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Cartilha do Estatuto do Idoso O craque bate bola com os colegas Coutinho e Afonsinho a respeito do Estatuto do Idoso, de aposentadoria, das crianças e jovens no futebol brasileiro Um condomínio chamado felicidade. Conheça a casa dos artistas idosos

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Cartilha ddo EEstatuto ddo IIdoso

O craque bate bola com os colegas Coutinho e Afonsinho a respeito do Estatutodo Idoso, de aposentadoria, das crianças e jovens no futebol brasileiro

Um condomíniochamado felicidade.Conheça a casa dos

artistas idosos

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Voltada para garantir o futuro tranqüilo de seus participantes, aPetros demonstra, com a publicação desta cartilha sobre oEstatuto do Idoso, que tem também como diretriz propiciar tran-

qüilidade no presente.

Ao editar a cartilha em linguagem coloquial, a Petros busca ampliar adivulgação desta importante lei voltada principalmente para aquele queainda não integra a terceira idade, mas que tem o dever de colocar emprática os direitos daquele que hoje já vive o que se convencionou cha-mar de a melhor idade.

É importante que o idoso tenha conhecimento dos seus direitos no âmbi-to da saúde, do transporte e do lazer, entre outros aspectos, mas é fun-damental que a sociedade em geral perceba a sua obrigação de respei-tar o Estatuto do Idoso. O espírito desta lei está na solidariedade, inde-pendente da possibilidade de um dia se desfrutar este direito. Mas se aaplicação do Estatuto ainda não é satisfatória, o futuro é promissor. Arepercussão da ação governamental demonstra que a população brasilei-ra está preocupada em respeitar o direito do idoso.

Com o passar do tempo, o Estatuto será mais difundido e chegaremos aum dia em que todos os direitos nele contidos estarão na consciênciageral. A Petros procura dar sua cota de contribuição para que este diachegue logo.

Diretoria Executiva

OICSS – Instituto Cultural de Seguridade Socialentende que a consolidação da previdência com-plementar no Brasil passa também pelo estímulo

à cidadania plena. A difusão do Estatuto do Idoso, sancio-nado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva no segundosemestre de 2003, está entre as várias ações que devemampliar a cultura previdenciária.

Há uma idéia de que o Estatuto do Idoso é uma lei voltadasomente para as pessoas com faixa etária acima de 60anos. Não é verdade. O Estatuto deve ser de conhecimen-to geral, não só para que saibamos dos nossos direitosfuturos como também para conhecermos os nossos deve-res perante aqueles que lutaram por um futuro tranqüilo ehoje merecem desfrutá-lo.

Em razão do sucesso do projeto da cartilha Petros doEstatuto do Idoso, o ICSS procurou outros fundos de pen-são para viabilizar a sua reimpressão. A acolhida atingiuplenamente os objetivos do Instituto, com uma tiragem de135 mil exemplares, em edições customizadas para 17entidades fechadas de previdência complementar. Osucesso desta nova edição da cartilha vai servir para quemais e mais pessoas se voltem à valorização dos cidadãosque vivem a chamada melhor idade.

Carta ao participanteCarta ao participante

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2Casa dos Artistas: Um condomínio

feito com arte e carinho

12Entrevista: Nilton Santos

20Cartilha ilustrada

35Guia de direitos básicos

37Estatuto do Idoso - íntegra

ÍndiceÍndice

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Retiro dos ArtistasRetiro dos Artistas

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A Casa dos Artistas foi inau-gurada em agosto de 1918,por iniciativa do ator Leopol-do Froes, com apoio de váriosartistas e jornalistas, entreeles Eduardo Leite, Irineu Marinho,Francisco Souto, Mário de Magalhães

e Lindolfo Marques de Sou-sa, para a criação de uma as-sociação que, sustentada pe-la classe, pudesse acolhertemporária ou definitivamen-

te os artistas que, na época, nem se-quer tinham a profissão reconhecida.

Artistasaposentados

hoje usufruemde atividadessociais e atéprofissionais

UUmm ccoonnddoommíínniioo ffeeiittoo ccoomm

aarrtteeeeccaarriinnhhoo

Texto e entrevista: Sérgio Dantas • Fotos:Luciana Tancredo

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statuto do Idoso

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CCaassaarrããoo ccoolloonniiaall cceenntteennáárriioo (dir.) sseerrvvee ddee cceennáárriioo ppaarraa nnoovveellaass ddaa GGlloobboo,, mmaass

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"Isto aqui é uma beleza. Pare-

ce um condomínio, de tão charmoso

e confortável". A definição sobre a vi-

da na Casa dos Artistas, instituição

quase centenária que abriga ex-artis-

tas aposentados e com dificuldades

para se manter com dignidade no fim

da vida, é da cantora Rosana Toledo,

67 anos, que depois de brilhar nos áu-

reos tempos da bossa nova, conhe-

ceu o ostracismo. Há cinco anos na

Casa dos Artistas, é uma das 50 feli-

zes residentes.

O grupo de artistas e jornalis-

tas liderado por Leopoldo Froes con-

seguiu em pouco tem-

po a doação de um am-

plo terreno na antiga

Rua Campos das Flo-

res, em Jacarepaguá,

onde foi instalado, em

1919, o Retiro dos Ar-

tistas, que teve como

primeiros moradores o

já idoso casal de coristas italianos

Madalena e Domingos Marchisio. Em

1931, a Casa dos Artistas recebeu a

Carta Sindical do recém-criado Mi-

nistério do Trabalho, por se destacar

na defesa dos interesses da classe

artística da época,

tornando-se o repre-

sentante oficial dos

artistas.

Até 1964, a

Casa dos Artistas di-

vidiu-se no atendi-

mento assistencial e

sindical à categoria,

vindo a assumir sua função exclusi-

vamente assistencial a partir da fun-

dação do Sindicato dos Artistas e

Técnicos em Espetáculos de Diver-

sões do Estado do Rio de Janeiro

(Sated/RJ).

Com a eleição do ator Stepan

Nercessian, em outubro de 1999 – em

2004 elegeu-se também vereador pe-

lo Rio de Janeiro –, a Casa dos Artis-

tas teve forte impulso social que pro-

porcionou aos 50 residentes o

desfrute de benefícios invejáveis. Alo-

jados em 35 bangalôs – 10 gemina-

dos e 20 deles com dois quartos – e

numa enfermaria que atende outros

15 residentes, os artistas aposenta-

dos hoje usufruem de atividades so-

ciais e até profissionais, inimagináveis

até a gestão de Nercessian. Como a

Rede Globo aproveita as instalações,

"Isto aqui é umabeleza. Parece

um condomínio,de tão charmosoe confortável",

diz Rosana Toledo

Mulata formosa, belas pernas e sorriso jovial, a baianaCélia Soares da Paixão tinha 23 anos quando fez seuprimeiro trabalho como figurante no humorístico Salãodo Rin-tin-tin, da Rede Tupi, em 1968. Logo despertou aatenção de Chico Anysio, que imediatamente a convidoupara participar também de seu programa. Daí parafrente, seu belo rosto e corpo perfeito também foramexibidos em várias outras atrações de emissoras detelevisão como Record e Tupi. Afinal, foi num concursopara eleger a mulata mais bonita, em que tirou oterceiro lugar, que Célia abriu muitas portas parafiguração e pequenos papéis em programas de maiordestaque. Quando foi aprovada em um teste para sua

primeira apresentação no teatro de revista, seempenhou em aprender tudo sobre o meio e investir emsua nova carreira nos palcos. Ingressou no teatrotradicional ao atuar no elenco da peça Neurose.Paralelamente à carreira de atriz, continuou posandocomo modelo fotográfico, e lembra que fazia tanto otipo índia como mulheres orientais. "Na minha época, afotografia era em preto-e-branco. Como tenho traçosfinos, às vezes não passava nos testes, porque aexigência era por negras mais tradicionais", lamenta.Quando os convites cessaram, Célia Soares veio para aCasa dos Artistas, em 1999, e pode ser vista seexercitando na piscina nas manhãs ensolaradas.

Célia Soares da Paixão

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Retiro dos ArtistasRetiro dos Artistas

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especialmente o casarão colonial que

futuramente vai abrigar um museu

dos artistas, para cenário de suas no-

velas, os residentes ganham um ca-

ché como figurantes. Além disso re-

cebem da direção da casa um tíquete

mensal , para gastar, por exemplo, no

Butikim das Estrelas, um bar/restau-

rante aberto ao público, das 8h às 2h,

que oferece música ao vivo na sexta-

feira, sábado e domingo, em clima de

grande descontração e alegria com a

presença dos alunos dos cursos pro-

fissionalizante de interpretação cê-

nica e livre de teatro. Para o asses-

sor administrativo da

Casa dos Artistas, He-

nio Lousa, há 37 anos

na casa. O pessoal re-

moçou com as novas

atividades.

"Antes, isto aqui

era um asilo. Ninguém

saía, viviam fechados.

Com o Butikim (aberto para o públi-

co em geral) e a presença dos mais

de 60 alunos dos cursos de teatro, o

movimento trouxe o pessoal para ou-

vir chorinho e grupos de sanfoneiros.

Eles cantam, dançam, sem nenhuma

preocupação. Têm li-

berdade plena para

sair, receber visitas. Vi-

rou um condomínio, em

que dispomos de inter-

net com os residentes

tendo acesso a sete

computadores e qua-

tro funcionários do

Proderj dando apoio", conta o ex-

profissional de teatro.

Para funcionar, a Casa dos Ar-

tistas conta com 35 funcionários (en-

fermeiros, porteiros, médicos, cozi-

nheiros, lavadeiras, passadeiras,

auxiliares de serviços gerais e gar-

çons, além de pessoal condenado pe-

la Justiça por pequenos delitos e que

cumprem as penas alternativas no lo-

cal. Os 12 apenados fazem serviços

de faxina, capina e outras atividades,

como o caso de uma pessoa que por

infringir o estatuto do idoso ao deixar

o pai abandonado, cumpre sentença

com serviços comunitários por seis

meses. Uma vez por semana ele con-

ta história para cegos.

"Ainda temos uma van e uma

Kombi além de contarmos com uma

UTI móvel que é acionada quando há

O retiro dispõede uma sala com

computadores e acesso a

internet para osresidentes

"Reger. Orquestrar. Tocar. É sobre este tripé que o cariocaEdson Frederico construiu sua carreira. Carreira que seconfunde com a história da MPB dos últimos 30 anos.Acompanhou carreiras de praticamente todas as estrelasque despontaram neste período – gravando com a maioria –,regeu as orquestras mais importantes, trabalhou nasprincipais emissoras de televisão, dirigiu grandes musicais,tocou com celebridades internacionais que vinham seapresentar no Brasil, trabalhou nas principais casasnoturnas, participou do desenvolvimento da utilização damúsica no mercado publicitário. Enfim, não há nada do seumétier que não tenha feito." A definição é de Stella Caymmi

e consta da página do maestro na internet(www.edsonfrederico.com.br). Desde que foi acometido pelomal que o deixou tetraplégico, em 2004, Edson Frederico sóconseguiu mostrar sinais de recuperação da doença (perda deproteína do cérebro) graças à fisioterapia e rígida disciplina daCasa dos Artistas. O maestro, aos 55 anos, continua ativo,compondo e regendo. Mas restrito a um teclado decomputador. Entrevistas e fotos? só pelo endereçohttp://edsonfrederico.multiply.com, onde consegue secomunicar com o mundo de forma inteligente e bem-humorada, como sempre foi sua carreira pontilhada desucessos desde a estréia, em 1968.

Édson Frederico

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Húngara de Baja, BBeetthh, 90 anos,até hoje canta e dança, além detomar uma taça de vinho todasas noites, no Butikim dasEstrelas. Dedicou-se à arte e aoesporte. Pianista clássica,

ginasta acrobática, fez natação e remo. Cursou economiamas optou pela arte. Aos 17 anos ingressou na academiade arte dramática e cinema. Casou-se e dividiu com omarido a vida profissional e afetiva. Com a morte domarido, encerrou a carreira no Brasil. Hoje tem comoterapia dezenas de bonecas e bichinhos de pelúcia, queocupam uma cama inteira da enfermaria onde vive.

Marina da Costa Braga(TTaalliittaa ddee MMiirraannddaa) tem88 anos e ainda vai ashoppings centers ebancos, além de fazerquestão de cuidar dacasa - lava e passa

suas roupas e faz a própria comida. Mãe aos 15 anos, arádio-atriz com 19 se recusou a receber o diploma deenfermeira de guerra. Foi nessa época que fez teste eestreou na Rádio Jornal do Brasil fazendo rádio-teatro.Trabalhou na Rádio Nacional por 20 anos. Fez teatro enovelas na Rede Globo.

Argentino, JJuulliioo AA..NNaattaallee, aos 14 anosaprendeu asprimeiras lições degravação em altorelevo, talhe 12, como pai. Trabalhou na

Casa da Moeda em Buenos Aires e comoespecialista em alto relevo, conseguiu trabalho portodo o mundo. No Brasil há 50 anos, Natale, aos 87,ainda trabalha diariamente como artista plástico eajuda a organizar a biblioteca da instituição. Possui30 mil discos e 40 mil livros.

VVeennddaa ddee ppeeççaassddee rroouuppaass ee bbiijjuutteerriiaass

nnoo bbrreecchhóó,, qquuee rreecceebbee ddooaaççõõeess ddeeaarrttiissttaass ffaammoossooss.. OO aasssseessssoorr HHeenniioo

LLoouussaa mmoossttrraa qquuaaddrrooppiinnttaaddoo ppeelloo rreessiiddeennttee

JJuulliioo NNaattaallee..

Elizabeth Cserba Nagy, Talita de Miranda e Julio A. Natale

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Retiro dos ArtistasRetiro dos Artistas

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necessidade de transportar um resi-

dente para os hospitais Cardoso Fon-

tes e Lourenço Jorge. Mas com a fi-

sioterapia e hidroterapia, sob os

cuidados de três fisioterapeutas e um

médico ortopedista, a turma está bem

disposta", conta o fiel escudeiro de

Stepan Nercessian, que admite já ter

acolhido mais de 300 residentes des-

de que chegou à Casa dos Artistas.

O clima de prosperidade é re-

cente, mas foi preciso que, em 1972,

Cidinha Campos e Nair Belo, que ho-

je dão nome a ruas internas da insti-

tuição, fizessem uma vigília, no Pro-

grama Flávio Cavalcanti, para

angariar fundos com a

finalidade de levantar

casas de madeira para

abrigar artistas pas-

sando dificuldades na

velhice. Só em 1982 é

que as casas de alvena-

ria foram contruídas

para abrigar duas pes-

soas, a fim de que uma

fizesse companhia a outra.

"Só depois é que percebemos

que a cabeça do artista é diferente.

Eles têm personalidade forte e não ad-

mitem papel secundário. Passamos a

abrigar apenas um residente em cada

casa, que dispõe de

aquecimento solar para

chuveiro", conta Hênio.

As refeições são

feitas no refeitório e a

roupa é lavada e passa-

da na lavanderia. As

despesas com a Light,

por conta das mudan-

ças, caíram de R$ 16

mil para R$ 10 mil. E o bazar, que aten-

de à comunidade local, rende em tor-

no de R$ 6 mil mensais.

"Nosso brechó é um sucesso.

Recebemos roupas, sapatos, bolsas,

óculos e bijuterias que são doações

de amigos da Casa dos Artistas, co-

mo Fernanda Montenegro, Paula To-

ler, Ney Matogrosso, Glória Menezes,

entre outros, dispomos de muitas pe-

ças femininas que são vendidas e sus-

tentam a alimentação. Nosso salão

de cabeleireiro, por exemplo, é muito

freqüentado e, graças à Embeleze

(empresa de cosméticos) , que nos

cede tinturas, xampus e outros mate-

riais, podemos mantê-lo sempre em

funcionamento”, completa.

Para morar na Casa dos Artis-

tas é preciso provar exercício pleno

da profissão em cinema, teatro, TV ou

circo, e fazer um cadastro.

Para morar naCasa dosArtistas é

preciso provarexercício pleno

da profissão

Uma das musas da bossa nova, Rosana Toledo bemcedo começou a cantar. Ainda no início dos anos 40, aolado da irmã, Maria Helena Toledo, com quem faziadupla para disputar prêmios em programas de calourosinfantis. Nos anos 50, Rosana foi eleita Rainha do Rádio,em Belo Horizonte, e tomou parte também do grupo deartistas que inaugurou diversas redes de TV pelo Brasil.No final dos anos 50, sua popularidade cresceu e, comela, a oportunidade de protagonizar programas de TV ede gravar seus primeiros discos na companhia dos maiscategorizados músicos de então, enquanto a irmã, jácasada com o pianista Luiz Bonfá, seguia carreira solo.A gravação de Samba em prelúdio (BadenPowell/

Vinicius de Moraes), em dueto com Agostinho dosSantos, multiplicou os convites para turnêsinternacionais. No entanto, a partir dos anos 70,quando a bossa nova perdeu espaço no mercadofonográfico nacional, Rosana decidiu afastar-se da cenamusical. Deste período em diante fez apenas algumaspoucas aparições, como no especial em homenagem aCustódio Mesquita, ao lado de Marlene e NeyMatogrosso, na Sala Sidney Miller, em 1987. Seuúltimo disco – Prazer em conhecê-lo – foi gravado há20 anos. Com 67 anos e muito espirituosa, diz que aCasa dos Artistas, onde mora há cinco anos, "é umcondomínio muito aconchegante".

Rosana Toledo

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Em quase meio século de carreira, Iolanda Cardoso se perde emmeio a tantas recordações. Entre a TV e o teatro, foram mais de 40personagens interpretados. Começou oficialmente na TV Tupi, ondeparticipava do Grande Teatro Tupi. Mas considera a Globo o seuponto de partida. Lá, elaborou seu primeiro trabalho, na versãooriginal do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Depois, integrou seriados,casos-verdade e mais de 15 novelas. No teatro, trabalhou naCompanhia de Fernanda Montenegro, com quem contracenou emvárias peças. Uma de suas atuações de mais destaque é o seriadoOs Bandidos da Falange, no qual interpretava a personagem Dona Neném da Baixada,ao lado de José Wilker; Mas lembra com carinho da novela O Direito de Amar e do diaem que conheceu a Casa dos Artistas.

"Essa mulher me ama!" O bordão, criado por Carlos Manga, eradirigido à Maria Teresa, mulher do coronel Limoeiro, para oprograma O Riso é o Limite, na TV Rio. Maria Teresa era vividapela atriz ZZéélliiaa HHooffffmmaann (Zélia Bittencourt Ribeiro), carioca de VilaIsabel, e o coronel, por Chico Anysio. Belíssima, Zélia ganhounotoriedade ao ser eleita uma das Certinhas do Lalau, personagemcriado por Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, na Última Hora.Oconcurso apontava as mulheres mais belas no eixo Rio-São Paulo.

Zélia foi vedete do teatro de revista e participou do Folias Philips, na TVTupi, e do Spot Light, onde dançava ao lado de Nancy Rinaldi e Lilis Castelani. Zéliasempre foi conhecida pela educação sofisticada e pela elegância pessoal e contribuiusignificativamente para elevar o padrão do guarda-roupa das artistas da época.

Iolanda Cardoso e Zelia Hoffman

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“É preciso que o idoso se sinta bem. A auto-estima e bem-estar

Entrevista/Stepan NercessianEntrevista/Stepan Nercessian, presidente da Casa dos Artistas

• Quando se elegeu presidente da Ca-sa dos Artistas, em outubro de 1999,você pregou a auto-sustentabilidade.Como funciona? E o que mudou no pla-nejamento gerencial? SStteeppaann NNeerrcceessssiiaann:: Mudou a admi-nistração. Havia a necessidade deconsertar os problemas do presentee tentar resolver problemas do passa-do, como a dívida muito grande com oINSS. É preciso que o idoso se sintabem. Auto-estima e bem-estar daspessoas é o mais importante. E as pes-soas gostam de ajudar, mas fazemquestão de ver o progresso da coisa.Então, comigo isso mudou. Tanto comos artistas quanto com o público emgeral. Há o telemarketing, participa-ção na festa junina, no carnaval, em-presas parceiras. O mandato é de doisanos e fui reeleito. Mas fui eleito àspressas, na emergência, porque esta-va de um jeito que poderia ser fecha-da. E eu já era presidente do Sindica-to dos Artistas. Pensei: "Sousuficientemente louco para consertartudo ou fechar a Casa dos Artistas".Felizmente, está dando tudo certo, osresidentes estão muito felizes.

• Fale sobre o CulturaPREV, o plano deaposentadoria para os trabalhadores

da cultura administrado pela Petros? SSNN:: É uma aspiração de muito tempo.O artista não tem uma atividade co-mo as outras. Não trabalha sempre. Enunca se preocupou com previdência.Hoje há uma preocupação da classe,falamos com o ministro Gil e surgiu es-sa possibilidade de um plano deprevidência complementar exclusivopara a classe artistica.

• O fato de ser um ator em atividadeconstante e político com mandato fa-cilita tocar os projetos da Casa dosArtistas?SSNN:: Sempre facilitou. Abre portas; mascomo político, não sei. Coincidência ounão, o que vai de fiscal lá depois queassumi... A Casa dos Artistas é muitoquerida. Há um carinho grande da po-pulação. E os velhinhos de lá, vocês nãosabem os ‘capetinhas’ que são.

• Qual a filosofia que norteia sua ad-ministração?SSNN:: É a casa do artista. Pertence a to-dos nós, à categoria. Tenho admira-ção muito grande pelo pessoal que há87 anos se preocupou em amparar oartista na velhice. Temos de levaradiante. A profissão melhorou um pou-co, é bom negócio para muita gente.

Mas o que temos agora se deve àque-les que seguraram a barra pesada.Aqui não temos presidente, adminis-tração, empregado. A casa é dos ar-tistas. São eles que determinam co-mo preferem levar suas vidas.

• São 50 residentes, mas há plano deexpansão, com a construção de novassuítes? De que tipo de parcerias pre-cisa para viabilizar a expansão?SSNN:: Sou pobre soberbo. Não vamosbotar plaquinha de quem ajudar comalguma coisa. É preciso consolidar oque já temos, mas precisamos de ma-terial de construção. Temos cimento,mas temos necessidade de ajuda.Meu sonho é o paisagismo da Casados Artistas, um belo jardim. Já esta-mos fazendo a topografia do terrenoe em breve teremos este belo jardim.

• Quanto custa administrar a Casados Artistas. E os recursos fundamen-tais, de onde vêm?SSNN:: Temos um dilema muito grande.A dívida com INSS é enorme e existea Certidão Negativa de Débito. Nãotemos o certificado e não podemospleitear verba governamental. Não te-nho condição de pagar o INSS. O re-financiamento é complicado. Não há

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ajuda governamental. Mas contamoscom o telemarketing, ajuda de artis-tas da Globo, que têm desconto no sa-lário em benefício da Casa dos Artis-tas. Há a parceria com a Unimed, aVotorantim cede cimento, temos aju-da avulsa, verbas da festa junina, car-naval, o Butikim, que geram dinheiro.A Light também ajuda, temos doaçãode artistas. Mas sempre tem uma de-fasagem. Gasto em média 75 mil. Esempre faltam 25 a 30 mil. O jeito épegar no banco, mas despesas não pa-ram. Preciso fazer a conservação do

casarão centenário. É tudo muito ca-ro e vai demorar um pouco. O brechóajuda na alimentação. Temos a parce-ria com a Embeleze. É por aí.

• Como é feita a triagem para rece-ber novos residentes? É verdade quea atriz e vedete Renata Fronzi pleiteouseu ingresso? SSNN:: O critério é: "A situação está pe-sada, não tem condição, então ve-nha". É a necessidade que determi-na. E que varia. Não é o fatoreconômico. Mas o se sentir bem. É

preciso que o residente diga: "Aquié a minha casa". Se a pessoa andaangustiada, amargurada, pode vir. ARosana Toledo foi assim. Estava malde cabeça e hoje se sente muito bemconosco. É o momento mais feliz davida dela. Estava mal. Se não vies-se, talvez os problemas fossemenormes. E a Renata Fronzi, porexemplo, não se adaptou ao tama-nho da casa. Ela vem de apartamen-to enorme, com piano, empregadas;ela não vai se sentir bem. E ninguémvem pra cá forçado. A opção é do ar-tista, não do parente. Não queremosresolver o problema da família, masdo artista idoso.

• Recentemente, como parte de umacordo extrajudicial que o Sindica-to dos Músicos fechou com a empre-sa RR Produções e Fotografia Ltda,responsável pela vinda do astroLenny Kravitz ao Brasil, a Casa dosArtistas recebeu, três toneladas dealimentos não-perecíveis. Comoaconteceu o acordo? SSNN:: Foi uma boa ajuda. Mas às vezes agente repassa, para não estragar. Doa-mos para pessoas, instituições. Quan-do cheguei aqui, vi feijão estragado e pro-meti que nunca mais aconteceria. Então,quando temos alimentos, roupas, remé-dios sobrando, repassamos para institui-ções espíritas, creches, igrejas.

das pessoas é o mais importante.”

!Toda a megaestrutura que cerca a Casa dosArtistas tem um custo muito alto, estimado em R$ 75mil mensais. A verba para suprir despesas vem dedoações e parcerias da instituição com diversasentidades públicas e privadas. A administração daCasa, no entanto, ainda busca formas de garantir suaauto-sustentabilidade. Alguns projetos já estão emfuncionamento, como o bazar realizado no casarãoprincipal.!Outra forma de arrecadação é o Butikim dasEstrelas, além dos Curso Profissionalizante deInterpretação Cênica (duração de um ano e cargahorária de 2ª a 6ª feira, das 14h às 18h ou das 18hàs 22h) e o Curso Livre de Teatro (3ª e 5ª feira, das15h às 18h ou das 19h às 21h), realizados em um

espaço alternativo local, denominado Caixa Preta,que serve de ambiente para diversas apresentaçõesmusicais, rodas de leitura de poesia etc.!Vale lembrar que, mesmo existindo vários projetosde auto-sustentabilidade, eles só darão retorno setodos, artistas ou não, contribuirem. A Casa dosArtistas depende da ajuda de todos para continuarexercendo seu papel fundamental na sociedade. ACasa dos Artistas é aberta à visitação. !As doações podem ser feitas através de depósitono Banco do Brasil - Agência 0493-6 - ContaCorrente: 6912-4, em favor da Casa dos Artistas.!Mais informações pelos tel (21) 3382-3730 ou pelosite www.casadosartistas.org.br<http://www.casadosartistas.org.br>.

Em busca da auto-sustentabilidade

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“Tu, em campo, parecias tantos, e no entanto, que encanto!Eras um só, Nilton Santos”. As palavras do jornalista Armando No-gueira a respeito do maior lateral esquerdo do mundo é uma dasmuitas referências elogiosas que o craque Nilton Santos vem rece-bendo em mais de 60 anos como esportista.

O verso acima faz parte da biografia Minha Bola, Minha Vi-da, escrita por Nilton Santos, onde, no prefácio, Armando Noguei-ra encerra com as palavras do grande lateral esquerdo inúmeras ve-zes campeão pelo Botafogo e bicampeão mundial pela SeleçãoBrasileira: “Sou amigo de infância de todas as bolas deste mundo”.

Para uma entrevista com o grande craque, reverenciado tam-bém pelo respeito que adquiriu como pessoa em toda a sua traje-tória, o local escolhido foi a sala de troféus do Botafogo. E foi nes-te templo, que justifica os motivos para que o Botafogo sejaconhecido como “o glorioso”, que chegaram para lhe fazer compa-nhia o grande centroavante do fabuloso Santos, Coutinho, e o ta-lentoso meia que também jogou nos dois clubes, Afonsinho, queacabou se tornando um ícone da luta pela dignidade do jogador defutebol, pois ao ser perseguido e proibido de usar barba no final da

década de chumbo de 60, em plena ditadura, Afonsinho pleiteou eganhou passe livre na Justiça.

O jogo maravilhoso de Nilton Santos, as encantadoras tabe-las de Pelé e Coutinho e os passes milimétricos de Afonsinho lem-bram a letra da música de Gilberto Gil, inspirada no craque-médico,que afirmava: Prezado amigo Afonsinho/Eu continuo aqui mes-mo/Aperfeiçoando o imperfeito/Dando um tempo, dando um jei-to/Desprezando a perfeição/Que a perfeição é uma meta/Defen-dida pelo goleiro/Que joga na seleção...

Hoje eles entendem que o presidente Lula marcou um belogol ao sancionar o Estatuto do Idoso, conjunto de regras que saiem defesa dos direitos daqueles que deram suas vidas para quehoje afirmemos que o melhor do Brasil é o brasileiro. As idadessão diferenciadas, mas a dignidade e o talento são similares emNilton Santos aos 80 anos, Coutinho, 63, e Afonsinho, 57.

Aqui, eles batem um papo sobre o respeito aos idosos, aimportância da educação infantil, a amizade dentro e fora docampo, tudo permeado pelas belas jogadas que teimam em semanter na retina da torcida brasileira.

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Entrevista/Nilton SantosEntrevista/Nilton Santos

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Participaram da entrevista os jornalistas Charles Nascimento, Daniela Lessa, Eunápio César Cotta, Sérgio ‘Palhinha’ Dantas e Washington Araújo; ClaudioIusi, Luiz César Cabral e Ricardo Luiz Braga. Texto: Daniela Lessa. Fotos: Américo Vermelho.

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WWaasshhiinnggttoonn AArraaúújjoo:: O jo-gador de futebol se apo-senta com 35 anos e, seele não cuidar da cabe-ça, pode se tornar umidoso com essa idade.Como você vê isso? NNiillttoonn SSaannttooss:: Fugi umpouco dessa regra e meaposentei com mais ida-de. Acho que o ideal écontinuar enquanto ainda estiver agüen-tando a barra. Difícil mesmo, o que eunão gostava no futebol, era ficar na bar-reira. Ficar parado pra levar bolada; pe-lo menos deixa eu correr, me afastar.

WWaasshhiinnggttoonn:: Quer dizer que você foiuma exceção, então? NNiillttoonn::Ah... eu me divertia. Talvez a po-sição ajudasse um pouco, né? O Zizi-nho dizia que o ponta existe para nãodeixar a bola sair pela lateral. Nuncafalei isso para o Garrincha porque elepoderia se ofender, mas isso era umamaneira de brincar. Ponta quando ébom, e posso falar porque a minha po-sição era marcar o ponta, dá trabalho.Às vezes, a gente pegava uns caretasaí, que era preciso rezar antes de en-trar em campo.

WWaasshhiinnggttoonn:: E quando você parou, vo-cê sofreu algum baque? Qual foi o sen-timento que você teve?

NNiillttoonn:: Não, não. Pareinormalmente, como osoutros e aí me liguei auma turma de veteranos.Então, todo sábado fa-zíamos umas peladas.Não senti nada assim...Não teve festa, não tevenada... Dizem até queparte da imprensa queriafazer uma homenagem,

uma despedida, e alguém aqui (no Bo-tafogo) discordou, e não houve o jogo.Eu parei quando cismei de parar e ain-da tinha seis meses de contrato. Doeieste meio ano que tinha para a caixinhados empregados do clube. Todo dia vi-nha um funcionário e me abraçava, di-zendo que o dinheiro ajudou à beça.

WWaasshhiinnggttoonn:: Essa coisa da torcida, es-tádio cheio e no outro dia você pára dejogar bola, como é isso? Sente falta?NNiillttoonn:: Às vezes você sonha....

WWaasshhiinnggttoonn:: A falta da torcida...NNiillttoonn:: Eu, então, que tive muita sortejogando. Não lembro de ter sido vaiadonenhuma vez e até hoje, na rua, as pes-soas me param e dizem: “Não sou Bo-tafogo, não, mas te admiro muito”.

SSéérrggiioo ‘‘PPaallhhiinnhhaa’’ DDaannttaass:: Tem um casoque é emblemático por envolver justa-mente a relação do jovem com o idoso,

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“Quando tomei adecisão de

parar de jogar,jamais voltariaatrás. Mas para

decidir eupensei muito.”

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de uns garotos que chamaram você pa-ra jogar uma pelada no Aterro do Fla-mengo. Como foi isso?NNiillttoonn:: (Risos) Eu estava no Aterro, ti-nha feito a minha ginástica e chegaramtrês rapazes com uma bola me chaman-do para jogar uma peladinha. Na horade separar o time, um deles, que queriaser mais malandro, me mandou para ooutro lado. Eles já se conheciam e eu eraconsiderado o pior ali, né? Mas depoisnós ficamos amigos.

PPaallhhiinnhhaa:: Um deles disse: fica vocêcom o coroa. E no final o coroa ga-nhou de 17 a 2.NNiillttoonn:: Pois é, o malandro que me man-dou pro outro time depois falava como companheiro de equipe: “Vai nele,fulano, vai nele!” E o outro respondia:“Você não disse que ele não jogava na-da, vai você!”

WWaasshhiinnggttoonn:: Esse acontecimento fazquanto tempo, uns 10 anos?NNiillttoonn:: Ah... daí pra frente.

WWaasshhiinnggttoonn:: Mas tem isso mesmo, desaber a hora de parar de jogar?NNiillttoonn:: Claro que tem. Quando tomei adecisão de parar, jamais voltaria atrás.Mas para decidir, pensei muito.AAffoonnssiinnhhoo::E tem aquela história da toa-lha no vestiário da pelada? NNiillttoonn:: É que quando a gente joga pro-

fissionalmente o roupeiro sempre en-trega a toalha do clube depois do ba-nho. Depois que parei de jogar, fui pa-ra uma pelada, tomei meu banho eperguntei pela toalha. Aí os caras: “Xi!Você não trouxe?”

EEuunnááppiioo:: Quando fizeram as quadrasdo Aterro, você tinha um time de vete-ranos do grupo Moreira Leite, que ga-nhou campeonatos sucessivos ali noFlamengo. Você acha que hoje o poderpúblico tem apoiado a prática do des-porto para os idosos, para pessoascom mais de 65 anos?NNiillttoonn::Não me lembro de ter sido apoia-do, a gente tinha um grupo que todo sá-bado se reunia. Era fácil até, quem qui-sesse organizar, a gente estava sempreali, eu e vários veteranos. Tinha dois ti-mes de veteranos que levavam públicopara o Aterro: era o nosso, só de ex-jogadores, e o do Bola Preta.

PPaallhhiinnhhaa:: Vocês acham que há esseapoio, com campeonato de masters, porexemplo?AAffoonnssiinnhhoo:: Isso aí é uma coisa que pra-ticamente não existe. O próprio Esta-tuto do Idoso (onde consta o incenti-vo ao esporte) é recente. A gente sabeque a sociedade brasileira ainda é mui-to desprotegida como um todo e ain-da mais nessas situações extremas,com idosos e crianças. As carências

são grandes, todo mundo sabe.CCoouuttiinnhhoo:: Lá em São Paulo, estamostentando fazer com que aconteça umcampeonato de masters com prelimina-res no Pacaembu, no Morumbi etc. Oprojeto é fazer um campeonato brasilei-ro no ano que vem, mas é só um proje-to ainda. Nada definido.

WWaasshhiinnggttoonn::Volta no tempo um pouqui-nho, Nilton, e diga como era tratado oidoso na sua época de jovem, quandovocê era mais jovem?NNiillttoonn:: Pelo menos de espírito sou jo-vem, mas nessa idade a gente tem quetomar cuidado para não ficar ridículo,né? Depois vão dizer que sou saliente.

WWaasshhiinnggttoonn:: Mas você acha que o ido-so na sua época de jovem era mais re-verenciado que o de hoje?NNiillttoonn:: Na minha meninice, quandomeus pais viam um velho na rua me man-davam pedir a bênção. Reclamava quenão era meu parente, mas meus paisme respondiam: “Mas ele é velho”. CCoouuttiinnhhoo:: Isso é coisa de antigamente...Eu não saía de casa sem pedir a bênçãopara o meu pai, minha mãe e minha avó.E outra coisa, tinha isso tudo para vol-tar às 10h da noite. Hoje, os pais vãodormir às 10h e o filho está tomando ba-nho à meia-noite para sair. E nem falanada, diz tchau e se manda. A gente sótorce para dar tudo certo.

WWaasshhiinnggttoonn:: E você Coutinho, que é 17anos mais novo do que o Nilton, vocêrespeitava ele?CCoouuttiinnhhoo:: Ele sempre foi uma pessoade muito respeito e sempre o respeiteie admirei como jogador e como amigo.Ele sempre deu conselho...

WWaasshhiinnggttoonn::É verdade que o Nilton nun-ca deu carrinho?CCoouuttiinnhhoo:: O quê!? A roupa dele voltavado jeito que saiu. A lavadeira não sepreocupava com a roupa dele, não.NNiillttoonn:: A lavadeira gostava de mim.

EEuunnááppiioo:: Lembro-me de uma ocasiãoem que o Afonsinho foi reprimido por-que começou a usar barba. Como vocêviu na época a conduta do Afonsinhocomo mais jovem, mais rebelde, e dosdirigentes ?NNiillttoonn::Na época achei ridícula a discus-são. Ele faz o que ele quiser, ele não ébobo, não é criança. Não sei se na épo-ca o diretor queria aparecer, mas o queque tem usar barba, não atrapalha emnada... Era falta do que fazer.

EEuunnááppiioo:: Diziam que era por causa daditadura...AAffoonnssiinnhhoo::Gente pra aparecer tem sem-pre, né? Era um período delicado, muitoconfuso e acabou sobrando para todomundo. Foi em 1968. Sobre o que o Nil-ton estava comentando a respeito do

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idoso, há uma dessas heranças africa-nas, maravilhosas, que se mantém emalgumas comunidades aqui no Rio, quechamam os idosos de ‘ô meu mais velho’.Já estou sendo chamado assim e achomuito bonito porque apesar do momen-to difícil entre as idades ainda existe es-se respeito. No caso específico do fute-bol, a melhor escola que tive foi entrarnos aspirantes, quando o garoto que es-tava pronto para ser profissional podiaconviver e jogar com outros que esta-vam parando. A gente podia se mirar, pe-gar o exemplo e jogar com pessoas co-mo o Nilton Santos e o Coutinho.NNiillttoonn:: Às vezes acontece muito deum moço comentar: “Eu era meninoe te vi jogar”.AAffoonnssiinnhhoo:: Isso acontece muito com jo-gadores. Eu mesmo cheguei a jogar como goleiro Inocêncio, lá no XV de Jaú. Ti-nha 15 anos quando comecei e ele de-veria ter uns 40. Quando digo que jo-guei com ele as pessoas dizem: “Poxa,então você é velho paca, hein?!” No fu-tebol acontece isso muito porque é umacarreira breve. CCoouuttiinnhhoo:: Conheço jogador que teveproblema com isso, era revoltado. Se al-guém pedia um autógrafo ele não assi-nava, xingava. AAffoonnssiinnhhoo:: O problema maior do atle-ta profissional é, realmente, isso dadificuldade de readaptação social, depúblico, de ser reconhecido e isso pas-

sa muito rápido. É um problema doprofissional do esporte e não só do fu-tebol. O cara pára de jogar com 35 ou40 anos, na melhor das hipóteses, edepois tem metade da vida pela fren-te para encarar de que jeito vai levá-la. É muito complicado.

WWaasshhiinnggttoonn:: Você já foi discriminadoalguma vez, sem ter sido reconhecido?NNiillttoonn::Nunca me aconteceu. Sendo re-conhecido ou não, as pessoas sempreme trataram bem. Muitos dizem: vocêfoi aquele que jogava futebol. Semprelidei muito com criança, em escolinha, elembrava os rapazes que trabalhavamcomigo. Vocês têm que ter muito cuida-do porque, depois que parar, vai viver daimagem que você construir. Nunca umpai vai confiar um filho a uma escolinhase você foi um beberrão ou fez boba-gem e dá mau exemplo.

DDaanniieellaa LLeessssaa:: Vocês acham que pode-ria haver alguma preparação para aspessoas que vão parar? AAffoonnssiinnhhoo:: Acho que isso só vai se re-solver no dia em que o próprio jogadorcriar a sua forma de proteção. Ficar es-perando que alguém encontre uma so-lução... pode até acontecer alguma coi-sa, mas vai tardar muito. Os própriosjogadores é que têm que construir a suaorganização e forma de se preparar, co-mo em outras questões profissionais

também. O clube está cada vez maisprofissionalizado, é mais uma coisa deinteresses. E interesse, cada um preci-sa defender o seu.NNiillttoonn:: Os clubes nunca se preocupa-ram com quem parou. Parou, contrataoutro e a vida continua. Toda semanatem jogo.CCoouuttiinnhhoo::Tem alguns jogadores que atétem dificuldade de entrar no próprio clu-be em que ele se formou. Se quiser irassistir a um jogo no campo, ele tem di-ficuldade para entrar. NNiillttoonn:: Sempre tive medo disso. Eu souNilton Santos, jogador do Botafogo, jo-guei na Seleção. É muito chato ser bar-rado.AAffoonnssiinnhhoo:: Ninguém sabe exatamentese os ex-jogadores têm direito ou nãode freqüentar os estádios. Você sabe,ouve falar, mas nunca é claro.

CCllaauuddiioo IIuussii:: Queria aproveitar e lem-brar a vocês que está aqui, no Esta-tuto, que todos têm direito a descon-to de 50% no ingresso, em atividadesartísticas, culturais e esportivas ede lazer. E ainda têm direito a aces-so preferencial.NNiillttoonn::Mas é muito chato isso da entra-da nos estádios. Tem gente que não co-nhece ou finge que não conhece...CCoouuttiinnhhoo:: O duro é a mão no peito.WWaasshhiinnggttoonn:: Pois é, recentementeo Batista (ídolo do Internacional)

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Entrevista/Nilton SantosEntrevista/Nilton Santos

foi assistir a um jogo da Seleção noBeira Rio e foi barrado. Disseramque a carteira dele só servia parajogos do Inter. AAffoonnssiinnhhoo:: Sempre se procura colocarum obstáculo. É uma mesquinharia.CCoouuttiinnhhoo:: Mas isso é aqui no Brasil. Láfora tem jogador brasileiro que deu doischutes e tem até estátua na praça.

CCllaauuddiioo:: Seria função das entidades declasse sair em defesa do jogador.WWaasshhiinnggttoonn:: Desde que o jogador semobilizasse. Ajudei na criação da Coo-perativa Craques de Sempre, em SãoPaulo. Ela congrega jogadores do pas-sado, voltados para aulas de futebol acrianças carentes, e conta com o Ba-deco (Corinthians, Portuguesa e Amé-rica) como presidente, o Coutinho é ovice-presidente e o tesoureiro é o Du-du (que compôs célebre dupla com Ade-mir da Guia no Palmeiras). Dentre asmuitas coisas que notei neste relacio-namento é o distanciamento entre ojogador que parou e o que está jogan-do. É enorme. Os clubes também nãoincentivam essa aproximação.NNiillttoonn:: Continua a ser uma classe de-sunida.CCoouuttiinnhhoo:: Na nossa época, tinha atémais união do que hoje. Lembro-me quea gente terminava treino e saía todomundo junto. Hoje, em qualquer clube,terminou o treino, cada um pega o seu

carro e sai cada um para um lado.AAffoonnssiinnhhoo:: O compromisso do jogadorhoje é mais forte com o empresário,com o cara que o representa, do quecom o clube. Só isso já dilui muito aunião da classe. NNiillttoonn::Até chegarem Didi, Zagalo, Ama-rildo e Garrincha, eu era o único no Bo-tafogo a ir para a Seleção Carioca ouBrasileira. Nem por isso ganhava maisdo que os outros. O teto era de 7 mil cru-zeiros para todos os titulares. Eu já as-sinei contrato em branco; me divertia jo-gando, era metido a namorador... Ia praCopacabana, era só passar o túnel. Adiferença é que quando acabavam oscampeonatos, todos os que ganhavamo mesmo que eu iam para a praia e euia para a Seleção Brasileira treinar. Mastenho certeza que a minha mulher atualnão me deixaria assinar um contrato embranco como assinava na época. CCoouuttiinnhhoo:: Na época, a gente jogavacom amor pelo clube. Hoje, vejo unscaras beijando o escudo e me dá umaraiva. É uma falsidade tão grande quea diretoria tinha que ir em cima do ca-ra. “Pô! Não faz isso, compadre, vocêvai jogar, nós estamos te pagando,mas não faz esse negócio (de beijarescudo da camiseta), não.”

EEuunnááppiioo:: Vocês são pessoas famosas,reconhecidas, e é muito difícil que se-jam desrespeitadas. Mas vocês

acham que o idoso não famoso é res-peitado hoje em dia?AAffoonnssiinnhhoo:: Bom, vemos dificuldades,como o reconhecimento do idoso andargratuitamente de ônibus, obter medica-mentos e uma série de coisas que de-veriam ser mais claras, mais respeita-das e incentivadas. Mas é o contrário,mesmo com o Estatuto do Idoso.WWaasshhiinnggttoonn:: Os cartolas têm proble-mas com antigos jogadores que tentamfreqüentar os clubes?AAffoonnssiinnhhoo:: Ah, claro. Parece que vocêé um estorvo. Imagina, o Nilton Santosdizer que não arrisca entrar no Maraca-nã. Deveriam ir buscá-lo em casa!

CChhaarrlleess NNaasscciimmeennttoo:: Hoje em dia ummenino de 14 anos já treina em horá-rio integral e tem que parar de estu-dar. Mas com 35 ele já não joga maise não tem uma formação para ter umaprofissão. Como é possível conciliarfutebol e estudo?AAffoonnssiinnhhoo:: O garoto de hoje começa atreinar em tempo integral e desde o iní-cio é uma disputa muito grande, paranão ser rebaixado, para conseguir umlugar na equipe, para ser campeão... Co-mo é que ele vai ter tempo de fazer al-guma outra coisa? E a concorrência écada vez mais forte.CCoouuttiinnhhoo::A única saída é treinar de ma-nhã, almoçar no clube, treinar à tarde eestudar à noite.

NNiillttoonn:: Pior são esses professores quequerem exigir do menino, quando vê pú-blico então... Começa a malhar e atéatrofia. Sou contra algumas coisas, masnão falo para não prejudicar ninguém.Acho que para um cara trabalhar comcriança não basta ser formado em Edu-cação Física. Em escolinha, o principalé você saber fazer para o menino ver eacreditar. Senão, pega um menino mal-criado que diz: “O que você tá fazendoaqui, se não sabe ensinar?”CCoouuttiinnhhoo:: E o pior é que tem muito me-nino danado.

LLuuiizz CCééssaarr CCaabbrraall:: Quais os valores quevocês consideram fundamentais paratrabalhar com crianças?AAffoonnssiinnhhoo::Sempre trabalhei com garo-tos de comunidades carentes. Sempredigo que o melhor que o esporte podedar é o aprendizado da convivência, dorespeito à diferença. Que o respeito se-ja um valor absoluto e que o mais impor-tante é a amizade. Futebol tem sempre,tem o time da escola, do banco, da rua...Futebol é um esporte popular. Se al-guém virar profissional todo mundo vaigostar, mas o melhor é a convivência.No Rio, a gente vive uma série de dife-renças de convivência. Fala-se de umacomunidade não poder freqüentar a ou-tra. Um absurdo. O bom do esporte éisso, poder chegar em qualquer lugar epoder aumentar o seu relacionamento

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e ficar mais à vontade na vida e ser fe-liz, que é o objetivo maior.NNiillttoonn:: As pessoas esquecem que es-tão lidando com crianças sem base. To-do menino que entra em escolinha temfixação na bola, mas dentro daquela an-siedade dele você vai encaixando as coi-sas. Mas não se pode exigir de hoje pa-ra amanhã que o menino faça o que vocêestá pensando. Até porque a família bo-ta na cabeça do menino que o bom é ofutebol, que ele vai ganhar dinheiro deuma hora para outra, quando na verda-de o menino poderia ser até um bomatleta de outras modalidades.CCoouuttiinnhhoo:: No meu trabalho com crian-ças, o primeiro objetivo é tirá-los darua. Então o que treina na parte da ma-nhã estuda à tarde e vice-versa. A pri-meira coisa que se conversa é que seele tiver que ser profissional, vai ser,mas que o mais importante é que aliele vai aprender a ser um cidadão, umapessoa decente. Recentemente, mon-tamos pela Prefeitura de São Paulo ea nossa Cooperativa Craques de Sem-pre uma seleção com 16 garotos de 14escolinhas e fomos participar de umtorneio em Manchester, na Inglater-ra. Notamos que os garotos estavambem educados, cumprimentando bemas pessoas. Quando o avião levantouvôo, fui dar uma volta para ver comoestava o ambiente e estavam todosagarrados nas cadeiras.

NNiillttoonn::Até hoje fico assim, imagine eles?CCoouuttiinnhhoo::Você fica assim, o Géson (ex-jogador do Botafogo também conheci-do pelo medo de avião) arranca o bra-ço da poltrona. Bom, fizemos umacampanha excelente e todos eles têmcondições de ir para algum clube. Umdeles, por exemplo, já entrou no San-tos. De qualquer forma, o primordial éque saiam da escolinha como cidadãosem condições de serem respeitados.

WWaasshhiinnggttoonn:: A prioridade não é revelarum craque, é revelar um cidadão.DDaanniieellaa:: O poder público dá apoio paraque as pessoas que têm experiênciapossam passar esse conhecimento pa-ra a geração que está começando?NNiillttoonn:: Trabalhei muito tempo na LBA(Legião Brasileira de Assistência) efalo com certa vaidade que salvei mui-to menino. Muito menino rebelde, da-nadinho, sabe? Dava a entender quesendo mascarado ele não chegava alugar nenhum, porque ele pode ser omelhor, mas se não tiver espírito deequipe, não dá. Ele não pode vestir as11 camisas e jogar em todas as posi-ções. Criança tem que ser corrigidana hora, chamando a atenção. O pioré quando você encontra um meninoque alguém disse pra ele que é um cra-que. Para a criança isso até faz mal.Tem gente que não pensa como eu eaté estraga o garoto.

CChhaarrlleess:: Como é que fica a cabeça deum menino que tem 12 anos e já temcontrato de gaveta feito?AAffoonnssiinnhhoo::Não esqueci até agora aque-la sua pergunta sobre como um garotoque começa já num regime de treina-mento vai ter uma formação completa.Os garotos são tratados como fábri-cas de gol. Esse relacionamento nãopode dar certo.

WWaasshhiinnggttoonn::Tem o problemados pais também, não?NNiillttoonn:: “Modéstia à parte, não épor ser meu filho não....” (risos)CCoouuttiinnhhoo::Nunca peguei um pai que che-gasse e dissesse: “Olha, Coutinho, eleperturba o dia todo dizendo que quer jo-gar bola, mas não sabe nada. Vê o quevocê pode fazer. Ele estando aqui con-tigo fico tranqüilo”. É sempre assim:“Esse aí? Nossa Senhora, o que joga ébrincadeira! Sabe tudo!”

WWaasshhiinnggttoonn:: Tem uma história doMirandinha, que foi do Corinthianse do São Paulo. Jogando no Américade São José do Rio Preto ele foi con-tratado pelo Corinthians. No jogo dedespedida, entre os dois times, umzagueiro corintiano que se chamavaAlmeida, deu uma porrada no Miran-dinha, que rolou no chão. O pai da ví-tima invadiu o gramado correndoatrás do zagueiro.

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CCoouuttiinnhhoo – O pai do Mirandinha foi jo-gador de futebol também.

EEuunnááppiioo::Hoje nós temos duas seleçõesbrasileiras no exterior e está difícil en-contrar um craque no Brasil. Na óticade vocês, o que está acontecendo? NNiillttoonn:: A gente vê o que sobra, o joga-dor bom vai para a Europa.

RRiiccaarrddoo LLuuiizz BBrraaggaa:: Qual era o sonhode um garoto de 17 anos na época devocês? Era jogar na Seleção Srasilei-ra, não é? Hoje os garotos não respon-dem mais que querem ir primeiro pa-ra a Seleção Brasileira. O sonho éjogar na Europa.AAffoonnssiinnhhoo::Pois é, os dois maiores valo-res do Brasil, Pelé e Garrincha, fizeramsuas carreiras aqui e o Brasil não eramuito mais rico. O esporte virou um bal-cão de feira, um compra-e-vende, ummovimento de dinheiro e não de futebol.Esse argumento de que o clube é obri-gado a vender, que o futebol brasileironão tem condições de concorrer com ofutebol europeu, é conversa fiada. Osclubes já falam em ficar com o jogadoraté uma Copa do Mundo para valorizarmais, em fazer contratos mais longos.Vi uma reportagem na TV dizendo quepode ser negócio para o jogador ficar noBrasil. Sendo remunerado proporcional-mente, ele vai ganhar em real, mas tam-bém vai gastar em real.

EEuunnááppiioo:: O São Caetano fez isso e deucerto.PPaallhhiinnhhaa::Mas aí tem o problema do em-presário, não é Afonso?CCoouuttiinnhhoo::Hoje todo mundo é empresá-rio. Às vezes, o técnico está dando o seutreininho num campo de terra e tem umcara de terno do lado de fora, de olho.AAffoonnssiinnhhoo:: Com a possibilidade de di-vulgação que a televisão trouxe, o es-porte se tornou um grande negócio e aforma de administrar os clubes ficoumuito ultrapassada. Creio que estamosvivendo esse momento de adaptação.A legislação foi modificada, mas aindanão está inteiramente aplicada. Certa-mente, nós vamos ver os clubes ofere-cerem contratos mais longos para darmais garantia ao clube e ao jogador. NNiillttoonn:: O cara tem que gostar do clube.AAffoonnssiinnhhoo:: O clube muda de elenco deduas a três vezes num ano. Como é quevai fazer um esporte coletivo que de-pende de jogar junto, de se conhecercom uma alta rotatividade dessa?

RRiiccaarrddoo :: Olha, eu aqui nunca tomei umrefrigerante com um jogador do Bota-fogo. Eles vão embora rapidamente, semnenhum tipo de participação. EEuunnááppiioo:: A transmissão televisiva es-vaziou os estádios, no sentido de fa-zer o jogador sentir menos o calor hu-mano da torcida?NNiillttoonn:: Se você quiser ver os melhores

jogadores, só na Europa. Então, tem quever um Real Madrid para você ver umasjogadas, um drible. A gente vê o que so-bra e isso é que satura.AAffoonnssiinnhhoo:: Quando tem um bom espe-táculo, tem público. Não importa se otorcedor é apaixonado pelas cores doclube, pelo Botafogo, Flamengo, Flumi-nense, São Paulo e tal, mas quando o ti-me apresenta um bom espetáculo aspessoas vão ver. Me lembro do inesque-cível sambista João Nogueira falandoisso. Ele era Flamengo, mas dizia: Can-sei de sair da minha casa no subúrbiopara ir ver o Garrincha jogar.

WWaasshhiinnggttoonn:: Nilton, você foi uma espé-cie de tutor do Garrincha, dava muito con-selho? Como reagiu com o rumo que a vi-da dele tomou depois de parar de jogar?NNiillttoonn:: É, me afastei porque senti quenão podia fazer mais nada. Enveredoupara a bebida... Eu aconselhava. Umdia a gente foi jogar em Petrópolis, nainauguração de uma loja, e encontra-mos com o Vavá, que chamou a gentepra tomar uma cerveja. Aí, o Garrin-cha sentou na minha frente e quandoo garçom ofereceu uma cervejinha elegritou: “Não, água mineral!” Para euouvir, mas lembro que disse pra ele:“Ô compadre, hoje não tem nada, oque mata é o exagero”. Ele nunca to-mou cerveja na minha frente, mas exa-gerava na minha ausência.

WWaasshhiinnggttoonn:: Você acha que o Garrin-cha foi injustiçado de alguma forma?NNiillttoonn:: Não, ele andava em más com-panhias. Tinha dois amigos que enve-redaram por aí. Os outros queriam be-ber e ele, que tinha a grana, aprendeua beber também,

PPaallhhiinnhhaa:: Você acha que hoje, com opreparo físico que é exigido, ele fariatudo que fez?NNiillttoonn:: Ele faria com qualquer um, emqualquer época. Ele dava o drible delee corria para cima para o lateral recuare quando o cara dava o passo para trásele pegava. Nem ele sabia entender odrible. Ele foi fantástico. Garrincha, Pe-lé, esse cara aqui (apontando para oCoutinho)... Às vezes a gente até con-fundia os dois nas tabelinhas. Jogueimuitas vezes contra o Pelé e o Couti-nho. Só não trocava botinadas. Semprerespeitei quem jogava bem.

EEuunnááppiioo::Das duas conquistas, em 1958e 1962, qual foi a que te marcou mais?NNiillttoonn:: Foi a de 62. A gente já tinha aobrigação de, no mínimo, fazer uma boacampanha por ter sido campeão domundo antes. Foi a de 62, eu já estavame despedindo.CCoouuttiinnhhoo:: Só senti não poder jogar.Já saí machucado daqui para fazer tra-tamento lá e ver se recuperava, masnão teve possibilidade. Mas lembro

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Entrevista/Nilton SantosEntrevista/Nilton Santos

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que o Garrincha fez gol de perna di-reita, esquerda, de cabeça e aí meconvenci de que não tinha jeito de nãoser campeão do mundo. Eu via o pes-soal jogar e pensava: “Não tem jeito,vai dar a gente mesmo!”

CCllaauuddiioo :: E aquelas tabelas infer-nais, vocês treinavam, como é quesurgiu isso?CCoouuttiinnhhoo::Nunca houve treinamento pa-ra as tabelinhas, não. Aquilo ali era deimproviso, de raciocínio. O Pelé fez umacontra o Corinthians, no Pacaembu...Numa falta fora da grande área, a bar-reira estava formada e o Pepe, que eranosso batedor, se preparou para o chu-te. Eu nunca ficava na barreira. Pensa-va: “Uma bola dessa pega em mim e me

mata...” Mas eu fiquei na barreira, nãosei porque, e o Pelé, que se colocava pa-ra pegar o rebote, me viu na barreira,voltou e pôs o pé na bola. Daí, pensei:”o que será que o cara quer?”. Ele ficoume olhando e mirou no meu peito. O chu-te saiu certeiro e a bola estourou no pei-to e voltou pra ele, que nem quis saberda minha raiva e mandou "abre” ... Aí,ele veio por baixo e deu uma pedrada.Entrou lá no ferro, dentro do gol. Eu es-tava de costas e falei: “E aí?” Virei e via bola lá dentro. Foi sensacional. O ca-ra era o diabo mesmo.AAffoonnssiinnhhoo::Tem um amigo, o ex-jogadorMagalhães, que foi campeão lá no RioBranco de Vitória. Ele conta que o San-tos foi fazer um jogo lá para entregaruma taça. O Rio Branco fez 1 a 0 e o trei-

nador falou no intervalo: “Não tem Pe-lé, não tem Coutinho, não tem nada. Vo-cês estão com a toalha aqui. Descan-sem aí, vamos lá para o segundotempo”. Aí o Magalhães prosseguiu:“Começou o segundo tempo, veio lá,Pelé-Coutinho, Coutinho-Pelé, Pelé-Coutinho. Não vi nada, a bola sumiu, sóescutei um barulho, aí olhei para trás ea bola estava lá.”

WWaasshhiinnggttoonn::Você colecionou figurinhado Nilton Santos, Afonsinho?AAffoonnssiinnhhoo:: (Risos) As melhores lem-branças que tenho foram da Seleção de58. Acho que ganhar o primeiro títulodepois de tudo o que tinha acontecidofoi emocionante. Depois, já como joga-dor, sempre me espelhei nessas pes-

soas, nessa maneira como eles se rela-cionavam; eu sempre gostei de conver-sar com o Zizinho também, com Niltone com o Didi pela maneira como eles sedavam entre eles e pela maneira comoeles consideravam o clube. Eu lembroque o Nilton e o Didi se referiam ao Bo-tafogo como o Botafoguinho. Semprequis guardar isso para mim, seguir isso,e foi o caminho que escolhi.

EEuunnááppiioo:: Queria que vocês passassemuma mensagem para as pessoas commais de 65 anos que ainda trabalham elutam pela vida, pegam aposentadoriapara ajudar filhos e netos.AAffoonnssiinnhhoo:: Devo mais respeito do queeles por uma questão de idade, eu re-conheço que devo mais respeito e es-sa é a minha mensagem: que sejaminteiros, íntegros, porque, quantomais velho, merece mais respeito econsideração.CCoouuttiinnhhoo:: Concordo com o Afonso.Acho que precisa ter um pouco maisde respeito com essa lei que surge.Que ela realmente se torne realidadee que a gente possa conviver um pou-quinho melhor.NNiillttoonn::Eles já falaram tudo. Espero queaconteça o que for de melhor para os jo-gadores de futebol. Antes, só o jogadorpensava; hoje, outras pessoas pensame são bem intencionadas. Claro que alei vai dar certo.

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** Observar legislação estadual em vigor.

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Sobre o Estatuto do IdosoINTRODUÇÃO

O Estatuto do Idoso tramitou por seis anos no Congresso efoi aprovado logo no primeiro ano do governo Lula. Esta é uma gran-de vitória das pessoas que muito fizeram por este país e que hojeprecisam e merecem reconhecimento.

A edição do Estatuto do Idoso colocou o Brasil em uma posi-ção de destaque mundial, onde a proteção a um determinado gru-po da população se tornou obrigatória, podendo ser punida compena de prisão aos infratores.

Direitos e obrigações antes esquecidos pela Legislação fo-ram devidamente tratados nos artigos de uma Lei Ordinária deabrangência nacional, a Lei nº 10.741/2003. Um ano após a cria-ção do Estatuto, muitos brasileiros e estrangeiros residentes noBrasil ainda não conhecem suas nuances e deixam de exercer seusdireitos de cidadania por falta de informação.

Todos nós – jovens e idosos, ativos e aposentados – temosdireito à vviiddaa, à ssaaúúddee, à aalliimmeennttaaççããoo, à eedduuccaaççããoo, à ccuullttuurraa, ao eess-ppoorrttee, ao llaazzeerr, ao ttrraabbaallhhoo, à cciiddaaddaanniiaa, à lliibbeerrddaaddee, à ddiiggnniiddaaddee,ao rreessppeeiittoo e à ccoonnvviivvêênncciiaa ffaammiilliiaarr ee ccoommuunniittáárriiaa. A diferença éque, assim como as crianças e adolescentes, agora os idosos sãoamparados por lei.

Nas páginas a seguir trataremos, com ajuda de ilustraçõesbem-humoradas de renomados cartunistas, do exercício do direi-to de cidadania*. Além de tratar dos assuntos mais contundentesao cotidiano de todos nós, principalmente daqueles que já não sãomais “garotos”, mas que ainda contribuem com suas atitudes pa-ra uma vida melhor.

Sobre o Estatuto do Idoso

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DIREITOS FUNDAMENTAIS O EXERCÍCIO DO DIREITO DE CIDADANIA

• Liberdade, respeito e dignidade

• Alimentos

• Saúde

• Transporte

• Educação, cultura, esporte e lazer

• Profissionalização e trabalho

• Previdência Social

• Assistência Social

• Habitação

• Prioridade no acesso à Justiça

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Liberdade, respeito

LIBERDADE, RESPEITOE DIGNIDADEAs pessoas com mais de 65 anosnão podem ser discriminadas porqualquer entidade associativa naprática de esportes e lazer epoderão participar da vidapolítica do país, tantocandidatando-se a cargoseletivos quanto votando. O direito ao voto, no entanto,é opcional a partir dos 70 anosde idade. Qualquer tipo de discriminação aoidoso constitui crime com pena dereclusão de seis meses a um ano.

O progresso da medicina e o avanço tecnológico trouxeram a possibilidade de maior expectativa de vida. A tendência é que no futuro a população de idosos seja a mesma que a de jovens. Diante desse quadro quesurge, governo, sociedade e família precisam criar mecanismos para uma saudável convivência com os maisvelhos, garantindo liberdade, dignidade e respeito como bens legitimamente reconhecidos a qualquer serhumano e a garantia aos seus direitos não como algo próprio de minoria a ser protegida, mas comoverdadeira regra de convívio de gerações.

Liberdade, Respeito e dignidade

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e dignidadeDEVER DE PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS – LIVRE ESCOLHA DO IDOSOAs pessoas da terceira idadeque não tenham condições dese auto-sustentar têm direito aescolher um familiar para

prestar-lhe sustento. O Código Civil (artigos 1.694até 1.710) estabelece que aresponsabilidade de sustentaro idoso necessitado deve sercompartilhada pelos membrosda família e o Estatuto doIdoso define que deixar de

prestar esta assistência écrime com pena de detençãode seis meses a um ano. O objetivo da lei é acabar comcasos de abandono deparentes mais velhos pelosmais jovens.

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SaúdeATENDIMENTO ESPECIAL A saúde é um direito de todos edeverá ser assegurada pelo Estado.Os idosos, portanto, têm direito aatendimento gratuito e especial paraas enfermidades que os afetampreferencialmente. Além disso, ocadastrameno de pacientes

referente à prevenção e à manutenção da saúde deve ser feitono domicílio do idoso, para evitarpossíveis riscos de locomoção. OMinistério da Saúde tem aobrigação, ainda, de manter asunidades geriátricas sempre aptas agarantir tratamentos eficazes.

MEDICAMENTOS - GRATUIDADEÉ direito dos cidadãos maiores de65 anos e que vivem de suaaposentadoria recebermedicamentos gratuitamente.Sempre que o idoso não tivercondições de arcar com estescustos, o Poder Público temobrigação de fornecer osremédios de graça,principalmente os de usocontinuado.Além disso, os idosos têm direitoa prioridade no atendimento e aacomodações adequadas em casode espera.

Saúde

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PLANOS DE SAÚDE –IMPOSSIBILIDADE DE PAGAR MAIS PELA IDADEAo passar da chamada meiaidade, os planos de saúdeestabelecem tabelas progressivasde pagamento mensal, fazendocom que as pessoas da terceiraidade paguem valoresestratosféricos. A lei, no entanto,determina que esta discriminaçãoem razão da idade é ilegal. (Artigo15, §3º Lei 10.741/2003).É importante lembrar que nostribunais de todo o país já existemdecisões que proíbem os planosde saúde de efetuarem orompimento unilateral doscontratos com seus clientes porterem atingido idade avançada oupor possuírem doenças graves.Nestes casos, em que oassociado mais necessita dosserviço, o plano de saúde é

obrigado a continuar com oatendimento. Em caso de internação ouobservação, o idoso tem direito aser acompanhado por um familiar,seja qual for a entidade médico-hospitalar, pública ou privada.

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TransporteÔNIBUS Apesar de os idosos saberem quepodem ser transportadosgratuitamente, poucos sabem atéonde vão seus direitos. O quefazer quando o veículo, sejaônibus, trem ou metrô,simplesmente se recusar atransportá-lo?A Lei estabelece que os maioresde 65 anos têm direito agratuidade nos transportescoletivos públicos, devendo oidoso apenas apresentar qualquerdocumento que comprove suaidade. Segundo a Lei, quemdificultar o acesso de idosos aostransportes públicos incorre emcrime com pena de reclusão deseis meses a um ano.

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TRANSPORTE INTERESTADUAL —NAVIOS, ÔNIBUS E TRENS No transporte interestadual asempresas devem reservar duasvagas gratuitas para pessoas quetenham mais de 65 anos e rendafamiliar igual ou inferior a doissalários mínimos. Se as vagasestiverem ocupadas por pessoasque atendam a estes requisitos, opassageiro que também temdireito a gratuidade serácompensado com um descontomínimo de 50% do valor dapassagem. Para ter acesso a este direito apessoa precisa comprovar idade erenda familiar de até dois saláriosmínimos.

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Educação, cultura, esporte EDUCAÇÃONo ambiente educacional, apartir da aprovação do Estatutodo Idoso, o Poder Público tem aobrigação de incentivar oestudo. É dever do Poder Público daroportunidades de acesso àeducação para idosos, além deadequar currículo, metodologia e

material didático ao estudantede mais idade. O Estado também deverá apoiara criação de universidadesabertas para as pessoas idosas,a exemplo do curso existente naUniversidade Estadual do Rio deJaneiro (Uerj). O curso Unati éinteiramente gratuito e dirigido aestudantes da terceira idade.

Educação, cultura, esporte e lazer

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e lazerDESCONTOS E MEIA ENTRADAAs pessoas com mais de 65 anostêm direito a descontos de 50%nos ingressos para eventosartísticos, culturais, esportivos ede lazer. Também é garantidoacesso preferencial, sem filas.Este direito está garantido noEstatuto do Idoso e em leisestaduais e municipais (Artigo 23Lei 10.741/2003). Portanto, apresente suaidentidade, exija seu direito edivirta-se!

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Condições especiais

CONCURSO PÚBLICO –PREFERÊNCIA AOIDOSO EM CASO DE EMPATENa disputa por cargos emempresas públicas, o idosotambém será beneficiado no casode empate. A preferência é dequem tem mais idade. O objetivo da lei é incentivar arecolocação de pessoas com maisde 65 anos no mercado detrabalho.

TRABALHOAposentadoria e idade avançadanão são sinônimos de incapacidadee, portanto, é proibido àsempresas fixarem uma idademáxima para a admissão defuncionários, a menos que a

natureza do serviço exijacaracterísticas específicas. De acordo com o Estatuto doIdoso, a empresa que adotar aprática discriminatória poderá serresponsabilizada.O Estatuto assegura que todo

idoso deve ter sua capacidadefísica, intelectual e psíquicarespeitada no exercício deatividade profissional, sendovedada a fixação de limite máximode idade para admissão paracargos não específicos.

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PREFERÊNCIA EMESTACIONAMENTOSAo dirigir, a pessoa idosatambém tem direito a vagas maisbem posicionadas emestacionamentos públicos ouprivados. Pelo menos 5% das

vagas devem ser reservadaspara esta faixa etária. O objetivo da lei é dar maiorcomodidade a pessoas quepodem ter maior dificuldade demovimento e mais propensão aacidentes.

ISENÇÃO PARA RENOVAÇÃO DECARTEIRA DE HABILITAÇÃOTodo idoso tem direito a isençãodo pagamento de taxasestaduais, relativas à renovaçãoda Carteira Nacional deHabilitação.

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Assistência socialDIREITO A UM SALÁRIO PAGO PELA UNIÃOAs inovações em relação àprestação de serviços eassistência social são,principalmente, o pagamento deum salário mínimo para os maioresde 65 anos que não possuamqualquer tipo de fonte de rendanem condições de ser provido pela

família e a proibição das casas-larou entidades filantrópicas decobrar mais de 70% do benefícioprevidenciário ou de assistênciasocial recebidos pelo idoso. Além da restrição à cobrança, ascasas-lar devem estar cadastradasno Conselho Municipal do Idosoou no Conselho Municipal deAssistência Social (Parágrafos 1º e 2º do artigo 35

da Lei 10.741/2003) No caso da garantia de benefíciomínimo, mesmo que qualquermembro da família já receba osbenefícios da assistência social, oidoso não perderá o direito ao seubenefício. A aposentadoria dooutro familiar não será computadana renda da família para aconcessão de um salário mínimomensal ao idoso.

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HABITAÇÃO – CASA DO IDOSOA lei estabelece que o idoso quecomprovar atestado de pobrezaou que não possuir grupo familiarque o ampare, pode serbeneficiado pela assistênciaintegral em entidades de longapermanência, como a “Casa doIdoso” mantida por PrefeiturasMunicipais que firmam convêniocom os Estados para talfinalidade. Para que alguém não use de máfé e passe a recolher os idosos eexplorá-los, tornou-se obrigatóriaa identificação externa de todainstituição dedicada aoatendimento ao idoso, bem comoa manutenção de padrões dehabitação compatíveis com asnecessidades deles, alimentaçãoregular e higiene indispensáveisàs normas sanitárias. (Súmula724 STF c/c Parágrafos 2o e 3odo artigo 37 da Lei 10.741/2003)

ISENÇÃO DO PAGAMENTO DO IPTUMoradores da cidade do Rio deJaneiro com maior de 65 anos,que comprovem renda mensal deaté três salários mínimos e sejaproprietário de um único imóvelpoderão requerer isenção de IPTU(Lei Municipal 1.702/ 98).

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NA DEFESA DOS DIREITOSA morosidade do Poder Judiciárioem razão das milhares de açõesdistribuídas mensalmente afeta oidoso da maneira mais cruel.Além do estresse normalmentecausado pela ansiedade dasolução de seus problemas, aspessoas que já passaram dos 60anos costumam ter o receio de

não desfrutarem plenamente dosvalores recebidos com o ganhoda causa, caso a solução daquerela seja excessivamentedemorada. Sendo assim, a Lei estabeleceuque a todo cidadão com idadeigual ou superior a 60 anos éassegurada prioridade natramitação dos processos

judiciais em que seja parte, alémde processos e procedimentos daadministração pública. Em resumo, os processos deverãoter uma prioridade superioràqueles que já estão em trâmite,garantindo a possibilidade desolução dos litígios em menorespaço de tempo.

Poder JudiciárioPoder Judiciário

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Direitos básicosDireitos básicos

GUIA DE REFERÊNCIAS AOS ARTIGOS DA LEGISLAÇÃOConsulta rápida dos principais direitos estabelecidos na Lei.

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Direitos básicosDireitos básicos

ATENDIMENTO GRATUITO E ESPECIAL PELOSUS E FORNECIMENTO DE MEDICAMEN-TOS GRATUITOS, AO IDOSO CARENTE.Art.196 Constituição Federalc/c Art. 15 lei 10741/03 e Art.15, §1º, III lei 10.741/03

PROIBIÇÃO DE COBRANÇAS DIFERENCIA-DAS EM RAZÃO DA IDADE NOS PLANOSDE SAÚDE.Art. 15, § 3º lei 10.741/03

DESCONTO DE 50% NOS INGRESSOSPARA EVENTOS ARTÍSTICOS, CULTURAIS,ESPORTIVOS E DE LAZER, COM ACESSOPREFERENCIAL.Art. 23 lei 10.741/03

BENEFÍCIO MENSAL DE UM SALÁRIOMÍNIMO AO IDOSO A PARTIR DE 65ANOS QUE NÃO POSSUA QUALQUER FON-TE DE RENDA.Art. 21 lei 10.741/03

ASSISTÊNCIA INTEGRAL EM ENTIDADESMANTIDAS PELO GOVERNO, CASO COM-PROVADO O ESTADO DE POBREZA DO IDOSO.Art. 37, § 1º lei 10.741/03

GRATUIDADE NOS TRANSPORTES COLETI-VOS PÚBLICOS, DEVENDO APRESENTAR,APENAS, QUALQUER DOCUMENTO QUECOMPROVE SUA IDADE.Art.39, § 1º lei 10.741/03

NOS TRANSPORTES ENTRE ESTADOS SÃOASSEGURADAS DUAS VAGAS GRATUITAS AOIDOSO QUE TENHA RENDA DE ATÉ DOIS SA-LÁRIOS MÍNIMOS. CASO JÁ TENHAM SI-DO PREENCHIDAS, TERÁ DIREITO AO DES-CONTO DE 50% DO PREÇO DA PASSAGEM.Art. 40 lei 10.741/03

5% DAS VAGAS EM QUALQUER ESTACIO-NAMENTO, PÚBLICOS OU PRIVADOS, NAPOSIÇÃO QUE GARANTA MAIOR COMODI-DADE AO IDOSO.Art. 41 lei 10.741/03

PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DE PROCES-SOS JUDICIAIS E PROCEDIMENTOS DAADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.Art. 71, § 3º lei 10.741/03

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O Presidente da RepúblicaFaço saber que o Congresso Nacional decreta

e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO IDISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a re-gular os direitos assegurados às pessoas com idadeigual ou superior a 60 (sessenta) anos.Doutrina Vinculada

Art. 2º O idoso goza de todos os direitos fundamentaisinerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteçãointegral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, porlei ou por outros meios, todas as oportunidades e faci-lidades, para preservação de sua saúde física e mentale seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual esocial, em condições de liberdade e dignidade.

Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da so-ciedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com ab-soluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saú-de, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, aolazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignida-de, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.Parágrafo único. A garantia de prioridade com-preende:I - atendimento preferencial imediato e individualiza-do junto aos órgãos públicos e privados prestadores deserviços à população;

II - preferência na formulação e na execução de polí-ticas sociais públicas específicas;III - destinação privilegiada de recursos públicos nasáreas relacionadas com a proteção ao idoso;IV - viabilização de formas alternativas de partici-pação, ocupação e convívio do idoso com as demaisgerações;V - priorização do atendimento do idoso por sua pró-pria família, em detrimento do atendimento asilar, ex-ceto dos que não a possuam ou careçam de condiçõesde manutenção da própria sobrevivência;VI - capacitação e reciclagem dos recursos humanosnas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação deserviços aos idosos;VII - estabelecimento de mecanismos que favoreçama divulgação de informações de caráter educativo so-bre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento;VIII - garantia de acesso à rede de serviços de saúde ede assistência social locais.

Art. 4º Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo denegligência, discriminação, violência, crueldade ouopressão, e todo atentado aos seus direitos, por açãoou omissão, será punido na forma da lei.§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violaçãoaos direitos do idoso.§ 2º As obrigações previstas nesta Lei não excluem daprevenção outras decorrentes dos princípios por elaadotados.

Art. 5º A inobservância das normas de prevenção im-

portará em responsabilidade à pessoa física ou jurídi-ca nos termos da lei.

Art. 6º Todo cidadão tem o dever de comunicar à au-toridade competente qualquer forma de violação a es-ta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha co-nhecimento.

Art. 7º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do DistritoFederal e Municipais do Idoso, previstos na Lei nº8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumpri-mento dos direitos do idoso, definidos nesta Lei.

TÍTULO IIDOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

CAPÍTULO IDO DIREITO À VIDA

Art. 8º O envelhecimento é um direito personalíssimoe a sua proteção um direito social, nos termos desta Leie da legislação vigente.

Art. 9º É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosaa proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de po-líticas sociais públicas que permitam um envelheci-mento saudável e em condições de dignidade.

CAPÍTULO IIDO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO

E À DIGNIDADE

Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegu-

Estatuto do IdosoLEI 10.741 de 2003

LEI Nº 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003 (DOU 03.10.2003)Dispõe sobre o Estatuto do Idoso, e dá outras providências.

Estatuto do Idoso/Íntegra da LeiEstatuto do Idoso/Íntegra da Lei

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rar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignida-de, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, po-líticos, individuais e sociais, garantidos na Constitui-ção e nas leis.§ 1º O direito à liberdade compreende, entre outros, osseguintes aspectos:I - faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públi-cos e espaços comunitários, ressalvadas as restriçõeslegais;II - opinião e expressão;III - crença e culto religioso;IV - prática de esportes e de diversões;V - participação na vida familiar e comunitária;VI - participação na vida política, na forma da lei;VII - faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.§ 2º O direito ao respeito consiste na inviolabilidadeda integridade física, psíquica e moral, abrangendo apreservação da imagem, da identidade, da autonomia,de valores, idéias e crenças, dos espaços e dos objetospessoais.§ 3º É dever de todos zelar pela dignidade do idoso,colocando-o a salvo de qualquer tratamento desuma-no, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

CAPÍTULO IIIDOS ALIMENTOS

Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na for-ma da lei civil.

Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo oidoso optar entre os prestadores.

Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão sercelebradas perante o Promotor de Justiça, que as refe-rendará, e passarão a ter efeito de título executivo ex-trajudicial nos termos da lei processual civil.

Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuíremcondições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da as-sistência social.

CAPÍTULO IVDO DIREITO À SAÚDE

Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do ido-so, por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS,garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em con-junto articulado e contínuo das ações e serviços, paraa prevenção, promoção, proteção e recuperação da saú-de, incluindo a atenção especial às doenças que afe-tam preferencialmente os idosos.§ 1º Aprevenção e a manutenção da saúde do idoso se-rão efetivadas por meio de:I - cadastramento da população idosa em base ter-ritorial;II - atendimento geriátrico e gerontológico em am-bulatórios;III - unidades geriátricas de referência, com pes-soal especializado nas áreas de geriatria e geronto-logia social;IV - atendimento domiciliar, incluindo a internação,para a população que dele necessitar e esteja impossi-bilitada de se locomover, inclusive para idosos abriga-dos e acolhidos por instituições públicas, filantrópicasou sem fins lucrativos e eventualmente conveniadascom o Poder Público, nos meios urbano e rural;V - reabilitação orientada pela geriatria e gerontolo-gia, para redução das seqüelas decorrentes do agra-vo da saúde.§ 2º Incumbe ao Poder Público fornecer aos ido-sos, gratuitamente, medicamentos, especialmenteos de uso continuado, assim como próteses, órte-ses e outros recursos relativos ao tratamento, ha-bilitação ou reabilitação.§ 3º É vedada a discriminação do idoso nos planosde saúde pela cobrança de valores diferenciadosem razão da idade.Nota: Ver Resolução Normativa DC/ANS nº 63, de22.12.2003, DOU 23.12.2003, que define os limites aserem observados para adoção de variação de preçopor faixa etária nos planos privados de assistência à

saúde contratados a partir de 1º de janeiro de 2004.§ 4º Os idosos portadores de deficiência ou com limi-tação incapacitante terão atendimento especializado,nos termos da lei.

Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é asse-gurado o direito a acompanhante, devendo o órgãode saúde proporcionar as condições adequadas paraa sua permanência em tempo integral, segundo o cri-tério médico.Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde res-ponsável pelo tratamento conceder autorização para oacompanhamento do idoso ou, no caso de impossibi-lidade, justificá-la por escrito.

Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas facul-dades mentais é assegurado o direito de optar pelo tra-tamento de saúde que lhe for reputado mais favorável.Parágrafo único. Não estando o idoso em condiçõesde proceder à opção, esta será feita:I - pelo curador, quando o idoso for interditado;II - pelos familiares, quando o idoso não tiver curadorou este não puder ser contactado em tempo hábil;III - pelo médico, quando ocorrer iminente risco devida e não houver tempo hábil para consulta a cura-dor ou familiar;IV - pelo próprio médico, quando não houver curadorou familiar conhecido, caso em que deverá comunicaro fato ao Ministério Público.

Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos cri-térios mínimos para o atendimento às necessidades doidoso, promovendo o treinamento e a capacitação dosprofissionais, assim como orientação a cuidadores fa-miliares e grupos de auto-ajuda.

Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de maustratos contra idoso serão obrigatoriamente comunica-dos pelos profissionais de saúde a quaisquer dos se-guintes órgãos:I - autoridade policial;II - Ministério Público;III - Conselho Municipal do Idoso;

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IV - Conselho Estadual do Idoso;V - Conselho Nacional do Idoso.

CAPÍTULO VDA EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER

Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, espor-te, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviçosque respeitem sua peculiar condição de idade.

Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de aces-so do idoso à educação, adequando currículos, meto-dologias e material didático aos programas educacio-nais a ele destinados.§ 1º Os cursos especiais para idosos incluirão conteú-do relativo às técnicas de comunicação, computaçãoe demais avanços tecnológicos, para sua integração àvida moderna.§ 2º Os idosos participarão das comemorações de ca-ráter cívico ou cultural, para transmissão de conheci-mentos e vivências às demais gerações, no sentido dapreservação da memória e da identidade culturais.

Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis deensino formal serão inseridos conteúdos voltados aoprocesso de envelhecimento, ao respeito e à valoriza-ção do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a pro-duzir conhecimentos sobre a matéria.

Art. 23. A participação dos idosos em atividades cul-turais e de lazer será proporcionada mediante des-contos de pelo menos 50% (cinqüenta por cento) nosingressos para eventos artísticos, culturais, esporti-vos e de lazer, bem como o acesso preferencial aosrespectivos locais.

Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaçosou horários especiais voltados aos idosos, com finali-dade informativa, educativa, artística e cultural, e aopúblico sobre o processo de envelhecimento.

Art. 25. O Poder Público apoiará a criação de universi-dade aberta para as pessoas idosas e incentivará a pu-blicação de livros e periódicos, de conteúdo e padrão

editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura,considerada a natural redução da capacidade visual.

CAPÍTULO VIDA PROFISSIONALIZAÇÃO E DO TRABALHO

Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividadeprofissional, respeitadas suas condições físicas, inte-lectuais e psíquicas.

Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ouemprego, é vedada a discriminação e a fixação de li-mite máximo de idade, inclusive para concursos, res-salvados os casos em que a natureza do cargo o exigir.Parágrafo único. O primeiro critério de desempateem concurso público será a idade, dando-se preferên-cia ao de idade mais elevada.

Art. 28. O Poder Público criará e estimulará progra-mas de:I - profissionalização especializada para os idosos,aproveitando seus potenciais e habilidades para ativi-dades regulares e remuneradas;II - preparação dos trabalhadores para a aposentado-ria, com antecedência mínima de 1 (um) ano, por meiode estímulo a novos projetos sociais, conforme seusinteresses, e de esclarecimento sobre os direitos so-ciais e de cidadania;III - estímulo às empresas privadas para admissão deidosos ao trabalho.

CAPÍTULO VIIDA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do Re-gime Geral da Previdência Social observarão, na suaconcessão, critérios de cálculo que preservem o valorreal dos salários sobre os quais incidiram contribui-ção, nos termos da legislação vigente.Parágrafo único. Os valores dos benefícios em ma-nutenção serão reajustados na mesma data de reajus-te do salário-mínimo, pro rata, de acordo com suas res-pectivas datas de início ou do seu último reajustamento,

com base em percentual definido em regulamento, ob-servados os critérios estabelecidos pela Lei nº 8.213,de 24 de julho de 1991.

Art. 30. Aperda da condição de segurado não será con-siderada para a concessão da aposentadoria por idade,desde que a pessoa conte com, no mínimo, o tempo decontribuição correspondente ao exigido para efeito decarência na data de requerimento do benefício.

Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício pre-visto no caput observará o disposto no caput e § 2º doArt. 3º da Lei nº 9.876, de 26 de novembro de 1999,ou, não havendo salários-de-contribuição recolhidosa partir da competência de julho de 1994, o dispostono Art. 35 da Lei nº 8.213, de 1991.

Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios,efetuado com atraso por responsabilidade da Previdên-cia Social, será atualizado pelo mesmo índice utiliza-do para os reajustamentos dos benefícios do RegimeGeral de Previdência Social, verificado no períodocompreendido entre o mês que deveria ter sido pago eo mês do efetivo pagamento.

Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1º de maio, é adata-base dos aposentados e pensionistas.

CAPÍTULO VIIIDAASSISTÊNCIA SOCIAL

Art. 33. Aassistência social aos idosos será prestada, deforma articulada, conforme os princípios e diretrizesprevistos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Po-lítica Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúdee demais normas pertinentes.

Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco)anos, que não possuam meios para prover sua subsis-tência, nem de tê-la provida por sua família, é assegu-rado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nostermos da Lei Orgânica da Assistência Social - Loas.Parágrafo único.O benefício já concedido a qualquermembro da família nos termos do caput não será com-

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putado para os fins do cálculo da renda familiar per ca-pita a que se refere a Loas.

Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, oucasa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestaçãode serviços com a pessoa idosa abrigada.§ 1º No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, éfacultada a cobrança de participação do idoso no cus-teio da entidade.§ 2º O Conselho Municipal do Idoso ou o ConselhoMunicipal da Assistência Social estabelecerá a for-ma de participação prevista no § 1º, que não poderáexceder a 70% (setenta por cento) de qualquer bene-fício previdenciário ou de assistência social percebi-do pelo idoso.§ 3º Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu repre-sentante legal firmar o contrato a que se refere o ca-put deste artigo.

Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de riscosocial, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a de-pendência econômica, para os efeitos legais.

CAPÍTULO IXDA HABITAÇÃO

Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio dafamília natural ou substituta, ou desacompanhado deseus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, eminstituição pública ou privada.§ 1º A assistência integral na modalidade de enti-dade de longa permanência será prestada quandoverificada inexistência de grupo familiar, casa-lar,abandono ou carência de recursos financeiros pró-prios ou da família.§ 2º Toda instituição dedicada ao atendimento ao ido-so fica obrigada a manter identificação externa visí-vel, sob pena de interdição, além de atender toda a le-gislação pertinente.§ 3º As instituições que abrigarem idosos são obriga-das a manter padrões de habitação compatíveis com asnecessidades deles, bem como provê-los com alimen-

tação regular e higiene indispensáveis às normas sani-tárias e com estas condizentes, sob as penas da lei.

Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou sub-sidiados com recursos públicos, o idoso goza de prio-ridade na aquisição de imóvel para moradia própria,observado o seguinte:I - reserva de 3% (três por cento) das unidades residen-ciais para atendimento aos idosos;II - implantação de equipamentos urbanos comunitá-rios voltados ao idoso;III - eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanís-ticas, para garantia de acessibilidade ao idoso;IV - critérios de financiamento compatíveis com osrendimentos de aposentadoria e pensão.

CAPÍTULO XDO TRANSPORTE

Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos ficaassegurada a gratuidade dos transportes coletivos pú-blicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços se-letivos e especiais, quando prestados paralelamenteaos serviços regulares.§ 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que o idosoapresente qualquer documento pessoal que faça pro-va de sua idade.§ 2º Nos veículos de transporte coletivo de que tra-ta este artigo, serão reservados 10% (dez por cento)dos assentos para os idosos, devidamente identifi-cados com a placa de reservado preferencialmentepara idosos.§ 3º No caso das pessoas compreendidas na faixa etá-ria entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, fi-cará a critério da legislação local dispor sobre as con-dições para exercício da gratuidade nos meios detransporte previstos no caput deste artigo.

Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadualobservar-se-á, nos termos da legislação específica:I - a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículopara idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois)

salários-mínimos;II - desconto de 50% (cinqüenta por cento), no míni-mo, no valor das passagens, para os idosos que exce-derem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferiora 2 (dois) salários-mínimos.Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes de-finir os mecanismos e os critérios para o exercício dosdireitos previstos nos incisos I e II.

Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos ter-mos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nosestacionamentos públicos e privados, as quais deve-rão ser posicionadas de forma a garantir a melhor co-modidade ao idoso.

Art. 42. É assegurada a prioridade do idoso no embar-que no sistema de transporte coletivo.

TÍTULO IIIDAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveissempre que os direitos reconhecidos nesta Lei foremameaçados ou violados:I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;II - por falta, omissão ou abuso da família, curador ouentidade de atendimento;III - em razão de sua condição pessoal.

CAPÍTULO IIDAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO

Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nes-ta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativa-mente, e levarão em conta os fins sociais a que se des-tinam e o fortalecimento dos vínculos familiares ecomunitários.

Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas noArt. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a

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requerimento daquele, poderá determinar, dentre ou-tras, as seguintes medidas:I - encaminhamento à família ou curador, mediante ter-mo de responsabilidade;II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;III - requisição para tratamento de sua saúde, em regi-me ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;IV - inclusão em programa oficial ou comunitário deauxílio, orientação e tratamento a usuários dependen-tes de drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou àpessoa de sua convivência que lhe cause perturbação;V - abrigo em entidade;VI - abrigo temporário.

TÍTULO IVDA POLÍTICA DE ATENDIMENTO AO IDOSO

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 46. Apolítica de atendimento ao idoso far-se-á pormeio do conjunto articulado de ações governamentaise não-governamentais da União, dos Estados, do Dis-trito Federal e dos Municípios.Doutrina Vinculada

Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:I - políticas sociais básicas, previstas na Lei nº 8.842,de 4 de janeiro de 1994;II - políticas e programas de assistência social, em ca-ráter supletivo, para aqueles que necessitarem;III - serviços especiais de prevenção e atendimento àsvítimas de negligência, maus tratos, exploração, abu-so, crueldade e opressão;IV - serviço de identificação e localização de parentesou responsáveis por idosos abandonados em hospitaise instituições de longa permanência;V - proteção jurídico-social por entidades de defesados direitos dos idosos;VI - mobilização da opinião pública no sentido da par-ticipação dos diversos segmentos da sociedade no aten-

dimento do idoso.

CAPÍTULO IIDAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO

AO IDOSO

Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveispela manutenção das próprias unidades, observadas asnormas de planejamento e execução emanadas do ór-gão competente da Política Nacional do Idoso, confor-me a Lei nº 8.842, de 1994.Parágrafo único. As entidades governamentais enão-governamentais de assistência ao idoso ficam su-jeitas à inscrição de seus programas, junto ao órgãocompetente da Vigilância Sanitária e Conselho Mu-nicipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Con-selho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especi-ficando os regimes de atendimento, observados osseguintes requisitos:I - oferecer instalações físicas em condições adequa-das de habitabilidade, higiene, salubridade e seguran-ça;II - apresentar objetivos estatutários e plano de traba-lho compatíveis com os princípios desta Lei;III - estar regularmente constituída;IV - demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.

Art. 49. As entidades que desenvolvam programas deinstitucionalização de longa permanência adotarão osseguintes princípios:I - preservação dos vínculos familiares;II - atendimento personalizado e em pequenos grupos;III - manutenção do idoso na mesma instituição, salvoem caso de força maior;IV - participação do idoso nas atividades comunitá-rias, de caráter interno e externo;V - observância dos direitos e garantias dos idosos;VI - preservação da identidade do idoso e oferecimen-to de ambiente de respeito e dignidade.Parágrafo único. O dirigente de instituição prestado-ra de atendimento ao idoso responderá civil e crimi-

nalmente pelos atos que praticar em detrimento do ido-so, sem prejuízo das sanções administrativas.

Art. 50. Constituem obrigações das entidades de aten-dimento:I - celebrar contrato escrito de prestação de serviço como idoso, especificando o tipo de atendimento, as obri-gações da entidade e prestações decorrentes do con-trato, com os respectivos preços, se for o caso;II - observar os direitos e as garantias de que são titu-lares os idosos;III - fornecer vestuário adequado, se for pública, e ali-mentação suficiente;IV- oferecer instalações físicas em condições adequa-das de habitabilidade;V - oferecer atendimento personalizado;VI - diligenciar no sentido da preservação dos víncu-los familiares;VII - oferecer acomodações apropriadas para recebi-mento de visitas;VIII - proporcionar cuidados à saúde, conforme a ne-cessidade do idoso;IX - promover atividades educacionais, esportivas, cul-turais e de lazer;X - propiciar assistência religiosa àqueles que deseja-rem, de acordo com suas crenças;XI - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;XII - comunicar à autoridade competente de saúde to-da ocorrência de idoso portador de doenças infecto-contagiosas;XIII - providenciar ou solicitar que o Ministério Pú-blico requisite os documentos necessários ao exer-cício da cidadania àqueles que não os tiverem, naforma da lei;XIV- fornecer comprovante de depósito dos bens mó-veis que receberem dos idosos;XV - manter arquivo de anotações onde constem da-ta e circunstâncias do atendimento, nome do idoso,responsável, parentes, endereços, cidade, relação deseus pertences, bem como o valor de contribuições,

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e suas alterações, se houver, e demais dados que pos-sibilitem sua identificação e a individualização doatendimento;XVI - comunicar ao Ministério Público, para as pro-vidências cabíveis, a situação de abandono moral oumaterial por parte dos familiares;XVII - manter no quadro de pessoal profissionais comformação específica.

Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucra-tivos prestadoras de serviço ao idoso terão direito à as-sistência judiciária gratuita.

CAPÍTULO IIIDA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES

DE ATENDIMENTO

Art. 52. As entidades governamentais e não-governamentais de atendimento ao idoso serão fisca-lizadas pelos Conselhos do Idoso, Ministério Público,Vigilância Sanitária e outros previstos em lei.

Art. 53. O Art. 7º da Lei nº 8.842, de 1994, passa a vi-gorar com a seguinte redação:

“Art. 7º Compete aos Conselhos de que trata o Art. 6ºdesta Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscali-zação e a avaliação da política nacional do idoso, noâmbito das respectivas instâncias político-administrativas.” (NR)

Art. 54. Será dada publicidade das prestações de con-tas dos recursos públicos e privados recebidos pelasentidades de atendimento.

Art. 55. As entidades de atendimento que descumpri-rem as determinações desta Lei ficarão sujeitas, semprejuízo da responsabilidade civil e criminal de seusdirigentes ou prepostos, às seguintes penalidades, ob-servado o devido processo legal:I - as entidades governamentais:

a) advertência;b) afastamento provisório de seus dirigentes;c) afastamento definitivo de seus dirigentes;

d) fechamento de unidade ou interdição deprograma;II - as entidades não-governamentais:

a) advertência;b) multa;c) suspensão parcial ou total do repasse de ver-

bas públicas;d) interdição de unidade ou suspensão de pro-

grama;e) proibição de atendimento a idosos a bem do

interesse público.§ 1º Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquertipo de fraude em relação ao programa, caberá o afas-tamento provisório dos dirigentes ou a interdição daunidade e a suspensão do programa.§ 2º A suspensão parcial ou total do repasse de ver-bas públicas ocorrerá quando verificada a má aplica-ção ou desvio de finalidade dos recursos.§ 3º Na ocorrência de infração por entidade de aten-dimento, que coloque em risco os direitos assegura-dos nesta Lei, será o fato comunicado ao MinistérioPúblico, para as providências cabíveis, inclusive pa-ra promover a suspensão das atividades ou dissoluçãoda entidade, com a proibição de atendimento a idososa bem do interesse público, sem prejuízo das provi-dências a serem tomadas pela Vigilância Sanitária.§ 4º Na aplicação das penalidades, serão conside-radas a natureza e a gravidade da infração cometi-da, os danos que dela provierem para o idoso, as cir-cunstâncias agravantes ou atenuantes e osantecedentes da entidade.

CAPÍTULO IVDAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS

Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumpriras determinações do Art. 50 desta Lei:Pena - multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$3.000,00 (três mil reais), se o fato não for caracteri-zado como crime, podendo haver a interdição do es-

tabelecimento até que sejam cumpridas as exigên-cias legais.Parágrafo único. No caso de interdição do estabe-lecimento de longa permanência, os idosos abriga-dos serão transferidos para outra instituição, a ex-pensas do estabelecimento interditado, enquantodurar a interdição.

Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsá-vel por estabelecimento de saúde ou instituição de lon-ga permanência de comunicar à autoridade compe-tente os casos de crimes contra idoso de que tiverconhecimento:Pena - multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no casode reincidência.

Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Leisobre a prioridade no atendimento ao idoso: Pena -multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00(um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz,conforme o dano sofrido pelo idoso.

CAPÍTULO VDAAPURAÇÃO ADMINISTRATIVA DE INFRA-ÇÃO ÀS NORMAS DE PROTEÇÃO AO IDOSO

Art. 59. Os valores monetários expressos no CapítuloIV serão atualizados anualmente, na forma da lei.

Art. 60. O procedimento para a imposição de penali-dade administrativa por infração às normas de prote-ção ao idoso terá início com requisição do MinistérioPúblico ou auto de infração elaborado por servidorefetivo e assinado, se possível, por duas testemunhas.§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infraçãopoderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as circunstâncias da infração.§ 2º Sempre que possível, à verificação da infraçãoseguir-se-á a lavratura do auto, ou este será lavrado den-tro de 24 (vinte e quatro) horas, por motivo justificado.

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Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para aapresentação da defesa, contado da data da intimação,que será feita:I - pelo autuante, no instrumento de autuação, quandofor lavrado na presença do infrator;II - por via postal, com aviso de recebimento.

Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do idoso,a autoridade competente aplicará à entidade de aten-dimento as sanções regulamentares, sem prejuízo dainiciativa e das providências que vierem a ser adota-das pelo Ministério Público ou pelas demais institui-ções legitimadas para a fiscalização.

Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vi-da ou a saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridadecompetente aplicará à entidade de atendimento as san-ções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e dasprovidências que vierem a ser adotadas pelo Ministé-rio Público ou pelas demais instituições legitimadaspara a fiscalização.

CAPÍTULO VIDAAPURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARI-DADES EM ENTIDADE DE ATENDIMENTO

Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimen-to administrativo de que trata este Capítulo as dispo-sições das Leis nºs 6.437, de 20 de agosto de 1977, e9.784, de 29 de janeiro de 1999.

Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidadeem entidade governamental e não-governamental deatendimento ao idoso terá início mediante petição fun-damentada de pessoa interessada ou iniciativa do Mi-nistério Público.

Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judi-ciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmen-te o afastamento provisório do dirigente da entidade ououtras medidas que julgar adequadas, para evitar lesãoaos direitos do idoso, mediante decisão fundamentada.

Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no pra-

zo de 10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, poden-do juntar documentos e indicar as provas a produzir.

Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na con-formidade do Art. 69 ou, se necessário, designará au-diência de instrução e julgamento, deliberando sobrea necessidade de produção de outras provas.§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e oMinistério Público terão 5 (cinco) dias para ofereceralegações finais, decidindo a autoridade judiciáriaem igual prazo.§ 2º Em se tratando de afastamento provisório oudefinitivo de dirigente de entidade governamental,a autoridade judiciária oficiará a autoridade admi-nistrativa imediatamente superior ao afastado,fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas paraproceder à substituição.§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autori-dade judiciária poderá fixar prazo para a remoção dasirregularidades verificadas.Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, semjulgamento do mérito.§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao diri-gente da entidade ou ao responsável pelo programade atendimento.

TÍTULO VDO ACESSO À JUSTIÇA

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposiçõesdeste Capítulo, o procedimento sumário previsto noCódigo de Processo Civil, naquilo que não contrarieos prazos previstos nesta Lei.Doutrina Vinculada

Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especiali-zadas e exclusivas do idoso.

Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos pro-cessos e procedimentos e na execução dos atos e dili-

gências judiciais em que figure como parte ou interve-niente pessoa com idade igual ou superior a 60 (ses-senta) anos, em qualquer instância.§ 1º O interessado na obtenção da prioridade a que alu-de este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá obenefício à autoridade judiciária competente para de-cidir o feito, que determinará as providências a seremcumpridas, anotando-se essa circunstância em localvisível nos autos do processo.§ 2º A prioridade não cessará com a morte do benefi-ciado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite,companheiro ou companheira, com união estável,maior de 60 (sessenta) anos.§ 3º A prioridade se estende aos processos e procedi-mentos na Administração Pública, empresas presta-doras de serviços públicos e instituições financeiras,ao atendimento preferencial junto à Defensoria Pu-blica da União, dos Estados e do Distrito Federal emrelação aos Serviços de Assistência Judiciária.§ 4º Para o atendimento prioritário será garantido aoidoso o fácil acesso aos assentos e caixas, identifica-dos com a destinação a idosos em local visível e carac-teres legíveis.

CAPÍTULO IIDO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 72. (VETADO)

Art. 73. As funções do Ministério Público, previstasnesta Lei, serão exercidas nos termos da respectivaLei Orgânica.

Art. 74. Compete ao Ministério Público:I - instaurar o inquérito civil e a ação civil pública pa-ra a proteção dos direitos e interesses difusos ou cole-tivos, individuais indisponíveis e individuais homo-gêneos do idoso;II - promover e acompanhar as ações de alimentos, deinterdição total ou parcial, de designação de curadorespecial, em circunstâncias que justifiquem a medidae oficiar em todos os feitos em que se discutam os di-

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reitos de idosos em condições de risco;III - atuar como substituto processual do idoso em si-tuação de risco, conforme o disposto no Art. 43 des-ta Lei;IV - promover a revogação de instrumento procura-tório do idoso, nas hipóteses previstas no Art. 43 des-ta Lei, quando necessário ou o interesse público jus-tificar;V - instaurar procedimento administrativo e, parainstruí-lo:

a) expedir notificações, colher depoimentos ouesclarecimentos e, em caso de não comparecimentoinjustificado da pessoa notificada, requisitar condu-ção coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou Militar;

b) requisitar informações, exames, perícias edocumentos de autoridades municipais, estaduais e fe-derais, da administração direta e indireta, bem comopromover inspeções e diligências investigatórias;

c) requisitar informações e documentos parti-culares de instituições privadas;VI - instaurar sindicâncias, requisitar diligências in-vestigatórias e a instauração de inquérito policial, pa-ra a apuração de ilícitos ou infrações às normas de pro-teção ao idoso;VII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garan-tias legais assegurados ao idoso, promovendo as me-didas judiciais e extrajudiciais cabíveis;VIII - inspecionar as entidades públicas e particularesde atendimento e os programas de que trata esta Lei,adotando de pronto as medidas administrativas ou ju-diciais necessárias à remoção de irregularidades por-ventura verificadas;IX - requisitar força policial, bem como a colabora-ção dos serviços de saúde, educacionais e de assistên-cia social, públicos, para o desempenho de suas atri-buições;X - referendar transações envolvendo interesses e di-reitos dos idosos previstos nesta Lei.§ 1º Alegitimação do Ministério Público para as açõescíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros,nas mesmas hipóteses, segundo dispuser a lei.

§2º As atribuições constantes deste artigo não excluemoutras, desde que compatíveis com a finalidade e atri-buições do Ministério Público.§ 3º O representante do Ministério Público, no exercí-cio de suas funções, terá livre acesso a toda entidadede atendimento ao idoso.

Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não forparte, atuará obrigatoriamente o Ministério Públicona defesa dos direitos e interesses de que cuida estaLei, hipóteses em que terá vista dos autos depois daspartes, podendo juntar documentos, requerer diligên-cias e produção de outras provas, usando os recursoscabíveis.

Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qual-quer caso, será feita pessoalmente.

Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Públi-co acarreta a nulidade do feito, que será declaradade ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquerinteressado.

CAPÍTULO IIIDA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES

DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS INDIS-PONÍVEIS OU HOMOGÊNEOS

Art. 78. As manifestações processuais do representan-te do Ministério Público deverão ser fundamentadas.

Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as açõesde responsabilidade por ofensa aos direitos assegu-rados ao idoso, referentes à omissão ou ao ofereci-mento insatisfatório de:I - acesso às ações e serviços de saúde;II - atendimento especializado ao idoso portador de de-ficiência ou com limitação incapacitante;III - atendimento especializado ao idoso portador dedoença infecto-contagiosa;IV - serviço de assistência social visando ao amparodo idoso.Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigonão excluem da proteção judicial outros interesses di-

fusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homo-gêneos, próprios do idoso, protegidos em lei.

Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão pro-postas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terácompetência absoluta para processar a causa, ressal-vadas as competências da Justiça Federal e a compe-tência originária dos Tribunais Superiores.

Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interessesdifusos, coletivos, individuais indisponíveis ou ho-mogêneos, consideram-se legitimados, concorren-temente:I - o Ministério Público;II - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-cípios;III - a Ordem dos Advogados do Brasil;IV - as associações legalmente constituídas há pelomenos 1 (um) ano e que incluam entre os fins institu-cionais a defesa dos interesses e direitos da pessoa ido-sa, dispensada a autorização da assembléia, se houverprévia autorização estatutária.§1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Mi-nistérios Públicos da União e dos Estados na defesados interesses e direitos de que cuida esta Lei.§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação porassociação legitimada, o Ministério Público ou outrolegitimado deverá assumir a titularidade ativa.

Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidospor esta Lei, são admissíveis todas as espécies de açãopertinentes.Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos deautoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exer-cício de atribuições de Poder Público, que lesem direi-to líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação man-damental, que se regerá pelas normas da lei do mandadode segurança.

Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimentode obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá atutela específica da obrigação ou determinará provi-dências que assegurem o resultado prático equivalen-

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te ao adimplemento.§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e ha-vendo justificado receio de ineficácia do provimentofinal, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ouapós justificação prévia, na forma do Art. 273 do Có-digo de Processo Civil.§ 2º O juiz poderá, na hipótese do § 1º ou na sentença,impor multa diária ao réu, independentemente do pe-dido do autor, se for suficiente ou compatível com aobrigação, fixando prazo razoável para o cumprimen-to do preceito.§ 3º Amulta só será exigível do réu após o trânsito emjulgado da sentença favorável ao autor, mas será devi-da desde o dia em que se houver configurado.

Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei rever-terão ao Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta des-te, ao Fundo Municipal de Assistência Social, ficandovinculados ao atendimento ao idoso.Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30(trinta) dias após o trânsito em julgado da decisão se-rão exigidas por meio de execução promovida peloMinistério Público, nos mesmos autos, facultada igualiniciativa aos demais legitimados em caso de inérciadaquele.

Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos re-cursos, para evitar dano irreparável à parte.

Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impusercondenação ao Poder Público, o juiz determinará a re-messa de peças à autoridade competente, para apura-ção da responsabilidade civil e administrativa do agen-te a que se atribua a ação ou omissão.

Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito emjulgado da sentença condenatória favorável ao idososem que o autor lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aosdemais legitimados, como assistentes ou assumindo opólo ativo, em caso de inércia desse órgão.

Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não ha-verá adiantamento de custas, emolumentos, honorá-

rios periciais e quaisquer outras despesas.Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Mi-nistério Público.

Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deve-rá, provocar a iniciativa do Ministério Público,prestando-lhe informações sobre os fatos que cons-tituam objeto de ação civil e indicando-lhe os ele-mentos de convicção.

Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tri-bunais, no exercício de suas funções, quando tiveremconhecimento de fatos que possam configurar crimede ação pública contra idoso ou ensejar a propositurade ação para sua defesa, devem encaminhar as peçaspertinentes ao Ministério Público, para as providên-cias cabíveis.

Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado po-derá requerer às autoridades competentes as certidõese informações que julgar necessárias, que serão forne-cidas no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob suapresidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquerpessoa, organismo público ou particular, certidões, in-formações, exames ou perícias, no prazo que assina-lar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias.§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todasas diligências, se convencer da inexistência de funda-mento para a propositura da ação civil ou de peças in-formativas, determinará o seu arquivamento, fazendo-o fundamentadamente.§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de infor-mação arquivados serão remetidos, sob pena de se in-correr em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Con-selho Superior do Ministério Público ou à Câmara deCoordenação e Revisão do Ministério Público.§ 3º Até que seja homologado ou rejeitado o arquiva-mento, pelo Conselho Superior do Ministério Públicoou por Câmara de Coordenação e Revisão do Minis-tério Público, as associações legitimadas poderão apre-sentar razões escritas ou documentos, que serão jun-tados ou anexados às peças de informação.

§ 4º Deixando o Conselho Superior ou a Câmara deCoordenação e Revisão do Ministério Público de ho-mologar a promoção de arquivamento, será designa-do outro membro do Ministério Público para o ajuiza-mento da ação.

TÍTULO VIDOS CRIMES

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber,as disposições da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.

Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena má-xima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro)anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei nº 9.099,de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no quecouber, as disposições do Código Penal e do Códigode Processo Penal.

CAPÍTULO IIDOS CRIMES EM ESPÉCIE

Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pe-nal pública incondicionada, não se lhes aplicando osarts. 181 e 182 do Código Penal.Doutrina Vinculada

Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou difi-cultando seu acesso a operações bancárias, aos meiosde transporte, ao direito de contratar ou por qualqueroutro meio ou instrumento necessário ao exercício dacidadania, por motivo de idade:Pena - reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano emulta.Doutrina Vinculada§ 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humi-lhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, porqualquer motivo.§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a ví-tima se encontrar sob os cuidados ou responsabilida-

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de do agente.

Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quandopossível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de imi-nente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua as-sistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nes-ses casos, o socorro de autoridade pública:Pena - detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano emulta.Doutrina VinculadaParágrafo único. A pena é aumentada de metade, seda omissão resulta lesão corporal de natureza grave,e triplicada, se resulta a morte.

Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saú-de, entidades de longa permanência, ou congêneres,ou não prover suas necessidades básicas, quando obri-gado por lei ou mandado:Pena - detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos emulta.Doutrina Vinculada

Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, fí-sica ou psíquica, do idoso, submetendo-o a con-dições desumanas ou degradantes ou privando-ode alimentos e cuidados indispensáveis, quandoobrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho ex-cessivo ou inadequado:Pena - detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) anoe multa.Doutrina Vinculada§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza gra-ve: Pena - reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.§ 2º Se resulta a morte: Pena - reclusão de 4 (quatro)a 12 (doze) anos.

Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6(seis) meses a 1 (um) ano e multa:Doutrina VinculadaI - obstar o acesso de alguém a qualquer cargo públi-co por motivo de idade;II - negar a alguém, por motivo de idade, em-prego ou trabalho;

III - recusar, retardar ou dificultar atendimento ou dei-xar de prestar assistência à saúde, sem justa causa, apessoa idosa;IV - deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justomotivo, a execução de ordem judicial expedida na açãocivil a que alude esta Lei;V - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indis-pensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei,quando requisitados pelo Ministério Público.

Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, semjusto motivo, a execução de ordem judicial expedidanas ações em que for parte ou interveniente o idoso:Pena - detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) anoe multa.Doutrina Vinculada

Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos,pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade:Pena - reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.

Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência doidoso, como abrigado, por recusa deste em outorgarprocuração à entidade de atendimento:Pena - detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) anoe multa.

Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancáriarelativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso,bem como qualquer outro documento com objetivode assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida:Pena - detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anose multa.

Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de co-municação, informações ou imagens depreciativas ouinjuriosas à pessoa do idoso:Pena - detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.

Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento deseus atos a outorgar procuração para fins de adminis-tração de bens ou deles dispor livremente:Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

Art. 107.Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, con-tratar, testar ou outorgar procuração:Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosasem discernimento de seus atos, sem a devida repre-sentação legal:Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

TÍTULO VIIDISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representantedo Ministério Público ou de qualquer outro agentefiscalizador:Pena - reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) anoe multa.

Art. 110. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembrode 1940, Código Penal, passa a vigorar com as se-guintes alterações:

“Art. 61. .....................................................................II - ............................................................................h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfer-mo ou mulher grávida; ..................................” (NR)

“Art. 121. ....................................................................§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3(um terço), se o crime resulta de inobservância de re-gra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agen-te deixa de prestar imediato socorro à vítima, não pro-cura diminuir as conseqüências do seu ato, ou fogepara evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homi-cídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o cri-me é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze)ou maior de 60 (sessenta) anos........” (NR)

“Art. 133. .........................................................….......§ 3º .............................................................................III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.” (NR)

“Art. 140. ....................................................................§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementosreferentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a con-

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dição de pessoa idosa ou portadora de deficiên-cia:...................................................................” (NR)

“Art. 141. ....................................................................IV- contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou por-tadora de deficiência, exceto no caso de injúria.......”(NR)

“Art. 148. ...............................................….................§ 1º .............................................................................I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge doagente ou maior de 60 (sessenta) anos.................” (NR)

“Art. 159. ......................................................................§ 1º Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro)horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) oumaior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometi-do por bando ou quadrilha................” (NR)

“Art. 183. ....................................................................III - se o crime é praticado contra pessoa com idadeigual ou superior a 60 (sessenta) anos.” (NR)

“Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsis-tência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito)anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente in-válido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes pro-porcionando os recursos necessários ou faltando aopagamento de pensão alimentícia judicialmente acor-dada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, desocorrer descendente ou ascendente, gravemente en-fermo:...................................................................”(NR)

Art. 111. O Art. 21 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de ou-tubro de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa avigorar acrescido do seguinte parágrafo único:

“Art. 21. .......................................................................Parágrafo único.Aumenta-se a pena de 1/3 (um ter-ço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta)anos.” (NR)

Art. 112. O inciso II do § 4º do Art. 1º da Lei nº 9.455,de 7 de abril de 1997, passa a vigorar com a seguinteredação:

“Art. 1º .........................................................................§ 4º .............................................................................II - se o crime é cometido contra criança, gestante, por-tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (ses-senta) anos;......................................................” (NR)

Art. 113. O inciso III do Art. 18 da Lei nº 6.368, de 21de outubro de 1976, passa a vigorar com a seguinteredação:

“Art. 18. ......................................................................III - se qualquer deles decorrer de associação ou visara menores de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa comidade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou a quemtenha, por qualquer causa, diminuída ou suprimida acapacidade de discernimento ou de autodeterminação:............................................................................” (NR)

Art. 114. O Art. 1º da Lei nº 10.048, de 8 de novembrode 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 1º As pessoas portadoras de deficiência, os ido-sos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos,as gestantes, as lactantes e as pessoas acompanhadaspor crianças de colo terão atendimento prioritário, nostermos desta Lei.” (NR)

Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destina-rá ao Fundo Nacional de Assistência Social, até que oFundo Nacional do Idoso seja criado, os recursos ne-cessários, em cada exercício financeiro, para aplica-ção em programas e ações relativos ao idoso.

Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos da-dos relativos à população idosa do País.

Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congres-so Nacional projeto de lei revendo os critérios de con-cessão do Benefício de Prestação Continuada previs-to na Lei Orgânica da Assistência Social, de forma agarantir que o acesso ao direito seja condizente como estágio de desenvolvimento socioeconômico alcan-çado pelo País.

Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (no-venta) dias da sua publicação, ressalvado o dispos-to no caput do Art. 36, que vigorará a partir de 1º dejaneiro de 2004.Doutrina Vinculada

Brasília, 1º de outubro de 2003; 182º da Independência e 115º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAMárcio Thomaz BastosAntonio Palocci FilhoRubem Fonseca Filho

Humberto Sérgio Costa LimaGuido Mantega

Ricardo José Ribeiro BerzoiniBenedita Souza da Silva Sampaio

Álvaro Augusto Ribeiro Costa

Nota: Razões dos Vetos à Lei nº 10.741, de 01.10.2003:

MENSAGEM Nº 503, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003

(DOU 03.10.2003)

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COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO: Jo Santana (Petros)

PRODUÇÃO EDITORIAL E DESIGN GRÁFICO::Fernanda Precioso ([email protected])

PRODUÇÃO EXECUTIVA:: Fratelli Empreendimentos Ltda.

CONSULTORIA JURÍDICA:: Consumidor Ativo Ltda.

COLABORADORESCapa: Aroeira

Revisão: Sérgio DantasCartuns: Arionauro (28, 29), Airon(23, 29), Alecrim (23, 25), Aliedo

(24,28), Amorim (1, 23, 25, 26, 28),Biratan (34), JBosco (22, 27, 33),

JotaA (21), Junião (26, 32), MárcioBaraldi (29, 31), Verde (20, 30, 33),

Zappa (31, 32)

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CCAARRTTIILLHHAA DDOO EESSTTAATTUUTTOO DDOO IIDDOOSSOO

AABBRRAAPPPPCCOONNSSEELLHHOO FFIISSCCAALL

PPrreessiiddeennttee:: Fabio Frochtengarten • MMeemmbbrrooss:: Paulo Roberto de Moraes; FranciscoAntonio; Veiga de Medeiros; Dalmiro Schaf Lopes; André Bolonha Fiuza de Mello

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de Souza Mendonça; José Ribeiro Pena Neto; Luiz Ovídio Fisher; Nivaldo Cyrillo; PauloAfonso Costa Zuba; Sérgio Ricardo Silva Rosa

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Glogowsky; Murilo Batista Júnior; Leoni Rosa Jooris Dutton; Sergio Landau; MargaretMussoi Luchetta Groff; Sergio Wilson Ferraz Fontes; Wilson Carlos Duarte Delfino;

Dilson Joaquim de Morais; Rogério Aguirre Netto; Fernanda Antunes Calmon Gomes;Deceles Alves Soares Cardoso; Jacques Mendes Meyohas; Paulo Ângelo Carvalho de

Souza; Agostinho Tadeu Auricchio; Roberto Ferraz Neto; Peter Kristian Rasch

IICCSSSSCCOONNSSEELLHHOO FFIISSCCAALL

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Rogério Canali; Zilfa Gomes Braz Andrekowisk CCOONNSSEELLHHOO DDEELLIIBBEERRAATTIIVVOO

PPrreessiiddeennttee:: Leoni Rosa Jooris Dutton • VViiccee--PPrreessiiddeennttee:: Murilo Batista Júnior • 11ººSSeeccrreettáárriioo:: Marcos César Silva Trindade Mello • 22ºº SSeeccrreettáárriioo:: Abílio Fernando Reis

Simões • MMeemmbbrrooss:: Flávio Bettio; José Pinheiro de Miranda; Neliton Antonio deAraújo Pereira; Darci Luiz Primo; Dalmiro Schaf Lopes; Sandra Maria Albuquerque

Torreão; Manoel Cordeiro Silva Filho; Cláudia Trindade; Fábio Mazzeo; Peter KristianRasch

SSIINNDDAAPPPPCCOONNSSEELLHHOO FFIISSCCAALL

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PintoDDIIRREETTOORRIIAA

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Yvan Barretto de Carvalho; Paulo César Chamadoiro Martin SSuupplleenntteess; Henyo Trindade Barretto; Armando Ramos Tripodi; Nelson Gomes Ramalho; Claudio Alberto de

Souza; Ari Marques de Araújo; Newton Carneiro da Cunha

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