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O que e a ANECS?
ANECS é a sigla para
Articulação Nacional de
Estudantes de Ciências sociais.
Tem como intuito fomentar o
processo de organização criativa
dxs, articulando, integrando e
representando xs estudantes de
Ciências Sociais a nível nacional.
Isso quer dizer que a
ANECS deve ser um instrumento
organizativo que permita
acumular e por em prática as
demandas do Movimento
estudantil de Ciências Sociais,
discutindo assuntos pertinentes
ao curso e à sociedade,
organizando encontros estudantis
a nível nacional e regional,
sobretudo, construindo lutas que
apontem para a superação dos
desafios postos as Ciências
Sociais no nosso tempo.
Por que nos organizamos?
Para que exista um
movimento estudantil para além
dos encontros, nos organizamos
para a existência de acúmulo nas
pautas que nos tocam e da
necessidade de reagir a
demandas nacionais, nos
organizamos para sair do
isolamento. Somos um conjunto
de estudantes de Ciências Sociais
e como tais, temos aspirações,
preocupações, demandas e
interesses em comum;
começamos, então, a
identificarmo-nos como
portadores de uma mesma
identidade, um só sujeito – o que
não quer dizer que não sejamos
diferentes, que não exista
contradição dentre nós, mas quer
dizer que temos muito em
comum, que conseguimos nos
constituir enquanto um só corpo,
o de estudante de Ciências
Sociais, com toda a amplitude
que isso significa -, com uma
história em comum e,
fundamentalmente, com um
destino em comum e a ser traçado
por nós em conjunto.
Como se organiza?
Atualmente ela é
organizada por regionais, onde
cada regional indica uma
ESCOLA para ser parte
integrante da Coordenação
Nacional [CN] através de um
nome de referência; além disso,
cada regional é responsável por
indicar suas Coordenações
Regionais [CR’s] também
organizadas por ESCOLAS. Cada
regional tem autonomia para
deliberar o número de
coordenações regionais que achar
necessário (podendo ser uma em
cada estado ou por cada
microrregião, sendo no mínimo
três CR's.
● CR – Coordenação Regional
A Coordenação Regional é
composta por no mínimo três
escolas, dependendo da
especificidade de cada regional.
Em tese, possui as atribuições de
gerir a comunicação interna da
região que pertence, estimulando
o processo local de construção da
ANECS, acompanhando de perto
o MECS através da realidade das
escolas de Ciências Sociais,
estimulando também a criação de
um vínculo orgânico tanto com as
demais Coordenações Regionais
como com a sua Coordenação
Nacional.
● CN – Coordenação Nacional
A Coordenação Nacional É
composta por cinco escolas,
sendo uma de cada regional da
entidade. Atualmente a
Coordenação Nacional possui a
responsabilidade de sistematizar
a comunicação entre as regionais,
viabilizando a articulação e a
unidade entre as ações da
entidade, além de realizar a
gestão das finanças da mesma.
GTP – Grupo de Trabalho
Permanente
Os grupos de trabalho
(GTP’s) tem a tarefa de criar e
socializar acúmulo relativo a
temáticas relevantes ao MECS.
Funcionam por meio de
formulações de textos e outras
ferramentas de conteúdo - como
teatro, vídeo etc.- sobre a temática
do GTP para induzir os debates
nas escolas; Assim como
acompanhando as discussões
acerca da temática nas escolas de
Ciências Sociais no Brasil. E por
fim criando um banco de dados
mediante o tema do GTP.
● GTP de Combate a Opressões,
raça e etnia.
● GTP de Universidades
Particulares
● GTP de Ciências Sociais no
Ensino Médio
● GTP de Memória do MECS
● GTP de Formação e Atuação do
Cientista Social
● GTP de Precarização do Ensino e
Projeto de Universidade.
ERECS
Encontro Regional dos
Estudantes de Ciências Sociais,
trata-se do maior e mais
abrangente evento da entidade a
nível regional, acontece em cada
regional, no 1º semestre de cada
ano. É um espaço importante
para discutir, principalmente, as
demandas regionais.
ENECS
Encontro Nacional dos
Estudantes de Ciências Sociais,
caracteriza-se como o maior e
mais importante evento do
calendário anual do MECS, sendo
um espaço de trocas entre os
estudantes de Ciências Sociais,
onde são debatidas a conjuntura
nacional, a situação das diferentes
escolas, as demandas e bandeiras,
bem como questões de relevância
acadêmica e práticas da formação
do cientista social.
CORECS
Conselho Regional dos
Estudantes de Ciências Sociais,
caracteriza-se por ser um evento
de menor porte que visa reunir
representantes de diferentes
escolas da regional com a
finalidade de discutir e
problematizar as políticas
definidas no ENECS, a fim de
estabelecer metas e perspectivas
para a organização regional no
ano seguinte.
CONECS
Conselho Nacional dos
Estudantes de Ciências Sociais,
trata-se de um evento nacional de
menores dimensões, composto
por representantes de escolas,
além de discutir o próximo
encontro nacional, também avalia
o período pós- ENECS.
“O movimento de área nasce da
necessidade de discutir um eixo
comum de atuação para ser mais
um espaço de elaboração e,
principalmente de trabalho. O
questionamento da formação
profissional (currículos, estágios,
ensino, pesquisa e extensão),
buscando sintoniza-la com a
realidade social do nosso país,
vem como uma tentativa de fazer
a Universidade assumir o seu
papel perante a sociedade, bem
como apontar caminhos que
levem à superação dos problemas
colocados para a maioria da
população. Desta forma, e aliados
a outros seguimentos da
sociedade, o caminho para
transformação torna-se mais
concreto.”
(Fonte: Relatório da reunião
do Fórum Nacional de
Executivas de Curso.
Ocorrido na USP nos dias 2 e
3 de julho de 1994, pág. 11 –
Trecho lido no XIII ENECS –
Fortaleza em 1995)
Primeiro é importante
afirmar que a Articulação
Nacional de Estudantes de
Ciências Sociais – ANECS é uma
entidade de curso. É a entidade
representativa do Movimento de
Área de Ciências Sociais, criada
no XXVI ENECS, realizado em
julho de 2011 em Belo Horizonte,
cuja finalidade é articular local,
regional e nacionalmente
estudantes dos cursos de
Antropologia, Ciência Política,
Ciências Sociais e Sociologia em
pautas comuns e unificadas dxs
estudantes de Ciências Sociais de
todo país.
Contudo, essa não é a primeira
vez que o Movimento Estudantil
de Ciências Sociais – MECS –
sente a necessidade de uma maior
organização e estruturação
dos/das estudantes dos cursos em
todo país. A última entidade que
temos notícias foi criada ainda em
1998 no ENECS – Juiz de Fora e
se transformou na Federação do
Movimento Estudantil de
Ciências Sociais – FEMECS. A
federação se dividia em várias
coordenadorias espalhadas pelo
país e se organizava através do
CA’s e DA’s das escolas de
Ciências Sociais espalhadas pelo
país, os encontros e conselhos que
realizamos ainda hoje já existiam
bem antes dessa época e se
adaptaram para compor a
FEMECS.
Então, o MECS cresceu,
unificou lutas, pautou reformas e
lutou contra a privatização do
ensino público e precarização da
educação durante cinco anos
intensos. Porém, essa federação
acabou se diluindo por
desentendimentos e divergências
políticas que causaram um
afastamento exacerbado entre as
coordenadorias e as bases do
MECS. Após o final do XIX
ENECS – Brasília os estudantes
decidiram que o XX ENECS seria
organizados pela UFAM e seria
realizado em Manaus. As
problemáticas entre as
coordenadorias e a logística de
transporte para realização desse
encontro fizeram com que ele só
ocorresse em 2005, porém foi
extremamente esvaziado, fato que
causou a exclusão da maioria das
escolas e estudantes do país das
discussões e lutas da FEMECS. E
com esse vácuo político de
2004/2005 teve fim a entidade do
Movimento de Área de Ciências
Sociais e em algumas regiões do
país ocorreu uma completa
desarticulação do MECS até a
criação da ANECS em 2011.
Nos ENECS de 2006 em
diante muitas foram as discussões
que permearam sobre a
rearticulação do Movimento
Estudantil de Ciências Sociais,
porém existia sempre a retomada
de velhos problemas da FEMECS
e a falta de maturidade
organizacional do MECS nesse
período. Finalmente, no XXIV
ENECS – João Pessoa foi
deliberado a criação de um
Debate sobre a criação de uma
entidade nacional de ciências
sociais e também alguns eixos de
discussão para debate em nível
nacional. Posteriormente, com a
continuidade das discussões e a
melhora na comunicação e
articulação dos estudantes de
Ciências Sociais foi crescendo até
a realização do XXVI ENECS –
Belo Horizonte, onde os
estudantes optaram em plenária
final não por Executiva e nem por
uma Federação, mas por uma
Articulação Nacional de
Estudantes de Ciências Sociais.
Assim do ENECS – BH até o
gelado ENECS – Santa Maria nos
reorganizamos e estruturamos em
1 - Coordenações Regionais e
Nacionais responsáveis por ações
burocráticas, executivas e
comunicativas da entidade, 2 –
Grupos de Trabalho com objetivo
de gerar acúmulos teóricos,
políticos e históricos para ANECS
e 3 – Intensificação da
reorganização do MECS nas cinco
regiões geopolíticas brasileiras
com a realização de conselhos,
encontros, debates, atividades de
divulgação da entidade e a
criação dos grupos de
comunicação e debate nas redes
sociais e do site oficial da ANECS,
gerido e organizados pela
Coordenação Nacional. Todas
essas ações e esforços culminaram
na aprovação da Carta de
Princípios da nossa entidade, na
eleição das duas principais
bandeiras de luta e o
encaminhamento para o XXVIII
ENECS – Fortaleza, a construção
do estatuto da ANECS. Com a
eleição de uma nova
Coordenação Nacional e novas
Coordenações Regionais
renovamos, ganhamos força e
maturidade, em pouco tempo
nossa entidade encontrou
parcerias, respeito e, cada vez
mais, LUTA!
A importância da
formação intelectual
no MECS
Refletir sobre o movimento
estudantil em nossos difíceis
tempos representa um desafio
teórico e prático da maior
importância, seja pelos desafios
práticos e impasses que se
apresentam diante daqueles que
se mobilizam profissionalmente e
politicamente contra a ordem do
capital, que se agiganta em sua
onipotência, seja pela ofensiva
teórica e ideológica que se
levantou contra aqueles que
pensam o mundo a partir da
centralidade do trabalho e
seguem afirmando a validade e
atualidade da categoria classe
social (movimento estudantil)
como ferramenta indispensável à
compreensão da sociedade
contemporânea.
O nosso objetivo é explanar
de forma clara e plena a questão
da importância da formação
intelectual cercado de uma ampla
inserção no debate teórico,
apresentando diferentes visões e
abordagens, sem nunca perder o
fio condutor e a firme convicção
de que somente a perspectiva da
totalidade pode nos levar a
compreender os diversos
momentos particulares que
compõe o todo.
O principal anseio da ANECS é
fomentar estruturas necessárias
para reverter o quadro de
desmobilização e afastamento dxs
estudantes da atuação política. O
desejo da ANECS é instigar xs
estudantes a criarem espaços para
o debate qualificado sobre suas
pautas, como também as
ferramentas para sua atuação
política perante elas, estimulando
assim a criação de um sujeito
político ativo e crítico dentro do
movimento estudantil.
E como nós, estudantes de
Ciências Sociais nos tornaremos
esse sujeito? Quando nos
forjarmos de conhecimento.
Quando nos tornarmos, como
dizia Marx, conscientes da nossa
classe; quando nos identificarmos
no processo de "classe para si".
Aquela que, consciente de seus
interesses e inimigos, se organiza
para a luta na defesa destes. A
consciência das pessoas, sobre a
realidade que faz parte das suas
vidas, está determinada pela
própria realidade.
"Não é a consciência dos homens
que determina o seu ser; é o seu
ser social que, inversamente,
determina a sua consciência".
(Marx, 1977, p.24)
Entendemos que a
consciência é determinada pela
realidade social, e ela é condição
para sua transformação. A
objetividade (da realidade
existente) e a subjetividade (dos
sujeitos que dela fazem parte)
unem-se num único processo. A
consciência de classe
diferentemente do "senso
comum", procura compreender as
causas dos fenômenos, numa
visão de totalidade. Os
intelectuais imediatos e
individuais, ou até grupos, cedem
espaço aos interesses de classe.
Rosa de Luxemburgo
defendia a necessidade de a
classe operária produzir sua
própria consciência a partir da
sua experiência (no processo auto
organizado e luta); para ela, "os
erros cometidos por um
movimento operário
verdadeiramente revolucionário
são, do ponto de vista histórico,
infinitamente mais fecundos e
valiosos que a infalibilidade do
melhor comitê central". (1991)
Na formação da consciência
de classe pelo proletariado é
fundamental o desenvolvimento
e a incorporação do
conhecimento cientifico do
movimento real. A consciência de
classe, a ideologia revolucionária
a definição das metas, das táticas
e estratégia, e os meios para as
lutas de classes, precisam, para
Marx, do papel que cumpre x
intelectual (orgânico, militante de
classe). X intelectual orgânico,
criado por cada classe social,
pertence organicamente a uma
classe que serve para lhe dar
consciência e conquistar e manter
sua hegemonia.
É com a ação dx intelectual
que pode definir-se a "consciência
de classe", transformando-se a
"classe em si" para "classe para
si", construir-se uma "ideologia"
do proletariado, definirem-se os
objetos e meios para a luta.
Para que a ANECS possa ser
realmente uma entidade de luta,
precisamos de sujeitos que se
levantem diante dos processos e
se tornem, como diria Lenin,
modificadores da realidade
imposta. As Ciências Sociais só
voltarão a ser perigosas quando
nos forjarmos de todo o aparato
disponível e nos lançarmos no
combate contra toda forma de
opressão e limitação.
Perspectivas dos cientistas
sociais (ou futuros
cientistas sociais) sobre a
formação em ciências
sociais, ou antropologia, ou
ciência política, levando em
consideração essa
"partição" da ciência
Vivemos em um período
de fragmentação do já
fragmentado. As visões sobre a
educação, a política, a nação e a
formação profissional e humana
passam por crises
desestruturantes desde, pelo
menos, a década de 1970 no
Brasil.
Sabemos que a educação no
Brasil, longe do discurso
midiático e “politiqueiro”, não é
levada a sério como uma base de
mudança e de esperança para o
seu povo, sobretudo, aquela
parcela que possui menos capital
financeiro acumulado.
O saber constitui-se em
mercadoria (tão criticado por
Mészáros, 2008). Constitui-se em
mercadoria e das mais rentáveis,
pois, opera desde a primeira
infância até (talvez) a morte dos
indivíduos. O saber como
mercadoria, se institucionaliza
nas escolas, universidades,
faculdades, institutos de pesquisa
etc. Onde para se gerar contato,
entre os que buscam, necessitam e
produzem o saber, faz-se
necessária uma negociação
mercadológica da mais pura,
oferta/demanda; compra/venda
desse saber institucionalizado.
Nossa ciência, as Ciências
Sociais, não foge dessa dinâmica.
Nossa ciência virou uma
mercadoria, e das mais rentáveis.
Sabe-se que, os detentores da
mercadoria, ou seja, aqueles que
irão ofertá-la preferem ofertar aos
poucos, “peça por peça”, para
render mais, pois, se vender a
mercadoria por inteiro, com todos
seus pressupostos e manual, suas
peças e ferramentas, em sua
totalidade, o mercado perde a
força da demanda, perde-se a
procura incessante por peças
novas, ou por mais ferramentas
para completar a mercadoria.
Ora, sabe-se desde muito
tempo que a humanidade é um
incessante buscar, é um
incessante conhecer a si e ao
mundo. A humanidade se faz em
busca, faz-se em transcender o
dado, faz-se na busca pelo
conhecer, através do conhecido,
conhecendo. Ou seja, o saber, é
algo necessário para a vida
humana, donde, em uma vida
pautada pela lógica de mercado e
da institucionalização, nada mais
“natural”, que o saber também se
faça por essas vias.
O que queremos dizer é: O
saber das Ciências Sociais, hoje,
não é mais um saber constituído
pela busca humana de conhecer a
si, aos outros e ao mundo, mas
sim, uma grande mercadoria, que
se fragmenta para vender mais.
Sabemos que Faculdades
diversas pelo país separaram as
Ciências Sociais em saberes
estanques e abstratos,
constituídos de “lógicas de
construção” em separação, como
Ciência Política, Antropologia,
Sociologia, para que pudessem
operar por vias distintas e obter
mais compradores de suas mais
ofertas.
Entendemos que essa
separação, além de desnecessária,
é onerosa para o próprio saber,
que deve se desligar dessa lógica
mercantil, e encarar-se de volta
em sua totalidade. A totalidade,
que embora pretensa, é
pressuposta de autenticidade no
que diz respeito à busca do saber
humano, pelos humanos. As
Ciências Sociais devem ser vistas
não só como um saber, mas como
um saber/fazer que envolve,
sobretudo, o caráter de
conhecimento de si, dos outros e
do mundo que busca a
transformação dos próprios,
portanto, não poderia ser uma
mercadoria, ou ao menos deve
desfazer-se de estar sendo, para
combater a própria lógica
mercantil do fazer mercadoria o
que não deveria ser.
Ciências Sociais no
Ensino Médio: Para
que (m)?
A disciplina de sociologia
na escola secundária possui uma
história fragmentada, tendo
entrado e saído dos currículos
escolares diversas vezes. Estamos,
atualmente, num período de
reinserção da disciplina nas
escolas, o que faz com que a
temática seja uma de nossas
bandeiras enquanto Articulação
Nacional dos Estudantes de
Ciências Sociais. Mas por quê?
Com a implementação da
Sociologia no Ensino Médio,
vemos que há muitos desafios a
serem superados por esta
disciplina. A falta de professores
formados nas áreas de Ciências
Sociais (Licenciatura) para
lecionarem a disciplina, a pouca
carga horária destinada, falta de
material didático de qualidade,
entre outros, faz com que, nós,
estudantes de Ciências Sociais,
entremos nesta luta por uma
Sociologia de qualidade nas
escolas.
Como futuros Cientistas Sociais,
sentimos a necessidade de
discutirmos a temática Educação,
principalmente no que tange ao
ensino de Sociologia, pois muitos
de nós, também estaremos aptos
a lecionar a disciplina no Ensino
Médio. Neste sentido, ao
analisarmos que na maioria das
vezes a própria academia não nos
forma para a realidade que
iremos encontrar enquanto
profissionais, discutir a temática
torna-se algo de extrema
importância, principalmente no
período em que nos encontramos.
A Sociologia tem como um de
seus principais objetivos, de
acordo com os Parâmetros
Curriculares Nacionais do Ensino
Médio, formar o educando para o
exercício de sua cidadania. Ou
seja, que se reconheça enquanto
cidadão de seu país, que saiba
que possui direitos e deveres, e
que possua, ao término do Ensino
Médio, consciência crítica e
cívica, capazes de gerar respostas
adequadas a problemas atuais e a
situações novas. (PNCEM, p. 22)
Nesse sentido, de acordo
também com o Referencial
Curricular da disciplina, “cabe ao
ensino da Sociologia selecionar
temas/problemas geradores, os
quais – a partir da conceituação
de Paulo Freire – são aqueles ca-
pazes de cativar e motivar os
alunos para o seu exame, bem
como fornecer instrumentais
conceituais e metodológicos para
o estudo dos mesmos, de suas
origens e efeitos sociais, bem
como de suas possíveis soluções.”
(Ref. Curricular, p. 92)
Vemos, a partir desse breve
panorama, que a disciplina torna-
se importante na formação do ser
humano, pois possibilita ao
mesmo um olhar crítico perante a
realidade. É a partir da disciplina
que o educando passa a
compreender melhor a sociedade
em que vive como a mesma se
organiza, para assim
compreender a si mesmo,
enquanto um ser social. Não são
poucos os desafios surgiram das
Ciências Sociais no currículo do
Ensino Médio. Nossa
preocupação central se baseia em:
que formação será essa em que
transforma saberes científicos em
saberes escolares? Para tal,
defendemos a exclusividade para
lecionar a disciplina os
licenciados em Ciências Sociais e
o aumento de sua carga horária
no currículo escolar. Vemos como
desafio o tempo mínimo das
aulas e o livro didático, para
firmação da disciplina precisamos
caminhar para um conteúdo
curricular mínimo a nível
nacional. O IV CONECS -
Conselho Nacional dos
Estudantes de Ciências Sociais
realizado na cidade de Vitória/ES,
em janeiro de 2013, debateu entre
outros temas, a necessidade de
fortalecimento do Ensino da
Sociologia no Ensino Médio. Dele
surgiu um Manifesto sobre a
Sociologia no Ensino Médio:
Manifesto sobre o Ensino de
Sociologia no Ensino Médio
A disciplina de Sociologia,
que estava excluída da grade do
Ensino Médio durante o regime
militar, voltou a integrar o
currículo do nível médio como
disciplina obrigatória, no ano de
2008 com a aprovação da lei
11.684.
Xs estudantes e xs
profissionais de Ciências Sociais,
que historicamente vinham se
empenhando pelo retorno da
disciplina de Sociologia às
escolas, tem lutado agora para
garantir a efetiva implementação
da lei e pela qualidade no ensino
desta disciplina.
Infelizmente os Sistemas
Estaduais de Ensino do país
ainda persistem em contemplar
profissionais das mais diversas
áreas de formação nas vagas de
professor de sociologia, em
detrimento da atuação dos
profissionais com a formação
específica em Ciências Sociais.
Dessa maneira, negligenciam-se
justamente os profissionais com a
formação acadêmica necessária
para a atividade de docência em
Sociologia no Ensino Médio.
A partir dessa problemática,
foi encaminhado ao Congresso
em 2009, um projeto de lei do
Deputado Mário Heringer (PDT-
MG) propondo a exclusividade
de atuação do profissional
formado em Ciências Sociais para
ministrar a disciplina de
Sociologia, porém o projeto foi
arquivado em 2011 devido ao fim
da legislatura, sendo a proposta
reapresentada em 2012 pelo
Deputado Chico Alencar (PSOL-
RJ) na forma de Projeto de Lei,
que está em tramitação no
Congresso.
Reivindicamos a aprovação
desse Projeto de Lei,
considerando sua importância
para o fortalecimento da
categoria profissional, da
formação acadêmica em Ciências
Sociais e para a
qualidade do
ensino da
disciplina com
vistas a uma
formação mais
adequada aos
educandos do
Ensino Médio.
A aprovação desse projeto
representará avanço, porém cabe
fazermos uma ressalva, que deve
se traduzir em emenda no texto
para que contemple de fato
nossos anseios.
O Projeto de Lei, ao incidir
sobre a Lei 6.888/80 que
regulamenta a profissão de
Sociólogo, atribui a exclusividade
do ensino de Sociologia a este
profissional, porém, dessa
maneira, seria autorizado
também ao bacharel em Ciências
Sociais a competência de atuar
como professor de Sociologia no
Ensino Médio, sendo que a
atividade de ensino deve ser
conferida aqueles que possuem
formação voltada para esse fim,
ou seja, os que tem o
conhecimento não só sobre os
conteúdos das Ciências Sociais
como do processo de ensino-
aprendizagem.
Nessa perspectiva é que
defendemos a exclusividade aos
profissionais com formação de
Licenciatura em Ciências Sociais
para ministrar aulas de
Sociologia, garantindo aos
licenciadxs a ocupação das vagas
de professor de Sociologia nas
redes de ensino.
Ressaltamos que não se pode
enxergar essa luta como uma
pauta meramente corporativista,
que confronte os profissionais de
outras áreas, pois reconhecemos
esses como pertencentes a nossa
classe, que é também explorada e
enfrenta as mesmas dificuldades
profissionais e de formação que
sofremos. Trata-se na verdade de
uma luta pela afirmação da
disciplina de Sociologia que ainda
é muito marginalizada, assim
como xs graduandxs em
Licenciatura e os profissionais
licenciadxs.
É de grande importância a
mobilização social sobre essa
pauta, pois se mostra relevante
não somente aos profissionais da
área, mas a toda sociedade, à
medida que garantimos o ensino
de Sociologia no Ensino Médio
proporcionando uma educação
comprometida com uma
perspectiva crítica e
transformadora.
Este manifesto é assinado pelxs
participantes do IV CONECS -
Conselho Nacional dos
Estudantes de Ciências Sociais,
constituído junto à ANECS –
Articulação Nacional dos
Estudantes de Ciências Sociais.
Além das
Bandeiras
específicas, existe
a necessidade da
ANECS tocar uma bandeira geral
que vá além dos muros da
universidade e que esteja na
ordem do dia da sociedade. Hoje
a ANECS toca uma bandeira que
encontra uma identidade própria
e consegue intervir na dinâmica
política brasileira. Outras
entidades estudantis nacionais
também conseguem essa
realização, como a FEMEH
(Federação dos Estudantes de
História) na luta pela abertura
dos arquivos da ditadura militar,
a ENECOS (Executiva dos
Estudantes de Comunicação
Social) na luta pela
democratização dos meios de
comunicação, a FEAB
(Federação dos Estudantes de
Agronomia) na luta pela Reforma
Agrária, e vária outras executivas
e federações.
Xs Estudantes de Ciências
Sociais possuem um enorme
potencial devido sua formação
humana (Antropologia,
Sociologia e Ciência Política) para
contribuir em vários temas de
destaque nacional hoje. O tema
da nossa bandeira geral é:
Remoções de Populações
Urbanas e Rurais! Esse é um
tema que abarca uma série de
fenômenos, como a remoção de
populações indígenas de suas
terras originárias devido ao
agronegócio e a não homologação
de suas terras, a remoção de
populações quilombolas de suas
terras muitas vezes já
reconhecidas como tal pelo
governo, a remoção de
populações ribeirinhas devido a
projetos de hidrelétricas, a
remoção de populações
suburbanas devido aos
megaeventos como Copa do
Mundo e Olimpíadas, a remoção
de populações de grandes centros
urbanos se dá devido à
especulação imobiliária.
Essas remoções de
populações urbanas e rurais tem
se agravado muito no Brasil no
ultimo período, e essa tendência é
crescente. Vivemos no mundo e
no Brasil uma enorme
contradição entre o capitalismo e
as populações expropriadas do
campo e da cidade, isso acontece
por diversos fatores da mesma
moeda: 1) A territorialização do
capital, esse fenômeno se dá
devido à crise financeira mundial
e a necessidade de reprodução do
capitalismo; com a crise o
capitalismo para se reproduzir
vai em busca de novos territórios
que antes não o interessavam,
como terras indígenas, territórios
suburbanos como o
“pinheirinho”, áreas quilombolas
e ribeirinhas; a especulação
imobiliária e o agronegócio se
esbanjam. 2) Acumulação do
capital via espoliação. Trata-se da
acumulação de recursos públicos
por parte do capital a partir de
seu controle sobre o poder
político em escala nacional e
internacional. Insere-se neste
contexto a apropriação privada
tanto do território urbano e rural,
da biodiversidade, como de
significativa fração do orçamento
das diversas nações através do
mecanismo da dívida pública.
“tiveram de ser abertas ao capital
privado, que não tinham para
onde ir, e serviços de utilidade
pública como água, eletricidade,
telecomunicações e transporte –
para não falar de habitação,
educação e saúde – tiveram de ser
abertas para as bênçãos da
iniciativa privada e a economia
de mercado”. (Harvey, David. “O
enigma do capital e as crises do
capitalismo”, Bom tempo
Editorial, 2011). 3) Ao Projeto
neodesenvolvimentista dos
Governos Lula e Dilma, Sob os
governos Lula e Dilma acirraram-
se significativamente as
contradições decorrentes da
acumulação por espoliação no
Brasil. São inúmeros e recobrem
todo o território nacional os
deslocamentos compulsórios
motivados pela expansão do
agronegócio, da exploração
mineral em geral e petrolífera em
particular, de obras de
infraestrutura (hidro)viária e
energética, da especulação
fundiária rural e urbana.
Em diversos destes casos
estabeleceu-se um verdadeiro
estado de exceção de dimensões
locais ou regionais, com explícitos
e inusitados cerceamentos de
direitos civis e políticos básicos
das populações afetadas. Os
mega eventos (copa do mundo e
olimpíadas), os projetos de
infraestrutura (PAC) sob o
governo Dilma e as recentes
expropriações violentas no estado
de São Paulo na Cracolândia e no
Pinheirinho, a expropriação de
populações rurais com os
indígenas Guarani Kaiowá no
Mato Grosso do Sul,
Quilomobolas na Bahia, as 500
famílias despejadas da fazenda
Glória (futuro campus da
Universidade Federal de
Uberlândia), a tentativa de
remoções da população do
assentamento Canaã em Cuiabá,
a Funai perdendo seu direito de
demarcação de terras, são
indícios de que tais contradições
podem se acelerar no próximo
período. Para finalizar quem
cumpre o papel de expropriar
essas populações urbanas e
rurais, para os interesses do
capital, é o Estado Brasileiro,
através de vários governos que
administraram.
Como bandeira geral, a
ANECS deve priorizar e ser
protagonista nesse tema de
remoção de populações urbanas e
rurais no Brasil, ao lado de
diversos movimentos sociais que
tocam essa bandeira, tanto por ser
um fenômeno de grave ferimento
dos direitos humanos no Brasil,
quanto pelo potencial que nós da
às Ciências Sociais podemos
contribuir para o tema: Nossos
instrumentos, a Antropologia, a
Sociologia e a Ciência Política,
nos ajuda a compreender e muito
essas populações que sofrem o
despejo, muitas vezes o destino
dessas populações dependem de
nossos profissionais,
principalmente de laudos
antropológicos, e por fim uma
bandeira para atuar
conjuntamente com todas as
entidades da nossa categoria,
ABA, SBS, ABECS, ABCP
Sindicatos de Sociólogos.
Por que uma entidade
feminista?
"O feminismo é
uma teoria de
libertação."
O Espaço Auto
Organizado de Mulheres da
ANECS nasceu no CONECS 2012,
que aconteceu em fortaleza.
Surgiu da necessidade da difusão
da discussão acerca do feminismo
na universidade em sua
totalidade e, principalmente, nos
cursos de Ciências Sociais do
país. O feminismo da ANECS
pretende alcançar acumulo
necessário pra fazer formações de
qualidade elevada,
principalmente para tornar o
movimento de mulheres do
MECS cada vez mais forte e
combativo.
O setor Auto Organizado de
mulheres da ANECS elenca a
imersão de um campo de saberes
e lutas feministas no Movimento
Estudantil de Ciências Sociais.
Assuntos como a legalização do
aborto e o combate aos trotes
machistas que podem e são
abordados por todxs
independente de gênero na
ANECS, mas discutidos por nós
mulheres, ganha o olhar e as
problematizações produzidas por
nós que se diferenciam por nossas
inquietações de sujeitos dessa
experiência.
No ENECS XXVII, que
aconteceu em Santa Maria,
tivemos a construção da Carta de
Princípios da Articulação, com a
participação de todas as escolas
presentes, encaminhou-se que a
ANECS é uma entidade
feminista. Mas por que a ANECS
é feminista?
Nós que formamos a
entidade a percebemos feminista
pela inquietude à situação social
em que vivemos. A socióloga
Blay (ano) aborda que os modos
de produção e os novos
conhecimentos diversificaram as
formas de violência, colocando as
mulheres como sujeitxs a quem
essas violências se direcionam.
Temos a violência moral,
violência médica, violência
psicológica, violência no trabalho,
violência sexual, violência de
gênero. A mulher que como todx
sujeitx deveria dispor das leis, é
ferrenhamente marcada pelo
impedimento de domínio sobre
seu corpo e direitos. O machismo
não é um assunto superado.
Ao construir uma carta de
princípios, estamos assumindo
como guiaremos nossas ações e
conduta, a ANECS percebe o
feminismo como teoria de
libertação, tendo a dimensão das
mulheres como sujeitos da
história. O feminismo não é um
principio secundário ou
periférico, é a necessidade de que
se rompa a ordem que produz
papeis sociais subalternos e que
se possibilite a construção de um
novo ser humano, aberto às
diferenças e que as relações sejam
negociadas baseadas na
igualdade.
No Brasil, historicamente
falando, desde 1920 o movimento
feminista tem um caráter um
pouco burguês, pois a principal
bandeira de luta era o Sufrágio
Feminino e essa bandeira não
importava muito para a mulher
pobre, trabalhadora, negra e etc.
Que feminismo queremos
construir? Essa é a pergunta
chave para construção desse
espaço da ANECS. Nós queremos
construir um feminismo que luta
por todas as mulheres, para além
da Universidade. Tendo em vista
a mulher negra, lésbica, dona de
casa, para além da mulher
universitária.
Visto disso o espaço auto
organizado de mulheres vem
debatendo e criando acúmulos
sobre bandeiras do feminismo na
ANECS, como o movimento
feminista e as mulheres negras, a
violência contra a mulher etc.
O movimento feminista e as
mulheres negras
”O racismo estabelece a
inferioridade social dos
segmentos negros da população
em geral e das mulheres negras
em particular, operando ademais
como fator de divisão na luta das
mulheres pelos privilégios que se
instituem para as mulheres
brancas. Nessa perspectiva, a luta
das mulheres negras contra a
opressão de gênero e de raça vem
desenhando novos contornos
para a ação política feminista e
antirracista, enriquecendo tanto a
discussão da questão racial, como
a questão de gênero na sociedade
brasileira”(CARNEIRO, Sueli.)
Quando falamos do
movimento feminista de forma
geral, será que ele tem
contemplado a luta das mulheres
negras? Na maioria das vezes,
NÃO!
Desde a
colonização
brasileira, fica
explícito o lugar
ocupado pela
mulher negra: o de objeto sexual
e o de escrava. No livro de
Gilberto Freyre “Casa grande e
senzala”, a escrava negra era vista
por muitos “sociólogos arianas”,
como moralmente deturpadas,
como que se o fato dos senhores
de engenhos as obrigarem a ter
relações sexuais com eles e
iniciarem seus filhos a vida
sexual, como culpa da mulher
negra. As negras e as mulatas
eram vítimas o tempo todo de
práticas sexuais sadistas. Sem
contar que foi obrigada a
amamentar os/as filhos/as de
mulheres brancas.
Hoje em dia não é tão
diferente, o papel da mulher
negra continua o mesmo, a
mulher negra reúne em si o mais
alto grau de opressão e
exploração que um ser humano
pode suportar. A sociedade
mantêm intactas as relações de
gênero segundo raça e cor
instituídas no período da
escravidão. Quem são as
empregadas domésticas? Em sua
maioria são mulheres negras. O
modelo estético de mulher é a
mulher branca e por isso, as
mulheres negras são ignoradas
pelo sistema, como por exemplo,
quando um anúncio de emprego
ressalta: procura-se mulher de
“boa aparência”, ou seja, não
pode ser negra. Além disso, o
próprio sistema de saúde ignora
as mulheres negras, elas nunca
são vistas como mulheres frágeis,
mas sim como fortes, parideiras,
viris e com isso a prioridade
sempre é dada a mulher branca,
deixando a negra em segundo
plano.
Para, além disso, hoje as
mulheres negras são vítimas de
uma campanha encoberta de
esterilização generalizada,
alimentada pela política do
embranquecimento, outras das
mazelas da sociedade burguesa
que atinge as mulheres negras
(Toledo, 2008, p.84). Revertendo a
pirâmide social a mulher negra
vem abaixo da mulher branca, do
homem negro e do homem
branco, recebendo em média
menos de dois salários por mês.
O processo de globalização,
determinado pela ordem
neoliberal que, acentua o
processo de feminização da
pobreza, trabalho em fábricas,
multinacionais. Elas ocupam
sempre os piores postos
(faxineira, lavadeira, babá,
doméstica) e quando o mercado
oscila, a primeira ser mandada
embora é a mulher negra.
E o movimento feminista, o que
tem feito perante isso? Segundo
Lélia Gonzalez
“A inclinação eurocentrista do
feminismo brasileiro constitui um
eixo articulador a mais da
democracia racial e do ideal de
branqueamento, ao omitir o
caráter central da questão da raça
nas hierarquias de gênero e ao
universalizar os valores de uma
cultura particular (a ocidental)
para o conjunto das mulheres,
sem mediá-los na base da
interação entre brancos e não
brancos; por outro lado, revela
um distanciamento da realidade
vivida pela mulher negra ao
negar “toda uma história feita de
resistência e de lutas, em que essa
mulher tem sido protagonista
graças à dinâmica de uma
memória cultural ancestral (que
nada tem a ver com o
eurocentrismo desse tipo de
feminismo)”.
Perante tais questões
levantadas no que tange as
mulheres negras, as mulheres da
Anecs acreditam que a luta do
movimento feminista deve ser
contra o patriarcado vigente,
machismo, contra a opressão
exercida nas mulheres negras,
contra qualquer discriminação.
Para a questão das mulheres
negras, acreditamos que seja de
extrema importância que
venhamos estabelecer na agenda
do movimento de mulheres o
peso que a questão racial tem na
configuração, por exemplo, das
políticas demográficas na
caracterização da questão da
violência contra a mulher pela
introdução do conceito de
violência racial como aspecto
determinante das formas de
violência sofridas por metade da
população feminina do país que
não é branca; introduzir a
discussão sobre as doenças
étnicas/raciais ou as doenças com
maior incidência sobre a
população negra como questões
fundamentais na formulação de
políticas públicas na área de
saúde; instituir a crítica aos
mecanismos de seleção no
mercado de trabalho como a “boa
aparência”, que mantém as
desigualdades e os privilégios
entre as mulheres brancas e
negras.
Como menciona Sueli Carneiro
em seu texto “Enegrecer o
feminismo: a situação da mulher
negra na América Latina a partir
de uma perspectiva de gênero”
precisamos construir uma
sociedade multirracial e
pluricultural, onde a diferença
seja vivida como equivalência e
não mais como inferioridade.
Violência contra a mulher: e
nós com isso?
A cada 16 segundos uma
mulher é agredida por seu
companheiro e 70% das mulheres
assassinadas foram vítimas de
seus próprios maridos (fonte:
ActionAid Brasil). Segundo os
dados do SINAN (2011), 71,8%
dos incidentes acontecendo na
própria residência da vítima, o
que nos permite entender que é
no âmbito doméstico onde se gera
a maior parte das situações de
violência vividas pelas mulheres.
A violência física é a
preponderante, englobando
44,2% dos casos. A psicológica ou
moral representa acima de 20%.
Já a violência sexual é
responsável por 12,2% dos
atendimentos do SUS (Sistema
Único de Saúde). A violência
física adquire destaque a partir
dos 15 anos de idade da mulher.
Já a violência sexual é a mais
significativa na faixa de 1 aos 14
anos, período que apresenta
significativa concentração.
Segundo os registros, no ano
de 2011 foram atendidas acima de
13 mil mulheres vítimas de
violências sexuais. Sem contar
que de 2011 para cá, a
porcentagem de violências
sexuais contra mulheres só
aumentam. Entre os 84 países do
mundo que divulgaram dados a
partir do sistema de estatísticas
da OMS o Brasil, com sua taxa de
4,4 homicídios para cada 100 mil
mulheres ocupa a 7ª colocação,
como um dos países de elevados
níveis de feminicídio.
A violência contra a mulher
é considerada uma questão
complexa, multifacetada que está
diretamente ligada ao machismo,
que viola os direitos humanos,
provocando danos à saúde física
e mental das vítimas, de suas
famílias e da sociedade. Além
disso, está relacionada com as
categorias de gênero, classe, etnia
e suas relações de poder, tendo
em vista que um homem quando
se sente no direito de agredir
fisicamente, psicologicamente ou
sexualmente uma mulher, se
sente superior a ela, e ela não é
nada além de um objeto no qual
ele pode usufruir do jeito que
quiser.
No âmbito do direito,
infelizmente a maioria das
legislações, incluindo a brasileira,
tradicionalmente primou por
colocar homens e mulheres em
patamares desiguais. Iáris
Ramalho Cortês menciona que o
Brasil já passou por 8
constituições, sendo a primeira
em 1824, a segunda foi elaborada
em 1891 em clima republicano,
mas segundo as palavras da
autora:
[...] Só 112 anos depois da
Independência é que foi
elaborada uma Constituição que
consagrou explicitamente o
princípio da igualdade entre os
sexos, proibindo diferença de
salário para um mesmo trabalho
por razão do sexo e o trabalho
das mulheres em indústrias
insalubres. Garantiu assistência
médica e sanitária à gestante e
descanso à mulher antes e depois
do parto. Com relação à família, a
Constituição de 1934 criou um
artigo específico, afirmando que o
casamento civil era indissolúvel.
Estabeleceu que, se celebrado
perante autoridade competente, o
casamento religioso teria os
efeitos do civil e definiu que a lei
civil determinaria os casos do
desquite e anulação do
casamento. Três anos antes, por
Decreto, a mulher conquistara o
direito de votar e ser votada1.
Com isso percebemos o quão
lento é o processo de
democratização e participação da
mulher na política, inserção da
mesma na sociedade. Um
exemplo disso é que só apenas
em 2006 foi decretada uma lei que
combate a violência contra a
mulher e dá visibilidade ao
assunto.
A Lei n. 11.340 (Lei de
Combate à Violência Doméstica)
ou Lei Maria da Penha, como
ficou conhecida, conceitua a
violência doméstica e familiar
contra a mulher e apresenta suas
diversas formas: física, sexual,
psicológica, patrimonial e moral;
aponta os locais de abrangência
da lei: casa, trabalho, relações de
afeto ou de convivência presente
ou passada; estabelece medidas
de assistência e proteção às
mulheres em situação de
violência doméstica e familiar.2
1 CORTÊS, Iáris Ramalho. A trilha legislativa da mulher.
PINSKY, Carla Bassanezzi; PEDRO, Joana Maria (Org.).
Nova história das mulheres no Brasil.SP: Contexto, 2012, p.
261.
2 Ibid p.277
Seus principais objetivos são o de
prevenir, educar, mudar
comportamentos e punir
agressores.
Essa lei também inclui a
criação de Juizados Especiais e
Centros de Atendimento
Multidisciplinares, núcleos de
defensoria pública, casas-abrigos,
programas e campanhas de
enfrentamento da violência
doméstica e familiar, mas na
prática a Lei não funciona
conforme foi formulada,
deixando lacunas. Sem contar que
o Brasil tem mais de 5.500
municípios e apenas: 375
Delegacias Especializadas de
Atendimento à Mulher; 115
Núcleos de atendimento; 207
Centros de Referência (atenção
social, psicológica e orientação
jurídica); 72 Casas Abrigo; 51
Juizados Especializados em
Violência Doméstica; 47 Varas
Adaptadas. Ou seja, percebemos
que as políticas públicas no que
diz respeito as mulheres no
Brasil, são pouco eficazes e
poucos municípios contam com
um atendimento especializado
volta as mulheres.
E nós, como futuros
cientistas sociais o que temos a
ver com isso? O que podemos
fazer para que o número de
violência contra mulher
diminua? Primeiramente
precisamos estar conscientes que
nenhuma mulher é objeto, e está a
mercê de seu companheiro, filho,
seja lá qual seja o vínculo, nada
justifica uma violência física
muito menos a violência sexual
exercida. Segundo, não é a roupa
que a mulher/menina usa que vai
dizer o que ela é ou o que deixa
de ser. Percebemos que muitos
casos de estupros são
justificados pelo tamanho da
saia, do vestido na qual a vítima
estava vestida. Uma roupa curta
não é um convite ao estupro e
não significa que essa mulher
seja fácil. Precisamos descontruir
essa ideia que foi socialmente
construída que a mulher é fácil,
“vadia”, “biscate” pela roupa que
está usando.
Em terceiro lugar, temos
total autonomia como indivíduos
de cobrar do Ministério Público
uma maior efetividade da Lei
Maria da Penha, pois no papel ela
é muito bonita, mas na prática ela
é ineficaz, as equipes
multidisciplinares não existem na
maioria dos estados, as casas
abrigos encontra-se em situações
precárias – isso quando existem,
sem contar o atendimento na
Delegacia da Mulher, os/as
funcionários/as na maioria das
vezes são despreparados, a todo
tempo expõem as vítimas, não há
um cuidado no tratamento dessas
mulheres que chegam à Delegacia
para denunciar.
Perante a isso, cabe a nós
mulheres e homens lutarem para
que o machismo vá por água a
baixo, lutar para que as mulheres
sejam livres e não submetidas a
situações de agressão, muito
menos serem vistas como objetos
sexuais no qual qualquer um
pode tocá-la sem permissão.
A COORDENAÇÃO
NACIONAL 2012-2013 dedica
esta cartilha a todxs xs militantxs
sociais que insurgem e se
posicionam lutando pela
liberdade, igualdade, dignidade e
valorização do ser humano, a
única via possivel para a
emancipação definitiva de todxs.
Essa cartilha foi organizada
de forma colaborativa contendo
textos ordenados sob o prospecto
de um eixo comum: a militância
como ferramenta de libertação.
Empreendemos análises sobre a
política nacional focando
principalmente na educação.
Pontuamos alguns elementos que
problematizam e incitam a defesa
da educação pública, de
qualidade e para todxs,
objetivando estimular o debate
por todxs xs quais tiverem acesso
à ela.
Agradecemos portanto a
todxs xs colaboradorxs que direta
ou indiretamente contribuiram
para a construção do conteúdo.
Antonio Barbosa (UFES),
André Flores (UFRRJ) , William
Santana (USP), Lucano Lobo
(UFC) e Camilla Galetti (UEM), a
esses companheirxs desejamos
expressar aqui nossa gratidão
pelo auxilio valioso.
Esperamos que xs novxs e
antigxs companheirxs de
militância se alegrem, se sintam
representadxs por essa cartilha e
encontrem motivos para nos
querer bem.
Alegremente, Coordenação
Nacional da ANECS 2012-2013:
UFC, UFMT, UFRJ, UFRR e UFSM
"Não queremos, não aceitamos
nada, absolutamente nada do que aí
está. Temos que reformar tudo, da
cabeça aos pés". - Oswaldo Aranha
- antes da revolução de 30.
1. Concepções gerais (visão do mundo)
A ANECS se posiciona contra a sociedade capitalista - ou
qualquer outro modo de produção - que mercantiliza e precariza
todas as esferas de sociabilidade da humanidade e da natureza,
explorando e oprimindo cotidianamente a classe trabalhadora.
A ANECS não se limita ao campo da institucionalidade na luta
pela emancipação humana. Contra a criminalização dos
movimentos sociais
A ANECS se aproxima e dialoga com movimentos sociais,
movimentos populares e organizações da classe trabalhadora,
que pautem e aglutinem forças para uma mudança social,
econômica e ideológica.
Nos colocamos contrárixs ao patriarcado, machismo, racismo e
homofobia, por entender que as lutas identitárias são partes do
processo de construção de uma sociedade livre que estimula as
potencialidades e respeite a diversidade humana. Nesse sentido,
defendemos a transversalidade do combate às opressões na
formulação e ação da ANECS.
A ANECS é uma entidade feminista.
A ANECS se propõe à apropriação da arte e da cultura como
ferramentas de transformação social.
Concebemos o Movimento Estudantil como movimento social,
por possuir um sujeito (estudantes) e uma pauta específica
(educação), mesmo que possa atuar em conjunto com outros
movimentos sociais com pautas distintas (passe-livre, etc).
2. Caráter das Ciências Sociais e da Educação
Entendemos a relação de unidade entre teoria e prática como
ponto primordial para a transformação da realidade.
Contra a mercantilização da educação e o produtivismo
acadêmico.
Orientação da Formação dxs cientistas sociais voltados para a
transformação da realidade social, para a classe trabalhadora e
para as diversidades étnicas, de gênero, orientação sexual,
cultural.
Construir uma educação que seja emancipadora, que desperte o
senso crítico e que contemple todas as capacidades do ser
humano, combatendo a concepção que dissocia o fazer e o
pensar.
Por uma educação pública, gratuita, popular, de qualidade, laica,
antissexista e que respeite a diversidade sexual, étnica e
religiosa.
Construir uma educação que seja emancipadora, que desperte o
senso critico e que contemple todas as capacidades do ser
humano.
Que a ANECS seja um espaço de atuação e formação política em
todas as suas instâncias.
A ANECS se posiciona na defesa do acesso e permanência
estudantil, pois entendemos que a garantia de moradia,
alimentação, transporte, material blibliográfico, creches,
aumento da quantidade e valor das bolsas, além de outras
pautas locais são direitos conquistados pelo movimento
estudantil, e indispensáveis à formação do(a) estudante.
Defendemos a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão.
Posicionamo-nos contrários à fragmentação do conhecimento
assim como à reverberação deste processo nas ciências sociais.
Nesse sentido, defendemos a indissociabilidade das áreas
(antropologia, sociologia e ciência política), bem como das
modalidades de graduação (licenciatura e bacharelado).
3. Comunicação
Combater e denunciar formas de corrupção e manipulação de
informações, em especial quando compromete o direito público
de veracidade dos fatos, as ações políticas dos sujeitos, a justiça e
o favorecimento pessoal e de grupos. Nesse sentido, defendemos
as mídias alternativas de forma a se contrapor às mídias
dominantes.
Fomentar mídias que contemplem essa carta de princípios.
A ANECS é favorável à universalização do conhecimento, que se
manifesta na prática como total e irrestrita transparência em
todos os assuntos da própria articulação.
4. ANECS
As regionais devem respeitar a estrutura organizativa proposta
nacionalmente, possuindo autonomia para definir bandeiras de
acordo com as especificidades locais, desde que estas não se
oponham às deliberações nacionais.
A ANECS deve ser horizontal em todo o processo de construção
de seus espaços.
Apartidarismo, mas não antipartidarismo entre os espaços do
MECS. Que a ANECS se mantenha autônoma e independente de
qualquer grupo ou organização política partidária ou não.