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(45) 3097-4512 Pronto Atendimento 24h Cascavel, 12 de junho de 2020 - Ano XXIV - Nº 2.251 - R$ 3,00 [email protected] Síndrome de Estocolmo 45 99921-0456 45 3333-9999 www.hyundaivetor.com.br “Estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tem- po prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amor ou amizade pelo seu agressor.” É a Sín- drome de Estocolmo, mais comum em casos de sequestro. Cascavel, intimidada pelo vírus, passou a simpatizar com a ideia de conviver com ele, de buscar o cami- nho do meio, entre o liberou geral e o lockdown. A ideia não é original. A Suécia, país escandinavo civilizado e rico, também adotou o procedimen- to batizado de “isolamento vertical”. A ideia parece boa: isola-se os vulneráveis e põe-se os “imunes” pela faixa etária para levar uma vida regrada no elástico concei- to de “novo normal”. Segundo o secretário Thiago Stefanello (Saúde), estamos indo bem na vertical, embora o número de gente na horizontal nas UTIs tenha ocupado todos os (poucos) leitos disponíveis, exigindo do- brar a capacidade. Já para o Ministério Público Federal, Cascavel é o epicentro do Covid-19 na macro- -oeste, região de saúde a qual pertencemos, e que inclui Foz do Iguaçu, Toledo, Assis Cha- teaubriand, Francisco Beltrão e Pato Branco. Para procuradora Andressa Caroline Za- nette, o crescimento no número de casos na chamada capital do Oeste vai saturar os leitos da macro região e levar o sistema ao colap- Expansão do corona tensiona eixo Foz do Iguaçu/Cascavel/Toledo; procuradora aponta cidade como epicentro da pandemia; seremos o primeiro caso de sucesso do isolamento vercal? n A Suécia resolveu “inventar moda” no isolamento e se deu muito mal: mais mortes e grandes perdas econômicas so. Ela arguiu o fechamento do comércio já a partir da próxima semana. Foz do Iguaçu estrilou com a hipótese de Cascavel enviar “coronados” para suas UTIs bancadas por Itaipu. A secretária de Saúde de Toledo disse que a proximidade com Cascavel contagiou as estatísticas lá. Tensão no velho oeste. O “ítalo-sueco” Stefanello rebate. Ele apresenta estatísticas afirmando que o surto nos frigoríficos está controlado, que a testa- gem maior em Cascavel naturalmente vai identificar mais positivos e que a letalidade no município é a menor do estado. Ou seja, o cascavelense terá intimidade com o coro- na, uma parcela vai sofrer um bocado, talvez 20 dias entubado em uma UTI, mas irá so- breviver e seguir a vida de gado imunizado. Imunização de rebanho l A frase mais reveladora de Stefanello foi publicada na edição anterior do Pi- toco: “A explosão de casos confirmados traz insegurança e incertezas, mas, ana- lisando friamente os dados, não estaria Cascavel mais uma vez um passo à fren- te com a população tornando-se imune, uma vez que todos vamos passar por isso mais cedo ou mais tarde até que se tenha uma vacina eficaz?”. l Aqui está a aposta no Paço, que tanto pode consagrar o projeto reeleitoral de Para- nhos como afundá-lo. É a tal “imunização de rebanho”, termo que traz Estocolmo de volta para essas linhas. A coalisão de centro-esquer - da que governa a Suécia social-democrata apostou na civilidade de seu povo. l Perdeu a aposta. Mais de 40 mil casos e 4,5 mil óbitos, a maior quantia de cadáveres louros de olhos azuis por milhão de viventes no planeta. É mais que os vizinhos Noruega, Dinamarca e Finlândia somados. Estes opta- ram pelo isolamento horizontal (ver gráfico). l A Síndrome de Estocolmo vai se repetir em Cascavel? Ou seremos o único lugar do planeta em que o isolamento vertical vai fun- cionar? É torcer e orar... l Em tempo: o governo sueco admitiu que errou e abriu uma investigação para pu- nir os responsáveis. No fim das contas perdeu mais vidas e sofreu o mesmo impacto econô- mico dos vizinhos horizontalizados.

Cascavel, 12 de junho de 2020 ... · Cascavel, atendendo pleito do empresariado, para estabelecer no local o Centro de Convenções. A operação, de R$ 28 milhões, foi debatida

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Page 1: Cascavel, 12 de junho de 2020 ... · Cascavel, atendendo pleito do empresariado, para estabelecer no local o Centro de Convenções. A operação, de R$ 28 milhões, foi debatida

(45) 3097-4512

Pronto Atendimento24h

Cascavel, 12 de junho de 2020 - Ano XXIV - Nº 2.251 - R$ 3,00

[email protected]

Síndrome de Estocolmo

45 99921-045645 3333-9999

www.hyundaivetor.com.br

“Estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tem-po prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amor ou amizade pelo seu agressor.” É a Sín-drome de Estocolmo, mais comum em casos de sequestro.

Cascavel, intimidada pelo vírus, passou a simpatizar com a ideia de conviver com ele, de buscar o cami-nho do meio, entre o liberou geral e o lockdown. A ideia não é original. A Suécia, país escandinavo civilizado e rico, também adotou o procedimen-to batizado de “isolamento vertical”.

A ideia parece boa: isola-se os vulneráveis e põe-se os “imunes” pela faixa etária para levar uma vida regrada no elástico concei-to de “novo normal”. Segundo o secretário Thiago Stefanello (Saúde), estamos indo bem na vertical, embora o número de gente na horizontal nas UTIs tenha ocupado todos os (poucos) leitos disponíveis, exigindo do-brar a capacidade.

Já para o Ministério Público Federal, Cascavel é o epicentro do Covid-19 na macro--oeste, região de saúde a qual pertencemos, e que inclui Foz do Iguaçu, Toledo, Assis Cha-teaubriand, Francisco Beltrão e Pato Branco.Para procuradora Andressa Caroline Za-nette, o crescimento no número de casos na chamada capital do Oeste vai saturar os leitos da macro região e levar o sistema ao colap-

Expansão do corona tensiona eixo Foz do Iguaçu/Cascavel/Toledo; procuradora aponta cidade como epicentro da pandemia; seremos o primeiro caso de sucesso do isolamento vertical?

n A Suécia resolveu “inventar moda” no isolamento e se deu muito mal: mais mortes e grandes perdas econômicas

so. Ela arguiu o fechamento do comércio já a partir da próxima semana.

Foz do Iguaçu estrilou com a hipótese de Cascavel enviar “coronados” para suas UTIs bancadas por Itaipu. A secretária de Saúde de Toledo disse que a proximidade com Cascavel contagiou as estatísticas lá. Tensão no velho oeste.

O “ítalo-sueco” Stefanello rebate. Ele apresenta estatísticas afirmando que o surto nos frigoríficos está controlado, que a testa-gem maior em Cascavel naturalmente vai identificar mais positivos e que a letalidade no município é a menor do estado. Ou seja, o cascavelense terá intimidade com o coro-na, uma parcela vai sofrer um bocado, talvez 20 dias entubado em uma UTI, mas irá so-breviver e seguir a vida de gado imunizado.

Imunização de rebanhol A frase mais reveladora de Stefanello foi publicada na edição anterior do Pi-toco: “A explosão de casos confirmados traz insegurança e incertezas, mas, ana-lisando friamente os dados, não estaria Cascavel mais uma vez um passo à fren-te com a população tornando-se imune, uma vez que todos vamos passar por isso mais cedo ou mais tarde até que

se tenha uma vacina eficaz?”.l Aqui está a aposta no Paço, que tanto

pode consagrar o projeto reeleitoral de Para-nhos como afundá-lo. É a tal “imunização de rebanho”, termo que traz Estocolmo de volta para essas linhas. A coalisão de centro-esquer-da que governa a Suécia social-democrata apostou na civilidade de seu povo.l Perdeu a aposta. Mais de 40 mil casos e

4,5 mil óbitos, a maior quantia de cadáveres louros de olhos azuis por milhão de viventes no planeta. É mais que os vizinhos Noruega, Dinamarca e Finlândia somados. Estes opta-ram pelo isolamento horizontal (ver gráfico).l A Síndrome de Estocolmo vai se repetir

em Cascavel? Ou seremos o único lugar do planeta em que o isolamento vertical vai fun-cionar? É torcer e orar...l Em tempo: o governo sueco admitiu

que errou e abriu uma investigação para pu-nir os responsáveis. No fim das contas perdeu mais vidas e sofreu o mesmo impacto econô-mico dos vizinhos horizontalizados.

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12 de junho de 2020 02 l [email protected]

UMAS & OUTRAS

Da lata pra urna

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Aquele abraço

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Pensata “Os mortos

recebem mais flores do que

os vivos porque o remorso é mais forte

que a gratidão”(Frase na contracapa do livro

“Diário de Anne Frank”)

l A latinha ainda tem força? Desde que o jornalista Celsuir Ve-ronese foi eleito vere-ador em Cascavel, há 20 anos, nenhuma cadeira foi ocupada por profis-sionais do rádio.l Os comunicadores

já foram mais presentes: Darci Israel, Juarez Story (com his-tórica votação), Lourival Ne-ves, Olga Bongiovanni e Tia-go de Amorim Novaes, entre outros, trocaram o microfone da

emissora pelo da tribuna da Câmara.l O radialis-ta Sérgio Ri-cardo (foto), da Studio 92.3, vai tentar que-brar a escrita.

Filiado ao Pros, ele vai tentar uma cadeira no Legislativo com o apoio da família Siliprandi. Incorrigivelmente otimista, ele crava: “Só não serei eleito se me matarem”. Façam suas apostas...

l Entre os 21 vereadores de Cascavel, 20 deverão disputar a reeleição. Só não dá 100% porque um deles será candidato a prefeito, Paulo Porto (PT).l Pedro Sampaio (foto) está entre

os que colocarão o mandato em avaliação nas urnas. Se bem sucedido, o filho do Arthur vai buscar uma cadeira na As-sembleia Legislativa do Paraná, em 2022.l A propósito, a rodovia 277, rumo ao Centro Cívico, na

capital, estará bem congestionada quando 22 chegar.

ELEIÇÕES 2020

183 casos de coronavírus foram registrados entre trabalhadores nos frigoríficos de Cascavel até o

último dia 9 de junho. O número diz respeito somente aos residentes na cidade, ou seja, seguramente é maior. A boa notícia é que a busca ativa realizada no ambiente de tra-balho, associada a testagens e isolamento dos positivos, parece ter surtido efeito e contido o surto, como mostra o gráfico da Secretaria Municipal de Saúde.

Até quando?l Perguntar não ofende: até

quando vão continuar desmora-lizando o João e sua fala bíblica do “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará? l Até quando vão usar a fé e

a religiosidade do povo brasileiro para obter votos, cargos políticos e poder?

O NÚMERO

DE O

LHO

NO

LEGI

SLAT

IVO

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12 de junho de 2020 [email protected] l 03

Negócio da China?

A Ilumisol, do empresário Daniel da Rocha, arrematou o imóvel que abrigava o Atacado Liderança, trazendo o epílogo de uma novela que envolveu contro-vérsia pública.

Chegou-se a cogitar o arre-mate da área pela Prefeitura de Cascavel, atendendo pleito do empresariado, para estabelecer no local o Centro de Convenções. A operação, de R$ 28 milhões, foi debatida na Câmara. Houve resistência. A avaliação inicial do imóvel era de R$ 44 milhões.

No último dia 29 de maio, Daniel, o iluminado, aceitou pa-gar R$ 19,3 milhões em “suaves” parcelas de R$ 484 mil, median-te sinal de R$ 4,8 milhões.

Quem é o empresário “sino-cascavelense” que arrematou o imóvel do Atacado Liderança?

As custas totais, segundo fon-tes de mercado, passarão de R$ 20 milhões. Mas para o empre-sário Beto Casagrande, fun-dador do Liderança, o jogo pode dar em um sofrido zero a zero. É que as dívidas da empresa foram estimadas - quando decretada a falência - em R$ 19 milhões.

Daniel foi alvo de reporta-gem aqui no Pitoco no mês de fevereiro deste ano. Na ocasião, foi apresentado como diretor da maior empresa de energia solar do país. Antes de o corona infec-

Olhos bem puxadosl A Ilumisol credenciou-se como re-

vendedora exclusiva de uma das maiores indústrias chinesas do setor, a Cana-dian Solar, sediada na rica Shenzhen, capital mundial da sustentabilidade, com 17 mil ônibus elétricos e toda a frota de táxis e veículos por aplicativos eletrificados.l Agressivos no mercado do sol, os

chineses garantiram um crédito multi-milionário para a Ilumisol, que cogitava faturar R$ 1 bilhão este ano, cifra que a essas alturas do campeonato deve estar meio coronada. l A proximidade com os súditos do

reino vermelho de Xi Jinping suscitou boatos de uma suposta participação chi-nesa na Ilumisol, fato que o cascavelense rebate energicamente (com o perdão da redundância).l Daniel voltou ao noticiário recen-

temente, quando equipou o Hospital de Campanha, no Centro de Eventos, em misto de altruísmo com acordo de cava-lheiros firmado no Paço. Possivelmen-te os materiais usados no hospital são “made in China”. Mas como questionou aquele sujeito, “e daí?”

tar a economia, a Ilumisol fazia, pe-riodicamente, 200 contêineres sin-grarem oceanos carregados com 130 mil módulos fotovoltaicos.

Ele é o “rei do sol”, com mais de 10 mil usinas fo-tovoltaicas insta-ladas em pratica-mente todos os es-tados brasileiros.

n Daniel e a estrutura do antigo Atacado Liderança: negócio de R$ 19,3 milhões

ECONOMIA

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12 de junho de 2020 04 l [email protected]

RETOMADA

Foz do Iguaçu celebrou na última quarta-feira o seu 106° aniversário ganhando o melhor presente que poderia almejar nos tempos atuais: a retomada geral de suas atividades econômicas, em clima de grande otimismo alimentado pela expectativa de receber desde já um bom número de visitantes para curtir o feria-dão de Corpus Christi, que ainda traz junto os festejos do Dia dos Namorados.

Como todos os destinos de lazer no Brasil e no mundo, a cidade sofreu fortemente o

De portas e braços abertosA construção de um “novo normal” em Foz do Iguaçu: impulsionada por Itaipu, cidade reabre atrações turísticas na celebração centenária de aniversário do município

n O Recanto Cataratas Ther-mas Resort é um dos destinos mais frequentados pelos cascavelen-ses: retorno com protocolos rígidos de segurança sanitária.

impacto das medidas que restringiram via-gens e aglomerações de pessoas para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus

Particularmente para Foz, foi um lo-ckdown duríssimo, com fechamento dos hotéis e dos atrativos turísticos, além da sus-pensão total dos voos no seu Aeroporto Internacional, mas que, no final das contas, pos-sibilitou à cidade apresentar até aqui, proporcionalmente à popu-lação, o menor número de casos da Covid-19 no Estado (com 133 notificações positivas e apenas 3 óbitos) e está permitindo a volta do funcionamento dos negócios com toda a segurança, obedecen-do rigorosas normas de higiene e distanciamento social.

Por sinal, merece elogios a

iniciativa de um grupo de casais ligados à diretoria do Futebol Clube Cascavel que resolveu prestigiar e apoiar a reabertura da nossa bela Capital do Turismo indo passar lá o fim de semana para desfrutar da magnífica es-trutura e das deliciosas piscinas de águas termais do Recanto Ca-taratas, um dos mais aprazíveis resorts da cidade.

Vale acrescentar que embora as fronteiras com a Argentina e o

Carta do leitor“Sou avessa a polêmicas pois acredito que cadacabeça, uma sentença, mas, pensando a respei-to da desumana morte do negro americano e da reação sobre o caso, digo que o brasileiro, e me incluo nisso, não tem história, não tem cultura,

não tem patriotismo. Precisa acontecer algo lá fora para que a perplexidade nos tome conta. Ninguém lembra de que milha-res de brancos e negros morrem por aqui nos corredores dos hospitais, negros e brancos são vítimas de balas perdidas, gays são atacados pelo preconceito, crianças de todas as raças sen-do abusadas, idosos sendo maltratados. Tem abuso de poder, tem total falta de humanidade. Tem solução? Pelo sim ou pelo não, começarei em casa, ensinando a não criarem rótulos, a respeitarem a individualidade e a história de cada um, e a te-rem como maior exemplo Jesus, que nunca julgou ninguém”.

l Marina Sciarra - administradora da Imobiliária Porto Seguro

Caio GottliebParaguai permane-çam fechadas, quem gosta de visitar Foz só para fazer com-

pras de mercadorias importadas nos países vizinhos não ficará sem diversão.

Foi inaugurada no início de maio a primeira das duas lojas francas (duty free) autorizadas pela Receita Federal a se instalar na cidade, abastecida com ampla variedade de produtos de diver-sas procedências internacionais.

Pode-se até dizer que Foz agora oferece serviço completo.

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12 de junho de 2020 [email protected] l 05

PANDEMIA

O desconforto com o número crescente de casos positivos de coronovirus na vizinha Toledo levou dois profissionais de saú-de que comandam o combate a epidemia desabafarem aos mi-crofones da CBN, esta semana.

São eles a secretária de Saúde da Prefeitura de Toledo, Denise Liell, e o médico Fernando Pe-drotti, que comanda o Centro de Operações Emergenciais (COE) Sobrou umas cutucadas para Cascavel, a vizinha problemática e mal comportada. Acompanhe.

Analfabetos funcionais

“Toledo tem o menor núme-ro de UTIs. Não precisa mais questionar, somos o epicentro da epidemia no Oeste do Paraná. Isso pode ser medido pela taxa de ocupação de leitos de UTI. A macro Oeste tem a maior taxa. É difícil transportar paciente Covid 500 km para um leito, ele pode não resistir.

“Ontem mais uma colega tes-tou positivo. É triste. Nós, pro-fissionais de saúde, recebemos a maior carga viral. Faz parte de nosso trabalho, fomos prepara-dos para isso, mas ficamos aba-

lados também.“Triste também eu ter que

passar no lago de Toledo e ter que afastar os aglomerados, ter que dizer para entrar no comér-cio de máscara. Estamos tratan-do com analfabetos funcionais”.

“Nossos leitos estão se es-gotando, os casos aumentando. Toledo não tem como ficar fora deste cenário, estando tão próxi-mo de Cascavel, onde o número de infectados está chegando per-to de 900 casos.”l Denise Eliel, secretária de Saúde de Toledo

Vamos continuar nos iludindo?

“Será que o único jeito de as pessoas entenderem que tem que ficar em casa é fechar o co-mércio? Castigar um setor que procurou se adequar, seguir as normas e oferecer segurança?

“Não dá mais para ficar ro-deando, falando, vamos explicar de outra forma: vamos continu-ar nos iludindo, diante de uma doença de transmissão respira-tória? Nos juntando na casa de um ou de outro?

“Me desculpa mas eu vou fa-lar: será que você não suporta nem você mesmo que não aguen-ta ficar contigo 14 dias?” l Fernando Pedrotti, médico do COE em Toledo

Desabafo toledano

“Você não suporta você mesmo a ponto de não conseguir ficar contigo?”

n Bandeira de Toledo hasteada e nuvens escuras ao fundo: vizinha incomodada

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12 de junho de 2020 06 l [email protected]

ENSAIO

‘’Washington- Mestre de Carnes

VENHA CONHECERe se surpreenda!!

Rua Jorge Lacerda, 885

Neymar Jr., Whinders-son, Anitta, Felipe Neto. Eles têm milhões de seguidores no mundo das multicoloridas telas touchscreen. Postam de tudo, de trivialidades a futilidades, pas-sando eventualmente por mani-festos antifascistas. São os tais “digital influencers”, gente com tanta inserção e plateia quanto o célebre “boa noite” na voz grave de William Bonner, o âncora do telejornal de maior audiência do País.

Uma simples pose para uma foto com camisa de grife, ou um vídeo rápido divulgando um ar-tigo de luxo, coisas de apenas alguns minutos e um clique de postagem, pode render para cada uma destas estrelas das re-des sociais um cachê milionário. Por uma postagem, Neymar Jr . cobra R$ 2,7 milhões. Ele posta

Analogic influencerNeymar Jr., Anitta, Felipe Neto, Pablo Picasso, Pitoco e os conteúdos das telas multicoloridas ao rolo de papel higiênico: plataformas importam, mas o jornal no papel resisteJairo Eduardo - editor do Pitoco

para 139 milhões de “parças” no “Insta”.

Trazendo para o mundo dos mortais comuns, a página do Pitoco no Facebook chegou re-centemente a 12 mil seguidores. Iniciante no Instagram (platafor-ma que devorou as demais redes, notadamente no público femini-no e juventude), tenho ali pouco mais de mil viventes.

Pois bem, a exemplo de tan-tos outros setores da economia, nós do Pitoco formos pegos em “calças curtas” com o advento da epidemia. Suspendemos a impressão por um período, trou-

xemos o jornal para a plataforma digital e formamos grupos de WhatsApp com nossos milhares de assinantes. A operação foi parcialmente bem-sucedida.

Alguns se adaptaram rapi-damente. Outros, notadamente aqueles de cabelos prateados pelo luar do tempo, chiaram. Retornamos com o impresso na semana passada. Nossos jorna-leiros ouviram com frequência a frase: “Finalmente o Pitoco no papel está de volta! ”.

São as particularidades de um mundo em transição, com notável resistência na comuta-ção completa do palpável para o “digitável”. O milenar mundo do carbono resiste aos bytes, e o papel do jornal permanece im-bricado com o jornal de papel.

Assim sendo, com quase um quarto de século de história, o Pitoco no papel não vislumbra data para aposentadoria. Vai prosseguir em uma plataforma híbrida, ofertado no tradicional e no virtual.

No fim das contas, o que con-ta mesmo é conteúdo. Entendo que plataforma é secundária. Um bom jornal impresso em rolo de papel higiênico terá leitores. No best-seller “A Sutil Arte de Ligar o F*da-se”, Mark Manson re-lata passagem de um analógico

notório: Pablo Picasso.

Enfadado em uma mesa de bar no centro de Paris, Picasso passou a “rabiscar” um dese-nho no guardanapo. Levantou--se abruptamente e amarrotou o papel em gesto brusco. Uma mulher que acompanhava a cena interrompeu o gênio, sem reco-nhecê-lo, e disse:

- Não faça isso, dá para mim esse desenho!

- São 20 mil dólares! - Retru-cou Picasso

- Como? 20 mil dólares por um desenho que você fez em três minutos em um guardanapo?

- Sim, 20 mil dólares. Eu levei 60 anos para aprender a fazer um desenho assim em três minutos!

Picasso deixou o ambiente com a mulher boquiaberta.

Meu trabalho no Pitoco vale apenas R$ 250 anuais. Ainda as-sim, sempre haverá aquele para dizer: - É caro. Trata-se de uma folhinha de papel que você redige na metade de um dia!

Pretensioso, dando uma de Picasso, eu poderia responder: - levei 30 anos para aprender a fazer uma folhinha de papel com o conteúdo que trago no Pitoco.Mas não. Prefiro afirmar que, também de forma pretensiosa, talvez eu seja um dos últimos influenciadores analógicos da humanidade.