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Cartilha cordel completa

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3IVamos tratar de um assunto

Trazendo dele a verdadeMuito mal faz às pessoas

De qualquer sexo ou idade:O uso de agrotóxicos

Traz risco à Humanidade!

IINosso ambiente sofre

De enorme degradaçãoFaz mais de 500 anosDesde a Colonização:

Das gentes aos ambientes,Quem perde é nossa Nação.

IIIA monocultura da cana

Com mão-de-obra escravaFaz ponte entre o latifúndioE o agronegócio que arrasa.

Isso ontem como hojeA vida da gente atrasa.

IVE aí parece que o tempoMuito mesmo não andou:Mudou a forma do dono,Mas não do trabalhador:Desde escravo até colonoOu pequeno agricultor.

abril/2011

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4 5VÉ preciso então pensar

Nos perigos que isso encerra:Tirar do povo o direitoÀ água, ao ar e à terra!Alertar sobre a loucura

Que mata e que nos emperra.

VIO uso dos agrotóxicos

Nesse contexto recenteObedece à ditadura

Das empresas no Ocidente:Vem desde a II Guerra

E nos destrói corpo e mente.

VIIO modelo baseado

No veneno, monocultura,Mecanização pesada,

Adubo químico em culturaÉ a “Revolução Verde”

Chamada na agricultura.

VIII (Aqui uma explicação De caráter adicional:Não se deve esquecerFAO e Banco Mundial –

Os grandes difundidoresDessa “modernidade” fatal.)

IXÉ preciso esclarecer

Que por aqui no BrasilFoi política de governo

Utilizar de um ardilPra fazer coro com o mundo

Nessa prática tão vil.

XPois na década de (19)60

Para o crédito acessarEra o agricultor obrigadoA agrotóxicos comprar

(Chamados de “defensivos”Pra seu impacto ocultar.)

XIOs rumos da agriculturaComeçaram a mudar:Os alimentos da mesaSe passou a exportar –

Só a produção camponesaFica pros lados de cá.

XIIMesmo assim ainda obrigada

A tudo de ruim suportar.A vizinhança dos grandesQuerendo lhe sufocar:

Tratores, transgênicos, venenoSão difíceis de enfrentar.

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6 7XIIINa produção pra exportar

Não se pensa no localA riqueza produzidaÉ toda ela global!

Para o povo ficam dívidasE degradação social.

XIVO contato com o agrotóxico

Polui o meio ambienteContamina nossos rios

E destrói enormementeA vida de quem os usa

Numa proporção crescente.

XVTodo tipo de agrotóxico

Causa contaminaçãoDas áreas subterrâneas

Ao ar livre sobre o chão:Açudes, rios, riachos

Também sofrem com a agressão.

XVINo mundo 6 grandes empresas

Lucram com a permissãoDe criar esses venenosSem pensar em solução

Pro que fica em conseqüênciaDe tal contaminação.

XVIIOs dados são alarmantes,

As cifras assustadoras:7 bilhões foi o lucro

Em dólares pras agressorasNo ano 2008 −

Vantagem bem promissora!

XVIIINo ano 2009

1 milhão de toneladasDespejadas pelos campos,

Imagine essa cilada:5 kg de veneno

Por habitante não é nada?!...

XIXNão custa ainda lembrar(E isso nunca é demais)

Que a produção de alimentosTem 10 mil anos ou mais −Mas o uso de agrotóxicos

Nem 60 anos faz...

XXIsso remete a um mercado

(Que é impossível consentir!)De produtos que da guerra

Se viu poderem servirPra gerar dinheiro à beça,

Vender muito e poluir.

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8 9XXVInsetos e plantas daninhasNão são o real problema:

A intensificaçãoDa monocultura é o dilema −

Por isso o agronegócioÉ deste cordel o tema.

XXVIMuitos trabalhadores

Já morreram antes da horaPorque contraíram câncerDoença que muito afloraPelo uso de agrotóxicos − O que muita gente ignora.

XXVIIQuem se intoxica sente

Náusea, vômito e mal-estar;Os agrotóxicos causamTambém dor articular −Em todo órgão do corpoAlgum sintoma ele dá.

XXVIIIEles também contaminamO solo e o lençol freáticoAs empresas fabricantes

Têm um lucro muito prático.Nessa exploração, vocêNão pode ficar apático!

XXISão inseticidas, são

Fungicidas, herbicidas, Tantos “cidas”, formicidas,

Acaricidas, pois não.Nemati’ e rodenticidas,

moluscidas − e assim vão!

XXIIReguladores, ainda,

E os que inibem o crescimento.1458 produtosAtivos uns 400

Ingredientes que formamEsse mercado estupendo!

XXIII É preciso, no entanto,Não deixar de observar

O círculo viciosoQue se começa a formar:“Veneno-praga-veneno”Boa coisa não vai dar...

XXIVPois desde que o mundo é mundo

Que os insetos nele estãoE quem derrota um inseto

É o inseto seu irmão −“Controle natural” se chama

A esse tipo de ação.

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10 11XXIXPois esse lucro se deve

A uma ambição demente:O veneno cai no rio,

Prejudica peixe e gente!A água contaminadaDeixa o povo doente.

XXXOs problemas de saúde

Podem ter mais de uma razãoMas não se pode esquecer

Essa determinação:Agrotóxicos contaminamTodo o seu raio de ação.

XXXIE ficam para o Estado

Os problemas de saúdeAs empresas nesse aspecto

Não tomam nenhuma atitude!O que fazem é só dizer:

“Adoeceu, que se cuide!!!

XXXIIHá muita gente lá foraQuerendo colocação!” –Dizem pro trabalhadorQue faça reclamação.

Nem atestado permitem:Parece uma escravidão!

XXXIIIAinda pra completarEsse cenário terrível

Não podemos não contarUma coisa que é incrível:Esses venenos não pagam

Impostos – isso é possível?...

XXXIVPois se tudo paga taxaPra se comercializar,

Como é que c’ os agrotóxicosEssa regra não se dá?Acontece no Brasil

E também no Ceará.

XXXVEm consumo de agrotóxico

O país é campeão!E no Estado quem vendeTem do imposto isenção:

Não paga ICMSPra comercialização.

XXXVIAs isenções, no entanto,Não justificam seus fins:Há decretos e convênios

“Dispensando” PIS, COFINS,IPI, também PASEP

E outras coisas afins!...

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12 13XXXVIIE sobre as “negociadas”

Dívidas do setor?!Sobre os ombros do Brasil

Pesam mais do que um trator!São bilhões que o agronegócio

Deve ao Estado-credor...

XXXVIIIComo é que, então, o povoDiante disso não diz nada?!

A população estáPela propaganda enganada?...(Pois conta maior quem pagaÉ quem permanece calada!)

XXXIXPor isso que na Chapada

Chamada do ApodiZé Maria protestou

Contra essa agressão ali:Pulverização aérea

Matando o povo dali.

XLFez um movimento forteContra aquilo que chegou

Em Limoeiro do NorteFoi uma voz que bradouDefendendo o ambiente,

Empresas denunciou.

XLIUma lei ele apoiou

Na Câmara Municipal –Importante passo dado

Nessa luta desigual:Juntou povo e entidades

Para poder ter aval.

XLIIA lei mandava pararCom a pulverização,

Pois veneno espalhavaSobre a população:

Homem mulher e meninoÁgua planta bicho e chão!

XLIIIA lei, porém, não durou

Pela articulaçãoDo poder do agronegócioCom a elite da região –

Mas foi um grande alvoroçoConseguir revogação!...

XLIVO ambientalista lutou

Contra esse grande mal:O uso de agrotóxicosE a injustiça social –

Isso a morte lhe causouMas foi deixado um sinal.

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14 15XLVTodo dia 21

Se juntam os movimentosPra lembrar dessa injustiça

Ainda sem punimento:De Zé Maria, a morte;

Da Chapada, o sofrimento.

XLVIComo o fato que é sabidoDe um jovem trabalhador

Que aos 29 morreuDeixando família e dor

Por lidar com agrotóxicosNa firma que o empregou.

XLVIIO Brasil é o país

Que mais agrotóxico usa:Com a omissão dos governos,Muita empresa dele abusa –Porém chegou o momentoDe expressar nossa recusa.

XLVIIIBasta de ser explorado

Pelo imperialismo!Produzir só pra exportarVai nos levar ao abismo –

O agronegócio segueA lógica do capitalismo.

XLIXA nossa soberania

Precisa ser respeitadaQuem produz com agrotóxicosQuer o seu lucro e mais nada

A segurança alimentar Está muito ameaçada.

LVamos lembrar que a Chapada

Tem uma longa tradiçãoDe história e resistência

Escrita na imensidãoDo Vale do Jaguaribe,

Essa nossa região.

LIDesde a Guerra dos Bárbaros

Com o avanço do invasorSobre as terras indígenas

Queria o agressorIgnorar as conquistasDo povo trabalhador.

LIISão conquistas singularesMas que dizem da cultura:A convivência com os pares

O jeito da agricultura −Governos após governosDestroem essa estrutura.

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16 17LIIIPromete-se “desenvolvimento”Fala-se em emprego e rendaMas traz-se é mais sofrimentoFaz que o povo se arrependa

De ter acreditado nissoComo se fosse oferenda...

LIVPor isso vamos plantarSem veneno e produzir

Alimentos mais saudáveisProntos pra consumirCom a agroecologiaSem a vida destruir.

LVPorque é preciso saberO que traz soberania:

É o modelo agronegócioOu a agroecologia?...

Essa questão, minha gente,Muit@s de nós desafia!

LVIO futuro do planeta

Depende da humanidadePrecisamos construir

Vida com mais qualidadeTratar os seres da terraCom menos brutalidade.

LVIIÉ necessário reverO jeito de produzir

E mudar radicalmenteA forma de consumir

Um mundo mais sustentávelNós devemos construir.

LVIIINão vamos usar venenoNo solo e nas plantaçõesMas cuidar da naturezaSem fazer devastaçõesHoje a natureza berra

Vamos preservar a terraPara as próximas gerações.

LIXPressionar o agronegócio

Usar a legislaçãoFazer valer os direitos

Da nossa populaçãoCobrar o que está escritoDos governos como dito

Pela Constituição.

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18 19LXNecessário pra esse intento

É a mobilização:Venha fazer movimento!Botar o mundo em ação!Gente junta é o fermentoPra mudar esse momento,

Construir outra Nação!

Não àpulverização

Por um Brasillivre de

agrotóxicos!

Ficha TécnicaAutorrogaciano oliveira

Co-autoragigi castro

Programação gráficamayara melo

Ilustraçõesmacos venícius

Finalizaçãosérgio paulo azevedo

Impressãoexpressão gráfica e editora

tiragem10.000 exemplares

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