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7/22/2019 Cava Lari Thais Adriana
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASFACULDADE DE EDUCAOFACULDADE DE EDUCAOFACULDADE DE EDUCAOFACULDADE DE EDUCAO
THAIS ADRIANA CAVALARITHAIS ADRIANA CAVALARITHAIS ADRIANA CAVALARITHAIS ADRIANA CAVALARI
YOGA:YOGA:YOGA:YOGA:Caminho SagradoCaminho SagradoCaminho SagradoCaminho Sagrado
CAMPINASCAMPINASCAMPINASCAMPINAS
2011201120112011
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASFACULDADE DE EDUCAO
TESE DE DOUTORADO
YOGA:Caminho Sagrado
AUTORA:Thais Adriana Cavalari
ORIENTADOR:Prof. Dr. Adilson Nascimento de Jesus
CO-ORIENTADOR:Prof. Dr. Nelson Filice de Barros
Tese de doutorado apresentada comissode Ps-Graduao da Faculdade deEducao da Universidade Estadual deCampinas, como parte dos requisitos paraobteno do ttulo de Doutora emEducao, na rea de concentrao deEducao, Conhecimento, Linguagem eArte.
CAMPINAS
2011
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Dedico este estudoDedico este estudoDedico este estudoDedico este estudo aosaosaosaosperegrinos no caminho doperegrinos no caminho doperegrinos no caminho doperegrinos no caminho doyogayogayogayoga....
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AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos
Ao meu orientador Prof. Dr. Adilson Nascimento de Jesus por mais uma vezcompartilhar a sua sabedoria e por sua compreenso, seu carinho, seu cuidado e seuincentivo em todos os momentos deste caminho.
Ao meu co-orientador Prof. Dr. Nelson Filice de Barros pelo acolhimento, pelocarinho e pelas valiosas contribuies para construo do modelo de anlise.
s Profas Dras Elizabeth Paoliello e Profas Dras Pamela Siegel pelas sugestespreciosas durante o exame de qualificao e por aceitarem participar do momentoda defesa.
Profa Dra Ana Elvira Wuo e ao Prof. Dr. Danilo Forghieri Santaella poracolherem carinhosamente o convite para participar da banca de defesa.
ProfaDraEliana Ayoub, ProfaDraYara Couto e ao Prof. Dr. Milton Misuta,suplentes da banca, pela disponibilidade e carinho.
Aos funcionrios da ps graduao e do centro de informtica da faculdadede Educao pelo auxlio e pacincia.
Aos professores de yoga que afetuosamente aceitaram participar das entrevistas
e sem os quais esta pesquisa no teria sido possvel.Aos meus amigos que colaboraram de maneira informal com a escrita deste
texto, dando sugestes e me auxiliando em algumas correes e transcries: Dani,Cris, Tani, Duda, Soraia e Samara.
todos meus alunos de yoga pela oportunidade de compartilhar esta filosofiade vida com vocs, em especial ao Emerson, Milton e Maria que me apoiaram deinfinitas maneiras durante o doutorado.
minha famlia querida: meu pai, meus irmos e em especial minha meque sempre me incentivou nos momentos de desnimo e cansao.
Aos meus amigos de todas as tribos (do GEDAN, do LAPACIS, do yoga, doforr, da FEF, de Santos e do corao) por compreenderem minha ausncia e mesmodistantes se fazerem to presentes nesta caminhada, especialmente Dani, Sara,
Ana, Duda, L e a Cris. todos os mestres e professores de yoga que encontrei no caminho pelacoerncia, pela determinao e por compartilharem suas experincias. Em especial L por ter me iniciado na senda do yoga e me dado a oportunidade de trilhar estecaminho, abrindo as portas do seu Espao de Yoga para minhas aulas.
minha amiga e anjo da guarda G que proporcionou meu encontro comyoga.
Bila, minha mestra e terapeuta, por ter me iniciado no caminho espiritual epelo amor com que me ensina a ver a vida e a mim mesma.
ndia, terra me do yoga, por ter me acolhido durante cinco meses, e aosperegrinos do Isvara e do planeta que nesta terra distante me ensinaram tanto.
Finalmente Deus, fonte infinita e eterna de sabedoria, alegria e amor. Ao
citar nomes, corro o risco de esquecer algum, e por isso, peo desculpas, masmesmo assim no pude deixar de mencionar estas pessoas que participaramto ativamente desta trajetria.
Sou imensamente grata por compartilhar este caminho com vocs.
Namaste.Thais
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Om Gam GanapatOm Gam GanapatOm Gam GanapatOm Gam Ganapatayayayaye Namahe Namahe Namahe Namah
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RESUMORESUMORESUMORESUMO
Yoga uma das seis escolas filosficas da ndia e neste texto entendido como um
caminho, uma filosofia de vida amparada por princpios tcnicos, filosficos e ticos. Nasltimas dcadas, foi possvel observar o aumento do nmero de praticantes e de cursos
especializados para a formao de professores de yoga. O carter recente, somada a falta de
institucionalizao desta profisso, torna estes professores um grupo ainda pouco estudado.
Diante deste cenrio, o objetivo desta pesquisa foi investigar a trajetria destes
profissionais, assim como as implicaes desta escolha na vida destes sujeitos. Para isso,
foi realizada uma pesquisa qualitativa a qual utilizou entrevistas semi-estruturadas para
investigar a trajetria de doze professores de yoga da cidade de Campinas. As entrevistas
foram transcritas e a anlise dos dados foi realizada com o auxlio de um modelo de anlise
de trajetria construdo a partir da reviso sistemtica da literatura. Os discursos indicaram
que o envolvimento com o yoga acarreta rupturas em diversas dimenses da vida. Sugerem
ainda que o alicerce desta escolha profissional esteja alm do retorno financeiro ou da
estabilidade profissional, e surge como uma forma de satisfazer necessidades ontolgicas
do ser. (Esta pesquisa contou com o auxlio financeiro da CAPES).
Palavras-chaves: yoga, meditao, anlise de trajetria, o sagrado, pesquisa qualitativa.
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ABSTRACTABSTRACTABSTRACTABSTRACT
Yoga is one of the six philosophical schools of India and in this text is understood
as a path, a lifes philosophy supported by ethics, philosophical and technical principles. At
recent decades, an increase in the number of practitioners have been observed and also the
development of many Yoga teachers courses. The recent condition of this new profession
makes these teachers a group that needs to be studied. In this circumstance, the goal of this
research was to investigate these professionals trajectory, as well as the lifes implications
of this professional path. To achieve this goal, a qualitative research was conducted in
which semi-structured interviews were used to investigate the trajectory of twelve yogas
teachers of Campinas city. The interviews were transcribed and the datas analysis wasdone with the support of an analysis trajectory model constructed through the systematic
literature review. These speeches demonstrated that this professional choice leads to
disruptions on several lifes aspects. They also suggest that the basis of this career choice
is beyond the financial return or professional stability, and stand as a way to satisfy
ontological needs. (This research had financial support from CAPES).
Key words: yoga, meditation, path analysis, the sacred, qualitative analysis.
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GLOGLOGLOGLOSSRIOSSRIOSSRIOSSRIO1111
A Ablues:purificaes feitas na gua. Advaita: uma palavra que nega dvaita que significa dois. A uma partcula
de negao, por isso o significado seria aquilo que no-dual.
Ahimsa: no-violncia. um dos cinco yamas, isto , restries de condutaapresentadas no Yoga Sutra de Patanjali.
Ajna: ou roda do comando, nome dado ao chakra do terceiro olho, plexoenergtico que se localizada entre as sobrancelhas. tambm conhecido como
Olho de Shiva.
Anahata: ou roda do som no tocado, o nome dado ao chakracardaco, o plexoenergtico que se localiza no corao.
Ananda: bem-aventurana, felicidade suprema. Ananda Moyi Ma: significa me saturada de beatitude. Considerada como uma
santa na ndia.
Angas: parte, passos ou etapas. Geralmente refere-se as oito angas do yoga dePatanjali, isto , aos oito passos para prtica do yoga.
Anjali: nome de um mudra, gesto de unio das palmas das mos em frente aocorao. Significa saudar, elevar, invocar, cultivar. Na ndia fazer anjali uma
forma de saudao, como um aperto de mo, por exemplo.
Apana: um dos vayus, ares do corpo. o alento vital descendente, localizado nobaixo ventre, responsvel pelo processo de excreo.
Aparigraha: no cobiar, no possessividade. um dos cinco yamas, isto ,restries de conduta apresentadas no Yoga Sutra de Patanjali.
Arati:cerimnia tradicional indiana.
1Em relao s palavras em snscrito, tentei mant-las o mais prximo possvel da grafia original, mas comoo texto dirigido ao pblico em geral, e no apenas aos estudiosos do yoga, grande parte delas foi adaptada,isto , aproximada da pronncia destas na lngua portuguesa. Por exemplo, Sivafoi transformado em Shiva,ou seja, as palavras com s, mas que apresentam som de x, foram substitudas por sh. Alm disso,embora em snscrito as palavras no plural no recebam um s no final, acrescentei-lhes um s no pluralpara tornar a leitura mais fluda, como por exemplo, asana(singular) e asanas (plural).
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Arjuna: protagonista juntamente com Krishna do pico Bhagavad Gita. umjovem prncipe guerreiro.
Asana: significa assento sobre o qual repousa o yogi e refere-se s posturaspsicofsicas do yoga. Pode designar tanto o lugar para sentar, isto , o assento de
meditao, como para designar os exerccios psico-fsicos.
Ashram: pode ser comparado a um mosteiro. o nome dado ao lugar onde umacomunidade formada intencionalmente com o intuito de promover a evoluo
espiritual dos seus membros, neste caso de praticantes de yoga. Frequentemente
orientado por um mestre ou lder espiritual.
Ashtanga: conjunto de oito passos do Yoga Sutra de Patanjali: yamas, nyamas,asanas, pranayamas, pratyahara, dharana, dhyana e samadhi.
Asteya: no roubar. um dos cinco yamas, isto , restries de condutaapresentadas no Yoga Sutra de Patanjali.
tman: refere-se Si - Mesmo, idntico Brahman, ao Absoluto que est emtudo. Comumente definido como alma transcendente, ou conscincia divina. o
principio auto-organizador do ser.
Ayurveda: sistema de medicina indiano baseado nos Vedas.B
Bandha: vem da raiz bandhque significa ligar, fixar. So contraes especficas demsculos e funcionam como interruptores do fluxo energtico do ser.
Bhagavad Gita: significa cano de Deus, e um poema pico hindu que faz partedo pico Mahabharata. Narra o dilogo de Arjuna com seu mestre Krishna,uma
das encarnaes de Vishnu e representa simbolicamente a tradio de ensino no
yoga de mestre a discpulo.
Brahma: o Criador; um dos deuses da trindade hindu, aquele responsvel pelacriao. No deve ser confundido comBrahman, o Absoluto.
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Brahmacharya: o no desvirtuamento da sexualidade entendida comocontinncia ou celibato. Refere-se prtica da castidade em pensamentos, atos epalavras. um dos cincoyamas, isto , restries de conduta apresentadas no YogaSutra de Patanjali. usado tambm para designar o novio, o estudante e aspiranteespiritual que reside nos ashrams.
Brahman: de acordo com Vedanta o Absoluto, Deus. Segundo as Upanishads,Brahman idntico atman.
Bhajans:cnticos sagrados devocionais. So oraes na forma de canes, ricas emsignificado e cheias de contedo devocional.
Bhakti:significa devoo. o ramo do yoga de devoo Deus ou um guru. Bhandara: almoo servido a muitos sadhus e patrocinado por pessoas que no
moram no ashram.
Bharatamata: me ndia. Bhstrika: nome de um pranayama, ou seja, uma tcnica respiratria que se
caracteriza por ser acelerada e causar uma super oxigenao.
Bijamantras:so mantras mono ou bi silbicos, chamados de mantra semente.C
Chakra:significa roda. So plexos, centros de energia. O Tantradefine como seteos principais chakras do corpo humano
Chapati: um po indiano, parecido com o po srio que temos no Brasil. Citara:instrumento musical de cordas. Citta:mente. Chit:conscincia pura e transcendente.
D
Darshana: significa ponto de vista ou viso, e refere-se s escolas filosficas dandia, ou seis pontos de vistas na interpretao dos Vedas.
Darshan: beno, viso e presena divina. Dharana: vem da raiz dhrque significa segurar ou reter. Refere-se concentrao
em um s ponto. o sexto passo doAshtanga Yogade Patanjali.
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Dharma: significa retido ou justia, so valores. Refere-se jornada no caminhoda verdade, dos valores.
Dhyana: meditao ou comunho do ser com o sagrado. o stimo passo doAshtanga Yogade Patanjali.
Diwali Day: tambm conhecido como Deepavali ou Deepawali, uma festareligiosa hindu, conhecida tambm como o festival das luzes. a celebrao do ano
novo hindu.
Doshas: refere-se tipologia do individuo segundo a Ayurveda, a medicinatradicional indiana.
G
Ganesha: ou Ganesh, uma divindade hindu, filho do Deus Shiva e responsvelpela remoo dos obstculos do caminho.
Ghat:escadaria construda na margem do rio e que d acesso as suas guas. Ghee: um tipo de manteiga clarificada e purificada, feita de leite de vaca e muito
usada na culinria indiana. Nela, os elementos slidos do leite so removidos pelo
aquecimento lento e pela filtragem. parecida com nossa manteiga de garrafa.
Goraksha: um dos criadores doHathaYoga. Gunas: significa qualidade e refere-se s qualidades de todas as coisas. Dividem-se
em: tamas, rajas e sattwade acordo com a filosofia Samkhya. Guru: aquele que dissipa as trevas, sendo que trevas significa ignorncia.
Refere-se ao mestre espiritual.
H
Hanuman: Divindade hindu com cara de macaco, encarnao de Shivae devoto doDeusRama. o heri do picoRamayana.
Hatha yoga: tambm conhecida como yoga do fsico, o ramo do yoga maisconhecido no Ocidente, e inclui: asanas, pranayamas, kryas, mudrase relaxamento.Deriva da palavraHa=sol e tha=lua, e busca a integrao destas duas foras: solar e
lunar, masculina e feminina, do dia e da noite, etc. Sua origem provvel remete-se
ao ano X d.C.
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Hndi: lngua falada em Delhi e maior parte do norte da ndia.I
Ishvara: o criador. Ishvara Pranidhana: consagrao das aes Deus; entrega dos frutos/resultados
da ao ao Absoluto. Um dos cinco nyamas, isto , observncias ou deveres
apresentados no Yoga Sutra de Patanjali.
Iyengar: uma linha de yoga criada por B. K. S. Iyengar, aluno deKrishnamacharya. B.K.S. Iyengar um dos maiores conhecedores de Yoga vivos
atualmente no mundo.
J
Japa: repetio mental ou verbal de mantras com objetivo de atingir estadossuperiores de conscincia.
Japamala ou mala:rosrio feito de 108 sementes que serve para contar o numerode repetio dos mantrasdurante a meditao.
Jivtman:jivasignifica ser vivo ejivatmanrefere-se alma vivente, individual. Jnana:conhecimento, sabedoria que leva libertao. Jnana yoga: o caminho do conhecimento. o ramo do yoga que se dedica ao
estudo dos textos sagrados e desenvolvimento da mente, do discernimento entre o
que Real e ilusrio (maya).K
Kali Yuga:era dos conflitos. Momento atual da humanidade. Kapha:humor aquoso (prevalncia dos elementos terra e gua na constituio do
ser). Um dos trs doshasda medicina ayurvdica.
Kapila:fundador da escola filosfica Samkhya. Karma: da raiz kr, significa fazer, agir, criar. a ao. Pode ter ainda outros
significados. Karma yoga: yoga da ao, baseada na lei de causa e efeito, na qual o yogi no
deve se apegar aos frutos da sua ao.
Kirtan: celebrao ou glorificao. So cnticos devocionais dirigidos as diferentesdeidades hindus.
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Kosha: significa invlucro, envoltrio. Refere-se s camadas do corpo do ser. Krishna: encarnao de Vishnuque aparece noBhagavad Gita ao lado deArjuna.
uma divindade muito popular na ndia.
Krya Yoga: um dos ramos do yoga, conhecido no Ocidente graas ao yogiParamahansa Yogananda.
Kryas: significa ato ou rito. So tcnicas de limpeza, de purificao. Kundalini: energia psquica representada pela imagem de uma serpente adormecida
na base da coluna. Pode ser despertada atravs do yoga e quando isso ocorre leva o
praticante ao estado de xtase.
Kundalini Yoga: ramo do Tantra Yogacujo objetivo a ascenso da kundalini.L
Laya Yoga; yoga da absoro. um dos ramos do yoga que busca a dissoluo emBrahman. s vezes usado como sinnimo de Kundalini Yoga.
Litera: um tipo de cadeira, que carregada por quatro pessoas.M
Mahabharata: Maha significa grande e bharata refere-se tanto a um sbiolendrio, como ao povo hindu, podendo ser traduzido como a grande histria do
povo hindu. uma obra pica hindu que contm oBhagavad Gita.
Maharishi Mahesh: (1917 -2008) Mestre de yoga e fundador da meditaotranscendental. Guru dos Beatles.
Manipura chakra: significa Roda da cidade das jias. Refere-se ao centro defora situado na altura do umbigo.
Mantra: significa instrumento do pensamento. So frmulas sonoras em snscrito;cnticos cuja repetio diminui o turbilho mental e proporciona a expanso da
conscincia.
Mantra Yoga: ramo do yoga baseado na recitao de mantras.
Matsyendra: significa senhor peixe. Foi um mestre do Tantra Yogado sculo Xd.C., considerado o mestre de Goraksha.
Maya: iluso. Refere-se ao mundo dos sentidos, ao universo fenomnico, ilusriono sentido de impermanente.
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Moksa: significa liberao e representa a meta do yoga. Mudras: significa selos. So gestos feitos com as mos ou com todo corpo
visando a alterao da vibrao energtica do ser.
Muladhara chakra: significa Roda de apoio da Raiz. o centro de fora situadona regio do cccix.
N
Nadi: canal de energia por meio do qual os vayus fluem (ares internos, como oprana, por exemplo) e pode se conectar aos chakras.O Shiva Samhitaafirma que
existem 350 mil nadis, mas todos os demais livros consultados mencionam 72 mil.
Os trs nadismais importantes so:Ida, Pingala eSushumna.
Namaste: uma interjeio de saudao muito usada na ndia e significa: o deusque habita em mim, sada o deus que habita em voc.
Natha: significa mestre. um ttulo dado aos seguidores do Tantra Yoga, comoGoraksha eMatsyendra.
Nidra: significa sono, ou sono consciente. Nidra yoga: yoga do sono, busca levar o praticante a um estado entre o sono e a
viglia. No ocidente confundido com o relaxamento.
Nyamas: observncia, deveres. Refere-se aos deveres presentes no cdigo de ticado yoga.
O
Om: Smbolo do hindusmo e do yoga, considerado o mais poderoso dos mantras,a representao sonora que simboliza a vibrao primordial do Universo, o
Absoluto.
P
Pancha Kosha: cinco invlucros ou cinco camadas do ser.
Paramahansa Yogananda: (1893-1952) Mestre de yoga e fundador da SelfRealization Fellowship. Autor do Livro Autobiografia de um yogi e um dos
responsveis pela divulgao do yoga no Ocidente.
Parampara: De um para o outro. Ensinamento oral ensinado diretamente domestre ao discpulo.
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Parvati: esposa de Shiva. Patanjali: sbio hindu. famoso por ter sido o responsvel pela sistematizao do
yoga, nos chamados Yoga Sutras.
Prana: vem da raiz praque significa constncia, intensidade e de naque significamovimento. Refere-se fora vital, respirao, alento. o nome genrico de todos
os outros ares do corpo (vayus).
Pranayama: so tcnicas respiratrias que buscam o controle e expanso da foravital. o quarto passo doAshtanga Yoga de Patanjali.
Prarabdha: o karmaque est sendo aniquilado no momento atual. Prathyahara: recolhimento dos sentidos. o quinto passo do Ashtanga Yoga de
Patanjali.
Prakriti: significa procriadora.Refere-se Natureza, a energia primordial que semanifesta em diferentes nveis dos mais sutis aos mais densos, criadora do mundo.
Prasada: um alimento consagrado porque primeiro simbolicamente oferecido Deus, consagrado a Ele, e s depois pode ser consumido pelo homem.
Puja: uma prtica sagrada que o povo hindu executa em diferentes ocasies, comoadorao ou orao s suas divindades. considerado como um ato de mostrar
reverncia Deus atravs de invocaes, oraes (Mantra), msicas (bhajans) e
rituais. Pujari:sacerdote que realiza apuja Punjabi:roupa tpica da ndia. Purusha: refere-se ao ser imutvel, ao Si mesmo transcendente.
R
Raja yoga:yoga real. o nome do yoga clssico ou ashtangayoga, codificado porPatanjali.
Rajas:significa atividade, ao centrfuga e calor. Uma das trs gunas, qualidadesda matria.
Ramakrishna:(1834-1886) Mestre de yoga e autor de vrios livros. Ramayana:obra pica hindu que narra as aventuras de Rama, a stima encarnao
de Vishnu,durante o resgate de sua esposa Sita.
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Rick shaw:auto-txi indiano. Rishis:sbios. Rpias: moeda da ndia.
S
Sadhana: Vem de sadh,chegar ao objetivo, realizao. Pode ser traduzidocomo meio ou caminho para se auto-realizar e refere-se tambm prtica diria de
yoga.
Sadhus: So renunciantes da vida material em busca de sabedoria espiritual: soascetas,yogis, sbios e andarilhos que vivem pelas ruas da ndia.
Sahasrara Chakra: significa roda de mil raios, e conhecido como centro da coroaou coronrio. o centro de armazenamento e distribuio de energia, localizado notopo da cabea.
Samadhy: refere-se ao estado iluminao ou xtase. Caracteriza-se por um estadode conscincia expandida, no qual se vivencia a unio, a integrao de todo
universo.
Samskaras: razes dos condicionamentos humanos, de carter krmicoe inato. Sotendncias subconscientes.
Samkhya: Umas das seis escolas filosficas ou darshanas da ndia. Sanchitta: o karmaacumulado. Refere-se ao saldo de aes de um indivduo que
aguarda a oportunidade adequada para se manifestar.
Sannyasi: uma palavra de origem snscrita, tendo raiz na palavra sannya quesignfica riqueza e nyasa que significa renncia, abandono; portanto o signficado
literalda palavra quer dizer renncia da riqueza e refere-se aos renunciantes.
Sri: roupa tpica indiana. Sat: Ser. Sat Chit - Ananda: Ser Conscincia Bem-aventurana. Satsang: Sat aqui assume o significado de verdade e sanga significa estar junto,
isto , encontro ou unio de pessoas que buscam o conhecimento, a verdade.
Sattva: equilbrio. Uma das trs gunas.
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Satya: significa no mentir, falar a verdade. um dos cinco yamas, isto ,restries de conduta apresentadas no Yoga Sutra de Patanjali.
Saucha: pureza, limpeza. Um dos cinco nyamas, isto , observncias ou deveresapresentados no Yoga Sutra de Patanjali.
Shankaracharya: fundador da ordem dos swamis e maior expoente do vedantaadvaita.
Sharira: significacorpo. Shastra: significa trabalho, preceito, tratado e refere-se coleo de textos de uma
determinada disciplina e s escrituras da tradio hindu.
Shiva: o benfeitor; uma divindade Hindu considerada por muitos como o pai doYoga e representa o arqutipo do praticante. um dos deuses da trindade hindu,
aquele responsvel pela destruio da criao para que algo possa ser criado
novamente. Representa o movimento, a dana do universo.
Shruti: vem da raiz shru, que significa escutar. Shruti aquilo que foi escutado.Refere-se tradio oral.
Siddha:yogi que atingiu a realizao ou perfeio espiritual. Siddhis: significa perfeio, e refere-se aos poderes de clarividncia, clariaudincia,
levitao, etc.
Sivananda: (1887 1944) mestre de yoga contemporneo e fundador da LifeDivine Society e de alguns ashramsna ndia (Rishkesh, Trivandrum, etc.). Autor de
diversos livros sobre yoga.
Smrti: vem da raiz smr, que significa lembrar, aquilo que foi lembrado, oumemorizado. Refere-se tradio ecrita e seu objetivo preservar o ensinamento
vdico. composto de: Shastras, Puranas, Itihasas, Agamas e Darshanas.
Surya Namaskar: significa saudao ao sol. composto da seqncia de dozeposturas (asanas).
Sutra: significa cordo, aforismo. um verso conciso e enigmtico que aparece emgrande parte dos textos filosficos do hindusmo.
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Svadhyaya: significa Auto-estudo e estudo das escrituras. Um dos cinco nyamas,isto , observncias ou deveres apresentados no Yoga Sutra de Patanjali.
Swami: significa mestre de si prprio, ou ainda, aquele que percebeu todo seupotencial. um ttulo recebido por iniciao quando outro swami cr que seu
discpulo merea. Corresponde ao dia a dia da vida de um renunciante que vive de
acordo com os princpios do yoga e do vedanta.
Swamiji: forma carinhosa de chamar um swami.T
Tabla: instrumento musical de percusso, muito tocado na ndia. Tamas: significa escurido, imobilidade, inrcia. Uma das trs gunas. Tamsico: inerte, parado, que possui a natureza de tamas. Tantra: o nome de um movimento filosfico e cultural embasada no yoga e no
Samkhya.
Tapas: refere-se ascese, auto-superao, ao esforo sobre si prprio. Um doscinco nyamas, isto , observncias ou deveres apresentados no Yoga Sutra de
Patanjali.
Tattwa: significa enumerao. aplicado no sentido de enumerar as qualidades,partes, composio de algo.
Tcha: ch indiano feito com uma mistura de vrias especiarias e leite. Thirta: significa peregrinao.
U
Upanishads: so obras hindus sagradas, em nmero de 108. Literalmente significasentado aos ps do mestre.
V
Vaishnava: devoto de Vishnu. Vedanta: uma combinao de duas palavras: Vedaque significa conhecimento e
antaque significa a parte finalou a essnciados Vedas.Trata-se de uma filosofia
presente na parte dos Vedas. Umas das seis escolas filosficas ou darshanas da
ndia.
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Vedas:significa aquilo que foi visto. a forma de literatura mais antiga da ndia etalvez da humanidade. So textos em snscrito que foram revelados e constituem a
base da tradio hindu.
Vipassana:Pasyasignifica ver e vipsignifica especial, ou seja, ver de uma maneiraespecial; ver as coisas como elas realmente so. Refere-se uma tcnica meditativa.
Vishnu:o todo penetrante; um dos deuses da trindade hindu, aquele responsvelpela conservao e sustentao da criao.
Vivekananda: (1862-1902) Mestre contemporneo de Jnana Yoga, e discpulo deRamakrishna.
Vrtti:significa turbilho. Refere-se s modificaes da mente.Y
Yamas:controle, domnio. Refere-se s restries presentes no cdigo de tica doyoga. o primeiro passo doAshtanga Yoga de Patanjali.
Yantra:significa instrumento ou suporte e so formas geomtricas que representamsimbolicamente algum aspecto divino ou alguma divindade.
Yoga:significa unio. Umas das seis escolas filosficas ou darshanas da ndia. Yoga Sutras: obra atribuda a Patanjali, e composta de 196 aforismos que
sistematizam o yoga.
Yogi: praticante avanado de yoga. Nesta tese refere-se todos os praticantes deyoga, tanto homens como mulheres, embora o termo yogini seja mais adequado
para designar praticantes do sexo feminino.
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LISTASLISTASLISTASLISTASLISTA DE QUADROSQuadro 1: Pirmide alimentar vegetariana para orientao da dieta dosyogis. ................. 126Quadro 2: Modelo terico de trajetria de Corbin e Strauss (1991) .................................. 174Quadro 3: Adaptao do modelo terico de Corbin e Strauss (1991). ............................... 184Quadro 4: Tabela sobre o perfil dos entrevistados ............................................................. 191Quadro 5: Tabela de identificao dos entrevistados. ........................................................ 193Quadro 6: Definio do yoga em palavras e imagens . ...................................................... 241LISTA DE FIGURASFigura 1 - Vedas, escrituras sagradas hindus ........................................................................ 12Figura 2 Selo de Pashupati, considerado uma das representaes de Shiva. .................... 14Figura 3 Diviso da Literatura Sagrada Hindu. ................................................................. 17Figura 4 - rvore do Yoga publicada pela Revista Super Interessante. ............................... 26Figura 5 Representao dos oito passos doAshtanga Yoga de Patanjali......................... 38Figura 6 Representao dos chakras. ................................................................................ 44Figura 7 - Mapa da ndia: em destaque alguns dos pontos da minha peregrinao. ............ 64Figura 8 - Estao de trem em Haridwar. ............................................................................. 68Figura 9 Alimentao no ashram ....................................................................................... 70Figura 10 O rio Ganges ..................................................................................................... 71Figura 11 Pujadas crianas do Parmath Ashram. ............................................................ 72Figura 12 Meditao no rio Ganges. ................................................................................. 74Figura 13 Sada da caverna onde Vashishtameditou. ....................................................... 75Figura 14 Confluncia do rio Alaknanda e Bhagirati, uma das origens do Ganges. ......... 76Figura 15 Peregrinao de Gaurikund at Kedarnath (15 km de subida). ......................... 78Figura 16 Local onde meditamos nos Himalayas em Kedarnath. ..................................... 79Figura 17 Os peregrinos. ................................................................................................... 80Figura 18 Templo de Hanuman em Kedarnath (Himalayas). ............................................ 82Figura 19 - Almoo oferecido aos sadhus............................................................................ 83Figura 20 - Uma vaca numa loja: animal sagrado para os hindus. ....................................... 85Figura 21 Rio Ganges em Varanasi. .................................................................................. 86Figura 22 - Meus ps em contato com a gua do rio Ganges em Varanasi. ......................... 87Figura 23 Eu com trajes indianos (sri) e o Taj Mahal ao fundo. ..................................... 88Figura 24 - Imagem de Shiva nas margens do rio Ganges. .................................................. 90Figura 25 - Yogisnas margens do rio Ganges. ..................................................................... 96Figura 26 Imagem de algunsyantras na sala de yoga. ...................................................... 98Figura 27 Padmasanaou postura de ltus e os nadis (canais de energia do corpo) ....... 103Figura 28 - Uma das praias do rio Ganges em Rishkesh. ................................................... 108Figura 29 - Runas do ashram de Maharish Mahesh em Rishkesh. .................................... 109Figura 30 - SVYASA University. ....................................................................................... 121Figura 31- Prtica de Yogasana pela manh. ..................................................................... 124Figura 32 Alunos e instrutores do curso de formao de professores de yoga. .............. 128Figura 33 - Entrada do Templo de Satya Sai Baba............................................................. 141Figura 34 Devotos meditando na prainha do ashramda Amma. ..................................... 149
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SUMRIOSUMRIOSUMRIOSUMRIORESUMORESUMORESUMORESUMO....................................................................................................................... xi
ABSTRACTABSTRACTABSTRACTABSTRACT................................................................................................................. xii
GLOSSRIOGLOSSRIOGLOSSRIOGLOSSRIO.............................................................................................................. xiii
LISTASLISTASLISTASLISTAS....................................................................................................................... xxv
INTRODUOINTRODUOINTRODUOINTRODUO........................................................................................................... 1
IIII - YOGA E HISTRIA: A VIAGEM NO TEMPOYOGA E HISTRIA: A VIAGEM NO TEMPOYOGA E HISTRIA: A VIAGEM NO TEMPOYOGA E HISTRIA: A VIAGEM NO TEMPO........................................... 71111 ---- O QUE YOGA?O QUE YOGA?O QUE YOGA?O QUE YOGA?................................................................................................. 7
1.11.11.11.1 Cambaleando pelas origensCambaleando pelas origensCambaleando pelas origensCambaleando pelas origens 1.21.21.21.2 Diferentes caminhos e um nico destinoDiferentes caminhos e um nico destinoDiferentes caminhos e um nico destinoDiferentes caminhos e um nico destino 1.31.31.31.3 O caminho do Ashtanga Yoga de Patanjali.O caminho do Ashtanga Yoga de Patanjali.O caminho do Ashtanga Yoga de Patanjali.O caminho do Ashtanga Yoga de Patanjali. 1.41.41.41.4 A seA seA seA senda do Hatha Yoga.nda do Hatha Yoga.nda do Hatha Yoga.nda do Hatha Yoga.
1.4.1 Outras trilhas 1.51.51.51.5 Mapeando alguns dos passos do yoga no Ocidente.Mapeando alguns dos passos do yoga no Ocidente.Mapeando alguns dos passos do yoga no Ocidente.Mapeando alguns dos passos do yoga no Ocidente. 1.61.61.61.6
Ampliar o olhar para contemplar o caminhoAmpliar o olhar para contemplar o caminhoAmpliar o olhar para contemplar o caminhoAmpliar o olhar para contemplar o caminho
IIIIIIII-YOGA E NDIA: A PEREGRINAOYOGA E NDIA: A PEREGRINAOYOGA E NDIA: A PEREGRINAOYOGA E NDIA: A PEREGRINAO......................................................... 571111 ---- VIAGEM NDIAVIAGEM NDIAVIAGEM NDIAVIAGEM NDIA........................................................................................... 58
1.11.11.11.1 PreparaoPreparaoPreparaoPreparao 1.21.21.21.2 Com o grupo do Brasil: reconhecimento da Terra MeCom o grupo do Brasil: reconhecimento da Terra MeCom o grupo do Brasil: reconhecimento da Terra MeCom o grupo do Brasil: reconhecimento da Terra Me 1.31.31.31.3 No ashram do Dayananda: sussurros de um Rio SagradoNo ashram do Dayananda: sussurros de um Rio SagradoNo ashram do Dayananda: sussurros de um Rio SagradoNo ashram do Dayananda: sussurros de um Rio Sagrado
1.3.1 - O curso de Iyengar Yoga 1.41.41.41.4 O mergulho no yoga: PolaridadO mergulho no yoga: PolaridadO mergulho no yoga: PolaridadO mergulho no yoga: Polaridade X Unidade.e X Unidade.e X Unidade.e X Unidade. 1.51.51.51.5 A presena do yoga nas ruas e no trem.A presena do yoga nas ruas e no trem.A presena do yoga nas ruas e no trem.A presena do yoga nas ruas e no trem. 1.61.61.61.6 Formao oficial em yoga: tenso X conhecimento.Formao oficial em yoga: tenso X conhecimento.Formao oficial em yoga: tenso X conhecimento.Formao oficial em yoga: tenso X conhecimento. 1.71.71.71.7 Vipassana: Eu e o silncioVipassana: Eu e o silncioVipassana: Eu e o silncioVipassana: Eu e o silncio 1.81.81.81.8 No ashram do Swami Sivananda: Yoga VacationNo ashram do Swami Sivananda: Yoga VacationNo ashram do Swami Sivananda: Yoga VacationNo ashram do Swami Sivananda: Yoga Vacation 1.91.91.91.9 Seguindo os passos dos gurusSeguindo os passos dos gurusSeguindo os passos dos gurusSeguindo os passos dos gurus
1.9.1 Satya Sai Baba
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xxvii
1.9.2 Amma, a Me do abrao 1.9.3 Paramahansa Nithyananda 1.9.4 O Yoga de Jesus
2222 ---- YOGA E NDIA:YOGA E NDIA:YOGA E NDIA:YOGA E NDIA: REFLEXES SOBRE O CAMINHO PEREFLEXES SOBRE O CAMINHO PEREFLEXES SOBRE O CAMINHO PEREFLEXES SOBRE O CAMINHO PERCORRIDORCORRIDORCORRIDORCORRIDO. 1602.12.12.12.1 ndia e eu: em busca da bemndia e eu: em busca da bemndia e eu: em busca da bemndia e eu: em busca da bem----aventuranaaventuranaaventuranaaventurana
IIIIIIIIIIII- YOGA E CAMPINAS: DESVENDANDO CAMINHOSYOGA E CAMPINAS: DESVENDANDO CAMINHOSYOGA E CAMPINAS: DESVENDANDO CAMINHOSYOGA E CAMPINAS: DESVENDANDO CAMINHOS........................ 1691111 ---- O CONCEITO DE TRAJETRIA DE CORBIN E STRAUSSO CONCEITO DE TRAJETRIA DE CORBIN E STRAUSSO CONCEITO DE TRAJETRIA DE CORBIN E STRAUSSO CONCEITO DE TRAJETRIA DE CORBIN E STRAUSS........... 171
1.11.11.11.1 A utilizao do modelo original por outros autoresA utilizao do modelo original por outros autoresA utilizao do modelo original por outros autoresA utilizao do modelo original por outros autores 1.21.21.21.2 A construo de um novo modeloA construo de um novo modeloA construo de um novo modeloA construo de um novo modelo
2222 ---- ROTEIRO TRAADOROTEIRO TRAADOROTEIRO TRAADOROTEIRO TRAADO.................................................................................. 1863333 ---- OS CAMINHANTESOS CAMINHANTESOS CAMINHANTESOS CAMINHANTES....................................................................................... 1904444 ---- SEGUINDO AS PEGADASSEGUINDO AS PEGADASSEGUINDO AS PEGADASSEGUINDO AS PEGADAS........................................................................... 194
4.14.14.14.1 Ponto de partidaPonto de partidaPonto de partidaPonto de partida 4.24.24.24.2 MotivaoMotivaoMotivaoMotivao 4.34.34.34.3 Primeiros passosPrimeiros passosPrimeiros passosPrimeiros passos 4.44.44.44.4 OscilaesOscilaesOscilaesOscilaes 4.54.54.54.5 PaisagensPaisagensPaisagensPaisagens 4.64.64.64.6 Singularidades do caminhoSingularidades do caminhoSingularidades do caminhoSingularidades do caminho
4.6.1 A aula de Hatha Yoga 4.6.2 Sadhana 4.6.3 Yoga e Sade 4.6.4 Meditao 4.6.5 A falta de regulamentao da profisso 4.6.6 Espiritualidade
5555 ---- REFLEXES, PALAVRAS E IMAGENSREFLEXES, PALAVRAS E IMAGENSREFLEXES, PALAVRAS E IMAGENSREFLEXES, PALAVRAS E IMAGENS.................................................... 239
CONSIDERAES FINAISCONSIDERAES FINAISCONSIDERAES FINAISCONSIDERAES FINAIS................................................................................ 243
REFERNCIAS BIBLIOGRFICASREFERNCIAS BIBLIOGRFICASREFERNCIAS BIBLIOGRFICASREFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................. 253
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IIIINTRODUONTRODUONTRODUONTRODUODiga-me e eu esquecerei. Mostre-me e eu talvezlembre. Envolva-me e ento eu aprenderei.Confcio
Atha yoga nusasanam. Esta frase em snscrito pode ser traduzida como: agora
comea o yoga. Este o primeiro aforismo da primeira parte dos Yoga Sutras de Patanjali
(FEUERSTEIN, 2006). Patanjali foi um sbio hindu que viveu em algum momento entre
200 a.C. e 200 d.C e ficou conhecido por ter compilado toda tradio do conhecimento oral
do yoga no tratado escrito acima referido. Entretanto, a literatura vdica sugere que o yoga
bem anterior aos Yoga Sutras de Patanjali.
O termo yoga no novidade, entretanto, sua presena no ambiente acadmico
ainda restrita. A prtica do yoga no Brasil2cresceu muito nas ltimas dcadas mas poucas
pesquisas acadmicas foram realizadas sobre este tema. O yoga filho da cultura oriental
onde nasceu como uma prtica filosfica. Subdivide-se em vrios ramos,3e no Ocidente o
Hatha Yoga4 o ramo mais amplamente divulgado. Aquela prtica que comumente
chamamos de yoga no Brasil, na verdade na maior parte da vezes o hatha, a abordagem
fsica desta filosofia.
Meu encontro com yoga aconteceu por acaso. Fui acompanhar uma amiga numa
aula experimental deHatha Yogae me apaixonei. Aps alguns poucos meses de prtica eu
j estava matriculada em um curso de formao e dois anos depois comecei a dar aula de
hatha paralelamente outra atividade profissional. Eu no tinha dvidas que o yoga era
meu caminho, mas o processo de ruptura com minha ocupao anterior foi longo e
doloroso, tanto que adoeci. Depois de testar diferentes tratamentos mdicos e teraputicos
que no surtiram efeito, felizmente o processo de cura foi iniciado atravs de uma cinciairm do yoga, a medicina ayurvdica, e tambm da prtica do hatha. Desde ento o yoga
passou cada dia mais a integrar minha rotina transformando-se em profisso, postura de
2Informaes sobre a histria do yoga no Brasil sero apresentados no primeiro captulo.3A descrio dos diferentes ramos ser feita nos prximos captulos.4E tambm as ramificaes que surgiram a partir deste.
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vida e tema de pesquisa. Representa hoje o caminho que eu escolhi trilhar, e sobre a
experincia do yoga como caminho que este estudo se ocupa.
Antes de indicar o caminho percorrido nesta pesquisa parece relevante destacar uma
de suas particularidades. evidente que qualquer pesquisa acadmica exige que o
pesquisador se debruce sobre o assunto escolhido para que possa compreend-lo.
Entretanto, este objeto de estudo parece exigir um envolvimento ainda maior, j que o yoga
surge como prxis5: uma filosofia nascida da experincia. Partindo do pressuposto que
somente ao fazer uma reflexo aproximada do universo do yoga poder-se-ia alcanar a
compreenso profunda deste tema, procurou-se nesse estudo respeitar sua qualidade de
prxis. Assim, para refletir sobre o caminho do yoga foram privilegiadas a experincia da
pesquisadora durante uma peregrinao ndia somada a vivncia de doze professores deyoga da cidade de Campinas.
A proposta deste estudo no foi demonstrar os efeitos da prtica do yoga, nem listar
os benefcios que este proporciona aos seus adeptos. No era a inteno deste estudo
investigar a origem histrica desta filosofia e nem apontar a prtica do yoga como uma
panacia. No entanto foi feita uma breve discusso sobre estes assuntos ao longo do texto.
A motivao inicial para realizao dessa pesquisa nasceu da necessidade de entender o
significado de praticar yoga e, embora tal meta possa parecer simples, no . Para entend-
lo muitos vieses eram possveis, mas optou-se pela compreenso proveniente da narrativa
de pessoas que vivem e ensinam yoga diariamente: os professores de yoga.
O objetivo dessa pesquisa foi investigar a trajetria de doze profissionais de yoga e
as implicaes desta escolha na vida destes sujeitos, tendo como norte a trajetria da
prpria pesquisadora no caminho do yoga. Vale alertar o leitor que este texto sinaliza o
rompimento das fronteiras entre os papis de professora, praticante e pesquisadora de yoga.
Talvez eu pudesse pesquisar o yoga como algum que est distante dele, mas isso no teria
sido possvel; talvez pudesse tambm mesmo conhecendo-o por dentro usar uma capa
5Prxis entendida como uma ao que no separa a teoria da prtica, so indissociveis; refere-se aoexerccio e a aplicao de uma teoria/filosofia no dia a dia.
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cientfica com fins de conhec-lo, mas isto teria sido artificial; preferi, contudo, outra via:
a de experenci-lo como algum de dentro, tentar conhec-lo e explorar ao mximo o que
s essa opo de anlise me ofereceria.
Geertz (2000) indica que existem dois tipos de experincia de pesquisa: uma
experincia prxima que se refere existncia de contato com as pessoas estudadas, e
uma experincia distante, que se apia no conceito dos especialistas e nos textos
cientficos. Segundo ele, a tarefa do pesquisador seria fazer a conexo entre esses conceitos
de experincia-prxima e experincia-distante. Deste modo, sem me situar no plo da
ingenuidade completa ou da abstrao desprovida da experincia, este texto representa uma
reflexo sobre outras trajetrias, que no deixa de ser tambm uma reflexo sobre a
trajetria da pesquisadora.
Com o intuito de investigar a trajetria dos profissionais de yoga em Campinas,
algumas indagaes nortearam este estudo: Como foi o primeiro contato destes
profissionais com yoga? Por que escolheram o yoga como profisso? Qual a formao
profissional e ocupao anterior deste professores? Como foi o processo de transio da
ocupao anterior para o trabalho com o yoga? Como foi o processo de formao
profissional em yoga, fizeram um curso ou so autodidatas? H quanto tempo do aula de
yoga? Eles seguem alguma linha? Qual yoga eles ensinam nas suas aulas? O que mudou na
vida destes a partir dessa escolha profissional? A prtica de yoga transformou os hbitos
dirios deles? Eles praticam meditao? Qual a relao deles com a espiritualidade? A
apropriao da prtica do yoga no Brasil est sustentada por seus princpios filosficos ou
reduzida apenas algumas de suas tcnicas?
Para responder a estas questes, e outras que surgiram no decorrer deste estudo,
percorremos um caminho histrico, pessoal coletivo-profissional, e convidamos o leitor a
caminhar conosco nas pginas seguintes. Para indicar os procedimentos metodolgicos
utilizados, este estudo apoia-se nas palavras de Minayo (2006) que explica que a construo
metodolgica abarca: uma discusso em funo do caminho do pensamento que o objeto
requer; uma apresentao de mtodos, tcnicas e instrumentos que devem ser utilizados
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para responder as indagaes da pesquisa; e a criatividade do pesquisador, em outras
palavras, sua marca pessoal na forma de articular os dados. Essa autora define metodologia
como o caminho do pensamento e o mtodo como o prprio processo de
desenvolvimento deste.
Assim sendo, optou-se pela utilizao de uma abordagem qualitativa de pesquisa
que busca compreender o fenmeno na sua profundidade, trabalhando com descries,
comparaes e interpretaes. A escolha pela metodologia qualitativa demonstra-se
oportuna porque permite uma anlise e uma interpretao profunda, descrevendo a
complexidade do comportamento humano. Minayo (2006) aponta que a vantagem deste
tipo de pesquisa que este responde a questes mais particulares e opera com significados,
motivaes, aspiraes, valores, crenas e atitudes, observando a realidade de formacomplexa e contextualizada. Segundo ela, tal abordagem visa compreender a lgica interna
de diferentes grupos em seus processos sociais e histricos: o universo das investigaes
qualitativas o cotidiano e as experincias do senso comum, interpretadas e reinterpretadas
pelos sujeitos que as vivenciam (MINAYO, 2006, p.24).
O mtodo escolhido para coleta de dados foi a entrevista semi-estruturada. A
entrevista , de acordo com Haguette (1997, p.86), um processo de interao social entre
duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obteno de
informaes por parte do outro, o entrevistado. Minayo (2006) ressalta que alm da fala, a
entrevista deve ser acompanhada e complementada por informaes provenientes de
observao participante. Para garantir a fidedignidade dos dados, as entrevistas foram
gravadas e depois de gravadas foram transcritas pela prpria pesquisadora, somando aos
dados da transcrio, o material que surgiu da observao. Aps a transcrio, foi feita a
anlise dos discursos com o auxlio de um modelo de anlise de trajetria construdo a
partir da reviso da literatura.
O ttulo Yoga: caminho sagrado refere-se adoo do yoga enquanto caminho e
representa uma maneira de viver a vida amparada por princpios tcnicos, filosficos, ticos
e espirituais. Para melhor refletirmos sobre este caminho, o texto foi dividido em trs
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partes. A primeira parte da jornada um convite a uma viagem no tempo, percorrendo o
percurso histrico desta tradio filosfica. Atravs da realizao de uma pesquisa
bibliogrfica, representa a tentativa de reconstituio de alguns dos passos do yoga desde
sua origem at os dias de hoje. Apresenta os oitos passos do yoga de Patanjali e indica os
diferentes caminhos que podem ser trilhados dentro desta senda, em especial o hatha yoga.
Aponta tambm alguns passos do yoga no Brasil. A reviso bibliogrfica realizada no teve
a inteno de ser demasiadamente profunda, porque narrar uma caminhada de alguns
milnios de idade com detalhes, por si s, constituir-se-ia numa tese completa. O intuito
deste passeio histrico foi situar o leitor em relao procedncia e a jornada percorrida
pelo yoga nestes milnios de vida, para que de posse deste conhecimento possamos melhor
compreender o yoga nos dias de hoje.
Aps percorrer os rastros histricos, a segunda parte do caminho foi trilhada na
ndia e convida o leitor a viver o yoga no momento presente atravs da narrativa das
experincias vividas. Retrata a imerso da pesquisadora no universo simblico do yoga,
narrando uma peregrinao pela terra me desta filosofia. Este captulo representa a ruptura
da idia de que existe um lugar acadmico e um pesquisador distante daquilo que ele
pesquisa. Retrata as vivncias provenientes do contato com esta filosofia e sua cultura
distinta: seu vocabulrio, seu modo de disciplinar o corpo e a mente, e seus rituais de
limpeza e purificao. As fotos inseridas nesta parte da jornada buscam promover uma
atmosfera contemplativa. Assim, a narrativa da viagem buscou oportunizar a compreenso
do yoga enquanto filosofia de vida, evidenciando o conjunto de prticas que fazem parte
deste universo, transformando a pesquisadora em um laboratrio experimental dos efeitos
dessa filosofia. Este mergulho proporcionou um novo olhar sobre o yoga que amparou o
olhar direcionado trajetria dos professores
A terceira parte do caminho narra a trajetria de doze professores de yoga da cidade
de Campinas. Conta como os professores foram escolhidos e toda elaborao e
desenvolvimento da pesquisa de campo, inclusive a construo de um modelo de anlise de
trajetria a partir de uma reviso sistemtica da literatura. Os professores de yoga
pertencem a um grupo profissional recente e pouco estudado, e nossa hiptese era de que
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esta profisso representava uma ruptura biogrfica na vida destas pessoas, modificando a
relao destas com elas mesmas, com suas famlias e com a sociedade. Esta parte da
jornada expe todo o percurso percorrido para realizao da pesquisa de campo e o que
dela brotou. Representa um chamado para uma reflexo sobre as implicaes desta escolha
profissional.
A ltima parte do caminho composta pelas consideraes finais, momento no qual
recuperou-se os aspectos mais marcantes desta caminhada histrica, pessoal e coletivo-
profissional pela senda do yoga. Trata do desafio de traduzir em palavras a experincia de
viver yoga, j que os conceitos desta abordagem filosfica so eminentemente prticos e se
baseiam muitas vezes em experincias extra-ordinrias. Mais que concluses, esta parte
da jornada apresenta inquietaes.
Antes de finalizar esta parte introdutria, parece relevante recuperar o ttulo deste
estudo: Yoga: caminho sagrado. Yoga foi o caminho escolhido para ser trilhado, mas
onde est o sagrado? Qualquer tentativa de explicao breve sobre tal termo seria estril.
Para tentar compreender o aspecto sagrado deste caminho, convidamos o leitor a entregar-
se leitura das pginas que seguem. Boa caminhada.Namaste6.
6Namastepode ser tanto um cumprimento formal, cultural ou um ato de devoo. Vem do snscrito esignifica: minhas saudaes ou reverncia a voc.Namahatambm pode ser interpretado como na ma(no meu). Tem um significado espiritual de negao ou reduo do prprio ego na presena do outro. Osignificado espiritual a divindade, o Self ou o Senhor em mim o mesmo em todos. Reconhecendo estaunidade com o encontro das palmas das mos, saudamos com a cabea curvada Divindade na pessoa queencontramos.Retirado do site: http://oppositeextremes.blogspot.com/2011/04/por-que-falamos-namaste.html, em junho de2011.
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IIII - YOGA E HISTRIA: A VIAGEM NO TEMPOYOGA E HISTRIA: A VIAGEM NO TEMPOYOGA E HISTRIA: A VIAGEM NO TEMPOYOGA E HISTRIA: A VIAGEM NO TEMPO1111 ---- O QUE YOGA?O QUE YOGA?O QUE YOGA?O QUE YOGA?
Om Gam Ganapataye Namah7Mantra hindu
Yoga uma palavra masculina que provm da raiz snscrita yuj8 e pode ser
compreendida como unio, juno, integrao e conexo. Como qualquer outra palavra,
assume significados diferentes de acordo com o contexto em que empregada. Pode ser
entendido como a unio da alma individual com o Absoluto (Deus) e tambm como um
estilo de vida apoiado numa concepo filosfica e permeado por um conjunto de tcnicas
que conduzem o praticante a este estado de integrao e conexo. Miranda (1979, p. 16)define yoga como um mtodo integral que (...) atinge, convoca, harmoniza, equilibra e
aperfeioa todas as partes componentes do Ser. Yoga representa tanto o caminho como o
destino a ser alcanado: tcnica, filosofia e tambm um estado, uma meta. Como uma
jornada de autoconhecimento oferece orientao e princpios prticos para que a unio do
ser com sua prpria conscincia espiritual acontea. Packer (2009, p.22) destaca que:
Se h necessidade desta re-ligao porque nos encontramos separados da Fonteltima, o Absoluto. Encontramo-nos num estado de dualidade, imersos na
identificao com aquilo que aparentamos ser, nossa personalidade. O Yoganos prope o caminho de volta, de unio, de reintegrao com o Princpio Criadordentro e fora de ns mesmos (grifo meu).
A autora afirma que esse olhar direcionado para dentro somado sada da
conscincia do estado de dualidade em busca da unidade diminui o espao entre o ego e o
Eu Superior, e recebe o nome de yoga. Como destino, yoga representa o alcance do estado
de unidade com o Absoluto conhecido como samadhi que a conscincia da nossa
realidade imutvel:
7Os termos em ingls e em snscrito desta tese so destacados em itlico. A traduo de tais termos est nodecorrer do texto ou nas notas de rodaps. No caso dos termos em snscrito, existe tambm um glossrio. OmGam Ganapataye Namah um mantra de invocao Divindade Ganesha, aquele que o responsvel pelaremoo dos obstculos do caminho. Ganesha tambm a divindade de proteo dos artistas e escritores,sendo ele prprio reconhecido como o escritor de um grande pico hindu, o Mahabharata, ditado pelo sbioVyasa, e que abordaremos ao longo deste captulo.8Significa: unir, juntar, integrar, atar.
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A conceituao bsica do yoga que o homem, de origem e destino divinos, temDeus dentro de si, sendo intil estar a procur-Lo fora sem que tenha antes Oencontrado nas profundezas do prprio Ser (MIRANDA, 1979, p.16).
Patanjali, famoso sbio hindu, no seu segundo Yoga Sutra9afirma que Yogah citta
vrtti nirodhah: Yoga a suspenso dos processos mentais (HENRIQUES, 1984, p. 92).
Cittarefere-se mente ou conhecimento, e vrttiao modo de existir, de ser, portanto, citta
vrttipode ser entendido como modo de ser do mental ou processos mentais. Nirodhah
represso, suspenso, controle e inibio, e yogah a unio, o estado de xtase atingido
pela diminuio dos pensamentos, mas tambm o caminho, a disciplina que nos leva a esse
estado. Assim tanto meio quanto fim. Como tcnica o yoga ensina que embora os
pensamentos ainda existam, eles no se confundem mais com o Ser, e assim as pausasocasionais dos pensamentos podem levar o praticante ao entendimento da realidade atravs
do estado de yoga: a conexo do intelecto pessoal com a inteligncia universal, com Deus.
Neste primeiro captulo, o intuito ajudar o leitor a visualizar a trajetria do yoga
desde suas origens. Para isso, apresentamos a sntese de alguns conceitos e princpios
fundamentais que envolvem esta abordagem filosfica, destacando tambm alguns dos
caminhos possveis de serem seguidos, oferecendo uma ateno especial aohatha, ramo do
yoga mais divulgado no Ocidente. Atravs de um passeio histrico, procuramos demonstrar
alguns dos primeiros passos dados pelo yoga no Brasil e finalizamos o captulo, convidando
o leitor a ampliar o olhar para contemplar o caminho do yoga. O desenvolvimento do texto
deste primeiro captulo esbarra na falta de consonncia em relao s origens e conceitos
que envolvem o yoga e aos limites que surgem da tentativa de entender de forma cognitiva
uma filosofia que essencialmente vivencial. Devido a estes fatores, sugerimos que a
trajetria do yoga seja apreciada no apenas pela mente racional, mas tambm pelo corao
e por todo seu ser.
9Tratado de yoga que ser explicado posteriormente.
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1.11.11.11.1 Cambaleando pelas origensCambaleando pelas origensCambaleando pelas origensCambaleando pelas origensEu mesmo revelei este yoga imutvel a Vivasvat.Vivasvat comunicou-o a Manu e Manu anunciou-o aIkshvaku. Transmitido assim de um a outro, os rgiosvidentes o aprenderam. Bhagavad Gita104: I-2
A caminhada pelas origens do yoga comea com as palavras de Gulmini (in ROJO,
2006, p.23) que compara o yoga a um velho sbio que vindo de terras distantes torna-se
nosso vizinho:
, ao mesmo tempo, esquisito em seus trajes e admirvel em seus gestos; atrai-noscom sua serenidade de quem j sabe as respostas, mas ao mesmo tempo no defalar muito; e quando fala, s vezes fala em outra lngua.
A autora acrescenta que o velho sbio foi gerado, criado e educado num outro
mundo, muito diferente do nosso e do qual pouco sabemos. Entretanto, afirma que todos
que tm o prazer de conhecer este simptico velhinho saem por a falando muito bem dele.
Parece que ele tem o poder de melhorar a vida das pessoas que convivem com ele
(ibidem). A linguagem metafrica da autora ilustra muito bem com o que nos deparamos ao
adentrar no universo do yoga, e nos ajuda na tentativa de acompanhar sua histria.Escrever
sobre a origem do yoga um assunto polmico, porque a maioria dos autores e estudiosos
no possui uma opinio em comum sobre sua procedncia, nem mesmo em relao s
datas. Kupfer (2000, p.11) declara que
rdua tarefa seguir a pista do Yoga ao longo do tempo, j que ele certamentemuito mais antigo que todos os registros que dele se conhecem. Falar sobre as suasorigens to difcil quanto tentar explicar a origem do prprio homem.
Para entender a trajetria do yoga, o autor sugere que precisamos situar o contexto
histrico em que este surgiu e ainda mais, nos aventuramos pela histria da ndia antiga,
pois segundo ele a Histria do Yoga est ligada Histria da ndia, como unha e carne
(op. cit., p.12). Feuerstein (2006) se refere ndia como o bero da civilizao urbana ecriadora de cincia e de elementos que ainda hoje integram nosso cotidiano, e cita o yoga
como um fssil vivente, uma modalidade de espiritualidade arcaica. Kupfer (op. cit.)
destaca que o carter de oralidade dessa tradio filosfica (parampara) permitiu que o
10Trecho do dilogo entre Krishna e Arjuna sobre a origem do yoga, presente no Bhagavad Gita, pico hindu.
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yoga sobrevivesse ao longo do tempo, apesar de fatores como a perda de documentos
importantes e a dificuldade de localizar cronologicamente as personalidades histricas.
A aventura pelas origens do yoga, por si s, apresenta material suficiente para outro
tema de doutorado, e no objetivo deste estudo narrar com detalhes a histria do yoga e
muito menos argumentar sobre as diferentes hipteses existentes em relao a tais razes. A
inteno apenas informar o leitor que ainda hoje existe uma polmica em relao
procedncia do yoga. Interessante notar que, apesar da palavra yoga significar unio, parece
existir tambm uma falta de unio entre os diversos grupos e modalidades de yoga. Uma
complexidade de motivos pode compor este cenrio, mas talvez parte desta divergncia
possa ter explicao na polmica existente em torno destas origens, pois nada consenso
quando se trata da estirpe da filosofia do yoga.
Indianos defendem a nacionalidade do yoga enquanto ocidentais aventuram-se a
elaborar teorias que tentam provar que o yoga no se originou na ndia, e sim foi levado
para l pelos arianos:
O que a tese da invaso ariana sustenta, in brief, que tribos nmades brbaras,provindas da estepe eurasiana, teriam penetrado por volta de 1500 a.C. pelonoroeste da ndia, arrasando a civilizao que a estava, escravizando os aborgenese fazendo a cultura local regredir a formas larvais durante mais de mil anos(KUPFER, 2000, p. 89)
Segundo este autor, aceitar a teoria da invaso, aquela que em geral aparece nos
livros de histria, acolher a idia de que os Vedas, a literatura mais importante da ndia,
teria sido elaborada por estes invasores e no por indianos. Esta hiptese arguida, entre
outros fatores, pela descoberta de achados arqueolgicos recentes, que ligam a origem dos
Vedas, assim como do yoga, a uma civilizao que vivia no vale dos rios Indus e Sarawasti.
Tais vestgios sugerem que, muito antes dos invasores aparecerem por l, o yoga j erapraticado, assim como outras tcnicas avanadas que facilitavam a vida urbana. Siegel
(2010) enfatiza que a primeira disputa no campo do yoga comea j na sua origem, e cita
nomes de importantes sbios indianos que rejeitam a teoria da invaso ariana, alegando que
tal hiptese tem um cunho colonialista, para justificar o domnio britnico na ndia.
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Gulmini (in ROJO, 2006) na sua comparao metafrica do yoga com um velho
sbio, aponta que esperado que se tenha curiosidade de saber a data e o local do
nascimento do yoga, mas que o tal velhinho no se lembra, pois alguns fatos da sua vida
foram registrados, mas outros se perderam ao longo do tempo: A tradio de seu povo
costuma dizer que ele nunca foi nascido, nem morre de verdade (op. cit., p.24, grifo meu).
Os hindustas reconhecem o yoga como um presente de Deus:
Por um lado a Bhagavad Gita (IV: 1) afirma que o deus Vishnu o transmitiu aoshomens; por outro, e de acordo com as tradies paralelas, o deus Shiva adoradocomo senhor do yoga e transmissor desse conhecimento aos homens (GULMINI,2006, p.24).
A autora destaca que segundo a tradio da ndia, cada vez que o universo se
extingue, divindades assumem a forma humana para ensinar novamente o conhecimentoatemporal do yoga aos seres humanos. Neste estudo assumiu-se a verso da origem indiana
desta prtica e, embora haja diversos argumentos para embasar este posicionamento, no
compete a este estudo apresent-los neste momento. De qualquer forma, se algum dia for
comprovado que o yoga foi mesmo trazido por outros povos, no h como negar que foi na
ndia que tal filosofia encontrou o ambiente propcio para se desenvolver e ganhar o
mundo. Por isso, esta tese deteve-se na histria do yoga a partir da ndia para o mundo.
Kupfer (2000, p. 13) alerta que antes de narrar a trajetria do yoga devemos
considerar que ele prxis, pois os primeiros yogis no fizeram nada mais do que
reconhecer sua prpria natureza, e no momento que surgiram condies favorveis, eles
desenvolveram o yoga de maneira sistemtica. Segundo o autor, Esta prxis nasce do
inconformismo, da sede de transcender a misria existencial inerente a todo ser humano, e
de eliminar os intermedirios entre si prprio e o sagrado (op., cit., p. 14, grifo meu).
Feuerstein (2006) destaca que este desejo de transcender a condio humana e de ir alm da
personalidade uma aspirao to profunda e antiga quanto a humanidade.
De acordo com Kupfer (2000, p.15), o yoga surgiu bem antes das suas filosofias
especulativas: Primeiramente existiu o Yoga; depois, seus apoios filosficos, e, portanto,
o essencial do yoga a prtica. Segundo o autor, provvel que no incio algum tenha
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feito isto por intuio ou necessidade, e esse primeiro yogi recebe, junto a mitologia, o
nome de Shiva11. A fundamentao do yoga apareceria depois, com a necessidade deste
yogide explicar a sua vivncia ao seu primeiro discpulo: Nesse mesmo instante, surge
tambm o sistema de transmisso do conhecimento ou sucesso discipular, chamado
parampara (op., cit., p15). evidente, como aponta o autor, que durante o processo de
transmisso do yoga ao longo do tempo, novas tcnicas e experincias foram sendo
incorporadas fundamentao inicial, mas a essncia continua a mesma: a busca da
unidade, da unio do ser com Deus.
Pesquisar as razes do Yoga estudar as origens da cultura indiana e,
consequentemente dos Vedas, os mais antigos textos sagrados hindus escritos h alguns
milnios de anos12. Veda vem de ved que significa ver e refere-se aquilo que foi visto, aoconhecimento acumulado pelos seres humanos. Tais escrituras so a base da cultura indiana
e a mitologia sugere que os Vedasno tem idade certa, j que eles sempre existiram.
Figura 1 - Vedas, escrituras sagradas hindus13
11Kupfer explica que com o passar do tempo, Shivapassa a assumir muitos outros papeis na cosmogoniahindu.12Optou-se por evitar ao mximo o uso de datas cronolgicas j que estas no so consenso entre os diversosestudiosos da rea consultados. necessrio advertir o leitor que as poucas datas cronolgicas presentes aolongo do tempo devem ser consideradas como aproximaes das datas reais, e no como verdade absoluta.Destaca-se mais uma vez, que no objetivo deste estudo aprofundar-se nessa discusso histrica sobre aorigem do yoga.13Imagem retira do site http://swayamonline.com/veda.htm em maio de 2011.
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Kupfer (2000) sugere que os Vedasno so apenas a forma de literatura mais antiga
da ndia, mas tambm de toda da humanidade. Tais documentos sagrados no versam
apenas sobre religio, mas sobre todos os assuntos que envolvem uma sociedade e uma
cultura, como, por exemplo, a diviso do trabalho em diferentes categorias: brahmane: os
professores e estudiosos das escrituras; kshatrya: os administradores, defensores e
protetores do pas; vysya: os comerciantes, agricultores e protetores das vacas; sudhra: os
trabalhadores manuais e serviais. Os Vedas do suporte a toda tradio e cosmogonia
indiana, dando origem ao bramanismo, hindusmo, yoga, etc. Dividem-se em quatro
grandes textos:
Rig Veda: composto de oraes e versos; Yajur Veda: descreve os sacrifcios; Sama Veda: contm os mantras, a sabedoria das canes; Atharva Veda: trata da sabedoria dos atharvans,contm instrues sobre o cdigo
social de conduta, cerimnias, etc., e conhecido comoBrahma Veda.
Sugere-se que a procedncia dos Vedasesteja ligada quela civilizao que vivia s
margens do rioIndus e do extinto rioSaraswati. Tal civilizao teria vivido ao redor destes
rios entre 7000 a.C. e 3000 a.C. Segundo Kupfer (2000), estudos feitos a partir de imagensde satlites revelam que catstrofes meteorolgicas e geomorfolgicas podem ter abalado
tal civilizao, como inundaes sucessivas na bacia do rio Indus; uma seca de 300 anos
que teria esgotado o rio Saraswati; e transformaes de grande amplitude na crosta terrestre
na regio, devido a abalos ssmicos.
O autor destaca que muitos stios arqueolgicos foram encontrados ao longo do leito
seco do Saraswati, rio importantssimo no desenvolvimento da civilizao vdica:
Aparecem noRig Veda nada menos que sessenta menes a este rio (op. cit., p. 99). Tal
seca pode ter ocasionado a declinao urbana causando a emigrao destas populaes para
a plancie do rio Ganges. Kupfer (2000) sugere que para ns, o importante saber que esta
coletnea de hinos compostos pelos rishis, e chamada de Rig Veda, faz referncia a
algumas tcnicas do Yoga como: pranayamas, mantras, meditaes, assim como apresenta
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a descrio do corpo sutil e da kundalini, sobre os quais se baseiam a filosofia tantra
posteriormente: ORig Vedarespira Yoga em toda sua extenso (KUPFER, 2000, p. 25).
Figura 2 Selo dePashupati14, considerado uma das representaes de Shiva.
A histria do yoga pode ser dividida em diferentes perodos: Proto-Yoga; Yoga Pr-
Clssico; Yoga Clssico; Yoga Ps-Clssico; etc. O perodo correspondente ao Proto-Yoga, tambm chamado de perodo do yoga arcaico ou vdico, estaria ligado aos Vedase
aos fragmentos histricos encontrados durante escavaes como: pedras com gravuras e
estatuetas. Alm dos Vedas,as Upanishadsmerecem destaque na literatura sagrada hindu.
Upanishad significa sentar aos ps do mestre para ouvir seus ensinamentos, e
representam uma coleo de estudos filosfico-religiosos compostos pelos rishis ao redor
de 1900 a.C., mas que s foram fixados por escrito entre os sculos II a.C. e II d.C. Existem
108 textos localizados e publicados, e dentre eles os mais famosos: Isha, Kena, Prasdna,
Mundaka, Mandukya, Sitareya, Taittiriya, Chandogya, Brihad ranyaka, Maitr,
Yogatattwa, Svetasvatara e Katha, sendo que segundo Kupfer (2000), as quatro ltimas
14Selo descoberto em escavaes arqueolgicas nas runas de Moenjodaro e Harappa na ndia. Datado demeados de 2000 a.C., ilustra um ser em postura meditativa. Imagem copiada em abril de 2011 do site:http://pt.wikipedia.org/wiki/Asana
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tratam do Yoga. A diferena essencial apontada pelo autor entre o yoga dos Vedas e
Upanishads justamente o carter prtico que este assume. De acordo com Kupfer (2000),
os textos mais antigos so metafricos e no descrevem tanto as tcnicas, diferentes dos
mais novos que so descritivos e oferecem ao termo yoga uma conotao metodolgica. A
Katha Upanishad, por exemplo, apresenta uma linguagem simblica na qual o homem
visto como o cocheiro que precisa controlar uma carruagem puxada por cavalos:
Saiba que o Ser o passageiro; o corpo, a carruagem, que o intelecto o cocheiro, eque a mente so as rdeas. Os sentidos, dizem os sbios, so os cavalos; as estradaspor onde passam os labirintos do desejo. Quando todos os sentidos esto imveis,quando a mente est em repouso, quando o intelecto no treme esse, dizem ossbios, o estado mais elevado. Essa serenidade dos sentidos e da mente foidefinida como yoga. Aquele que a obtm liberta-se da iluso (PACKER, 2009, p.23).
Podemos perceber que nesta imagem: o corpo fsico aparece como a carruagem, a
conscincia como o condutor, a mente como as rdeas, e os cavalos como os cinco sentidos
e Se as rdeas estiverem frouxas ou o cocheiro desatento, (o homem) no chegar a seu
destino (KUPFER, 2000, p.31). Analisando estas citaes, podemos perceber que por trs
da linguagem metafrica existe a indicao da necessidade de tcnicas de controle do
corpo, da mente e dos sentidos para alcanar o estado de yoga.
Gulmini (in ROJO, 2006, p.24) explica que a anlise da etimologia da palavra yoga
em portugus, nos leva a palavra jugo do latim iungere, iugo, que so correlatos da raiz
snscritayuj: jungir, atrelar , e assim, Yoga tanto um jugo (um domnio que se exerce
sobre algo, como o controle do cavalo atrelado carroa), quanto uma juno (uma
unio, o atrelamento de uma coisa a outra). Kupfer (2000) tambm chama a ateno para o
significado da raizyuj, e sugere que o yoga, numa linguagem alegrica, pode ser entendido
como manter os cavalos sob controle, e assim controlar o prprio destino.
Tal metfora sugere que o Ser est alm do corpo, da mente, dos pensamentos, dos
sentidos e dos desejos, mas ao mesmo tempo todo este conjunto a forma como ele se
manifesta no mundo. Assim o Ser precisa estar desperto para informar ao cocheiro onde
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deseja ir e este por sua vez precisa controlar as rdeas que dirigem os cavalos. Apesar do
texto desta Upanishadno descrever tcnicas, ele bem elucidativo:
Quando os cinco sentidos e a mente esto parados, e a prpria razo descansa emsilncio, ento comea o caminho supremo. Esta firme calma dos sentidos chama-
se Yoga. Mas deve-se estar atento, pois o Yoga vem e vai. (KUPFER, 2000, p 31).
Kupfer (2000, p.101) releva o peso que as tradies orais tiveram na ndia como:
As primeiras Upanishads, Brahmanas e Aranyakas, textos sagrados onde seassentam as bases do Yoga, que, junto com os Vedas, formaram o corpo daliteratura revelada dos hindus, o Shruti: revelao.
Assim, alm dos Vedase Upanishads, o conhecimento sobre yoga provm tambm
destes outros textos. importante destacar o papel dos grandes picos, como Ramayana e oMahabharata, com o famoso Bhagavad Gita escrito por volta de 2000-1500 a.C. Estes
picos contm ensinamentos de Karma, Jnana e Bhakti yoga e caracterizam o segundo
perodo chamado de Yoga Pr-Clssico. Siegel (2010) aponta nos seus estudos que at os
dias de hoje estes textos do perodo Pr-Clssico fazem parte da formao dos yogis.
Durante entrevistas feitas com professores de yoga da cidade de So Paulo, ela observou a
importncia dessa literatura para formao destes profissionais, e um dos textos principais
do yoga Pr-Clssicocitado por eles foi o Bhagavad Gita.
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Figura 3 Diviso da Literatura Sagrada Hindu15.
Aps o momento pr-clssico, inaugurado o perodo do Yoga Clssico, o tempo
da literatura Smriti, que se refere memria. composta por textos que foram
memorizados ao longo dos milnios. Kupfer (2000) aponta que tal perodo foi marcado pela
definio do que ainda hoje a base do hindusmo e da moderna nao indiana:
O rio Ganges foi testemunha do surgimento dos cdigos de lei (dharma), o sistemade castas, os seis sistemas ortodoxos de filosofia (darshanas)e numerosos Shastras
(escrituras), como os Tantras, gamas e Samhitas, que deram incio ao perodochamado Smriti("memria") da tradio (op. cit., p. 101).
15Figura retirada do site: http://www.cao.pt/surya/js_29_1.htm em maio de 2011.
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Este perodo marcado tambm pelo Yoga Sutra de Patanjali, sbio conhecido
como pai do yoga. Apesar de receber tal ttulo, podemos notar, atravs da histria, que
Patanjali no criou o yoga, mas foi ele o responsvel por sua compilao:
Ele reuniu experincias e conhecimentos de outros praticantes e adaptou-os aosseus prprios, sistematizando suas instrues em duas partes, a primeira chamadaKryayoga, que seria o yoga preliminar, e a segunda parte chamada deAshtangaouyoga dos oitos membros (SIEGEL, 2010, p.26)
Alm do yoga, o hindusmo admite a existncia de outras cinco escolas filosficas
ou diferentes pontos de vistas para interpretar os Vedas (KALYAMA, 2009). Segundo
Kupfer (2000, p.42) os sistemas filosficos que explicam o sentido da existncia do ser
humano e do cosmos recebem o nome genrico de darshana. Drsh significa ver,
contemplar, compreender e refere-se a um ponto de vista, compreenso e viso, que temcomo meta libertar o ser da ignorncia. Assim, os darshanas em nmeros de seis so:
Nyaya Sutrade Gautama; Vaisheshika de Kanada; Samkhyade Kapila; Yoga de Patanjali; Purva Minansade Jaimini; Uttara Minansade Badarayana (mais conhecida como Vedanta)
Yoga adquire nesse perodo o status de escola filosfica, apresentando-se como um
dos seis darshanasortodoxos do hindusmo. Segundo Packer, o ponto em comum das seis
escolas so conceitos como: karma, reencarnao, dharma, imortalidade da alma e
libertao (moksa). O diferencial do yoga o fato de apresentar-se como um caminho que
busca atravs de princpios tcnicos reintegrar o ser ao Purusha, a unidade original.
Segundo Kupfer, seus ensinamentos so somente acessveis atravs da prxis: o yogi devepor sob o jugo seu corpo, sua psique e sua conscincia a fim de libertar o Purusha (2000,
p. 24, grifo meu). Para isso, o yoga apresenta tcnicas que exigem do yogi disciplina e
pacincia.
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Este autor agrupa as seis escolas em pares e alerta que Yoga e Samkhya so dois
caminhos de conhecimento complementares e no podem ser vistos de forma separada.
Segundo Feuerstein (2006) a filosofia Samkhyatrata da classificao dos vrios princpios
(tattwa) ou categorias da existncia. De acordo com Henriques (1984, p.55) o termo
Samkhyapode ser tomado em vrios sentidos:
Sua raiz tem a ver com a palavra "nmero", adquirindo a partir da o significado de"enumerao" e "classificao perfeita". A "classificao" aqui entendida deve ser acomplexa cosmogonia Samkhya, que toma o universo como o desenvolvimento devinte e quatro princpios. Todos estes princpios surgem de um dualismofundamental entre Purusha (esprito) e Prakriti (matria).
Embora alguns estudiosos apontem diferenas entre estas duas escolas, j que o
Samkhyapossui a priori uma abordagem filosfica atesta e o yoga no, Henriques (1984,
p.56) acredita que o Samkhya no completamente ateu. Segundo ele, nos textos mais
antigos a idia de Deus era contemplada. O Samkhya um sistema filosfico dualista que
foi fundado por Kapila e diferencia o Ser Espiritual (Purusha) da Natureza, matria
(Prakriti). A partir dessa diferenciao explica a criao do mundo e dos vinte e quatro
princpios (tattwa) que surgem:
Mahat(energia indiferenciada); Buddhi (intelecto, intuio); Ahamkara(ego); Manas(mente); Jnanndriyas(rgos dos sentidos): Shrotra Audio; Ghrana Olfato; Chakshu
Viso;Rasana Paladar; Sparshana Tato;
Karmendriyas (faculdades da ao): Vak voz; upashtha rgos reprodutores;Payu rgos excretores; Pani mos; Pada ps;
Tanmatras(aspectos dos elementos sutis): Shabda som; Gandha odor; Rupaforma ou cor;Rasa sabor; Sparsha toque;
Mahabhuta(cinco elementos mais densos): Akasha ter; Vayu ar; Agni fogo;Apas gua; Prithivi terra.
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O Samkhya oferece assim o complemento metafsico ao Yoga, que por ser
estritamente prtico, no possui uma cosmogonia prpria16. Kupfer (2000, p. 48) entende o
Yoga como a tcnica que permite percorrer o caminho contrrio do tattwa, pois parte do
denso (corpo fsico) para chegar ao sutil (Purusha): a libertao alcanada atravs do yoga
consiste em superar a identificao com oAhamkara(ego), reconhecendo o Purushacomo
sua prpria natureza.
Henriques (1984) aponta que a diferena fundamental que enquanto o Samkhya e
oVedantatm a percepo da verdade apoiada no discernimento (viveka), o Yoga apia-se
na experincia do xtase (samadhi), que segundo Kupfer (2000, p.43) consiste em: abolir a
conscincia profana em benefcio de outra conscincia superior (buddhi) e, atravs dela,
absorver-se no Purusha, o Si, Princpio Consciente. Apesar de qualquer diferena quepossa existir entre o Samkhyae o Yoga, consenso dos diversos autores que tais escolas se
completam mutuamente. No Mahabharata est escrito: "No h conhecimento como o
Samkhya, no h poder como o Yoga." (HENRIQUES, 1984, p.57). Assim, apesar da
presena do yoga nos Vedas, Upanishads e nos grandes picos, e do reconhecimento do
Samkhya como sua filosofia complementar, Patanjali reconhecido como o grande
compilador do yoga: o sbio responsvel por organizar todo conhecimento num nico
documento, chamado de Yoga Sutra17.
Entretanto, apesar dessa ligao entre Samkhya e Yoga, Kupfer (2000) sugere
tambm a influncia que o Vedanta, outra das escolas filosficas hindus, teve sobre o yoga,
principalmente com a expanso do mesmo durante o sculo VIII. Com uma viso no
dualista, esta escola percebe o mundo como o experimentamos como iluso (maya).
Discorre ainda sobre a existncia de um princpio espiritual real (Atman), e prope que o
segredo da libertao desvendar o vu de maya para realizar atman. Adi Shankaracharya,
o mestre mais conhecido desta filosofia, foi responsvel pela ressurreio do bramanismo,
16Apesar dessa diferena estrutural, as bases filosficas de ambos esto presentes noRig Veda. Henriques(1984) afirma que encontramos no Rig Veda, no Mahabharata, e nos Upanishads o fundo comum queoriginou os trs principais sistemas ortodoxos: o Samkhya, o Yoga e o Vedanta.17O Yoga Sutrade Patanjali ser explicado melhor no tem 3: Indicando alguns conceitos.
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criando a ordem do swamis. Kupfer acredita que a influncia desta escola deu uma
colorao ainda mais espiritualista para o yoga.
O perodo clssico marcado assim, por Patanjali, de quem no se sabe muito a
respeito, e especula-se que tenha vivido em algum momento entre o sculo II a.C. e sculo
II d. C. O Yoga Sutras,por ele sistematizado, composto de 196 aforismos e est dividido
em quatro captulos:
Samadhi Padaou caminho da iluminao composto por 51 aforismos sobre comoatingir samadhi, o estado de xtase atravs da concentrao da mente;
Sadhana Pada ou caminho da prtica composto por 55 aforismos sobre a via, ouseja, os meios para realizao de yoga;
Vibhuti Pada ou caminho dos poderes composto por 55 aforismos sobre ospoderes que provm da prtica do yoga;
Kaivalya Pada ou caminho da libertao composto por 34 aforismos sobre alibertao do ser.
A primeira parte do Yoga Sutras chamada de Krya Yogaou yoga preliminar. O
objetivo desta parte purificar o ser e para isso Patanjali sugere a prtica de: Tapas
(austeridades); Swadhyaya (auto-estudo); e Isvara Pranidhana (Entrega a Deus).18 A
segunda parte chamada de Ashtanga Yoga ou yoga dos oito membros e esse mtodo de
auto-realizao composto pelos seguintes passos:
Yamas tica, restries; Nyamas disciplina, deveres; Asanas posturas, domnio psicofsico; Pranayama - tcnicas respiratrias, domnio da energia vital ouprana; Pratyahara abstrao ou recolhimento dos sentidos; Dharana - concentrao; Dhyana - meditao;
18Explicarei melhor estas trs prticas posteriormente.
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Samadhi xtase; iluminao ou estado de supra conscincia.
Faremos uma breve pausa na reflexo sobre este Perodo Clssico, e
conseqentemente sobre o Ashtanga Yoga de Patanjali, para retom-los mais adiante.Retornando a trajetria do yoga, ao Perodo Clssico seguiu-se o Ps-Clssico
caracterizado por: textos tntricos (gamas, Tantras e Shastras); pelas Puranas
(enciclopdicas da sabedoria tradicional: como oBhagavata-Purana, Shiva Purana,etc.); e
por textos de Hatha Yoga (Hatha Yoga Pradipika, Gheranda Samhita e Shiva Samhita);
entre outros.
O Tantra caracteriza-se por um movimento filosfico de origem tambm
controversa. Segundo alguns historiadores ele ressurgiu por volta do sculo IV d.C.,
influenciando os modos de pensar e agir dos indianos, embora no tenha sido reconhecido
como uma filosofia ortodoxa hindu. Ele apresenta similaridades com a cosmogonia
Samkhya e baseia-se na unio dos opostos, atravs dos princpios Shiva e Shakti, que
poderamos comparar com Purusha e Prakriti.Juntamente com o Tantra ressurgem muitos
conceitos ligados a fisiologia sutil do ser, como chakras, nadise kundalini.
O Tantra foi um grande influenciador do Hatha, tanto que Kupfer (2000, p.52)
refere-se a esta linha do yoga como filho doTantra e explica: A partir da descoberta
do corpo (no Tantra), elabora-se uma srie de tecnologias (tcnicas) que se apiam nele
para alcanar o estado de transcendncia, transformando o corpo humano num
microcosmo, como sugere, de forma metafrica, o Gandhara Tantra:
Aqui mesmo (nesse corpo) esto o Ganges, Prayaga e Varanasi, o sol e a lua (isto, o masculino e o feminino) e os lugares sagrados... No existe outro lugar deperegrinao nem morada de felicidade semelhante ao meu corpo. Em verdade, o
yantra, que prprio corpo, o melhor de todos osyantras(KUPFER, 2000, p.33).
no perodo ps-clssico que o Hatha, o yoga mais conhecido no Ocidente,
aparece nas escrituras, e o esforo corporal torna-se um atalho para auto-realizao do Ser.
Siegel (2010) lembra-nos que durante o perodo do yoga clssico de Patanjali:
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(...) as posturas fsicas tinham o cunho mais meditativo e no h meno das muitase variadas posturas (asanas) que se conhecem hoje e que foram surgindoposteriormente, com o movimento dos Siddhas (realizados ou perfeitos).
As escolas consideradas as mais importantes do Hatha so as Nathas e
Maheshvaras, e o criador mtico desse ramo Goraksha Natha, que se supe ter vivido
entre os sculos IX e XII d.C., o que torna esta linha bem recente se comparada origem do
yoga. As obras mais importantes doHathasoHatha Pradipikaescrito por Svatmarama no
sculo XV, Shiva Samhitade autoria desconhecida e publicado por volta do sculo XVI e
Gheranda Samhita, que aborda os ensinamentos de Gheranda a um dos seus discpulos,
escrito no sculo XVII.
Aps esse perodo, alguns autores declaram a existncia do Perodo do YogaModerno. Siegel (2010) cita como exemplo desse perodo o Raja Yoga do Swami
Vivekananda, o Yoga Integral de Sri Aurobindo, entre outros. A autora sugere ainda a
existncia do Yoga Ps-Moderno, composto por subtipos do yoga, os quais excluem
elementos fundamentais da filosofia como, por exemplo, a supresso do sentido espiritual
da prtica e da observncia dos yamas e nyamas. Segundo ela, so desdobramentos do
yoga, mas no o yoga em si (SIEGEL, 2010, p.42).
Antes de finalizar a caminhada pelas origens do yoga, destaco a complexidade que
tratar das razes desta filosofia milenar, seja por sua ancestralidade, seja pelo carter de
oralidade dos seus primeiros textos, seja por disputas polticas ou nacionalistas. Espero que
este breve histrico tenha ajudado o leitor a situar o yoga como uma filosofia que j estava
presente nos Vedas, nas Upanishads, dentre outros antigos textos, e nos grandes picos,
como noMahabharata; e que posteriormente foi sintetizado e organizado por Patanjali nos
Yoga Sutras, tendo como base terica a filosofia Samkhya, mas sofrendo influncia
tambm, do Vedanta de Shankaracharya.
relevante lembrar que Patanjali no se ocupou em descrever postura alguma alm
de asanasmeditativos. O Hatha, aquele yoga que privilegia a dimenso psicofsica do ser
atravs da prtica das mais variadas posturas e tcnicas respiratrias, s apareceu bem mais
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tarde por influncia do Tantrismo, quando o corpo passou a ser visto como um atalho para
iluminao. Foram os siddhas(realizados