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CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA PRODUZIDO EM FORNO MICRO-ONDAS. por Alexandre Freire Bezerra Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal da Paraíba para obtenção de grau de Mestre. João Pessoa Paraíba setembro, 2012 Universidade Federal da Paraíba Centro de Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica - Mestrado - Doutorado-

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CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA

PRODUZIDO EM FORNO MICRO-ONDAS.

por

Alexandre Freire Bezerra

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal da Paraíba

para obtenção de grau de Mestre.

João Pessoa – Paraíba setembro, 2012

Universidade Federal da Paraíba

Centro de Tecnologia

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica

- Mestrado - Doutorado-

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ALEXANDRE FREIRE BEZERRA

CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA

PRODUZIDO EM FORNO MICRO-ONDAS

Dissertação apresentada ao curso de

Pós-Graduação em engenharia mecânica

da Universidade Federal da Paraíba, em

cumprimento às exigências para a

obtenção do Grau de Mestre.

Orientador: Professor Dr. Emerson Freitas Jaguaribe

João Pessoa – Paraíba 2012

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DEDICATÓRIA

Dedico este Mestrado aos meus pais, Ary Pinheiro Bezerra, e Terezinha Freire

Bezerra e ao meu irmão José Adriano Freire Bezerra, pelo exemplo de perseverança,

honestidade e dedicação em tudo que realizam.

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AGRADECIMENTOS

Uma palavra de agradecimento a todos aqueles que, de formas diversas, e em

momentos diferentes, foram importantes para a realização deste trabalho, sobretudo:

A Deus;

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pelo incentivo

ao desenvolvimento científico do país e pela bolsa concedida;

Meu profundo agradecimento ao exímio orientador, Prof. Dr. Emerson F. Jaguaribe, que,

através dos seus conhecimentos e valiosas discussões contribuiu, de forma significativa,

para o desenvolvimento desta dissertação.

Aos professores, que muito me honraram com suas participações na banca examinadora;

Aos amigos do Laboratório de Termoenergética, Júnior, Marcos, Fágner, Adriano,

Benilton, Bruno e Cássio, pelo auxílio prestado ao longo da realização deste trabalho;

Aos amigos do Laboratório de Carvão Ativado Islanny, Jean e José Luiz pelo valioso

incentivo no desenvolvimento desse trabalho;

À minha querida família, pela compreensão nos tantos momentos em que precisei

estar ausente.

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CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA

PRODUZIDO EM FORNO MICRO-ONDAS

RESUMO

Carvão ativado, CA, é uma forma de carbono puro de grande porosidade, que adsorve

moléculas ou íons de um meio fluido. É obtido a partir da queima controlada de

precursores, geralmente, subprodutos de baixo custo, oriundos da agricultura, ou da

indústria. Quando produzido em fornos convencionais, as temperaturas de trabalho podem

ser superiores a 900 °C, reduzindo a menos de 20 % a massa de carvão produzida com

relação à do precursor (rendimento). Isto se dá em virtude da grande degradação

ocasionada pela frente de calor destes fornos, que lentamente se desloca da superfície ao

núcleo da massa do precursor. Em consequência, via de regra, a massa específica final, ρ,

registra valores abaixo de 0,5 g.cm-3

. No caso das micro-ondas a degradação térmica da

matéria se dá, de forma menos agressiva, do interior do precursor para o exterior,

proporcionando carvões ativados mais densos, com microporosidade mais seletiva, e, logo,

mais adequada ao armazenamento de gás. O presente trabalho relata a obtenção de carvões

ativados, por via física e química, a partir do endocarpo do coco da baía, em um forno

micro-ondas adaptado, onde é possível se programar rampas de temperaturas e razões de

aquecimento. Avalia-se o consumo de energia elétrica do forno micro-ondas adaptado em

relação ao do forno elétrico convencional. A área superficial de BET dos carvões química

e fisicamente preparados foi superior a 1200 m2.g

-1, a massa específica manteve-se

próximo a 0,5 g.cm-3

, e os rendimentos ficaram acima de 40 %. Ao se comparar o consumo

de energia elétrica para produzir, tanto no forno convencional como no micro-ondas, uma

determinada quantidade de carvão ativado, com área de BET superior a 800 m2/g,

verificou-se que a redução gerada pelo micro-ondas foi de aproximadamente 3,2 kW.h,

representando um percentual de economia de energia de 85,5 %.

Palavras chaves – Micro-ondas, Endocarpo de Coco, Carvão Ativado.

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ACTIVATED CARBON FROM COCONUT SHELL PRODUCED IN

MICROWAVE OVEN

ABSTRACT

Activated carbon, AC, is a pure state carbon with large porosity, which adsorbs

molecules or ions from a fluid medium. In general, it is obtained from the controlled

burning of agricultural or industrial by-products. When produced in conventional furnaces,

the operating temperatures may rise up to 900°C, resulting in yields inferior to 20 %. The

low yield is a consequence of the precursor's large thermal degradation caused by the heat

wave front which moves slowly from the surface to its core. Therefore, there is a

significant formation of meso and macropores, which lead to a final value of density, ρ,

below of 0.5 g.cm-3

. On the other hand, thermal degradation caused by microwaves is less

aggressive. The heating process occurs from the core of the precursor to its exterior. As a

consequence the activated carbons are denser, have a more selective microporosity, and are

more suitable to gas storage. This paper reports the preparation and the results of the

qualitative analysis of physically and chemically activated carbons, from coconut shell,

using an adapted microwave oven. This adapted microwave allows the settling down of

temperature programs' ramp and heating rates. The BET surface area of activated carbons

prepared in the microwave oven surpassed 1200 m2.g

-1, the apparent density situated at

around 0.5 g.cm-3

, and the yields remained above 40 %. Comparisons between the

electricity consumption of the electrical conventional kiln and of the micro-wave oven in

producing a certain quantity of an activated carbon with a BET surface area over 800 m2/g,

showed that the use of the microwave oven had allowed, each time, a reduction of about

3,2 kW.h, which represents an average of electricity saving of 85.5 %.

Keywords – Microwave, Coconut Shell, Activated Carbon.

Page 8: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

i

SUMÁRIO

CAPÍTULO I 1

INTRODUÇÃO 1

1.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1

1.2 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 3

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 3

CAPÍTULO II 4

FUNDAMENTOS TEÓRICOS 4

2.1 FORNO ELÉTRICO TUBULAR ........................................................................... 4

2.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO FORNO MICRO-ONDAS ................. 5

2.2.1 Surgimento ......................................................................................................... 5

2.2.2 As ondas eletromagnéticas ................................................................................. 5

2.2.3 Processo de aquecimento ................................................................................... 7

2.2.4 Funcionamento ................................................................................................... 9

2.3 A TERMOGRAVIMETRIA (TG) ................................................................... 10

2.3.1 Fatores que afetam as Curvas Termogravimétricas ......................................... 12

2.4 ENDOCARPO DE COCO DA BAIA ................................................................... 13

2.5 CARVÃO ATIVADO ........................................................................................... 13

2.6 ADSORÇÃO ......................................................................................................... 14

2.6.1 Isoterma de Adsorção ...................................................................................... 15

2.6.2 Teoria de Langmuir ......................................................................................... 16

2.6.3 Teoria de Freundlich ........................................................................................ 17

2.6.4 Teoria BET ...................................................................................................... 18

2.6.5 Informações Obtidas das Isotermas. ................................................................ 20

CAPÍTULO III 23

PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 23

3.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 23

3.2 EQUIPAMENTOS ................................................................................................ 23

3.2.1 A adaptação do Forno Micro-Ondas ............................................................... 23

3.2.2 A Balança Termogravimétrica ......................................................................... 28

3.2.3 O Forno Elétrico Rotativo ................................................................................ 29

Page 9: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

ii

3.2.4 Registrador Eletrônico ..................................................................................... 30

3.2.5 Analisador de qualidade de energia ................................................................. 31

3.2.6 Estufa ............................................................................................................... 32

3.2.7 Balança Analítica ............................................................................................. 33

3.3 IDENTIFICAÇÃO DO PONTO DE MAIOR RADIAÇÃO INCIDENTE NO

INTERIOR DO FORNO .............................................................................................. 33

3.4 PRODUÇÃO DOS CARVÕES ATIVADOS ....................................................... 34

3.4.1 Preparação da matéria prima ............................................................................ 34

3.4.2 Ativação por Impregnação com Reagentes Químicos ..................................... 36

3.4.3 Processos de Carbonização e Ativação ............................................................ 37

3.5 CARACTERIZAÇÕES DOS CARVÕES ATIVADOS ..................................... 38

3.5.1 Densidade Aparente ......................................................................................... 38

3.5.2 Determinação da Área Superficial, Tamanho e Volume dos Poros ................ 38

CAPÍTULO IV 40

RESULTADOS E DISCUSSÕES 40

4.1 DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA ....................... 40

4.2 IDENTIFICAÇÃO DO PONTO DE MAIOR RADIAÇÃO INCIDENTE NO

INTERIOR DO FORNO MICRO-ONDAS ................................................................. 41

4.3 ANÁLISES TERMOGRAVIMÉTRICAS ............................................................ 42

4.4 CARACTERIZAÇÃO DOS CARVÕES ATIVADOS ....................................... 45

4.5 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA E CORRENTE MÁXIMA................... 48

4.6 MONITORAMENTO DA TEMPERATURA DA SUPERFICIE DO

ENDOCARPO NOS REATORES DOS FORNOS ..................................................... 48

CAPÍTULO V 50

CONCLUSÃO 50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53

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iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Circuito simples resistivo. ............................................................................... 4

Figura 2.2 – Onda eletromagnética...................................................................................... 6

Figura 2.3 – Espectro eletromagnético. ............................................................................... 7

Figura 2.4 – Representação de uma molécula de água na presença do campo elétrico. ..... 8

Figura 2.5 – Diagrama em bloco do forno Micro-ondas. .................................................. 10

Figura 2.6 – Classificação das Termobalanças. ................................................................. 11

Figura 2.7 – a) Coco da baía; b) Partes internas do coco da baía. ..................................... 13

Figura 2.8 – Tipos de Isotermas de Adsorção. .................................................................. 20

Figura 3.1 – Forno micro-ondas. ....................................................................................... 24

Figura 3.2 – Desenho esquemático dos componentes envolvidos na produção de carvão

ativado usando o forno micro-ondas adaptado. ................................................................. 24

Figura 3.3 – Controlador de Temperatura. ........................................................................ 25

Figura 3.4 – Termopar. ...................................................................................................... 25

Figura 3.5 – Sistema de Acionamento. .............................................................................. 26

Figura 3.6 – Furos na Lateral. ........................................................................................... 26

Figura 3.7 – Tubulação de Escape. .................................................................................... 27

Figura 3.8 – Reator de Cerâmica. ...................................................................................... 27

Figura 3.9 – Reator de Cerâmica Modificado. .................................................................. 28

Figura 3.10 – Tubulações de cobre. ................................................................................... 28

Figura 3.11 – Balança Termogravimétrica. ....................................................................... 29

Figura 3.12 – Forno Elétrico Rotativo da CHINO acoplado à caldeira elétrica e sistema

de alimentação gasosa. ...................................................................................................... 30

Figura 3.13 – Registrador eletrônico. ................................................................................ 31

Figura 3.14 – Analisador de Energia. ................................................................................ 31

Figura 3.15 – Conectores. .................................................................................................. 32

Figura 3.16 – Estufa QUIMIS. .......................................................................................... 33

Figura 3.17 – Balança Analítica. ....................................................................................... 33

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iv

Figura 3.18 – Distribuição das Provetas. ........................................................................... 34

Figura 3.19 – Endocarpo de coco secando ao sol. ............................................................. 35

Figura 3.20 – Calotas de endocarpo com fibras externas removidas. ............................... 35

Figura 3.21 – Moinho de Martelo. ..................................................................................... 35

Figura 3.22 – Esmeril. ....................................................................................................... 36

Figura 3.23 – Separação granulométrica. .......................................................................... 36

Figura 3.24 – Agitador Magnético. ................................................................................... 36

Figura 3.25 – Proveta para Densidade Aparente. .............................................................. 38

Figura 3.26 – Microporosímetro. ....................................................................................... 39

Figura 4.1 – Endocarpo parcialmente carbonizado. .......................................................... 41

Figura 4.2 – Curvas TG e DTG do endocarpo in natura. .................................................. 42

Figura 4.3 – Curvas TG e DTG do endocarpo quimicamente ativado. ............................. 43

Figura 4.4 – Curvas TG e DTG do carvão ativado química e fisicamente. ....................... 43

Figura 4.5 – Curvas TG e DTG do carvão quimicamente e fisicamente ativado com

área inferior 100 m2.g

-1. ..................................................................................................... 44

Figura 4.6 – Curvas TG e DTG do carvão fisicamente ativado com duas rampas de

temperatura. ....................................................................................................................... 45

Figura 4.7 – Curvas TG e DTG do carvão fisicamente ativado com rampa de

aquecimento. ...................................................................................................................... 45

Figura 4.8 – Isotermas de Adsorção e Dessorção dos CAQF. .......................................... 47

Figura 4.9 – Isotermas de adsorção e dessorção dos CAF. ............................................... 47

Figura 4.10 – Monitoramento da temperatura do endocarpo nos fornos. ......................... 49

Page 12: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

v

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 – Análise Granulométrica ................................................................................ 40

Tabela 4.2 – Carvões ativados ........................................................................................... 46

Tabela 4.3 – Consumo de Energia Elétrica e Corrente Máxima ....................................... 48

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vi

LISTA DE SÍMBOLOS

BET – Brunauer, Emmett, Teller.

CA – Carvão ativado.

CAF – Carvão ativado fisicamente.

CAQ – Carvão ativado quimicamente.

CAQF – Carvão ativado quimicamente e fisicamente.

1c – Constante de Freundlich.

2c – Constante de Freundlich.

3c – Constante de BET.

DTG – Termogravimetria Derivada

– Área da superfície ocupada por uma única molécula de gás adsorvida

i – Corrente elétrica.

ICTAC – Internacional Confederation for Thermal Analysis and Calorimetry.

K – Constante de velocidade.

LCA – Laboratório de Carvão Ativado.

NA – Constante de Avogadro.

p – Pressão parcial do gás.

P – Potência elétrica.

Po – Pressão de vapor do gás sobre a camada de adsorvato.

qd – Variação de entalpia de dessorção da monocamada.

qv – Variação de entalpia de vaporização do adsorvato liquido.

R1 – Resistência Elétrica.

S – Área superficial de BET.

– Grau de recobrimento.

t – Espessura do filme adsorvido.

TGA – Análise Termogravimétrica.

V – Volume do gás adsorvido na amostra.

V – Volume do gás que corresponde ao recobrimento de uma monocamada completa.

V0 – Volume molar do gás (22,414 L).

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1

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

1.1 INTRODUÇÃO

Carvão ativado, CA, é uma forma de carbono puro de grande porosidade, que tem

maior propensão para adsorver moléculas ou íons de um meio fluido. É obtido a partir da

queima controlada de precursores, geralmente, subprodutos oriundos da agricultura.

Quando produzido em fornos convencionais, as temperaturas de trabalho podem ser

superiores a 900 °C, reduzindo, consideravelmente, a massa de carvão resultante com

relação à do precursor (rendimento) [CRISPIM, 2009]. Isto se dá em virtude da grande

degradação térmica ocasionada pela frente de calor destes fornos, que lentamente se

desloca da superfície ao núcleo da massa do precursor. Em consequência, há grande

formação de poros e perda de massa.

Dependendo das características da matéria-prima o aquecimento do precursor a

partir do seu interior poderá permitir maior controle de temperatura, com transferência de

calor mais efetiva entre a fonte e as moléculas do material. Neste caso, a energia a ser

utilizada é a eletromagnética [RABELLO, 2005].

Nos últimos 20 anos, o aquecimento de alimentos por micro-ondas tem se tornado

uma prática doméstica comum. Estima-se que hoje haja mais do que 225 milhões de fornos

de micro-ondas nas residências em todo o mundo [RABELLO, 2005]. Uma das primeiras

ocorrências do uso de forno de micro-ondas em aplicações que não o aquecimento de

alimentos, remonta à década de 60 quando foi utilizado pela primeira vez para a secagem

de cerâmica vermelha. No campo das ciências, a Química Analítica foi a primeira a utilizar

o forno de micro-ondas, na preparação de amostras e atividades laboratoriais [KEYSON,

2006].

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2

Alguns materiais refletem e armazenam as micro-ondas em diferentes graus de

interação. A capacidade de armazenamento depende da profundidade de penetração das

micro-ondas e da constante dielétrica, a qual indica o grau de polarização do material. Por

sua vez, a penetração da radiação da micro-onda é função da massa específica do material

[MAI et al.; BRUM, 2008, 2007].

Atualmente o desenvolvimento tecnológico da produção de carvão ativado busca

minimizar a razão custo/benefício destes materiais. Por este motivo, em geral, se busca

obter tais adsorventes a partir de matérias-primas de baixo custo, advindas, sobretudo, de

resíduos agrícolas e/ou de rejeitos industriais, [OLIVEIRA, 2009]: O bagaço de cana-de-

açúcar, o endocarpo do coco seco e o resíduo têxtil, são exemplos. O uso de precursores de

origem vegetal com certos teores de umidade pode responder a ação das micro-ondas

possibilitando a elevação da temperatura a níveis consideráveis em pequenos intervalos de

tempo. Estes resíduos de origem vegetal com massas específicas adequadas dão origem a

carvões ativados com características físicas adaptadas a diversas aplicações, dispensando-

se menos tempo e quantidade menor de energia quando se compara àqueles exigidos por

fornos convencionais. Desta maneira, o uso do forno micro-ondas, também, está

relacionado com a ideia de se reduzir o custo de produção do carvão ativado.

Visando a realização de um estudo metódico e respaldado por aparatos modernos

de análise, pretende este trabalho examinar de forma detalhada o desempenho de um forno

micro-ondas na produção de carvões ativados preparados a partir do endocarpo de coco da

baía ativado fisicamente, quimicamente e química e fisicamente.

Objetivando tornar tal estudo facilmente compreensível, este trabalho foi dividido

em cinco capítulos. Assim, além desta introdução que compõe o Capítulo 1, no Capítulo 2,

intitulado de “Fundamentos Teóricos”, são abordados, de uma forma geral, os conceitos, as

definições e técnicas empregadas, necessários ao entendimento das micro-ondas, das

análises térmicas e da adsorção. No Capítulo 3, denominado de “Procedimentos

Experimentais”, é descrita a parte experimental da dissertação, tecendo-se comentários

sobre os equipamentos utilizados, preparação de amostras e toda atividade da

experimentação. No Capítulo 4, “Resultados e Discussão”, serão apresentadas todas as

tabelas e curvas geradas pelos resultados dos experimentos, além das análises pertinentes.

Finalmente, no Capítulo 5, “Conclusões”, serão tecidos comentários concludentes sobre

todo o trabalho, vindo, na sequência, as Referências Bibliográficas.

Page 16: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

3

1.2 OBJETIVO GERAL

Examinar de forma detalhada o desempenho de um forno micro-ondas na

produção de carvões ativados preparados a partir do endocarpo de coco da baía ativado

fisicamente, quimicamente, química e fisicamente, comparando os resultados obtidos com

os advindos do forno elétrico convencional.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Adaptar o forno micro-ondas à produção de carvão ativado, promovendo

mudanças nos comandos elétricos e em sua estrutura física.

• Preparar o material carbonáceo a ser utilizado como matéria-prima do carvão

ativado, mais particularmente o endocarpo de coco da baía.

• Realizar testes de produção de carvão ativado, física e quimicamente, tanto no

forno micro-ondas quanto no forno convencional.

• Analisar os carvões ativados obtidos, considerando suas características físico-

químicas.

Page 17: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

4

CAPÍTULO II

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

2.1 FORNO ELÉTRICO TUBULAR

Por forno entende-se qualquer aparato, com capacidade de regular sua temperatura

a partir da ambiente, usado frequentemente, na desidratação, ou cozimento de materiais. Se

a fonte de calor advém de um potencial elétrico, tal aparato é considerado um forno

elétrico [ARAGÃO, 2012]. Pode-se classificar os fornos elétricos em três grupos:

· Fornos a Resistência

· Fornos de Indução

· Fornos a Arco

Na produção de carvão ativado é muito comum se utilizar fornos elétricos

tubulares a resistência, a qual circunda um reator cilíndrico [ROCHA, 2003].

Os fornos por resistência elétrica utilizam o calor gerado por efeito Joule, numa

determinada resistência que é atravessada por uma corrente elétrica elevada. Tais fornos

não provocam oscilações na tensão da rede que os alimenta [ARAGÃO, 2012].

A energia elétrica convertida em calor pode ser determinada a partir de um

circuito simples de um forno.

Figura 2.1 – Circuito simples resistivo.

V1

120 Vrms

60 Hz

R13Ω

Page 18: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

5

A Figura 2.1 mostra um esquema de um circuito constituído de uma fonte de

energia que está ligada por fios de resistência desprezível a um dispositivo resistivo. A

fonte mantém uma diferença de potencial de módulo V1 cuja corrente i fluindo pela

resistência R1 libera uma potência P [ULABY, 2007] dada pela Eq. (2.1):

(2.1)

Esta potência é transferida ao reator (um tubo metálico) pelos mecanismos de

convecção e radiação.

2.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO FORNO MICRO-ONDAS

2.2.1 Surgimento

Como muitas das grandes invenções, o forno de micro-ondas é um subproduto de

outra tecnologia. Foi durante uma pesquisa sobre radares, por volta de 1946, que o Dr.

Percy Spencer, um engenheiro eletrônico da Corporação Raytheon, percebeu algo

incomum. Ao testar um dispositivo, gerador de micro-ondas, integrante do radar, ele notou

que a barra de chocolate que estava em seu bolso havia derretido. Intrigado sobre o

ocorrido, Dr. Spencer, realizou outros experimentos. Desta vez, colocou milho de pipoca

em frente ao tubo do dispositivo. Em poucos instantes as pipocas começaram a estourar

[GALLAWA, 2011]. A partir daí, Dr. Spencer desenvolveu uma caixa de metal com uma

abertura para a entrada de energia de micro-ondas. A energia que entra na caixa era

incapaz de escapar, criando assim um campo eletromagnético de elevada densidade.

Quando o alimento foi colocado na caixa e a energia de micro-ondas acionada, a

temperatura interna aumentou rapidamente. Dr. Spencer tinha inventado o que iria

revolucionar a cozinha, e formar a base de uma indústria multimilionária, o forno de

micro-ondas. Assim, em 1952, surgiu o primeiro forno de micro-ondas comercial

[GALLAWA, 2011].

2.2.2 As ondas eletromagnéticas

As ondas eletromagnéticas são ondas formadas pela combinação dos campos

magnético e elétrico que se propagam no espaço perpendicularmente um em relação ao

2i.1RP

Page 19: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

6

outro e na direção de propagação da energia. A Figura 2.2 representa a propagação de uma

onda eletromagnética. Verifica-se que os campos elétricos e magnéticos são

perpendiculares entre si e oscilam perpendicularmente a direção de propagação [PAULA,

2012].

Figura 2.2 – Onda eletromagnética.

Fonte: (GUIA DE REFERÊNCIA, 2011).

O Ciclo é uma sequência completa de valores da intensidade da onda que passa

através de um ponto no espaço. É a sequência completa de valores.

O Comprimento da onda mostrado na Figura 2 é a distância entre dois picos

positivos (ou negativos) sucessivos da onda. É medido em metros e seus submúltiplos.

Frequência(f) é o número de ciclos completados na unidade de tempo. Em se

tratando de ondas eletromagnéticas, a unidade de tempo normalmente usada é o segundo,

ou seus submúltiplos (microssegundo, picossegundo ou nanossegundo). A unidade de

frequência é o Hertz [ULABY, 2007].

As ondas eletromagnéticas são ordenadas de acordo com o comprimento de onda

ou com a frequência [ULABY, 2007]. Esse agrupamento é conhecido como espectro

eletromagnético, ver Figura 2.3. O espectro eletromagnético é o intervalo completo da

radiação eletromagnética.

Page 20: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

7

Figura 2.3 – Espectro eletromagnético.

Fonte: (SANSEVERINO, 2002).

As micro-ondas compreendem uma faixa de frequência desde 300 MHz (300 x

106 Hz) até 300 GHz (300 x 109 Hz) e comprimentos de onda desde 1 m até 1 mm,

correspondendo à faixa de ondas com mais alta frequência produzida por osciladores

eletrônicos. A usada em fornos domésticos atualmente é de 2,45GHz [PAULA, 2011].

2.2.3 Processo de aquecimento

O aquecimento por micro-ondas é diferente daquele que ocorre em um forno de

cozinha convencional (seja a gás, ou elétrico), onde o aquecimento de alimentos se dá por

condução, radiação e/ou por convecção. O aumento de temperatura depende de certos

parâmetros que cada substância possui sob a influência das micro-ondas [RABELLO,

2005].

Os parâmetros constitutivos eletromagnéticos de um meio material são a sua

permissividade elétrica, a permeabilidade magnética e sua condutividade.

A condutividade de um material é uma medida da facilidade com que os elétrons

movem-se através do material sob a influência de um campo elétrico externo. Os materiais

são classificados como condutores (metais) ou dielétricos (isolantes), de acordo com os

módulos de suas condutividades. Os materiais cujas condutividades, estão entre as dos

condutores e dos isolantes, são denominados semicondutores.

A diferença fundamental entre um condutor e um dielétrico é que um condutor

tem elétrons (livres), ou seja, que não estão fortemente ligados ao núcleo dos átomos, essas

Page 21: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

8

cargas negativas migram de um átomo para outro através da estrutura cristalina do

material, enquanto que os elétrons das últimas camadas dos átomos de um dielétrico

possuem uma grande energia de ligação ao núcleo dos átomos. Um campo elétrico

aplicado externamente, a um dielétrico, não apresenta o efeito de uma migração em massa

de cargas visto que elas não são capazes de se mover livremente. O campo, porém, pode

polarizar os átomos ou as moléculas no material, distorcendo (ou aumentando a distorção)

o centro da nuvem de elétrons e a localização dos núcleos [ULABY, 2007].

As moléculas de certos dielétricos são polares, ou seja, nas ligações dos átomos

que formam a substância há uma maior atração dos elétrons para o núcleo de um dos

átomos (momento dipolo) devido à diferença de eletronegatividade dos elementos que

constituem a substância [LIRA, 2012].

Quando uma molécula polar é exposta a um campo elétrico variável, ela tende a

acompanhar a variação desse campo. Como o campo elétrico das micro-ondas muda de

direção de acordo com a frequência, cada molécula tende a acompanhar essas mudanças,

arrastando moléculas vizinhas. A Figura 2.4 apresenta um esquema com o efeito de uma

molécula de água rotacionando na presença de um campo elétrico. No instante (1) a

molécula da água está alinhada com o campo elétrico da onda. No instante (2) o campo

inverte o sentido e a molécula tende a girar acompanhando o movimento da onda. No

instante (3) a onda muda de sentido novamente e a molécula tende a acompanhar o campo.

O processo se repete 2,45. 109

vezes por segundo, acompanhando a frequência da onda

[MAI, et al., 2008].

Figura 2.4 – Representação de uma molécula de água na presença do campo elétrico.

Fonte: (MAI, et al., 2008).

Page 22: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

9

2.2.4 Funcionamento

Um sistema de aquecimento por micro-ondas consiste basicamente de uma fonte

de micro-ondas, do guia de ondas e da cavidade. A fonte converte energia elétrica em

energia eletromagnética de aquecimento. Um guia de ondas transporta esta energia até a

cavidade onde está posicionada a amostra [BURGOS, 2012].

A Figura 2.5 mostra um diagrama de blocos mais detalhado de um forno micro-

ondas. Nele são observados os componentes da fonte de alta tensão os quais aumentam as

tensões de rede de 110 / 220 V para 4000 V, para acionar o magnétron que tem por função

gerar as micro-ondas na frequência de 2,45 GHz. Nos fornos micro-ondas um sistema de

controle interfaciado a um teclado e um display, interage com os usuários, os quais podem

programar o tempo de funcionamento e a potência de aquecimento. A fonte de baixa

tensão alimenta o circuito de controle, o teclado, o display e o circuito de 3 V do

magnétron. Um sistema de segurança composto por: relés, contatos normalmente abertos,

fusíveis de sobrecorrente e termistor, estão presentes nos aparelhos. Este sistema é capaz

de manter a fonte de alta tensão desenergizada caso a porta da cavidade não esteja

completamente fechada e desligar a alimentação quando ocorrer uma sobrecorrente ou um

aquecimento anormal do magnétron. A fonte distribui a energia da rede elétrica para

acionar um ventilador, uma lâmpada e motor de corrente alternada, cujas funções são,

respectivamente, resfriar o magnétron, iluminar o interior da cavidade e girar o prato onde

se encontra a amostra [MAI, et al., 2008].

A razão da utilização do prato giratório é devido às micro-ondas anularem-se em

certos pontos no interior da cavidade ocasionando regiões frias nos alimentos. Alguns

fornos micro-ondas modernos possuem uma ventoinha metálica interna à cavidade em

substituição ao motor engrenado ao prato giratório. As micro-ondas atingem as pás da

hélice metálica sendo refletidas em outras direções, uniformizando o aquecimento da

amostra [BLOOMFIELD, 2008].

Page 23: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

10

Figura 2.5 – Diagrama em bloco do forno Micro-ondas.

2.3 A TERMOGRAVIMETRIA (TG)

O desenvolvimento dos métodos termo-analíticos, os quais utilizam as

propriedades térmicas da matéria, ganhou impulso nas últimas décadas, muito embora, os

fundamentos teóricos já se encontrassem estabelecidos desde o final do século passado, na

Termodinâmica Clássica. Este fato deve-se ao progresso da ciência e da tecnologia que

vem aperfeiçoando a instrumentação básica continuamente, além das potencialidades de

aplicação destes métodos nos mais variados setores científicos, tecnológicos e de produção

de bens de consumo. Como resultado uma instrumentação termoanalítica de grande auxílio

à indústria e à pesquisa apareceram no mercado [ROCHA, 2003].

De acordo com a Internacional Confederation for Thermal Analysis and

Calorimetry (ICTAC) a Termogravimetria é definida como uma técnica de análise na qual

a massa de uma substância é medida em função da temperatura, enquanto o material é

submetido a uma programação controlada de temperatura, ou de tempo. Assim, por

exemplo, a TG permite registrar diretamente a perda de peso em função do tempo ou da

temperatura proveniente da desidratação ou da decomposição [RODRIGUES, 2005].

A técnica termogravimétrica utiliza como ferramenta de medida a termobalança,

instrumento que permite a pesagem contínua de uma amostra em função da temperatura, na

Page 24: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

11

medida em que ela é aquecida ou resfriada. Ela é classificada em termobalança tipo

suspensão, balança de topo e horizontal, conforme se vê na Figura 2.6 [ROCHA, 2003].

Figura 2.6 – Classificação das Termobalanças.

Fonte: (ROCHA, 2003).

O termo Análise Termogravimétrica (TGA) é comumente empregado, no lugar de

TG por ser seu precedente histórico e para minimizar a confusão verbal com Tg, a

abreviação da temperatura de transição vítrea. Problemas adicionais podem ocorrer em

pesquisas computadorizadas, já que ambas abreviaturas são aceitas pela IUPAC.

As curvas TG são características de um dado composto ou sistema, devido ao

caráter específico da sequência das reações físico-químicas que ocorrem ao longo de uma

faixa definida de temperaturas. As variações de peso resultam da formação e rompimento

de diferentes ligações físicas e químicas, a elevadas temperaturas, as quais conduzem à

liberação de produtos voláteis ou à formação de produtos de reação mais pesadas. A partir

dessa curva, obtêm-se dados que podem ser interpretados pelas leis da termodinâmica e da

cinética das reações químicas, além de estarem associados aos mecanismos de reação e aos

produtos de reação, finais e intermediários [ROCHA, 2003].

Na termogravimetria, a massa da amostra (m), é continuamente registrada como

função da temperatura (T) ou tempo (t). Portanto, nas curvas TG, os desníveis em relação

ao eixo das ordenadas correspondem às variações de massa sofridas pela amostra.

Na termogravimetria derivada (DTG), a derivada da variação de massa em relação

ao tempo (dm/dt) é registrada em função da temperatura ou tempo. Desta maneira, com

este método são obtidas curvas que correspondem à derivada primeira da curva TG e nos

Viga

Viga

Viga

a) Tipo Suspensão b) Tipo Balança Topo c) Tipo Horizontal

Page 25: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

12

quais os degraus são substituídos por picos que delimitam áreas proporcionais às alterações

de massa sofridas pela amostra.

As curvas DTG aperfeiçoam a resolução e são mais facilmente comparadas a

outras medidas. Entretanto, a diferenciação é um grande amplificador; sendo, muitas vezes,

aplainada pelo software para gerar um gráfico da derivada. Tais curvas são também de

interesse do estudo da cinética das reações, uma vez que ela apresenta a taxa efetiva da

reação [RODRIGUES, 2005]. As vantagens das curvas DTG são:

1- As curvas DTG indicam com exatidão, as temperaturas correspondentes ao

inicio e ao instante em que a velocidade de reação é máxima.

2- Os picos agudos permitem distinguir claramente uma sucessão de reações

que muitas vezes não podem ser claramente distinguidas nas curvas TG

3- As áreas dos picos correspondem exatamente à perda ou ganho de massa e

podem ser utilizadas em determinações quantitativas, etc.

2.3.1 Fatores que afetam as Curvas Termogravimétricas

Algumas técnicas experimentais, tais como a termogravimetria, possuem um

grande número de fatores que afetam a natureza, a exatidão e a precisão dos resultados

experimentais. Basicamente, os fatores que influenciam as curvas Termogravimétricas são

classificados em fatores instrumentais e/ou da natureza da amostra em análise.

São considerados fatores instrumentais: Razão de aquecimento, Atmosfera do

forno, Geometria do suporte da amostra e do forno, Composição do cadinho, Sensibilidade

da balança.

Enquanto que as características da amostra são: Quantidade da amostra,

Solubilidade dos gases liberados, Tamanho da partícula, Calor de reação, Compactação da

amostra, Condutividade térmica da amostra.

O conhecimento detalhado desses parâmetros permite tirar o máximo proveito das

curvas obtidas. Porém, muitas dessas variáveis são de difícil controle, como o tamanho das

partículas e compactação da amostra; calor de reação; correntes de convecção no forno;

quantidade da amostra e condutividade térmica. Como consequência passa a ser difícil

correlacionar dados de diferentes sistemas termoanalíticos disponíveis, e ainda mais

complexo a associação entre os resultados desses sistemas e os advindos, por exemplo, de

fornos industriais [ROCHA, 2003].

Page 26: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

13

2.4 ENDOCARPO DE COCO DA BAIA

O endocarpo ou casquilho, ver Figura 2.7, vulgarmente denominado de quenga de

coco, é a parte dura do fruto do coco. Reveste o endosperma, ou seja, sua amêndoa, a qual

é inicialmente líquida e com o amadurecimento do fruto vai tornando-se sólida, de forma

que, quando o fruto está completamente maduro há pouca água no interior do fruto.

Figura 2.7 – a) Coco da baía; b) Partes internas do coco da baía.

Quando o fruto não está maduro o endocarpo apresenta fraca consistência. À

medida que o fruto vai amadurecendo ocorre um aumento da dureza e resistência a ataque

de fungos. A espessura do material pode variar entre 2 a 6 mm.

O endocarpo seco apresenta altos teores de lignina em sua composição, além de

celulose (polímero de cadeia longa que é composto por um único monômero, classificado

como polissacarídeo) e hemicelulose em quantidades menores. A lignina que é

basicamente um polímero aromático constituído de um sistema heterogêneo e ramificado

sem nenhuma unidade repetidora definida. Ela ocorre na maioria das plantas, mas sua

composição não é idêntica em todas elas.

O endocarpo in natura pode ser comercializado para a produção de carvão ativado,

ou combustível, dado o seu poder calorífico, sendo, atualmente, muito utilizado para

revestimento de paredes e móveis na forma de pastilhas, como também em outros produtos

ligados a atividades artesanais [SILVA, 2008].

2.5 CARVÃO ATIVADO

O CA é produzido pela carbonização ou pirólise (processo onde a matéria

orgânica é decomposta termicamente após ser submetida a condições de temperaturas

Page 27: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

14

adequadas, em ambiente desprovido de oxigênio). Durante o processo de carbonização,

para a formação do resíduo sólido (carvão), ocorrem a liberação de gases voláteis e a

formação de poros no carvão. (Poros são os espaços entre os cristais elementares de

grafite). A temperatura e o tempo de aquecimento na carbonização dependem do precursor

utilizado. Por esta razão faz-se necessário o uso da análise termogravimétrica do precursor

[MEDEIROS, 2001].

A ativação, processo subsequente a pirólise, consiste em submeter o material

carbonizado à reações secundárias, visando o aumento da área superficial. É a etapa

fundamental na qual será promovido o aumento da porosidade do carvão. Há dois tipos de

processos de ativação utilizados: a ativação química ou a física.

A ativação química envolve a impregnação de agentes desidratantes como ácido

fosfórico, hidróxido de potássio, cloreto de zinco, etc., geralmente sobre o precursor ainda

não carbonizado, que posteriormente é submetido à carbonização. Durante a impregnação

acontecem reações entre o material lignocelulósico e o agente ativante, tais como,

desidratação e degradação modificando, assim, a estrutura do material. As temperaturas de

carbonização são determinadas pela analise termogravimétrica. Ao ser retirado do forno, o

carvão ativado passa por um processo de remoção dos reagentes.

A ativação física consiste na reação do carvão com gases contendo oxigênio

combinado (geralmente H2O e CO2 ou mistura de ambos) [CLAUDINO, 2003]. As

principais reações (endotérmicas) que se processam na ativação física são mostradas pelas

Eqs. (2.2), (2.3) e (2.4).

(2.2)

(2.3)

(2.4)

Dependendo da dimensão dos poros gerados, estes podem ser classificados,

segundo a IUPAC em: microporos (com dimensões menores do que 20 Å); mesoporos

(poros com dimensões entre 20 – 500 Å) e macroporos, isto é poros com diâmetros

maiores do que 500 Å, [MEDEIROS, 2001].

2.6 ADSORÇÃO

22 HCOOHC

222 22 HCOOHC

22 2COCOC

Page 28: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

15

A adsorção é um fenômeno físico-químico onde o componente, na fase gasosa ou

líquida, é transferido para a superfície de uma fase sólida. Os componentes que se unem à

superfície são chamados adsorvatos, o átomo ou molécula que pode ser adsorvido é

conhecido como adsortivo, enquanto que a fase sólida, que retém o adsorvato, é chamada

de adsorvente. A remoção das moléculas a partir da superfície é denominada de dessorção.

A migração dos componentes de uma fase para outra tem como força motriz a

diferença de concentrações entre o do fluido e a superfície do adsorvente. Usualmente o

adsorvente é composto de partículas que são empacotadas em um leito fixo por onde passa

a fase fluida continuamente, até que não haja mais transferência de massa. Como o

adsorvato concentra-se na superfície do adsorvente, quanto maior for esta superfície, maior

será a eficiência da adsorção. Por isto, geralmente, os adsorventes são sólidos, com

partículas porosas [CRISPIM, 2009].

As moléculas e átomos podem se ligar de duas maneiras a uma superfície. Na

adsorção física há uma interação de van der Walls entre o adsorvato e o adsorvente. Estas

interações são fracas e a energia liberada quando uma partícula é adsorvida é igual à

entalpia de condensação. Esta energia pode ser absorvida como vibrações da rede do

adsorvente e dissipada termicamente.

Na adsorção química as moléculas ou átomos unem-se à superfície por ligações

químicas e tendem a se acomodar em poros que propiciem o número de coordenação

máximo com o adsorvato. A entalpia de adsorção química é maior do que a da adsorção

física. A adsorção química é um processo exotérmico [RUTHVEN, 1984].

2.6.1 Isoterma de Adsorção

A isoterma de adsorção é a característica mais utilizada dos estados de equilíbrio

de um sistema de adsorção e pode fornecer informações úteis sobre este processo. A partir

dela é possível determinar a área da superfície adsorvente, o volume dos seus poros, sua

distribuição e o calor de adsorção [MEDEIROS, 2001].

O grau de recobrimento, da superfície é expresso pelo quociente entre o volume

de gás adsorvido na amostra e o volume de gás que corresponde ao recobrimento completo

da amostra. A Eq. (2.5) representa o recobrimento.

(2.5)

V

V

Page 29: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

16

onde:

V - volume do gás adsorvido na amostra;

V - volume do gás que corresponde ao recobrimento de uma monocamada

completa;

- grau de recobrimento

O gráfico da variação do grau de recobrimento com a pressão a uma temperatura

constante é uma isoterma de adsorção [ATKINS, 1999].

Muitas equações teóricas, ou semi-empíricas, foram desenvolvidas para

interpretar ou predizer as isotermas. As equações de Langmuir, Freundlich e a equação de

Brunauer-Emmett e Teller (BET), são as mais utilizadas no estudo da adsorção de gases e

vapores sobre substâncias porosas [MEDEIROS, 2001].

2.6.2 Teoria de Langmuir

Esta teoria foi desenvolvida durante a Primeira Guerra Mundial. Foi a primeira

equação teórica utilizada com vistas a explicar as isotermas de adsorção. Muitas outras

teorias da adsorção física ou química, foram apresentadas desde então, mas a de Langmuir

permanece em posição de destaque, pois, serve de base para muitas delas

[MEDEIROS,2001].

A teoria de Langmuir utiliza o conceito dinâmico do equilíbrio de adsorção que

estabelece a igualdade nas velocidades de adsorção e dessorção. Na dedução da equação

são utilizadas as seguintes hipóteses:

a) a adsorção é apenas de uma monocamada;

b) Todos os sítios de adsorção são equivalentes uns aos outros e a superfície é

uniforme;

c) não existe interação entre as partículas adsorvidas.

A equação de Langmuir pode ser escrita na forma:

(2.6)

pK

pK

1

Page 30: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

17

onde:

K = é a constante de velocidade

p = a pressão parcial do gás

= grau de recobrimento

A Eq. (2.6) pode ser escrita na forma linear que é a mais utilizada para se verificar

a aplicabilidade da teoria. Substituindo a Eq. (2.5) na (2.6), tem-se:

(2.7)

Então, pela Eq. (2.7) o coeficiente angular da reta será V

p e a ordenada na origem

será VK

1[ATKINS, 1999].

2.6.3 Teoria de Freundlich

Uma hipótese da isoterma de Langmuir é a independência e equivalência dos

poros. Os afastamentos que se observam em relação à isoterma podem ser atribuídos à

inexatidão desta hipótese. Por exemplo, muitas vezes, a entalpia de adsorção fica cada vez

menos negativa, à medida que aumenta, o que sugere que os poros mais energeticamente

favoráveis são ocupados primeiramente. Muitas tentativas foram feitas para levar em conta

estas variações.

A isoterma de Freundlich mostrada na Eq. (2.8) corresponde à hipótese de uma

variação logarítmica da entalpia de adsorção com a pressão. Essa isoterma procura levar

em conta a influência das interações adsorvente-adsorvente [ATKINS, 1999].

(2.8)

onde:

1c e 2c são constantes.

VKV

p

V

p 1

2/1

1

cpc

Page 31: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

18

2.6.4 Teoria BET

É baseada na teoria de Langmuir associada com o conceito de adsorção

multimolecular. O termo BET é originário do sobrenome dos seus autores Brunauer,

Emmett e Teller [MEDEIROS, 2001].

Caso a monocamada adsorvida inicialmente opere como um substrato para

adsorção de outras camadas espera-se que com a elevação da pressão, a quantidade de

adsorvente aumente indefinidamente. A teoria considera que apenas a primeira camada de

moléculas adsorvidas está ligada por forças de adsorção. As moléculas da segunda camada

em diante têm as mesmas propriedades do estado líquido e o calor de adsorção das mesmas

é igual ao calor de condensação da substância adsorvida.

A equação BET tem a forma:

(2.9)

onde:

c3 = constante.

Po = pressão de vapor do gás sobre a camada de adsorvato.

Os demais termos já foram definidos anteriormente.

Na sua forma mais simples o valor de c3 é fornecido pela seguinte expressão:

(2.10)

sendo:

qd = variação de entalpia de dessorção da monocamada.

qv = variação de entalpia de vaporização do adsorvato liquido.

R= constante dos gases.

T= temperatura absoluta.

A Eq. (2.10) pode ser escrita na forma linear:

(2.11)

))1(1()1(00

3

p

pc

p

p

pc

V

V

TR

qq vd

ec

3

)(11

)( 03

3

30 p

p

cV

c

cVppV

p

Page 32: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

19

A inclinação da reta do gráfico de )( 0 ppV

p

versus

0p

pserá

3

3 1

cV

c

e a interseção da reta 3

1

cV

[ATKINS, 1999].

Todas as isotermas de adsorção devem se identificar com pelo menos uma, com a

combinação de dois ou mais, dos seis tipos reconhecidos e classificados por Brunauer,

Deming, Deming e Teller (sistema BDDT). A Figura 2.8 mostra as formas possíveis.

A isoterma do tipo I é característica de sólidos com microporosidade elevada. A

primeira região da curva apresenta-se praticamente vertical, devendo-se à grande facilidade

de adsorção em poros com diâmetros menores do que 20 Å. O processo de adsorção é

geralmente completado a uma pressão relativa próxima a 0,5.

As isotermas do tipo II são típicas de sólidos mesoporosos. Em valores baixos de

pressão relativa (P/P0), ocorre o aumento rápido da quantidade de gás adsorvida na

monocamada. A elevação da pressão faz aparecer as multicamadas.

As isotermas do tipo III e V são características de sistemas onde ocorre maior

interação entre as moléculas do adsorvato do que com o adsorvente.

O tipo IV é característico de sólidos com diâmetros de poros relativamente

grandes. [CAMBUIM; FLETCHER, 2009, 2012]. Um anel de histerese é observado

normalmente associado à condensação capilar. A histerese é causada por efeitos

geométricos, pelos quais a curvatura do menisco, ou seja, a quantidade condensada nos

poros em contato com o vapor, para uma dada P/P0, é diferente à medida que a pressão

parcial aumenta, daquela que ocorre quando a pressão parcial diminui [FLETCHER,

2012].

As do tipo VI foram introduzidas primeiramente como uma isotermas hipotética, a

forma é devida a formação completa das camadas monomoleculares antes da progressão

para uma camada subsequente. Surgem a partir das isotermas de adsorção em superfícies

extremamente homogênea, não porosos, onde a capacidade de monocamada corresponde à

altura do degrau [FLETCHER, 2012].

Page 33: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

20

Figura 2.8 – Tipos de Isotermas de Adsorção.

2.6.5 Informações Obtidas das Isotermas.

Para determinar a área de superfície, as amostras sólidas são pré-tratadas através

da aplicação de uma combinação de calor, vácuo ou de fluxo de gás para remover os

contaminantes adsorvidos adquiridos (tipicamente água e dióxido de carbono) a partir da

exposição atmosférica. O sólido, em seguida, é arrefecido, ao vácuo, geralmente até à

temperatura criogênica (77 K, -196 ºC). Um adsortivo (tipicamente nitrogênio) é

geralmente dosificado no sólido em incrementos controlados. Após cada dose de adsortivo,

a pressão é deixada equilibrar e a quantidade adsorvida é calculada. A quantidade

adsorvida em cada pressão (e da temperatura) define uma isoterma de adsorção, a partir do

qual a quantidade de gás necessária para formar uma monocamada sobre a superfície

externa do sólido é determinada [FLETCHER, 2012]. Com a área coberta por cada

molécula de gás adsorvido conhecida, a área superficial pode ser calculada. Tendo

calculado o volume da monocamada, V , a partir da teoria de Langmuir ou de BET, é

possível se determinar a área superficial específica, com a Eq. (2.12), ou seja, a área de 1 g

Page 34: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

21

do adsorvente [MEDEIROS, 2001].

(2.12)

em que:

= área da superfície ocupada por uma única molécula de gás adsorvida. No caso

do nitrogênio 16,2x10-20

m2 (16,2 Â);

NA = constante de Avogadro;

V0 = volume molar do gás (22,414 L);

m = massa do adsorvente (g).

Após as substituições, para o nitrogênio, a equação fica:

(2.13)

Ao estender o processo de modo a que o gás condense nos poros, a estrutura dos

poros da amostra pode ser avaliada. A pressão aumenta, o gás condensa-se em primeiro

lugar nos poros com menores dimensões. A pressão é aumentada até que se alcance a

saturação, momento em que todos os poros estão preenchidos com líquido. A pressão do

gás de adsorção é depois reduzida de forma incremental, ocorrendo à evaporação do

condensado. Com as curvas de adsorção e dessorção é possível determinar a espessura de

filme, t, ou seja, a espessura da camada adsorvida.

O método de Barrett, Joyner, e Halenda é um procedimento para calcular as

distribuições de tamanho de poro de isotermas experimentais, utilizando o modelo de

Kelvin de enchimento de poros. Aplica-se apenas para a faixa de tamanho de macroporos e

mesoporos [FLETCHER, 2012].

O volume do microporo é determinado a partir do gráfico t, onde os dados de

adsorção são colocados em termos do volume do gás adsorvido, V, na pressão P, em

função de t. A extrapolação da região linear até o eixo de adsorção fornece uma interseção

equivalente ao volume do microporo. Neste trabalho, o valor de t foi calculado com a

equação de HARKINS E JURA, Eq. (2.14), que relaciona a espessura do filme adsorvido

através da relação [MEDEIROS, 2001].

0Vm

NVS A

m

VgmS

35,4

)/( 2

Page 35: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

22

(2.14)

2/1

0

]

)log(034,0

99,13[

p

pt

Page 36: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

23

CAPÍTULO III

PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

3.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo estão descritos os procedimentos experimentais e o instrumental

que tornaram possível a obtenção dos principais elementos de discussão deste trabalho, tais

como os parâmetros físicos dos carvões ativados e as curvas de adsorção, que permitiram a

realização das conclusões sobre este estudo.

3.2 EQUIPAMENTOS

3.2.1 A adaptação do Forno Micro-Ondas

Neste trabalho foi utilizado um forno micro-ondas doméstico de 950 W de

potência máxima útil, com volume da cavidade de micro-ondas de 38 L e corrente máxima

de funcionamento de 10 A. O equipamento é da marca Brastemp modelo BMK

38ABBNA, ver Figura 3.1. Este forno micro-ondas possui 11 níveis de potência. Na de

nível 10 o forno funciona sem interrupção durante toda a programação. Nas demais

potências a energia das micro-ondas é emitida em intervalos cíclicos. O ajuste do tempo e

potência é realizado por um resistor variável e por três botões na parte frontal do forno. O

eletrodoméstico tem programações pré-estabelecidas para pratos comuns. Como

característica do modelo possui, também, um sistema de grill para gratinar e dourar os

alimentos e uma combinação de resistência e de micro-ondas que serve ao aquecimento do

alimento.

Page 37: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

24

Figura 3.1 – Forno micro-ondas.

Algumas modificações na estrutura física do aparelho micro-ondas foram

realizadas, com o objetivo de adaptá-lo ao processo de carbonização e ativação, com a

presença de um volume mínimo de oxigênio. O primeiro passo dado para a adaptação foi

desativar o painel de controle original e instalar um novo sistema de controle. Este novo

sistema viabilizou a programação de rampas de aquecimento e o controle da temperatura

no interior do forno. O segundo passo foi à construção de um reator, que tem por função

alojar o material a ser processado e evitar a fuga dos gases provenientes da queima do

precursor. O reator foi equipado com entrada de vapor d’água oriundo de uma caldeira

elétrica, com saída de gases com fluxo forçado por meio de um exaustor e com um sensor

de temperatura. Entre a saída de gases do reator e o exaustor foi instalado um purgador

para o escoamento do líquido pirolenhoso, que se condensa na tubulação de escape, ver

Figura 3.2.

Figura 3.2 – Desenho esquemático dos componentes envolvidos na produção de carvão

ativado usando o forno micro-ondas adaptado.

Page 38: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

25

O controlador de temperatura empregado foi o CTM 45 da Contemp, ver Figura

3.3. Este aparelho possui uma entrada analógica universal configurável por software, que

permite a conexão de diversos tipos de sensores de temperatura e outras grandezas

elétricas, sem a necessidade de qualquer alteração no hardware. Três saídas, configuráveis

por software, permitem controlar e sinalizar os mais variados tipos de processos e

equipamentos. O menu, acessível através de 4 teclas frontais, permite de forma simples e

amigável, configurar e executar diversas funções relacionadas ao controlador CTM e ao

processo sob controle. A tecnologia utilizada é baseada em um microcontrolador RISC de

alto desempenho. Este permite que operações matemáticas e algoritmos de controle sejam

implementados em 32 bits com ponto flutuante garantindo precisão no controle do

processo [CONTEMP, 2005]. Ao controlador foi ligado um termopar, tipo K, que foi

inserido dentro do forno micro-ondas, ver Figura 3.4.

Figura 3.3 – Controlador de Temperatura.

Figura 3.4 – Termopar.

Page 39: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

26

Um sistema de acionamento composto por duas botoeiras, normalmente aberta e

normalmente fechada, disjuntor, contator e Relé, ver Figura 3.5, foi associado ao

controlador. Este sistema, a partir do sinal emitido pelo controlador, alimenta o circuito de

alta tensão do micro-ondas. O aparato também permite o funcionamento do motor do prato

giratório, lâmpada e ventilador, sem que seja necessário o controlador acionar o relé.

Figura 3.5 – Sistema de Acionamento.

A estrutura fisica do micro-ondas foi modificada implantando-se uma tubulação

de escape de gases provenientes da reação na parte superior do aparelho, ver Figura 3.7. Na

lateral do micro-ondas foram feitos dois orifícios para entrada das tubulações por onde

fluem nitrogênio e vapor d’agua, ver Figura 3.6.

Figura 3.6 – Furos na Lateral.

Page 40: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

27

Figura 3.7 – Tubulação de Escape.

Vários materiais foram utilizados na fabricação do reator, no entanto o reator de

cerâmica foi o que apresentou maior resistência as rampas de aquecimento de

carbonização, ver Figura 3.8. Para proporcionar a distribuição das micro-ondas nas

amostras de endocarpo mantendo o prato girando foi produzido outro reator, em cerâmica,

com uma abertura na tampa, ver Figura 3.9. Para manter o fluxo dos gases, tubos de cobre

foram adaptados à passagem do reator, ver Figura 3.10. A confecção dos reatores

cerâmicos foi feita com material argiloso, empregado em fabricação de peça e vasos

cerâmicos por oleiros. A escolha destes materiais é devido as caracteristicas da micro-

ondas como citado em capítulos anteriores.

Figura 3.8 – Reator de Cerâmica.

Page 41: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

28

Figura 3.9 – Reator de Cerâmica Modificado.

.

Figura 3.10 – Tubulações de cobre.

3.2.2 A Balança Termogravimétrica

Antes do processo de carbonização ser iniciado uma análise térmica do endocarpo

foi realizada com o propósito de identificar as temperaturas de degradação térmica do

endocarpo. Uma balança termogravimétrica Q50 da marca TA Instruments foi utilizada,

ver Figura 3.11. As razões de aquecimento empregadas foram de 10 ºC.min-1

, 20 ºC.min-1

e

15 ºC.min-1

, com temperaturas finais de 250, 300, 350, 400, 450, 550, 600 e 900 ºC. Foi

feita uma análise dos carvões ativados produzidos buscando-se verificar se a carbonização

efetuada foi satisfatória.

Page 42: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

29

Figura 3.11 – Balança Termogravimétrica.

3.2.3 O Forno Elétrico Rotativo

Um forno convencional por resistência elétrica, ver Figura 3.12, foi utilizado nos

testes com as mesmas programações empregadas no micro-ondas, com o propósito de

comparar resultados de consumo de energia e características dos carvões ativados

produzidos em cada equipamento. O forno elétrico rotativo da CHINO cuja marca e o

modelo são TAKABAYASHI RICA e RS-S, respectivamente, dispõe de um reator tubular

de leito fixo de dimensões 93 mm de diâmetro interno e comprimento 900 mm, aquecido

por três conjuntos de resistências, em série, dispostos em uma estrutura cilíndrica, cujo

comprimento longitudinal é de 700 mm. Este forno permite o estabelecimento de

programas, onde a razão de aquecimento, e temperaturas limites podem ser estipuladas. Os

resultados destes programas podem ser observados através de um sistema de gráfico

acoplado ao seu painel de controle.

Page 43: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

30

Figura 3.12 – Forno Elétrico Rotativo da CHINO acoplado à caldeira elétrica e sistema de

alimentação gasosa.

3.2.4 Registrador Eletrônico

Para obter a temperatura real da amostra, tanto no forno micro-ondas como no

forno elétrico rotativo, foram utilizados termopares interfaciados a um registrador

eletrônico de dados da marca NOVUS, modelo field logger, ver Figura 3.13. Este

registrador faz a leitura de variáveis analógicas, armazenando as informações adquiridas

em sua memória interna, para análises posteriores. Pode operar ainda como um módulo

remoto de medição em tempo real, que não possui memória interna, e apenas adquire as

informações e as transmite para um sistema supervisório. O registrador possui 8 canais de

entrada de sinal. O tipo de sinal a ser medido pelos canais é estabelecido, individualmente,

durante o processo de configuração [NOVUS, 2009]. Os sensores possíveis que podem ser

ligados nas entradas do registrador são termopares tipo J, K, T, E, R, S, B, Pt100, 4-20 mA,

0-50 mV e sensores com corrente de 4 a 20 mA ou tensão de 0 a 50 mV.

As medições dos termopares possuem linearização por software e compensação

de junta fria e são calibrados conforme as normas NBR 12771/99 e para o Pt100 NBR

13773/97.

O equipamento tem uma porta serial para comunicação com o software

(configurador), fornecido com o aparelho. O configurador possui um painel de aquisições

Page 44: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

31

no qual programa-se o intervalo de tempo que as aquisições são realizadas e o período total

do experimento.

Nos testes realizados neste trabalho utilizou-se como intervalo de aquisições o

tempo de 1 s. O período total em cada experimento foi programado dependendo da análise

termogravimétrica realizada nas amostras.

Figura 3.13 – Registrador eletrônico.

3.2.5 Analisador de qualidade de energia

Um equipamento de análise de energia da marca HIOKI modelo 3197, ver Figura

3.14, foi acoplado na entrada de alimentação de energia elétrica nos fornos com a

finalidade de medir o consumo, e obter a corrente máxima de trabalho de cada forno.

Figura 3.14 – Analisador de Energia.

Page 45: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

32

Figura 3.15 – Conectores.

O analisador de energia é acoplado ao aparato de testes sem necessidade de fazer

parte do circuito elétrico, ou seja, não é preciso a corrente circular pelo aparelho como nos

medidores convencionais. As ligações são feitas externamente ao circuito como mostrado

na Figura 3.15. O aparelho possui uma resolução de +/- 0,2 % e variação de tensão de 600

V e uma variação de corrente de 500 mA a 5000 kA. O tempo de registro dos dados é de

200 ms.

O analisador de energia é de montagem fácil e permite devido às características

dos sensores, resultados confiáveis tendo em vista a sua resolução.

3.2.6 Estufa

Para a retirada de umidade dos carvões produzidos, antes de se realizar os testes

de densidade aparente e análise no porosímetro, utilizou-se uma estufa de marca QUIMIS

Aparelhos Científicos LTDA e modelo Q-317B242 do Laboratório de Carvão Ativado

(LCA), ver Figura 3.16. Este modelo de estufa funciona por sistema de convecção natural e

aquecimento por resistência elétrica. O aparelho contem plug com 3 pinos (2 chatos, para

alimentação elétrica e um cilíndrico para o fio terra).

Page 46: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

33

Figura 3.16 – Estufa QUIMIS.

3.2.7 Balança Analítica

Para pesagem das amostras nos experimentos utilizou-se uma balança Analítica da

Marca Shimadzu modelo AX200 com resolução de 0,0001 g, ver Figura 3.17.

Figura 3.17 – Balança Analítica.

3.3 IDENTIFICAÇÃO DO PONTO DE MAIOR RADIAÇÃO INCIDENTE NO

INTERIOR DO FORNO

Por intermédio de um termopar e de um conjunto de provetas com a mesma

quantidade de água, foram identificadas as zonas com diferentes incidências de radiação,

através da diminuição da quantidade água. Inicialmente pesou-se 100 ml de água destilada.

Em seguida as provetas foram colocadas no forno, distribuindo-se as mesmas em sua

cavidade, ver Figura 3.18. A temperatura do experimento foi estabelecida em 105 ºC e o

Page 47: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

34

tempo de residência de 5 min. Após o aquecimento, as amostras foram retiradas do forno e

deixadas a resfriar até a temperatura ambiente. Para determinar a diferença de massa, antes

e após aquecimento, pesaram-se novamente as amostras. O ponto de maior incidência de

radiação foi determinado na região onde ocorreu a máxima diminuição.

Figura 3.18 – Distribuição das Provetas.

3.4 PRODUÇÃO DOS CARVÕES ATIVADOS

Todos os Carvões foram preparados no Laboratório de Carvão Ativado, do

Departamento de Tecnologia Mecânica, Centro de Tecnologia da UFPB.

3.4.1 Preparação da matéria prima

O material carbonáceo foi originado de rejeitos de padaria do comércio local.

No preparo do endocarpo de coco, inicialmente colocou-se a matéria-prima

contendo as fibras e resquícios da amêndoa, exposta ao sol, ver Figura 3.19, visando-se

facilitar a remoção da polpa restante. O período de exposição ao sol, considerado eficaz,

variou entre 10 e 16 horas. Após a eliminação dos resíduos da amêndoa, as fibras que

envolvem os casquilhos foram removidas, ver Figuras 3.20 e 3.22. Na sequência o material

foi fragmentado, tendo-se o cuidado de se separar para a trituração o material da calota

próxima aos três poros de germinação, por conter maior teor de lignina. A trituração é feita

por meio de um moinho de martelo, ver Figura 3.21.

Page 48: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

35

Figura 3.19 – Endocarpo de coco secando ao sol.

Figura 3.20 – Calotas de endocarpo com fibras externas removidas.

Figura 3.21 – Moinho de Martelo.

Page 49: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

36

Figura 3.22 – Esmeril.

Após a trituração há o peneiramento seletivo realizado em um agitador elétrico de

peneiras, que faz a separação granulométrica do material, ver Figura 3.23 e 3.24. As sete

peneiras usadas no agitador dispõem de malhas com os seguintes diâmetros de abertura 6,3

mm, 4,75 mm, 2,36 mm, 1,18 mm, 600 µm, 300 µm e 150 µm.

3.4.2 Ativação por Impregnação com Reagentes Químicos

Foi utilizado como agente ativante o ácido fosfórico. A concentração do agente

ativante, chamada de razão de impregnação, foi calculada relacionando-se a massa do

Figura 3.24: Separação granulométrica Figura 3.24 – Agitador Magnético. Figura 3.23 – Separação granulométrica.

Page 50: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

37

agente ativante, com a massa do endocarpo de coco.

3.4.3 Processos de Carbonização e Ativação

O preparo do CAQF (carvão ativado quimicamente e fisicamente) e CAQ (carvão

ativado quimicamente) se deu pela utilização de ácido fosfórico como agente ativante.

Foram misturados 100 g de endocarpo de coco com 100 g de ácido fosfórico, em um

béquer. Adicionou-se água destilada em quantidade proporcional a massa de endocarpo,

para cada 100 g de precursor 40 ml de água foram colocados. A mistura foi aquecida a 80

0C, durante 2 horas, em uma placa aquecedora, e em seguida desidratada a 110

0C, no

mesmo sistema de aquecimento. Após a desidratação a amostra foi adicionada em cadinho

de porcelana, dando-se início ao processo de carbonização.

Nas amostras que sofreram ativação física, o gás oxidante foi o vapor d’água, a

110 ºC, gerado em uma caldeira, a qual se encontra acoplada ao forno rotativo.

Foram utilizados dois procedimentos de ativação física. Em um deles, empregado

na maioria das amostras, o fluxo de vapor d’água foi aberto quando a temperatura atingiu o

tempo programado para a realização da pirólise, sob a ação de uma razão de aquecimento.

Ao se atingir este ponto, fixava-se a temperatura até o final do processo. O segundo

procedimento foi usado em duas amostras, apenas fisicamente ativadas, e com duas rampas

de temperaturas. Quando o CAF atingiu a temperatura de 600 ºC passou a receber o fluxo

de vapor d’água.

A carbonização foi feita, em uma única etapa. Inicialmente, abastecia-se o reator

com partículas de endocarpo de coco triturado, levando-o em seguida ao forno. O forno foi

programado, a partir do estabelecimento da temperatura final, da razão de aquecimento em

°C/min e do tempo em que a temperatura final permaneceu constante. Na carbonização, a

temperatura empregada variou entre 250 °C e 900 °C, com razões de aquecimento entre

10, 15, 20 e 25 ºC/minuto. Os tempos em que a temperatura final de carbonização

permaneceu constante variaram de 20 min. a 60 min., ver Tabela 4.2. Paralelamente à

carbonização foram registrados os consumos de energia de cada forno e as temperaturas

internas alcançadas pelas as amostras.

Page 51: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

38

3.5 CARACTERIZAÇÕES DOS CARVÕES ATIVADOS

A caracterização textural dos carvões ativados foi realizada por adsorção de N2 a

77 K. Outra propriedade físico-química determinada foi a densidade aparente e realizou-se

uma análise termogravimétrica.

3.5.1 Densidade Aparente

A densidade aparente dos CA foi determinada pela relação peso/volume

empacotado do carvão ativado, em uma proveta. A amostra foi introduzida em uma

proveta previamente pesada, de 5,0 ml, ver Figura 3.25, e esta submetida a leves impactos

laterais, até que não fossem observadas variações no volume compactado. Em seguida, o

conjunto foi pesado em uma balança analítica. Para se calcular a densidade aparente de

cada amostra em g.cm-3

dividiu-se a massa pesada do carvão, pelo volume medido.

Figura 3.25 – Proveta para Densidade Aparente.

3.5.2 Determinação da Área Superficial, Tamanho e Volume dos Poros

Os dados de adsorção em fase gasosa foram obtidos por um microporosímetro da

marca MICROMERITICS, modelo ASAP 2020, ver Figura 3.26, interfaciado a um

microcomputador. O método emprega técnica de adsorção de nitrogênio a 77 K e

fundamenta-se nos trabalhos de BRUNAUER, EMMETT e TELLER, para determinar a

área superficial, o volume e o tamanho dos poros de sólidos. Foi utilizada uma amostra de

aproximadamente 0,25 g de carvão ativado, desgaseificada a vácuo a 250 ºC para perder

Page 52: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

39

umidade e outros contaminantes, sendo em seguida realizada a análise (MEDEIROS,

2008).

Figura 3.26 – Microporosímetro.

Page 53: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

40

CAPÍTULO IV

RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA

A determinação da composição granulométrica deu origem aos resultados

evidenciados na Tabela 4.1. Para 200 g de material triturado verificou-se que a maior parte

da matéria-prima ficou retida na peneira com diâmetro de abertura igual a 2,36 mm. Nos

experimentos realizados neste trabalho a granulometria das partículas de endocarpo se

situou entre 4,75 mm e 2,36 mm.

Tabela 4.1 – Análise Granulométrica

Peneiras

(diâmetro

da

abertura)

Mesh

Peso

Retido (g)

Percentagem

Retida (%)

9,5 mm 3/8 1,7477 8,77.10-1

6,3 mm 1/4 9,5870 4,816

4,75 mm 4 23,6545 11,88

2,36 mm 8 94,1367 47,29

1,18 mm 16 36,7384 18,45

600 μm 30 21,1144 10,61

300 μm 50 7,3330 3,68

150 μm 100 2,4894 1,25

Resíduo 2,2775 1,144

Page 54: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

41

Nos experimentos realizados neste trabalho, as partículas retidas na peneira de

mesh 8 foram as mais adequadas no que concerne aos tempos e razões de aquecimentos

empregados.

4.2 IDENTIFICAÇÃO DO PONTO DE MAIOR RADIAÇÃO INCIDENTE NO

INTERIOR DO FORNO MICRO-ONDAS

O ponto de maior incidência da radiação de micro-ondas ocorre próximo à saída

duto que transfere as micro-ondas do magnétron para a cavidade. Nos primeiros ensaios,

ao se colocar o reator, com suas tubulações, em posição previamente determinada

verificou-se que não houve a completa carbonização do material no reator, ver Figura 4.1,

apesar de a posição ser a máxima de incidência. A razão desta falta de homogeneização na

carbonização é devido às micro-ondas anularem-se em certos pontos da cavidade.

Figura 4.1 – Endocarpo parcialmente carbonizado.

Outro fato analisado durante estes experimentos foi o sobreaquecimento de

componentes internos ao forno micro-ondas. A proximidade do reator com o magnétron

restringe o fluxo de ar do ventilador e reflete as micro-ondas para o magnétron.

Page 55: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

42

4.3 ANÁLISES TERMOGRAVIMÉTRICAS

As análises termogravimétricas realizadas no Laboratório de Carvão Ativado

permitiram que se conhecesse o perfil de degradação térmica do endocarpo in natura, que

se inicia pela eliminação da umidade e de voláteis, passando, na sequência à hemicelulose,

celulose e à lignina.

A Figura 4.2 apresenta as curvas termogravimétricas, TGA, e DTG do endocarpo

de coco da baía, in natura. No gráfico observam-se três regiões de temperatura, para os

eventos de degradação, através do aparecimento de picos na curva de DTG. O primeiro

pico corresponde à perda de umidade da amostra, em torno de 31 ºC. Os dois outros picos,

entre 200 a 400 ºC correspondem à degradação e volatilização dos componentes dos

materiais carbonáceos (hemicelulose, celulose e lignina). As perdas de massa, nessa

segunda região de temperatura, na qual seu conteúdo atingiu cerca de 60% da quantidade

inicial do material, são caracterizadas pela presença de dois picos correspondentes à

decomposição de α-celulose em torno de 340 ºC e, à degradação de hemicelulose e

ligações glicosídicas em torno 270 ºC, que surge como um ombro no termograma.

Figura 4.2 – Curvas TG e DTG do endocarpo in natura.

A Figura 4.3 apresenta as curvas termogravimétricas, TGA, e DTG do endocarpo

de coco ativado quimicamente com ácido fosfórico. No gráfico observam-se duas regiões

de temperatura, para os eventos de degradação, através do aparecimento de picos na curva

de DTG. O primeiro pico evidenciou-se em torno de 53 ºC. O outro pico, em torno de 250

Page 56: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

43

ºC. A perda de massa na região do segundo pico foi maior do que nas outras regiões. A

partir de 300 °C a perda de massa fica praticamente linear.

Figura 4.3 – Curvas TG e DTG do endocarpo quimicamente ativado.

A Figura 4.4 apresenta os resultados de uma análise termogravimétrica feita em

um carvão que foi ativado, física e químicamente. Nota-se ali, um pico na DTG em torno

de 58 ºC e outro em 645 ºC. A perda de massa é lenta até 500 °C. A partir daí a

decomposição térmica se acelera, até a temperatura de 800 º C, ocorrendo uma grande

diminuição acima desta temperatura e em 800°C se mantém constante na forma de um

patamar. O primeiro pico na DTG desta curva corresponde à evaporação de voláteis e de

materiais adsorvidos.

Figura 4.4 – Curvas TG e DTG do carvão ativado química e fisicamente.

Page 57: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

44

A análise termogravimétrica dos carvões, química e fisicamente produzidos no

forno convencional, que tiveram áreas inferiores a 100 m2.g

-1, mostrou que os carvões a

partir de 220 ºC poderiam ainda sofrer carbonização, ver Figura 4.5. Verifica-se uma

grande perda de material, isto é, cerca de 40% no segundo pico. Um tempo maior de

exposição dos precursores no forno convencional, no caso examinado, mostra-se

necessário.

Figura 4.5 – Curvas TG e DTG do carvão quimicamente e fisicamente ativado com área

inferior 100 m2.g

-1.

A Figura 4.6 mostra a TGA e a DTG dos carvões fisicamente preparados com

duas rampas de temperatura. Nela observa-se a ocorrência de perda de massa no em torno

de 600 ºC. Esta redução em massa é de apenas 13 % . Estas curvas mostram uma pequena

redução de massa evidenciando que a materia-prima foi carbonizada.

Na Figura 4.7 encontra-se a TGA e a DTG dos carvões fisicamente preparados

com uma rampa de temperatura. Vê-se que na proximidade de 400 °C o material volta a ser

submetido a uma grande perda de massa, até a aproximação dos 700 ºC. Os carvões

ativados com uma rampa perderam 24 % em massa na faixa de temperatura de 400 a 700

ºC caracterizando uma necessidade de um período maior de carbonização e ativação na

temperatura de 650 ºC.

Page 58: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

45

Figura 4.6 – Curvas TG e DTG do carvão fisicamente ativado com duas rampas de

temperatura.

Figura 4.7 – Curvas TG e DTG do carvão fisicamente ativado com rampa de aquecimento.

4.4 CARACTERIZAÇÃO DOS CARVÕES ATIVADOS

A Tabela 4.2 apresenta: as propriedades texturais dos carvões ativados produzidos

com o forno micro-ondas, as temperaturas limites de processo, as razões de aquecimento e

os tempos de residência, a que os carvões foram submetidos. Nela as designações CAF,

CAQ e CAQF representam, respectivamente, carvões fisicamente, quimicamente e quimica

Page 59: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

46

e fisicamente ativados. A numeração seguinte as designações 11, 12, 22, etc fornece, nesta

ordem, as informações de qual forno foi preparado o carvão ativado (número 1 forno

micro-ondas e 2 forno convencional) e a ordem que foi produzido (1, 2, 3, 4, etc).

Tabela 4.2 – Carvões ativados

Amostras

Razão de

aquecimento

(°C/min./min.)

BET

(m2/g)

Área de

Microporo

(m2/g)

Volume de

Microporo

(cm3/g)

R

(%)

D

(g/cm3)

Diâmetro

médio dos

Poros (Å)

CAF– 24 600/60/20/900/30/20 558 477 0,219611 21 0,6414 19,6046

CAF– 16 600/60/20/800/20/20 449 393 0,182906 23 0,6676 19,1704

CAF– 12 500/20/20 500 435 0,201465 17 0,6558 18,7079

CAF– 14 500/50/40 472 392 0,182758 32 0,6668 19,5871

CAQ – 11 300/30/60 1293 723 0,319376 52 0,5688 19,9660

CAQ – 21 380/38/60 1278 838 0,376725 55 0,5026 20,0963

CAQF – 11 250/25/20 1275 505 0,229326 48 0,5383 19,7072

CAQF – 12 350/24/20 1374 472 0,214517 51 0,4793 20,5599

CAQF – 13 250/25/20 1297 670 0.293812 52 0,5465 20,5485

CAQF – 14 350/35/30 1359 530 0,242095 50 0,5145 20,3468

CAQF – 22 400/40/30 1316 577 0,326198 54 0,5326 20,2092

CAQF – 23 450/18/30 1371 652 0,292357 52 0,4939 20,3901

CAQF – 15 450/18/30 1338 502 0,221344 51 0,4984 21,2384

CAQF – 16 350/24/20 1371 565 0,258627 51 0,5182 20,1164

Razão de aquecimento (°C/min./min.) = (Temperatura final/ tempo de aquecimento/ tempo de residência); BET

(m2g-1) = Área superficial; R (%) = rendimento; D (g cm-3) = Densidade aparente.

Como pode ser visto na Tabela 4.2, os CAF tiveram áreas específicas de BET

inferiores a 600 m2.g

-1 e suas áreas e volumes de microporos menores do que aqueles

apresentados pelos CAQF e CAQ, evidenciando a eficiência da ativação química no

processo. No que tange aos diâmetros médios dos poros, três tipos de carvões apresentaram

magnitudes semelhante. Verifica-se, por outro lado, que o CAQF-12 apresentou maior área

de BET. E como era de se esperar, examinando-se o conjunto de carvões, existe uma forte

correlação entre a área de BET e a densidade aparente, ou seja, quanto maior a área de

BET menor a densidade aparente. Os carvões CAQF 13 e CAQF 16 foram produzidos da

parte central do casquilho e tiveram uma densidade aparente maior do que aqueles

correspondentes utilizando-se as outras partes do endocarpo CAQF 11 e CAQF 12.

Page 60: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

47

As curvas das isotermas de adsorção dos carvões ativados fisicamente produzidos

no forno micro-ondas possuem o formato das isotermas do tipo II, ver Figura 4.9, que está

relacionado à adsorção em mesoporos e macroporos. As curvas das isotermas de adsorção

dos carvões ativados quimicamente e quimicamente e fisicamente possuem o formato das

isotermas do tipo I, ver Figura 4.8, mostrando que a adsorção ocorre em microporos.

Figura 4.8 – Isotermas de Adsorção e Dessorção dos CAQF.

Figura 4.9 – Isotermas de adsorção e dessorção dos CAF.

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

Pressão Relativa (p/p0)

300

330

360

390

420

450

Qu

an

tida

de

Ad

so

rvid

a (

cm

3/g

ST

P)

CAQF 11

CAQF 12

CAQF 13

CAQF 14

CAQF 22

CAQF 23

CAQF 15

CAQF 16

0.1 0.3 0.5 0.7 0.9

Pressão Relativa (p/p0)

130

140

150

160

170

180

Qu

an

tid

ad

e A

dso

rvid

a (

cm

³/g

ST

P)

CAF 24

CAF 12

CAF 16

Page 61: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

48

4.5 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA E CORRENTE MÁXIMA

Tabela 4.3 – Consumo de Energia Elétrica e Corrente Máxima

Amostras

Razão de

aquecimento

(°C/min./min.)

Consumo

(kW.h)

Corrente

máxima

(A)

CAQF – 11 250/25/20 0,289 12,8

CAQ – 21 380/38/60 3,430 57,8

CAF– 12 500/20/20 0,783 11,6

CAQF – 12 350/24/20 0,458 11,6

CAF– 24 600/60/20/900/30/20 14,649 59,9

CAQ – 11 300/30/60 0,527 12,4

CAQF – 13 350/35/30 0,458 11,6

CAQF – 22 400/40/30 3,726 61,5

CAQF – 23 450/18/30 4,020 59,9

CAQF – 14 450/18/30 0,582 11,7

CAF– 16 600/60/20/800/20/20 2,004 11,6

A Tabela 4.3 mostra o consumo de energia elétrica para produzir cada carvão e a

corrente elétrica exigida por cada forno. Desconsiderando os testes com duas rampas de

aquecimento, verifica-se que o forno micro-ondas consome menos energia na produção,

com uma economia média de 3,2 kW.h e a corrente máxima exigida foi de 12,8 A. O forno

elétrico rotativo exigiu uma corrente elétrica de 61,5 A.

O custo da energia elétrica para indústria no Brasil é de R$ 260, por megawatt-

hora (MW.h) [ANEEL, 2012] acarretando uma economia média de R$ 0,83 na utilização

do forno micro-ondas. Além da redução de custos o sistema de alimentação para o forno

micro-ondas exige equipamentos de menores dimensões e limites inferiores de

sobrecorrente.

4.6 MONITORAMENTO DA TEMPERATURA DA SUPERFICIE DO

ENDOCARPO NOS REATORES DOS FORNOS

A Figura 4.10 mostra a temperatura do endocarpo dentro dos reatores no forno

micro-ondas e no forno elétrico rotativo. Estas curvas correspondem aos CAQF 14 e

Page 62: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

49

CAQF 22 da Tabela 4.2. Verifica-se na Figura 4.10 que o aquecimento no forno elétrico

rotativo é mais lento do que no forno micro-ondas.

No aparelho de micro-ondas o aumento de temperatura da matéria-prima segue

linearmente a programação determinada. Observa-se apenas uma oscilação na temperatura

de residência devido ao intervalo de resposta do controlador de temperatura CTM 45. A

curva correspondente à temperatura da superfície do endocarpo dentro do forno tubular

apresenta um atraso em relação a programação inicial. Este fato deve-se ao método de

transferência de calor que no caso é feita por convecção e por radiação, para o tubo, por

condução para o precursor. A temperatura final do endocarpo no forno convencional não

alcançou os valores programados nos testes, sempre mantendo uma média de 40 ºC de

diferença. A localização dos termopares interfaciados aos controladores de temperatura,

acima do reator tubular e o gradiente de temperatura entre a parede externa do tubo e o

endocarpo triturado determinam esta diferença.

Figura 4.10 – Monitoramento da temperatura do endocarpo nos fornos.

17:45:36 18:00:00 18:14:24 18:28:48 18:43:12 18:57:36

Tempo

0

100

200

300

Tem

pera

tura

ºC

CAQF 14

CAQF 22

Page 63: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

50

CAPÍTULO V

CONCLUSÃO

A separação granulométrica do endocarpo de coco, após a trituração, foi essencial

para a determinação do tamanho do grão que produz carvões ativados com as melhores

características. A penetração das micro-ondas no precursor de mesh 8 a uma determinada

distancia da superfície proporcionou o aquecimento da amostra rapidamente com uma

maior absorção da energia em relação às outras malhas. Mesh superior a 8 oferece maior

resistência de penetração das micro-ondas no material, aumentando o tempo necessário

para aquecer todo o grão. Para uma malha inferior a absorção é menor.

O uso das partes situadas próximas a germinação do fruto e seu oposto, no

casquilho deu margem a carvões com massa especifica e consequente área superficial do

carvão ativado maior. Verifica-se que a parte do topo do casquilho possui um maior teor de

lignina em relação às outras. A desagregação, trituração e peneiramento do endocarpo de

coco propiciam uma uniformidade do carvão ativado para todos os parâmetros de análise.

A análise termogravimétrica realizada anterior à carbonização permitiu a seleção

de valores das rampas de temperaturas mais adequadas para a produção do carvão ativado.

Este fato, ainda, foi mais notório quando do uso do forno micro-ondas, tendo em vista que,

neste caso, as amostras aqueciam acompanhando a programação imposta. No forno

convencional uma temperatura superior e um tempo de residência maior são necessários

para uma degradação térmica igual à análise termogravimétrica. Em consequência, o

consumo de energia elétrica será mais elevado.

Na ativação apenas física é possível notar que foram produzidos carvões ativados

com densidade aparente com valores iguais ou superiores a 0,6 g/cm³, ver Tabela 4.2. Tais

valores na ativação física, mesmo no forno micro-ondas, apresentaram área de BET

menores do que aqueles quimicamente preparados. Pela análise termogravimétrica, Figura

4.7, os carvões demonstram necessitar de um tempo de carbonização maior a temperatura

Page 64: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

51

de 400 ºC e o período de ativação elevado na temperatura fixa de 600 ºC. Os carvões

ativados quimicamente apresentaram temperatura de carbonização inferior àquelas

empregadas no preparo dos carvões, apenas, fisicamente ativados. Esta constatação

evidencia a ação eficiente do ácido sobre a matéria prima possibilitando a diminuição da

energia térmica exigida e redução do tempo de produção com melhoria dos parâmetros

físicos característicos dos carvões ativados.

A ativação física utilizada após o tratamento com ácido, seguida de carbonização,

causou um aumento de área superficial do carvão ativado, como pode ser observado nos

resultados mostrados na Tabela 4.1, e relacionados aos carvões CAQ e CAQF. O fluxo de

vapor d’água mantido no mesmo patamar para todos os testes permitiu o desenvolvimento

e o aumento dos poros, ao reagir com o precursor.

As isotermas de adsorção dos carvões ativados, química e fisicamente,

apresentaram formas geométricas que indicam que tais carvões são adequados à adsorção

gasosa. Estas ativações produziram resultados significativos com relação à área superficial

de BET, que atingiu até 1374 m2/g, com densidades aparentes no em torno de 0,5 g/cm

3.

Estas isotermas mostram também uma estreita faixa de adsorção após as primeiras

camadas serem adsorvidas. Esta característica amplia o uso destes carvões para um

processo seletivo de captação de moléculas dentro de uma determinada faixa de diâmetro.

A seletividade é uma propriedade que certas substâncias preparadas especificamente para

esta finalidade possuem. Esses adsorventes são aplicados nas chamadas peneiras

moleculares. A utilização de carvões ativados seletivos diminuiria os custos das peneiras

moleculares.

Em termos de consumo de energia, o forno rotativo mostrou-se menos econômico

do que o forno micro-ondas, que apresentou menor demanda de energia elétrica. O

percentual de economia de energia gerado pelo forno micro-ondas chegou aos 85,5 %.

Apesar da localização do ponto de maior incidência, na cavidade, a carbonização

foi incompleta. O forno micro-ondas necessita que o precursor permaneça rotacionando

para que todo o material sofra a influência das micro-ondas devido às características do

aparelho.

Como continuação para o projeto um estudo visando o desenvolvimento de um

forno micro-ondas com o objetivo do preparo do carvão ativado utilizando como matéria-

prima, o endocarpo de coco da baía, pode alcançar resultados, ainda, mais satisfatórios

Dispositivos recentemente lançados no domínio de aplicação de micro-ondas serão

Page 65: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

52

utilizados fazendo evitar a necessidade do uso do prato giratório. Um outro, o inverter,

permitirá o aumento do rendimento do processo produtivo, e a qualidade do carvão

ativado.

Page 66: CARVÃO ATIVADO DE ENDOCARPO DE COCO DA BAÍA …

53

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