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ELEIÇÕES 2012 JUVENTUDE DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DE PERNAMBUCO

Cartilha da Juventude do PT-PE aos Jovens candidatos PeTistas

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Cartilha com formação e informação para as nossas candidaturas jovens. Seja para prefeito, ou vereador. Boa leitura!!

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ELEIÇÕES 2012

JUVENTUDE DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DE PERNAMBUCO

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”Eu acredito é na rapaziadaQue segue em frente e segura o rojão

Eu ponho fé é na fé da moçadaQue não foge da fera e enfrenta o leão

Eu vou á luta com essa juventudeQue não corre da raia a troco de nada

Eu vou no bloco dessa mocidadeQue não tá na saudade e constróiA manhã desejada” Gonzaguinha

1. APRESENTAÇÃO

Saudações PeTistas,

A juventude brasileira vive hoje um momento especial, onde estamos tendo o privilégio de crescer num pais que está nos dando oportunidades. A partir de 2003 com Lula e hoje com Dilma, foi estabelecida uma inversão de prioridades e com isso estamos avançando nas politicas publicas de juventude, construindo um Brasil cada dia melhor para os brasileiros.

Em Pernambuco o avanço das políticas públicas veio com a interiorização das Universidades Federais, Institutos Federais de Tecnologia, criação e ampliação Reuni, Prouni, Pró Jovem, entre outros programas, implementados pelo governo do PT, que colocaram nosso estado em um novo patamar de desenvolvimento.

Mas não podemos esquecer que a juventude é, ainda, a detentora damaior vulnerabilidade, onde estão os piores índices sociais, por isso faz-se necessário um maior conhecimento e cuidado dos nossos governantes.

Por isto esta cartilha tem o objetivo de instrumentalizar e embasar nossos candidatos, coordenadores de campanha e militantes no debate da juventude e importância do protagonismo juvenil. Bem como, ser um meio de apresentação do PT para as e os jovens pernambucan@s.

Ela traz informações, orientações e dicas, visando uma familiarização com o tema, que possibilita um diálogo direto com a jovens. Foi construída por militantes da juventude, através das experiências nas campanhas e nos movimentos sociais. Pois, creditamos que a organização juvenil é um instrumento essencial. Assim sendo, firmamos um compromisso com esse setor estratégico que é de fundamental importância para alavancar as ações do partido e da sociedade.

Clayton CabralSecretário Estadual de Juventude do PT-PE

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2. INTRODUÇÃO

A participação da juventude no processo eleitoral é um fator preponderante para o bom desempenho das candidaturas proporcionais e majoritárias. O vigor e a disposição dos jovens empolgam os militantes e a campanha.

Entretanto, é preciso destacar que a participação da juventude não deve se restringir a uma contribuição somente nas “tarefas”. Ela deve, sobretudo, ser ampliada na contribuição para a elaboração e a tomada de decisões.

É fundamental envolver o conjunto do partido e fomentar a discussão sobre a importância e o peso que os jovens têm na construção da sociedade que queremos, a Socialista. É tarefa do conjunto do PT pensar ações destinadas ao público jovem nas cidades.

As administrações municipais e estaduais do PT e o governo federal vêm produzindo avanços e melhorias nas condições de vida de toda a população, principalmente, através de políticas nas áreas de educação, saúde, agricultura, assistência social e habitação.

Contudo, apesar dessas políticas atingirem, também, a população jovem, existe a demanda por políticas públicas que atendam as necessidades específicas da juventude. Mesmo com o êxito das ações nas administrações onde foram implementados órgãos específicos (assessoria, coordenadoria ou secretaria) de políticas públicas de juventude, os novos desafios colocados pela evolução do debate ampliam a importância desta temática nos governos.

6. Hoje, a população jovem em Pernambuco enfrenta grandes problemas, como a mobilidade urbana e intermunicipal, a violência urbana, a precariedade na ocupação dos postos de trabalho e na rede estadual de ensino superior. Além disso, a juventude é aparcela da população que convive mais

intensamente com um cenário de persistente exclusão social.

A oferta de bens e serviços públicos é insuficiente para atender toda a demanda e a isso se soma o baixo conhecimento e uma aparente falta de prioridade do Governo do Estado sobre a realidade juvenil e a existência de demandas específicas, o que tem provocado um desencontro entre as demandas dos jovens e as políticas públicas.

Somos em Pernambuco mais de 2,4 milhões entre 15 e 29 anos (CENSO IBGE, 2010), ou seja, representamos mais de 25% da população do estado. Este percentual significa que seguimos a mesma tendência do bônus demográfico vivido pelo Brasil e precisa ser compreendido e utilizado de maneira estratégica para a implantação e o sucesso no programa desenvolvimentista democrático e popular que defendemos.

Portanto, não só pela capacidade que a juventude tem de transformar positivamente a campanha, mas fundamentalmente, pela importância que tem assumido na conjuntura dos problemas sociais é que acreditamos que esta temática será um diferencial nas eleições municipais de 2012. Assim, o PT deve priorizar a juventude, como tema, na sua pauta política e conseqüentemente torná-la mais uma marca do modo petista de governar.

Esta também será uma oportunidade de ampliarmos o processo de municipalização da JPT. Essas eleições serão fundamentais para aprofundar as mudanças em curso no nosso país, sendo a grande ante-sala da disputa nacional que travaremos pela reeleição de Dilma em 2014 e o fortalecimento de um projeto petista para Pernambuco.

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“Os poderosos podem matar

uma, duas ou três rosas, mas jamais

conseguirão deter a primavera

inteira.” Che Guevara

3. O que é Juventude?

Ser jovem não é apenas ter entre 14 e 29 anos. Juventude é uma condição em que hoje, mais de 50 milhões de brasileiros se encontram.

Durante muito tempo a concepção de juventude hegemônica, foi a de jovem como sinônimo de problema.

Uma fase transitória da vida, em que essas figuras estariam suscetíveis a todos os tipos de males existentes no mundo, como drogas, relações sexuais precoces, violência e delinqüência, de forma que as instituições mais tradicionais, como o Estado, a Família e a Igreja, deveriam zelar pelos seus cuidados, os protegendo do contato com as ameaças mundanas, para que apenas no futuro, eles começassem a agir por si só.

Esta concepção de juventude problema, de sujeitos passivos do presente e potencialmente ativos do futuro, retira completamente do jovem a sua condição de ser em si. Submete os indivíduos a padrões e estilos que, muitas vezes, não são aquilo que ele deseja ser, ter ou fazer, como qual escola ou faculdade freqüentar, quais amigos ter, ir a igreja, não beber, ter horário de chegar em casa, não ter relações sexuais e etc.

Tudo isso, em um contexto de imposição, ou pior, de subjugação a um conjunto de valores que, especialmente neste começo de segunda década do século XXI, não são tão compatíveis com a realidade dos jovens, que por sua vez, possuem novos valores.

Tanto é que não se pode mais falar apenas em juventude, mais sim em juventudes, pois a diversidade de sujeitos e formas de viver a condição juvenil são tantas, que não podem ser reduzidas a apenas uma definição.

Os jovens são pobres e ricos, meninas e meninos, negras(os),

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brancas(os), indígenas, do campo e das cidades, estudantes, trabalhadores, que já são pais e mães, religiosos, ateus, gays... Enfim, os jovens de hoje estão em situações das mais diversas e dessa maneira precisam ser encarados.

Não se pode esquecer que são os jovens, especialmente as mulheres e negros, os mais afetados pela lógica do modo de produção capitalista. Destes, parcela significativa é impedida de viver plenamente sua juventude, pois precisam lutar diariamente para sobreviver, além de sofrer com as discriminações e preconceitos típicos dos valores burgueses da sociedade capitalista racista, machista e homofóbica.

Esta condição, portanto, trata-se de uma fase marcada centralmente por processos de desenvolvimento, inserção social e definição de identidades, o que exige experimentação intensa em diferentes esferas da vida.

3.1. A condição juvenil!*

A condição juvenil é dada pelo fato de os indivíduos estarem vivendo um período específico do ciclo de vida, num determinado momento histórico e cenário cultural.

Este período corresponde, idealmente, ao tempo em que se completa a formação física, intelectual, psíquica, social e cultural, processando-se a passagem da condição de dependência para a de autonomia em relação à família de origem.

A pessoa torna-se capaz de produzir (trabalhar), reproduzir-se (ter filhos e criá-los), manter-se e prover a outros, participar plenamente da vida social, com todos os direitos e responsabilidades.

A condição juvenil, portanto, se desenvolve em múltiplas dimensões. Os jovens são sujeitos com necessidades, potencialidades e demandas singulares em relação a outros segmentos etários.

Requerem estruturas de suporte adequadas para desenvolver sua formação integral e também para processar suas buscas, para construir seus projetos e ampliar sua inserção na vida social.

Os processos constitutivos da condição juvenil se fazem de modo diferenciado segundo as desigualdades de classe, renda familiar, região do país e do estado, condições de moradia rural ou urbana, no cento ou na periferia, de etnia, gênero etc. Essas diferenças resultam em chances muito distintas de

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desenvolvimento e de inserção.

Por compreender a existência destas peculiaridades, é que precisamos nos debruçar ainda mais sobre o tema juventude e pensar as políticas públicas que se adéquam da melhor maneira para cada lugar e grupo.

*Com fragmentos do capítulo 2 – Diagnóstico da Juventude Brasileira – do documento final do Projeto Juventude, realizado pelo Instituto Cidadania.

4. O QUE JUSTIFICA A IMPORTÂNCIA DO TEMA JUVENTUDE HOJE?

4.1. A quantidade populacional e suas especifi-cidades

Os dados estatísticos revelam que:

A população residente entre 15 e 29 anos em Pernambuco,

segundo o Censo demográfico 2010 do IBGE é de

aproximadamente 2.410.821.

Deste total as mulheres representam a maioria, sendo

50,66%. Um dado de importância crucial, pois dimensiona

a necessidade de políticas públicas que atendam as

especificidades do público jovem feminino.

Também deve ser ressaltado, que 62,2% dos jovens

pernambucanos se declaram pretos e pardos, com uma

maioria também da população feminina. Este dado tem grande

relevância, pois é sintomático da necessidade de políticas

públicas afirmativas para os jovens. Por exemplo, da média

de 155.314 jovens sem alfabetização, 71,7% estão entre os

declarados negros e pardos.

Merece também ser destacado um recorte regional, pois

20,11% da população jovem pernambucana vive na zona rural

do estado.

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4.2. A condição econômica e a estratégia para o desenvolvimento

Quando as condições de atividade e ocupação, do total dos 2.411.034 jovens entre os 15 e 29 anos, 1.372.306 são economicamente ativos, e destes 1.128.490 estão ocupados (IBGE – Censo Demográfico 2010).

Isso significa dizer que os jovens pernambucanos representam 35,85% do total da população economicamente ativa do estado.

O total da população economicamente ativa já supera as não ativas em quase 2%, comprovando-se assim o nosso bônus demográfico. Podemos, portanto, afirmar com precisão que o peso da juventude tem sido decisivo para o momento de crescimento econômico do estado.

Isso fica claro ao visualizarmos que enquanto a população jovem é em média 27,40% da população, sua participação representa 35,85% da parcela economicamente ativa.

A estratégia de desenvolvimento de qualquer governo, portanto, deve levar em conta esta circunstância concreta. As experiências demonstram que quando a juventude é incorporada de forma específica nas políticas públicas e lhe são garantidas oportunidades ela se torna uma força essencial no processo de transformação do estado.

Além disso, é preciso considerar que as contradições e os desafios que se colocam para essa nova geração têm

um tempo próprio para serem enfrentados. E o tempo é hoje. Amanhã essas ações não terão efetividade. Não agir hoje é perder o bonde da história e correr o risco de a nação como um todo retroceder. Pois, sem condições mínimas os jovens de agora serão os adultos incapazes de resolver as dificuldades do futuro no país e, principalmente, nos municípios.

4.3. O debate geracional

Inicialmente, importa significar que a palavra “geração” não será utilizada com o estreito conceito etário, mas como conceito histórico. A primeira geração petista é dos que fundaram e dirigiram o PT ao longo dos últimos trinta anos, mesmo que fossem jovens ou idosos. Igualmente, a segunda geração petista é a que conduzirá o partido daqui por diante – se nossas previsões se confirmarem, independente também de sua idade. Evidente que a segunda geração, por um determinismo da vida, será eminentemente jovem, embora haja jovens que, provavelmente, permanecerão na defesa do projeto da primeira geração e haja não-jovens que não dirigiram a primeira geração e podem fazê-lo agora. O conceito, portanto, é político.

O que podemos afirmar é que a primeira geração petista elaborou e cumpriu uma estratégia partidária que podemos considerar vitoriosa. Fundou e consolidou o maior partido de esquerda da América do Sul, a maior central sindical do país, conquistou e geriu com sucesso dezenas de prefeituras e governos estaduais, elegeu a maior bancada parlamentar da Câmara dos Deputados, angariou incríveis 35% da preferência nacional, tornou-se a grande referência de partido de esquerda

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e de massas do mundo e chegou ao poder institucional do Brasil, elegendo e reelegendo Lula como o maior Presidente da República da história do país e, em sua sucessão, a primeira mulher Presidenta.

Com todas as contradições e desvios no caminho, a primeira geração cumpriu a estratégia que definiu para sua existência. Acontece que, seja por obra da vida que sempre finda, seja por elementos objetivos da conjuntura política, essas conquistas exigem a renovação da estratégia e permitem a busca das utopias secundadas pelo projeto anterior.

É que se for mantida a mesma estratégia em um novo momento histórico, os resultados já não serão positivos. Buscar governar, para governar mais, para governar de novo e seguir governando é uma estratégia falida a priori para um partido socialista, ou para um partido, pelo menos, consciente de que o modelo de produção capitalista não permite o mínimo de felicidade ao conjunto da humanidade.

A segunda geração do PT tem o desafio de escancarar a convicção de que não basta criar milhares de postos de trabalho, se o trabalho permanece como meio de exploração dos trabalhadores; não adianta ampliar as vagas na Educação Superior se o conceito educacional continua sendo eurocêntrico, sexista, racista, mercantil; não adianta incluir milhões de pessoas na classe média para que elas possam conveniar um plano de saúde privado, em vez de garantir saúde pública de qualidade; não nos serve viver em uma sociedade cujo sonho

médio é a aquisição de um veículo automotivo poluente, pela insuficiência do transporte público.

Nosso desafio é demonstrar o óbvio: o processo de inclusão social que nossos governos implementam no Brasil é apenas o primeiro passo, um passo tímido diante da necessidade de revolucionar as relações de produção, de conhecimento, de organização e de comunicação.

Cabe à nossa geração dizer ao PT que o desafio dos socialistas é o socialismo. Um socialismo com a nossa cara. Capaz de dialogar com as lutas por participação, com a reinvenção da emancipação social e com os novos sujeitos de cidadania. Um socialismo comprometido com o multiculturalismo, a tecnologia social e a diversidade do mundo.

No momento em que o capitalismo desmorona no Norte e escancara a farsa de suas promessas aos países do Sul, cabe à segunda geração petista elaborar uma nova estratégia, que possa beber nas formulações do socialismo petista, sabedor de que “a luta do PT esteve na origem da nossa convicção anti-capitalista (...) de que a democracia é incompatível com a injustiça e a exclusão social, com a fome, a violência, a guerra e a destruição da natureza”1 .

A tarefa da nova geração é avançar a música, com esta nova estratégia, através do diálogo entre as diversas formulações teóricas que coexistem no PT, nos movimentos sociais e na esquerda brasileira e mundial.

Dois elementos saltam aos olhos: em primeiro lugar, a certeza 1 Resolução sobre o Socialismo Petista aprovada no 3o Congresso do PT, em 2007.

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de que não é suficiente o desenvolvimento sócio-econômico sem o desenvolvimento das consciências. Conseguimos incluir milhões de pessoas nos direitos básicos mas sequer as disputamos para a política, para uma visão de mundo pautada na solidariedade e no respeito à vida. Estamos expandindo a classe média brasileira sem alterar sua composição ideológica, incluindo milhões de pessoas com os mesmos conceitos e preconceitos da egoísta classe média anterior. Gente que despreza seu semelhante, gente racista, homofóbica, poluente, adepta do american way of life, analfabeta política, assinante da VEJA, exploradora de seus próprios empregados e assentada no paradigma do capital. Que Brasil vamos construir com inclusão social sem inclusão política?

Em segundo lugar, na nova estratégia, é fundamental a presença do debate acerca dos valores e práticas balizadores do mundo que nos caberá construir. Como a prática é o critério da verdade, devemos ser mais radicais e exigentes em relação aos nossos métodos decisórios e relações de poder. O autoritarismo dirigente, os superpoderes parlamentares, a supervalorização eleitoral, esvaziamento de instâncias partidárias, o personalismo, o rancor como elemento político, fraude de atas e cédulas, compra de militantes por vaga de emprego, descumprimento de acordos, desvio de dinheiro para fins particulares, falsos Congressos e falhas de caráter individuais e coletivos devem ser duramente rechaçados como uma política geracional, não policial ou persecutória. Para erguer um mundo onde a política seja expressão do pensamento e dos sonhos do povo, entre nós a prática condizente com a estratégia deve ser decisão meritória.

Evidente que muitas outras formulações devem ser incluídas na definição da estratégia dessa segunda geração. À propósito, apenas a pactuação da ampla maioria do partido poderá fazer dessa elaboração uma decisão política. Apresentamos essa contribuição como forma de provocação ao conjunto das tendências, militantes, intelectuais e petistas de todo país. Na esperança de que a ousadia que nos trouxe até aqui se renove e nos leve muito além.

5. A IMPORTÂNCIA E A PARTICIPAÇÃO DOS JOVENS NAS CAMPANHAS

Sabemos que envolver os jovens na campanha não é uma tarefa fácil. Entretanto, também, sabemos que é uma tarefa possível e que se for bem realizada potencializa não só as candidaturas, mas o diálogo com os jovens em geral e a construção partidária futura.

A intervenção da juventude nas campanhas deve ser extremamente qualificada, sendo necessário que todos estejam preparados e com conteúdo político para conquistar a população

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com argumentos consistentes e bastante conhecimento dos assuntos.

A idéia aqui é sugerir às coordenações de campanha um roteiro com dicas de organização e de ações que podem facilitar o processo de envolvimento dos jovens.

O roteiro está dividido em três etapas, todavia não é nenhuma receita pronta, e por isso devem ser adaptados às condições políticas do processo eleitoral e a realidade do município.

1ª ETAPA (Preparação)

a) Formar um grupo de jovens que assuma o trabalho sobre juventude na campanha. Onde estiver constituída, este deverá ter o seu centro na Secretaria Municipal de Juventude do PT.

- O grupo não precisa de número de participantes predeterminado. O importante independentemente da quantidade, é que o grupo exista;

- Os militantes de juventude precisam conhecer o candidato, sua proposta e o diferencial para a conquista do voto por convencimento;

- Com certeza as candidaturas proporcionais terão grupos de jovens participando de suas campanhas. É fundamental que estes grupos tenham relação entre si e com o grupo da candidatura majoritária;

- É interessante ter nos grupos jovens identificados com a candidatura e proativos, sempre observando os lideres nato

dentro do grupo, pois estes poderão começar a assumir tarefas junto a coordenação.

- Características a serem observadas: simpatia, respeito, comprometimento, linguagem e postura.

b) O grupo deve definir um representante, que deve ser incorporado à coordenação geral da campanha. Esta ação é importante para possibilitar o entrosamento e a sintonia da campanha jovem com a campanha geral;

c) O grupo deve realizar reuniões de preparação antes de iniciar os trabalhos.

I) Reunião de organização interna, onde se defina o plano de trabalho e o cronograma de atividades do grupo;

II) Reunião de nivelamento, onde o grupo deve, coletivamente, se apropriar dos debates atuais sobre o tema juventude. Neste momento os jovens precisam unificar tanto a compreensão quanto o discurso de campanha sobre juventude.

III) Reunião de sistematização de dados sobre a juventude do município. É preciso elaborar um documento com uma síntese dos dados mais significativos sobre a juventude da cidade, construindo o perfil do jovem, como quantos são; onde moram; como se deslocam; como se divertem; onde estudam; onde trabalham, e etc.

2ª ETAPA (Articulação e construção das propostas para o programa de governo)

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a) O grupo deve fazer conversas agendadas com as diversas tribos e organizações de jovens da cidade (jovens da igreja, de grupos culturais, do rock, esportistas, de bandas de música, da zona rural e etc.) para discutir propostas para o programa de governo;

b) Estas reuniões devem ser feitas com cada grupo de maneira individual, onde se discutam tanto as questões específicas como as questões gerais do município.

c) Ao concluir as reuniões individuais com cada grupo, deverá ser realizada uma reunião para sistematização das propostas recolhidas. Quando concluído, este documento deverá ser incluído no Programa de Governo e divulgado amplamente, por meio das redes sociais, panfletagens, programa de específico de rádio e TV, e nos espaços de atuação de cada uma das tribos e organizações que contribuíram.

d) Buscar experiências de gestão de juventude que estão dando certo.

“Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força consegue destruir.”

C. Drummond de Andrade

3ª ETAPA (Campanha na rua e na internet)

Deve ser organizada uma agenda de atividades de rua (bandeiraços, panfletagens, bicicletadas, visitas às portas de escolas, pontos de encontro da juventude, bares, praças, comunidades, e etc.). Com a mesma intensidade deve existir uma vida virtual, com perfis no maior número possível de redes sociais, blogs e microblogs. Para tanto, é fundamental:

a) Fazer um calendário de atividades, planejar as ações que serão desenvolvidas evitando improvisos ou ações desarticuladas.

b) Listar os locais onde serão feitas as atividades, enumerando lugares onde pretendemos realizar as ações diretas, que inclua escolas, faculdades, praças, postos e pontos onde a turma jovem costuma se encontrar;

c) Articular os grupos que contribuíram para a construção do plano de governo e convidar todos os demais a se engajarem no processo;

d) Deve-se utilizar os mais variados tipos de comunicação.

A campanha tem que ter músicas e jingles voltados para a

juventude, que anime a turma, transmita nossa mensagem e

nos diferencie das demais;

e) Nas redes sociais, os perfis devem ser alimentados

constantemente. Com divulgação das ações, muitas fotos

e vídeos e o que mais aparecer. Por ser uma ferramenta

extremamente dinâmica, o grupo deve estabelecer um coletivo

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de comunicação para ser o responsável por estas mídias.

f) Fazer debates e discussões nos diversos espaços que

sofrem construídos. Estes devem criar um clima de discussão

política para melhor apresentarmos nossas propostas e

candidatos;

g) Cadastrar a juventude e organizar uma lista de contatos,

com todos aqueles que participarem dos espaços. Isto deve

ser feito por meio de um formulário distribuído nos atos, no

comitê e nos espaços virtuais;

h) Promover espaços de socialização e confraternização,

que proporcionem uma aproximação de novos companheiros

e companheiras. Além de possibilitar um melhor entrosamento

da militância e poder agregar novos interessados.

6. Diretrizes e proposta para a formulação de programas de governo

6.1. Diretrizes Gerais

Pretende-se com essas linhas gerais apresentar as diretrizes que devem nortear a formulação de políticas públicas para a juventude nos programas de governo das campanhas municipais.

A necessidade de implementar Políticas Públicas de Juventude (PPJ), cuja responsabilidade é do Estado, deve se fundamentar na concepção de que os jovens são sujeitos de

direitos, sujeitos políticos ativos do presente e atores sociais que possuem necessidades específicas e singulares.

As PPJ devem possibilitar que esta vivencia seja construída por meio de um intenso processo de desenvolvimento (individual e coletivo) integral dos jovens a partir de seus interesses, potencialidades, desejos e direitos, respeitando e valorizando suas diferenças e, ao mesmo tempo, combatendo às desigualdades.

Por estes motivos, as PPJs devem ter premissas e princípios comuns, tais como:

a) A Garantia do desenvolvimento integral e oportunidades de inclusão

As prefeituras e os mandatos legislativos do PT devem contribuir para alterar o modelo de desenvolvimento historicamente construído no país e no estado. Precisamos derrotar e superar os modelos social-desenvolvimentista e muitas vezes desenvolvimentista-conservador que se apresentam. Neste aspecto, deve-se garantir aos jovens oportunidades de inclusão e suporte para que possam processar suas buscas, construir seus projetos e desenvolver sua inserção na vida social;

b) Participação da juventude na construção das PPJs

Os principais pontos de apoio e diálogo de nossos mandatos para a formulação, execução, fiscalização e avaliação das políticas de juventude devem ser as/os próprias/os jovens

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organizados e mobilizados.Os jovens devem ter espaços que permitam sua interferência nos processos decisórios relativo a políticas que lhe digam respeito.

c) Ampliação do “Direito a Cidade”

A cidade tem ampliado sua atuação enquanto espaço de socialização de jovens, superando, os universos familiar e escolar, consolidados historicamente como espaços de preparação para a vida adulta. No momento em que 79,89% dos jovens pernambucanos vivem na zona urbana, assegurar o direito a vivenciar a cidade é multiplicar ações públicas de integração e socialização que diminuam ao máximo os processos marginalizadores. A organização e a gestão das cidades devem possibilitar – e não dificultar – os direitos juvenis à cultura, ao lazer, à educação, ao trabalho e demais bens sociais. Nesse sentido, é central o investimento em políticas de mobilidade urbana e de acesso a moradia.

d) Qualidade de vida no campo

A agricultura familiar é a base da economia dos pequenos e médios municípios e a principal garantidora da geração de trabalho e renda nestes locais, além de garantir a segurança alimentar do país. No entanto, por talta de oportunidades, os jovens rurais migram para as grandes cidades, aumentando o êxodo rural e colocando em risco a sucessão da agricultura familiar. Portanto, é necessário pensar políticas de vida no espaço rural, como acesso à saúde, estradas, assistência técnica, capacitação, educação, estímulo a produção alternativa, sustentável e agroecológica, garantia de lazer,

esporte e cultura. Tudo isto no sentido de permitir que o jovem e a jovem rural tenham a OPÇÃO de ficar no campo e ter uma vida com qualidade.

e) Gestão e fortalecimento institucional

Devemos compreender que somente com a existência de um

órgão específico de juventude que garanta a inter-setorialidade,

as prefeituras terão as condições necessárias para cumprir com

tais demandas. Tais órgãos devem ter a função de formular,

coordenar e executar as políticas de juventude. Para tanto,

precisam de um orçamento próprio e ter condições políticas

de articular o conjunto da ação do governo. Este órgão deve

ser prioritariamente uma Secretaria de Juventude. Aqui é

importante dizer que o órgão de juventude, mesmo não sendo

uma secretaria, sendo uma Coordenadoria ou até mesmo uma

Assessoria de Juventude, precisa ter foco e autonomia. Não

deve estar vinculada a outras secretarias (Esporte, Cultura e

Lazer), como costumeiramente observamos. O importante é

afirmarmos que sem o mínimo e estrutura a política elaborada

poderá não sair do papel.

6.2. Proposta de Ações

As propostas sugeridas aqui visam estimular o debate sobre as alternativas para os jovens do município. A idéia é ajudar na formulação do programa de governo através de algumas propostas que balizam questões centrais, hoje, no debate de juventude.

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Estas propostas, por sua vez, seguem têm eixos orientadores, a Participação, o Espaço Institucional e os Espaços públicos de desenvolvimento dos jovens.

a) Apoio aos movimentos e organizações juvenis

Os mandatos petistas não podem hesitar em contribuir para que a juventude se organize e pressione o poder público por mudanças. Pelo contrário, a presença petista no poder público deve servir para permitir a expressão e a interferência da população organizada nas tomadas de decisão e definição dos rumos da cidade.

b) Criação de canais de interlocução entre os jovens e o poder público

É fundamental a construção de canais de diálogo, como fóruns de debate e os próprios conselhos municipais de juventude. Devem-se consolidar espaços de permanente articulação das/dos jovens na sua interlocução com o poder público, para que participem ativamente das tomadas de decisão.

c) Mapeamento da Juventude

Promover levantamento de dados e pesquisas, que permitam o diagnóstico das condições dos jovens, construindo um perfil sócio-cultural da juventude do município. Este material é fundamental para a elaboração de políticas para a juventude levando em consideração as características do município/bairro/distrito, com especial atenção às singularidades e peculiaridades das diversas juventudes.

d) Criação de Mecanismos de fiscalização e avaliação das PPJs

Precisamos de um constante aprimoramento na construção de políticas de juventude, buscando otimizar a aplicação dos recursos públicos, identificar com precisão os resultados obtidos, propor reformulações e mudanças de orientação quando necessário, ou, por outro lado, intensificar e ampliar ações com resultado positivo.

e) Implantação de programas voltados à geração de emprego e renda

É fundamental evitar a entrada precoce dos jovens no mercado de trabalho. Mas ao mesmo tempo é preciso garantir uma maciça ampliação dos empregos formais e

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das alternativas de geração de renda para a juventude. Os municípios devem buscar construir condições para que os jovens entrem na escola, na universidade e possam continuar estudando antes de se integrarem formalmente ao trabalho. Esta ação gera uma pressão menor pela procura de trabalho e permite o desenvolvimento pleno ou mais completo do potencial criativo e produtivo dos jovens. Na outra ponta, é necessário dar prosseguimento a experiências que permitam a entrada no mundo do trabalho para aqueles que querem ou não tem condições de continuar estudando. Para tanto, deve-se promover iniciativas de associativismo, cooperativismo, economia popular e solidária, capacitação profissional, financiamento público dos projetos da juventude e demais alternativas de geração de renda para a juventude.

Ação integrada ao Governo Federal por meio do Ministério de Trabalho: Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE)

Qualificação sócio-profissional de jovens de 16 a 24 anos, desempregados, com renda mensal per capta de até meio salário mínimo. Os participantes recebem vale-transporte e bolsa-auxílio de R$ 150.

f) Implantação de projetos de universalização, melhoria da qualidade e reestruturação democrática da educação.

As gestões petistas devem especial ênfase à qualificação e remuneração de professores. O acesso ao ensino superior e técnico, tanto dos estudantes como dos professores, para garantir melhorias na formação profissional, deve ser alvo

de atenção nos municípios. Deve-se compreender que a participação é uma condição determinante para atingirmos a qualidade da educação, o compromisso coletivo com o aprendizado e o compromisso com a comunidade. Portanto, é fundamental potencializar a participação da comunidade na gestão da escola, a auto-organização dos estudantes, entendendo-a como direito. Neste sentido é decisivo o papel dos Grêmios e Diretórios estudantis, pois estes são os mais dinâmicos espaços para que os jovens estudantes assumam posições de atitude, liderança, senso de solidariedade, coletividade e organização coletiva.

Ação integrada ao Ministério de Educação. Programa Brasil

Alfabetizado: Promoção de alfabetização para jovens acima

de 15 anos. Os cursos são promovidos por instituições de

ensino em um período de oito meses. Programa Escola Aberta:

Abertura das escolas públicas nos fins de semana. Pagamento

de bolsa a jovens que ministram oficinas.

Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio: Recursos

para a reforma curricular, melhoria da qualidade e expansão

do ensino médio da rede pública. Programa de Integração da

Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de

Educação de Jovens e Adultos (PROEJA). Ampliação de vagas

em cursos de educação profissional para jovens e adultos que

concluíram o ensino fundamental, com no mínimo 21 anos de

idade. Realização de cursos de formação técnica continuada,

com validade de Ensino Médio (2.400 horas).

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g) Implantação de projetos na área da cultura, esporte e lazer.

É necessário universalizar o acesso à cultura e aos bens

culturais, com a constituição de espaços públicos de lazer e

cultura para a juventude, além de iniciativas de apoio ao esporte

amador, de criação e manutenção de centros esportivos e

de estímulo a prática esportiva nas instituições de ensino. É

preciso construir e ampliar os espaços públicos de integração,

interação e diálogo entre os diversos segmentos juvenis,

disponibilizando infra-estrutura para a realização de reuniões,

oficinas e ventos (como encontros literários, cursos de teatro,

oficinas de cultura, incentivo de práticas esportivas, abertura

de escolas nos finais de semana para torná-la um espaço de

recreação e cultura).

Ação integrada ao Ministério dos Esportes. Programa Bolsa-

Atleta: Apoio financeiro a atletas com mais de 12 anos que

não possuem patrocínio. O benefício é dividido em quatro

categorias: estudantes, nacional, internacional e olímpica/para-

olímpica e tem duração um ano, prorrogável.

h) Implantação de projetos na área da saúde, direitos humanos, cidadania e meio ambiente.

Os jovens devem ter garantidos seus direitos humanos,

individuais e coletivos, civis, políticos, sociais e econômicos.

Portanto, devem-se implantar projetos que garantam o

desenvolvimento sustentável da região, garantir o cumprimento

da legislação ambiental, executar projetos de educação

ambiental e de incentivo à organização de movimentos juvenis

em defesa do meio ambiente; promover a capacitação dos

agentes de saúde para atendimento a jovens e projetos de

educação popular em saúde; implementar políticas de prevenção

e redução de danos para usuários de drogas; reabilitação para

os dependentes químicos, assim como prevenção de doenças

sexualmente transmissíveis e a garantia dos direitos sexuais

e reprodutivos; estabelecer mecanismos para a diminuição

da mortalidade infantil, assim como garantir a reintegração de

jovens infratores.

Page 17: Cartilha da Juventude do PT-PE aos Jovens candidatos PeTistas

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EditorialEsta é uma publicação da Secretaria Estadual de Juventude do PT de Pernambuco.Os dados demográficos foram encontrados por meio de pesquisas no Censo DemográficEo 2010 do IBGE e na Pesquisa Nacional por Análise de Domicílio (PNAD), disponível emhttp://www.ibge.gov.br.

A base dos textos tem origem nas cartilhas da Secretaria Nacional de Juventude do PT, publicadas respectivamente em 2004, 2006 e 2008, bem como outros textos e contribuições escritas por Clayton Cabral, Patrick Campos e Rafael Bezerra.Outras informações foram encontradas no site da Secretaria Nacional de Juventude do Governo Federal, e estão disponíveis em http://www.juventude.gov.br/.

Pedro EugênioPresidente do PT-PE

Clayton CabralSecretário Estadual de Juventude do PT-PE

Marcos PauloCoordenador de Comunicação

Rafael Bezerra

Coordenador de Políticas de Juventude

Organizador: Patrick Campos Coordenador de Formação Política

Edmilson SantosDiagramação

ANOTAÇÕES

Page 18: Cartilha da Juventude do PT-PE aos Jovens candidatos PeTistas

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ANOTAÇÕES

Page 19: Cartilha da Juventude do PT-PE aos Jovens candidatos PeTistas

Diretório Estadual do PT - Rua Gouveia de Barros, 124 - Santo Amaroao lado da casa de doces Ana Góis - Fone: 3038.1007

Sites: juventudedoptpe.wordpress.com / http://www.ptpe.org.br

“Um passo a frente e você nãoestá mais no mesmo lugar”

Chico Science