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TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE – TDA/H ORIENTAÇÕES AOS PROFESSORES DA REDE ESTADUAL DE ENSINO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

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  • TRANSTORNO DE DFICIT DE ATENO /

    HIPERATIVIDADE TDA/H

    ORIENTAES AOS PROFESSORES

    DA REDE ESTADUAL DE ENSINO

    DO ESTADO DE MINAS GERAIS

  • TRANSTORNO DE DFICIT DE ATENO /

    HIPERATIVIDADE TDA/H

    ORIENTAES AOS PROFESSORES

    DA REDE ESTADUAL DE ENSINO

    DO ESTADO DE MINAS GERAIS

    2012

  • GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAISSECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAO

    GovernadorAntnio Augusto Anastasia

    Secretria de EducaoAna Lcia Almeida Gazzola

    Secretria Adjunta de EducaoMaria Sueli de Oliveira Pires

    Chefe de GabineteMaria Cludia Peixoto Almeida

    Subsecretria de Desenvolvimento da Educao BsicaRaquel Elizabete de Souza Santos

    ElaboraoDr. Walter Camargos Jr.

    Psiquiatra da Infncia e Adolescncia do Hospital Joo Paulo II / FHEMIGMestre em Cincias da Sade / IPSEMG

    Lcia Falci IbraimPsicloga Clnica, Neuropsicloga, Psicopedagoga.

    ColaboraoEquipe DESP/SEE/MG

    EditoraoAssessoria de Comunicao SEE/MG

  • NDICE

    INTRODUO

    5

    O QUE O TRANSTORNO DE DFICIT DE ATENO / HIPERATIVIDADE TDA/H

    5

    QUAIS PREJUZOS O TDA/H CAUSA?

    7

    COMO IDENTIFICAR ESSES ALUNOS?

    8

    ALGUMAS ESTRATGIAS GERAIS ADOTADAS PELO (A) PROFESSOR (A) PARA FAVORECER O APRENDIZADO DO ALUNO COM TDA/H NA SALA DE AULA

    9

    ALGUMAS ESTRATGIAS PARA O ALUNO DESATENTO NA SALA DE AULA.

    11

    ALGUMAS ESTRATGIAS PARA O ALUNO HIPERATIVO NA SALA DE AULA

    15

    SOBRE O USO DE MEDICAMENTOS

    15

    COMO ORIENTAR OS PAIS?

    16

    TDA/H E PR-ESCOLARES

    17

    COMO DIFERENCIAR UM ALUNO PORTADOR DE TDAH, DE UM ALUNO DESOBEDIENTE, SEM LIMITES E COM COMPORTAMENTOS ANTISSOCIAIS?

    17

    BIBLIOGRAFIA

    19ANEXO n.1: SNAP-IV

    20

  • 5 5

    INTRODUO

    Esta publicao o resultado das parcerias entre os setores pblicos, Secretaria de Estado de Educao de Minas Gerais, a Fundao Hospitalar do Estado de Minas Gerais, e de profissionais autnomos - reconhecidos nas suas reas de atuao, com o objetivo de melhorar a qualidade do Ensino no Estado de Minas Gerais.

    Esse material tem a finalidade de orientar os profissionais das escolas a identificar o aluno com Transtorno de Dficit de Ateno / Hiperatividade TDA/H, a entender suas dificuldades pessoais e pedaggicas e promover seu aprendizado dentro dessas limitaes.

    Para atingir o objetivo proposto necessrio que seja mantido o princpio em que os Professores se mantenham focados na relao ensino-aprendizagem e que as informaes mdicas e sociais aqui disponibilizadas agreguem valor educao ao invs de gerarem obstculos. Esse material est organizado para oferecer aos leitores informaes quanto ao que o Transtorno de Dficit de Ateno / Hiperatividade TDA/H; quais so os prejuzos causados pelo TDA/H. Tambm poder contribuir com os educadores para a identificao de aluno com o TDA/H e apresentar algumas estratgias gerais para favorecer o aprendizado desse aluno na sala de aula, considerando as duas formas de incidncia: a desateno e a hiperatividade. Versar tambm sobre o uso de medicamentos e abordar orientaes gerais aos pais, discutindo as diferenas existentes entre o comportamento prprio de um aluno com TDA/H e de um aluno desobediente.

    Todas as informaes contidas nesse caderno tm embasamento cientfico, entretanto, sero apresentadas em uma linguagem acessvel aos leitores. Usaremos aqui, os termos doenas, sndromes e transtornos como sendo sinnimos.

    Objetivos do Caderno:

    Difundir informaes mdicas e sociais dos efeitos causados pelo Transtorno de Dficit de Ateno / Hiperatividade TDA/H para os professores da rede estadual de ensino do Estado de Minas Gerais;

    Difundir informaes sobre como identificar os alunos com TDA/H na sala de aula;

    Informar sobre quais estratgias pedaggicas geram maior e melhor resposta de aprendizagem de alunos com TDA/H;

    Orientar os professores para que sua adequada atuao na sala de aula e no ambiente escolar possa melhorar as respostas educacionais do aluno com TDA/H;

    Orientar pais e familiares para um melhor convvio familiar.

    O QUE O TRANSTORNO DE DFICIT DE ATENO / HIPERATIVIDADE TDA/H

    mais fcil entender o TDA/H, como sendo a doena da desateno e/ou da hiperatividade. importante lembrar que a desateno e/ou hiperatividade podem ser encontradas tambm em outras situaes, tais como: gripe, cansao, nervosismo, medo, ansiedade.

  • 6Porm, todas essas situaes so temporrias ou s ocorrem em lugares especficos. Diferentemente do TDA/H (doena da desateno e/ou da hiperatividade) que constante e presente em vrios ambientes.

    O TDA/H no um transtorno psicolgico, mas de origem neurobiolgica, portanto:

    H medicamentos especficos que podem

    ajudar;

    H necessidade de apoio de profissionais

    especficos, para sua melhora, alm dos

    medicamentos;

    A falta de educao e limite no TDA/H, mas, os afetados pelo TDA/H podem apresentar comportamentos desse tipo, como qualquer outra pessoa.

    H quatro caractersticas fundamentais para a maioria dos afetados:

    O incio se d antes dos sete anos, a evoluo crnica e sem melhora evidente;

    Os sintomas ocorrero em todos os lugares onde a pessoa estiver, tais como: escola, casa, igreja, clube, supermercados, sacolo, etc;

    Haver sempre a presena de impulsividade, que poder ser em graus variados.

    Pode parecer estranho ao leitor, mas os conhecimentos atuais mostram que o mesmo transtorno pode gerar sinais de hiperatividade, ou to somente sinais de desateno, como pode gerar tambm sinais mistos.

    Como a hiperatividade gera mais problemas comportamentais, ela mais facilmente identificada a forma mais comum em meninos.

    J as meninas so mais acometidas pela desateno, que a forma mais difcil de reconhecer o TDA/H, no entanto, a que mais prejudica o aprendizado.

    Comumente, a forma hiperativa do TDA/H em meninas, gera nos professores uma resistncia, suplementar e significativa em aceitar e entender os comportamentos que so claramente inadequados para seu gnero sexual, prprios dos meninos.

    Tanto meninos, quanto meninas podem ter a forma mista que a mais frequente.

    A falta de entendimento pelos professores, de que os comportamentos inadequados so resultantes de transtorno especfico, e no de ordem pessoal ou por vontade prpria, indica para a possibilidade de um futuro pior para o/a aluno (a) afetado (a).

    O TDA/H afeta aproximadamente 5% da populao escolar, isso quer dizer que numa sala de 20 alunos poder haver pelo menos um aluno com TDA/H. Se for hiperativo incomodar ou atrapalhar ao menos dois outros alunos durante a aula. Acomete mais os meninos do que as meninas, e h cura em aproximadamente 20% dos afetados.

    Pode acontecer que o TDA/H, principalmente a forma desatenta, no seja percebido antes dos sete anos, sendo identificado somente aps essa idade. A adolescncia que, por natureza uma poca turbulenta e de desinteresse pela maioria das coisas, piora muito o quadro do TDA/H.

  • 6 7

    Outro questionamento, muito importante para o entendimento desse transtorno, aquele geralmente feito pelos pais: ... se ele/a distrado/a para fazer o para casa, como ele/a consegue jogar videogame durante horas e ainda passar de fase?. Para responder a essa questo necessrio lembrar os dois combustveis de qualquer ao: necessidade e prazer. Assim, jogar videogame gera prazer e fazer o para casa, no! Portanto, pode-se concluir que as atividades, em que o prazer esteja envolvido, tendem a ser realizadas com mais qualidade e mais rapidamente; ao passo que, as atividades executadas sem prazer, tornam-se mais difceis e demoradas.

    justamente aqui, que entra o conceito de prejuzo funcional, pois, sem ele no h transtorno. o prejuzo funcional que faz a fronteira entre o normal e o problema. A maioria dos alunos no estuda porque gosta, mas por uma obrigao. Assim sendo, a pessoa se controla / foca e faz o que tem que fazer. J as pessoas acometidas pelo TDA/H no conseguem fazer isso, pois, apresentam dficit justamente nas funes executivas de autocontrole, ateno, capacidade de execuo, etc.

    QUAIS PREJUZOS O TDA/H CAUSA?

    Os prejuzos so consequentes gravidade do TDA/H. Como em todo e qualquer transtorno ou doena, possui graus variados de manifestaes. Como foi dito anteriormente, a cura ocorre em torno de 20% dos casos, 50% tero prejuzos leves a moderados, e os outros 30% tero prejuzos graves por toda a vida.

    1 Conceito de herana sem a interferncia do meio ambiente.

    Novamente importante lembrar que o futuro no determinado pelo TDA/H. Fatores positivos tais como: esclarecimento da famlia sobre o TDA/H, e o grau de comprometimento desta, com a criana; boas prticas religiosas; diagnstico precoce com tratamentos adequados; o atendimento pela escola das necessidades dos alunos com TDA/H; ausncia de outros transtornos e/ou doenas neuropsiquitricas associadas tais como: epilepsia, autismo infantil, deficincia mental e sociopatia; ou transtornos especficos de aprendizado como a dislexia, discalculia, dislalia; estar numa condio financeira acima linha da pobreza; desenvolver sentimentos positivos de humor, otimismo e perseverana. Tudo isso, contribui enormemente para minimizar os prejuzos decorrentes desse transtorno.

    As perdas estaro presentes em todas as dimenses, sejam elas pessoais, familiares, escolares e sociais, formando uma cascata de prejuzos. Assim, o comportamento do afetado gera: desorganizao familiar, baixa autoestima para o indivduo e para a famlia, baixa escolaridade e comportamentos antissociais (furto, uso de drogas, etc.), rebaixamento social e assim por diante.

    O TDA/H de alta herdabilidade1, portanto quando h a ocorrncia desse transtorno em um dos pares parentais (pai/me), a probabilidade do filho ser acometido alta.

    Nos casos em que a me a acometida pelo transtorno do TDA/H, esse filho, ter maiores dificuldades em organizar sua vida escolar, pois, uma vez que o papel de cuidar, orientar e auxiliar os filhos nas tarefas escolares normalmente exercido por ela, essa me, ao

  • 8ter a capacidade de organizao afetada pelo transtorno, precisar receber maior ateno, com orientaes mais diretas e especficas sobre como fazer o acompanhamento de seu(a) filho(a) e o que fazer para que ele melhore a sua performance na escola.

    Alm disso, sabe-se que os afetados pelo TDA/H tm menos anos de escolaridade, menor aproveitamento escolar, mais suspenses das aulas, mais expulses de escolas com consequentes trocas de escolas. Tambm so indivduos que alcanam menores patamares sociais durante a vida, independentemente da sua capacidade intelectual, pois possuem mais riscos para o uso de drogas lcitas e ilcitas.

    Pela impulsividade, prpria do distrbio, comum a estes indivduos um comportamento sexual de risco, sendo portanto, frequente uma maior ocorrncia das doenas sexualmente transmissveis e de gravidez indesejada. Possuem tambm, maiores propenses para desenvolverem comportamentos antissociais, podendo lev-los a ter problemas policiais e judiciais.

    COMO IDENTIFICAR ESSES

    ALUNOS?

    A forma mais simples atravs do uso da

    escala SNAP-IV. Essa escala validada para a nossa populao, podendo ser aplicada por pais e professores. Lembrando que uma das caractersticas do TDA/H o prejuzo no comportamento, este dever estar presente em vrios aspectos da vida do afetado.

    A simples positivao da escala no afirma que o aluno tem TDA/H, mas, identifica um/a possvel afetado/a marco zero para o diagnstico, que deve ser reservado aos profissionais mdicos especializados no tema.

    Como pode ser constatado no Anexo n.1, as nove primeiras questes referem-se s pesquisas sobre a desateno. As nove seguintes so para a hiperatividade e as oito finais so para pesquisar a impulsividade. S tm valor as respostas cuja ocorrncia aparece com maior frequncia tanto para a desateno quanto para a hiperatividade. H necessidade de ao menos seis itens positivos para o resultado ser significativo para o transtorno.

    Lendo os itens, pode-se constatar que as respostas so subjetivas, variando de acordo com as experincias e valores de quem as respondem. Porm importante pensar, que aplicar a escala tem a finalidade de auxiliar o aluno em sua performance escolar (fator positivo) e no de penaliz-lo. Como os professores possuem uma experincia bem maior de convivncia com pessoas da mesma faixa etria, em comparao com os pais, tambm possuem maior tolerncia e distino da realidade em relao ao indivduo-aluno.

    Outra questo importante a ser abordada

    sobre esta escala que ela tem mais falhas, na pesquisa da hiperatividade, do que na pesquisa para a desateno e da impulsividade. Por exemplo, para adolescentes e adultos os itens 12 e 13 no se aplicam, pois no correm de um lado para outro ou sobem

  • 8 92 O Espectro Autista um conceito que engloba todas as gravidades possveis do Autismo Infantil desde o quadro clssico (Autismo

    Infantil associado com Dficit Intelectual Profundo ou Grave) at os afetados pelo Autismo com inteligncia superior

    demais nas coisas e em situaes em que isto inapropriado; tm dificuldades de brincar ou para envolverem-se em atividades de lazer de forma calma*. Normalmente o TDA/H evolui com uma diminuio progressiva dos sinais de hiperatividade, pois, os adultos possuem maior controle motor e da desateno/distraibilidade. Assim, nos homens adultos ser mais comum encontrar os sinais da forma mista e nas mulheres predomina a forma da desateno.

    imprescindvel estarmos atentos aos alunos que apresentam um prejuzo importante no aprendizado, pois s o TDA/H no causa isso, mesmo quando ocorre na forma desatenta. Da mesma forma que os transtornos possuem gravidade, em variados graus, as pessoas podem tambm ser afetadas por dois ou mais problemas/doenas/ou transtornos diferentes. Ento, mesmo que o aluno apresente sinais de TDA/H, importante tambm, pensar na ocorrncia das seguintes possibilidades:

    dificuldade significativa no processo de alfabetizao h tambm transtornos especficos de aprendizado como a dislexia?

    dificuldade significativa na matemtica pode ser discalculia?

    dificuldade tambm de conceitos abstratos h tambm Retardo Mental?

    dificuldade significativa na interpretao de textos, disgrafia e interao com colegas h tambm presena de Transtorno do Espectro Autista2?

    o aluno tem brancos nas provas tem Transtorno de Ansiedade?

    A explicitao dessas informaes, ao profissional mdico, pode ajud-lo a proporcionar um tratamento de melhor qualidade.

    ALGUMAS ESTRATGIAS

    GERAIS ADOTADAS PELO (A)

    PROFESSOR (A) PARA

    FAVORECER O APRENDIZADO

    DO ALUNO COM TDA/H NA

    SALA DE AULA

    Incentive ou recomende seu aluno com TDAH a sentar-se prximo, ou ao alcance do seu olhar direto, distante da janela ou da porta, num local onde tenha menor possibilidade de se distrair, no meio de colegas tranquilos.

    Ajude-o a organizar a carteira, retirando os objetos que possam distra-lo. Ensine-o a deixar sobre a carteira somente o material necessrio para realizar as tarefas.

    Quando o seu aluno comear a ficar agitado, ou atrapalhar a classe, redirecione-o para outra atividade ou situao, como levar um recado para fora da sala, recolher os livros das carteiras, apagar o quadro, etc.

    Olhe sempre em seus olhos, para traz-lo de volta. Um olhar pode tir-lo do devaneio ou dar-lhe liberdade para fazer uma pergunta, ou apenas dar-lhe segurana, silenciosamente.

    * Essa questo no se aplica a essa idade.

  • 10

    Use atividades de ensino que estimulem respostas ativas, como falar, mover-se, organizar, trabalhar no quadro.

    Antes de iniciar uma atividade, realce com marcador de texto as partes mais importantes daquela tarefa, para que ele tenha clareza das instrues e das informaes relevantes.

    Use menos palavras para explicar-lhes as tarefas, pois as instrues verbais sero melhor compreendidas se repassadas objetivamente e uma de cada vez.

    Organize trabalhos em duplas, d preferncia para que ele trabalhe em parceria com um colega mais tranquilo e centrado.

    Alterne tarefas com contedos de alto e de baixo interesse para o aluno com TDA/H.

    Circule, sublinhe ou realce partes do texto em que a criana geralmente falha ao fazer seu trabalho escrito.

    Gradue as dificuldades das atividades, evitando dar grandes saltos de problemas fceis para muito difceis. Evite tarefas montonas e repetitivas.

    Incentive a leitura em voz alta, o reconto de histrias, e a falar por tpicos, ajudando-a a organizar suas ideias.

    Utilize recursos de gravador, retroprojetor, projetor de slides, muita cor (giz colorido para o quadro, canetas coloridas para as anotaes no caderno ou livro) tornando assim, as aulas mais interessantes e dinmicas.

    Reforce o uso dirio do agendamento das atividades, por ordem cronolgica.

    Implante o sistema de estudos com tutor, escolha na classe um aluno, com habilidades, para atuar como o seu amigo de estudos.

    Antes de iniciar uma nova matria, utilize alguns minutos para recordar a matria dada anteriormente. Dessa forma, criar elo entre os assuntos, favorecendo a ateno e a fixao das informaes na memria.

    Distribua as questes nas folhas de avaliao, espaando-as de tal forma, que enquanto responde uma, no se distraia com as outras.

    Fracione as informaes. Divida projetos longos em segmentos curtos.

    D significado informao. Use a memria visual para ajudar na codificao da memria verbal. Utilize filmes, cartazes, propagandas.

    Se o aluno tem dificuldades em fixar o que visual, utilize recursos sonoros, como gravar as aulas para record-las em casa.

    Utilize de recursos de repetio pois alguns alunos com TDAH s assim conseguem consolidar o aprendizado.

    Avise sobre o que vai falar antes, pois, crianas com TDAH aprendem melhor visualmente do que pela voz. Se puder, escreva o que ser falado e como ser falado.

    Acostume-se a dar retorno, o que ajudar a criana a tornar-se auto-observadora. As crianas com TDAH no tem ideia de como vo ou como tm se comportado. Faa perguntas como - Voc sabe o que fez?

  • 10 11

    Como voc acha que poderia ter dito isso de maneira diferente? Seu comportamento foi bom hoje? Voc conseguiu se organizar hoje durante a cpia do quadro?

    Preveja o mximo que puder. Alteraes e mudanas sem aviso prvio so difceis para o TDAH. Eles perdem a noo das coisas. Prepare as mudanas com antecedncia. Avise o que vai acontecer e repita os avisos medida que o momento for se aproximando.

    Adote o uso de um caderno escola-casa-escola. Isso contribuir para uma melhor comunicao entre pais e professores evitando assim, as reunies de crises e ainda ajudando no frequente retorno das informaes que a criana precisa.

    ALGUMAS ESTRATGIAS PARA

    O ALUNO DESATENTO NA

    SALA DE AULA

    Lembre-se que essa forma de TDA/H causa maior prejuzo escolar:

    Menino, 8anos, 3. ano fundamenta

    Comparativo: colega, 3. ano fundamental

    Porque esse aluno comete erros, s vezes absurdos? Porque ele no consegue selecionar o assunto importante, fi xar e/ou alternar a ateno nesse assunto (olhar o quadro e copiar no caderno ou prestar ateno no que a professora diz e fazer anotaes no caderno, etc). Ento, nesse caso h necessidade de aplicao de algumas estratgias simples, como:

    Nunca d opinies morais para os alunos, seja verbalizando ou escrevendo comentrios no caderno. Isso devastador para o aluno. Abaixa a autoestima e limita seu interesse nos estudos. Tente identifi car a presena de uma limitao pedaggica, mdica ou psicolgica e busque uma orientao adequada para o problema. Lembre-se: o aluno pode ter um problema, mas ele no o problema!

    No d instrues longas, com vrias etapas;

    Continuamente, resgate a sua ateno. Por isso a necessidade de coloc-lo nas carteiras da frente.

  • 12

    D maior superviso, para que ele termine a tarefa em sala de aula;

    No apague o quadro antes que ele tenha terminado de copiar toda a matria, se preferir faa uso de cpias impressas.

    Lembre-o de copiar a matria, j que muitas vezes, estar disperso ou pensando em outro assunto;

    Separe os itens da tarefa para ajud-lo a perceber detalhes importantes. Num exerccio de matemtica, por exemplo, ensine-o a separar os tempos do problema e monte a sequncia de contas. Naturalmente ele somar todos os nmeros sem perceber que o ltimo deveria ser subtrado.

    Da mesma forma, ele ter difi culdade de processar as informaes dos enunciados dos textos, separando-as e interpretando-as. Ensine-o primeiro a separar as informaes, colorindo e marcando as mais importantes. Depois, pea-o que releia para que tenha uma melhor compreenso do texto.

    comum o aluno perder o foco do assunto/resposta, no discurso verbal, quando iniciam ou passam pra outro assunto, sem concluir nenhum deles. Ento, faa uma interveno para lembr-lo qual o assunto inicial e consequentemente o objetivo que se espera dele;

  • 12 13

    Assim como a compreenso da leitura e as respostas verbais, sua escrita tambm estar prejudicada. Geralmente d trs tipos de respostas: as super curtas, as que perdem o foco do assunto e as respostas sem sentido aparente. Lembrando que esse aluno lento na escrita, sua tendncia escrever o menos possvel. E ao dar respostas sem sentido, indica o quanto a compreenso da sua leitura est prejudicada. A professora poder usar o marcador de texto para sinalizar nos enunciados, as palavras chaves que sero importantes para a organizao do raciocnio.

    Incluir somente uma ideia em cada comando da tarefa.

    O dficit de coordenao motora um dos itens mais rapidamente percebidos pelos professores, atravs de letras feias. Algumas vezes no so corrigveis; o prximo item, explica o procedimento usado.

    Utilize os cadernos com pautas, nos casos de desorganizao grfico-espacial (viso-motora), onde o aluno apresenta dificuldades no alinhamento e uso dos espaos para palavras e nmero.

  • 14

    Masculino, 85m, 2. ano

    O mais frequente pular as linhas na escrita. Verifi que no exemplo abaixo as irregularidade

    no uso das pautas;

    Evite comentrios prejudiciais sua autoestima, com relao a sua organizao e capricho, pois os prejuzos de coordenao motora/espaovisual, tambm so responsveis pelo estado de m conservao do material de escola, deixando-os mais rapidamente estragados e com aparente desleixo (conceito moral);

    Lembre-se que o TDA/H sozinho, no gera prejuzo signifi cativo e permanente nas trocas de letras e na concordncia verbal. Tal situao comum tambm na dislexia, que assunto de outra Cartilha publicada pela SEE-MG;

    importante ressaltar que h um distrbio especfi co de aprendizagem da matemtica. a Discalculia, que dever ser assunto de mais uma Cartilha a ser publicada futuramente pela SEE-MG;

  • 14 15

    ALGUMAS ESTRATGIAS PARA O ALUNO HIPERATIVO NA SALA DE AULA

    Sente-o na frente, com pouco acesso a outros alunos ou sentado ao lado de quem no vai

    lhe render assunto;

    No se incomode por ele no conseguir ficar parado nem silencioso;

    Separe-o de outro aluno com as mesmas caractersticas;

    D-lhe tarefas extras, como apagar o quadro, buscar algo na secretaria, etc;

    D-lhe tarefas verbais;

    Oriente-o sempre, a somente responder, quando a pergunta j tiver sido concluda;

    Pea-lhe sempre, que d sua opinio em assuntos dos quais no participava

    inicialmente, ou seja, solicite que entre em

    conversas j iniciadas por outros.

    Use os comandos: pare, pense, agora responda, quando perceber que sua

    impulsividade vai dominar sua ao;

    Interrompa atritos entre ele e outro(s) aluno(s) para que voc no perca o domnio da sala

    de aula e a impulsividade no desague em

    agressividade;

    No se deixe fixar nos desafios abertos por esse aluno. Desconsider-los, s vezes, pode

    dar mais resultados, porm o aluno tem que

    perceber que voc quem a autoridade na

    sala de aula;

    Da mesma forma, no se culpe, se ele te responsabilizar por no conseguir executar

    adequadamente uma tarefa at o fim. Por

    exemplo, por estar conversando com algum,

    no consegue copiar todo o contedo do

    quadro antes que este seja apagado

    Mantenha o controle da situao elogiando-o sempre que ele executar as tarefas

    adequadamente.

    SObRE O USO DE MEDICAMENTOS

    Como foi escrito no incio desse material, o

    TDA/H de origem neurobiolgica e que

    algumas medicaes podem ajudar no controle

    da ateno, da atividade e coordenao motora,

    da impulsividade, da percepo e organizao da

    espacialidade, assim como em outros aspectos

    dessa sndrome. Por consequncia haver

    melhora no seu desempenho pedaggico.

    importante salientar que as medicaes no

    interferem na forma de ser das pessoas e nem

    em hbitos j formados. Assim a medicao

    no gera vontade de estudar, nem acaba com

    a procrastinao crnica dos portadores de

    TDA/H.

  • 16

    Um dos indcios claros de prognstico positivo,

    a melhora na escrita do aluno, como se pode

    ver a seguir, com aproximadamente 40 dias de

    diferena:

    \

    Medicao assunto mdico e, portanto,

    cabe aos mdicos (pediatras, psiquiatras e

    neurologistas infantis) essa parte do tratamento.

    H medicamentos reconhecidamente eficazes,

    que no so os conhecidos calmantes, mas

    que podem causar diversos efeitos indesejveis, sendo a falta de apetite (enquanto a medicao

    faz efeito) a mais frequente. Os medicamentos de 1 linha no geram dependncia, e muitos usurios, podem passar sem eles nos finais de semana e frias. Alguns desses medicamentos possuem efeito muito curto (3h), precisando de nova dose (no recreio), fato que gera necessidade de administrao responsvel do medicamento por profissionais da escola.

    Os professores devem ser agentes pr-ativos, ao longo de todo o tratamento, enviando equipe mdica, relatrios sobre o comportamento e aprendizado desses alunos. O uso de medicamentos nunca dever constranger o aluno.

    A escola dever cuidar para que, os alunos que fazem uso constante de medicamentos, no sejam alvos de constrangimentos da

    comunidade escolar.

    COMO ORIENTAR OS PAIS?

    Em primeiro lugar, necessrio que professores e demais profissionais das escolas tenham uma postura profissional e de apoio aos pais, informando-os sempre, quando algo no estiver bem no aprendizado ou no comportamento de seus filhos, orientando-os a buscar por profissionais especializados sempre que houver necessidade.

    Caso haja suspeita de TDA/H est indicado que um ou dois professores preencham o SNAP-IV. necessrio que sejam professores de matrias que exijam ateno e autocontrole da impulsividade e motor. Se as respostas indicarem a real possibilidade do aluno ser

  • 16 17

    afetado pelo TDA/H, ele deve ser encaminhado

    inicialmente para um profissional mdico

    (lembre-se que um transtorno de origem e

    configurao neurobiolgica) como: pediatras,

    psiquiatras e neurologistas infantis (mdicos

    com formao em adultos geralmente no

    entendem o suficiente de TDA/H). A partir da

    outros atendimentos e tratamentos podem ser

    necessrios.

    Esses pais devem buscar informaes tcnicas

    sobre o assunto junto aos profissionais e

    Associaes de apoio. H diversas matrias

    produzidas exclusivamente para pais e leigos

    que podem ajud-los a entender e a conduzir

    seu filho para um futuro melhor.

    TDA/H E PR-ESCOLARES

    Do ponto de vista cientfico, sabe-se hoje, que

    o TDA/H um transtorno maturacional do

    crebro, especificamente dos Lobos Frontais

    e Pr-Frontais, que so as estruturas cerebrais

    mais novas do ponto de vista filogentico

    no ser humano. Essas reas no possuem

    nenhuma informao e memria prprias,

    mas so responsveis pela coordenao

    de aes que tem como objetivo serem

    eficientes e rpidas.

    Os Lobos Frontais esto para as outras estruturas (partes, lobos) cerebrais, como um maestro est

    para uma orquestra.

    Na idade pr-escolar, os Lobos Frontais, ainda

    no possuem maturidade suficiente para as

    funes executivas exigidas para as atividades

    escolares (autocontrole, impulsividade,

    memria operacional, ateno, planejamento,

    comportamento social, compreenso

    de regras e meta-regras, adiamento de

    deciso para aumento da recompensa

    e monitoramento da ao escolhida

    com objetivo pr-determinado).

    A maturidade desenvolvida gradualmente

    ao longo dos anos atingindo sua plenitude por

    volta dos 18 anos de idade. Sendo assim, pelo

    conhecimento atual no se pode afirmar que

    um pr-escolar tenha TDA/H, mesmo que seja

    hiperativo. A prtica clnica tem demonstrado que

    a maioria das crianas em idade pr-escolar no

    apresenta bons resultados com medicamentos

    de 1 linha (mencionada anteriormente). Esses

    medicamentos, no entanto, podero auxili-los

    alguns anos depois.

    Sabe-se que um nmero significativo de

    crianas em idade pr-escolar que sero

    diagnosticados com o TDA/H, aps os 6

    ou 7 anos, j apresentam sinais tpicos.

    O que fazer?

    Essa criana em idade pr-escolar, que

    apresenta tais sinais dever ser encaminhada a

    servios especializados para avaliao mdica

    (psiquiatra e/ou neuropediatra) com o objetivo

    de esclarecer o diagnstico, avaliar a necessidade

    de exame mdico ou da prescrio de algum

    medicamento e encaminhamento para o

    atendimento psicolgico da criana e orientao

    aos pais, orientao aos professores, algum

    tipo de terapia e se for o caso o uso de algum

    medicamento potencialmente benigno para

    esta faixa de idade.

  • 18

    COMO DIFERENCIAR UM ALUNO PORTADOR DE TDAH, DE UM ALUNO DESObEDIENTE, SEM LIMITES E COM COMPORTAMENTOS ANTISSOCIAIS?

    Uma das caractersticas nucleares do TDAH a incapacidade de modulao/controle dos sintomas, onde a desateno, a hiperatividade e a impulsividade, podem manifestar em qualquer lugar (casa, escola, clube, etc) e em qualquer companhia (pais, avs, colegas, professores, etc). O quadro de TDAH no gosta de andar sozinho. Dois teros dos afetados pelo TDAH se ligam ao que chamamos de parcerias indesejveis, que o induziro a comportamentos antissociais, tais como: dano a propriedade alheia e ao uso de susbtncias lcitas (cigarro e bebida) e ilcitas precocemente.

    O padro que essas pessoas com TDAH desenvolvem comportamentos de oposio e desafio (do contra, recusa por seguir regras e limites), chamado Transtorno Desafiador e Oposio (TDO)

    O TDO comumente evolui para comportamentos antissociais que so bem mais graves, pois, causam danos propriedade alheia e so executados com essa finalidade, no sendo, portanto, comportamentos puramente impensados e acrticos como os causados pelo TDA/H, sem tais comorbidades. Portanto, intervenes adequadas podem representar um grande passo para minimizar o impacto negativo causado pelo TDAH e suas comorbidades vida desses alunos. Para tanto, pais e professores tm papel fundamental no processo de evoluo do aprendizado e na sade mental de seus filhos e alunos.

  • 18 19

    bIbLIOGRAFIA

    1. Arruda MA. Levados da Breca. Editora Marco A. Arruda. Ribeiro Preto, 2006.

    2. Barckley RA, Murphy KR. Transtorno do Dficit de Ateno / Hiperatividade Exerccios Clnicos. Artmed. Rio de Janeiro, 2008.

    3. Camargos Jr.W. & Hounie AG. Manual Clnico do Transtorno de Dficit de Ateno / Hiperatividade. Editora Info Ltda. Belo Horizonte, 2005.

    4. Condemarin M, Gorostegui ME, Milicic N. Transtorno do Dficit de Ateno Estratgias para o diagnstico e a interveno psico-educativa. Editora Saraiva. So Paulo, 2006.

    5. Elkhonon G. O Crebro Executivo: Lobos Frontais e a Mente Civilizada. Rio de Janeiro. Editora Imago, 2002.

    6. Fuster JM. The Prefrontal Cortex. London. Elsevier Ltd, 4a. edio, 2008.

    7. Rohde LA, Mattos P. Princpios e Prticas em TDAH. Rio de Janeiro. Artmed, 2003.

    8. Sena SS, Diniz Neto O. Distrado e a 1000 por hora Anome Livros. Belo Horizonte, 2005.

  • 20

    ANEXO N.1: SNAP-IVNome: Data:

    MTA SNAP-IV

    Questes Nem um pouco Um pouco Bastante Demais

    1No consegue prestar ateno a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos de escola

    ou tarefas

    2 Tem dificuldade de manter a ateno em tarefas ou atividades de lazer

    3 Parece no ouvir quando se fala diretamente com ele/a

    4 No segue instrues at o fim e no termina deveres da Escola, tarefas ou obrigaes

    5 Tem dificuldades para organizar tarefas e atividades

    6 Evita, no gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforo mental prolongado

    7 Perde coisas necessrias para atividades (brinquedos, deveres de escola, lpis ou livros)

    8 Distrai-se com estmulos externos

    9 esquecido em atividades do dia a dia

    10 Mexe com as mos ou os ps ou se remexe na cadeira

    11 Sai do lugar na sala de aula ou em outras situaes em que se espera que fique sentado

    12 Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situaes em que isto inapropriado

    13 Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma

    14 No para ou frequentemente est a mil por hora

    15 Fala em excesso

    16 Responde as perguntas de forma precipitada antes delas terem sido terminadas

    17 Tem dificuldade de esperar sua vez

    18 Interrompe os outros ou se intromete (p.ex: mete-se nas conversas/jogos)

    19 Descontrola-se

    20 Discute com adultos

    21 Desafia ativamente ou se recusa a atender pedidos ou regras de adultos

    22 Faz coisas de propsito que incomodam outras pessoas

    23 Culpa os outros pelos seus erros ou mau comportamento

    24 irritvel ou facilmente incomodado pelos outros

    25 zangado ou ressentido

    26 maldoso e vingativo

    Diagnstico possvel: 6 itens positivos de cada desateno / hiperatividade

    na frequncia Bastante e Demais

    Explicaes do SNAP-IV: At o item 9 sobre desateno Do 10 ao 18 sobre hiperatividade Do 19 ao 26 sobre impulsividade