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CARTILHA COMBATE À BOCA DE URNA E AOS DEMAIS CRIMES ELEITORAIS Des. Ademar Mendes Bezerra Corregedor Regional Eleitoral

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CARTILHA COMBATE À BOCA DE URNA

E AOS DEMAIS CRIMES ELEITORAIS

Des. Ademar Mendes BezerraCorregedor Regional Eleitoral

CORREGEDORIA REGIONAL ELEITORAL

Des. Ademar Mendes BezerraVICE-PRESIDENTE E CORREGEDOR REGIONAL ELEITORAL

Dr. Cleber de Castro CruzJUIZ AUXILIAR

©TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO CEARÁR. Jaime Benévolo, 21 - CentroCEP 60.050-080 Fortaleza - CearáPABX: (00xx85) 3388-3500

Página na internet: www.tre-ce.jus.br

ASSESSORIA DA CRE (ASCRE)Águeda Odete Gurgel de LimaASSESSORA-CHEFE

Paulo Magno Carvalho de AlbuquerqueASSISTENTE

GABINETE DA CRE (GACRE)Rodrigo Ribeiro CavalcanteOFICIAL DE GABINETE

RELATORIA DA CRE (RELCRE)Nélida Astezia C. Cervantes - COORDENADORA

COORDENADORIA DE SUPERVISÃO EFISCALIZAÇÃO DO CADASTROELEITORAL (COFIC)João Batista Farias Lima - COORDENADOR

SEÇÃO DE DIREITOS POLÍTICOS EREGULARIZAÇÃO DE SITUAÇÃOELEITORAL (SEDIP)Vando Matias Gadelha - CHEFE

COORDENAÇÃO

Dr. Cléber de Castro Cruz

SEÇÃO DE ORIENTAÇÃO, SUPERVISÃO EFISCALIZAÇÃO DO CADASTROELEITORAL (SOSFI)João Ribeiro Lima Júnior - CHEFE

COORDENADORIA DE ASSUNTOS JURÍDICOS E CORREICIONAIS (CAJUC)Érita de Vasconcelos Barros - COORDENADORA

SEÇÃO DE ORIENTAÇÃO, INSPEÇÕES ECORREIÇÕES ELEITORAIS (SEOCE)André Luiz Pessoa Ramalho Vianna - CHEFE

SEÇÃO DE PROCESSOS DECOMPETÊNCIA ORIGINÁRIA (SEPCO)Karine Raffaelli F. N. de Faria Nunes - CHEFE

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Nagila Maria de Melo Angelim (SEDIT/EJE)

REVISÃO

Ana Izabel Nóbrega Amaral (SEDIT/EJE)

FICHA TÉCNICA

PARCERIA INSTITUCIONAL

TRE/CE:Secretaria Judiciária/SEJULEscola Judiciária Eleitoral/EJE

ADAPTAÇÃO/ATUALIZAÇÕES

Águeda Odete Gurgel de LimaJoão Ribeiro Lima JúniorPaulo Magno Carvalho de AlbuquerqueRodrigo Ribeiro CavalcanteVando Matias GadelhaVicente de Castro Bonfim Neto

SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO

1ª PARTE - Crimes Eleitorais ............................................................................. 6

Abandono do serviço eleitoral ................................................................ 6Boca de urna ............................................................................................ 8Comícios e carreatas .............................................................................. 11Uso de alto-falantes e amplificadores de som ..................................... 11Outras espécies de propaganda no dia da eleição .............................. 13Concentração de eleitores ...................................................................... 13Corrupção eleitoral .................................................................................. 15Desobediência ........................................................................................ 18Desordem ................................................................................................ 21Impedimento ou embaraço ao exercício do voto ................................... 22Fornecimento de alimentação ................................................................ 22Transporte de eleitores ........................................................................... 24

2ª PARTE - Ações Preventivas .......................................................................... 28

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Missão: “Velar pela regularidade dos serviços eleitorais, assegurando a correta aplicação de princípios e normas.”

CRIMES ELEITORAISCRIMES ELEITORAISCRIMES ELEITORAISCRIMES ELEITORAISCRIMES ELEITORAIS

Os crimes eleitorais, notadamente pela natureza da taxatividade na descriçãoda conduta típica para uma exata identificação do fato, como corolário dalegalidade que rege o Direito Brasileiro, deverão ter previsão legal precisa,evitando-se a incriminação vaga e indeterminada do fato.

Nesta cartilha, é intenção da Corregedoria Regional Eleitoral do Ceará reuniralguns crimes eleitorais que podem ser praticados no dia da eleições, fazendo-se, para tanto, a transcrição da doutrina e de algumas decisões relativas àespécie.

Buscando o melhor entendimento a respeito de cada tipo penal abordado,sempre com o objetivo de tornar este material o mais didático e útil possível,foram eventualmente acrescidas breves anotações ao texto legal respectivo.

Assim, no desenvolvimento do trabalho, será feita uma pequena citação daprevisão do crime eleitoral e, na sequência, será abordado crime por crime,citando a previsão legal, doutrina e jurisprudência.

“Os crimes eleitorais estão disciplinados nos arts. 289 até 354 do CódigoEleitoral e em outras leis que integram a legislação eleitoral em sentidoamplo, tais como: a Lei nº 7.021, de 6 de setembro de 1982, queestabelece o modelo de cédula única; Lei nº 6.091, de 15 de agosto de1974, que disciplina o fornecimento gratuito de transporte, em dias deeleição, a eleitores residentes em zonas rurais, e dá outras providências;Lei nº 6.996, de 7 de junho de 1982, que disciplina o processamentoeletrônico de dados nos serviços eleitorais; Lei Complementar nº 64,de 18 de maio de 1990, que estabelece casos de inelegibilidade edisciplina outras matérias; e a Lei nº 9.504, de 30 de setembro de1997, que estabelece normas para as eleições.

[...]

“Qual a natureza jurídica dos crimes eleitorais?

1ª corrente . São os crimes eleitorais objetivamente políticos, poisatingem a personalidade do Estado e ofendem o interesse político docidadão. Posição de Vincenzo Manzini.

1ª Parte

Missão: “Velar pela regularidade dos serviços eleitorais, assegurando a correta aplicação de princípios e normas.”

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Para as doutrinas de Ortolan e Maggiore, os crimes eleitorais tambémsão crimes políticos, porque atingem o interesse público das instituiçõesrepresentativas do Estado.O eminentemente doutrinador Fávila Ribeiro também comunga dessacorrente.

2º corrente . Joel José Cândido, Desembargador Camargo Aranha eMinistro Celso de Mello, do STF, afirmam que os crimes eleitorais sãocrimes comuns.

Os crimes eleitorais são crimes comuns, pois estes são todos os delitos,com exceção dos impropriamente chamados crimes deresponsabilidade, definidos na Lei nº 1.079, de 1º de abril de 1950.

[...]” (In Direito Eleitoral. Marcos Ramayana. Ed. Impetus:RJ, 2008).

Abandono do serAbandono do serAbandono do serAbandono do serAbandono do serviço eleitorviço eleitorviço eleitorviço eleitorviço eleitoralalalalal

DESCRIÇÃO DO TIPO PENAL ELEITORAL – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

“Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa.”(Lei nº 4.737/65).

DOUTRINA“Em princípio o agente deste crime será o cidadão comum, eleitor,convocado para a prestação de serviço eleitoral, que como mesário,que como integrante da junta encarregada de apuração dos votos, oupara outra colaboração qualquer, nessa área.[...]Em não havendo justa causa para a recusa a tais convocações, ou parao abandono do serviço, em qualquer de suas fases, como por exemplo,a ele não comparecendo, estará, em tese, tipificada a infração.[...]

NOTAA propósito do delito em alusão, impõe-se observar que a conduta prevista noartigo 344 não se confunde com a conduta do art. 124 do Código Eleitoral quepossui caráter de sanção administrativa. Tendo em conta as distintasresponsabilidades (administrativa e penal), um mesmo fato poderá eventualmenteser punido pelas duas vias, na hipótese, por exemplo, de “recusa” ao serviçoeleitoral por parte do mesário.

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Missão: “Velar pela regularidade dos serviços eleitorais, assegurando a correta aplicação de princípios e normas.”

O TSE, contudo, tem decisão sobre o preceito, considerando na situação emque a conduta se subsume aos dois artigos, deve-se dar preferência a sançãomenos gravosa, no caso, o ilícito administrativo (art. 124, CE).

Observe-se, contudo, que na conduta de “abandono” do serviço, a sanção parecese restringir tão-somente à esfera penal, pois o ato de abandonar pressupõeinício do serviço prestado à Justiça Eleitoral, situação que afasta a aplicaçãodo art. 124 que se refere a não comparecimento para o trabalho.

(In Crimes Eleitorais e Processo Penal Eleitoral. Tito Costa. Editoral Juarez deOliveira: São Paulo, 2002, ps. 126/128).

JURISPRUDÊNCIA

“Ausência de comparecimento para compor mesa receptora de votos.Não configuração do crime previsto no artigo 344 do Código Eleitoral,uma vez que prevista sanção administrativa, no artigo 124 do mesmocódigo, sem ressalva da incidência da norma de natureza penal.Entendimento relativo ao crime de desobediência que também seaplica no caso, já que constitui modalidade especial daquele. (TSE,Recurso em Habeas Corpus n.º 21, de 10.11.1998, rel. Min. EduardoRibeiro, DJU de 11.12.1998, p. 69).

“Recurso eleitoral - matéria administrativa - convocação de mesário -estudante - residência em estado e município diverso do seu domicílioeleitoral - necessidade de deslocamento relativamente longo para oexercício do múnus público - ônus superior ao suportado pelos demaisconvocados, que residem no município - situação excepcional -dispensa do serviço eleitoral no dia do pleito - recurso provido.”(TRE – SC, Recurso contra decisoes de juizes eleitorais nº 1033703,acórdão nº 25271 de 23/08/2010, relator(a) Eliana Paggiarin Marinho,publicação: DJE - Diário de JE, tomo 156, data 26/08/2010,página 5-6).“Recurso cível - mesária que abandona o serviço eleitoral antes dotérmino dos trabalhos - sentença que aplica multa que ultrapassa oslimites atinentes à espécie - observância da condiçã econômica damesária - redução do valor da multa - recurso parcialmente provido.(Tre – sp, recurso nº 33164, acórdão nº 168033 de 20/08/2009,relator(a) Walter de Almeida Guilherme, publicação: DOE - DiárioOficial do Estado, data 27/08/2009, página 5).

Missão: “Velar pela regularidade dos serviços eleitorais, assegurando a correta aplicação de princípios e normas.”

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Boca de urnaBoca de urnaBoca de urnaBoca de urnaBoca de urna

DESCRIÇÃO DO TIPO PENAL ELEITORAL – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

“Art. 39.[...]§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seismeses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidadepelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR:[...]II - a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna;”(Lei nº 9.504/97).

NOTAA expressão boca de urna, de uso coloquial, foi introduzida na Lei das Eleiçõespor ocasião da minirreforma eleitoral (Lei 11.300/06) e deve ser entendida comoqualquer manifestação tendente a influenciar a vontade do eleitor no dia dopleito.

Diz-se, com razão, que o dia da eleição é do eleitor. Aos candidatos e àsagremiações restou garantido prazo amplo para a tentativa de convencimentodo eleitorado, havendo limites para a realização da propaganda, cujasmanifestações, a depender da modalidade, podem ir, no máximo, até a vésperado pleito, como é o caso do uso de alto-falantes. Assim, no dia da eleiçãoestão proibidas reuniões públicas, distribuição de material de propagandapolítica, a qualquer distância da seção eleitoral, bem assim a prática de coaçãoou aliciamento do eleitor. Quanto a esta, aliás, a vedação incide não apenasno dia do pleito, mas a todo o tempo, podendo configurar, inclusive, crimemais grave, além de atrair sanções ao candidato, como a perda do registro oudo diploma e multa.Entretanto, não caracteriza este tipo penal a manifestação individual esilenciosa da preferência do eleitor por partido político, coligação ou candidato,revelada exclusivamente pelo uso de bandeiras, broches, dísticos e adesivos(art. 39-A da Lei nº 9.504/97). Como os candidatos e comitês estão proibidosde confeccionar e distribuir camisas, bonés e demais bens ou materiais quepossam proporcionar vantagem ao eleitor, conclui-se que os meios para amanifestação silenciosa do eleitor devem ser providenciados por ele próprio,salvo os adesivos, pois enquadrados como impressos.

Não se pode esquecer, ainda, que os partidos podem comercializar materialde divulgação institucional, desde que não contenham nome e número decandidato, bem como cargo em disputa.

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Missão: “Velar pela regularidade dos serviços eleitorais, assegurando a correta aplicação de princípios e normas.”

Aos fiscais é permitido apenas o uso de crachás dos quais constem o nomee a sigla do partido ou coligação a que sirvam, vedada a padronização dovestuário (art. 39-A, § 3º da Lei n.º 9.504/97, incluído pela Lei n.º 12.034/09).Já para os servidores da Justiça Eleitoral, mesários e escrutinadores, é proibidoo uso de vestuário ou objeto que contenha qualquer propaganda de partidopolítico, de coligação ou de candidato.

O crime do art. 39, § 5º, da Lei 9.504/97, enquadra-se dentre os de menorpotencial ofensivo, de modo que, na hipótese de flagrante, o infrator deve serencaminhado à Unidade Policial para a lavratura de TCO (Termo Circunstanciadode Ocorrência), quando será instado a assumir o compromisso de comparecerao Juízo Eleitoral, não se impondo a prisão em flagrante. Embora a lei prevejao encaminhamento imediato ao Juízo, as demais atribuições afetas a juízes eservidores da Justiça Eleitoral, no dia do pleito, recomendam que o infratorseja concitado a comparecer para a audiência preliminar prevista naLei 9.099/95, em outra data, tal como admite a Lei dos Juizados Especiais(art. 70).

Não havendo prisão, não há necessidade de que o eleitor seja apresentadopreviamente ao juiz eleitoral, nem tampouco há razoabilidade em mantê-lodetido até o final da eleição.

A previsão legal que impõe a apresentação imediata ao Juiz de pessoas detidasem flagrante delito, no dia da eleição, busca cercar o eleitor de maioresgarantias de que uma eventual prisão ilegal seja imediatamente relaxada,permitindo-se o exercício do direito ao voto. No caso dos crimes de menorpotencial ofensivo, a apresentação do autor do fato ao juiz revela-se despicienda,pois tais crimes não admitem prisão em flagrante.

JURISPRUDÊNCIA

“Consulta. Boca de urna e Captação de sufrágio. Distinção.1) a boca de urna é caracterizada pela coação, que inibe a livreescolha do eleitor (Lei n.º 9.504/97, artigo 39, parágrafo 5º).2) a captação de sufrágio constitui oferecimento ou promessa devantagem ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto(Lei n.º 9.504/97, artigo 41-a, acrescido pela lei n. 9.840/99).Consulta respondida negativamente. “(TSE, Resoluçãon.º 20.531, de 14.12.1999, rel. Min. Maurício José Corrêa, DJU de26.5.2000, p. 93).

Consulta. ‘Boca-de-urna’ e ‘captação de sufrágio’. Distinção.1. A ‘bocade- urna’ é caracterizada pela coação, que inibe a livreescolha do eleitor (Lei n° 9.504/97, art. 39, § 5°).

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2. A ‘captação de sufrágio’ constitui oferecimento ou promessa devantagem ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto(Lei n° 9.504/97, art. 41-A, acrescido pela Lei n° 9.840/99). Consultarespondida negativamente.” (TSE - Res. n° 20.531, de 14.12.99,rel. Min. Maurício Corrêa.)

Recurso ordinário em habeas corpus. Ordem denegada pela instânciaa quo. Crime de ‘boca-de-urna’. Conduta prevista no art. 39, § 5°, II,da Lei n° 9.504/ 97. 1. O crime de distribuição de material depropaganda política, inclusive volantes e outros impressos, é de meraconduta, consumando-se com a simples distribuição da propaganda.2. (...) Recurso a que se nega provimento. (TSE - Ac. n° 45, de13.5.2003, rel. Min. Carlos Velloso.)

“Habeas corpus. Prática de boca de urna. Denúncia formal ematerialmente viável. Observância ao art. 41 do Código de ProcessoPenal (art. 357, § 2º, do Código Eleitoral). Ausência dos requisitospara trancamento da ação penal. Crime de mera conduta. Precedentesdo Tribunal Superior Eleitoral. Ordem denegada. O trancamento da ação penal só se dá quando, de plano, se evidenciaa falta de justa causa para a persecução penal, seja pela atipicidadedo fato, seja pela absoluta falta de indício quanto à autoria do crimeimputado ou pela extinção da punibilidade. Não é inepta a denúncia que atende aos requisitos do art. 41 doCódigo de Processo Penal (art. 357, § 2º, do Código Eleitoral), aindaque sucinta. O crime de boca de urna independe da obtenção do resultado, que,na espécie em foco, seria o aludido convencimento ou coação doeleitor. Precedentes.” (TSE, Habeas Corpus nº 669, Acórdão de23/03/2010, Relator(a) Min. Carmen Lúcia Antunes Rocha,Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, data 19/05/2010,Página 27).

“Recurso Criminal. Denúncia. Delito insculpido no art. 39,§ 5º, inciso II, da Lei n.º 9.504/97. Condenação. Distribuição depropaganda eleitoral nas proximidades de escola que servia comolocal de votação. Comprovação da materialidade, consubstanciadano material apreendido em poder da recorrente. Caracterização doaspecto subjetivo, tendo em vista que a recorrente agiu com vontadelivre e consciente, prosseguindo na prática ilícita, apesar de advertidapor uma testemunha para que cessasse a conduta.Recurso a que se nega provimento. (TRE-MG – RC – 44562004 –Rel. Antônio Romanelli – DJ. 04.05.2006).

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Comícios e cComícios e cComícios e cComícios e cComícios e carreaarreaarreaarreaarreatttttasasasasas

DESCRIÇÃO DO TIPO PENAL ELEITORAL – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

“Art. 39, § 5º, inciso I. § 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveiscom detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação deserviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil aquinze mil UFIR:I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comícioou carreata ;” (Lei nº 9.504/97)

DOUTRINA“O inciso I do preceito não comporta maiores considerações, dada aclareza de sua formulação. É vedado, por constituir crime, o uso deauto-falantes e amplificadores de som, assim como a promoção(realização) de comício ou carreata, no dia da eleição. Claro está que olegislador pretende preservar o dia do pleito de qualquer perturbaçãoque possa impedir a total liberdade do voto, assim como a tranquilidadedos serviços eleitorais, especialmente nesse dia, meta suprema de umaregime democrático de direito.” (In Crimes Eleitorais e Processo PenalEleitoral. Tito Costa. Editoral Juarez de Oliveira: São Paulo, 2002,ps. 164/165).

NOTAImportante lembrar que 30 (trinta) de setembro é o último dia para realizaçãode comícios e reuniões públicas, e o dia 2 (dois) de outubro (véspera da eleição)é o último para a promoção de carreatas.

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DESCRIÇÃO DO TIPO PENAL ELEITORAL – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

“Art. 39, § 5º, inciso I. § 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveiscom detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação deserviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil aquinze mil UFIR:I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comícioou carreata;” (Lei nº 9.504/97).

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DOUTRINA“[...]...a lei coíbe a utilização de aparelhagens de som, comícios em praçaspúblicas, locais públicos e estabelecimentos de acesso ao público emgeral,[...]” (In Direito Eleitoral. Marcos Ramayana. Editoral Impetus: Rio deJaneiro, 2008, p. 692)

JURISPRUDÊNCIA

“Recurso. Representação. Propaganda eleitoral irregular. Multa.A veiculação de propaganda mediante o uso de alto-falantes a menosde duzentos metros de escola desatende ao preconizado no incisoIII do § 3º do art. 39 da Lei nº 9.504/97. Responsabilidade objetiva esolidária que se impõe aos partidos integrantes da coligaçãorecorrente pelos excessos praticados pelos candidatos.Improvimento.” (TRE-RJ, rrep - recurso - representaçao nº 16022300,relator Pedro Celso Dal Prá, DJ - Diário de Justiça, data 30/11/2000,página 24).

“Recurso. Decisão que julgou parcialmente procedente pedido paradeterminar-se o fechamento do comitê eleitoral no dia do pleitomunicipal.Inexistência, na legislação eleitoral, de qualquer regra limitadora dalocalização das sedes dos comitês de campanha. Restrições,contudo, quanto ao uso de alto-falantes, a ser coibido pelo poder depolícia desta Justiça Especializada. Provimento.” (TRE – RS, RREPn.º 509, de 03.10.2008, rel. Drª. Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak,Publicado em Sessão 03.10.2008)

“Recurso. Propaganda eleitoral irregular.Alto-falante. Extinção do feito em primeiro grau, ante a regularizaçãoda publicidade. Campanha publicitária com emprego de de alto-falantes a menos de duzentos metros de escola e de sede de órgãosjudiciais vulnera o disposto no artigo 12 da Resolução TSEnº. 22.718/08. Incidência da sanção pecuniária mesmo diante dacessação do uso da referida aparelhagem. Advertência aos recorridospara evitar a reiteração da conduta (art. 347 do Código Eleitoral).Parcial provimento.” (TRE – RS, RREP n.º 449, de 02.10.2008, rel.Des. Sylvio Baptista Neto, Publicado em Sessão, data 02.10.2008).

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OutrOutrOutrOutrOutras espécie de Propas espécie de Propas espécie de Propas espécie de Propas espécie de Propagagagagagandandandandanda no diaa no diaa no diaa no diaa no dia

da Eleiçãoda Eleiçãoda Eleiçãoda Eleiçãoda Eleição

DESCRIÇÃO DO TIPO PENAL ELEITORAL – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

“Art. 39, § 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção,de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços àcomunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze milUFIR:III - a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos oude seus candidatos.(Redação dada ao inciso pela Lei nº 12.034/2009)

NOTACom a redação dada ao inciso III, do § 5º, do art. 39 da Lei 9.504/97, a divulgaçãode qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos,no dia da eleição, constitui crime. Diante da abrangência da disposição legal,restou claro que nenhuma espécie de propaganda eleitoral, no dia do pleito, àexceção da manifestação individual e silenciosa do eleitor, foge à incidência danorma penal. O inciso III, ao que se percebe, constitui norma de aplicaçãosubsidiária em relação aos incisos anteriores.Observe-se, por fim, que ao dispor no § 5º que as condutas previstas em seusincisos constituem crimes, a disposição deixa entrever que as hipóteses decada um dos incisos descrevem delitos autônomos, situação que permite aaplicação do concurso de infrações, conforme o caso concreto.

ConcentrConcentrConcentrConcentrConcentração de eleitoresação de eleitoresação de eleitoresação de eleitoresação de eleitores

DESCRIÇÃO DO TIPO PENAL ELEITORAL – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

“Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar oufraudar o exercício do voto a concentração de eleitores, sob qualquer forma,inclusive o fornecimento gratuito de alimento e transporte coletivo.” (Redaçãodada pelo Decreto-Lei nº 1.064, de 24.10.1969)

DOUTRINA“A concentração de eleitores referida no texto legal tinha, ou ainda tem,um nome muito curioso e especial: ‘curral’ eleitoral. Pode ser atépejorativa a expressão, mas é conhecida e, por certo, praticada aindapor ousados líderes ou ‘coronéis’ espalhados por este Brasil afora. Oajuntamento de eleitores, num determinado local, com o fito de

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deliberado de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto, constitui-se numa das mais graves formas de intervenção indevida no processoeleitoral.” ( In Crimes Eleitorais e Processo Penal Eleitoral. Tito Costa.Editoral Juarez de Oliveira: São Paulo, 2002,p. 66)

NOTAO delito previsto no art. 302 do Código Eleitoral não se confunde com a situaçãoprevista no art. 39, § 5º, inciso II, da Lei 9.504/97. No tipo penal que ora secuida (art. 302, CE) o ato de promover a concentração de eleitores possui umelemento subjetivo do tipo, representado pelo especial fim de agir, qual seja, ode “impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto”. Ausente a finalidadeespecífica prevista na norma penal, remanesce a possibilidade de aplicaçãosubsidiária do art. 39, § 5º, inciso II, da Lei 9.504/97.

JURISPRUDÊNCIA

“Recurso Especial. Crime eleitoral. Art. 11, inciso III, da leinº 6.091/74, c.c. o art. 302 do Código Eleitoral - dia do pleito - eleitores- transporte ilegal - fornecimento gratuito de alimentos - finalidade defraudar o exercício do voto. Denúncia procedente. Recurso nãoconhecido.

1. Para a caracterização do tipo penal previsto no art. 302 do códigoeleitoral, não é necessário que os eleitores cheguem ao local devotação em meio de transporte fornecido pelo réu.” (TSE, RecursoEspecial Eleitoral n.º 21.237, de 7.8.2003, rel. Min. Fernando Nevesda Silva, DJU de 3.10.2003, p. 106).

“Ação penal. Denúncia versando sobre corrupção eleitoral,concentração de eleitores para embaraçar ou fraudar o exercício dovoto, arregimentação de eleitor e propaganda de boca-de-urna.Ausência de provas. Absolvição com base no art. 386, inc. VII, doCPP. Pretensão punitiva julgada improcedente.” (TRE – SP, açãopenal nº 1164, acórdão de 08/04/2010, relator(a) Silvia Rocha Gouvêa,publicação: DJESP - Diário da Justiça Eletrônico do TRE-SP, data15/04/2010, página 13 )

“Recursos criminais. Preliminares de inépcia da denúncia e ausênciade motivação da sentença rejeitadas. Prova advinda de outrosprocessos admitida. Ausência de violação na distribuição do ônusda prova. Art. 299 do Código Eleitoral. Incidência em razão de fartaprova. Crime formal. Art. 302 do Código Eleitoral. Distribuição dealimentos. Ausência de provas do fim específico do tipo de angariar

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votos. Valoração de prova indiciária. Prescrição. Não ocorrência.Manutenção da r. Sentença na pena relacionada com o art. 299 doCE. Reforma da decisão no que diz respeito ao art. 302 do CE.Substituição da pena privativa por prestação pecuniária.Admissibilidade. Não incidência da Súm. 171/STJ. Condiçãoeconômica favorável dos réus. Valor proporcional e adequado daprestação pecuniária. Recurso do ministério público prejudicado emrazão da absolvição em relação ao art. 302. Provimento parcial dorecurso. Prescrição reconhecida com relação a Constantino AntonioFrolini (art. 65, inciso I; 107, inciso IV e 115 do Código Penal).1. Havendo menção expressa à decisão anterior, na qual se rejeitoua preliminar de inépcia da denúncia, a fundamentação é suficiente.Denúncia regular. Preliminares rejeitadas.2. É admissível a prova colhida em outros processos quando a parteno processo “ad quem” também foi parte no processo de origem,ressalvadas informações privilegiadas ou vinculadas a uma finalidadeespecífica, limitação que não se verifica no caso. Ademais, avaloração é feita de acordo com os outros elementos dos autos.Prova admitida.3. O crime de corrupção eleitoral é crime formal, dispensando aprova do resultado, sendo impertinente a invocação do art. 13 doCódigo Penal.4. O crime de concentração de eleitores no dia da eleição (art. 302do Código Eleitoral) exige, necessariamente, o dolo específicoconsistente em inviabilizar, causar embaraço ou fraudar o exercíciodo voto, o que não se verifica no caso.5. Embora possível a condenação criminal com base tão-somenteem prova indiciária, esta exige maiores cautelas por parte domagistrado e a adoção de um modelo de constatação (“standard”probatório) mais rigoroso.(TRE – SP, Recurso criminal nº 2035, acórdão nº 169414 de06/10/2009, relator(a) Paulo Henrique dos Santos Lucon, publicação:DOE - Diário Oficial do Estado, data 15/10/2009, Página 9).

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DESCRIÇÃO DO TIPO PENAL ELEITORAL – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

“Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem,dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e paraconseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita:” (CódigoEleitoral – Lei nº 4.737/65).

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DOUTRINA“Corrupção Eleitoral (Art. 299 do CE)Estabelece o art. 299 do Código Eleitoral a figura típica consubstanciadana conduta de ‘dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si oupara outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obterou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a ofertana seja aceita’.A norma penal visa resguardar a liberdade do sufrágio, a emissão dovoto, legítimo, sem estar afetado por qualquer influência menos airosa,pois, na feliz expressão de Paulo Henrique Távora Niess, ‘o voto não éuma mercadoria exposta à venda ou à troca, mas uma premiação quedeve ser conquistada após justa disputa, pelas idéias e pala história decada competidor.”(In Crimes Eleitorais. Suzana de Camargo Gomes.Editora Revista dos Tribunais: São Paulo, 2008, ps. 241/242).

NOTAO tipo penal em alusão não exclui a apuração da prática de captação ilícita desufrágio (art. 41-A da Lei 9.504/97), que pode conduzir à cassação do registroou diploma do candidato, além da aplicação de multa. Embora figuremaspectos de identidade entre os dois ilícitos, tanto a previsão hipotética deambos é diversa, quanto a natureza das sanções impostas.

JURISPRUDÊNCIA

“Crime eleitoral. Art. 299 do código eleitoral.1. Conforme já reiteradamente decidido, o exame pelo presidente detribunal regional eleitoral de questões afetas ao mérito do recursoespecial, por ocasião do juízo de admissibilidade, não implica invasãode competência do tribunal superior eleitoral.2. O crime de corrupção eleitoral, por ser crime formal, não admite aforma tentada, sendo o resultado mero exaurimento da condutacriminosa.3. A decisão em sede de representação por captação ilícita de sufrágionão impede seja julgada procedente ação penal por crime de corrupçãoeleitoral, ainda que os fatos sejam os mesmos, tendo em vista aindependência entre as esferas cível-eleitoral e penal.Agravo regimental a que se nega provimento.” (TSE, AgravoRegimental em Agravo de Instrumento n.º 8.905, de 27.11.2007, rel.Min. Arnaldo Versiani, DJU de 19.12.2007, p. 224).“Agravo regimental. Agravo de instrumento. Eleições 2004. Crime decorrupção eleitoral. Acerto da corte regional no enquadramento daconduta. Reexame do conjunto fático-probatório. Impossibilidade.Não-provimento.

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1. A subsunção da conduta ao art. 299 do código eleitoral decorreuda análise do conjunto probatório, realizada na instância a quo.Inviável o reexame, em sede especial eleitoral (súmulas nos 7/STJ e279/STF).2. Não se aplica ao caso o art. 17 do código penal. A toda evidência,o meio era eficaz: oferta em dinheiro; e o objeto era próprio: interferirna vontade do eleitor e orientar seu voto. Não se trata, portanto, decrime impossível.3. A corrupção eleitoral é crime formal e não depende do alcance doresultado para que se consuma. Descabe, assim, perquirir o momentoem que se efetivou o pagamento pelo voto, ou se o voto efetivamentebeneficiou o candidato corruptor. Essa é a mensagem do legislador,ao enumerar a promessa entre as ações vedadas ao candidato ou aoutrem, que atue em seu nome (art. 299, caput, do código eleitoral).4. A suposta inconstitucionalidade do art. 89 da Lei nº 9.099/95 revelaapenas a insatisfação do agravante com o desfecho da lide.A jurisprudência do TSE (hc nº 396/RS, rel. Min. Garcia Vieira, DJ de15.9.2000) e a jurisprudência do STF (RE nº 299.781, rel.Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 5.10.2001) fixam que o benefício dasuspensão condicional só se aplica aos acusados que não estejam,ao tempo da denúncia, sendo processados ou que não tiverem sidocondenados por outro crime. Não é a hipótese dos autos.5. Agravo regimental não provido.”(TSE, agravo regimental em agravode instrumento n.º 8.649, de 5.6.2007, rel. Min. José Delgado,DJU de 8.8.2007, p. 229)

“Recurso em Habeas-Corpus - corrupção eleitoral - art. 299 do códigoeleitoral - eleitor - aceitação de dádiva em troca de voto - condutatípica - recurso a que se negou provimento.1. O art. 299 do código eleitoral veda tanto o oferecimento de vantagemem troca de voto quanto a aceitação de benesse para o mesmo fim.2. Podem figurar no pólo passivo da ação penal tanto candidatoscomo meros eleitores.” (TSE, recurso em Habeas Corpus n.º 40, de7.2.2002, rel. Min. Fernando Neves, DJU de 8.3.2002, p. 191)

“Recurso criminal. Corrupção eleitoral ativa. Promessa de vantagemfeita em palanque eleitoral.I - não acarreta nulidade insanável do processo criminal, aapresentação da denúncia e a formulação das alegações finais, peloórgão ministerial, fora do prazo previsto no código eleitoral.II - a Lei nº 9.840, de 28 de setembro de 1999, não revogou o art. 299do código eleitoral. Possibilidade de convivência da sanção denatureza penal com aquela de ordem meramente administrativa.

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III - a teor do que dispõe o art. 359 do Código Eleitoral, a defesa deveespecificar, na contestação, toda a prova que pretende produzir, sobpena de preclusão, não havendo lugar, no processo penal eleitoral,para a formulação posterior de requerimento de produção de provas.IV - o crime de corrupção eleitoral ativa exige, para a sua configuração,que a promessa de vantagem seja feita de forma direta eindividualizada, vale dizer, seja dirigida a pessoa certa e determinada.Não o caracteriza promessa feita em comício, dirigida a inúmeraspessoas, indistintamente. Conduta que configura, em tese, abusodo poder econômico. Precedentes do tribunal superior eleitoral.”(TRE-CE, Recurso Criminal n.º 11.040, de 18.12.2001, Rel. JuizAntônio Abelardo Benevides Moraes, DJECE de 7.2.2002,pp. 87/88)

“Recurso criminal. Crimes eleitorais. Corrupção eleitoral. Art. 299,CE. “Boca de Urna”. Art. 39, §5º, II, da Lei nº 9.504/97. Sentençacondenatória. Provas testemunhal e documental robustas.Caracterização. Improvimento do recurso. Manutenção da sentençarecorrida.” (TRE-CE, Recurso Criminal n.º 11.115, de 11.2.2009,Rel. Juiz Tarcísio Brilhante de Holanda).

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DESCRIÇÃO DO TIPO PENAL ELEITORAL – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

“Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou obediência a diligências, ordensou instruções da Justiça Eleitoral ou opor embaraços à sua execução:”(Código Eleitoral – Lei nº 4.737/65)

DOUTRINA“O núcleo do tipo penal deste artigo é a recusa ou a desobediência dealguém no que diz com ordens ou instruções da Justiça Eleitoral. OTRE-SP, em julgamento de que foi relator o juiz Sebastião Oscar Feltrin,expediu o acórdão n. 117.358, no qual se faz uma análise detalhada dafigura do art. 347, ora enfocado. Como crime de desobediência, ensejouesse estudo citações de diversos autores e julgados, entre os quaisvoto do Min. Sepúlveda Pertence, no TSE, que assim se manifestaquanto a este preceito:...” (In Crimes Eleitorais e Processo Penal Eleitoral.Tito Costa. Editoral Juarez de Oliveira: São Paulo, 2002, p. 132).

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NOTAO tipo penal do art. 347 prefere ao crime de desobediência previsto do CódigoPenal, ante o princípio da especialidade. O elemento especializante, na hipótese,é a circunstância de que a desobediência se verifica em face de diligências,ordens ou instruções da Justiça Eleitoral.

JURISPRUDÊNCIA

“Recurso Ordinário em Habeas-Corpus. Trancamento de ação penal.Crime de desobediência. Improvimento.1. O descumprimento de ordem judicial direta e individualizada ésuficiente para caracterizar o crime de desobediência previsto noart. 347 do código eleitoral.2. Hipótese em que, advertido, expressamente, mais de uma vez, anão veicular programa de candidato à eleição majoritária em horárioexclusivo dos candidatos às eleições proporcionais, o partido políticoreiterou sua conduta.3. Censura prévia. Inocorrência. O que caracteriza a censura préviaé o exame do programa antes de sua veiculação.4. Código de processo penal, art. 252, III. Impedimento do juiz e dopromotor eleitoral. A instância penal somente se instaura com orecebimento da denúncia; não houve, por conseguinte, in casu, duplaatuação por parte do juiz eleitoral. Quanto ao promotor, este nãodesempenhou seu mister na fase pré-processual da representação.Recurso improvido, determinando o prosseguimento da ação penal.(TSE, Recurso em Habeas Corpus n.º 42, de 2.4.2002, Rel.Min. Ellen Gracie Northfleet, DJU de 24.5.2002, p. 144)

Habeas Corpus. Crime de desobediência eleitoral. Portaria vedandoo comércio de bebidas alcoólicas. Ordem genérica. Descumprimento.Atipicidade da conduta.1 - a diligência, ordem ou instrução da justiça eleitoral objeto deproteção da norma insculpida no artigo 347 do código eleitoral há deser determinada e dirigida. Sendo de cunho genérico, não há comose imputar a prática delituosa ali prevista.2 - ordem concedida para o trancamento da ação penal.(TRE-CE, Habeas Corpus n.º 11.040, de 28.3.2007, rel. Juiz JorgeLuís Girão Barreto, DJECE de 18.4.2007, p. 198).

“Processo eleitoral - Recurso Criminal - Desobediência (Art. 347,CE) - Não Configuração - Elemento Subjetivo - Dolo Específico -Ausência - Ordem Judicial - Impossibilidade de Cumpromento -anuência - magistrado a quo - recurso improvido.

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“Processo Eleitoral - Recurso Criminal - Desobediência (art. 347,CE) - Não Configuração - Elemento Subjetivo - Dolo Específico -Ausência - Ordem Judicial - Impossibilidade de Cumprimento -Anuência - Magistrado a quo - Recurso Improvido.1. O crime de desobediência exige, para a sua configuração, apresença do elemento subjetivo do dolo, ou seja, deve-se averiguarna conduta do agente a vontade livre, consciente e direcionada dedesatender à ordem judicial.2. Ausência de prova conclusiva a respeito da conduta dolosa doagente, verificando-se, nos autos, a intençao de cumprimento daordm judicial com anuência do Juiz Eleitoral.3. Recurso improvido. Manutenção do decisum.” (TRE-CE, RecursoCriminal n.º 11.071, de 27.7.2005, Rel. Maria Nailde Pinheiro Nogueira,DJ de 04.8.2005, p. 129/130).

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DESCRIÇÃO DO TIPO PENAL ELEITORAL – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

“Art. 296. Promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais;” (CódigoEleitoral – Lei nº 4.737/65)

DOUTRINA“ Promoção de desordem nos trabalhos eleitorais (Art. 296 do CE).Os trabalhos eleitorais devem ser desenvolvidos dentro da ordem, semtumultos, nem alterações, posto que o exercício dos direitos políticossomente se coaduna com ambiente de respeito à lei.Na verdade, da boa condução dos trabalhos eleitorais é que irá decorrera escolha lídima daqueles que serão os representantes do provo frenteàs instituições do país, daí porque a ordem, o regular desenvolvimentodo processo eleitoral, é um imperativo.Nesse sentido está, inclusive, a norma penal do art. 296 do CódigoEleitoral, posto que reputa delituosa a conduta daquele que ‘promoverdesordem que prejudique os trabalhos eleitorais.’” (In Crimes Eleitorais.Suzana de Camargo Gomes. Editora Revista dos Tribunais: São Paulo,2008, p. 307).

NOTACuida-se de crime material e não de mera conduta. A promoção da desordem,no caso, deve importar em um resultado exigido pela norma, qual seja, umprejuízo aos trabalhos eleitorais. Portanto, eventual desordem que alguém

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venha a provocar no dia da eleição, mas que não traga qualquer prejuízo aostrabalhos da Justiça Eleitoral não deve ser enquadrada nesse tipo penal,podendo constituir infração penal comum.

JURISPRUDÊNCIA

“Recurso contra decisão de juiz eleitoral. Denúncia. Art. 296 do códigoeleitoral. Sentença condenatória. Configuração da perturbação daordem eleitoral. Irresignação. Provimento parcial.Para configuração do delito descrito no tipo penal do artigo 296, docódigo eleitoral, prescindível se torna a deliberada intenção de causarprejuízo aos trabalhos eleitorais. Faz-se necessária, tão somente, aexistência da perturbação da ordem eleitoral.” (TRE-PB, Acórdãon.º 3.216, de 20.1.2005, rel. Juiz Marcos Antônio Souto Maior, DJEPBde 12.3.2005)

“Apelação criminal. Desordem em local de votação. Ausência deprejuízo. Perturbação momentânea. Crime não-caracterizado.Absolvição.Entende-se não configurado o ilícito descrito no art. 296 do códigoeleitoral quando constatado que houve apenas uma perturbaçãomomentânea das atividades, sem resultar qualquer prejuízo àexecução dos trabalhos eleitorais.” (TRE-RO, Apelação Criminaln.º 61, de 29.9.2006, rel. Juiz Roosevelt Queiroz Costa, DJERO de13.10.2006, p. A-28)

“Recurso Criminal. Art. 39, §5º da Lei das Eleições. Arts. 296 e 331do Código Eleitoral. Sentença parcialmente procedente. Absolviçãoda imputação da prática do crime do art. 331 do Código Eleitoral.Depoimentos isentos e imparciais dos serventuários da JustiçaEleitoral (mesários e presidentes da mesa) e dos policiais militaresque registraram a ocorrência, torna extreme de dúvidas a efetiva práticados delitos. Testemunhas são categóricas ao afirmar quepresenciaram o denunciado arregimentando eleitores, bem comotumultuando os trabalhos eleitorais. Depoimentos imparciais e coesos.Comprovada a autoria e materialidade dos ilícitos de boca de urna edesordem eleitoral. Manutenção da sentença de 1º grau. Recurso aque se nega provimento.” (RECURSO CRIMINAL nº 31343, Acórdãode 25/02/2010, Relator(a) BENJAMIN ALVES RABELLO FILHO,Publicação: DJEMG - Diário de Justiça Eletrônico-TREMG, Data8/3/2010 ).

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DESCRIÇÃO DO TIPO PENAL ELEITORAL – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

“Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio.” (Lei nº 4.737/65).

DOUTRINA“ Impedimento ou embaraço ao exercício do sufrágio (art. 297 do CE).O voto consiste no mais relevante direito político do cidadão, sendoque, no dizer de ADOLFO POSADA, trata-se de direito que ‘não decorreda natureza do homem, mas da posição concreta, em que o homem,como cidadão, pode encontrar-se perante o Estado, que deve condicionarjuridicamente a intervenção na vida dos cidadãos segundo a suacapacidade’. Mas não é só, o voto também é dotado de relevante funçãosocial, posto que através dele são tomadas decisões, especialmenteno que concerne à escolha daqueles que serão os representantes danação.Tem-se, assim, que qualquer atentado ou violação ao exercício do direitode sufrágio representa não só uma ofensa ao direito individual do cidadãode votar, mas, igualmente, revela-se em infração à função social exercidaatravés desse mecanismo.O delito previsto no art. 297 do Código Eleitoral, consubstanciado naconduta de ‘impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio’, representa atutela penal conferida pelo direito positivo à liberdade do direito de voto”.(In Crimes Eleitorais. Suzana de Camargo Gomes. Editora Revista dosTribunais: São Paulo, 2008, ps. 232/233).

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DESCRIÇÃO DO TIPO PENAL ELEITORAL – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

“Art. 10 - É vedado aos candidatos ou órgãos partidários, ou a qualquer pessoa,o fornecimento de transporte ou refeições aos eleitores da zona urbana.Art. 11 - Constitui crime eleitoral:[...]III - descumprir a proibição dos artigos 5, 8 e 10.”

DOUTRINA“Lei sobre transporte e alimento no dia da eleição editada em 1974, eainda parcialmente em vigor, a Lei n. 6.091, de 15 de agosto de 1974dispôs sobre o fornecimento gratuito de alimentação e transporte, em

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dia de eleição, a eleitores residentes nas zonas rurais.” (In CrimesEleitorais e Processo Penal Eleitoral. Tito Costa. Editoral Juarez deOliveira: São Paulo, 2002, p. 183)

NOTASomente a Justiça Eleitoral poderá, quando imprescindível, em face da absolutacarência de recursos de eleitores da zona rural, fornecer-lhes refeições (art. 8ºda Lei n.º 6.091/74) .

JURISPRUDÊNCIA

“Recurso criminal. Distribuição de refeições a eleitores. Condutatipificada no art. 11, inciso III, da Lei nº 6091/74.- O recorrente, nomomento da sua prisão em flagrante, detinha 38 garrafas derefrigerante e 90 unidades de sanduíche, fato este que comprova amaterialidade do crime. Não é crível a alegação do recorrente de quesupôs tratarem-se os eleitores de fiscais do partido. A alegação doora recorrente de que não sabia que estava praticando um ilícito nãopode prosperar já que ninguém pode se escusar de um ilícito cometidoalegando desconhecimento da lei. - recurso desprovido.” (TRE-RJ,Recurso Criminal n.º 107, de 26.6.2006, rel. Juiz Rodrigo Lins e SilvaCândido de Oliveira, DOERJ de 3.7.2006, p. 2).

“Recurso eleitoral. Ação de investigação judicial eleitoral. Preliminarcerceamento de defesa - afastada - abuso de poder econômico -evento realizado com ampla distribuição de comida e bebida -participação intensificada de eleitores - discurso com pedido explícitode votos - potencialidade lesiva demonstrada - conjunto probatóriorobusto - prova coerente a demonstrar o ilícito - 1º recurso improvido- declaração de inelegibilidade - sentença mantida. Recurso adesivo- provimento - sentença reformada em parte para cassar os diplomas- eleição - realização de novas eleições.A realização de uma grande festa em data próxima ao pleito,patrocinada por empresa de propriedade da candidata, em que sedistribuiu gratuitamente alimentação e bebida, com referência públicaàs suas virtudes e críticas ao adversário político caracteriza abusodo poder econômico.O oferecimento de alimentação e bebidas, afora todo o entretenimentopróprio de uma grande festa, seguido de apelo por votos,consubstancia o dolo específico exigido à caracterização da captaçãoilícita de sufrágio.”(TRE – MT, Recurso Eleitoral nº 1155, Acórdãonº 18944 de 15/07/2010, Relator(a) Sebastião de Arruda Almeida,Publicação: DEJE - Diário Eletrônico da Justiça Eleitoral, Tomo 698,data 29/7/2010, Página 1).

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DESCRIÇÃO DO TIPO PENAL ELEITORAL – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

“Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar oufraudar o exercício do voto a concentração de eleitores, sob qualquer forma,inclusive o fornecimento gratuito de alimento e transporte coletivo.” (Redaçãodada pelo Decreto-Lei nº 1.064, de 24.10.1969).

“Art. 5º - Nenhum veículo ou embarcação poderá fazer transporte de eleitoresdesde o dia anterior até o posterior à eleição, salvo” (Lei nº 6.091/74)

“Art. 11 - Constitui crime eleitoral:[...]III - descumprir a proibição dos artigos 5, 8 e 10:” (Lei nº 6.091/74).

DOUTRINA“Concentração de eleitores para embaraçar ou fraudar o exercício dovoto e o crime de transporte de eleitores em desacordo com a legislaçãoeleitoral (art. 302 do CE e art. 11, III, c/c o art. 5º da Lei 6.091/74).O art. 302 do Código Eleitoral descreve a figura típica expressa em‘promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar ou fraudaro exercício do voto a concentração de eleitores, sob qualquer forma,inclusive fornecimento gratuito de alimento e transporte coletivo.’O delito em apreço depende, para sua configuração, não só daocorrência de atos tendentes à realização de uma concentração deeleitores no dia da eleição, mas que tal concentração tenha por finalidadecausar embaraços, fraudes ou a própria inviabilização do exercício dovoto, podendo para tanto se revestir das mais variadas formas.Tem-se, portanto, que dois elementos são fundamentais para acaracterização do crime, sendo um expresso na existência deconcentração de eleitores justamente na dada da eleição, e o segundoconsubstanciado na finalidade de impedir, embaraçar ou fraudar oexercício do direito de voto.” (In Crimes Eleitorais. Suzana de CamargoGomes. Editora Revista dos Tribunais: São Paulo, 2008, ps. 259/260).

NOTAO crime é punido, nos termos do art. 11, III, da Lei 6.091/74, com pena dereclusão de 4 a 6 anos, além de multa. Assim, não se enquadra como infraçãode menor potencial ofensivo, sequer admitindo a suspensão condicional doprocesso, como ocorre com a maioria dos crimes eleitorais (punidos compena mínima de até um ano).

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Impõe-se, portanto, a prisão do infrator, em caso de flagrante, seguida daimediata apresentação ao juiz eleitoral (posto se tratar de período em que évedada a prisão de eleitor, salvo nas hipóteses previstas no art. 236, do CódigoEleitoral, dentre as quais o estado de flagrância). Havendo situação de flagrantedelito será autorizada a lavratura do auto respectivo ou, do contrário, serárelaxada a prisão, promovendo-se a responsabilidade do coator.

Observe-se que o transporte de eleitores fora do período indicado pelaLei 6.091/74, ou seja, desde o dia anterior até o posterior à eleição, malgradoafaste a incidência do tipo penal, pode configurar, a depender dascircunstâncias, abuso do poder econômico ou mesmo captação ilícita desufrágio.

JURISPRUDÊNCIA

“Recurso contra expedição de diploma. Ilegitimidade ativa de coligaçãopara ativá-lo. Inexistência. Inidoneidade da impugnação.Descabimento. Autorização judicial para transporte de eleitores nodia do pleito em vista de deficiência do serviço. Execução do ato porcoligação. Não demonstração da ocorrência de abuso de podereconômico. 1. A coligação está legitimada para propor recurso contra diplomação.Precedentes; 2. Não se afigura inidônea a impugnação diplomatória onde se arguiabusividade do poder econômico, em vista do disposto no artigo262, inciso IV, do Código Eleitoral;3. A execução de autorização judicial para transporte de eleitores nodia do pleito por coligação, ante reconhecida deficiência do serviço,não caracteriza, por si só, abuso de poder econômico, mesmo porquenão comprovado que houve captação ilícita de sufrágio durante asua realização;4. Preliminares rejeitadas e recurso desprovido.” (TRE-BA, recursode diplomacao nº 708, acórdão nº 1120 de 25/08/2009, relator(a)Evandro Reimão dos Reis, revisor(a) Marcelo Silva Britto, publicação:DJE - Diário da Justiça Eletrônico, data 1/9/2009 )

“Recurso Eleitoral. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo. Abusode poder econômico. Candidatos a Prefeito e Vice-Prefeito eleitos.Improcedência. Entendimento pela ocorrência de dedução depretensão sabidamente destituída de fundamento. Condenação porlitigância de má-fé. Multa.Imputação, aos candidatos à reeleição, detransporte ilícito de eleitores. Prévio conhecimento dos autores derequisição, pela Justiça Eleitoral, de veículos municipais para

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transporte de eleitores da zona rural no dia do pleito. Eventosuperveniente, passível de configurar inobservância aos termosfixados pela Justiça Eleitoral. Transporte de eleitores em veículomunicipal, conduzido pessoalmente por Secretário Municipal, sem apresença de motorista credenciado. Recolhimento de automóvel daPrefeitura pela Polícia Militar. Lavratura de boletim de ocorrência.Indício de prática ilícita. Legítimo interesse em que a questão sejasubmetida à apreciação do Poder Judiciário, único competente paradeclarar a legalidade ou ilegalidade do transporte efetuado. O só-fatode o MM. Juiz haver requisitado veículos e servidores municipaispara transportar eleitores da zona rural no dia da eleição não gerapresunção absoluta de licitude de todo o transporte realizadoalegadamente a serviço da Justiça Eleitoral. A excepcionalidade dessarequisição e a mera possibilidade de que seja esta desvirtuada peloscandidatos à reeleição impõe atenta fiscalização do transporteefetivamente executado, a fim de que não sejam exorbitadas ascondições fixadas para sua realização. Recurso a que se dáprovimento, para absolver os recorrentes da condenação por litigânciade má-fé.” (Recurso Eleitoral nº 283713, Acórdão de13/07/2010, Relator(a) Benjamin Alves Rabello Filho, Publicação:DJEMG - Diário de Justiça Eletrônico - TREMG, data16/07/2010 ).

“Crime eleitoral - transporte irregular de eleitor - art. 11, III c/c art.10º, ambos da Lei nº 6091/74 - Ausência de prova da participação doapelado - In dubio pro reo - Ausência de dolo específico ou especialfim de agir - Aliciamento de eleitor - Inexistência - Absolvição - Recursoprovido. 1. Consoante entendimento firmado pela jurisprudência do TribunalSuperior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal, para a configuraçãodo crime previsto no art. 11, III da Lei nº 6.091/74, há necessidadede que o transporte seja praticado com a finalidade explícita de aliciareleitores e angariar votos. 2. Ausentes não só o especial fim de agir na conduta, mas tambémde prova de participação do apelado quanto ao transporte de eleitores,impõe-se sua absolvição. 3. Por força do art. 580 do Código de Processo Penal, a absolviçãode um dos co-réus em razão da inexistência da conduta típicaaproveita aos demais.” (Processo nº 206, Acórdão nº 38.102 de15/04/2010, Relator(a) Iraja Romeo Hilgenberg Prestes Mattar,Publicação: DJ - Diário de justiça, Tomo 77, data 30/04/2010).“Recurso criminal. Transporte de eleitores. A condenação criminal pelo crime do artigo 11, III, da Leinº 6.091/1.974 exige a prova inequívoca da prática não só do

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transporte, mas também do aliciamento dos eleitores, ou de quehouve o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto.”(TRE – PR, Recurso em Habeas Corpus nº 203, Acórdão nº 37.817de 16/12/2009, Relator(a) Renato Cardoso de Almeida Andrade,Relator(a) designado(a) Gisele Lemke, Publicação: DJ - Diário dejustiça, Tomo 05/2010, data 12/1/2010).

“Crime eleitoral - transporte irregular de eleitores - art. 11, III c/cart. 10º, ambos da Lei nº 6091/74 - prova do dolo específico ou especialfim de agir - aliciamento de eleitor configurado - condenação - recursodesprovido. 1. Consoante entendimento firmado pela jurisprudência do TribunalSuperior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal, para a configuraçãodo crime previsto no art. 11, III da Lei nº 6.091/74, há necessidadede que o transporte seja praticado com a finalidade explícita de aliciareleitores e angariar votos. 2. Comprovada a execução de atos com o intuito de obter o voto doeleitor transportado, utilizando-se de propaganda, pedido ou qualqueroutro meio que possa influenciar a vontade do eleitor para votar emdeterminado candidato, se aperfeiçoa o tipo penal e é de rigor acondenação do infrator.” (TRE – PR, Processo nº 158, Acórdãonº 36.869 de 30/04/2009, Relator(a) Regina Helena Afonso de OliveiraPortes, Relator(a) designado(a) Renato Lopes de Paiva, Publicação:DJ - Diário de justiça, data 13/5/2009).

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AÇÕES PREVENTIVAÇÕES PREVENTIVAÇÕES PREVENTIVAÇÕES PREVENTIVAÇÕES PREVENTIVASASASASAS

4 Instruir a população por meio de audiências públicas, veículos decomunicação de massa, folders, e cartazes sobre as condutas que possamcaracterizar os crimes de boca de urna e corrupção eleitoral, bem comoorientá-la a entrar em contato com as autoridades competentes quandoda ocorrência destes ilícitos;

4 Oficiar aos representantes partidários, encaminhando cópia destaCARTILHA, com o fito de informá-los acerca das proibições legaisatinentes a este período eleitoral, para prevenir a ocorrência de crimeseleitorais;

4 Oficiar às autoridades policiais, encaminhando cópia deste estudo, como objetivo de subsidiá-las na repressão aos ilícitos eleitorais no pleito de2010;

4 Coibir a aglomeração de pessoas portando os instrumentos de propagandareferidos no art. 39-A, caput e §1º, da Lei n.º 9.504/97 e art. 49, §1º, daRes.-TSE n.º 23.191/2010 de modo a caracterizar manifestação coletiva,com ou sem a utilização de veículos, durante todo o dia da votação e emqualquer local público ou aberto ao público;

4 Esclarecer aos mesários e escrutinadores que a eles é proibido o uso, norecinto das seções eleitorais e juntas apuradoras, de vestuário ou objetoque contenha qualquer propaganda de partido ou coligação. A conduta, severificada, deve ser tolhida pelo Presidente da Mesa Receptora ou peloJuiz Eleitoral, inclusive sob pena de afastamento dos trabalhos eleitoraise configuração de crime de desobediência. Constatada a utilização deobjeto com o fim de influenciar o eleitor, restará configurado o crime deboca de urna;

4 Requerer atenção especial das polícias para qualquer modalidade dedistribuição, entrega ou colocação à disposição do público, em postos dedistribuição, em veículos, sedes de partidos ou comitês de candidatos oude associações civis, assim como em imóveis particulares, de todas e

2ª Parte

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quaisquer modalidades de propaganda política, incluídos: vestuários,adesivos, bótons ou distintivos, bonés, bandeiras ou flâmulas, jornais,revistas ou outros impressos de propaganda, bem como o denominado“santinho”. Tais condutas caracterizam o crime de boca-de-urna (art. 39,§ 5º, inciso III, da Lei 9.504/97);

4 Visitação, no dia da eleição, do maior número possível de seções eleitorais,por parte de equipes designadas pelo Juiz Eleitoral, a fim de verificar aregularidade do funcionamento das seções;

4 Afixar identificação própria nos veículos que estarão realizando transportede eleitores, para facilitar a devida fiscalização, bem como realizar efetivocontrole dos roteiros previamente estabelecidos mediante o preenchimentodo formulário que segue em anexo como sugestão.

4 A apuração dos crimes eleitorais está disciplinada pela Resoluçãonº 22.376/06-TSE;

4 Atentar para o fato de que nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco)dias antes e até 48 (quarenta e oito) horas depois do encerramento daeleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante delito ou emvirtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda,por desrespeito a salvo-conduto. Os membros das Mesas Receptoras eos Fiscais de partido, durante o exercício de suas funções, não poderãoser detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma garantiagozarão os candidatos desde 15 (quinze) dias antes da eleição. Ocorrendoqualquer prisão, o preso será imediatamente conduzido à presença doJuiz competente que, se verificar a ilegalidade da detenção, a relaxará epromoverá a responsabilidade do coator;

4 Orientar para que a força policial em serviço no dia das eleições semantenha a 100 (cem) metros da seção eleitoral, não se aproximando dolugar da votação, ou nele adentrando, sem ordem do Presidente da MesaReceptora de Votos, exceto para votar ou justificar a ausência a sua seçãoeleitoral.