Cartilha de Prerrogativas Do Advogado

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CARTILHA DE PRERROGATIVASCOMISSO DE DIREITOS E PRERROGATIVAS2AEdioAcompanha CD 1 ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL Seco de So Paulo Presidente Luiz Flvio Borges DUrso Vice-Presidente Mrcia Regina Machado Melar Secretrio-Geral Arnor Gomes da Silva Jnior Secretrio-GeralAdjunto Jos Maria Dias Neto Tesoureiro Marcos da Costa Diretora Adjunta da Mulher Advogada Tallulah Kobayashi de A. CarvalhoCARTILHA DE PRERROGATIVASCOMISSO DE DIREITOS E PRERROGATIVAS Sergei Cobra Arbex (Organizador) Alfredo Machado de Almeida, Eli Alves da Silva,Luis Roberto Mastromauro, Marco Aurlio Vicente Vieira,Rogrio Marcus Zakka, Vitor Hugo das Dores Freitas So Paulo 2009 2 Edio3 COMISSO DE DIREITOS E PRERROGATIVASPresidente Sergei Cobra Arbex Vice-Presidente Daniel Leon BialskiEli Alves da SilvaMarco Aurlio Vicente Vieira Secretrio Executivo Lus Roberto Mastromauro Assessores Especiais Carlos KauffmannMarcos Antnio TrigoDadosInternacionaisdeCatalogao naPublicao(CIP)(CmaraBrasileiradoLivro,SP,Brasil)Cartilha de prerrogativas : comisso de direitos e prerrogativas / Sergei Cobra Arbex , (org). -- 2. ed. -- So Paulo : Lex Editora, 2009. Vrios autores Bibliografia ISBN 978-85-7721-055-8 1. Advogados - Brasil 2. PrerrogativasI. Arbex, Sergei Cobra.

09-07612 CDU-347.965.16(81)ndices para catlogo sistemtico:1. Brasil : Advogados : Prerrogativas : Direito347.965.16(81) Copyright 2009 EDITORA Yone Silva Pontes ASSISTENTE EDITORIAL Ana Lcia Grillo DIAGRAMAO Nilza Ohe e Tatiana Bisachi REVISO Alessandra Alves Denani ILUSTRAO DE CAPA Fernanda Napolitano IMPRESSO E ACABAMENTO Graphic Express 2009 Proibida a reproduo total ou parcial. Os infratores sero processados na forma da lei. LEX EDITORA S.A. Rua da Consolao, 77 9 andar CEP 01301-000 So Paulo-SPTel.: 112126 6000 Fax: 112126 [email protected] www.lex.com.br A pedido do autor, a ortograa desta obra no est atualizada conforme o Acordo Ortogrco aprovado em 1990, promulgado pelo Decreto n 6.583, de 30/09/2008, vigente a partir de 01/01/2009.Mecanismos de Defesa Inserida dentro da luta permanente da Seccional Paulista daOrdemdosAdvogadosdoBrasilrepresentandobandeiramaiorde nossa gesto contra as violaes das prerrogativas da classe e daCampanha Reaja, esta Cartilha tem como proposta principal bus-carareaoimediatadoadvogadoquandovtimadeviolaodassuas prerrogativas no exerccio prossional.Os advogados so essenciais administrao da justia, deacordocomdispositivoconstitucional(art.133),porm,algumasautoridades e agentes do Estado, por meio de atitudes autoritrias eabusivas, violam nossas prerrogativas quando nos negam acesso aosautos, atacam nossa honra, desrespeitam nosso mister, cobem nossocontatocomosclientes,nonosrecebem,entreoutrostiposdedesmandos.Assim sendo, a lei nos assegura o legtimo direito de repre-sentar contra tais autoridades para ns administrativos, correcionaise, se for o caso, penais. As prerrogativas no so privilgios da classe,masumagarantiadocidadoparaverseusdireitosasseguradosquanto ampla defesa e ao contraditrio.Para mudar o quadro de desrespeito, a busca de reao nopodeserproteladaea Cartilha apontacaminhosprticosparaosadvogados,aotrazeralegislaosobreamatriaemodelosderepresentao, habeascorpus emandadosdesegurana.Serumguiadeconsultaparaoscolegasnosmomentosgraves,emqueasprerrogativas prossionais forem violadas.Esta Cartilha e CD chegam gratuitamente a todos os advo-gados e devem car sobre a mesa do escritrio como uma ferramentaCartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 6 detrabalho,uminstrumentodedefesaedeconscientizaodaclasse, sempre lembrando que a OAB SP exige respeito aos advoga-dos na busca de uma justia mais igualitria. Neste sentido, propuse-mos e estamos trabalhando em prol do projeto de lei para crimina-lizaraviolaodasprerrogativasprossionaisnoCongressoNa-cional.Se, no futuro, no registrarmos mais casos de violao deprerrogativas dos advogados no exerccio de suas atividades, certa-mente esta Cartilha e as reaes que desencadear tero contribudode forma decisiva para esse novo tempo. Luiz Flvio Borges DUrso Presidente da OAB SPPalavra do Presidente das Prerrogativas Sempre defendi que o problema do panorama de agresses advocacia cultural, portanto, de longa data e fortemente enraizadona sociedade e no judicirio.Aconscientizaoparaosdireitosdosadvogadossempreencontrou um ambiente jurisdicional hostil e deciente, logo deses-timulante para o advogado ofendido e, ao mesmo tempo, altamenteincentivador de prticas abusivas de toda ordem, ostensivas ou vela-das (voz de priso por desacato, invases de escritrios de advocacia,desrespeito em salas de audincia, delegacias, etc.).A indispensvel luta passada e presente da OAB SP origi-nou algumas conquistas, como os desagravos pblicos concedidos,as representaes criminais e administrativas, a assistncia ecienteao colega processado no exerccio de sua prosso, que inibiu prti-cas abusivas de algumas autoridades, que insistem em desrespeitar osadvogados.Por estas razes, a to decantada Cartilha dos advogados nalmente apresentada classe, justamente para orientar os advoga-dos na sua militncia diria a como proceder no sentido de garantir econhecer as suas prerrogativas prossionais nas mais diversas situa-es em que elas se fazem necessrias. importante ressaltar que no se trata de um trabalho quesepretendedenitivoacercadeprerrogativas,porquantotodososoperadores do direito e, em especial, os advogados, tm vises dasmais variadas sobre o tema, mas estabelece marco inicial importantee fundamental para a classe dos advogados.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 8 Osmritosdotrabalhosodogrupodeadvogadosqueelaboraram a Cartilha , do qual tive a honra de participar e coordenar,bem como da atual gesto da OAB SP, que teve a competncia e acoragem de transform-la em realidade.Esperoquepossamosatingiroobjetivopretendido,emrazodaimportnciadestaobraparaaadvocacia,queprecisaserconsiderada, de uma vez por todas, como parte integrante e funda-mental da Justia. Sergei Cobra Arbex Conselheiro Seccional da OAB SP e Presidente da Comisso de Direitos e Prerrogativas da OAB SPndice Analtico Mecanismos de Defesa ..................................................................... 5 Palavra do Presidente das Prerrogativas ....................................... 7 1. Introduo .................................................................................. 131.1. Direitos e Prerrogativas ..................................................... 141.1.1. Consideraes Gerais........................................... 141.1.2. Prerrogativas: Garantia ou Privilgio................... 15 2. Da Atividade da Advocacia e suas Caractersticas ................. 172.1. Das Atividades Extrajudiciais dos Advogados .................. 172.1.1. Consultoria, Assessoria e Direo Jurdicas ........ 172.1.2. Atos e Contratos Constitutivos de Pessoas Jurdi-cas de Direito Privado .......................................... 182.1.3. Atividades Extrajudiciais de Soluo de Conitos 192.2. Indispensabilidade do Advogado Administrao da Jus-tia e o Jus Postulandi ....................................................... 192.3. Natureza Jurdica e Demais Caractersticas da AtividadeAdvocatcia........................................................................ 232.3.1. Ministrio Privado e Servio Pblico .................. 232.3.2. Funo Social e Munus Pblico........................... 24 3. Igualdade entre Juzes, Promotores e Advogados ................... 273.1. AusnciadeHierarquiaeSubordinaoemRelaoaOutras Autoridades, Servidores Pblicos e Serventuriosda Justia ........................................................................... 29 4. Liberdade de Exerccio da Prosso ........................................ 33 5. LiberdadedeDefesaeSigilocomoDireitoseGarantiasConstitucionais do Cidado ...................................................... 355.1. Introduo.......................................................................... 35Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 105.1.1. Sigilo e Liberdade como Prerrogativas Prossio-nais nas mais Diversas Classes e Categorias........ 365.2. DoAdvogadoALiberdadedeDefesa,oSigiloeaRecusa em Depor como Prerrogativas Prossionais ......... 385.2.1. As Prerrogativas da Liberdade de Defesa, Sigiloe Recusa em Depor do Advogado como Concei-tos Relativos e no Absolutos .............................. 425.2.2. A Inviolabilidade do Escritrio ou Local de Tra-balho do Advogado, seus Arquivos, Dados, Cor-respondnciaseComunicaes,inclusiveTele-fnicasouAns,SalvoCasodeBuscaouApreenso ............................................................ 43 6. Comunicao com o Cliente ...................................................... 49 7. Priso de Advogado Flagrante Delito e Sala de Estado-Maior ........................................................................................... 55 8. LiberdadedeAcesso,PermanncianasRepartiesP-blicas e Assemblias e Direito de Retirada .............................. 61 9. Relao com os Magistrados ..................................................... 65 10. Uso da Palavra ........................................................................... 67 11. Retirada, Exame e Vista de Autos ............................................ 73 12. Do Desagravo Pblico ................................................................ 7712.1. Da Relao dos Desagravos Concedidos .......................... 80 13. Uso dos Smbolos Privativos da Prosso de Advogado ......... 83 14. Direito de Retirada ante o Atraso do Prego .......................... 85 15. Da Imunidade Prossional ........................................................ 87 16. Salas Especiais Permanentes para Advogados ........................ 91 17. Do Julgamento da ADIN e seus Reexos ................................. 93 18. Comisso de Direitos e Prerrogativas ...................................... 9918.1. Da Defesa dos Advogados................................................. 9918.2. Dos Estagirios.................................................................. 10018.3. Das Atribuies da Comisso............................................ 100ndice Analtico 1118.4. Modalidades de Interveno.............................................. 10218.4.1. Representaes..................................................... 10218.4.2. Assistncia ........................................................... 10318.4.3. Desagravo............................................................. 10318.5. Outras Modalidades de Intervenes ................................ 10418.5.1. Acompanhamento ................................................ 10418.5.2. Plantes ................................................................ 10518.5.3. Diligncias ........................................................... 10618.6. Devido Processo Legal e da Ampla Defesa....................... 10618.6.1. Juzo de Admissibilidade ..................................... 10618.7. Procedimento Administrativo da OAB SP ........................ 10918.7.1. Normas Procedimentais do Desagravo ................ 10918.8. Coordenadorias Regionais de Prerrogativas...................... 10918.9. Comisso Subseccional de Prerrogativas .......................... 109 19. Formulrios ................................................................................ 111 19.1. Representaes .................................................................. 11119.1.1. CorregedorGeraldeJustiadoEstadodeSoPaulo..................................................................... 11119.1.2. Corregedor Permanente dos Cartrios e Serven-turios Judiciais.................................................... 11219.1.3. CorregedorPermanentedosCartrioseSer-venturios Extrajudiciais...................................... 11319.1.4. CorregedorGeraldoMinistrioPblicodoEs-tado de So Paulo................................................. 11419.1.5. Corregedor Geral da Polcia Civil do Estado deSo Paulo.............................................................. 11519.1.6. CorregedorGeraldaPolciaMilitardoEstadode So Paulo......................................................... 11619.1.7. Corregedor Geral do Tribunal Regional Federalda 3 Regio ......................................................... 11719.1.8. Corregedor Geral do Tribunal Regional do Tra-balho da 2 Regio ............................................... 11819.1.9. Corregedor Geral do Tribunal Regional do Traba-lho da 15 Regio ................................................. 11919.1.10. CorregedorGeraldaJustiado TrabalhoDe-sembargador TRT 2.............................................. 12019.1.11. Corregedor Geral da Justia do Trabalho Desem-bargador TRT 15 .................................................. 121Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 1219.1.12. Corregedor Geral do Ministrio Pblico do Tra-balho do Estado de So Paulo.............................. 12219.1.13. Corregedor Geral do Ministrio Pblico Militardo Estado de So Paulo........................................ 12319.1.14. Corregedor Geral do Conselho Nacional do Mi-nistrio Pblico .................................................... 12419.1.15. CorregedorGeraldaPolciaFederaldoEstadode So Paulo......................................................... 12519.1.16. CorregedordoConselhoNacionaldeJustiaDisciplinar ........................................................... 12619.1.17. CorregedordoConselhoNacionaldeJustiaExcesso de Prazo.................................................. 12719.1.18. Procurador-Geral de Justia Abuso de Autori-dade...................................................................... 12819.1.19. Promotores de Justia Abuso de Autoridade...... 12919.1.20. Presidente da Comisso de Direitos e Prerrogati-vas da OAB SP Desagravo Pblico................... 13019.1.21. Presidente da Comisso de Direitos e Prerroga-tivas da OAB SP Assistncia............................. 13119.1.22. Presidente da Comisso de Direitos e Prerrogati-vas da OAB SP Acompanhamento.................... 13219.1.23. Presidente da Comisso de Direitos e Prerroga-tivas da OAB SP Representao ....................... 13319.1.24. Presidente da Comisso de Direitos e Prerrogati-vas da Subseco da OAB SP Desagravo ......... 13419.1.25. Presidente da Comisso de Direitos e Prerroga-tivas da Subseco da OAB SP Assistncia...... 13519.1.26. PresidentedaComissodeDireitosePrerrogati-vas da Subseco da OAB SP Acompanhamento 13619.1.27. Presidente da Comisso de Direitos e Prerrogati-vas da Subseco da OAB SP Representao ..... 13719.2. Peties.............................................................................. 13819.2.1. HabeasCorpus PedidodePrisoemSaladeEstado-Maior, na Falta, Domiciliar...................... 13819.2.2. Mandado de Segurana ........................................ 14319.2.3. Mandado de Injuno........................................... 1451 Introduo No Estado Democrtico de Direito a atividade da advocacia inclusive a de carreira ao lado da atividade jurisdicional e adminis-trativa do Estado a envolver juzes, promotores, delegados, autorida-des e serventurios assume extrema relevncia para a consecuoda justia.A garantia dos direitos fundamentais dos cidados e o aten-dimentoaosinteressespblicostitularizadospeloEstadopressu-pem a conscincia de que existe uma diviso de atribuies entrecada um dos agentes que desenvolvem funes administrativas, ju-risdicionaisouessenciaisjustia,aexigirrazoabilidadeebomsenso no exerccio das respectivas atribuies, como tambm o res-peito mtuo aos direitos e prerrogativas inerentes a cada uma dessasfunes.Objetiva-se, com esta obra, oferecer a todos os prossionaisqueatuamnomundojurdicoumaabordagemdaatividadedaadvocacia e dos direitos e prerrogativas inerentes essencialidade eimportncia do advogado justia, consagrada no art. 133 da Consti-tuio Federal.No cumprimento desse mister, num primeiro momento se-ro oportunas algumas consideraes sobre a atividade da advocacia,comoministrioprivadoeserviopblico,bemcomoacercadafuno social de que se reveste.Aindanestaprimeiraparte,serrelevantetrazeralgumasreexessobreanaturezadasprerrogativasdosadvogados,queconstituem o objeto central desta Cartilha .Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 14 Numsegundomomento,seroabordadascadaumadasprerrogativas conferidas aos advogados pelo Estatuto da Advocacia(Lein 8.906/94),estabelecendoascorrelaespertinentescomaConstituio Federal e a legislao infraconstitucional em vigor, taiscomooCdigodeProcessoCivileoCdigodeProcessoPenal,dentreoutrosdiplomas.Nodecorrerdaexposiodestasegundaparte ser relevante, ainda, tecer comentrios quanto razoabilidadeno exerccio das prerrogativas, bem como tratar dos efeitos da ADINn 1.127-8 sobre os direitos conferidos aos advogados, em razo daessencialidade de sua funo de justia, pelo Estatuto da Advocacia.Ao nal, sero disponibilizadas algumas orientaes e mo-delosprticosteisparaosadvogadosque,noexercciodesuaatividade,eventualmentesoframviolaodesuasprerrogativasepossam lanar mo dos instrumentos necessrios busca da repara-o da leso sofrida, inclusive, com o auxlio da Ordem dos Advoga-dos do Brasil, atravs da Comisso de Direitos e Prerrogativas dosAdvogados, cujas funes tambm sero aqui explicitadas.1.1. Direitos e Prerrogativas1.1.1. Consideraes GeraisOs direitos e prerrogativas legalmente assegurados aos advo-gados, mormente preconizados nos arts. 6 e 7, incisos e pargrafos,da Lei Federal n 8.906/94, exprimem condutas e situaes que tmo escopo de resguardar o livre e regular exerccio da advocacia.Com efeito, o advogado, no seu ministrio privado, prestaserviopblicoeexercefunosocial,porquanto,nadefesadosinteresses dos seus outorgantes, est a postular pela correta aplicaodalei,assegurando,notoriamente,amanutenodosinstitutosdedireito e, em ltima instncia, do Estado Democrtico de Direito.Nessecontexto,aspessoas,emgeral,conamseusreaisinteresses aos advogados, mediante outorga de poderes, fornecimen-to de informaes e apresentao de documentos, para possibilitar oIntroduo 15desenvolvimento dos atos prprios da representao, em perseguioaos ldimos direitos dos seus outorgantes e na melhor forma da lei.Outrossim,noqueconcerneaosdireitoseprerrogativas,emerge-se que o esprito da lei a proteo legal aos atos basilares enecessrios atividade da advocacia, pois as condutas, elencadas nosmencionados dispositivos, resguardam a nalidade precpua da fun-o dos advogados, a saber: a defesa dos interesses alheios.Carece de comentrios que os direitos em apreo consubs-tanciam-se em prerrogativas, porque conferem diretamente aos advo-gados direitos inerentes a sua atividade privativa, isto , reportam ssituaes privativas ao exerccio da advocacia.Destarte, percebe-se que direito do advogado a imediatadefesa das suas prerrogativas, no to de afastar qualquer ato proce-dido por alguma autoridade constituda, com condo de sobrestar seuldimo exerccio prossional. Entretanto, o exerccio desse direito deafastamento dessa violao, com ou sem a eliso efetiva, no excluia interveno da OAB, que tem como nalidade legal, entre outras,a defesa com exclusividade dos seus inscritos. Ademais, no se deveesquecer que qualquer violao constitui afronta ao prprio Estatutoda Advocacia, que lei federal.1.1.2. Prerrogativas: Garantia ou PrivilgioO termo prerrogativa signica garantia, pois a lei assegu-ra aos advogados as condutas e situaes fundamentais para o exer-ccio de sua prosso, decorrendo da, naturalmente, a idia de queh uma garantia legal para a prtica desses atos.Aparentemente, o termo privilgio, que carrega uma co-notao de benefcio ou vantagem oferecida a algum em detrimentode outros, est distante das condies legais, especiais e indispens-veis ao nobre exerccio da funo de advogado.Entretanto, o signicado de prerrogativa, realmente, umprivilgio conferido aos advogados, pois o verbete advindo do latimpraerogativa,exprimia,primitivamente,apossibilidadedefalarCartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 16antes,comorigemnaoutorgalegalconferidaaoscavalheirosdascentrias, no imprio romano, que detinham a praerogativa do pri-meiro voto, por ocasio das decises obtidas pelo sufrgio.Dessesentidodeprimazianomomentodevotar,surgiuaatual conotao da palavra prerrogativa, exprimindo um privilgio decertas pessoas, por motivos prprios e em razo da funo exercida.Eapalavraprivilgio,tambmdolatim,seformadeprivus,quesignicaoqueparticular,privadoouprivativo,assimcomoprivativa dos advogados a atividade da advocacia. Tambm os direi-toseprerrogativas,asseguradosaodesempenhodaadvocacia,soprivativos dos que detm a qualidade de advogado.Contudo, apesar da existncia de ambos os entendimentos,a divergncia meramente semntica e, de qualquer forma, nota-se o mais importante que a essncia das prerrogativas dos advoga-dos repousa em sua natureza de outorga legal, que assegura o livreexerccio da advocacia: uma garantia legal privativa dos advogados,porquanto a advocacia uma atividade privativa e de privilgio dosprossionais legalmente habilitados perante a OAB.2Da Atividade da Advocaciae suas Caractersticas2.1. Das Atividades Extrajudiciais dos Advogados2.1.1. Consultoria, Assessoria e Direo Jurdicas1Almdasatividadesprivativasdaadvocaciainerentesadministrao da justia, que trataremos adiante, aos advogados soreservadas as atividades de Consultoria, Assessoria e Direo Jur-dica.A morosidade na composio de litgios no mbito judicialtemcontribudoparaocrescimentodasatividadesdeassessoriaeconsultoria, que denominamos advocacia preventiva, que envolvema prtica de atos extrajudiciais, considerando que os atos e contratoselaboradosporadvogadospodemevitarprejuzosfuturos,assimcomo a consulta prvia para tomada de decises diminui os riscos deerros e danos.necessriodestacarqueassessoriaeconsultoriaconsti-tuem atividades distintas e autnomas, embora possam ser prestadasconjuntamente.A atividade de assessoria jurdica consiste em prestar aux-lio,reunindodadoseinformaesdenaturezajurdica,apessoasencarregadas da tomada de decises, realizao de atos e participa-o em situaes capazes de gerar efeitos jurdicos.A consultoria jurdica, por seu turno, implica em responder aconsultas do cliente, proferindo pareceres acerca das questes sus-citadas.1Fundamentolegal:art.1,II,doEstatutodaAdvocaciaedaOABLein 8.906/94.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 18Porm,oEstatutoda Advocaciaestabelecequeconstituiatividade privativa dos advogados a direo jurdica, assim entendidaaadministrao,gesto,coordenaoedeniodediretrizesnaprestao de servios jurdicos, exercidas no mbito de empresas quepossuam rgos prprios para tanto.A insero da direo jurdica como atividade privativa dosadvogados justica-se, tambm, porque a direo de atividades jur-dicas pressupe conhecimento tcnico suciente para avaliar e orien-tar os servios prestados.2.1.2. Atos e Contratos Constitutivos de Pessoas Jurdicas deDireito Privado2A Lei n 8.906/94 estabelece a obrigatoriedade do visto doadvogado, nos atos constitutivos de pessoas jurdicas como pressu-posto para que sejam registrados pelos rgos competentes, sob penade nulidade.A interveno do advogado nestes atos e contratos se justi-ca pela repercusso social que tem a criao das pessoas jurdicassobre a sociedade, evitando, inclusive, que essa atividade acabe porserexercidaporprossionaissemqualicaojurdica,taiscomocontadoresedespachantes,aumentando-se,conseqentemente,oslitgios societrios. oportuno salientar, entretanto, que, por fora do art. 2 doRegulamentodaAdvocacia,ovisto,nosatoseconstitutivosdepessoas jurdicas, embora constitua pressuposto para o registro, temumalcanceaindamaior,poisimplicaemcomprometimentodoadvogado subscritor com o contedo e forma do ato, que se sujeita observncia dos deveres tico-disciplinares, bem como responsabi-lidade civil pelos danos decorrentes de seus atos.Deve-se entender por pessoas jurdicas de direito privado asassociaes civis, fundaes, organizaes religiosas, partidos pol-2Fundamento legal: art. 1, 2, do Estatuto da Advocacia e da OAB Lein 8.906/94.Da Atividade da Advocacia e suas Caractersticas 19ticos e sociedades, simples ou empresrias, nos moldes do art. 44 doCdigo Civil.Aobrigatoriedadenoseaplicaaosempresriosindivi-duais, que no constituem pessoas jurdicas, apesar de equiparadospara determinados ns legais, tampouco s micro e pequenas empre-sas, em razo do art. 6, pargrafo nico, da Lei n 9.841/99.2.1.3. Atividades Extrajudiciais de Soluo de ConitosMuitasvezes,aatividadeadvocatciaextrajudicialnosedestina a evitar conitos, mas sim a buscar uma composio entre aspartes, a m de evitar demandas judiciais, tais como as negociaesindividuaisecoletivas,asmediaese,atmesmo,aatuaoemjuzosarbitrais(Lein9.307/96)eCmarasdeConciliaoPrvia(Lei n 9.958/00).2.2. IndispensabilidadedoAdvogadoAdministraodaJustia e o Jus Postulandi3O art. 133 da Constituio Federal estabelece que o advo-gadoindispensveladministraodajustia,sendoinviolvelpor seus atos e manifestaes no exerccio da prosso, nos limitesda lei.Parece-nos adequado entender que a indispensabilidade doadvogado administrao da justia ampla, porquanto a participa-o do advogado constitui garantia do acesso igualitrio justia, dodevidoprocessolegal,docontraditrioedaampladefesa,comodireitos inviolveis do cidado.Os limites legais a que se refere o dispositivo constitucionalnoserefeririamindispensabilidadedoadvogado,massiminviolabilidade do advogado por seus atos e manifestaes no exer-ccio da prosso.3Fundamento legal: art. 133 da Constituio Federal e arts. 1, I, e 2, caput,do Estatuto da Advocacia e da OAB Lei n 8.906/94.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 20Oportuno relembrar que, em razo do princpio da inrcia,como fundamento da imparcialidade do juiz, a atividade jurisdicio-nalsomenteprestadamedianteprovocaodaparte,quesedatravs da capacidade postulatria.Assim, o advogado constitui elemento integrante da organi-zaojudicial,namedidaemqueserveaodireito,atuandocomointermedirio entre o cliente e o juiz.Neste mister, cabe ao advogado defender os interesses pri-vados de seu cliente, apresentando os fatos relevantes ao julgamentode forma lgica, respeitados os limites legais e ticos, buscando, aomesmo tempo, a sentena favorvel ao seu patrocinado e a promoodo interesse pblico de obteno de uma sentena justa.No se deve perder de vista, pois, que a atividade do advo-gadoessencialmenteparcial,poisnohavendoumsenfoquesobre os fatos, cabe-lhe a funo de demonstrar a realidade que maisfavorea o seu cliente, respeitados os limites da lei, da tica e da boa-f, sob pena de responsabilidade civil, criminal e administrativa.A necessidade de equilbrio nesta atuao torna o advogadoainda mais indispensvel, pois pressupe que todas as partes envol-vidas nos processos judiciais sejam autores, rus ou terceiros interes-sados,possamseservirdapostulaodeadvogados,emfavordeseus interesses, perante um juzo imparcial.Em nosso direito processual civil, a capacidade postulatriaou, como preferem outros, o jus postulandi, constitui atividade pri-vativa dos advogados e, ao mesmo tempo, pressupostos subjetivos darelao processual (arts. 13, I, e 301, VIII, do CPC), cuja ausnciaacarretaaextinodoprocesso(art.267,IV),bemcomoosatospraticados por meio de exerccio irregular da advocacia so nulos depleno direito.J no mbito do direito processual do trabalho, foi conferidoo jus postulandi s partes, nos termos do art. 791 da Consolidaodas Leis do Trabalho, que anterior ao Estatuto da Advocacia.Da Atividade da Advocacia e suas Caractersticas 21ComoadventodaLein8.906/94eaconsagraodaindispensabilidadedoadvogadoparapostulaoperantequalquerrgodoJudicirionoart.1,incisoI,instaurou-seacontrovrsiasobre a revogao do art. 791 da Consolidao das Leis do Trabalho,atqueaecciadotermoqualquerfoisuspensaemliminarconcedida nos autos da ADIN n 1.127-8.Ojuspostulandidapartesobreviveuaindaalteraodaredao do art. 791, pela Lei n 10.288/01, graas a veto presidencialdo dispositivo que tornava indispensvel a participao do advogadona Justia do Trabalho.Recentemente, no julgamento da ADIN n 1.127-8, o Supre-mo Tribunal Federal manteve o jus postulandi das partes, declarandoinconstitucional a expresso, j suspensa em sede de liminar.Assim, deve ser respeitado o direito das partes, no processodo trabalho, de postularem em juzo desacompanhadas de advogado,relativizando a indispensabilidade do advogado neste particular.ReiterandoqueadecisodoSupremoTribunalFederalsoberanaedeveserrespeitada,exercendo,entretanto,odireitodeliberdade de expresso, inerente ao Estado Democrtico, para fazeralgumas ponderaes sobre esta questo.O jus postulandi das partes, a bem da verdade, pode ocasio-nar extrema desvantagem parte que comparece a juzo, desacom-panhada de advogado, sobretudo, se a parte que postular em causaprpria for a reclamante.Almdisso,apostulaopelaspartesacarretasobrecargaparaosprpriosjuzes,poisodesconhecimentodosprincpiosenormaspelapartecertamentedicultaosatosemaudinciaenoprocesso.Ademais, nestas hipteses no nos parece lcito, tampoucoaconselhvel, que o juiz possa, de algum modo, auxiliar a parte quese encontra desacompanhada de advogado, pois, em nosso entendi-mento, tal atividade incompatvel com a imparcialidade que lhe exigida.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 22Parece-nos,assim,queasoluomaisadequadadefesados direitos dos cidados, ao bom andamento dos processos judiciaisebuscadeparidadeentreaspartesemjuzo,seriaacriaodelegislaoqueestabelecesseaobrigatoriedadedepostulaoporadvogado.Nos casos em que a parte estivesse desacompanhada desteprossional por falta de condies de contrat-lo, caberia, ento, aojuizociaroSindicatodaCategoria,aDefensoriaPblicaouaOrdem dos Advogados para indicar um prossional, cabendo, nestaltima hiptese, ao Estado a remunerao pelos servios.OutrarestriocapacidadepostulatriafoiestabelecidapelaLein9.099/95,quedispensouaatuaodeadvogadonascausas dos Juizados Especiais Cveis, cujo valor seja igual ou infe-rior a 20 salrios mnimos (art. 9, caput, da Lei n 9.099/95).Entretanto, ainda que facultativa a representao por advo-gado,aleiprevqueseumadaspartesestiveracompanhadadeadvogado, a outra far jus assistncia de advogado dativo (art. 9, 1, da Lei n 9.099/95) e, ainda, que pode o juiz alertar as partes daconvenincia de patrocnio, se a complexidade da causa recomendara atuao de causdico (art. 9, 2, da Lei n 9.099/95).J nas causas entre 20 e 40 salrios mnimos (art. 9, caput,daLein9.099/95)dosJuizadosEspeciaisCveis,bemcomoemsedederecurso,independentementedovalordacausa,aspartesdeveroserrepresentadasporadvogado(art.41,2,daLein 9.099/95).A Lei n 10.259/01, que criou os Juizados Especiais Fede-rais, estabeleceu no art. 10 a legitimao da parte de postular direta-mente e, ainda, de designar procurador leigo, isto , no habilitadolegalmente para o exerccio da advocacia, tendo o Conselho Federalda OAB suscitado a inconstitucionalidade do dispositivo por meio daADI n 3.168 que foi julgada improcedente.OprprioEstatutodaAdvocaciaexcluiaimpetraodehabeascorpus,tendoemvistasetratardesituaoextraordinriaDa Atividade da Advocacia e suas Caractersticas 23vinculadaaodireitodeliberdadedoindivduo,cujadefesanocomporta restries, nem mesmo em termos da necessidade de patro-cnio por advogado.Nas aes criminais, mesmo no mbito dos Juizados Espe-ciaisEstaduaiseFederais,opatrocnioporadvogadohabilitadoobrigatrio, nos termos do art. 68 da Lei n 9.099/95.V-se, pois, que apesar da indispensabilidade do advogado administrao da justia, o entendimento que tem prevalecido, noscasos mencionados, o de que o jus postulandi, como ato privativodosadvogados,possasofrerlimitaesdaleiemdetrimentodosdireitos dos cidados defendidos por estes prossionais.De todo modo, excludas as excees referentes justia dotrabalhoeaosjuizadosespeciais,todososdemaisatosinerentesrepresentao das partes em juzo so de competncia privativa dosadvogados.2.3. Natureza Jurdica4 e Demais Caractersticas da Ativida-de Advocatcia2.3.1. Ministrio Privado e Servio PblicoO Estatuto da Advocacia dispe que no seu ministrio pri-vado, o advogado presta servio pblico e exerce funo social.Tendoemvistaqueministrioquersignicarprosso,atividade ou ofcio, a Lei n 8.906/94 consagra a natureza privada daadvocacia, ou seja, as atividades exercidas pelo advogado, inclusiveoscontratoscomseusclientes,sesubmetemaoregimededireitoprivado, ao contrrio do que ocorre com a atividade dos magistrados,promotores, delegados e serventurios.A advocacia no , portanto, funo pblica, salvo se vin-culada entidade de advocacia pblica.4Fundamento legal: art. 2, 3, do Estatuto da Advocacia e da OAB Lein 8.906/94.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 24Noobstanteoseucarterprivado,justica-seasuaqua-licao como servio pblico na medida em que a administrao dajustia constitui atividade pblica da maior relevncia, para a qual aatuao do advogado, com independncia, diante do prprio Estado, indispensvel, para assegurar o Estado Democrtico de Direito.Trata-sedeserviopblicoemsentidoamplo,postoqueno prestado pelo Estado, por entes pblicos vinculados adminis-traodiretaouindireta,massimpelosadvogados,particularescredenciados pelo Estado para o desempenho de funo ou serviopblico, sem dependncia ou subordinao.Assim, se por um lado a atividade da advocacia, sobretudo,nombitodesuarelaocomocliente,privada,poroutrolado,constituiumserviopbliconamedidaemquerepresentaoseuconstituinte, na defesa de seus direitos e exerccio da cidadania.Justamenteemrazodestarelevantetarefaeimperativopapelnasociedade,queoadvogadodevesentir-seimportanteeprestigiado na exata medida em que a legislao lhe proporcionou.2.3.2. Funo Social e Munus PblicoNoexercciodessemisterprivadoeprestaodeserviopblico, o advogado exerce funo social, o que decorre diretamentedaprpriafunosocialdodireitodepromoverapazsocial,pelapromoo do respeito ordem jurdica que regula a vida em socie-dade.Nestesentido,oadvogadonodeveserconcebidocomomerodefensordeseucliente,poisasuaatividadedeobtenodeprestao jurisdicional e efetivao concreta do direito deve ter comonalidadeaconstruodajustiasocial,quepressupeacompa-tibilizao dos interesses particulares com os interesses sociais e obem comum.Desta funo social do advogado decorre que os atos por elepraticadostmocarterdemunuspblico,ouseja,deencargoeDa Atividade da Advocacia e suas Caractersticas 25deveres denidos pelas necessidades do interesse da sociedade e doEstado.Estemunuspblicosefazsentir,principalmente,navin-culaodoexercciodesuafunoobservnciadeprincpiosticos,comdedicaoeespritocvico,amdemanterobomconceito da prosso, inclusive, nas situaes em que seja chamadopela Ordem dos Advogados do Brasil ou pela Assistncia Judiciria,a representar aquele que no possui um defensor para seus interesses.A legislao atribui tambm aos juzes a atribuio de cha-marosadvogadosaoexercciodessemunuspblico,entretanto,aobrigatoriedade de aceitao e a possibilidade de aplicao de san-opelojuiz,anossover,acabaporsubordinaroadvogadoaomagistrado, afrontando a falta de hierarquia entre juzes e advogados(art. 6 da Lei n 8.906/94).Vale ressaltar que a aceitao depende sempre da anunciae convenincia do prprio advogado, respeitadas suas prerrogativascomo, por exemplo, ter contato com o cliente, para o qual acabou desernomeadocomodefensor,emparticular,preparando-oparaseuinterrogatrio, como de seu mister.Destarte, na hiptese de recusa do encargo, recomendvelaojuizqueocieaOrdemdos AdvogadosdoBrasilnoticiandoaexistnciadoprocessoeafaltadecondiesdapartedecontrataradvogadoparaadefesadeseusinteresseseaimpossibilidadedeatuaodaDefensoriaPblica,solicitando,portanto,aindicaode prossional de seus quadros para atuao no caso.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 263Igualdade entre Juzes,Promotores e Advogados5Dentreosdireitosegarantiasfundamentais,previstosnoart. 5 da Constituio Federal, cuja razo e nalidade a proteodos direitos individuais contra possveis ingerncias do Estado, en-contra-se o direito igualdade entre os cidados.Os prossionais responsveis por atuar na defesa dos direi-tos dos cidados, sem sombra de dvidas, so os advogados consi-derados essenciais administrao da justia, por fora do art. 133da Constituio Federal.Da a necessidade de que o direito igualdade se faa sentir,tambm,noplanodasrelaesentreosoperadoresdodireito,demodoquenohajahierarquiaousubordinaoentreeles,pois,somente desta forma possvel garantir aos advogados a autonomiaeindependncianecessriaparaqueoexercciodesuaprossoatenda ao seu m social.Com efeito, admitir a existncia de subordinao do advo-gado a juzes e/ou promotores equivaleria a permitir toda forma deingerncias e interferncias externas, capazes de inuenciar, desen-caminhar ou desvirtuar sua atuao na defesa dos interesses de seusclientes, o que, em ltima instncia, signicaria admitir toda sorte deinterfernciassobreosdireitosegarantiasdoscidadospatroci-nados.Este o motivo do Estatuto da Advocacia prever que inexistehierarquia ou subordinao entre advogados, magistrados e promo-tores.5Fundamento legal: art. 6, caput, do Estatuto da Advocacia e da OAB Lein 8.906/94.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 28Entretanto,oportunosalientarquenodesempenhodaAdministrao da Justia, embora no haja hierarquia entre advoga-dos, promotores e magistrados, h uma diviso de competncia e depoderes,amdequecadaumdestesoperadoresdodireitopossadesempenhar as suas diferentes funes.Destarte, preciso ter razoabilidade e bom senso sucientepara que no se confunda hierarquia com diviso de funes, pois,embora os juzes no sejam hierarquicamente superiores aos advoga-dos, a eles atribuda a funo de dirigir o processo, nos termos doart. 125 do Cdigo de Processo Civil o que, por sua vez, no signicadirigir a atividade do advogado.Domesmomodo,aospromotoresatribudaafunodeintervir nos processos, como parte ou scal da lei, a m de defenderaordemjurdica,oregimedemocrticoeosinteressessociaiseindividuais indisponveis, o que no implica na vinculao dos juzesaos seus pareceres, nem tampouco na possibilidade de interferir naatuao dos advogados que estejam em defesa da parte ex adversa.Ao advogado, por sua vez, atribuda a funo de promoveradefesadosdireitosdeseuspatrocinados,masasuaautonomiaeausncia de subordinao no lhe confere o direito de descumprir osprovimentos judiciais ou embaraar-lhes a efetivao (art. 14, V, doCPC),nemtampoucoretiradomagistradoopoderdeindeferirasprovasquejulgarinteisouprotelatrias(art.130doCPC),damesma forma que no obsta a que os membros do Ministrio Pbli-co,nodesempenhodesuasatribuies,divirjamdocausdicoemseus pareceres e requerimentos.Adiculdadedecompreeensodealgunsadvogados,queexiste hoje, reside no poder conferido ao juiz de dirigir os trabalhosprocessuais, no podendo, porm, este interferir na defesa feita peloadvogado.Ofatoqueemrazodaausnciadesubordinaoehierarquia entre os sujeitos das relaes judicirias implica no s,em que juzes, advogados e promotores tenham conscincia de suasIgualdade entre Juzes, Promotores e Advogados 29funes no mbito da administrao da justia, mas tambm que asexeram com liberdade e independncia.Emsuma:aosadvogadoscabeafunodepostular,aosjuzes a de julgar e, aos promotores, a de scalizar a aplicao da lei,tratando-se, pois, de atribuies independentes e autnomas, emborainter-relacionadas.Essa igualdade entre magistrados, membros do MinistrioPblico e advogados traz como nota principal a exigibilidade mtuade um tratamento com considerao e respeito, ou seja, h entre elesum princpio de reciprocidade, segundo o qual cada um destes agen-tes e participantes processuais tm o dever de respeitar os outros e,ao mesmo tempo, destes exigir o mesmo respeito.Noporoutrarazoqueodeverdeurbanidadeedotratamento respeitoso est presente no Cdigo de tica e Disciplinada OAB (art. 44), na Lei Orgnica da Magistratura Nacional (art. 35,IV, da Lei Complementar n 35/79) e, tambm, no Estatuto do Mi-nistrio Pblico (art. 236, VII, da Lei Complementar n 75/93) e naLei Orgnica do Ministrio Pblico (art. 43, IX, da Lei n 8.625/93).3.1. AusnciadeHierarquiaeSubordinaoemRelaoaOutras Autoridades, Servidores Pblicos e Serventuriosda Justia6J mencionamos que a ausncia de hierarquia e subordina-odosadvogadosemrelaoajuzesepromotorestemcomoalicerce o dever recproco de urbanidade.Entretanto,essedeverdeurbanidadenoserestringesrelaesentreadvogados,juzesepromotores,poisoEstatutodaAdvocacia estendeu seu alcance s relaes entre os advogados, noexerccio da funo, e a todas as demais autoridades, assim como aosservidores pblicos e serventurios da Justia.6Fundamento legal: art. 6, pargrafo nico, do Estatuto da Advocacia e daOAB Lei n 8.906/94.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 30Comefeito,asautoridades,servidorespblicoseserven-turiosdajustiadevemtratarosadvogadoscomurbanidadeepresteza,poisesteotratamentocompatvelcomadignidadedaadvocaciaenecessrioparaproporcionarcondiesadequadasaoseu exerccio.Os servidores pblicos e serventurios da justia precisamrespeitaratodososadvogadoseestesdevemsefazerrespeitados,exigindosempretratamentodeurbanidadeepresteza,dignodaadvocacia, no abrindo mo, nem por um minuto, deste tratamento,desdeoprimeirocontatoemqualquercartrioououtrarepartiopblica.No podemos esquecer que no exerccio de suas atividadeso advogado presta servio pblico, o que implica em que mantenhaa sua independncia e autonomia em relao a todas as autoridades,agentes pblicos e serventurios de justia com os quais tenha de serelacionar, no exerccio de seu mister, recebendo adequada colabora-o destes agentes.No conceito de autoridades, evidentemente, esto includasas autoridades policiais e, at mesmo polticas. Da por que, sob penade retrocedermos aos tempos em que a democracia sequer se podiadizer embrionria, inadmissvel a hiptese de que, nos inquritospoliciaisoumesmonasComissesParlamentaresdeInqurito,osadvogados sejam colocados em posio de subalternidade, intimida-dos por ameaas de indiciamento por crime de desacato.A referida intimidao, alis, se fazia sentir tambm no tratocom servidores pblicos e serventurios da justia, sendo freqenteaaxaodeplacas,nasrepartiespblicas,comosdizerescrime desacatar funcionrio pblico no exerccio da funo ou emrazodela. ValeexaltareaplaudiradecisorecentedoTribunalde JustiadeSoPaulo,queacolheurepresentaodoadvogadodr. Sergei Cobra Arbex, poca, Corregedor do Tribunal de tica eDisciplina da Ordem dos Advogados do Brasil Seco So Paulo,para determinar a retirada dos referidos avisos.Igualdade entre Juzes, Promotores e Advogados 31Se,aosadvogados,nolcitodesacatarosagentesp-blicoseserventuriosdajustia,aestestambmseimpeodeverde assim no agir, em face dos advogados, pois tm o dever legal detratar com urbanidade, no s os advogados, mas todos os cidados(art.116,XI,doregimejurdicodosservidorespblicoscivisdaUnio,dasautarquiasedasfundaespblicasfederaisLein 8.112/90eart.241,VI,doEstatutodosFuncionriosPblicosCivis do Estado de So Paulo Lei Estadual n 10.261/68).Alis, a plenitude de igualdade assegurada pelo Estatuto daAdvocacia est a exigir a aprovao do projeto de lei que criminalizaa ofensa s prerrogativas do advogado no exerccio de suas funes,para lhe assegurar igual proteo que se confere aos juzes, agentespblicoseserventuriosdajustiapeloart.331doCdigoPenal,bemcomopelarecentedecisodoSupremoTribunalFederal,naADIN n 1.127-8, que julgou inconstitucional a imunidade dos advo-gadosemrelaoaocrimededesacatopraticadonoexercciodasfunes, em juzo ou fora dele.A autonomia e independncia do advogado no exerccio desuasfunessocondiessinequanonparaqueestenosejaprivado da combatividade, que, alis, se constitui em dever perante aclasse e perante os clientes, a ser exercido com respeito e cordialida-de, que, a seu turno, nada tem a ver com apatia.A violao das prerrogativas dos advogados, dentre elas, aigualdadeemrelaoquelescomquevenhaaserelacionaremrazodaprosso,nosecircunscrevepessoadoofendido,masconstitui,sobretudo,umaofensaclassee,emltimaanlise,aosdireitosfundamentaisdoscidados,cujadefesapromovidapelaclasse dos advogados, atravs do desempenho de suas atividades.Se a igualdade, autonomia e independncia h de prevaleceremtodasasrelaesentreadvogados,magistrados,promotores,delegados,autoridades,agentespblicoseservidoresdajustia,sempre que nas relaes entre eles se deixar de observar o preceitoCartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 32legal de considerao e respeito mtuo, aquele que atuou de formaabusivadeverresponderadministrativamente,civilmentee,seocaso,naesferapenal,sejaeledelegado,advogado,juiz,promotor,autoridade, agente pblico ou serventurio da justia.Porestarazo,oadvogadoquetenhatidovioladooseudireito de igualdade deve reagir imediatamente, pela via adequada,consignandonoprocessooulevantandoprovasdofatoviolador,comunicandoaOABamdequeestapossaoperacionalizarasmedidas cabveis para a defesa das prerrogativas do primeiro.4Liberdade de Exerccioda Prosso7Estabelece a Constituio Federal o direito fundamental delivreexercciodaprosso,atravsdenormadeeccialimitada,que reserva lei, com atendimento ao princpio da isonomia, o papeldeestabelecerascondieserequisitosnecessriosparatanto(art. 5, XIII, da Constituio Federal).OEstatutodaAdvocaciaalegislaoquedemaneiraisonmica regula o exerccio da prosso de advogado, estabelecen-doosrequisitostcnicos(graduaoemdireitoeaprovaonoexame de ordem) e morais para que o prossional seja inscrito junto OAB.Uma vez preenchidos os requisitos de qualicao, o advo-gado tem liberdade plena para o exerccio de seu mister, na localida-dedoConselhoSeccionalemquetenhaobtidoinscrioprincipale/ou suplementar, ou para o qual tenha tido deferida a transferncia.Foradoterritrioemquetenhainscriovigoraumali-berdadecondicionadaeventualidade,somentesendopermitidooexercciodaprosso,semainscriosuplementar,seaatuaono exceder cinco causas por ano.No que se refere ao contedo dessa liberdade, necessrioesclarecer que abrange o direito de peticionar, argumentar, aceitar erecusarcausas,observandoimpedimentosticoselegais,tudodemaneiraindependente,emrelaoaclienteseautoridades,aindaquando o exerccio se d no mbito da relao de emprego.7Fundamentolegal:art.7,I,doEstatutodaAdvocaciaedaOABLein 8.906/94.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 345Liberdade de Defesa e Sigilocomo Direitos e GarantiasConstitucionais do Cidado85.1. IntroduoO Brasil, por se tratar de um Estado Democrtico de Direitoe acompanhando ordenao jurdica supranacional inserta na Decla-rao Universal dos Direitos Humanos (art. XII), assegura ao cida-do uma srie de direitos e deveres de interesse pblico, coletivos eindividuais,denominadosdegarantiasconstitucionais.Dentreelasse encontram o sigilo e a liberdade (inciso XXI, art. 5, da CF).O sigilo se reveste de fundamental importncia na medidaem que a desnecessria revelao de fatos ou dados pertencentes einerentes ao cidado poder lhe causar prejuzos morais, nanceirose,inclusive,asuaexclusosocial. Agarantiaaosigilosereveste,assim,comoumdireitodedefesadaliberdadeedaseguranadocidado em suas relaes humanas de forma a proteg-lo dos demaise do avano da fora estatal.A liberdade, por seu turno, est consolidada no princpio dalegalidade de que o cidado no ser obrigado a fazer ou deixar defazer alguma coisa seno em virtude de lei (inciso II, art. 5, da CF),a qual dever atender aos requisitos formais e materiais previstos naconstituio. Hipteses h, contudo, em que a prpria lei omissa arespeito de algum princpio regulamentador da legalidade, caso emqueaprpriaConstituioFederaltratoudecorrigiratravsdautilizaodomandadodeinjunosemprequeafaltadeprevisolegal tornar difcil ou invivel o exerccio da liberdade constitucional(inciso LXXI, art. 5, da CF).8Fundamento legal: art. 7, II e XIX, do Estatuto da Advocacia e da OAB Lei n 8.906/94.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 36Como todas as demais garantias constitucionais, a liberdadeeosigilotmaplicaoimediata,deformaadarplenaecciaConstituio Federal ( 1, art. 5, da CF).5.1.1. Sigilo e Liberdade como Prerrogativas Prossionais nasmais Diversas Classes e CategoriasOsigiloprossionalseconstituinorelacionamentoentreprossionaisdediversascategoriaseseusclientesouassistidos,devendoserpautadoporumarelaointerpessoal,deconanaecondencialidade.Sedeumladoelepermitequeoprossionalpossa exercer, com liberdade e independncia, a prosso, de outro,garante ao cliente ou assistido que seja tratado com respeito e digni-dade humana de modo a dar-lhe amparo quanto s normas morais elegais.Exige-sedoprossional,dentrodosistemanormativop-trio,queelemantenhaamximadiscrioquantoaosigiloeascondncias que lhe so transmitidas de forma a desenvolver com aparte relao de mtua conana.Essa relao, por seu turno, se reveste de interesse pblicocoletivo porque o prossional no s agir em nome do cidado, masaeledeverdispensarecolocartodaasuahabilidadeemeiosdisponveis na defesa da garantia constitucional quanto ao sigilo, sua defesa e segurana.Depreendefcilqueparaocidado,umavezrompidaarelaodeconanaexistentecomoprossional,perdidaestarqualquergarantiaconstitucional,ticaemoral;quantoaopros-sional,vislumbra-seaexistnciadeumdeverpblicoprossional(inciso XIV, art. 5, da CF) quanto ao sigilo, permitindo dar legtimodesempenhossuasatividades.Segue-seque,qualquerquesejaacategoria prossional, toda a legislao ordinria (bem como aquelasemanadaspelasmaisdiversasclassesprossionaisatravsdeseusestatutos, regimentos e resolues) deve se harmonizar com o man-damento maior.Liberdade de Defesa e Sigilo como Direitos e Garantias 37Exemplos clssicos no faltam: mdicos, religiosos, advo-gados, jornalistas, contadores, psiclogos, etc. estabelecem, por ra-zesticaselegais,relaodeestritaconanacomaspartesquerepresentam; estas, por sua vez, tambm por razes ticas e legais,devemterasseguradooplenodireitoacondencialidadedeseusinteresses e segredos.H que se observar dois pontos de fundamental importnciaquantoaosigiloprossional:oprimeiro,aoprossionalaquemosigilo e condncia revelado, se entende como o seu depositrio,respondendo, portanto, pelos danos que causar; o segundo, o deveraosigiloprossional,porsetratardeinteressepblico,nocessacom a morte e nem deixa de ocorrer por se tratar de fato pblico.Caber ao prossional, assim, estar atento a todos os fatospertinentes sua funo, no importando qual seja o cdigo de tica,porque o que se visa proteger o cidado e fazer valer a sua garantiaconstitucional, estando o sigilo acima de interesses particulares.Porm,denadavaleosigilosenopuderexistiraoseulado a liberdade prossional. De fato, a liberdade prossional limita-da, dependente, controlada ou mesmo omissa em nada contribui paraarealizaodasgarantiasconstitucionais,dajustiasocialenempermite a proteo jurdica dos direitos e interesses individuais, daclasse prossional ou da sociedade.E liberdade signica independncia para pleno exerccio daprosso que, em ltima anlise, se traduz em um direito do prpriocidado.Tendo em mira o aperfeioamento do Estado DemocrticodeDireito,aConstituioFederalde1988encampoualiberdadeprossional em seu art. 5, inciso XIII, competindo, todavia, a cadargo de classe determinar os requisitos (idoneidade moral) e condi-es (qualicao e capacitao tcnica e cientca) quanto ao seuexerccio. Assim, se de um lado a liberdade prossional deriva de umdireito constitucional, de outro, do lado do prossional, ela represen-ta um dever legal e no contratual.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 38Importaaquisaberqueanica leiaregularoexercciodaadvocacia a Lei n 8.906/94 (Estatuto da OAB).5.2. DoAdvogadoALiberdadedeDefesa,oSigiloeaRecusa em Depor como Prerrogativas Prossionais9O advogado e a advocacia possuem caractersticas distintasque os diferenciam das demais prosses.A Lei n 4.215/63, antigo Estatuto da Ordem dos Advoga-dos do Brasil, presciente das funes desenvolvidas pela classe e dosdireitosdocidadoaolongodequase35anosdeexistncia,jprescrevia que o advogado, em seu ministrio privado, indispens-vel para a administrao da justia, presta servio pblico e exercefuno social.Depreendia-se daqueles comandos normativos que o advo-gado, em seu exerccio prossional, sempre tratou do interesse pbli-codeformaadarlegitimidadenadistribuiodaJustia.Eassimdeveriaserporquesuafunosemprefoiadefazerprevalecerosprincpios democrticos do Estado de Direito sob pena de se permitirinstalar o arbtrio. A atuao da classe se destacou durante o regimemilitar,aelacabendoenormeresponsabilidadenaconscientizaodasociedadenadefesadosdireitospolticos,pblicos,privadoseconstitucionais.Constatado to importante ponto, a Constituio Federal de1988, ao tratar da Organizao dos Poderes (Ttulo IV, Captulo IV,Seo III), atribuiu ao advogado, ao lado de magistrados, MinistrioPblico e Defensoria Pblica, esse papel essencial cujos comandos,que j existiam na antiga Lei n 4.215/63, foram mantidos e sistema-tizados pela Lei n 8.906/94.Conseqentemente,oadvogadoqueatualmentenode-fende os interesses de seus clientes a qualquer custo, mas o faz como9Fundamento legal: art. 7, II e XIX, do Estatuto da Advocacia e da OAB Lei n 8.906/94.Liberdade de Defesa e Sigilo como Direitos e Garantias 39o primeiro juiz da causa; um verdadeiro colaborador da administra-o da justia para a preservao da Constituio; que no se servedoprocessojudicialouadministrativo,mas,antes,agedeacordocom a verdade e lealdade processual se encontra hierarquicamentecolocado ao lado dos magistrados e membros do Ministrio Pblico,no devendo existir, entre eles, qualquer subordinao.Dadas tais caractersticas de atuao, se impunha assegurarao advogado, enquanto no exerccio da prosso, determinadas e es-peccas prerrogativas prossionais em idnticas condies e pro-pores quelas deferidas aos juzes (art. 95 da Constituio FederaleLeiOrgnicadaMagistraturaNacionalLoman)emembrosdoMinistrioPblico(5,incisoI,doart.128daConstituioFe-deral) de modo a tambm no submeter a qualquer tipo de coao,ameaa ou intimidao pelo prprio Poder Judicirio, de terceiros oudo Estado, tudo objetivando o aperfeioamento do trip legal estabe-lecido constitucionalmente: juzes, membros do Ministrio Pblico eadvogados.EstasprerrogativasseencontraminseridasnoCaptuloIIda Lei n 8.906/94 como Direitos do Advogado, sendo desnecessriodestacar que de sua construo legal se depreende que tais prerroga-tivas so vlidas enquanto no exerccio da prosso, acrescendo-se,de seqncia, a parte nal do art. 133 da Constituio Federal noslimitesdaleicomcorrespondnciano3doart. 2daLein 8.906/94.Analisemos as prerrogativas ou direitos dos advogados de-nidos como a liberdade de defesa, o sigilo prossional e a recusaem depor.A liberdade prossional ou de defesa do advogado carregao conceito de imunidade com vistas a praticar todos os atos necess-rios, em juzo ou fora dele, ampla defesa dos interesses do cidadoesuasgarantiasconstitucionaisabstraindo-seosexcessosquecometer no tocante ao desacato, conforme denido em lei.Quantoaosigiloprossionaleexatamenteporversarsobre coisa pblica se compreende que o advogado, ao receber deCartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 40seuclienteosegredoeacondncia,serevestecomodepositriodaquelemunus,esteque,porsuavez,sedenecomoelementoinerente sua prosso e que se estende ao seu escritrio ou local detrabalho, arquivos, dados, correspondncias e comunicaes, inclu-sive telefnicas e ans, empregados e funcionrios.De fato o advogado, no seu dia-a-dia, cuida de dezenas oumesmodecentenasdeprocedimentoslegais,processosjudiciaiseadministrativos (o mesmo ocorrendo com magistrados e membros doMinistrio Pblico), todos cobertos pelo manto do sigilo prossionale inviolabilidade, e cada um desses procedimentos, dada a quantidadede documentos e informaes geradas, devem ser armazenados emarquivos e pastas prprias, correspondncias, mdias eletrnicas oufsicas, inclusive comunicaes, cuja documentao, a toda evidn-cia,seencontraemescritriooulocaldetrabalhosobaresponsa-bilidade de seu depositrio: o advogado.E a violao inconseqente e sem justa causa ao sigilo e liberdadeprossional,mesmoqueautorizadapeloprpriopros-sional ou por ordens judiciais sem o devido embasamento ou cautela,resultar nas mais indesejveis responsabilidades legais e ticas, poisnosedeveesperardoprossionaloudaquelesquecuidamdosinteressespblicos(magistrados,membrosdoMinistrioPblico,etc.) conivncia ou conluio com o errado, sob pena de empobrecer osprincpiosconstitucionais,aprossoeaclassequalpertencem,porqueaviolaoimplicaemataquediretosgarantiasconstitu-cionalmenteasseguradasaocidadopeloEstadoDemocrticodeDireito.A recusa em depor (inciso XIX, art. 7 do EAOB), por m,tambm possui natureza social, deontolgica e no contratual, sendoestabelecidaemnomedointeressepblicoeestandointimamenteligadaaosigiloprossional,noprincpiodaplenaliberdadededefesa do cidado, da iseno do advogado quanto aos fatos de quetem conhecimento tudo com o escopo de manter-se hgida a relaode lealdade e conana.Liberdade de Defesa e Sigilo como Direitos e Garantias 41Com efeito, se autorizado fosse ao advogado prestar depoi-mento sobre fato que teve conhecimento no exerccio da prosso, osigilodenadavalerporquefoirompidaarelaodeconana,colocando-se em risco o interesse pblico na administrao da jus-tia. Assim, a recusa em depor no s se agura legtima, relativa-menteaosfatosabrangidospelosigiloprossional,comotambmabsoluta, consistindo as suas nicas excees quelas previstas nosarts. 25 e 27 do Cdigo de tica e Disciplina.10As prerrogativas em debate representam, assim, um direitolegal prexado do advogado (art. 7 do EAOB).Conseqentemente, no h como se entender, como algunspretendem, que tais direitos ou prerrogativas, todas denidas em lei,sejamconsideradasprivilgiospoisesteerrodeconceito,eso-mente como erro se poder entender, por si s j se reveste de sriadiscriminaosocialeprossional,colocandoaquelesqueassimpensam em uma classe privilegiada, violando, de seqncia, os pre-ceitos contidos no inciso II do art. 7 e art. 6 e seu pargrafo nico,todosdajcitadalei,porquetaisprerrogativas,antesdeseremconsideradasumprivilgio,representam,comooprprioordena-mentolegalassimodiz,umdireito,dadoanaturezadoservioprestado(pblico)eafunoexercida(social),emboraemcarterprivado.E a estes direitos ou prerrogativas todos se sujeitam, sejameles advogados, juzes, membros do Ministrio Pblico, autoridades,servidoresoufuncionriospblicos,sobpenadasmaisvariadasresponsabilidadesadministrativas,cveisepenais,independente-mente de dolo ou culpa, porque o que se visa resguardar aqui, ao ladodas prerrogativas funcionais (um direito do advogado), o legtimodireito do cidado, mormente quanto condencialidade e inviolabi-lidade de seu sigilo, visando a certeza de no ser revelado fato quepossa prejudic-lo no seu direito garantia constitucional da ampladefesa, ao devido processo legal e administrao da justia.10Nestesentido:HC1.0000.06.436741-0/0001(1),4CmaraCriminaldoTJMG, Rel. Desembargador Walter Pinto da Rocha.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 425.2.1. As Prerrogativas da Liberdade de Defesa, Sigilo e Recusaem Depor do Advogado como Conceitos Relativos e noAbsolutosEm que pese a existncia do Estado Democrtico garantidorde direitos e deveres individuais e coletivos, estes no se revestem devaloresabsolutosesimrelativos,porque,sedeumladoaCons-tituio Federal probe a pena de morte, de outro, chega a autoriz-laem condies especiais (letra a do inciso XLVII, art. 5 da CF).A relatividade de direitos e garantias individuais ou pros-sionais, como se observa, deve ser objeto de previso constitucional,signicando com isso que dever haver uma harmonizao na inter-pretao entre estatutos, regimentos e resolues internas das maisvariadas classes prossionais com os princpios norteadores legais econstitucionais,nosepermitindo,assim,queaforaestatalouapromulgao de leis oportunistas ou de ocasio a respeito das garan-tias concernentes liberdade de defesa, sigilo prossional e recusaem depor adentre ou minimize os direitos arduamente conquistadospelos cidados ou as prerrogativas prossionais sob pena de instalar-seEstadoondeaexceoseraregranaqualoaparatopolicial,medianteinterpretaodeconvenincia,emprestesuasarmasparasujeitareviolar,semjustacausa,asociedadeeasclassespros-sionais.O mesmo ocorre quanto liberdade de defesa, do sigilo e darecusaemdepordoadvogado,devendo-seobservar,noentanto,aexistncia de interesses antagnicos que pretendem dar relativida-de das mencionadas prerrogativas prossionais um alcance menor doque aquele realmente devido, mormente quanto ao sigilo prossio-nal, minimizando-o de tal forma que originou, nos ltimos anos, asdenominadas invases de escritrios de advocacia e prises semjusta causa de vrios advogados.Quanto ao advogado, as nicas excees para a violao dosigiloeapermissoemdeporsoaquelasprevistasnoCdigodetica e Disciplina (arts. 25 e 27). Estas normas visam, exclusivamente,Liberdade de Defesa e Sigilo como Direitos e Garantias 43situaes extremas e bem denidas em lei, mantendo-se, desta ma-neira, o seu carter de excepcionalidade.Assim,emboraaConstituioFederaleleisordinriasesparsas possibilitem a quebra do sigilo prossional mediante justacausa ou por ordem judicial, bem de ver que o advogado, por tratardecoisapblicaedeinteressedacoletividade,devertermaiorcuidadoaocumprirepermitirtaisdeterminaes,devendoestarsempre atento s disposies dos arts. 25 e 27 do Cdigo de tica eDisciplina, inclusive no caso de busca ou apreenso em seu escritrioou local de trabalho, quando ento a Ordem dos Advogados do Brasilpoder e dever ser comunicada no s para scalizar esse direito-dever inerente classe, mas tambm para coibir os eventuais exces-sos que podero ocorrer por parte do Poder Pblico e do aparelha-mento policial. A justa causa, no caso de sigilo e recusa em depor,dever preencher necessariamente os requisitos exigidos no mencio-nado Cdigo de tica e Disciplina, sob pena de infrao disciplinar.Importante ressaltar, no aspecto disciplinar, que o processoejulgamentodainfraoticaobedecemaumcritrioprprioeinterno da Ordem dos Advogados do Brasil, em que cada caso ana-lisado de acordo com as circunstncias em que se apresenta, sendolevados em considerao fatores como de adequao, pertinncia eeqidade (vide a respeito os incisos I a IV do art. 40 do Estatuto daOAB), no sendo admitida, porm, outras justas causas seno aque-las previamente denidas na Lei n 8.906/94.5.2.2. A Inviolabilidade do Escritrio ou Local de Trabalho doAdvogado,seusArquivos,Dados,CorrespondnciaseComunicaes, inclusive Telefnicas ou Ans, Salvo Casode Busca ou ApreensoO exerccio da prosso pode se dar de vrias maneiras: poraqueles que prestam seus trabalhos de forma individual (por exem-plo, o criminalista ou jurisconsulto); por aqueles que se juntam emdoisoumaisadvogadose,semcontratosocialinscritonaOAB,estabelecem um escritrio de advocacia; por aqueles que se juntamem dois ou mais advogados e, com contrato social inscrito na OABCartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 44(art. 15 do EAOB), constituem a chamada sociedade de advogados;poraquelesquesocontratados,atravsdoregimecelestistaouestatutrio, em empresas ou rgos pblicos; dentre outros.Qualquerquesejaocaso,aatividadesedesenvolveremumescritrio,palavraquevemdolatimmedievalscriptoriumesignicalocalondeseescreve;gabinetedeestudo(cf.DicionrioHouaiss da Lngua Portuguesa, verso eletrnica). Assim, h que seentenderqueescritriopodeserconsideradoumcomplexodesalas ou at mesmo uma simples garagem ou depsito onde o advo-gado, de forma temporria ou permanente, exercita a prosso e aliguarda os arquivos de seus trabalhos, processos, anotaes, corres-pondncias, comunicaes, etc.E tudo aquilo que se encontra em seu escritrio ou local detrabalho, relativo aos interesses de seus clientes e atuao prossio-nal, inviolvel porque se encontra coberto pelo sigilo prossional.Ocorre que a inviolabilidade do local de trabalho ou escri-trio do advogado assim como acontece com a liberdade, o sigiloprossional e a recusa em depor tambm possui conceito relativo enoabsolutoecedernaocorrnciadeduashipteses:quandooadvogado for o investigado ou quando incidente a hiptese previstano2doart.243doCPP,devendosercompreendido,quantoprimeira, que os seus eventuais clientes no podero ser prejudicadose, quanto ltima, que o delito pode ter sido praticado pelo prprioadvogado, seu cliente ou terceiros (funcionrios).Eaquiseimpe,maisumavez,quedeverhaverhar-monizaoentreosrequisitoslegaisexigidosparaaexpediodomandado de busca e apreenso com aqueles intrnsecos que devemcompor e determinar o prprio mandado: contra quem ele expedidoe qual o objeto da investigao. Desta maneira, se no se individuali-zar o investigado e o fato criminoso, estar-se- diante do indigitadomandado genrico porque autorizado estar o agente, ou aparatopolicial, a praticar a mais ampla liberdade para que vasculhe, indis-tintamente, todos e quaisquer clientes, arquivos, documentos, dados,correspondncias e comunicaes do acervo que compe o escritrioLiberdade de Defesa e Sigilo como Direitos e Garantias 45ou local de trabalho do advogado de forma a fazer letra morta o sigiloprossional o que assegurado a este ltimo constitucionalmente.E, de acordo com a lei, somente poder ser objeto de apreen-soaquiloqueseconstituaocorpodedelitoesteque,paraserconhecidodever,necessariamente,prescindirdaindividualizaodoprpriodelitopraticado,denadavalendoateoriadoencontrofortuito, ou seja, a apreenso de qualquer outro documento ou ele-mentoqueevidencieaculpabilidadedoinvestigadooudeoutrodelito por ele praticado e que no esteja no corpo do mandado. Nadamais, nada menos.Expostaasituao,estajpermitevisualizaradistinoentre as famosas invases de escritrios de advocacia do verdadei-ro mandado de busca e apreenso: o mandado genrico despreza edesconsideraosrequisitosanteriormentemencionadoseexigidoslegalmente,revestindo-seassimdesriasilegalidadesqueacabamporcriarimpunidades,hajavistaquetantoosigiloprossionalquanto a inviolabilidade esto previstos na Constituio Federal e so-mente podem ser objeto de busca e apreenso nas hipteses e formaque a lei estabelecer.Desponta como conseqncia lgica o fato de que o advo-gado no pode guardar em seu escritrio, ao argumento do sigilo einviolabilidade prossional, objetos, documentos ou produtos obti-dos de forma ilcita, sob pena de responder processo civil, criminal etico.Instaobservar,nalmente,quesobreamatriaocorreminmeras discusses nos ltimos anos em razo de macia invaso deescritrios de advocacia por foras policiais amparadas, na maioriados casos, por mandados de busca e apreenso tidos como genricos e aquelas buscas submetiam, invariavelmente, advogados, clientes efuncionriossmaisdegradantessituaes,comodesrespeitosponderaes anteriormente expostas.Em razo daquelas violaes, que ameaavam o Estado deDireito, no ano de 2005, o Ministrio da Justia publicou as Portariasns 1.287 e 1.288 (vide Anexo II), que regulamentaram as aes daCartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 46Polcia Federal no cumprimento dos mandados de busca e apreenso,sendo que a ltima portaria se volta aos escritrios de advocacia. Emqualquerhiptese,sedeumladoasreferidasportariaslimitamopoder da autoridade policial, de outro, demonstraram que as prerro-gativas prossionais eram, de fato, violadas porque no havia obe-dincia aos princpios legais e constitucionais.certoque,atualmente,odescumprimentodasreferidasportarias acarretar ao agente ofensor no s as sanes administra-tivas como aquelas previstas na Lei n 4.898/65 por abuso de auto-ridade.Hoje e como j era de exigncia legal os mandados debusca e apreenso no s devem ser fundamentados como tambmindicaroselementosquejustiquemabuscaevitando-se,assim,omandado dito como genrico.A Portaria n 1.288 de suma importncia porque, se de umladoreforaosdireitoseprerrogativasprevistosnapartenaldoincisoIIdoart.7daLein8.906/94,deoutro,contmexpressascondies para a realizao da busca, devendo o advogado mant-lasempre em mente.Destarte,quandoabuscadevaserefetuadaemlocaldetrabalhoouescritriodeadvocacia,talfatodeverconstarexpres-samentenomandadoesercomunicadopreviamenteOrdemdosAdvogados do Brasil, que poder ou no acompanhar as diligncias,dando-se, assim, plena vazo ao dispositivo legal.Quanto s condies para a busca, segundo as mencionadasportarias,omandadodevepreencherdoisrequisitos,demaneiraalternativa e no sucessiva:a) provas ou fortes indcios da participao do advogado naprtica delituosa sob investigao; oub) fundado indcio de que o advogado possua em seu poderobjetoqueconstituainstrumentoouprodutodecrime;elementodocorpodedelitooudocumentosoudadosLiberdade de Defesa e Sigilo como Direitos e Garantias 47imprescindveis elucidao do fato em apurao (art. 2da Portaria n 1.288, do Ministrio da Justia).Dadaaapresentaoefetuada,impe-seaoadvogadoqueeventualmente venha a sofrer busca e apreenso em seu local de tra-balho ou escritrio que comunique de imediato a Comisso de Di-reitosePrerrogativasdaOrdemdosAdvogadosdoBrasiloudaSubseco competente, a m de que esta acompanhe o ato para que,em seu poder de atuao, ajude o prossional na preservao de seusdireitos.Neste passo, os representantes da OAB somente permitiroe convalidaro a busca e apreenso em escritrio de advocacia, se nomandado judicial o advogado gura como investigado e o objeto quepretende buscar estiver identicado.Pormaisgravequesejaocrimeinvestigado,jamaisoescritrio de quem patrocina a causa do suposto criminoso pode serinvadido a pretexto de angariar provas. No se pode nunca confundiradvogado de um investigado com advogado investigado. O escritriodo primeiro sempre inviolvel e, do segundo, passvel de busca eapreenso, desde que o nome do advogado esteja vinculado a umainvestigao sria e calcada em uma deciso judicial balizada, espe-ccaecuidadosa,porquantoestselidandocomumafunoes-sencial da justia.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 486Comunicao com o Cliente11O Estatuto da Advocacia garante ao advogado o direito decomunicaocomseusclientes,pessoalereservadamente,quandoestes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentoscivis ou militares, ainda que considerados incomunicveis.Esta garantia j era prevista no art. 89, inciso III, da anteriorLeidoAdvogado(Lein4.215/63),tendosidomodicadanoEstatuto da Advocacia em vigor para assegurar a prerrogativa mes-mo sem procurao, bem como para permitir o seu exerccio aindaque o cliente seja considerado incomunicvel.Basta, pois, que o advogado, comparecendo ao local ondeseu cliente se encontra preso ou recolhido, identique-se como advo-gado deste ltimo, para que possa exercer seu direito, at porque opreso pode decidir-se pelo patrocnio do causdico durante a entre-vista.Quantoincomunicabilidadedopreso,valedizerquesetratadesituao,atualmente,excepcional,postoquevedada,atmesmo,noEstadodeDefesa(art.136,3,IV,daConstituioFederal). Caso, entretanto, adotada em situaes extremas, preserva-do estar de todo modo o direito do advogado de comunicar-se como seu cliente.Ruy de Azevedo Sodr, na sua clssica obra O Advogado,seu Estatuto e a tica Prossional (So Paulo: Revista dos Tribunais,1967. Item 407. p. 516), preleciona que:11Fundamentolegal:art.7,III,doEstatutodaAdvocaciaedaOABLein 8.906/94.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 50O direito de ingressar nas prises, para entender-secomosconstituintes,mesmonocasodeprisoincomunicvel, um dos direitos, melhor considerado co-moprerrogativa,quemaisbicessofrem,porpartedasautoridades policiais. Estas, por viso unilateral do proble-ma,procuram,tantoquantopodem,obstaraoadvogadooexercciodaqueledireito.AOrdemdosAdvogados,noentanto, toda a vez que lhe denunciado aquele obstculo,daocolega,pormeiodaComissodePrerrogativas,aassistncianecessriaparaoexatocumprimentodaquelaprerrogativa.Depreende-seque,ocorrendodesobedinciaporpartedequalquer autoridade regra exposta, ocorre verdadeira situaode ofensa lei e s prprias regras constitucionais.Nodemaisserobservadoquearegradacomunicaodireta, pessoal e reservada do advogado com o seu cliente primor-dialparaarealizaodoestritocumprimentodaadvocaciae,porextenso, para a realizao da boa Justia.O direito de comunicao com o cliente detido justica queno se admita a presena de quaisquer terceiros, tais como agentesdapolcia,escrives,delegados,etc.,oquetambmseexige,emrazo do direito de sigilo prossional, com a diferena de que esteltimo, pela maior amplitude, impede quaisquer triagens em relaoscorrespondncias,aostelefonemas,ouqualqueroutraformadecomunicao, entre advogado e cliente preso.Tambmnosepermiteaimposiodequaisquermeiosimpeditivosdocontatodireto,taiscomoaseparaodeambientesentre o cliente e o advogado, com comunicao por sistemas de som.Postoisto,nocustarelembraranormaconstitucionaldoart.133:aindispensabilidadedoadvogadoparaarealizaodaJustianoserefereexistnciadoPoderJurisdicional,masefetiva administrao dos meios judiciais, em face, sobretudo, de queacincia,aperciaeatcnicadoadvogadocolaborarodecidida-Comunicao com o Cliente 51mente para a apurao dos fatos e a concretizao do que justo elegal.Impossvelrealizar-seumjulgamentocorretoseoleigo,pela prpria inexperincia, no sabe conduzir-se ou levar as neces-sriasargumentaeseprovasparaqueojulgadorarbitrecorreta-mente.Daaimportnciadaacessibilidadedopatronoaoclienteparaquepossamdialogar,amdequeoadvogadotomecinciasobre os fatos, para poder instru-lo sobre a defesa.Deve-se deduzir, tambm, que o contato do advogado comseu cliente, particular ou indicado, leva:a) efetiva apurao dos fatos, na sua realidade, pelo levan-tamento de provas, testemunhas, situaes, documentos,verses;b) preparao do modo de agir do prossional, de confor-midade com o interesse ou a situao do cliente, atravsda boa tcnica, das estratgias, da escolha dos melhoresargumentos ou comprovaes.Como tal, qualquer cerceamento ofender:1. o princpio da independncia do advogado, como obser-vado pela anlise do inciso I do art. 7 da atual lei;2. agarantiadodispostonoincisoXXXVdoart.5daCarta Magna: qualquer forma de no permitir ao advoga-doentrevistar-secomseucliente,inclusivedeformareservada e a entra a questo tormentosa do limite deatuao dos meios de comunicao jornalstica ou eletr-nica leva possvel no ida apreciao do Judiciriodeeventuallesoouameaadeleso,pormnimaqueseja. Anal, o leigo no saber, por desconhecimento ouat receio, o que pode ou no pode trazer para a cinciado Julgador, o que poder lhe causar prejuzos, inclusivequanto sua liberdade individual;Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 523. a desobedincia do que dispe o inciso LIV do art. 5 daConstituio:odevidoprocessolegal,emalgumadassuas diversas fases, poder ser prejudicado se o leigo nosouber o que fazer ou nada lhe for explicado. O advoga-do, como perito, saber agir, por estar devidamente infor-mado dos fatos em razo do contato que tivera, antes, como seu cliente;4. a perigosa inobservncia da regra do art. 5 em seu inci-soLV:ocontraditrioeadefesadevemserosmaisamplospossveis. AocidadogaranteaCartaMagnaamais completa oportunidade de defesa, sendo que:Porampladefesaentende-seoasseguramentoquedado ao ru de condies que lhe possibilitem trazer paraoprocessotodososelementostendentesaesclareceraverdade ou mesmo de omitir-se ou calar-se, se entendernecessrio (STF 1 T. HC n 68.929-9/SP Rel. Min.CelsodeMelloDJ28/08/92,p.13.453),enquantoocontraditrio a prpria exteriorizao da ampla defesa,impondoaconduodialticadoprocesso(parcondi-tio), pois a todo ato produzido pela acusao caber igualdireitodadefesadeopor-se-lheoudedar-lheaversoquemelhorlheapresente,ou,ainda,defornecerumainterpretaojurdicadiversadaquelafeitapeloautor.(Moraes,Alexandrede,DireitoConstitucional.21 edi-o. So Paulo: Atlas, 2007. p. 95)Ou ainda:Seja como for, insere-se no princpio constitucional daampla defesa a chamada defesa tcnica aquela exercidapela atuao prossional de um advogado.Chama-se defesa tcnica a defesa necessria, indeclin-vel, plena e efetiva.Alm de ser um direito, a defesa tcnica , tambm, umagarantia,porquetemporescopoatingirumasoluojusta.Comunicao com o Cliente 53Adefesatcnicadeveestarpresentedurantetodoodesenrolar da informatio delicti.Nosetratadesimplesassistnciapassiva,poisessaprerrogativaestlastreadanaprpriaConstituiodaRepblica, quando considera o advogado indispensveladministraodaJustia(art.133).(Bulos,UadiLammgo.CursodeDireitoConstitucional.1edio.So Paulo: Saraiva, 2007. p. 534/535)No demais lembrar tambm o que estabelece o dispostono inciso LXIII do mesmo art. 5 constitucional: qualquer preso serinformado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,sendo-lhe assegurada a assistncia da famlia e de advogado.Ora, por que advogado? Para poder defender-se, atravs deprossionalqualicado.E,senecessrioesseprossionalquali-cado,lgico,legtimo,legalemoralmenteimprescindvelqueeste entreviste-se com o seu cliente, at mesmo para saber o motivoda priso, deteno ou simples recolhimento, em qualquer estabele-cimento,civiloumilitar,emqualquerocasio,independentementede a autoridade considerar, em extrema anlise (quase sempre mera-mente subjetiva) que ocorreria uma incomunicabilidade.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 547Priso de Advogado FlagranteDelito e Sala de Estado-Maior12O advogado, no seu ministrio privado, presta servio p-blico e exerce funo social, porquanto para a defesa dos interessesdos seus outorgantes a lei lhe confere garantias prprias ao desempe-nho da prosso, notadamente no que se refere sua priso.Com efeito, notrio que durante o exerccio da prosso,perseguindo os direitos dos seus outorgantes, o advogado se deparacom as autoridades constitudas em diversas situaes passveis dediscusseseenfrentamentos,queculminammuitasvezescomoacaloramento das argumentaes, defesas, posturas e entendimentospessoais, e podem resultar na imputao de conduta incompatvel sfunesdoadvogadoe,conseqentemente,naprolaodevozdepriso, em agrante delito, decorrente de alegada conduta, praticadano exerccio da prosso de advogado.Mas, os dispositivos legais referentes priso do advogado,por ato ocorrido no exerccio prossional, constantes no Estatuto daAdvocacia,mesmoapsoconhecimentoeprovimentodamatriapelo STF, estabelecem que o advogado s ser preso, em agrantedelito, por crimes inaanveis, sendo exigida a presena de repre-sentante da OAB ao ato de lavratura do auto de priso em agrante,sob pena de nulidade.Alis,nessescasos,oRegulamentoGeraldaAdvocaciaaindaprev,noseuart.16,queoadvogadoserassistidoporrepresentantedaOABnosinquritospoliciaiseaespenais,dos12Fundamento legal: art. 7, IV e V, do Estatuto da Advocacia e da OAB Lein 8.906/94.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 56quaisvenhaaconstarcomoindiciado,acusadoouofendido,semprejuzo da constituio e atuao de patrono prprio.Nos demais casos, ou seja, nos casos em que se esteja diantede crimes praticados fora do contexto do exerccio da prosso, napriso em agrante do advogado, dever-se- proceder comunicaoexpressaaorgodeClasse,masapresenaderepresentantedaOABnoconstituir,nestecaso,requisitodevalidadedoautodepriso em agrante.Oportuno ressaltar, outrossim, que em qualquer hiptese, odireito de comunicao Ordem dos Advogados do Brasil no excluio direito constitucional de comunicao da priso sua famlia.Outrossim, denota-se que a inteligncia desses dispositivosrepousananecessidadedeampararoadvogadonaprticadeatosessenciaisaodesenvolvimentodaprossoesemtemordedesa-gradar quaisquer autoridades. Ademais, o advogado estar, em regra,postulandopordireitoalheioepugnandopelacorretaaplicaodas leis.Entrementes,cumpreesclarecerqueaOrdemdosAdvo-gados do Brasil tem por nalidade legal, entre outras, promover, comexclusividade, a defesa e a disciplina dos advogados.Destarte, resta apresentada a razo da presena de represen-tantedaEntidadedeclasseporocasiodaprisodeadvogadonoexercciodaprosso,poisalmdessascompetnciasexclusivasconferidas pela lei, a OAB tambm tem como nalidade legal pugnarpelacorretaaplicaodalei,portanto,comestritaobservaoaoprincpio da no existncia de presuno legal de culpa.A priso, em agrante delito, por crime aanvel, em facede advogado, no exerccio da prosso, vedada pela previso legalprpria,conferidaaoadvogadopelo3doart.7doEstatutodaAdvocacia.Alm disso, consoante as disposies legais, constantes noordenamentojurdicoptrio,acercadosdelitosquecomportamaPriso de Advogado Flagrante Delito e Sala de Estado-Maior 57prisoemagrante,remeter-se-acompetnciajurisdicionalaoJuizado Especial, que, por sua vez, tambm veda esse tipo de priso.Assim, embora o crime de desacato tenha sido, equivocada-mente, suprimido das imunidades anteriormente outorgadas ao advo-gado, pelo STF, por ocasio do julgamento da ADIN n 1.127-8, essetipo legal tambm no comporta a priso em agrante delito, pois,em virtude da pena em abstrato cominada para esse delito, caber,to somente, a lavratura de termo circunstanciado e o conhecimentoda matria ser de competncia do Juizado Especial.Desta forma, a autoridade que der voz de priso ao advo-gado no exerccio prossional estar incorrendo em crime de abusode autoridade (Lei n 4.898/65), que pode resultar na perda do cargo(Lei n 4.898/65, 3, letra c), processo administrativo perante OAB(desagravopblico),CorregedoriaeConselhoNacionaldeJustia, alm de eventual crime contra a honra e reparao por danosmorais.Justamente em razo de algumas autoridades se valerem dapresso em face de alguns causdicos com a ameaa de priso pelocrime de desacato, que o advogado deve, com vigor e austeridade,requerer a presena de representante da OAB no momento do abusode autoridade e, se possvel, providenciar uma testemunha que pre-senciou os fatos, de preferncia, no subordinada autoridade, de-vendo todos os fatos serem registrados em ocorrncia policial.Por m, em relao ao advogado recolhido preso, antes desentena com trnsito em julgado, nos termos do inciso V, do art. 7,do Estatuto da Advocacia, imperioso destacar que o recolhimentode determinado prossional ser obrigatoriamente em sala de Estado-Maior, com instalaes e comodidades condignas, e na sua falta, empriso domiciliar.Primeiramente, vlido esclarecer que no existe um enten-dimentopaccoacercadoconceitodesaladeEstado-Maior.Noentanto,oprprioSupremo TribunalFederal,quemanteveotextoCartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 58legal,noqueconcerneaodireitodessetipodeacomodao,porocasio da ADIN n 1.127-8, j se manifestou, denindo como salade Estado-Maior qualquer uma dentre as existentes nas dependnciasdo comando das Foras Armadas ou foras auxiliares: Polcia Militare Corpo de Bombeiros.Saliente-sequenafaltaderecintopenitencirioadequadoaoadvogado,nostermosdalei,estprevistooseurecolhimentoatravs da modalidade priso domiciliar, no sendo admissvel quesejarecolhidoprisocomumoudependnciaespecial,sepa-rada dos demais presos, como alis, j decidiu o Supremo TribunalFederal.13Transpostos o conceito e a aplicabilidade do referido direitode priso nos moldes expressamente outorgados ao advogado, de-verasimportantetecercomentriosacercadoporqudessadispo-siolegal,poisnosetratademerabenevolnciaconferidaaoprossional que exerce seu ofcio em defesa dos clamores dos tute-ladosemgeral,masumagarantiaque,emltimainstncia,possi-bilita o exerccio da advocacia, com independncia e destemor.Notoriamente, o advogado est diretamente ligado s deci-ses judiciais, administrativas e ou disciplinares favorveis ou noquepodemcausarinsurgnciasdescabidas,masreais,pelainsa-tisfao das pessoas comuns, que foram representadas em juzo oufora dele, como outorgante ou parte adversa.Logo,transpareceaintelignciadaprerrogativaqueasse-gura ao advogado a priso em sala de Estado-Maior, porquanto temcomoessnciapreservaraintegridadefsicaemoraldoadvogadoprocessado, mas no condenado.Desnecessrioressaltaroprincpiobasilardedireitoqueveda a presuno de culpa a qualquer pessoa, que coadunando com13HC 88.702-3, HC 3.158-0, HC 2.242-4, RTJ 184:640.Priso de Advogado Flagrante Delito e Sala de Estado-Maior 59esse tema, demonstra e corrobora com a prudncia de recolher umadvogadoprisocomumsomenteapsotrnsitoemjulgadodedeterminada sentena.Ademais,casooadvogadovenhaaserprocessadoporcrimes que no sejam relacionados com a atividade prossional, estetambm faz jus a priso em sala do Estado-Maior, at o trnsito emjulgado.Essadisposiotambmseaplicaemcasodeprisocivildecorrente de inadimplemento de penso alimentcia ou de deposit-rio inel, pois o risco de colocar um advogado, eventualmente pro-cessado injustamente, com pessoas que tenham, por qualquer razo,desafeto com seu ofcio prossional, pode trazer prejuzos danosos,irremediveis e com condo de atingir o destemor e a independnciaque devem ser observados no decorrer do exerccio da advocacia.Enosedigaquetaldisposiolegalconferetratamentodesigualparaosadvogadosemrelaoaosdemaiscidados,poisno se trata de situao legal disponibilizada ao cidado advogado,masemrazodafunosocialepblicadesenvolvidapelosquedetmaqualidadedeadvogado. Alis,situaosemelhanteocorrecom policiais militares e civis, entre outros, que, por razes tambmbvias, so recolhidos em estabelecimentos prprios.Portanto, em relao priso de advogado de se desta-car que:(i) o advogado somente ser preso em agrante delito, porcrime praticado no exerccio da prosso, em se tratandode crime inaanvel, sendo obrigatria a presena derepresentantedaOAB,paraacompanharalavraturado respectivo auto, sob pena de nulidade;(ii) eventual imputao por crime de desacato, no exercciodaprosso,inadmissveloagrante,porsetratardecrime cuja pena em abstrato remete competncia doJuizado Especial Criminal, cabendo apenas a lavraturaCartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 60de termo circunstanciado. Na insistncia da priso emagrante,aautoridadeestarincorrendoemcrimedeabuso de autoridade;(iii) noscasosdecrimesquenoguardemnexodecausa-lidadecomoexercciodaprosso,aprisoema-grantedoadvogadodeversercomunicadaOrdemdos Advogados do Brasil;(iv) para ser recolhido preso, em qualquer caso, dever serconsiderado o conceito de sala de Estado-Maior, sendocerto que na sua falta, dever-se- postular a priso do-miciliar.8Liberdade de Acesso,Permanncia nas Reparties Pblicase Assemblias e Direito de Retirada14Considerando que a atividade da advocacia constitui, comoj anteriormente salientado, servio pblico e, tendo em vista, ainda,a essencialidade do advogado para a administrao da justia, h, noEstatuto da Advocacia, a previso de prerrogativas que visam con-ferir ao advogado a liberdade necessria para sua boa atuao, prin-cipalmente perante os rgos pblicos, judicirios ou no.O acesso livre s salas de sesses dos tribunais, inclusive aoespaoreservadoaosmagistradosessalasedependnciasdeaudincia,encontra,ainda,legitimaonosarts.155e444doC-digodeProcessoCivile792doCdigodeProcessoPenal,quecontm previso de que as audincias sero pblicas, ressalvadas ashiptesesdesegredodejustia(tambmprevistonoart.155doCPC), risco de escndalo, inconveniente grave ou perigo de pertur-bao ordem ( 1 do art. 792 do CPP).Oportunoressaltar,ainda,queodireitodeliberdadedeacessossalasdejulgamentoedeaudinciahdeserexercidode maneira a no causar embaraos ao andamento das audincias esessesdejulgamentos,exigindo,pois,bomsensoporpartedosadvogados.Aprerrogativaconferidaaosadvogadoscompreende,ou-trossim,olivreacessoassecretarias,cartrios,ofciosdejustia,servios notariais e de registro, delegacias, prises ou qualquer edi-fcio ou recinto em que funcione repartio pblica ou outro servio14Fundamento legal: art. 7, VI e VII, do Estatuto da Advocacia e da OAB Lei n 8.906/94.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 62pblico em que o advogado deva praticar ato, obter prova ou infor-mao de que necessite para o exerccio de sua prosso.Em qualquer dos locais que acabamos de mencionar, podero advogado ingressar livremente, independentemente da presena deseustitulares,mesmoforadohorriodeexpediente,bastandoquetenha algum agente ou serventurio, para que seja atendido.O dispositivo, alis, permite ao advogado o acesso alm dosbalces dos cartrios e serventias, mas esse direito deve ser exercidocom razoabilidade.A bem da verdade, a exigncia de manuteno do serviopblicojudicirioemboaordemrecomendaqueeventualingressodoadvogadonasdependnciasdaserventiaocorraapenasparaoexame de documentos respeitantes s causas por este patrocinadas,e, ainda assim, somente quando o atendimento no possa ser realiza-do no balco, de forma digna. Neste sentido, no se deve esquecerqueaadministraodajustiaexigequeseconciliealiberdadeprossional do advogado com o direito dos serventurios de exercersuas atividades em condies adequadas.Tambmconstituemviolaodasprerrogativasprossio-nais dos advogados quaisquer atos, provimentos ou normas regimen-tais que estabeleam horrios de expediente interno ou rotinas buro-crticas que impeam, ou mesmo dicultem, o acesso dos advogadosnassecretarias,cartrios,ofciosdejustia,serviosnotariaisederegistro, delegacias, prises ou qualquer edifcio ou recinto em quefuncione repartio pblica ou outro servio pblico, e, tambm, oatendimento.Para o exerccio do direito ao livre acesso s dependnciasde audincias e julgamentos, prises, delegacias e reparties pbli-cas em geral, que tratamos at este momento, no se exige prova deprocurao, bastando que o advogado apresente, nos casos em queseja exigvel, o documento de identicao prossional.Entretanto,paraquealiberdadedeacessodoadvogadopossa ser plena, o Estatuto prescreve que o causdico goza da prerro-Liberdade de Acesso, Permanncia nas Reparties Pblicas 63gativa de ingressar em assemblias ou reunies em que deva promo-ver a defesa de interesses de seu cliente, mas condiciona o exercciodesta prerrogativa a que esteja munido de procurao com poderesespeciais.Por m, a ausncia de subordinao dos advogados peranteas autoridades pblicas seria plena se, apesar de poder ingressar noslocais e reparties pblicas, tivesse que pedir autorizao para alipermanecer, ou mesmo, requerer licena para se retirar.Eis a razo do Estatuto da Advocacia consagrar proteo liberdade de locomoo, na medida em que no se limita a conferiraos advogados a prerrogativa de liberdade de acesso a recintos, maslhes assegura, tambm, o direito de neles permanecer, sentado ou emp, bem como de se retirar, sem necessidade de pedir autorizao aquem quer que seja.Cartilha de Prerrogativas Comisso de Direitos e Prerrogativas 649Relao com os Magistrados15No h dvida de que a independncia dos advogados, a sualiberdadedeexpressoeaplenitudedeacessoaoslocaisemeiosnecessriosparaodesempenhodesuaatividadeprossionalsoessenciais para que o Estado possa atingir seu objetivo de prover ajustia, quando provocado pelos cidados.Tambmnosepodenegarquehsituaesemqueo