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Catálogo Eixpressões II

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Catalogo do Eixpressões

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Page 1: Catálogo Eixpressões II
Page 2: Catálogo Eixpressões II

Promotor Organizadores Co-Financiadores

Apoios

Edição Câmara Municipal de Viana do Castelo

Organização Núcleo Promotor do Auto da FloripesCâmara Municipal de Viana do CasteloConcello de Xinzo de Limia

Direcção Maria José Guerreiro

Coordenação Pedro Rego

Redacção Ana MigueisLuís FrancoVasco Oliveira

Recolha Ana MigueisLuís FrancoMarco NovoVasco Oliveira

Design e Layout Designers Anónimos®

IlustraçõesPatrício Brito

Impressão e Acabamento Gráfica de Barroselas

Tiragem 3000 exemplares

Parceiros

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V i a n a do C as t e lo . por t ug a l

Vereadora da CulturamARIA jOsé guERREIRO

Eixpressões tão diferentes...

O Teatro Popular, seja ele de cariz religioso, profano ou guerreiro, constitui uma das formas de expressão mais genuínas das crenças e valores de um povo.

A partir de um fundo comum que se vai reproduzindo e difundindo no território, cada povoação vai-se apropriando da base a construindo matizes que revelam uma diversi-dade e riqueza alegóricas e plásticas, dotadas de um simbolismo fecundo. O Norte de Portugal e Galiza serão, porventura, as regiões onde surpreendemos estas formas no seu maior esplendor. Desde as representações mais religiosas como o Auto de S. João, em Viana do Castelo, passando pelas catárticas Queimas de Judas e Serrações da Velha, que se encontram por todo o lado, até aos Autos, Bailes, Danças e Mourisca-das, que apresentam um forte cunho guerreiro, como o Auto da Floripes, também de Viana do Castelo, ou a Dança dos Pauliteiros, de Miranda do Douro, ou, ainda, os Mo-ros y Cristianos de Pontevedra e Ourense, o teatro popular mantém intacto o espírito original acrescido de uma criatividade poderosa e surpreendente.

Neste 2.º Encontro do Teatro Popular do Eixo-Atlântico, com as suas eixpressões tão diferentes, encontraremos a obscura origem dos tempos, a luta pela luz e a vitória do humano sobre os seus medos. Afinal, a mais contemporânea das reflexões sobre a humanidade!

Após a surpreendente Iª Edição do Eixpressões - Iº Encontro de Teatro Popular do Eixo Atlântico, a Câmara Municipal de Viana do Castelo lançou o repto ao Núcleo Promotor do Auto da Floripes para em conjunto se dar continuidade ao evento no presente ano de 2012. A proposta da Câmara Municipal de Viana do Castelo, para além de reflectir um voto de confiança à iniciativa, assume a prioridade dada ao Teatro Popular e reconhece o seu valor enquanto veículo para reforçar os laços culturais entre o Norte de Portugal e a Galiza.

Mantendo-se inalterados e seguindo a estrutura do Eixpressões II, os objectivos do evento continuarão a centrar-se na dinamização, divulgação e aprofundamento do conhecimento do Teatro Popular e ainda no inter-câmbio entre os intervenientes. Contudo, desenha-ram-se novidades em relação ao ano transacto, uma vez que, para além de contarmos com novas representações da euro-região, haverá uma parceria com o Festival do Norte e ainda um fim-de-semana do Eixpressões a desenrolar-se em Xinzo de Limia.

A organização entende ser desejável que as sementes lançadas no Eixpressões germinem e floresçam. Com efeito, mais que um even-to ou um momento perene ou circunstancial, importa-nos que o Eixpressões se torne num movimento dinâmico, interactivo e participati-vo que, através de diversas acções concretas, cooperantes e inclusivas, se vá alastrando pelo território e pelo tempo, mas também pelas consciências individuais e colectivas, de forma a produzir impactos positivos na preservação, valorização e promoção do Teatro Popular.

Com base na diversidade das batalhas, rituais, danças, cantigas e tradições, há a preocupação de focar os géneros guerreiro, religioso e profano. No entanto, também afirmamos que tão importante como o produto final é todo o processo de pesquisa, contactos, visualiza-ções, organização, experiências, amizades, etc.

Ambiciona-se com isto, abrir horizontes, integrar perspectivas e apontar caminhos para o futuro, demonstrando que o Teatro Popular é um fenómeno cultural dinâmico, aberto e com identidade, constituindo-se, deste modo, como uma oportunidade para o desenvolvimen-to da comunidade. Com a mesma heterogeneidade e representatividade patente na Iª edição, em 2012 voltar-se-á a fazer uma viagem alucinante pelo imaginário do Teatro Popular.

pEDRO ALExAnDRE REgO

V i a n a do C as t e lo . por t ug a l

núCleo promotor do auto da floripes

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V i a n a do C as t e lo . por t ug a l

Centro Cultural do alto minhojOsé EsCALEIRA*

A cultura popular desempenha um papel determinante na preservação da memória colecti-va de uma comunidade, reforçando a identidade local no contexto da globalização dominante.

Na Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Intangível (Imaterial) - UNESCO 2003, foi definido o Património Imaterial como… “práticas, representações e expressões, e conhecimento e práticas que provê as comunidades e os grupos com sentido de identidade e continuidade”.

O Teatro Popular, como expressão continuada da vida da de muitas comunidades constitui um exemplo paradigmático desse património intangível, cuja continuidade depende da re-colha, do estudo, da preservação e da divulgação, em que a participação da comunidade de referência é de primordial importância.

Nesse sentido, o Centro Cultural do Alto Minho, cooperativa de acção cultural fundada em 1978, vem intervindo, ao longo da sua existência, numa perspectiva do que ora se designa por intervenção glocal - integração num todos dos aspectos do local e do global, no sentido de uma sociedade sustentável, reforçando a presença da dimensão local na produção global.

Ora, existem sinais de ancestrais cruzamentos de culturas, testemunhas do carácter globa-lizado das formas de Teatro Popular, sujeitas ao longo dos tempos a ciclos de “emblematiza-ção”, no dizer de Paulo Raposo 1. São por isso instrumentos potenciadores da “boa” globali-zação, permitindo que as diferentes culturas se encontrem de forma cooperativa e solidária, como factor de desenvolvimento e de diferenciação assumida.

Estas são, pois, razões suficientes para que o Centro Cultural do Alto Minho, no âmbito da sua missão, adira ao projecto do Eixpressões, dando a sua colaboração, nomeadamente, no desenho e apoio logístico do ciclo de conferências que se pretenda venha a constituir uma componente de discussão científica nesta área do saber.

Estamos num tempo em que são vendidos no mercado conceitos como industrialização da cultura, ou indústrias criativas, muitas vezes em contextos do não industrializável. A cultura popular é, sem dúvida, um relevante factor de desenvolvimento. Contudo, há que não cair na tentação dominante de prestar somente atenção ao seu papel, certamente importante, de gerador de benefícios económicos, por exemplo através do turismo. É, também, a cultura popular um agente de desenvolvimento pela via da integração e participação das populações e comunidades no seu processo de crescimento como seres humanos, portadores de memória, de criatividade e de inovação ao serviço das suas próprias decisões.

Eis, portanto, mais uma razão para que o Eixpressões, ao implicar as comunidades no seu processo de desenvolvimento, recriando processos de coesão das comunidades, mereça do Centro Cultural do Alto Minho o total apoio, no sentido do desenvolvimento da cidadania participativa.

RAPOSO, Paulo [1998], O Auto de Floripes: Cultura Popular, Etnógrafos, Intelectuais e Artistas, Etnográfica, Vol. II (2), pp. 189-219.

*Pela direcção do CCAM

O sucesso do projecto Eixpressões obriga a uma maturação do seu papel como palco e espaço de discussão, de estudo e prática do teatro popular. No primeiro evento abriram-se as portas para tantos grupos expressarem o património que receberam, envolvendo investigadores, instituições públicas e comunidades culturais. O objectivo da organização, agora, é potencializar este despertar de saberes e de responsabilidades. Se trabalhamos com património cultural e dele alimentamos a renovação das nossas performances culturais, queremos fazer do próprio projecto “Eixpressões” um património! Um património que venha a constituir-se como momento e espaço incontornável do saber e da expressão da cultura performativa popular. Assim, é nosso objectivo estabilizar e institucionalizar este evento. A estratégia a seguir passa por definir cada ano um tema central para debate num ciclo de conferências, de forma a apro-fundar a investigação, dando voz a especialistas. Ao mesmo tempo chamamos para a memória presente pessoas que no nosso espaço cultural contribuíram para o estudo e divulgação deste património, numa homenagem de gratidão e de desafio às novas gerações. Tudo isto sem descurar o mais importante: fazer com que o teatro popular esteja vivo, dando-o a conhecer ao público e provocando nas comunidades o ressurgimento do património recebido.

Para este ano o tema é “Teatro popular: o auto religioso”! Nos autos religiosos encontramos o gérmen do teatro popular das nossas comunidades. Procuramos dar a conhecer a história dos autos religiosos e, consequentemente, do teatro popular, bem como essas performances chegaram à época contemporânea. Tendo por ponto de partida o “Auto de Santo António” de Portela de Susã, vamo--nos encontrar com a cultura popular desta região e homenagear um dos seus cultores de excelência, o Pe. Maurício Guerra, a quem prestaremos a homenagem merecida. O ciclo de conferências decorrerá entre os dias 12 de Outubro e 10 de Novembro deste ano de 2012. Estarão presente investigadores nacionais e internacionais. As datas, temas e respectivos conferencistas serão dados a conhecer brevemente. Álvaro Campelo

Coordenador Científico dos Colóquios

Pe. Maurício Guerra

COLÓQuIOs - HOmEnAgEm AO pE. mAuRÍCIO guERRA

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“ teatro popular : o auto rel igioso”

12 . 19 . 26 de OUTUBROBIBLIOTECA MUNICIPAL

dE VIANA dO CAsTELO

10 de NOVeMBROJUNTA dE FREGUEsIA

dE PORTELA sUsÃ

Nota: a exposição sobre o teatro popular decorrerá durante os colóquios.

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Com seis milhões de habitantes, foi um sonho. Criada em 1991, no âmbito da Xunta da Galiza e da

Comissão da Coordenação da Região Norte, deve-se a dois Homens Fraga Iribarne e Braga da Cruz.

Foi o mapa Norte de Portugal/Galiza, o Roteiro do Artesanato, os Caminhos de Santiago, o Românico

da Ribeira Minho, as Pontes Transfronteiriças. O sonho acabou? Creio que não. As decisões de apoio

assumidas pelo seu ex-Secretário-geral Xoan Vasquez Mao (agora José Maria Costa - Presidente da

Câmara Municipal de Viana do Castelo) em tudo que diz respeito às “scuts”, ao comboio Porto Vigo, ao

TGV. Sem esquecer as iniciativas, todas com extraordinário sucesso ligadas a Viana do Castelo como

Capital da Cultura do Eixo Atlântico 2011.

Parabéns. A repetir com outra roupagem? Comunidade Europeia, Governo. Municípios, Regiões de

Turismo, todos concordam que esta reivindicação cultural das comunidades locais será talvez o único

caminho com hipóteses de contrabalançar o fenómeno de desertificação das nossas aldeias.

O Eixo Atlântico constitui, desde a sua génese em 1 de Abril de 1992, um espaço transfron-teiriço de cooperação, sinergia e partilha de recursos à escala regional e transfronteiriça, apro-veitando uma longa histórica de forte proximidade entre as regiões da Galiza (Espanha) e do Norte de Portugal. De acordo com a apresentação oficial, tem como objectivo fundamental o desenvolvimento económico, social, cultural, científico e tecnológico das cidades e regiões que lhe pertencem, procurando reforçar as competências e valores em diversos campos de acção. Constituindo-se como uma associação transfronteiriça de cidades, que se foi alargando ao longo dos anos (incorpora actualmente 34 cidades), o Eixo Atlântico reveste-se naturalmente de múltiplas e diversificadas identidades e características físicas, demográficas, ambientais, sociais, económicas e territoriais. Por isso, qualquer tentativa de caracterização territorial do Eixo Atlântico teria de estar associado a um amplo trabalho que considerasse, designadamen-te a organização administrativa e modelos de governação dos territórios, os diferentes níveis de infra-estruturação do território, os diferentes processos de urbanização de cada uma das cidades, os grandes projetos desenvolvidos e em curso, as estratégicas de inovação e de-senvolvimento económico, as acções de natureza social ou a promoção da participação com capacitação dos atores locais.

Fugindo a esta ambição, parece-me importante registar como fundamentais três valores territoriais chave que me parecem associados às lógicas de organização, funcionamento e operacionalização do Eixo-Atlântico, designadamente a valorização da escala regional, a optimização no uso dos recursos e o reforço dos princípios de governança e trabalho em rede. Começando pela escala regional parece-me fundamental sublinhar a importância da cons-trução de uma associação regional de cidades, a qual funciona como estrutura promotora do desenvolvimento territorial integrado, através do pensamento e da intervenção conjunta em temas como o desenvolvimento sustentável, o planeamento e transporte, o desenvolvimen-to social, a modernização da administração, a cultura, o turismo e o desporto. Esta questão é particularmente importante no contexto português marcado por uma organização muito centralizada da administração pública, com ausência de estruturas intermédias de articulação

o e ixo atlântiCoum bREvE OLHAR sObRE O EIxO ATLânTICO: COOpERAçãO, gOvERnAnçA E TRAbALHO Em REDE à EsCALA REgIOnAL

Francisco Sampaio

entre o poder central e o poder local, designadamente ao permitir e promover o reforço do diálogo e da cooperação regional entre algumas cidades do Norte de Portugal - e na dimen-são europeia, uma vez que permite a implementação de vários projetos transfronteiriços com aplicação de fundos comunitários variados, levando por exemplo à constituição formal da Euroregião Galiza-Norte de Portugal.

A optimização dos recursos resulta, de uma forma geral, do que foi referido no ponto an-terior. Com efeito, a intervenção conjunta em alguns campos de acção, a promoção do diálo-go e da articulação entre as cidades conduz progressivamente a uma melhoria da eficácia e da eficiência na utilização dos recursos, permitindo desenvolver programações integradas e eventos em rede, evitando a duplicação de investimentos humanos, materiais e imateriais.

Por fim, parece-me central o tema da governança, sendo evidente os contributos do Eixo Atlântico para a modernização dos modelos de planeamento e gestão territorial, apesar de este percurso estar ainda numa fase inicial. Assim, parece claro o peso e o efeito do Eixo Atlântico no reforço da governança territorial, materializando realizando cinco princípios fun-damentais que importa aprofundar nos próximos anos, designadamente: o reforço da abertura dos processos, com maior circulação de informação regionalmente e aumento das possibilida-des de articulação entre as cidades e de envolvimento dos cidadãos; a promoção da participa-ção e capacitação dos atores locais, designadamente através da possibilidade de participação em projetos regionais assentes na valorização da cultura e da identidade local; a responsa-bilização das estruturas regionais e locais, com criação de parcerias e reforço das lógicas de cooperação e partilha de recursos financeiros, técnicos e humanos; aumento da eficácia dos projetos e políticas territoriais, maximizando os efeitos e a capacidade de disseminação das acções, reduzindo os custos que lhe estão associados; e um reforço da coerência dos pro-cessos de planeamento e gestão territorial, mais adaptados às verdadeiras necessidades de quem vive e sente os territórios.

Pedro Chamusca

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rotas do eixpressÕes iiO Largo das Neves, também conhecido por Souto das Neves, está localizado a uma dúzia de quilómetros da

cidade de Viana do Castelo. Este centro cívico apresenta-se sui generis pela particular condição administrativa, uma vez que é partilhado por três freguesias do município de Viana do Castelo - Barroselas, Mujães e Vila de Punhe -. Espaço aprazível e com genuíno bairrismo, o Largo das Neves afirma-se, no município vianense e no vale do Neiva, como um local central, privilegiado e com expressivo eco através das suas actividades sociais, desportivas e culturais.

Nas várias actividades que florescem em volta deste “anfiteatro triangular”, merecem destaque as Festivida-des em Honra de Nossa Senhora das Neves que se centram, para além do seu amplo e diversificado programa, no dia 5 de Agosto com a majestosa e imponente procissão dedicada à Senhora das Neves e na representação da secular peça de teatro popular Auto da Floripes.

Neste espaço acolhedor, referência para o Cruzeiro do Senhor da Saúde que foi edificado em 1817 como pagamento de uma promessa face às segundas invasões francesas, mas também realce para a A Mesa dos Três Abades do século XVI está localizada junto à Capela da Senhora das Neves. Estando assente, simboli-camente, na intercepção entre os limites das três freguesias, constitui um dos motivos para as cerimónias da segunda-feira de Páscoa no Largo das Neves - um marco na comunhão e na união entre as gentes que partilham o Lugar das Neves.

Viana do Castelo é a cidade atlântica mais ao Norte de Portugal, situando-se a cerca de 25 minutos do aero-porto internacional do Porto.

Servida por funcionais auto-estradas e por um porto de mar, é fácil e cómodo chegar à cidade, onde os visitan-tes podem fruir uma notável qualidade de vida, quer por via da tranquilidade e segurança do seu viver urbano, quer pela riqueza do seu património natural, monumental e histórico, quer, ainda, pela existência de excelentes equipamentos culturais, desportivos e sociais.

A presença do rio, do monte e do mar, conferem à cidade dotes paisagísticos de excelência que encantam os sentidos, proporcionam um clima psicológico de descompressão e são propícios à ocupação sadia e aprazível dos tempos livres.

Uma rede de transportes urbanos, que inclui pequenos autocarros eléctricos a circular nas ruas do casco medieval, desincentiva a utilização do automóvel individual e favorece a qualidade ambiental. O Anel Viário contornando o núcleo mais antigo da cidade e a distribuição de vários parques de estacionamento subterrâneo ao longo dessa via, permitem aliviar a zona medieval do aparcamento de automóveis à superfície, afastando-os da zona nobre da urbe e facilitando, em consequência, a mobilidade pedonal.

A cidade tem, também, uma boa capacidade hoteleira, que está em acelerado crescimento, quer para acolher turistas, quer para receber congressos, seminários e outras reuniões de turismo, negócios ou de estudo, condi-ções que são apoiadas pela existência de modernos e funcionais auditórios para realização desses encontros.

Um conjunto de modernizados espaços culturais - teatros, cinemas, biblioteca, museus - proporciona condi-ções de enriquecimento cultural a residentes e visitantes, enquanto a presença do rio e do mar oferece especiais condições de acolhimento a veleiros de recreio e à prática de todas as modalidades de desportos náuticos.

A riqueza inigualável da etnografia vianesa, que faz da cidade a capital do folclore português, a originalidade e funcionalidade do seu artesanato, com especial relevo para a louça e os bordados, a assídua e qualificada animação cultural, são outros atributos que fazem de Viana do Castelo uma cidade extremamente atractiva para todas as vertentes de Turismo. É bom viver em Viana do Castelo!

LARgO DAs nEvEs

vIAnA DO CAsTELO

Vila de Punhe: 5,12 km² de área e 2 273 habitantes (2011). Densidade: 443,9 hab/km².Mujães: 4,72 km² de área e 1 550 habitantes (2011) e uma densidade de 328,4 hab/km².Vila Barroselas: 7,47 km² de área e 3 927 habitantes (2011). Densidade: 525,7 hab/km².

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A comarca de Limia, a qual é formada por 11 freguesias aos quais pertencem 263 núcleos de população. Esta região encontra--se ao Sudeste da província de Ourense e tem o seu núcleo central no concelho de Xinzo de Limia. Estamos enquadrados numa região eminentemente rural que baseia a sua economia no setor primário que acolhe 47% da sua população activa. Quanto à sua situação geográfica, a Limia enquadra-se num terreno banhado pelo rio Lima e onde se encontrava a Lagoa de Antela, lagoa que secou na década de 1950, que estava localizada na região de Limia, no centro da província galega de Ourense (Espanha). Engloba-va terrenos localizados nos municípios de Sandiás, Sarreaus, Vilar de Bairro, Xinzo de Limia e Xunqueira de Ambia.

Encontramos uma região marcada pelos seus antepassados galaicos, antes da chegada da civilização romana do General ro-mano Décimo Junho Bruto, O Galaico, em meados do ano 132 a.c. É uma região marcada pela passagem da Via Nova, que era uma das vias de passagem mais importantes do noroeste da Península Ibérica que unia as cidades de Bracara (Braga) e Asturica (Astor-ga). Nesta terra alimentada pelo rio Lima descobrimos uma grande variedade de bens de interesse Cultural e Patrimonial como o conjunto de 3 torres de época medieval que se encontram nos município de Sandiás, Porqueira e Xinzo de Limia. Convém ressaltar que no centro urbano de Xinzo de Limia encontra a igreja de Santa Marinha do século VIII, sem esquecer os diferentes vestígios da época romana que se encontram ao longo e largo da comarca. Duas arquiteturas de carácter religioso como são os exemplos do mosteiro de Trandeiras (Concello de Xinzo de Lima) ou a Ermida de São Bento de Uceira (Câmara Municipal de Sandiás). Também queremos destacar como Bem de Interesse, as zonas húmidas que existem na região de Sandiás como zona de protecção de aves.

Xinzo de Limia é uma vila galega, da provincia de Ourense, com afinidade a Viana do Castelo pelo rio Lima. Este concelho re-presenta, para além da Lenda do Rio Lethes (Rio do Esquecimento), o Entrudo galego no Eixpressões II, pois é um dos ciclos do Entrudo mais antigo que se conhecem, tanto na Península Ibérica como na Europa. Por esta razão e por ser um dos Entrudos mais vistosos e concorridos da Galiza, está reconhecido na Espanha, desde muitos anos atrás, como “Festa de Interesse Turístico Nacional”. A sua personagem central é a “Pantalla”. Saiem à rua, geralmente em grupo, elegantemente trajadis, para alegrar a festa, dançando ao som da música e batendo as bexigas que levam nas mãos, fazendo tocar as campainha e guizos que levam pendurados na cintura. Castigam os que não estão disfarçados levando-os a um bar ou local de diversão para pagar uma rodada. Este modus operandi faz com que se crie um espírito participativo e que, em Xinzo de Lima, ninguém tenha a ousadia de sair sem disfarce durante o Carnaval.

xInZO DE LImIA

As ROTAs

EmFEsTA

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RELIGIOSO PROFANO GUERREIRO

legenda

ColÓQuio de adÃo e eVaMALHADAS . MIRANDA DO DOURO

17

danÇa de pauliteirosMALHADAS . MIRANDA DO DOURO

16

CaretosSALSAS . BRAGANÇA

15

testamentos do Compadre e da Comadre, Caretos e senhorinhasLAZARIM . LAMEGO

14

Bugios e mourisQueirosSOBRADO . VALONGO

13

arautos de sÃo JoÃoTREGOSA . BARCELOS

9

Baile dos turCosPENAFIEL . PORTO

12

auto dos turCos de CrastoRIBEIRA . PONTE DE LIMA

11

drama dos doZe pares de franÇaPALME . BARCELOS

10

pantallasXINZO DE LIMIA . OURENSE

8

moros Y Cristianos de a saÍnZaRAIRIZ DE VEIGA . OURENSE

7

moro Y CristianoMOURISCADOS (MONDARIZ) . PONTEVEDRA

6

alto dos xenerais de ullaMERZA . BANDEIRA . VEDRA

3

triButo de las Cien donCellasBETANZOS . A CORUÑA

2

maruxainaSAN CIPRIÁN . CERVO . LUGO

1

CigarrÓnVERÍN . OURENSE

29

romerÍa ViKingaCATOIRA . PONTEVEDRA

30

Quiemada popularCERVO . LUGO

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os VergalheirosSARREAUS . LUGO

32

moros Y Cristianos de retortaRETORTA . LAZA

33

Baile dos pedreirosPENAFIEL . PORTO

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os danZantes de lamasAS LAMAS . XINZO DE LIMIA

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ponte de lima em festaPONTE DE LIMA

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festa do esQueCemento XINZO DE LIMIA . OURENSE

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as BonitasSANDE . OURENSE

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troteirosBANDE . OURENSE

27

serraÇÃo da VelhaAFIFE, CARREÇO E DARQUE . VIANA DO CASTELO

Queima de JudasMONSERRATE, V. N. ANHA E MAZAREFES . VIANA DO CASTELO

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auto de sÃo JoÃoSUBPORTELA . VIANA DO CASTELO

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auto de santo antÓnioPORTELA SUSÃ . VIANA DO CASTELO

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auto da floripesBARROSELAS, MUJÃES E VILA DE PUNHE . VIANA DO CASTELO

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4

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14 d

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Ul

hO

15 d

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Ul

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de

JU

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OApós a surpreendente Iª Edição do Eixpressões - Iº Encontro de Teatro Popular do Eixo Atlântico, a Câmara Municipal de Viana do Castelo lançou o repto ao Núcleo Promotor do Auto da Floripes para em conjunto se dar continuidade ao evento no presente ano de 2012.

Mantendo-se inalterados e seguindo a estrutura do Eixpressões, os objectivos do continuarão a centrar-se na dinamização, divulgação e aprofundamento do conhecimento do Teatro Popular e ainda no inter-câmbio entre os intervenientes. Contudo, desenharam-se novidades em relação ao ano transacto, uma vez que, para além de contarmos com novas representações da euro-região, haverá uma parceria com o Festival do Norte e ainda um fim-de-semana do Eixpressões a desenrolar-se Xinzo de Limia.

Assim, o Eixpressões II desenrolar-se-á durante três fins-de-semana:

pROgRAmA

rotas do eixpressÕes ii

13 . 14 . 15 de JUlhOLARGO dAs NEVEs

bARROsELAs . mujãEs . vILA DE punHE

21 . 22 de JUlhOXINzO dE LIMIA

OuREnsE . gALIZA

27 . 28 . 29 de JUlhOCIdAdE dE VIANA dO CAsTELO

vIAnA DO CAsTELO

l a rgo das ne V e s . Ba rrose l as, mu JÃ e s e V il a de punhe

rotas do e ixpressÕesgénEROs

21h30 Orquestra MusicalAssociação Desportiva, Cultural e Social de Subportela

Queima de JudasVILA NOVA DE ANHA . VIANA DO CASTELO

22h00

23h00

auto de sÃo JoÃoSUBPORTELA . VIANA DO CASTELO

23h45 Animação Nocturna

15h00 Animação Popular“O Entardecer” (Associação de Reformados e Pensionistas de Barroselas), Zés P’reiras Nacionais de Fragoso,Rusgas com Concertinas e Gaitas de Foles e Bombos

18h00

21h30

21h00

Cavaquinhos de Mujães(Associação Cultural de Mujães)

Grupo Zés P’reiras Nacionais de Fragoso

xenerales e Correos de BandeiraPONTEVEDRA . GALIZA

22h00

22h30

23h00

Trajes, Concertinas e Jogo do Pau(Grupo S. Paulo, Barroselas)

CaBeÇudos de Bandeirae gaitas de foles de CerVo

Queimada galega de CerVoCERVO . LUGO . GALIZA

24h00 Animação Nocturna

21h00

21h15

21h30

Grupo de Bombos Estica-me as Peles(Tregosa - Barcelos)

Renascer Padela(Barroselas - Viana do Castelo)

Orquestra Musical(Escola de Música de Vila Nova de Anha)

22h00

22h45

arautos de s. JoÃo TREGOSA . BARCELOS

ponte de lima em festa, UNHA S DO DIABOPONTE DE LIMA . VIANA DO CASTELO

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19h00 Orquestra Filarmónica e Tocadores de Concertina Desfile dos grupos musicais desde a Praça Maior até à Praça Carlos Casares

28

de

JU

lh

O

29

de

JU

lh

O

22

de

JU

lh

O

x in Zo de l im i a . ore nse . g a l iC i a C ida de de V i a n a do C as t e lo . V i a n a do C as t e lo

rotas do e ixpressÕes rotas do e ixpressÕesgénEROs génEROs

27

de

JU

lh

O

21

de

JU

lh

O 21h30 Desembarque da maruxaina na Marina e Arruada pelo jardim Municipal(Local: Anfiteatro da Marina)

22h00

22h45

23h15

23h45

maruxaina SAN CIPRIAN . CERVO . LUGO . GALIZA(Local: Anfiteatro da Marina)

mouro Y Cristiano de mourisCados MONDARIZ . PONTEVEDRA . GALIZA(Local: Anfiteatro da Marina)

serraÇÃo da Velha CARREÇO . VIANA DO CASTELO(Local: Anfiteatro da Marina)

Animação Nocturna(Local: Anfiteatro da Marina)

15h00 Animação Popular(Local: Praça da Liberdade)

16h00

18h00

21h30

22h00

23h00

24h00

00h30

ArrUADA De masCarados . GALIZATroteiros de Bande, As Bonitas de Sande, Cigarrón de Verín, Pantallas de Xinzo de Limiae Os Vergalleiros de Sarreaus(Local: Jardim da Marginal e Praça da Liberdade)

xenerales e Correos de Vedra CORUNHA . GALIZA(Local: Praça da Liberdade)

triButo aos deuses por deCio Junio Brutus e ArrUADA XINZO DE LIMIA . OURENSE . GALIZA(Local: Jardim da Marginal)

festa do esQueCemento ( lenda do rio lethes) XINZO DE LIMIA . OURENSE . GALIZA(Local: Praça da Liberdade)

Queimada galega SAN CIPRIAN . LUGO . GALIZA(Local: Jardim da Marginal)

moro Y Cristiano de mourisCados MONDARIZ . PONTEVEDRA . GALIZA(Local: Praça da Erva)

Animação Nocturna(Local: Anfiteatro da Marina)

12h00 moro Y Cristiano de mourisCados MONDARIZ . PONTEVEDRA . GALIZA(Local: Adro da Igreja Matriz)

16h00

17h30

22h30

24h00

18h00

21h30

22h00

Animação Popular(Local: Praça da Liberdade)

Baile dos turCos BUSTELO . PENAFIEL(Local: Praça da Liberdade)

auto de santo antÓnio PORTELA SUSÃ . VIANA DO CASTELO(Local: Praça da Liberdade)

Queima de Judas MAZAREFES . VIANA DO CASTELO(Local: Praça da Liberdade)

drama dos doZe pares de franÇa PALME . BARCELOS(Local: Praça da Liberdade)

Cavaquinhos de Amonde e Grupo Zé P’reiras Nacionais

Orquestra MusicalEscola de Música de Vila Nova de Anha

23h00 Banda de Gaitas de Xinzo de Limia em concerto(Local: Praça Carlos Casares)

20h00

21h30

auto da floripes LARGO DAS NEVES . VIANA DO CASTELO(Local: Praça Carlos Casares)

a maruxainaSAN CIPRIAN . CERVO . LUGO . GALIZA(Local: Praça Carlos Casares)

13h00 danZantes de lamasXINZO DE LIMIA . OURENSE . GALIZA(Local: Praça Maior)

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de D. Manuel I (1495-1521) após a expulsão ou conversão forçada dos mouros e judeus, e realizadas nas festividades religiosas ou até nas procissões mais relevantes, como as do Corpus Christi. Os cânticos da loa final são uma consagração a Nossa Senhora das Neves.

O Auto da Floripes herdou da Idade Média o anonimato da autoria do texto, da criação da dramatização e do início das representações.

Transmitido oralmente de geração para geração, face aos registos do século XIX e por ser uma adaptação da versão portuguesa do livro fantástico A História do Imperador Carlos Magno e dos Doze Pares de França, da autoria de Jerónimo Moreira de Carvalho publicada em duas partes em 1728 e 1737, o início das representações do Auto da Flori-pes está actualmente temporizado, com uma boa margem de exactidão, entre a segunda metade do século XVIII e o início do século XIX.

O Auto da Floripes é um património cultural popular com três séculos de antiguidade, dez séculos de literatura, vinte séculos de história europeia e de um povo fantasista que absorveu e transmitiu várias influências culturais.

Local_Largo das Neves, Viana do CasteloOrganização_Núcleo Promotor do Auto da FloripesComissão de Festas da Senhora das NevesData_5 de AgostoÂmbito_Festas em Honra de Nossa Senhora das Neves

1918

O Auto da Floripes é uma peça de teatro representada no dia 5 de Agosto (dia da padroeira) no largo das Neves, por populares das freguesias de Mujães, Barroselas e Vila de Punhe, concelho de Viana do Castelo.

Centrada numa luta entre o Imperador Carlos Magno e seu exército contra turcos (que não eram da Turquia mas da Hispânia!), a representação é monopolizada pela batalha entre o cavaleiro cris-tão Oliveiros e o turco Ferrabrás, o rei de Alexandria, na qual o primeiro vence, mas que é preso através de uma emboscada do exército turco. Realizadas embaixadas de parte a parte para serem resolvidas as divergências e pedidos de troca de prisioneiros, são detidos quatro embaixadores cristãos. O clima de guerra instalado agudiza-se com surgimento de Floripes, a filha do rei turco Almirante Balaão, que movida por amores por um cavaleiro cristão (Gui de Borgonha) trai o seu pai, enfeitiça o carcereiro e solta os presos para acabar por se casar com Oliveiros. Ficando o exér-cito de Carlos Magno restabelecido é travada batalha entre todos os soldados na qual os cristãos desarmados, mas providos de valentia, vencem os turcos que aceitando a conversão cristã

são libertados. Termina o evento com cânticos e danças entre vencedores e derrotados, acom-panhados pelo som das palmas do público e das bandas filarmónicas que tocam as músicas carac-terísticas, as Contradanças.

Ao estilo do teatro medieval, os infiéis são ridicularizados e humilhados pois perdem contra cristãos desarmados, e que para serem soltos sujeitam-se à conversão; para de seguida incorpo-rarem uma dança, que se enquadra nas mouriscas e judengas muito populares a partir do reinado

ne V e s . V i a n a do C as t e lo . por t ug a l

auto da floripesguERREIRO

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2120

a dro pa roQ ui a l de t regosa . t regosa . Ba rC e los m a l h a das . m ir a nda do douro

arautos de sÃo JoÃo ColÓQuio de adÃo e eVaRELIgIOsO RELIgIOsO

Representação religiosa/profana composta por vários autos autónomos, desig-nados entremezes, tem um dedicado exclusivamente ao padroeiro São João Bap-tista e outros mundanos com crítica e sátira social popular como o Salteador, o Brasileiro, o Soldado, o Primo de Lisboa, o Saco ou o Galego.

Os Arredas são três personagens que para além de “varrerem” o público animam a representação não permitindo que a monotonia se instale.

Em fase de recuperação, os Arautos de São João apresentaram no Eixpressões I a Contradança, designação derivada do termo britânico country-dances (danças do campo), acompanhada pela música filarmónica.

Após representarem este ano de 2012 a totalidade da peça na freguesia de Tregosa, nesta 2.ª edição irão apresentar a Contradança mais um dos entremezes.

A freguesia de Malhadas ostenta a bandeira de ser a única a levar a cena na actualidade e anualmente um colóquio, designa-ção característica da região das Terras de Miranda. Baseados em textos antigos, denominados cascos, exprimem vivências do quotidiano, usos e costumes de cada localidade.

Sem registos históricos de representações no passado, o Colóquio de Adão e Eva foi encenado recentemente em Malha-das e versa sobre o pecado original.

Organização_Torgo - Associação de Apoio às ArtesData_24 de Junho ou dia próximoÂmbito_Festas em Honra de São João

Local_Malhadas, Miranda do DouroOrganização_ Associação Cultural e Social Pauliteiros de Malhadas

Âmbito_Festividades locais

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2322

suBpor t e l a . V i a n a do C as t e lo m a Z a re f e s , monse rr at e e V. n . de a nh a . V i a n a do C a s t e l o

auto de sÃo JoÃo Queima de JudasRELIgIOsO pROFAnO

Sucessor da Dança do Rei David na procissão do padroeiro, o Auto de São João de Subportela com origens em meados do século XX incute solenidade às passagens bíblicas da Anunciação do Anjo e júbilo de Zacarias da gestação e nascimento do filho João, da Visitação de Maria a Isabel e o Baptismo de Jesus Cristo. Com abertura e acompanhamento do Narrador, a representação termina com a oração: Ó Senhor que morais nos altos céus / Inclinai para a Terra o Vosso olhar/ Mostrai-nos Vossa face mas sem véu / Quando esta negra vida terminar / E a Vós Virgem Mãe Nossa Senhora / Que também lá no céu Vos encontrais / Um pedido fazemos nesta hora / A bênção para todos os mortais.

As Queimas de Judas personificadas num boneco imolado num auto de fé, e representadas na durante a Quaresma ou na Páscoa, exprimem resquícios pagãos simbólicos da regeneração, término de abstinência e libertação e morte da escuridão pelo fogo. A figura do apóstolo “maldito” é utilizada para julga-mentos, proclamação de testamentos e expurgações do mal.

Tradição secular dispersa por todo o mundo, está profundamente enraizada nas culturas ibéricas e países de línguas luso-hispânicas.

Local_Largo de São João Novo, Subportela, Viana do CasteloOrganização_Junta de Freguesia de SubportelaData_24 de Junho ou dia próximoÂmbito_Festas em Honra de São João

Local_Mazarefes, Viana do CasteloOrganização_Mazarefes em Movimento

Data_Domingo de PáscoaÂmbito_Celebração pascal (com base pagã)

Local_Vila Nova de Anha, Viana do CasteloOrganização_Grupo informal

Data_Domingo de PáscoaÂmbito_Celebração pascal (com base pagã)

Local_Campo da Agonia, Monserrate, Viana do CasteloOrganização_Junta de Freg. de Monserrate e participação do grupo de teatro “À Margem”

Data_Sábado de PáscoaÂmbito_Celebração pascal (com base pagã)

Page 14: Catálogo Eixpressões II

2524

a f if e , C a rre Ç o e da rQ ue . V i a n a do C as t e lo sa n C ipr i a n . C e rVo . l ugo

serraÇÃo da Velha maruxainapROFAnO pROFAnO

Integradas nos rituais de passagem da escuridão para a luz, significando re-generação e renovação e representadas na Quaresma, as serrações são uma tradição com origem pagã, como as Queimas de Judas, na qual um boneco simbolizando uma velha como fardo é conduzido pela localidade e submetido a julgamento e condenação à morte. A leitura do testamento da Velha é uma manifestação popular crítica da actividade social de membros da comunidade. A Velha depois de julgada tanto pode ser serrada como queimada. As Serrações da Velha são uma tradição portuguesa, sendo as de Afife e de Carreço acom-panhadas pelo toque dos triquelitraques, instrumentos de madeira com várias carreiras de martelinhos que quando agitados produzem o som “triq-e-li-traq”.

San Ciprian é terra de marinheiros e pescadores. Tem uma se-reia loira, a Maruxaina, que vive na cova de Xan Vello, nos Faral-lóns. Nos dias de temporal toca o seu corno, mas sem se saber se o faz para atrair ou afastar os homens das rochas. Desde tempos imemoriais que é julgada pelo povo para aferir se é boa ou má, se é inocente ou culpada.

Todos os anos nas festividades de San Ciprian, no segundo fim--de-semana de Agosto, a Maruxaina é capturada, desembarcada na localidade ao som da gaita-de-foles e julgada. O povo é que dita a sentença, e assim será em Julho na cidade de Viana do Castelo. As danças e a queimada popular serão realizadas se ela for declarada inocente.

Local_Largo do Cruzeiro, Afife, Viana do CasteloOrganização_Núcleo Amador de Investigação Arqueológica de AfifeData_Quarta-feira da terceira semana da QuaresmaÂmbito_Celebração pascal (com base pagã)

Local_Largo da Cabine, Carreço, Viana do CasteloOrganização_Ronda Típica de CarreçoData_Quarta-feira da terceira semana da QuaresmaÂmbito_Celebração pascal (com base pagã)

Local_Darque, Viana do CasteloOrganização_Grupo informalData_Quarta-feira da terceira semana da QuaresmaÂmbito_Celebração pascal (com base pagã)

Local_Praia de O Torno e Prazoleta, San Ciprian, Cervo, LugoOrganização_Asociación Cultural A Pantalla

Data_Segundo sábado de AgostoÂmbito_Festa da Maruxaina

Page 15: Catálogo Eixpressões II

2726

sa l sas . Br ag a nÇ a x in Z o de l im i a . oure nse

Caretos pantallas de x inZopROFAnO pROFAnO

Tradição inserida no ciclo dos Doze Dias, compreendido entre o Natal e os Reis, os caretos saem à rua entre os dias um e cinco de Janeiro para “assustar” e brincar com as pessoas. O imaginário popular recorda o uso do traje e da máscara pelos rapazes para namoriscarem às escondidas dos pais das raparigas solteiras.

Os Caretos de Salsas têm cinco mandamentos: “ser careto de alma e coração; ser solteiro, e bom rapaz; ser forreta até dizer chega; cravar tudo o que poder; e não sair de qualquer casa sem fumeiro”. Têm também cinco deveres: “Passar a mão em tudo que puder; não largar o pau em qualquer ocasião; não sentar, não deitar, nem rebolar no chão; não passar desper-cebido em qualquer ocasião; e não rejeitar qualquer oferta”.

Entre os cigarróns de Verín ou os peliqueiros de Laza, as pantallas de Xinzo são os mascarados, com afinidade a Viana do Castelo pelo Rio Lima, representantes do entrudo galego no Eixpressões. Emitindo um som anunciador característico e batendo duas bexigas são os demónios, elegantemente trajados, que castigam os não disfarçados, pegando neles em cadeira até ao local de venda de “copas” mais próximo para o pagamento de uma bebida. O castigo cria espírito participativo que “obriga” todos os elementos da comunidade a fantasiarem-se e serem pantallas no entrudo de Xinzo de Limia.

Local_Freguesia de Salsas, BragançaOrganização_Associação Cultural e Recreativa dos Amigos dos Caretos de SalsasData_1 a 6 de JaneiroÂmbito_Celebração dos Reis (com base pagã)

Local_Cidade de Xinzo de Limia, OurenseOrganização_Asociación Cultural A Pantalla

Data_Domingo de EntrudoÂmbito_Entroido

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2928

l a Z a rim . l a mego pa l me . Ba rC e l os

testamentos do Compadre e da Comadre, Caretos e senhorinhas drama dos doZe pares de franÇa

pROFAnO

guERREIRO

O Compadre a e Comadre de Lazarim são duas figuras que no dia do entrudo recebem de uma rapariga e de um rapaz da terra a leitura de dois testamentos, em quadra rimada, nos quais são declamadas críticas sociais e expostas algumas verdades que os visados não pretendem ser pronunciadas.

Os caretos e senhorinhas são os mascarados que envergam os trajes tradicionais confeccionados com materiais comuns como pa-lha, canas, vegetação ou restos de tecidos. As máscaras, de madei-ra de amieiro, dão face às três figuras características: os homens, os bichos e os diabos.

Adaptação da versão portuguesa d’ A História do Imperador Carlos Magno e dos Doze Pares de França, da autoria de Jerónimo Moreira de Carvalho, publicada a 1ª edição no ano de 1728 é, a par do Auto da Floripes, um dos representantes portugueses actuais activos do ciclo carolíngio, que teve uma grande difusão em Portugal e países lusó-fonos como São Tomé e Príncipe (Auto da Floripes ou Auto de Santo Lourenço) e Brasil (as várias cavalhadas dos Doze Pares de França).

Com o mesmo enredo do Auto da Floripes, o Drama dos Doze Pares de França é acompanhado em toda a representação pelo som filarmónico da Contradança dos Turcos, uma das duas músicas características dos autos do Vale do Neiva. No final da representação é cantada uma loa evocativa da padroeira e comemorada a vitória e conversão dos turcos dançando a Contradança.

Local_Freguesia de Lazarim, LamegoOrganização_Casa do Povo de LazarimData_Terça-Feira de EntrudoÂmbito_Entrudo

Local_Largo da Capela de Nossa Senhora dos Remédios, Palme, BarcelosOrganização_Associação Cultural Drama dos Doze Pares de França Auto da Floripes de Palme

Data_Terceiro domingo de AgostoÂmbito_Festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios

Page 17: Catálogo Eixpressões II

Uma reminiscência das várias adaptações d’ A História do Imperador Carlos Magno e dos Doze Pares de França, herdou o imaginário dos turcos e o rei Gigante Ferrabrás mas com um texto original expõe uma contenda religiosa inspirada na ocupação árabe da Península Ibérica. Os turcos pretendem comprar cereais aos cristãos, mas estes apenas os vendem sob a conversão cristã. É convocada a intervenção mal sucedida do Doutor de Leis para a resolução do problema, que sai da cena à canada dos turcos e fogo das espingardas dos cristãos. Travada a batalha, tombam todos os soldados, sen-do chamados o Enterrador, o Barbeiro e o Criado do Barbeiro. O rei cristão, Almocreve, invoca auxílio celeste e surge um anjo que ressuscita os soldados e converte e baptiza os turcos. Ao som das Contradanças, todos os elementos louvam Santo António e dançam para dar término à representação. As entradas em palco são precedidas pelo trabalho dos arredas que “varrem” o público. Também peculiar é a participação dos bufarinheiros, os espiões que transmitem ao seu rei informações dos inimigos.

3130

p or t e l a susà . V i a n a do C a s t e l o

auto de santo antÓnioguERREIRO

Primeiro auto e primeira interpretação po-pular dos elementos. Texto da autoria de Rui Malheiro e encenação de António Neiva, a representação inicial do Eixpressões apre-senta um espectáculo secular com relevân-cia no universo popular: as marionetas. Num projecto inspirador do Agrupamento Vertical de Escolas de Barroselas, a execução é reali-zada por alunos do segundo ciclo e já percor-reu todos os estabelecimentos do referido Agrupamento Escolar.

Local_Escolas do AgrupamentoOrganização_Agrupamento Vertical de Escolas de BarroselasData_ Ano escolar 2010/2011Âmbito_Projecto educativo

Local_Largo da Igreja, Portela Susã, Viana do CasteloOrganização_Associação Desportiva e Cultural de Portela Susã

Data_31 de Julho de 2011Âmbito_Festas em Honra de Santo António

Ba rrose l as . V i a n a do C as t e lo

o meu primeiro auto da floripesguERREIRO / mARIOnETAs

Page 18: Catálogo Eixpressões II

Região característica pelos bailes teatrais, para além dos das profissões como dos Ferreiros, dos Pedreiros ou das Floreiras, têm também o Baile dos Turcos. É uma dança característica de espadas, que tem expressão em várias culturas, enquadrada nas mouriscas inseridas nas celebrações e procissões do Corpus Christi muito populares a partir do reinado de D. Manuel I (1495-1521).O Baile dos Turcos principia ao som de clarins com os oponentes, cristãos e tur-cos, divididos. Sempre com cânticos o enredo desenrola-se na captura de uma Dama cristã pelos infiéis que a forçam à conversão. Intervém São Jorge de-clarando guerra a toda a Turquia. É travada batalha e o santo é morto pelo rei Turco, sendo a vitória dos inimigos festejada. Mas de um rochedo surge um Anjo do Senhor que liberta a Dama, ressuscita São Jorge e converte os Turcos. Termina o baile com todos os intervenientes a cantar: Hoje se festeja e também se celebra / o Baile dos Turcos nesta nossa terra / Meus senhores todos hão-de perdoar / Demos fim, ao baile não há mais lugar.

3332

pe n a f i e l

Baile dos turCosguERREIRO

A introdução dos turcos na literatura e imaginário popular deve--se à exactidão da tradução castelhana de Nicolas de Piamonte ou Nicolau de Piemonte da obra Histoire de Charlemagne ou Roman de Fierabras, no século XVI, daí terem surgido os turcos da Hispâ-nia, antiga província romana. Na representação da Ribeira surge a temática da independência nacional, os turcos expressam-se num castelhano “típico”, são derrotados por lusitanos e a conversão é assumida pelos infiéis ao terminarem a contenda comunicando em português.

Característica própria da representação é os papéis dos turcos pertencerem apenas a habitantes do lugar de Crasto e os dos lusi-tanos aos habitantes dos restantes lugares.

Local_Largo da Cruz de Pedra, Ribeira, Ponte de LimaOrganização_Comissão de Festas do Senhor da Cruz de PedraData_ Segundo sábado de AgostoÂmbito_Festas em Honra do Senhor da Cruz de Pedra

Local_Cidade de PenafielOrganização_Associação Cultural e Recreativa Amigos de Bustelo

Data_Dia do Corpo de DeusÂmbito_Festas em Honra do Corpo de Deus

r iBe ir a . pon t e de l im a

auto dos turCos de CrastoguERREIRO

Page 19: Catálogo Eixpressões II

É uma peça característica da região galega do Baixo-Minho, também repre-sentada anualmente na paróquia vizinha da Franqueira (A Cañiza). Do género guerreiro e da temática da Reconquista Cristã da Península, o texto recupera-do pelo poeta Ramón Cabanillas no início do século XX opõe um militar cristão tentado por um príncipe muçulmano para abandonar a fé cristã a troco de riquezas. É travada batalha, vitória do cristão e conversão do muçulmano.

Encerra um conjunto de festividades contínuas compostas por missa, pro-cissão, dança de paus e representação.

3534

mour is C a dos ( monda r i Z ) . p on t e V e dr a

moro Y Crist ianoguERREIRO

Dança típica das Terras de Miranda que simboliza uma luta simulada com o uso de paulitos. É uma variante das danças de espadas. A dança dos paulitos do tipo “encadeado” pela coreografia complexa contém elementos guerreiro, religioso e rituais. Presente em toda a Península Ibérica e países de cultura luso-hispânica, adquiriu características genuínas e tradição em Miranda do Douro.

Representada em exclusividade por participantes do sexo masculino e trajados a preceito, o toque dos paulitos é acompanhado pelo som de cas-tanholas.

Local_Malhadas, Miranda do DouroOrganização_Associação Cultural e Social Pauliteiros de MalhadasÂmbito_Festividades locais

Local_Mouriscados (Mondariz), PontevedraOrganização_Comisión de Fiestas del Perpetuo Socorro e San Roque

Data_16 de AgostoÂmbito_Festas del Perpetuo Socorro e San Roque

m a l h a das . m ir a nda do douro

danÇa de paulite irosguERREIRO

Page 20: Catálogo Eixpressões II

Reconstituição histórica da Batalha das Figueiras e inseri-da na temática da Reconquista Cristã da Península, encena o episódio da amotinação popular brigantina liderada pelos irmãos Figueiroa contra a ocupação árabe e o resgate das cem donzelas encerradas na Torre del Peito Burdelo, na qual a insuficiência de armas impele os cristãos a lutar com ramos de figueira. O desembarque do Rei mouro Mauregato para cobrar o tributo é correspondido por uma feroz batalha vencida pelos cristãos que festejam a vitória com danças distintas.

3736

Be ta n Z os . C orunh a

triButo de las C ien donCellas guERREIRO

Com origens no século XIX e sob a temática da Reconquista Cris-tã da Península, expressa a revolta do pagamento e resgate do tri-buto do Reino das Astúrias ao Emirado de Córdoba - as cem don-zelas. Após o assalto dos mouros a uma torre cristã e o roubo do estandarte da Virgem das Mercês, os cristãos procuram uma solução pacífica. Perante a recusa dos infiéis é declarado “si guerra quereis, guerra tendréis” e desferido um forte e bem-sucedido ataque à torre. Os mouros são vencidos, as virgens libertadas e a torre incendiada.

No noroeste peninsular é a única representação remanescente das cavalhadas e a batalha travada com o recurso do fogo de canhão.

Local_A Saínza, Rairiz de Veiga, OurenseOrganização_Asociación Coordinadora de la Romaría da SaínzaData_Domingo próximo ou coincidente do dia 24 de SetembroÂmbito_Romaría en Honor a la Virgen de la Merced

Local_Casco Histórico de Betanzos, A CoruñaOrganização_Ayuntamiento/Concello de Betanzos

Data_Num fim-de-semana de JulhoÂmbito_Feira Franca Medieval

r a ir i Z de V e ig a . oure nse

moros Y Crist ianos de a saÍnZa guERREIRO

Page 21: Catálogo Eixpressões II

Festa sanjoanina e profana, a Bugiada e a Mouriscada, com raí-zes em ritos como a Lavra da Praça ou a Dança do Cego, terão sido aproveitadas pela Igreja Católica com o objectivo evangelizador de transmitir a mensagem e perseverança do bem cristão. Originárias, provavelmente, das procissões do Corpus Christi com relevante pro-fusão em Portugal, são representadas no dia de São João, padroeiro com grande devoção no noroeste peninsular.

Lutas, usos e costumes, sátiras e danças preenchem uma tradição única participada por centenas de habitantes locais. A Bugiada e a Mouriscada são representadas exclusivamente em Sobrado durante todo o dia 24 de Junho.

3938

soBr a do . Va l ongo

Bugios e mourisQue iros guERREIRO

Tipo característico do vale do rio Ulla representado por ocasião do entrudo, os Xe-nerais percorrem montados a cavalo as paróquias ou lugares que se vão defrontar, após as embaixadas de correios e lanceiros, num ponto de encontro para o “atran-que”, um desafio verbal local. Outrora representados em cerca de trinta localidades, apenas uma dezena conservou a tradição. Os atranques confinaram-se do século XX até à actualidade a intervenientes da mesma paróquia a fim de evitar disputas que no século XIX passavam do plano verbal para o físico!

Local_Merza, Bandeira e VedraData_Domingo de EntrudoÂmbito_Entroido

Local_Freguesia de Sobrado, ValongoOrganização_Casa do Bugio

Data_24 de JunhoÂmbito_Festas em Honra de São João

me r Z a . V i l a de C ruC e s / Ba nde ir a . pon t e V e dr a / V e dr a . C orunh a

alto dos xenerais do ullaguERREIRO

Page 22: Catálogo Eixpressões II

A tradição do Entrudo encontra-se profundamente enraizada na cultura popular galega e, em es-pecial, na freguesia de Sande, Ourense. A figura principal é o Meco, inicialmente feito com a madeira de uma árvore que se encontrava no monte contíguo a um lugar chamado A Aira do Meco. Daí saía a figura num carro de madeira chamuscado. Hoje em dia, o Meco usa máscara e é vestido e enchido com feno. Outras figuras importantes deste entrudo são também A Vaca e O Oso. A Vaca é representada por um focinho de vaca de madeira, pintado e com dois cornos. Já O Oso é a representação da fera do-minada. Trata-se de um homem disfarçado com uma máscara de lata simulando o focinho de um urso e com vestes esfarrapadas, velhas e enchidas com palha. Apesar da importância que têm estas figuras, o que mais se destaca na tradição do entrudo de Sande é o traje emblemático d’ As Bonitas. A ves-timenta d’ As Bonitas consta de calças e camisa de linho branco, uma gravata vermelha ao pescoço, dois vistosos xailes de Manila que cruzam ao peito, uma faixa que faz falda na cintura e umas polainas engalanadas com pequenos guizos. No rosto, As Bonitas apresentam uma máscara de arame e tecido pintado com olhos e boca. Na cabeça colocam ainda uma coroa feita de plumas de galos e compridas fitas coloridas a caírem nas costas. Na mão levam uma vara fina e flexível. Anteriormente, vestir-se de Bonita era um privilégio dos que eram considerados pelo povo como os melhores moços da região. Estas figuras estão tradicionalmente encarregues de zelar pela ordem, distribuindo chicotadas pela gente, e protegem os mascarados quando, por curiosidade, alguém quiser descobrir a sua identidade.

As Bonitas asseguram também a ordem na praça local, aquando da realização das diversas representações teatrais.

4140

sa nde . oure nse

as BonitaspROFAnO

Quando, nos lugares da freguesia de Bande, as populações avistavam à distância figuras com gorros de palha e em passo de trote, sabiam que tinha chegado o en-trudo. De facto, os Troteiros percorrem anualmente a região anunciando a entrada neste período festivo. Vêm mascarados com uma toalha de renda branca a cobrir o rosto, sob um chapéu de palha que se encontra coberto de postais antigos de temas amorosos.

Esta tradição tem sido largamente recuperada na última década, depois de ses-senta anos de algum esquecimento. O traje masculino agora uniformizado é compos-to por vestimentas brancas com faixas coloridas, polainas de couro e sapatos negros ou tamancas. Podem também fazer-se anunciar por chocalhos presos à cintura, mas o que não faltará com certeza é a vara com os Troteiros tentavam levantar as saias das moças.

Local_Freguesia de Bande, OurenseData_Domingo de EntrudoÂmbito_Entroido

Local_Freguesia de Sande, OurenseData_Domingo e Terça-Feira de Entrudo

Âmbito_Entroido

Ba nde . oure nse

trote irospROFAnO

Page 23: Catálogo Eixpressões II

A Romaria Viking é uma comemoração das muitas invasões vikings que tiveram lugar nesta parte, dos séculos IX a XI, na costa de Pontevedra. Esta festa, considerada de inte-resse turístico nacional e internacional, representa as tentativas dos Vikings de conquis-tar a Galiza. A localização estratégica de Catoira, na foz do rio Ulla e o facto de se tratar de um ponto de entrada para a capital regional, Santiago de Compostela, tornaram esta zona no principal alvo para o ataque. A celebração remonta a 1960 e ocorre no primeiro domingo de agosto, com as pessoas locais a encenarem a sua própria interpretação de uma invasão viking. Os locais, vestidos como guerreiros vikings, chegam à costa a bordo de uma réplica da embarcação viking. O seu objetivo é capturar as Torres del Oeste, as ruínas de duas das únicas sete torres defensivas construídas para repelir os invasores que ainda existem hoje. A batalha de termina com a tomada de Torres del Oeste e com invasores e defensores completamente encharcados das jarras de vinho tinto que ti-nham pendurados ao pescoço durante a luta. Ambos os lados, em seguida, participam na festa de marisco, regado com quantidades liberais do vinho tinto local. A representação é precedida por outras celebrações nos dias que antecedem o evento, com espetáculos no próprio dia de grupos populares nas ruas, um mercado de rua medieval e uma festa de mexilhões e vinho tinto a partir do meio-dia. O vinho simboliza o sangue derramado nas invasões vikings.

4342

C at o ir a . p on t e V e dr a

romerÍa V iK inga

O Cigarrón é, provavelmente, a máscara mais característica e arcaica da região de Ourense. É a per-sonagem central de uma festa considerada de interesse turístico nacional. A máscara é trabalhada em madeira e pintada de modo a realçar as sobrancelhas, as bochechas rosadas, o amplo bigode, a barba falsa e o sorriso cínico mostrando a dentição. A máscara prolonga-se numa espécie de mitra de metal com motivos astrais ou zodíacos. A mitra termina com uma pelica composta de fibras sintéticas ou, mais tradicionalmente, de raposa, lobo ou gato, que se estende em penduro nas extremidades da mitra. No ponto mais elevado da mitra, prolonga-se para as costas uma crina de cavalo. Há, porém, mais Cigarrón do que a máscara deixa entender. Na verdade, o traje completo tem um peso superior a 25kg e a res-ponsabilidade de assegurar a tradição passa, sobretudo, de pai para filho. Quanto ao vestuário, a figura leva vestida uma camisa branca com gravata vermelha (na atualidade usam-se cores variadas) à qual se sobrepõe um casaco curto de seda com galões e alamares dourados. A cobrir os ombros, símbolos milita-res ou panos brancos a descair para ambos os lados, prendidos com broches femininos. Na cintura, uma faixa encarnada de várias voltas prende-se por um cinto de coiro ao qual se atam seis grandes chocalhos de cobre. Cobrindo as pernas levam um calção curto com tranças horizontais de lã branca. O resto das pernas encontra-se coberta com meias brancas suportadas por ligas. Por fim, nos pés, usam sapato negro e corrente. Na mão levam um chicote do qual pende uma badana de pele de animal. O Cigarrón caminha sempre enxotando e balançando os chocalhos, usando o seu chicote em quem se cruza no seu caminho.

Local_Freguesia de Verín, OurenseData_Terça-Feira de EntrudoÂmbito_Entroido

Local_Catoira, PontevedraData_Primeiro domingo de Agosto

Âmbito_Festividades locais

V e r Ín . oure nse

C igarrÓnguERREIROpROFAnO

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Os Vergalleiros são as personagens típicas do Carnaval de Sarreaus, Ourense. Estas figuras equivalem-se aos cigarróns ou peliqueiros, mas apresentam diferenças. O traje é belíssimo e a máscara reproduz um rosto masculino e sorridente. O traje leva uma camisa do linho com três fitas entrelaçadas de cor verde, preta e vermelha, um colete de feltro preto, polainas também pretas com borlas vermelhas, que vão do joelho aos pés. A faixa também é vermelha, com chocalhos ou campainhas pequenas e borlas vermelhas. O corno de vaca é imprescindí-vel para atrair os populares à festa com o seu som característico.

O Vergalleiro foi recuperado em 1994, mas hoje já está muito arraigado como máscara de Sarreaus.

4544

sa rre aus . l ugo

os Vergalle irosguERREIRO

A Queimada Popular de Cervo foi declarada em 2001 “Festa de Interesse Tu-rístico Galego” e já está na sua edição XXVIII. Nesta celebração realiza-se uma representação teatral que muda a cada ano e tem sempre o mesmo princípio ar-gumentativo: o triunfo do bem sobre o mal. A festa começa à noite, com a descida dos “atores” das Escuelas Viejas até à praça, iluminados pelas tochas e pelos caldeirões de Queimada e acompanhados pelo som das gaitas que interpretam o Hino do Reino Antigo da Galiza.

Na praça, tem lugar o confronto entre o bem (representado pelo Bruxo) e o mal (representado por bruxas, demónios e outros seres do inferno maligno), em que a dança e a música têm um papel importante. O confronto termina com o “esconjuro” que o bruxo lança ao mal e com a distribuição gratuita de litros e litros de Queimada.

Local_Cervo, LugoData_Sábado após o 16 de AgostoÂmbito_Festividades locais

Local_Sarreaus, OurenseData_Terça-feira de EntrudoÂmbito_Festividades locais

C e rVo . lugo

Que imada popularpROFAnO

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4746

As lutas entre mouros e cristãos são uma tradição que, em algumas localidades, cres-ceu e se tornou um verdadeiro espetáculo. Este é o caso do povo de Retorta, em Laza, que, a 18 de julho, celebra as festividades em honra de Santa Marina para comemorar a luta tradicional entre as religiões. Após um interregno de quatro anos, a tradição dos Moros y Cristianos foi retomada em 2011, com a participação voluntariosa dos populares. A origem deste festival está perdida na memória. Os organizadores afirmam que a tradi-ção desta representação bélica vem de longe, além da memória de antigos moradores da área. Possivelmente, com as guerras em África, no século XIX, mas isso é apenas uma hipótese. A história não mudou desde o século passado. O espaço é composto por dois exércitos principais: o lado cristão e o dos mouros. O exército dos mouros, sempre mais numeroso, conta com vigilantes de canhões e um séquito de mulheres, vestido para a oca-sião, acompanhando o capitão mouro em todos os momentos, como um harém. A disputa entre os dois lados é causada por uma imagem, a de Santo António, que é o padroeiro da cidade. O exército cristão acaba por vencer a batalha e os mouros, subjugados, aceitam a conversão.Local_Retorta, LazaData_18 de JulhoÂmbito_Festas em Honra de Santa Marina *A representação de Trez, Laza também foi recuperada recentemente.

re tor ta . l a Z a

moros Y Crist ianos de retorta*guERREIRO

Em tempos remotos, os penafidelenses tinham a obrigação de, por altura do Corpo de Deus, exibirem à Câmara local danças alusivas às suas atividades profissionais. Depois, dispersa-vam- -se em grupos profissionais pelas ruas da cidade, executando coreografias em frente às casas das pessoas mais importantes da urbe ou de quem lhes pagasse. Era uma maneira curiosa de se exibirem perante a comunidade local, uma tradição que remonta à Idade Média, com a intenção de oferta de trabalho e a valorização do ofício aos olhos das autoridades e do público em geral. A tradição do Baile dos Ofícios manteve-se até aos dias de hoje, sendo o dos Pedreiros um dos principais. O Baile dos Pedreiros, único no país, foi recuperado em 2008, após 80 anos de ausência, e retrata o dia-a-dia desta classe profissional. Os pedreiros vestem-se de branco, traçam uma faixa vermelha na cinta e usam um barrete encarnado na cabeça. A tiracolo transportam uma cabaça e um merendeiro. Na mão, cada pedreiro segura um pico. O mestre empunha uma régua, a mestra leva um açafate de flores e o rapaz dos picos segura um pequeno bouquet. O meirinho usa uma espada e o bastão das justiças. No Baile, o mestre e os pedreiros entram em discussão sobre as obras que fizeram. Num desentendi-mento, os pedreiros acusam o mestre de não lhes pagar o ordenado, o ambiente “aquece” e o senhor meirinho prende o mestre por de- sacato. A mestra acode o marido mas, para evitar ser presa, promete pagar tudo aos pedreiros, que entretanto vão merendar. O rapaz dos picos recolhe o material de trabalho e tudo acaba bem.

pe n a f i e l . p or t o

Baile dos pedre irospROFAnO

Local_PenafielOrganização_Grupo Folclórico de Penafiel

Data_Móvel (normalmente em Junho)Âmbito_Festas do Corpo de Deus

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O grupo de teatro “Unhas do Diabo” conta já com vários prémios nacionais no seu historial. Entre eles, destacam-se um 2º prémio, obtido em 2004, aquando da Fase Nacional do Concurso “Animar Portugal”, organizado pelo INATEL, com a peça “O Minho em Festa”. Em 2006, foi-lhe atribuído o Primeiro Prémio Nacional com a peça “A Serrada da Velha”, que teve lugar na Aula Magna da Universidade de Lisboa. Após o sucesso das temáticas abordadas em ambas as peças e dado o interesse manifestado junto da comunidade local bem como de outras regiões e associações culturais, surgiu a ideia de “fusão” do “Minho em Festa” com a “Serrada da Velha”. Como corolário, foi criada a peça “Ponte de Lima em Festa”, como uma mostra das tradições, festas e romarias mais significativas do Con-celho de Ponte de Lima.

A trama gira à volta de duas cenas: uma casa típica do Minho, onde habita uma “velha” preocupada com o namoro da sua neta e uma tasca, onde dois amigos, à conversa e à mistura com muito vinho e petiscos, criam um conjunto de peripécias que os remetem constantemente para as mais variadas tradições de Ponte de Lima: serrar a velha, cantar ao desafio, vaca das cordas, cabeçudos, compasso, jogo do cântaro, rusgas, Feiras Novas… envolvido numa constante profusão de cores, movimento, dança e música.

4948

p on t e de l im a

ponte de l ima em festapROFAnO

As Lamas, localidade do município de Xinzo de Lima, celebra, no primeiro domingo de maio, o desfile dos Danzantes, que se intercala na procissão religiosa das Festas da Santa Cruz. Oito jovens vestidos com coroas de flores e saias vermelhas prestam tributo à Santa Cruz com passos reverenciais, algumas danças peculiares em que usam um pau de três metros com fitas entrelaçadas que chamam a atenção de vizi-nhos e visitantes.

A cerimónia está enquadrada na procissão religiosa em honra da Santa Cruz.Todos os anos se repetem os Danzantes, mas também se vão introduzindo alguns

membros novos para que não se perca a tradição.Os Danzantes fazem cinco passos e depois ajoelham-se. A dança segue a procis-

são por toda a localidade, acompanhada pela Banda de Música de Xinzo de Limia. As danças são muito simples, mas exigem ritmo e coordenação. É uma tradição de que a população de As Lamas se sente muito orgulhosa.

Na jornada de sexta-feira, o Santo Cristo e a Santa Cruz são transferidos da capela local para a igreja e, no domingo, regressam à capela para a dança processional.

Local_As Lamas, Xinzo de LimiaData_Primeiro domingo de MaioÂmbito_Festas em Honra da Santa Cruz

Local_Ponte de LimaOrganização_Associação Cultural “Unhas do Diabo”

Data_18 de JulhoÂmbito_ Programas culturais diversos

as l a m as . x in Zo de l im i a

os danZantes de lamasRELIgIOsO

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5150

Há uma lenda ligada a Xinzo de Limia. Vários autores clássicos da antigui-dade mencionam o mito da perda de memória ligada à travessia do rio Limia (ou Lima, em português), conhecido também como Lethes ou Oblivionis. Em 138aC, o líder romano Decimus Junius Brutus pôs fim ao mito contado pelos galegos, quando, ao cruzar o rio, começou a chamar cada um dos seus legio-nários pelos seus nomes a partir da margem oposta. Esse facto histórico é agora representado numa festa histórica chamada Festa do Esquecemento. Vendo o Lima hoje, é difícil imaginar como este pequeno rio provocou tanto medo. A Festa do Esquecemento é realizada no final de agosto (geralmente na terceira semana desse mês) na cidade de Xinzo de Limia, na província de Ourense. O momento central do evento é no domingo, quando se recria a passagem das legiões romanas pelo rio Lima e a subsequente luta com os habitantes locais. Também na sexta-feira e no sábado há um extenso pro-grama de actividades, tais como espetáculos circenses, danças, concertos, desfiles, mercado romano e banquetes da época.

Esta festa, declarada de interesse turístico local em 2005, é organizada pela Associação Civitas Limicorum.

Local_Xinzo de LimiaOrganização_Associação Civitas LimicorumData_Fim-de-semana de Agosto (normalmente na terceira semana)Âmbito_Festa do Esquecemento

x in Zo de l im i a . oure nse

festa do esQueCementopROFAnO

As ROTAs

EmFEsTA

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Partindo do trabalho que durante dois meses será desenvolvido com um grupo de cerca de 20 trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo bem como de elementos do Núcleo Promotor do Auto da Floripes, pretende-se constituir um espectáculo que seja uma re-flexão multidisciplinar sobre as problemáticas do trabalho e as novas formas de teatro popular.

“Estaleiros” é um projecto pensado de forma híbrida, para além dos limites das próprias praticas artísticas, desenvolvendo caminhos cruzados e interdisciplinares que conduzem a novos lugares, novas formas de pensar e abordar as questões contemporâneas, através de uma postura criativa que procura recuperar formas de expressão ancestrais, cruzando-as com posturas contemporâneas.

Na sequência do projecto “Baralha”, desenvolvido durante cerca de um ano com a comu-nidade cigana de Sanguedo e apresentado posteriormente no Festival Imaginarius em 2010, numa programação do Centro de Criação para o Teatro e Artes de Rua, “Estaleiros” pretende, de igual forma, criar uma relação artística com uma comunidade especifica, iniciando-a na prática artística e levando-a a reflectir sobre as várias questões que a rodeiam e identificam.

Nesse sentido, este espectáculo representa não a continuação de uma tradição ancestral (normalmente associada ao teatro popular), mas o início de uma nova prática teatral que pre-tende reflectir sobre o verdadeiro papel do teatro popular dentro das sociedades em que se inscreve (e nesse sentido não será de excluir a colaboração com outros grupos artísticos da cidade). A relação do teatro com a cidade terá então aqui uma convergência latente pois ela é o vínculo de uma mesma modernidade em dialogo com o tradicional papel do teatro popular - um teatro do povo, por ele feito e a si destinado, mas longe dos textos antigos, obrigados a

enredos (histórias) e modas (danças e cantigas), girando os temas quase sempre em torno de factos religiosos (bíblicos ou não), históricos ou simplesmente de ficção, baseados em lendas e tradições. Tomando como ponto de partida o espaço e a história dos Estaleiros Navais de Viana que iniciaram a sua actividade, em 1944 e já construíram, ao longo dos tempos, mais de 200 navios de vários tipos: batelões, rebocadores, ferryboats, navios de pesca, etc., pelas mãos de muitas centenas de trabalhadores (com vários tipos de qualificações), pretende-se que este projecto se constitua como uma espécie de laboratório de ideias que, através de várias formas de expressão artística (teatro, cinema, música , dança, etc.), promova novas re-flexões sobre questões quotidianas de sempre ou sobre algo aparentemente tão redundante, embora vital para a existência de todos nós: o trabalho.

Não se trata de realizar uma encenação realista (teatro documental) sobre a vida dos traba-lhadores do estaleiro, nem da criação de um novo auto contemporâneo sobre as problemáticas do tema do trabalho, mas trata-se sim de um espectáculo multidisciplinar que cruzará teste-munhos reais e autobiográfica dos trabalhadores dos estaleiros, com textos de Beckett, Hei-ner Muller e Gonçalo M. Tavares, representados por eles próprios ou apresentados em peque-nos filmes, dança ou através da música de Noiserv (David Santos), numa experiência pioneira que visa promover a individualidade de cada um e não declarações sociopolíticas formais.

O espectáculo final, totalmente interpretado pelos trabalhadores, onde serão apresentados momentos de dança, música/som, teatro e cinema (criados no âmbito dos laboratórios), a realizar nos dias 27, 28 e 29 de Julho.

Marco MartinsO Encenador

festiVal do norte “estale iros” um espeCtÁCulo de marCo mart insfestiVal

do norteO Festival do Norte pretende fazer da criatividade o motor da competitividade e da

coesão do território da Região Norte, através da valorização sustentada do seu património imaterial.

Este extraordinário recurso, que representa a memória e a identidade mais profunda da comunidade, constitui a matéria-prima sobre a qual se deseja intervir e, a partir da qual, se pretende produzir novos bens culturais e criativos com relevante valor social, cultural e económico.

A partir de um trabalho de inventariação do património imaterial do território, que o tor-na mais visível e inspirador, serão desenvolvidas novas produções criativas, usando como criadores, actores e cúmplices um extenso leque de parceiros regionais, nacionais e inter-nacionais, que nunca antes se tinham reunido num projecto desta natureza.

A implementação deste projecto terá ainda como resultado evidenciar o papel do terri-tório na produção de cultura e criatividade, suscitar e estimular o envolvimento activo dos jovens talentos criativos e acentuar a atractividade regional em simultâneo com a promo-ção dos seus recursos endógenos, a nível nacional e internacional.

O Festival do Norte visa,a partir das características excepcionais do património imate-rial de um território multifacetado, a valorização sócio-cultural e o reforço da competitivi-dade da Região Norte, através da maximização do talento e da criatividade.

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20111.º e nC on t ro de t e at ro popul a r do e i xo-at l â n t i C o

e ixpressÕesLargo das Neves e Cidade de Viana do Castelo

24

16

500

6

18

7000

14

1750

300

Local

Representações

Localidades do Eixo-Atlântico

Actores amadores

Dias com representações

Horas de representações

Espectadores

Freguesias do município envolvidas

Refeições

Dormidas

eixpressÕes - 1º enContro de teatro popular do eixo-atlântiCo

eVento / representaÇÕes

Biblioteca Municipal de Viana do Castelo (sala Couto Viana)

14

Península Ibérica e Brasil

2

10

150

2/15

Local

Oradores

Localidades

Dias

Horas de Colóquio

Congressistas

Workshop - crianças

eixpressÕes 360º

ColÓQuio

Largo das Neves e Cidade de Viana do Castelo

6

4

1

2

1

Local

Duração / Dias

Grupos de Folclore

Música Tradicional

Bombos e Gaitas de Foles

Etnografia

3Filarmónicas

6Fogo de Artifício (noites)

músiCa e tradiÇÕes populares

animaÇÃo popular

Antigos Paços do Concelho

50

23

21

7000

Local

Sessão de abertura

Duração / dias

Manequins

Visitas

traJes, mÁsCaras e personagens

exposiÇÃo

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5756

aCtores500

representaÇÕes24

(...) integram o património cultural as realidades que, tendo ou não suporte em coisas móveis ou imóveis, representem testemunhos

etnográficos ou antropológicos com valor de civilização ou de cultura com significado para a identidade e memória colectivas.(...)

Lei de Bases da Política e do Regime de Protecção e

Valorização do Património Cultural, nº 1 do art. 91º da Lei nº 107/2001.

(...) Com o propósito de refletir a sua complexidade e o seu potencial, o Teatro Popular deve ser analisado numa base integrada, e não de uma forma isolada e desconexa. Dentro desta lógica e através da diversidade científica dos oradores, farão parte das intervenções os seguintes temas: cultura, teatro, etnografia, antropologia, identidade, turismo, economia da cultura, criatividade, pedagogia, estratégias de desenvolvimento, etc (...)

Marco Novo

Page 31: Catálogo Eixpressões II

5958

horas de teatro

popular

18

(...) mais do que falar apenas da vertente histórica e antropológica, pretende tornar-se num espaço de reflexão pautado

pela liberdade, abrangência e complementaridade dos temas das intervenções. (...)

Marco Novo

(...) Representações teatrais, tradições, danças, músicas, trajes e máscaras revelam séculos de História que caracteriza uma comunidade com cerca de seis milhões de pessoas com um passado cultural comum alheio a fronteiras físicas ou barreiras linguísticas, políticas e económicas. (...)

Luís Dias Franco

espeCtadores7000

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6160

loCal idades16

(...) Hoje, na era da globalização que maior perigo do que o de perdermos a nossa identidade, de não sermos capazes de expressar e assumindo a nossa diferença, mostrando a força da nossa comunidade face ao global? (...)

João Botelho

Congressistas150

Page 33: Catálogo Eixpressões II

6362

refe iÇÕes1750

(...) O 1.º Encontro de Teatro Popular do Eixo-Atlântico é um evento que nos parece, dentro do contexto do território, da

cultura e do teatro popular, uma iniciativa ímpar, de afirmação e de substancial valor. (...)

Pedro Rego

dormidas300

Page 34: Catálogo Eixpressões II

www.facebook.com/Eixpressoes . www.eixpressoes.com . [email protected]

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Em 1969, André Crabé Rocha, após ter estado no Souto das Neves entre a multidão formada por locais, forasteiros e estudio-sos para assistir ao Auto da Floripes, manifestou pelo seu punho o seguinte: É preciso reparar na seriedade com que aqueles aldeões se desempenham no seu papel, secundados, aliás, pelos demais habitantes de povoação, que uma longa prática torna aptos a criticar atitudes ou jogo de cena errados. É preciso admirar a agilidade daqueles minhotos dançarinos, esgrimindo e declamando a compasso. É preciso louvar a perícia de Brutamontes (um dos personagens do “Auto”), que personifica comi-camente, num papel de apartes burlescos, inteiramente improvisado, a inutilidade da violência armada, a fanforronice algo assustada, o bom senso escrito, impermeável aos ministérios do sobrenatural. É preciso atentar na compenetração da Floripes (outro personagem) [e] é preciso, enfim, louvar a pertinácia daquela gente que mantém vivo o seu amor e uma solenidade qua-se religiosa, de tal modo ancorada no coração. São precisamente estes valores transcritos na citação que pautarão todas as expectativas e acções relacionadas com o Eixpressões - 2.º Encontro de Teatro Popular do Eixo-Atlântico.