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    Padronizao de terminologia e de conceitos de sistemas prediais de gua no potvel| Maio 2014 1/9

    Padronizao de terminologia e deconceitos de sistemas prediais de gua no

    potvel

    Introduo

    A implementao de sistemas de gua no potvel em edifcios residenciais brasileiros tem

    aumentado continuamente tendo em vista a reduo da ofertade gua potvel. Entretanto o cenrio

    nacional apresenta poucos profissionais capacitados para projetar, executar, operar e manter o

    sistema; rgos pblicos despreparados para aprovar e fiscalizar a implantao e operao desses

    sistemas; ausncia de norma tcnica especfica e desconhecimento da tecnologia pelos usurios

    finais.

    A segurana durante a implantao, uso, operao e manuteno de sistemas de gua no potvel

    em edifcios depende da gesto do consumo, da qualidade da gua e dos riscos envolvidos em todas

    as etapas do processo. Para tal, deve haver normas tcnicas especficas sobre o tema. No entanto,

    dispe-se atualmente, para o nvel de sistemas prediais, somente de uma norma para

    aproveitamento de gua pluvial.

    Tendo em vista contribuir para o desenvolvimento de uma norma tcnica para sistemas prediais de

    gua no potvel com diretrizes para o desenvolvimento de projetos que atendam a premissa bsica

    de segurana ao uso da gua sem colocar em risco a sade dos usurios, deve-se inicialmente

    estabelecer os conceitos bsicos dos tipos de gua e de sistemas de gua no potvel de modo a

    propiciar uma padronizao de termos entre profissionais, pesquisadores e usurios finais.

    Observa-se na literatura uma infinidade de conceitos relacionados a tipos de gua e que, em alguns

    casos, se superpem. Para evitar facilitar a troca de informaes entre projetistas, instaladores,

    gestores e usurios finais indispensvel a padronizao de conceitos relacionados ao uso de gua

    no potvel em edifcios. Assim, apresenta-se esta proposta para organizar os conceitos relacionados

    a sistemas prediais de gua no potvel.

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    gua no potvel em sistemas prediais

    O sistema de gua no potvel (Figura 1) apresenta dois sistemas de gua: potvel e no potvel.

    Considera-se gua no potvel qualquer gua que no atenda ao padro de potabilidade. Deste

    modo, a gua pluvial, a gua servida a gua subterrnea (somente quando do rebaixamento de

    lenol ou drenagem de subsolo) ou a gua clara, aps tratamento, so tipos de gua no potvel.

    Figura 1Sistema predial de gua no potvel.

    Essas caractersticas do sistema de gua no potvel o tornam mais vulnervel a um risco decontaminao do que um sistema convencional de gua potvel, onde s circula gua potvel nos

    reservatrios e em todos os pontos de utilizao.

    gua potvel (potable water / drinking water)

    Aquela prpria para o consumo humano cujos parmetros microbiolgicos, fsicos, qumicos e

    radioativos atendam ao padro de potabilidade da Portaria do Ministrio da Sade no2914/2011 e

    que no oferea riscos sade dos usurios.

    gua

    luvial

    gua

    subterrnea

    gua

    residuria

    Sistema Predial de gua

    Sistema Predial de Coleta

    de Efluentes

    Sistema Predial de

    Distribuio de gua

    Subsistema de Distribuio de

    ua no Potvel

    Subsistema de Distribuio de gua

    Potvel

    Tratamento

    de Efluente

    guaclara

    Tratamento

    de Efluente

    Tratamento

    de Efluente

    Tratamento

    de Efluente

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    gua no potvel (nonpotable water / service water)

    Aquela em que os parmetros de qualidade estabelecidos para a gua potvel so reduzidos, ou seja,

    no prpria para consumo humano. Pode ser usada para diversos fins, como jardinagem, lavagem

    de carros e descarga de bacias sanitrias, dentre outros.

    gua tratada

    gua submetida a processos fsicos, qumicos ou combinao destes, visando atender ao padro de

    potabilidade estabelecido na Portaria do Ministrio da Sade no2914/2011. , portanto, considerada

    nesta proposta como gua potvel.

    gua residuria (wastewater)

    Efluente gerado aps o uso da gua em edificaes residenciais, comerciais e industriais. tambm

    denominada gua servida.

    gua cinza (greywater)

    Efluente de aparelhos sanitrios, excluindo os efluentes de bacias sanitrias.

    Os efluentes de cozinha devem ser evitados como uma fonte de gua cinza, mas se usados, exigiro

    um alto grau de tratamento e ateno especial aos procedimentos de manuteno. Ressalta-se

    tambm que a impossibilidade de controle de instalao de triturador de lixo em pias de cozinhas,

    aumenta a complexidade do sistema de tratamento.

    Em geral, as guas cinzas so denominadas:

    gua cinza clara: gerada a partir de efluentes domsticos, exclui os efluentes da bacia sanitria,

    da pia de cozinha e mquina de lavar loua;

    gua cinza escura: gua cinza clara somada aos efluentes da pia de cozinha e mquina de lavar

    loua; portanto,exclui somente os efluentes da bacia sanitria.

    Este posicionamento prope a no captao do efluente da pia de cozinha e mquina de lavar loua

    para o sistema predial de gua no potvel. A partir disso, sugere-se a adoo dos termos gua

    cinza e gua negra para a classificao da gua residuria residencial, incluindo o efluente da pia

    de cozinha e mquina de lavar loua em gua negra.

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    gua clara (clear water)

    Efluente gerado de sistemas de resfriamento, sistema de vapor e condensado, sistemas de destilao

    etc.

    So consideradas fontes de gua no potvel a gua pluvial, a gua subterrnea, a gua residuria e

    a gua clara que, aps tratamento do efluente, se transformam em diferentes tipos de gua no

    potvel, como ilustrado na Figura 2.

    Figura 2Fontes e tipos de gua no potvel

    gua negra (blackwater)

    gua residuria proveniente de descargas sanitrias, contendo quantidade considervel de

    coliformes termotolerantes e urina. H autores que denominam a gua com fezes, urina e papel

    higinico de gua negra, e a gua somente com urina de gua amarela.

    Este posicionamento considera o efluente da bacia sanitria e o do mictrio como gua negra, assimcomo o efluente da pia de cozinha e mquina de lavar loua.

    gua

    pluvial

    gua subterrnea

    Tratamento

    de Efluente

    gua residuria

    gua cinza

    gua negra

    gua clara

    gua no potvel

    gua no potvel

    recuperada

    gua no potvel pluvial

    gua no potvel

    subterrnea

    gua no potvel

    clara

    Tratamento

    de Efluente

    Tratamento

    de Efluente

    Tratamento

    de Efluente

    gua

    pluvial

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    gua recuperada (reclaimed water)

    gua residuria, cinza ou negra, que foi coletada e tratada para que a sua qualidade seja adequada a

    usos especficos como, por exemplo, irrigao de reas verdes e descarga de bacias sanitrias. Assim,

    a gua recuperada um tipo de gua no potvel e sinnimo de gua de reso.

    gua de reso

    gua no potvel obtida por tratamento de gua residuria. Sinnimo de gua recuperada.

    gua reciclada (recycled water)

    Efluente captado de um sistema, predominantemente industrial, tratado e reutilizado no mesmo

    sistema, antes de ser despejado em um local externo de tratamento ou outro local de deposio. O

    termo usado s vezes como sinnimo de gua recuperada. Neste posicionamento, a gua reciclada

    considerada gua recuperada exclusivamente para fins industriais em ciclo fechado.

    A partir da apresentao dos conceitos relacionados s fontes alternativas de gua, prope-se o uso

    dos seguintes conceitos para sistemas prediais de gua no potvel recuperada: gua potvel, gua

    no potvel, gua residuria, gua recuperada, gua cinza e gua negra.

    Sistemas prediais de gua no potvel (SPANP)

    Na Figura 3 so apresentados os tipos de sistemas de gua no potvel segundo a fonte geradora de

    gua.

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    Figura 3Sistemas prediais de gua no potvel com diferentes fontes e usos no edifcio

    Considerando-se as fontes de gua no potvel, prope-se a seguinte classificao dos sistemas

    prediais de gua no potvel.

    Sistema predial de gua no potvel - recuperada (SPANP-R)

    Conjunto de tubulao, reservatrios, equipamentos e outros componentes destinados a coletar

    gua cinza ou negra, armazenar, tratar e distribuir a gua cinza ou negra tratada, cujo objetivo

    reduzir tanto a demanda de gua potvel como o volume de esgoto destinado ao sistema de coleta,

    transporte e tratamento de esgoto sanitrio.

    Sistema predial de gua no potvel - pluvial (SPANP-P)

    Conjunto de tubulao, reservatrios, equipamentos e outros componentes destinados a coletar

    gua pluvial, armazenar, tratar e distribuir a gua pluvial tratada, cujo objetivo reduzir tanto a

    demanda de gua potvel da rede pblica ou privada como amortecer as vazes no sistema de

    drenagem urbana.

    Sistema predial de gua no potvel - subterrnea (SPANP-S)

    Conjunto de tubulao, reservatrios, equipamentos e outros componentes destinados a coletar

    gua subterrnea, armazenar, tratar e distribuir a gua subterrnea tratada, cujo objetivo reduzir a

    demanda de gua potvel da rede pblica ou privada.

    FONTE

    TIPO DE SISTEMA

    USOS

    Residuria SPANP-R

    Bacia sanitria

    SPANP-P

    SPANP-S

    Irrigao

    de jardins

    Lavagem

    de pisos

    SPANP

    Pluvial

    Subterrnea

    Clara SPANP-C

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    Sistema predial de gua no potvel - clara (SPANP-C)

    Conjunto de tubulao, reservatrios, equipamentos e outros componentes destinados a coletar

    gua clara, armazenar, tratar e distribuir a gua clara tratada, cujo objetivo reduzir a demanda de

    gua potvel da rede pblica ou privada.

    Com base na Figura 3 pode-se afirmar que:

    um edifcio com aproveitamento de gua pluvial dispe de um sistema de gua no potvel cuja

    fonte gua pluvial que foi tratada a um nvel de qualidade compatvel com a atividade fim, ou

    seja, trata-se de um SPANP-P;

    um edifcio que utiliza gua recuperada ou servida, dispe de um sistema de gua no potvel

    cuja fonte gua cinza ou gua negra que foi tratada a um nvel de qualidade compatvel com a

    atividade fim, ou seja, SPANP-R;

    um edifcio que utiliza gua de drenagem de subsolo dispe de um sistema de gua no potvel

    cuja fonte gua subterrnea que foi tratada a um nvel de qualidade compatvel com a

    atividade fim, ou seja, SPANP-S;

    um edifcio que utiliza gua clara dispe de um sistema de gua no potvel cuja fonte gua

    clara que foi tratada a um nvel de qualidade compatvel com a atividade fim, ou seja, SPANP-C.

    Consideraes finais

    A troca de informaes entre projetistas, executores, gestores e usurios finais pode ser facilitada

    quando h uma padronizao de conceitos tanto dos tipos de gua, em funo da fonte, como dos

    tipos de sistemas. Esta padronizao pode evitar erros relacionados complexidade de diferentes

    tipos de efluentes.

    Referncias

    PARSONS, D. et al. The perceived barriers to the inclusion of rainwater harvesting systems by UK house buildingcompanies. Urban Water, v.7, n.4, p.257-265, August, 2010.

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    WATER REGULATIONS ADVISORY SCHEME (WRAS). Reclaimed Water Systems: Information about installing,modifying or maintaining reclaimed water systems. No 9-02-04. Ago. 1999.

    MANCUSO, P. C. S.; SANTOS, H. F. Reuso de gua. Barueri, SP: Manole, 2003.

    METCALF & EDDY. 2007. Water reuse: issues, technologies, and applications. Nova York: McGraw-Hill, 2007.

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    BRASIL. Ministrio da Sade. Portaria no 2914. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao

    controle e vigilncia da qualidade da gua para consumo humano e seu padro de potabilidade. Dezembro de2011.

    DIXON, A. M.; BUTLER, D.; FEWKES, A. Guidelines for greywater re-use: health issues. J.CIWEM, 13, p. 322-326,1999.

    PEIXOTO, L.M. Requisitos e critrios de desempenho para sistema de gua no potvel de edifciosresidenciais. 2008. Dissertao (mestrado). Escola Politcnica da Universidade de So Paulo, So Paulo, 2008.

    SCHEE, W.G. van der. Experiences with a collective domestic water system in Leidsche Rijn. In: CIB W62Symposium Water Supply and Drainage for Buildings, 2004, Paris. Proceedings...So Paulo: USP, 2004. 5 p.

    ERIKSSON, E. et al. Characteristics of Grey Wastewater. Urban Water, V4 (2002) p. 85-104.

    NOLDE, E. (1999). Greywater reuse systems for toilet flushing in multistory buildings over ten yearsexperience in Berlin. Urban Water, 1,275-284.

    HESPANHOL, I. Um novo paradigma para a gesto dos recursos hdricos. Estudos Avanados, 22 (63), 2008.GONALVES, R. F. et al. Uso racional da gua em edificaes. ProjetoPROSAB. Rio de Janeiro: ABES, 2006.

    BONI, S. Gesto de gua em edificaes: formulao de diretrizes para o reuso da gua para fins nopotveis. Tese (Doutorado em Engenharia Civil)Escola Politcnica da Universidade de So Paulo, So Paulo,2009.

    Ficha Tcnica

    O documento "Padronizao de terminologia e de conceitos de sistemas prediais de gua nopotvel" foi desenvolvido no Comit Temtico gua do CBCS e contou com parceiros e colaboradorespara seu desenvolvimento.

    CoordenaoProf. Orestes Marracini Gonalves

    Profa. Lcia Helena Oliveira

    Profa. Marina Ilha

    Autoria principal / Elaborao

    Iohana Gonalves Marques

    Lcia Helena Oliveira

    Colaborao

    Agradecimento aos associados participantes do CT gua pela colaborao: profissionais, empresas eentidades, por meio dos seus representantes.

    Marina Ilha

    Orestes M. Gonalves

    rica Ferraz de Campos

    Vanessa C. Heinrichs C. Oliveira

    Plinio Grisolia

    Virginia Sodr

    Humberto O. Tamaki

    Clarice Degani

    Marco Yamada

    Ricardo Prado Abreu Reis

    Carla Araujo Sautchuk

    Gisele Sanches da Silva

    Wagner Oliveira

    Carlos Eduardo G. de Almeida

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    Outubro 2013

    O CBCS apoia a construo sustentvel como meio de prover um ambiente construdo seguro, saudvel e confortvelenquanto simultaneamente limita o impacto sobre os recursos naturais.

    Utilizar sua posio como liderana reconhecida para desenvolver e disseminar informaes tcnicas, normas, programaseducacionais e pesquisas sobre aspectos de importncia social para promover a sustentabilidade.

    Integrar princpios de construo sustentvel, prticas efetivas e conceitos emergentes em todas as suas diretrizes,manuais, referncias tcnicas e outras publicaes.

    Participar ativamente de grupos reconhecidos internacionalmente no tema construo sustentvel.

    Promover e prover capacitao e transferncias de conhecimentos em construo sustentvel a seus membros e sociedade, transversalmente nos comits temtico, lideradas por comit coordenador.

    CBCS - Conselho Brasileiro de Construo Sustentvel - criado em 2007 como OSCIP porprofissionais, pesquisadores e empresrios do setor de construo. Entidade vinculada s

    principais organizaes internacionais que tratam do tema, sua ao concentra-se em criar e

    disseminar conhecimento e boas prticas, mobilizando a cadeia produtiva para essa transio.

    www.cbcs.org.br