Cátia Maria Cavalcanti Pereira

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    CONTRIBUIO PARA MODELAGEM DA DIVISO MODAL

    MULTINOMIAL COM BASE EM ESTIMATIVA DE VALOR DO TEMPO EM

    TRANSPORTES ASSOCIADA A UM SISTEMA DE INFORMAO

    GEOGRFICA

    Ctia Maria Cavalcanti Pereira

    TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAO DOS

    PROGRAMAS DE PS-GRADUAO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

    FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOSNECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE DOUTOR EM CINCIAS

    EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES.

    Aprovada por:

    RIO DE JANEIRO, RJ - BRASILABRIL DE 2007

    Prof. Carlos David Nassi, Dr. Ing.

    Prof. Mrcio Peixoto de Sequeira Santos, Ph.D.

    Prof. Raul de Bonis Almeida Simes, Dr. Ing.

    .

    Prof. Elton Fernandes, Ph.D.

    Prof. Antonio Nelson Rodrigues da Silva, D.Sc.

    Prof. Alberto Gabbay Canen, D.Sc.

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    PEREIRA, CTIA MARIA CAVALCANTI

    Contribuio para modelagem da diviso

    modal multinomial com base em estimativa de

    valor do tempo em transportes associada a um

    Sistema de Informao Geogrfica [Rio de

    Janeiro] 2007

    XII. 166 p. 29,7 cm. (COPPE/UFRJ, D. Sc.,Engenharia de Transportes, 2007)

    Tese Universidade Federal do Rio de

    Janeiro, COPPE

    1. Sistemas de Informao Geogrfica

    2. Pesquisas de Origem e Destino

    3. Custo Generalizado

    4. Valor do Tempo

    5. Utilidade/Desutilidade

    6. Diviso Modal

    I. COPPE/UFRJ/PET II. Ttulo (srie)

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    AGRADECIMENTOS

    Toda conquista requer dedicao. Requer tambm, algumas escolhas. Nem

    sempre tudo previsvel, como se imagina. Desafios se colocam. preciso venc-los. E

    para isso, tambm importante encontrar pessoas iluminadas. E eu as encontrei. Todas

    me ajudaram de alguma forma. Seja por uma palavra de fora, seja por uma um sorriso,

    seja por alguma importncia que me foi destacada e eu no percebia, seja por alguma

    brincadeira, seja por alguma experincia parecida. Enfim... Graas a DEUS!

    s flores do meu jardim... Cada vez mais florido... S tenho a agradec-las:

    s flores que encantam a minha vida com a presena de suas belezas minhalinda e muito amada me, meus queridos irmos lindos e admirveis, meu lindo louro,

    meu irmozinho Lucky, minhas cunhadas, minha afilhada, meu afilhado, meu

    sobrinho adolescente, minha sobrinha super-star (estudar importante e faz

    diferena), meus tios e tias, primas e primos, meus grandes amigos e amigas, meu

    agradecimento e minha alegria em fazer parte desse lindo e unido grande grupo, amo

    muito vocs;

    s que perfumam a minha vida com suas lembranas e no mais esto neste

    plano, meu pai querido, meu padrasto, minha tia Nanete, minhas avs, meus avs, meus

    tios (Fulton, Odin, Gaspar, Baltazar), por ltimo meu primo Ricardo - s consigo

    lembrar das alegrias de tantas brincadeiras, meu corao fica apertadinho, se eu

    soubesse... teria feito tudo diferente, teria dito a cada um o quanto eu amo;

    Meu amor, por tanta falta de tempo... te amo.

    Ao meu orientador Carlos David Nassi, inteligente e sempre paciente, no tenho

    palavras para agradecer.

    Ao PET e COPPETEC, em especial Jane, obrigada pela fora. Cirbe, ao

    Andr, Helena, ao Alberto, Suzane, Cristiane, meu agradecimento.

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    Aos doutores que participaram da banca examinadora, com seus talentos, meu

    agradecimento.

    Ao Eng Aury Sampaio, expoente da ferrovia, toda a minha admirao por sua

    incansvel caminhada pela valorizao do transporte sobre trilhos;

    Professora Cristina Sinay do Instituto Militar de Engenharia - IME, meu

    agradecimento, pois o mestrado foi um degrau para eu chegar aqui;

    Professora Vnia Barcellos, minha orientadora de mestrado no IME, meu

    agradecimento;

    Ao Mrcio DAgosto, agora professor do PET/UFRJ, meu agradecimento.

    Aos colegas de trabalho, Eng Marcelo Sucena, se eu tivesse te ouvido teria

    poupado mais tempo, meu agradecimento. Ao Heraldo, pelo auxlio no Access.

    E a todos aqueles que no momento no citei nomes e, que de alguma forma, me

    ajudaram.

    GRAAS A DEUS!

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    Resumo da Tese apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessrios

    para a obteno do grau de Doutor em Cincias (D.Sc).

    CONTRIBUIO PARA MODELAGEM DA DIVISO MODAL

    MULTINOMIAL COM BASE EM ESTIMATIVA DE VALOR DO TEMPO EM

    TRANSPORTES ASSOCIADA A UM SISTEMA DE INFORMAO

    GEOGRFICA

    Ctia Maria Cavalcanti Pereira

    Abril/2007

    Orientador: Carlos David Nassi.

    Programa: Engenharia de Transportes

    O presente trabalho tem como objetivo principal contribuir para a Modelagem

    da Diviso Modal das viagens de passageiros com base em estimativa do Valor do

    Tempo e utilizando a ferramenta de Sistema de Informao Geogrfica SIG.

    Utiliza-se para o Planejamento de Transportes o clssico Modelo de Previso deDemanda em Quatro Etapas, de forma a desenvolver para a 3 etapa um Modelo de

    Diviso Modal Multinomial, que determine as fraes das viagens por modos (trem,

    nibus, van, metr, automvel), e no, como se observa freqentemente, as fraes de

    viagens por grupo de modo de transporte, denominado de modelo de diviso modal

    binomial, que considera apenas o transporte coletivo e individual.

    A modelagem utilizada tem como base pesquisa de preferncia revelada para

    obteno de determinadas variveis como tempos e gastos. Com base nestes dados,

    utilizou-se uma ferramenta de anlise de dados regresso linear - para obteno do

    valor do tempo em transportes, segmentando em classes AB, CDE e ABCDE.

    O valor do tempo encontrado nos transportes determinante para clculo da

    utilidade dos modos de transporte, e conseqentemente, possibilitou estimar a diviso

    modal multinomial.

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    Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

    requirements for the degree of Doctor of Science (D. Sc.).

    CONTRIBUTION TO A MULTINOMIAL MODE SPLIT MODEL BASED ON

    TRAVEL TIME VALUE ASSOCIATED TO A GEOGRAFIC INFORMATION

    SYSTEM

    Ctia Maria Cavalcanti Pereira

    April/2007

    Advisor: Carlos David Nassi

    Department: Transport Engineering

    The present work has as the main objective to contribute to a multinomial mode

    split model of passenger commuting on the basis of estimative of the value of travel

    time and using Geographic Information System SIG as a tool.

    The classic four steps prevision model is applied and a multinomial mode split

    model is suggested as the third step of the prevision model. The mode split model

    determines the amount of trips is expected in each transport mode (train, buses, van,

    subway and automobile) in the place of the frequently used binomial modal split model,

    which considers collective and individual transport.

    A revealed preference research is applied for attainment of such variables as

    times and expenses. On the base of these data, a data processing tool is applied linear

    regression to obtain the value of travel for AB, CDE and ABCDE classes.

    The value of travel time found is determinant on transport utility calculation and

    so it made possible to estimate the multinomial modal split of passenger trips.

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    INDICE

    CONTRIBUIO PARA MODELAGEM DA DIVISO MODAL MULTINOMIALCOM BASE EM ESTIMATIVA DE VALOR DO TEMPO EM TRANSPORTES

    ASSOCIADA A UM SISTEMA DE INFORMAO GEOGRFICA 1

    1- INTRODUO 1

    1.1 CARACTERIZAO DO PROBLEMA 2

    1.2 OBJETIVO 5

    1.3 - HIPTESES A SEREM TESTADAS 5

    1.4 - RELEVNCIA 7

    1.5 - CONTRIBUIO DA TESE 8

    1.5.1 - ENFOQUE ACADMICO E ORIGINALIDADE DA PROPOSTA 8

    1.5.2 JUSTIFICATIVA 10

    1.5.2.1 - O Modelo de Planejamento de Transportes 10

    1.5.2.2 - O Banco de Dados 11

    1.5.2.3 - Os Sistemas de Informaes 11

    1.5.3 VIABILIDADE E RESULTADOS ESPERADOS 12

    1.6 - ESTRUTURA DO TRABALHO 14

    2 - SISTEMA DE INFORMAO GEOGRFICA (S.I.G.) PARA OS

    TRANSPORTES 16

    2.2 - INTRODUO 16

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    2.3 - SISTEMAS DE INFORMAO GEOGRFICA: DEFINIES E

    CONCEITOS 18

    2.4 - ADOO DO SIG POR AUTORES 19

    3 ANLISE E PREVISO DE DEMANDA 24

    3.1 - INTRODUO 24

    3.2 - ETAPAS DO MODELO DE PREVISO DE DEMANDA DE

    TRANSPORTES 25

    3.3 - CARACTERSTICAS DE CADA SUBMODELO E SUA IMPORTNCIANO BANCO DE DADOS 26

    3.3.1 - GERAO DE VIAGENS 27

    3.3.2 - DISTRIBUIO DE VIAGENS 28

    3.3.3 - DIVISO MODAL 28

    3.3.4 - ALOCAO DO TRFEGO 29

    3.4 - REFERNCIA DE AUTORES SOBRE MODELO DE PLANEJAMENTO

    DE TRANSPORTES E SIG 31

    3.5 ALGUMAS CONSIDERAOES QUANTO AOS SUBMODELOS DE

    ANLISE E PREVISO DE DEMANDA 35

    3.5.1 - Abordagens de autores sobre a primeira etapa Gerao de Viagens 35

    3.5.2 - Abordagens de autores sobre a segunda etapa Distribuio de viagens 37

    3.5.3 - Abordagens de autores sobre a terceira etapa Diviso modal 38

    3.5.3.1 - Modelo Logit Multinomial 40

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    3.5.3.2 - Modelo Logit Binomial 41

    3.5.4 - Abordagens de autores sobre a quarta etapa - alocao 45

    3.6 - MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE 47

    4- FUNDAMENTOS PRELIMINARES SOBRE EXTERNALIDADES E VALOR

    DO TEMPO 50

    4.1 EXTERNALIDADES 50

    4.2 O VALOR DO TEMPO 51

    5 - FUNDAMENTOS PRELIMINARES SOBRE UTILIDADE E CUSTO

    GENERALIZADO 60

    5.1 UTILIDADE EM TRANSPORTES 60

    5.2 CUSTO GENERALIZADO DA VIAGEM 64

    6 VARIVEIS PARA MODELAGEM DA DIVISO MODAL MULTINOMIAL

    COM BASE EM ESTIMATIVA DO VALOR DO TEMPO EM TRANSPORTES67

    6.1 CONSIDERAES PARA AS VARIVEIS DO BANCO DE DADOS 68

    6.1.1 Alguns procedimentos para coleta de Variveis 70

    6.1.2 - Delimitao da rea de estudo 73

    6.1.3 - Seleo de algumas Variveis 76

    7 FORMULAO DO MODELO PROPOSTO 78

    7.1 CONSIDERAES PARA O MODELO PROPOSTO 86

    7.2 DEMAIS CONSIDERAES PARA AS VARIVEIS ELENCADAS 91

    8 APLICAO DO MODELO PROPOSTO ESTUDO DE CASO 95

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    9 - ANLISE DE RESULTADOS 124

    9.1 - LIMITAES DO MODELO 129

    10 CONCLUSES E RECOMENDAES 135

    - BIBLIOGRAFIA 140

    ANEXO I - ALGUMAS INFORMAES DESTACADAS DO QUESTIONRIO

    PDTU (2002) 153

    ANEXO II ALGUNS PROCEDIMENTOS PARA APLICAO DOS

    QUESTIONRIOS 158

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 3.1 - Divises parceladas das viagens por modos de transporte.......................................29

    Figura 6.1 Fluxograma Bsico de Planejamento de Transportes............................................... 72

    Figura 6.2 - Ilustrao da rea de Estudo .....................................................................................74

    Figura 7.1 Ilustrao da Diviso Modal individual, coletivo e no motorizado ........................79

    Figura 7.2 Diviso Modal Viagens Motorizadas.......................................................................80

    Figura 7.3 - Fluxograma do modelo...............................................................................................82

    Figura 7.4 - Estrutura Geral do Modelo Proposto..........................................................................83

    Figura 7.5 Nested Logit Model 1 ................................................................................................84

    Figura 7.6 Nested Logit Model 2 ................................................................................................85

    Figura 7.7 Estruturao do Modelo em funo das variveis.....................................................86

    Figura 7.8 Modelo de Simulao de Escolha de Modos.............................................................87

    Figura 7.9 Modelo de Diviso Modal com Base em Estimativa de Valor do tempo emTransportes .............................................................................................................................91

    Figura 8.1- Zoneamento RMRJ 485 zonas de trfego.............................................................97

    Figura 8.2- Caractersticas do Zoneamento partes das zonas de trfego dos municpios

    selecionados. ..........................................................................................................................98

    Figura 8.3 - Matriz Trem TT CDE.................................................................................................100

    Figura 8.4 - Matriz Trem Cpassag CDE.......................................................................................102

    Figura 8.5 Configurao de parte do Banco de Dados Tempo e Custos do Modo Individual.104

    Figura 8.6 Configurao de parte do Banco de Dados Tempo e Custos do Modo Coletivo.105

    Figura 8.7 Configurao de parte do Banco de Dados Matriz Tempo Modo Coletivo. .........106Figura 8.8 Configurao de parte do Banco de Dados Matriz Cpassag Modo Coletivo. ......107

    Figura 8.9 Configurao de parte do Banco de Dados Matriz Tempo Modo Individual........108

    Figura 8.10 Configurao de parte do Banco de Dados Matriz Cauto Modo Individual........109

    Figura 8.11 Configurao de parte do Banco de Dados Dados de pares de zonas comuns

    da Matriz Individual em relao ao Coletivo-C. ....................................................................110

    Figura 8.12 Configurao de parte do Banco de Dados Dados de pares de zonas comuns

    da Matriz Coletivo em relao ao Individual-T......................................................................111

    Figura 8.13 Diagrama de Disperso Geral ...............................................................................114Figura 8.14 Diagrama de Disperso AB ...................................................................................116

    Figura 8.15 Diagrama de Disperso CDE.................................................................................118

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 3.1 Variveis Independentes...........................................................................................37

    Tabela 7.1 Diviso Modal Viagens Motorizadas e no motorizadas.......................................79Tabela 8.1 Matriz Trem TT CDE .................................................................................................99

    Tabela 8.2 Matriz Trem Cpassag CDE .....................................................................................101

    Tabela 8.3 Resumo Geral AB CDE...........................................................................................113

    Tabela 8.4 Resumo AB.............................................................................................................115

    Tabela 8.5 Resumo CDE ..........................................................................................................117

    Tabela 8.6 Os valores do Tempo Geral, por Classes de Renda e por motivo da viagem e

    Renda Mdia Mensal ............................................................................................................121

    Tabela 8.7 Populao e Renda per Capita dos municpios e da RMRJ...................................122

    Tabela 9.1 Resumo de Registros do banco de Dados Geral, ND, CDE e AB.......................129Tabela 9.2 Resumo do Modelo.................................................................................................132

    Tabela 9.3 Resumo do modelo ajustado .................................................................................133

    Tabela 10.1 Renda per capita - comparao...........................................................................136

    Tabela 10.2 Renda e Valor do Tempo......................................................................................137

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    CONTRIBUIO PARA MODELAGEM DA DIVISO MODAL

    MULTINOMIAL COM BASE EM ESTIMATIVA DE VALOR DO

    TEMPO EM TRANSPORTES ASSOCIADA A UM SISTEMA DE

    INFORMAO GEOGRFICA

    1- INTRODUO

    O planejamento de transportes uma atividade complexa cujos resultados refletem

    benefcios para a sociedade como um todo. No cenrio atual, com a crescente

    favelizao, bem como a saturao das vias urbanas, o planejamento de transportes

    desenvolvido pontualmente, com o objetivo de solucionar questes locais. necessrioque tal planejamento tenha uma viso global que objetive solucionar questes,

    principalmente, para as populaes menos favorecidas.

    As populaes urbanas de mais baixa renda passaram a ter duas opes: morar cada vez

    mais distantes dos locais de trabalho, tendo que arcar com custos crescentes de

    transportes, ou em favelas, cortios ou debaixo de viadutos.

    O transporte pblico o caminho. Considerando que a massa da populao reside nas

    periferias, h de se pensar em desenvolver um planejamento de transportes que estimule

    o uso de modos de maior capacidade (sistema sobre trilhos) alimentado por sistemas de

    transporte de baixa e mdia capacidade (nibus, van...). Neste sentido, destaque especial

    atribudo a um sistema integrado de transporte que deve desempenhar funes

    essenciais como permitir a total mobilidade e acessibilidade da populao, levando em

    conta os padres de servio exigidos pelos usurios e suas linhas de desejo. Para se

    pensar em implantar sistema integrado de transporte so necessrios investimentos.

    A recuperao de investimentos em infra-estrutura de transportes uma condio

    necessria para a retomada do crescimento econmico no Brasil. O investimento em

    infra-estrutura promove o crescimento econmico uma vez que aumenta o retorno dos

    insumos, incentiva o investimento privado e estimula a gerao de empregos, entre

    ouros. Porm, as externalidades associadas oferta dos servios de transporte tm se

    caracterizado como um fator no muito explorado e, por conseguinte, a tendncia que

    qualquer investimento pode se situar abaixo do nvel esperado.

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    Uma estratgia alternativa na promoo do investimento privado e pblico seria

    estimular o investimento em infra-estrutura e, conseqentemente, o crescimento

    econmico. Por outro lado, as externalidades positivas associadas oferta dos servios

    de infra-estrutura implicam um retorno social. (RIGOLON e PICCININI, 1997).

    Verificar as externalidades implicadas ao transporte se faz mister, seja no que se refere a

    economias nos tempos totais de viagem, seja no que se refere aos gastos com transportes.

    Pode-se aplicar a verificao das externalidades como insumo para avaliao de projetos de

    transportes. Tal insumo pode possibilitar a comparao de diversos procedimentos e valores

    do tempo em transportes obtidos em estudos, com a prtica mundial. Posteriormente pode

    propiciar o desenvolvimento de uma modelagem na abordagem da valorao do tempo

    empregado por um indivduo em uma atividade, especificamente para este estudo, otransporte de passageiros. Em outras palavras, trata-se de uma ferramenta que, alm de

    propiciar uma estimativa de diviso multinomial, conforme objetivo deste estudo, tambm

    pode ser utilizada em relao determinao do valor de uma economia de tempo para uso

    em estudos de avaliao de projetos de transportes em pases em desenvolvimento, como

    por exemplo, o Brasil.

    1.1 CARACTERIZAO DO PROBLEMA

    Os transportes desempenham funes de integrao e desenvolvimento, atuando como

    um dos principais indutores da transformao do espao urbano. Assim, geralmente, os

    investimentos em infra-estrutura para os transportes coletivos, incentivam ou retraem o

    desenvolvimento urbano.

    Considerando o deslocamento de um usurio de um determinado bairro para o centro da

    cidade, dependendo da sua escolha do modo de transporte (nibus, van, trem, metr,

    barca...), este pode despender uma quantia variando entre o valor da tarifa de um modo

    ou os valores de tarifas de modais de transferncia, bem como os gastos em termos de

    tempo. A sua escolha ser feita baseada em alguns conceitos subjetivos (como conforto,

    limpeza e qualidade de servio) alm de critrios explcitos, tais como tempo total

    (viagem, acessos e transferncias) e custo (tarifa dos modos que compem a viagem).

    Para especialistas no assunto, cabe uma reflexo quanto forma de medir esses gastos,

    o que no final, um fator preponderante na deciso de polticas de transporte, na

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    implantao ou comparao de qual modo de transporte traria benefcios,

    principalmente para a sociedade.

    Pode-se supor que para qualquer opo que envolva a utilizao de qualquer modo para

    realizao do deslocamento da origem at o destino final, ainda que de forma

    espontnea, implicar no dispndio de um valor em moeda corrente bem como em

    termos de tempos. A identificao monetarizada deste valor aliada a uma poltica de

    transportes, com certeza resultar em valores de tarifas compensatrios para usurios e

    sociedade como um todo e, tambm, para o Governo, seja no que tange a reduo do

    tempo de espera dos usurios, seja em relao a reduo do tempo total de viagem, seja

    ainda em relao a reduo do valor da tarifa, seja em relao aos benefcios

    econmicos obtidos pela minimizao das externalidades entre outros.

    Apesar da existncia de diferentes opes de sistemas de transportes em operao na

    RMRJ, a falta de planejamento estratgico, no tem permitido o aproveitamento da

    potencialidade de cada um dos modos disponveis. Acredita-se que com um sistema

    operando de forma mais adequada, seria possvel inclusive incentivar a transferncia

    modal de usurios do automvel particular para esses modos mais sustentveis,

    reduzindo-se os impactos na rede viria (MACKETT, 2001).

    A integrao de sistemas de transporte (CAVALCANTE, 2003) uma estratgia que

    permite ao mesmo tempo fornecer maior acessibilidade aos usurios e racionalizar a

    oferta dos servios de transportes. As conseqncias da integrao, dependendo da

    forma da sua implantao, podem ser as seguintes:

    - reduzir o fluxo de nibus nos pontos de parada ou terminais da rea central, visando

    melhorar a operao nos terminais centrais e descongestionar o sistema virio da reacentral;

    - desenvolver plos de comrcio e servio em torno dos terminais de integrao, com a

    finalidade de reduzir a necessidade de deslocamento para a rea central das cidades;

    - reduzir os gastos dos usurios decorrentes da necessidade de transferncias entre

    linhas;

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    - facilitar o acesso dos usurios s linhas ou redes de transporte de alta capacidade

    (geralmente metro-ferrovirias), cujos tempos de viagem costumam ser menores;

    - aumentar o conforto e reduzir os tempos e custos de transferncias entre linhas ou

    redes de diferentes modos de transporte, etc.

    Importante destacar sutileza na abordagem de conceitos sobre deslocamento e viagem.

    Para entendimento do conceito de deslocamento dos usurios, entende-se o

    deslocamento de um ponto de origem ao ponto de destino, com base nos diversos

    motivos da viagem (casa, trabalho, lazer, escola, outros), utilizando um ou mais modos

    de transporte, ou o mesmo modo (deslocamento intra-modal), ou seja, as viagens

    integradas. O conceito de viagem consiste no deslocamento da origem at o destinofinal, ainda que esta compreenda fases do deslocamento.

    Os sistemas metrovirio, rodovirio e ferrovirio, em especial os corredores ferrovirios

    do Rio de Janeiro, tm como caractersticas comuns a convergncia de linhas de

    nibus/van e metr, em algumas estaes do sistema. Em decorrncia desta situao,

    observam-se problemas de acessibilidade e de transferncia entre modos, que

    contribuem para a queda dos padres de conforto e de segurana dos passageiros, para a

    elevao dos tempos globais de viagem e para o comprometimento da fluidez do

    trnsito.

    Com a finalidade de minimizar estes problemas, trata-se neste estudo a identificao do

    custo generalizado de grupos de usurios que utilizam determinado modo de transporte.

    Monetarizar tais custos, identificando o valor do tempo desses usurios, que consiste em

    tempos de espera pelo modo, tempos andando na origem e no destino e tempo de

    percurso da viagem, assim como os prprios gastos com transportes, uma medidaimportante. A importncia no sentido de avaliar quais os atributos do nvel de servio

    de cada modo de transporte envolvido pode ser melhorado (tempos e tarifas) a fim de

    que se possa simular um menor valor do tempo e, conseqentemente, estimar uma nova

    diviso modal.

    Portanto, com base nesta breve exposio, se faz necessrio investigar o problema de

    Transportes e apresentar uma soluo para o mesmo, estabelecendo uma contribuio

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    para Modelagem da Diviso Modal Multinomial com base em estimativa do Valor do

    Tempo em transportes associada a um Sistema de Informao Geogrfica - SIG.

    1.2 OBJETIVO

    O presente trabalho tem como objetivo principal contribuir para a Modelagem da

    Diviso Modal das viagens de passageiros com base em estimativa do Valor do Tempo

    e utilizando a ferramenta de Sistema de Informao Geogrfica SIG.

    Utiliza-se para o Planejamento de Transportes o clssico Modelo de Previso de

    Demanda em Quatro Etapas, de forma a desenvolver para a 3 etapa um Modelo de

    Diviso Modal Multinomial, que determine as fraes das viagens por modos (trem,

    nibus, van, metr, automvel), e no, como se observa freqentemente, as fraes de

    viagens por grupo de modo de transporte, denominado de modelo de diviso modal

    binomial, que considera apenas o transporte coletivo e individual.

    A modelagem utilizada tem como base pesquisa de preferncia revelada para obteno

    de determinadas variveis como tempos e gastos. Com base nestes dados, utilizou-se

    uma ferramenta de anlise de dados regresso linear - para obteno do valor do

    tempo em transportes, segmentando em classes AB, CDE e ABCDE.

    O valor do tempo encontrado nos transportes determinante para clculo da utilidade

    dos modos de transporte, e conseqentemente, possibilitou estimar a diviso modal

    multinomial.

    1.3 - HIPTESES A SEREM TESTADAS

    A hiptese a ser testada quanto ao valor do tempo, que uma economia que se traduzem um dos mais importantes benefcios, assumindo valores monetarizados. Com o

    aspecto subjetivo, geralmente usado para modelagem da demanda, corresponde ao valor

    do tempo de viagem dentro do veculo, entre outros, utilizado para a funo do custo

    generalizado, estimado em dados empricos. Os mtodos indiretos (modelos

    desagregados de demanda) so mais usados que os valores medidos diretamente,

    embora tambm apresentem problemas, por exemplo, na medio de atributos de

    viagens, evitando-se agregao e a percepo e outras formas de tendenciosidade.

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    ORTZAR e WILLUMSEN (1996) segundo estudo ingls quanto ao valor do tempo

    (BATES, 2000) recomenda para a maioria dos casos, a adoo de valor nico do tempo.

    Neste estudo, ora proposto, o modelo a ser estudado far distino para trs classes

    sociais (Geral, AB e CDE) e tambm por motivo de viagem. Verificar-se- aquela que

    responde melhor realidade. O valor do tempo obtido expresso em R$/min e tambm

    ser apresentado para as unidades R$/hora e R$/ms.

    Ressalta-se que para o estudo de caso deste trabalho, utilizam-se informaes do Banco

    de Dados do Plano Diretor de Transporte Urbano PDTU (2002) que destacou, alm da

    Tcnica de Preferncia Revelada para aplicao dos questionrios em pesquisas

    domiciliares, a Tcnica de Preferncia Declarada para estimativa da diviso modal do

    PDTU, uma modelagem convencional.

    Nesta tese consideram-se as informaes do Banco de dados do PDTU sob tica da

    preferncia revelada para que se possa estimar, com base nestes dados, a utilidade de

    cada modo de transporte (em funo da estimativa do Valor do Tempo) para estabelecer

    a diviso modal e, comparar com aqueles dados de diviso modal j citado no PDTU.

    Tal modelagem associada a um Sistema de Informao Geogrfica (SIG) prev um

    Banco de Dados, que consiste num conjunto de variveis (distncia entre pares de zonas

    e intrazonas, tempo de percurso, valor de tarifa, por exemplo) a serem estudadas, e

    representadas por meio de interface grfica de grande interatividade. Estudar-se- todas

    as formulaes matemticas existentes em cada etapa, investigando as opes de

    mtodos, de forma a adotar para este estudo a formulao que melhor configura a

    representao dos dados.

    Destaca-se, no que tange a etapa de diviso modal, que sero estudadas as seguintespossibilidades para fracionar as viagens no segmento Coletivo trem, nibus, metr,

    van, e no segmento Individual. Com a utilizao da metodologia desenvolvida nesta

    tese pretende-se identificar a utilidade de cada um dos modos de transporte (mtodo

    proposto), diferentemente do tradicionalmente utilizado transporte individual e coletivo

    (mtodo tradicional). Para tanto so formuladas as seguintes hipteses:

    - o mtodo proposto produzir resultados que se aproximem mais da situao real no

    que se refere diviso modal;

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    - sero desenvolvidos custos generalizados por classes de renda total, e segmentando-os

    em dois subgrupos, a saber, classes AB e CDE;

    - a metodologia adotada resultar como conseqncia a considerao do valor do tempo

    por classes de renda e geral, como um fator de avaliao da utilidade ou desutilidade de

    cada modo de transporte, possibilitando uma outra abordagem para estimar a nova

    diviso modal.

    1.4 - RELEVNCIA

    Planejamento de Transporte uma rea de estudo que visa adequar as necessidades de

    transporte de uma regio ao seu desenvolvimento e de acordo com suas caractersticas

    estruturais. Isto significa implantar novos sistemas ou melhorar os existentes. Para se

    definir o que deve implementado, no que tange aos sistemas de transportes, dentro do

    horizonte de projeto, se faz necessrio quantificar os custos em termos monetarizveis

    includos, ou seja, quo til um modo em relao ao outro. A avaliao desta demanda

    feita utilizando-se os modelos de planejamento. Atravs destes modelos procura-se

    modelar o comportamento da demanda e a partir da definir as alternativas que melhor

    se adaptarem a realidade da regio.

    Assim como no transporte regional de carga a demanda depende tanto do

    desenvolvimento da regio de produo como dos mercados consumidores, a demanda

    de transporte urbano dependente das caractersticas fsicas e socioeconmicas da

    regio de estudo. Qualquer modificao no uso e ocupao do solo tem efeito sobre a

    movimentao dessa demanda.

    Por isso, essas relaes necessitam seguir um planejamento prvio da estrutura urbana e

    dos sistemas de transportes, de forma a se obter uma situao de equilbrio evitando,

    como se observa atualmente, resultados indesejveis como congestionamentos e

    dificuldades na circulao de pessoas e mercadorias.

    Para um modelo de previso de demanda de transportes a relevncia deste trabalho

    reside no fato de aplicar o valor do tempo dos usurios por classe renda geral, AB e

    CDE ao custo generalizado, verificando a utilidade ou desutilidade de cada um dos

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    modos elencados para estudo (nibus, trem, metr, van e condutor e passageiro de

    automvel). Posteriormente ser aplicada a formulao matemtica que propicie o

    clculo das fraes de viagens por cada modo de transporte, ou seja, um modelo

    multinomial, e no o tradicionalmente utilizado o modelo binomial coletivo e

    individual separadamente.

    Neste sentido, pretende-se tratar em despesas monetrias (custo generalizado) os tempos

    gastos nos deslocamentos e os custos dispendidos, e desta forma verificar qual a

    economia resultante da escolha de outro modo. Tal economia neste estudo ser tratada

    como o valor do tempo, que representar a utilidade ou desutilidade da escolha do

    modo, e propiciar a estimativa da diviso modal multinomial.

    Para desenvolvimento da modelagem proposta ser necessrio utilizar alguns modelos

    matemticos. Segundo NOVAES (1986), adotou-se o modelo convencional, tradicional

    no planejamento de transportes, constitudo de quatro submodelos que analisam a

    demanda de maneira seqencial, destaque dado as duas etapas intermedirias, a

    distribuio e diviso modal. Segue-se o modelo Logit Multinomial para estimativa

    probabilstica da diviso modal, com tratamento diferenciado na abordagem do clculo

    da funo utilidade.

    Destaca-se ainda o SIG como instrumento importante de informaes temticas dos

    modos de transporte e suas variveis elencadas, alm das informaes do Banco de

    Dados associado ao SIG.

    1.5 - CONTRIBUIO DA TESE

    1.5.1 - ENFOQUE ACADMICO E ORIGINALIDADE DA PROPOSTA

    Prever o comportamento dos usurios s mudanas nos atributos dos transportes,

    implica em se definir um modelo do processo de formao de demanda. O conceito de

    modelagem no aborda somente significado matemtico ou computacional. Utiliza-se a

    modelagem para se obter um enfoque consistente, um quadro estruturado com

    informaes necessrias, que possa ser justificado com apoio de algum princpio

    tcnico-econmico conhecido.

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    O presente trabalho traz contribuio cientfica, para o conhecimento, nos seguintes

    aspectos:

    - Determinao do valor do Tempo em transportes para o caso da Regio Metropolitana

    do Rio de Janeiro;

    - Modelo matemtico da funo Logit Multinomial, tendo a funo utilidade calculada

    em funo do valor do tempo atribudo ao custo generalizado;

    - Modelo matemtico da funo Logit Multinomial calculado para cinco modos de

    transportes: nibus, van, trem, metr e automvel (condutor e passageiro);

    Para esta proposta analisa-se o modelo convencional de previso de demanda Modelo

    Quatro Etapas, que constitui o cerne na maioria de Estudos de Transportes, seguindo a

    clssica seqncia de gerao de viagens, distribuio, diviso modal e alocao dos

    fluxos rede de transportes.

    Como contribuio destaca-se tambm a retro alimentao do banco de dados do PDTU

    Matriz Distncias, com todos os valores obtidos de distncias entre pares de zonas,

    alm da determinao das distncias intrazonas.

    Ressalta-se que nos modelos de Planejamento de Transportes, via de regra, so

    enfocados os modos de transporte de forma isolada e independente, coletivo e

    individual.

    Porm, esta proposta contempla o processo de demanda relacionada a Modelagem da

    Diviso Modal Multinomial com base em estimativa do Valor do Tempo em transportes

    associada a um Sistema de Informao Geogrfica - SIG, utilizando-se para oPlanejamento de Transportes o clssico Modelo de Previso de Demanda em Quatro

    Etapas, de forma a desenvolver para a 3 etapa um Modelo de Diviso Modal,

    multinomial, que determine as fraes das viagens resultantes de modais (trem, nibus,

    van, metr, automvel).

    Destaca-se ainda para tratamento da utilidade dos modos de transporte o clculo do

    valor do tempo dos usurios em transportes e desta forma, estabelece a estimativa de

    diviso modal.

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    1.5.2 JUSTIFICATIVA

    1.5.2.1 - O MODELO DE PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES

    No planejamento de transportes, a modelagem da diviso modal um processo

    tradicional, bastante difundido e que propicia dividir a matriz de O/D de viagens em

    matrizes de O/D por modos de transporte. A modelagem da diviso modal, assim como

    na maioria dos sistemas urbanos, vem sendo analisada atravs da aplicao de modelos

    matemticos, o que permite a obteno de resultados com boa preciso. No entanto, esta

    anlise tende a ser simplista e inflexvel, pois elimina grande parte da impreciso e

    complexidade do ambiente urbano. Faz-se necessrio analisar as viagens em cada um

    dos modos de transporte, e neste raciocnio que se pretende a contribuio da

    modelagem baseada no valor do tempo.

    Com esta metodologia pretende-se contribuir para que se possa obter:

    - Informaes mais completas sobre as viagens realizadas;

    - Dados qualitativos e quantitativos de maneira agregada ou desagregada a respeito

    dessas viagens, possibilitando a obteno de informaes importantes para o

    dimensionamento de sistemas de transportes.

    - Cruzamento dessas informaes entre si, com a possibilidade de aplicao de modelos

    matemticos, com a conseqente gerao de informaes que permitam o melhor

    dimensionamento do sistema de transportes.

    - Determinao do Valor do tempo dos usurios de cada modo e por classe de renda;

    - Determinao do Custo generalizado de cada modo estudado;

    - Determinao da utilidade de cada modo de transporte em cada grupo de classe de

    renda;

    - Estimativa da diviso modal dos cinco modos de transporte, um modelo de diviso

    multinomial;

    Com o aperfeioamento do processo de anlise dos dados espera-se estar contribuindopara que a coleta de dados em cidades brasileiras seja implementada, possibilitando a

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    formao de bancos de dados que permitam a extenso destes estudos em pesquisas

    futuras envolvendo a demanda de transportes e a utilizao da rede.

    Atravs dessa metodologia dever ser tambm possvel a realizao de uma anlise

    detalhada sobre viagens, inclusive valores monetarizveis de cada grupo de usurios

    gastos em cada modo de transporte, dentro de reas urbanas, o que hoje no possvel

    dentro dos mtodos existentes, que tm como referncia somente os modos coletivo e

    individual (ORTZAR e WILLUMSEN,1996).

    1.5.2.2 - O BANCO DE DADOS

    A utilizao de recursos computacionais permite facilitar a implantao de diversas

    aes de planejamento em funo da existncia de banco de dados mais completos e

    atualizados, do tratamento de informaes, resultando na elaborao de planos de forma

    mais gil, adequada e mais realista para todos os subsistemas de transporte envolvidos.

    Especificamente, no que concerne o subsistema virio, a montagem de cadastros,

    melhores e mais detalhados, cobrindo adequadamente a rede viria um instrumento

    importante.

    Os recursos computacionais e de microinformtica podem viabilizar a atualizao

    sistemtica das informaes, e mais, podem vir a ser trabalhados de forma a se tornarem

    instrumentos capazes de, em curto prazo, propiciar tomadas de decises.

    1.5.2.3 - OS SISTEMAS DE INFORMAES

    Nesse sentido, alguns desdobramentos podem ser estimados, como por exemplo, a

    implantao de sistemas de informao aos usurios sobre custos, tempo de percurso,distncias entre zonas, etc. Na Regio Metropolitana do Rio de Janeiro RMRJ so

    realizadas cerca de 9,3 milhes de viagens em transporte pblico por dia (PDTU-RJ,

    2002), que com os sistemas sobre trilhos, coexistem diversas linhas de nibus

    distribudas em quase vinte municpios. A existncia de sistemas de informaes sobre

    usurios que objetivem ajud-los a melhor escolher a forma de realizar seus

    deslocamentos, no possui apenas interesse individualizado, mas, sobretudo, coletivo,

    na racionalizao e melhor utilizao da oferta existente.

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    1.5.3 VIABILIDADE E RESULTADOS ESPERADOS

    O desenvolvimento de um modelo que associe informaes decorrentes de um sistema

    de transporte envolvendo diversos modos, que viabilize representaes dos dados por

    meio de interface grfica de grande interatividade, possibilitando a incorporao de

    operaes de geoprocessamento preexistentes, como determinao de variveis de

    distncia, tempo de percurso, tarifa, benefcios econmicos gerados sociedade, torna-

    se um importante instrumento de tomada de deciso para o gerenciamento do sistema de

    transportes.

    O nvel de servio a qualidade da forma ou da administrao de um servio quando

    este oferecido aos usurios. O impacto deste nvel de servio percebido quando arepercusso do mesmo externada atravs da satisfao ou do retorno material obtido

    ao longo de todo o processo pelo usurio. Para esta avaliao necessrio quantificar a

    satisfao do usurio, concretizando-a atravs de modelos matemticos baseados no

    conceito da utilidade. Esta percepo do nvel de servio de uma cadeia de fatores

    (atributos) integrantes do processo melhor alcanada, procedendo-se a anlise destes

    fatores separadamente.

    Para analisar o nvel de servio da escolha modal, considerou-se o valor do tempo dos

    usurios de modos individual e coletivo, e aplicou-se este dado como uma utilidade ou

    desutilidade para estimativa da escolha modal.

    Espera-se como resultados do modelo que este configure uma ferramenta capaz de

    permitir, atravs de uma estimativa do valor do tempo, melhor anlise da acessibilidade

    dos usurios e racionalizao da oferta dos servios de transportes, bem como:

    - reduzir o fluxo de transporte individual;

    - descongestionar o sistema virio da rea central;

    - desenvolver plos de comrcio e servio em torno dos terminais de integrao com a

    finalidade de reduzir a necessidade de deslocamento para a rea central da cidades;

    - reduzir os gastos dos usurios;

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    - facilitar o acesso dos usurios s linhas ou redes de transporte de alta capacidade (por

    exemplo, metro-ferroviria);

    - aumentar o conforto e reduzir os tempos e custos de diferentes modos de transporte,

    etc.

    Uma vez desenvolvido o modelo pode-se, no futuro, utiliz-lo como uma contribuio

    para implantao de um sistema integrado de transportes que afeta, de forma positiva,

    os dois setores envolvidos: o setor privado e o setor pblico, representado pela gesto

    do Estado. Ressalta-se no setor privado, que a avaliao financeira para cada modal

    envolvido, a partir da implantao do sistema integrado de transportes, resultar os

    ganhos importantes para o equilbrio financeiro de cada empresa, estes oriundos doaumento de demanda transportada e o retorno do investimento realizado, bem como as

    oportunidades de explorao de novos negcios. Por outro lado, a avaliao econmica

    do sistema integrado de transportes certamente indicar os benefcios econmicos que o

    Estado proporcionar para toda a sociedade envolvida, direta e indiretamente, com a

    implantao da integrao entre modais, benefcios estes mensurveis atravs de

    expresses matemticas as quais exprimem custos.

    Assim sendo, a implantao de um sistema integrado de transportes proporciona, entre

    outros, os seguintes resultados:

    - Ampliao da capacidade de transporte ferrovirio, atravs da melhoria do nvel de

    oferta e regularidade do sistema de trens;

    - Racionalizao das linhas de nibus de modo a favorecer a implantao de sistemas

    integrados;

    - Aumento dos nveis de integrao entre os diversos modos, gerando aumento de

    eficincia e eficcia global do sistema, atravs de financiamento de infra-estrutura e

    equipamentos fundamentais para um sistema integrado de transportes urbanos,

    facilitando a mobilidade dos usurios de baixa renda;

    - Elevao dos nveis de servio dos sistemas de circulao viria e de rodovias de

    caractersticas urbanas, de modo a reduzir os congestionamentos e seus efeitos diretos;

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    - Reduo dos impactos ambientais;

    - Reestruturao do uso do solo, tendo como fator disciplinador e indutor de ocupaes

    adequadas, permitindo a retomada do desenvolvimento orgnico das cidades, bairros e

    distritos do Estado;

    - Reduo das presses sobre o sistema de sub-moradias urbanas, pela ampliao do uso

    adequado dos espaos perifricos para habitao, mediante a reduo dos tempos de

    viagem e dos custos de transporte;

    - Aumento da participao do setor privado nas operaes e no investimento nos

    sistemas de transporte urbano.

    1.6 - ESTRUTURA DO TRABALHO

    Com a finalidade de propiciar o desenvolvimento de um Modelo de previso de

    demanda de transportes associado a um Sistema de Informao Geogrfica (SIG),

    desenvolveu-se o presente trabalho a partir de uma reviso bibliogrfica at a proposta

    do modelo. Para tanto o trabalho se apresenta conforme os captulos descritos a seguir.

    O Captulo 1 compreende uma introduo ao assunto, abordando as caractersticas

    gerais dos sistemas de transportes urbanos, identificao do problema, sua relevncia,

    objetivo e justificativa.

    O Captulo 2 dedicado descrio do estado da arte do Sistema de Informao

    Geogrfica (SIG), abordando tambm seu enfoque nos sistemas de transporte,

    conceitos, hardwares e softwares utilizados, a adoo do SIG por autores.

    O Captulo 3 aborda os conceitos bsicos do Modelo de Planejamento de Transportes,

    varveis do banco de dados e mtodos para estudo de cada fase das quatro etapas de

    planejamento de transportes, bem como referncia de autores sobre Modelo de

    Planejamento de Transportes e SIG, a limitao dos submodelos de planejamento,

    mobilidade e acessibilidade.

    O Captulo 4 encontra-se conduzido por uma reviso bibliogrfica embasada em artigos

    de autores mais recomendados em funo da rea, assim como em trabalhos

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    especficos/teses e, se concentra na anlise de conceitos e consideraes quanto a

    Externalidades e Valor do Tempo em Transportes.

    A etapa seguinte, contida no Captulo 5, destaca uma reviso bibliogrfica embasada em

    artigos de autores em funo da rea, assim como em trabalhos especficos/teses e, se

    concentra na anlise de conceitos e consideraes relacionadas Utilidade/Desutilidade

    e Custo Generalizado.

    Uma vez especificadas as peculiaridades acima, inicia-se no Captulo 6 consideraes

    para as variveis do banco de dados, algumas abordagens de diferentes autores, e de que

    forma se daria a coleta de dados.

    O captulo 7 visa uma contribuio para Modelagem da Diviso Modal Multinomial

    com base em estimativa do Valor do Tempo em transportes associada a um Sistema de

    Informao Geogrfica SIG.

    O Captulo 8 se concentra no Estudo de Caso do Rio de Janeiro, ou seja, trata da

    aplicao da modelo citado anteriormente a dados reais atuais.

    No Captulo 9 apresenta-se anlise do modelo ao estudo de caso acima, comapresentao de resultados a fim de que se tenha a verificao prtica do modelo

    proposto.

    O Captulo 10 se refere s concluses e recomendaes.

    Por fim, bibliografia e anexos.

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    2 - SISTEMA DE INFORMAO GEOGRFICA (S.I.G.) PARA OS

    TRANSPORTES

    Para operao dos sistemas de transporte, assim como para seu planejamento e

    monitorao torna-se necessrio dispor de, ou conhecer, uma base quantitativa de dados.

    Estes dados, uma vez implementados para o processo da modelagem da demanda

    associados a uma plataforma de Sistema de Informaes Geogrfica (SIG), permitem

    no somente uma base socioeconmica geo-referenciada, como uma representao mais

    eficaz da malha viria e da rede de transporte pblico. Ou seja, constata-se um valiosa

    ferramenta de suporte ao processo de gesto e planejamento urbano e regional do setor

    Transportes, entre outros setores.

    Este captulo dedicado descrio do estado da arte do Sistema de Informao

    Geogrfica (SIG), abordando sua adoo por autores para desenvolvimento de estudos

    especificamente relacionados rea de transportes, assim como abrangncia de sua

    aplicao em outras reas.

    Inicialmente destaca-se como introduo um breve entendimento sobre a origem e

    tecnologia de SIG, suas peculiaridades, as reas de aplicao e caractersticas deste por

    sistema comercializado, bem como conceitos, definies e estudos referenciados por

    autores, de forma a familiarizar a abordagem proposta nesta tese.

    2.2 - INTRODUO

    Atualmente vislumbra-se o desenvolvimento do planejamento de transportes aliado a

    uma base geo-referenciada. Cada vez mais o setor de transportes necessita dessa

    iterao. A saturao das vias urbanas rapidamente percebida, quando na fase deplanejamento, se um mapa temtico associado. Mas esta idia no to recente.

    Um dos primeiros SIG foi desenvolvido no Canad em 1962, sendo denominado CSIG

    (Canada Geographic Information Systems) direcionado realizao de inventrios de

    terras em mbito nacional, envolvendo diferentes aspectos socioeconmicos e

    ambientais.

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    O Geoprocessamento muitas vezes entendido como sinnimo de SIG (Sistema de

    Informao Geogrfica). Os Sistemas de Informao Geogrfica (SIG) so tecnologias

    de Geoprocessamento que lidam com informao geogrfica na forma de dados

    geogrficos. Por sua vez, dados geogrficos podem ser classificados como dados

    espaciais e dados de atributos. Estes dados permitem que se conhea a estrutura

    geomtrica de entes espaciais (casa, rua, rio, parcela de solo, viatura, etc.) bem como

    sua posio no espao geogrfico (RAFAELI NETO, 2003).

    Em outras palavras, a diferena entre SIG e Sistema de Informao (SI) convencional

    que o SIG incorpora componente espacial e os dados podem ser correlacionados.

    Os Sistemas de Informaes Geogrficas tm desempenhado um papel importante comointegrador de tecnologia. Com o SIG possvel elaborar mapas, modelar, fazer buscas e

    analisar uma grande quantidade de dados, todos mantidos em um nico banco de dados.

    Como algumas peculiaridades do SIG podem-se destacar a integrao de tecnologia,

    bem como a associao de informaes ao banco de dados. As informaes do SIG so

    vinculadas a um sistema de referncia espacial. Outra peculiaridade facilitar a tomada

    de decises em curto prazo.

    As reas de aplicao de SIG extrapolam o uso no marketing e na logstica. Estes

    sistemas surgiram em estudos ambientais e urbanos, sendo em seguida utilizados nas

    reas de energia, gua e esgoto, sade e em estudos populacionais. Devido

    importncia que os dados espaciais ocupam na atividade logstica assim como em

    outras, os SIG possibilitam inmeras aplicaes. Com isso, importante ressaltar que

    dentro do geoprocessamento, as aplicaes so ilimitadas.

    O Sistema de Informao Geogrfica identificado em alguns softwares presentes no

    mercado, os quais podem fazer interface com este ambiente. So estes softwares, entre

    outros: GEOVISION, ARC/INFO, MAXICAD, MAPTITUDE, EMME 2,

    TRANSCAD, assim como Sistemas DBMS (DataBase Management System),

    ORACLE, Sistemas CAD, AUTOCAD (2D e 3D).

    O Sistema de Informao Geogrfica - SIG, no que se refere rea de transporte, e

    especificamente no que tange a esta proposta de tese, deve ser direcionado para a

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    montagem de uma rede de transporte, alm das informaes (dados e atributos) que

    compem o sistema de informaes. Para referenciar tais informaes geograficamente

    rea de transportes se faz necessria a rede de transportes, na qual sero realizadas

    simulaes, a serem apresentadas nos captulos finais.

    Neste sentido apresentam-se a seguir comentrios de autores em diferentes reas de

    atuao destacando a aplicao de tal tecnologia.

    2.3 - SISTEMAS DE INFORMAO GEOGRFICA: DEFINIES E

    CONCEITOS

    Muitos autores apresentam definies de SIG, e incluem as caractersticas essenciais de

    referncia espacial e anlise de dados. Destacam-se a seguir algumas caractersticas.

    A informao geogrfica o conjunto de dados (fsicos, sociais, econmicos, etc.) cujo

    significado contm uma associao ou relao com uma localidade especfica. (KUBO,

    2003).

    Uma definio citada por HUXHOLD (1991), proveniente dos Anais da reunio de

    SIG/LIS de 1988 : "... propsito de um SIG tradicional primeiramente e acima de

    tudo a anlise espacial.

    A definio apresentada por TOMLIN (1990) : "Um sistema de informao geogrfica

    um recurso para preparar, apresentar, e propicia a interpretao de fatos relativos

    superfcie da terra. uma definio ampla, porm uma definio consideravelmente

    restrita empregada mais freqentemente. Um sistema de informao geogrfica ou

    SIG uma configurao de hardware e software desenvolvida especificamente para a

    aquisio, manuteno e uso de dados cartogrficos.

    Em outras palavras, um SIG um sistema de bases de dados com capacidades

    especficas para lidar com dados espacialmente referenciados, bem como um conjunto

    de operaes para trabalhar com dados.

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    2.4 - ADOO DO SIG POR AUTORES

    Ao planejamento de transporte tradicional tem sido acrescida a anlise de resultados e

    conseqente avaliao, de forma a promover a contnua retro-alimentao. Tem sido

    incorporada e representada a interao entre o uso do solo e o sistema de transportes

    devido integrao das Redes Neurais (RN), dos Sistemas de Informao Geogrfica

    (SIG) e Sensoriamento Remoto (SR), entre outros.

    O sucesso de um projeto depende, em grande parte, da escolha e uso de ferramentas

    adequadas para o seu desenvolvimento. ROSE (2001) ao comparar trs softwares de

    SIG, aplicados ao planejamento de transportes, quanto s suas caractersticas funcionais

    e desempenho - UFOSNET, TRANSCAD e ARCVIEW pde concluir que embora ostrs sistemas atendam perfeitamente configurao mnima desejada para um software

    SIG, somente o TRANSCAD e o UFOSNET enquadram-se de fato na categoria de SIG-

    T, ou seja para a rea de transporte, uma vez que o ARCVIEW praticamente no

    fornecia as principais ferramentas necessrias soluo de problemas de transportes

    especficos.

    Atores do setor de planejamento de transporte, com a divulgao do SIG, tero nos

    prximos anos a facilidade de obter, usar, e distribuir os dados espaciais que, se

    utilizados de forma direcionada, fornecero uma riqueza de informaes sobre o

    transporte.

    FLETCHER e HANCOCK (2002), em seu artigo comentam a impossibilidade de

    planejar o futuro sem as informaes atuais (do presente) e do passado, e destacam para

    o cenrio de planejamento a importncia de compreender e usar a informao

    geogrfica, atravs de sistemas de informao geogrfica (SIG-t) utilizando registrosdigitais, mapas, imagens, dados espaciais. Comentam ainda que os sistemas de

    informao geogrfica esto sendo cada vez mais influenciados, ou afetados pela

    atividade de transporte, com uma viso inteligente do sistema do transporte.

    Estudar determinados submodelos de transporte permite associar correlao de

    respostas para as variveis utilizadas. Diversos trabalhos vm sendo desenvolvidos de

    forma a estabelecer tal correlao. Por exemplo, podem-se obter fatores de viagens

    geradas para cada classe social, correlacionados com o tipo de padro de uso de solo.

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    TACO et al.(1997) constataram ser possvel, atravs da anlise dos dados contidos nas

    fotografias areas - para a gerao de viagens, uma setorizao da estrutura urbana, a

    qual possibilite identificar sistematicamente setores com caractersticas iguais. Essas

    caractersticas permitem definir padres geomtricos e fotogrficos na estrutura urbana,

    fazendo uso dos Sistemas de Informao Geogrfica e do Sensoriamento Remoto.

    Outro estudo nesta linha de metodologias baseadas nas tecnologias do Sistema de

    Informao Geogrfica (SIG) e do Sensoriamento Remoto (SR) destacado.

    ANDRADE (2001) ressalta que para um estudo comparativo entre diferentes Unidades

    de Anlise (UA) utilizadas para a quantificao da produo de viagens no processo de

    planejamento de transportes, foi possvel demonstrar a influncia das caractersticas

    tipolgicas das UAs na representatividade das informaes (definidas na pesquisa

    como os parmetros de anlise comparativa, como o tamanho, o mtodo de definio

    dos limites, e os nveis de agregao e homogeneidade das informaes), bem como nos

    resultados da produo de viagens no processo de planejamento de transportes.

    Por outro lado pode-se combinar o planejamento do uso do solo urbano com estrutura

    integrada ao sistema de transportes dentre os principais modelos existentes (SILVEIRA,

    1988).

    Outra aplicao de SIG e Planejamento de Transporte direcionada para anlise de

    causas. QUEIROZ et al.(2003) desenvolvem uma metodologia para georeferenciar os

    acidentes cadastrados no Sistema de Informaes de Acidentes de Trnsito de Fortaleza

    SIAT-FOR, usando uma rotina desenvolvida na linguagem de programao do software

    TRANSCAD (denominada GISDK).

    Segundo OLIVEIRA (1997), O TRANSYT um dos mais difundidos modeloscomputacionais para obteno de planos semafricos, mas sua utilizao no simples

    face a complexidade para a organizao de dados de entrada e para anlise de seus

    resultados. Porm, o autor prope a utilizao da tecnologia de sistemas de informaes

    geogrficas (SIG) para a produo e visualizao de planos de tempo fixo para sistemas

    semafricos, com o objetivo de facilitar a produo e anlise de programao

    semafrica, e um novo sistema que integra um SIG ao TRANSYT. Este sistema,

    batizado de SIGTRAF, o qual emprega tecnologia, capaz de extrair do SIG asrelaes entre as intersees necessrias produo de modelos de entrada para o

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    TRANSYT. Tal sistema capaz de permitir novas formas de anlise dos resultados

    de simulao do trfego e programao semafrica e o armazenamento de todas as

    informaes da rede de intersees no SIG permite o seu fcil acesso e alterao.

    Dentre diversas aplicaes do SIG, percebe-se que aquelas relacionadas s ferramentas

    de tomada de deciso so, a cada dia, mais requisitadas. Desde o final do sculo

    passado, pesquisadores de diversas reas vm empregando os SIG - Sistemas de

    Informao Geogrfica, com maior intensidade, proporcionando meios eficientes de

    melhorar a eficincia de trabalhos que envolvem informaes contidas em mapas

    armazenados de forma digital.

    Uma outra aplicao do SIG direcionada para um estudo de acessibilidade como umimportante instrumento de avaliao da qualidade do servio de transporte numa regio.

    De acordo com JANURIO (1995), a partir de uma avaliao dos modelos de

    acessibilidade existentes, proposto um modelo para a obteno de nveis de

    acessibilidade para uma dada regio onde, incorporando vantagens da utilizao dos

    SIG, feito o tratamento cartogrfico dos ndices calculados, obtendo-se um produto

    grfico que objetiva a visualizao dos mesmos, dispensando-se a consulta a tabelas e

    listas, agilizando, com isso, o processo de tomada de deciso.

    Destaca-se tambm que o compartilhamento das informaes necessrias

    programao das viagens e ao controle da circulao, assim como aos demais

    participantes do processo de planejamento de transportes, como forma de

    gerenciamento da mobilidade tambm pode fazer uso dos Sistemas de Informao de

    Transportes.

    VIANNA (2000) verificou problemas principalmente em reas mais adensadas, malatendidas por servios de transporte pblico, onde o planejamento e a utilizao dos

    espaos existentes so feitos de maneira inadequada. Props o gerenciamento integrado

    de estacionamentos com a utilizao dos recursos da telemtica, a fim de garantir a

    interao entre usurio, o controlador de trfego, e os demais participantes, englobando

    mecanismos que abrangem a identificao das vias de acesso, as condicionantes para o

    posicionamento de painis de mensagem varivel, entre outros.

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    Mais uma vez destacada a importncia de SIG para subsidiar o processo de

    formulao de polticas pblicas no que se refere ao planejamento e operao dos

    sistemas de transporte em tempo real para tomada de decises.

    DELGADO (2002) desenvolve metodologia para avaliar transporte e uso do solo

    urbano, e seus impactos na ocupao do solo urbano, por meio de tcnicas de

    geoprocessamento (SIG) e de avaliao por critrios mltiplos (MCE) e articuladas com

    o urbanismo das redes de transporte. Visa a identificao das relaes espao-tempo no

    territrio e a regulao dessas relaes mediante a construo de cenrios prospectivos,

    revelando, atravs de mapas, a polarizao social e espacial (de segregao, auto

    segregao e descentralizao urbanas).

    Ainda seguindo esta linha desenvolvida uma metodologia de avaliao qualitativa

    para hierarquizao das informaes geo-referenciadas, atravs de pesquisas a

    profissionais de Transportes de reas afins. Aborda GUEDES (1998) a utilizao da

    tecnologia dos Sistemas de Cartografia Digitalizada Geo-referenciada, enfocando o

    processamento e a visualizao, em mapas, informaes tcnicas para Sistemas de

    Informaes Geogrficas para Transportes SIG-T, com banco de informaes tcnicas,

    para a otimizao das atividades inerentes s referidas reas, divididas em trs grupos:

    Informaes Grfico-tcnicas, Informaes Socioeconmicas e Informaes de

    Engenharia de Transportes, priorizando as informaes como subsdios constituio

    de Sistemas Informaes Geogrficas para Transportes, para cidades de grande porte.

    De acordo com FREITAS (1999) ferramentas de apoio tomada de deciso para

    avaliao de sistemas de transporte coletivo de mdia capacidade segundo mltiplos

    critrios podem influenciar de forma significativa os resultados do processo de seleo

    de alternativas de projetos de transportes. No caso, a incorporao da varivel

    ambiental, expressa atravs dos custos da poluio do ar associada sade humana, foi

    apontada como um dos critrios de deciso.

    Observa-se a abrangncia da SIG como ferramenta para desenvolvimento de vrios

    estudos. Seguindo um pouco a linha de pesquisa que esta tese prope, especificamente o

    uso do SIG na terceira etapa do clssico Modelo de Planejamento de Transportes, pode-

    se pesquisar uma outra tese direcionada para etapa de alocao (quarta etapa).

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    SILVA (2000) desenvolveu ferramenta para a anlise da redistribuio dos fluxos de

    passageiros na rede brasileira de transporte areo regular domstico, cuja abordagem se

    baseia na integrao de um sistema de informao geogrfica (SIG) a tcnicas de

    alocao, ressaltando tambm a sua importncia no sentido de auxiliar os tcnicos

    representantes do poder pblico e das empresas de aviao durante a aplicao desta

    ferramenta no processo de planejamento das linhas areas.

    DANTAS (2000), em outras palavras, destaca que modelagens tradicionais em

    transportes so limitadas na incorporao das dimenses geogrficas e temporais,

    afetando assim interaes urbanas e conseqentemente a previso da demanda de

    viagens, propondo metodologia baseando-se na integrao das redes neurais e dos

    sistemas de informao geogrfica (SIG).

    Conclui-se sobremaneira a importncia do SIG. Como um integrador de tecnologias

    tambm evidente em sua vasta abrangncia. O desenvolvimento do SIG tem se baseado

    no somente na rea de sistemas de transporte como pde-se ilustrar acima, mas

    tambm so verificadas inovaes que ocorreram em reas distintas, entre outras:

    Geografia, Cartografia, Fotogrametria, Sensoriamento Remoto, Topografia, Engenharia

    Civil, Cincia da Computao, Pesquisa Operacional, Inteligncia Artificial,

    Demografia, e muitos outros ramos das Cincias Sociais, Cincias Naturais e

    Engenharias.

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    3 ANLISE E PREVISO DE DEMANDA

    3.1 - INTRODUO

    O Planejamento de Transporte est cada vez mais se tornando uma atividade dinmica

    num ambiente em transformao. A ferramenta de anlise e previso de demanda tem

    sido utilizada amplamente, com aplicao direta do modelo de quatro etapas at

    variaes na estrutura terica do modelo, inclusive o reconhecimento de algumas

    imposies/limitaes.

    O avano na rea computacional vem permitindo mudanas de padres de anlise, bem

    como na quantidade e qualidade dos recursos destinados elaborao de redes.

    O planejamento de transportes tem se tornado uma ferramenta bsica para os atores

    envolvidos e toda esta evoluo no campo de geoprocessamento tem oferecido respostas

    rpidas para anlises de aes e efeitos, com resultados econmicos e financeiros de

    medidas implantadas, mais perceptveis ao planejador.

    Na anlise e previso de eventos relacionados a transporte tem sido amplamente usado o

    instrumental formado por algoritmos de rede, com variaes na estrutura terica desde a

    consolidao do modelo de quatro etapas durante as dcadas de 60 e 70 (ALVIM,

    2001).

    Planejamento de transportes uma rea de estudo que visa adequar as necessidades de

    transporte de uma regio ao seu desenvolvimento de acordo com suas caractersticas

    estruturais. Isto significa implantar novos sistemas ou melhorar os existentes.

    Atores dos setores de gesto pblica e privada em transportes esto se aprimorando no

    sentido de avaliar, organizar e coordenar o transporte dentro dos centros urbanos, a fim

    de minimizar os problemas decorrentes desta atividade. Para a minimizao destes

    problemas necessrio um entendimento do padro bsico de viagens, bem como os

    motivos e desejos da populao, enfim dados socioeconmicos, de padro e uso do solo,

    projetos previstos entre outros, necessrios para qualificar e quantificar as viagens em

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    uma rea, para estabelecer o planejamento. A coleta de tais informaes um dos

    primeiros passos.

    3.2 - ETAPAS DO MODELO DE PREVISO DE DEMANDA DE

    TRANSPORTES

    A seguir so abordados, de forma resumida, os conceitos bsicos do Modelo de

    Planejamento de Transportes, bem como as formulaes matemticas mais comuns para

    expressar cada submodelo.

    Para planejar sistemas de transporte que proporcionem a mobilidade necessria, um

    modelo reconhecido pelos planejadores de transporte na previso do uso dos sistemas de

    transportes o modelo de quatro etapas que compreende inicialmente uma coleta de

    dados. De posse dos dados necessrios parte-se para fase de identificao da demanda

    futura utilizando-se para isto, modelos de demanda direta ou o modelo seqencial de

    demanda (modelo de 4 etapas) que compreende segundo CALIPER (2002):

    - Modelos de Gerao de Viagens estes modelos tentam relacionar a quantidade de

    viagens geradas (produzidas e atradas) em cada zona de trfego com o uso do solo

    (industrial, residencial, comercial...), a densidade populacional, a distribuio de renda,tipos de empregos, etc.

    - Modelos de Distribuio de Viagens com os valores de viagens geradas em cada

    zona (produo e atrao de viagens), determina-se nesta fase a distribuio das mesmas

    entre os pares de origem e destino, ou seja, monta-se a matriz de origem e destino das

    viagens. Para tanto so utilizados procedimentos matemticos que estabelecem um

    balanceamento (calibrao) dos dados projetados e, em alguns casos, fazendo uso de

    variveis tais como: tempo, distncia, custo ou um conjunto destas, que so definidas

    como impedncia (resistncia ao deslocamento).

    - Modelos de Diviso Modal definida na etapa anterior o nmero de viagens entre as

    zonas de trfego, faz-se a distribuio das viagens nos vrios modos de transporte.

    Neste caso, tambm se utiliza procedimento matemtico para ajustar (calibrao) dados

    projetados, fazendo uso de variveis relativas ao nvel de servio e s caractersticas dos

    meios de transporte oferecidos.

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    - Modelos de Alocao de Fluxo - nesta etapa verifica-se como as viagens se distribuem

    na rede composta pelos modos de transporte, com o objetivo de avaliar a capacidade das

    mesmas em absorver a demanda gerada.

    3.3 - CARACTERSTICAS DE CADA SUBMODELO E SUA IMPORTNCIA

    NO BANCO DE DADOS

    O procedimento clssico para planejamento de transportes compreende inicialmente

    uma coleta de dados conforme descrito anteriormente. De posse dos dados necessrios

    inicia-se a fase de identificao da demanda futura utilizando-se para isto, modelos de

    demanda direta ou o modelo seqencial de demanda (modelo de 4 etapas) para os quais

    destacam-se algumas consideraes necessrias para tratamento de determinadasvariveis, elencadas a partir de estudos de autores.

    Para esta proposta de estudo, acresce-se tambm, para as etapas descritas a seguir, outra

    possvel fonte de coleta de dados, apresentada entre parntesis, caso no houvesse a

    disponibilizao dos dados atuais para o modelo proposto. Ressalta-se que face ao

    recente estudo do PDTU a coleta de dados, a princpio, ser em funo deste.

    A descrio do banco de dados e a fonte de coleta destes uma atividade que requerdeterminada anlise. Por exemplo, necessrio verificar variveis e fatores de

    influncia.

    Elenca-se diversas variveis que podem influenciar o comportamento das viagens tais

    como:

    - origem e destino (questionrios);

    - caractersticas socioeconmicas dos usurios: renda, escolaridade, idade, motorizao,

    etc. (questionrios de pesquisas)

    - tipo (natureza) da viagem: trabalho, escola, compras e recreacionais (questionrios)

    - padro de uso do solo: empregos por ramo de atividade, veculos emplacados,

    unidades de ensino-matrculas do ensino fundamental / mdio / profissionalizante,

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    instituies de ensino superior e matrculas, etc. (FUNDAO CIDE pginas 257, 236,

    137, 143)

    - caractersticas da oferta: quantidade/ frota, tarifas, freqncia, capacidade, ponto de

    origem / destino, horrio de partida/chegada (operadoras de modos de transportes e

    rgos fiscalizadores);

    - velocidade dos modos (in loco, atravs do levantamento do tempo de percurso

    realizado da origem ao destino e da distncia em km, por cada modo)

    - tempo mdio de viagem, tempo excedente que representa o tempo gasto esperando ou

    caminhando at chegar ao meio de transporte;

    - distncia;

    - custo com transporte, com estacionamento, entre outras. que podem influenciar o

    comportamento das viagens, entre outras variveis;

    Com base nas informaes acima obtidas, as variveis que sero utilizadas para este

    estudo tem como fonte de dados o PDTU (2002), e so elencadas no captulo 8.

    3.3.1 - GERAO DE VIAGENS

    A importncia deste mtodo est no fato de que seu resultado o ponto de partida de

    todo o procedimento. Assim deve-se cuidar para que o resultado desta etapa seja o mais

    preciso possvel, e este que modelo matemtico represente a demanda de transporte de

    acordo com a realidade estudada.

    Esta etapa visa desenvolver um modelo matemtico que represente a demanda de

    transporte com base em informaes levantadas em questionrios aplicados aos

    entrevistados. O modelo matemtico calibrado utilizando observaes tomadas

    durante o ano base por meio das diversas pesquisas.

    As formulaes matemticas mais comuns utilizadas nesta etapa so: Fator de

    Crescimento, Taxas de Viagem, Classificao Cruzada, Regresso, Modelos de Escolha

    Discreta, entre outras.

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    3.3.2 - DISTRIBUIO DE VIAGENS

    Criar uma matriz O/D de viagens futuras a partir dos dados do ano base e das projees

    viagens produzidas e atradas.

    A distribuio feita com base na potencialidade de cada zona de gerar viagens, na

    atratividade das zonas de destino e na distncia, tempo ou custo de transporte entre cada

    par de zonas de origem e destino.

    As formulaes matemticas mais comuns utilizadas nesta etapa so: Fator de

    Crescimento, Modelo Gravitacional, Fator scio-econmico, Custo Generalizado, entre

    outras.

    3.3.3 - DIVISO MODAL

    A diviso modal feita com base nas variveis que o usurio utiliza para fazer a sua

    escolha. Os fatores que influenciam a escolha modal incluem usualmente caractersticas

    socioeconmicas (atributos dos usurios) e as caractersticas dos servios dos modos de

    transporte (atributos do sistema de transporte).

    As formulaes matemticas mais comuns utilizadas, entre outras, nesta etapa so, para

    os modelos determinsticos, os mtodos quantitativos simples: Regresso Linear,

    Curvas de Desvio, Classificao Cruzada. Para os modelos probabilsticos tem-se: Logit

    Binomial e Logit Multinomial.

    De acordo com o tipo de regio de estudo e dos sistemas de transportes existentes, uma

    primeira diviso pode ser feita para avaliar a proporo de viagens realizadas por

    transporte coletivo, aquelas realizadas por transporte individual e, num segundomomento, aquelas realizadas por modos separados tal como se prope neste estudo. E a

    partir desta primeira diviso faz-se uma nova diviso das viagens em alternativas

    relativas s divises iniciais. Determina-se a proporo de viagens por modo binomial e

    por modos independentes atravs de uma relao matemtica (calibrao) entre o

    nmero de viagens e as caractersticas socioeconmicas dos viajantes e/ou as

    caractersticas dos meios de transporte oferecidos, abordadas neste modelo proposto

    com base em estimativa de valor do tempo em transportes, conforme ilustra a Figura3.1.

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    Figura 3.1 - Divises parceladas das viagens por modos de transporte.

    3.3.4 - ALOCAO DO TRFEGO

    Verificar como as viagens se distribuem na rede composta pelos modos de transporte,

    inclusive os transportes integrados.

    A premissa bsica dos modelos de trfego que a velocidade uma funo decrescente

    em relao densidade. Se a densidade aumenta, o espao entre os veculos diminui e

    os motoristas reagem, diminuindo a velocidade.

    Nesta sub-etapa se faz necessrio alguns entendimentos pertinentes, tais como rede de

    transporte e o comportamento da oferta e da demanda.

    Total de Viagens entre um parde zonas de trfego

    Viagens tipoMultinomiais

    Mod. Proposto U = CG

    nibus VanTrem Condutor e passageiro

    de automvel

    Metr

    Viagens Tipo Binomial

    Modelo Clssico

    Coletivo Individual

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    Uma rede uma simplificada representao de um sistema de transportes. definida

    por uma srie de ns e arcos, sendo que os ns so os elementos de onde partem,

    chegam ou se transferem fluxos, e os arcos so os condutores deste fluxo, de n a n

    (CALIPER, 2002).

    Esta rede tem a caracterstica de representar a atual oferta de transportes em cada uma

    das ligaes que constituem a rede existente, atravs da especificao das caractersticas

    operacionais dos subsistemas modais existentes na rea em estudo. Para descrever a

    rede de transportes, cada ligao contm informaes como tipo da infra-estrutura,

    comprimento, velocidade ou tempo de percurso, custos e capacidade, entre outras

    informaes.

    As formulaes matemticas mais comuns utilizadas nesta etapa so: Mtodo Tudo ou

    Nada, Mtodo STOCH, Mtodo Incremental, Mtodo Restrio de Capacidade, Mtodo

    Equilbrio do Usurio, Mtodo Equilbrio do Usurio Estocstico, Mtodo Sistema

    timo, entre outras.

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    3.4 - REFERNCIA DE AUTORES SOBRE MODELO DE PLANEJAMENTO

    DE TRANSPORTES E SIG

    Os modelos tradicionais utilizados em Transportes, chamados de "modelos de quatro

    etapas" ou MUT (Modelo de Uso do Solo e Transportes), os quais empregam quatro

    etapas (ou submodelos) aplicadas seqencialmente -gerao de viagens (atrao e

    produo), distribuio, diviso modal e alocao dos fluxos rede de transportes, so

    tambm conhecidos como Urban Transportation Planning System (UTPS). A

    evoluo de sua origem apresentada a seguir.

    O Planejamento de polticas pblicas no setor de transporte urbano largamentebaseado na aplicao de modelos conceituais, normalmente com grande uso de

    instrumental estatstico e matemtico. NOVAES (1986) apudDE TONI (2000) entende

    o conceito de modelo como "um enfoque bem definido e consistente, em um quadro

    bem estruturado, que possa ser justificado com o apoio de alguma teoria ou de

    princpios tcnico-econmicos universalmente aceitos". Algumas crticas ao enfoque

    convencional de planejamento podem ser sintetizadas. O enfoque sistmico, que no

    analisa as relaes de poder entre os atores sociais. E os modelos (softwares) utilizados

    em Planejamento de Transportes so tradicionalmente caros, complexos, inflexveis e

    dependentes de suposies restritivas.

    Conforme resumido por GAKENHEIMER ApudDEBATIN NETO (1998), o processo

    mais abrangente de planejamento de transportes foi desenvolvido nos EUA, nos anos

    50. Ele tem sido denominado Urban Transportation Planning System (UTPS). A fase

    inicial, apresenta bases tcnicas ao esforo de construo de rodovias, assim como a

    algumas polticas de apoio ao automvel. A partir dos anos sessenta, com a

    conscientizao dos impactos sociais e ambientais gerados a partir do aumento da

    capacidade de trfego, surge a necessidade de balancear os custos financeiros frente aos

    sociais e ambientais. Alm de ser usado nos EUA, o UTPS foi tambm usado em todo o

    mundo, inclusive nos pases em desenvolvimento, em estudos e projetos que

    comearam na dcada de setenta.

    Atualmente se discute uso do tradicional modelo de planejamento e seus submodelos(etapas), pois sabido que estes possuem limitaes e desta forma, outras metodologias

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    so desenvolvidas no sentido de tornar estas etapas (os submodelos) flexveis e realstas,

    combinando-os com tcnicas tpicas dos modelos comportamentais desagregados

    (Preferncia Revelada e Declarada, por exemplo).

    Segundo TONI (2000) o planejamento de polticas pblicas no setor de transporte

    urbano largamente baseado na aplicao de modelos conceituais, normalmente com

    grande uso de instrumental estatstico e matemtico. Embora seja extremamente

    impessoal e normativo, gera incertezas, e no controla as variveis responsveis por

    mudanas na previso. Este aponta para os submodelos (etapas) a apresentao de

    distintas limitaes, de forma a fazer destaque caracterizando-os por serem caros, muito

    complexos, insensveis s polticas efetivadas, inflexveis e dependentes de suposies

    restritivas, que impedem sua utilizao fora dos contextos de origem.

    O entendimento maduro da utilizao do planejamento urbano e de transportes tem sido

    discutido como referncia questo de otimizao do interesse pblico a de uma

    otimizao global (MEGALE, 1989).

    No planejamento de transportes so exigidas do planejador informaes especficas e

    pertinentes que possam sustentar a sua deciso final. Nem sempre se tem disponvel os

    recursos e o tempo que se precisa para a aquisio de dados necessrios para o

    planejamento e, muitos fazem uso de dados j existentes, nem sempre adequados para o

    objetivo, diminuindo a qualidade da informao utilizada e, conseqentemente, das

    decises tomadas. Apesar de sua importncia, no h terminologia ou metodologia

    consagrada para investigar a qualidade de dados e informao. Desta forma, CORREIA

    (2004) desenvolve estudo para identificao da qualidade da informao para

    planejamento de transportes a partir de indicadores apropriados rea de estudo com

    metodologia que possibilita a avaliao de informaes utilizadas no planejamento de

    transportes e suas possveis fontes de erro, indicando caminhos para melhorias nas

    coletas de dados.

    A utilizao da Tcnica de Preferncia Declarada para modelagem da demanda de

    transporte de passageiro e de carga vem consolidando-se com um mtodo bastante

    eficiente para a coleta de dados e posterior utilizao em modelos de diviso modal e

    alocao de demanda. GONALVES (2005) em seu estudo elaborou metodologia paraa modelagem do transporte de carga geral no Brasil, buscando verificar na opinio de

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    embarcadores de produtos de alto valor agregado, qual a importncia relativa de

    determinados fatores, tais como, tarifa, confiabilidade, tempo, intervalo entre embarques

    e segurana, quando da escolha dos modal de transporte, rodovirio, ferrovirio ou

    martimo de cabotagem.

    ARY (2002) ressalta a importncia de dados locais para a caracterizao da demanda de

    viagens no que diz respeito sua gerao, distribuio e diviso modal frente a

    implantao de plos geradores de trfego (shopping centers) e conclui que os modelos

    tradicionais, que utilizam apenas uma medida do porte do empreendimento como

    varivel explicativa para previso de viagens atradas por esses empreendimentos, no

    so adequados realidade local, pois destaca a influncia de aspectos locacionais e

    socioeconmicos da rea de implantao do plo

    Dado que os deslocamentos dirios relacionam-se complexa dinmica urbana, a

    modelagem de transporte no deve ser limitada a formulaes lineares como se tm

    observado. A necessidade de gerao de informaes qualitativas sobre os

    deslocamentos urbanos, bem como a incorporao de propriedades urbanas na

    modelagem de transporte tende a estabelecer um novo panorama para os estudos de

    transportes.

    Segundo DANTAS (2000), so observadas mudanas no planejamento do transporte

    urbano em direo a uma abordagem estratgica, e as tcnicas de modelagem no

    contexto do planejamento estratgico tendem a assumir um papel complementar,

    dedicando-se a prover informaes adicionais para o planejamento.Tais mudanas

    integram a incorporao e representao da interao do uso do solo e o sistema de

    transportes sob forma de abordagem espacial, integrando Redes Neurais (RN), Sistemas

    de Informao Geogrfica (SIG) e Sensoriamento Remoto (RN).

    RAIMONDI et al.(1999) com objetivo de construir uma estrutura de processamento de

    dados baseada em plataforma de SIG a fim quantificar os fenmenos da poluio

    atmosfrica causados pelos transportes pblico e particular. Nos mapas da provncia da

    Bolonha puderam verificar uma situao curiosa: a taxa do motorizao dobrou em

    quase dez anos, e o crescimento da populao era estvel. Tal cenrio indicava a

    necessidade de aes corretivas para modificar a escolha modal e para dar uma funoespecfica ao transporte pblico.

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    BEZERRA (1988) ao constatar a inexistncia de avaliao de impactos sobre o meio

    ambiente (poluio do ar e sonora) pela metodologia de planejamento de transportes

    urbanos (modelo de 4 etapas) prope um novo conceito para se trabalhar a atribuio de

    trfego no planejamento de transportes urbanos: capacidade de suporte ambiental,

    definindo relaes que orientem a escolha de alternativas de projeto de transportes

    urbanos, pela combinao das caractersticas operacionais do trfego com as diferentes

    capacidades de disperso e concentrao de poluentes relativas s caractersticas

    topogrficas, climatolgicas e de configurao espacial da via e seu entorno, entre

    outros.

    De acordo com ROMERO (1995) possvel tratar da formulao de modelos para

    anlise e previso de demanda por transporte interurbano por nibus, atravs de

    fundamentaes tericas em que se baseiam os modelos economtricos e de alguns

    aspectos que tornam conveniente a aplicao deste tipo de abordagem previso de

    demanda por transporte interurbano por nibus, como por exemplo variveis de melhor

    desempenho dos modelos especificados resultaram ser a tarifa e o consumo residencial

    de energia eltrica.

    Essa situao pode ser melhor entendida no ambiente de gesto pblica, envolvendo

    diversos atores, quando se verifica os resultados de um planejamento de transportes

    sendo manipulado de forma tendenciosa na livre busca de metas individuais por parte de

    seus componentes. A anlise e previso de demanda so ferramentas de auxlio

    tomada de decises no planejamento de transportes que, simulando padres de

    deslocamento futuros, podem indicar caminhos para investimentos.

    MATOS (1983) aborda a necessidade de preencher uma lacuna existente no

    Planejamento do Transporte Urbano no Brasil adequando realidade de cidades

    brasileiras de mdio porte onde o procedimento proposto para a previso de demanda

    deveria se adequar realidade de cidades brasileiras de mdio porte, se aliando aos

    mtodos economtricos comumente utilizados algumas tcnicas de pesquisa

    operacional.

    Verificar como determinadas variveis podem interferir em fases dos submodelos de

    planejamento de transporte representa um importante subsdio aos rgos responsveispela gesto dos transportes na definio das diretrizes de planejamento, poltica de

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    investimento e, principalmente, na avaliao de melhorias e de novas alternativas de

    transporte coletivo. Identificao de variveis intervenientes na distribuio de viagens

    e o fluxo de viagens comeam a ser estudadas.

    3.5 ALGUMAS CONSIDERAOES QUANTO AOS SUBMODELOS DE

    ANLISE E PREVISO DE DEMANDA

    3.5.1 - ABORDAGENS DE AUTORES SOBRE A PRIMEIRA ETAPA

    GERAO DE VIAGENS

    A primeira etapa Gerao de Viagens consiste na aplicao de modelo matemtico

    que represente a demanda de transporte de acordo com a realidade estudada. Talmodelo tem como base de informaes os dados levantados em questionrios aplicados

    aos entrevistados, os quais podem seguir o mtodo de preferncia declarada ou revelada.

    De forma resumida admite-se que mtodo de pesquisa baseado em preferncia

    declarada apresenta cenrios para o sistema de transporte, o qual pode ser o modo atual

    utilizado pelo entrevistado ou no,