75
ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA DE PONTE DE LIMA - IPVC 1 de Janeiro de 2010 Elaborado por: João Azevedo Cartografia Digital e Detecção Remota Trabalho Prático

Cartografia Digital e Detecção Remota

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Cartografia Digital e Detecção Remota

ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA DE PONTE DE LIMA - IPVC

1 de Janeiro de 2010

Elaborado por: João Azevedo

Cartografia Digital e Detecção Remota

Trabalho Prático

Page 2: Cartografia Digital e Detecção Remota

1

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

Cartografia Digital e Detecção Remota

Trabalho Prático

João Azevedo

Page 3: Cartografia Digital e Detecção Remota

2

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

Conteúdo ÍNDICE DE FÍGURAS ................................................................................................................ 3

1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4

2 - A CARTOGRAFIA DIGITAL E A GESTÃO DO TERRITÓRIO ..................................................... 5

2.1 – FOTOGRAMETRIA ..................................................................................................... 11

2.2 - FOTOGRAFIAS AÉREAS - FONTE DE DADOS PARA IDENTIFICAÇÃO DA COBERTURA DO SOLO .................... 12

2.3 – FOTOINTERPRETAÇÃO ............................................................................................... 13

2.4 - PROCESSAMENTO DE IMAGENS DIGITAIS .......................................................................... 13

2.5 - GEORREFERENCIAÇÃO DE IMAGENS ............................................................................... 18

3 - MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 19

3.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 19

3.2 GEORREFERENCIAÇÃO DA INFORMAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DOS DADOS .................................... 21

3.3 PRODUÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DA CARTOGRAFIA DE REFERÊNCIA. ......................................... 22

3.4 A FOTOINTERPRETAÇÃO E A CLASSIFICAÇÃO DE CARTOGRAFIA TEMÁTICA (OCUPAÇÃO E USO DO SOLO)... 26

3.5 EDIÇÃO ANALÓGICA DE CARTOGRAFIA ............................................................................. 35

4 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS ................................................................... 39

4.1. – ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO ................................................................................ 39

4.2. AS CONDIÇÕES BIOFÍSICAS. .......................................................................................... 40

4.2.1. PRECIPITAÇÃO.................................................................................................... 41

4.2.2. EVAPOTRANSPIRAÇÃO .......................................................................................... 41

4.2.3. INSOLAÇÃO ....................................................................................................... 42

4.2.4. ESTRATIGRAFIA, TECTÓNICA E LITOLOGIA ................................................................. 42

4.2.5. HIPSOMETRIA ..................................................................................................... 44

4.2.6. VEGETAÇÃO ...................................................................................................... 47

4.2.7. LITOLOGIA E PEDOLOGIA ...................................................................................... 48

4.2.8. A OCUPAÇÃO E USO DO SOLO – FOTOINTERPRETAÇÃO ................................................ 51

4.2.9. OS ELEMENTOS E DINÂMICAS HUMANAS ..................................................................... 58

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 62

6 - BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 65

7 - ANEXOS (PEÇAS DESENHADAS) ................................................................................... 69

ANEXO 1 – CARTA TOPOGRÁFICA ........................................................................................ 69

ANEXO 2 – CARTA EDIFICADO E VIAS DE COMUNICAÇÃO ........................................................... 70

ANEXO 3 – CARTA DE SOLOS .............................................................................................. 71

ANEXO 4 – CARTA DE OCUPAÇÃO DO SOLO (ATRAVÉS DE FOTOINTERPRETAÇÃO) ........................... 72

ANEXO 5 - CARTA DE OCUPAÇÃO DO SOLO (ATRAVÉS DA CLASSIFICAÇÃO AUTOMÁTICA DEFINIDA E COM

BASE EM IMAGENS DO SATÉLITE). .......................................................................................... 73

Page 4: Cartografia Digital e Detecção Remota

3

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

Índice de Fíguras

Figura 1 - Síntese da informação ................................................................................................ 22

Figura 2 - Caracterização das unidades fisiográficas referentes à área de estudo. Fonte: Agroconsultores e

Geometral, 1995. ................................................................................................................. 24

Figura 3 - Formas de relevo. fonte: Agroconsultores e Geometral, 1995. ............................................ 25

Figura 4 - Coeficiente do risco de erosão. Agroconsultores e Geometral, 1995. .................................... 25

Figura 5 - Classificador de informação - maxlike idrisi taiga .............................................................. 28

Figura 6 - Reformat das diferentes bandas da imagem Spot............................................................... 30

Figura 7 - Composição das imagens ............................................................................................ 30

Figura 8 - Representação da segmentação no IDRISI....................................................................... 31

Figura 9 - Segmentação de três Bandas, [a] - segmentação a zero, [b] - segmentação a 20 20 e [c] - segmentação

a 30. .................................................................................................................................. 32

Figura 10 - Segmentação a 30 sobreposta com a falsa cor ................................................................. 32

Figura 11 - FONTE: IGP (2003). .............................................................................................. 33

Figura 12 - Informação relativa à correspondência das áreas de treino ................................................. 34

Figura 13 - Ocupação do solo e segmentação ................................................................................ 37

Figura 14 - Áreas de treino criadas ............................................................................................. 37

Figura 15 - Classificação obtida através do método MAXLIKE .......................................................... 38

Figura 16 - Segmentação da imagem classificada ............................................................................ 38

Figura 17 - Localização da Área de Estudo ................................................................................... 39

Figura 18 - Zonas Climáticas presentes na área de estudo ................................................................ 40

Figura 20 - Balanço Hídrico de Viana do Castelo (Fonte: Azevedo, 2000) ............................................ 41

Figura 19 - Regime pluviométrico de refóios ............................................................................... 41

Figura 21 - Esboço geológico do Alto Minho. Adaptado de: Alves,1996 .............................................. 42

Figura 22 - Carta Geológica de refóios ........................................................................................ 43

Figura 23 - Altitudes verificadas na área de estudo ......................................................................... 44

Figura 24 - Carta de declives .................................................................................................... 45

Figura 25 - Zonamento dos espaços altimétricos ............................................................................ 46

Figura 26 - Carta de aptidão ..................................................................................................... 46

Figura 27 - Graus de Risco de Erosão (Erodibilidade) ..................................................................... 47

Figura 28 - Valores biológicos para a área de estudo ....................................................................... 47

Figura 29 - Tipos de solo da área de estudo .................................................................................. 48

Figura 30 - Modelo Digital do Terreno (MDT) para a área de estudo .................................................. 49

Figura 31 - Ocupação do Solo - 2006 ......................................................................................... 52

Figura 32 - CARTA DE OCUPAÇÃP E USO DO SOLO PARA O ANO DE 2006 ............................... 52

Figura 33 - Cartas de Ocupação e Uso do Solo para os anos de 2000 e de 2005. .................................... 55

Figura 34 - Representação da Ocupação e Uso do Solo para os anos de 2000 e de 2006 ........................... 56

Figura 35 - Elementos Elementos relativos à população ................................................................... 60

Figura 36 - Distribuição da População Residente por Sector de Actividade. Fonte: INE, 2002 ................... 60

Figura 37 - Edificado e Vias de comunicação ................................................................................ 61

Page 5: Cartografia Digital e Detecção Remota

4

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

1 - Introdução

Este trabalho desenvolve-se no âmbito do plano curricular da disciplina de Cartografia Automática e

Detecção Remota do mestrado em Gestão Ambiental e Ordenamento do Território, visando o

desenvolvimento de um conjunto de trabalhos expressos em peças escritas e desenhadas para a

avaliação final da respectiva Unidade.

Nesse sentido os objectivos do presente relatório passam por:

Estudar e aplicar a medição e a representação de objectos e espaços, de acordo com os

princípios da Geodesia e Cartografia, no que se refere à aplicação dos sistemas de projecção

e coordenadas em métodos (in)directos de georeferenciação;

Digitalização em ecrã de captura de informação cartográfica digital, bem como de sensores

digitais aéreos e espaciais (através de imagens aéreas obtidas por Aerofotogrametria e

Detecção Remota); Abordar e desenvolver as normas de classificação e organização de

informação de base segundo os diversos modelos teóricos de sistematização da informação;

Desenvolver os princípios da representação gráfica, da estruturação, produção, uso e

interpretação da cartografia e imagens no âmbito dos processos de comunicação

Pretende-se assim com a realização deste trabalho a elaboração de duas Cartas de Ocupação e Uso do

Solo referentes ao ano de 2006, uma através da fotointerpretação em ortofotomapas com uma resolução

espacial de 0,5m e outra com base na classificação digital de imagens de satélite com uma resolução

espacial 10m (classificação assistida através do algoritmo da máxima verosimilhança) e identificar

também as diferenças existentes entre estes dois métodos.

A fotointerpretação foi realizada com base no software ArcView 9.3 e classificação digital de imagens

com base no software Idrisi versão Taiga, sendo que, todas as saídas cartográficas foram elaboradas com

base no ArcView.

O presente relatório divide-se assim em cinco capítulos, que se agrupam em dois grandes temas. O

primeiro grupo engloba os capítulos 1, 2 e 3, onde se procede à fundamentação teórica, abordando-se as

principais temáticas da cartografia digital e a gestão do território, de carácter essencialmente teórico e

introdutórios, com base na bibliografia proposta, enquanto os capítulos seguintes são referentes à

apresentação e análise de resultados da cartografia desenvolvida nos softwares ArcGis e Idrisi.

Page 6: Cartografia Digital e Detecção Remota

5

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

2 - A Cartografia Digital e a Gestão do Território

O Homem habita num planeta que se traduz num património comum - a Terra. Graças à sua

dinâmica, desde o princípio dos tempos, o planeta tem proporcionado um vasto leque de recursos que

permitiram ao Homem, desenvolver-se e ganhar a batalha em relação às outras espécies que

directamente competiam com ele, quer animais, quer vegetais e, desta forma ocupar o território.

O território, não é mais do que um continuum que nos rodeia, resultado da interacção de um conjunto

de agentes, naturais (clima, relevo, solos, etc.) e sociais (como por exemplo os aspectos culturais de

uma sociedade), manifestado em termos temporais, caracterizado por um conjunto de valores de

diversas variáveis ambientais, numa estrutura complexa, apresentando uma organização que reflecte a

evolução das acções dos diferentes agentes, constituindo uma manifestação de uma organização,

estruturalmente complexa, fundamentada em variáveis locais condicionadas por processos

enquadrados em escalas dinâmicas temporais distintas.

Desta forma, a ocupação do território foi sempre condicionada pelas características de cada local.

Contudo, a percepção dos problemas adventes do uso do espaço pelo Homem e das suas interacções

com o meio ambiente só surgiu, com o crescimento populacional registado sobretudo depois do

século XIX, em que a pressão sobre o território e a utilização dos recursos naturais foi aumentando

cada vez mais. É por esta razão que os estudos de ordenamento e planeamento territorial ganham

cada vez mais importância.

O ordenamento do território pode ser definido como “uma actividade intelectual através da qual são

analisados os factores físicos naturais e socioeconómicos de uma área geográfica, determinando-se as

formas, amplitude e a localização de uso que são consideradas idóneas para cada parte da mesma e

estabelecendo-se as normas para a ocupação do território e utilização dos recursos na área em

questão” (Cendrero, 1982).

Segundo Brown (Brown et al., 1971), “o ordenamento do território consiste em definir áreas que,

pelas características biofísicas, sociais, económicas e culturais, apresentam aptidão preferencial para

determinada actividade humana”, ou seja, para se poder estabelecer o equilíbrio entre a exploração e

a conservação dos recursos naturais é necessário o conhecimento dos vários aspectos do ambiente,

visando desta forma, a organização da distribuição dos usos e funções do espaço, com base na

utilização racional e sustentável dos recursos humanos e naturais, para se proporcionar qualidade de

vida a comunidades ligadas aos diferentes espaços territoriais (Abreu 1989).

Page 7: Cartografia Digital e Detecção Remota

6

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

No entanto, o ordenamento do território não pode ser entendido apenas como uma operação de

distribuição das diferentes actividades no espaço físico, assim como uma operação de

estabelecimento de estruturas urbanas, mas deve ter como objectivo a ocupação humana do território,

estabelecendo-se paisagens ecologicamente equilibradas.

Ordenar a vida humana no território não é construir um puzzle em que cada peça apenas preenche um

espaço vazio inerte deixado pelas peças envolventes (Telles, 1989). Assim, o ordenamento do

território é o resultado das políticas sociais, constituindo simultaneamente uma disciplina científica,

uma técnica administrativa e uma política interdisciplinar e integrada, de forma a se alcançar o

desenvolvimento equilibrado das regiões e a organização física do espaço de uma forma sustentável.

Tem como objectivos fundamentais o desenvolvimento socioeconómico equilibrado das regiões, a

melhoria da qualidade de vida, a gestão responsável dos recursos naturais e a protecção do ambiente e

a utilização racional do território (DGO, 1984).

No entanto, no ordenamento do território há que ter em conta a escala de análise, assim como a escala

operativa uma vez que, estando ligada ao desenvolvimento económico-social e ambiental da

sociedade, constituí uma política abrangente. A sua implementação visa estratégias que se apoiam em

planos interdependentes, com repercussões no processo de decisão. Pelo seu carácter horizontal,

complementam-se com os objectivos da política de protecção do ambiente, contribuindo para o

incremento do nível de qualidade de vida das populações. Contudo, como a escala de actuação

orienta-se a nível regional, ou quando muito supra regional, é necessário operar a nível local, onde se

localizam os maiores problemas que advêm da utilização do espaço e onde se fazem sentir as

políticas nacionais. Dessa forma, cabe ao planeamento fazer esse papel de charneira entre as várias

políticas de ordenamento (Azevedo, 2000).

Uma das facetas do processo de planeamento é a análise e previsão de um grande número de

alternativas e a escolha da solução optimizada (UNESCO, 1977). O planeamento surge assim, como

um processo racional, estratégico e organizado, enquadrado no conceito mais vasto de ordenamento,

em que as previsões devem ser encaradas como um instrumento inerente a este processo (Bau, 1981).

O ambiente é produto das relações entre os processos geo-biofísicos, socioeconómicos e político-

institucionais, que caracterizam as formas da paisagem, sendo por esse motivo importante a

compreensão de como o Homem percepciona a paisagem, pois este facto pode condicionar a sua

actuação e forma de estar sobre a mesma. A paisagem nesse contexto, deve ser compreendida através

da interpretação (baseada nos elementos do mosaico paisagístico – elementos, corredores e matrizes),

depois de compreendida e apreciada (atribuísse-lhe valor) e só depois surge a necessidade de a

proteger.

Page 8: Cartografia Digital e Detecção Remota

7

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

O Homem e as suas actividades têm transformado a superfície Terrestre, as condições atmosféricas e

os ecossistemas aquáticos (Jensen e Bourgeron, 2001). A ocupação do uso do solo é pois considerada

uma condicionante biofísica e humana do território influenciadora do processo de gestão territorial. A

população humana tem aumentado exponencialmente com implicações significativas para a procura

dos recursos naturais, tanto em quantidade como intensidade (Vitousek et al., 1997).

Nesse sentido, revela-se de extrema importância na tomada de decisões relacionadas com

planeamento e ordenamento do território, a produção de cartografia e informação com carácter

razoável de apoio.

A Cartografia constitui per si uma ferramenta comunicativa em que o autor expressa uma mensagem

específica sobre um fenómeno do mundo real, ou simplesmente adquire múltiplas possibilidades de

análise da informação adquirida, comprovando assim as hipóteses que o auxiliem na tomada de

decisões. O estudo dos elementos ou fenómenos que ocorrem num dado espaço geográfico pode ser

representado através de diversos recursos que se diferenciam ao nível do grau de abstracção que cada

um deles permite ao utilizador. Nas legendas das cartas o utilizador consegue reconhecer a situação

ou fenómeno e com base na sua distribuição espacial, na descrição dos elementos que compõe o

mapa e inclusive na capacidade de relacionamento de vários elementos, conseguindo assim, apoiar

rapidamente uma acção e efectuar comparações no espaço e no tempo nas cartas.

Como auxiliador das previsões de actuação e análise do processo de ordenamento do território, os

Sistema de Informação Geográfica, têm um papel fundamental a desempenhar, pois permitem uma

contextualização de escala, de simplificação e produção de informação que de outra forma não seria

possível apenas, como conhecimento da área a planear. As dificuldades e as limitações à construção

de instrumentos de gestão baseados na informação geográfica relacionam-se com a existência e o

acesso a informação de base, a disponibilidade de recursos humanos e os custos associados à

tecnologia (Alonso, et al. 2003)

Nos últimos anos notou-se uma crescente evolução e popularização da utilização da informática em

todos os campos da actividade humana, incluindo as técnicas de geoprocessamento nas diferentes

áreas de pesquisa científica, planeamento urbano, meio ambiente, entre outros.

Presenciou-se o desenvolvimento da cartografia digital por meio de técnicas que têm contribuído para

auxiliar no levantamento e tratamento de informações espaciais e que têm como parte dos seus

produtos finais os mapas gerados em meio digital, com a possibilidade de impressão em formato

analógico. A representação cartográfica também teve que acompanhar essa mudança através de novos

Page 9: Cartografia Digital e Detecção Remota

8

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

padrões e formas, e de tal maneira que possibilitassem a utilização de todo o potencial dos recursos

que esses novos sistemas tinham a oferecer.

A cartografia temática de ocupação do solo é uma ferramenta que se assume essencial em estudos

ambientais, na tomada de decisão ao nível do planeamento e ordenamento do território, e na definição

de políticas de gestão de recursos naturais. Com esta forma de se “fazer cartografia”, pode-se

mensurar a amplitude e distribuição de categorias de ocupação do solo, analisar a interacção entre

várias variáveis, identificar os locais mais apropriados para a localização de determinada actividade e

planificar intervenções em termos futuros (Caetano et al., 2002).

Simultaneamente, estes dados servem de informação de base para a produção de elementos mais

complexos sobre outros temas, que interagem na compreensão e modelagem dos ecossistemas.

Actualmente as questões ambientais acrescem como factores estruturantes no planeamento,

ordenamento e desenvolvimento dos sistemas territoriais (Alonso et al, 2003). Actualmente ao nível

do Planeamento e Ordenamento do Território, aponta-se para a aplicação de estratégias que permitam

a compatibilização entre a conservação e uso de recursos e funções naturais e a promoção dos valores

sócio-culturais. Para possibilitar a implementação destas estratégias é necessário a compreensão do

funcionamento dos sistemas territoriais, por um lado e a criação de instrumentos que apontam para a

organização da informação subjacente a todo o processo, por outro.

A informação relativa ao uso e ocupação do solo, bem como a sua evolução no espaço e no tempo, é

um tema que assume cada vez mais importância no debate sobre o desenvolvimento sustentável. O

seu estudo pressupõe também a consideração de análises espaciais e de análises socioeconómicas.

Desse modo, a informação da ocupação do solo constitui um instrumento privilegiado para a

monitorização das dinâmicas territoriais, permitindo obter-se uma noção da organização da

ocupação/usos do solo e das relações que se geram entre o homem e o meio físico envolvente, sendo

estas constatações importantes para estudos do território.

Os SIG (tradução de GIS: Geographic Information System) permitem captar, organizar, analisar e

editar informação, de acordo com as características tecnológicas e capacidades humanas do sistema.

A utilidade e os benefícios dependem da qualidade e quantidade de informação, das capacidades

analíticas e modelação associadas, o que remete para a organização dos dados e a necessária

manutenção dos fluxos de comunicação entre os utilizadores (Alonso et al, 2003).

O significado de SIG, já gerou discussão no meio científico, pois sua tradução para “sistemas de

informação geográfica” pode levar à crença de que as informações sejam geográficas e, na verdade,

Page 10: Cartografia Digital e Detecção Remota

9

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

nem todas as informações trabalhadas são geográficas, mas o sistema sim, pois os dados são

espacializáveis.

Os Sistemas de Informação Geográfica nasceram a partir da necessidade da cartografia

computadorizada, ou seja, um sistema computacional que suportasse o arranjo de informações em

uma base cartográfica e servem-se das mais variadas fontes para a obtenção de dados: de forma

directa, por meio da aerofotogrametria, do sensoriamento remoto e de levantamentos topográficos, ou

de forma indirecta, a partir de documentos pré-existentes ou dados transferidos a partir de um

software. Tais dados não poderão ser processados directamente num SIG, sem antes passar por uma

adequação e tratamento.

Segundo Câmara e Medeiros (1998), os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) referem-se

àqueles sistemas que efectuam tratamento computacional de dados geográficos, uma vez que os

SIG´s armazenam a geometria e os atributos dos dados que estão georreferenciados. Segundo o

mesmo autor, as definições de SIG reflectem a multiplicidade de usos e visões possíveis desta

tecnologia e apontam para uma perspectiva interdisciplinar de sua utilização.

Os SIG´s incluem um conjunto de recursos tecnológicos, procedimentos e métodos de organização e

uso de informação espacial para responder a necessidades ou aproveitar oportunidades por um grupo

social concreto ou pela sociedade em geral, facilitando a manipulação de um número grande de dados

geográficos, realizando inúmeras funções:

O cruzamento de dados,

Análise estatísticas,

Produção de mapas,

Análise espacial dos dados,

Armazenamento de dados em banco de dados geográficos, entre outros.

Segundo Goodchild (1985), os Sistemas de Informação Geográficos são definidos como a gestão,

análise e manipulação de informação referenciada espacialmente numa síntese de soluções de

problemas. Pode ser indicado como um conjunto de métodos, ferramentas e actividades que actuam

de forma coordenada e sistemática para processar informações, tanto gráficas quanto descritivas das

variáveis com a finalidade de satisfazer diversos propósitos, entre os quais, os sociais, os ambientais,

os económicos e os estruturais. Possibilita assim a identificação da situação pretendida e actual para

definir os cenários e as potencialidades do território, permitindo traçar directrizes.

Fonseca e Borges (1997) ressaltam que a cartografia contextualiza a realidade através de uma

simbologia estática dentro de um universo restrito. Através dela, tem-se definido padrões para

Page 11: Cartografia Digital e Detecção Remota

10

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

representação cartográfica da realidade. Porém “esses padrões de representação, muitas vezes, não

correspondem às unidades lógicas necessárias a processamentos espaciais”. Para um SIG, muitos

desses padrões podem significar uma sequência de traços sem implicação lógica, sendo útil apenas

para representação cartográfica.

Nesse contexto, a forma do objecto espacial é um factor de importância na definição de elementos em

um SIG. Cada objecto pode ser representado de diferentes formas, dependendo da função e das

finalidades que ele exercerá dentro do SIG.

Para Almeida (1994) modelos de dados são representações que generalizam e simplificam objectos e

suas interacções a partir do mundo real, incorporando os conceitos de generalização e simplificação

ao de modelagem. Esses modelos são voltados para implementação de um sistema de informações

passível de ser automatizado.

Para aplicações futuras em SIG, o universo a ser modelado alimenta-se dos mais variados tipos de

dados que, por sua vez, provêm de diversas fontes como, mapas, imagens de satélite, dados de

campo, cadastro, etc. Quando se associam características espaciais ao modelo de dados, passa-se a ter

um modelo de dados espaciais.

Page 12: Cartografia Digital e Detecção Remota

11

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

2.1 – Fotogrametria

Utiliza-se a fotogrametria para a obtenção de informações confiáveis, métricas ou interpretativas,

relativamente ao meio ambiente e objectos físicos nele localizados através de processos que efectuem

o registo, medição e interpretação de imagens fotográficas e padrões de energia electromagnética

radiante e outros fenómenos associados.

A definição de Fotogrametria até a década de 60 era: “ciência e arte de obter medidas confiáveis por

meio de fotografias” (American Society of Photogrammetry). Com o advento de novos tipos de

sensores uma definição mais abrangente de Fotogrametria foi proposta também pela ASP em 1979,

como sendo: “Fotogrametria é a arte, ciência e tecnologia de obtenção de informação confiável sobre

objectos físicos e o meio ambiente através de processos de gravação, medição e interpretação de

imagens fotográficas e padrões de energia electromagnética radiante e outras fontes”.

Embora originalmente a Fotogrametria se ocupasse de analisar fotografias, esta definição actual

também engloba dados provenientes de sensores remotos. Esta definição também inclui duas áreas

distintas segundo Tommaselli (1999):

Fotogrametria (métrica), num sentido mais restrito, referindo-se aos métodos de obtenção de

dados quantitativos, como coordenadas, áreas, etc., a partir dos quais são elaborados os mapas

e cartas topográficas;

Fotogrametria interpretativa que objectiva principalmente o reconhecimento e identificação de

objectos e o julgamento do seu significado, a partir de uma análise sistemática e cuidadosa de

fotografias.

Outra classificação que pode ser adoptada refere-se à participação instrumental para medição e

redução dos dados: os métodos mais antigos de processamento dos dados fotogramétricos requeriam

instrumentos analógicos; era a fotogrametria analógica.

Segundo Tommaselli (1999), a Fotogrametria pode ser:

Fotogrametria aérea (ou aerofotogrametria) é uma subdivisão da Fotogrametria, na qual as

fotografias do terreno são efectuadas por uma câmara de precisão montada numa aeronave.

Fotogrametria Terrestre: quando as fotografias são tomadas de uma posição fixa no terreno

(normalmente conhecida);

Page 13: Cartografia Digital e Detecção Remota

12

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

Fotogrametria Espacial: compreende todos os casos de fotografias ou imagens extraterrestres

e as medições subsequentes, na qual a câmara estiver fixada na Terra, na Lua, num planeta ou

num satélite artificial;

Fotogrametria a Curta-distância: é utilizada na Arquitectura, Medicina, Indústria, Engenharia

e pressupõe a proximidade entre a câmara e o objecto a ser fotografado.

2.2 - Fotografias Aéreas - Fonte de Dados Para Identificação da Cobertura do Solo

De acordo com Temba (2000) a fotografia aérea é um registo instantâneo dos detalhes do terreno que

se determina principalmente pela distância focal da lente câmara, pela altura de voo do avião no

momento da exposição do filme e filtros usados.

Segundo Ricci (1965), o uso de fotografias aéreas como instrumento enriquecido do conhecimento

humano nasceu da necessidade de mapear grandes áreas com economia de tempo e despesas,

iniciando-se durante a 1ª guerra mundial.

Para Garcia (1982), a fotografia aérea tem sido usada intensivamente como um sensor remoto na

identificação e mapeamento dos recursos naturais. Pelo potencial de utilização, as fotografias aéreas

prestam-se como ferramenta de trabalho nos mais diferentes campos, tais como: Geografia, Geologia,

Hidrologia, Ecologia, etc.

O uso de fotografias aéreas verticais dentre os produtos do sensoriamento remoto, tornou-se cada vez

mais frequente nos projectos de levantamentos, planeamento e explorações do solo, principalmente

porque substitui com vantagens outras bases cartográficas, além da riqueza de detalhes que oferece,

eliminando assim as dificuldades de acesso em determinadas áreas, proporcionando uma visão

tridimensional, por aumentar o rendimento e a precisão do mapeamento.

Uma fotografia aérea, não pode ser considerada como um mapa, pois possui variações de escala e

deslocamentos devido ao relevo. Além disso, pode conter distorções causadas pela inclinação da

câmara e pelo sistema de projecção que apresenta. Por meio do controle combinado entre pontos da

fotografia com coordenadas conhecidas, os erros dessas fontes podem ser minimizados. Se variações

do terreno são moderadas e não houver inclinação exagerada da câmara, resultados exactos podem

ser alcançados (Wolf, 2000).

Já a ortofoto é uma fotografia que apresenta a imagem das feições projectadas ortogonalmente, com

uma escala constante. Não apresenta os deslocamentos devido ao relevo e a inclinação da câmara e

por isso é geometricamente equivalente a uma carta.

Page 14: Cartografia Digital e Detecção Remota

13

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

A principal vantagem do uso de ortofotos é a possibilidade de medição de ângulos, distâncias, áreas,

directamente sobre a mesma, já que elas possuem uma escala constante. Além disso, possuem uma

vasta riqueza pictorial permitindo fácil interpretação, e por ser uma fotografia em projecção ortogonal

apresenta uma riqueza de detalhes cartográficos encontrado em cartas.

2.3 – Fotointerpretação

Fotointerpretação pode ser definida como sendo o acto de se examinar imagens fotográficas de

objectos com o propósito de identificá-los e avaliar o seu significado. Ela deve apoiar-se no princípio

da convergência de evidências, segundo o qual vários elementos de reconhecimento levam a uma

determinada conclusão, que provavelmente será a correcta (Colwell, 1952).

Segundo Sousa (2000), as fotografias aéreas mostram apenas a superfície do solo, que muitas vezes

não está visível. Por outro lado, a presença de padrões, tais como os de relevo, drenagem, erosão e

vegetação, permite ao fotointérprete fazer inferências sobre a distribuição dos solos e material de

origem, porém, o trabalho de campo não pode ser substituído completamente.

A fotografia aérea apresenta-se como material de trabalho indispensável no levantamento de solos,

proporcionando ganho de tempo, precisão de limites e real visão global da paisagem com riqueza de

detalhes. Desta maneira, não serve apenas como base cartográfica preliminar, para auxiliar os

trabalhos de campo e traçado de roteiros mais interessantes, mas também possibilita a separação das

unidades de solo directamente sobre ela.

As imagens de satélite comparativamente aos ortofotomapas, são mais fáceis de obter, apresentando

ainda as vantagens de conseguirem abranger uma grande área, apresentando baixos custos de

aquisição e são fornecidas em formato digital, permitindo dessa forma agilizar a produção

cartográfica.

Contudo, a produção automática com base em imagens de satélite poderá ser prejudicada devido a

situações como o facto de diferentes ocupações de solo poderem ter assinaturas espectrais

semelhantes, ou de algumas ocupações de solo e/ou categorias de uso de solo poderem não ser

identificáveis ao nível do pixel (Caetano et al, 2002).

2.4 - Processamento de Imagens Digitais

O geoprocessamento pode ser entendido como a disciplina do conhecimento que utiliza técnicas

matemáticas e computacionais para o tratamento da informação sobre fenómenos geograficamente

identificados (Câmara e Medeiros, 1996). Para Rocha (2000) citado por Dainese (2001), um sistema

Page 15: Cartografia Digital e Detecção Remota

14

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

de geoprocessamento é, geralmente, destinado ao processamento de dados referenciados

geograficamente ou georreferenciados, desde a sua colecta até a geração de saídas na forma de mapas

convencionais, relatórios, arquivos digitais, etc., devendo prever recursos para o seu arquivo, gestão,

manipulação e análise. O geoprocessamento procura abstrair o mundo real, transferindo

ordenadamente as suas informações para o sistema computacional, feita sobre bases cartográficas,

através de um sistema de referência apropriado.

O processo de modelagem de dados espaciais consiste em três etapas (Almeida, 1994). Na primeira

delas tem-se o modelo abstracto e informal, onde ocorre a percepção particular de cada indivíduo

sobre o mundo real. O segundo momento corresponde ao modelo conceptual ou modelo lógico que é

formado a partir da integração de diferentes pontos de vista dos usuários (modelos abstractos

informais). Nesta etapa, define-se o que será necessário para a criação do modelo de dados que será

implantado no sistema. O modelo físico é a terceira e última etapa e consiste na implementação física

de facto do modelo conceptual em um SIG.

Assim, um modelo de dados espaciais reflecte o mundo real por meio de três representações básicas

(Borges e Fonseca, 1996):

- Entidade – representação abstracta de um objecto por meio de representações geométricas no

mapa

- Relacionamento – associação espacial existente entre duas ou mais entidades graças à

topologia;

- Atributos – transcrição da entidade. Pode ser gráfica: simbologia, textura, cor, etc; ou não

gráfica, usada para descrever uma entidade ou um relacionamento espacial entre dados alfanuméricos

no banco de dados do SIG.

Uma das principais causas de erros no mapeamento digital atribui-se à própria característica básica do

mundo real. O mapa digital possui uma representação espacial de maneira lógica, cujas feições

apresentam limites e valores claramente definidos dentro de um sistema. A natureza, por sua vez,

possui características muito heterogéneas e a transição entre certos fenómenos é gradual, ou seja, nem

sempre podem ser delimitados com exactidão. A representação de um objecto por meio de uma linha

ou um polígono implica em uma incerteza na precisão e que nem sempre é discernível no mundo real.

Um mesmo objecto do mundo real pode assumir diferentes formas ou dimensões no processo de

modelagem a fim de atender a diferentes aplicações dentro do sistema. Dependendo da função que

será executada pela entidade, há uma forma dimensional mais adequada a ser adoptada.

Page 16: Cartografia Digital e Detecção Remota

15

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

Segundo Novo (1993), o sensoriamento remoto é a utilização conjunta de modernos sensores,

equipamento para processamento de dados, equipamentos de transmissão de dados, aeronaves, etc.,

com o objectivo de estudar o ambiente terrestre por meio do registo e da análise das interacções entre

a radiação electromagnética e as substâncias componentes do planeta terra nas suas mais diversas

manifestações. Pode ser assim definido, de uma maneira mais ampla directa, como sendo a forma de

se obter informações de um objecto ou alvo, sem que haja contacto físico com o mesmo. Através da

aplicação de dispositivos, as informações são obtidas utilizando-se a radiação electromagnética,

geradas por fontes naturais como o sol e a terra, ou por fontes artificiais como, por exemplo, o radar.

Numa análise mais rigorosa, o sensoriamento remoto mede as trocas energéticas entre aqueles

fenómenos ou objectos com o meio ambiente. Essas trocas energéticas manifestam-se particularmente

por emissão ou modificação de ondas electromagnéticas e perturbações dos campos magnéticos e

gravimétricos.

Para a obtenção de uma imagem de satélite é necessário que o sistema sensor possua mecanismos

para captar, registar e interpretar a REM (Radiação electromagnética) emitida pelo alvo. Segundo leis

físicas, todo corpo acima de 0 K emite energia, portanto essa energia pode ser associada a radiação

electromagnética. Essa mesma energia pode mover-se à velocidade da luz na forma de ondas ou

partículas electromagnéticas e por isso não necessita de meio material para se propagar.

Para Quintanilha (1997), existem diversos aspectos que podem ser abordados em relação à qualidade

em base cartográfica digital. Dentre os principais, estão a qualidade e a confiabilidade dos dados de

entrada do sistema, os processos de conversão e transferência dos dados, a qualidade da base digital

de dados e dos produtos gerados.

Ainda há também o conflito entre cartografia digital e o SIG. Uma mesma entidade, por vezes, pode

ser digitalizada assumindo a forma dimensional de acordo com uma convenção cartográfica, mas essa

mesma representação não pode ser utilizada no SIG.

O processamento digital pode ser entendido como o conjunto de procedimentos relativos à

manipulação e análise de imagens através de computador, compreendendo basicamente a entrada de

dados, o realce (manipulação do contraste), a análise estatística e a geração de saídas que podem ser

imagens em tons de cinza ou coloridas (Quintanilha,1990).

O objectivo principal do processamento digital de imagens, segundo Crósta (1992), é o de remover

barreiras, inerentes ao sistema visual humano (decorrente do grande volume de informações presentes

nas imagens de várias regiões do espectro), facilitando a extracção a partir das imagens. Neste

Page 17: Cartografia Digital e Detecção Remota

16

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

contexto, o processamento digital deve ser encarado como um estágio preparatório, embora quase

sempre obrigatório, da actividade de interpretação das imagens de sensoriamento remoto.

A exigência básica de muitos procedimentos de processamento de imagem é a capacidade de

transformação da imagem entre os estados: contínuo e discreto. Por exemplo, uma imagem contínua

pode ser convertida em dados discretos para análise digital e, em seguida, convertida de volta à forma

contínua para análise visual (Curran,1998).

Os elementos da imagem chamados de pontos de malha e células, respectivamente, que carregam

valores de níveis de cinza associados, são mais frequentemente referidos como pixéis. O valor de

intensidade, ou nível de cinza associado a cada pixel é registado como um número digital ou DN

(Digital Number) (Sousa,2000).

O valor do DN depende do nível de energia electromagnética proveniente da superfície da Terra que

o sensor recebe e do número de níveis de intensidade que tiver sido usado para descrever a escala de

intensidade da imagem. Muitas das imagens de sensoriamento remoto são codificadas em 8 bits, que

representa uma amplitude de intensidade de 256 níveis de cinza, distribuídos no intervalo de 0 a 255,

que deve abranger do mais baixo ao mais alto nível de radiância ou retorno de radar recebidos pelo

sensor (Curran,1998).

As técnicas de pré-processamento referem-se ao conjunto de operações realizadas com o objectivo de

corrigir distorções e degradações dos dados da imagem para criar uma representação mais fiel da

cena original. Nesta fase, algumas correcções podem ser efectuadas, como por exemplo:

Correcção radiométrica: são usadas para eliminar ruídos presentes na imagem e que

influenciam não só seu aspecto, como também o resultado dos processamentos porventura

utilizados. Esses ruídos podem ser causados, por exemplo, pela descalibração dos detectores

do sistema sensor, pela presença de muitos valores fora da sua faixa de detecção, ou ainda,

pela interferência da atmosfera (Quintanilha, 1996);

Correcção geométrica: tem como objectivo minimizar as distorções geométricas provenientes

das características do sensor utilizado e das variações decorrentes do seu movimento durante a

captação da imagem. Este tipo de correcção é feito por programas específicos que têm a

função de organizar os pixéis da imagem em relação a determinados sistemas de projecção

cartográfica, através de técnicas de reamostragem. Segundo Novo (1995), isto implica numa

reformatação da cena em uma base cartográfica, onde são utilizados pontos de controlo no

terreno, facilmente identificáveis na base cartográficos e na cena a ser corrigida

geograficamente. Após o ajuste, é necessário o cálculo dos novos níveis de cinza da imagem

Page 18: Cartografia Digital e Detecção Remota

17

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

corrigida, e este procedimento pode ser executado através dos seguintes processos: alocação

do vizinho mais próximo, interpolação bilinear e convolução cúbica.

As técnicas de realce visam melhorar a qualidade da imagem com relação a aspectos subjectivos de

avaliação do observador, preparando a imagem para posterior interpretação visual. De uma forma

geral, pode-se reunir as técnicas de realce em três conjuntos de operações:

- Manipulação de contraste, filtragem digital e realce espectral descrita a seguir:

Manipulação de contraste: Segundo Quintanilha (1990) esta é a primeira actividade ou

manipulação a ser conduzida sobre a imagem, cujo objectivo é modificar os níveis de cinza de

tal modo que se obtenha um histograma com a forma desejada pelo usuário. A ideia é

redistribuir os valores de níveis de cinza na imagem de modo a melhorar a qualidade da

visualização da informação nela contida.

Filtragem digital: Um conceito importante na filtragem digital é a frequência espacial, que é

dada pela relação entre um pixel e seus vizinhos, estabelecida na transição de um padrão de

comportamento na imagem, para outro. Com base neste conceito, definem-se áreas de altas e

baixas frequências espaciais na imagem. Uma área de altas frequências espaciais é

caracterizada pela mudança abrupta dos níveis de cinza em um número relativamente pequeno

de pixéis (por exemplo, ao cruzar estradas ou limites de campos). Quando os níveis de cinza

variam apenas gradualmente por um número relativamente grande de pixéis tem-se a

ocorrência de baixas frequências (por exemplo, grandes campos agrícolas e corpos de água).

Para eliminar esses efeitos existem filtros específicos.

O objectivo das técnicas de classificação é substituir a análise visual da imagem pela análise

quantitativa dos níveis de cinza, possibilitando o reconhecimento automático de objectos da cena.

A classificação digital procura eliminar a subjectividade do processo de mapeamento temático e

tornar possível a repetitividade do mesmo posteriormente. A maioria das técnicas disponíveis de

classificação digital baseia-se apenas no agrupamento de valores de intensidade espectral (níveis de

cinza), não levando em conta a organização espectral dos pixéis (textura e forma) (Sousa, 2000).

As técnicas de classificação são divididas em: classificação supervisionada e classificação não

supervisionada.

Page 19: Cartografia Digital e Detecção Remota

18

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

Na classificação supervisionada deve-se haver um conhecimento prévio de algumas áreas que se

deseja avaliar, ocasionando a selecção de amostras de treino confiáveis. Nesta técnica, são

identificados alguns pixéis das classes e informados ao computador, ao qual cabe a tarefa de localizar

os demais pixéis daquela classe, baseando-se em algumas regras estatísticas preestabelecidas.

Alguns métodos interactivos mais comuns de classificação supervisionada são a classificação por

paralelepípedo e classificação por Máxima Verosimilhança.

Na classificação não supervisionada, o classificador não utiliza, a priori, nenhum conhecimento sobre

as classes existentes na imagem e define, sem a interferência do analista, a estratificação da cena,

atribuindo a cada pixel uma determinada classe. Neste tipo de classificação, o algoritmo baseia-se na

análise de agrupamentos onde são identificados no espaço de atributos as manchas (clusters)

formadas por pixéis com características espectrais similares (Dainese, 2001).

2.5 - Georreferenciação de Imagens

Convertidas para o formato digital, as fotografias aéreas podem ter suas feições digitalizadas

directamente em tela de forma manual, utilizando-se o cursor do computador. Para isso, dependendo

da precisão requerida para aplicação em mapeamento ou junção de imagens para representar uma

cena completa (mosaico), distorções geradas por actividades dinâmicas dos sistemas sensores

necessitam ser corrigidas e um sistema de projecção cartográfica de referência precisa ser

estabelecido.

Para correcção geométrica, uma das formas pelas quais é calculada a relação entre dois sistemas de

coordenadas se faz através da definição de pontos de controlo no terreno, que devem ser

reconhecíveis tanto no mapa como na imagem (Crósta, 1992).

No caso de fotografias aéreas verticais, a primeira condição exigida é a existência de mapa

planimétrico confiável e em escala adequada na área em questão, visto que os pontos de controle

deverão ser identificados em ambos, imagem e mapa (Crósta,1992).

A forma mais confiável de obtenção de pontos de controlo é através de levantamento de campo,

utilizando métodos geodésicos ou rastreamento de satélites de posicionamento.

Porém, quando existem limitações para o uso destes métodos, a alternativa mais comum é a utilização

de mapas em grande escala como fonte de dados (Delmiro,1996).

Page 20: Cartografia Digital e Detecção Remota

19

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

3 - Materiais e Métodos

3.1 Introdução

A Detecção Remota, enquanto uma ciência, é muitas vezes usada com o intuito de obter mapas

temáticos que representem de forma fidedigna a variável ou processo em análise. Contudo, a

obtenção deste tipo de informação com recurso às técnicas associadas à Detecção Remota não é por

norma um objectivo final, mas sim uma fase de recolha de informação de base para ser integrada num

Sistema de Informação Geográfica (SIG), junto com outros descritores (Alonso et al, 2005).

Do ponto de vista da Ecologia da Paisagem, tanto as relações verticais como horizontais das unidades

espaciais são dois elementos estruturantes da paisagem, bem como as noções escala e tempo. A

Paisagem pode ser entendida como uma porção de espaço, o resultado da combinação dinâmica, logo

instável, de elementos físicos, biológicos, antropogénicos que, reagindo dialecticamente entre si,

tornam a paisagem num conjunto único e indissociável.

Um facto essencial é que “a Teledetecção existe como forma de integrar respostas especialmente

heterogéneas num formato mais facilmente mensurável, ao quantificar respostas espectrais a uma

determinada escala (o pixel). Logo o domínio multi-espectral existe como factor de integração de

fenómenos relacionados com escala” (Quattrochhi 1991). Desta forma, o grão da Paisagem, quando

observado pela Teledetecção enquanto técnica, tem uma escala intrinsecamente definida pela

resolução espacial do sensor, que passa a ser a escala de análise para toda a imagem. Esta

“simplificação” é absolutamente objectiva e homogénea, baseando-se em aspectos físicos e

propriedades de reflectância dos objectos no terreno. Não obstante, quando se passa à avaliação da

paisagem, a escala do sensor, que passa a ser a da análise da paisagem, tem que estar presente na

interpretação e análise dos resultados, pois “…quando encontramos uma mancha representada pelo

mesmo tipo de pixéis designamo-la como homogénea, mas a homogeneidade é uma questão de escala

e não existe na natureza como um padrão estrutural” (Farina, A. 2000).

A Teledetecção constitui uma espécie de memória em que são registadas diferentes camadas de

informação, “somando a história de ciclos sucessivos de comportamento humano à superfície

terrestre. O estrato mais recente não apaga a evidência de fases prévias de actividade” (Comissão

Europeia 2000). A validade na Teledetecção é portanto, absoluta para efeitos de avaliação da

paisagem segundo os métodos e técnicas da ecologia da paisagem.

Embora a validade seja um dado adquirido, existem algumas respostas ao nível da Ecologia da

paisagem, que a Teledetecção contribui, levantando questões como:

Questões Espaciais

Page 21: Cartografia Digital e Detecção Remota

20

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

o O que é que existe? – Uso do solo, coberto vegetal, elementos de paisagem, etc.

o Qual o arranjo distribuição e padrão dos elementos da paisagem? - Heterogéneo,

contínuo, disperso, linear, etc.

o Qual a escala espacial adequada à análise?

Questões temporais

o Qual a dinâmica temporal da paisagem? – Discreta, contínua, aleatória, caótica,…

o Qual o intervalo temporal necessário para a análise? – Curto, médio, longo, multi-

temporal,…

Questões de dinâmica

o Que tipo de processos dão forma à paisagem? – Explícitos, implícitos, naturais,

antrópicos, …

o Qual a natureza desses mesmos processos? – Estática, constante, consistente,

perturbada, …

Ao nível das questões temporais a Teledetecção dá reposta inequívoca às duas primeiras, se

utilizada como meio de uma forma adequada e com uma enorme proximidade, relativamente ao

conhecimento do terreno, à paisagem a analisar. Relativamente às questões de escala mais

adequada, devem ser colocadas antes da escolha do sensor a utilizar. Porém, ao nível da ecologia

a escala poderá não ser a mais adequada, o que não invalida a escolha do sensor. Quanto às

questões temporais, a escolha do sensor e das datas, devem ser efectuados após uma profunda

análise do tipo de ecossistema e dos processos dominantes, de forma a obtermos uma imagem

clarificadora da evolução da paisagem.

Para o presente relatório foram utilizados suportes digitais para possibilitar a interpretação dos

dados como objectivado no protocolo da unidade curricular avaliativa. Foi disponibilizada

informação cartográfica de referência e temática de diversa ordem,

Ao nível do software utilizado para o processamento da informação cartográfica, foi utilizado o

ArcGis 9.31 (preparação da cartografia e a realização da fotointerpretação) e o IDRI

2 versão

1 O ArcGIS é um dos Software SIG desenvolvido pela ESRI (Environmental Systems Research Institute), sendo um sistema simples, integrado e

escalável, organizado por módulos sequenciais, desenhado de forma a cobrir uma vasta gama de utilizações e que apresenta três configurações

base: ArcView – permite explorar, gerir analisar, editar e documentar dados; ArcEditor – apresenta as mesmas funcionalidades que o ArcView

e mais ferramentas que permitem a edição de coverages e todo o tipo de geodatabases; ArcInfo – apresenta todas as funcionalidades anteriores e

também ferramentas de geoprocessamento.

2 O Idrisi é um software SIG que integra uma série de potencialidades direccionadas às aplicações em SIG, nomeadamente para realização de

análises espaciais, processamento de imagens e Geo-estatistica. Apresenta também várias funcionalidades que permitem processar e visualizar os

mais variados tipos de dados, nomeadamente: Geo-referênciação de imagens; fusão de imagens; equalização e modificação de contraste;

transformação de bandas; composição de bandas e também classificação de imagem.

Page 22: Cartografia Digital e Detecção Remota

21

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

Taiga (para a classificação de imagens de satélite). Para a classificação e segmentação da

ocupação do solo foi utilizada uma tabela baseada na Carta de Ocupação do Solo do Alto Minho

referente ao ano de 2006 do IGP.

3.2 Georreferenciação da informação e estruturação dos dados

A informação captada pelas plataformas de Detecção Remota é “muito utilizada de forma

integrada com outro tipo de informação, normalmente e preferencialmente georreferenciada,

exigindo que as imagens apresentem um grau de qualidade geométrica elevado, quer interna

como externa (Alonso et al, 2005). A qualidade geométrica interna está relacionada com a

exactidão representativa da forma dos objectos, sendo assim importante quando as imagens têm

por objectivo o seu uso fotointerpretativo ou quando se pretendem medir comprimentos e áreas.

A qualidade geométrica externa relaciona-se com a precisão com o que é possível sobrepor à

imagem a uma outra representação plana da superfície terrestre, seja um carta ou uma outra

imagem (Fonseca e Fernandes, 2004).

Para o presente relatório a cartografia utilizada e produzida teve como suporte de coordenadas o

sistema: Lisboa Hayford Gauss IGeoE, com projecção de Transversal de Mercator. O sistema de

coordenadas geográficas teve como suporte GCS Datum Lisboa Hayford.

Como inicialmente a informação encontrava-se em diferentes sistemas de coordenadas, o que

impossibilitava o seu adequado manuseamento, um dos primeiros passos consistiu na

estruturação da informação num projecto e a definição do sistema de coordenadas mais

adequado.

As imagens produzidas no software idrisi o sistema de coordenadas de suporte estavam em

D_WGS_1984_UTM_Zone_29N. Aquando da importação da imagem raster produzida no

software idrisi para o ArcGis, houve a necessidade de a georeferenciar para se manter

linearmente a escala de análise.

Na tabela seguinte encontra-se toda a informação utilizada, assim como, as suas

características/coordenadas iniciais e finais.

Page 23: Cartografia Digital e Detecção Remota

22

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

Temas Fonte Escala /

Tamanho Pixel

Formato / Tipo

Sistema Coordenadas Inicial Sistema Coordenadas Final

Informação base

Altimetria IGEOE 1:25000 Vectorial [Linhas]

Datum_73_Hayford_Gauss_IPCC Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE

Edificado IGEOE 1:25000 Vectorial

[Polígonos] Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE -

Hidrografia IGEOE 1:25000 Vectorial [Linhas]

Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE -

Toponímia IGEOE 1:25000 Vectorial [Pontos]

Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE

Limites Administrativos IGP 1:25000 Vectorial

[Polígonos] Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE

Rede Viária (Auto-Estrada) 1:25000 Vectorial [Linhas]

Rede Viária (IC28) 1:25000 Vectorial [Linhas]

Rede Viária (CAD) 1:25000 CAD

[DWG] Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE

Carta de Solos e Aptidão da Terra DRAPN 1:100000 Vectorial

[Polígonos] Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE

Carta de Ocupação do Solo (1990) CNIG 1:25000 Vectorial

[Polígonos] Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE

Carta de Ocupação do Solo (2000) IPVC 1:25000 Vectorial

[Polígonos] Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE

Cartas Militares IGEOE 1:25000 Raster Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE

Imagens Sátelite (XS1, Xs2, Xs3, SWIR, PAN) (2005)

SPOTIMAGE

10 m; 2.5 m Raster WGS84 UTM 29N

Ortofotomapas (2005) IGP 0.5 m Raster Datum_73_Hayford_Gauss_IPCC Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE

FIGURA 1 - SÍNTESE DA INFORMAÇÃO

3.3 Produção e Sistematização da Cartografia de Referência.

Para análise e caracterização da área de estudo torna-se necessário sistematizar e compilar a

cartografia de referência, de modo a possibilitar um conhecimento mais preciso das

características fundamentais da are a estudar e das relações existentes entre os vários elementos

do território e dos sistemas biogeofísicos.

A informação obtida através das cartas

militares revelou-se importante para o

enquadramento da área, tendo-se retirado

elementos como a altimetria e a rede

viária. Porém, para a realização da

cartografia de referência, como por

exemplo a carta topográfica é necessário

obter informação como os limites

administrativos, toponímia, curvas de

nível, rede hidrográfica e edificado.

Para a elaboração de cartografia da rede

viária, foi utilizado informação fornecida em formato CAD, o que obrigou a abrir o projecto

Page 24: Cartografia Digital e Detecção Remota

23

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

CAD no software ArcGis e exportar utilizando os seguintes passos: Shapefile > Data > Export

Data.

Depois de se ter exportado o ficheiro *.dwg, por forma a possibilitar a manipulação da

informação, foi atribuído o sistema de coordenadas definido para a elaboração do trabalho,

nomeadamente, Lisboa_Hayford_Gauss_IGeoE. Foi depois efectuado um «intersect» desta

shape com a do limite da

freguesia, de forma, a que a

informação a trabalhar fosse

correspondente aos limites de

Refóios.

Relativamente à altimetria, a

informação fornecida

inicialmente estava no mesmo

sistema de coordenadas,

Datum_73_Hayford_Gauss_IPCC. Após se ter corrigido este aspecto foi também efectuado um

intersect com os limites da freguesia de Refóios. Porém para a elaboração da carta topográfica

foi também necessário criar uma nova shape file no ArcCatalog. Na tabela de atributos foi criado

um campo com a designação de Cotas, tendo sido introduzido a informação retirada através da

digitalização da Carta Militar.

A análise fisiográfica da freguesia de Refóios foi efectuada baseada nas curvas de nível,

observando-se uma amplitude hipsométrica elevada uma vez que as altitudes vão desde os 10m

até aos 780m.

Para a elaboração da Carta dos Solos foram disponibilizados elementos referentes ao

levantamento dos solos e à avaliação da aptidão da terra para o uso em agricultura, exploração

florestal e silvopastorícia da região de Entre Douro e Minho.

Tendo por base esta informação, foi possível elaborar cartografia temática abrangendo vários

parâmetros, nomeadamente: clima (precipitação e temperatura), litologia, geomorfologia, aptidão

da terra, solos dominantes e riscos de erosão.

Page 25: Cartografia Digital e Detecção Remota

24

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

Unidades

Fisiográficas Litologia Solos Dominantes Relevo Erodibilidade Aptidão

Qa1 Aluviões recentes Fluvissolos Dístricos em aluviões recentes a 1 A1F2

Qgs2 Granitos e rochas afins Regossolos Úmbricos Espessos em regolitos de

granitos s 2 A3F1

Qxo2 Xistos diversos e rochas afins Leptossolos Úmbricos em xistos e rochas afins o 4 A0F3

Qgo2 Granitos e rochas afins Regossolos Úmbricos Espessos em regolitos de

granitos o 2 A0F2

Qgs1 Granitos e rochas afins Antrossolos Cumúlicos Dístricos em granitos e rochas

afins s 1 A2F1

Qgc Granitos e rochas afins Regossolos Dístricos Espessos em regolitos de

granitos e rochas afins c 1 A1F1

Qa1 Granitos e rochas afins Fluvissolos Dístricos em aluviões recentes a 1 A1F2

Qgo1 Granitos e rochas afins Antrossolos Cumúlicos Dístricos em granitos e rochas

afins o 1 A3F2

Qgs1 Granitos e rochas afins Antrossolos Cumúlicos Dístricos em granitos e rochas

afins s 1 A2F1

Qgm2 Granitos e rochas afins Regossolos Úmbricos Espessos em regolitos de

granitos m 3 A0F3

Fgm2 Granitos e rochas afins Regossolos Úmbricos Espessos em regolitos de

granitos m 3 A0F3

Fgo1 Granitos e rochas afins Antrossolos Cumúlicos Dístricos em granitos e rochas

afins o 1 A3F2

Qgo2 Granitos e rochas afins Regossolos Úmbricos Espessos em regolitos de

granitos o 2 A0F2

FIGURA 2 - CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADES FISIOGRÁFICAS REFERENTES À ÁREA DE ESTUDO. FONTE: AGROCONSUL TORES E

GEOMETRAL, 1995.

As formações litológicas apresentam-se agrupadas com base nas características do substrato

rochoso e dos solos desenvolvidos a partir dos materiais delas provenientes enquanto os solos

dominantes constituem associações de famílias, apresentadas pela unidade taxonómica

dominante.

Page 26: Cartografia Digital e Detecção Remota

25

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

Unidades fisiográficas básicas

Descrição

a Baixas aluvionares, planas ou plano-côncavas, desenvolvendo-se ao longo das margens de cursos de água principais, e englobando frequentemente as bases das encostas adjacentes ocupadas por formações coluvionares; os declives destas superfícies raras vezes ultrapassam os 3-4%.

c Cabeceiras de vales, fundos de vales secundários e bases de encostas, definindo situações côncavas ou plano-côncavas, onde dominam as formações coluvionares e englobando por vezes pequenas áreas de aluviões; os declives atingem normalmente os 5-6% podendo por vezes ir até aos 8%.

m Superfícies de relevo muito ondulado ou acidentado, com declives dominantes superiores a 25-30%, mas geralmente inferiores a 40-45%: nas áreas graníticas os afloramentos rochosos são muito frequentes; as áreas cultivadas, sempre terraceadas, têm expressão reduzida e os socalcos são muito estreitos e com muros de suporte altos

o Superfícies de relevo ondulado ou muito ondulado ou encostas com situações planas ou plano-convexas, com declives dominantes em geral entre 15 e 25-30%; nas áreas graníticas são frequentes os afloramentos rochosos, sobretudo em cabeços e formações convexas; as áreas cultivadas estão terraceadas com socalcos de largura variável em função do declive das encostas e da altura dos muros de suporte, mas no geral estreitos.

s Superfícies de relevo ondulado suave a ondulado em vales, planaltos ou encostas com predomínio de formas plano-côncavas ou planas, com declives em geral inferiores a 15%; incluem frequentemente situações de base de encosta ou de fundos de pequenos vales com formações coluvionares, mas não dominantes; o terraceamento (socalcos) é muito generalizado, abrangendo a maior parte das áreas cultivadas.

FIGURA 3 - FORMAS DE RELEVO. FONTE: AGROCONSUL TORES E GEOMETRAL, 1995.

O descritor “Erodibilidade do solo” relaciona-se essencialmente, com determinadas propriedades

hidrológicas entre as quais se destacam a capacidade de infiltração da água das chuvas e a

capacidade de armazenamento, entre outros factores. Esta associação permite-nos determinar o

grau de risco de erosão, através do cálculo da erodibilidade [k] do solo e o declive médio das

encostas [d], sendo este expresso através do coeficiente [e]. Através desta relação e das

limitações do uso e práticas de defesa associadas, foram definidos os graus de risco de erosão:

Graus do Risco de Erosão

Descrição

1 Terras com risco de erosão nulos ou muito reduzidos, sem necessidade de práticas de defesa ou já adoptadas e sem limitações de uso.

2

Terras com pequenos riscos de erosão, aptas para agricultura, com necessidade de práticas muito simples de defesa (faixas de culturas alternadas, revestimento do terreno na época mais chuvosa e, nalguns casos, lavoura segundo as curvas de nível, etc.).

3

Terras com risco de erosão moderados, sem aptidão actual para agricultura, mas podendo, nalguns casos, ser agricultada com cuidados especiais de defesa, nomeadamente culturas segundo as curvas de nível, terraceamentos, etc., com aptidão para exploração florestal e/ou silvopastorícia.

4 Terras com riscos de erosão elevados, sem aptidão para a agricultura e com aptidão marginal para exploração florestal e/ou silvo-pastorícia.

FIGURA 4 - COEFICIENTE DO RISCO DE EROSÃO. AGROCONSULTORES E GEOMETRAL, 1995.

Page 27: Cartografia Digital e Detecção Remota

26

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

Relativamente à Carta de Aptidão da Terra, nomeadamente os seus usos agro-florestais, utilizou-

se para a sua avaliação o sistema, baseado na classificação de diversos usos recomendada pela

FAO. Foram assim considerados diversos princípios básicos, como por exemplo: os usos

específicos, o contexto económico e social e os factores do meio físico (geologia, geomorfologia,

zonagem climática, solos, topografia, coberto vegetal, etc.).

Esta carta é classificada para o uso agrícola [A] e florestal [F], sendo que associado ao uso é

adicionado um algarismo que corresponde a um determinado grau de aptidão, nula [0], marginal

[3], moderada [2] e elevada [1]

3.4 A Fotointerpretação e a classificação de cartografia temática (ocupação

e uso do solo)

A classificação de uma imagem, consiste em assinalar a cada pixel (ou grupo de pixéis) a uma

categoria em função de um critério de classificação atendendo ao conjunto de valores digitais

desse elemento em várias Bandas (valor e resposta espectral).

O estudo sistemático das ortofotomapas envolve um conjunto de características fundamentais

dos elementos representados. As características mais úteis para qualquer tarefa específica e a

forma como são consideradas dependem do campo de aplicação mas, a maioria das aplicações

consideram as seguintes características básicas: tamanho, forma, tom, textura, sombra, padrão,

localização e associação.

Relativamente à tonalidade, este aspecto representa o registo da radiação que foi reflectida ou

emitida pelos objectos da superfície. Independentemente da cor, esta varia de clara (elevada

radiância) a escura (baixa radiância) sendo este o critério que melhor diferenciou, por exemplo,

estratos de vegetação (folhosas/resinosas).

A textura é o resultado do arranjo de vários elementos semelhantes aos presentes na imagem, que

estão numa mesma área ou que, em conjunto, constituem um objecto. Por vezes apresenta

padrões lisos ou rugosos e homogéneos ou heterogéneos, ou uma combinação destes,

possibilitando dessa forma a diferenciação de áreas que apresentem a mesma tonalidade.

O padrão define o arranjo espacial dos objectos que depende do tipo de imagens analisadas e a

sua escala da resolução espacial.

A localização representa a posição relativa do objecto na imagem. Nem sempre é possível, por

exemplo, identificar directamente um curso de água mas pela localização da galeria ripícola que

Page 28: Cartografia Digital e Detecção Remota

27

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

o ladeia, tendo em conta o conhecimento de que esta o acompanha, este pode ser identificado

indirectamente.

A forma indica a disposição espacial dos elementos texturais com propriedades comuns,

podendo se observar em duas dimensões em imagens que não possuem o atributo de

estereoscopia ou em três dimensões em imagens estereoscópicas.

Normalmente é preferível que as fotografias sejam tiradas em condições que permitam obter

sombras pequenas porque, de contrário, existem muitos detalhes úteis para a fotointerpretação

que poderão não ser detectados por se situarem em zonas de sombra. No sentido inverso, a total

ausência de sombra também deverá ser evitada, implicando uma diminuição de contraste numa

fotografia.

Esta classificação passa por um conjunto de fases ou etapas, descritas em seguida:

Preparação – identificação ou definição das classes de informação (categorias), estudo do

terreno, preparação das imagens;

Fase de treino - Definição digital das classes espectrais. Obtenção das classes de valores

(ND da imagem), que identifica cada uma das categorias nas distintas bandas que

intervêm na classificação (assinaturas espectrais).

Fase da Classificação – Assinalar a cada pixel da imagem, uma categoria em função da

sua assinatura espectral.

Fase de Validação – Comprovação dos resultados obtidos no processo de classificação

Após estas fases tem-se em consideração o tipo de classificação, tendo sido utilizado no decorrer

do exercício do presente relatório a classificação Assistida. Este tipo de classificação exige um

conhecimento à priori da imagem a classificar, tendo por base a identificação e localização das

áreas de treino para cada classe de informação. Apesar de este método basear-se também no

trabalho de campo para auxiliar na classificação, foi efectuada apenas a interpretação visual da

imagem, com apoio à análise cartográfica de usos do solo digitalizado no software ArcGis.

As zonas de cobertura do solo assim conhecidas, representando cada classe, servirão para treinar

os algoritmos de classificação (através das características espectrais). Assim, para cada área de

treino calculam-se parâmetros estatísticos multivariados, definindo padrões espectrais, onde cada

pixel é avaliado e assinalado a uma das classes de informação definidas anteriormente segundo a

sua aproximação aos padrões definidos.

Page 29: Cartografia Digital e Detecção Remota

28

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

O modo operativo de definição das áreas de treino, foi efectuado da seguinte forma: foram

digitalizados polígonos de tamanho reduzido sobre a imagem e tendo a atenção de digita-los

espaçadamente para evitar o “efeito fronteira”, traçando os mesmos po lígonos adaptados aos

objectos, ou seja, foram delimitadas sobre a cobertura de ortofotomapas as parcelas que se

distinguiam quanto à utilização e ocupação.

As manchas foram definidas tendo em conta a homogeneidade das parcelas, sendo considerada

uma área mínima fotointerpretável de 0,5 ha, com uma escala mínima de digitalização de

1:3000, compatível com a escala final de edição 1:25000.

A legenda utilizada para a realização da fotointerpretação foi a mesma utilizada para a Ocupação

e Uso do Solo de 2000, sendo que o nível de detalhe apenas se refere às categorias de ocupação.

FIGURA 5 - CLASSIFICADOR DE INFO RMAÇÃO - MAXLIKE IDRISI TAIGA

A classificação de imagens de satélite é então um processo existente para a criação de grupos de

pixéis representativos de categorias de cobertura do solo, onde os pixéis são mais semelhantes

entre si do que entre pixéis de outras categorias.

A classificação de imagens pode-se efectuar através da utilização de processos não assistidos

(não supervisionados) e processos assistidos (supervisionados). As técnicas de classificação não

supervisionada são utilizadas para a criação de grupos naturais com base em dados

multiespectrais, sendo esta a técnica mais utilizada na análise cluster sobre imagens

multiespectrais ou sobre componentes principais.

Page 30: Cartografia Digital e Detecção Remota

29

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

As técnicas de classificação supervisionada são utilizadas para a classificação de entidades

desconhecidas baseadas em objectos ou padrões perfeitamente identificados. As técnicas mais

utilizadas são: o método da distância mínima, a classificação do paralelepípedo, a classificação

gaussiana e a máxima verosimilhança (Aranha e Marques, 2000).

O método de classificação assistida utilizado para a realização deste trabalho baseou-se na

classificação da máxima verosimilhança, que consiste na avaliação da variância e a co-variância

da resposta espectral de cada categoria; assume dessa forma, que a nuvem de pontos de cada

categoria tem uma distribuição normal, onde cada categoria é representada por uma função

densidade de probabilidade e com base nos parâmetros vector das médias e matriz de co-

variâncias das diferentes categorias, pode-se calcular a probabilidade de um pixel pertencer a

uma categoria particular; um pixel pertence a uma categoria quando tem a probabilidade mais

elevada. (Marques e Aranha, 2000).

As imagens de satélite fornecidas para a elaboração do relatório, são imagens Spot, estando estas

já previamente georreferenciadas (WGS84 UTM 29N), não tendo sido por isso necessário

realizar este procedimento assim como o processo inicial de tratamento das imagens,

característico destes processos de classificação. Estas imagens abrangiam uma área geográfica

bastante extensa, muito para lá da área de estudo – Refóios, tendo por isso optado por efectuar

um corte da imagem inicial.

Assim, a imagem foi aberta no ArcGis e sobrepusemos o limite de Refóios. Como esta

informação apresentava um sistema de coordenadas diferente, optamos por projectar no sistema

de coordenadas WGS84 UTM 29N. Depois da sobreposição da informação retirou-se os valores

máximos e mínimos de X e Y (X max = 543038.308 e X min = 533963.452; Y max =

4631962.606 e Y min = 4623667.491), de modo a diminuir o tamanho da informação e a

aproximá-la ao máximo da área total de estudo.

Partindo depois do software Idrisi, aplicou-se a função > Reformat > Window, às quatro bandas

existentes (SWIR, XS1, XS2 e XS3).

Page 31: Cartografia Digital e Detecção Remota

30

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

FIGURA 6 - REFORMAT DAS DI FERENTES BANDAS DA IMAGEM SPOT

FIGURA 7 - COMPOSIÇÃO DAS IMAGENS

Page 32: Cartografia Digital e Detecção Remota

31

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

A composição realizada resultou numa falsa cor, uma vez que foi utilizada a sequência seguinte

de bandas: B – XS1; G – XS2; R – XS3.

O processo de classificação utilizado através da segmentação envolve três passos,

nomeadamente:

A segmentação da imagem, definindo o nível de generalização;

Definição e atribuição das áreas de treino em função da segmentação;

A classificação da imagem em função das áreas de treino pré-definidas.

A segmentação consiste pois na subdivisão da imagem em zonas ou regiões homogéneas e

uniformes em função de um determinado atributo da imagem. Neste processo pode-se definir

qual o tamanho mínimo de cada região. A segmentação é utilizada apenas para a subdivisão da

imagem sem efectuar a identificação ou classificação das unidades geradas.

Foi efectuada para este relatório uma segmentação a 4 bandas uma vez que quantas mais bandas

forem utilizadas neste processo, maior resolução espectral se conseguirá. Segmentação a zero da

figura do lado esquerdo e a segmentação a trinta do lado direito da mesma figura, sendo esta

última a utilizada para a continuação da elaboração do processo.

FIGURA 8 - REPRESENTAÇÃO DA SEGMENTAÇÃO NO IDRISI

Page 33: Cartografia Digital e Detecção Remota

32

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

Procedeu-se depois a outras segmentações, que serviram de comparação entre si e como factor

de escolha sobre a mais indicada para se utilizar; as figuras em baixo representadas mostram as

várias segmentações efectuadas a 3 bandas, como as figuras [a] e [b], apresentavam uma

fragmentação elevada, optamos pela opção [c] - segmentação a 30 a 4 bandas, pelos motivos já

anteriormente referidos.

FIGURA 9 - SEGMENTAÇÃO DE TRÊS BANDAS, [A] - SEGMENTAÇÃO A ZERO, [B] - SEGMENTAÇÃO A 20 20 E [C] - SEGMENTAÇÃO A 30.

Depois da segmentação, procedeu-se à classificação das áreas produzidas ou seja, a definição das

áreas de treino baseadas na segmentação a 30. Pelo facto de na classificação não se obter pixels

isolados, mas sim objectos/áreas, permite a utilização de outras características para além da

informação espectral, sobretudo ao nível da: forma, tamanho, textura, hierarquia e relações de

vizinhança. De realçar também que os inconvenientes gerados do aspecto “matizado” de um

mapa resultante da classificação ao nível do pixel, não se verificam, o que permite evitar

operações de pós-processamento ou generalização. Na figura seguinte está representada a

imagem sobre a qual foram criadas as áreas de treino.

FIGURA 10 - SEGMENTAÇÃO A 30 SOBREPOSTA COM A FAL SA COR

Page 34: Cartografia Digital e Detecção Remota

33

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

Para se proceder à definição das áreas de treino recorreu-se à elaboração de uma legenda similar

à legenda utilizada para a fotointerpretação. Na tabela seguinte estão representadas as categorias

de ocupação tidas em consideração, assim como o identificador correspondente.

Categorias Classes

U UU Tecido urbano

SL SL Espaços verdes urbanos

S

SW Zonas industriais e comerciais

SW Vias de comunicação (rodoviárias e ferroviárias)

SW Zonas portuárias

SW Aeroportos

SW Outras infra-estruturas e equipamentos

JJ

JJ Pedreiras, saibreiras, minas a céu aberto

JJ Lixeiras, descargas industriais e depósitos de sucata

JJ Estaleiros de construção civil

JJ Outras áreas degradadas

C

CC Culturas anuais

CX Sistemas culturais e parcelares complexos

CI Áreas principalmente agrícolas com espaços naturais importantes

CV Culturas anuais + Vinha

CA Culturas anuais + Pomar

CO Culturas anuais + Olival

V

VV Vinha

VC Vinha + Culturas anuais

VA Vinha + Pomar

VO Vinha + Olival

A

AA Pomar de citrinos

AC Pomar + Cultura anual

AV Pomar + Vinha

AO Pomar + Olival

O

OO Olival

OC Olival + Cultura anual

OV Olival + Vinha

OA Olival + Pomar

D DD Medronheiro e outras arbustivas

G GG Prados e lameiros

C C+_0 Culturas anuais + espécie florestal

_+C(1-2) Espécie florestal + culturas anuais

B BB+_ Sobreiro

Z ZZ+_ Azinheira

T TT+_ Castanheiro bravo

N NN+_ Castanheiro manso

Q QQ+_ Carvalho

E EE+_ Eucalipto

F FF+_ Outras folhosas

P PP+_ Pinheiro bravo

M MM+_ Pinheiro manso

R RR+_ Outras resinosas

Povoamento florestal misto (folhosas+resinosas)

I

I+_ Vegetação arbustiva alta e floresta degradada ou de transição

IO Olival abandonado

II1 Pastagens naturais pobres

II2 Vegetação arbustiva baixa – matos

Q/F QQ6/FF6 Vegetação esclerofitica – carrascal

Z/B ZZ6/BB6

J

J+_0 Áreas descobertas sem ou com pouca vegetação

JY Praias, dunas, areias e solos sem cobertura vegetal e rocha nua

__+4 Zonas incendiadas recentemente

H HY Zonas pantanosas interiores e paúls, sapais, salinas e zonas intertidais

HH Cursos de água, lagoas e albufeiras, lagunas e cordões litorais, estuários, mar e oceano

FIGURA 11 - FONTE: IGP (2003).

Page 35: Cartografia Digital e Detecção Remota

34

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

A existência de um número elevado de categorias relaciona-se com um dos objectivos do

trabalho, ou seja a comparação entre a Carta de Ocupação do Solo realizada através da

fotointerpretação e a Carta de Ocupação do Solo obtida através da classificação digital de

imagens de satélite. Nesse sentido as duas legendas devem estar concordantes. Contudo, para

uma apresentação final, estas categorias podem ser agrupadas de forma a permitir um outro tipo

de leitura. Na tabela seguinte está representada a informação sobre a qual coincidiu a definição

das respectivas áreas de treino assim como o seu valor correspondente:

Coluna (c) Linha (r) ID Categorias Coluna (c) Linha (r) ID Categorias

561 518 2 Infra-estruturas 867 175 9 Pinheiro

277 729 2 Infra-estruturas 274 66 9 Pinheiro

58 399 2 Infra-estruturas 140 645 9 Pinheiro

642 617 2 Infra-estruturas 552 575 9 Pinheiro

419 502 2 Infra-estruturas 746 362 9 Pinheiro

378 470 1 Urbano 722 345 9 Pinheiro

288 461 1 Urbano 797 661 9 Pinheiro

31 540 1 Urbano 231 777 9 Pinheiro

738 750 1 Urbano 333 411 9 Pinheiro

782 15 1 Urbano 470 23 10 Outras Resinosas

347 36 1 Urbano 299 283 10 Outras Resinosas

37 102 1 Urbano 493 595 4 Culturas Agrícolas

49 727 3 Água 20 707 4 Culturas Agrícolas

306 670 3 Água 60 72 4 Culturas Agrícolas

865 506 3 Água 452 253 4 Culturas Agrícolas

595 20 8 Inculto 670 71 4 Culturas Agrícolas

456 130 8 Inculto 685 330 4 Culturas Agrícolas

261 570 8 Inculto 641 780 4 Culturas Agrícolas

727 220 8 Inculto 411 489 7 Olival

511 407 8 Inculto 659 215 11 Eucalipto

847 755 8 Inculto 409 788 11 Eucalipto

148 138 8 Inculto 319 270 11 Eucalipto

450 690 15 Áreas Degradadas 566 161 11 Eucalipto

77 751 15 Áreas Degradadas 192 290 11 Eucalipto

745 43 13 Outras Folhosas 445 330 12 Carvalho

87 697 13 Outras Folhosas 899 690 12 Carvalho

100 142 13 Outras Folhosas 815 21 12 Carvalho

569 450 5 Vinha 93 770 12 Carvalho

180 718 5 Vinha 217 161 12 Carvalho

305 515 5 Vinha 45 780 14 Rocha Nua

380 521 6 Pomar 579 42 14 Rocha Nua

FIGURA 12 - INFORMAÇÃO RELATIVA À CORRESPONDÊNCIA DAS ÁREAS DE TREINO

Page 36: Cartografia Digital e Detecção Remota

35

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

3.5 Edição analógica de cartografia

A aquisição de dados sobre a distribuição espacial de propriedades significativas da superfície

terrestre tem sido uma parte importante das actividades das sociedades organizadas. Desde as

civilizações mais antigas até aos tempos modernos, a informação espacial tem sido reunida por

navegadores, geógrafos entre outros, tomando a forma gráfica através dos cartógrafos produtores

de mapas. Inicialmente, os mapas eram utilizados para descrever regiões distantes, como apoio à

navegação e a estratégias militares.

Foi apenas no Séc. XVIII que a civilização europeia atingiu um estado de organização tal que

muitos governos reconheceram o valor da cartografia sistemática dos seus territórios. Foram,

então, criadas instituições governamentais destinadas à cartografia de países inteiros. Estas bem

organizadas instituições continuaram, até hoje, a desenvolver os processos de conversão da

distribuição espacial das características da superfície terrestre em forma de cartas.

Enquanto as cartas topográficas podem ser consideradas como utilização geral, já que não são

concebidas para atingir um objectivo determinado, isto é, podem ser usadas para fins diversos,

cartas como as de solos, meteorologia ou utilização da terra são criadas para fins bem

delineados. Estas são designadas por cartas temáticas, já que contêm informações sobre um

único aspecto ou tema. Para tornar as informações temáticas de fácil compreensão, as cartas

temáticas são desenvolvidas sobre uma base topográfica, pela qual os utilizadores podem-se

orientar.

Até à introdução do computador em cartografia, todos os tipos de cartas tinham um ponto

comum: a base de dados espaciais era um desenho numa folha de papel ou filme. A informação

era registada através de elementos pontuais, de linha e de superfície. Estas entidades geográficas

básicas eram apresentadas com recurso a vários artifícios visuais, tais como símbolos diversos,

cores ou texto, sendo o seu significado explicado em legenda. Actualmente, é tal a necessidade

de informações sobre alterações à superfície da Terra que as técnicas cartográficas convencionais

tornam-se verdadeiramente inadequadas. Por exemplo, para certos tipos de cartas, tais como

cartas do tempo ou da rede de uma companhia telefónica, pode haver necessidade de uma

actualização diária ou mesmo horária, o que é manifestamente impossível na produção manual

de cartas.

Nas últimas décadas, a fotografia aérea e, mais recentemente, as imagens obtidas por satélite –

Detecção Remota – tornaram possível avaliar como a superfície terrestre se vai modificando com

o tempo, acompanhar a marcha lenta da desertificação e da erosão, ou progressão mais rápida

Page 37: Cartografia Digital e Detecção Remota

36

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

dos fogos florestais, das cheias ou das situações meteorológicas. Mas os produtos obtidos a

bordo de aviões ou de satélites não são cartas, no significado restrito da palavra, mas sim

imagens fotográficas ou sequências de dados em registos magnéticos. A informação digital não

está na forma familiar de pontos, curvas ou áreas representando as já reconhecidas e

classificadas características da superfície terrestre, mas sim codificada em células – “pixéis” –

numa matriz bidimensional, que contêm apenas um número indicativo da intensidade da

radiação electromagnética reflectida, numa dada banda. Foi, pois, necessário criar novos

processos para converter aquelas sequências de números em figuras e para identificar os

pormenores mais significativos.

Embora a utilização do computador em cartografia se tivesse iniciado já na década de 60, essa

utilização estava limitada ao desenho automático e à preparação de matrizes para a impressão de

cartas. Para a cartografia tradicional, a nova tecnologia computacional não alterou a atitude

fundamental na produção de cartas – a carta impressa de alta qualidade permanecia como a

principal forma de armazenagem de dados.

Na década de 70, a experiência ganha com o desenho de cartas no computador (CAD) e o

próprio desenvolvimento dos processos informáticos levaram ao reconhecimento das enormes

vantagens da utilização do computador em cartografia:

Produção mais rápida de cartas já existentes;

Produção mais barata de cartas já existentes;

Produção de cartas para fins específicos dos utilizadores;

Permitir ensaios com diferentes representações gráficas do mesmo conjunto de dados;

Facilitar a produção de cartas e a sua utilização quando os dados estão já em forma

digitais;

Facilitar a análise dos dados que exigem uma interacção entre processos estatísticos e a

representação cartográfica;

Minimizar a utilização da carta impressa como forma de armazenagem dos dados e, por

isso, minimizar a utilização da carta impressa como forma de armazenagem dos dados e,

por isso, minimizar os efeitos da classificação e generalização da qualidade dos dados;

Produzir cartas difíceis de desenhar à mão, como, por exemplo, cartas tridimensionais;

A introdução da automatização conduz à modificação de todo o processo de produção de

cartas, com grande redução dos custos e possibilidade de aperfeiçoamentos diversos;

Finalmente, a disponibilidade de informação cartográfica em forma digital fornece uma

base de dados altamente poderosa para análise de diversos problemas espaciais.

Page 38: Cartografia Digital e Detecção Remota

37

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

A definição das áreas de treino teve como base a carta de ocupação do solo realizada por

fotointerpretação, sendo por isso um processo que pode influenciar a qualidade e o rigor do

trabalho final, pelo que, para a sua definição foram tidos em consideração outros factores, tais

como um conhecimento a priori da área a classificar. A imagem seguinte representa a

metodologia adoptada, tendo consistido na sobreposição da segmentação efectuada sobre os

ortofotomapas e a respectiva fotointerpretação anteriormente realizada.

FIGURA 13 - OCUPAÇÃO DO SOLO E SEGMENTAÇÃO

Na imagem seguinte está representada a totalidade das áreas de treino definidas e criadas

utilizando a segmentação 30 através das 4 bandas.

FIGURA 14 - ÁREAS DE TREINO CRIADAS

Page 39: Cartografia Digital e Detecção Remota

38

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

Após este passo efectuou-se uma análise das áreas de treino criadas utilizando as opções

«SIGCOMP» e «SEPSIG», que nos possibilitou a observação das bandas que melhor

identificavam as categorias definidas.

Posteriormente através da opção «MAXLIKE» (classificação assistida através da máxima

verosimilhança) realizou-se o processo de classificação propriamente dito, através da introdução

das assinaturas espectrais criadas e a imagem obtida da segmentação 30.

Resulta assim uma imagem classificada com as categorias de ocupação criadas anteriormente de

acordo com a imagem seguinte:

FIGURA 15 - CLASSIFICAÇÃO OBTIDA ATRAVÉS DO MÉTODO MAXLIKE

Devido à elevada fragmentação que a imagem obtida apresenta, realizou-se depois uma nova

segmentação, através da opção «SEGCLASS», obtendo a configuração, tal como representado

na figura seguinte:

FIGURA 16 - SEGMENTAÇÃO DA IMAGEM CLASSIFICADA

Page 40: Cartografia Digital e Detecção Remota

39

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

4 - Apresentação e análise de resultados

4.1. – Enquadramento Geográfico

A área geográfica, objecto de estudo referente ao

presente relatório abrange a freguesia de Refóios do

Lima, pertencente ao Município de Ponte de Lima,

distrito de Viana do Castelo, com 16,40 km² de área.

Limita a Este com o Concelho de Arcos de Valdevez,

a Norte com a freguesia de Vilar do Monte e a Oeste

com Calheiros e Brandara, sendo que a sul é

delimitada pelo Rio Lima:

Ao analisarmos a cartografia produzida para este

relatório, e iniciando a análise pela carta topográfica,

alguns elementos assumem particular interesse para a

mesma.

A análise e inter-relação dos elementos morfométricos que compõem a bacia hidrográfica são

importantes para a compreensão da forma e dos processos elementares no relevo e na paisagem,

sobretudo no caso do sistema de drenagem, uma vez que a partir da sua análise é possível a

“previsão” de determinados fenómenos.

O desenvolvimento da morfologia depende do tamanho do sistema no espaço e da duração de

tempo considerado. É dessa forma necessário analisar o sistema a diferentes escalas espacio-

temporais, em termos da magnitude e frequência dos processos geomorfológicos, uma vez que a

bacia de drenagem pode apresentar problemas que requerem abordagens e soluções concedidas

em diferentes escalas (Azevedo, 2000).

Outros factores são ainda relevantes como o tamanho da bacia de drenagem, que influencia a

quantidade de água produzida; o comprimento, a forma e o relevo afectam a taxa de água e

sedimentos produzidos; as características e extensão dos canais afectam a eficácia dos

sedimentos e a taxa de água produzida na bacia de drenagem.

Por outro lado, as características topográficas necessitam de ser analisadas numa perspectiva em

que seja perceptível a sua influência na bacia de drenagem mas é igualmente importante

considerar a relação que existe entre as variadas formas e as características. Por exemplo, entre a

forma da bacia de drenagem e a natureza da mesma.

FIGURA 17 - LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Page 41: Cartografia Digital e Detecção Remota

40

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

A densidade da rede é um parâmetro sensível que, em muitas maneiras, providenciam uma

ligação entre a forma e os processos que ocorrem ao longo do curso de água. A densidade é pois

muito importante porque reflecte o controlo da litologia, topografia, pedologia e vegetação e

serve para determinar o tempo de concentração de águas.

A descrição das características da rede de drenagem deve incluir assim, a referência às rochas e

aos sedimentos que se situam no substrato pois ajudam a determinar a natureza e a extensão dos

lençóis freáticos e o tipo de material disponível para a erosão e transporte na bacia de drenagem,

uma vez que é mais importante saber a consolidação e dureza dos materiais do que a sua

natureza.

4.2. As Condições Biofísicas.

O uso e a ocupação são condicionados pelas características naturais, que determinam as

potencialidades de um território. Assim na análise das características biogeofísicas, é necessário

seleccionar critérios que permitam avaliar características ambientais, naturais e físicas presentes

no mesmo.

O clima da região do Minho é resultado da sua

posição geográfica na fachada ocidental do

Continente Europeu e proximidade do Atlântico e a

forma e disposição dos principais conjuntos

montanhosos do noroeste de Portugal. Estes factores

determinam que seja a região mais pluviosa de

Portugal.

A área de estudo localiza-se na Zona da “Terra

Temperada Atlântica” (Q1), caracterizada por uma

temperatura média anual entre 14ºC e 16ºC e uma

amplitude térmica inferior a 20ºC, ou seja, podemos

encontrar Verões relativamente frescos e Invernos

Temperados. As amplitudes térmicas são

relativamente pequenas, reflectindo a proximidade

ao oceano Atlântico.

FIGURA 18 - ZONAS CLIMÁTICAS PRESENTES NA ÁREA DE

ESTUDO

Page 42: Cartografia Digital e Detecção Remota

41

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

4.2.1. Precipitação

O regime pluviométrico da freguesia de Refóios foi inferido a partir dos registos de três postos

udométricos localizados na proximidade da bacia,

os quais foram extrapolados em função da altitude

(Rodrigues, 2006). Estes postos indicam que a

região apresenta valores de precipitação total anual

bastante elevados, com valores acima dos 2000

mm a partir dos 100 m de altitude. Segundo

Gomes (2001), os valores de precipitação na bacia,

com base nos três postos udométricos

considerados, ponderada através do método de

Thiessen, determinam um valor anual médio de

cerca de 1755 mm, variando entre um valor

máximo de 2532 mm e um valor mínimo de 838

mm. A distribuição ocorre de forma desigual ao

longo do ano, com uma precipitação elevada no

Inverno e escassa no Verão. Assim, os meses

mais secos do ano são Julho e Agosto, sendo os meses mais chuvosos Dezembro, Janeiro e

Fevereiro. O decréscimo das precipitações no Verão é próprio dos climas mediterrânicos e sub-

mediterrânicos.

4.2.2. Evapotranspiração

O valor médio da evapotranspiração cultural ronda os 1031 mm, com os valores máximos a

ocorrerem em Julho (153,5 mm) e Agosto (151,3 mm) (Agostinho & Gomes, 2001). A

precipitação ultrapassa a evapotranspiração média anual com valores entre os 700 a 750 mm

(Barrote 1996).

FIGURA 20 - BALANÇO HÍDRICO DE V IANA DO CASTELO (FONTE: AZEVEDO, 2000)

FIGURA 19 - REGIME PLUVIOMÉTRICO DE REFÓIOS

Page 43: Cartografia Digital e Detecção Remota

42

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

4.2.3. Insolação

No que se refere à insolação, de acordo com dados entre 1961 e 1990, a área de estudo recebe

em termos médios anuais menos de 2401 horas. O Noroeste é a região de Portugal Continental

que apresenta os valores de insolação mais baixos (IM, 2005).

4.2.4. Estratigrafia, Tectónica e Litologia

Na Península é possível reconhecer seis unidades geológicas aproximadamente uniformes em

termos estratigráficos, tectónicos, metamórficos e magmáticos (Farias et al., 1987). A área de

estudo pertence à denominada “Zona Central Ibérica”

(ZCI) do Maciço Hespérico e é constituída por granitóides

hercínicos intruídos em metassedimentos deformados do

Silúrico (Dias, 1987).

Os granitos apresentam uma estruturação interna

essencialmente magmática, que lhes é conferida pela

orientação dos megacristais de feldspato potássico e da

biotite, e ainda pela orientação dos encraves

microgranulares. As observações de campo e os dados

estruturais indicam que é o resultado da deformação dos

magmas por achatamento com uma reduzida componente

rotacional, num regime tectónico dominado por uma

componente compressiva sub-horizontal de direcção NE-

SW, sem movimento significativo ao longo do acidente

Vigo-Régua. A instalação dos granitos é compatível com

o regime de tensões na etapa inicial da terceira fase de

deformação hercínica (F3). O acidente Vigo-Régua esteve

activo na fase final da instalação dos granitóides,

atendendo à existência de cisalhamentos dúcteis direitos de direcção média N140° nos maciços

estudados.

A ascensão e instalação dos magmas terão sido facilitadas pela deformação do encaixante

metassedimentar e pela fracturação associada ao acidente, com expansão lateral in situ. Os

granitóides situam-se na Zona Centro Ibérica, ao longo do cisalhamento Vigo-Régua, e são

designados, de Norte para Sul, por granitos de Refoios do Lima, Sameiro, Felgueiras, Lamego e

Ucanha-Vilar. Trata-se de granodioritos a monzogranitos biotíticos com textura porfiróide

(megacristais de feldspato potássico), com encraves microgranulares máficos (cuja frequência

diminui de Sul para Norte), pertencentes ao grupo dos granitóides sinorogénicos biotíticos sin-

FIGURA 21 - ESBOÇO GEOLÓGICO DO ALTO MINHO.

ADAPTADO DE: ALVES,1996

Page 44: Cartografia Digital e Detecção Remota

43

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

F3. Os granitos são constituídos por quartzo + plagioclase (andesina/oligoclase) + feldspato

potássico + biotite + zircão + monazite + apatite + ilmenite ± moscovite. Nos granitos de

Ucanha-Vilar, Lamego e Felgueiras ocorre ainda alanite ± esfena ± epídoto, enquanto no granito

de Refoios do Lima está presente cordierite + silimanite ± turmalima ± granada.

As diferenças geoquímicas, mineralógicas e isotópicas entre os vários granitos excluem a

possibilidade de uma única fonte homogénea para a origem de todos os granitos. A presença de

rochas gabróicas de origem mantélica (manto enriquecido) na região onde ocorre a granito de

Sameiro, de corpos granodioríticos-quartzomonzodioríticos na área de Ucanha-Vilar, bem como

a abundância de encraves microgranulares máficos nos granitos de Ucanha-Vilar, Lamego,

Felgueiras e Sameiro, suportam um modelo de mistura entre um magma básico (possivelmente

mantélico) e um magma crustal félsico. Os dados químico-mineralógicos e isotópicos admitem

como componente crustal um magma equivalente ao granito de Refoios do Lima, provavelmente

derivado de protólitos metaígneos félsicos da crusta inferior. O modelo petrogenético de mistura

está ainda de acordo com as características morfológicas e químicas que os zircões dos granitos

exibem.

Após um processo dinâmico de mistura do tipo “mixing”, os magmas terão evoluído por

cristalização fraccionada, com evoluções internas distintas, à excepção do granito de Sameiro

onde a evolução interna é reduzida. A aplicação de um modelo quantitativo de cristalização

fraccionada aos restantes magmas sugere fraccionamento de biotite + plagioclase ± feldspato

potássico + apatite ± ilmenite, em proporções variáveis para cada granito.

Na área de estudo, podemos agrupar as principais

unidades litológicas da seguinte forma (Rodrigues,

2006):

Metassedimentos de idade do Silúrico;

correspondem a rochas de natureza pelítica e

grauváquica. São dominantes os micaxistos e

micaxistos quartzosos, sendo ainda de referir

a presença de outros tipos de litologia:

quartzitos, xistos grafitosos, quartzitos

grafitosos, intercalações de rochas

calcossilicatadas, rochas anfibólicas e

metavulcanitos ácidos (Dias, 1987). Este

FIGURA 22 - CARTA GEOLÓGICA DE REFÓIOS

Page 45: Cartografia Digital e Detecção Remota

44

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

agrupamento é o mais representativo na área de estudo.

Granitóides hercínicos - Granitos caracterizados pela presença de duas micas, grão

grosseiro e médiofino, tendência porfiróide; o maciço de Arga é constituído por granitos

de duas micas, grão médio a grosseiro e tendência porfiróide fraca; apresenta

cartograficamente uma forma elíptica, cujo eixo maior tem direcção NW-SE;

Depósitos sedimentares (na parte baixa da freguesia junto ao Rio Lima), constituído por

sedimentos detríticos não consolidados que correspondem a depósitos plio-plistocénicos

de terraços fluviais; e aluviões recentes (Quaternário).

4.2.5. Hipsometria

A configuração do relevo determina as variações dos diversos parâmetros climáticos da região,

que por sua vez condicionam tanto o coberto vegetal e as características dos solos, como as

actividades e ocupação humana.

Através do estudo da hipsometria para área de estudo - Refóios, mediante a análise da Carta

Topográfica verificamos uma amplitude

elevada ao nível das classes hipsométricas, na

medida em que estas vão dos 10 até os 780m,

traduzindo-se numa elevada diversidade

paisagística e de ocupação e usos do solo.

Através destas verificamos também que as

zonas de maior declive correspondem de igual

modo às zonas de maior altitude, observando-se

uma redução estratigráfica do mosaico

paisagístico quer natural, quer antrópico. Aliás

a ocupação e uso do solo por actividades e

infra-estruturas antrópicas, estão mais

representadas nas áreas de menor declive e de

menor altitude.

O relevo mantém-se alongado com cotas de 10

m junto ao rio até cerca de 100m nas áreas

edificadas e ocupadas com culturas anuais. Após

FIGURA 23 - ALTITUDES VERIFICADAS NA ÁREA DE ESTUDO

Page 46: Cartografia Digital e Detecção Remota

45

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

este sector central na freguesia, os seus limites a norte, oeste e este apresenta declives acentuados

e atinge cotas de mais de 700 m. No seu máximo de 780 m.

O sector central da freguesia é atravessado por pequenas linhas de água que confluem no rio

Lima. São encostas com vertentes em forma de V e propensas a uma erosão pela acção da água,

originando o arrastamento de nutrientes para os solos com cotas mais baixas, já mais próximos

do rio.

Pode-se referir ainda que grande parte da área de estudo apresenta uma boa orientação solar, uma

vez que maioritariamente está orientada a Sul/Sudeste.

Relativamente às formas e modelação do relevo, verificamos que este apresenta uma

predominância de superfícies muito ondulado ou acidentado, com declives entre 15 e a 25-30%

[o] e [m] respectivamente. Verificamos que estas características são típicas das áreas de maior

altitude, e à medida que se desce em direcção ao Rio Lima, a paisagem altera-se, com o

predomínio de superfícies tipo ondulado suave a ondulado em vales, planaltos ou encostas, com

declives em geral inferiores a 15%, [s],

predominando nestas áreas a actividade agrícola.

Na zona inferior de vale, verificamos uma enorme

variação relativamente aos aspectos

geomorfológicos. Contudo, algumas áreas com

relevo suavemente ondulado a ondulado [s]

(13,78%), predominam situações planas ou plano-

côncavas, com declives em geral inferiores a 15%.

Estes espaços são acompanhados por zonas de base

de encosta, com pequenos vales de formações

coluvionares, sendo o terraceamento nestas zonas

muito generalizado. Ainda com pequena

representação, observam-se cabeceiras e fundos de

vales coluvionares [c], superfícies planas ou muito

suavemente onduladas [p] e fundos de vales aluvionares [a].

FIGURA 24 - CARTA DE DECLIVES

Page 47: Cartografia Digital e Detecção Remota

46

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

Por outro lado o declive é um factor importante na

análise e determinação do risco de erosão,

verificando-se que em áreas com declives mais

acentuados, coincidem também com zonas de maior

altitude, o risco de erosão atinge o grau 3

(erodibilidade), ou seja, Terras com risco de erosão

moderados, sem aptidão actual para agricultura, mas

podendo, nalguns casos, ser agricultada com cuidados

especiais de defesa, nomeadamente culturas segundo

as curvas de nível, terraceamentos, etc., com aptidão

para exploração florestal e/ou silvo-pastorícia. Com

risco de erosão de grau 5, as Terras com riscos de

erosão muito elevados, sem aptidão para a agricultura,

exploração florestal e silvo-pastorícia, encontra-se uma

pequena área na parte sul da freguesia.

Nas zonas onde o declive é mais suave, coincidindo com as zonas de baixa altitude, exceptuando

uma área a Norte da Freguesia, predominam o grau 1 Terras com risco de erosão nulos ou muito

reduzidos, sem necessidade de práticas de defesa ou já

adoptadas e sem limitações de uso, sendo nestas onde

se desenvolve maioritariamente a actividade agrícola.

A aptidão do solo, envolve a comparação entre os usos

agrícola e florestal, para se definir quais os usos mais

ajustados ao aproveitamento do solo, através de um

determinado conjunto de situações.

Relativamente à aptidão do Solo na área de estudo,

verificamos nos locais de maior altitude solos

predominantemente sem aptidão agrícola [A0], mas

com aptidão marginal [F3] e moderada [F2], para a

floresta. Inversamente nos locais com menor altitude

encontramos áreas que apresentam boa aptidão para a

actividade agrícola, nomeadamente [A1] com elevada

aptidão, [A2] com aptidão moderada e o [A3] com aptidão marginal.

FIGURA 25 - ZONAMENTO DOS ESPAÇOS AL TIMÉTRICOS

FIGURA 26 - CARTA DE APTIDÃO

Page 48: Cartografia Digital e Detecção Remota

47

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

FIGURA 27 - GRAUS DE R ISCO DE EROSÃO (ERODIBILIDADE)

4.2.6. Vegetação

Segundo Rivas-Martínez (Rivas et al., 2002) a mais recente tipologia biogeográfica da Península

Ibérica, a área de estdo enquadra-se no Sector Galaico-Atlântica, Sub-região Atlântica

Medioeuropeia, Região Eurosiberiana) e inclui-se, em particular, no Subsector Miniense Litoral

cuja série de vegetação climatófila é, de acordo com

Costa et al. (1998, 2002), encabeçada pelos

carvalhais da associação Rusco aculeati-Quercetum

roboris.

As imediações do vale do rio Lima encontram-se

fortemente perturbadas pela acção humana, um

pouco à imagem do que ocorre em quase toda a

região do Alto Minho, sendo actualmente

dominadas por povoamentos florestais de eucalipto

e pinheiro-bravo, e por manchas mais ou menos

extensas de urzais-tojais. Nas áreas mais ocidentais,

é possível encontrar ainda a presença de formações

densas de acácias (Acacia sp. pl.) enquanto, nas

FIGURA 28 - VALORES BIOLÓGICOS PARA A ÁREA DE

ESTUDO

Page 49: Cartografia Digital e Detecção Remota

48

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

zonas mais interiores é possível observar ainda carvalhais mais ou menos extensos. Podemos

referir que a área de estudo está dividida em 2 grandes zonas: a de planície de cotas mais baixas,

onde a agricultura predomina e a zona intermédia e de cotas mais elevadas, reservada para o

pastoreio e floresta.

4.2.7. Litologia e pedologia

A maior parte dos solos proveio de rochas consolidadas (granitos e xistos), estando

representados no território:

i) Fluvissolos e gleissolos: solos profundos submetidos a inundação cíclica,

primitivamente colonizados por bosques ripícolas e paludícolas (Salici-Populetea,

Alnetea glutinosae);

ii) Regossolos: solos profundos e incipientes derivados de outros materiais que não

sedimentos arenosos ou areias, predominantemente colonizados por matagais

(Cytisetea) e diversos tipos de prados (Molinio-Arrhenatheretea, Nardetea); e

iii) Antrossolos: solos profundamente modificados pelas actividades humanas. O

macrobioclima representado no território é o Mediterrânico. O andar bioclimático que

caracteriza a zona é o Mesomediterrânico Inferior Húmido Inferior. (Beja et al,

2008).

FIGURA 29 - TIPOS DE SOLO DA ÁREA DE ESTUDO

Page 50: Cartografia Digital e Detecção Remota

49

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

Ao verificarmos a carta topográfica, compreende-se que a maior parte da freguesia de Refóios,

localiza-se abaixo dos 300 metros. As curvas

de nível no intervalo 10 – 130 metros ocupam

grande parte da área, estando relacionado com

a situação de vale sobranceira ao rio Lima.

Parte deste espaçamento resulta de terraços

fluviais identificados nas análises anteriores

litológicas e pedológicas. À medida que

“caminhamos” para norte, o espaçamento das

curvas de nível é reduzido, correspondendo à

zona alta limitadora das bacias hidrográficas

das ribeiras instaladas em zonas de factura de

orientação NNE-SSW. Os vales por onde

drenam as ribeiras ligam-se sem dúvida à

tectónica (Teixeira e Medeiros, 1972).

A tectónica de fractura traduz-se por

desligamentos que afectam todas as unidades

do soco hercínico (Ribeiro e Moreira, 1986).

Se fizermos uma análise atenta à configuração da rede de drenagem das bacias actuais na área de

estudo podemos verificar que possuem o mesmo sistema de drenagem, sobressaindo o

paralelismo das fracturas, que associado ainda à presença de terraços fluviais quaternários,

poderá indicar que algumas das fracturas terão sido reactivadas no Quaternário.

Numa análise meramente empírica e com base apenas na carta topográfica, associado aos

estudos geológicos elaborados para o concelho de Ponte de lima, podemos indicar que as

unidades geológicas representadas na área de estudo são:

1 – Moderno: Aluviões actuais (a). Os aluviões ocorrem ao longo dos cursos de água, sobretudo

ao nível da planície aluvial, em áreas relativamente extensas, constituindo depósitos de lodos,

areias e cascalheiras fluviais.

2 – Plistocénico: Depósitos de terraços fluviais (Qa4). Estes depósitos ocorrem escalonados a

diferentes níveis ao longo do Lima, sobretudo ao nível dos 20-25m.

3 – Paleozóico: Silúrico: Xistos e Grauvaques com intercalações de xistos grafitosos e liditos,

com graptolitos, em geral muito metamorfizados, corneanas, xistos andaluzíticos e granatíferos,

FIGURA 30 - MODELO DIGITAL DO TERRENO (MDT) PARA A ÁREA

DE ESTUDO

Page 51: Cartografia Digital e Detecção Remota

50

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

luzentes, etc. (Sa). As bancadas de xisto grafitosas ocorrem em grande número e orientam-se na

direcção NNW-SSE, como todas as rochas do Silúrico (Teixeira e Medeiros, 1972). Os terrenos

do Silúrico contactam com o rochas do Complexo xisto-granito-migmatítico (Xyz) e com rochas

eruptivas, existindo afloramentos complexos de alternâncias de rochas xistentas metamorfizadas

e de granitos, não sendo de excluir a possibilidade de ser um contacto tectónico, uma vez que os

terrenos do Silúrico, parecem estar carreados sobre este complexo (Teixeira e Medeiros, 1972).

4 – Complexo Xisto-Grauváquico ante-ordovícico e séries metamórficas derivadas: Xyz. Os

terrenos deste sistema estão representados por uma faixa xistenta estreita e metamorfizada e

quartzito-conglomerática, Estas formações apresentam uma permeabilidade muito reduzida, uma

vez que não possuem permeabilidade intrínseca, ou quando muito, fraca permeabilidade por

fissuração, excepto “nos casos em que as fissuras importantes, causadas pela tectónica, não

tenham sido colmatadas posteriormente” (Lourenço, 1989). São então os xistos e os grauvaques

que determinam taxas de infiltração muito baixas, resultando dessa forma, coeficientes de

escoamento superficiais elevados.

5 – Rochas eruptivas: Granito - Os granitos tal como os xistos são formações de reduzida

permeabilidade, uma vez que são rochas impermeáveis, excepto quando se encontram fissurados

ao longo das diaclases, contribuem para a organização da rede de drenagem subterrânea, que será

tanto mais importante, quantas mais fracturas existirem nas rochas. Assim, os granitos

contribuem para a ocorrência de taxas de infiltração baixas e pelo contrário, elevados

coeficientes de escoamento superficial.

Pela análise do sistema de drenagem dos cursos de água localizados na área de estudo, é possível

estimar as condições em que determinados episódios ocorreram, no moldar da morfologia das

bacias. A organização da actual rede de drenagem, iniciada no quaternário ocorreu por erosão

remontante, em que os cursos de água aproveitaram as diversas linhas de fragilidade,

ocasionadas pelo contacto tectónico entre os granitos e os xistos.

O comportamento das bacias sob o ponto de vista clima-hidrológico relaciona-se

simultaneamente com as elevadas precipitações registadas, assim como à orientação das bacias,

voltadas para SW sensivelmente, «protegidas» de E a W, que aliado ainda à proximidade do

oceano, estão sujeitas às massas de ar húmidas, daí o facto de se registarem elevadas

precipitações, onde apenas se registam precipitações inferiores a 100mm em cinco meses, três

dos quais correspondem ao período de Verão (Junho, Julho e Agosto), um na Primavera (Abril) e

um de transição Verão/Outono (Setembro). Este facto reflecte-se ao nível da ocorrência de

Page 52: Cartografia Digital e Detecção Remota

51

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

cheias, que ocorrem sobretudo no período de Inverno, contudo, como o regime é de alguma

forma variável, não se registam este tipo de ocorrências em alguns anos.

As características do substrato rochoso das bacias, indica-nos que as rochas têm um carácter

pouco permeável, favorecendo dessa forma o escoamento superficial. Se tivermos em conta a

forma das bacias, assim como as suas características hipsométricas, veremos que o escoamento

terá grande velocidade, traduzindo-se numa elevada torrencialidade.

Assim, pelas características morfoclimáticas associadas à sua localização geográfica e ao tipo de

ocupação do solo, as bacias hidrográficas aqui localizadas, são áreas sujeitas a riscos de cheias e

inundações. Ao terem-se em conta as situações hidrológicas extremas, dá-se um passo

importante para o planeamento e gestão de áreas sujeitas a determinados riscos e dessa forma,

estabelecerem-se programas de prevenção e mitigação das potenciais consequências que podem

resultar para o Homem e para as suas actividades, assim como contribuir para uma mudança de

mentalidades na gestão dos recursos naturais em áreas geograficamente sensíveis.

É evidente que se tratam apenas de projecções, mas na falta de elementos hidrológicos para a

área em estudo, constituem um contributo importante para futuras considerações ao nível do

planeamento desta região, uma vez que “a diminuta importância concedida à análise da evolução

das cheias nas questões mais vastas do ordenamento e da gestão nos espaços ribeirinhos dificulta

a delimitação das áreas inundáveis, o que contribuiu para o aparecimento de situações de ruptura

e/ou de duvidosa sustentabilidade” (Pedrosa e Costa, 1999).

4.2.8. A Ocupação e Uso do Solo – Fotointerpretação

A informação relativa à ocupação do solo, constitui um elemento importante para a

monitorização da dinâmica da região, particularmente no que respeita à evolução de processos de

urbanização/edificação, florestação/desflorestação, expansão/regressão das áreas agrícolas e

incultos. Esta informação permite documentar e esclarecer alguns aspectos da transformação da

paisagem.

A carta de ocupação e uso do solo realizada através da fotointerpretação, como já referido

anteriormente apresenta uma área mínima fotointerpretável de 0,5ha e uma escala de

digitalização de 1:3 000, compatível com a escala final de edição de 1:25000.

Através da análise referente ao gráfico, obtido da carta de ocupação e uso do solo realizada para

a freguesia de Refóios para o ano de 2006, observamos que existe uma predominância de

Page 53: Cartografia Digital e Detecção Remota

52

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

Incultos [I], (33% da área total) e das culturas agrícolas [C], (31% da área total). É de referir que

os incultos situam-se nas zonas mais altas da freguesia.

FIGURA 31 - OCUPAÇÃO DO SOLO - 2006

No processo de formação dos solos de Refóios, as zonas predominantemente sujeitas a processos

de erosão, constituídas por relevos íngremes, especialmente em formas convexas predominam

solos mais delgados, de perfil pouco diferenciado que, nas áreas graníticas, surgem muitas vezes

associados a afloramentos rochosos.

Nas zonas côncavas ou plano-côncavas, que tendem a uma acumulação e redistribuição dos

materiais transportados do alto ocorrem os solos espessos mas que, pela sua juventude, se

apresentam com perfis pouco diferenciados. Quanto aos subsolos, a sua maioria tem um baixo

teor de matéria orgânica e não são tão permeáveis como na camada superior. Por isso, quando

esta é sujeita à erosão, o subsolo não absorve a água da chuva com a mesma rapidez.

FIGURA 32 - CARTA DE OCUPAÇÃP E USO DO SOLO

PARA O ANO DE 2006

Page 54: Cartografia Digital e Detecção Remota

53

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

Com a introdução e expansão da cultura do milho e simultaneamente a verificação de um

aumento demográfico, a partir do século XVII assistiu-se a uma conquista gradual de terrenos de

encosta para a agricultura. Como o milho tinha de ser regado, e para impedir a erosão e

economizar água, armaram-se socalcos: inicialmente socalcos largos em encostas mais suaves;

posteriormente, à medida que as encostas mais íngremes iam sendo ocupadas, socalcos estreitos

e altos muros de suporte, a altitudes mais elevadas (100 a 500 metros) o homem criou uma

morfologia de socalcos, ultrapassando deste modo a pobreza dos solos e o declive das vertentes.

Daqui resultou uma ocorrência notável de solos fabricados ou profundamente modificados pelo

homem e, por esta razão, designados por antrossolos.

No processo de construção de socalcos, com solos de reduzida fertilidade mineral por falta de

argila na sua composição, o aumento da fertilidade orgânica dos mesmos foi outro esforço

fundamental realizado pelas populações. Esta correcção orgânica baseou-se na incorporação no

solo de estrumes produzidos com misturas de dejectos animais e detritos vegetais, associados nas

camas dos animais.

A matéria orgânica incorporada no solo – ao longo de séculos – permitiu que se operassem no

solo dois processos fundamentais com características opostas: (i) um processo de destruição,

conduzindo à decomposição dos resíduos e à sua transformação em compostos minerais

(mineralização), que permitiu restaurar o balanço de nutrientes no solo e assim aumentar a

produtividade das culturas; e (ii) um processo conservador, a humificação, em resultado do qual

se originaram complexos coloidais, relativamente estáveis e resistentes à decomposição (os

complexos húmicos).

Os complexos húmicos contribuíram para a agregação do solo, para a melhoria da sua estrutura e

diminuição da erosão, e para a sua capacidade de armazenamento de água e de nutrientes. Este

aumento da matéria orgânica do solo, onde as elevadas temperaturas e humidade do solo

favorecem a mineralização, compensou a baixa fertilidade mineral do solo, aumentando a

produção das culturas, cujas raízes também contribuíram para a melhoria da estrutura do solo e

para o aumento de matéria orgânica do solo.

Apesar da fertilidade dos solos das encostas socalcadas ter aumentado por virtude do esforço

humano, os solos mais férteis de Ponte de Lima localizam-se ao longo das margens dos rios em

formações aluvionares recentes, com maior expressão no vale do rio Lima. As terras chãs

ribeirinhas correspondem a zonas de acumulação e redistribuição de materiais que, devido às

condições topográficas favoráveis e à disponibilidade em água para rega, oferecem uma elevada

aptidão para culturas arvenses e hortícolas de elevado rendimento.

Page 55: Cartografia Digital e Detecção Remota

54

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

A Carta de Ocupação e Uso do Solo para a freguesia de Refóios permite-nos identificar uma

paisagem fragmentada ao nível das categorias de ocupação.

Quanto à ocupação agrícola [C], observa-se que a sua representatividade encontra-se associada

às classes de menor altitude, estando também associada aos solos com melhor aptidão agrícola,

associado a declives menos acentuados e a baixos factores de erodibilidade, favorecendo as

acessibilidades, e desta forma, o uso de determinados meios importantes à conservação e

manutenção da actividade agrícola.

Os espaços florestais encontram-se associados a zonas de relevo muito ondulado ou acidentado,

com declives entre 15 e a 25%, estando muitas destas áreas envoltas por áreas de inculto,

relativamente ao Carvalho [Q], este apresenta uma certa representatividade (5,5% da área total),

o facto de ser uma espécie autóctone com interesses de conservação é importante a sua

representatividade, por outro lado o Eucalipto [E], espécie considerada exótica apresenta uma

percentagem de ocupação de 4,3% da área total.

Temos ainda algumas manchas de Outras Folhosas [F] (cerca de 3,1% da área total) junto à

principal linha de água existente, o Rio Lima, constituindo desta forma as chamadas Galerias

Ripícolas, que são constituídas maioritariamente por espécies arbóreas de várias espécies

classificadas por outras folhosas. Estas galerias ripícolas apresentam uma função muito

importante para as linhas de água, independentemente da sua dimensão, a de sustentação e

protecção das margens, além do seu contributo para a diversidade do ecossistema ribeirinho

local.

Os espaços Urbanos [U] (8,6% da área total), embora distribuídos por toda a área da freguesia,

apresenta uma maior representatividade junto às áreas agrícolas e de baixa altitude,

desenvolvendo-se principalmente junto às principais redes de distribuição, ou seja Ruas

principais da freguesia.

O processo relacionado com a ocupação do solo não é estático, pelo contrário, encontra-se em

permanente alteração, sendo também o resultado de um conjunto de vastas interacções entre os

mais diversificados indicadores, entre os quais se podem destacar a actividade humana exercida

no território além das condicionantes naturais como altitude, declives e aptidão do solo entre

outros.

Em anos recentes, a prática tradicional da estrumação tem vindo a ser abandonada resultando,

nas zonas de socalcos, em riscos crescentes para o seu futuro. Nestas zonas, nas últimas quatro

décadas, a população agrícola diminuiu repentinamente tal como os usos e as culturas arbóreo-

arbustivas relativamente às culturas arvenses, então tradicionais, como a batata (Solanum

Page 56: Cartografia Digital e Detecção Remota

55

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

tuberosum) e o centeio (Secale cereale) quando a água era escassa, o milho (Zea maiz)

consociado com o feijão (Phaseolus vulgaris) seguido de azevém (Lolium multiflorum), de erva

molar (Holcus mollis) ou de erva lanar (Holcus lanatus) nos locais em que a água era abundante,

ou ainda o trigo (Triticum aestivum) e o linho (Linum usitatissimum), embora com menor

expressão.

FIGURA 33 - CARTAS DE OCUPAÇÃO E USO DO SOLO PARA OS ANOS DE 2000 E DE 2005.

Efectuando-se uma breve análise relativamente à ocupação e uso do solo entre o ano de 2000 e

de 2005, observamos que os espaços Urbanos registam um aumento, e de outras infra-estruturas

e equipamentos.

Verifica-se também um aumento da área de Incultos (espaços com vegetação arbustiva e

herbácea) em detrimento das áreas destinadas à actividade agrícola, em grande parte devido ao já

referido abandono que esta actividade tem estado sujeita nas últimas duas décadas. De registar

que as áreas destinadas à actividade florestal sofreram um decréscimo significativo.

Os solos mais pobres encontram-se nas encostas não socalcadas de média altitude e

essencialmente correspondem a áreas que não dispõem de recursos hídricos, ou a encostas

granitóides convexas e com afloramentos rochosos disseminados. Estas áreas possuem vocação

florestal e são normalmente ocupadas por bouças de matos.

Page 57: Cartografia Digital e Detecção Remota

56

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

É possível constatar que a generalidade dos aluviões recentes, as areias e os sedimentos

detríticos não consolidados, localizam-se a baixa altitude nas margens, ou próximo das margens

do rio Lima e dos seus principais efluentes.

Nas unidades pedológicas de Refoios, predominam os regossolos e os antrossolos, os restantes

solos distribuem-se entre os leptossolos, os fluvissolos, com menor expressão.

Verifica-se a existência do relevo mais acidentado, com a presença de zonas declivosas na parte

norte da freguesia, que coincide com predominância de solos do tipo antrossolos.

FIGURA 34 - REPRESENTAÇÃO DA OCUPAÇÃO E USO DO SOLO PARA OS ANOS DE 2000 E DE 2006

Comparando-se a ocupação e uso do solo entre os anos de 2000 e de 2006, existem algumas

diferenças importantes, nomeadamente, a diminuição das áreas de Pinheiro [P] de 14,6% em

2000 passaram para 4,4% da área total em 2006 (aumento de 10,2%), acompanhadas por um

aumento da área de Incultos [I] de 25,3% em 2000 para 33,2% em 2006 relativamente á área

total (um aumento de 7,9%). Estes valores podem estar relacionados entre si, ou seja a

diminuição do Pinheiro, pode ser justificado devido à ocorrência de incêndios florestais que

durante os últimos anos têm assolado a freguesia e a região no seu todo, existindo uma transição

destas áreas para as de Inculto.

Também é possível verificar-se um aumento das áreas relativas ao Urbano [U], e das áreas

relativas à Vinha [V], em contrapartida verificou-se uma diminuição das áreas destinadas às

culturas anuais [C], quer por abandona da actividade agrícola, quer pelo aumento das áreas

destinadas a construção, ou pela conversão destas em área de Vinha.

O Eucalipto [E] além de não ser uma espécie autóctone, teve um aumento da sua área de

representação, uma vez que em 2000 estava associado a 3,2% da área total e em 2006

apresentava uma representatividade de 4,3% da área total, o facto de esta ser uma espécie de

crescimento rápido e que apresenta uma grande capacidade de regeneração natural, pode

justificar este aumento.

Page 58: Cartografia Digital e Detecção Remota

57

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

A carta de ocupação e Uso do Solo, tendo por base as imagens de satélite tal como as anteriores

apresenta-nos uma imagem fragmentada, sendo que tal expressa a realidade física do território.

Observam-se diferenças comparativamente à carta realizada através de fotointerpretação como

por exemplo, uma menor área destinada à ocupação Urbana.

Em relação às áreas de Inculto, são na sua grande maioria coincidentes nas duas cartas e

localizadas principalmente em zonas de maior altitude, as áreas destinadas às culturas agrícolas

de uma forma geral também se apresentam coincidentes, embora estas se apresentem mais

recortadas. Existe também uma representação das infra-estruturas existente de uma forma

facilmente identificável.

Junto às margens do rio lima, de forma a formar as galerias ripícolas seria de esperar áreas

classificadas como outras folhosas, mas tal não se verifica, pelo contrário existem áreas de

Eucalipto e de Carvalho.

Verifica-se também que as áreas de pinheiro tal como na anterior não são muito representativas,

ao contrário do Eucalipto que tem vindo a crescer em termos de representatividade. As áreas

classificadas como outras resinosas são também superiores nesta ocupação por classificação de

imagens de satélite do que através da fotointerpretação.

Page 59: Cartografia Digital e Detecção Remota

58

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

4.2.9. Os elementos e dinâmicas humanas

O conhecimento da realidade socioeconómica, através do apuramento e análise de indicadores

económicos e sociodemográficos que, ao permitirem interpretar a estrutura e tendências de um

território, permitem fundamentar a definição de uma estratégia de desenvolvimento económica e

social, consonante com a realidade territorial/urbanística e humana, que deverá integrar as

propostas e políticas municipais de ordenamento do território.

A introdução do planeamento estratégico no processo de planeamento e local e de ordenamento

do território surge como uma necessidade de desenvolvimento de metodologias interventivas

para o município, constituindo uma ferramenta de análise prospectiva, na tomada de decisão, de

forma a conduzir eficazmente mudanças de fundo e circunstanciais identificadas num dado

território.

Não é possível, nem desejável, elaborar um relatório como o presente sem deixar de fazer, a

título introdutório, uma contextualização da problemática que nos prende ligando-a, desde logo,

a um âmbito mais vasto – ou não fosse o Vale do Lima, como sistema sócio-económico aberto

que é, influenciável pelos desenvolvimentos ocorridos nas restantes zonas da Região Norte, no

resto do país, na zona de contacto mais frequente com o país vizinho (Galiza) e, a partir daí, na

União Europeia.

Torna-se cada vez mais evidente que a rápida evolução a que as sociedades actuais se encontram

sujeitas, marcada por um contexto de internacionalização e globalização das relações

socioeconómicas, exige que o conhecimento da dinâmica e características territoriais seja cada

vez mais profundo e, sobretudo, A sua operacionalidade e capacidade de difusão e de

actualização assegurem uma eficaz resposta às solicitações colocadas.

De facto, ao nível do ordenamento e gestão do território, importa não apenas ter um

conhecimento tangente do espaço territorial em todas as suas vertentes, desde os aspectos físicos

e naturais aos sócio económicos e culturais, mas igualmente estruturar e organizar eficazmente a

informação, de base ou resultante de tratamentos e interpretações.

Esta é sem dúvida, uma exigência que importa assegurar para que, perante um contexto concreto

e as influências que sobre ele se exercem, tanto a avaliação de alternativas e opções como a

formulação de cenários e a tomada de decisões sejam efectuadas com recurso aos instrumentos

que permitam adoptar as soluções mais adequadas.

Para quem tem a responsabilidade de gerir um território, a disponibilização de informação acerca

de factores como o relevo e geomorfologia, o clima, a geologia e recursos minerais, os recursos

Page 60: Cartografia Digital e Detecção Remota

59

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

hídricos, o solo, o património natural e histórico-cultural, as acessibilidades, a estrutura,

evolução e dinâmicas populacionais, as actividades económicas, a organização funcional e

estrutura urbana, as áreas regulamentares e de protecção ambiental, as comunidades e locais

sujeitos a maiores pressões e impactes, etc., assume cada vez mais um papel fundamental não

apenas nas tarefas processuais correntes, mas principalmente na definição de cenários e na

adopção do planeamento estratégico que antecipadamente permita enfrentar novas realidades e

evitar os estrangulamentos inerentes à ausência de planificação ou à sua concepção estática e

inoperacional.

Por outro lado, é cada vez mais importante que a recolha, organização, tratamento e preparação

para disponibilização da informação não corresponda apenas à resposta a solicitações e

necessidades de carácter imediato e marcadas por grande especificidade, sendo antes

fundamental que naquele processo prevaleça uma perspectiva mais integrada que, para além

daquelas respostas, garanta a maior flexibilidade e contenha potencialidades para corresponder a

solicitações futuras, colocadas em diferentes contextos, perante novas realidades, objectivos ou

estratégias, num quadro de incertezas e rápida evolução que as sociedades actuais enfrentam.

Mas ao carácter estratégico que cada vez mais o planeamento tem que assumir alia-se a

necessidade de lhe conferir uma perspectiva global e integrada, marcada pelo aproveitamento

dos recursos endógenos num contexto de sustentabilidade, pelo reforço de identidades regionais,

pela mobilização dos meios e agentes e pela operacionalidade dos instrumentos que deverão

orientar o ordenamento do território e o desenvolvimento socioeconómico.

Nesta perspectiva, importa realçar que o território é considerado não apenas como o suporte

físico de infra-estruturas e políticas sectoriais, mas como o espaço privilegiado para as políticas

de desenvolvimento integrado e distribuição de actividades e população.

Os factores socioeconómicos de uma determinada população importância para o estudo das

dinâmicas que operam no meio, assim como para os processos de tomada de decisões a nível

social, económico e ambiental. Estes aspectos são também condicionadores do uso e ocupação

do solo, uma vez que influenciam o desenvolvimento das actividades dos indivíduos,

possibilitando de alguma forma a sua permanência ou deslocação para outras localidades, à

procura de melhores condições de vida, provocando desta forma o êxodo que tanto caracteriza as

zonas rurais.

Através da análise do Quadro seguinte verificamos uma diminuição da população residente na

freguesia de Refóios do Lima entre os anos de 1991 e de 2001, reflectindo as características de

Page 61: Cartografia Digital e Detecção Remota

60

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

uma freguesia de interior, em que se observa uma crescente diminuição da população, devido a

factores como a emigração e a imigração.

Des. do Indicador Refóios do Lima Ponte de Lima Unidade Período

Área Total 16.4 320.8 km2 2001

População Residente HM 2282 44343 indivíduos 2001

População Residente H 1056 20990 indivíduos 2001

População Presente HM 2455 43711 indivíduos 2001

População Presente H 1121 20516 indivíduos 2001

Famílias Clássicas Residentes 723 13229 nº 2001

Alojamentos Familiares - Clássicos 1064 18527 nº 2001

Variação 1991-2001 -325

Densidade populacional (N.º/ km²) por Local de residência (à data dos Censos 2001); Decenal

138,73

FIGURA 35 - ELEMENTOS ELEMENTOS RELATIVOS À POPULAÇÃO

No que respeita à distribuição da população residente e por sector de actividade verificamos que

o sector de actividade que predomina é o sector secundário, como a construção civil e obras

públicas, seguido do sector terciário. O sector primário tem assistido a uma grande diminuição

da população activa devido essencialmente ao crescente abandono da actividade agrícola por

parte da população mais jovem, que procuram melhores condições de vida.

Sector de actividade económica

Total N.º Sector primário Sector secundário Sector terciário (social e

económico)

794 149 408 237

FIGURA 36 - DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO RESIDENTE POR SECTOR DE ACTIVIDADE. FONTE: INE, 2002

Ao analisarmos a carta de Edificado e Vias de Comunicação verificamos que o “grosso” dos

elementos urbanos edificados localizam-se nas cotas baixas da freguesia, nas zonas mais planas

próximas das vias de comunicação e do Rio Lima. À medida que as altitudes vão “subindo”

verificamos que a presença humana faz-se sentir de forma mais difusa.

Os elementos que reflectem as dinâmicas humanas compreendem toda a malha viária e áreas

edificadas para habitação. A freguesia apresenta-se como freguesia com densidade populacional

rural cujos povoados existem em regra no sector central. Ou seja, entre as encostas a norte, este e

oeste e o rio que limita a sul a freguesia, cujas áreas são muito húmidas e pouco adequadas a

habitação. Assim, pela sua desocupação junto ao rio, permitiu o atravessamento por um itinerário

Page 62: Cartografia Digital e Detecção Remota

61

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

principal, IC 28 e uma pequena parte ocupada pela A3 e respectivos nós de ligação. As vertentes

com maior declive encontram-se por regra desocupadas de construção e são atravessadas por

uma intensiva malha de rede viária municipal e caminhos rurais que ligam os vários povoados da

freguesia entre eles e a outros povoados de freguesias contíguas.

FIGURA 37 - EDIFICADO E V IAS DE COMUNICAÇÃO

Page 63: Cartografia Digital e Detecção Remota

62

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

5 - Considerações finais

Nos últimos anos temos assistido a uma evolução na forma de conceber o ordenamento das

actividades humanas no território e na gestão dos recursos naturais disponíveis. Contudo são

ainda cometidos erros, muitas vezes grosseiros, ao nível do planeamento regional e local nos

processos de transformação operados na paisagem e nos usos do território, criando por vezes

determinadas situações irreversíveis que condicionam a sua (re)qualificação ambiental e

(re)integração dos espaços naturais no meio urbano.

Os processos de urbanização causam por vezes alterações dos equilíbrios biofísicos. Dessa forma

é necessário reapreciar os conceitos e as formas de intervenção no território, estabelecendo-se

estratégias e metodologias ajustadas às particularidades espaciais de cada parcela do território,

seja urbano, rural ou de transição. Assim, é extremamente importante considerar a componente

ambiental no processo de planeamento complementando ainda a avaliação dos impactes

ambientais, consagrando pois, uma preocupação de gestão do espaço territorial onde os valores

ambientais são uma referência permanente e a requalificação dos espaços urbanos um objectivo

principal.

O que leva a regulamentar, nos instrumentos de planeamento, propostas para os usos e a

preservação do território no decorrer dos processos de urbanização, tendo em atenção a natureza,

localização e dimensão das intervenções. Para isso os actos de planeamento devem conter as

respostas para questões que se neste domínio colocam.

As actividades humanas implantadas na área de estudo alteram as características morfológicas,

ao nível da permeabilidade dos solos e do coberto vegetal, que protege o solo da acção directa da

chuva e através das suas raízes, forma uma rede que retêm as partículas do solo, retardando a

velocidade de escoamento da água e dessa forma, reduzindo a sua energia cinética e o seu poder

erosivo. Uma vez quebrado o equilíbrio natural, aumenta o poder destrutivo dos agentes

erosivos, que ao arrastar quantidades elevadas de sedimentos, vai provocar o assoreamento dos

cursos de água, condicionando a ocorrência de cheias.

O zonamento Geoambiental subsidia o planeamento ambiental do uso e ocupação de terras, e a

optimização do uso dos recursos naturais, indicando as potencialidades e/ou limitações do meio

físico e as suas condições para sustentabilidade de acordo com os diversos interesses

económicos. Por meio da integração e compartimentação de características oriundas do meio

físico, é possível estabelecer condicionantes que estão em equilíbrio/desequilíbrio actual,

Page 64: Cartografia Digital e Detecção Remota

63

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

facilitando uma melhor indicação ou orientação quanto à ocupação, procurando minimizar e

recuperar os ambientes de acordo com a capacidade de suporte.

Os estudos realizados por meio de levantamentos integrados dos recursos naturais, utilizando

técnicas de Sensoriamento Remoto e SIG, são importantes para a adopção de procedimentos

metodológicos para conduzir à delimitação de unidades geoambientais.

Por meio da interpretação de dados de drenagem, altimetria em imagens de satélites é possível

analisar e avaliar deformações morfotectónicas, identificando falhas e fracturas, fundamentais na

diferenciação de áreas instáveis e consequentemente, potenciais da erosão natural.

A densidade ou intersecção dessas estruturas e o seu grau de fractura, proporcionam a

identificação da espacialização das concentrações. A morfoestrutura com as deformações do tipo

estrutural, é outra análise fundamental no zonamento geoambiental, e quando associados às

formas topográficas do relevo contribuem para melhor planear obras de engenharia e recursos

agrícolas, enfatizando a importância de diferentes usos, para diferentes ambientes.

A Sistemática de zonamento geoambiental é muito eficaz, como parte do processo de

planeamento do uso dos solos, permitindo analisar e ordenar as características naturais do meio

ambiente, tendo como ponto de partida da análise da sua estrutura.

A Detecção Remota, enquanto uma ciência, é muitas vezes usada com o intuito de obter mapas

temáticos que representem de forma fidedigna a variável ou processo em análise. Contudo, a

obtenção deste tipo de informação com recurso às técnicas associadas à Detecção Remota não é

por norma um objectivo final, mas sim uma fase de recolha de informação de base para ser

integrada num Sistema de Informação Geográfica (SIG), junto com outros descritores (Alonso et

al, 2005).

Pelo facto de termos efectuado a comparação de dois resultados obtidos através de diferentes

métodos, permitiu-nos tirar algumas conclusões relativamente à informação utilizada e à

informação obtida, ou seja a comparação entre a carta de ocupação e uso do solo através da

fotointerpretação e a ocupação e uso do solo através da classificação digital de imagens, além de

possibilitar uma análise relativa à ocupação e estudo das dinâmicas ocorridas no território,

possibilita a interpretação do grau de pormenor. Uma vez que os ortofotomapas utilizados

apresentam um pixel de 0,5m e as imagens de satélite 10m, associado ao facto de apresentarem

escalas diversas, direcciona-nos para o grau de pormenor apresentado nestas duas cartas de

ocupação, ou seja através da fotointerpretação apresentamos uma carta mais detalhada e com um

Page 65: Cartografia Digital e Detecção Remota

64

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

grau de pormenor mais elevado, enquanto, através da classificação de imagens de satélite o

pormenor é menor e existe uma maior agregação de informação.

O facto de o resultado final por classificação digital de imagem, representar uma imagem

fragmentada, com os limites mais rígidos, ao contrário da restante informação, pode-se

relacionar também devido aos diferentes formatos que estas apresentam, enquanto uma se

apresenta em formato raster, a outra apresenta formato vectorial, o que pode induzir a uns limites

moldados de acordo com a real ocupação do solo.

Uma das vantagens associadas às imagens de satélite é o facto de estas abrangerem uma área

superior à dos ortofotomapas, sendo que a sua escala é também superior, uma vez que a distância

em que estas imagens são captadas também diferem entre si, logo estes factores vão também

condicionar o grau de informação presente em cada uma delas, informação que pode também ser

influenciada pela sua resolução, ou seja o tamanho do pixel, regra geral é superior nas imagens

de satélite do que nos ortofotomapas.

Considerando-se as potencialidades da utilização de Sistemas de Informação Geográfica,

associadas ao facto de que uma informação de maior qualidade conduz, inevitavelmente, a

decisões mais fundamentadas e ajustadas à realidade está na base dos SIG se tornarem uma

ferramenta indispensável nas mais diversas áreas de trabalho e em especial na análise dos

sistemas biofísicos.

Page 66: Cartografia Digital e Detecção Remota

65

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

6 - Bibliografia

ABREU, A. CANCELA (1989) - Caracterização do Sistema Biofísico com vista ao Ordenamento do

Território. Universidade de Évora. Dissertação de Doutoramento, pp. 6-72.

AGROCONSULTORES E GEOMETRAL, (1995) - Carta dos Solos e Carta da Aptidão da Terra

de Entre Douro e Minho. Direcção Regional de Agricultura entre Douro e Minho – DRAEDM.

Lisboa. 151p.

ALMEIDA, O. (1994) - Modelos de dados espaciais, Aplicações em sistemas de Informações

Geográficas. Dissertação de Mestrado. São Paulo, 104 pp.

ALONSO, J.M., PAREDES, C., CALDAS, B.M. (2005) – Sebenta de detecção remota – Instituto

Politécnico de Viana do Castelo. Escola Superior agrária de Ponte de lima, 103 p.

ALONSO, J.; BARRETO, D.; BRITO, N.; PIRES, J.; CARNEIRO, S.; VALIN, I.; SOUSA, M.;

REY-GRAÑA, J.; SANTOS, S.; PAREDES, C. (2003) - Planos de reconstrução agro-silvo-pastoril

para áreas de montanha; S. Lourenço de Montaria (Viana do Castelo); Cabração (Ponte de Lima);

Ermelo (Arcos de Valdevez) e Germil (Ponte de Barca). Projecto VALMONT - Valorizar as Áreas de

Montanha:, pp 196 e Anexos.

ARANHA, J., MARQUES, C. P., (2000) - Apontamentos de detecção Remota. UTAD, Vila Real.

AZEVEDO, J. (2000) – O Estuário do Lima – contributos para o planeamento de áreas ribeirinhas.

Universidade do Minho: 171 p.

BARROTE, I. (1996) - O Entre Douro e Minho agrário – Bases para a definição de uma realidade.

Ed. Divisão de Informação e Relações Públicas da DRAEDM – Formação profissional agrária: 22,

Braga; pp. 2-19

BAU, JOÃO, (1981) - Seminário informação sobre recursos hídricos e investigação urbana e

regional. Departamento de Engenharia Civil, faculdade de Ciências e Tecnologia - Universidade de

Coimbra, 14 p.

BEJA, P. (2008) - Plano de Ordenamento e Gestão da Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos

e São Pedro de Arcos 1ª Fase, 91 p.

BROWN, L. JR.; FISHER, W. L.; EXLEBEN, A.W.; MCGOWEN, J. H. (1971) – Resource

capability units. Their utility in land-and-water use management with examples from the Texas

Page 67: Cartografia Digital e Detecção Remota

66

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

coastal zone. Geological Circular 71 - 1, The University of Texas at Austin Bureau of Economic

Geology, USA, p. 22.

CAETANO M., SANTOS T., GONÇALVES L., (2002) - Cartografia de Ocupação do solo com

Imagens de Satélite: estado da arte. Site disponível: Instituto Geográfico Português.

URL:http://www.igeo.pt/IGEO/portugues/Novidades_eventos/eventos/esig2002/p092.pdf.

Consultado em 2 de Fevereiro de 2010.

CAMARA, G., (1996) - Anatomia de um sistema de Informações Geográficas. Editora Unicamp,

Campinas, 193 p.

CENDRERO, A. (1982) - Técnicas y instrumentos de análisis para la evaluación, planificacion y

gestión del medio ambiente. Fascículos sobre medio ambiente, série opiniones, n.º 6, CIFCA, Madrid,

p. 67.

COLWWELL, R.N. (1952). Photographic interpretation for civil purposes. In: American Society of

Photogrammetry. Manual of Photographic Interpretation. 2.ed. Washington, p. 535-602.

COMISSÃO EURPEIA (2000) – Mediterranean Desertification – research results and policy

inplications – proceedings of the international conference, 29th

October to 1st November 1996, Crete,

Greece, Volume 2, 615p.

COSTA, J.C.; AGUIAR, C.; CAPELO, J.H.; LOUSÃ, M. & NETO, C. (1998) - Biogeografia de

Portugal Continental. Quercetea, pp. 5-56.

COSTA, J.C.; ESPÍRITO-SANTO, M.D.; LOUSÃ, M.; RODRÍGUEZ GONZÁLEZ, P.M.;

CAPELO, J.H. & ARSÉNIO, P. (2002) - Flora e vegetação do Divisório Português – Excursão

Geobotânica ao Costeiro Português, Olissiponense e Sintrano. Actas do VII Simpósio da Associação

Ibero-Macaronésica de Jardins Botânicos: pp. 249-340.

CRÓSTA, A.P. (1972) - Processamento Digital de Imagens de Sensoriamento Remoto. Campinas:

GI/UNICAMP. 170p.

CURRAN, P. J. (1998) - Principles Of Remote Sensing. London: Longman, pp. 11 - 74

DAINESE, R.C., (2001) - Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento Aplicado ao Estudo

Temporal do Uso da Terra e na Comparação Entre Classificação Não-Supervisionada e Análise

Visual. (Dissertação) – Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Ciências Agronômicas, pp. 5 –

43.

Page 68: Cartografia Digital e Detecção Remota

67

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

DELMIRO, M.A.T.(1996) - Mosaico de Imagens Para Sistemas de Informações Geográficas. In:

Semana Estadual de Geoprocessamento. Rio de Janeiro. “ Geoprocessamento: Mito & Realidade”,

pp. 2-11

DGO (1984) - Carta Europeia do Ordenamento do Território. Conferência Europeia dos Ministros

Responsáveis pelo Ordenamento do Território, Conselho da Europa. Direcção Geral do

Ordenamento, MQV, SEA, Lisboa.

DIAS, G. (1987) - Mineralogia e Petrologia de Granitos Hercínicos Associados a Mineralizações

Filonianas de Sn-W (Minho, Portugal). Tese de Doutoramento. Universidade do Minho.

FARINA, A. (2000) – Landscape Ecology in Action. – Dordrecht, Kluwer Academic publishers,

317p.

FONSECA, F. T., e BORGES, K., (1997) - Cartografia Automatizada e Geoprocessamento – Opção

ou Conveniência In CD-ROM GIS Brazil ’97. Curitiba, pp 6-59.

FONSECA, A. D.; FERNANDES, J. C., (2004) - Detecção remota - Radiação electromagnética,

sensores orbitais, processamento de imagens e aplicações. LIDEL - Edições Técnicas Lda, Mafra,

224pp.

GARCIA, G.J., (1982). Sensoriamento Remoto “Princípios de Interpretação de Imagens”, Editora

Nobel, São Paulo, pp. 47-84.

GOMES, A. & AGOSTINHO, J. (2001) - Caracterização Hidrológica da Bacia do rio Estorãos.

Seminário sobre Conservação de Zonas Húmidas, Escola Superior Agrária de Ponte de Lima –

Refóios do Lima, 1 e 2 de Junho de 2001.

GOODCHILD, M., (1989) - Gopal, S. the Accuracy of spatial databases. London, New Yor, pp. 9-

44

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, 2005. http://www.meteo.pt

JENSEN, M., BOURGERON, P., (2001) - A Guidebook for Integrated Ecological Assessments.

WordCrafters Editorial Services, Inc., United States of America, pp. 3-27.

LOURENÇO, LUCIANO, (1989) – O rio Alva. Instituto de Estudos Geográficos. Faculdade de

Letras. Universidade de Coimbra, 162 p.

NOVO, E.M.L.M. (1995) - Sensoriamento Remoto: Princípios e Aplicações. São Paulo. Ed. Edgard

Blucher, 308p.

Page 69: Cartografia Digital e Detecção Remota

68

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

PEDROSA, ANTÓNIO S. E COSTA, FRANCISO S. (1999) - As cheias do Rio Tâmega. O caso

da área urbana de Amarante. Territorium, n.º 6, pp. 49-60

QUATTROCHI, D.A., PELLETIER, R.E. (1991) – Remote sensing for analysis of landscapes: an

introduction. Springer-Verlag, Berlin pp. 51-76.

QUINTANILHA, J.A. (1996) - Erros em Bases Digitais de Dados Espaciais Para Uso Em Sistemas

de Informação Geográfica. Tese Douturamento – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.

236p.

RICCI, M., PETRI, S. (1965) – Princípios de Aerofotogrametria, Editora Companhia Editora

Nacional, São Paulo, pp. 10-56

RIVAS-MARTÍNEZ, S.; DÍAZ, T.E.; FERNÁNDEZ-GONZÁLEZ, F.; IZCO, J.; LOIDI, J.;

LOUSÃ, M. & PENAS A. (2002) - Vascular plant communities of Spain and Portugal. Addenda to

the checklist of 2001. Itinera Geobotanica 15: pp. 5-922.

RODRIGUES, A.J.D. (2006) - Análise e Modelação dos Padrões da Fitodiversidade na Bacia do

Rio Estorãos (Ponte de Lima). Tese de Mestrado. Departamento de Botânica da Faculdade de

Ciências da Universidade do Porto.

SOUSA, A., (2000) - Tratamento Digital de Fotografias Aéreas Verticais Como Uma Alternativa à

Análise Estereoscópica de Bacias Hidrográficas.– Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

– Universidade de São Paulo – Piracicaba, pp. 5 – 66.

TEIXEIRA, CARLOS, MEDEIROS, A., COELHO, A., (1972) - Carta geológica de Portugal.

Noticia explicativa da folha 5-A de Viana do Castelo.

TELLES, G. RIBEIRO, (1989) – Equilíbrio ecológico, ocupação do solo e Ordenamento do

território. Encontros sobre construção clandestina (II), DGOT, Lisboa, pp.23-31.

TEMBA, P. (2000) - Fundamentos de Fotogrametria, Universidade Federal de Minas Gerais, BH, pp. 6-44.

TOMMASELLI, A.M.G.,(1999) - Fotogrametria Básica, cap-4, pp. 17-65

VITOUSEK, P., MOONEY, H., LUBCHENCO, J., MELILLO. J., (1997) - Human Domination

of Earth’s Ecosystems. Science; pp. 2-45

WOLF, P. R.; DEWITT, B. D. (2000) - Elements of Photogrammetry – With Applications in GIS.

3ª ed. Editora The McGraw-Hill Companies. New York. 608p.

Page 70: Cartografia Digital e Detecção Remota

69

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

7 - ANEXOS (Peças desenhadas)

Anexo 1 – Carta Topográfica

Page 71: Cartografia Digital e Detecção Remota

70

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

Anexo 2 – Carta Edificado e Vias de Comunicação

Page 72: Cartografia Digital e Detecção Remota

71

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

Anexo 3 – Carta de Solos

Page 73: Cartografia Digital e Detecção Remota

72

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0

Anexo 4 – Carta de Ocupação do Solo (Através de

fotointerpretação)

Page 74: Cartografia Digital e Detecção Remota

73

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

|

Anexo 5 - Carta de Ocupação do Solo (Através da classificação

automática definida e com base em imagens do satélite).

Page 75: Cartografia Digital e Detecção Remota

74

Ca

rto

gra

fia

Dig

ita

l e

De

tecçã

o R

em

ota

| 0

1-0

1-2

01

0