Catequese das Missas das Quartas-Feiras

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  • 7/24/2019 Catequese das Missas das Quartas-Feiras

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    AIGREJA (I)

    Catequese das Missas de quarta-feira n. 13 (2 Ciclo)

    A Igreja dos Apstolos

    No dia de Pentecostes, Pedro, de p com os onze, depois de ter recebido oEsprito Santo, pregou o evangelho aos judeus em Jerusalm. Suas palavras lhestranspassou o corao, e perguntaram a Pedro e aos demais apstolos: O quetemos que fazer, irmos? Pedro lhes respondeu: Arrependei-vos, batizai-vosconfessando que Jesus o Messias, para que vossos pecados sejam perdoados, erecebereis o dom do Esprito Santo. [...] Os que aceitaram suas palavras sebatizaram, e naquele dia uns trs mil se juntaram a eles. Eram constantes emescutar o ensinamento dos apstolos e na comunho fraterna, na frao do po e

    nas oraes (At 2,14.37-42). Nestas ltimas palavras, So Lucas nos d umaperfeita definio descritiva da Igreja, que agora queremos meditar.

    A f em Jesus Cristo

    Quem confessar que Jesus o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus(1Jo 4,15). Crer em Jesus Cristo: esse o princpio da salvao ( cf.At 8,35-37).Aquele que cr em Jesus ter a vida eterna, no sofrer mais sede, no morrerpara sempre (cf.Jo 3,36; 6,35.40; 11,25-26). O que cr em Jesus ser justificado,no ser confundido, vencer o mundo, far obras maiores do que as dEle e

    receber de Deus o Esprito Santo (At 13,39; Rm 9,33; 10,11; 1Jo 5,5; Jo 14,12;16,23-24). evidente, pois, que a identidade crist se define fundamentalmente pela f em

    Cristo, tal como foi anunciado pela Igreja dos apstolos. Cristos somos os quecremos e sabemos que Jesus o Santo de Deus , e os que estamos dispostos aconfessar essa f diante dos homens (Mt 10,32-33). Cristos somos os queestamos convencidos de que nenhum outro nome nos foi dado debaixo do cu,entre os homens, pelo qual podemos ser salvos (At 4,12). Esta afirmao deSo Pedro, diz Joo Paulo II, assume um valor universal, j que para todos judeus e gentis a salvao no pode vir de mais algum alm de Jesus Cristo(Encclica Redemptoris Missio, n. 5).Os homens s podem alcanar sua salvao na verdade, e esta no pode ser

    encontrada seno em Jesus Cristo, que a Verdade (cf. Jo14,16). Unicamente na

    verdade pode realizar o homem sua plena liberdade, ou seja, seu prprio ser.Assim, pois, para a salvao do homem no d no mesmo que seu pensamentoesteja na luz da verdade ou nas trevas do erro. Jesus o nico Salvador doshomens, e Ele quer que sejamos santificados na verdade (cf.Jo 17,17).

    F na Igreja

    O homem encontra Jesus na Igreja. Ao Senhor se encontra se Ele buscado ondeEle quis manifestar-Se e comunicar-Se; ou seja, se buscado ali onde est. ECristo est sempre presente em sua Igreja, sobretudo na ao litrgica (SC 7a).O homem carnal perde tempo se busca Cristo seguindo seus prprios gostos

    arbitrrios e subjetivos. na Igreja Catlica que se recebe o autntico eapostlico testemunho de Jesus Cristo (Ap 1,2). E unicamente por meio da

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    Igreja Catlica de Cristo que o auxlio geral de salvao pode ser alcanado naplenitude dos meios de salvao (UR 3e).A espiritualidade crist sabe bem que Jesus Cristo santifica sempre aos homenscom a colaborao da Igreja, me espiritual dos cristos. Sem ela no faz nada.Assim como em sua vida mortal Cristo fazia suas curas ora por contato, ora

    distncia, assim tambm sua Igreja santifica os homens ora por contato (aoscristos), ora distncia (aos no cristos). Mas por certo nesta obra togrande, pela qual Deus perfeitamente glorificado e os homens santificados,Cristo associa sempre consigo sua amadssima esposa, a Igreja (SC 7b).Antes de sua morte e ressurreio, Cristo santificava aos homenspor meio de suacorporeidade temporal, que ao mesmo tempo velava e revelava a fora de seuEsprito (cf. Lc 8,46); Mc 5,30). Agora, tendo ascendido ao Pai, Cristo gloriosoopera segundo o Esprito por meio de seu Corpo, que a Igreja. E para ns foiconveniente que voltasse ao Pai, pois agora sua ao mais poderosamentesantificante e mais universal (cf.Jo 16,7; 14,12). Assim, pois, a Igreja, uma vez

    que reconhece que Deus ama a todos os homens e lhes concede a possibilidadede salvarem-se (cf. 1Tim 2,4), professa que Deus constituiu Cristo como nicomediador e que ela mesma foi constituda como sacramento universal de salvao(LG 48, GS 43, AG 7.21) (Redemptoris Missio, n. 9).Pois bem, a universalidade da salvao no significa que se conceda somenteaos que, de modo explcito, creem em Cristo e tenham entrado na Igreja, quepara alguns apenas chegar a ser uma proposta inteligvel. Para eles, a salvaode Cristo acessvel em virtude da graa que, ainda que tenha uma misteriosarelao com a Igreja, no os introduz formalmente nela, mas os ilumina demaneira adequada em sua situao interior e ambiental (Redemptoris Missio, n.10). A Igreja, na Eucaristia, atualiza diariamente o mistrio de salvao no

    somente por ns, os fiis, mas por todos os homens, para o perdo dospecados. Todos os homens, pois, que se salvam, se salvam por Cristo e pelaIgreja. E neste sentido, a f catlica professou sempre que no h salvao forada Igreja.Alguns, que no creem nem em Jesus nem em sua Igreja, alegam queacreditariam se vissem na Igreja sinais de Deus mais convincentes. Pode haver,sem dvida, casos em que os homens no tenham recebido sinaissuficientemente inteligveis que lhes suscitassem a f em Cristo e na sua Igreja.Mas outra vezes os que alegam isso so os mesmos que no Calvrio maneavam acabea diante do Crucificado e diziam: Que desa agora da cruz e acreditaremosnele (Mt 27,42). Nem a um morto ressuscitado que lhes pregasse o evangelhoeles acreditariam (cf. Lc 16,31)!Jesus muitas vezes se negou a realizar sinais espetaculares para suscitar a fnEle: quis dar como sinal definitivo sua prpria ressurreio, considerando-asinal suficientemente eloquente para que os homens de boa vontade, ao recebero evangelho, pudessem crer com o auxlio do Esprito Santo, fazendo a oferendade uma f meritria.

    A Igreja da Palavra

    Jesus constituiu os apstolos para envi-los a pregar (Mc 3,14). E eles autorizou

    o Senhor como a embaixadores seus diante dos homens: Quem vos ouve, a mimouve (Lc 10,16; cf.2Cor 5,20). E este envio no se limitou, na inteno de Cristo,

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    aos primeiros apstolos, mas a todos os que, como sucessores seus, iam tornarpermanente na Igreja o ministrio apostlico. Com efeito, Jesus deu autoridadedocente aos apstolos e aos seus sucessores. E segundo isto se h de afirmar queentre os principais ofcios dos Bispos sobressai a pregao do Evangelho (LG25a).

    E a esta obrigao dos sagrados Pastores corresponde nos fiis cristos o deverde perseverar no ensinamento dos apstolos (At 2,42). Os Bispos, quandoensinam em comunho com o Romano Pontfice, devem ser respeitados portodos como testemunhas da verdade divina e catlica; os fiis, por sua parte, emmatria de f e costumes, devem aceitar o juzo de seu Bispo, dado em nome deCristo, e devem aderir a ele com religioso respeito. Este obsequio religioso davontade e do entendimento de modo particular h de ser prestado ao magistrioautntico do Romano Pontfice, ainda quando no fale ex cathedra (LG 25).Assim, pois, uma ateno habitual aos principais ensinamentos do Magistrioapostlico ser um elemento integrante da espiritualidade crist.

    Masj desde o princpio a voz dos apstolos se via combatida pelas ruidosas vozes

    de muitos falsos profetas e telogos. Os escritos apostlicos refletemconstantemente esta preocupao e esta dor: So Pedro (cf.2Pd 2), So Tiago (cf.Tg 3,15), So Judas (cf. Jd 3,23) e So Joo (cf. Ap 2-3; 1 Jo 2,18.26; 4,1)denunciam uma e outra vez o perigo destes mestres do erro. Cumpre-se, assim, apalavra de Jesus: Surgiro muitos falsos profetas e extraviaro muita gente (Mt24,11; cf.Mt 7,15-16; 13,18-30. 36-39).So Paulo, concretamente, em suas cartas dedica fortes e frequentes ataquescontra os falsos doutores do Evangelho, e os denuncia fazendo deles um retratoimplacvel. Resistem verdade, como homens de entendimento corrompido(2Tm 3,8), so homens maus e sedutores (2Tm 3,13), que pretendem ser

    mestres da ei, quando na realidade no sabem o que dizem nem entendem o quedogmatizam (1Tm 1,7; cf. 1Tm 6,5-6.21; 2Tm 2,18; 3,1-7; 4,4.15; Tt 1,14-16;3,11). E se ao menos resolvessem suas duvidas em sua prpria intimidade... maspelo contrrio, lhes apaixona a publicidade, dominam os meios de comunicaosocial que se lhes abrem de par em par , so muitos, insubordinados,charlates (Tt 1,10). Sua palavra se espalha como gangrena (2Tm 2,17).O que buscam esses homens? Dinheiro? Poder? Prestgio? Em uns e em outrosser distinta a pretenso. Mas o que certamente buscam todos o xito pessoalneste mundo presente (cf. Tt 1,11; 3,9; 1Tm 6,4; 2Tm 2,17-18; 3,6). xito quenormalmente conseguem. Basta que se distanciem da Igreja, para que o mundolhes garanta o xito que desejam. Estes so do mundo; por isso falam nalinguagem do mundo e o mundo os escuta. Ns, pelo contrrio, somos de Deus;quem conhece a Deus nos escuta, quem no de Deus no nos escuta. Aquiconhecemos o esprito da verdade e o esprito do erro (1Jo 4,5-6; cf. Jo 15,18-27).Pois bem, ser possvel que, entre tantas vozes discordantes e contraditrias,podem os cristos permanecer na Verdade? Sim. Ser perfeitamente possvel seperseverar no ensinamento dos apstolos (At 2,42), se sabem arraigar-sesobre o fundamento dos apstolos e profetas, sendo a pedra angular o mesmoCristo (Ef 2,20), se se agarram com fora na Igreja do Deus vivo, que coluna efundamento da verdade (1Tm 3,15), se tm o cuidado de discernir a voz do Bom

    Pastor, que nos fala desde o Cu (Hb 12,25) mediante o Magistrio apostlico.

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    Os que conhecem a sua voz, no seguiro a um estranho; antes, fugiro dele,porque no conhecem a voz dos estranhos (Jo 10,4-5).Estes entram no Reino porque se fazem como crianas, e se deixam ensinar pela

    Me Igreja. Estes sabem prestar autoridade do Magistrio apostlico aobedincia da f (Rm 1,5; cf.Rm 16,26; 2Cor 9,13; 1Pd 1,2.14). E diz o Conclio

    Vaticano II que atravs de toda a histria humana existe uma dura batalhacontra o poder das trevas, que, iniciada na origem do mundo, durar, como diz oSenhor, at o final (Mt 24,13; 13,24-30. 36-43) (GS 37b). Pois bem, nessecontexto h que se combater o bom combate e guardar a f (cf. 2Tm 4,7; 2,25;1Tm 2,4; 2Pd 2,20; Hb 10,26). H que se cuidar contra os falsos profetas, quevm a ns vestidos de ovelhas, mas por dentro so lobos ferozes (Mt 7,15).Estes sabem discernir a qualidade dos doutores e suas doutrinas pelos seusfrutos (cf. Mt 7,16-20).O Cardeal Joseph Ratzinger, em uma homilia pronunciada quando era arcebispode Munique e Freising, fez notar que ao Magistrio eclesistico se confia a tarefa

    de defender a f dos inocentes contra o poder dos intelectuais (21.12.1979).quando estes so humildes, e guardam ante a f da Igreja um atitude discipular,iluminam com seus ensinamentos ao povo de Deus. Mas quando so soberbos, ese atrevem a julgara f da Igreja, pondo-se sobre ela, causam entre os cristosterrveis danos, sobretudo quando se armam com o poder das editoras e dosmeios de comunicao.

    Na prxima catequese continuamos a meditar:

    A comunho dos Santos;

    A Igreja dos Sacramentos;

    Filhos da Igreja