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Resistência e Mobilização dos Povos Indígenas do Baixo Tapajós CADERNO NOVA CARTOGRAFIA “Em 2004 nós estávamos na Guiana Francesa, uma pessoa falou ainda que nas regiões do Pará, muitas pessoas estavam virando índio. Ficamos assim..., ninguém está virando índio, nós nascemos índios, nós somos resistentes. Essas palavras de virar índio, não fomos nós que coloquemos, por que nós somos índios resistentes”. 1 JUNHO 2014

Cartografia Social_Baixo Tapajós

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Cartografia Social do Baixo Tapajós

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  • CONSELHO INDGENA TAPAJS ARAPIUNS

    CITA

    Resistncia e Mobilizao dos Povos Indgenas do Baixo Tapajs

    CADERNO NOVA CARTOGRAFIA

    CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1JUNHO 2014

    Na regio do Baixo Tapajs no estado do Par, tem se observado, nos ltimas 30 anos, um processo crescente de territorializao de povos indgenas, que por meio de

    tradicionalmente ocupados. Nesse sentido, um crescente

    reivindicar o reconhecimento legal de sua etnia e territrio. Tais povos se organizam em associaes, conselhos e por

    os territrios reivindicados

    CONSELHO INDGENA TAPAJS ARAPIUNS CITA

    APOIOPROJETO EXECUTADO COM RECURSOS DO REALIZAO

    Em 2004 ns estvamos na Guiana Francesa, uma pessoa falou ainda que nas regies do Par, muitas pessoas estavam virando ndio. Ficamos assim..., ningum est virando ndio, ns nascemos ndios, ns somos resistentes. Essas palavras de virar ndio, no fomos ns que coloquemos, por que ns somos ndios resistentes.

    1JUNHO

    2014 ISSN 2359-0300

  • CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1 2 AGOSTO 2014

    Processo de territorializao indgena no baixo TapajsNo baixo tapajs, a dimenso poltica dos processos de territorializao dos indgenas relaciona-se principalmente com a apropriao de territrio pelos grupos tnicos e pela defesa de um modo de vida que conflita com as normativas das unidades de conservao e com as atividades econmicas de explorao intensiva e devastao dos recursos naturais.

    Podem-se identificar trs momentos importantes nesse processo de territorializa-o. O primeiro, quando as comunidades ribeirinhas, localizadas s margens dos rios Tapajs e Arapiuns, apoiadas pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), pela Igre-ja Catlica e Ministrio Pblico Federal (MPF), mobilizaram-se em prol da criao da Resex Tapajs-Arapiuns, visando a proteo de seus territrios que estavam ameaados pela presena de madeireiras e pequenas mineradoras. No incio de 1997, aps muitos encontros intercomunitrios, mais de 60 comunidades solicitaram oficialmente a criao da Resex Tapajs-Arapiuns, e realizaram vrias mobilizaes para pressionar o governo federal a atend-los. Nesse contexto de mobilizao em 1997, foi fundado, por iniciativa de Florncio Vaz, o Grupo Consci-ncia Indgena (GCI). Em fins de 1998 a resex tapajs-arapiuns foi criada, significando uma grande conquista para as comunidades locais.

    O segundo refere-se autoafirmao das famlias da comu-nidade de Taquara, em 1998, que atendendo ao pedido de seu curador Laurelino Floriano, o qual afirmava no ter vergonha de sua origem indgena, protocolou na Funai a primeira solicitao de reconhecimento oficial da identidade indgena. Aps a adeso da comunidade de Taquara ao movimento indgena, outras comunida-des passaram a se reconhecer como indgenas. Foi nesse contexto que ocorreu o I Encontro dos Povos Indgenas do rio Tapajs, nos dias 31/12/1999 e 01/01/2000, na comunidade de Jauarituba. O objetivo principal foi celebrar os 500 anos de resistncia indgena e promover o resgate da histria, identidade e tradies indgenas locais. Nesse encontro, com apoio da Coordenao das Organi-zaes Indgenas da Amaznia Brasileira (COIAB) e do Conselho Indigenista Missionrio (CIMI), 150 representantes de 10 comu-nidades debateram, principalmente, sobre os direitos indgenas. Na oportunidade, os presentes foram convidados a participarem da marcha indgena dos 500 anos, que passaria em Santarm, em abril de 2000, a caminho de coroa vermelha (BA).

    O terceiro momento ocorreu em maio de 2000, com a criao do Conselho Indgena dos rios Tapajs e Arapiuns (CITA). A partir de ento, constituiu-se principal representao poltica de mobi-lizao indgena do Baixo Tapajs, passando a organizar juridi-camente as aes do movimento no plano dos direitos indgenas frente a Funai e a outros rgos pblicos.

    CONFERNCIA DOS POVOS E ORGANIZAES INDGENAS DO BRASILChegamos na aldeia Patax de Coroa Vermelha, municpio de Santa Cruz Cabrlia, Bahia, no dia 17 de abril. Cumprimos o compromisso de refazer os caminhos da grande invaso sobre nossos territrios, que perdura j 500 anos. Somos mais de 3.000 representantes, de 140 povos indgenas de todo o pas. Percorremos terras e caminhos dos rios, das montanhas, dos vales e plancies antes habitados por nossos antepassados. Olhamos com emoo as regies onde os povos indgenas dominavam e construam o futuro, ao longo de 40 mil anos. Olhamos com emoo as regies onde os povos indgenas tombaram defendendo a terra cortada por bandeirantes, por aventureiros, por garimpeiros e, mais tarde, por estradas, por fazendas, por empresrios com sede de terra, de lucro e de poder. Refizemos este caminho de luta e de dor, para retomar a histria em nossas prprias mos e apontar, novamente, um futuro digno para todos os povos indgenas. TRECHO DO DOCUMENTO FINAL DA CONFERNCIA, ABRIL 2000

    Assembleia do CITA, realizada em abril de 2011

    AUTORIA SOLANGE GAYOSO, ACERVO PNCSA NCLEO BAIXO AMAZONAS 2011

  • CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1 3AGOSTO 2014

    O movimento indgena no baixo rio Tapajs

    passaram a se reorganizar e ganhar visibi-lidade poltica nos anos 1990 no significa que antes no havia indgenas na regio.

    Estas pessoas esto convencidas de que elas efetivamente so indgenas porque esto em continuidade com os povos indge-nas que primeiro habitaram aquelas terras. A histria e a antropologia lhes do razo. Os vrios povos que ali habitavam a poca da chegada dos europeus, e que, desde ento, foram profundamente impactados pelas guerras, epidemias, escravizao e catequese, no desapareceram num passe de mgica. Seus descendentes, incluindo os mestios, reorganizaram suas crenas, seu modo de vida e suas comunidades, criando estratgias para resistir e continuar viven-do. A crena nos encantados e a existn-cia dos pajs ainda hoje sinal desta resis-tncia. Outra, as aldeias ribeirinhas esto majoritariamente estabelecidas nas mesmas reas em que viveram seus antepassados e se organizam conforme um padro cultural deles herdado. Mais recentemente, comu-nidades localizadas margem da Rodovia Santarm-Curu Una e distantes dos rios Tapajs e Arapiuns, tambm passaram a se assumir indgenas. Esto na regio do Planalto Santareno, rea de intensa colo-nizao, mais prxima de um estilo que pode ser visto como campons (pequenos lotes familiares, agricultura voltada para o mercado etc.). Muitas destas famlias so descendentes de migrantes nordestinos, outras so descendentes de quilombolas e de indgenas do rio Tapajs. So aldeias mais heterogneas internamente, se comparadas com o padro das aldeias ribeirinhas. Mesmo com esta particularidade, elas se somam ao movimento indgena e exigem a demarcao das suas terras, ameaadas pelo avano do agronegcio da soja na regio.

    Prof. Dr. Florncio Almeida Vaz indgena, antroplogo, professor do curso de antropologia da UFOPA/PAA/[email protected].

    Indgenas participando do V Frum Social Pan-Amaznico. Santarm, novembro 2010

    AUTORIA SOLANGE GAYOSO, ACERVO PNCSA NCLEO BAIXO AMAZONAS 2011

    O processo de reorganizao poltica de povos indgenas no baixo rio Tapajs, no Oeste do Par, faz parte de um fenmeno mais amplo que ocorre em toda a Amaz-nia, na Amrica Latina e no mundo. Povos j dados como extintos entram em cena nova-mente, alterando as relaes entre esses grupos e as instituies do Estado e com os outros movimentos sociais e modificando a dinmica interna dessas prprias comunida-des, que at passaram a se classificar como aldeias e a se referir aos seus lderes como caciques.

    So doze os povos indgenas que, desde a dcada de 1990 passaram a se mobilizar e reivindicam seus direitos diante do gover-no. A saber: Tapaj, Tupai, Tupinamb, Arapium, Borari, Maytapu, Munduruku, Cara Preta, Apiak, Cumaruara, Arara Vermelha e Jaraqui. Se hoje so 55 aldeias e aproxi-madamente 7 mil indgenas na regio, tudo comeou com o pequeno povoado de Taqua-ra, que em fins de 1998 se assumiu publi-camente como indgena, atendendo a um pedido do seu falecido lder e patriarca, o curador Laurelino Floriano, que gostava de afirmar que ele era ndio e no se enver-gonhava dessa condio. Os moradores de Taquara procuraram a Fundao Nacional do ndio (Funai) em Itaituba, buscando o reco-nhecimento de que eles tambm eram ndios e reivindicando a demarcao das suas terras. Em maio de 2000, j somavam 11 as aldeias indgenas no baixo Tapajs deman-dando reconhecimento oficial, e seus lderes resolveram criar o Conselho Indgena dos rios Tapajs e Arapiuns (CITA), para melhor coordenar as aes do nascente movimen-to indgena, junto com o Grupo Conscincia Indgena (GCI), que tem fornecido apoio na parte da formao poltica, animao, divul-gao e articulao. Dizer que estes povos

  • CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1 4 AGOSTO 2014

    Quantos so os indgenas no baixo Tapajs?No Censo 2010, ltimo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), a populao indgena brasileira saltou para 817.963 mil indivduos, sendo que 315.180 mil vivem nas cidades e 502.783 mil esto em comunidades nas reas rurais. Conforme o censo so 305 povos fluentes em 274 lnguas distintas. Na regio do Baixo Tapajs o IBGE identifi-cou 4.742 pessoas autodeclaradas indgenas nos municpios de Santarm, Aveiro e Belterra.

    Em 2011, durante a semana dos Povos Indgenas, o CITA apresentou o resultado do levantamento censitrio organizado pelo Conselho no qual foi apontado o quantitativo de 5.150 pessoas que se autodeclararam indgenas.

    O movimento indgena no Baixo Tapajs encontra-se em processo de ampla territoria-lizao, aglutinando indgenas de diferentes grupos tnicos que vivem em 55 comunida-des/aldeias localizadas no entorno e dentro da Resex Tapajs-Arapiuns, na Flona Nacional do Tapajs, no PAE Lago Grande, na Gleba Nova Olinda e na regio conhecida como Planal-to Santareno.

    TABELA 1

    Populao residente autodeclarada indgena e distribuio por localizao do domicilio nos municpios paraenses de atuao do Conselho Indgena Tapajs Arapiuns (CITA) 2010

    REGIO / MUNICPIO TOTAL URBANA RURAL

    Brasil 817.963 315.180 502.783

    Norte 305.873 61.520 244.353

    Santarm* 2.627 631 1.996

    Aveiro 1.773 97 1.676

    Belterra 342 1 341

    FONTE: CENSO IBGE 2010

    TABELA 2

    Populao residente autodeclarada indgena e distribuio por localizao do domiclio nas regies/municpio de atuao do Conselho Indgena Tapajs Arapiuns (CITA) 2011

    REGIO / MUNICPIO FAMLIAS POPULAO

    Arapiuns e Mar 480 2.788

    Planalto Santareno 308 1.246

    Rio Tapajs 122 762

    Municpio de Aveiro 61 354

    Total 971 5150

    FONTE: CITA, 2011

    Reconhecimento dos territrios indgenas reivindicados: fases do processo de demarcaoOs povos indgenas no Brasil tm reconhecido legalmente seu direito terra por fora da Constituio Federal no Art. 231: So reconhecidos aos ndios sua organizao social, costumes, lnguas, crenas e tradies, e os direitos originrios sobre as terras que tradi-cionalmente ocupam, competindo Unio demarc-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

    Como previsto no texto legal no preciso dar terra aos indgenas e sim reconhecer os territrios que eles j tm direito. Para um povo indgena ter seu territrio reconhecido oficialmente pelo Estado Brasileiro preciso que ocorra o processo de demarcao. Este consiste em um conjunto de estudos e atos realizados pela FUNAI e pelo Ministro da Justia com o objetivo de levantar informaes e entender como est organizado o modo de vida do grupo, de modo que os estudos realizados pela FUNAI devem explicitar qual a rea necess-ria para a sobrevivncia e proteo do povo indgena.

    O processo demarcatrio regulamentado pela Lei Federal n. 6.001/73, pelo Decreto Federal n. 1775/1996 e ainda pela portaria 14/1996 do Ministrio da Justia. Segundo a lei, o processo pode ser iniciado tanto de ofcio pela FUNAI quando ela toma conheci-mento da existncia de um povo indgena e da necessidade de proteo territorial ou a requerimento do grupo indgena por meio de suas representaes.

    Os critrios para identificao de um grupo como indgena so a autodeclarao e conscincia de sua identidade indgena pelo ndio e o reconhecimento dessa identidade por parte do grupo de origem. Estes critrios esto previstos tanto no art. 1 da Conven-o 169 da OIT sobre Povos Indgenas e Tribais, promulgada integralmente no Brasil pelo Decreto n 5.051/ quanto no Estatuto do ndio (Lei 6.001/73), art. 3, I quando afirmar que ndio ou silvcola todo indivduo de origem e ascendncia pr-colombiana que se identifica e identificado como pertencente a um grupo tnico cujas caractersticas culturais o distinguem da sociedade nacional.

    * Inclui os indgenas residentes no municpio de Moju dos Campos

  • CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1 5AGOSTO 2014

    CONVENO 169 PARTE 1 POLTICA GERAL ARTIGO 10

    1. A presente conveno aplica-se

    a. aos povos tribais em pases independentes, cujas condies sociais, culturais e econmicas os distingam de outros setores da coletividade nacional, e que estejam regidos, total ou parcialmente, por seus prprios costumes ou tradies ou por legislao especial

    b. aos povos em pases independentes, considerados indgenas pelo fato de descenderem de populaes que habitavam o pas ou uma regio geogrfica pertencente ao pas na poca da conquista ou da colonizao ou do estabelecimento das atuais fronteiras estatais e que, seja qual for sua situao jurdica, conservam todas as suas prprias instituies sociais, econmicas, culturais e polticas, ou parte delas.

    2. A conscincia de sua identidade indgena ou tribal dever ser considerada como critrio fundamental para determinar os grupos aos que se aplicam as disposies da presente Conveno.

    QUADRO 1

    Fases dos procedimentos para a demarcao de uma terra indgena

    FASE DO PROCESSO DESCRIO

    Identificao e delimitao

    Como funciona?

    A FUNAI nomeia um antroplogo responsvel e uma equipe tcnica para auxili-lo na elabo-rao de um documento chamado relatrio de identificao.

    Para qu serve? Para identificar o grupo. uma forma de contar quem o grupo reivindican-te, de onde vem, como vive e como est organizado cultural e espacialmente. Visa tambm explicitar quais so as reas necessrias para o grupo.

    Alm disto, esta fase deve trazer informaes fundirias como nmero de ocupantes no ind-genas e existncia de ttulos de posse e propriedade sobre as reas pretendidas. Todos estes elementos devem ser articulados em uma proposta de rea a ser delimitada pelo governo.

    Aprovao do relatrio pela FUNAI

    Depois de pronto o relatrio de identificao e delimitao deve ser entregue ao Presidente da FUNAI que ter o prazo de 15 dias para aprov-lo. Caso seja aprovado o relatrio dever ser publicado no Dirio Oficial da Unio e no Dirio Oficial do Estado no qual se pretende a demarcao.

    Contestaes permitido a todo interessado contestar desde o incio o processo demarcatrio. Entretanto quando o relatrio publicado comea-se a contar o prazo de 90 dias para a apresentao das contestaes que podem ser tanto pedidos de indenizao como denncias ao modo como feito o relatrio. Passados estes 90 dias, a FUNAI ter 60 dias para apresentar parecer sobre as contestaes e encaminhar ao Ministro da Justia para averiguao que poder decidir de trs modos: a) Aprovar o relatrio; b) Prescrever diligncias a serem cumpridas em mais 90 dias; c) Desaprovar o relatrio com deciso fundamentada.

    Declarao dos limites da Terra Indgena

    Ocorre quando o Ministro da Justia concorda com o relatrio apresentado pela FUNAI e expe-de portaria declarando os limites da rea e determinando a sua demarcao fsica.

    Demarcao fsica Significa que a FUNAI dever colocar marcos e placas na rea identificando-a como rea de propriedade da Unio destinada ao usufruto de um determinado povo indgena.

    Homologao Aps todas as etapas mencionadas o processo demarcatrio dever ser confirmado pelo Presi-dente da Repblica que dever emitir um decreto homologando-o.

    FONTE: LEI FEDERAL N. 6.001/73, DECRETO FEDERAL N. 1775/1996 E PORTARIA 14/1996 DO MINISTRIO DA JUSTIA

  • CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1 6 AGOSTO 2014

    As 55 comunidades/ aldeias, associadas ao CITA, encontram-se em diferentes fases do processo de mobilizao e regularizao fundiria de seus territrios e terras indgenas reivindicados, conforme quadros 2 e 3

    QUADRO 2

    Territrios e terras indgenas reivindicadas: comunidades, povos e fase de processo de mobilizao e regularizao fundiria 2012

    TERRITRIO E TERRAS INDGENAS REIVINDICADOS

    ALDEIAS/ COMUNIDADES

    POVOS FASE DO PROCESSO DE MOBILIZAO

    Encantado Aningalzinho, Amin, Zaire e Arapiranga Tupai, Arara Vermelha Identificao

    Cobra Grande Arimun, Lago da Praia, Caruci, Nossa Sra de Ftima-Garimpo, Karidade

    Arapium, Jaraqui, Tapaj Aguardando publicao do estudo antropolgicO

    Munduruku Aaizal, So Francisco da Cavada, Ipaupixuna, Amparador

    Munduruku Mobilizao e solicitao de criao de GT pela FUNAI

    So Pedro Brao Grande Brao Grande, So Pedro-Muruci Arapium Mobilizao

    Nova Vista Nova Vista Arapium Mobilizao

    Munduruku-Apiak So Pedro do Curu-Una, Lagoa Munduruku-Apiak Mobilizao

    Tupinamb Pajur, Limotuba, Cabeceira do Amorin, Brinco das Moas, Muratuba, Jaurituba, Mirixituba, Jaca, Paranapixuna, Santo Amaro, Jacar, Paricatuba, Pajur, So Tom (parte).

    Tupinamb Mobilizao

    Borari So Raimundo, So Pedro do Curucuru, Caranazal

    Borari Aguardando publicao de estudo antropolgico.

    Maytapu-Cara Preta Escrivo, Camaro, Pinhel, Munduruku - Cara Preta, Maytapu

    Aguardando publicao de estudo antropolgico

    Camar Camar Arapium Mobilizao

    Yawaret Yawaret, So Joo do Tapiira, Cutil Apiak, Arapium Mobilizao

    Miripixi Nova Pedreira, Miripixi Arapium Mobilizao

    Arapium Vila FrancA VILA FRANCA Arapium Mobilizao

    Arapium So Miguel So Miguel Arapium Mobilizao

    Arapium So Sebastio So Sebastio Arapium Mobilizao

    Kumaruara Araazal, Solimes, Vista Alegre do Capixau

    KumaruarA Mobilizao

    QUADRO 3

    Territrios e terras indgenas reivindicadas com estudos antropolgicos publicados 2012

    TERRITRIO E TERRAS INDGENAS REIVINDICADOS

    ALDEIAS/COMUNIDADES POVOS ESTUDOS ANTROPOLGICOS PUBLICADOS

    Bragana-Marituba Bragana, Marituba Munduruku DOU N 208 de 30/10/2009

    Munduruku Taquara Taquara Munduruku DOU N 208 de 30/10/2009

    Mar Novo Lugar, So Jos III, Cachoeira do Mar

    Borari, Arapium DOU N 195 de 10/10/2011

    FONTE: CITA, 2012

    FONTE: FONTE: DOU N 208 DE 30/10/2009; DOU N 195 DE 10/10/2011

  • CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1 7AGOSTO 2014

    Olha, eu nasci no Paricatuba (...). Meu pai morreu com 77 anos, a minha me morreu com 84 anos e eu estou aqui com 63 anos, nunca sa daqui. Meus pais moravam antes do outro lado do rio Tapajs. Com a ameaa das invases da terra, naquela poca (eu acho que era dos europeus, no sei), eles vieram pra Vila Franca, fugiram de l pra Vila Franca. Papai falava que em 1902 eles fugiram da Vila Franca com a ameaa de guerra. Eu no sei que guerra era essa. Eles fugiram, romperam essa mata da Vila Franca. Vieram dormindo por baixo das razes das rvores, eles forravam em baixo com a palha e cobriam com palha por cima para poder passar a noite. Amanhecia o dia, caminhavam. Eles vieram, no sei com quantos meses eles conseguiram varar aqui nesse dito igarap. S que eles no ficaram na margem do igarap, eles ficaram acima da fonte do igarap, chamada Terra Preta. L eles pararam, viveram um bom tempo, um tempo mesmo! (...). Eles j trabalhavam em roa, j faziam farinha, o papai lavrava a itaba, a com a necessidade eles procuraram ver (...) se estava longe ou perto este rio aqui, o Arapiuns. Eles desceram na margem do rio, encontraram um comerciante, ele era turco, o nome dele era Salim. Eles comearam a negociar: baixar farinha, baixar a madeira, fazer as comprinhas daquilo que a gente mais necessitava. Com o tempo os meus avs morreram, a ficou meus tios. Nessa arrumao, pra c pro Arapiuns, descendo ainda, o papai se engraou da mame n! Casaram, antes eles viveram amigados, ela casou com ele pra l. A eles baixaram de onde no tinha gua pra margem do igarap. De l da Terra Preta eles vieram pra margem do igarap. Eu j nasci na margem do igarap! Eu e meus irmos. Tenho mais dois irmos. A minha me morava no Gurup. (...). A mame, o papai eles tinham medo de morrer. Quando a gente via a mame se enfeitar, que ela colocava pulseira, colar de semente, ela rasgava folha de banana e colocava por cima da roupa dela amarradinha, ficava to engraadinha! - Mame por que a senhora faz isso? O que isso? - Psiu! Ela fazia assim pra ns. Quando ela saa de casa ela dizia. - Olha quando vocs escutarem a zoada do hidro. Vocs sabem o que era hidro? Avio! Naquela poca era hidro. Quando vocs escutarem a zoada do hidro se escondam. Mas ns estava muito vivo. Quando ele estrondava olha ns dentro do mato. Se ele passava baixo ele via s a barraca, mas ns no. Ela colocava um pedao de pau assim, dessa grossura (demonstra com as mos), e chamava me de fogo. - Vocs no crescem o fogo, deixam a, de vez em quando vocs vo l abanar, mas, no pra subir a fumaa, seno eles vo saber que ns estamos aqui. Esse pessoal anda caando a gente. Ela dizia. Mas a gente era tudo criana, a gente no sabia nem por qu! porque os ndios sempre foram massacrados, eles sempre foram mal vistos. Pros brancos o ndio um bicho de sete cabeas, eles sempre procuravam acabar com a gente(...). Eu quero dizer que eu me sinto muito feliz e orgulhosa por descobrir que sou indgena. Por que olha, eu vou dizer pra vocs a verdade, ns procuramos as nossas razes. No somos europeus, no somos jesutas, nem alemes, no somos portugueses. Para quem nasce dentro dessa mata, conhece seus avs, cresce, constri famlia, os pais morrem, a gente j t com 63 anos aqui. Ento o qu? O que ns podemos ser? Ns no podemos ser o mesmo, por que nossa lngua foi tirada, foi escondida, foi roubada. Eu lembro que quando o papai descia pra c com esse comerciante, que ele dizia: vumbora curumim; -vumbora cuiant. - No seu Nilzinho, no mais assim no! menino, o senhor vai ter que chamar menino pros seus filhos homens e menina pras mulheres. Quando ele chegava em casa ele dizia pra mame. - Olha, no mais pra falar assim. O Salim disse que no mais pra falar assim... MARIA RGIS SANTANA, A D. SINH MORADORA DE ANINGALZINHO, GRAVADO EM 2010, NA ALDEIA ANINGALZINHO

    Elementos de identidade e territorialidade especficasA identidade tirada, roubada, escondida.... homenagem a Da. Sinh in memoriam

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  • AGOSTO 2014

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  • A afirmao tnica reforada ainda por elementos identitrios como: a existncia de Terra Preta nos territrios indgenas; pelas formas tradicionais de manejo da floresta (extrati-vismo e uso coletivo); pelas prticas indgenas de pesca, de cultivos, de uso de plantas medicinais e de produo artesanal de utenslios domsticos; pelas escolas indgenas; assim como, pelo resgate e prticas de rituais e ornamentos indgenas.

    Croqui produzido na Oficina de cartografia na comunidade de Aningalzinho, Santarm, 2010

  • Sobre a produo do mapaA equipe de pesquisa realizou vrios momentos de traba-lho de campo com coleta de dados nas Aldeias de Anin-galzinho, Amin e Arapiranga no rio Arapiuns em 2010, nas comunidades/aldeias de Aaizal, Ipaupixuna, So Francisco da Cavada e Amparador no planalto santareno nos anos de 2011/2012 e 2013. Em oficinas realizadas durante a semana indgena dos anos de 2011 e 2012. Em encontros e reunies realizados nos anos de 2012 e 2013. Parte do resultado desse trabalho est agora apresentado no contedo deste caderno e do mapa Indgenas Baixo Tapajs (Santarm, Belterra, Aveiro e Moju dos Campos).

    Para esta verso do mapa foram plotadas e identifi-cadas as situaes apontadas pelos indgenas durante o Encontro Regional do Projeto Mapeamento Social como Instrumento de Gesto Territorial Contra o Desmatamento e a Devastao: Processo de Capacitao de Povos e Comu-nidades Tradicionais (UEA/INCS/BNDES/FUNDO AMAZO-NIA), ocorrido em Santarm no perodo de 12 a 14 de novembro de 2012, e durante a reunio preparatria realizada em Alter do Cho e Amparador no perodo de 14 a 16 de maro de2013.

    Participaram desses dois momentos os indgenas: Adenilson Alves de Souza (Novo Lugar) Alade Maria

    dos Anjos Fonseca (So Pedro), Alessandro Sousa dos Anjos (Araazal), Ana Flvia Sousa Carvalho (Ampa-rador), Ana Cludia C. da Silva (Aaizal), Antonio Elvis Tavares (Camar), Antonio Pereira (Escrivo), Anto-nio Oliveira (Amparador), Adailson Ferreira (Ampara-dor), Aurilene Ferreira (Ipaupixuna), Claudete Pinheiro Fernandes (Vila Franca), Daniel de Souza P. (Alter do Cho), Delvanor de Carvalho Cardoso (Zaire), Deusde-te Andrade (Arim), Edcarlos Andre Alves (Yawaret),

    Edviges Ioris antroploga e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

    Reivindicaes tnicas e territoriais dos indgenas no baixo Tapajs

    Paralelamente aos procedimentos conduzi-dos pela FUNAI, no contexto regional desta-cam-se tambm algumas iniciativas e medi-das implantadas pelos poderes pblicos em relao s demandas e reconhecimento dos direitos territoriais das populaes indge-nas. No municpio de Belterra, por exemplo, as atenes refletiram-se no ordenamento do Plano Diretor Participativo do municpio, sancionado (Lei n 131) em 22/02/2007, no qual as terras indgenas dos Munduruku de Bragana, Marituba e Taquara foram reco-nhecidas e definidas como Zonas Especiais de Interesse Cultural (Art. 37). Em ato contguo, a Prefeitura municipal tambm criou a Coordenao Indgena, alocada na Secretaria de Planejamento e Gesto, e reconheceu as escolas de ensino fundamen-

    tal em suas aldeias como sendo indgenas, devendo, por essa razo, conduzir um plano de ensino diferenciado. Esses esforos na rea da educao se juntaram aos implanta-dos tambm pelas Prefeituras de Santarm e Aveiro. Estas aes de rgos governa-mentais tanto federais quanto municipais, ressaltam o reconhecimento do movimento indgena e das suas reinvindicaes junto aos poderes pblicos, e tambm demons-tram a importncia que estes grupos passa-ram a ter na composio sociocultural e poltica regional. Assim, depois de um longo silncio sobre os indgenas no baixo Tapa-js, as polticas pblicas tm sido obrigadas a inseri-los novamente em suas pautas de discusso e a inclu-los como beneficirios de seus programas.

    Edivan Ferreira dos Santos (Amparador), Elciene Farias dos Santos (Bragana),Enoque Pereira (Alter do Cho), Fortunata M. dos S. (Ipaupixuna), Gerson dos Santos Henrique (Amin), Gildenis Caetano dos Santos (Pinhel), Hiplito Silva (Muratuba), Igor Oliveira (Amparador), Irlane Castro Feitosa (Paricatuba), Ivanildo de Sousa (Alter do Cho), Jadson Pedro Munhoz Barroso (Soli-mes), Jandvani Rodrigues Braz (Santo Amaro), Joo Tapajs (Arimum), Jocilene Assuno Sousa (Araazal), Josenildo dos Santos Cruz (Aaizal), Jos Inaldo Castro de Sousa (Lago da Praia), Jos Pereira (Nova Vista), Julio (Alter do Cho), Keissiane P. Maduro (Alter do Cho), Leornado Pereira dos Santos (Taquara), Ligiane Tapa-js Barbosa (Lago da Praia), Lindanor dos Santos Mota (Jaurituba), Luis Antonio Bentes de Sousa (Araazal), Ludinia Gonalves Marinho (Alter do Cho), Luz G. (Alter do Cho), Manoel Batista da Rocha (Ipaupixuna), Manoel Valdeci dos Santos Caetano (So Joo Tapira), Mario B. Maranho (Alter do Cho), Margareth Pedroso dos Santos (Pinhel), Maria E. da Silva Melo (Aaizal), Maria Suze-te Rodrigues Matos (Solimes), Maria Rosileni Gomes Pinto (Aaizal), Mario Cardoso Ferreira (Amin), Miguel dos Santos Correa (Bragana), Milton Sousa Barreto (So Miguel), Moacir Imbiriba Rodrigues (Vista Alegre do Capi-xu), Neuza Farias da Costa (Solimes), Perenilda Farias dos Santos (Bragana), Raimundo Carvalho Mota (Cabe-ceira do Amorim), Raimundo Enoque Monteiro Cardoso (Vila Franca), Ronilva Maria de Sousa Castro (So Miguel), Rosimar Gama Cardoso (Zaire), Rosivaldo Maduro (Alter do Cho), Sidnei Cardoso (Nova Vista), Tomas Correa Santa-na (Aningalzinho), Wildson de Oliveira (Amparador).

  • CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1 14 AGOSTO 2014

    Localizao de stios arqueolgicos com Terra Preta na AmazniaFONTE: Karen, et all., 2009, p. 76

    Sobre a Terra Preta de ndioAs Terras Pretas (TP), Terra Preta Arqueolgica (TPA) ou Terra Preta de ndio (TPI), alm de uma variante menos divulgada, a terra mulata, assim denominadas em funo de sua colorao escura , so stios arqueolgicos encontrados principalmente na Amaznia, com origem relacionada a povos ancestrais pr-colombianos. So solos caracterizados pelo grande acumular de matria orgnica, com grande disponibilidade de nutrientes como clcio, magnsio, zinco, mangans, fsforo e carbono, por isso so considerados os mais frteis do mundo, alm de conservarem a sua fertilidade por muito tempo. A ocorrncia de TPs ampla na Amaznia Brasileira, sendo estas tambm conhecidas na Colmbia, Equa-dor, Guiana, Peru e Venezuela. Sombroek et al. (2003, apud Karen, 2009). Estima-se que as TPs cobrem 0,1% a 0,3% ou 6 mil a 18 mil km2 da Bacia Amaznica (6 Mi. km2). Mas as pesquisas indicam que se tem estimativa de 1% ou mais. (KAREN, et all., 2009). A grande maioria dos stios arqueolgicos est localizada nas margens de rios como; Purus, Madeira, Juru, Solimes, Amazonas, Trombetas, Tapajs e Mapuera, Rio Negro, Urubu, Caxiuan e Mapu. (KAREN, et all., 2009).

    Karen et all (2009), afirma que os primeiros registros impresso sobre Terra Preta foram feitos pelo gelogo Charles Hartt baseado em suas pesquisa na regio do baixo rio Tapajs nos anos de 1870 e 1871, onde estabelece uma relao entre Terras Pretas e aldeias ind-genas. Outro observador do fenmeno de Terra Preta foi o gelogo James Orton, que visi-tou a rea de Santarm em 1868. Por sua vez, tambm o gelogo britnico, C. Barrington Brown, fez observaes semelhantes quando descreveu Terras Pretas na Guiana (Brown, 1876) e nas margens do Amazonas, prximo a bidos, em 1878. Friedrich Katzer publicou o clssico volume sobre a geologia da Regio Amaznica, em Leipzig - Alemanha, baseado em seu trabalho de campo dos anos de 1890. Nesse trabalho o autor reconheceu a ferti-lidade desses solos na regio do baixo Amazonas. O antroplogo William Farabee (1921), baseado em uma viagem para a regio de Santarm, em 1915, achou que as Terras Pretas localizadas no extremo norte do Planalto de Belterra seriam vestgios de antigas aldeias de ndio. (KAREN, et all., 2009. p.76-77)

  • CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1 15AGOSTO 2014

    Raimundo Enoque, Adenilson Borari, Margareth Pedroso, Antonio Pereira(Curupini) e Hiplito Silva no trabalho de grupo no Encontro Regional Baixo Amazonas, Projeto Mapeamento Social(Fundo Amaznia) Santarm, 12 a 14 novembro 2012

    AUTORIA: JEFERSON VIEIRA, ACERVO PNCSA NCLEO BAIXO AMAZONAS, 2012.REGIONAL BAIXO AMAZONAS, PROJETO MAPEAMENTO SOCIAL(FUNDO AMAZNIA) SANTARM,12 A 14 DE NOVEMBRO DE 2012

    Territrios e terras indgenas reinvindicadosA questo das territorialidades hoje para ns, do movimento indgena, que somos e que vivemos a cultura, no apenas uma questo de que voc v terra ou v mato ou gua. Para ns, o territrio se auto difunde muito mais alm da percepo que voc v nas folhas, do que voc v na rvore, do que v na terra. Hoje, para ns, a questo territorialidade se constitui em um mbito maior, um interesse maior e quando a gente briga por essa territorialidade como meio de poder, de alguma forma, fazer com que esse territrio no venha a imediato no futuro, ser (...) depredado (...) ou invadido (...). Para ns, territorialidade em uma viso digamos assim mais nativa (...) territrio se constitui a partir dos elementos que esto nele, as pessoas que vivem nele, o que ele represen-ta para tais pessoas e tais grupos (...). Sem o territrio aquele grupo no consegue manter a sua cultura, o seu costume, o seu modo de vida, sua crena e tudo mais. JOO TAPAJS, ATUAL PRESIDENTE DO CITA. ENCONTRO REGIONAL DO PROJETO MAPEAMENTO SOCIAL CONTRA O DESMATAMENTO E A DEVASTAO... SANTARM, NOVEMBRO DE 2012

    Terras indgenas com estudos publicadosNos anos de 2009 e 2011, a Fundao Nacional do ndio (FUNAI) publicou trs estudos antropolgicos aprovando as concluses do Relatrio Circunstanciado de Identificao e Delimitao das Terras Indgenas Munduruku-Taquara, Bragana-Marituba (DOU N 208de 30/10/2009) e Mar (DOU N 195 de 10/10/2011), perfazendo um total de 81.211ha de terras destinadas proteo e garantia da reproduo social de 641 indgenas.

    Tabela 3

    Territrios e Terras Indgenas com estudos antropolgicos publicados e distribuio por rea e habitantes

    TERRA INDGENA MUNICPIO REA (HECTARE)

    PERMETRO (KM)

    POVOS INDGENAS

    FAMLIA LINGUSTICA

    POPULAO

    Munduruku-Taquara Belterra 25.323 92 Munduruku Munduruku 171

    Bragana-Marituba Belterra 13.515 83 Munduruku Munduruku 231

    Mar Santarm 42.373 131 Borari e Arapium Portugus 239

    Total 81.211 306 641

    FONTE: DOU N 208 DE 30/10/2009; DOU N 195 DE 10/10/2011

  • CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1 16 AGOSTO 2014

    Terra indgena Munduruku-TaquaraProduto deste movimento histrico de expanso e consolidao das bases territoriais Munduruku na regio do baixo Tapajs, os indgenas de Taqua-ra registram chegada do primeiro casal nas terras que tradicionalmente ocupam no ano de 1889. O casal se chamava Simplcio Pinto de Assuno e Maria Porquria e seu estabelecimento nestas terras reproduziam a intensa mobilidade populacional que se registrou ao longo da histria entre os ndios da regio. (...) O ncleo familiar que se constituiu a partir do casal Simplcio Pinto/Maria Porquria configurou a base da organizao social dos ndios Munduruku de Taquara, apesar de outras famlias tambm se encontrarem no local, cujo estabelecimento foi decorrente das prticas de xamanismo. O xamanismo est na base do sistema de crenas e da orga-nizao scio-poltica dos ndios Munduruku de Taquara, que apresentam forte tradio de pajs que tratam no s as pessoas da comunidade ind-gena, mas tambm de outras no indgenas. TRECHO DO ESTUDO ANTROPOL-GICO PUBLICADO NO DOU N 208 DE 30/10/2009, P. 69

    Terra ndigena Bragana-Marituba(...) Os indgenas de Bragana e Marituba faziam parte da comunidade de Marai, reconhecida regionalmente como um dos mais antigos e nume-rosos povoados indgenas no baixo Tapajs. As comunidades indgenas de Bragana e Marituba, assim como a de Nazar, foram constitudas por ncleos familiares originrios de Marai, e seus respectivos desmembramen-tos se devem a cises internas entre os seus grupos domsticos, motiva-das por disputas internas. Os ndios de Bragana romperam com Marai no incio dos anos 1980, enquanto que os de Marituba romperam uma dcada mais tarde, quando eles se separam do ncleo de Marai para criar sua prpria comunidade. (...) Em Marituba, alm dos Munduruku, encontram--se tambm ndios que se identificam como Borari, originrios de Alter do Cho, onde os Jesutas fundaram em 1723 a Misso Borary. (...). TRECHO DO ESTUDO ANTROPOLGICO PUBLICADO NO DOU N 208 DE 30/10/2009, P. 71

    Terra ndigena Mar(...) Os Borari e os Arapium esto localizados nas comunidades de Novo Lugar, Cachoeira do Mar e So Jos III, na margem esquerda do rio Mar, afluente do rio Arapiuns, Gleba Nova Olinda I, em frente a Reserva Extra-tivista Tapajs-Arapiuns. (...) As histrias de migrao entre os grandes rios, Arapiuns, Tapajs e Inambu contam sobre a territorialidade extensa, os antepassados indgenas e as relaes entre humanos e no humanos, onde o ndice de pertencimento est no rio e no na terra, relao apon-tada pelos velhos (as) Borari e Arapium, enquanto as pequenas migraes, no prprio rio Mar e igaraps, como o Igarap da Raposa e o Igarap do Cachimbo, apresentam a fixao territorial relacionado ao conhecimento ambiental, as prticas produtivas, as relaes de parentesco e a prxis xamnica, para falar sobre o pertencimento a rea de ocupao permanen-te tradicional, a Terra Indgena Mar. (...) A partir do final do sculo XIX inicio do sculo XX que podemos unir os dois sentidos de pertencimento, os rios e a terra tradicionalmente ocupada, atravs das narrativas das famlias Alves de Souza, Bagata e Costa, que contam sobre prtica extrativista do ltex, a Cabanagem, os casamentos por meio de puxiruns e as pequenas migraes promovidas por atuao permanente de seres scio espirituais. TRECHO DO ESTUDO ANTROPOLGICO PUBLICADO NO DOU N 195 DE 10/10/2011, P. 36

  • CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1 17AGOSTO 2014

    Conflitos socioambientais e territoriais no Baixo TapajsOs conflitos socioambientais e territoriais do baixo Tapajs tm sido construdos historica-mente no af das polticas de desenvolvimento econmico impetradas na regio tanto por setores privados quanto pelo poder pblico. Essas aes tm contrariado regras e princ-pios de Direitos Humanos, previstos na legislao brasileira e em tratados de organizaes internacionais, como a Conveno 169da Organizao Internacional do Trabalho (OIT).

    As situaes identificadas dizem respeito aos impedimentos de acesso aos recursos primordiais oferecidos livremente pela natureza, tanto pelo setor pblico quanto por outros agente sociais. Situaes de ameaas de morte so constantes ao longo dos rios principais como o Tapajs, Arapiuns e Mar, tendo como principal causa as atividades de madeireiras clandestinas, da pesca predatria realizadas por geleiras de empresas originrias de outros lugares e municpios, caas da fauna por estranhos. Grandes empreendimentos econmicos so apontados como agentes que provocam transformaes irreversveis ao equilbrio da natureza, so particularmente os latifndios ligados pecuria e ao agronegcio da soja, que ocupam extensas reas desmatadas, alm de contaminar o solo e as nascentes de rios e igaraps com agrotxicos, provocando o afastamento e o prprio desaparecimento de espcies do ecossistema local.

    Outros empreendimentos mais recentes e que vem causando preocupao s aldeias indgenas da regio so as construes de hotis em reas de interesse tursticos acompa-nhadas pela especulao imobiliria. Alm dessas investidas do capital privado, h tambm pesquisas e levantamento mineralgicos com uso de dinamites (prospeco mineral), extra-o de minerais em diferentes pontos dos territrios indgenas. Apesar dos recursos hdricos terem adquiridos uma importncia nacional com a descoberta de uma das maiores reservas aquferas do Brasil, conhecido como manancial do Alter do Cho, as aldeias enfrentam problemas com a poluio de suas guas, causada pelos efluentes urbanos que so jogados diretamente nos rios, alm do assoreamento ocasionado pelo desmatamento das matas ciliares que protegem s margens e as nascentes dos rios e igaraps da regio.

    Assoreamento da nascente de Igarap - Comunidade de Aaizal

    Plantao de soja no entorno da Comunidade de Aaizal

    AUTORIA DA FOTO: JEFFERSON VIEIRA, ACERVO PNCSA EQUIPE BAIXO AMAZONAS, 2010

    Declarao da mobilizao nacional em defesa da Constituio Federal, dos direitos territoriais indgenas, quilombolas, de outras populaes e da me naturezaNs, caciques e lideranas indgenas de todo o Brasil, mobilizados em Braslia, com cerca de 1.500 participantes de mais de 100 povos distintos, e simultaneamente em vrios estados da Federao, de 30 de setembro a 05 de outubro de 2013, em aliana com outros movimentos e populaes (quilombolas, comunidades tradicionais e camponeses), contando com o irrestrito apoio e solidariedade de amplos setores e organizaes sociais (ONGs, sindicatos e movimentos populares, entre outros), repudiamos de pblico os ataques orquestrados pelo governo da presidente Dilma Rousseff e parlamentares ruralis-tas do Congresso Nacional, com expressiva bancada, contra os nossos direitos originrios e fundamentais, principalmente os direitos sagrados terra, territrios e bens naturais garantidos pela Constituio Federal de 1988.

    A bancada ruralista, a servio de interesses privados, quer a qualquer custo suprimir os nossos direitos, rasgando a Constituio Cidad, por meio de dezenas de projetos de lei

  • CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1 18 AGOSTO 2014

    e emendas Constituio, em especial a PEC 215/00, PEC 237/13, PEC 038/99, PL 1610/96 e PLP 227/12 e outras tantas iniciativas legislativas nocivas, desti-nadas a legalizar a explorao e destruio, disfarada de progresso, dos nossos territrios e da me natureza, em detrimento da integridade fsica e cultural das atuais e futuras geraes dos nossos povos e culturas.

    Os ruralistas e seus comparsas querem fazer o mesmo que fizeram no ano de 2012, quando aprovaram um novo Cdigo Florestal adequado a seus interesses e aos de multinacionais do agronegcio que os patrocinam.

    O governo da presidente Dilma conivente com essa ofensiva que busca mudar a Constituio Federal. Por isso tem promovido a desconstruo da legislao ambiental e indigenista que protege os nossos direitos, cedendo s presses dos ruralistas, por meio de negociatas e compromissos pactuados principalmente pelos ministros Jos Eduardo Cardozo, da Justia; Lus Incio Adams, da AGU, e Gleise Hoffmann, da Casa Civil, articulados com a presidente da Confederao Nacional de Agricultura, senadora Ktia Abreu. Se no fosse assim o governo Dilma j teria mobilizado a sua base aliada para impedir os ataques que sofremos no Congresso Nacional e assegurado uma agenda positi-va, que permitisse a aprovao do Estatuto dos Povos Indgenas e do projeto de lei que cria o Conselho Nacional de Poltica Indigenista (CNPI).

    Essa conduta omissa e conivente, de pactuao e submisso aos interesses do capital, materializa-se na edio de medidas que agravam a desconstruo dos nossos direitos, tais como a Portaria Interministerial 419/2011, a Portaria 303/2012 da AGU, a Portaria 2498 e o Decreto 7957/2013, ao mesmo tempo que promove a destruio dos nossos territrios por meio da expanso do agroneg-cio, das hidreltricas e de tantos outros grandes empreendimentos do PAC. Para piorar, o governo Dilma paralisou, como seu antecessor, a demarcao das terras indgenas, a criao de unidades de conservao, a titulao de quilombos e a efetivao da reforma agrria. Toda essa ofensiva destinada a inviabilizar e impedir o reconhecimento e a demarcao das terras indgenas que continuam usurpadas, na posse de no ndios; reabrir e rever procedimentos de demarca-o de terras indgenas j finalizados; invadir, explorar e mercantilizar as terras demarcadas, que esto na posse e sendo preservadas pelos nossos povos. Objeti-vos esses que aumentam o acirramento de conflitos, a criminalizao das nossas comunidades e lideranas, enfim, a insegurana jurdica e social que perpetua o genocdio inaugurado pelos colonizadores contra os nossos povos h 513 anos.

    Verificamos assim, por parte do Estado, flagrantes desrespeitos Constitui-o Federal e aos tratados internacionais assinados pelo Brasil, como a Conven-o 169 da Organizao Internacional do Trabalho (OIT) e a Declarao da Organizao das Naes Unidas sobre os Direitos dos Povos Indgenas, descon-siderando a contribuio milenar dos nossos povos e a importncia estratgica dos nossos territrios para o Bem Viver da humanidade e do planeta terra.

    Diante dessa realidade, de forma unnime, de uma s voz, declaramos e exigimos do Estado brasileiro, inclusive do Poder Judicirio, que respeite os nossos direitos, que valorize a diversidade e pluralidade da sociedade brasi-leira. Reafirmamos que vamos resistir, inclusive arriscando as nossas vidas, contra quaisquer ameaas, medidas e planos que violam os nossos direitos e buscam nos extinguir, por meio da invaso, destruio e ocupao dos nossos

    territrios e bens naturais, para fins neodesenvolvimentistas e de interesses de uns poucos.

    Declaramos que se os ruralistas conseguirem mudar a Cons-tituio ou se o Poder Executivo modificar os procedimentos de demarcao das nossas terras e continuar com a paralisia na demar-cao dos nossos territrios, para ns, essas medidas sero nulas, porque seguiremos resistindo e pautando as nossas vidas somente pelo que reza a Carta magna de 1988 e os tratados internacionais assinados pelo Brasil referentes aos nossos direitos.

    Estamos mobilizados e dispostos a autodemarcar, proteger e desintrusar os nossos territrios, custe o que custar, em mem-ria dos nossos ancestrais, dos nossos antepassados e lderes dos nossos povos que h 25 anos lutaram de forma aguerrida, junto com outros segmentos da populao brasileira, contra a ditadura militar, por uma sociedade realmente plural, justa e democrti-

    Joo Tapajs (Vice presidente do CITA), Cacique Mario Tupai, Cacique Manoel Munduruku e Cacique Jadson Kumaruara, em Braslia participando da Mobilizao Nacional Contra s PEC 215/00, PEC 237/13, PEC 038/99, PL 1610/96 e PLP 227/12 De 30 de setembro a 05 de outubro de 2013

    AUTORIA DA FOTO: CACIQUE CLODOVALDO TAPAJS, ACERVO PESSOAL DE JOO TAPAJS, 2013

  • CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1 19AGOSTO 2014

    ca, e uma Constituio Cidad que garantisse, por fim, o reconhecimento e garantia dos nossos direitos originrios, coletivos e fundamentais.

    Por tudo isso, exigimos o fim de todos esses ataques aos nossos direitos, o respeito irrestrito Constituio Federal:

    1. O arquivamento imediato e definitivo de todas as iniciativas legislativas que afrontam os nossos direi-tos, sobretudo a PEC 215/00, PEC 237/13, PEC 038/99, PL 1610/96 e PLP 227/ que buscam suprimir os nossos direitos originrios, coletivos e fundamentais;

    2. A aprovao do PL 3571/2008 de criao do Conselho Nacional de Poltica Indigenista (CNPI), do Estatuto dos Povos Indgenas e da PEC 320/2013 que prope a criao de quatro vagas para deputados federais indge-nas;

    3. A urgente revogao de todas as portarias e decretos editados pelo governo Dilma e que afrontam os nossos direitos, principalmente a Portaria 419/2011, Portaria 303/2012, Portaria 2498 e Decreto 7957/2013;

    4. A retomada imediata da demarcao de todas as terras indgenas, assegurando a sua proteo, extruso e sustentabilidade;

    5. O fortalecimento da Fundao Nacional do ndio (Funai), para que cumpra adequadamente a sua responsabili-dade de zelar pelos direitos indgenas, principalmente no tocante a demarcao de todas as terras indgenas, conforme determinou a Constituio Federal de 1988;

    6. O respeito, por fim, ao carter multitnico e pluricul-tural do Brasil reconhecido pela Constituio Federal, assegurando para os nossos povos reais e efetivas pol-ticas pblicas, estruturantes e permanentes, especfi-cas e diferenciadas, nas reas da educao, da sade e de todas as reas do nosso interesse;

    7. Priorizao pelo Poder Judicirio, sobretudo ao STF, do julgamento de processos de interesse dos nossos povos e comunidades, de forma especial a Petio 3388;

    Por fim, reiteramos a nossa determinao de permanecermos unidos e em aliana com outros movimentos e organizaes sociais que como ns lutam pela construo de uma socieda-de verdadeiramente democrtica, justa e plural. Braslia DF, 03 de outubro de 2013.

    DISPONVEL EM HTTP://MOBILIZACAONACIONALINDIGENA.WORDPRESS.COM/2013/10/03/DECLARACAO-DA-MOBILIZACAO-NACIONAL-EM-DEFESA-DA-CONSTITUICAO-FEDERAL-DOS-DIREITOS-TERRITORIAIS-INDIGENAS-QUILOMBOLAS-DE-OUTRAS-POPULACOES-E-DA-MAE-NATUREZA/. ACESSO EM 20 DE JANEIRO DE 2014

    PROJETO NOVA CARTOGRAFIA

    COORDENAO GERAL

    Alfredo Wagner Berno de Almeida UEA/ PPGAS, PPGSCAUFAM

    Rosa Elizabeth Acevedo Marin NAEA/UFPA

    COORDENAO REGIONAL

    Solange Maria Gayoso da Costa ICSA/PPGSS/UFPAJudith Costa Vieira ICS/UFOPA

    EQUIPE DE PESQUISA

    Solange Maria Gayoso da Costa PPGSS/ICSA/UFPA Judith Costa Vieira ICS/UFOPA

    Marcos Vinicius Costa Lima UNAMA/INCS Bruno Paracampo Mileo ICS/UFOPA

    Jefferson Costa Vieira ALUNO UFOPA Adenilson Borari ALUNO UFOPA

    Gleyce Kelly R. Miranda ALUNA UFPA

    ORGANIZAO DESTA EDIO

    Solange Maria Gayoso da Costa PPGSS/ICSA/UFPA Judith Costa Vieira ICS/UFOPA

    Marcos Vinicius Costa Lima UNAMA/INCS Bruno Paracampo Mileo ICS/UFOPA

    CARTOGRAFIA

    Coleta de dados e croquis: equipe de pesquisacones da legenda do mapa: indgenas presentes

    no encontro regional e na reunio preparatriaMontagem e arte cartogrfica:

    Marcos Vinicius Costa Lima UNAMA/INCS

    REVISO DESTA EDIO

    Solange Gayoso Judith Vieira

    Bruno Paracampo Mileo Marcos Vinicius Costa Lima

    FOTOGRAFIAS

    Solange Gayoso ACERVO PNCSA NCLEO BAIXO AMAZONAS Jefferson Vieira ACERVO PNCSA NCLEO BAIXO AMAZONAS

    Cacique Clodoaldo ACERVO PESSOAL DE JOO TAPAJS

    CAPA/IMAGENS

    Localizao de stios arqueolgicos na regio do rio Tapajs de Curt Nimuendaj, 1923; mapa

    Indgenas do Baixo Tapajs; mapa Terras Indgenas Munduruku Taquara e Bragana Marituba,

    DOU n 208 de 30.10.2009; mapa Terra Indgena Mar, DOU n 195 de 10.10.2011

    CAPA/FRASE

    Sr. Antonio Pereira (Curupini), Aldeia Escrivo (municpio Aveiro), no Encontro Regional do

    Projeto Mapeamento Social, realizado em Santarm de 12 a 14 novembro 2012

    DESIGN GRFICO

    CASA 8 PROJETOS E EDIES

    REALIZAO

    Conselho Indgena Tapajs Arapiuns CITAUniversidade Federal do Oeste do Par UFOPA

    Universidade Federal do Par UFPAUniversidade Estadual do Amazonas UEA

    C122 Caderno Nova Cartografia Mapeamento Social como Instrumento de Gesto Territorial contra o Desmatamento e a Devastao: processo de capacitao de povos e comunidades tradicionais. N. 1 (jun. 2014) Manaus: UEA Edies, 2014

    il. ; 30 cm.

    Irregular.

    Coordenao geral do PNCSA: Alfredo Wagner Berno de Almeida (CESTU/UEA/PPGCSPA) e Rosa Elizabeth Acevedo Marn (NAEA/UFPA/PPGCSPA).

    ISSN 2359-0300

    1. Conflitos sociais Amaznia Peridicos. 2. Comunidades tradicionais. 3. Desmatamento. 4. Territorialidade. 5. Cartografia. 6. Mapeamento social. I. Almeida, Alfredo Wagner Berno de. II. Marin, Rosa Elizabeth Acevedo.

    CDU 528.9:316.48(811)(05)

  • CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1 20 AGOSTO 2014

    CONSELHO INDGENA TAPAJS ARAPIUNS

    CITA

    Resistncia e Mobilizao dos Povos Indgenas do Baixo Tapajs

    CADERNO NOVA CARTOGRAFIA

    CADERNO NOVA CARTOGRAFIA 1JUNHO 2014

    Na regio do Baixo Tapajs no estado do Par, tem se observado, nos ltimas 30 anos, um processo crescente de territorializao de povos indgenas, que por meio de

    tradicionalmente ocupados. Nesse sentido, um crescente

    reivindicar o reconhecimento legal de sua etnia e territrio. Tais povos se organizam em associaes, conselhos e por

    os territrios reivindicados

    CONSELHO INDGENA TAPAJS ARAPIUNS CITA

    APOIOPROJETO EXECUTADO COM RECURSOS DO REALIZAO

    Em 2004 ns estvamos na Guiana Francesa, uma pessoa falou ainda que nas regies do Par, muitas pessoas estavam virando ndio. Ficamos assim..., ningum est virando ndio, ns nascemos ndios, ns somos resistentes. Essas palavras de virar ndio, no fomos ns que coloquemos, por que ns somos ndios resistentes.

    1JUNHO

    2014 ISSN 2359-0300