14

Carta Programa - Compor e Ouvir

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Carta Programa da Chapa Compor e Ouvir: Todo o Povo quer cantar! Para o DCE Livre da USP, em 2015.

Citation preview

Page 1: Carta Programa - Compor e Ouvir
Page 2: Carta Programa - Compor e Ouvir

A disputa da Universidade é parte fundamental da construção de um novo projeto de sociedade. Por isso, unimos nossas vozes em coro por uma produção de conhecimento

que esteja a serviço da esfera pública e do povo brasileiro; pela democratização do acesso e mais permanência; por mais transparência e democracia nas instâncias de

poder da Universidade. Para isso, temos um instrumento fundamental: o Movimento Estudantil e as nossas

entidades. Queremos que o DCE volte a ser transformador e questionador; coerente com sua história de luta pelas transformações do Brasil. Visualizamos, hoje, um DCE

distante da realidade dos estudantes; uma entidade que não dialoga com as questões

tocantes ao cotidiano da Universidade; que não mobiliza pautas de interesse público; que se fecha em si mesmo e justamente por isso não tem força para disputar a Universidade.

No quadro atual, observamos um grande descrédito dos estudantes em relação ao movimento estudantil. Estamos cansados de discussões sem sentido que não alteram nossa

realidade concreta; estamos cansados de disputas autodestrutivas dentro da esquerda; estamos cansados de um ME que só acontece na FFLCH.

Enquanto as políticas universitárias avançam na elitização da USP, na defasagem de seus canais democráticos, na implantação de fundações e no uso da estrutura pública

para fins privados, o movimento estudantil se digladia em assembleias gerais esvaziadas e circunscritas. Não por acaso, há anos as mobilizações e greves estudantis não conseguem

vitórias concretas. Queremos mais!

Compor e Ouvir: Todo povo quer cantar

Carta programa para as Eleições do Diretório Central dos Estudantes Alexandre Vannucchi Leme e Representantes Discentes 2015

Para compor um novo ME, ouvindo a diversidade de perspectivas e

opiniões, queremos um Movimento Estudantil com práticas menos hostis; que

esteja em todos os cursos da universidade; que se aproprie da arte e da cultura

para a construção de espaços mais atrativos; que debata política com o todo

dos estudantes; que, de fato, democratize suas instâncias. Só assim o Movimento

Estudantil da USP voltará a ser ativo e transformador.

Page 3: Carta Programa - Compor e Ouvir

Acreditamos que não estamos aqui para falar por ninguém, tampouco para fazer

uma lista de pautas de cima para baixo. E não é nossa pretensão ensinar ninguém a

fazer política. Todos nós, estudantes da Universidade, vivenciamos seu cotidiano e

sabemos quais problemas estão postos. Queremos construir o Movimento Estudantil

junto com cada estudante da USP e sabemos que só assim teremos conquistas.

Nossas vozes estão em coro. Cantamos por acreditar na possibilidade de um

movimento estudantil que supere o quadro e as defasagens atuais. Cantamos pela

certeza de que este movimento só se fortalecerá e ganhará coerência na medida em

que for construído por todos.

E queremos cantar com todas e todos! A construção de uma USP mais inclusiva

e democrática deve extrapolar os muros da universidade. Que a USP se pinte de

povo, pois só mudando o sujeito que está aqui dentro produzindo conhecimento e

formando profissionais, transformaremos a Universidade rumo a um novo projeto para

o nosso país: Um Projeto Popular para o Brasil.

O Brasil canta por mais direitos

O Brasil está passando por um de seus momentos políticos mais conturbados nas

últimas décadas. As tensões sociais já não podem ser contidas ou conciliadas e afloram

numa polarização que toma as ruas. Diante de uma real insatisfação de muitos setores

da sociedade, a direita apresenta sua resposta junto aos grupos mais ricos da sociedade

e levam à rua milhares de pessoas em todo o país contra o Governo Federal e pelo

impeachment da Presidenta. Estas mobilizações incorporam, em alguma medida,

segmentos que estão insatisfeitos com o sistema político brasileiro e que não

necessariamente são ideologicamente de direita. No entanto, são colocadas em

descrédito as organizações partidárias em conjunto da deslegitimação das instituições

brasileiras; até mesmo uma camiseta vermelha pode ser alvo de declarações e

manifestações odiosas.

Também é apontada como uma solução por esses setores a privatização da

Petrobras e a redução do papel do Estado Brasileiro. Essas manifestações devem ser

entendidas como uma ofensiva conservadora contra os projetos alternativos ao

neoliberalismo. Nesse mesmo sentido, a mídia desempenhou um papel central tanto

na ampla divulgação seletiva de informações da operação Lava-Jato, através da qual

buscou criminalizar o PT, criando as condições políticas para o Impeachment, como na

cobertura ao vivo dos protestos do dia 15 de março, que serviu como uma convocação

da população às ruas.

Page 4: Carta Programa - Compor e Ouvir

Atuando dessa maneira, a mídia age como um partido e oferece,

consequentemente, condições para o retorno da política neoliberal encabeçada pelo

PSDB. Dessa forma, coloca-se com urgência a democratização dos meios de

comunicação, para que possamos ter um processo democrático e pluralista de formação

da opinião pública.

Não bastasse esse cerco conservador, o governo acuado tem reagido de forma

equivocada, contribuindo para municiar as forças conservadoras no processo de

desgaste político. Desde a posse, tenta resolver a instabilidade política, cedendo

parcelas cada vez maiores de poder para os “achacadores” do congresso. Do ponto de

vista econômico, apresentou como saída para o quadro recessivo uma série de medidas

que prejudicam os trabalhadores – em especial a juventude, e as políticas sociais como

“reajuste fiscal”.

Diante desse cenário, nós acreditamos que é dever de todos os que se

comprometem com a democracia e com o povo brasileiro atuar buscando impedir o

avanço conservador e a ameaça golpista. No entanto, defender a legitimidade do

governo não significa que devemos aceitar passivamente suas concessões políticas, em

especial o “ajuste fiscal”, operado desde o início do atual mandato da Presidenta.

Devemos lutar contra qualquer redução de direitos. Se há necessidade de

“ajustes”, que sejam aplicados sobre os setores mais privilegiados, e não sobre o povo.

Entendemos que a saída para essa crise política e a forma de alcançar as

bandeiras que reivindicamos há décadas, nos mais diversos movimentos sociais do

país, é a construção de uma Constituinte Exclusiva para Reforma Política. O fim

do financiamento privado de campanha que vai diminuir o poder de influência do

setor empresarial e das camadas mais ricas da sociedade sobre os legisladores e

permitir que avancemos para um projeto voltado aos trabalhadores e não aos

empresários; aos mais pobres e não aos mais ricos. É com implementação de cotas no

congresso para mulheres, LGBTs, negras e negros que vamos ter um sistema político

realmente representativo e que defenda a proteção das minorias; também nos

colocamos na defesa da Petrobrás. É necessário, ao mesmo tempo em que se defenda

uma investigação profunda dos crimes de corrupção cometidos contra a empresa,

defender a Petrobras como um patrimônio nacional e um indutor do desenvolvimento

de nosso país.

No plano Estadual, apesar das acusações de desvio de ⅓ dos recursos destinados

ao metrô e da letalidade da Polícia Militar de São Paulo ter 800 vítimas só no ano de

2014 (das quais a própria ouvidoria da polícia reconhece que não investigou a maior

parte), presenciamos mais uma reeleição do PSDB no governo, além da conformação,

na Assembleia Legislativa do Estado (ALESP), da

“Bancada da Bala” - coronéis da polícia da reserva, defensores

de pautas criminalizadoras da juventude preta, pobre e periférica,

como a redução da Maioridade Penal.

Page 5: Carta Programa - Compor e Ouvir

Tudo isso no mesmo Estado que se mantém alheio à adoção de Cotas Raciais em

suas Universidades (que já é prática comum em todo país) e segue com a mesma

política de desmonte e sucateamento das estruturas públicas, incluindo aí as

Universidades. As Universidades Estaduais Paulistas, tal como a USP, sofreram com

uma crise orçamentária e propostas de demissão em massa e desvinculação de

estruturas universitárias, como a do Hospital Universitário. Foi também no governo

deste partido que se iniciou e se agravou a maior crise hídrica da história do Estado de

São Paulo, justamente ao se deixar de fazer investimentos em infraestrutura para

dividir lucros na bolsa de Nova Iorque. No campus da USP Leste, manifesta-se a

irresponsabilidade com a qual o governo estadual trata da educação. Cometeu-se um

grave crime ambiental que impossibilitou a presença dos estudantes no campus por

quase um ano.

E qual o papel da Universidade nesse contexto?

O Movimento Estudantil sempre teve bastante força e capacidade de mobilização

social, estando presente em muitos momentos da história do nosso país, como a luta

contra o nazifacismo, a resistência à ditadura militar, entre muitos outros. Isso deve

ser retomado! O DCE deve ser um indutor das políticas sociais que desejamos para a

Universidade, para o Estado e para o País. Tais lutas estão interligadas e é papel do

DCE fomentar a defesa de um modelo de desenvolvimento e de gestão da coisa pública,

que priorize a inclusão de minorias políticas, a defesa do Estado como promotor de

igualdade social e a maior participação popular em nossa democracia.

Sabemos o quanto a estrutura da universidade influencia e alicerceia uma política

social mais geral, colocando a disputa desse espaço como central para as

transformações no nosso país.

Excelência para quem? Por uma universidade popular

A USP, criada em 1934, tinha por objetivo garantir a formação intelectual e

econômica da elite paulista. Passados tantos anos, contudo, percebe-se que pouco

mudou. A divulgação dos resultados do questionário socioeconômico da FUVEST aponta

que dos 12 mil alunos ingressantes, 78,7% são brancos, 62,9% cursaram a escola

particular e nos 10 cursos mais concorridos, cerca de 50% dos alunos são de Classe A

(renda acima de R$12.440,00) ou Classe B (acima de R$6200,00).

Page 6: Carta Programa - Compor e Ouvir

Os rankings pretendem mostrar que a USP segue uma das melhores

Universidades da América Latina e tem seu lugar de destaque nas pesquisas

internacionais. De fato, sob alguns critérios, nossa universidade é uma instituição de

qualidade. É inegável sua contribuição na produção intelectual, nas parcerias

internacionais com outras universidades e até mesmo na estrutura física de diversos

cursos e campi; é referenciada dentre empresas e afins. É uma vantagem ingressar no

mercado de trabalho com um diploma da USP. Porém, a quem isto tudo serve?

Hoje há um claro recorte de classe e raça no ingresso universitário. A USP

continua uma instituição ‘das’ e ‘para as’ elites, tanto no que diz respeito ao ingresso

via vestibular, quanto na sua produção de conhecimento e tecnologia, gestão financeira

– onde e como o dinheiro é gasto – e no funcionamento interno dos seus colegiados.

Nos últimos anos, a USP vem falhando e se negando a debater a questão racial e social

do ingresso universitário com os sujeitos que, de fato, tem interesse nessa questão.

Este perfil elitista se reforça quando a USP, ao invés de fazer projetos amplos de

cotas sociais e raciais, adota a política de bônus (Pasusp e Inclusp). A situação se

mantém por conta da carência de políticas de permanência estudantil eficazes e

integradas – algo que certamente estimularia o ingresso de estudantes de classes mais

baixas.

Percebemos também que o tripé universitário, formado por ensino, pesquisa e

extensão, não é garantido pela estrutura universitária. Há uma nítida priorização da

pesquisa, tanto no momento de avaliação dos docentes, quanto no destino de verbas.

Na USP que queremos, estes três elementos precisam caminhar juntos: na sala de aula

construímos nossa formação; através da extensão estabelecemos um diálogo com a

população. A pesquisa, por sua vez, avança na formação de conhecimento e tecnologia.

Não bastassem estes aspectos, assistimos a um drástico corte de verbas e, ainda,

a uma falta de democracia em nossas instâncias deliberativas. É chegado o momento

de nos questionar sobre as tão aclamadas posições em rankings internacionais.

Queremos uma Universidade que reflita sobre a realidade social brasileira e tenha

lugar na esfera pública. Queremos fóruns mais participativos, revisão do Estatuto da

USP, e que se amplie o debate sobre participação e gestão universitárias. Queremos

uma Universidade feita pelo Povo e para o Povo. Assim, poderemos considerar a USP

como a melhor instituição da América Latina.

Page 7: Carta Programa - Compor e Ouvir

Conjuntura atual da USP

Para o ano de 2015, existem diversos desafios a serem enfrentados, grande parte

deles são questões pendentes de 2014, quando o atual reitor Marco Antônio Zago

declarou publicamente a crise orçamentária da USP. A implementação por parte do

Conselho Universitário (C.O, órgão máximo deliberativo da universidade) do Plano de

Demissão Voluntária (PIDV), teve adesão de mais de 1.400 funcionários e funcionárias

técnico-administrativos da USP. Com isso, muitos dos serviços que já apresentavam

uma defasagem de pessoal, hoje estão ainda mais sobrecarregados. O maior exemplo

de risco de precarização é o do Hospital Universitário da USP (HU): a proposta da

reitoria era desvinculá-lo da Universidade, transferindo sua gestão para o Governo do

Estado de São Paulo. Esta medida teria um grande impacto não só para a comunidade

universitária que perderia um dos mais importantes centros de extensão,

aperfeiçoamento e pesquisa na área de saúde, como afetaria também os usuários das

regiões mais próximas, já que a gestão pelas faculdades garante maior qualidade ao

Hospital em relação a outras unidades públicas de saúde.

Outros reflexos do PIDV foram a não abertura de novas vagas nas creches,

prejudicando as funcionárias e as estudantes que têm filhos, assim como o fechamento

do bandejão da Prefeitura do campus Butantã e o risco de diminuição do oferecimento

de refeições no bandejão no campus de São Carlos. Fica nítido que além de prejudicar

os funcionários, o PIDV tem prejudicado aqueles e aquelas estudantes que mais

necessitam de auxílios para se manter na universidade, contrariamente ao que dizia o

projeto da Reitoria.

Em nossa perspectiva, é imprescindível o DCE se colocar ao lado da categoria dos

funcionários e, deste modo, lutar contra as medidas prejudiciais às suas condições de

trabalho. Afinal, eles são fundamentais para a excelência da USP. É extremamente

necessário também que o DCE tome a frente no esclarecimento da causa da atual crise

financeira da Universidade, isto é, a falta de transparência e responsabilidades nas

contas públicas de nossa Universidade. Não podemos admitir que a solução seja dada

através do corte de verbas ou deterioração dos serviços prestados às camadas mais

vulneráveis, quando a crise vem, na realidade, dos centros de decisão.

Isso nos leva a outro ponto fundamental ainda em aberto na USP: a reforma do

estatuto da universidade. Durante as eleições para reitor em 2013, Zago enfatizou

bastante tal ponto. Prometeu a descentralização do poder na universidade e, com isso,

conseguiu o apoio de diversos diretores de unidade da USP. Assim que eleito, Zago

começou a pautar a prometida reforma já em 2014. Porém, a crise política colocada

pela greve do ano passado atrasou seu cronograma.

Este ano, este processo de reforma continua, mas de forma mais

atropelada ainda, sem discussões aprofundadas, nem por parte

do corpo docente, muito menos do corpo discente. Para a chapa

Compor e Ouvir, é fundamental que o DCE paute com seriedade

esta questão: ampliação de métodos democráticos na Universidade.

Page 8: Carta Programa - Compor e Ouvir

Não é exagero afirmar: a USP está entre as universidades públicas menos

democráticas do Brasil. Não respeita sequer a Lei de Diretrizes e Bases que estipula

uma proporção máxima de 70% de representação docente nas instâncias deliberativas.

Um dos modelos mais utilizados para representação nestas instâncias é o de 70-15-15

para docentes, discentes e servidores, respectivamente. Há universidades cujo

conselho é paritário, ou seja, mesma proporção de representação para as três

categorias. Atualmente, o Conselho Universitário da USP é formado por cerca de 80,6%

de docentes, 7,4% estudantes da graduação, 3,4% da pós-graduação e 3,4% de

funcionários. Por mais que haja resistência da reitoria quanto a maior participação de

discentes e funcionários, o mínimo que cobramos da Universidade de São Paulo é que

se respeite a lei do 70-15-15.

Também é relevante a forma que será realizada esta reforma do Estatuto. A

ADUSP, SINTUSP e DCE historicamente defendem a realização de um Congresso

Estatutário Livre, Soberano e Democrático. Com ele, elegeríamos representantes nas

bases de cada categoria, com ampla discussão. Por esta via construiríamos um novo

estatuto que não precisaria ser aprovado por qualquer outra instância. Em nossa

perspectiva, se a reforma for feita pelo próprio C.O, nada será de fato mudado, pois

não é do interesse de quem compõe este órgão que ele seja democratizado. Ora,

ninguém reforma a si mesmo quando o melhor é deixar como se está.

Não menos importante do que os pontos elencados acima, são os casos de

violações de direitos humanos nas faculdades, sobretudo os de estupros e abusos

sexuais, casos cuja apreciação apenas este ano se tornaram objeto de CPI. Em nossa

perspectiva, a universidade novamente explicitou sua estrutura retrógrada ao tardar a

tomar medidas cabíveis e, pior, fazer pouco caso dos crimes gravíssimos que poderiam

“manchar” a imagem da faculdade. A USP foi, por bastante tempo, conivente com

estudantes que, não somente não devolveram à sociedade os conhecimentos aos quais

tiveram acesso com recursos públicos, como se tornaram opressores e criminosos. É

de fundamental importância que o DCE esteja atento e cobre da USP a punição

administrativa e jurídica dos opressores, bem como medidas contra novos abusos. A

luta contra a opressão de gênero, de diversidade sexual e racial, é uma luta que deve

ser travada dentro e fora da universidade. A USP deveria ser um exemplo para a

sociedade e, portanto, não pode admitir qualquer flexibilidade com sujeitos que

cometeram estes tipos de crimes.

A questão da segurança nos campi também é um ponto fundamental a ser

debatido pelo movimento. Ela atinge de formas diferentes cada campus, mas há um

consenso de que é necessária a reformulação do atual modelo de segurança da nossa

universidade. No Butantã, por exemplo, a presença da Polícia Militar

não tornou a Cidade Universitária mais segura. O convênio com a PM,

pelo contrário, permitiu o cerceamento do movimento estudantil e

dos trabalhadores, gerando, mais de uma vez, conflito direto, com

uso da força e de gás lacrimogêneo contra estudantes e funcionários.

Page 9: Carta Programa - Compor e Ouvir

Para a Compor e Ouvir, é necessário formular um novo projeto de segurança nos campi,

que conte com uma qualificação melhor da Guarda Universitária, com um efetivo de

mulheres suficiente para tratar de casos em que sejam necessárias e nos colocamos

contra o convênio entre USP e Polícia Militar, que se mostra despreparada para lidar

com civis tanto dentro da universidade, quanto, e principalmente, fora dela.

Nos propomos a lutar:

● Por um projeto integral de Permanência Estudantil: somos contra o

corte de verbas destinados à permanência estudantil. E acreditamos que as

políticas de permanência precisam levar em conta as necessidades dos

estudantes. Isto significa vagas suficientes nas moradias, bandejões oferecendo

três refeições por dia e abertos aos finais de semana em todos os Campi; creches

com vagas atendendo às demandas das mulheres que são mães; ônibus

circulares gratuitos e ampliação das bolsas para que estudantes de baixa renda

possam acompanhar os cursos com materiais adequados.

● Por mais participação nos Conselhos Universitários: queremos que a

USP cumpra o mínimo exigido pela LDB (70% professores, 30% alunos e

funcionários) no que diz respeito à composição dos colegiados de Conselhos e

Congregações.

● Por uma Estatuinte livre, democrática e soberana: que se realize uma

Estatuinte livre e soberana para debater e rever a proporção das categorias nos

órgãos e colegiados da Universidade, bem como o regimento disciplinar com

vistas a democratizar as instâncias internas da USP.

● Por uma gestão transparente do Orçamento: a atual crise financeira

da Universidade teve origem na falta de transparência da gestão Rodas. Isso fez

com que os gastos fossem ampliados, mas sem visar a implementação de

políticas de inclusão e permanência. Devemos reestruturar os órgãos de decisão

para torná-los mais democráticos e transparentes também em relação ao

Orçamento.

Page 10: Carta Programa - Compor e Ouvir

● Pela valorização da Extensão Popular Universitária: devemos buscar

maior equilíbrio entre pesquisa, ensino e extensão na avaliação de docentes e

institutos, bem como na divisão orçamentária para essas atividades. Apoiamos a

Frente de Extensão da USP e acreditamos que o DCE deva colaborar em sua

retomada, divulgar seus trabalhos e atuar em parceria, fomentando suas

iniciativas.

● Por uma USP sem catracas: queremos que toda a sociedade possa

usufruir dos espaços das cidades universitárias, que hoje são barrados por

catracas, com necessidade de apresentação da carteirinha e afins. Deste modo,

teremos um ambiente mais seguro e mais integrado à vida urbana da cidade. Por

isso, é importante termos a USP com portões abertos.

● Por uma Universidade livre de Machismo: defendemos políticas de

assistência estudantil com recorte para estudantes-mães, bem como acreditamos

que a Frente Feminista vem cumprindo ao longo desses anos de sua existência

um papel importante no combate ao machismo, com lançamento de campanhas

gerais, espaços de debate, conscientização e realização do manual da caloura,

etc. Endossamos ainda a necessidade de continuar realizando o Encontro de

Mulheres Estudantes da USP. Acompanhar o encaminhamento do relatório da CPI

das violações de direitos humanos e exigir a punição dos criminosos e opressores.

● Por cotas raciais e sociais: que se implemente o projeto de cotas raciais

e sociais proposto pela Frente Pró-Cotas de São Paulo na USP, além da

implementação de cotas regionais para alunos provenientes da Zona Leste no

caso EACH. Defendemos, também, que a universidade regularize o local do

Núcleo de Consciência Negra, que vem historicamente cumprindo um papel

político e social no debate racial no interior da USP. Apoiamos e reconhecemos

os Coletivos Negros, sejam eles gerais ou de cursos, como espaços prioritários e

auto-organizados dos negros e negras da USP para pensar suas demandas e

realidades.

● Pela livre expressão de nossa identidade de gênero e sexualidade:

acreditamos que os casos de homofobia dentro da USP precisam ser combatidos

através de campanhas formativas, mecanismos de denúncia e fortalecimento das

lésbicas, gays, bissexuais, transexuais. Entendemos que os coletivos de curso e

a Frente LGBTT da USP devam ser apoiados e fortalecidos através da atuação

conjunta com o DCE.

Page 11: Carta Programa - Compor e Ouvir

O movimento estudantil hoje. Os CAs também querem cantar!

Para conseguirmos pautar as mudanças que queremos na USP, precisamos que

a maior parte dos estudantes esteja convencida de sua legitimidade e disposta a se

organizar para conquistá-las. É com a maior parte do corpo discente organizada e

articulada com outras categorias – a dos professores e a dos funcionários – que se

torna possível construir uma Universidade democrática e popular.

Acreditamos que é com a organização coletiva, espaços acolhedores e espaços

de deliberação conjunta, conseguindo Compor e Ouvir, que o ME da USP pode avançar

e, consequentemente, transformar a Universidade e a sociedade.

O movimento estudantil, contudo, reduz-se cada vez mais ao mesmo grupo de

pessoas e repete um modo de funcionamento e gestão: assembleias gerais são espaços

pouco representativos e convidativos à participação; os conselhos de centros

acadêmicos e as reuniões ordinárias são construídas sem a ajuda das entidades de

base; não são aceitas outras maneiras de construir a política, nem mesmo opiniões

dissidentes. Por estas e outras, há muito tempo as greves estudantis não atingem

vitórias concretas.

Atualmente, o DCE não se faz presente e não busca construir uma legitimação da

entidade perante os campi da capital e do interior. Sua sede no campus do Butantã

está abandonada e nenhuma campanha pela retomada do espaço foi realizada com

sucesso nos últimos anos.

Acreditamos que o Diretório Central dos Estudantes deve ser uma entidade

representativa e presente, com uma política de comunicação e financeira eficazes. E

principalmente, deve articular os Centros Acadêmicos nas pautas concernentes a todos

os estudantes. Em nossa opinião, o DCE só conseguirá ter mais proximidade com a

realidade dos estudantes ao articular-se com os Centros Acadêmicos, pois são estas

entidades que têm contato direto com a realidade dos estudantes de cada curso –

conhecem melhor suas demandas e seu cotidiano. Pretendemos ter uma relação de

diálogo efetivo e constante com os CAs, sabendo respeitar singularidades e

divergências, mas também propondo discussões importantes de serem estimuladas nos

cursos. Exemplos: a atual discussão sobre formas alternativas de ingresso em pauta

nas unidades; a discussão sobre a reforma do estatuto da USP; sobre a realização de

festas nos campi – que é importante para o financiamento das entidades dos cursos e

vivência universitária; ou sobre os casos de violação de direitos humanos nos chamados

“trotes” e também ao longo da permanência na universidade. A articulação conjunta

nos fortalece para alcançarmos nossos objetivos.

Page 12: Carta Programa - Compor e Ouvir

Compor e ouvir para além da USP

Entendemos também a importância do DCE da USP para realizar ações com

outras entidades e movimentos, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União

Estadual dos Estudantes (UEE). Sobretudo para fazer com que retomem sua

legitimidade com o conjunto dos estudantes e retomem sua tradição de organização e

mobilização da juventude.

A UNE, nascida durante a década de 30, foi protagonista em vários momentos de

nossa história: na luta contra a ameaça nazifascista, em defesa dos recursos naturais

e da soberania nacional com a campanha “O petróleo é nosso”, pelas “Reformas de

base”, contra a Ditadura Militar, pela redemocratização da sociedade, dentre outros.

Atualmente não a vemos mais protagonizando as lutas da juventude. Os estudantes,

em grande parte, enxergam a UNE como algo distante da sua realidade concreta e não

se sentem representados por ela. A lógica da disputa interna muitas vezes toma mais

espaço que o debate político e a organização da juventude em si.

Por outro lado, além de seu peso histórico, ainda hoje a UNE tem uma

grande representatividade: o último congresso (CONUNE) teve representações de

aproximadamente 97% das Universidades brasileiras, públicas e particulares; e contou

com a participação de praticamente todas organizações nacionais de juventude, com

opiniões das mais diversas, debatendo a situação da educação em nosso país. A UEE-

SP também teve papel preponderante nas lutas do povo brasileiro e tem representações

da maioria das universidades do Estado.

Avaliamos que o único modo de alterar esse panorama seja construindo a UNE

e a UEE no cotidiano dos estudantes, trazendo-as para dentro das universidades,

fortalecendo sua referência junto aos estudantes e em conjunto com as demais

entidades estudantis. Nesse sentido, enquanto DCE, nos propomos a participar de

todos os fóruns da UNE e UEE-SP, e nos articularmos com essas entidades, como

também com os DCEs da UNICAMP, UNESP e FATEC, para a construção de ações

conjuntas.

Acreditamos que, embora atualmente estas entidades não tenham o

protagonismo dos tempos de outrora, ainda possuem representatividade, legitimidade

e potencial para cumprir seu papel social: a organização e mobilização dos estudantes

em nível nacional, construindo um Movimento Estudantil ativo, articulado e capacitado.

Precisamos alterar a lógica e o funcionamento do Movimento Estudantil e seus fóruns,

se quisermos alcançar vitórias concretas e transformar a Universidade!

Page 13: Carta Programa - Compor e Ouvir

Abaixo estão organizadas nossas principais propostas:

● Reuniões Ordinárias abertas em todos os Campi, com pauta divulgada

com antecedência e atas publicadas;

● Realizar debates de forma constante. É necessário criarmos espaços

constantes para a discussão política e proporcionar um ambiente politizado ao

longo de todo ano.

● Promover debates e intensificar a luta por uma nova política de

segurança na USP, para pensar alternativas, em fóruns estudantis e em debate

com a universidade, com a participação atuante e diálogo com os conselhos

gestores dos campi;

● Promover debates e intensificar a luta em prol de espaços físicos

para entidades de base e núcleo de extensão. Defender junto a Reitoria a

necessidade de espaços como o Núcleo de Consciência Negra e o Palco do Lago,

palquinho de São Carlos, CV de Piracicaba, CA na EACH, dentre outros;

● Mais reuniões do Conselho de Centros Acadêmicos enquanto espaço

de troca e articulação das entidades de base para tirar ações conjuntas;

● Realização do ENCA (Encontro de Centros Acadêmicos da USP)

também nos campi do interior.

● Construção do XII Congresso de Estudantes da USP de forma

conjunta com CAs;

● Melhorar a Assembleia como espaço de construção política ampla.

Enquanto DCE cabe à gestão melhorar a divulgação das pautas prioritárias, assim

como ampliar os locais em que ela é realizada, além de respeitar o teto decidido

pelos presentes no início das discussões;

● Retomar uma comunicação periódica e abrangente. Nossa entidade

deve manter um jornal para informar continuamente os principais fatos

relevantes ao ME, assim como expor posicionamentos sobre tais questões;

Page 14: Carta Programa - Compor e Ouvir

Só muda quem pode ouvir o som dessas vozes!

Convidamos a todas e todos a construírem conosco um movimento estudantil diferente,

capaz de atuar no cotidiano da universidade e mudar, concretamente, a USP, fazendo

desta um espaço mais democrático, participativo e popular!

Participe das eleições para Diretório Central dos Estudantes e Representantes

Discentes, nos dias 8, 9 e 10 de abril de 2015.

QUEREM COMPOR E OUVIR UM DCE MAIS PARTICIPATIVO:

BUTANTÃ: || LETRAS: Kyo Kobayashi, Luiza Troccoli, Yandra Menezes, Bruna Faleiros, Milena Varallo,

Ana Beatriz Cursino, Jéssica Policastri, Olga Roschel (Lola), Maria Eugênia Forigo, Jenifer Quinalha, Caio

Greve, Igor Lima | HISTÓRIA: João Capusso, Gabriel Alves Batista, João Luis Lemos, Thiago Martinez,

Branca Zilberleib, Pedro Giovanetti, Rafael Costa, Laiza Santana, Guilherme Chorro | SOCIAIS:

Guilherme Nishio, Mônica Lacerda, Luna Zarattini, Pedro de Freitas*, Taís Chatourni, Rafael Lima

(Piquete) | FILOSOFIA: Marcelo Soares, Paolo Colosso* | GEOGRAFIA: Maiara Santana, Rafael Senise

| R.I.: Gabriel Siracusa, Natália Lima de Araújo (Welma), Felipe Augusto Ferreira | ECA: Beatriz Cassar

| ECONOMIA: Matias Rebello, Rodrigo Toneto, Vinícius Orellano | QUÍMICA: Samuel Vanique, Marcela

Baena || SÃO CARLOS: || ENG. AMBIENTAL: Letícia Alencar, Larissa Avelino, Thaís Rosenthal

(Cebola), Aline Velten (Panda), Marina Almeida (Delay), Pedro Ferrão (Abelha), Ana Sarah Lofti, André

Baleeiro (GPS) | ENG. COMPUTAÇÃO: Caíque Honório (Fofura), Marcius Leandro, Marcos Ordonha,

Paulo da Silva | QUÍMICA: Ivan Pinheiro (POV), Jussara Alves | ENG. ELÉTRICA: Gabriel Marchan ||

ESALQ: Felipe Chinen (Paga), Guilherme Gandolfi (Frodo), Maria Luiza Freitas (Leidi), Paulo Efrain

Antonio (Cristina), Eula Raissa de Almeida (Galisteu) || SANFRAN: Mariana Lorenzi, Bruno Kassabian,

Ana Paula Tavassi, Paula Davoglio Goes, Paula Zugab, Danilo Cruz, Laís Goldenstein, Rodrigo Valverde,

Fabio Machado, Marco Riechelmann || EACH: || GPP: Bruna Tamires (Brunata), Sara Saconato, Taiguara

Canindé, Luiz Eduardo Tannus, José Victor da Silva, Priscila Cora Leme, Luiz Antonio Sobrinho |

MARKETING: Nicole Pascuet | Gestão Ambiental: Paulo Jancar Curi, Gabriela Canindé || LORENA: ||

ENG. QUÍMICA: Edson Junior.

“Arte de mudar o nosso chão: É o estudante que produz o show e assina a direção!”

Leia mais: http://comporeouvir2014.wordpress.com http://facebook.com/comporeouvir2015