos culturais (Lourenção & Nagai,1994). Contudo, são mais sérios os da-nos indiretos, podendo ocorrer no casode transmissão de vírus do tipoGeminivirus (López, 1995); além dosdanos estéticos que também prejudicama comercialização.

Incidências constantes dessa praga,têm provocado muitos prejuízos aumen-tando os índices de desemprego no cam-po, contribuindo para o êxodo rural nasregiões produtoras de melão. Portanto,a mosca-branca é uma praga de impor-tância sócio-econômica, justificando osestudos visando seu controle.

Com a entrada da mosca-branca nasregiões produtoras de melão, o proces-so de implantação da cultura deve serre-estruturado dentro de uma nova óti-ca, ou seja, a diminuição do ciclo dacultura, para assim diminuir o períodoem que o cultivo está exposto à praga.Cada semana a mais no campo repre-senta uma ou até duas aplicações a maisde inseticidas (Bleicher et al., 1998) e ouso de medidas que venham auxiliar nomanejo integrado de pragas, dentre eleso uso de óleo mineral e de detergenteneutro. A adição de óleo mineral e de-tergente neutro vêm sendo recomenda-dos na concentração de 0,5 a 0,8% nacalda três dias após o uso de

75Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

agroquímicos (Kissman, 1997). Aeficiência da aplicação desses produtosdepende muito de uma boa cobertura deaplicação, principalmente da face inferior(abaxial) da folha (Gallo et al., 1998).

A mosca-branca (biótipo B) adquireresistência aos produtos químicos comgrande facilidade, sugerindo que o con-trole da praga seja feito com alternânciade produtos de grupos químicos diferen-tes (razão pela qual foram escolhidos osinseticidas utilizados neste trabalho).Deve-se utilizar o mesmo produto nomáximo duas vezes durante o ciclo dacultura, enquanto os inseticidas regula-dores de crescimento só devem ser usa-dos uma única vez (Sawick et al., 1989).

O objetivo desta pesquisa foi verifi-car a eficiência do óleo mineral e dodetergente neutro, na concentração de0,5%, adicionados aos inseticidasbetacyfluthrin, dimethoato e methomylpara o controle da mosca-branca(Bemisia tabaci RAÇA B) no meloeiro.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram conduzidos dois experimen-tos na MAISA (Mossoró Agro-industri-al S.A.) em Mossoró, cujas médias detemperatura e umidade relativa do ar são27,8°C e 59,8% no mês de setembro, e28,1°C e 61,3% para outubro, respecti-vamente (Chagas,1997).

O plantio das sementes foi realiza-do no mês de agosto, porém as aplica-ções dos produtos e as amostragensocorreram no período de setembro aoutubro de 1998.

O delineamento para cada experi-mento foi de blocos ao acaso com setetratamentos e quatro repetições.

Os inseticidas testados forambetacyfluthrin 50 CE (100 mL/100 L),dimethoato 400 CE (75 mL/100 L) emethomyl 215 CE (100 mL/100 L). Uti-lizou-se 0,5% de óleo mineral (marcacomercial Assist) e de detergente neu-tro (marca comercial Indeba T) nos tra-tamentos em que foram adicionados àscaldas inseticidas.

A unidade experimental, com áreade 60 m², foi constituída por três filei-ras de 10 m de comprimento, espaçadas2 m entre as fileiras e 1 m entre osgotejadores, sendo três plantas porgotejador, totalizando 90 plantas do hí-brido AF 646 por parcela.

Aos 16 dias após o plantio aplicou-se o inseticida imidacloprid em toda aárea experimental. Os inseticidas e oóleo mineral foram aplicados aos 44; 51;58 e 65 dias após o plantio. O detergen-te neutro foi aplicado aos 45; 52; 59 e66 dias após o plantio. As amostras fo-ram obtidas em dez folhas por parcelacom o auxílio de um cartucho metálicode espingarda calibre 12, pressionandoa folha por cima entre as nervuras cen-trais e laterais, com um papelão por bai-xo facilitando o corte de pequenos dis-cos de 2,8 cm². As amostras foram co-locadas em sacos plásticos e acondicio-nadas em caixa de isopor até a conta-gem. As contagens foram feitas no mes-mo dia, sob lupa tipo conta fio de 6,25cm² de base com lente de dez aumen-tos. As amostragens e aplicações foramfeitas semanalmente, sendo feitas nototal cinco amostragens aos 44; 51; 58;65 e 72 dias após o plantio.

O cálculo da percentagem de eficiên-cia (Tabelas 1 e 2) foi feito utilizando afórmula de Abbott (1925).

, onde:

T = número de insetos vivos na tes-temunha

I = número de insetos vivos após aaplicação dos produtos

Os resultados foram submetidos àanálise da variância com os dados trans-

formados em e as médias compa-radas pelo teste de Tukey ao nível de5% de probabilidade utilizando-se osoftware ESTAT (Sistema Para Análi-ses Estatísticas, versão 1.0).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No experimento 1, realizado comóleo mineral, verificou-se que não hou-ve diferença estatística entre os trata-mentos, porém, todos os tratamentosreduziram significativamente o númerode ninfas de Bemisia tabaci raça B (Ta-bela 1). Todos os tratamentos produzi-ram frutos aptos para a comercialização,fato que não ocorreu com a testemunha,devido ao ataque severo de mosca-bran-ca. Observou-se tendência de aumentoda eficiência de controle de todos os tra-tamentos associados ao óleo mineral,destacando-se os inseticidasbetacyfluthrin (68,57%) e dimethoato(59,25%). Quando aplicados isolada-mente a eficiência de controle foi de51,30% e 46,46%, respectivamente. Acombinação de methomyl com óleomineral não resultou em grande acrés-cimo na eficiência de controle. A eficiên-cia deste inseticida em aplicações iso-ladas foi de 41,24%, e quando associa-do ao óleo mineral, foi de 43,60%. Osresultados encontrados nesse trabalhoforam um pouco melhores que os en-

Efeito do óleo mineral e do detergente neutro na eficiência de controle da mosca-branca por betacyfluthrin, dimethoato e methomyl no meloeiro.

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Tabela 1.Número médio de ninfas de Bemisia tabaci raça B em 10 discos de 2,8 cm² defolhas de meloeiro antes e após a aplicação de inseticidas associados a óleo mineral. Mossoró,ESAM, 1998.

¹ As médias apresentadas na tabela são produto da transformação , efetuada paraatender o modelo estatístico.² As médias, na coluna, seguidas da mesma letra, não diferem estatisticamente ao nível de5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

76 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

contrados por Haji (1997), onde odimethoato associado ao óleo mineralnão diferiu estatisticamente da testemu-nha, mas apresentou redução na popu-lação de ninfas. Também foi observadapor Gómez et al. (1997) redução empopulações de ninfas quando usado oóleo mineral. Foi verificado por Hilje(1996) que o óleo vegetal de Canavaliaapresentou bom efeito inseticida paraovos e adultos, e o óleo de soja apresen-tou efeito parcial, comparados com atestemunha e com o tratamento com oinseticida endosulfan.

No experimento 2, realizado comdetergente neutro, observou-se alta po-pulação de ninfas nas parcelas utiliza-das como testemunha (Tabela 2). Os tra-tamentos betacyfluthrin e dimethoatoquando associados ao detergente neu-tro reduziram significativamente o nú-mero de ninfas de mosca-branca quan-do comparados à testemunha. Os demaistratamentos não diferiram estatistica-mente da testemunha. O methomyl alémde apresentar uma eficiência de contro-le muito baixa, novamente não eviden-ciou diferença quanto ao número deninfas entre o tratamento com detergenteneutro (51,50%) e o tratamento semdetergente neutro (8,35%). Já os trata-mentos com os inseticidasbetacyfluthrin e dimethoato, associadosao detergente neutro, apresentaram efi-ciência de controle superiores (55,91%

e 64,09%, respectivamente) quandocomparados a aplicações isoladas(38,11% e 39,37%, respectivamente).

Estes resultados estão de acordo comos obtidos por Hilje (1997), onde tam-bém se verificou uma redução na popu-lação de ninfas, quando o detergenteneutro foi associado aos inseticidasacefato e lambdcyalothrin.

Por meio das análises dos resulta-dos, conclui-se que o detergente neutroe o óleo mineral auxiliaram os insetici-das betacyfluthrin e dimethoato na re-dução da população de ninfas de mos-ca-branca, aumentando a eficiência decontrole dos mesmos, apesar dessa efi-ciência ainda ter sido baixa (menor que70%). O inseticida methomyl apresen-tou a mais baixa eficiência de controle,principalmente no experimento 2, alémde não ter sido auxiliado nem pelo óleomineral, nem pelo detergente neutro. Oóleo mineral e o detergente neutro naconcentração de 0,5% não causaramfitotoxidade às plantas de melão. Noexperimento 1 o tratamento que se mos-trou mais eficiente foi o do inseticidabetacyfluthrin associado com o óleomineral, apresentando eficiência de con-trole de 68,57%. No experimento 2 otratamento que se mostrou mais eficien-te foi o do inseticida dimethoato com odetergente neutro, apresentando eficiên-cia de controle de 64,09%.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à MAISApela disponibilidade, instalação dos ex-perimentos e utilização dos produtos.

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Tabela 2. Número médio de ninfas de Bemisia tabaci raça B em 10 discos de 2,8 cm² defolhas de meloeiro antes e após a aplicação de inseticidas associados a detergente neutro.Mossoró, ESAM, 1998.

¹ As médias apresentadas na tabela são produto da transformação , efetuada paraatender o modelo estatístico.² As médias, na coluna, seguidas da mesma letra, não diferem estatisticamente ao nível de5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

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77Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

A adubação orgânica na cultura dacenoura desempenha papel fun-

damental no aumento da produção deraízes comerciais e na diminuição deraízes deformadas, principalmente emsolos com baixo teor de matéria orgâni-ca (Souza, 1990). Contudo, a respostada cenoura à aplicação de fertilizantesorgânicos é muito variável, devido à di-versidade na composição desses mate-riais. Entretanto maiores quantidades demateriais orgânicos empregadas no seucultivo, especialmente os estercos deanimais e compostos orgânicos, têm sidoresponsáveis por aumento de produção.Gaweda (1997) verificou elevação naprodução de raízes de cenoura em solo

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1UFPB-CCA, C. Postal 02, 58.397-000 Areia-PB; 2UFPB-CFT, 58.220-000 Bananeiras-PB. e.mail: [email protected]

RESUMO

Neste trabalho avaliou-se o efeito de doses de húmus de minho-ca (0, 15, 20, 25 e 30 t/ha), na presença e ausência de adubo mineral,sobre a produção de raízes de cenoura, cultivar Brasília Nova Sele-ção. O experimento foi conduzido em Latossolo Vermelho-Amare-lo, na Universidade Federal da Paraíba, em Areia, de julho a outu-bro de 1997. O delineamento experimental foi de blocos casualizadoscom os tratamentos distribuídos em esquema fatorial 5 x 2. Foramavaliadas a produção total e comercial de raízes (tipos Extra-A, Ex-tra, Especial e Primeira). A dose de 25 t/ha de húmus de minhoca foiresponsável pela máxima produção total (70,1 t/ha) e comercial (31,1t/ha) e pela mais baixa produção não-comercial de raízes (39,0 t/ha). As produções total (79,5 t/ha) e comercial (25,5 t/ha) de raízesna presença de adubo mineral, superaram em 71,7% e 64,7%, res-pectivamente, as produções obtidas na ausência de adubo mineral.O adubo mineral proporcionou maior produção de raízes não-co-merciais (54,0 t/ha), superando em 75,1% a produção obtida na au-sência de adubo mineral. As produções de raízes do tipo Extra-A eExtra aumentaram linearmente com as doses de húmus aplicadas.Os aumentos nas produções de raízes tipos Extra-A e Extra foramde aproximadamente 0,16 t/ha e 0,15 t/ha respectivamente, para cadatonelada de húmus de minhoca adicionada ao solo. A presença doadubo mineral elevou as produções de raízes dos tipos Extra-A, ExtraEspecial e Primeira em 4,9; 5,6; 1,7 e em 19,4 t/ha, respectivamen-te, em relação à sua ausência.

Palavras-chave: Daucus carota L., adubação organo-mineral,rendimento.

ABSTRACT

Carrot roots production cultivated with earthworm compostand mineral fertilizer.

In this work the effect of levels of earthworm compost wasevaluated (0, 15, 20, 25 and 30 t/ha), in the presence and absence ofmineral fertilizer, on the production of carrot roots, cv. Brasília NovaSeleção. The experiment was performed in a Red-yellow Latossolo,in the Federal University of Paraíba, in Areia, Brazil, from July toOctober 1997. The experimental design was randomized blocks withthe treatments distributed in a factorial scheme 5 x 2. The total andcommercial production of roots were evaluated (Extra A, Extra,Special and First types). The level of 25 t/ha of earthworm compost,was responsible for the maximum total (70.1 t/ha) and commercial(31.1 t/ha) yield and for the lowest non-commercial yield of roots(39.0 t/ha). The total (79.5 t/ha) and commercial (25.5 t/ha) yield ofroots in the presence of mineral fertilizer, surpassed 71.7% and64.7%, respectively, the yield obtained in the absence of mineralfertilizer. The mineral fertilizer provided higher yield of non-commercial roots (54.0 t/ha), surpassing in 75.1% the yield obtainedin the absence of mineral fertilizer. Root production of Extra-A andExtra types increased linearly with the applied earthworm compostlevels. Increases in the productions of root types Extra-A and Extrawere of approximately, 0.6 t/ha and 0.15 t/ha, respectively, for eachton of earthworm compost added to the soil. The presence of themineral fertilizer increased the production of Extra-A, Extra, Specialand First type roots in 4.9; 5.6; 1.7 and 19.4 t/ha, respectively, incomparison to its absence.

Keywords: Daucus carota L., organic-mineral fertilizer, yield.

(Aceito para publicação em 17 de janeiro de 2.001)

com elevado teor de matéria orgânica.Todavia Pereira et al. (1979), avaliandoa eficiência do lixo industrializado,como adubo orgânico sobre a qualidadee rendimento de raízes da cenoura, cons-tataram na análise dos dados relativosao peso, comprimento e diâmetro, nãohaver diferença estatística entre as do-ses de 2; 4; 8 16 e 32 kg/m2. Também,Schimid et al. (1993) não verificaramaumento na produção de cenoura com oemprego de esterco bovino.

O emprego do vermicomposto comofonte de matéria orgânica na produçãode hortaliças vem aumentando nos últi-mos anos. Trata-se de um fertilizanteorgânico obtido pela decomposição

aeróbia controlada, produzindo um com-posto de boa qualidade, riquíssimo emmacro e micronutrientes. Não apresen-ta acidez e possui elevada taxa demineralização de N. Todavia devido àalta capacidade de troca catiônica, a li-beração de N é lenta e gradual, reduzin-do as perdas por lixiviação (Harris et al.,1990; Camilis Neto, 1992). Longo(1992) afirma que o húmus produzidopelas minhocas é em média 70% maisrico em nutrientes que os húmus con-vencionais; o nitrogênio é quase cincovezes maior que antes de passar pelo seutrato digestivo, enquanto o fósforo ésete, o potássio é onze e o magnésio étrês vezes maior.

78 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

Pouco se sabe sobre a quantidade devermicomposto que deve ser aplicada aosolo, a fim de proporcionar aumentosde produtividade nas hortaliças e per-mitir a utilização eficiente dos nutrien-tes pelas plantas, sem contudo ocasio-nar prejuízos às propriedades do solo eà composição vegetal. Em alface, Ricciet al. (1994) obtiveram um adicional de3,4 t/ha com vermicomposto em rela-ção ao composto tradicional. No feijãovagem, 15 t/ha de húmus de minhocafoi responsável por aumento na produ-ção de vagens (Oliveira et al. 1998). Emrepolho, Ferreira et al. (1998) verifica-ram máxima produção e peso médio decabeças, com aplicação de 30 t/ha dehúmus de minhoca. Todavia, Seno et al.(1993) verificaram pouca influencia dohúmus de minhoca sobre o peso médiodo bulbo na cultivar de alho Roxo Péro-la de Caçador.

Quanto ao efeito do húmus de mi-nhoca associado a adubo mineral,Bithencourt et al. (1996), avaliando ascombinações de fertilizantes comhúmus; fertilizantes com esterco de ga-linha e de húmus na alface, não encon-traram diferenças entre os tratamentospara o diâmetro da cabeça, peso da ca-beça, altura da planta e peso verde dasfolhas. O objetivo deste trabalho foiavaliar o efeito do húmus de minhoca,na ausência e na presença de adubo mi-neral, sobre a produção e qualidade deraízes de cenoura.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido naUniversidade Federal da Paraíba, emAreia no período de junho a outubro de

1997, em Latossolo Vermelho-Amare-lo. Os tratamentos consistiram da com-binação dos fatores, doses de húmus deminhoca (0; 15; 20; 25 e 30 t/ha) e au-sência e presença de adubo mineral, dis-postos em esquema fatorial 5 x 2, no de-lineamento experimental de blocoscasualizados, com quatro repetições.Nos tratamentos que receberam adubomineral, aplicou-se no plantio 800 kg/ha de superfosfato simples e 136 kg/hade cloreto de potássio e, em cobertura,200 kg/ha de sulfato de amônio, em duasparcelas iguais aplicadas aos 30 e 60 diasapós a semeadura. Também no ato daadubação de plantio, foram incorpora-das nos canteiros, as doses de húmus deminhoca.

O tamanho das parcelas foi de 2,0 x1,0 m. O espaçamento utilizado foi de25,0 x 5,0 cm, com 160 plantas, todasconsideradas úteis. A cultivar emprega-da foi a Brasília Nova Seleção.

O húmus de minhoca teve comomatéria-prima o esterco bovino. A ca-racterização química do húmus de mi-nhoca e o equivalente de unidade foram:P = 3,0 g/kg; K = 2,5 g/kg; N = 3,5 g/kg; matéria orgânica = 102,1 g/dm3; erelação C/N = 17/1, enquanto que o soloapresentou as seguintes característicasquímicas: pH H

2O = 5,9; P disponível

92,4 mg/dm3; K = 67,5 mg/dm3; Altrocável = 0,0 cmol

c/dm3; Ca + Mg =3,5

cmolc/dm3; e 1,2% de matéria orgânica.

Após o preparo do solo e incorpora-ção do adubo realizou-se a semeaduramanualmente, em sulcos a uma profundi-dade de 2,0 cm. Foram realizados desbas-tes aos 14 e 21 dias após a emergência.

Durante a condução da cultura fo-ram realizadas capinas com auxílio de

enxadas, procurando-se manter semprea cultura livre de plantas daninhas. Uti-lizou-se a irrigação por aspersão, sem-pre que necessário, procurando mantero nível de disponibilidade de água aci-ma de 80% da capacidade de campo. Aausência de pragas e doenças, dispen-sou o emprego de agrotóxicos.

Foram avaliadas as produções totale comercial de raízes (tipo Extra-A,Extra, Especial e Primeira), conformeFreire et al. (1984). Os dados obtidosforam submetidos à análise de variânciae as médias comparadas pelo testeTukey a 5% de probabilidade. Foi reali-zada a análise de variância da regressãopolinomial para verificar os efeitos li-near e quadrático das variáveis, em fun-ção de doses de húmus de minhoca, sen-do selecionado para expressar o com-portamento de cada característica, omodelo significativo de maior ordem eque apresentou maior coeficiente dedeterminação com os dados obtidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As produções total e comercial deraízes, foram influenciadas (P<0,01) iso-ladamente pelos fatores doses de húmusde minhoca e adubo mineral (Tabelas 1e 2). A dose de 25 t/ha de húmus deminhoca, foi responsável pelas máximasproduções total (70,1 t/ha) e comercial(31,1 t/ha) de raízes. Estes valores re-presentam acréscimos de 12,9 e de 16,1t/ha, nas produções total e comercial deraízes respectivamente, em relação àausência de húmus de minhoca. Não foiobservada diferença estatisticamentesignificativa entre doses de húmus paraa produção de raízes não-comerciais.Outros autores têm relatado efeitos po-sitivos do emprego da matéria orgânicana elevação da produção na cenoura(Pereira et al., 1979; Párraga, 1987;Souza, 1990; Gaweda, 1997), entretan-to, não mencionam efeitos do húmus deminhoca. Para hortaliças como alface(Ricci et al., 1994), feijão-vagem (Oli-veira et al.,1998), repolho (Ferreira etal.,1998) e alho (Seno et al.,1993) a res-posta à utilização de húmus de minhocatem originado resultados conflitantesquanto ao rendimento.

A ausência de resposta do húmus deminhoca sobre a produção de raízes não-

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Tabela 1. Produção total, comercial e não comercial de raízes de cenoura, em função dedoses de húmus de minhoca. Areia, UFPB, 1998.

Médias, nas colunas seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%de probabilidade.

A.P. Oliveira et al.

79Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

comerciais, assemelha-se aos resultadosobtidos por Oliveira & Lima (1988) quetambém não observaram efeito da adu-bação orgânica com bagaço de cana-de-açúcar e esterco caprino sobre caracte-rísticas produtivas da cenoura.

A resposta positiva da dose de 25 t/ha de húmus de minhoca sobre as produ-ções total e comercial de raízes de ce-noura, pode ser atribuída à composiçãodo húmus de minhoca, alterando as ca-racterísticas químicas do solo, promoven-do suprimento eficientemente de nutrien-tes à cenoura. Soma-se a isso a melhora-ria na estrutura física, na capacidade detroca de cátions e na retenção de água,incremento substancial nas produções deinvertebrados, fungos e bactérias, promo-vendo condições essenciais para o solomanter-se produtivo e, neste caso, pro-porcionar à cultura da cenoura maior pro-dução de raízes comerciais,consequentemente, reduzindo a produçãode raízes não-comerciais (Lynch, 1986;Pereira, 1987; Souza, 1990).

Quanto ao emprego do adubo mine-ral, as produções total (79,5 t/ha) e co-mercial (25,5 t/ha) de raízes na presen-ça de adubo mineral superaram em71,7% e 64,70%, respectivamente, asproduções obtidas na ausência de adu-bo mineral. Este resultado expressa aexigência da cenoura em adubo mineralpara obtenção de elevados rendimentos.Há consenso entre diversos autores(Camargo, 1981; Mesquita Filho et al.,1985; Foltran, 1987; Rebouças & Souza1990) sobre a eficiência do adubo mine-ral na elevação da produtividade na ce-noura. Verificou-se também que a adu-bação mineral proporcionou maior pro-dução de raízes não-comerciais (54,0 t/ha), superando em 75,1% aquela obtidana ausência de adubo mineral. A aduba-ção mineral é uma das práticas de culti-vo que mais influencia o resultado daprodução hortícola (Filgueira, 1982).Contudo a elevada produção de raízesnão-comerciais obtidas com a adubaçãomineral, não anula sua eficiência, fatojustificável pelo efeito positivo no incre-mento da produção de raízes comerciais.

Com relação às raízes classificadas,as produções de raízes do tipo Extra-Ae Extra, aumentaram linearmente comelevação das doses de húmus, ocorren-do aumento de aproximadamente 0,16

t/ha e 0,15 t/ha respectivamente, paracada tonelada de húmus de minhocaadicionada ao solo (Figura 1). Todaviaas produções de raízes especial e pri-meira, não foram influenciadas pelasdoses de húmus, apresentando produçõesmédias de 4,9 e 12,4 t/ha, respectivamen-te. Párraga (1987) verificou que maioresquantidades de adubos orgânicos aplica-dos, resultaram em produção de cenou-ras mais pesadas e do tipo extra. O acrés-cimo na produção de raízes Extra-A eExtra, deve-se possivelmente, aos fato-res relacionados com o aumento da pro-dução total e comercial de raízes.

A adubação mineral incrementou(P<0,01) as produções de raízes do tipoExtra-A, Extra, Especial e Primeira (Ta-bela 3), em 4,9; 5,6; 1,7 e 19,6 t/ha, res-pectivamente, em relação à sua ausên-cia. Estes resultados evidenciam a im-portância do adubo mineral na elevaçãoda produção de raízes classificadas decenoura, principalmente do tipo Extra-A e Extra. Aumentos de produção deraízes de cenoura classificadas, em fun-ção da aplicação de adubo mineral tam-bém foram observados por Lima et al.(1980), Castellane (1980), Camargo

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Tabela 2. Produção total, comercial e não comercial de raízes de cenoura, em função deadubação mineral. Areia, UFPB, 1998.

Médias, nas colunas seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%de probabilidade.

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Tabela 3. Produção de raízes dos tipos Extra-A, Extra, Especial e Primeira de cenoura, emfunção de adubação mineral. Areia, UFPB, 1998.

Médias, nas colunas seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%de probabilidade.

y1 = 4,1774 + 0,1479x

R2 = 0,82*

y2 = 2,6962 + 0,1613x

R2 = 0,67*

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

10 15 20 25 30

Hœmus de minhoca (t/ha)

Pro

duªo

de

raze

s (t

/ha)

y1

y2

Figura 1. Produção de raízes dos tipos Extra-A (y1) e Extra (y

2) em função de doses de

húmus de minhoca. Areia, UFPB, 1998.

Produção de raízes de cenoura cultivadas com húmus de minhoca e adubo mineral.

80 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

(1981) e Rebouças & Souza (1990).

Com base nos resultados apresenta-dos e condições em que foi realizado otrabalho, o húmus de minhoca mostrouser eficiente na produção de cenoura. Oemprego de 25 t/ha associado à aduba-ção mineral, aumentou a produção deraízes comerciais.

LITERATURA CITADA

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A.P. Oliveira et al.

81Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

O feijão-caupi (Vigna unguiculata(L.) Walp), conhecido por feijão-

macassar ou feijão-de- corda é uma fon-te de renda alternativa e consideradoalimento básico da população da RegiãoNordeste do Brasil. O consumo do mes-mo pode ser na forma de grãos madurose de grãos verdes, (“feijão-verde” comteor de umidade entre 60 e 70%). É bas-tante apreciado por seu sabor ecozimento mais fácil, sendo utilizado

OLIVEIRA, A.P ; ARAÚJO, J.S.; ALVES, E.U.; NORONHA, M.A S.; CASSIMIRO, C.M.; MENDONÇA, F.G. Rendimento de feijão-caupi cultivado comesterco bovino e adubo mineral. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 81-84, março, 2.001.

Rendimento de feijão-caupi cultivado com esterco bovino e adubo mineral.Ademar P. Oliveira; Jucilene S. Araújo; Edna Ursulino Alves; Michelle A. S. Noronha; Christiane M.Cassimiro; Flávia G. MendonçaUFPB-CCA, C. Postal 02, 58.397-000 Areia-PB. E-mail: [email protected]

RESUMO

O feijão-caupi, conhecido no Nordeste Brasileiro por feijão-macassar ou feijão-de-corda é uma das principais culturas desta re-gião, consumido sob a forma de grãos secos ou grãos verdes, tipoervilha. Na Paraíba detém 75% das áreas de cultivo com feijão, sen-do que o baixo rendimento é atribuído à falta de estudos sobre nutri-ção mineral. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito dediferentes doses de esterco bovino, na presença ou ausência de adu-bo mineral, sobre o rendimento de vagens, de grãos verdes e secosdo feijão-caupi, cultivar IPA 206. O experimento foi conduzido naUniversidade Federal da Paraíba, em Areia, de setembro/1998 a ja-neiro/1999, em delineamento experimental de blocos casualizados,com os tratamentos distribuídos em esquema fatorial 5 x 2, onde oprimeiro fator correspondeu às doses de esterco bovino (0, 10, 20,30 e 40 t/ha) e, o segundo fator à presença e ausência de adubomineral, em quatro repetições. O rendimento máximo estimado devagens (9,64 t/ha) foi obtido com 25 t/ha de esterco bovino na pre-sença do adubo mineral, enquanto que na ausência de adubo mine-ral o rendimento de vagens aumentou com a elevação das doses deesterco bovino, na ordem de 49,3 kg/ha para cada tonelada de ester-co bovino adicionado ao solo. O rendimento de grãos verdes na pre-sença de adubo mineral atingiu valor máximo estimado (6,8 t/ha) nadose ótima estimada de 17 t/ha de esterco bovino. Na ausência deadubo mineral, o rendimento de grãos verdes, aumentou com a ele-vação das doses de esterco bovino, na ordem de 47,9 kg/ha paracada tonelada de esterco bovino adicionado ao solo. O rendimentode grãos secos na presença de adubo mineral atingiu valor máximoestimado (3,03 t/ha) na dose de 21 t/ha de esterco bovino, enquantona ausência de adubo mineral a dose de 25 t/ha de esterco bovino foiresponsável pelo rendimento máximo de grãos secos (2,00 t/ha).

Palavras-chave: Vigna unguiculata, adubação organo-mineral,vagens, grãos verdes, grãos secos, produção.

ABSTRACT

Yield of cowpea-beans cultivated with bovine manure andmineral fertilization.

The cowpea-bean, known in the Brazilian Northeast as‘macassar-bean’ or rope bean is one of the main crops of this regionbeing consumed as dry beans or green beans (pods and/or immaturegrain). In Paraíba, it is cultivated in almost all regions, representing75% of the area cultivated with common dry beans. The low yield isdue to the lack of a program of mineral nutrition. This experimentwas carried out to evaluate the effect of different levels of bovinemanure in the presence or absence of mineral fertilizer on pods andgreen and dry grains yield of the cowpea-bean, cv. IPA 206. Theexperiment was performed in the Federal University of Paraíba, inBrazil, from September/1998 to January/1999, in a randomizedblocks design, where the treatments were distributed in a factorialscheme 5 x 2, with the first factor corresponding to levels of bovinemanure (0, 10, 20, 30 and 40 t/ha) and, the second factor, the presenceor absence of mineral fertilizer, in four replications. Each plotconsisted of 20 plants, spaced 0.80 x 0.40 m apart. The estimatedmaximum yield of pods (9.64 t/ha) was obtained with 25 t/ha ofbovine manure in the presence of mineral fertilizer, while in theabsence of mineral fertilizer, the yield of pods, increased with theincreasing levels of bovine manure, in the order of 49.3 kg/ha toeach ton of bovine manure added to the soil. The yield of greengrains in the presence of mineral fertilizer reached estimatedmaximum value (6.8 t/ha) in the estimated optimum level of 17 t/haof bovine manure. In the absence of mineral fertilizer, the yield ofgreen grains, increased with the increasing of the levels of bovinemanure in the order of 47.9 kg/ha to each ton of bovine manureadded to soil. The yield of dry grains in the presence of mineralfertilizer reached estimated maximum value (3.03 t/ha) in the levelof 21 t/ha of bovine manure. In the absence of mineral fertilizer, thelevel of 25 t/ha of bovine manure was responsible for the maximumyield of dry grains (2.00 t/ha).

Keywords: Vigna unguiculata Walp., organic-mineral fertilization,pods, green grains, dry grains, yield.

(Aceito para publicação em 24 de janeiro de 2001)

como “feijão-verde”, em pratos típicosda região Nordestina (Ferreira & Silva,1987; Oliveira & Carvalho, 1988; Silva& Oliveira, 1993). No Estado daParaíba, é cultivado em quase todasmicro-regiões, onde detém 75% das áreasde cultivo com feijão (IBGE,1996).

Em algumas regiões do Estado daParaíba níveis baixos de produtividadetêm sido constatados. Sabe-se que umdos problemas associados com a baixa

produtividade é o plantio de cultivarestradicionais com pouca capacidade pro-dutiva e a falta de um programa de nu-trição mineral para a cultura.

O feijão-caupi pode ser cultivado emsolos com regular teor de matéria orgâ-nica e razoável fertilidade. Em solos debaixa fertilidade, necessita de aplicaçõesde fertilizantes mineral e/ou orgânico.Contudo, o excesso de matéria orgâni-ca pode ocasionar um desenvolvimento

82 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

vegetativo acentuado em detrimento daprodução de vagens (Oliveira, 1982).

Embora o esterco bovino seja umdos resíduos orgânicos com maior po-tencial de uso como fertilizante, princi-palmente em pequenos estabelecimen-tos agrícolas na região Nordestina, pou-co se conhece a respeito das quantida-des a serem utilizar no feijão-caupi, quepermitam a obtenção de rendimentossatisfatórios.

Em relação à adubação mineral, anecessidade da aplicação de nitrogênio,não deve ser considerada como fatorcrítico de produção no feijão-caupi. Emáreas recém-trabalhadas, pode ser usa-da uma adubação nitrogenada em tornode 20 kg/ha de N. O fósforo é elementoimportante para a cultura no processo

de formação de grãos. As recomenda-ções de seu fornecimento à cultura, en-contram-se na faixa de 50 a 100 kg/hade P

2O

5. O potássio, como para a maio-

ria das plantas cultivadas, não tem apre-sentado resultado constante e positivono feijão-caupi. Seu emprego, entretan-to, tem sido recomendado baseado nobalanceamento das fórmula de aduba-ção. O feijão-caupi pode responder atéa 60 kg/ha de K

20, mas as recomenda-

ções nunca devem ultrapassar a 30 kg/ha (Oliveira, 1982).

O presente trabalho foi desenvolvi-do visando avaliar o emprego do ester-co bovino na presença e ausência deadubo mineral, sobre o rendimento defeijão-caupi.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi instalado um experimento naUniversidade Federal da Paraíba(UFPB), em Areia, no período de setem-bro de 1998 a janeiro de 1999, emLatossolo Vermelho-Amarelo, onde fo-ram estabelecidos dez tratamentos,constituídos de cinco doses de estercobovino na presença ou ausência de adu-bo mineral, distribuídos em esquemafatorial 5 x 2 em blocos casualizadoscom quatro repetições. A análise do soloindicou a seguinte composição: pH =6,3; P = 93,0 mg/dm3; K = 165,0 mg/dm3; Al+3 = 0,0 cmol/dm³; Ca+2 = 2,80cmol/dm³; Mg+2 = 1,20 cmol/dm³ e ma-téria orgânica = 10,40 g/dm³. O estercobovino apresentava as seguintes carac-terísticas; P = 3,6 g/kg; K = 4,1 g/kg; N= 3,8 g/kg; matéria orgânica = 182,07g/dm3 e relação C/N = 10/1. As dosesde esterco bovino empregadas (0, 10, 20,30 e 40 t/ha) foram aplicadas juntamen-te com o adubo mineral sete dias antesda semeadura. A adubação mineral se-guiu recomendações do Laboratório deQuímica e Fertilidade de Solo da UFPBe consistiu da aplicação de 500 kg/hade superfosfato simples, 68 kg/ha decloreto de potássio e 500 kg/ha de sul-fato de amônio, aplicado em coberturaaos 30 dias após a semeadura.

O preparo do solo constou de aração,gradagem e abertura de covas de plan-tio. As parcelas foram compostas de 20plantas da cultivar IPA-206, espaçadasde 0,80 m entre fileiras e 0,40 m entreplantas, sendo dez plantas empregadaspara avaliar o rendimento de vagens e degrãos verdes e outras dez para avaliar orendimento de grãos secos. Durante acondução da cultura foram realizadaspulverizações à base de Deltametrina2,5E, a cada quinze dias após a emergên-cia, visando o controle da cigarrinha ver-de (Empoasca braemer). No período deausência de chuvas foi realizada irriga-ção por aspersão. Efetuou-se tambémcapinas com auxílio de enxadas, procu-rando-se manter a cultura livre de plan-tas invasoras. As colheitas, em númerode cinco, foram realizadas à medida quea vagem iniciava sua maturação paraobtenção do rendimento de vagens e degrãos verdes e quando secava para ob-tenção de grãos secos.

4

5

6

7

8

0 10 20 30 40Estrerco bovino (t/ha)

Ren

dim

ento

de

grªo

s ve

rdes

(t/h

a)

Y = 5,712 + 0,1289x - 0,0037x2

R2 = 0,59**

Figura 2. Rendimento de grãos verdes de feijão-caupi, cultivar IPA 206, em função dedoses de esterco bovino na presença de adubo mineral. Areia, UFPB, 1999.

A.P Oliveira et al.

4

5

6

7

8

9

10

11

12

0 10 20 30 40

Esterco bovino (t/ha)

Ren

dim

ento

de

vage

ns (

t/ha)

Y = 7,874 + 0,1409x - 0,0028x2

R2 = 0,51*

Figura 1. Rendimento de vagens de feijão-caupi, cultivar IPA 206, em função de doses deesterco bovino na presença de adubo mineral. Areia, UFPB, 1999.

83Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

Os resultados obtidos foram interpre-tados por meio das análises de variânciae de regressão. Quando possível, os mo-delos de regressão linear e quadráticaforam utilizados para estimar as respos-tas das características avaliadas. Nassignificâncias das análises de variânciae de regressão foram considerados os ní-veis de probabilidade de 5% e 1% peloteste F. O teste “t” foi utilizado para tes-tar os coeficientes da regressão nos ní-veis de probabilidade de 5% e 1%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O rendimento de vagens, de grãosverdes e de grãos secos no feijão-caupi,foram influenciados (P ∠ 0,05) pelostratamentos.

Os rendimentos máximos estimadosde vagens (9,64 t/ha) e de grãos ver-des(6,8 t/ha), calculados pela derivaçãodas equações descritas nas figuras 1 e2, foram obtidos com 25 e 17 t/ha deesterco bovino, respectivamente, ambosna presença do adubo mineral. Na au-sência de adubo mineral o rendimentode vagens e de grãos verdes aumentoucom a elevação das doses de estercobovino na ordem de 49,3 kg/ha de va-gem e de 47,9 kg/ha de grãos verdes acada tonelada de esterco adicionada aosolo (Figura 3).

A partir das derivadas das equaçõesde regressão (Figura 4), o rendimentode grãos secos na presença de adubomineral, atingiu valor máximo estima-do (3,03 t/ha) na dose de 21 t/ha de es-terco bovino. Na ausência de adubomineral a dose de 25 t/ha de esterco bo-vino foi responsável pelo rendimentomáximo de grãos secos (2,00 t/ha).

Os rendimentos máximos estimadosde vagens (9,64 t/ha), de grãos verdes(6,8 t/ha) e de grãos secos (3,03 t/ha)obtidos pelo uso do esterco, na presen-ça do adubo mineral e de grãos secos nasua ausência (2,00 t/ha), evidenciamuma boa produtividade do feijão-caupi,cultivar cultivar IPA 206 na micro-re-gião de Areia- PB, superando os resul-tados obtidos por Silva et al. (1993),Silva & Oliveira (1993) e Silva & Freitas(1996) em cultivos convencionais. Pro-vavelmente, durante o crescimento edesenvolvimento das plantas, as dosesde esterco bovino, juntamente com os

nutrientes minerais adicionados ao solo,supriram de forma equilibrada as neces-sidades nutricionais da cultura. A apli-cação adequada de esterco de boa qua-lidade pode suprir as necessidades dasplantas em macronutrientes, devido aelevação nos teores de P e K disponível(Machado et al., 1983). Maiores produ-ções de grãos em feijão-comum, comdoses de adubos orgânicos foram rela-tados (Vieira, 1988; Galbiatti et al.,1996; Henriques, 1997).

Y 2 = 0,8009 + 0,0958x - 0,0019x2

R2 = 0,80**

Y 1 = 1,0237 + 0,1922x - 0,0046x2

R2 = 0,58**

0

1

2

3

4

5

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E sterco b ov in o (t/h a)

Ren

dim

ento

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grªo

s se

cos

(t/h

a)

Figura 4. Rendimento de grãos secos de feijão-caupi, cultivar IPA 206, em função de dosesde esterco bovino na presença (Y

1) e ausência (Y

2) de adubo mineral. Areia, UFPB, 1999.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0 10 20 30 40

Esterco bovino (t/ha)

Ren

dim

ento

de

vage

ns e

de

grªo

s (t

/ha)

Y 2 = 3,824 + 0,0479x

R2 = 0,64*

Y 1 = 6,444 + 0,0493x

R2 = 0,66*

Figura 3. Rendimento de vagens (Y1) e de grãos verdes (Y

2) no feijão-caupi, cultivar IPA 206,

em função de doses de esterco bovino na ausência de adubo mineral. Areia, UFPB, 1999.

A estabilização e queda no rendi-mento de vagens e de grãos verdes esecos nas doses mais elevadas de ester-co bovino na presença de adubo mine-ral, podem ser devidas ao excesso denutrientes fornecidos à cultura(Malavolta, 1989; Huett, 1989; Smith &Hadley, 1989). Resultados de vários es-tudos têm mostrado que o nitrogênio eo potássio, são os elementos que ofeijoeiro retira do solo em maiores quan-tidades. Fósforo, cálcio, magnésio e

Rendimento de feijão-caupi cultivado com esterco bovino e adubo mineral.

84 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

enxofre são também extraídos em quan-tidades consideráveis (Guedes &Junqueira Neto, 1978).

Uma vez que o experimento foi ins-talado em solo com teores elevados deP e K, acredita-se que os benefícios doesterco bovino sobre o rendimento dofeijão-caupi, na presença e ausência deadubo mineral, devam-se não somenteao suprimento de nutrientes, mas tam-bém a melhoria de outros constituintesda fertilidade do solo, no fornecimentode água, no arranjamento da sua estru-tura por meio de formação de comple-xos húmus-argilosos e consequente au-mento na CTC, (Marchesini et al., 1988;Yamada & Kamata, 1989), proporcio-nando melhor aproveitamento dos nu-trientes originalmente presentes. Essascondições provavelmente permitiram aofeijão-caupi o seu potencial de produ-ção de vagens e grãos verdes e secos,induzida pela sua constituição genética.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à professoraSheila Costa de Farias pela correção doAbstract e aos agentes em AgropecuáriaFrancisco de Castro Azevedo, José Bar-bosa de Souza, Francisco Soares deBrito, Francisco Silva do Nascimento eExpedito de Souza Lima queviabilizaram a execução dos trabalhosde campo.

LITERATURA CITADA

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A.P Oliveira et al.

85Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

O feijão-vagem (Phaseolus vulgarisL.) tem sido uma das dez hortali-

ças mais cultivadas em Goiás, onde ovolume anual de comercialização devagens alcança cerca de 4.100 tonela-das. O produto é comercializado o anotodo, sendo totalmente produzido noEstado (CEASA-GO, 1991) que tem umconsumo per capita 1,2 kg de vagenspor ano, o maior do Brasil, mas inferior,segundo CIAT (1992), ao de paísescomo o Chile (3,2 kg/ano) e a Turquia(6,5 kg/ano). Embora não forneça teo-res elevados de proteínas e caloriascomo o feijão-seco, supre o organismocom vitaminas e sais minerais que fal-tam na maioria dos alimentos básicos(CIAT, 1990).

Um programa de avaliação e sele-ção de linhagens de feijão-vagem estásendo conduzido em Goiás desde 1988,com o apoio do Centro Internacional deAgricultura Tropical (CIAT). A Empre-sa de Assistência e Extensão Rural doEstado de Goiás (EMATER-GO) des-tacou-se numa primeira fase, com o

PEIXOTO, N.; MORAES, E.A.; MONTEIRO, J.D.; THUNG, M.D.T. Seleção de linhagens de feijão-vagem de crescimento indeterminado para cultivo noEstado de Goiás. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 85-88, março 2.001.

Seleção de linhagens de feijão-vagem de crescimento indeterminadopara cultivo no Estado de Goiás.Nei Peixoto1; Ednan A. Moraes1; Jair D. Monteiro2; Michael D. T. Thung3

1AGENCIARURAL, EE Anápolis, C. Postal 608, 75.001-970 Anápolis-GO; 2Escola Agrotécnica Federal, 75.790-000 Urutaí-GO;3Embrapa Arroz e Feijão, C. Postal 179, 75.375-000 Santo Antônio de Goiás - GO; E-mail: [email protected]

RESUMO

Em 1994, 64 linhagens de feijão-vagem oriundas do programade melhoramento genético do CIAT, Cali, Colômbia, foram avalia-das na Estação Experimental de Anápolis (EEA), da Agência Goianade Desenvolvimento Rural e Fundiário (AGENCIARURAL), quan-to às seguintes características: adaptação, resistência a doenças, po-tencial de produção e qualidade de vagens. As 30 linhagens que sedestacaram foram avaliadas, em 1995, no mesmo local. Dentre es-tas foram selecionadas 20 linhagens, novamente avaliadas em 1996nos municípios de Anápolis, Morrinhos e Urutaí no Estado de Goiás.Nestes ensaios foram utilizadas como testemunhas as cultivares Fa-vorito Ag 480 e Preferido Ag 482. Avaliações adicionais foramconduzidas em 1997 em Anápolis, tendo-se a cultivar Favorito Ag480 como testemunha. As linhagens Hav 13, Hav 14, Hav 22, Hav25, Hav 27, Hav 38, Hav 40, Hav 49, Hav 53, Hav 56, Hav 64, Hav65 e Hav 67 destacaram-se em rendimento e qualidade de vagens.

Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L., ciclo vegetativo, produtivi-dade, qualidade de vagens.

ABSTRACT

Selection of climbing snap bean lines in Goiás, Brazil.

Sixty four snap bean lines derived from the CIAT snap beanbreeding program were evaluated in 1994 at Anápolis ExperimentStation in Goiás, Brazil, for the following characteristics: adaptation,disease resistance, yield potential and pod quality. The 30 outstandinglines were further evaluated during 1995 in Anápolis and, in 1996,20 of them were evaluated in Anapális, Morrinhos and Urutai in theState of Goiás, Central Brazil. Final evaluation was carried out in1997 in Anápolis. The standard cultivar Favorito Ag 480, was usedas a check in 1996 and in 1997. Also Preferido Ag 482 cultivar wasincluded as a second check in 1996. Breeding lines Hav 13, Hav 14,Hav 22, Hav 25, Hav 27, Hav 38, Hav 40, Hav 49, Hav 53, Hav 56,Hav 64, Hav 65 and the Hav 67 were chosen, regarding their yieldand pod quality, suitable for local market, with possibility to beadopted by growers.

Keywords: Phaseolus vulgaris, life cycle, yield, pod quality.

(Aceito para publicação em 19 de fevereiro de 2.001)

lançamento das cultivares Coralina eTurmalina, ambas de crescimento deter-minado (Peixoto et al., 1993; Peixoto etal., 1997, 1997a). Numa segunda faseesperam-se oferecer alternativas de cul-tivares de feijão-vagem de crescimentoindeterminado para cultura tutorada, emsistema de rotação com outras culturas.No Brasil este é o sistema de cultivomais adotado, por pequenos produtores,que utilizam cultivares trepadoras, emsucessão a outras hortaliças, como o to-mate e o pepino, aproveitando-se, alémdos tutores, os resíduos de adubaçãodessas culturas.

Este trabalho teve como objetivoselecionar linhagens de feijão-vagem decrescimento indeterminado como op-ções de cultivares para o Estado deGoiás, que possibilitem oferta mais es-tável do produto ao longo do ano.

MATERIAL E MÉTODOS

Conduziu-se no Estado de Goiás, noperíodo de 1994 a 1997, em condições

de campo, em cultivo tutorado, um tra-balho de avaliação e seleção de linha-gens de feijão-vagem introduzidas doCIAT, Colombia. Realizaram-se as se-leções iniciais na Estação Experimen-tal de Anápolis (EEA) (latitude de 16º19’ 48” S, longitude de 48º 58’23” WGre altitude de 980 a 1000 m), partindo-seem 1994, de 64 linhagens que foramavaliadas quanto ao desenvolvimentovegetativo, vigor, potencial aparente deprodução e qualidade de vagens, seguin-do as metodologias de Silbernagel(1986) e Schoonhoven & Pastor-Corrales (1987). Destas, trinta linhagensforam escolhidas e avaliadas em 1995na EEA e as 20 melhores foram avalia-das, em 1996, nos municípios deAnápolis, Morrinhos e Urutaí, das quais15 foram, novamente avaliadas em 1997,em Anápolis. Utilizou-se como testemu-nha, em 1996 e 1997, a cultivar FavoritoAg 480, a mais cultivada em Goiás. Em1996 foi incluída, como testemunha adi-cional, a cultivar Preferido Ag 482.

Em cada ensaio foram feitas as cor-reções da acidez e da fertilidade do solo,

86 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

conforme indicação da Comissão deFertilidade de Solos de Goiás (1988),assim como os tratos culturais efitossanitários para a cultura, incluindoirrigação por aspersão.

Utilizou-se o delineamento experi-mental em blocos casualizados, com trêsa cinco repetições. Cada parcela foiconstituída por 20 plantas em cultivotutorado, dispostas em duas fileiras, es-paçadas de 1,00m x 0,20m.

Dados de produtividade foram obti-dos a partir do peso de vagens

comerciáveis colhidas por parcela. Adi-cionalmente foram avaliadas em 1995,em Anápolis, as seguintes característi-cas: ciclo vegetativo, também avaliado,em 1996, em Anápolis e Morrinhos e,em 1997, em Anápolis, medido pelo nú-mero de dias da semeadura à antese dasprimeiras flores; o número de vagens porplanta e peso médio das vagens, obtidospela média da parcela; o comprimentode vagens comerciáveis, a partir de umaamostra de 10 vagens por parcela e aqualidade das vagens, por meio de no-

tas, atribuídas ao total de vagens colhi-das por parcela na quarta colheita, varian-do de 1 (péssimo aspecto) a 5 (excelenteaspecto). Os dados foram submetidos àanálise de variância e as médias compa-radas pelo teste de Tukey, ao nível de 5%de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As linhagens Hav 13 e Hav 14 igua-laram-se aos genótipos mais precoces,enquanto que Hav 6 e Hav 41 iguala-

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Tabela 1. Número de dias da semeadura à antese das primeiras flores, produtividade, número de vagens por planta, comprimento, pesomédio e nota para qualidade de vagens comerciáveis de linhagens de feijão-vagem de crescimento indeterminado. Anápolis,AGENCIARURAL, 1995.

N. Peixoto et al.

87Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

ram-se aos de ciclo mais longo. A culti-var Favorito Ag 480, por outro lado,comportou-se, ora como de ciclo mé-dio, ora como precoce, enquanto quePreferido Ag 482 foi tardia (Tabelas 1 e2). O ciclo vegetativo é uma caracterís-tica fenológica importante para o feijão-vagem, pois quanto mais precoce a cul-tivar, maior número de opções terá oagricultor na programação de colheitassucessivas na mesma área, o que é co-mum na agricultura familiar.

Os genótipos apresentaram peque-nas diferenças em produtividade de va-gens comerciáveis. Em Anápolis, no anode 1995, destacaram-se as linhagensHav 22, que apresentou também omaior número de vagens por planta,além de Hav 41, Hav 53, Hav 64 e Hav67 que superaram apenas a linhagemHav 31 (Tabela 1). Em 1996, não houvediferenças significativas entre osgenótipos, em Anápolis e em Morrinhos.Em Urutaí sobressaiu a linhagens Hav40, que superou inclusive a cultivar

Preferido Ag 482, seguida de Hav 21,Hav 53, Hav 13 e Hav 38. Em 1997, emAnápolis, a linhagem Hav 25 foi a maisprodutiva, suplantando Hav 41. Não foiconstatada relação entre o ciclovegetativo e a produtividade (Tabela 2).

Em Anápolis, em 1995, a linhagemHav 49 foi a que apresentou vagens maislongas, igualando-se apenas a Hav 40.As linhagem Hav 49, seguida de Hav13, Hav 21, Hav 36 e Hav 68, foram asmais pesadas, superando as de menorpeso médio (Tabela 1).

A nota de qualidade de vagem, crité-rio subjetivo que engloba diversas carac-terísticas relativas à aparência da vagemcomo cor, brilho, formato, aspereza, pre-sença de saliências em torno das semen-tes, é um indicador importante quanto àaceitação pelos consumidores. As linha-gens Hav 13, Hav 22 e Hav 53 foram asmelhores, não diferindo estatisticamentede Hav 1, Hav 2, Hav 3, Hav 4, Hav 14,Hav 25, Hav 27, Hav 41, Hav 49, Hav 62,Hav 65, Hav 67 e Hav 68 (Tabela 1).

Considerando-se em conjunto as ca-racterísticas avaliadas, podem serindicadas aos produtores goianos, comoalternativas às cultivares ora em uso, aslinhagens Hav 13, Hav 14, Hav 22, Hav25, Hav 27, Hav 38, Hav 40, Hav 49, Hav53, Hav 56, Hav 64, Hav 65 e Hav 67.

AGRADECIMENTOS

Aos Técnicos Agrícolas Franciscoda Mota Moreira, Josimar Alberto Pe-reira, Isaquiel Melo Peres e AdrianoJosé Dias e aos servidores Tudes CunhaFarias, Orimar Cordeiro de Godoy,Adão da Silva e Jair dos Reis Sampaio,pelo permanente apoio na condução dosexperimentos.

LITERATURA CITADA

CENTRAIS DE ABASTECIMENTO DO ESTA-DO DE GOIÁS - CEASA-GO. Aspectos da ofer-ta e comercialização de hortigranjeiros em 1991.173 p. (CEASA-GO, Boletim Informativo, 16).

Seleção de linhagens de feijão vagem de crescimento indeterminado para cultivo no Estado de Goiás.

Tabela 2. Número de dias da semeadura à antese das primeiras flores e produtividade de vagens comerciáveis de linhagens e cultivares defeijão-vagem de crescimento indeterminado. Anápolis, Morrinhos e Urutaí, AGENCIARURAL, 1996/97.

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As plantas medicinais e suas formasderivadas constituíram durante sé-

culos a base da terapêutica (Scheffer,1992). Aos poucos, com a evolução daquímica, substituíram-se os compostosnaturais por quimioterápicos, que têmum elevado custo até a fabricação emescala e exigem um alto nível

LUZ, F.J. F. Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 88-96, março 2.001.

Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil.Francisco Joaci F. LuzEmbrapa Roraima; BR. 174, km 08, Distrito Industrial, C. Postal 133, 69.301-970, Boa Vista - RR. E-mail: [email protected]

RESUMOBoa Vista, capital do Estado de Roraima é composta de uma po-

pulação muito heterogênea, compreendida por nordestinos, sulistas eamazônidas, que apresentam o hábito da utilização de plantas medici-nais em suas manifestações culturais e costumes. Apesar do uso fre-qüente, as plantas medicinais apresentam cultivo muito incipiente,restringindo-se a canteiros de fundo de quintal e ao cultivo de subsis-tência em pequenas hortas comerciais. Este trabalho objetivou levan-tar e identificar as plantas medicinais de uso popular utilizadas emBoa Vista, por meio de informações obtidas com raizeiros, produtoresde hortaliças e participantes em curso de plantas medicinais realizadopela Prefeitura Municipal. O trabalho foi realizado de janeiro de 1995a abril de 1997, e constou de levantamento de informações sobre asplantas e seus usos, coleta de material e sua identificação botânica.Foram identificadas 60 famílias, das quais 8 espécies foram caracteri-zadas a nível de gênero e 105 a nível de espécie. Dentre as plantasmedicinais citadas, foram relacionadas 14 hortaliças, 19 fruteiras, 9consideradas plantas daninhas, 4 de lavoura, 26 de uso medicinalintroduzidas de outras regiões e 41 de ocorrência natural em Roraima.A combinação de plantas medicinais nativas e exóticas, hortaliças,fruteiras e outras plantas cultivadas, no elenco das plantasmedicamentosas de uso popular em Boa Vista caracteriza a diversida-de de costumes e cultura próprios de uma população de origens diver-sas, refletindo a riqueza e o potencial do conhecimento popular nasolução dos problemas de saúde da população local.

Palavras-chave: planta medicinal, amazonia, fitoterapia.

ABSTRACTMedicinal plants of popular use in Boa Vista, Roraima, Brazil.

Boa Vista is located in the North of Amazonia, Brazil. Thepopulation of Boa Vista is heterogeneous, composed of Northeastern,Southern and Amazonian people. It has a strong tradition of usingplants in popular medicine. This work aims to identify medicinalplants of popular use in Boa Vista, through information obtainedfrom, horticulturists and participants in a medicinal plant course.The survey, made between January 1995 and April 1997, consistedof identifying plants and their use in popular medicine. Sixty familieswere identified of which genus and 105 by species name, were listed.Common vegetables, fruits, weed and cultivated crops were foundamong exotic and native medicinal plants. This combination ofdifferent species in the spectrum of medicinal plants of popular usein Boa Vista follows the diversity of habits and culture of peoplewith different origins, with implications on the richness and potentialuse of popular knowledge in the cure of health problems.

Keywords: Amazonia, popular medicine.

(Aceito para publicação em 23 de janeiro de 2.001)

tecnológico para sua produção. Atual-mente, as plantas medicinais passarama ser cogitadas como recurso terapêuticoviável, devido aos altos preços e à faltade acesso aos quimioterápicos por gran-de parcela da população.

No Nordeste brasileiro, cerca de 500espécies vegetais, cuja maioria está cons-

tituída de plantas silvestres, são usadascomo medicinais, especialmente pelapopulação do meio rural e da periferiaurbana (Matos & Bezerra, 1993).

Boa Vista, capital do Estado deRoraima localiza-se na parte Norte doEstado, apresenta vegetação de savana(Brasil, 1975), com fisionomia típica de

N. Peixoto et al.

89Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

cerrado. A população da cidade, em tor-no de 150.000 habitantes, é bastanteheterogênea, sendo compreendida es-sencialmente de roraimenses, incluindoíndios e descendentes dos pioneiros dacolonização do Estado, sulistas, nordes-tinos e nortistas em menor número.

Essa heterogeneidade se reflete nadiversidade das manifestações culturaise dos costumes da populaçãoboavistense. Dentre esses costumes,destaca-se o uso popular de plantas nacura das diversas enfermidades que atin-gem a população. Raizeiros e curandei-ros, que trazem sua experiência na ba-gagem quando migram, e populaçõesautóctones ainda mantêm o uso de plan-tas medicinais como alternativafitoterápica, tal qual seus ancestrais. Ocultivo de plantas medicinais em BoaVista é muito incipiente, restringindo-se a canteiros de fundo de quintal e aocultivo de subsistência em pequenashortas comerciais, que produzemolerícolas de consumo popular. Muitasplantas medicinais são extraídas direta-mente da natureza.

Correia Júnior et al. (1994) ressal-taram que, na medicina, produtos origi-nários de plantas ocupam um espaçocada vez maior na terapêutica. No en-tanto, a coleta desenfreada de plantasnativas pode levar à extinção de espéci-es importantes.

A identificação e as informação ob-tidas sobre o uso de plantas medicinaispodem ser utilizadas para orientar pes-quisas com a finalidade de refinar ouotimizar os usos populares correntes,desenvolvendo preparados terapêuticosde baixo custo, ou isolar substâncias ati-vas passíveis de síntese pela indústriafarmacêutica (Amorozo, 1996). Este tra-balho objetivou levantar e identificar asplantas medicinais de uso popular utili-zadas em Boa Vista.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado na cidade deBoa Vista, capital de Roraima, de janeirode 1995 a abril de 1997. O mesmo cons-tou de três fases, compreendendo levan-tamento e coleta de informações sobre asplantas e seu uso, coleta de material e iden-tificação botânica.

O levantamento de plantas medicinaisde uso popular em Boa Vista foi realizado

por meio de questionário simplificado,constando o nome popular da planta, aparte utilizada, o uso e a condição de cul-tivo (subsistência ou comercial). Foramaplicados três questionários em duas fei-ras populares da cidade, a feira do produ-tor e o feirão dos garimpeiros, contem-plando dois raizeiros, e em duas peque-nas hortas comerciais da periferia da ci-dade. Ainda foram obtidos dados comquinze integrantes de um curso sobre plan-tas medicinais promovido pela PrefeituraMunicipal de Boa Vista.

A coleta de material vegetal para iden-tificação foi realizada em visitas a hortase pomares caseiros. A identificação botâ-nica foi feita na Embrapa Roraima. Foirealizada revisão bibliográfica para auxi-liar na identificação botânica, sendo utili-zadas as seguintes referências: Cruz, 1979;Lorenzi, 1991; Berg, 1993; Corrêa Júnioret al., 1994; Milliken, 1995; Carricondeet al., 1996; Mattos, 1996. Algumas plan-tas de difícil identificação a nível de espé-cie foram acondicionadas em excicatas,catalogadas e remetidas para identifica-ção nos herbários da Universidade Fede-ral de Roraima (UFRR) e do Museu Inte-grado de Roraima (MIRR).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação às plantas coletadas, fo-ram listadas 60 famílias, com 8 plantasidentificadas a nível de gênero e 105 anível de espécie. Os nomes científicose populares, a parte da planta usada, aforma e as indicações de uso, estão re-lacionados na Tabela 1.

Dentre as plantas citadas, foram re-lacionadas 14 hortaliças, 19 fruteiras, 9plantas consideradas ervas daninhas deplantas cultivadas (Lorenzi, 1991), 4plantas de lavoura (arroz, milho, algodãoe cana-de-açúcar), 26 plantas de usomedicinal introduzidas de outras regiõese 41 plantas de ocorrência natural emRoraima (Tabela 1). Essa diversidade naorigem das plantas é fruto daheterogeneidade da populaçãoboavistense, composta de muitosmigrantes, especialmente nordestinos. Ogrande número de plantas de ocorrêncianatural, decorre em parte da cultura in-dígena roraimense, com forte influênciana cidade, onde existem bairros criadospor índios que migraram para a cidade,assim como da influência dosamazônidas no uso de plantas da região.

Dentre as plantas medicinais introduzidasmuitas são de uso comum no Nordeste(mastruço, coirama, hortelã, malvariço,quebra-pedra, cidreira, romã, etc), segun-do Matos & Bezerra (1993).

Foram citados mais de 70 tipos dedoenças no levantamento. Os mais cita-dos foram inflamações, gripe, diarréia,anemia, malária, diabete, doenças hepá-ticas e verminoses. Algumas doençascitadas são muito comuns em Boa Vis-ta. Dentre as transmissíveis notificadasna cidade no ano de 1996, a maláriadestacou-se com 90% das ocorrências.Boa Vista também deteve 80,6% doscasos de diarréia notificados no Estadoem 1996 (Pithan, 1996).

Os dois raizeiros consultados nãoresidem em Boa Vista e adquirem seusprodutos no interior do Estado. Um de-les retira os mesmos diretamente damata ou de uma pequena horta de plan-tas medicinais, trazendo mudas e cas-cas para comercializar. O outro especia-lizou-se na venda de pequenos frascosde óleo de copaíba (Copaiferaofficinalis) e de andiroba (Carapaguianensis), retirados diretamente deárvores nativas da região do Quitauaú,em município vizinho a Boa Vista.

As hortas amostradas têm as plantasmedicinais como complemento de ren-da das olerícolas ou mantêm o seu cul-tivo para uso próprio ou da comunidadepróxima. O cultivo comercial nas hor-tas visitadas foi verificado apenas coma hortelã miúda (Mentha x villosa L.)que é comercializada para remédio epara condimento.

No curso de plantas medicinais pa-trocinado pela Prefeitura de Boa Vistafoi relatado pelos participantes que o usomedicinal das plantas tinha origem natradição familiar, passada por pais eavós. Não foi mencionado o cultivo co-mercial das plantas. Pequenas hortas dequintal e o cultivo em vasos mantinhamo fornecimento de plantas para fins me-dicinais. Algumas plantas nativas, comocaimbé (Curatella americana), mirixi(Byrsonima spp.), sucuba(Himathanthus articulatus), cajuí(Anacardium giganteum) e caçari(Myrciaria dubia) são exploradas dire-tamente da natureza, o que demonstrapreocupação mencionada por CorrêaJúnior et al. (1994), quanto ao perigoda exploração desenfreada e à extinçãode espécies ainda não cultivadas.

Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil.

90 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

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Tabela 1. Plantas medicinais de uso popular no município de Boa Vista, Roraima. Boa Vista, Embrapa Roraima, 1997.

F.J. Luz.

91Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

Tabela 1. (Continuação)

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Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil.

92 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

Tabela 1. (Continuação)

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F.J. Luz.

93Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

Tabela 1. (Continuação)

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Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil.

94 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

Tabela 1. (Continuação)

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F.J. Luz.

95Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

Tabela 1. (Continuação)

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Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil.

96 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

Tabela 1. (Continuação)

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F.J. Luz.

insumos e cultivares em teste

Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001. 97

A mosca-branca, Bemisiaargentifolii, foi observada no Bra-

sil pela primeira vez em São Paulo, noinício da década de 90 (Lourenção et al.,1999); no Distrito Federal foi encontradaem 1993, associada a cultivos de tomate erepolho (França et al., 1996); em 1996 o

CASTELO BRANCO, M.; PONTES, L.A. Eficiência de tiacloprid para o controle de mosca-branca. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 01, p. 97-101,março 2.001.

Eficiência de tiacloprid para o controle de mosca-branca.Marina Castelo Branco; Ludmilla A. PontesEmbrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília – DF. E-mail: [email protected]

RESUMO

O impacto de tiacloprid sobre a mortalidade de adultos, fertili-dade de fêmeas, viabilidade de ovos e desenvolvimento de ninfas deBemisia argentifolii foi determinado em quatro experimentos. Noprimeiro experimento, para avaliar a eficácia de tiacloprid em cau-sar a mortalidade de adultos, foram utilizadas folhas de repolho tra-tadas com tiacloprid (96 g i.a./ha), imidacloprid (14 g i.a./ha), acefato(750 g i.a./ha), deltametrina (6 g i.a./ha) e água e adultos liberadosnas gaiolas contendo as folhas tratadas. A mortalidade de adultosfoi avaliada após 72 h. No segundo experimento, para avaliar o im-pacto de tiacloprid sobre a fertilidade das fêmeas, utilizou folhas derepolho tratadas com o inseticida ou água colocadas nas gaiolas,seguida da liberação de 50 adultos por 24 h. Transcorrido este tem-po, os adultos foram transferidos para uma outra gaiola contendofolhas de repolho sem tratamento com inseticida por mais 24 h, quan-do foram então removidos. O número de ovos sobre cada folha foideterminado e as folhas foram colocadas em uma câmara por dezdias, quando o número de ninfas foi determinado. No terceiro expe-rimento, para avaliar o impacto de tiacloprid na eclosão de ninfasutilizou ovos de mosca-branca com idades de um e cinco dias trata-dos com tiacloprid ou água e, após 10 dias, foi avaliado o número deninfas de primeiro estádio em cada tratamento. No quarto experi-mento avaliou-se o impacto de tiacloprid no desenvolvimento deninfas. Estas foram tratadas com o inseticida ou água e após cincodias foi feita a contagem do número de ninfas de terceiro estádio.Tiacloprid e imidacloprid causaram a mortalidade de 99% dos adul-tos enquanto acefato e deltametrina causaram menos de 32% demortalidade. O resultado indicou uma boa eficiência de tiaclopridpara o controle de adultos. A viabilidade dos ovos não foi afetadapela exposição das fêmeas ao inseticida, já que mais de 97% destesse desenvolveram. Mais de 97% dos ovos tratados com tiaclopridcom idades de um e cinco dias não se desenvolveram indicando queo inseticida causa a inibição do desenvolvimento dos ovos indepen-dentemente da idade destes. Apenas 1,2% das ninfas de segundoestádio tratadas com tiacloprid alcançaram o terceiro estádio, indi-cando que o inseticida afeta o desenvolvimento das ninfas.

Palavras-chave: Brassica oleracea var. capitata, Bemisiaargentifolii, controle químico, mosca-branca, tiacloprid,deltametrina, acefato, imidacloprid.

ABSTRACT

Efficiency of tiacloprid in controlling whiteflies.

Effects of thiacloprid on adults, female fertility, egg hatch andnymph development of Bemisia argentifolii were determined inBrasília, Brazil. The first experiment was to evaluate the efficacy oftiacloprid in causing adult mortality. Cabbage leaves were treatedwith thiacloprid (96 g.a.i./ha), imidacloprid (14 g.a.i./ha), acephate(750 g.a.i./ha), deltamethrin (6 g.a.i./ha) and water. Adult whiteflieswere released in cages containing the treated leaf. Adult mortalitywas evaluated after 72 h. The second experiment was to evaluate theimpact of tiacloprid on female fertility. Cabbage leaves were treatedwith thiacloprid or water and put into the cage. About 50 adultswere released into the cage for 24 h. After that time adults from eachcage were transferred to a new cage containing a leaf free frominsecticide treatment. Females were allowed to oviposit for 24 h.Then whiteflies were removed from the cage and the number ofeggs on each leaf was counted. After counting, the leaves weretransferred to a chamber and 10 days later the number of first instarnymphs was recorded. The third experiment evaluated the impact oftiacloprid on egg hatch. Whitefly eggs which were one and five-day-old were treated with thiacloprid or water. After 10 days thenumber of first instar nymphs was determined. The fourth experimentevaluated the impact of tiacloprid on nymphs development. Secondinstar nymphs were treated with thiacloprid or water. After five daysthe number of third instar nymphs was determined. Thiacloprid andimidacloprid caused 99% adult mortality whereas acephate anddeltamethrin caused less than 32% adult mortality. The resultsindicated that thiacloprid had good effect on adults. Egg viabilitywas not affected when females had contact with leaves treated withthe insecticide as more than 97% of the eggs hatched. More than97% of the eggs treated with thiacloprid did not hatch, indicatingthat inhibition of egg hatch caused by tiacloprid has no connectionwith egg age. Thiacloprid affected nymph development. Only 1.2%of the second instar nymphs treated with the insecticide developedto the third stage.

Keywords: Brassica oleracea var. capitata, Bemisia argentifolii,thiacloprid, deltamethrin, acephate, imidacloprid, chemicalcontrol, whiteflies.

(Aceito para publicação em 05 de fevereiro de 2.001).

inseto foi o principal problema em culti-vos de tomate do Vale do São Francisco(Lima & Haji, 1998); no ano 2000 causousérios problemas aos produtores de fei-jão-vagem e tomate na Serra Gaúcha.

Em lavouras de tomate, a mosca-branca ao se alimentar das plantas cau-

sa queda de frutos e folhas e amadure-cimento irregular dos frutos. Amaturação irregular inviabiliza o uso dosfrutos para processamento industrial ouconsumo in natura. O inseto é tambémvetor de geminivírus e quando contami-na as plantas no início do cultivo, as

98 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

perdas podem ser totais (Villas Bôas etal., 1997).

Para o controle desse inseto são re-comendadas uma série de medidas cul-turais como o uso de mudas sadias, ma-nutenção do cultivo no limpo, plantiode milho ou mandioca para a reduçãoda população (Villas Bôas et al., 1997;Villas Bôas, 2000); cobertura do solocom plástico para repelir o inseto(Cubillo et al., 1999) e aplicações deinseticidas.

Diversos produtos são recomenda-dos para o controle da mosca-branca,sendo que novos inseticidas estão sen-do constantemente lançados no merca-do. O inseticida tiacloprid, pertencenteao grupo químico dos neonicotinóidesfoi avaliado para o controle da mosca-branca em lavouras de pimentão e be-rinjela (Ferreira et al., 1999; GitiranaNeto et al., 1999) e lançado oficialmen-te no mercado no ano 2000.

Ainda que este inseticida tenha sidoeficiente para o controle da praga, oimpacto do produto sobre os diferentesestágios de mosca-branca não foi aindarelatado. Assim sendo, este trabalho tevecomo objetivo avaliar o impacto detiacloprid sobre adultos, ovos e ninfasde mosca-branca e sobre a fertilidade defêmeas da praga.

MATERIAL E MÉTODOS

Origem da população de mosca-branca utilizada nos experimentos: Apopulação utilizada foi proveniente domunicípio de Holambra (SP) e mantidaem casa-de-vegetação sobre plantas debico-de-papagaio de outubro de 1995 ajunho de 1999. Nenhuma pulverizaçãode inseticida foi realizada na casa-de-vegetação durante este período.

Descrição dos ensaios: Os quatroexperimentos foram realizados utilizan-do-se folhas destacadas de plantas derepolho, cv. Kenzan, com cerca de 30dias de idade e livres de infestação demosca-branca. Em todos os experimen-tos, as folhas foram imersas em água ouna solução do inseticida por 10 segun-dos e, posteriormente, deixadas parasecar ao ambiente por duas horas. Asfolhas foram colocadas em vidros comágua (12 mL de capacidade) para a ma-nutenção da turgidez. Todos os ensaios

foram realizados em câmara climatizadaa 25 ± 1°C, fotofase de 13 h e umidadede 70%.

Nos experimentos onde foram utili-zados adultos, os vidros contendo as fo-lhas foram colocados individualmentedentro de gaiolas de plástico (10 cm dediâmetro X 10 cm de altura). Os adultosforam coletados com um aspirador so-bre plantas de bico-de-papagaio e emseguida liberados no interior das gaiolas.

Nos experimentos onde foram utili-zados ovos ou ninfas de segundo está-dio, as folhas de repolho foram coloca-das em vidro e mantidas por 24 h emcasa-de-vegetação contendo adultos demosca-branca, para a realização daoviposição. Após este período os adul-tos foram eliminados das folhas e estastransferidas para a câmara climatizadaonde foram mantidas durante todo oensaio.

Todas as diluições de inseticidas fo-ram feitas assumindo-se um volume decalda de 400 litros/ha. Foi acrescentadoo espalhante adesivo alquil-fenol-poliglicoeter, na concentração de 62,5g i.a./ha, a todas as soluções. A teste-munha foi tratada com água maisespalhante.

Avaliação da mortalidade de adul-tos de mosca-branca ocasionada portiacloprid: Foi realizado um ensaio pre-liminar para a determinação do períodoideal para avaliação da mortalidade deadultos causada por tiacloprid. Quatrofolhas de repolho foram imersas por 10segundos em uma solução do inseticidatiacloprid (96 g i.a./ha) e quatro em água(testemunha), sendo colocadas individual-mente em gaiolas. Em seguida, adultosde mosca-branca (média de 14 adultos/gaiola) foram liberados no interior dasmesmas. A mortalidade foi avaliada 24;48 e 72 h após a liberação. Os dados damortalidade foram corrigidos pela fór-mula de Abbott (1925).

Para comparar a eficiência detiacloprid com outros inseticidas usadosno controle de mosca-branca, seis fo-lhas de repolho/tratamento foramimersas por 10 segundos em água ou nassoluções das doses comerciais dos se-guintes inseticidas: tiacloprid (96 g i.a./ha), imidacloprid (14 g i.a./ha),deltametrina (6 g i.a./ha) e acefato (750g i.a./ha). As folhas depois de secas à

temperatura ambiente foramtransferidas para gaiolas e uma médiade 107 adultos de mosca-branca foi li-berada em cada gaiola. A mortalidadede adultos foi avaliada 72 h após a libe-ração dos adultos nas gaiolas.

O delineamento experimental utili-zado foi completamente casualizado,com cinco tratamentos e seis repetições.Os dados da percentagem de mortalida-de de adultos foram submetidos à análi-se de variância e foi utilizado o teste dadiferença mínima significativa (DMS)(P< 0,05) para a separação de médias.

Impacto de tiacloprid sobre a fer-tilidade de fêmeas de mosca-branca:Onze folhas de repolho foram tratadascom tiacloprid (96 g i.a./ha) e onze comágua (testemunha) e em seguidatransferidas individualmente para gaio-las. Quando as folhas estavam enxutas,cerca de 50 adultos de mosca-brancaforam liberados no interior das gaiolas.Após 24 h os insetos foram retirados etransferidos por outras 24 h para outrasgaiolas contendo folhas de repolho nãotratadas para a obtenção de ovos demosca-branca. Transcorridas as 24 h. osadultos foram retirados das gaiolas e onúmero de ovos sobre cada folha deter-minado. Dez dias após a oviposição foirealizada a contagem do número deninfas de primeiro estádio presentes so-bre as folhas.

O delineamento experimental foicompletamente casualizado e foram uti-lizadas onze repetições por tratamento.Os dados da percentagem de eclosão deninfas foram submetidos à análise devariância e foi utilizado o teste de t (P<0,05) para a separação de médias.

Viabilidade de ovos de mosca-branca tratados com tiacloprid: Fo-lhas de repolho contendo ovos de mos-ca-branca com idades de um e cinco diasforam tratadas com tiacloprid (96 g.i.a./ha) ou água. Para cada idade de ovos ecada tratamento foram utilizadas onzefolhas. Dez dias após a oviposição foirealizada a contagem do número deninfas de primeiro estádio sobre cadafolha de cada tratamento e em seguidadeterminada a percentagem de ovosinviáveis.

O delineamento experimental foicompletamente casualizado com onzerepetições e dois tratamento. Os dados

M. Castelo Branco & L.A. Pontes.

99Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

da percentagem de ovos inviáveis comidades de um e cinco dias foram corri-gidos pela fórmula de Abbott (Abbott,1925) e submetidos à análise devariância. Foi utilizado o teste de t (P<0,05) para a separação de médias.

Desenvolvimento de ninfas de se-gundo estádio de mosca-branca trata-das com tiacloprid: Vinte e duas folhasde repolho contendo ovos de mosca-bran-ca foram mantidas em câmara climatizadapor 15 dias até que as ninfas atingissem osegundo estádio. Posteriormente as folhasforam divididas aleatoriamente em doisgrupos de onze folhas cada (representan-do o tratamento tiacloprid e o tratamentotestemunha) e o número de ninfas sobrecada folha foi determinado. Em seguida,as folhas foram imersas na solução do in-seticida ou água, deixadas secar à tempe-ratura ambiente e em seguida levadas àcâmara. Cinco dias após, foi realizada acontagem do número de ninfas de tercei-ro estádio.

O delineamento experimental foicompletamente casualizado e foram uti-lizadas onze repetições por tratamento.Os dados foram submetidos à análise devariância e foi utilizado o teste de t (P<0,05) para a separação de médias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Avaliação da mortalidade de adul-tos de mosca-branca ocasionada portiacloprid: O ensaio preliminar paraavaliação da mortalidade de adultos cau-sada pela dose comercial do inseticidatiacloprid mostrou aumento da mortali-dade com o passar do tempo. Nas pri-meiras 24 h apenas 33% dos adultoshaviam morrido; com 48 h a mortalida-de aumentou para 81% e, com 72 h, amortalidade foi de 100%. Com isso, foidefinido que o tempo ideal para avalia-ção da mortalidade de adultos causadapor tiacloprid é de 72 h, avaliação utili-zada em experimento posterior. Futurasavaliações deverão distinguir popula-ções de mosca-branca resistentes e sus-cetíveis ao inseticida.

A comparação da eficiência detiacloprid com outros inseticidas indi-cou que a dose comercial desse produtoe do inseticida imidacloprid (produtopertencente ao mesmo grupo químico dotiacloprid, neonicotinóides), foram as

que causaram maior mortalidade deadultos (99%) após 72 h (Tabela 1). Esteresultado indica que doses comerciaisdestes inseticidas são eficientes para ocontrole de adultos desta população.

Acefato e deltametrina ocasionarampercentagem de mortalidade semelhan-tes, abaixo de 32%, e foram significati-vamente diferentes de tiacloprid (Tabe-la 1), sugerindo que a dose comercialdos inseticidas não foi eficiente paracausar a mortalidade de adultos da po-pulação.

Impacto de tiacloprid sobre a fer-tilidade de fêmeas de mosca-branca:O tratamento de adultos de mosca-bran-ca por apenas 24 h com a dosagem co-mercial de tiacloprid (96 g.i.a./ha) per-mitiu a sobrevivência de algumas fêmeasda população tratada, as quais foramcapazes de depositar ovos em folhas derepolho não tratadas com inseticida. Oconfinamento das fêmeas por 24 h so-bre folhas de repolho tratadas comtiacloprid não afetou a fertilidade des-tas, já que mais de 97% dos ovos depo-sitados originaram ninfas (Tabela 2).Tiacloprid apresentou um impacto so-

bre a fertilidade das fêmeas diferente dosinseticidas pyriproxyfen, pertencente aogrupo químico piridil eter e buprofezin,pertencente ao grupo químico dastiadiazinas. Estes dois últimos insetici-das reduziram a eclosão de ninfas demosca-branca quando as fêmeas tiveramcontato com plantas tratadas com os pro-dutos (Ishaaya et al., 1988; Ishaaya etal., 1994).

Stansly (1996) observou que a mos-ca-branca, B. argentifolii, é capaz de sedispersar entre áreas de cultivo e Byrneet al. (1999) constataram que a mosca-branca, B. tabaci, pode se dispersar pormais de 2 km. O fato de tiacloprid nãoafetar a fertilidade dos ovos de mosca-branca sugere que fêmeas que migremde cultivos tratados com o tiaclopridpara cultivos não tratados com o inseti-cida, são capazes de infesta-los, ao con-trário do que pode ocorrer com as fê-meas provenientes de áreas tratadas compyriproxyfen ou buprofezin.

Viabilidade de ovos de mosca-branca tratados com tiacloprid: O tra-tamento de ovos de mosca-branca comtiacloprid nas idades de um e cinco dias

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Tabela 1. Mortalidade de adultos de mosca-branca 72 h após o tratamento com inseticidasou água à temperatura de 25 ± 1°C, fotofase de 13 h e umidade de 70%. Brasília, EmbrapaHortaliças, 1999.

1/ Para efeito de análise os dados foram transformados em arc sen raíz quadrada da percentagemMédias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste DMS (P>0,05).

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Tabela 2. Percentagem de eclosão de ninfas de mosca-branca quando adultos mantiveramcontato por 24 h com folhas de repolho tratadas com tiacloprid (96 g i.a./ha) ou água e foramem seguida transferidos por 24 h para folhas de repolho não tratadas com inseticida. Brasília,Embrapa Hortaliças, 1999.

Médias seguidas da mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de t (P>0,05).

Eficiência de tiacloprid para o controle de mosca-branca.

100 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

causou a inviabilidade de mais de 97%dos ovos, independentemente da idadedestes. Este resultado indica que o inse-ticida possui uma boa atividade ovicida(Tabela 3). Ainda que ovos de mosca-branca tratados com tiacloprid com ida-des de um e cinco dias não tenham apre-sentado diferença significativa nainviabilidade, esta não é uma regra ge-ral para os inseticidas utilizados para ocontrole de mosca-branca. Ishaaya et al.(1994) por exemplo, observaram ummaior número de ovos inviáveis de mos-ca-branca quando estes foram tratadoscom pyriproxyfen com idades entre ume três dias do que quando tratados comidade de cinco dias.

Desenvolvimento de ninfas de se-gundo estádio de mosca-branca tra-tadas com tiacloprid: Apenas 1,2% dasninfas de segundo estádio de mosca-branca tratadas com tiacloprid alcança-ram o terceiro estádio, ao contrário datestemunha, onde 80% das ninfas sedesenvolveram (Tabela 4). Tal observa-ção indica que o inseticida é eficaz parareduzir a sobrevivência de ninfas. Omesmo impacto de inseticidas sobreninfas foi observado por Stansly et al.(1998) e Ishaaya et al. (1994) quandoninfas de mosca-branca foram tratadascom imidacloprid ou pyriproxyfen, res-pectivamente.

A mortalidade de adultos, ainviabilidade de ovos e mortalidade deninfas de mosca-branca, quando trata-das com tiacloprid, são fatores que de-vem contribuir para a redução das po-pulações de mosca-branca em áreas decultivo, principalmente em áreas prote-gidas. No entanto, ainda que o insetici-da tenha se mostrado eficiente para ocontrole de diversas fases da praga, eledeve ser utilizado de forma criteriosapara evitar a seleção de populações re-sistentes. Não existem relatos sobre re-sistência a tiacloprid; contudo, popula-ções de B. argentifolii resistentes aimidacloprid já foram observadas(Prabhaker et al., 1997).

AGRADECIMENTOS

Aos Drs. Félix H. França e Geni L.Villas Bôas e ao Comitê de Publicaçõesda Embrapa Hortaliças pela revisão domanuscrito. A Adiel L. dos Santos eHozanan P. Chaves pelo auxílio nos tra-balhos de laboratório.

LITERATURA CITADA

ABBOTT, W.S. A method of computing theeffectiveness of an insecticide. Journal ofEconomic Entomology, v. 18, p. 265-267, 1925.

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Tabela 4. Percentagem de sobrevivência de ninfas de terceiro estádio de mosca-branca cin-co dias após o tratamento de ninfas de segundo estádio com tiacloprid. Brasília, EmbrapaHortaliças, 1999.

1/ Para efeito de análise os dados foram transformados em arc sen raíz quadrada da percentagemMédias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de t (P>0,05).

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Tabela 3. Percentagem de ovos inviáveis de mosca-branca, com um e cinco dias tratadoscom tiacloprid (96 g i.a./ha). Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.

Médias seguidas da mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de t (P>0,05).

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Eficiência de tiacloprid para o controle de mosca-branca.

102 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

normasNORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Escopo do PeriódicoO periódico, Horticultura Brasileira (HB), aceita artigos

técnico-científicos, escritos em português, inglês ou espanhol.É composto das seguintes seções: 1. Artigo Convidado; 2.Carta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Economia e Extensão Rural;5. Página do Horticultor; 6. Insumos e Cultivares em Teste;7. Nova Cultivar; e 8. Comunicações.

1. ARTIGO CONVIDADO: tópico de interesse atual,a convite da Comissão Editorial;

2. CARTA AO EDITOR: assunto de interesse geral.Será publicada a critério da Comissão Editorial;

3. PESQUISA: artigo relatando um trabalho original, re-ferente a resultados de pesquisa cuja reprodução é claramen-te demonstrada;

4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho naárea de economia aplicada ou extensão rural;

5. PÁGINA DO HORTICULTOR: comunicação ounota científica contendo dados e/ou informações passíveis deutilização imediata pelo horticultor;

6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comuni-cação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos,fertilizantes ou cultivares;

7. NOVA CULTIVAR: manuscrito relatando o registrode novas cultivares e germoplasmas, a disponibilidade dosmesmos, e apresentando dados comparativos envolvendo es-tes novos germoplasmas;

8. COMUNICAÇÕES: seção destinada à comunicaçãoentre leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na formade breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exce-der 300 palavras, ou 1.200 caracteres, e deve ser enviado emduas cópias devidamente assinadas, acompanhadas dedisquete e indicação de que o texto se destina à seção Comu-nicações. Por questões de espaço, nem todas as notas recebi-das poderão ser publicadas e algumas poderão ser publicadasapenas parcialmente.

O periódico HB é publicado a cada quatro meses, de acordocom a quantidade de trabalhos aceitos.

Os trabalhos enviados para a HB devem ser originais, aindanão relatados ou submetidos simultaneamente à publicação emoutro periódico ou veículo de divulgação. Está também implíci-to que, no desenvolvimento do trabalho, os aspectos éticos erespeito à legislação vigente do copyright foram também obser-vados. Manuscritos submetidos em desacordo com as normasnão serão considerados. Após aceitação do manuscrito para pu-blicação, a HB adquire o direito exclusivo de copyright paratodas as línguas e países. Não é permitida a reprodução parcialou total dos trabalhos publicados sem a devida autorização porescrito da Comissão Editorial da Horticultura Brasileira.

Para publicar na HB, é necessário que pelo menos um dosautores do trabalho seja membro da Sociedade de Olericulturado Brasil e esteja em dia com o pagamento da anuidade. Cadaartigo submetido deverá ser acompanhado da anuência à pu-

GUIDELINES FOR THE PREPARATION ANDSUBMISSION OF MANUSCRIPTS

Subject MatterHorticultura Brasileira (HB) is dedicated to publishing

technical and scientific articles written in Portuguese, Englishor Spanish. HB has the following sections: 1. Invited Article;2. Letter to the Editor; 3. Research; 4. Economy and RuralExtension; 5. Grower’s Page; 6. Pesticides and Fertilizers inTest; 7. New Cultivar; and 8. Communications.

1. INVITED ARTICLE: deals with topics that arouseinterest. Only invited articles are accepted in this section;

2. LETTER TO THE EDITOR: a subject of generalinterest. It will be accepted for publication after beingsubmitted to a preliminary evaluation by the Editorial Board;

3. RESEARCH: manuscript describing a complete andoriginal study in which the replication of the results has clearlybeen established;

4. ECONOMY AND RURAL EXTENSION:manuscript dealing with applied economy and rural extension;

5. GROWER’S PAGE: communications or short noteswith information that could be quickly usable by farmers;

6. PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST:communications or scientific notes describing tests withpesticides, fertilizers and cultivars;

7. NEW CULTIVAR: this section contains recentreleases of new cultivars and germplasm and includesinformation on origin, description, avaliability, andcomparative data;

8. COMMUNICATIONS: these have the objective ofpromoting communication among readers and the EditorialBoard as short communications, suggestions and criticism,in a more informal way. They should be concise, notexceeding 300 words or 1,200 characters. These should besigned by author(s) and submitted in duplicate (originaland one copy), along with a diskette that contains a copyof the text.

The journal HB is issued every four months, dependingon the amount of material accepted for publication.

HB publishes original manuscripts that have not beensubmitted elsewhere. With the acceptance of a manuscriptfor publication, the publishers acquire full and exclusivecopyright for all languages and countries. Unless specialpermission has been granted by the publishers, nophotographic reproductions, microform and otherreproduction of a similar nature may be made of the journal,of individual contributions contained therein or of extractstherefrom.

Membership in the Sociedade de Olericultura do Brasilis required for publication. For the paper to be eligible forpublication at least one of the authors must be a Societymember and the manuscripts should be accompanied by the

103Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

blicação de todos ao autores, e será avaliado pela ComissãoEditorial, Editores Associados e/ou Assessores ad hoc, deacordo com a seção a que se destina.

Submissão dos trabalhosOs originais deverão ser submetidos em três vias, em pro-

grama Word 6.0 ou versão superior, em espaço dois, fontearial tamanho doze. O disquete contendo o arquivo deveráser incluído. Todas as cópias de figuras e fotos deverão ser deboa qualidade.

Os artigos serão iniciados com o título do trabalho, quenão deve incluir nomes científicos, a menos que não haja nomecomum no idioma em que foi redigido. Ao título deve seguiro nome, endereço postal e eletrônico completo dos autores(veja padrão de apresentação nos artigos publicados nos últi-mos volumes da Horticultura Brasileira).

A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Re-sumo em português ou espanhol, com palavras-chave ao final.As palavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s)científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem repetirtermos para indexação que já estejam no título; 2. Abstract, eminglês, acompanhado de título e keywords. O abstract, o títuloem inglês e keywords devem ser versões perfeitas de seus simi-lares em português ou espanhol; 3. Introdução; 4. Material e Mé-todos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradecimentos; 7. Litera-tura Citada; 8. Figuras e Tabelas. Este roteiro deverá ser utiliza-do para a seção Pesquisa. Para as demais seções veja padrão deapresentação nos artigos publicados nos últimos volumes daHorticultura Brasileira. Para maior detalhamento consultar a homepage da HB: www.hortbras.com.br

Referências à literatura no texto deverão ser feitas confor-me os exemplos: Esaú & Hoeffert (1970) ou (Esaú & Hoeffert,1970). Quando houver mais de dois autores, utilize a expres-são latina et alli, de forma abreviada (et al.), sempre em itálico,como segue: De Duve et al. (1951) ou (De Duve et al., 1951).Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es),no mesmo ano, indicar por uma letra minúscula, logo após adata de publicação do trabalho, como segue: 1997a, 1997b.

Na seção de Literatura Citada deverão ser listados apenasos trabalhos mencionados no texto, em ordem alfabética dosobrenome, pelo primeiro autor. Trabalhos com dois ou maisautores devem ser listados na ordem cronológica, depois detodos os trabalhos do primeiro autor. A ordem dos itens emcada referência deverá obedecer as normas vigentes da Asso-ciação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

Exemplos:a) Periódico:

VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heatproduction of vegetables during refrigerated storage. Journalof the American Society for Horticulture Science, v. 97, n. 3,p. 431-432, Mar.1972.

b) Livro:ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3. ed. New

York: John Willey, 1979. 632 p.c) Capítulo de livro:ULLSTRUP, A.J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F.,

ed. Corn and corn improvement. New York: Academic Press,1955. p. 465-536.

agreement for publication signed by the authors. Allmanuscripts will be evaluated by the Editorial Board,Associated Editors and/or ad hoc consultants in accordancewith their respective sections.

Manuscript submissionManuscripts should be submitted in triplicate (original

and two copies) typed double-spaced (everything must bedouble spaced) and printed. Use of the “Arial” font, size 12,is required. Include a copy of the manuscript on computerdiskette at submission. The Editorial Board will only accept3.5 inch diskette which have the files copied on them usingthe program Word 6.0 or superior.

The title page should include: title of the paper (scientificnames should be avoided); name(s) of author(s) andaddress(es). Please refer to a recent issue of HB for format.

The structure of the manuscript should include: 1. Abstractand Keywords. Keywords should start with scientific namesand it should not repeat words that are already in the title; 2.Summary in Portuguese (a translation of the abstract will beprovided by the Journal for non-Portuguese-speaking authors)and Keywords (Palavras-chave). 3.Introduction; 4. Materialand Methods; 5. Results and Discussion;6.Acknowledgements; 7. Cited Literature and 8. Figures andTables. This structure will be used for the Research section.For other sections please refer to a recent issue of HB forformat.

Bibliographic references within the text should have thefollowing format: Esaú & Hoeffert (1970) or (Esaú & Hoeffert,1970). When there are more than two authors, use a reducedform, like the following: De Duve et al. (1951) or (De Duveet al., 1951). References to studies done by the same authorin the same year should be noted in the text and in the list ofthe Cited Literature by the letters a, b, c, etc., as follows: 1997a,1997b.

In the Cited Literature, references from the text should belisted in alphabetical order by last name, without numberingthem. Papers that have two or more authors should be listedin chronological order, following all the papers of the firstauthor, second author and so on. Please refer to a recent issueof HB for more details. The order of items in each bibliographyshould follow the examples (Associação Brasileira de Nor-mas Técnicas – ABNT):

a) Journal:VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heat

production of vegetables during refrigerated storage. Journalof the American Society for Horticultural Science, v. 97, n. 3,p. 431-432, Mar. 1972.

b) Book:ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3. ed. New

York: John Willey, 1979. 632 p.

c) Chapter:ULLSTRUP, A.J. Disease of corn. In: SPRAGUE, G.J.,

ed. Corn and corn improvement. New York: Academic Press,1955. p. 465-536.

104 Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.

d) Tese:SILVA, C. Herança da resistência à murcha de

Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba:ESALQ, 1992. 72 p. Tese mestrado.

e) Trabalhos apresentados em congressos (quando nãoincluídos em periódicos):

HIROCE, R.; CARVALHO, A.M.; BATAGLIA, O.C.;FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO,J.R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CON-GRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Sal-vador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364.

Para a citação de artigos ou informações da Internet(URL, FTP) ou publicações em CD-ROM, consultar as ins-truções para publicação disponíveis na home page da HB(www.hortbras.com.br) ou diretamente com a ComissãoEditorial.

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Em caso de dúvidas, consulte a Comissão Editorial ouverifique os padrões de publicação dos últimos volumes daHorticultura Brasileira.

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Fax: (0xx14) 6802 3438

E-mail: [email protected]

d) Thesis:SILVA, C. Herança da resistência à murcha de

Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba:ESALQ, 1992. 72 p. Tese mestrado.

e) Articles from Scientific Events (when not publishedin journals):

HIROCE, R; CARVALHO, A.M.; BATAGLIA, O.C.;FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO,J.R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In:CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977,Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364.

For examples of cited literature from Internet (URL, FTP)or CD – ROM, please consult the HB home page(www.hortbras.com.br) or the Editorial Board.

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Orientation about any situations not foreseen in this listwill be given by the Editorial Board or refer to a recent issueof Hoticultura Brasileira.

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Programa de apoio a publicações científicas

A revista Horticultura Brasileira é indexadapelo CAB, AGROBASE, AGRIS/FAO,TROPAG e sumários eletrônicos/IBICT.

Horticultura Brasileira, v. 1 nº1, 1983 - Brasília, Sociedade deOlericultura do Brasil, 1983

Quadrimestral

Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura.V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.

Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.

Periodicidade até 1981: Anual.de 1982 a 1998: Semestrala partir de 1999: Quadrimestral

1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos.I. Sociedade de Olericultura do Brasil.

CDD 635.05

Tiragem: 1.000 exemplares

Pranchas com pinturas dehortaliças

A idéia desta capa surgiu na ex-posição Hortaliças & Arte, reali-zada no estande do Instituto Agro-nômico de Campinas (IAC), duran-te o 40o CBO, realizado no ano pas-sado em São Pedro, SP. As pesqui-sas com hortaliças no IAC tiveraminício, oficialmente, em 1937, coma implantação da antiga Seção deOlericultura e Floricultura, sob aChefia do Dr. Olímpio de ToledoPrado. A documentação visual dashortaliças pesquisadas era feita pormeio de pinturas em pranchas e/oumodelagem em gesso, em escalareal, pois não se dispunha das faci-lidades de hoje (câmeras sofistica-das, lentes e filmes especiais,câmeras digitais). Além disso, foto-grafia colorida era um recurso caroe, portanto, de uso limitado na do-cumentação da pesquisa científica,sendo substituída pelo trabalho deilustradores botânicos. Entre muitosprofissionais anônimos (cerca de40), o IAC contou com verdadeirosartistas, como José de Castro Men-des, Maria de Lourdes Sabóia e JoséFerraz Pompeu. Esses profissionaisforam contratados graças ao empe-nho do então Diretor do IAC, Dr.Theodureto de Almeida Camargo.Segundo o Dr. Armando JoséConagin, pesquisador aposentadodo IAC, ao voltar de um período deespecialização na Alemanha, o Dr.Theodureto convenceu o governa-dor do Estado da importância dessaatividade para o registro visual dapesquisa agronômica. A história docaminho percorrido por esse preci-oso acervo é, no entanto, triste. Porvolta de 1990, foi criado o MuseuIAC, numa tentativa de preservar ahistória da instituição. As peças emgesso que, até então, estiveram soba guarda da antiga Seção de Horta-

liças, foram transferidas para o mu-seu. Após alguns anos, o museu foiextinto e, durante a “volta para casa”,algumas peças se quebraram e ou-tras se deterioraram. Quanto às ilus-trações, algumas das quais foramselecionadas para compor a capa des-ta edição, estavam guardadas há dé-cadas no almoxarifado da antiga Se-ção de Hortaliças, sem nenhum cui-dado especial, resultando no desgasteda maior parte delas. O sentimentode quem se depara com tais obras éum misto de encantamento, por suabeleza e, ao mesmo tempo, de triste-za devido ao mau estado das ilustra-ções e peças em gesso. Trata-se deum acervo documental de grandevalor histórico e científico retratan-do com precisão e realismo atipologia das hortaliças que eramobjeto de pesquisa nas décadas de 40e 50 no âmbito da pesquisa comolerícolas no IAC. As cultivares ilus-tradas nessas obras resgatam o aspec-to das hortaliças paulistas da épocada II Guerra Mundial e primeira fasedo pós-guerra. Vale a pena ressaltarque, para algumas delas, essa é aúnica documentação disponível, es-pecialmente em se tratando de regis-tro colorido e em escala real. O me-lhor exemplo é a existência das ilus-trações das cultivares de tomate ‘ReiHumberto’ e ‘Redondo Japonês’, ti-dos como prováveis parentais da con-sagrada cultivar Santa Cruz, tambémretratada em dimensão real. Quemtem a oportunidade de apreciar esseacervo, é levado ao deslumbramen-to pela sua beleza plástica, onde ashortaliças pesquisadas ficaramregistradas com extrema fidelidadede cores e demais detalhes morfo-anatômicos conferindo-lhes um as-pecto real de frescor, de vida, aoolhar do espectador. Sem dúvida, ummaterial como esse resulta da com-binação de conhecimento técnico ealta sensibilidade. As ilustraçõesselecionadas e editadas nesta capa,constituem parte de um material deinestimável valor para a olericulturabrasileira. O que restou desse acer-vo está sob a guarda do Centro deHorticultura do IAC, em Campinas,e disponível à visitação. Esperamosque esse precioso material possa, al-gum dia, ser devidamente restaura-do. Dessa forma, resgataremos nos-so débito com os artistas que contri-buíram para enriquecer a memória daolericultura paulista e brasileira.(Drs. Arlete Marchi Tavares de Meloe Francisco Antonio Passos, Pesqui-sadores Científicos do Centro deHorticultura do IAC, Campinas, SP).