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Dissertação de Mestrado em Pré-História e Arqueologia Mestranda: Ana Filipa de Castro Rodrigues Orientador: Prof. Dr. Victor S. Gonçalves Universidade de Lisboa Faculdade de Letras Departamento de História Casa Branca 7: um povoado na transição do 4º para o 3º milénio a.C. na margem esquerda do Guadiana (Serpa)

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Dissertação de Mestrado em Pré-História e Arqueologia

Mestranda: Ana Filipa de Castro Rodrigues

Orientador: Prof. Dr. Victor S. Gonçalves

Universidade de Lisboa Faculdade de Letras

Departamento de História

Casa Branca 7: um povoado na transição do 4º para o 3º milénio a.C.

na margem esquerda do Guadiana (Serpa)

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Orientador: Prof. Dr. Victor S. Gonçalves

Casa Branca 7: um povoado na transição do 4º para o 3º milénio a.C. na margem esquerda do Guadiana (Serpa)

Objecto de estudo Tipo de sítio Âmbito cronológico Espaço geográfico

Tipo de intervenção: Escavação Arqueológica de Emergência

Ou seja, a presente tese não é o resultado de um projecto de investigação para a área em apreço

Antecedentes

1ª Referência: Arqueologia do Concelho de Serpa

Descrição: “topo de cabeço bem destacado, sobranceiro à confluência do barranco da Retorta com a ribeira do Enxoé” “ cerâmica manual, incluindo uma taça carenada [...]” Cronologia: “ Neolítico Final/ Calcolítico” (LOPES, C.; CARVALHO, P.; GOMES, S (1997) – Arqueologia do Concelho de Serpa, Câmara Municipal de Serpa, p. 175.

Fases e Áreas de Intervenção

1. Prospecção Superficial do Terreno

2. Realização de Sondagens Manuais de Diagnóstico

3. Implantação de 2 Áreas de Intervenção

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Motivos para a elaboração da tese: 1. Escassez de dados arqueológicos publicados na área geográfica em questão;

2. Procurar respostas a perguntas concretas que foram surgindo ao longo da

escavação arqueológica.

Quais os critérios de implantação?

Qual a relação entre esses critérios e o tipo de povoado?

Que tipo de ocupação?

Quais os dados fornecidos pela cultura material?

Quais as áreas preferenciais para captação de recursos?

Quais as estratégias paleoeconómicas?

Quais os critérios de organização do espaço intra-

habitacional?

Qual o subsistema simbólico?

Objectivo:

Caracterização da comunidade que terá ocupado a Casa Branca 7,

apesar de se estar perante um cenário truncado

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Casa Branca 7: um povoado na transição do 4º para o 3º milénio a.C. na margem esquerda do Guadiana (Serpa)

Método de Abordagem

Questões Método de Análise

1 Quais os critérios de implantação? Qual a relação entre esse critérios e o tipo de povoado?

Caracterização Geológica e Geomorfológica:

Carta Militar à escala 1: 25 000

Cartografia Geológica disponível (CGP 1/ 200 000, F. 8;

Fonseca, 1995)

Ortofotomapas

Rede hidrográfica

Acessos ao sítio

Visibilidade a partir do sítio

Visibilidade do sítio

2 Qual o tipo de ocupação? Caracterização das estruturas e cultura material

identificadas em escavação

3 Quais os dados fornecidos pela cultura material?

Caracterização da cultura material:

Classificação tecno-tipológica

Matérias-primas

Áreas de obtenção das matérias-primas (cartografia geológica)

4 Quais as estratégias paleoeconómicas?

Análise do espectro faunístico recolhido

Caracterização paleoecológica

Caracterização das actividades cinegéticas

5 Quais os critérios de organização do espaço intrahabitacional?

Análise das estruturas e cultura material identificadas em escavação

Caracterização da cultura material:

Distribuição espacial horizontal

6 Qual o subsistema simbólico? Caracterização da cultura material

(citado em 3)

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Casa Branca 7 : Caracterização Geomorfológica e Geológica 1

• Peneplanície Alentejana: 65% desta parte do território é formada por terrenos de altitude inferior a 200 m

Bacia Hidrográfica

• Principal rio da região = Rio Guadiana

• Principal afluente na área em estudo = Ribeira do Enxoé

Geomorfologia

• Apresenta canal meandriforme

• No perfil transversal junto à Casa Banca 7 apresenta perfil

em V, sendo a encosta da margem esquerda convexo-côncava

e a da margem direita policiclica convexo-côncava.

Diversidade litológica (Fonseca, 1995):

• “Unidade da Herdade do Peixoto” – anfibolitos, liditos e/ ou quartzitos negros; • “Unidade da Ribeira do Enxoé” – “rochas quartzo feldspáticas” • “Unidade da Sra. da Guadalupe” – mármores cinzentos ou rosados • “Unidade da Serrinha” – “xistos de Moura” ou “rochas verdes”

• “Unidade dos Navegados” – “rochas verdes”

Geologia

FONSECA, P. (1995) – Estudo da Sutura Varisca no SW Ibérico nas regiões de Serpa – Beja –Torrão – Alvito -Viana do Alentejo. Lisboa. Dissertação apresentada à Universidade de Lisboa para obtenção do grau de doutor.

Casa Branca 7

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Casa Branca 7

Casa Branca 7

Casa Branca 7: condições de implantação 1

• Ligeira elevação situada na confluência do Barranco da Retorta com a

Ribeira do Enxoé (117 m de altitude)

• Localização junto a um meandro do Enxoé permite boa visibilidade para

Este e Oeste

• Inexistência de elevações a Norte permitem igualmente boas condições de

visibilidade para este ponto

• Fáceis acessos

• Ocupação realizada numa plataforma na vertente Norte da elevação e não

no seu topo

“Povoado aberto ribeirinho”

Implantação não obedeceu a critérios de condições naturais de defesa

+ ausência de fortificações

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Casa Branca 7: Caracterização da Estruturas 2 Área 1: Cabana 1

E1

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E3

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E1 E2

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Casa Branca 7: Caracterização da Estruturas 2 Área 2: Cabana 2

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Casa Branca 7: Caracterização da Estruturas 2 Área 2: Estrutura indeterminada

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Casa Branca 7: Estratigrafia

Área 1 Área 2

• Topo de elevação, onde a característica ambiental que prevalece é a erosão • Fraca potência estratigráfica (máx. 50 cm) • Sedimentos com matriz argilosa

Matriz sedimentar autóctone, provavelmente

proveniente da dissolução dos calcários

Possível desenvolvimento de um perfil de solo, tanto na Área 1 como na Área 2,

o que demarca a estabilização sedimentar da plataforma num período indeterminado, mas certamente, pós-ocupação

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Pratos Taças

Casa Branca 7: Cultura Material 3

Cerâmica - Caracterização tipológica

Formas Abertas

Tipologias • Pratos não espessados • Pratos espessados internamente • Pratos espessados interna e externamente Bordos • Bordo sem espessamento • Bordo exvertido • Bordo “almendrado”

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Tipologias • Taças Simples • Hemisferas • Hemisferas altas Bordos • Bordo sem espessamento • Bordo simples • Bordo em aba

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Arqueologia

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Vasos Potes/ Esferoidais

Tipologias • Vasos não espessados • Vasos espessados Bordos • Bordo recto • Bordo exvertido Diâmentro

Até cerca de 60 cm

Tipologias • Potes não espessados Bordos • Bordo recto Diâmentro do bordo Entre os 12 e os 24 cm Diâmetro do corpo Diâmetros elevados

Casa Branca 7: Cultura Material 3

Cerâmica - Caracterização tipológica

Formas Fechadas

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Cerâmica - Caracterização tipológica

Formas Carenadas

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Tipologias • Rombóide / calote de esfera • Hiperbolóide/ calote de esfera • Troncocónico/ calote de esfera • Troncocónico/ aplanada Bordos • Recto • Bordo exvertido

Casa Branca 7: Cultura Material 3

Cerâmica - Caracterização tipológica

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Cerâmica - Caracterização tipológica

Motivos Decorativos Denteada Plástica

Formas • Vaso • Taça (1 exemplar)

Diâmetros • 13/ 20 cm

Tipos • Mamilos • Botões ou pastilhas • Cordão plástico reforçado com mamilo • Cordão plástico simples • Múltiplos cordões plásticos

Formas • Taças • Vasos • Potes • Contentores de armazenagem

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Cerâmica - Caracterização tipológica Motivos Decorativos

Impressa Incisa

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Cerâmica - Caracterização tipológica Outros artefactos

Pesos de Tear “Queijeiras”

Número total – 21

Morfologia – “Crescentes”

Secção – Circular, sub-circular, ovalada

Espessuras – 1 a 2 cm

Perfuração - Presente

Decoração – Ausente

Número total – 4

Morfologia – Ausência de bordos

Perfuração – Cilindróide ou troncocónica

2 mm de diâmetro

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Indústria Lítica – Pedra Polida: caracterização tecno-tipológica

Machados

Número total – 2

Matérias-primas – “Xisto Verde”; Metagabro

Secção transversal – Elíptica

Secção longitudinal – Convergente no gume

Convergente no talão

Indícios de fixação – Ausente

Polimento – Total no exemplar em “Xisto Verde”

Parcial no exemplar em Metagabro

(condicionalismos da matéria-prima?)

Enxós

Número total – 2

Matéria-prima – Anfibolite

Polimento – Gumes totalmente polidos, com ligeiros

sinais de uso

Observações – Dimensões bastante distintas:

diferença de carácter funcional?

Martelo

Número total – 1

Matéria-prima – Metagabro

Secção transversal – Sub-quadrangular

Secção longitudinal – Biconvexo

Indícios de fixação - Presente

Polimento –Parcial

Observações – Gume com intensos sinais de uso

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Indústria Lítica – Pedra Lascada

54%42%

1%

Quartzo Quartzito Quarzto-hialino Chert Xisto Outras

• Quartzo como matéria-prima dominante, seguida do quartzito

Representada toda a cadeia operatória destas matérias-primas, desde a presença de diferentes morfologias de núcleos, até aos resíduos de talhe

Escassez de utensílios formais nestas matérias primas pode remeter para uma

estratégia de uso de lascas não transformadas como utensílios

Restantes matérias-primas (quarzto-hialino, chert, xisto e “outras”)

residuais em toda a colecção, representado cada uma delas 1% do total

Reservadas quase exclusivamente para a elaboração de utensílios formais

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Casa Branca 7: Cultura Material 3

Indústria Lítica Lâminas

Pontas de seta

Número total – 24

Matérias-primas – Chert (18); lidito (4); sílex (1); opala (1)

Padrão de facturação – Superioridade de fragmentos mesiais (10) e

proximais (10)

Menor número de fragmentos distais (3)

Uma lâmina recolhida inteira

Dimensões médias – Larg. (mm): 14,2; Esp. (mm): 3,9

Secção transversal – Maioritariamente trapezoidal

Perfil – Maioritariamente recto

Retoque – Presente em 65% do conjunto

Tecnologia – Possivelmente, talhe por pressão ou/ e percussão indirecta

Número total – 9

Matérias-primas – Chert (5); quartzo (1); quartzito (1)

Base – Concava (3); concava com aletas (1); triangular invertida (1);

recta (2)

Dimensões médias – Comp. X Larg. (mm): 21,1 X 13,9/ Esp. (mm): 2,7

Suportes – Laminar e lasca

Secção longitudinal – Rectas (sobre lasca); Concavas (sobre lâmina)

Bordos – Maioritariamente recto

Retoque – Recobridor (6), marginal (1) e sem retoque

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Indústria Lítica Furadores

Número total – 2

Matérias-primas – Chert (1); sílex (1)

Suporte – Laminar

Retoque – Bifacial, directo, invasor e cobridor

Observações – Um exemplar com marcas de uso

Denticulados/ Elementos de foice

Número total – 4

Matéria-prima – Chert

Suporte – Lasca

Tecnologia – Aplicação de entalhes em sequência

sobre a lasca

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Cerâmica: Pastas

Áreas de obtenção de matérias-primas

Bojos

Semi-Compactas – 8689 fragmentos = 50%

Pouco compactas – 7665 fragmentos = 44%

Compactas – 1054 fragmentos = 6%

Quartzo

Micas pretas

Micas brancas

Quartzito

Características litológicas apontam para barreiros locais

“A análise dos elementos não plásticos atestou a exploração de um número mínimo de três barreiros locais que apresentam as seguintes características litológicas: Barreiro 1 – elementos não-plásticos presentes: quarzto, quartzito, anfíbolas, piroxenas, mica castanha/ preta, gabros; Barreiro 2 - elementos não-plásticos presentes: quartzo, fragmentos de mármore, massas de rochas máficas esmagadas e mal homogeneizadas na pasta, mica branca; Barreiro 3 – elementos não-plásticos presentes: quartzo quase exclusivamente, mica branca, ausência ou presença vestigial de rochas máficas. Este barreiro situar-se-á provavelmente nas proximidades de uma linha de água, dada a quase total ausência de outros elementos não plásticos para Além do quartzo.”

DINIZ, M. (1999) – Povoado neolítico da Foz do Enxoé (Serpa): primeiros resultados”, Revista Portuguesa de Arqueologia, vol. 2, nº 1, Lisboa, p 95-126.

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Casa Branca 7: Cultura Material 3

Indústria Lítica: áreas de obtenção de matérias-primas

Casa Branca 7

“Unidade da Ribª do Enxoé” Quartzo e Quartzito

Terraços do Guadiana Sílex e Grauvaque

“Unidade dos Navegados” Metagarbo

“Unidade da Serrinha” Xisto Verde

“Unidade do Peixoto” Anfibolito e Lidito

“Unidade da Sra. da Guadalupe” Chert e Opala

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Casa Branca 7: Estratégias Paleoeconómicas e Paleoambientais 4

Fauna mamalógica

Espécies identificadas:

Espécies identificadas indicam um paleoambiente muito semelhante ao que actualmente existe naquela área

(facto constatado não só pelos dados da Casa Branca 7, mas também pelos dados do povoado da Igreja Velha de

S. Jorge (Ficalho), datado do Neolítico Final)

Domésticas Ovis/ Capra Bos taurus

Selvagens Cervus elaphus

Equus caballus

Logomorfos

Mauremys leprosa

Melhor representadas em termos percentuais

Maior diversidade de espécies

Criação de gado bovino e ovino no local

Tendência para abate de animais domésticos em idade adulta

Paleoeconomia::

Domésticas

Aproveitamento dos produtos secundários alimentares

Selvagens Alimentação complementada com caça (presença de logomorfos com indícios de combustão)

Paleoambiente::

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Casa Branca 7:Os espaços intra-habitacionais 5

Gráficos de dispersão horizontal dos artefactos (cerâmica e indústria lítica) atestam:

1. uma concentração no interior das Cabanas 1 e 2;

2. conexão entre a concentração de artefactos e

estruturas

Preservação dos contextos

Ao nível dos artefactos indicadores de actividades económicas (“queijeiras”, “pesos de tear”, pontas de seta, lâminas, elementos de foice,

pedra polida) constata-se:

1. ausência de “queijeiras” e de elementos de foice na Cabana 1;

2. presença acentuada de pontas de seta na Cabana 2;

3. predominância dos pesos de tear na Cabana 1 em relação à Cabana 2

Contextos domésticos

Actividades artesanais

Actividades cinegéticas: agricultura e caça

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Casa Branca 7: o subsistema “simbólico” 5

Placa em cerâmica

Zona superior: eventual representação, em relevo, da “sobrancelha”, que assume uma forma curva

Zona ocular: representação “amendoada” do olho “raiado”com linhas incisas sub-paralelas; pupila representada em baixo-relevo

Zona inferior: mínimo de duas linhas incisas abaixo do olho, paralelas entre si, representando “tatuagens faciais”

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Casa Branca 7: A datação absoluta

2130 – 1910 cal BC a 2 sigmas

Casa Branca 7: A datação relativa

Sítios Fase/ Nível Cronologia C. mamilada; taça carenada; prato bordo

espessado Absoluta Relativa

Foz do Enxoé - - N. Final Presença de cerâmica mamilada

Presença residual da taça carenada

Ausência do prato de bordo espessado

Ig. Velha S. Jorge

- OxA – 3376-3034 + 60 BC Cal 2 sigma -

Presença de cerâmica mamilada

Presença residual da taça carenada

Ausência do prato de bordo espessado

S. Brás 1

Pré-campaniforme

ICEN44 – 3500 - 2630 BC Cal 2 sigma

ICEN43 – 3360 - 2920 BC Cal 2 sigma -

Presença de cerâmica mamilada

Presença residual da taça carenada

Presença do prato de bordo espessado

Sala nº 1

n. 4 ICEN447 – 3510 – 2910 BC Cal 2

sigma

-

Presença de cerâmica mamilada

Presença residual da taça carenada

Presença do prato de bordo espessado

n. 5 ICEN445 – 3491 – 2920 BC Cal 2

sigma

n. 6 ICEN444 – 3502 – 2910 BC Cal 2

sigma

Papa Uvas

F. II - Calcolítico inicial 3,7 a 46 % de formas carenadas

Sem informação para pratos de bordo espessado

F. II A 3010 – 2770 cal BC 2 sigma - 40 a 46 % de formas carenadas

0, 21% de pratos de bordo espessado

F. II B - Calcolítico inicial 3,7 a 34,62 % de formas carenadas

0,37 a 1, 21% de pratos de bordo espessado

F. III - Calcolítico inicial 20,79 a 33,33 % de formas carenadas

1,98 a 4, 16% de pratos de bordo espessado

Casa Branca 7: um povoado na transição do 4º para o 3º milénio a.C. na margem esquerda do Guadiana

Dissertação de Mestrado em Pré-História e Arqueologia

Mestranda: Ana Filipa de Castro Rodrigues

Orientador: Prof. Dr. Victor S. Gonçalves

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Casa Branca 7: A datação relativa

“Pesos de tear”

“Queijeiras”

“crescentes” Primeira metade do 3º milénio

“são indiscutivelmente um artefacto do 3º milénio, particularmente da sua primeira metade” GONÇALVES, V. (2003) – Sítios, Horizontes e Artefactos. Leituras críticas de realidades perdidas. (Estudos sobre o 3º milénio no Centro e Sul de Portugal). Cascais: Câmara Municipal de Casacais, 2ª esdição, p. 256)

Fauna mamalógica cenário económico de aproveitamento dos produtos secundários alimentares Fase inicial do 3º milénio

Placa com figuração dos olhos solares da Deusa-Mãe

“[...] surge quando o Neolítico termina e é, progressiva mas rapidamente, substituído pelas sociedades de agricultores metalurgistas [...]” GONÇALVES, V. (2003) – Sítios, Horizontes e Artefactos. Leituras críticas de realidades perdidas. (Estudos sobre o 3º milénio no Centro e Sul de Portugal). Cascais: Câmara Municipal de Casacais, 2ª esdição, p. 262)

Características arquitectónicas Habitat permanente Paralelos com sítios do início do 3º milénio no Sul de Portugal

1. Materiais arqueológicos remetem para ocupação realizada num momento cronológico concreto – a 1ª metade do 3º milénio;

2. Compatibilidade artefactual com outros contextos da mesma área regional datados da 1ª metade do 3º milénio a.C.:

Sala nº1 e Papa Uvas;

3. Presença de elementos indicadores de uma exploração secundária dos recursos alimentares: pesos de tear; “queijeiras” e

predominância de animais domésticos abatidos em idade adulta,

4. Presença do sub-sistema mágico-religioso reconhecido para as primeiras comunidades agro-metalurgistas do

Sudoeste peninsular;

4. Reconhecimento de estruturas de habitat de carácter doméstico, que remetem para uma comunidade sedentarizada.

Casa Branca 7 : ocupação única, contemporânea nas 2 áreas intervencionadas, não sendo possível estabelecer os seus limites cronológicos

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Dissertação de Mestrado em Pré-História e Arqueologia

Mestranda: Ana Filipa de Castro Rodrigues

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Casa Branca 7: redes hierárquicas de povoamento

• Igreja Velha de S. Jorge

• S. Brás 1

• Sala nº 1

Cronologia absoluta revela sobreposição de intervalos na 2º metade do 4º milénio,

entre sítios com características díspares

Insuficiência de datações com curtos intervalos de tempo Insuficiência dos dados publicados: Estratigrafia Estruturas Áreas de escavação

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Mestranda: Ana Filipa de Castro Rodrigues

Orientador: Prof. Dr. Victor S. Gonçalves

Este situação permite: 1. por um lado, anular a hipótese de construção de um modelo sequencial de ocupações, com base em critérios tipológicos da cultura material; 2. por outro, a criação de modelos que admitem uma contemporaneidade de diferentes realidades materiais, arquitectónicas e tecnológicas.

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Casa Branca 7 - comunidade sedentária que:

1. Explora os recursos naturais imediatos

1.1. Matérias-primas utilizadas na produção da indústria de pedra polida e lascada

1.2. Elementos não plásticos das pastas da cerâmica

1.3. Caça como complemento de uma alimentação baseada na domesticação das plantas (taças carenadas/ pratos de

bordo espessado; elementos de foice) e dos animais (dados faunísticos)

Revelando uma estratégia paleoeconómica de uso preferencial do território imediato para a obtenção de recursos;

2. Organiza os espaços internos do povoado

2.1. Predominância dos pesos de tear na Cabana 1 (tecelagem no seu espaço interno?)

2.2. Exclusividade de pontas de seta (caça?) e elementos de foice (agricultura) na Cabana 2

Indiciando um regime de ocupação sedentário com actividades mistas de carácter doméstico, num primeiro plano, e

predatório, num segundo plano.

3. Detém um subsistema mágico-simbólioo

3.1. Placa em cerâmica com a figuração dos “olhos raiados da Deusa conhecida desde o 3.º milénio, no Sul da P. Ibérica

3.2. “Decoração simbólica” num recipiente cerâmico (triângulos invertidos, preenchidos s ponteado)

Subsistema mágico-simbólico, cujas “paisagens” ainda estão por definir, numa área em que os dados sobre os rituais

Funerários são praticamente nulos (excepção à regra, é o monumento megalítico do Monte da Velha 2, em Vila Verde de

Ficalho);

4. Inserida numa rede de povoamento

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