26
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ANA CLÁUDIA FRANCA GOMES ANDRE LUIZ ALVARENGA SANTOS CARVAO MINERAL Belo Horizonte 2011

Carvão Mineral

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Carvão Mineral

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ANA CLÁUDIA FRANCA GOMES ANDRE LUIZ ALVARENGA SANTOS

CARVAO MINERAL

Belo Horizonte 2011

Page 2: Carvão Mineral

1

ANA CLÁUDIA FRANCA GOMES ANDRE LUIZ ALVARENGA SANTOS

CARVAO MINERAL

Trabalho de Pesquisa apresentado ao Professor da Disciplina Geologia Geral e Estrutural do 5° período do curso de Engenharia de Minas. Prof. Orientador: Marcos Campello

Belo Horizonte 2011

Page 3: Carvão Mineral

2

ANA CLÁUDIA FRANCA GOMES

ANDRE LUIZ ALVARENGA SANTOS

CARVAO MINERAL Trabalho de Pesquisa apresentado ao Professor da Disciplina Geologia Geral e Estrutural 5° período do curso de Engenharia de Minas. ___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

Belo Horizonte, 18 de Maio de 2011.

Marcos Campello

Professor Orientador / Geologia Geral e Estrutural

Page 4: Carvão Mineral

3

SUMÁRIO

04

05

06

07

09

09

10

11

12

13

14

15

16

16

17

18

18

19

22

24

25

1 INTRODUÇÃO

2 JUSTIFICATIVA

3 METODOLOGIA

4 DESENVOLVIMENTO

4.1 CARVAO MINERAL

4.1.1 Ambientes geotécnicos

4.1.2 Características do depósito mineral

4.1.2.1 Barreira costeira

4.1.2.2 Planicie baixa do delta

4.1.2.3 Planicies aluvionares e planícies

altas do delta

4.1.3 Tipologia

4.1.4 Usos e aplicações

4.2 CARVÃO MINERAL NO BRASIL

4.2.1 Histórico

4.2.2 Gênese dos depósitos de carvão brasileiro

4.2.3 Reservas

4.2.4 Produção e consumo

4.3 CARVÃO MINERAL NO MUNDO

5 SSUGESTÃO

6 CONCLUSAO

7 REFERENCIAS

Page 5: Carvão Mineral

4

1- INTRODUÇÃO

Os combustíveis fósseis são todas as substâncias minerais compostas de

hidrocarbonetos usadas como combustível. São quatro os principais: petróleo,

carvão mineral, gás natural e xisto betuminoso. Neste trabalho, abordaremos o

carvão mineral.

Assim como os demais, o carvão mineral é resultado de um processo muito lento de

decomposição de plantas e animais a milhões de anos, daí o nome combustível

fóssil. Podem ser encontrados no subsolo, em vários lugares do globo.

O carvão mineral foi uma das primeiras fontes de energia utilizadas em larga escala

pelo homem. Sua aplicação na geração de vapor para movimentar as máquinas foi

um dos pilares da Primeira Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século

XVIII. Já no fim do século XIX, o vapor foi aproveitado na produção de energia

elétrica. Ao longo do tempo, contudo, o carvão perdeu espaço na matriz energética

mundial para o petróleo e o gás natural, com o desenvolvimento dos motores a

explosão. O interesse reacendeu-se na década de 70, em conseqüência, sobretudo,

da crise do petróleo, e se mantém em alta até hoje.

De todos os combustíveis fósseis o carvão é sem dúvida o com maior reserva no

mundo. Foi estimado atualmente que há mais de um trilhão de toneladas de carvão

em reservas economicamente acessíveis usando a atual tecnologia de exploração

de minas. Além de as reservas de carvão serem grandes, elas são geograficamente

divididas, sendo espalhadas por centenas de países em todos os continentes. Essa

grande quantidade de minas garantem um reserva para um grande período de

exploração. Se o nível de exploração mundial continuar como atualmente as

reservas são suficientes para durar aproximadamente 250 anos.

Além do mais, avanços tecnológicos continuam a ser feitos de modo a melhorar a

eficiência do carvão, fazendo com que mais energia seja retirada e utilizada de uma

tonelada de carvão. As reservas atuais de carvão são mais do que cinco vezes

maior do que as reservas de petróleo (de duração de aproximadamente 45 anos) e

Page 6: Carvão Mineral

5

mais do que três vezes maiores das que de gás natural ( de duração de

aproximadamente 70 anos).

Além da oferta farta, o comportamento dos preços é outra vantagem competitiva. Ao

contrario do carvão, as cotações do petróleo e derivados têm se caracterizado pela

tendência de alta nos preços.

A principal restrição à utilização do carvão é o forte impacto socioambiental

provocado em todas as etapas do processo de produção e também no consumo. A

extração, por exemplo, provoca a degradação das áreas de mineração. A

combustão é responsável por emissões de gás carbônico (CO2). Investimentos em

tecnologia estão sendo desenvolvidos para atenuar este quadro.

Ainda assim, de acordo com dados da International Energy Agency (IEA), o carvão é

a fonte mais utilizada para geração de energia elétrica no mundo, respondendo por

41% da produção total. Sua participação na produção global de energia primária,

que considera outros usos além da produção de energia elétrica, é de 26%. A IEA

também projeta que o minério manterá posição semelhante nos próximos 30 anos.

2- JUSTIFICATIVA

Embora o carvão seja um dos combustíveis mais poluidores e que tenha perdido

participação na matriz energética mundial, é essencial que se conheça o processo

de formação dos depósitos de carvão. O entendimento da gênese dos depósitos

envolve conhecimentos essenciais a formação do engenheiro, como por exemplo, o

reconhecimento desses depósitos como depósitos sedimentares bem como a

existência de processos de evolução dos depósitos o que os caracterizará o mesmo

quanto a riqueza de carbono.

Page 7: Carvão Mineral

6

Além disso, é preciso determinar durante a exploração do depósito os métodos de

extração do minério a fim de se obter um bom rendimento tanto para o carvão

mineral metalúrgico quanto energético. Para nós, futuros engenheiros de minas, o

conhecimento desses depósitos, de sua gênese e dos usos e aplicações do carvão

mineral é de suma importância, pois poderão ser a fonte de nossos trabalhos.

3- METODOLOGIA

Para a pesquisa sobre carvão mineral efetuada tivemos acesso a diversars

referencias bibliográficas, tais como a internet por meio de blogs, sites relacionados

ao assunto, e meios físicos como livros didáticos.

Após essa etapa de pesquisa, tivemos a orientação do professor de Geologia geral

e estrutural, Marcos Campello sobre quais os principais tópicos que serão, a seguir,

devidamente abordados.

Em seguida, aprofundamos a pesquisa inicial nos tópicos de interesse segundo a

orientação do professor Campello.

Por fim, concentramos todo o conhecimento adquirido sobre carvão mineral,

concatenando-o neste trabalho.

Page 8: Carvão Mineral

7

4- DESENVOLVIMENTO

4.1- CARVÃO MINERAL

O carvão é uma rocha sedimentar, combustível, formada a partir de vegetais que se

encontravam em diferentes estágios de conservação, e tendo sofrido soterramento

com compactação em bacias pouco profundas.

A camada de sedimentos, sob pressão, desce (é o fenômeno de subsidência) e

nova camada se forma no topo, sob pequena espessura de água. Esse fenômeno

pode se repetir grande número de vezes, durante o tempo.

A formação dessas bacias é regulada pela velocidade de subsidência, e pela

velocidade crítica de formação de desenvolvimento da vegetação. Sendo assim, a

formação das bacias é o problema de equilíbrio entre a rapidez do crescimento

vegetal e a velocidade de soterramento.

Carvão é o nome genérico que pode ser utilizado para designar as quatro etapas

típicas na gênese deste combustível: TURFA, LINHITO, HULHA E ANTRACITO, que

constituem a série evolutiva do carvão, sendo a turfa o menos carbonificado e o

antracito o mais carbonificado. Todos resultam da transformação da matéria vegetal

submetida a pressão e temperatura elevadas, por mais de 600 milhões de anos.

Numerosas são as propriedades que permitem medir a evolução dos carvões.

Algumas são gerais (teor de carbono e refletância), outras são interessantes nos

estágios precoces da evolução (umidade, poder calorífico, fluorescência), e outras

enfim caracterizam melhor os estágios terminais (teor em hidrogênio, índice de

grafitação dos raios X e bi-refletância). Com o aumento de carbonificação, o

hidrogênio diminui, as matérias voláteis também e o carbono e o poder refletor

aumenta.

Page 9: Carvão Mineral

8

O carvão mineral, em qualquer de suas fases, compõe-se de uma parte orgânica,

formada de macromoléculas de carbono e hidrogênio e pequenas proporções de

oxigênio, enxofre e nitrogênio.

Essa é a parte útil, por ser fortemente combustível. A outra parte mineral, contém os

silicatos que constituem a cinza. As proporções desses elementos variam de acordo

com o grau de evolução do processo de encarbonização: quanto mais avançado,

mais alto o teor de carbono na parte orgânica e menor o teor de oxigênio.

Em virtude da concentração desses elementos, o carvão mineral apresenta diversas

denominações. Seu emprego para fins industriais obedece a uma classificação que

toma como base a produção de matéria volátil e a natureza do resíduo. Assim, há

carvões que se destinam à produção de gás, de vapor ou de coque.

O combustível fóssil é utilizado, especialmente, no aquecimento de fornos de

siderúrgicas, indústria química (produção de corantes), na fabricação de explosivos,

inseticidas, plásticos, medicamentos, fertilizantes e na produção de energia elétrica

nas termoelétricas.

Figura 1- Ilustração carvão mineral.

Page 10: Carvão Mineral

9

4.1.1- Ambientes Geotécnicos

O carvão mineral é um combustível fóssil natural extraído da terra através do

processo de mineração. É encontrado em grandes profundidades ou perto da

superfície e possui aparência preta ou marrom, lisa, macia e quebradiça.

A história do carvão se inicia há cerca de 210 milhões de anos, na época em que a

crosta da Terra ainda estava convulsionada por terremotos, vulcões, furacões,

vendavais e maremotos. Estes fenômenos provocaram lentos ou violentos

cisalhamentos e fizeram as montanhas e os limites costeiros separarem-se da África

pelo Oceano Atlântico. Naquelas épocas geológicas, árvores gigantes e toda

vegetação crescia, formando grandes e espessas florestas.A atmosfera muito rica

em CO2 permitia o crescimento dos vegetais em um clima particularmente quente e

úmido.

O carvão é então proveniente de depósitos de restos de plantas e árvores, ou seja,

uma vegetação pré-histórica que se acumulou em pântanos sob uma lâmina d’água

há milhões de anos. Por ação de pressão e temperatura em ambiente sem contato

com o ar, em decorrência de soterramento e atividade orogênica, os restos vegetais

ao longo do tempo geológico solidificam-se, perdem oxigênio e hidrogênio e

enriquecem em carbono, em um processo denominado carbonificação.

Quanto mais intensa a pressão e a temperatura a que a camada de matéria vegetal

for submetida, e quanto mais tempo durar o processo, mais alto será o grau de

carbonificação.

Há ainda outra teoria de formação do carvão mineral. As emanações de metano

provenientes de falhas geológicas de grande profundidade ou exsudações de

reservatórios de hidrocarbonetos alimentam essas regiões pantanosas, trazendo

metais como níquel, vanádio, arsênio, cádmio, mercúrio e outros como também o

enxofre, todos eles oriundos do manto terrestre, fixando-os junto ao carvão.

Bactérias retrabalham o metano e outros hidrocarbonetos juntamente com os restos

vegetais. A elevação do nível das águas do mar ou o rebaixamento da terra

Page 11: Carvão Mineral

10

provocaram o afundamento dessas camadas sob sedimentos marinhos, cujo peso

comprimiu a turfa, transformando-a, sob elevadas temperaturas, em carvão.

Figura 2- Ambiente de formação do carvão mineral.

4.1.2- Características do depósito mineral

O carvão mineral ocorre em depósitos sedimentares. Podem variar de amadas

relativamente simples e próximas da superfície do solo - e, portanto, de fácil

extração e baixo custo - a complexas e profundas camadas, de difícil extração e

custos elevados, o que requer mina subterrânea. Existem vários modelos de

formação de depósitos de carvão, mas a maioria deles tem como base o modelo

tradicional o qual se baseia na sucessão cíclica de uma serie de tipos

litológicos(cyclothem). As novas teorias vem adaptando esse cylcothem no que se

refere a modificações nas sequencias vertical e horizontal dos depósitos, o que vem

sendo reconhecido em depositos fluviais, deltaicos e costeiros.

Page 12: Carvão Mineral

11

O modelo tradicional apresenta três tipos básicos: Barreira costeira, planície baixa

de deltas e alto delta e planícies aluvionares.

4.1.2.1 Barreira Costeira

Os depósitos carboníferos

formados nas barreiras

costeiras são

caracterizados pelas

alternacias de áreas de

pântanos, onde ocorreu o

grande desenvolvimento

de plantas que vieram a

constituir o carvão mineral

e lagoas, responsáveis

pelo recolhimento de

detritos que mais tarde

constituiriam arenitos.

Outra característica deste

deposito é que por sua

proximidade a superfície

ele vem sendo

retrabalhado

constantemente.

Principalmente as

camadas que precedem o

carvão, como os arenitos

por exemplo.

Outro ambiente de formação de depósitos de carvão são as lagunas anteriores as

barreiras costeiras cujo ambiente de deposição é caracterizado, por camadas mais

Figura 3 – Reconstituição de ambiente deposicional(a), e estratigrafia(b)

Page 13: Carvão Mineral

12

espessas de xistos ricos em material orgânico e siltitos sobre camadas descontinuas

de carvão.

4.1.2.2 Planicie baixa dos deltas

Os depósitos de planícies baixas são caracterizados pela grande camada de

argilitos e siltitos que variam

entre 15 e 55 metros de

espessura e de 8 a 110 km de

extensão. Nas camadas

inferiores, há predominância

de argilitos escuros com

distribuição irregular de

calcário. Enquanto em

camadas superiores há

predominância de arenitos, o

que reflete uma mudança na

energia do rio. Em muitos

depósitos é possível observar

uma faixa transicional

caractesitica com alternância

de camadas interdistributaria

e crevasse-splay.

Devido ao rápido abandono

dos canais distributarios dos

deltas, os depósitos desse

tipo tem pequena espessura,

mas podem apresentar

estrutura gradacional. E as

camadas de carvão são Figura 4 – Reconstituição de ambiente deposicional(a), e estratigrafia(b)

Page 14: Carvão Mineral

13

formadas principalmente por acumulação de material orgânico grosso junto com silte

trazido pela correnteza do rio.

4.1.2.3 Planicies aluvionares e planícies altas dos deltas

Os depósitos de

planícies aluvionares e

planícies altas dos

deltas são

caracterizados por

uma camada linear e

de arenitos com

espessura de até 25

metros e 11km de

extensão. A diferença

entre os carvões

formados na planície

alta dos deltas e na

planície baixa

encontra-se na

espessura da camada,

maior naquela que

nesta, e na

distribuição, há uma

concentração maior

nas planícies altas que

nas baixas.

Figura 5 – Reconstituição de ambiente deposicional(a), e estratigrafia(b)

Page 15: Carvão Mineral

14

4.1.3 – Tipologia

O carvão mineral apresenta algumas variedades de acordo com o grau de

carbonificação . O estágio mínimo para a utilização industrial do carvão é o do

linhito.

� Turfa: baixo conteúdo carbonífero, constitui um dos primeiros estágios do carvão,

com teor de carbono na ordem de 45%;

� Linhito: apresenta um índice que varia de 60% a 75%;

� Hulha (carvão betuminoso): mais utilizado como combustível, contém de 75% a

85% de carbono;

� Antracito: o mais puro dos carvões, apresenta um conteúdo carbonífero superior a

90%.

Figura 6- Fases do carvão mineral.

Page 16: Carvão Mineral

15

4.1.4 - Usos e aplicações

Os carvões apresentam uma grande variedade tipológica em termos de evolução do

processo de carbonificação. Dessa forma, cada tipo de carvão terá uma utilidade

especifica que dependerá da quantidade de carbono e de voláteis. Dividi-se o carvão

mineral para duas aplicabilidades preferenciais em carvão energético e carvão

metalúrgico.

O carvão energético é aquele utilizado na geração de energia elétrica, mas também

pode ser utilizado como fonte de energia em aquecimentos, principalmente nos

países do hemisfério norte. A principal característica é o alto poder calorífico, assim,

o estagio mínimo da evolução do carvão utilizado como energético é o linhito.

Entretanto, o beneficiamento pode aumentar ainda mais o poder calorífico do linhito.

O carvão metalúrgico é aquele que fornece o coque para a indústria siderúrgica. As

principais características desse carvão é que ele deve apresentar um elevado grau

de evolução e também uma grande relação entre a matéria orgânica e inorgânica.

Assim, o carvão metalúrgico depende de algumas variáveis de formação dos

depósitos, como por exemplo, o a vegetação que formou o depósito, o ambiente

geotécnico de formação e o processo evolutivo.

Page 17: Carvão Mineral

16

5- CARVÃO MINERAL NO BRASIL

4.1 Histórico

A ocorrência do carvão no Brasil encontra-se principalmente nos estados do Rio

Grande do Sul (28 bilhões de toneladas), Santa Catarina (3,3 bilhões de toneladas)

e Paraná (104 milhões

O carvão sul-rio-grandense foi descoberto em 1795 pelo soldado português Vicente

Wenceslau Gomes de Carvalho, conhecedor do carvão de pedra por ser ferreiro de

profissão, na localidade de Curral Alto, na Estância do Leão. O empenho do

presidente provincial Sr. Luiz Vieira Sinimbu, na busca de atrair indústrias para a

Província, encarrega o inglês do País de Gales James Johnson, conhecedor do

carvão de Cardiff, a realizar novas explorações. Em 1853, Johnson realiza

sondagens e redescobre carvão à margem esquerda do Arroio dos Ratos, e

juntamente com 10 mineiros naturais do País de Gales, abre a mina através de poço

escavado e passa a produzir carvão em 1855. A partir de então várias mineradoras

são formadas na região e uma estrada de ferro é construída para facilitar o

transporte.

Em Santa Catarina, o início das atividades carboníferas aconteceu no final do

Século XIX, realizadas pela companhia britânica que construiu a ferrovia e explorava

as minas. Como o carvão catarinense era considerado de baixa qualidade, sua

exploração não despertou o interesse por parte dos ingleses. Diante desse quadro, o

Governo Federal repassou a concessão para indústrias cariocas.

O consumo de carvão nacional aumenta consideravelmente por ocasião da 1ª

Guerra Mundial. No pós-guerra o carvão estrangeiro volta a ocupar o mercado e as

mineradoras gaúchas buscam novo mercado para o seu carvão resultando na

construção da primeira usina térmica a carvão – Usina do Gasômetro; foi o primeiro

passo à utilização do carvão na termoeletricidade. Porto Alegre, em 1928, contava

com energia elétrica, bondes elétricos e gás encanado do carvão na Rua da Praia,

mas por não contarem com filtros e precipitadores de cinzas, a poluição por

particulados era intensa.

Page 18: Carvão Mineral

17

O segundo surto veio no Governo Federal Getúlio Vargas, com decreto

determinando o consumo do carvão nacional e com a construção da Companhia

Siderúrgica Nacional (CSN). Nos anos 40 e 50 várias minas operavam na região e

pertenciam a pequenos proprietários locais, grandes empreendedores cariocas e

uma estatal. O último boom no setor foi com a crise do petróleo em 1973, com as

atenções voltadas novamente para o uso do carvão nacional.

4.2 Gênese dos depósitos de carvão brasileiro

O carvão brasileiro apresenta qualidade relativamente baixa quando comparada aos

carvões de países da Europa e mesmo os nossos vizinhos sul-americanos. Essa

baixa qualidade se relaciona com a gênese dos depósitos carboníferos.

Os depósitos brasileiros se formaram durante a era paleozóica no período permo-

carbonífero, há cerca de 240/280 milhoes de anos, em que predominavam na

Gondwana uma flora Gangamopteris-Glossopteris, em período inter e pós-glacial,

acumulada em região intercratônica de bacias sedimentares estáveis. Esses

depósitos ocorreram originalmente em lagunas , atrás de barreira, numa costa

dominada por ondas com influências de marés; por isso em geral, carvão mineral

brasileiro tem espessas camadas silte-argilosas que o envolve.

Durante o processo de evolução, a vegetação depositada no pântano foi sendo

soterrada, e sofrendo também subsidência, condições as quais são essenciais para

o processo de diagenese. No processo de diagenese, ocorre também a

carbonificação, o que diferencia os depósitos. Alguns depósitos brasileiros

apresentam um elevado estágio de evolução, o que é incoerente com as condições

atuais nas quais essas camadas se encontram. De fato, é possível prever duas

condições ou essas camadas estiveram soterradas em profundidades maiores ou

em alguns casos sofreram intrusões basálticas.

Outro aspecto importante da formação do carvão brasileiro é a ausência de

dobramentos das camadas, a declividade baixa e a proximidade com a superficie,

Page 19: Carvão Mineral

18

indicando áreas de estabilidade tectônica e o baixo grau de evolução do carvão bem

como sua facilidade de mineração.

4.3 Reservas

Como curiosidades geológicas, há ocorrências de linhito e carvão sub-betuminoso

em vários estados brasileiros: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Piauí, Maranhão,

Pará, Amazonas e Acre. Significativas, porém, são apenas as camadas de carvão

sub-betuminoso e betuminoso do flanco leste da Bacia do Paraná (Formação Rio

Bonito, do Permiano Médio), no sul-sudeste brasileiro. Em São Paulo há depósitos

sem qualquer relevância econômica, de modo que serão consideradas como

reservas somente as dos três estados do sul.

O Rio Grande do Sul possui 89,2% das reservas de carvão mineral nacional, um

total de 28,802 milhões de t. A região carbonífera fica na área do Baixo Jacuí. A

Copelmi na região carbonífera tem 46,0 milhões de t. A Companhia Rio-Grandense

de Mineração tem no estado, reservas de 3 bilhões de toneladas em áreas de lavra

e áreas em fase de pesquisa. A CRM opera na mina de Taquara e Leão I, no

município de Minas do Leão II.

Segundo dados do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), “O Brasil

tem uma produção significativa de carvão mineral apenas do tipo energético, a qual

teve um crescimento constante durante a década de 1990, atingindo um ápice de

6,69 X 106 t em 2002 e desde então caindo. Em termos de faturamento, porém, o

carvão catarinense, com um poder calorífico superior, garante a Santa Catarina uma

participação de 68,3%, contra 28,5% do Rio Grande do Sul e 3,2% do Paraná,

dentro de um total de cerca de R$533.000.000,00.”

4.5 Produção e consumo

A participação brasileira na produção de carvão mineral é praticamente irrisória,

dada suas pequenas reservas, que não ultrapassam 10000 milhões de toneladas, e

a qualidade da mesma. No ranking de produção o Brasil ocupa a 27ª posição,

enquanto que no de consumo encontra-se na 21ª posições. Tamanha disparidade

entre produção e consumo obriga o Brasil a importar carvão, principalmente, carvão

Page 20: Carvão Mineral

19

metalúrgico uma vez que os carvões brasileiros apresentam grande quantidade de

cinzas e são impróprios ao beneficiamento.

Sendo o carvão brasileiro, em sua maioria, de baixa qualidade a produção destina-

se a utilização do mesmo em usinas termoelétricas, visto que não há necessidade

de carvões superenriquecidos para a geração de energia, e o beneficiamento é

quase que inviável. Outro importante consumidor é o setor de secagem de grãos da

industria alimentícia e a cerâmica. O Brasil apesar de não possuir o carvão

metalúrgico, utilizado em grande escala na produção de ferro gusa e em fornos de

calcário na produção de cimento.

4.3 - CARVÃO MINERAL NO MUNDO

O carvão é o combustível fóssil com a maior disponibilidade do mundo. As reservas

totalizam 847,5 bilhões de toneladas, quantidade suficiente para atender a produção

atual por 130 anos. Além disso, ao contrário do que ocorre com petróleo e gás

natural, elas não estão concentradas em poucas regiões. Abaixo, como mostra a

Figura 4, as reservas estão bem distribuídas pelos continentes. Na verdade, são

encontradas em quantidades expressivas em 75 países, sendo que três deles –

Estados Unidos (28,6%), Rússia (18,5%) e China (13,5%) – concentram mais de

60% do volume total.

Figura 7- Reservas de carvao mineral no mundo – 200 7 (em milhões de toneladas).

Page 21: Carvão Mineral

20

O volume extraído e produzido, porém, não é diretamente proporcional à

disponibilidade dos recursos naturais. Relaciona- se, também, a fatores estratégicos,

como a existência de fontes primárias na região e, em conseqüência, à maior ou

menor dependência da importação de combustíveis.

Atualmente, o maior produtor mundial de carvão é a China que, também estimulada

pelo ciclo de acentuado desenvolvimento econômico, tornou-se a maior

consumidora do minério.

No ranking dos maiores produtores de carvão, também figuram os seguintes países:

Estados Unidos, Índia e Austrália, maior exportador do minério do mundo, conforme tabela a

seguir

Tabela 1- Os dez maiores produtores de carvão mineral.

Os países dependentes do carvão mineral são os que o consomem mais, para , em

grande parte geração de energia, conforme a tabela 2 abaixo.

Page 22: Carvão Mineral

21

Tabela 2- Os dez maiores consumidores mundias de carvão minereal.

Page 23: Carvão Mineral

22

5- SUGESTOES

O carvão é uma das formas de produção de energia mais agressivas ao meio

ambiente. Ainda que sua extração e posterior utilização na produção de energia gere

benefícios econômicos (como empregos diretos e indiretos, aumento da demanda

por bens e serviços na região e aumento da arrecadação tributária), o processo de

produção, da extração até a combustão, provoca significativos impactos

Socioambientais.

A ocupação do solo exigida pela exploração das jazidas, por exemplo, interfere na

vida da população, nos recursos hídricos, na flora e fauna locais, ao provocar

barulho, poeira e erosão. O transporte gera poluição sonora e afeta o trânsito. O

efeito mais severo, porém, é o volume de emissão de gases como o nitrogênio (N) e

dióxido de carbono (CO2), também chamado de gás carbônico, provocado pela

combustão. Estimativas apontam que o carvão é responsável por entre 30% e 35%

do total de emissões de CO2, principal agente do efeito estufa.

Considerando-se a atual pressão existente no mundo pela preservação ambiental –

principalmente com relação ao efeito estufa e às mudanças climáticas – é possível

dizer, portanto, que o futuro da utilização do carvão está diretamente atrelado a

investimentos em obras de mitigação e em desenvolvimento de tecnologias limpas

(clean coal technologies, ou CCT).

Para a mineração, as principais medidas adotadas referem-se à recuperação do

solo, destinação de resíduos sólidos e negociações com a comunidade local. É com

vistas à produção de energia elétrica, porém, que ocorrem os grandes investimentos

em pesquisa e desenvolvimento, focados na redução de impurezas, diminuição de

emissões das partículas com nitrogênio e enxofre (NOx e SOx) e redução da

emissão de CO2 por meio da captura e armazenamento de carbono.

Dentre as maneiras de se minimizar esses impactos causados pela extração do

carvão vale ressaltar a recuperação de áreas de extração com reflorestamento.

Apesar de essa ser uma técnica para seqüestro de carbono que dará resultado

Page 24: Carvão Mineral

23

apenas a médio e longo prazo, devemos levar em conta o bem estar das gerações

futuras, associando sempre mineração a sustentabilidade.

Page 25: Carvão Mineral

24

6- CONCLUSÃO

O aumento do controle e do uso, por parte do Homem, da energia contida nesses

combustíveis fósseis foi determinante para as transformações econômicas, sociais,

tecnológicas - e infelizmente ambientais - que vêm ocorrendo desde a Revolução

Industrial.

Um grande problema desses combustíveis é o fato de serem finitos, o que faz com

que a dependência energética a partir deles se torne um problema quando esses

recursos acabarem. Outro problema é que com a queima de combustíveis minerais

são produzidos gases que produzem aumenta o efeito estufa como o gás carbônico

e metais pesados, como por exemplo o mercúrio.

Pelo aumento do preço dos combustíveis fósseis e da poluição ambiental, muitos

países já estão a procurando soluções energéticas alternativas (como os

biocombustíveis, a eletricidade e o hidrogênio).

Page 26: Carvão Mineral

25

7 REFERÊNCIAS

GOMES, Aramis J. Pereira. Carvão do Brasil turfa agrícola: geologia, meio ambiente e participação estratégica na produção de eletricidade no Sul do Brasil. Porto Alegre: EST, 2002 164 p.

THOMAS, Larry. Coal geology. New York; [Chichester]: Wiley, 2002. 384 p.

VEIT, Benedito. “Assim Nasce uma Riqueza : A trajetória do carvão na Região Carbonífera”, Ed. Alcance, 2004.

Bacias Sedimentares . Disponível em: <http://br.geocities.com/geologiadopetroleo/bacias.htm>. Acesso em: 12/05/2011

BORBA, Roberto Ferrari. Carvão Mineral . Disponível em: <http://www.dnpm.gov.br/assets/galeriadocumento/balancomineral2001/carvao.pdf>. Acesso em: 14/05/2011

Carvão Mineral. Diponível em: <http://cepa.if.usp.br/energia/energia1999/Grupo1A/carvao.html>. Acesso em: 14/05/2011

DOMINGOS, Luís Carlos Gomes. Breve História do Petróleo . Disponível em: <http://histpetroleo.no.sapo.pt/origem.htm>. Acesso em: 12/05/2011

Histórico do Carvão no Brasil . Disponível em: <http://www.carvaomineral.com.br/abcm/cm_historia.asp>. Acesso em: 27 Ago. 2009

Xisto Betuminoso . Disponível em: <http://cepa.if.usp.br/energia/energia1999/Grupo1A/xisto.html>. Acesso em:12/05/2011

Xisto . Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/metamorficas/xisto.html>. Acesso em 12:05/2011

ANEEL. Parte III - Fontes não renováveis: Carvão mineral. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/atlas_par3_cap9.pdf> Acessado em 15/05/2011.

SOUZA, G. V. [et al] Carvão mineral. Disponível em: <http://www.demec.ufmg.br/disciplinas/ema003/solidos/mineral/index.htm> Acessado em 15/05/2011.