Cartilha Ato Medico

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AT O M D I C OA LEI DA REGULAMENTAO DA MEDICINA E A DEFESA DOS DIREITOS DO CIDADO

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIAApoio: Associao Brasileira de Laboratrios de Anatomia Patolgica e Citopatologia (ABRALAPAC) Sociedade Sociedade Brasileira de Citopatologia (SBC) Brasileira de Patologia - 1

EXPEDIENTEA LEI DA REGULAMENTAO DA MEDICINA E A DEFESA DOS DIREITOS DO CIDADOCarlos Alberto Fernandes RamosVice-Presidente para Assuntos Profissionais da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP)Artigos Especiais: Roberto Luiz DvilaPresidente do Conselho Federal de Medicina (CFM)

Jos Luiz Gomes do Amaral

Presidente da Associao Mdica Brasileira (AMB)

DIRETORIA EXECUTIVA DA SBP Celso Rubens Vieira e Silva Presidente Leila Maria Cardo Chimelli Vice-Presidente para assuntos Acadmicos Carlos Alberto F. Ramos Vice-Presidente para assuntos Profissionais Sueli Aparecida Maeda Pereira Secretrio Geral Joo Noberto Stvale Tesoureiro Carlos Renato Almeida Melo Secretrio Adjunto Paulo Srgio Zoppi Tesoureiro Adjunto DIRETORIA EXECUTIVA DA ABRALAPAC Paulo Srgio Zoppi Presidente Maria Salete Trigueiro de Arajo Vice-Presidente Sheila Rochlin Secretrio Geral Lus Vitor de Lima Salomo Tesoureiro Tamara Candeia de Mattos Secretrio Adjunto Herclio Fronza Jnior Tesoureiro Adjunto Publicao, distribuio e informaes:Sociedade Brasileira de Patologia (SBP)

Rua Ambrosina de Macedo, 79 Vila Mariana - CEP 04013-030 [email protected] www.sbp.org.br So Paulo SP (2009)

Associao Brasileira de Laboratrios de Patologia e Citopatologia (ABRALAPAC)

Rua Padre Machado, 455 Vila Mariana CEP 04127-000 [email protected] www.abralapac.org.br So Paulo SP (2009)

NDICEINTRODUO O ato mdico e a populao Captulo I Captulo II Captulo III Captulo IV Captulo V Captulo VI Captulo VII Captulo VIII Captulo IX Captulo X Captulo XI Captulo XII Captulo XIII Captulo XIV Captulo XV Captulo XVI Captulo XVII Objetivos da lei Ato mdico e multidisciplinaridade Ato mdico e sade Atos mdicos no privativos & outros Atos diagnsticos Ato mdico e SUS Ato mdico e Patologia Ato mdico e Citopatologia Ato mdico e o interesse pblico Ato mdico e Biomedicina Ato mdico e direo de estabelecimentos de sade Ato mdico e o ensino da Medicina Ato mdico e o exerccio ilegal da Medicina Artigo especial: A regulamentao da medicina e o bem estar do cidado Artigo especial: Falsa polmica Carta de Bzios dos patologistas brasileiros Os diagnsticos das doenas so atos mdicos 5 6 9 10 12 13 14 16 17 19 20 21 22 23 25 27 29 31

Introduo - O ato mdico e a populao

Introduo - O ato mdico e a populaoA populao brasileira compreende o significado da Lei do Ato Mdico para regulamentao da Medicina? SIM. Desde que os princpios da lei sejam explicados de forma muito clara, e enriquecidos com os exemplos mais prticos e as questes do dia-a-dia. As perguntas adequadas para que o cidado comum possa posicionar-se contra ou a favor do ato mdico devem ser: Com quem uma mulher prefere fazer o seu parto com mdico ou parteira? Com quem uma gestante prefere fazer o pr-natal com mdico ou enfermeira? Quem adoece espera ser atendido por mdico ou outro profissional? Quem deve prescrever medicamentos para o tratamento dos nossos familiares um mdico ou um farmacutico? Quem deve investigar o diagnstico de uma enfermidade um mdico ou outro profissional? Quem submetido bipsia espera que o seu exame histopatolgico seja confiado a mdico, farmacutico ou biomdico? Quem aluno em faculdade de medicina quer ter aulas de assuntos mdicos com enfermeiros, bioqumicos ou mdicos? Quem deve operar uma apendicite um mdico, um enfermeiro ou um odontlogo? Nessas situaes, obviamente, a resposta de todos ser a mesma. Esse discernimento j est alicerado na mente das pessoas. Todos sabem o que os mdicos fazem e quando so necessrios em suas vidas. Da mesma forma, ningum indicar um mdico para: Obturar dentes Aplicar testes psicolgicos Orientar a reabilitao fisioterpica Manipular frmacos A Lei do Ato Mdico simples assim - ningum pode ser contra. A polmica falsa e no serve ao interesse pblico. Mesmo quem se diz contra, em todas as situaes previstas pelo texto legal clamar por um mdico para si, para seu amigo ou familiar. A sociedade precisa ter uma lei regulamentando a Medicina para salvaguardar os interesses do cidado, antes do que para defender os interesses da classe mdica.Sociedade Brasileira de Patologia - 5

Captulo I - Objetivos da lei

Captulo I

Objetivos da leiPor que ter uma lei para a regulamentao da Medicina? Atualmente, so 14 as profisses da sade. Excetuando-se a Medicina, que a mais antiga delas, todas as outras j foram regulamentadas por leis especficas, que definem as suas atribuies e competncias. A sociedade no pode mais esperar que as atribuies dos mdicos brasileiros continuem fora da lei Qual o objetivo da lei para a regulamentao da Medicina? Em sua essncia, o projeto aprovado na Cmara dos Deputados, em 20/10/2009 - PL 7703/2006 - sublinha a misso mdica devotada salvaguarda da sade do povo e busca de instrumentos para aperfeioamento do diagnstico, procedimentos teraputicos e profilticos. Art. 4 So atividades privativas do mdico: I formulao do diagnstico nosolgico e respectiva prescrio teraputica; objetivo da Lei do Ato Mdico: Garantir o direito do cidado de contar com um mdico para o correto diagnstico e tratamento de seu problema de sade. Proteger a sociedade do charlatanismo ou exerccio ilegal da Medicina impedindo que pessoas de m f exeram atividades privativas dos mdicos Definir as responsabilidades exclusivas dos mdicos, sobre atos que somente so ensinados em faculdades de medicina e nas ps-graduaes mdicas. Resguardar o exerccio de prerrogativas mdicas intransferveis, como: o Receitar medicamentos o Internar e dar altas hospitalares o Atestar doenas ou condies de sade o Emitir laudos diagnsticos (anatomopatolgicos e citopatolgicos), endoscpicos e de imagem o Realizar procedimentos cirrgicos ou invasivos o Sedar, anestesiar o Realizar percias mdicas o Atestar bito6 - Sociedade Brasileira de Patologia

Captulo I - Objetivos da lei

Que garantias tem a sociedade de que o exerccio da Medicina ser realizado por um profissional capacitado para tal? O PL 7703/2006 dispe: Art. 2 O objeto da atuao do mdico a sade do ser humano e das coletividades humanas, em benefcio da qual dever agir com o mximo de zelo, com o melhor de sua capacidade profissional e sem discriminao de qualquer natureza. O mdico avaliado e fiscalizado por instncias de controle profissional, como os Conselhos Federal e Regional de Medicina, alm das associaes mdicas.Com a regulamentao da Medicina ficar claro, em lei, as atribuies dos mdicos, as coisas que s eles fazem e que s eles esto preparados para fazer. Isto no s impedir que outras pessoas exeram atividades tpicas dos mdicos, como tambm exigir dos prprios mdicos maior responsabilidade na execuo de suas funes. (Comisso Nacional em Defesa do Ato Mdico).

Quem mais se beneficiar com a aprovao da Lei do Ato Mdico? A sociedade brasileira, com uma assistncia sade mais qualificada, promovida pelo trabalho harmonizado das equipes multiprofissionais, em sintonia com os dispositivos estabelecidos em lei.O projeto de lei simplesmente aprova o que a sociedade j sabe e espera dos mdicos (Comisso Nacional em Defesa do Ato Mdico)

O atual projeto de lei para Regulamentao da Medicina acaba com a autonomia dos demais profissionais da sade e criminaliza vrios cuidados hoje por eles exercidos, prejudicando a populao beneficiria desses servios? NO. As treze outras profisses da sade: Tm suas competncias estabelecidas nas leis que as regulamentaram anteriormente. Elas so autnomas dentro desses limites. No podem utilizar o PL 7703/2006 para estabelecer novos escopos para as suas atividades. Para manter-se na legalidade, devem assegurar populao assistida que os cuidados oferecidos por seus profissionais esto previstos nas suas prprias leis.Sociedade Brasileira de Patologia - 7

Captulo I - Objetivos da lei

A aprovao do PL 7703/2006 em nada mudar o status de legalidade das demais profisses da sade*, conforme os vrios pargrafos do artigo 4: 2 No so privativos dos mdicos os diagnsticos psicolgico, nutricional e socioambiental, e as avaliaes comportamental e das capacidades mental, sensorial, perceptocognitiva e psicomotora. 6 O disposto neste artigo no se aplica ao exerccio da Odontologia, no mbito de sua rea de atuao. 7 So resguardadas as competncias especficas das profisses de assistente social, bilogo, biomdico, enfermeiro, farmacutico, fisioterapeuta, fonoaudilogo, nutricionista, profissional de educao fsica, psiclogo, terapeuta ocupacional, tcnico e tecnlogo de radiologia, e outras profisses correlatas que vierem a ser regulamentadas. *Nas pginas 23 a 24, so apresentadas algumas notcias que demonstram que as situaes ilegais j so alcanadas pela Justia ou denunciadas pela mdia, independentemente da existncia da Lei do Ato Mdico.

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Captulo II - Ato mdico e multidisciplinaridade

Captulo II

Ato mdico e multidisciplinaridadeA aprovao do PL 7703/2006 pode dificultar o atendimento multiprofissional dos pacientes pelas equipes de sade? NO. No texto atual do PL 7703/2006, no existe qualquer referncia que coloque os demais profissionais da sade em posio subalterna aos mdicos. Nenhum profissional ser excludo do sistema de sade. Em relao ao atendimento multidisciplinar, a lei em nada mudar as prticas de atendimento vigentes, seja no SUS seja na atividade privada. A aprovao do PL 7703/2006 representa um retrocesso multiprofissionalidade da ateno em sade? NO. Pelo contrrio, o texto aprovado na Cmara dos Deputados enfatiza que as regulamentaes de cada uma das profisses da sade j tm suas competncias definidas em lei, no podendo haver choque entre os seus escopos e a Lei do Ato Mdico. Que artigos do PL 7703/2006 resguardam o exerccio autnomo das vrias profisses de sade? O artigo 4 define as atividades privativas dos mdicos, entretanto, ressalva, em vrios pargrafos, os atos que podem ser compartilhados com outros profissionais, como tambm as competncias especficas de todas as outras profisses da sade: 2 No so privativos dos mdicos os diagnsticos psicolgico, nutricional e socioambiental, e as avaliaes comportamental e das capacidades mental, sensorial, perceptocognitiva e psicomotora. 6 O disposto neste artigo no se aplica ao exerccio da Odontologia, no mbito de sua rea de atuao. 7 So resguardadas as competncias especficas das profisses de assistente social, bilogo, biomdico, enfermeiro, farmacutico, fisioterapeuta, fonoaudilogo, nutricionista, profissional de educao fsica, psiclogo, terapeuta ocupacional, tcnico e tecnlogo de radiologia, e outras profisses correlatas que vierem a ser regulamentadas.O PL 7703/2006 estimula a mtua colaborao entre todos os profissionais da sade - dentro de suas respectivas competncias - com o objetivo nico de garantir o bem estar individual e coletivo dos cidados. (Dr. Roberto Luiz Dvila, presidente do Conselho Federal de Medicina. Folha de So Paulo, 12/11/09)Sociedade Brasileira de Patologia - 9

Captulo III - Ato mdico e sade

Captulo III

Ato mdico e sadeO texto do PL 7703/2006 est em harmonia com os conceitos modernos de sade? SIM. De acordo com a OMS (Organizao Mundial da Sade), a sade deve ser compreendida como o bem estar fsico, psquico e social do ser humano e no somente a ausncia de enfermidade ou invalidez. A promoo da Sade deve resultar do trabalho multidisciplinar das diversas reas profissionais, cada uma delas contribuindo nos limites de sua competncia para o bem estar fsico, psquico e social do ser humano. A multidisciplinaridade no significa todos fazendo tudo, mas cada um fazendo sua parte nas aes de promoo da sade ou recuperao da doena. Os atos profissionais devem estar relacionados com a capacidade para realizar as atividades respectivas. O conhecimento terico e cientifico para exercer as atividades de sade so adquiridas nos bancos das faculdades. Assim, a populao recebe profissionais qualificados e com competncia tcnica para o exerccio de determinada profisso. Os atos privativos do mdico esto resguardados, mas, a Lei de Regulamentao da Medicina tambm incluir garantias para o compartilhamento de atividades com outros profissionais. O artigo 4 (PL 7703/2006) esclarece que: 2 No so privativos dos mdicos os diagnsticos psicolgico, nutricional e socioambiental, e as avaliaes comportamental e das capacidades mental, sensorial, perceptocognitiva e psicomotora. 6 O disposto neste artigo no se aplica ao exerccio da Odontologia, no mbito de sua rea de atuao. 7 So resguardadas as competncias especficas das profisses de assistente social, bilogo, biomdico, enfermeiro, farmacutico, fisioterapeuta, fonoaudilogo, nutricionista, profissional de educao fsica, psiclogo, terapeuta ocupacional, tcnico e tecnlogo de radiologia, e outras profisses correlatas que vierem a ser regulamentadas. O PL 7703/2006 confere o mesmo grau de importncia aos profissionais da sade, atuando nas diferentes situaes assistenciais.10 - Sociedade Brasileira de Patologia

Captulo III - Ato mdico e sade

O PL 7703/2006 impe classe mdica o absoluto respeito aos atos das demais profissies de sade, incluindo: os cuidados das equipes de enfermagem as atenes dos farmacuticos sobre o uso correto de medicamentos; as orientaes e condutas dos psiclogos; as tcnicas especializadas dos fisioterapeutas e fonoaudilogos, as dietas receitadas pelos nutricionistas; as anlises laboratoriais dos bioqumicos e biomdicos O PL 7703/2006 exige que o trabalho mdico seja realizado por mdico, no prescindindo da interveno competente dos demais profissionais da sade cada um na sua rea especfica, em benefcio do paciente. A Lei para Regulamentao da Medicina fortalecer o trabalho em equipe, o trabalho multidisciplinar, na rea da sade, conforme o artigo 3 do PL 7703/2006 Art. 3 - O mdico integrante da equipe de sade que assiste o indivduo ou a coletividade atuar em mtua colaborao com os demais profissionais de sade que a compem A classe mdica afinal no desrespeitaria o seu Cdigo de tica Mdica (1988), que estabelece: Art. 18 - As relaes do mdico com os demais profissionais em exerccio na rea de sade devem basear-se no respeito mtuo, na liberdade e independncia profissional de cada um, buscando sempre o interesse e o bem-estar do paciente. Com o PL 7703/2006, a sociedade dever receber uma lei clara, objetiva, que no desmerece a equipe multiprofissional, enquanto define as prerrogativas exclusivas do mdico e as atividades que podem ser compartilhadas. A sade da populao no pode ser assegurada sem equipes multiprofissionais e muito menos sem a presena do mdico.

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Captulo IV - Atos mdicos no privativos & outros

Captulo IV

Atos mdicos no privativos & outrosO projeto de lei para Regulamentao da Medicina restringe as atividades das outras profisses? NO. Muitos procedimentos mdicos podem ser realizados por outros profissionais. Esto relacionados no artigo 4 do PL 7703/2006: 5. Excetuam-se do rol de atividades privativas do mdico: I aplicao de injees subcutneas, intradrmicas, intramusculares e intravenosas, de acordo com a prescrio mdica; II cateterizao nasofaringeana, orotraqueal, esofgica, gstrica, enteral, anal, vesical, e venosa perifrica, de acordo com a prescrio mdica; III aspirao nasofaringeana ou orotraqueal; IV punes venosa e arterial perifricas, de acordo com a prescrio mdica; V realizao de curativo com desbridamento at o limite do tecido subcutneo, sem a necessidade de tratamento cirrgico; VI atendimento pessoa sob risco de morte iminente; VII a realizao dos exames citopatolgicos e seus respectivos laudos; VIII a coleta de material biolgico para realizao de anlises clnicolaboratoriais; IX os procedimentos realizados atravs de orifcios naturais em estruturas anatmicas visando recuperao fsico-funcional e no comprometendo a estrutura celular e tecidual. O PL 7703/2006 impe classe mdica o absoluto respeito aos atos das demais profisses de sade. O artigo 4 esclarece que: 2 No so privativos dos mdicos os diagnsticos psicolgico, nutricional e socioambiental, e as avaliaes comportamental e das capacidades mental, sensorial, perceptocognitiva e psicomotora. 6 O disposto neste artigo no se aplica ao exerccio da Odontologia, no mbito de sua rea de atuao. 7 So resguardadas as competncias especficas das profisses de assistente social, bilogo, biomdico, enfermeiro, farmacutico, fisioterapeuta, fonoaudilogo, nutricionista, profissional de educao fsica, psiclogo, terapeuta ocupacional, tcnico e tecnlogo de radiologia, e outras profisses correlatas que vierem a ser regulamentadas. Essas disposies delimitam as prerrogativas legais da atividade mdica. Elas vedam ao mdico as prticas especficas das demais profisses da sade, como obturar dentes, manipular frmacos, aplicar testes psicolgicos, etc.12 - Sociedade Brasileira de Patologia

Captulo V - Atos diagnsticos

Captulo V

Atos diagnsticosOs diagnsticos so atos exclusivos dos mdicos? As treze profisses da sade j regulamentadas (parceiras da Medicina) tm seus escopos direcionados para: Ato de cuidar Ato teraputico Educao em sade As aes da Medicina so direcionadas tambm para: Diagnstico de doenas Indicao teraputica Essas competncias esto muito bem definidas nas prticas assistenciais vigentes, que esto perfeitamente assimiladas no novo texto legal (PL 7703/2006): Artigo 4 So atividades privativas do mdico: I formulao do diagnstico nosolgico e respectiva prescrio teraputica; Para dirimir qualquer dvida, o diagnstico nosolgico ou diagnstico das doenas est definido na prpria lei: 1 Diagnstico nosolgico a determinao da doena que acomete o ser humano, aqui definida como interrupo, cessao ou distrbio da funo do corpo, sistema ou rgo, caracterizada por no mnimo 2 (dois) dos seguintes critrios: I agente etiolgico reconhecido; II grupo identificvel de sinais ou sintomas; III alteraes anatmicas ou psicopatolgicas. Existem diagnsticos que devem ser realizados por outros profissionais da sade. Esses diagnsticos no so nosolgicos, no identificam doenas, havendo ressalvas sobre tais prticas no pargrafo segundo do artigo 4: 2 No so privativos dos mdicos os diagnsticos psicolgico, nutricional e socioambiental e as avaliaes comportamental e das capacidades mental, sensorial, perceptocognitiva e psicomotora.Sociedade Brasileira de Patologia - 13

Captulo VI - Ato mdico e SUS

Captulo VI

Ato mdico e SUS correta a afirmao de que a Lei do Ato Mdico desestabilizar o SUS? poder

NO. Com relao aos programas de preveno de cncer do colo uterino, no haver impedimento para a participao de profissionais no-mdicos na realizao dos exames colpocitolgicos (Papanicolaou). Ao mdico, entretanto, caber a responsabilidade pelo diagnstico. As milhares de pacientes do sistema SUS, beneficiadas com os programas de preveno do cncer do colo uterino no ficaro desasistidas, porque a lei garante que os exames citopatolgicos preventivos (Papanicolaou) podero tambm ser realizados de forma multidisciplinar, com a participao de mdicos e de outros profissionais habilitados para compartilhar esse trabalho. Conforme o artigo 4 do PL 7703/2006: Art. 4 So atividades privativas do mdico: I formulao do diagnstico nosolgico e respectiva prescrio teraputica; VIII - emisso dos diagnsticos anatomopatolgicos e citopatolgicos 5 Excetuam-se do rol de atividades privativas do mdico: VII a realizao dos exames citopatolgicos e seus respectivos laudos. Como a nova legislao poder contribuir para o aperfeioamento do Sistema nico de Sade (SUS)? Em obedincia aos dispositivos do PL 7703/2006, os gestores pblicos, em todas as esferas (federal, estadual e municipal), devero suprir a carncia de mdicos em suas equipes. A assistncia mdica no pode estar disponvel apenas para os que contam com recursos para pagamento de consultas ou de procedimentos ou de planos privados de sade. As aes que competem aos demais profissionais da sade continuaro sob suas respectivas responsabilidades, respeitando-se as autonomias e o trabalho das equipes multiprofissionais, integradas aos programas assistenciais do Sistema nico de Sade (SUS). O texto do PL 7703/2006 contribui para o aperfeioamento da ateno aos milhes de usurios, exigindo do mdico:14 - Sociedade Brasileira de Patologia

Captulo VI - Ato mdico e SUS

Art. 3 - O mdico integrante da equipe de sade que assiste o indivduo ou a coletividade atuar em mtua colaborao com os demais profissionais de sade que a compem. Os graves problemas assistenciais freqentemente denunciados na esfera do SUS (carncia de mdicos, baixa remunerao profissional, precariedade dos estabelecimentos, sucateamento de equipamentos, etc.) sero resolvidos com a Lei do Ato Mdico? NO. Os graves problemas do SUS no esto diretamente relacionados com a regulamentao da Medicina, mas com a m gesto pblica e a carncia de recursos para as melhorias de todo o sistema. No SUS ou na medicina privada, h situaes nas quais a consulta mdica deve obrigatoriamente anteceder o tratamento com outros profissionais de sade? SIM. Alguns dos exemplos a seguir provam que necessrio consultar um mdico antes de tratamento com: FISIOTERAPEUTAS exemplo: vcios de postura, dores na coluna podem ser causados por cncer na coluna. NUTRICIONISTAS exemplo: a obesidade pode refletir disfunes hormonais ou metablicas. PSICLOGOS exemplo: transtornos mentais podem exigir utilizao de tratamento medicamentoso. FONOAUDILOGOS exemplo: rouquido pode resultar de cisto de prega vocal ou mesmo cncer. Nessas situaes, o tratamento no-mdico alm de ineficaz poder protelar a necessria assistncia mdica e at reduzir as chances de cura de uma doena grave. O PL 7703/2006 protege o paciente do SUS, porque exige a presena de mdico nas equipes multiprofissionais. Assim, evita-se a perda de tempo com remarcaes de consultas e tratamentos inadequados.Sociedade Brasileira de Patologia - 15

Captulo VII - Ato mdico e Patologia

Captulo VII

Ato mdico e PatologiaEm laboratrio de Patologia, que funes podem ser delegadas a profissionais no-mdicos de nvel superior? O exerccio profissional da Patologia (Anatomia Patolgica) privativo do mdico. Atualmente, existem bilogos, biomdicos, farmacuticos ou mesmo enfermeiros trabalhando em laboratrios de Patologia, como tcnicos. Nessa funo, os profissionais desempenham suas atividades porque conseguiram qualificar-se na rea de histotecnologia, para o exerccio de uma funo tcnica, de nvel mdio. Para tal profisso, nenhum curso superior pr-requisito. Biomdico pode atuar plenamente em Laboratrio de Patologia (Anatomia Patolgica)? A Anatomia Patolgica uma especialidade mdica. Biomdicos que atualmente trabalham em laboratrios de Patologia desempenham funes tcnicas, na preparao de lminas histolgicas ou como auxiliares de macroscopia. No so autorizados ao estudo dos exames, interpretao de resultados ou a assumir responsabilidades pelos laudos correspondentes. Um estabelecimento mdico pode contratar um Laboratrio de Anlises Clnicas para a realizao de exames anatomopatolgicos? Laboratrio clnico sem mdico na funo de diretor tcnico no pode servir de posto de coleta para procedimentos mdicos, conforme estabelece o Decreto n 20931/32: Art. 28 Nenhum estabelecimento de hospitalizao ou de assistncia mdica pblica ou privada poder funcionar, em qualquer ponto do territrio nacional, sem ter um diretor tcnico e principal responsavel, habilitado para o exerccio da medicina nos termos do regulamento sanitrio federal. Esse entendimento ser reforado com a aprovao do PL 7703/2006 Art. 5 So privativos de mdico: I direo e chefia de servios mdicos; II percia e auditoria mdicas, coordenao e superviso vinculadas, de forma imediata e direta, s atividades privativas de mdico;16 - Sociedade Brasileira de Patologia

Captulo VIII - Ato mdico e Citopatologia

Captulo VIII

Ato mdico e CitopatologiaCom a aprovao do PL 7703/2006: 1 - Quais os profissionais de nvel tcnico ou superior so autorizados realizao dos exames citopatolgicos para preveno de cncer do colo do tero? 2 - Quais os requisitos necessrios para isso? Questo n. 1 Exames citopatolgicos podero ser realizados por profissionais que provem habilitao legal para esse trabalho. Conforme o artigo 4 do PL 7703/2006: 5 Excetuam-se do rol de atividades privativas do mdico: VII a realizao dos exames citopatolgicos e seus respectivos laudos. O diagnstico citopatolgico, entretanto, prerrogativa do mdico, conforme os dispositivos: Art. 4 So atividades privativas do mdico: I formulao do diagnstico nosolgico e respectiva prescrio teraputica; VIII - emisso dos diagnsticos anatomopatolgicos e citopatolgicos; Questo n 2 Para o exerccio da Citopatologia, o mdico deve ter Ttulo de Especialista em Citopatologia e/ou Ttulo de Especialista em Patologia e/ou Residncia Mdica em Patologia. O entendimento da Citopatologia como Ato Mdico j fora resguardado anteriormente em decises judiciais? Em 01 de dezembro de 2008, o Juiz Federal Substituto da 3 Vara/DF defiriu parcialmente a liminar para suspender os artigos 7, 8 e 9, da Resoluo CFM N1823/2207, at a deciso do mrito. O juiz do Tribunal Regional Federal 1 Regio, Rafael Paulo Soares, suspendeu a liminar do Conselho Federal de Farmcia (CFF) e garantiu que a realizao de exames anatomopatolgicos e citopatlogicos seja responsabilidade exclusiva do profissional mdico.Sociedade Brasileira de Patologia - 17

Captulo VIII - Ato mdico e Citopatologia

Com a aprovao do PL 7703/2006, profissionais habilitados podero compartilhar a realizao de exames citopatolgicos preventivos (Papanicolaou) com os mdicos, que so responsveis pelo diagnstico. Um exemplo de trabalho multidisciplinar. O termo diagnstico citopatolgico existe na literatura cientfica? SIM. A expresso diagnstico citopatolgico tambm est presente em vrios ttulos de livros clssicos da Citopatologia e tambm em revistas mdicas internacionais. Alguns exemplos so: Cytology: Diagnostic Principles and Clinical Correlates, Expert Consult - Online and Print by Edmund S. Cibas MD and Barbara S. Ducatman MD Koss Diagnostic Cytology And Its Histopathologic Bases 2 vol. set by Leopold G Koss and Myron R Melamed Color Atlas of Immunocytochemistry in Diagnostic Cytology by Parvin Ganjei-Azar and Mehrdad Nadji Fine Needle Aspiration Cytology: A Volume in Foundations in Diagnostic Pathology by Mary K. Sidawy MD and Syed Z. Ali MD

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Captulo IX - Ato mdico e o interesse pblico

Captulo IX

Ato mdico e o interesse pblicoComo ser beneficiada a populao pela Lei de Regulamentao da Medicina? A regulamentao das atividades humanas instituda na sociedade moderna para salvaguardar os interesses da populao, beneficiando-a com a formao de profissionais competentes e responsveis. A regulamentao j produziu efeitos positivos em vrias profisses, como a abolio de prticos em atividades da Odontologia ou de auxiliares operacionais em servios de Enfermagem.A populao passa ser a grande beneficiada com a mudana, pois contar com uma linha de cuidados integral e articulada dentro de princpios de competncia e responsabilidade. Isso trar maior segurana e proteo aos pacientes ao contribuir para evitar distores que colocam a vida e o bem estar de todos em risco. As recomendaes e prescries passaro a serem implementadas segundo critrios rgidos e cientficos que asseguram que o individuo ser avaliado de forma holstica, integral, e no apenas em funo de sinais e sintomas que nem sempre refletem a real dimenso de uma doena ou agravo de sade. (Roberto Luiz Dvila, presidente do Conselho Federal de Medicina. Folha de So Paulo, em 12/11/09)

O PL 7703/2006 estabelece: Art. 2 O objeto da atuao do mdico a sade do ser humano e das coletividades humanas, em benefcio da qual dever agir com o mximo de zelo, com o melhor de sua capacidade profissional e sem discriminao de qualquer natureza. Pargrafo nico. O mdico desenvolver suas aes profissionais no campo da ateno sade para: I a promoo, a proteo e a recuperao da sade; II a preveno, o diagnstico e o tratamento das doenas; III a reabilitao dos enfermos e portadores de deficincias

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Captulo X - Ato mdico e Biomedicina

Captulo X

Ato mdico e BiomedicinaAps cursar Biomedicina o profissional pode apresentar-se como mdico? Nenhum indivduo pode apresentar-se como mdico, sem ter cursado Medicina, em instituio de ensino superior reconhecida pelo MEC. ilegal a utilizao indevida do ttulo de mdico por biomdico ou qualquer outro profissional. O PL 7703/2006 estabelece: Art. 6 - A denominao de mdico privativa dos graduados em cursos superiores de medicina e o exerccio da profisso, dos inscritos no Conselho Regional de Medicina com jurisdio na respectiva unidade da Federao. O profissional biomdico est habilitado para exercer funes semelhantes a de um mdico? O biomdico no pode realizar qualquer das atividades privativas do mdico, estabelecidas no PL 7703/2006. Por outro lado, a competncia para o exerccio de atuao do biomdico est limitada pela prpria lei que regulamenta a profisso de biomdico. O decreto n 88.439/1983, em acordo com a lei n 6.684/1979 estabelece: Art. 3 - Ao biomdico compete atuar em equipes de sade, a nvel tecnolgico, nas atividades complementares de diagnsticos; Art 5 - Sem prejuzo do exerccio das mesmas atividades por outros profissionais igualmente habilitados na forma da legislao especfica, o biomdico poder: III atuar, sob superviso mdica, em servios de hemoterapia, de radiodiagnstico e de outros para os quais esteja legalmente habilitado. A exigncia de superviso mdica para o exerccio das atividades profissionais do biomdico est estabelecida na prpria lei de regulamentao da Biomedicina, desde 1979. No foi essa uma imposio da classe mdica.20 - Sociedade Brasileira de Patologia

Captulo XI - Ato mdico e direo de estabelecimentos de sade

Captulo XI

Ato mdico e direo de estabelecimentos de sadeQual o profissional legalmente indicado para ser o Responsvel Tcnico por estabelecimento mdico? O texto do PL 7703/2006 estabelece: Art. 5 So privativos de mdico: I direo e chefia de servios mdicos; II percia e auditoria mdicas, coordenao e superviso vinculadas, de forma imediata e direta, s atividades privativas de mdico; Essa previso legal j fora estabelecida anteriormente no Decreto n 20931/1932: Art. 28 Nenhum estabelecimento de hospitalizao ou de assistncia mdica pblica ou privada poder funcionar, em qualquer ponto do territrio nacional, sem ter um diretor tcnico e principal responsvel, habilitado para o exerccio da medicina nos termos do regulamento sanitrio federal. Qual o profissional adequado para ser o Responsvel Tcnico por Laboratrio de Patologia? O Laboratrio de Patologia (ou Laboratrio de Anatomia Patolgica) um servio mdico, no qual o Responsvel Tcnico deve obrigatoriamente ser mdico inscrito no CRM do estado onde est domiciliado.

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Captulo XII Ato mdico e o ensino da Medicina

Captulo XII

Ato mdico e o ensino da MedicinaO ensino de atos mdicos, em cursos de graduao ou psgraduao atividade privativa dos mdicos? SIM. O PL 7703/2006 estabelece como atividade privativa de mdicos o ensino de disciplinas mdicas, bem como a coordenao de cursos mdicos, em nvel de graduao ou ps-graduao. Art. 5 So privativos de mdico: III ensino de disciplinas especificamente mdicas; IV coordenao dos cursos de graduao em medicina, dos programas de residncia mdica e dos cursos de ps-graduao especficos para mdicos. Pargrafo nico. A direo administrativa de servios de sade no constitui funo privativa de mdico. Que profissional pode apresentar-se sociedade como mdico? Apenas os graduados em cursos de Medicina reconhecidos pelo MEC podem apresentar-se como mdicos e exercer a profisso aps a devida inscrio no Conselho Regional de Medicina (CRM) de sua jurisdio. De acordo com o PL 7703/2006: Art. 6 A denominao de mdico privativa dos graduados em cursos superiores de medicina e o exerccio da profisso, dos inscritos no Conselho Regional de Medicina com jurisdio na respectiva unidade da Federao.

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Captulo XIII - Ato mdico e o exerccio ilegal da Medicina

Captulo XIII

Ato mdico e o exerccio ilegal da MedicinaA promulgao da Lei do Ato Mdico tambm ser o melhor instrumento para coibir o exerccio irregular da Medicina, por indivduos desprovidos de conscincia tica, que, disfarados de mdicos, no hesitam em prejudicar as pessoas. Mesmo sem formao profissional, o falso mdico no tem escrpulos para prescrever medicamentos ou vender atestados de sade. Com a Regulamenao da Medicina, as autoridades policiais podero caracterizar com facilidade os procedimentos que apenas os mdicos esto autorizados a realizar, assim podendo combater o exerccio ilegal da Medicina prtica presente frequentemente nas vrias instncias de ateno sade deste pas, conforme alguns exemplos a seguir, divulgados em diversas fontes:TRT (MG) anula laudo pericial elaborado por fisioterapeuta Laudo mdico, como o prprio nome indica, deve ser realizado por mdico, nico profissional que tem formao, capacitao e habilitao suficiente para emitir parecer ou concluso sobre o estado fsico e mental de pacientes, o que no ocorre com os profissionais de fisioterapia Fonte: Tribunal Regional do Trabalho 3 Regio Minas Gerais, 12.08.2009 Flagrada por doping, ginasta confessa que tomou a substncia porque fazia um tratamento com uma biomdica Daiane afirmou que o tratamento foi feito por uma biomdica para tirar gordura localizada, que tambm no sabia que a substncia no poderia ser usada pela ginasta. A ginasta diz que foi ingnua por ter se consultado com uma profissional que no tem ligao com a medicina esportiva. O tratamento foi feito pela minha biomdica, quando ela fez ela no sabia. Eu perguntei: tem alguma coisa, dessas enzimas, que possa fazer mal?. Eu tenho alergia a Plasil. Ela disse que no teria nada de errado, que no tinha problemas. Ela no sabia que essa substncia poderia ser usada. Fonte: www.globoesporte.com de 09/11/09 - 16h32 - Atualizado em 09/11/09 Exerccio irregular da medicina por protticos e optometristas semelhante ao que j acontece, por exemplo, com o prottico que confecciona a prtese solicitada pelo dentista e com o passar do tempo ele j se acha dentista e comea a atuar irregularmente. o caso do optometrista. um sujeito que no mdico, mas vem se apresentando como tal e enganando a populao. A optometria em separado da oftalmologia ilegal. Ela no s no reconhecida como tambm proibida no Brasil Fonte: http://revista.cremepe.org.br/13/capa.phpSociedade Brasileira de Patologia - 23

Captulo XIII - O ato mdico e o exerccio ilegal da Medicina

Cremepe denuncia exerccio ilegal da medicina em Tracunham O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) fez, nesta quarta-feira (22), uma denncia oficial de exerccio ilegal da medicina ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE). Foi entregue uma lista com os nomes de dez pessoas que atuavam, sem registro, como mdicos plantonistas na Unidade Mista Maria Gercina da Silva (foto), em Tracunham, na Zona da Mata de Pernambuco. Fonte: http://pe360graus.globo.com/noticias/cidades/saude/ Cremepe flagra exerccio ilegal da medicina Nos ltimos cinco anos, 43 casos de exerccio ilegal da medicina foram flagrados pelas fiscalizaes do Cremepe e 40 atestados falsos identificados. Fonte: http://revista.cremepe.org.br/13/capa.php Doena resultante da atividade profissional no pode ser atestada com base em laudo pericial produzido por fisioterapeuta. A 1 Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, rejeitou o recurso de uma empregada da Seara Alimentos que pretendia provar doena profissional com base no laudo. O relator do recurso, ministro Lelio Bentes Corra, afirmou que o Tribunal Regional do Trabalho da 24 Regio (MS) desconsiderou a caracterizao de doena ocupacional, por entender que o laudo pericial fora assinado por fisioterapeuta, e no por mdico especializado. Fonte: http://www.fetraconspar.org.br/informativos/2009/2063_22_10_09.htm Cremepe denuncia exerccio ilegal da medicina em Tracunham A denncia foi feita tambm na Delegacia de Polcia Especializada para apurar o exerccio ilegal e falsidade ideolgica dos envolvidos. O conselho de medicina abriu, ainda, procedimento administrativo para apurar a responsabilidade dos mdicos envolvidos, inclusive da secretria de sade e da diretora da unidade por possvel facilitao do exerccio ilegal. Fonte: http://revista.cremepe.org.br/13/capa.php Cresce a atuao de falsos mdicos e o exerccio ilegal da medicina no Estado de So Paulo O Cremesp registrou 70 denncias em 2007, mais que o dobro de 2006. O problema cresceu trs vezes em relao a 2005. O Conselho acredita que o problema possa ser ainda maior, pois muitos casos sequer so registrados. Os casos de falsos mdicos envolvem criminosos que clonam os dados pessoais, utilizam nome e nmero de CRM e at falsificam documentos de mdicos legalmente registrados no Cremesp. Ou seja, se fazem passar pelo mdico verdadeiro. Alguns chegam a ser contratados por servios de sade e por outros empregadores. Tambm h aqueles que atuam em consultrios particulares ou na venda de atestados mdicos (geralmente para justificar dispensa em trabalho) e na venda de receitas mdicas (geralmente de medicamentos de uso controlado). O Cremesp chama a ateno das secretarias de sade, cooperativas e firmas que empregam mo-de-obra mdica, sobre o risco de contratao de falsos mdicos ou profissionais em situao irregular. Nestes casos, os empregadores podem ser co-responsabilizados legal e eticamente Fonte: www.cremesp.org.br24 - Sociedade Brasileira de Patologia

Captulo XIV - Artigo especial

Captulo XIV

Artigo especialA regulamentao da medicina e o bem estar do cidado Roberto Luiz dAvila - Presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM) Publicado na: Folha de S. Paulo Em: 12/11/2009 O Congresso Nacional est a um passo de aprovar uma lei que representa uma conquista para a Sade no Brasil. Aps ser aprovada com 292 votos favorveis pela Cmara dos Deputados, seguiu para a apreciao do Senado a proposta que regulamenta o exerccio da Medicina no pas. Apesar da aparente obviedade sobre qual o papel dos 344.034 mdicos na assistncia populao brasileira, o Projeto de Lei 7.703/2006 preenche uma lacuna importante ao definir de forma clara, objetiva, os atos privativos destes profissionais e aqueles que podem ser compartilhados com as outras 13 categorias vinculadas ao campo da sade. O texto no elimina os avanos alcanados pela multiprofissionalidade da ateno em sade. Pelo contrrio, ele valoriza o espao de enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psiclogos, bilogos, biomdicos, farmacuticos, fonoaudilogos, profissionais de educao fsica, terapeutas ocupacionais e tcnicos e tecnlogos de radiologia, entre outros, ao ressaltar o que as regulamentaes de cada uma dessas categorias j fizeram quando definiram o escopo de suas atuaes. O Projeto de Lei no impede que todos estes profissionais participem ativamente das aes de promoo da sade, de preveno de doenas e da reabilitao dos enfermos e pessoas que vivem com deficincias. Na verdade, ele estimula a mtua colaborao entre todos os profissionais da sade - dentro de suas respectivas competncias - com o objetivo nico de garantir o bem estar individual e coletivo dos cidados. Mas o Projeto vai alm e assegura algo a que todo brasileiro deve ter direito: a garantia de que o diagnstico de seu problema de sade e de que o tratamento para enfrent-lo, assim como que a realizao de procedimentos invasivos capazes de gerar risco de vida, sejam realizados por um mdico, devidamente capacitado, avaliado e fiscalizado por instncias de controle profissional, como os 28 Conselhos Federal e Regionais de Medicina, alm das associaes e sociedades mdicas. A confirmao desta conquista pelo Senado, prevista para as prximas semanas, consolidar o senso comum e a jurisprudncia existente sobre o assunto, aprovadas pelo Superior Tribunal de Justia (STJ) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).Sociedade Brasileira de Patologia - 25

Captulo XIV - Artigo especial

Quando adoecemos queremos ser atendidos por mdicos. Quando nossos filhos, pais e irmos adoecem, queremos que um mdico investigue as causas de nosso problema, o diagnostique e nos oriente sobre o que fazer. Com a ampliao e especializao dos diferentes campos do conhecimento, logicamente que outros profissionais podem participar na recuperao da sade dos pacientes. No entanto, cabe ao mdico fazer o diagnstico e o tratamento das doenas, principalmente, em funo, de sua formao profissional e pela credibilidade e confiana atribudas a ele pelos pacientes. A populao passa ser a grande beneficiada com a mudana, pois contar com uma linha de cuidados integral e articulada dentro de princpios de competncia e responsabilidade. Isso trar maior segurana e proteo aos pacientes ao contribuir para evitar distores que colocam a vida e o bem estar de todos em risco. As recomendaes e prescries passaro a serem implementadas segundo critrios rgidos e cientficos que asseguram que o individuo ser avaliado de forma holstica, integral, e no apenas em funo de sinais e sintomas que nem sempre refletem a real dimenso de uma doena ou agravo de sade. Por outro lado, a legislao ser tambm um instrumento de aperfeioamento do prprio Sistema nico de Sade (SUS) ao exigir que os gestores, em todas as esferas (federal, estadual e municipal), contem em suas equipes com mdicos. Esta uma maneira de enfrentar a iniqidade do acesso sade no pas, evitando que apenas recebam a orientao de profissionais da Medicina aqueles que tm recursos para pagar uma consulta ou um plano privado de sade. A sociedade aguarda por esta mudana, que no pode demorar mais. A regulamentao do exerccio da Medicina no prejudica categorias profissionais ou cerceia direitos. Na realidade, ela cumpre a funo de tornar cristalino o espectro das responsabilidades e das competncias da atividade mdica, fundamental para o cuidado da sade do ser humano. O tema, que est sobre a mesa dos senadores, urgente e imprescindvel para transformar o que existe de fato tambm em um direito. A Sade do Brasil espera por isso.Fonte: CFM (em www.portalmedico.org.br)

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Captulo XV - Artigo especial

Captulo XVFalsa polmica

Artigo especialJos Luiz Gomes do Amaral - Presidente da Associao Mdica Brasileira Publicado no Jornal do Brasil, em 10/11/2009 A aprovao da regulamentao da profisso mdica na Cmara dos Deputados, acompanhando deciso anterior do Senado, constitui passo fundamental para a qualificao da assistncia sade de milhes de brasileiros. Longe de interpor-se nas atribuies das profisses regulamentadas, o Projeto de Lei 7703/2006 define o escopo da Medicina, garante a transparncia quanto s responsabilidades dos diferentes profissionais e harmoniza o trabalho em equipe. Apesar disso, h quem levante contradies imaginrias. Por desateno ou flagrante m-inteno, h quem diga que o PL 7703/2006 interfere nas atividades de cirurgies-dentistas, de mdicos veterinrios e de outros profissionais de sade. Alegar que a regulamentao da medicina limite a Odontologia inverdade explcita. Visto que no artigo 4 pargrafo 6 do projeto aprovado l-se com todas as letras: O disposto neste artigo no se aplica ao exerccio da Odontologia, no mbito de sua rea de atuao. tambm bvio que o projeto em questo aplica-se a medicina humana e no veterinria. Da mesma forma, em relao aos demais, expressa o artigo 4 do pargrafo 7: so resguardadas as competncias das profisses de assistente social, bilogo, biomdico, enfermeiro, farmacutico, fisioterapeuta, fonoaudilogo, nutricionista, profissional de educao fsica, psiclogo, terapeuta ocupacional e tcnico e tecnlogo de radiologia. No h, portanto, qualquer razo para interpretar o PL 7703/2006 como restritivo. Alguns atribuem proposta de regulamentao da profisso mdica caractersticas que ela no tem. Tentam transformar em polmica um assunto j cristalizado, pois o PL o no ofende ou sobrepe-se s demais profisses da sade. Buscando cooptar adeptos, falsas lideranas desta ou daquela categoria profissional tentam impingir aos que lhes do ouvidos que a regulamentao da Medicina colocaria os demais profissionais de sade em posio subalterna. No existe qualquer referncia no texto da lei que permita tal interpretao. As profisses no so mais ou menos importantes, porm h competncias eSociedade Brasileira de Patologia - 27

Captulo XV - Artigo especial

especificidades que tem de ser respeitadas. Desse modo, garante-se a eficincia e segurana no atendimento. Finalmente, argumenta-se que o PL 7703/2006 alijaria outros profissionais do sistema de sade. O exemplo mais comum desse raciocnio equivocado supor que apenas o mdico pudesse realizar exames laboratoriais, caso do Papanicolau. Se isso ocorresse, milhares de pessoas beneficiadas por estes procedimentos ficariam desassistidas. A lei no diz isso. Ela no impede que outros profissionais participem da realizao de exames, mas reafirma que o diagnstico responsabilidade do mdico. Isto posto, cabe-nos agora esclarecer sociedade sobre o real contedo do Projeto de Lei, rebater falsos argumentos e aguardar a manifestao definitiva do Senado e da Presidncia da Repblica.Fonte: CFM (em www.portalmedico.org.br)

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Captulo XVI - Carta de Bzios dos Patologistas Brasileiros

Captulo XVI

Carta de Bzios dos Patologistas BrasileirosA Medicina brasileira ter brevemente um dispositivo legal, que regulamenta a profisso a Lei do Ato Mdico. O projeto j aprovado na Cmara dos Deputados de maior relevncia para os patologistas deste pas, quando estabelece Artigo 4 So atividades privativas do mdico: I formulao do diagnstico nosolgico e respectiva prescrio teraputica; VIII - emisso dos diagnsticos anatomopatolgicos e citopatolgicos; O atual PL 7703/2006, quando transformado em lei, reforar a Resoluo 1823/2007 do Conselho Federal de Medicina, especialmente os artigos: Art. 1 Os diretores tcnicos mdicos dos laboratrios que anunciam/ executam servios de Patologia devem garantir estrutura operacional tcnica suficiente para a realizao dos procedimentos diagnsticos na jurisdio em que suas instituies estejam registradas, responsabilizando-se, mesmo que de maneira, solidria pelos resultados emitidos. Art. 7 obrigatria nos laudos anatomopatolgicos e citopatolgicos a assinatura e identificao clara do mdico que realizou o exame da(s) amostra(s). Art. 8 O mdico assistente dever orientar os seus pacientes a encaminharem o material a ser examinado para mdico patologista inscrito no CRM de seu estado. Lembremos ainda que est prxima a vigncia do novo Cdigo de tica Mdica. A nova carta de princpios do mdico brasileiro mantm o paciente como o alvo maior do seu trabalho, reconhecendo sua autonomia e capacidade de decidir. o fim da era do autoritarismo e as aes consentidas passam a ser desejadas, em respeito ao engrandecimento da relao mdico-paciente. O mercantilismo abominado no novo Cdigo de tica Mdica. As negociaes escusas para obteno de vantagens no encontraro respaldo neste documento tico, que determina: Art. 69 No exercer simultaneamente a Medicina e a Farmcia ou obter vantagem pelo encaminhamento de procedimentos, pela comercializao de medicamentos, rteses, prteses ou implante de qualquer natureza cuja compra decorra de influncia direta em virtude de sua atividade profissional. Ns, patologistas brasileiros*, temos a obrigao de atender a nova ordem. Sabemos que os procedimentos anatomopatolgicos eSociedade Brasileira de Patologia - 29

Captulo XVI - Carta de Bzios dos Patologistas Brasileiros

citopatolgicos jamais devem servir a propsitos meramente comerciais. Resguardaremos a autonomia dos nossos pacientes, obtendo o devido consentimento para a realizao de punes, bipsias transoperatrias (congelao), imunoistoqumica, dentre outros procedimentos. Continuaremos assumindo total responsabilidade pelo nosso trabalho, formalizando-o em laudos, com a nossa assinatura e registro no CRM de nossa jurisdio. Seremos suficientemente grandes para continuarmos merecendo a confiana da sociedade brasileira, para transformarmos em benefcios cientficos, sociais e ticos o que recebermos da lei. Os patologistas brasileiros*, por ocasio do XXVII Congresso Brasileiro de Patologia, reafirmam o compromisso de classe com o novo Cdigo de tica Mdica e com os ideais estabelecidos para Regulamentao do Ato Mdico na forma da lei e de tudo o mais que for justo e necessrio para aprimoramento do exerccio profissional do mdico, em benefcio do ser humano. Bzios (RJ), 30 de outubro de 2009 (*) So patologistas os mdicos com ttulo de especialista em Patologia, emitido pela AMB e SBP e registrado em Conselho Regional de Medicina.Texto aprovado na Assemblia Geral da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).

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Captulo XVII - Os diagnsticos das doenas so atos mdicos

Captulo XVII

Os diagnsticos das doenas so atos mdicosArt. 4 - So atividades privativas do mdico: I Formulao do diagnstico nosolgico e respectiva prescrio teraputica; VIII Emisso dos diagnsticos anatomopatolgicos e citopatolgicos; A regulamentao dos diagnsticos mdicos uma das bases do PL 7703/2006. Os diagnsticos anatomopatolgicos e citopatolgicos so atos mdicos privativos porque: 1) Estabelecem benignidade ou malignidade e geram condutas teraputicas especficas; 2) So elaborados dentro de um contexto clnico, exigindo conhecimentos que permitem conferir significado s leses celulares e/ou teciduais identificadas ao microscpio; 3) A base clnica e cientfica para formulao de diagnsticos nas reas da Anatomia Patolgica e Citopatologia apenas oferecida nas escolas de Medicina, na residncia e outras ps-graduaes mdicas; 4) Em todo o mundo ocidental, o exerccio pleno da Anatomia Patolgica e Citopatologia est restrito aos mdicos; 5) No h como atribuir a outro profissional a responsabilidade para o diagnstico de cncer, em material de aspirados ou de bipsia, que eventualmente so transoperatrias (de congelao); 6) A formao em Patologia (Anatomia Patolgica e Citopatologia) do mdico exige cerca de 10 anos de estudos, em tempo integral, incluindo a qualificao obtida na Residncia Mdica. A Lei do Ato Mdico protege a sociedade e os direitos do cidado porque:

Exige a presena do mdico nas equipes de sade para estabelecerdiagnsticos das doenas e respectivos tratamentos.

Define as responsabilidades exclusivas dos mdicos, sobre atos que

somente so ensinados em faculdades de medicina e nas ps-graduaes mdicas.

Com a regulamentao da Medicina ficar claro, em lei, as atribuies dos mdicos, as coisas que s eles fazem e que s eles esto preparados para fazer. Isto no s impedir que outras pessoas exeram atividades tpicas dos mdicos, como tambm exigir dos prprios mdicos maior responsabilidade na execuo de suas funes. (Comisso Nacional em Defesa do Ato Mdico).Sociedade Brasileira de Patologia - 31

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