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artigo sobre as ressonâncias da arquitetura moderna na arquitetura contemporânea brasileira
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21/08/13 arquitextos 066.00: Ainda moderno? Arquitetura brasileira contemporânea (1) | vitruvius
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066.00 ano 06, nov 2005
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arquitextos ISSN 1809-6298
Ainda moderno? Arquitetura brasileira contemporânea (1)Lauro Cavalcanti e André Correa do Lago
como citar
CAVALCANTI, Lauro; DO LAGO, André Correa. Ainda moderno? Arquitetura
brasileira contemporânea. Arquitextos, São Paulo, 06.066, Vitruvius, nov
2005 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.066/404>.
Este livro, sobre a produção da arquitetura brasileira contemporânea, teve
como origem a exposição Encore moderne? Architecture brésilienne 1928-2005,
apresentada em Paris, no Palais de la Porte Dorée, sede do Instituto
Francês de Arquitetura. Concentrava-se a mostra em dois períodos da
arquitetura brasileira: as décadas de 1930 a 1960 – que tornaram a produção
066.00
sinopses
como citar
idiomas
original: português
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066
066.01
Eduardo Corona
Estudo de uma
Residência Unifamiliar,
1956
Ítalo Galeazzi
066.02
Atmosfera de tensão
Coop Himmelb(l)au e a
Academia de Belas Artes
de Munique (1)
Fredy Massad e Alicia
Guerrero Yeste
066.03
Operações Urbanas em
São Paulo: crítica,
plano e projeto
Parte 8 – Operação
urbana Água Branca,
revisão e proposição
(1)
José Magalhães Júnior
066.04
O ensino na primeira
escola de arquitetura
do Brasil
Cléo Alves Pinto de
Oliveira e Maini de
Oliveira Perpétuo
066.05
O imaginário do espaço:
a ferrovia em Santa
Maria, RS
Luiz Fernando da Silva
Mello
066.06
Cidade e arquitetura
contemporânea: uma
relação necessária
Eunice Helena
Sguizzardi Abascal
066.07
Sobrelevados
Instalação de Ana Holck
(1)
Roberto Conduru
jornal
notícias
agenda cultural
rabiscos
eventos
concursos
seleção
email do leitor
Filiação 1 – Casa Rio Bonito, Arquiteta Carla Juaçaba.
Foto Mario Fraga
2/20
em vitruvius
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do país mundialmente reconhecida – e obras e projetos recentes de jovens
arquitetos contemporâneos.
O objetivo era duplo: de um lado, revisitar o período “heróico” da
arquitetura brasileira, procurando mostrar a complexidade desse movimento,
muitas vezes visto de maneira simplificada, tendo como referência a
extraordinária figura de Oscar Niemeyer. De outro, identificar a relação da
nova geração de arquitetos com o legado dos “mestres” nacionais.
Ao contrário de alguns países nos quais grupos almejam cristalizar um
modernismo nostálgico e formalista, essa nova geração brasileira pratica o
que poderíamos chamar de um “modernismo em movimento”. Sem ilusões ou
desejo de recuperar um passado glorioso, sua releitura serve, apenas, de
base inicial para explorar novos contextos e experimentar novas combinações
e tecnologias.
A partir do pressuposto de que moderna é a arquitetura do período 1930 a
1960, e após examinar alguns dos principais projetos e realizações de
jovens arquitetos contemporâneos, o visitante poderia responder à pergunta:
encore moderne?
Um terceiro setor da mostra tratou da arquitetura anônima e popular que se
inspira no modernismo brasileiro. Esta produção vernacular, apresentada
através da projeção de fotos de Anna Mariani, Cristiano Mascaro e Lauro
Cavalcanti, demonstra a larga adesão que o projeto moderno teve nas
diversas camadas sociais e regiões do país. Não é exagero dizer que o
Brasil foi atingido por uma “epidemia moderna” que cobriu as periferias dos
grandes centros urbanos e alguns locais recônditos, como o sertão
nordestino, com reinterpretações da produção erudita em uma produção
telúrica e quase pictórica, como demonstram as magníficas fotos de Mariani.
Para complementar as informações básicas sobre períodos que não foram
cobertos pela exposição, incluímos uma cronologia geral da arquitetura
moderna brasileira com os principais projetos realizados no país entre 1928
– ano da primeira construção modernista no país – e 2005.
Uma vez que o livro Ainda moderno? Arquitetura brasileira contemporânea
adota um recorte que relaciona a produção jovem àquela dos pioneiros do
movimento moderno, deixando de lado a produção efetuada entre o período
posterior à inauguração de Brasília e os anos oitenta, pensamos ser útil
manter na publicação a cronologia que permite lembrar arquitetos e obras
importantes deste período intermediário, assim como o exame linear da
história da arquitetura brasileira relacionada aos principais fatos
históricos e sociais do país.
Modernos
Ministério da Educação e Saúde
A arquitetura moderna na Europa, segundo Siegfried Giedion (2), teve de
percorrer três etapas para a sua aceitação: as habitações populares e os
prédios de pequeno porte; os projetos urbanísticos, e “a etapa mais difícil
e perigosa (...) a reconquista da expressão monumental”.
No Brasil, o primeiro grande marco da arquitetura moderna foi uma obra
monumental: o Ministério da Educação e Saúde (hoje Palácio Gustavo
Capanema), construído entre 1937 e 1943, no Rio de Janeiro, edifício que
teria forte impacto internacional. O projeto contou com a consultoria de Le
Corbusier (que o inclui em suas obras completas), e teve a participação de
Affonso Eduardo Reidy, Jorge Moreira, Carlos Leão e Ernani Vasconcellos,
sob a liderança de Lucio Costa e de Oscar Niemeyer.
Apresentado pela revista norte-americana Progressive Architecture, em 1943,
como “a obra de arquitetura moderna mais importante das Américas”, o
Ministério da Educação e Saúde é considerado, até hoje, um dos paradigmas
da arquitetura moderna mundial, precursor dos grandes edifícios públicos
modernos construídos na Europa e nos EUA após a guerra, (como a sede da
ONU, em Nova York, de 1947/1952, primeiro prédio de vidro de grande porte
realizado nos EUA).
Desde a década de 1920, existiam boas obras de arquitetura moderna no
Brasil, como as do arquiteto russo Gregori Warchavchik, formado na Itália,
radicado em São Paulo a partir de 1923. A construção do Ministério da
Educação e Saúde apenas comprovou que – em um país de mínima influência
cultural em termos mundiais – um grupo de jovens arquitetos era capaz de
interpretar com talento as teorias e os princípios do mais revolucionário
arquiteto daquele momento: Le Corbusier. Como disse André Maurois, “Em
nenhuma outra cidade do mundo Le Corbusier encontraria, em 1937, um governo
que desejando construir ministérios em sua capital, Rio de Janeiro, o
convidaria como consultor para colaborar livremente com arquitetos locais”
(3).
Vale citar Lucio Costa: “essas fachadas envidraçadas que marcam o estilo
americano para o público em geral, na realidade não foi nada americano, mas
uma coisa européia e aplicada pela primeira vez no Brasil, na América do
Sul, em escala monumental“ (4). A sua realização deu o ímpeto que faltava
ao movimento em sua luta inicial de se implantar no Brasil.
Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York
O segundo projeto determinante para a impulsão da arquitetura moderna
brasileira foi o Pavilhão do Brasil na Feira Internacional de Nova Iorque,
em 1939-40: o governo brasileiro, de modo a se coadunar com o tema
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"Construindo o mundo de amanhã", decidiu romper com a tradição de pavilhões
tradicionais ou “típicos” e mandou para NY Costa e Niemeyer, que passaram
quase um ano entrando em contacto com a cena americana e internacional. O
Pavilhão Brasileiro, apesar de usar o vocabulário básico de Le Corbusier,
antecipou futuras tendências, com a liberdade de sua rampa, flexibilidade
de volumes, proteção da insolação com elementos fixos, uso da curva como
elemento expressivo e indistinção de espaço interno e externo. Começou
neste projeto o estabelecimento de uma linguagem brasileira própria,
independente e autônoma da matriz européia. Junto com os pavilhões da
Finlândia e daquele da Suécia, o prédio de Costa e Niemeyer entusiasmou
críticos. Segundo Giedion: "É de importância extrema que a nossa
civilização não mais se desenvolva a partir de um único centro e que obras
criativas emanem de países até então provincianos, como a Finlândia e o
Brasil" (5). De acordo com Henry-Russel Hitchcock Jr. (6), assistia-se à
“criação de um novo idioma nacional dentro da linguagem internacional de
arquitetura moderna."
O Conjunto da Pampulha
O terceiro momento decisivo para a arquitetura brasileira foi a repercussão
internacional que obteve o conjunto da Pampulha, em 1943, (igreja, iate
clube, casa de baile, cassino), complexo que definiu Oscar Niemeyer como o
grande nome da geração.
Se o Ministério da Educação e Saúde havia demonstrado que o Brasil podia
acompanhar o que se produzia de melhor naquele momento, Pampulha
evidenciava que pelo menos um arquiteto brasileiro era capaz de ir além e
influenciar a Arquitetura Moderna. A divulgação, no mesmo período, das
obras de um dos mais originais paisagistas do século, Roberto Burle Marx,
fortaleceu a sensação de que existia uma Escola Brasileira.
A presença de projetos brasileiros em publicações especializadas na Europa
e nos EUA tornou-se comum nos anos 40 e 50. Em Masters of modern
architecture (7), por exemplo, um livro publicado nos EUA muito popular no
final da década de 1950 (antes, portanto, da inauguração de Brasília), são
apresentadas obras de 38 arquitetos de todo o mundo, dentre os quais:
quatro da Itália, um da Espanha, três do Japão, dois da França e cinco do
Brasil.
Apesar das restrições à forma brasileira de interpretar a linguagem
moderna, manifestadas por arquitetos e críticos defensores de uma
arquitetura essencialmente funcionalista, já se sabia que, como afirma
Dennis Sharp em A visual history of twentieth century architecture (8) “uma
nova geração (...) liderada por Lucio Costa e Oscar Niemeyer (...) estendeu
as fronteiras da expressão da arquitetura do século XX muito além do que
(conseguiu) a maioria dos arquitetos europeus (na década de 1940)”.
A partir dos anos cinqüenta, o modernismo que o Brasil havia importado
trinta anos antes da Europa se tornou um estilo mais plural, viajando o
Oceano Atlântico na direção inversa. Recuperando-se do impacto da guerra e
entrando na fase de reconstrução das cidades mais atingidas, as revistas
européias publicam longas reportagens sobre a arquitetura brasileira.
Architecture d'aujourd'hui, em 1947, edita um número especial dedicado ao
Brasil que terá grande impacto entre os profissionais europeus. A segunda
geração modernista passa a ter o Brasil, em geral, e Oscar Niemeyer, em
particular, como uma de suas mais fortes referências. A segunda geração
modernista passa a ter o Brasil, em geral, e Oscar Niemeyer, em particular,
como uma de suas mais fortes referências. A obra de Claude Ferret (9) em
Royan, cidade costeira nos arredores de Bordeaux, lança mão de um
vocabulário emprestado à arquitetura brasileira, no uso de rampas, formas
livres, curvas e estruturas com intenção plástica. A "Village
Polychromatique" de Andre Bruyère e Fernand Léger, projeto de 1952-3 jamais
construído, foi uma encomenda do industrial Assis Chateaubriand que
desejava realizar, próximo à cidade de Biot, uma colônia para artistas em
residência. Bruyère realizou uma espécie de compilação dos exemplos mais
notáveis do modernismo brasileiro, mesclando citações de Pampulha,
Ibirapuera e Pedregulho a estruturas cromáticas idealizadas por Léger.
A história da arquitetura modernista nos anos quarenta e cinqüenta não pode
mais ser escrita somente em termos de influência européia nas Américas. Uma
abordagem considerando um diálogo triangular pode expandir e lançar nova
luz na compreensão do fluxo de formas e idéias nas arquiteturas modernas do
Brasil, Estados Unidos e Europa.
Uma brilhante geração
Oscar Niemeyer foi, sem dúvida, o grande responsável pela criação de uma
linguagem própria que fornecia novas opções ao esgotamento que alcançaria,
várias décadas após, o racional-funcionalismo. Diferente da arquitetura de
outros países latino-americanos que, de algum modo se aproximavam do ideal
gropiusiano de uma arquitetura anônima e impessoal, o Brasil era, então,
nas palavras de Hitchcock Jr. (10), "o centro de atividade do mais intenso
talento individual da arquitetura, Oscar Niemeyer". A poética de Niemeyer
exerceu considerável influência em seus pares, liderando o processo de
criar uma linguagem própria e reconhecidamente brasileira, livre das
ortodoxias funcionalistas então vigentes. As curvas harmoniosas e variadas
da igreja da Pampulha foram, internacionalmente, ungidas à condição de
símbolos da liberdade de criação dos arquitetos, um verdadeiro antídoto
contra a mesmice atingida pelo funcionalismo arquitetônico.
O Brasil não era, contudo, lugar de apenas um talento exponencial
arquitetônico. Toda uma geração de arquitetos com luz própria e expressões
particulares aqui atuava. Lúcio Costa era excelente arquiteto, urbanista e
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brilhante teórico, tendo sido o responsável pelo casamento dialético entre
o velho e o novo que deu o caráter singular da arquitetura brasileira.
Affonso Reidy foi um de nossos mais importantes profissionais, dono de uma
linguagem concisa, exata e inconfundível que mesclava domínio da questão
estrutural com uma visão humanista da arte e sociedade. Os irmãos Roberto
tiveram participação decisiva, pioneira e original nas primeiras duas
décadas do movimento on Brasil. Sérgio Bernardes realizou uma feliz união
de ousadia e de um tratamento mais seco e conciso das formas. Jorge Moreira
destacou-se pelo apuro nos detalhes de suas construções e pelo afinco em
não se afastar dos princípios básicos do modernismo em sua adaptação aos
trópicos. Rino Levi foi um mestre em criar espaços acolhedores com
atmosferas intimistas, em contraste com o caos urbano. Lina Bardi manejou
com igual maestria grandes e singelas construções. Foi dos poucos a
incorporar soluções vernaculares a uma interpretação modernista. Vilanova
Artigas estabeleceu uma poética do peso estrutural do concreto armado.
Roberto Burle Marx criou jardins conjugando a pesquisa e o uso de espécies
nativas a formas revolucionárias, contribuindo para uma nova visão do
paisagismo moderno. Paulo Mendes da Rocha é o grande herdeiro da geração
modernista heróica que transmite para os mais jovens uma apurada síntese da
abordagem poética com elementos que enfatizam o peso estrutural.
Uma das características mais positivas da arquitetura modernista brasileira
foi o domínio absoluto da tecnologia do concreto armado. Na maioria dos
projetos de Niemeyer e Reidy, por exemplo, as formas são indissolúveis da
técnica: uma vez resolvida a estrutura, o prédio estava pronto. A história
do início de nossa arquitetura poderia ser contada através da cooperação de
arquitetos com engenheiros-calculistas sensíveis ao desafio da pesquisa de
novas formas, como Emílio Baumgarten e Joaquim Cardoso.
Brasília
A inauguração de Brasília foi festejada como algo muito maior do que a
simples construção de uma nova capital. Provocava orgulho e correspondia a
uma objetivação concreta do desejo de progresso e de um futuro melhor. O
sucesso da nova arquitetura perpassava regiões e camadas sociais. As elites
aderiram às novas formas, assim como leigos e mestres de obra, na periferia
de cidades e no interior de todo país, fizeram proliferar alegres cópias de
um modernismo estilizado. Criava-se em um país periférico uma obra que,
segundo Paul Goldberger (11) simboliza “com mais força do que qualquer
coisa construída nos Estados Unidos, a fé inquebrantável dos anos cinqüenta
de que o design moderno podia criar um mundo melhor”.
Contemporâneos
A nova geração de arquitetos apresenta uma clara influência e inspiração
nos projetos modernistas “históricos” brasileiros dos anos 1940 e 1950 –
período mais profícuo e de maior reconhecimento internacional. Uma vez
descartadas as ilusões do papel de transformação social do país através da
arquitetura, o moderno é tomado como linguagem e não mais como ideologia.
Sob certo aspecto, os profissionais de hoje citam elementos da gramática
modernista assim como os pós-modernistas citavam elementos de estilos
pretéritos, gótico, românico ou neoclássico.
Não se trata, contudo, de ironia, retomada decorativa ou de uma postura
nostálgica. Após duas décadas extremamente difíceis na economia do país, a
arquitetura brasileira parece retomar o seu impulso e rumo inovador.
Construída hoje sem a iniciativa maciça do Estado, os projetos mais
interessantes são feitos em pequena escala para clientes particulares. O
moderno serve de referência para que se possa voltar a avançar na linguagem
arquitetônica e estrutural.
É perceptível na produção atual a filiação a posturas e linhagens que
tiveram suas matrizes e prédios paradigmáticos lançados pela primeira
geração de modernistas brasileiros. Como se os arquitetos contemporâneos
utilizassem o precioso legado modernista para voltar a atingir uma
expressão inconfundivelmente brasileira, cosmopolita e internacional.
Cabe, por último, reiterar o recorte singular e específico deste livro. Não
é nossa pretensão fazer um levantamento exaustivo da construção atual no
Brasil. Tal tarefa tem sido realizada por outras publicações, valendo
destacar aquelas organizadas por Ruth Verde Zein, Alfredo Britto, Fernando
Serapião, e Roberto Segre. Pretendeu-se, em um exercício mais preciso,
mapear uma nova tendência perceptível nas várias regiões do país: uma
geração emergente que em suas obras – na maioria projetos de pequeno e
médio porte – estabelece diálogos com várias linguagens e gramáticas
arquitetônicas a partir de citações e retomadas de questões próprias da
produção modernista histórica.
Para realizar a seleção recorremos a consultores setoriais de várias
regiões do Brasil, cujos textos estão reunidos no final desta edição:
Carlos Eduardo Comas (Sul), Ciro Pirondi (São Paulo), Israel Nunes (Rio de
Janeiro / Sudeste), Carlos Antonio Brandão (Minas Gerais / Sudeste), Luiz
Amorim (Nordeste) e Jorge Derenji (Norte). Cada um deles sugeriu arquitetos
e projetos, cabendo a nós, autores, adicionar alguns nomes e efetuar a
seleção final que procurou levar em conta, além da qualidade arquitetônica
intrínseca dos exemplos, um equilíbrio entre programas, tecnologias e
regiões.
A produção desta geração está mal começando. É, todavia, um despontar que
se apresenta bastante promissor e que permite uma reflexão comparativa
importante sobre as referências históricas das quais se nutre e as
condições atuais de sua produção. Algo de interessante parece estar no ar:
um modernismo revisitado, com alguns aspectos descartados e outras questões
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recolocadas em movimento. A arquitetura contemporânea brasileira necessita
ser vista, criticada e colocada em relação com a arquitetura jovem
internacional. Esperamos que Ainda Moderno? Arquitetura Brasileira
Contemporânea seja um passo nessa direção.
Ainda moderno? (12)
Não deixa de ser um gesto ousado, iniciar o título de um livro sobre a
produção recente de arquitetura com a pergunta: ainda moderno?
Junto com essa interrogação caminha a necessidade de explicitação do que
entendemos hoje como o significado dessa palavra/categoria.
Aurélio Buarque de Holanda, em seu dicionário, associa “moderno” a tudo que
é atual, de hoje ou de tempos recentes. Nesse sentido, o termo seria um
quase sinônimo de “contemporâneo”. Já o vocábulo “modernista” estaria
associado ao movimento ocorrido em determinado momento histórico, havendo,
deste modo, uma conotação temporal e finita.
Para Lucio Costa, ser moderno era “conhecendo a fundo o passado, ser atual
e prospectivo. Assim cabe distinguir entre moderno e modernista, a fim de
evitar designações inadequadas. A arquitetura dita moderna, tanto aqui como
alhures, resultou de um processo com raízes profundas, legítimas, e,
portanto, nada tem a ver com certas obras de feição afetada e equívoca –
estas sim, modernistas” (13).
O criador de Brasília estabelece, assim, uma distinção fundamental entre
“modernista” e “moderno”. Nos anos 1930 e 1940 a atitude “modernista” seria
uma espécie de traição ao movimento, por reduzi-lo a mais um “ismo” e
procurar parecer Moderno. Seria uma atitude parecida àquela da arquitetura
acadêmica, com a única distinção de, ao invés de pretender ter uma feição
retirada do passado, buscar aparentar uma arquitetura que antecipava o
futuro. O verdadeiro modernismo deveria, ainda de acordo com Costa, ser um
processo profundo, não apenas estético, mas tecnológico e social: "que
venha de dentro para fora e não de fora para dentro, pois o falso
modernismo é mil vezes pior que todos os academismos." (14).
O modernismo é uma das poucas teorias que, a um só tempo, declara e deseja
a sua própria aplicabilidade universal. Trouxe de inovação, desde o
Iluminismo (15), a idéia de que aquilo que propõe é uma ruptura com as
tradições, e criou nas pessoas um desejo de serem modernas, no sentido
retomado por Jean-Paul Sartre, de que através de conflitos, devem atingir o
progresso e se livrar de um passado que lhes é penoso. Le Corbusier, em
plena dificuldade de construir seus projetos na França dos anos 1930,
costumava dizer à equipe brasileira da qual foi consultor “que eles não
imaginavam a sorte que tinham em viver em país com tão poucas restrições a
inovações na arquitetura das cidades” (16).
De acordo com alguns autores, contudo, a origem do modernismo é bastante
mais remota do que os tempos do Iluminismo. Para Alain Finkielkraut (17), o
homem “moderno” faz sua primeira aparição em 1482, no Oratio de hominis
dignitate de Pic de la Mirandole, quando este relata a gênese e o papel que
Deus, após criar o mundo, reserva ao homem como autor das coisas, dos
gestos e de suas decisões. A modernidade do homem residiria na sua nova
representação de um ser livre e independente do universo holista do sagrado
e da fé. Pouco antes da descoberta das Américas, o homem, já moderno,
aparece como um “heterônimo de Deus”, isto é um criador de novos sentidos e
descobridor de mundos.
A partir do século dezenove a modernidade passou a ser vista, igualmente,
como uma possibilidade de ruptura com a ordem burguesa e conservadora. A
ciência substitui a fé, e a arte passa a adquirir certa autonomia e
desempenhar o papel de um dos veículos de expressão do mundo. A arte e os
artistas logram delimitar a especificidade e autonomia de seu campo e de
sua linguagem própria. Outras correntes acreditavam, que, através de uma
revolução permanente da arte, se engajariam nos processos de mudança do
mundo.
Ao examinar a hesitação sobre a modernidade que acomete Roland Barthes, por
ocasião da morte de sua mãe, Finkienkrault (18) observa que o homem moderno
é aquele para o qual o passado pesa. O sobrevivente é aquele ao qual o
passado faz falta. Esta divisão poderia, dentro de alguns limites, se
estender aos grupos de arquitetos que, nos anos 1930, se dividiam em
correntes antagônicas: os modernos, reunidos em torno dos CIAMS, elaboram a
Carta de Atenas defendendo a revolução das formas; alegrava-lhes deixar o
passado para trás. Os conservadores que, por coincidência ou não, na mesma
época, também se encontram na capital grega, pregam o estudo do passado e a
conservação das formas pretéritas. A perda dos monumentos lhes preocupava e
entristecia. No plano internacional, o mundo dos renovadores se opunha ao
mundo dos patrimonialistas.
No Brasil, entretanto, não foi assim. O jovem Lucio Costa, até então o mais
promissor arquiteto neocolonial, se “converte”, no início dos anos 1930, às
idéias de Le Corbusier, porque “nelas vislumbra a possibilidade de
revolucionar aspectos estéticos, psicológicos e sociais” (19)
Contrariamente à maioria dos arquitetos do hemisfério norte, para os quais
o passado pesava, Costa vislumbra no modernismo a possibilidade de
suplantar o peso da cópia reverencial contida no pastiche e passar a
estabelecer entre o presente e o passado uma relação estrutural e
dialética. Foi desse modo construída a estrada que permitiu o brilhante
percurso de Oscar Niemeyer e de todos os seus companheiros de geração.
Para alguns, o modernismo teve o seu fim no universo arquitetônico. Outros
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julgam que ele se constitui em amarra e peso, como algo pertencendo a outra
época. Inúmeros autores, com os quais tendo a concordar, pensam a dita pós-
modernidade como um desdobramento de questões colocadas ainda dentro do
universo moderno.
Modernismo que pode, ainda hoje, pelo menos no caso do Brasil, trazer
várias questões úteis, uma vez que tenhamos em mente a completa superação
de algumas ilusões do movimento: a primeira delas a de que representaria
uma última etapa da evolução da construção; o segundo equívoco, derivado da
anterior, o de que constituiria um marco zero, a verdadeira História, que
soterraria as outras histórias e estilos; por último o autoritarismo
ingênuo do urbanismo ortodoxo, que causou severos danos, ao confundir
prancheta com campo social, e propor modos de organização espacial,
pensando, assim, contribuir para alterar formas de vida.
Acreditamos, eu e meu parceiro André Correa do Lago, que um modernismo em
movimento, mais dialético e conciliador, começa a se delinear nos mais
jovens arquitetos brasileiros. Uma arquitetura múltipla e plural praticada
por profissionais que, sem reverenciar um tempo já passado, sabem nele
encontrar riquezas e não fardos.
Filiações e linhas de força
É perceptível, na produção atual, a filiação a posturas e linhagens que
tiveram suas matrizes e prédios paradigmáticos lançados pela primeira
geração de modernistas brasileiros. Como se os arquitetos contemporâneos
utilizassem esse precioso legado para voltar a atingir uma linguagem
inconfundivelmente brasileira, cosmopolita e internacional.
É essa produção que passamos a examinar nas páginas a seguir.
1. Moderno e materiais tradicionais
Uma das heranças do período barroco (do século XVIII até o início do século
XIX) incorporada à arquitetura moderna, é a utilização de alguns de seus
elementos mais tradicionais: madeira, telhas, azulejos e paredes brancas,
que estão presentes em obras de Lucio Costa e Niemeyer. Os intelectuais que
defendem essa postura, a partir de 1930, são os mesmos que redescobrem o
patrimônio barroco, desvalorizado depois da independência de nossa pátria
(1822), principalmente no primeiro período republicano (1889 a 1930), por
aqueles que queriam “esquecer” tudo que simbolizava o período colonial.
Esses materiais passam a ser vistos como elementos “brasileiros” em uma
arquitetura acusada por alguns de ser “importada”.
Dois exemplos paradigmáticos:
Edifício Residencial Antônio Ceppas, Jorge Machado Moreira, Rio de
Janeiro, RJ, 1946-1952;
Azulejos do Ministério da Educação e da Saúde, Lucio Costa, Oscar
Niemeyer, Affonso Reidy, Jorge Moreira, Carlos Leão, Ernani Vasconcelos
(Consultor: Le Corbusier), Rio de Janeiro, RJ. 1937-1943.
2. Moderno nos trópicos
A incorporação de elementos de proteção ao sol, ou de soluções
arquitetônicas que favorecem a circulação de ar para amenizar o calor,
legitimam o modernismo nos trópicos. Os brise-soleil, versões modernas dos
muxarabis, e as largas varandas, vão dar às obras modernas nos países de
clima quente características diferenciadas das obras do modernismo heróico
na Europa. Como o Brasil foi um dos primeiros a adotar a arquitetura
moderna, esses componentes são freqüentemente identificados como
“brasileiros”. Apesar da ampla utilização do ar condicionado, a partir dos
anos 1960, eles continuam a ser utilizados para o controle da luz, e em
projetos mais atentos a questões ecológicas.
Quatro exemplos paradigmáticos:
Associação Brasileira de Imprensa – ABI, M.M. M.Roberto, Rio de Janeiro,
RJ. 1936-1938;
Casa Saavedra, Lucio Costa, Petrópolis, Rio de Janeiro, 1942;
Edifícios Nova Cintra, Bristol e Caledônia / Parque Guinle, Lucio Costa,
Rio de Janeiro, RJ . 1948-1954;
Treliça da Residência Moreira Salles, Olavo Redig de Campos, Rio de
Janeiro, RJ. 1951.
3. Moderno rústico
A utilização do vocabulário modernista em projetos realizados longe de
centros urbanos (fazendas, casas de praia) exige, em certos casos, além da
adoção de matérias tradicionais, a utilização de técnicas de construção
rústicas. Criou-se assim uma linha da arquitetura brasileira que se tornou
particularmente adequada para obras em fazendas, no campo ou à beira de
praias. O uso das técnicas e dos materiais tradicionais se dá, não apenas
por motivos estéticos, mas, sobretudo, por representar solução funcional
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para os problemas da construção.
Três exemplos paradigmáticos:
Park Hotel, Lucio Costa, Nova Friburgo, Rio de Janeiro, 1940-1944;
Casa do Arquiteto, Carlos Ferreira, Nova Friburgo, Rio de Janeiro,
1949;
Pavilhão da Casa da Sra. Marjore Prado, Gregori Warchavchik, Praia do
Pernambuco, Guarujá, São Paulo, 1946.
4. Morar moderno
A partir da década de 1940, um grande número de exemplos de casas modernas
– de qualidade – realizadas no país permite que se refute a idéia de que
essas construções são todas parecidas, e que se fortaleça a percepção, nas
classes mais favorecidas, de que há grande variedade de soluções
arquitetônicas para residências. O estilo moderno, lançado no país,
principalmente através de encomendas estatais, passa a ser adotado por uma
clientela particular. A imagem da casa brasileira elegante, nesse momento,
conjuga espaços e arte modernos com a presença de mobiliário e objetos do
período colonial. A partir dos anos 60, móveis projetados por “designers”
ganham importância na decoração de interiores sofisticados.
Três exemplos paradigmáticos:
Casa Olivo Gomes, Rino Levi, São José dos Campos, São Paulo, 1949-1951;
Casa Jadir de Souza, Sergio Bernardes, Rio de Janeiro, RJ. 1952;
Fundação Oscar Americano, Oswaldo Bratke, São Paulo, SP. 1951-1953.
5. Poética da forma
A curva é uma das mais reconhecidas características da arquitetura
brasileira moderna. No conjunto da Pampulha (1942-43), Oscar Niemeyer
rompeu com o entendimento até então consensual do racionalismo
arquitetônico e demonstrou novas possibilidades de o modernismo lidar com
formas provenientes da estreita relação entre arquitetura e estrutura. O
impacto internacional dessa interpretação mais “livre”, a partir dos anos
1940, é tão impressionante e surpreendente que levou certos críticos a vê-
la como ameaça à integridade do movimento moderno. Hoje, percebe-se que o
arquiteto brasileiro forneceu, com anos de antecedência, uma alternativa à
burocracia que acabaria atingindo o movimento.
No Brasil o sucesso dessa corrente foi imenso, graças, principalmente, à
sucessão de projetos originais e impactantes de Oscar Niemeyer, culminando
com os edifícios oficiais de Brasília. Diversos arquitetos complementam
suas obras com jardins tropicais de desenhos sinuosos que seguem um estilo
desenvolvido por Roberto Burle Marx a partir dos anos 1930.
Três exemplos paradigmáticos:
Igreja de São Francisco, Conjunto Arquitetônico da Lagoa da Pampulha,
Oscar Niemeyer, Belo Horizonte, Minas Gerais, 1943;
Conjunto Residencial Pedregulho, Affonso Reidy, Rio de Janeiro, RJ. 1947-
1952;
Fábrica Duchen, Oscar Niemeyer, São Paulo, SP. 1950-1951.
6. Estrutura como elemento principal
A percepção de alguns setores da crítica arquitetônica de que havia uma
busca excessiva por soluções meramente “estéticas” e “leves” na arquitetura
brasileira dos anos 1940, levou ao desenvolvimento, na década de 1950, de
um movimento brutalista brasileiro, especialmente em São Paulo. O movimento
defendia que a forma era determinada pela solução estrutural e esta devia
ter uma certa “presença” expressiva. Esse caminho foi seguido por muitos
arquitetos a partir dos anos 1960, passando o concreto aparente a ser uma
das mais evidentes características da arquitetura brasileira nas décadas de
1970 e 1980.
Três exemplos paradigmáticos:
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, João
Vilanova Artigas, São Paulo, SP. 1961-69;
Museu de Arte de São Paulo – MASP, Lina Bo Bardi, São Paulo, SP. 1956-
1968;
Museu de Arte Moderna – MAM, Affonso Reidy, Rio de Janeiro, RJ. 1953-
1968.
7. Comunicação visual aplicada
No período mais fértil da produção modernista, a publicidade desempenhava
um papel ainda discreto na sociedade e a idéia da incorporação de elementos
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de comunicação de massas à linguagem arquitetônica era ainda remota.
Encontramos, contudo, no modernismo brasileiro alguns significativos
exemplos de cruzamento entre arquitetura e comunicação visual que
embasaram, ao lado da influência posterior dos trabalhos de Robert Venturi,
vários projetos da geração mais recente de arquitetos brasileiros.
É o caso do Pavilhão Brasileiro na Feira de Bruxelas, de 1958, projetado
por Sérgio Bernardes que adicionou à arquitetura preciosas funções de
comunicação visual: face à sua péssima localização na Feira, no final do
terreno e enterrado na ribanceira, Bernardes decidiu colocar um enorme
balão vermelho acima do prédio e construir um caminho da mesma cor que,
transformado em rampa, induzia e conduzia o visitante diretamente ao
interior da construção.
Nos palácios de Brasília, Oscar Niemeyer atingiu uma composição espetacular
através de simplificação e ousadia nas formas exteriores. Conseguiu, deste
modo, criar, concomitantemente, monumentos e símbolos nacionais.
Dois exemplos paradigmáticos:
Pavilhão Brasileiro na Feira de Bruxelas, Bélgica, 1958;
Palácios de Brasília: Alvorada, Congresso e Planalto, Oscar Niemeyer,
Brasília, 1956-1960.
8. Diálogo dos tempos
Traço singular do campo arquitetônico brasileiro é o de terem sido os
mesmos arquitetos a revolucionar as formas de vanguarda e fundar um
instituto para preservação das formas pretéritas. Deve-se a Lucio Costa o
estabelecimento de uma relação estrutural e dialética entre a arquitetura
do presente e do passado.
Tal postura inspirou, desde os anos 1940, a utilização de construções
antigas ou ruínas para novas funções. As importantes igrejas barrocas, por
exemplo, são restauradas preservando-se o aspecto original da obra; nas
construções de menor importância arquitetônica, como fábricas ou casas em
centros históricos, passam a ser objeto de restaurações que fazem questão
de não esconder as intervenções modernas. Com esse espírito, vários centros
urbanos de cidades brasileiras, têm sido restaurados nas últimas duas
décadas. Ao mesmo tempo, edifícios emblemáticos são preservados graças a
sua utilização para novas funções, como centros culturais ou comerciais.
Dois exemplos paradigmáticos:
Museu das Missões, Lucio Costa, São Miguel das Missões, Rio Grande do
Sul, 1937;
Serviço Social do Comércio (SESC – Pompéia) – Centro de Lazer, Lina Bo
Bardi, São Paulo, SP. 1977-1982.
9. Intervenções urbanas monumentais
Um dos princípios gerais do modernismo era, em alguns casos, a indefinição
de fronteiras entre prédios e espaço urbano, entre domínios público e
privado. A construção do edifício marco do modernismo em grande escala no
Brasil – o Ministério da Educação e Saúde –, criou não só um belo prédio,
como um espaço para a cidade do Rio de Janeiro entre seus pilotis. No
bairro novo da Pampulha e, sobretudo, no Parque do Ibirapuera, é lançada a
idéia do passeio arquitetural: intervenções arquitetônicas que possibilitam
um melhor aproveitamento e fruição da paisagem e do meio-ambiente. É
perceptível a influência desses traçados monumentais em alguns parques
projetados por arquitetos contemporâneos.
Dois exemplos de referência:
Parque do Ibirapuera, Oscar Niemeyer, São Paulo, SP. 1951-1955;
Parque do Flamengo, Affonso Reidy e Roberto Burle Marx, Rio de Janeiro,
RJ. 1953-1962.
10. intervenções urbanas pontuais
Alcides da Rocha Miranda realizou, na década de 1940, a restauração do
Mercado Municipal de Diamantina. Foi o modernista precursor de intervenções
pequenas que priorizavam o aspecto antropológico de uso do espaço mais do
que a modificação em suas formas arquitetônicas. Foi uma voz precursora e
dissonante, ao se opor à tradição de grandes intervenções urbanísticas que
faziam tabula rasa da realidade existente, normalmente utilizadas nas
intervenções de larga escala.
Depois das grandes operações de remoção para conjuntos modelares –
Pedregulho, por exemplo – de bairros pobres e favelas próximos a bairros de
classe média, nos anos 1950 e 1960, fortaleceu-se, a partir dos anos 1970,
a percepção da importância e efetividade de intervenções de menor porte. O
exemplo das realizações em Curitiba, capital do Paraná, com de cerca de
dois milhões de habitantes, no sul do país, implantadas pelo arquiteto,
prefeito e mais tarde governador do estado, Jaime Lerner, tornou-se
referência mundial nas áreas de transporte coletivo, reciclagem de lixo, e
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criação de centros comunitários. Nos anos 1990, diversas grandes cidades
seguem caminhos similares – existem cerca de 15 cidades no Brasil com mais
de um milhão de habitantes – enfrentando novos desafios como o Projeto
Favela-Bairro que se ocupa da urbanização de favelas no Rio de Janeiro.
Dois exemplos paradigmáticos:
Mercado Municipal de Diamantina, Alcides da Rocha Miranda, Diamantina,
Minas Gerais, 1941-1942;
Escada de Acesso à Igreja da Glória, Lucio Costa, Rio de Janeiro, RJ.
1961-1965.
notas
1
Este artigo é a introdução do livro homônimo, publicado por ocasião da
exposição Encore moderne? Architecture brésilienne 1928-2005, em Paris.
2
GIEDION, Siegfried. “The need for a new monumentality”, in: The Harvard
Architecture Review IV. Harvard and MIT Press, Cambridge, Mass., 1984.
3
“Rio de Janeiro”, Fernand Nathan, Paris, 1951.
4
Em depoimento a Lauro Cavalcanti em setembro de 1992.
5
GIEDION, Siegfried. "Brazil and the Contemporanean Architecture". In
MINDLIN, Henrique. Modern Architecture in Brazil. New York, Reinhold
Publishing Corporation, 1956.
6
HITCHCOCK JR., Henry-Russel. "Latin America architecture since 1945", New
York, Museum of Modern Art, 1955.
7
Bonanza Books, NY, 1958
8
Idem.
9
FERRET, Claude. L’invention d’une ville, Royan Cinquante. Paris, Monum,
Editions du Patrimoine, 2003.
10
HITCHCOCK JR., Henry-Russel. Op. Cit.
11
GOLDBERGER, Paul. “Far Out”, in: The New Yorker, nov. 2000.
12
O trecho a seguir é de autoria exclusiva de Lauro Cavalcanti e foi
publicado originalmente como artigo inicial do livro/catálogo sobre a
exposição Encore moderne? Architecture brésilienne 1928-2005, apresentada
em Paris, no Palais de la Porte Dorée, sede do Instituto Francês de
Arquitetura, de 12 de outubro de 2005 a 15 de janeiro de 2006.
13
COSTA, Lucio. “Interessa ao estudante”. In Registro de uma vivência. Op.
cit., p. 116.
14
COSTA, Lucio. “ENBA 1930-31”. In Registro de uma vivência. Op. cit., p. 68.
15
Ver a esse respeito o livro Modernity at Large de Arjun Appadurai,
University of Minnesota Press, 1996.
16
Entrevista de Lucio Costa a Lauro Cavalcanti em 1982.
17
FINKIELKRAUT,Alain. Nous autres, modernes. Paris, Ellipses Marketing, 2005,
p. 17.
18
Op. cit.
19
Entrevista a Lauro Cavalcanti, op. cit., 1982.
sobre os autores
Lauro Cavalcanti, arquiteto, antropólogo e escritor. Autor de vários livros
sobre arquitetura, estética e sociedade entre os quais "Arquitetura Kitsch"
(1979), "Arquitetura de motéis cariocas" (1982), "Preocupações do belo"
(1995) e "Quando o Brasil era moderno" (2001) este publicado em 2003 nos
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EUA pela Princeton Architectural Press. Conselheiro da Casa de Lucio Costa
e da Fundação Oscar Niemeyer. Membro do Conselho Editorial do IPHAN.
Diretor do Paço Imperial e Professor da Esdi – Escola Superior de Desenho
Industrial da UERJ.
André Correa do Lago, economista e diplomata. Como crítico de arquitetura,
contribuiu para o livro "Aurelio Martinez Flores" (Bei, 2001), e
"Brasília", a ser publicado na França em 2006. Escreve para revistas e
sites, como “No.com”. Autor de "Residências do Rio de Janeiro" ("Private
Rio"), Rizzoli, New York, 2004. Membro do Comitê de Arquitetura e Design do
Museu de Arte Moderna de Nova York.
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Denis Batista · Cursando
O artigo afirma q a presente arquitetura dá continuidade a arquitetura moderna sem
recorrer a um saudosismo, mas no entanto fundamenta sua tese com afirmações
subjetivas sem demonstrar algo de concreto ou q de fato seja uma transgressão ou
expanção dos limites do modernismo. Tentamos justificar o injustificavel.
O q existe de tão novo hoje em dia? Se basta dar uma olhada na Revista AU, resultado
de concursos e entre outros pra nos depararmos com projetos de arquitetura dotados de
conceitos como a forma segue a função, uma concepção racional do espaço-uso de
solidos platonicos e aplicações da filosofia cartesiana, edificios q fazem apologia a
maquina e etc. Usar novos materiais n faz nova arquitetura. O material pode ser novo,
mas a ideia é a mesma, ou em outras palavras, os meios podem ser novos, mas os fins
são os mesmo. Os mesmos desde quando adotamos o Corbusier de fase racionalista.
Neste caso alguns insistem em dizer q o rei esta vestido, porem a maioria percebe q ele
esta de fato nu.
Responder · Curtir · Seguir publicação · 2 de outubro de 2012 às 22:38
Magnus Mancio · · Assistente Técnico 2 na empresa Construtora Tedesco
mt tri..
Responder · Curtir · Seguir publicação · 21 de agosto de 2012 às 00:12
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